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Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

TJ-SP
2ª, 3º, 5ª, 6ª, 7ª, 8º, 9ª e 10ª Regiões Administrativas Judiciárias

Escrevente Técnico Judiciário


Edital de Abertura – Concurso Público

DZ107-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - TJ - SP


2ª, 3º, 5ª, 6ª, 7ª, 8º, 9ª e 10ª Regiões Administrativas Judiciárias

Cargo: Escrevente Técnico Judiciário

(Baseado no Edital de Abertura – Concurso Público)

• Língua Portuguesa
• Direito Penal
• Direito Processual Penal
• Direito Processual Civil
• Direito Constitucional
• Direito Administrativo
• Normas da Corregedoria Geral da Justiça
• Atualidades
• Matemática
• Informática
• Raciocínio Lógico

Autores
Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Greice Aline da Costa Sarquis Pinto
Bruna Pinotti Garcia
Evelise Leiko Uyeda Akashi
Carlos Alexandre Quiqueto

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Análise, compreensão e interpretação de diversos tipos de textos verbais, não verbais, literários e não literários..........01
2. Informações literais e inferências possíveis............................................................................................................................................... 09
3. Ponto de vista do autor..................................................................................................................................................................................... 09
4. Estruturação do texto: relações entre ideias; recursos de coesão.................................................................................................... 10
5. Significação contextual de palavras e expressões.................................................................................................................................. 13
6. Sinônimos e antônimos..................................................................................................................................................................................... 13
7. Sentido próprio e figurado das palavras.................................................................................................................................................... 13
8. Classes de palavras: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem: substantivo, adjetivo, artigo,
numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção............................................................................................................... 18
9. Concordância verbal e nominal...................................................................................................................................................................... 51
10. Regência verbal e nominal. .......................................................................................................................................................................... 56
11. Colocação pronominal.................................................................................................................................................................................... 63
12. Crase. ..................................................................................................................................................................................................................... 65
13. Pontuação............................................................................................................................................................................................................. 70

Direito Penal

Código Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A;................... 01
312 a 317; 319 a 333; 335 a 337;........................................................................................................................................................................ 05
339 a 347; 350; 357 e 359...................................................................................................................................................................................... 12

Direito Processual Penal

Código de Processo Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 251 a 258;............................ 01
261 a 267;.................................................................................................................................................................................................................... 01
274;................................................................................................................................................................................................................................. 01
351 a 372;.................................................................................................................................................................................................................... 06
394 a 497;.................................................................................................................................................................................................................... 08
531 a 538;.................................................................................................................................................................................................................... 21
541 a 548;.................................................................................................................................................................................................................... 24
574 a 667..................................................................................................................................................................................................................... 26
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89)................................................................................................................................. 34

Direito Processual Civil

Código de Processo Civil - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 144 a 155; 188 a 275; 294 a
311 e do 318 a 538; 994 a 1026;......................................................................................................................................................................... 01
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) e Lei nº 12.153 de 22.12.2009................................................................................... 84
SUMÁRIO

Direito Constitucional

Constituição Federal – com as alterações vigentes até a publicação do Edital: Título II - Capítulos I, II e III; .................... 01
Título III - Capítulo VII com Seções I e II;......................................................................................................................................................... 32
Artigo 92. .................................................................................................................................................................................................................... 45

Direito Administrativo

Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n.º 10.261/68) - artigos 239 a 323; ....................... 01
Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) – com as alterações vigentes até a publicação do
Edital...........................................................................................................................................................................................................12

Normas da Corregedoria Geral da Justiça

Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II;............................................................................................................................................ 01


Tomo I - Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII;..................................................................................................................................................... 03
Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I, II e III;................................................................................................................................ 09
Tomo I – Capitulo III: Seções IX a XV, XVII a XIX;.......................................................................................................................................... 11
Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V;.............................................................................................................................................................. 21
Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – subseções I, III, V e XIII.......................................................................................................................... 24

Atualidades

1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir
do 2.° semestre de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional;.................................................................................................... 01
2. Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e Resolução nº 230/2016 do
CNJ, com as alterações vigentes até a publicação deste edital............................................................................................................. 23

Matemática

1. Operações com números reais....................................................................................................................................................................... 01


2. Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum. ........................................................................................................................... 07
3. Razão e proporção. ............................................................................................................................................................................................ 08
4. Porcentagem. ....................................................................................................................................................................................................... 10
5. Regra de três simples e composta. .............................................................................................................................................................. 11
6. Média aritmética simples e ponderada. .................................................................................................................................................... 13
7. Juros simples......................................................................................................................................................................................................... 13
8. Equação do 1.º e 2.º graus. ............................................................................................................................................................................. 14
9. Sistema de equações do 1.º grau. ................................................................................................................................................................ 16
10. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ........................................................................................................................................ 17
11. Sistemas de medidas usuais. ....................................................................................................................................................................... 20
12. Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras. ..................................................... 22
13. Resolução de situações-problema. ........................................................................................................................................................... 37
SUMÁRIO

Informática

MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação
de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office
2016, ............................................................................................................................................................................................................................. 01
MS-Word 2016: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas,
legendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ............................................................................. 10
MS-Excel 2016: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de
tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle
de quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados.................................................... 45
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos................................ 69
Internet: navegação internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas..................................................... 77

Raciocínio Lógico

Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares,
coisas, eventos fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para
estabelecer a estrutura daquelas relações. Visa também avaliar se o candidato identifica as regularidades de uma
sequência, numérica ou figural, de modo a indicar qual é o elemento de uma dada posição. As questões desta prova
poderão tratar das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de argumentação, diagramas lógicos, sequências........ 01
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Análise, compreensão e interpretação de diversos tipos de textos verbais, não verbais, literários e não literários..........01
2. Informações literais e inferências possíveis............................................................................................................................................... 09
3. Ponto de vista do autor..................................................................................................................................................................................... 09
4. Estruturação do texto: relações entre ideias; recursos de coesão.................................................................................................... 10
5. Significação contextual de palavras e expressões.................................................................................................................................. 13
6. Sinônimos e antônimos..................................................................................................................................................................................... 13
7. Sentido próprio e figurado das palavras.................................................................................................................................................... 13
8. Classes de palavras: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem: substantivo, adjetivo, artigo,
numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção............................................................................................................... 18
9. Concordância verbal e nominal...................................................................................................................................................................... 51
10. Regência verbal e nominal. .......................................................................................................................................................................... 56
11. Colocação pronominal.................................................................................................................................................................................... 63
12. Crase. ..................................................................................................................................................................................................................... 65
13. Pontuação............................................................................................................................................................................................................. 70
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA Condições básicas para interpretar


PACHEGAS BRANCO
Fazem-se necessários:
Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Le- - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
tras de Adamantina. Especialista pela Universidade Esta- literários, estrutura do texto), leitura e prática;
dual Paulista – Unesp - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
texto) e semântico;

Observação – na semântica (significado das palavras)


1. ANÁLISE, COMPREENSÃO E incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
TEXTOS VERBAIS, NÃO VERBAIS, gem, entre outros.
LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS. - Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.

Interpretar X compreender
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público,
a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão Interpretar significa
aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
responder às questões relacionadas a textos. - Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - O autor permite concluir que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar
Compreender significa
e decodificar ).
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
está escrito.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases.
- o texto diz que...
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
- é sugerido pelo autor que...
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con-
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. ção...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que - o narrador afirma...
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
frase for retirada de seu contexto original e analisada se- Erros de interpretação
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial. É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
Intertexto - comumente, os textos apresentam referên- - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
cias diretas ou indiretas a outros autores através de cita- texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, do entendimento do tema desenvolvido.
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
na prova. - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: cadas e, consequentemente, errando a questão.
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
definem o tempo). de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou que o autor diz e nada mais.
de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
com uma realidade, opinando a respeito. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
dárias em um só parágrafo. pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vras. vai dizer e o que já foi dito.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia- QUESTÕES


-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do 1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, conside-
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor re o texto abaixo.
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
cedente. A marca da solidão
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
a saber: penumbra na tarde quente.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den-
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
mas depende das condições da frase. pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque-
- qual (neutro) idem ao anterior. nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é
- quem (pessoa) capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
o objeto possuído. (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta
- como (modo) negra bazar, 2010. p. 47)
- onde (lugar)
quando (tempo) No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
quanto (montante) reduzido no qual o menino detém sua atenção é
(A) fresta.
Exemplo: (B) marca.
Falou tudo QUANTO queria (correto) (C) alma.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria (D) solidão.
aparecer o demonstrativo O ). (E) penumbra.
Dicas para melhorar a interpretação de textos Texto para a questão 2:
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do DA DISCRIÇÃO
assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
Mário Quintana
a leitura;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto
Não te abras com teu amigo
pelo menos duas vezes;
Que ele um outro amigo tem.
- Inferir;
E o amigo do teu amigo
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
Possui amigos também...
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
compreensão; 2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o
questão; poema, é correto afirmar que
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. (A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade
é algo ruim.
Fonte: (B) amigo que não guarda segredos não merece res-
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- peito.
gues/como-interpretar-textos (C) o melhor amigo é aquele que não possui outros
amigos.
(D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
(E) entre amigos, não devem existir segredos.

3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE-


CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITEN-
CIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à
questão.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Casamento 4-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-


PE/2012)
Há mulheres que dizem: O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
Meu marido, se quiser pescar, pesque, totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
mas que limpe os peixes. cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
de vez em quando os cotovelos se esbarram, mundo.
ele fala coisas como “este foi difícil” Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Renasci-
“prateou no ar dando rabanadas” mento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1987, p. 73
e faz o gesto com a mão. (com adaptações).
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo. Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual
Por fim, os peixes na travessa, “O riso”.
vamos dormir. (...) CERTO ( ) ERRADO
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva. 5-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
(Adélia Prado, Poesia Reunida) Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não generalizado de energia no final de 2009.
gostam que os maridos frequentem pescarias, pois acham Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
difícil limpar os peixes. trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
que não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
esbarrões de cotovelos na cozinha. Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozi- vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
nhas com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
peixes. buição de energia do país desde o traumático racionamento
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos de 2001.
mais simples do cotidiano vividos com a pessoa amada. Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite,
para limpar, abrir e salgar o peixe. Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas
do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
(...) CERTO ( ) ERRADO

6-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMINIS-


TRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura,
com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte
de São Paulo.”
Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que,
em sua estrutura sintática, houve supressão da expressão
a) vigilantes.
b) carga.
c) viatura.
d) foi.
e) desviada.

7-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)


Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
— Carta para o 9.326!!!
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
em
branco, e um outro pergunta:
— Quem te mandou essa carta?
— Minha irmã.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

— Mas por que não está escrito nada? que requerem a interação cooperativa dos membros envol-
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! vidos. Não pressupõe proximidade física ou temporal: pode-
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações). -se ter a mente e/ou o comportamento influenciado por um
escritor ou por um líder religioso que nunca se viu ou que
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto viveu noutra época. [...]
acima decorre Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação
A) da identificação numérica atribuída ao louco. do poder de influência do líder, implica dizer que parte desse
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a poder encontra-se no próprio grupo. É nessa premissa que
carta no hospício. se fundamenta a maioria das teorias contemporâneas sobre
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou liderança.
a carta. Daí definirem liderança como a arte de usar o poder
D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran- que existe nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para
co. fazerem o que se requer delas, da maneira mais efetiva e
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. humana possível. [...]
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. Gestão
8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administração pública do
Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira e Maria Cristina Pinto
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
Galvão, Secretaria de Gestão pública, São Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p.
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
290 e 292, com adaptações)
— O senhor tem hora?
O sujeito olha para o relógio e diz: 09-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
— Sim. São duas e meia. CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o
— Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente. texto, liderança
— O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me (A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não
paga o aluguel do consultório... pode ser desenvolvida por aqueles que somente executam
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adaptações).
tarefas em seu ambiente de trabalho.
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao heróis da história da humanidade, que realizaram grandes
homem para saber se ele feitos e se tornaram poderosos através deles.
A) verificou o horário de chegada e está sob os cuida- (C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até
dos do dr. Pedro. mesmo adquirida, de conseguir resultados desejáveis da-
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o paga- queles que constituem a equipe de trabalho.
mento do aluguel. (D) torna-se legítima se houver consenso em todos os
C) tem relógio e sabe esperar. grupos quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá
D) marcou consulta e está calmo. mobilizar esses grupos em torno de seus objetivos pes-
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cui- soais.
dados do dr. Pedro.
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa
FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção: As claro que
questões de números 09 a 12 referem-se ao texto abaixo. (A) a importância do líder baseia-se na valorização de
Liderança é uma palavra frequentemente associada a todo o grupo em torno da realização de um objetivo co-
feitos e realizações de grandes personagens da história e da mum.
vida social ou, então, a uma dimensão mágica, em que al- (B) o líder é o elemento essencial dentro de uma orga-
gumas poucas pessoas teriam habilidades inatas ou o dom nização, pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta
de transformar-se em grandes líderes, capazes de influenciar ou objetivo.
outras e, assim, obter e manter o poder. (C) pode não haver condições de liderança em algumas
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a equipes, caso não se estabeleçam atividades específicas
maioria das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos para cada um de seus membros.
desenvolver consideravelmente as suas capacidades de lide- (D) a liderança é um dom que independe da participa-
rança. ção dos componentes de uma equipe em um ambiente de
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns trabalho.
que aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjun-
to, formam uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias 11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
algumas habilidades, mas elas podem ser aprendidas tanto CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da
através das experiências da vida, quanto da formação volta- liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
da para essa finalidade. No contexto, inter-relação significa
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en- (A) o respeito que os membros de uma equipe devem
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades demonstrar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por
para serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, resultarem em benefício de todo o grupo.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

(B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
grupo devidamente orientado pelo líder e aqueles propos- VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
tos pela organização a que prestam serviço. questões de números 14 a 16.
(C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em
equipe, de modo que os mais capacitados colaborem com Férias na Ilha do Nanja
os de menor capacidade.
(D) a criação de interesses mútuos entre membros de Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as
uma equipe e de respeito às metas que devem ser alcan- malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
çadas por todos. faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre
12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...
proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo) Meus amigos partem para as suas férias, cansados de
A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
(A) a presença física de um líder natural é fundamen- mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver
tal para que seus ensinamentos possam ser divulgados e numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da
aceitos. própria vida.
(B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sem- E eu vou para a Ilha do Nanja.
pre se atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
autores diversos. férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
(C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
mesmo se houver distância no tempo e no espaço entre tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
aquele que influencia e aquele que é influenciado. moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra
(D) as influências recebidas devem ser bem analisadas
ilha.
e postas em prática em seu devido tempo e na ocasião
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adaptado)
mais propícia.
*fissuras: fendas, rachaduras
13-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
FGV PROJETOS/2010)
14-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
Painel do leitor (Carta do leitor) LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descre-
ver a maneira como se preparam para suas férias, a autora
Resgate no Chile mostra que seus amigos estão
(A) serenos.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (B) descuidados.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (C) apreensivos.
de uma mina de cobre e ouro no Chile. (D) indiferentes.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com (E) relaxados.
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum-
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode 15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos,
– VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen-
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons- (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para (B) escapar do lugar em que está.
ajudar no salvamento. (C) reencontrar familiares queridos.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel do leitor (D) praticar esportes radicais.
– 17/10/2010) (E) dedicar-se ao trabalho.

Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- 16-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde,
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem um bosque” (último parágrafo), a autora sugere que viajará
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO:
para um lugar
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
(A) repulsivo e populoso.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma
mina de cobre e ouro no Chile.” (B) sombrio e desabitado.
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” (C) comercial e movimentado.
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” (D) bucólico e sossegado.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des- (E) opressivo e agitado.
ceram na mina...”

5
LÍNGUA PORTUGUESA

17) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL- 5-)


PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão. Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora-
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”);
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe,
delimita a informação – como no caso do exercício).

RESPOSTA: “CERTO’.

(Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1. Porto Ale- 6-)


gre: L&PM, 1976. p. 95.) “A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes,
abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.”
A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunis- Trata-se da figura de linguagem (de construção ou sintaxe)
ta mineiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar “zeugma”, que consiste na omissão de um termo já citado
que o tema apresentado é anteriormente (diferente da elipse, que o termo não é ci-
(A) a oposição entre o modo de pensar e agir. tado, mas facilmente identificado). No enunciado temos a
(B) a rapidez da comunicação na Era da Informática. narração de que a carga foi desviada e de que a viatura foi
(C) a comunicação e sua importância na vida das pes- abandonada.
soas.
(D) a massificação do pensamento na sociedade mo-
RESPOSTA: “D”.
derna.
7-)
RESOLUÇÃO
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
1-)
porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun-
do cabe numa fresta.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “A”.
8-)
2-) “O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se
Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informa- o senhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele
ção contida na alternativa: revelar segredos para o amigo marcou horário e se é paciente do Dr. Pedro.
pode ser arriscado.
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
9-)
3-) Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a au- à conclusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-
tora narra um momento simples, mas que é prazeroso ao -relação; envolve duas ou mais pessoas e a existência de
casal. necessidades para serem atendidas ou objetivos para se-
rem alcançados, que requerem a interação cooperativa dos
RESPOSTA: “D”. membros envolvidos = equipe

4-) RESPOSTA: “C”.


Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie-
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos 10-)
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. O texto deixa claro que a importância do líder baseia-
-se na valorização de todo o grupo em torno da realização
RESPOSTA: “CERTO”. de um objetivo comum.

RESPOSTA: “A”.

6
LÍNGUA PORTUGUESA

11-) Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a


Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresenta- analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem utilizar
das, a que está coerente com o sentido dado à palavra “in- o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo
ter-relação” é: “a criação de interesses mútuos entre mem- fundamentado e coerente! Assim, a linguagem verbal é a
bros de uma equipe e de respeito às metas que devem ser que utiliza palavras quando se fala ou quando se escreve.
alcançadas por todos”. A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal,
não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O objeti-
RESPOSTA: “D”. vo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer
dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar de outros
12-) meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos,
Não pressupõe proximidade física ou temporal = o cores, ou seja, dos signos visuais.
aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se Vejamos:
houver distância no tempo e no espaço entre aquele que - um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entrevis-
influencia e aquele que é influenciado. ta, uma reportagem no jornal escrito ou televisionado, um
bilhete? = Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de fu-
RESPOSTA: “C”.
tebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o
aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação
13-)
de “feminino” e “masculino” através de figuras na porta do
Em todas as alternativas há expressões que represen-
banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem não verbal!
tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
enobrece / demonstrando coragem e desprendimento. anúncios publicitários.
RESPOSTA: “B”. Observe alguns exemplos:

14-)
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras sol-
tas, fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos
entre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.

RESPOSTA: “C”.

15-)
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
da própria autora! Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.

RESPOSTA: “B”.

16-)
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.

RESPOSTA: “D”.

17-)
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta
observar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”.
Placas de trânsito – “proibido andar de bicicleta”
RESPOSTA: “A”.

Linguagem Verbal e Não Verbal

O que é linguagem? É o uso da língua como forma de


expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas,
mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos comuni-
camos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?

7
LÍNGUA PORTUGUESA

ra, quando analisamos a literatura, vemos que o escritor


dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita,
e que os leitores dispensam uma atenção diferenciada ao
que foi produzido.
Outra diferença importante é com relação ao tratamen-
to do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários
(jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras ser-
vem para veicular uma série de informações, o texto literá-
rio funciona de maneira a chamar a atenção para a própria
língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar
vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e
o sentido das palavras.
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lingua-
gem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da
mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores,
Símbolo que se coloca na porta para indicar “sanitário na linguagem literária:
masculino”.
Linguagem não literária:
- Anoitece.
- Teus cabelos loiros brilham.
- Uma nuvem cobriu parte do céu. ...

Linguagem literária:
- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga
Peixoto)
- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! (Má-
rio Quintana)
- Um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascen-
ça. (José Cândido de Carvalho)

Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não


literária?
- A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (pa-
lavras de sentido figurado) em que as palavras adquirem
Imagem indicativa de “silêncio”. sentidos mais amplos do que geralmente possuem.
- Na linguagem literária há uma preocupação com a es-
colha e a disposição das palavras, que acabam dando vida
e beleza a um texto.
- Na linguagem literária é muito importante a maneira
original de apresentar o tema escolhido.
- A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preo-
cupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu
sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Ge-
ralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, comple-
mentos).

Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin-


Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
guagens utilizadas neles.
Fonte: http://www.brasilescola.com/redacao/lingua- Texto A
gem.htm
Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que predis-
Linguagem Literária e não Literária põe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa:
amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra.
Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa- 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser
lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor à Pátria;
linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços de família:
aquela que não caracteriza a literatura. amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por pessoa de
Embora um médico faça suas prescrições em determi- outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta
nado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser grande variedade e comportamentos e reações.
consideradas literárias porque se tratam de um vocabulário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua
especializado e de um contexto de uso específico. Ago- Portuguesa, Nova Fronteira.

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Texto B Paráfrase

Amor é fogo que arde sem se ver; Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
É ferida que dói e não se sente; Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
É um contentamento descontente; Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
é dor que desatina sem doer. Eu tão esquecido de minha terra...
Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”,
usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa- Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é mui-
ção artística. to utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia. Aqui
No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto pri-
preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no mitivo conservando suas ideias, não há mudança do senti-
campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres- do principal do texto, que é a saudade da terra natal.
sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que Paródia
acabam dando graça e força expressiva ao poema (con- A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se outros textos, há uma ruptura com as ideologias impos-
sente, fogo que não se vê). tas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da
língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpre-
tação, a voz do texto original é retomada para transfor-
2. INFORMAÇÕES LITERAIS E INFERÊNCIAS mar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas
POSSÍVEIS. verdades incontestadas anteriormente. Com esse processo
3. PONTO DE VISTA DO AUTOR. há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma
busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo
dessa arte. Frequentemente os discursos de políticos são
Intertextualidade acontece quando há uma referên- abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada
pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante-
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alu- riormente, teremos, agora, uma paródia.
são à outra ocorre a intertextualidade.
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o
Texto Original
objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo,
o autor do texto citado é indicado; já na forma implícita, a
indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o co- Minha terra tem palmeiras
nhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e Onde canta o sabiá,
identificar quando há um diálogo entre os textos. A inter- As aves que aqui gorjeiam
textualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da Não gorjeiam como lá.
obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
e a Paródia.
Paródia
Paráfrase
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia Minha terra tem palmares
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre onde gorjeia o mar
para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do os passarinhos daqui
texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito.
não cantam como os de lá.
Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):

Texto Original O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-


titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
Minha terra tem palmeiras e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
Onde canta o sabiá, Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido
As aves que aqui gorjeiam do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi-
Não gorjeiam como lá. dão existente no Brasil.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

9
LÍNGUA PORTUGUESA

Diferença entre fato e opinião Fato:


Vive-se um momento de um crescente e irrefreável con-
Distinguir “fato” de “opinião” é fundamental na hora sumismo.
de desenvolver um texto dissertativo. A dissertação é as-
sim caracterizada por apresentar a predominância da opi-
nião. Deixar que o fato prevaleça num texto que se quer Opinião:
opinativo é cometer um sério equívoco, pois isso levará à As pessoas são levadas a acreditar que só poderão ser
produção de outra tipologia textual. No caso, uma narra- plenamente felizes se consumirem cada vez mais. Não per-
ção, motivo de sobra para se eliminar o candidato. Ou seja, cebem que a felicidade e a realização pessoal nada têm a ver
trocar fato por opinião é trocar dissertação por narração. com a posse material e o ter mais e mais.
Leia atentamente os exemplos abaixo e veja que não é tão
difícil fazer essa diferenciação. Fonte:
http://lingua-agem.blogspot.com.br/2011/06/fato-al-
Conceituação go-cuja-existencia-independe-de.html
Fato: algo cuja existência independe de quem escreve.

Opinião: maneira pessoal de ver o fato. A depreensão


de conceitos e valores a partir de algo pré-existente, que é 4. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO:
o fato RELAÇÕES ENTRE IDEIAS;
RECURSOS DE COESÃO.
Alguns exemplos de ‘fato’ e ‘opinião’:

Fato:
A educação brasileira patina no atraso e na defasagem, Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
em relação à dos países desenvolvidos. pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
Opinião: tamos as ações que interferem na realidade e organização
Equacionar a problemática da educação no país é ina- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
diável. mento transformado em texto.
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
Fato: sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
Novamente, a discussão acerca da redução da maiori- organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
dade penal ocupa lugar de destaque no congresso. lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
dizer, por meio da comunicação.
Opinião: Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
Como em todo tema polêmico, discutir a maioridade dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
penal requer, pela gama de aspectos envolvidos, sensatez e dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
muita responsabilidade dos legisladores.
Introdução
Fato:
Volta à pauta de discussões da câmara a possibilidade Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen-
de se liberar a maconha. tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa
etapa. Entretanto, essa apresentação deve ser direta, sem
Opinião: rodeios. O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo
A liberação da maconha, no Brasil, não pode ser levada o texto. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não
a cabo antes de se promover um amplo, objetivo e transpa- é equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio títu-
rente debate com toda a sociedade brasileira. lo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é exposto
em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo
Fato: ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa situação,
O progresso célere e a qualquer custo tem levado à pode ter vários parágrafos. Em redações mais comuns, que
exaustão dos recursos naturais do planeta. em média têm de 25 a 80 linhas, a introdução será o pri-
meiro parágrafo.
Opinião:
O homem moderno, sempre ávido por progresso, preci- Desenvolvimento
sa, agora mais do que nunca, rever sua postura no tocante
à maneira como lida com os recursos naturais ainda dispo- A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
níveis no planeta, sob pena de colocar em xeque o próprio mento. Ele é responsável por estabelecer uma ligação entre
futuro da humanidade. a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são elabora-
das as ideias, os dados e os argumentos que sustentam e

10
LÍNGUA PORTUGUESA

dão base às explicações e posições do autor. É caracteriza- Em relação à abertura para novas discussões, a con-
do por uma “ponte” formada pela organização das ideias clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes
em uma sequência que permite formar uma relação equili- fatores:
brada entre os dois lados.
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um → Para não influenciar a conclusão do leitor sobre te-
determinado tema no desenvolvimento. Nessa parte, ele mas polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
se torna capaz de defender seus pontos de vista, além de → Para estimular o leitor a ler uma possível continuida-
dirigir a atenção do leitor para a conclusão. As conclusões de do texto, ou autor não fecha a discussão de propósito.
são fundamentadas a partir daqui. → Por apenas apresentar dados e informações sobre
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o
assunto.
escritor já deve ter uma ideia clara de como vai ser a con-
→ Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au-
clusão. Por isso a importância do planejamento de texto.
tor enumera algumas perguntas no final do texto.
Em média, ocupa 3/5 do texto, no mínimo. Já nos tex-
tos mais longos, pode estar inserido em capítulos ou tre- A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au-
chos destacados por subtítulos. Deverá se apresentar no tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica
formato de parágrafos medianos e curtos. é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos.
Os principais erros cometidos no desenvolvimento são Nele devem estar indicadas as melhores sequências a se-
o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está rem utilizadas na redação. O roteiro deve ser o mais enxuto
relacionado ao autor tomar um argumento secundário que possível.
se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra Fonte: http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%-
em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/
segundo caso acontece quando quem redige tem muitas
ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra-
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul- balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em
lógica de raciocínio. cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de
Conclusão mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res-
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias,
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à
Considerada como a parte mais importante do texto,
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra-
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- sais e ao emprego do vocabulário.
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. Coerência e coesão relacionam-se com o processo de
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma produção e compreensão do texto. A coesão contribui para
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve ser coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente
encerrada com argumentos repetitivos, sendo evitados na coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em
medida do possível. Alguns exemplos: “Portanto, como já outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em conclusão...”. construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um
características de textos bem redigidos. texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam
cam muito longas: gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela
→ O problema aparece quando não ocorre uma explo- hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem ori-
gem nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo
ração devida do desenvolvimento. Logo, acontece uma in-
de cada pessoa, aliada à competência linguística. Deduz-se
vasão das ideias de desenvolvimento na conclusão.
que é difícil ensinar coerência textual, intimamente ligada
→ Outro fator consequente da insuficiência de funda- à visão de mundo, à origem das ideias no pensamento. A
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar coesão, porém, refere-se à expressão linguística, aos pro-
de maiores explicações, ficando bastante vazia. cessos sintáticos e gramaticais do texto.
→ Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun-
dantes ou paralelas. Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de
→ Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
mente dispensáveis. quada relação semântica, que se manifesta na compatibi-
→ Quando não tem clareza de qual é a melhor con- lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa
clusão, o autor acaba se perdendo na argumentação final. com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es- tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
significado de determinada palavra, mas não sabe empre-
Coerência gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não
texto; basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão nominais no interior das frases e que as conjunções ligam
frases dentro do período; é necessário empregar adequa-
conceitual;
damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o
maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos
todo, com o aspecto global do texto; remete aos problemas de regência verbal e nominal.
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra- Exemplos:
ses.
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in-
Coesão teração.
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão dos fatos, estar informada.
sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as “Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
partes componentes do texto; “Ir ao encontro” quer dizer concordar.
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das
frases. “Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de
ideias” significa a liberdade não é ameaça;
Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili- “Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de
dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada.
tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar
deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
um dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas
devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem um sig-
diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado nificado específico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvi-
e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos das sobre o emprego da crase decorrem do fato de consi-
significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais derar-se crase como sinal de acentuação apenas, quando o
comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo- problema refere-se à regência nominal e verbal.
cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções, Exemplos:
que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi- O verbo assistir admite duas regências:
dos em redações sobre censura e os meios de comunica- assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar
ção e outras. assistência (O médico assiste o doente):
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti
“Nosso direito é frisado na Constituição.” ao jogo da seleção).
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear
“Estabelecer os limites as quais a programação deveria (Pedi o jornal do dia).
estar exposta.” Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria que fizessem silêncio).
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas-
estar sujeita. = correta
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos,
“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.” pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa- -lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores
cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam pedem aumento de salário).
tais notícias. = correta
O mau emprego dos pronomes relativos também pode
“Retomada das rédeas da programação.” levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, empre-
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no ga-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da
que diz respeito à programação. = correta clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário
ou inadequado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para


mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en- 5. SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL
velope que (o qual) estava sem remetente). DE PALAVRAS E EXPRESSÕES.
6. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da
sensibilidade...” 7. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade DAS PALAVRAS.
delas (palavras cheias de sensibilidade).

Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação


das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges- Consideremos as seguintes frases:
tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
(conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções Vamos! Coloque logo a mão na massa!
conjuntivas). As crianças estão com as mãos sujas.
- Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu- Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.
lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po- Chegamos à conclusão de que se trata de palavras
dem também ser empregadas as conjunções concessivas idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem
e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição o mesmo significado?
aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de, Existe uma parte da gramática normativa denominada
ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obs- Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significa-
tante. dos que uma mesma palavra apresenta de acordo com o
- A articulação sintática de causa pode ser feita por contexto em que se insere.
meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, Tomando como exemplo as frases já mencionadas,
como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo
podem ser empregadas as preposições e locuções preposi- com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo
tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, dicionário.
em consequência de, por motivo de, por razões de. Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade,
- O principal articulador sintático de condição é o “se”: eficiência diante do ato praticado. Nas outras que seguem
Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também o significado é de: participação, interação mediante a uma
expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso, tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por
contanto que, desde que, a menos que, a não ser que. último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta- cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para consideração as situações de aplicabilidade.
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam Há uma infinidade de outros exemplos em que podem-
finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de, os verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:
com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o O rapaz é um tremendo gato.
intuito de. O gato do vizinho é peralta.
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
sobrevivência
Para introduzir mais um argumento a favor de determinada
O passarinho foi atingido no bico.
conclusão emprega-
-se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além
Polissemia e homonímia
disso, além de tudo, introduzem um argumento decisivo,
cabal, apresentado como um acréscimo, para justificar de
forma incontestável o argumento contrário. A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
- Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de- comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu- cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A quando duas ou mais palavras com origens e significa-
conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de- dos distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma
senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa- homonímia.
ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
repetição e deve ser evitada. significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma polissemia porque os diferentes significados para a palavra
gradação entre os correspondentes de determinada escala. manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo. uma entrada no dicionário.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou próprio, comum, usual, literal.
a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
diferentes significados estão interligados porque remetem MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di-
para o mesmo conceito, o da escrita. cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti-
lizado em seu sentido dicionarístico.
Polissemia e ambiguidade
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua-
ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpre-
gem rica e expressiva. Veja este exemplo:
tação. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma que seja tarde demais.
alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes- figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
felizes porque têm uma alimentação equilibrada. to.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter- Fonte:
pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor- http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-
tante saber qual o contexto em que a frase é proferida. -justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu-
rado-das-palavras.html

Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo- Questões sobre Denotação e Conotação
la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto. LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão
Sentido Próprio e Figurado das Palavras
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões
Pela própria definição acima destacada podemos per- com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala-
ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas vras ígneo e pétreo.
relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada (A) De corda; de plástico.
significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex- (B) De fogo; de madeira.
pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado). (C) De madeira; de pedra.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi- (D) De fogo; de pedra.
dem-se assim: (E) De plástico; de cinza.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
do comum que costumamos dar a uma palavra. 2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura- LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013
do”, que podemos dar a uma palavra. - ADAPTADO) Para responder à questão, considere a se-
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes guinte passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereoti-
contextos: pando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam,
1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento) 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra-
dável, que adota condutas pouco apreciáveis)
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhe-
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
ce muito sobre alguma coisa, “expert”)
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado dela.
em sentido figurado. (C) adotar como referência de qualidade.
Podemos então concluir que um mesmo significante (D) julgar de acordo com normas legais.
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). (E) classificar segundo ideias preconcebidas.

Denotação e Conotação 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-


LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
com o seu significado primitivo e original, com o sentido palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
que não voasse mais. dêmica,

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LÍNGUA PORTUGUESA

... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido
analogia e associação... figurado é
Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia (A) menino.
de hipertexto... (B) chão.
... 20 anos depois de seu artigo fundador... (C) testa.
(D) penumbra.
As palavras destacadas que expressam ideia de tempo (E) tenda.
são:
(A) algo, especialmente e Quando. 7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU-
(B) Desde, especialmente e algo. NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à
(C) especialmente, Quando e depois. questão.
(D) Desde, Quando e depois.
(E) Desde, algo e depois. RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a
Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci-
4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi-
A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo- pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per-
vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas
grandes nomes... onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve,
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em
prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs- ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via
tituído por: pública como a casa da sogra.
(A) contrastada. Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os
(B) confrontada. recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas
(C) ombreada. que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas,
(D) rivalizada. pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
(E) equiparada.
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban-
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo
NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
com ele.
abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão
do em sentido figurado.
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum
Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
motivo, parecem querer levar ao colapso.
continua sendo empregado em sentido figurado.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis-
(A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri- mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade,
dor. resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente. públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua.
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013. Adap-
(D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
casa. tado)
(E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- (A) progresso.
tão, considere o texto abaixo. (B) descaso.
(C) vitória.
A marca da solidão (D) tédio.
(E) ruína.
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
penumbra na tarde quente. “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com sentido é:
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- (A) O menino leva o material adequado para a escola.
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é (B) João levou uma surra da mãe.
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
negra bazar, 2010. p. 47) a prova.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. =


direciona
1-) (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a
Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as- prova = duração/tempo
sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos- RESPOSTA: “E”.
ta?
- Sinônimos
RESPOSTA: “D”. São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
2-) Observação: A contribuição greco-latina é responsável
Classificar conforme regras conhecidas, mas não con- pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver-
firmadas se verdadeiras. sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he-
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
RESPOSTA: “E”. diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.

3-) - Antônimos
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são: São palavras de significação oposta: ordem - anarquia;
desde, quando e depois. soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre-
RESPOSTA: “D”. fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis-
4-) córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an-
Ao participar de um concurso, não temos acesso a di- ticomunista; simétrico e assimétrico.
cionários para que verifiquemos o significado das palavras,
por isso, caso não saibamos o que significam, devemos O que são Homônimos e Parônimos:
analisá-las dentro do contexto em que se encontram. No - Homônimos
exercício acima, a que se “encaixa” é “equiparada”. a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
tes na pronúncia:
RESPOSTA: “E”. rego (subst.) e rego (verbo);
colher (verbo) e colher (subst.);
5-) jogo (subst.) e jogo (verbo);
Em todas as alternativas o verbo “abrir” está emprega- denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
do em seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir providência (subst.) e providencia (verbo).
a mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di-
RESPOSTA: “C”. ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir);
6-) concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
Novamente, responderemos com frase do texto: seu cela (compartimento) e sela (arreio);
rosto formando uma tenda. censo (recenseamento) e senso ( juízo);
paço (palácio) e passo (andar).
RESPOSTA: “E”.
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São
7-) palavras iguais na escrita e na pronúncia:
Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção do caminho (subst.) e caminho (verbo);
autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se à cedo (verbo) e cedo (adv.);
queda, ao fim, à ruína da cidade. livre (adj.) e livre (verbo).

RESPOSTA: “E”. - Parônimos


São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e
8-) couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede
No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au-
sentido de “duração/tempo” tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir
(A) O menino leva o material adequado para a escola. e diferir; suar e soar.
= carrega
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-antonimos,-
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta -homonimos-e-paronimos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Significação das Palavras 04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir.
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
as lacunas da frase abaixo: por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________ do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________ II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; ser reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo. libertação.
a) imigraram - emigram - migram III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
b) migraram - imigram - emigram rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
c) emigraram - migram - imigram. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
d) emigraram - imigram - migram. do”, sem alterar o sentido do texto.
e) imigraram - migram – emigram De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
está correto o que se afirma em
Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 A) I, II e III. B) III, apenas.
- Leia o texto para responder às questões de números 02 C) I e III, apenas. D) I, apenas.
e 03. E) I e II, apenas.

Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu 2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo Marte.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto de humor.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
eletrônico. Escolha a alternativa que oferece a sequência correta
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo, de vocábulos para as lacunas existentes:
constroem carros com sensores de movimento que respon-
a) concerto – há – a – cessões – há;
dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
b) conserto – a – há – sessões – há;
baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
c) concerto – a – há – seções – a;
mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
d) concerto – a – há – sessões – há;
robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
e) conserto – há – a – sessões – a .
aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
que comprar tudo, não seria viável”, completou.
Em uma época em que celebridades do mundo digital NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
fazem campanha a favor do ensino de programação nas es- ponder à questão.
colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans-
turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No lhes impuseram limites de disciplina.
início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
interessando”, disse. trecho, é:
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. A) de desprendimento. B) de responsabi-
Adaptado) lidade.
C) de abnegação. D) de amor.
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns E) de egoísmo.
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... –
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa- 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
gem, pela seguinte expressão: preenchida com a primeira alternativa da série dada nos
A) Pelo menos B) A contar de parênteses:
C) Em substituição a D) Com exceção de A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
E) No que se refere a chentes. (afim- a fim).
B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (in-
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu flingirem - infringirem).
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
A) Estimulante. B) Cansativo. (concelhos - conselhos).
C) Irritante. D) Confuso. E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cer-
E) Improdutivo. ca de - acerca de).

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. Assinale a alternativa correta, considerando que à tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
direita de cada palavra há um sinônimo. cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar coletivas).
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação 7-)
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
GABARITO enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in-
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
01. A 02. D 03. A 04. A que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)
05. D 06. E 07. E 08. A B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar
arreio no cavalo)
RESOLUÇÃO C) Serão punidos os que infringirem o regulamen-
to. (inflingirem = aplicarem a pena)
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve-
imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra- lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca de um distrito).
de uma vida melhor; internamente, migram para o E) Moro a cerca de cem metros da praça principal.
Sul, pelo mesmo motivo. (acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).

2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos 8-)


comprar, é tudo reciclagem”... b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) =
significados invertidos
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me interes- cados invertidos
sando” d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas cados invertidos
depois fui me interessando” e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
significados invertidos
4-)
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- 8. CLASSES DE PALAVRAS: EMPREGO E
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
ESTABELECEM: SUBSTANTIVO, ADJETIVO,
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. = correta ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBO,
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife- ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
5-) tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) nos, os substantivos também nomeiam:
vida em Marte. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro- -sentimentos: raiva, amor...
gramas de humor. -estados: alegria, tristeza...
4- Há dias que não falo com Alfredo. (= -qualidades: honestidade, sinceridade...
tempo passado) -ações: corrida, pescaria...

6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes Morfossintaxe do substantivo


transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
não lhes impuseram limites de disciplina. Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
trecho, é de egoísmo bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan- do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob-

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LÍNGUA PORTUGUESA

jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempe- abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
nhadas por grupos de palavras. rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

Classificação dos Substantivos 3 - Substantivos Coletivos

1- Substantivos Comuns e Próprios Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou-
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, tra abelha, mais outra abelha.
com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
(no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
uma cidade (em oposição aos bairros).
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
mais outra abelha...
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plu-
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
ral.
comum.
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de singular (enxame) para designar um conjunto de seres da
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, mesma espécie (abelhas).
homem, mulher, país, cachorro. O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Estamos voando para Barcelona. Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es- da mesma espécie.
pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie Substantivo Conjunto de:
de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. coletivo
assembleia pessoas reunidas
2 - Substantivos Concretos e Abstratos alcateia lobos
acervo livros
LÂMPADA MALA antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com banda músicos
existência própria, que são independentes de outros seres. bando desordeiros ou malfeitores
São substantivos concretos. banca examinadores
batalhão soldados
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que cardume peixes
existe, independentemente de outros seres. caravana viajantes peregrinos
Obs.: os substantivos concretos designam seres do cacho frutas
mundo real e do mundo imaginário. cáfila camelos
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, cancioneiro canções, poesias líricas
Brasília, etc. colmeia abelhas
chusma gente, pessoas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
concílio bispos
ma, etc.
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme
Observe agora:
esquadra navios de guerra
Beleza exposta enxoval roupas
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
O substantivo beleza designa uma qualidade. feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que frota navios mercantes, ônibus
dependem de outros para se manifestar ou existir. girândola fogos de artifício
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser horda bandidos, invasores
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa junta médicos, bois, credores, examinadores
ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para júri jurados
se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo legião soldados, anjos, demônios
abstrato. leva presos, recrutas

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LÍNGUA PORTUGUESA

malta malfeitores ou desordeiros Flexão de Gênero


manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
molho chaves, verduras sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há
multidão pessoas em geral dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero
ninhada pintos masculino os substantivos que podem vir precedidos dos
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.) artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
penca bananas, chaves O velho e o mar
pinacoteca pinturas, quadros Um Natal inesquecível
quadrilha ladrões, bandidos Os reis da praia
ramalhete flores
rebanho ovelhas Pertencem ao gênero feminino os substantivos que
récua bestas de carga, cavalgadura podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
repertório peças teatrais, obras musicais A história sem fim
réstia alhos ou cebolas Uma cidade sem passado
romanceiro poesias narrativas As tartarugas ninjas
revoada pássaros
sínodo párocos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
talha lenha
tropa muares, soldados Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no-
turma estudantes, trabalhadores mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está re-
vara porcos lacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas,
uma para o masculino e outra para o feminino. Observe:
Formação dos Substantivos gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito -
prefeita
Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam
terra.
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
O substantivo chuva é formado por um único elemento
para o feminino. Classificam-se em:
ou radical. É um substantivo simples.
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a
cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
Substantivo Simples: é aquele formado por um único
fêmea.
elemento.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. o ídolo, o indivíduo.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista.
Substantivos Primitivos e Derivados
Meu limão meu limoeiro, Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
meu pé de jacarandá... em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o
sistema, o sintoma, o teorema.
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou - Existem certos substantivos que, variando de gêne-
de nenhum outro dentro de língua portuguesa. ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor)
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O (cidade)
substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
da palavra limão. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou-
tra palavra. - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
- aluna.
Flexão dos substantivos - Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
masculino: freguês - freguesa
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por de três formas:
exemplo, pode sofrer variações para indicar: - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Plural: meninos Feminino: menina - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão A distinção de gênero pode ser feita através da análise
- sultana do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
- Substantivos terminados em -or: - uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora cês - repórter francesa
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz - A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros.
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn- a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
- duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini-
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não
final por -a: elefante - elefanta aceitam a personagem.
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi- fotográfico Ana Belmonte.
no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca Observe o gênero dos substantivos seguintes:

- Substantivos que formam o feminino de maneira es- Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: (pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
czar – czarina réu - ré maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
Epicenos: cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso - São geralmente masculinos os substantivos de ori-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
para indicar o masculino e o feminino. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver ma, o hematoma.
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades:

Sobrecomuns: Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.


Entregue as crianças à natureza. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- A acolhedora Porto Alegre.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Uma Londres imensa e triste.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João. Gênero e Significação:
A criança chorona chamava-se Maria.
Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
Outros substantivos sobrecomuns: no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
criatura. em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
Marcela faleceu marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi-
Comuns de Dois Gêneros: dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma

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LÍNGUA PORTUGUESA

(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície o látex - os látex.
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de Plural dos Substantivos Compostos
peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
(recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente -A formação do plural dos substantivos compostos de-
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a que formam o composto e da relação que estabelecem en-
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
(poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa- girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o queres.
voga (remador), a voga (moda, popularidade). O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Flexão de Número do Substantivo discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados
Em português, há dois números gramaticais: o singular, de:
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
do plural é o “s” final. feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
Plural dos Substantivos Simples mens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
formados de:
- cânones.
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
alto- -falantes
em “ns”: homem - homens.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
formados de:
Atenção: O plural de caráter é caracteres. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
-de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; ca- lo-vapor e cavalos-vapor
racol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul substantivo + substantivo que funciona como deter-
e cônsules. minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de -relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
duas maneiras: homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. - Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). -rolhas
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
duas maneiras: - Casos Especiais
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o o louva-a-deus e os louva-a-deus
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- o bem-me-quer e os bem-me-queres
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural Plural das Palavras Substantivadas


de três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos no plural, as flexões próprias dos substantivos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pese bem os prós e os contras. fogo fogos


O aluno errou na prova dos noves. forno fornos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. fosso fossos
imposto impostos
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou olho olhos
“z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui- osso (ô) ossos (ó)
tos seis e alguns dez. ovo ovos
poço poços
Plural dos Diminutivos porto portos
posto postos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final tijolo tijolos
e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
animai(s) + zinhos = animaizinhos sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
botõe(s) + zinhos = botõezinhos Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne),
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
flore(s) + zinhas = florezinhas - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
mão(s) + zinhas = mãozinhas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
papéi(s) + zinhos = papeizinhos - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
funi(s) + zinhos = funizinhos - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
pai(s) + zinhos = paizinhos bom nome) e honras (homenagem, títulos).
pé(s) + zinhos = pezinhos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
pé(s) + zitos = pezitos com sentido de plural:
Aqui morreu muito negro.
Plural dos Nomes Próprios Personativos Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
improvisadas.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
sempre que a terminação preste-se à flexão. Flexão de Grau do Substantivo
Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres. Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-
do normal. Por exemplo: casa
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- cador de aumento. Por exemplo: casarão.
quiens.
Observe o exemplo: - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
Este jogador faz gols toda vez que joga. do ser. Pode ser:
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
fonético chamado metafonia (plural metafônico). característica do ser e se relaciona com o substantivo.
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
Singular Plural cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
corpo (ô) corpos (ó) ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
esforço esforços moça bondosa, pessoa bondosa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho- culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa,
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, mau e má, judeu e judia.
portanto, não é adjetivo, mas substantivo. Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no
feminino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
Morfossintaxe do Adjetivo: norte-americano, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
ou do objeto). feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
político-social.
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Número dos Adjetivos
Observe alguns deles:
Plural dos adjetivos simples
Estados e cidades brasileiros: Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Alagoas alagoano do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Amapá amapaense substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Aracaju aracajuano ou aracajuense zes, ruim e ruins boa e boas
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Brasília brasiliense função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Cabo Frio cabo-friense que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
Campinas campineiro ou campinense um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo:
a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
Adjetivo Pátrio Composto estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro cinza.
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru- Veja outros exemplos:
dita. Observe alguns exemplos: Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
África afro- / Cultura afro-americana Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Alemanha germano- ou teuto-/Competições
teuto-inglesas Adjetivo Composto
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses É aquele formado por dois ou mais elementos.
China sino- / Acordos sino-japoneses Normalmente, esses elementos são ligados por hífen.
Espanha hispano- / Mercado hispano-português Apenas o último elemento concorda com o substantivo a
Europa euro- / Negociações euro-americanas que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular.
Caso um dos elementos que formam o adjetivo composto
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
um substantivo, porém, se estiver qualificando um
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro
ficará invariável. Por exemplo:
Flexão dos adjetivos Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Gênero dos Adjetivos Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
substantivos, classificam-se em: invariáveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de


têm os dois elementos flexionados. um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
senta-se nas formas:
Grau do Adjetivo Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala-
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo:
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten- O secretário é muito inteligente.
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci-
comparativo e o superlativo. mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo benéfico beneficentíssimo
bom boníssimo ou ótimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- comum comuníssimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- cruel crudelíssimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de difícil dificílimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe doce dulcíssimo
os exemplos abaixo: fácil facílimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade fiel fidelíssimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
quão. um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
Essa relação pode ser:
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe- De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
rioridade Analítico De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
No comparativo de superioridade analítico, entre os
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Note bem:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
que” ou “mais...que”. dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
etc., antepostos ao adjetivo.
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob
rioridade Sintético duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular,
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, forma popular é constituída do radical do adjetivo portu-
grande/maior, baixo/inferior. guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Observe que: 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca-
a) As formas menor e pior são comparativos de supe- riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual,
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res- as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de-
pectivamente. sagradável hiato i-í.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei- Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
e mais pequeno. Por exemplo: gênero e o número dos substantivos.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
mentos. Classificação dos Artigos
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
duas qualidades de um mesmo elemento. Artigos Definidos: determinam os substantivos de
maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
ferioridade maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
Sou menos passivo (do) que tolerante. um animal.

