Vous êtes sur la page 1sur 4

Algumas reflexões sobre Fé e Razão

John Wesley

INTRODUÇÃO:

É comum em nossos dias que se tenha a impressão de que é muito difícil ou


praticamente impossível conciliar Fé e Razão. Como se as duas fossem coisas
mutuamente excludentes e/ou que dentre essas duas a Razão é muito mais confiável,
enquanto a Fé é vista como sentimentalismo e superstição.
E isso é herança de ideias e movimentos culturais que ocorreram há bastante tempo,
como reação aos desmandos e injustiças da Igreja Romana. Como resultado, vemos
duas tendências na sociedade atual (e essas tendências acabam influenciando a igreja):

1 – Ceticismo, incredulidade, materialismo. Só valoriza e confia nos sentidos,


despreza o sobrenatural e a reflexão. Adora a ciência;

2 – Misticismo exagerado, rejeita o estudo, leitura e conhecimento. Tem aversão ao


raciocínio e investigação. Importa-se apenas com a experiência e sensações.

E nessa história, uma coisa essencial acaba ficando esquecida: A VERDADE! É incrível
como que nos dias atuais muitos cristãos têm desvalorizado a Verdade tanto pela via
do racionalismo científico, quanto do misticismo das sensações. Para uns basta apenas
a satisfação da mente, para outros a experiência e arrepio é suficiente.

No entanto, os cristãos conscientes e maduros têm afirmado ao longo da história da


igreja que a Fé e Razão andam juntas na busca pela VERDADE, e que apesar das
aparentes contradições, é perfeitamente possível e necessário que aprendamos a lidar
com essa tensão.

DELIMITANDO:

É importante tomar o cuidado de não permitir que essa discussão sobre Fé e Razão
acabe se diluindo, ou escorregando para o cansativo debate Ciência x Religião. Isso
porque há conceitos populares sobre Religião e Ciência, que são um tanto pobres ou
deturpados, e que acabam desvirtuando toda a discussão. Assim, é comum ouvirmos
que a Religião tem a ver apenas com práticas e ritos culturais, superstições, lendas e
crendices e que a Ciência é o conjunto de saberes capaz de verificar todas as coisas,
pelo qual tudo deve ser provado.

Mas é bom lembrar que ao longo da história homens religiosos produziram grandes
raciocínios e pensamentos benéficos para a humanidade, partindo da fé.

Quanto à ciência, ela não pode verificar e comprovar todas as coisas. Há uma série de
coisa que observamos na realidade, na nossa vida diária, e nas quais acreditamos
racionalmente, mas que não podem ser totalmente explicadas ou comprovadas pela
Ciência, pois estão acima do calibre dela. A ciência se limita a analisar os fenômenos,
mas não consegue esmiuçar totalmente a origem e funcionamento deles em áreas
como a Lógica, Matemática, Ética, Psicologia e Metafísica.

Sobre isso, há um pensamento muito interessante do teólogo norte-americano


Norman Geisler: “Muitos acreditam que só o que é cientificamente verificável é
verdadeiro. Infelizmente, nenhum experimento científico pode averiguar essa asserção,
pois é uma declaração de natureza filosófica, não científica. Além disso, a ciência se
baseia na lógica, e nenhum experimento científico pode verificar a lógica.”.

Enfim, a Ciência NÃO É a dona da verdade, mesmo que a sociedade, a mídia e o


espaço acadêmico ajam como se fosse. O fato é que as pessoas “escolhem” ter fé na
Ciência.

CONCEITUANDO:

Dito isto, é bom fazermos algumas definições sobre Fé e Razão. Definições simples,
para a gente poder refletir:


Fé é uma atitude de confiança, uma decisão de depositar confiança. E é uma convicção
pela qual nos norteamos. Na verdade, sem a FÉ, a razão, o pensamento, o raciocínio e
a lógica seriam impossíveis. Simplesmente por que precisamos acreditar que o mundo
faz sentido, que existem leis na realidade, na vida, na natureza, que há causas e
efeitos, que há ordem... para podermos então exercer o pensamento lógico.
Se não houve planejamento para dar sentido à realidade, nem para formar nosso
cérebro com o propósito de pensar, como posso confiar no que penso?
Assim a fé é IMPRESCINDÍVEL, INDISPENSÁVEL para a razão! Ela é o ponto de partida!