Superlativo Combinação dos Artigos

O superlativo expressa qualidades num grau muito É muito presente a combinação dos artigos definidos
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: essas combinações:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Artigos Este é o homem cujo amigo desapareceu.


o, os Este é o autor cuja obra conheço.
a ao, aos
de do, dos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
em no, nos sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme),
por (per) pelo, pelos a menos que venham especificadas.
a, as um, uns uma, umas Eles estavam em casa.
à, às - - Eles estavam na casa dos amigos.
da, das dum, duns duma, dumas Os marinheiros permaneceram em terra.
na, nas num, nuns numa, numas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
pela, pelas - -
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
conhecida por crase.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se
Estado de S. Paulo.
manifestam:
Morfossintaxe
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
das olimpíadas. relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do substantivo a que se refere. Tal função independe da
do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, função exercida pelo substantivo:
A Bahia... A existência é uma poesia.
Uma existência é a poesia.
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. Numeral é a palavra que indica os seres em termos
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os
- No caso de nomes próprios personativos, denotando situa em determinada sequência.
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
do artigo: O Pedro é o xodó da família. [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Eu quero café duplo, e você?
- No caso de os nomes próprios personativos estarem ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
os Incas, Os Astecas... ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên-
cia de “fila”]
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o ar- Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
tigo), o pronome assume a noção de qualquer. os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos.
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
dos. (qualquer classe)
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
facultativo: dúzia, par, ambos(as), novena.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Classificação dos Numerais
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
é uns vinte anos. sico: um, dois, cem mil, etc.
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série
- O artigo também é usado para substantivar palavras dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a
tudo isso. divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re- seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
lativo cujo (e flexões). da: dobro, triplo, quíntuplo, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Leitura dos Numerais


Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.

Flexão dos numerais


Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas
em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo
- nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de
alguma forma.

A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!


[substituição do nome]
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
[referência ao nome]
Essa moça morava nos meus sonhos!
[qualificação do nome]

Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de
um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está sendo colocado por meio dos pronomes no
ato da comunicação. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes têm por função prin-
cipal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em
virtude dessa característica, os pronomes apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] como complementos verbais na língua-padrão. Frases
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
fala] evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
se fala] -me até aqui”.

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
através do pronome seja coerente em termos de gênero as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Pronome Oblíquo
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos-
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
sa escola neste ano. sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto) ou complemento nominal.
adequada] Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
adequada] Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
dância inadequada] indica a função diversa que eles desempenham na oração:
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Pronomes Pessoais a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
tônicos.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve Pronome Oblíquo Átono
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa ou são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
às pessoas de quem fala. fraca: Ele me deu um presente.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto figurado:
ou do caso oblíquo. - 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te
Pronome Reto - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
- 1ª pessoa do plural (nós): nos
- 2ª pessoa do plural (vós): vos
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores.
Observações:
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en-
nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi- “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.
gurado: Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretos como objetos indiretos.
- 1ª pessoa do singular: eu Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
- 2ª pessoa do singular: tu objetos diretos.
- 3ª pessoa do singular: ele, ela Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com-
- 1ª pessoa do plural: nós binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for-
- 2ª pessoa do plural: vós mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha,
- 3ª pessoa do plural: eles, elas lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Trouxeste o pacote? Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.


- Sim, entreguei-to ainda há pouco. Não vá sem eu mandar.
- Não contaram a novidade a vocês?
- Não, no-la contaram. - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
No português do Brasil, essas combinações não são conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
é muito raro. companhia.
Ele carregava o documento consigo.
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
é suprimida. Por exemplo: todos, ambos ou algum numeral.
fiz + o = fi-lo
Você terá de viajar com nós todos.
fazeis + o = fazei-lo
Estávamos com vós outros quando chegaram as más
dizer + a = dizê-la
notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no Pronome Reflexivo
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
tem + as = tem-nas nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
Pronome Oblíquo Tônico expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos do:
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Eu não me vanglorio disso.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con- - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
figurado: Assim tu te prejudicas.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Conhece a ti mesmo.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco Guilherme já se preparou.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Ela deu a si um presente.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas Antônio conversou consigo mesmo.
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Lavamo-nos no rio.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
- As preposições essenciais introduzem sempre prono-
Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
forma: Eles se conheceram.
Não há mais nada entre mim e ti. Elas deram a si um dia de folga.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim. A Segunda Pessoa Indireta
Não vá sem mim.
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se
Atenção: Há construções em que a preposição, apesar quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem
de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados prono-
verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- mes de tratamento, que podem ser observados no quadro
nome, deverá ser do caso reto. seguinte:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores
de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Note que: A forma do possessivo depende da pessoa Reafirmamos a disposição desta universidade em parti-
gramatical a que se refere; o gênero e o número concor- cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi-
dam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con- dade que envia a mensagem).
tribuição naquele momento difícil.
No tempo:
Observações: Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar refere ao ano presente.
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
seu José. refere a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam está se referindo a um passado distante.
posse. Podem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
anos. aquela(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
trouxe sua mensagem? Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
que o procuraram ontem.
anotações.
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
o problema.
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-
-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
Pronomes Demonstrativos - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex- Note que:
plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de construções redundantes, com finalidade expressiva, para
espaço, no tempo ou discurso. salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
No espaço: das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
carro está perto da pessoa que fala. - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
pessoa que fala. cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que pressentiam.
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com
quem falo. - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o ela o fizesse.
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
pode causar ambiguidade. mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer- amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
sidade destinatária). solteiro, aquele casado]

32
LÍNGUA PORTUGUESA

- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação São locuções pronominais indefinidas:
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que),
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro,
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no uma ou outra, etc.
= naquilo) Cada um escolheu o vinho desejado.

Pronomes Indefinidos Indefinidos Sistemáticos

São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
quantidade indeterminada. ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
-plantadas. sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- e qualquer, que generaliza.
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Essas oposições de sentido são muito importantes na
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- de que fazem parte:
guém, outrem, quem, tudo. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
Algo o incomoda? prático.
Quem avisa amigo é. Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
pessoas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Pronomes Relativos
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
Cada povo tem seus costumes. São aqueles que representam nomes já mencionados
Certas pessoas exercem várias profissões. anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
ora pronomes indefinidos adjetivos: um grupo racial sobre outros.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, tros = oração subordinada adjetiva).
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Menos palavras e mais ações. O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
Alguns se contentam pouco. me demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
riáveis e invariáveis. Observe: expresso.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, Quem casa, quer casa.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, Observe:
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, quantas.
outras, quantas. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
algo, cada. Note que:
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
antecedente for um substantivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a numa só frase.
qual) O futebol é um esporte.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os O povo gosta muito deste esporte.
quais) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
quais) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente gente que conversava, (que) ria, (que) fumava.
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que Pronomes Interrogativos
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, geraria impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
ambiguidade.) variações), quanto (e variações).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam mui- Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
tas dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
preferes.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou tos passageiros desembarcaram.
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
Sobre os pronomes:
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece-
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
dos quais, das quais. de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. quando desempenha função de complemento. Vamos en-
(antecedente) (consequente) tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
frase e que função exerce. Observe as orações:
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
Emprestei tantos quantos foram necessários. lhe ajudar.
(antecedente)
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia falado. exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
(antecedente) reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre é do caso oblíquo.
precedido de preposição. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
É um professor a quem muito devemos. o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
(preposição) a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A Importante: Em observação à segunda oração, o em-
casa onde morava foi assaltada. prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
ou em que. principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Eu desejo lhe perguntar algo.
no exterior. Eu estou perguntando-lhe algo.

- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
lavras: tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo diferentemente dos segundos que são sempre precedidos
como você agiu semana passada. de preposição.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po- - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
díamos jogar videogame. eu estava fazendo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
o que eu estava fazendo. ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi-
zesse.
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes- - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); e pessoais:
ocorrência (nascer); desejo (querer). * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
os seus possíveis significados. Observe que palavras como principais verbos impessoais são:
corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).
ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
possuem. Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Estrutura das Formas Verbais
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
apresentar os seguintes elementos: Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- Era primavera quando a conheci.
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. Estava frio naquele dia.
(radical fal-)
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- ** Todos os verbos que indicam fenômenos da nature-
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: za são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
fala-r nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Ama-
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (fa- nheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer”
lar), 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, emprega-
- I - (partir). do em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de- pessoal.
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de- ** São impessoais, ainda:
signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin- 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
gular ou plural): tempo: Já passa das seis.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas-
fêmias.
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda,
apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-
algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc. -se, tais verbos, então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas “ser possível”. Por exemplo:
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Não deu para chegar mais cedo.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Dá para me arrumar uns trocados?
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
plural.
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende- A fruta amadureceu.
rão, nutriríamos. As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
Classificação dos Verbos verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
Classificam-se em: receu bastante.
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte- Entre os unipessoais estão os verbos que significam
rações no radical: canto cantei cantarei cantava vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
cantasse. lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento
e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

36
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater- -se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen-
respectivos pronomes): te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
Eu me arrependo exemplo:
Tu te arrependes É preciso ler este livro.
Ele se arrepende Era preciso ter lido este livro.
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis - Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
Eles se arrependem pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im-
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o obje- 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
to representado por pronome oblíquo da mesma pessoa 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou tran- 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
sitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma
pronomes mencionados, formando o que se chama voz boa colocação.
reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: ou advérbio. Por exemplo:
Maria penteou-me. Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
vérbio)
Observações: Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes adjetivo)
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem
função sintática. Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em
- Há verbos que também são acompanhados de pro- curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente plo:
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pes- Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
soa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por
exemplo: - Particípio: quando não é empregado na formação
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
nero, número e grau. Por exemplo:
Modos Verbais Terminados os exames, os candidatos saíram.

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas Quando o particípio exprime somente estado, sem
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis- nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
tem três modos: função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu aluna escolhida para representar a escola.
sempre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tempos Verbais
Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda Tomando-se como referência o momento em que se
agora, menino. fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos. Veja:
Formas Nominais
1. Tempos do Indicativo
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for-
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas colégio.
nominais. Observe: - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do ver- tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
bo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função rompido.
de substantivo. Por exemplo: - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
Viver é lutar. (= vida é luta) momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) Ele estudou as lições ontem à noite.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as
lições quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu ti-
vesse dinheiro, viajaria nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo

- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o
jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por
exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.

CANTAR VENDER PARTIR


cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

42
LÍNGUA PORTUGUESA

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (Agente Polícia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
pessoas _____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem
(E) seja … mantêm

02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas
sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída.
(B) atemporal.
(C) contínua.
(D) hipotética.
(E) futura.

03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas inte-
rações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal desta-
cada exprime possibilidade.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema capaz de disponibilizar um grande número de obras lite-
rárias...
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo
virtual.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associação, e não mais por sequências fixas previamente estabe-
lecidas.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito está ligado a uma nova concepção de textualidade...
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar toda a literatura do mundo...

05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O cresci-
mento econômico, se associado à ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se passar-
mos o verbo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos a forma:
A) puder.
B) poderia.
C) pôde.
D) poderá.
E) pudesse.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alterna- Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este
tiva em que todos os verbos estão empregados de acordo pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
com a norma- -padrão. A) Existia – Haviam – Existiam
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da B) Existiam – Havia – Existiam
impressão definitiva. C) Existiam – Haviam – Existiam
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em D) Existiam – Havia – Existia
silêncio. E) Existia – Havia – Existia
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra-
balhar no feriado. GABARITO
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque- 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
ra a seu superior. 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D

RESOLUÇÃO
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assina-
le a alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o
1-) É comum que objetos sejam esquecidos em
sentido da frase, a expressão destacada em – Se a crian-
locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evi-
ça se perder, quem encontrá-la verá na pulseira instruções
tados se as pessoas mantivessem a atenção voltada para
para que envie uma mensagem eletrônica ao grupo ou seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
acione o código na internet.
(A) Caso a criança se havia perdido… 2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresen-
(B) Caso a criança perdeu… tando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução ver-
(C) Caso a criança se perca… bal em destaque expressa ação contínua (= não concluída)
(D) Caso a criança estivera perdida…
(E) Caso a criança se perda… 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando:
trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99%
08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013- das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
adap.). Assinale a alternativa em que o verbo destacado Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
está no tempo futuro. classificar segundo ideias preconcebidas.
A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
B) … somente eles podem decidir se irão ou não com- 4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de infor-
prar. mação e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enor-
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces- me arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito
sidades”…
D) … de onde vem o produto…? 5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… do Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós po-
deríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração
09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina- é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
le a alternativa em que a concordância das formas verbais soa do singular (ele) = poderia.
destacadas se dá em conformidade com a norma-padrão
da língua. 6-)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em
(A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vi-
silêncio.
zinhos.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a
(B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter
trabalhar no feriado.
acontecido com a criança.
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga...
(C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já (E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re-
estavam preocupados. queira a seu superior.
(D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi en-
contrada. 7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo:
(E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a Houve uma grande perda salarial...)
criança se perdeu mesmo assim.
8-)
10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- A) Os consumidores são assediados pelo marketing =
NESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir. presente
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi-
deira no animal. dades”… = pretérito do Subjuntivo
II. Existiam muitos ferimentos no boi. D) … de onde vem o produto…? = presente
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… =
movimentada. pretérito perfeito

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LÍNGUA PORTUGUESA

9-) - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não


(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
vizinhos. - A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
acontecido com a criança. ção das frases seguintes:
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi en- a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
contrada. O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a cativo)
criança se perdeu mesmo assim.
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
de madeira no animal.
II. Existiam muitos ferimentos no boi. c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
movimentada.
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; - Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume
existir = variável. Portanto, temos: o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
I – Existiam onze pessoas... Observe a transformação da frase seguinte:
II – Havia muitos ferimentos... O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
III – Existia muita gente... As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

Vozes do Verbo Obs.: é menos frequente a construção da voz passi-


va analítica com outros verbos que podem eventualmente
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar-
para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente cada pela doença.
da ação. São três as vozes verbais:
2- Voz Passiva Sintética
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
Ele fez o trabalho.
Por exemplo:
sujeito agente ação objeto (paciente)
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva
ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
sintética.
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la-
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen- nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
O menino feriu-se. sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois
elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com e AGENTE DA PASSIVA.
a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
outro) Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Formação da Voz Passiva Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
tancialmente o sentido da frase.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
analítico e sintético. Sujeito da Ativa objeto Direto
1- Voz Passiva Analítica
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí- A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
pio do verbo principal. Por exemplo: Sujeito da Passiva Agente da Passiva
A escola será pintada.
O trabalho é feito por ele. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a Observe mais exemplos:
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda- - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
dos. nos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos 03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
mestres. ... valores e princípios que sejam percebidos pela socie-
dade como tais.
- Eu o acompanharei. Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas-
Ele será acompanhado por mim. sará a ser, corretamente,
(A) perceba.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, (B) foi percebido.
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: (C) tenham percebido.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. (D) devam perceber.
(E) estava percebendo.
Saiba que:
- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle- 04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
xivos, são chamados neutros. ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas
O vinho é bom. pela multidão...
A forma verbal resultante da transposição da frase aci-
Aqui chove muito.
ma para a voz ativa é:
(A) ocupava-se.
- Há formas passivas com sentido ativo:
(B) ocupavam.
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
(C) ocupou.
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas- (D) ocupa.
cido.) (E) ocupava.
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva
passivo: está em:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) (A) Quando Rodolfo surgiu...
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado) (B) ... adquiriu as impressoras...
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa.
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido (D) ... acolheu-o como patrono.
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o (E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do
sujeito é paciente. Recife ...
Chamo-me Luís.
Batizei-me na Igreja do Carmo. 06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Operou-se de hérnia. FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a
Vacinaram-se contra a gripe. constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ ma verbal resultante é:
morf54.php a) se constituiu.
b) chegou a ser constituído.
Questões sobre Vozes dos Verbos c) teria chegado a constituir.
d) chega a se constituir.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- e) chegaria a ser constituído.
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis-
(A) adjunto adnominal.
tintamente as músicas produzidas no interior do país...
(B) sujeito paciente.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
(C) objeto indireto.
ma verbal resultante será:
(D) complemento nominal. (A) vinham indicadas.
(E) agente da passiva. (B) era indicado.
(C) eram indicadas.
02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo - (D) tinha indicado.
2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Trans- (E) foi indicada.
pondo- -se a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal resultante será: 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
(A) era abatido. (B) fora abatido. PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
(C) abatera-se. (D) foi abatido. adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
(E) tinha abatido em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” C = família numerosa é sustentada...


(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- D – foi acolhido como patrono...
nheiro” E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De- 6-) O engajamento moral e político não chegou a cons-
fesa do Consumidor” tituir um deslocamento da atenção intelectual de Said =
(E) “A empresa fez campanha para recolher” dois verbos na voz ativa, mas com presença de preposição
e, um deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) no infinitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde ficará no particípio: Um deslocamento da atenção intelec-
vim a entender a tradução completa, a forma verbal resul- tual de Said não chegou a ser constituído pelo engajamen-
tante será: to...
(A) veio a ser entendida.
(B) teria entendido. 7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas pro-
(C) fora entendida. duzidas no interior do país.
(D) terá sido entendida. As músicas produzidas no país eram indicadas pelo
(E) tê-la-ia entendido. sertanejo, indistintamente.

10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL 8-)


PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAP- (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
TADA) (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di-
... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série nheiro” = voz ativa
Mulheres. (C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for- (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De-
ma verbal resultante será: fesa do Consumidor” = voz passiva
(A) foi empreendida. (E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa
(B) são empreendidos.
(C) foi empreendido. 9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa...
(D) é empreendida. A tradução completa veio a ser entendida por mim.
(E) são empreendidas.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a
GABARITO série Mulheres.
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A quase clandestina.
06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
RESOLUÇÃO tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a
1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz
do verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo,
Sou da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo
funciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua se desenvolve.
função é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sen-
dados”. tido de caracterizar os processos expressos por ele. Contu-
do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos),
2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se-
Ele foi abatido... guem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela você está até bem informado.
sociedade como tais = dois verbos na voz passiva, então Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
teremos um na ativa: que a sociedade perceba os valores jetivo alheio, representando uma qualidade, característica.
e princípios...
O artista canta muito mal.
4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi-
verbos na passiva, um verbo na ativa: ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
A multidão ocupava as ruas. pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar
5-) demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim
B = as impressoras foram adquiridas... não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama-

47
LÍNGUA PORTUGUESA

mos de locução adverbial, representada por algumas ex- Locução adverbial


pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de
modo algum, entre outras. É reunião de duas ou mais palavras com valor de
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- advérbio. Exemplo:
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
expressas por: Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres-
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior apressadamente.
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste-
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa- modo são flexionados, sendo que os demais são todos in-
mente variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
categoria dos advérbios é a de grau:
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, inconstitucionalissimamente, etc.;
de todo, de muito, por completo. Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, Preposição é uma palavra invariável que serve para
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en- ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- normalmente há uma subordinação do segundo termo em
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual
quando, de quando em quando, a qualquer momento, de e possuem valores semânticos indispensáveis para a com-
tempos em tempos, em breve, hoje em dia preensão do texto.

de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, Tipos de Preposição
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, 1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter- contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás,
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em atrás de, dentro de, para com.
cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta 2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, gramaticais que podem atuar como preposições: como,
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valen-
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, do como uma preposição, sendo que a última palavra é
provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem uma delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a res-
sabe peito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente
a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de,
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe- por cima de, por trás de.
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
tavelmente (=sem dúvida). A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto
pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor-
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por
mente, simplesmente, só, unicamente + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís-
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
bém Esse processo de junção de uma preposição com outra
palavra pode se dar a partir de dois processos:
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
de designação: Eis preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- preposição a + advérbio onde
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), a + onde = aonde
para quê? (finalidade) 2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposição + Artigos Cheguei a sua casa ontem pela manhã.


De + o(s) = do(s) Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
De + a(s) = da(s) curar um tratamento adequado.
De + um = dum
De + uns = duns - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + uma = duma lugar e/ou a função de um substantivo.
De + umas = dumas Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
Em + o(s) = no(s) parte da família
Em + a(s) = na(s) Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém.
Em + um = num / Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + uma = numa
Em + uns = nuns 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + umas = numas das preposições:
A + à(s) = à(s) Destino = Irei para casa.
Por + o = pelo(s) Modo = Chegou em casa aos gritos.
Por + a = pela(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Preposição + Pronomes Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
De + ele(s) = dele(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
De + ela(s) = dela(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + este(s) = deste(s) tamento.
De + esta(s) = desta(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + esse(s) = desse(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + essa(s) = dessa(s)
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + aquele(s) = daquele(s)
Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + aquela(s) = daquela(s)
Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + isto = disto
Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + isso = disso
Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquilo = daquilo
Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aqui = daqui
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aí = daí
Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + ali = dali
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s) Fonte:
Em + este(s) = neste(s) http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
Em + esta(s) = nesta(s)
Em + esse(s) = nesse(s) Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
Em + aquele(s) = naquele(s) ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
Em + aquela(s) = naquela(s) exemplo:
Em + isto = nisto A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as
Em + isso = nisso amiguinhas.
Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s) Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
A + aquela(s) = àquela(s) 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
A + aquilo = àquilo as amiguinhas

Dicas sobre preposição Cada informação está estruturada em torno de um ver-


bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome ções:
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
para determiná-lo como um substantivo singular e femi- A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
nino. a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
A dona da casa não quis nos atender. As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Como posso fazer a Joana concordar comigo? Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. “e” está ligando termos de uma mesma oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Morfossintaxe da Conjunção - CONFORMATIVAS


Principais conjunções conformativas: como, segundo,
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- conforme, consoante
cem propriamente uma função sintática: são conectivos. Cada um colhe conforme semeia.
Classificação Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor-
- Conjunções Coordenativas midade.
- Conjunções Subordinativas
- CONSECUTIVAS
Conjunções coordenativas Expressam uma ideia de consequência.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
Dividem-se em: “tanto”, “tão”, “tamanho”).
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gos- Falou tanto que ficou rouco.
to de cantar e de dançar.
- FINAIS
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
também, não só...como também.
Todos trabalham para que possam sobreviver.
Principais conjunções finais: para que, a fim de que,
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
porque (=para que),
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu- - PROPORCIONAIS
do, todavia, no entanto, entretanto. Principais conjunções proporcionais: à medida que,
quanto mais, ao passo que, à proporção que.
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, - TEMPORAIS
quer...quer, já...já. Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
logo que.
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora- Quando eu sair, vou passar na locadora.
ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois Diferença entre orações causais e explicativas
(depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá (OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de-
fora. paramos com a dúvida de como distinguir uma oração
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois causal de uma explicativa. Veja os exemplos:
(antes do verbo), porquanto. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser
atropelado”:
Conjunções subordinativas a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati-
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior.
- CAUSAIS b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen-
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as
uma vez que, como (= porque). orações que vêm marcadas por vírgula.
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC
(Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo,
- COMPARATIVAS
ela será explicativa.
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im-
como, mais...do que, menos...do que. perativo)
Ela fala mais que um papagaio.
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra
- CONCESSIVAS cidade porque não havia cemitério no local.”
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada
mesmo que, apesar de, se bem que. (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
estar cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar Observação:


os mortos em outra cidade. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
dependentes uma da outra. necessariamente, deverá permanecer no plural:
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram
na campanha de doação de alimentos.
Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
9. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL. dades de formatura.

6) Quando o sujeito for composto da expressão “um


dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos um dos que atuaram na Copa América.
nos referindo à relação de dependência estabelecida entre
um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta 7) Em casos relativos à concordância com locuções
feita, os agentes principais desse processo são representa- pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
dos pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante; quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
e o verbo, o qual desempenha a função de subordinado. nos atermos a duas questões básicas:
Dessa forma, temos que a concordância verbal carac- - No caso de o primeiro pronome estar expresso no
teriza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os que- plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá
sitos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifi- também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós
cando, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe- - Quando o primeiro pronome da locução estiver ex-
rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin-
poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados. gular: Algum de nós o receberá.

Casos referentes a sujeito simples 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo


pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com do singular ou poderá concordar com o antecedente desse
o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para
ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
2) Nos casos referentes a sujeito representado por
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pes- 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
soa do singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma-
Observação:
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex-
poderá ir para o plural:
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão.
3) Quando o sujeito é representado por expressões
partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte
Observações:
de, a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol- ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar. - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin-
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire-
4) No caso de o sujeito ser representado por expres- toria.
sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
o verbo concorda com o substantivo determinado por elas: determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural:
Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso. Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.

5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex- 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado
pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre-
de um candidato se inscreveu no concurso de piadas. gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade
agradeceu o convite.

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LÍNGUA PORTUGUESA

12) Casos relativos a sujeito representado por substan- a) Um adjetivo após vários substantivos
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
aspectos que os determinam: plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis. - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Ela tem pai e mãe louros.
tência mundial. - Ela tem pai e mãe loura.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
Unidos é uma potência mundial. mente para o plural.
- O homem e o menino estavam perdidos.
Casos referentes a sujeito composto - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es- - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o
tando relacionado a dois pressupostos básicos: mais próximo.
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as Comi delicioso almoço e sobremesa.
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Provei deliciosa fruta e suco.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo:
primos. concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an- Estava ferido o pai e os filhos.
teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
dois filhos compareceram ao evento. c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver- Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus - coloca o substantivo no plural.
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.

4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém d) Pronomes de tratamento


com mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no - sempre concordam com a 3ª pessoa.
singular: Meu esposo e grande companheiro merece toda a Vossa Santidade esteve no Brasil.
felicidade do mundo.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô- - Concordam com o substantivo a que se referem.
nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo As cartas estão anexas.
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha A bebida está inclusa.
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de Precisamos de nomes próprios.
meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre- Obrigado, disse o rapaz.
miação é fruto de meu esforço.
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
demais termos da oração para que concordem em gênero singular e o adjetivo no plural.
e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan- Renato advogou um e outro caso fáceis.
to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono- g) É bom, é necessário, é proibido
me concordam em gênero e número com o substantivo. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre-
- A pequena criança é uma gracinha. cedido de artigo ou outro determinante.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A
regra geral mostrada acima. entrada é proibida.

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LÍNGUA PORTUGUESA

h) Muito, pouco, caro Questões sobre Concordância Nominal e Verbal


- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem. 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
Pouco arroz é suficiente para mim. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
Os sapatos estavam caros. frase:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
- Como advérbios: são invariáveis. que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
Comi muito durante a viagem. rir legitimidade a suas decisões.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
Comprei caro os sapatos. ser embasados na percepção dos valores e princípios que
regem a prática política.
i) Mesmo, bastante (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
- Como advérbios: invariáveis regime democrático, em que se respeita tanto as liberda-
Preciso mesmo da sua ajuda. des individuais quanto as coletivas.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
das de um único poder central.
- Como pronomes: seguem a regra geral.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. niões existentes na sociedade.
j) Menos, alerta 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con-
- Em todas as ocasiões são invariáveis. cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas
Preciso de menos comida para perder peso. em:
Estamos alerta para com suas chamadas. A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
k) Tal Qual ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda tor, mediante palavras, sua matéria-prima.
com o consequente. B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre
As garotas são vaidosas tais qual a tia. delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos. ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus au-
tores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
l) Possível C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me- lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per-
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex- sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
pressões. leitores, numa verdadeira interação com a realidade.
A mais possível das alternativas é a que você expôs. D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei-
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em- tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de
presa. ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o
As piores situações possíveis são encontradas nas fave- crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura.
las da cidade. E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que
constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu
m) Meio conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
- Como advérbio: invariável.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para
Estou meio (um pouco) insegura.
responder à questão.
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
- Como numeral: segue a regra geral. não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
Comi meia (metade) laranja pela manhã. ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
n) Só terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
- apenas, somente (advérbio): invariável. carbono e da água em si ___________diferença, as compa-
Só consegui comprar uma passagem. nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos,
40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara-
- sozinho (adjetivo): variável. ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra.
Estiveram sós durante horas. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem
Fonte: eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.htm ___________ a segunda opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)

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LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (D) O grosso dos folheteiros


as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- (E) Cada um dos folheteiros
pectivamente, com:
(A) Restam… faça… será 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
(B) Resta… faz… será FCC/2012) Todas as formas verbais estão corretamente fle-
(C) Restam… faz... serão xionadas em:
(D) Restam… façam… serão (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(E) Resta… fazem… será sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tiva em que o trecho atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- nas melhores universidades do país.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
drão da língua portuguesa. mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon- (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
insumos básicos. resultado do puro e simples desconhecimento.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
cos ser quantificados. representatividade.
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada para que os insumos bá- 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
sicos sejam quantificado. FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- cordância verbal e nominal em:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
mos básicos seja quantificado.
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
de hoje.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
b) A importância de intelectuais como Edward Said e
os insumos básicos.
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que
05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
escreveram.
- VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto: c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre
I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega- árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so-
tiva... frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo
II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi- menos de terem alguma trégua.
ficação do continente americano (2,0)... d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
exemplos, em: que admiradores.
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o e) No final do século XX já não se via muitos intelec-
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era
maioria? notícia pelos livros que publicavam como pelas posições
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. que corajosamente assumiam.
Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase 09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
também existem umas que não merecem nossa atenção. está em:
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) neta)
Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O
peregrinação. consumo mundial de barris de petróleo)
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu- (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
ral caso o segmento grifado seja substituído por: no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos)
(A) Há folheteiros que (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
(B) A maior parte dos folheteiros forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
(C) O folheteiro e sua família climáticas)