RAZÃO
A Razão tem a ver com capacidade uso das faculdades mentais para compreensão,
percepção, análise e avaliação das coisas ao nosso redor. É por causa da razão que
podemos procurar e ver sentido, lógica e evidência nas coisas. Por isso, a razão é
indispensável para a vida. E para a Fé! Sem razão, a Fé se torna apenas superstição,
crença vazia, misticismo ou “fé na fé”. Há muitos que têm fé sincera em coisas que não
são verdadeiras. Mas isso não anula o fato de que essas pessoas estão, infelizmente,
“sinceramente erradas”. A fé na mentira não a torna um pouco mais verdadeira,
apenas um pouco mais perigosa.

SÍNTESE
Sabemos que a razão não é perfeita, por causa do pecado. Não é possível
compreender as coisas espirituais apenas a partir da razão. É necessária uma obra do
Espírito Santo que resulte em compreensão espiritual. O homem natural precisa da
iluminação do Espírito Santo para que sua razão funcione melhor e ele consiga
assimilar a Verdade. Essa obra desperta a fé e regenera a razão do homem. (I Cor.
2:10-16).

Pela obra do Espírito Santo, torna-se possível ao homem uma conciliação de fé e razão.
Pois quem crê com fé verdadeira, a fé que o Espírito Santo desperta, não crê de forma
vazia, mas confia em verdades baseadas em evidências e argumentos. A razão
regenerada pelo Espírito Santo consegue operar em discernimento, leva o homem a
avaliar as bases de sua crença e se torna sua parceira do para entender e aplicar o
texto bíblico.

Em suma: Crer não é desculpa para não pensar. Crer é confiar, mas também é pensar!

FÉ E RAZÃO NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO


O cristianismo, desde seus primórdios, sempre conciliou fé e razão. Jesus Cristo era um
mestre, um ensinador (apesar de sabermos que era e é muito mais do que isso) e
atraía as pessoas pelo seu ensino, que era claro, lógico, verdadeiro e incontestável,
tanto que os fariseus nunca venciam os debates com Ele. Seus ensinos atraíam até
mesmo os gregos, conhecidos pela importância que davam ao pensamento.

O apóstolo Paulo, considerado o primeiro teólogo e sistematizador do cristianismo


para o mundo gentio, era um homem culto e conhecedor de Filosofia (II Tim. 4:13; At.
17:28 [citando Aratus]; I Cor. 15:33 [citando Meandro]; Tt. 1:12 [citando Epimênides];
Atos 26:24). Paulo sabia que a mitologia do mundo greco-romano era composta de
deuses que eram apenas projeções e divinizações dos sentimentos e impulso humanos
de uma sociedade depravada, ou ainda de coisas do mundo natural. Havia também os
deuses que eram “personificações” de ideias políticas e expressões artísticas.

Paulo denunciava a idolatria tanto de romanos quanto de gregos, os quais se


afastaram do conhecimento evidente do Deus verdadeiro e único, que é o fundamento
de tudo o que existe. Ao falar para aquele público, ele evocava ideias filosóficas sobre
este fundamento Divino e declarava que a observação racional da realidade pode
perceber o único e verdadeiro Deus, que é o Criador, a causa primeira e incausada de
tudo o que existe, pessoal, imaterial ,atemporal, transcendente e detentora de todo o
poder. Essa abordagem filosófica fica bem clara em duas situações: 1 – O discurso no
Areópago de Atenas (Atos 17) e 2 – Na carta aos Romanos, cap. 1:18-32.

Ao longo da história do cristianismo, temos os apologistas gregos e latinos, hábeis


defensores da fé cristã perante o mundo pagão, que usavam do conhecimento
filosófico e cumprimento de profecias do A.T. para apresentar a validade intelectual do
cristianismo. Com certeza eles se inspiraram nos exemplos intelectuais do Senhor
Jesus e do apóstolo Paulo. Não podemos nos esquecer de um dos maiores teólogos de
todos o tempos, Agostinho de Hipona! Grande pensador e defensor da fé. Esse período
ficou conhecido como Patrística. Mais tarde, já na Idade Média, temos um outro
gigante do pensamento cristão: Tomás de Aquino, principal representante da
Escolástica, que foi uma espécie de continuação do empreendimento intelectual da
Patrística: a síntese entre a fé cristã e as categorias de pensamento grego. No decorrer
dos séculos, o cristianismo sempre teve em seu rol grande pensadores e cientistas.

Vous aimerez peut-être aussi