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LÍNGUA PORTUGUESA

10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que
nale a alternativa em que a concordância das formas ver- constituem leitura obrigatória e se tornam referências por
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de épo-
língua. ca.
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie-
nização subterrânea. 3-) _Restam___dúvidas
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
trabalhadores da área de limpeza. água em si __faça __diferença
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos a maioria das políticas de crescimento verde sempre
riscos de se contrair alguma doença. ____será_____ a segunda opção.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan-
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, “restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção ções adequadas.
de seus funcionários.
4-)
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
GABARITO
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A
insumos básicos.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
RESOLUÇÃO cos serem quantificados.
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
1-) Fiz os acertos entre parênteses: trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores mos básicos sejam quantificados.
que determinam as escolhas dos governantes, para confe- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
rir legitimidade a suas decisões. trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- mos básicos sejam quantificados.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
valores e princípios que regem a prática política. trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver- os insumos básicos. = correta
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas. 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
(D) As instituições fundamentais de um regime demo- aos itens:
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. tem (singular)
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise-
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. ram (plural)
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
2-) umas (plural)
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo- as formas estão no plural)
ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
6-)
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. = correta
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem-
“folheterios”)
pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan-
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
matéria-prima. E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas,
lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per- 7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os (A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- zes de fruir dessas criações poéticas tão originais.
tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. nas melhores universidades do país.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que


a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles 10. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
por merecer.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva-
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco- que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
nhecimento. mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
à falta de representatividade.
Regência Verbal
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como Termo Regente: VERBO
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
das às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (co- A regência verbal estuda a relação que se estabelece
mum) nos dias de hoje.
entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
adverbiais).
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nos-
que escreveram.
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- sa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto conhecermos as diversas significações que um verbo pode
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) posição. Observe:
alguma trégua. A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar,
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a contentar.
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores agrado ou prazer”, satisfazer.
que admiradores. Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos “agradar a alguém”.
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas Saiba que:
posições que corajosamente assumiam. O conhecimento do uso adequado das preposições é
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver-
9-) bal (e também nominal). As preposições são capazes de
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = modificar completamente o sentido do que se está sendo
“há” permaneceria no singular dito. Veja os exemplos:
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- Cheguei ao metrô.
neta) = “sabe” permaneceria no singular Cheguei no metrô.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
ceria no singular gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re-
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín-
flete” passaria para “refletem-se”
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di-
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
verbos, e a regência culta.
climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
10-) Fiz as correções: de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem diferentes formas em frases distintas.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris-
cos Verbos Intransitivos
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
sete da manhã = eram Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
começou = começaram aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Chegar, Ir presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos


Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para lhe, lhes.
indicar destino ou direção são: a, para. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Fui ao teatro. - Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
Adjunto Adverbial de Lugar posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi-
tos iguais para todos.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”:
- Comparecer Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Eles desobedeceram às leis do trânsito.
em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o - Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
último jogo. posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.
Verbos Transitivos Diretos Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Os verbos transitivos diretos são complementados por Respondeu-lhe à altura.
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre- Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
gar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblí- quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
quos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses prono- siva analítica. Veja:
mes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas O questionário foi respondido corretamente.
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen-
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
te.
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando-
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad-
tos introduzidos pela preposição “com”.
mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Antipatizo com aquela apresentadora.
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender,
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
nam para uma minoria privilegiada.
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar: Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a. Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
Amam aquele rapaz. / Amam-no. nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver- indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Agradeço aos ouvintes a audiência.
adnominais). Objeto Indireto Objeto Direto
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car- Paguei o débito ao cobrador.
reira) Objeto Direto Objeto Indireto
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
mor) - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado. Observe:
Verbos Transitivos Indiretos Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
gem uma preposição para o estabelecimento da relação Paguei minhas contas. / Paguei-as.
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter- Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam Informar
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Informe os novos preços aos clientes. Mudança de Transitividade X Mudança de Signifi-


Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos cado
preços)
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
as construções: to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. guístico muito importante, pois além de permitir a correta
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so- interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
bre eles) expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais,
estão:
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada
para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, pre- AGRADAR
venir. - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
nhos, acariciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Comparar
quando o revê.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
indireto.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
criança. agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
introduzido pela preposição “a”.
Pedir O cantor não agradou aos presentes.
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na O cantor não lhes agradou.
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa. ASPIRAR
Pedi-lhe favores. - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Objeto Indireto Objeto Direto rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Objetiva Direta (Aspirávamos a elas)

Saiba que: Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é


- A construção “pedir para”, muito comum na lingua- pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra (s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
licença estiver subentendida. Aspiravam a ela)
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz ASSISTIR
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini- - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). tar assistência a, auxiliar. Por exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- A construção “dizer para”, também muito usada po-
pularmente, é igualmente considerada incorreta.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Preferir Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in- Essa lei assiste ao inquilino.
direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
Prefiro trem a ônibus. intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado conturbada cidade.
sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo CHAMAR
prefixo existente no próprio verbo (pre). - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
má-la. sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Procedeu-se aos exames.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi- O delegado procederá ao inquérito.
cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário. QUERER
A torcida chamou ao jogador mercenário. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
A torcida chamou o jogador de mercenário. vontade de, cobiçar.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
CUSTAR
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: estimar, amar.
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Despede-se o filho que muito lhe quer.
ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva VISAR
Subjetiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
Intransitivo Reduzida de Infinitivo rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O gerente não quis visar o cheque.
atitude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
Subjetiva objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Indireto Reduzida de Infinitivo O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções público.
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado
por pessoa. Observe: ESQUECER – LEMBRAR
Custei para entender o problema. - Lembrar algo – esquecer algo
Forma correta: Custou-me entender o problema. - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
implicavam um firme propósito. No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
b) Ter como consequência, trazer como consequência, exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- to, transitivos indiretos:
cimento político de um povo. - Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Eles se esqueceram da prova.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
econômicas.

Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran- Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
quem não trabalhasse arduamente. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
PROCEDER clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e
como refutá-las. indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de al-
Você procede muito mal. guma coisa).

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LÍNGUA PORTUGUESA

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um
verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes
correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atenta-
mente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Regência Nominal e Verbal 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter-
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
01. (Administrador – FCC – 2013-adap.). Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras nominal e à pontuação.
ciências ... (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
o grifado acima está empregado em: seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
A) ...astros que ficam tão distantes ... do que em outros.
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra-
C) ...que nos proporcionou um espírito ... pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
D) ...cuja importância ninguém ignora ... avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... exemplo!, do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
adap.). avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos exemplo, do que em outros.
filhos do sueco. (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de com- mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
plementos que o grifado acima está empregado em: seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
A) ...que existe uma coisa chamada exército... – do que em outros.
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delega- mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
cia...
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
plo) do que em outros.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atre-
vimento.
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
destaque.
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
partes desiguais...
responsabilidade pelo problema.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a se perdido.
extremos de sutileza. (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha- de um índio na porta do prédio.
do nos troncos mais robustos. (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- perdido de sua família.
rientam, não raro, quem... (E) A família toda se organizou para realizar a procura
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho à garotinha.
na serra de Tunuí...
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
gentio, mestre e colaborador... a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
o da frase acima se encontra em: A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que
A) A palavra direito, em português, vem de directum, a mídia pode exercer sobre os jovens.
do verbo latino dirigere... A) dos … na
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das B) nos … entre a
sociedades... C) aos … para a
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado D) sobre os … pela
pela justiça. E) pelos … sob a
D) Essa problematicidade não afasta a força das
aspirações da justiça... 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
sentimento de justiça. da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
dez mil tomadas. na serra de Tunuí... = transitivo direto
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
criar logotipos e negociar. 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
D) O taxista levou o autor a indagar no número de Lidar = transitivo indireto
tomadas do edifício. B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa- sociedades... =transitivo direto
rasse a um prédio na marginal. C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
pela justiça. =ligação
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As- D) Essa problematicidade não afasta a força das
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na aspirações da justiça... =transitivo direto e indireto
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
língua e sem alteração de sentido. sentimento de justiça. =transitivo direto
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
direitos dos trabalhadores domésticos. 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon-
A) da tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
B) na gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
C) pela (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
D) sob a (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
E) sobre a tuação)
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
GABARITO à pontuação)
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi-
06. A 07. C 08. A 09. C damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
RESOLUÇÃO exemplo) do que em outros.
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das ou-
6-)
tras ciências ...
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por
Facilitar – verbo transitivo direto
ter se perdido.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de
um índio na porta do prédio.
ligação
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transi-
dido de sua família.
tivo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = (E) A família toda se organizou para realizar a procura
verbo transitivo indireto pela garotinha.

2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re-
nos filhos do sueco. portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
Pedir = verbo transitivo direto e indireto imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- mídia.
sitivo direto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de que a mídia pode exercer sobre os jovens.
ligação
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... 8-)
=verbo intransitivo B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mento. =transitivo direto C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
criar logotipos e negociar.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
em partes desiguais... tomadas do edifício.
Constar = verbo intransitivo E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado parasse em um prédio na marginal.
nos troncos mais robustos. =ligação
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
rientam, não raro, quem... =transitivo direto direitos dos trabalhadores domésticos.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre-


posição “a”:
11. COLOCAÇÃO PRONOMINAL. Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

A colocação pronominal é a posição que os prono- - O verbo estiver no gerúndio:


mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de des-
ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: preocupada.
me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos. Despediu-se, beijando-me a face.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo: - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
1. próclise: pronome antes do verbo Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no
2. ênclise: pronome depois do verbo mesmo instante.
3. mesóclise: pronome no meio do verbo Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.

Mesóclise
Próclise
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
- Palavras com sentido negativo: A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (=
Nada me faz querer sair dessa cama. ela se realizará)
Não se trata de nenhuma novidade. Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Advérbios: proposta a você)
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Questões sobre Pronome

- Pronomes relativos: 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).


A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
- Pronomes indefinidos: para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
Quem me disse isso? terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. carbono e da água faça em si diferença, as companhias não
podem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dóla-
- Pronomes demonstrativos: res por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Por-
Isso me deixa muito feliz! tanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim,
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria
- Preposição seguida de gerúndio: das políticas de crescimento verde sempre será a segunda
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais opção.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
indicado à pesquisa escolar.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-
- Conjunção subordinativa:
ferem- -se, respectivamente, a
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
(A) dúvidas e preços.
(B) dúvidas e insumos básicos.
Ênclise (C) companhias e insumos básicos.
(D) companhias e preços do carbono e da água.
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta (E) políticas de crescimento e preços adequados.
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto-
nos. A ênclise vai acontecer quando: 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho gri-
Amem-se uns aos outros. fado está corretamente substituído por um pronome em:
Sigam-me e não terão derrotas. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
- O verbo iniciar a oração: -lhes desalentado
Diga-lhe que está tudo bem. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem
Chamaram-me para ser sócio. de conhecê-lo?
D) ...não parecia ser um importante industrial... −
não parecia ser-lhe
E) incomodaram o general... − incomodaram-no

63
LÍNGUA PORTUGUESA

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). ______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
A substituição do elemento grifado pelo pronome cor- vem fazia referência______ violência______ o brasileiro esta-
respondente, com os necessários ajustes, foi realizada de va sujeito de forma cômica.
modo INCORRETO em: A) Fazem... a ... de que
A) mostrando o rio= mostrando-o. B) Faz ...a ... que
B) como escolher sítio= como escolhê-lo. C) Fazem ...à ... com que
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes. D) Faz ...à ... que
D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = E) Faz ...à ... a que
nada lhes acrescentariam.
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas. 09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a lantes.
alternativa em que o pronome destacado está posicionado ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
de acordo com a norma-padrão da língua. beça...
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. grifados acima foram corretamente substituídos por um
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha. pronome, na ordem dada, em:
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alter- (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
nativa cujo emprego do pronome está em conformidade (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
com a norma padrão da língua. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- 10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP –
lada. 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
(D) Conformado, se rendeu às punições. mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
substituem, corretamente, os termos em destaque são:
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assina- A) os comprovam … ajudá-la.
le a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de B) os comprovam …ajudar-la.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa-
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. GABARITO
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui-
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma RESOLUÇÃO
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
nos. 1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primei-
ro, não está claro até onde pode realmente chegar uma
07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). política baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
prazo. preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
A) a que … acaba … à B) com que … acabam … à preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
C) de que … acabam … a D) em que … acaba … a bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
E) dos quais … acaba … à neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – sempre será a segunda opção.
2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e
respectivamente, as lacunas do trecho.

64
LÍNGUA PORTUGUESA

2-)
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los 12. CRASE.
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
desalentado
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
conhecê-las ? A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”,
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não “mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à
parecia sê-lo “junção” de duas vogais idênticas. É de grande importân-
cia a crase da preposição “a” com o artigo feminino “a”
3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las (s), com o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela (s),
aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escri-
4-) ta, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. uso apropriado do acento grave depende da compreensão
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança nomes que exigem a preposição “a”. Aprender a usar a cra-
se, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência
5-) simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome.
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. Observe:
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba- Vou a + a igreja.
lada. Vou à igreja.
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição
“a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência
6-) do artigo “a” que está determinando o substantivo femini-
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- no igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave.
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos Observe os outros exemplos:
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. Conheço a aluna.
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram Refiro-me à aluna.
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (co-
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. nhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a
crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é
7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram transitivo indireto (referir--se a algo ou a alguém) e exige
produtos de que não necessitam e acabam tendo a preposição “a”. Portanto, a crase é possível, desde que o
de pagar tudo a prazo. termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino
“a” ou um dos pronomes já especificados.
8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro Casos em que a crase NÃO ocorre:
estava sujeito de forma cômica.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin- - diante de substantivos masculinos:
gular Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
9-) Passou a camisa a ferro.
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome Fazer o exercício a lápis.
oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no) Compramos os móveis a prazo.
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
“lhe” é para objeto indireto - diante de verbos no infinitivo:
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire- A criança começou a falar.
to; “lhe” é para objeto indireto Ela não tem nada a dizer.
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá
10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabeleci- crase.
mentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste-
munhas vão ajudar a polícia na investigação. - diante da maioria dos pronomes e das expressões
felizmente os comprovam ... ajudá-la de tratamento, com exceção das formas senhora, se-
(advérbio) nhorita e dona:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Diga a ela que não estarei em casa amanhã. Crase diante de Nomes de Lugar
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de on- Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do
tem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos. artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo
que diante deles haverá crase, desde que o termo regente
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pro- exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar ad-
nomes podem ser identificados pelo método: troque a pa- mite ou não a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se
lavra feminina por uma masculina, caso na nova construção substituir o termo regente por um verbo que peça a prepo-
surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo: sição “de” ou “em”. A ocorrência da contração “da” ou “na”
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo in- prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso,
divíduo.) haverá crase. Por exemplo:
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a]
senhor.) França.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
próprio Cláudio para sair mais cedo.) Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Por-
- diante de numerais cardinais: to Alegre.)
Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato. *- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase
HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.
- diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifi-
Sempre vamos à praia no verão. cado, ocorrerá crase. Veja:
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
Sou grata à população. que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Fumar é prejudicial à saúde. Irei à Salvador de Jorge Amado.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda (s), Aquela (s), Aquilo
de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. termo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Estava com vontade de comer frango à (moda de) pas- Refiro-me a + aquele atentado.
sarinho. Preposição Pronome
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. Refiro-me àquele atentado.

- na indicação de horas: O termo regente do exemplo acima é o verbo transi-


Acordei às sete horas da manhã. tivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige
Elas chegaram às dez horas. preposição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro
Foram dormir à meia-noite. exemplo:
Aluguei aquela casa.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas
de que participam palavras femininas. Por exemplo: O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja
outros exemplos:
à medida
à tarde às ocultas às pressas Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
que
Quero agradecer àqueles que me socorreram.
à noite às claras às escondidas à força Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
à vontade à beça à larga à escuta Não obedecerei àquele sujeito.
Assisti àquele filme três vezes.
à imitação Espero aquele rapaz.
às avessas à revelia à exceção de
de Fiz aquilo que você disse.
à esquerda às turras às vezes à chave Comprei aquela caneta.
à direita à procura à deriva à toa
à sombra à proporção
à luz à frente de
de que
à seme-
às ordens à beira de
lhança de

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LÍNGUA PORTUGUESA

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
- diante de nomes próprios femininos:
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
qual e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege es- mes próprios femininos porque é facultativo o uso do ar-
ses pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possí- tigo. Observe:
vel detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
substituição do termo regido feminino por um termo regi- A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
do masculino. Por exemplo:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
O monumento ao qual me refiro fica no centro da ci- feminino diante de nomes próprios femininos, então pode-
dade. mos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Ro-
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a berto.
crase. Veja outros exemplos: Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. berto.
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam - diante de pronome possessivo feminino:
responder nenhuma das questões. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
A sessão à qual assisti estava vazia. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
artigo. Observe:
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperan-
do por você.
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está es-
“a” também pode ser detectada através da substituição do perando por você.
termo regente feminino por um termo regido masculino. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
Veja: pronomes possessivos femininos, então podemos escrever
Minha revolta é ligada à do meu país. as frases abaixo das seguintes formas:
Meu luto é ligado ao do meu país. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
As orações são semelhantes às de antes. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Suas perguntas são superiores às dele. - depois da preposição até:
Seus argumentos são superiores aos dele. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Sua blusa é idêntica à de minha colega. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. até à porta.
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
A Palavra Distância palestra vai até às cinco horas da tarde.

Se a palavra distância estiver especificada, determina- Questões sobre Crase


da, a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à dis-
tância de 100km daqui. (A palavra está determinada) 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as dis-
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A cussões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos ju-
palavra está especificada.) rídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências
estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas cri-
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase minais. Raro ler ____respeito envolvendo questões de saúde
não pode ocorrer. Por exemplo: pública como programas de esclarecimento e prevenção, de
Os militares ficaram a distância. tratamento para dependentes e de reintegração desses____
Gostava de fotografar a distância. vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico ou
Ensinou a distância. clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
Dizem que aquele médico cura a distância. própria família?
Reconheci o menino a distância. (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
17.09.2012. Adaptado)
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambi-
guidade, pode-se usar a crase. Veja: As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Gostava de fotografar à distância. respectivamente, com:
Ensinou à distância. (A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a
Dizem que aquele médico cura à distância. (C) a … a … à … à (D) à … à … à … à
(E) a … a … a … a

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia 06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
o texto a seguir. LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- com a norma-padrão.
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cedere-
deu-a por ter feito o que fez. mos espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____ preju-
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de dicar nossas instituições.
Janeiro: Globo, 1997, p. 6) (A) à … à … à
(B) a … à … à
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na (C) à … a … a
ordem dada: (D) à … à … a
A) à – a – a B) a – a – à (E) a … a … à
C) à – a – à D) à – à – a
E) a – à – à 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corre-
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- tamente empregado em:
NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
portuguesa, o acento indicativo de crase está corretamente com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
empregado em: desejos.
(A) A população, de um modo geral, está à espera de B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida-
pensarem a sua postura.
de alimentam a violência crescente nas cidades.
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
punições muito mais severas. dade atinge os mais vulneráveis.
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a
vida dos demais motoristas e de pedestres. 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento O sinal indicativo de crase está correto em:
da nova lei para que ela possa funcionar. A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
área de biotecnologia.
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e à educação dos filhos.
efervescente. C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase as instalações do prédio.
se o segmento grifado for substituído por: D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
A) leitura apressada e sem profundidade. detalhe que envolva a segurança das pessoas.
B) cada um de nós neste formigueiro. E) É função da política é dedicar-se à todo problema
C) exemplo de obras publicadas recentemente. que comprometa o bem-estar do cidadão.
D) uma comunicação festiva e virtual.
E) respeito de autores reconhecidos pelo público. 09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um ho-
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- mem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e
NESP – 2013). citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) sossegada, fica sentada tricotando tranquilamente, impassí-
também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ resso- vel ...... propensão de seu marido ...... investigar assassinatos.
(Adaptado de P.D.James, op.cit.)
cialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
-lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
ordem dada:
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e (A) à - à - a
uma vida digna. (B) a - à - a
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_im-
(C) à - a - à
portancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em: 18.08.2012.
(D) a - à - à
Adaptado)
(E) à - a – a
Assinale a alternativa que preenche, correta e respec-
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
tivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma- SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
-padrão da língua portuguesa. ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente
A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à indicado?
D) à … à ... a E) a … à … a A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Ninguém se referira à essa ideia antes. - quem cede, cede algo A alguém, então teremos ob-
C) Esta era à medida certa do quarto. jeto direto e indireto;
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. - quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cedere-
GABARITO mos espaço A nenhuma ação que se proponha A prejudicar
01. B 02. A 03. A 04. A 05. D nossas instituições.
06.C 07. E 08. B 09.B 10. D * Sujeitar A + A corrupção;
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto
RESOLUÇÃO indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhu-
ma” é pronome indefinido);
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. * que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina caso, oração subordinada com função de objeto indireto.
não há crase) Não há acento indicativo de crase porque temos um verbo
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a no infinitivo – “prejudicar”).
vida = à)
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- 7-)
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
pronome indefinido/relativo) com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vi- B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
mos que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ nos mecanismos biológicos de controle emocional. (se
confiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por o “a” está no singular e antecede palavra no plural, não há
ter feito o que fez. crase)
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
3-) (artigo indefinido)
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida-
para substituir por “esperando”) de que de alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re- masculina)
pensarem (antes de verbo) E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi-
punições (generalizando, palavra no plural) nal: desfavorável a?)
(D) À ninguém (pronome indefinido)
(E) Cabe à todos (pronome indefinido) 8-)
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressa- área de biotecnologia. (artigo indefinido)
da e sem profundidade. B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de prono- à educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
me indefinido) C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra as instalações do prédio. (verbo no infinitivo)
masculina) D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefini- detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome
do) indefinido)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa- E) É função da política é dedicar-se à todo problema
lavra masculina) que comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome in-
definido)
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional
(INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ 9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepa- no singular e “frases”, no plural)
rá--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando Impassível à propensão (regência nominal: pede pre-
em liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão posição)
e uma vida digna. A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acen-
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; to indicativo de crase)
- retorno a? regência nominal pede preposição; Sequência: a / à / a.
- antes de verbo no infinitivo não há crase.
10-)
6-) Vamos por partes! A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, por- e substantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do
tanto: pede preposição; dia)

69
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes Ponto de Exclamação


de pronome demonstrativo) 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, sus-
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo to, súplica, etc.
e substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
À medida que lia, mais aprendia) 2- Depois de interjeições ou vocativos
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advér- - Ai! Que susto!
bio de modo = apressadamente) - João! Há quanto tempo!
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = pa-
lavra masculina Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
13. PONTUAÇÃO
Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que ser-
vem para compor a coesão e a coerência textual, além de res- 2- Indica interrupção violenta da frase.
saltar especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo
uso da língua portuguesa. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Este mal... pega doutor?
Ponto
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em - Deixa, depois, o coração falar...
que se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. Vírgula
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. Não se usa vírgula
*separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
Ponto e Vírgula ( ; ) gam-se diretamente entre si:
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma - entre sujeito e predicado.
importância. Todos os alunos da sala foram advertidos.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão Sujeito predicado
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) - entre o verbo e seus objetos.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas. V.T.D.I. O.D. O.I.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
frio e cobertor. Usa-se a vírgula:
- Para marcar intercalação:
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de moti- a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
vos, decreto de lei, etc. dância, vem caindo de preço.
- Ir ao supermercado; b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão pro-
- Pegar as crianças na escola; duzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Caminhada na praia; c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias
- Reunião com amigos. não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
abrir mão dos lucros altos.
Dois pontos
1- Antes de uma citação - Para marcar inversão:
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
2- Antes de um aposto b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
tarde e calor à noite. c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento - Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo tos em enumeração):
a rotina de sempre. Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
4- Em frases de estilo direto A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão? - Para marcar elipse (omissão) do verbo:

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
- Para isolar: b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transa-
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, ção.
possui um trânsito caótico. c) Maria, você trouxe os documentos?
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimenta-
Fontes: ção estranha.
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após o
Questões sobre Pontuação acréscimo das vírgulas.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pul-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna- seira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de grupo ou acione o código na internet.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- o código foi acionado.
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. criança foi encontrada.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, meiro às, areias do Guarujá.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefo-
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ne de quem a encontrou e informar um ponto de referência
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmen-
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. te correto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, em- posição em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, a vírgula, para que sejam respeitadas as regras gramaticais.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo Desconsidere os ajustes nas letras iniciais minúsculas.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
cidadania e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAPTA- também centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas de-
DA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em campo pois para reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno das
em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Campeonato bicicletas pela saúde das crianças e transformação das comuni-
Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir o número dades em lugares melhores para se viver.
de pessoas que não possuem o nome do pai em sua certidão (Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117)
de nascimento. (...) a) A
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai b) B
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula c) C
porque tem natureza restritiva. d) D
( ) Certo ( ) Errado e) E
03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012)
Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-se o 07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – VU-
sentido e a obediência à norma-padrão? NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. pontuação.
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor- (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas cir-
tes? cunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre- (B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
para para o evento. você está junto; com os outros motoristas cujos comporta-
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimora- mentos, são desconhecidos.
mento do desportista. (C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: ser uma extensão de nossa personalidade.
judô, natação e canoagem. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; au-
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012) (E) Os congestionamentos e o número de motoristas
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta. na rua, são as principais causas da ira de trânsito.

71
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da tran-
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- sação.
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo c) Maria, você trouxe os documentos?
econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
você aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movi-
para te dizer, agora afasta que abriu o sinal.” mentação estranha.
No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Pa-
ciência, minha filha, este é [...]”, para separar 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
(A) aposto. quadas
(B) vocativo. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
(C) adjunto adverbial. na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
(D) expressão explicativa. eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais
GABARITO de onde o código foi acionado.
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados
06. D 07. A 08. B , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo
que a criança foi encontrada.
RESOLUÇÃO (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega
primeiro às , (X) areias do Guarujá.
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- 6-)
bora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimi- O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos
embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimi- ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar cidadania e reciclagem(C). As escolas participantes se tornam
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. também centros de descarte de garrafas PET(D), destinadas de-
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, pois para reciclagem(E). O programa possibilitará o retorno das
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, bicicletas pela saúde das crianças e transformação das comuni-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar dades em lugares melhores para se viver.
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- (D), pois antecipa um termo explicativo.
bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimida-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon- 7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas cir-
cunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada.
2-) A oração restringe o grupo que participará da cam- (B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse,
panha (apenas os que não têm o nome do pai na certidão porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos
de nascimento). Se colocarmos uma vírgula, a oração tor- comportamentos, (X) são desconhecidos.
nar-se-á “explicativa”, generalizando a informação, o que (C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros po-
dará a entender que TODAS as pessoa não têm o nome do dem ser uma extensão de nossa personalidade.
pai na certidão. (D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X)
RESPOSTA: “CERTO”. aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas.
3-) (E) Os congestionamentos e o número de motoristas na
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. rua, (X) são as principais causas da ira de trânsito.
= mantê-la (termo deslocado)
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor- 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado
tes? = mantê-la (vocativo) para se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
para para o evento.
= mantê-la (explicação)
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimora-
mento do desportista.
= pode retirá-la (advérbio de tempo)
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
judô, natação e canoagem.
= mantê-la (enumeração)

4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante:


a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!

72
DIREITO PENAL

Código Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 293 a 305; 307; 308; 311-A;................... 01
312 a 317; 319 a 333; 335 a 337;........................................................................................................................................................................ 05
339 a 347; 350; 357 e 359...................................................................................................................................................................................... 12
DIREITO PENAL

PROF. GREICE ALINE DA COSTA SARQUIS PINTO. Os sujeitos do crime são: Sujeito ativo: é qualquer pes-
soa; quando este for praticado por funcionário público, po-
Bacharel em Direito - Faculdade de Direito da Alta Pau- derá incidir a qualificadora do art. 295, do Código Penal. O
lista - FADAP/FAP. Advogada inscrita na OAB/ SP sob nº sujeito ativo é o que pratica a conduta descrita na lei.
298.596. Membro da Comissão do Jovem Advogado na 34ª Sujeito Passivo: é o Estado, e secundariamente qualquer
Subseção de Tupã/SP. pessoa sendo físicas ou jurídicas, que seja efetivamente pre-
judicada pela conduta do agente. Sendo o sujeito passivo do
crime o titular do bem jurídico danificado ou ameaçado.
ARTIGOS 293 A 305; 307; 308; 311- A - No que concerne ao tipo, a conduta típica consiste em
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. falsificar, fabricando ou alterando: I- selo destinado a con-
trole tributário (selo adesivo que comprova o pagamento),
papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinada
à arrecadação de tributos; papel de crédito público, títulos
da dívida pública, como apólices; III- Vale postal; IV- titulo
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA de crédito referente a objeto empenhado e comprovante de
depósito; V- papéis que têm relação com a receita estatal, ou
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abs- seja, de ordem tributária; VI- bilhete, passe, ou conhecimento
trato, porque neles o tipo não faz referência ao perigo. As- de empresa de transporte de administração federal, estadual
sim, há de se questionar, por exemplo, o seguinte: alguém ou municipal, Pune-se, ainda, aquele que: a) usa; b) suprime,
falsificou uma cédula, mas é uma cédula de três reais, exis- em qualquer desses títulos, quando legítimos, carimbo ou si-
tiu o crime de falso de moeda? nal que indica a sua inutilização ou os usa novamente.
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala
que a moeda tenha que ser essencialmente corresponden-
Dispõe o Código Penal acerca do tema:
te a uma que exista. Mas a resposta seria não, inclusive a
súmula 73 do STJ nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz
assim: o papel moeda grosseiramente falsificado não con- Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
figura crime de moeda falsa, mas sim estelionato em tese, I- Selo destinado a controle tributário, papel ou qualquer
de competência da JE. Qual o raciocínio que se emprega? papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo
Apesar de ser um crime de perigo abstrato, a conduta (alterado pela lei n° 11.305/2004);
praticada não dispensa a idoneidade para a demonstração II - papel de crédito público que não seja moeda de cur-
da possibilidade de o perigo acontecer. As condutas têm so legal;
que ter idoneidade suficiente a produzir perigo, o que não III - vale postal;
significa dizer que o perigo seja exigido, são coisas diver- IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa
sas. Há como descaracterizar a idoneidade em termos abs- econômica ou de outro estabelecimento mantido por enti-
tratos, e não concretos, como seria o caso. dade de direito público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚ- mento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a de-
BLICOS pósito ou caução por que o poder público seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de trans-
Falsificação de papéis públicos porte administrada pela União, por Estado ou por Município;
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
O crime de falsificação de papéis públicos é um crime § 1º Incorre na mesma pena quem: (alterado pela lei n°
comum, tratando de crime contra a fé pública, tanto no que 11.305/2004);
diz respeito ao sujeito ativo e ao sujeito passivo. É um crime I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis fal-
doloso que não prevê a modalidade culposa. sificados a que se refere este artigo;
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
Conceito presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado
Trata-se de crime contra a fé pública, que tem como destinado a controle tributário;
alvo punir falsificação de papéis públicos por meio de al- III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
teração ou fabricação do título. Este crime configura-se mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, forne-
como sendo uma ofensa à fé pública e os institutos pú- ce, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
blicos como um todo. É passível de repreensão penal por ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
meio de reclusão e admite causa de aumento de pena. Há produto ou mercadoria:
que se falar também na figura da suspensão condicional do a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a con-
processo em condutas de pouco poder lesivo, tendo que trole tributário, falsificado;
ser a falsificação potencialmente lesiva.
O crime de falsificação de papéis públicos é um crime b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributá-
comum, tratando de crime contra a fé pública, tanto no que ria determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
diz respeito ao sujeito ativo e ao sujeito passivo. É um crime § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legí-
doloso que não prevê a modalidade culposa. timos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo
O bem jurídico protegido é a fé pública. A fé públi- ou sinal indicativo de sua inutilização:
ca é quando se presume que o conteúdo dos documen- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
tos emitidos por autoridades públicas no cumprimento de § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de al-
suas funções são apresentados como verdadeiros. Sendo a terado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo an-
verdade presumida. terior.

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DIREITO PENAL

§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo Dispõe o Código Penal:


de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a
que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer Falsificação do Selo ou Sinal Público
a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da
inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular ou União, de Estado ou de Município;
clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
logradouros públicos e em residências. (alterado pela lei n° público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
11.305/2004). Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
Apenas o inciso I foi alterado pela Lei 11.305/2004, mas I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
nada de novo foi acrescentado, somente foi feita a corre- II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verda-
ção na redação do texto. Os demais incisos do caput per- deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou
maneceram inalterados, inclusive a sanção não foi alterada. alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar-
O texto revogado já pretendia, equivocadamente, punir
o exaurimento do crime, com a criminalização da conduta cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utiliza-
de quem usasse qualquer dos documentos falsificados re- dos ou identificadores de órgãos ou entidades da Adminis-
feridos no art. 129. O § 1° foi transformado em três incisos, tração Pública.
acrescendo, no inciso I, além do uso, a criminalização da § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
guarda, posse ou detenção de qualquer dos documentos crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
referidos no dispositivo. sexta parte.

Petrechos de falsificação O objeto jurídico é fé pública.


O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois é crime
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar- comum. Já o sujeito passivo é o Estado.
dar objeto especialmente destinado à falsificação de qual- A Conduta típica é Falsificar, por fabricação ou altera-
quer dos papéis referidos no artigo anterior: ção, as matérias referidas no tipo. selo ou sinal.
Elemento subjetivo do tipo é o dolo, pois, consistente
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. na vontade livre e consciente de fabricar ou alterar, assim
falsificando-os, os objetos materiais referidos no tipo.
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete Consuma-se com a fabricação ou alteração do objeto
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de material.
sexta parte. A tentativa é admissível.
A objetividade jurídica neste crime é a proteção da Fé Falsificação de Documento Público (art. 297)
Pública.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, caso seja Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
funcionário publico e venha cometer o crime prevalecen- público, ou alterar documento público verdadeiro:
do-se do cargo, aplica-se o dispositivo do art. 295 Código
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Penal, aumentando a pena em um sexto. O sujeito passivo
por sua vez é a coletividade. As condutas típicas são fabri-
car, adquirir, fornecer, possuir, guardar. São requisitos da falsificação:
O objeto material de crime deverá ser objeto especial- a) Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir,
mente destinado à falsificação de papéis, carimbos, máqui- capaz de enganar qualquer pessoa normal; para a jurispru-
nas, matrizes, etc. dência, a falsificação grosseira não constitui crime, pois não
É um crime doloso, admitindo-se assim a tentativa. é capaz de enganar as pessoas em geral. Poderia ser, no
máximo, estelionato;
DA FALSIDADE DOCUMENTAL b) Que tenha capacidade de causar prejuízo a al-
guém:
Falsificação do Selo ou Sinal Público Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Docu-
mento é toda peça escrita que condensa o pensamento de
No crime de Falsificação do Selo ou Sinal Público alguém, capaz de provar um fato ou a realização de um ato
Há a existência de dolo, ou seja, a intenção do agente de relevância jurídica.
em praticar a falsidade, a vontade e consciência do agente
em buscar a falsificação para atingir propósitos ilegais. Requisitos do Documento Público
A prática do delito pode ser realizada por qualquer a) Deve ser elaborado por agente público;
pessoa, sendo que, caso o sujeito ativo seja funcionário pú- b) O agente público deve estar no exercício da fun-
blico, a pena é aumentada até a sexta parte. ção, tendo atribuição para tanto;
O sujeito passivo do referido crime é o Estado, e, neste c) Deve obedecer às formalidades legais exigidas
aspecto, há a ocorrência de outros crimes, dentre eles, a para a validade do documento.
prática de crime contra a administração pública (quando Pode um documento estrangeiro ser considerado pú-
a prática do delito é realizada por funcionário público) e blico? Sim, desde que seja considerado público no país de
crime contra o patrimônio ( já que a fauna brasileira é con- origem e que satisfaça os requisitos de validade previstos
siderada patrimônio público). no ordenamento brasileiro.

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DIREITO PENAL

Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º) Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade
Trata-se de documentos particulares que, pela sua impor- de dano para ser punível.
tância, foram equiparados pela lei a documento público. São A falsidade ideológica é voltada para a declaração que
eles: compõe o documento, para o conteúdo do que se quer
a) Documentos emitidos por entidade paraestatal; falsificar. Nela, o documento é formalmente perfeito e
b) Título ao portador ou transmissível por endosso; falso seu conteúdo intelectual. O agente declara e faz
c) Livros mercantis; constar no documento algo que sabe não ser verdadeiro.
d) Testamento particular. Na falsidade material o vício incide sobre a parte ex-
terior do documento, recaindo sobre o elemento físico do
Consumação e Tentativa papel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as caracterís-
A consumação ocorre quando realizada a falsificação ou ticas originais do objeto material por meio de rasuras, bor-
alteração. É um crime formal, bastando o resultado jurídico, rões, emendas, substituição de palavras ou letras, números,
sendo perfeitamente possível a tentativa. etc. Na falsidade ideológica (ou pessoa) o vício incide sobre
as declarações que o objeto material deveria possuir, sobre
Concurso de Crimes o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omis-
a) Falsificação de documento público e estelionato: sões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material
para o STF, ambos os crimes coexistiriam, mas em concurso é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também
formal. Para o STJ: chamar-se ideal
b) Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o
uso será absorvido, já que é mero pós fato impunível. Isso, Requisitos para a Configuração, Conforme Juris-
entretanto, se o falsário for a mesma pessoa que usa o do- prudência
cumento a) Que a declaração tenha valor por si mesma: se a
declaração tiver de ser investigada pela autoridade públi-
Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º) ca, não há crime (v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime sentido:
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. b) Que a declaração faça parte do objeto do docu-
mento: as declarações irrelevantes, como o endereço da
testemunha num contrato, não caracterizam o crime
Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de Casuísticas
punibilidade, assim como também há o entendimento do STF a) Se alguém pega a assinatura de um amigo em
no sentido de que eles são sujeitos a uma condição objetiva uma folha em branco e preenche como confissão de dívida,
de punibilidade, que significa o esgotamento da via adminis- pratica o crime de falsidade ideológica;
trativa. b) Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem
é falsidade material;
Falsificação de Documento Particular (art. 298) c) Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não
foram narrados, haverá falsidade ideológica;
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento par- d) A cópia sem autenticação não pode ser considera-
ticular ou alterar documento particular verdadeiro: da documento para fins penais.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O conceito de documento particular é dado por exclusão. Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa
Particular é todo documento que não é público. São exem- O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou
plos: criar obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juri-
a) Cheque devolvido pelo banco: é documento parti- dicamente relevante.
cular, pois após devolvido o cheque, não mais poderá ser Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omis-
transmitido por endosso. são e não cabe tentativa.
b) Documento endereçado à autoridade pública: não é Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz
documento público, já que não foi feito por autoridade pú- terceiro inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.
blica.
Causa de Aumento de Pena
Falsidade Ideológica (art. 299) Parágrafo único - Se o agente é funcionário público,
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a fal-
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, sificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer in- aumenta-se a pena de sexta parte.
serir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verda- Falso reconhecimento de firma ou letra
de sobre fato juridicamente relevante:
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu- de função pública, firma ou letra que o não seja:
mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do-
documento é particular. cumento é público; e de um a três anos, e multa, se o do-
cumento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público,
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a fal- A pena do presente crime é de reclusão de 1 a 5 anos +
sificação ou alteração é de assentamento de registro civil, multa, em caso de documento público ou ainda, 1 a 3 anos
aumenta-se a pena de sexta parte. + multa , se o documento é particular.
Para tal crime, inexiste modalidade culposa.

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DIREITO PENAL

No que concerne ao sujeito ativo, trata-se de crime Trata-se de crime com preceito penal secundário re-
próprio, praticado por funcionários públicos, metido.
O sujeito Passivo é a coletividade ou eventual pessoa Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadei-
que sofra algum dano. O elemento subjetivo por sua vez é ro fosse. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar
o Dolo. que possui o documento. Se o agente falsifica e usa docu-
O crime consuma-se no momento em que o sujeito mento, há simplesmente progressão criminosa, e o uso se
ativo reconhece o crime. torna um post factum impunível.
Não haverá o crime se o documento for encontrado
Certidão ou atestado ideologicamente falso pela autoridade em revista pessoal do agente; se o docu-
mento é apresentado mediante solicitação ou exigência da
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de autoridade policial, há controvérsia.
função pública, fato ou circunstância que habilite alguém
a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de Competência
caráter público, ou qualquer outra vantagem: Se o documento utilizado for passaporte, a competên-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. cia será da Justiça Federal do lugar onde apresentado:
No crime de Certidão ou atestado ideologicamente Supressão de documento
falso, o sujeito passivo é a coletividade. O elemento Sub-
jetivo é o dolo , tendo fato ou circunstancia que beneficie Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
alguém. próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento
O crime consuma-se no momento da falsificação. público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o docu-
Falsidade material de atestado ou certidão mento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certi- o documento é particular.
dão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadei-
ro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém Crime que consiste em destruir, suprimir ou ocultar do-
a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de cumento.
caráter público, ou qualquer outra vantagem: O Sujeito ativo deste crime é comum, uma vez que pode
Pena - detenção, de três meses a dois anos. ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo dono do
documento, quando dele não podia dispor. Ojá o sujeito
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica- passivo é o Estado.
-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. O documento deve ser verdadeiro para que ocorra o
presente crime.
Falsidade de atestado médico O crime só é punível a título de dolo, vontade livre e
consciente dirigida a destruir, suprimir ou ocultar o objeto
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, material.
atestado falso: O delito é formal e a tentativa: é admissível
Pena - detenção, de um mês a um ano.
CAPÍTULO IV
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de DE OUTRAS FALSIDADES
lucro, aplica-se também multa.
Falsificação do sinal empregado no contraste de
A pena deste crime é detenção, de 1 mês a 1 ano. O metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para
sujeito ativo é o próprio médico. Já o sujeito passivo é a outros fins
coletividade.
O elemento subjetivo é o dolo, com a intenção de be- Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, mar-
neficiar alguém. O crime consuma-se no momento da fal- ca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
sificação metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar mar-
ca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filaté-
lica Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que
que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária,
ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no ver- ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou
so do selo ou peça: comprovar o cumprimento de formalidade legal:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para
fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. O objeto jurídico é a fé pública.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já sujeito pas-
Uso de Documento Falso (art. 304) sivo é o Estado.
As condutas típicas são: falsificar, fabricando-o ou alte-
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados rando-o, marca ou sinal; usar (empregar, utilizar) marca ou
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: sinal falsificado por terceiro.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

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DIREITO PENAL

Crime doloso que consistente na vontade livre e cons- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
ciente de falsificar ou usar a marca ou sinal nas condições
descritas no tipo. § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita,
Consuma-se com a fabricação, a alteração ou o uso da por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às
marca ou sinal. informações mencionadas no caput.
Não é admitida tentativa na conduta de usar; porém, na § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração
de fabricar ou alterar, é admissível. pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Falsa Identidade (art. 307 - 308) § 3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é co-
metido por funcionário público.
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identida-
de para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou
para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o ARTIGOS 312 A 317; 319 A 333; 335 A 337-
fato não constitui elemento de crime mais grave. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de
identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes
documento dessa natureza, próprio ou de terceiro: funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, exercício de sua função, associado ou não com pessoa alheia
se o fato não constitui elemento de crime mais grave. aos quadros administrativos, prejudicando o correto funciona-
mento dos órgãos do Estado.
Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiá- A Administração Pública deste modo, em geral direta, in-
rio. direta e empresas privadas prestadoras de serviços públicos,
Identidade se refere às características que uma pessoa contratadas ou conveniadas será vítima primária e constante,
possui capazes de a individualizarem na sociedade. Está li- podendo, secundariamente, figurar no polo passivo eventual
gada intimamente à noção de estado civil. administrado prejudicado.
A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância
jurídica na imputação falsa, capacidade de causar dano. O agente, representante de um poder estatal, tem por
O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que
o crime é comissivo. função principal cumprir regularmente seus deveres, confia-
dos pelo povo. A traição funcional faz com que todos tenham
Falsa Identidade e Autodefesa interesse na sua punição, até porque, de certa forma, todos
são afetados por ela. Dentro desse espírito, mesmo quando
Para concursos de Defensoria Pública, o preso em fla- praticado no estrangeiro, logo, fora do alcance da soberania
grante ou interrogado em juízo que se dá outro nome para nacional, o delito funcional será alcançado, obrigatoriamente,
se eximir da condenação simplesmente exerce a autodefesa, pela lei penal.
em seu sentido mais amplo, aplicando-se o brocardo nemo
tenetur se detegere. Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003,
Para o MP, evidentemente que não se trata de autodefe- condicionou a progressão de regime prisional nos crimes con-
sa, já que a conduta do agente é comissiva, tentando enga- tra a Administração Pública à prévia reparação do dano cau-
nar a autoridade pública, se afastando em muito do simples sado, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os
direito à não autoincriminação acréscimos legais.
Fraude em Certames de Interesse Público. A lei em comento não impede a progressão aos crimes
Certames de interesse público. Certame é disputa, con- funcionais, mas apenas acrescenta uma nova condição objeti-
corrência, discussão. Interesse público é o interesse da socie- va, de cumprimento obrigatório para que o reeducando con-
dade de um modo geral, ou seja, algo que interessa a todos, quiste o referido benefício.
indistintamente. Portanto, certame de interesse público é a
concorrência que interessa à sociedade e que, por isso, pre- Crimes Funcionais
cisa de credibilidade. Espécies
Os núcleos do tipo são utilizar e divulgar. Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: pró-
Podem incorrer no crime o candidato do certame (uti- prios e impróprios.
lizar) ou quem faz parte da estrutura que o organiza e que, Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcio-
por isso, tem acesso ao conteúdo sigiloso (divulgar). A ele- nário público ao autor, o fato passa a ser tratado como um tipo
mentar indevidamente implica falta de justa causa para a di- penal descrito.
vulgação, ou seja, se houver permissão em lei para divulgar Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor
conteúdo sigiloso, não há crime. publico, desaparece também o crime funcional, desclassifican-
do a conduta para outro delito, de natureza diversa.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos; Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: ção, exerce cargo, emprego ou função pública.

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DIREITO PENAL

§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exer- Peculato Furto


ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra- Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não
tada ou conveniada para a execução de atividade típica da detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão da fa-
Administração Pública. cilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola públi-
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando ca que tem a chave de todas as salas da escola, aproveita-
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu- -se da sua função e facilidade e subtrai algo que não estava
pantes de cargos em comissão ou de função de direção sob sua posse, tem-se o peculato furto.
ou assessoramento de órgão da administração direta, so-
ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação Peculato Culposo
instituída pelo poder público.
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o di-
Contudo, ao considerar o que seja funcionário público retor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e
para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que
unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito Admi- o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.
nistrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se fun- Peculato Mediante Erro de Outrem
cionário público não apenas o servidor legalmente investi-
do em cargo público, mas também o que servidor publico Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilida-
efetivo ou temporário. de que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:

Tipos penais Contra Administração Pública Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade admi-
nistrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passi-
desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante vo: Estado e o particular lesado. A modalidade de peculato
erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção mediante erro de outrem, é um peculato estelionato, onde
passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com prati- a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal vai aplicar uma
cados por agentes públicos. multa a um determinado contribuinte e esse contribuinte
paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa o dinheiro.
PECULATO Na verdade nunca existiu multa alguma e esse dinheiro não
tinha como destino os cofres públicos e sim o favorecimen-
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinhei- to pessoal do agente.
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particu- É um crime doloso e sua consumação se dá quando ele
lar, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, passa a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa.
em proveito próprio ou alheio:
Inserção de dados falsos em sistema de informa-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ções

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado,
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que dados da Administração Pública com o fim de obter vanta-
lhe proporciona a qualidade de funcionário. gem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica
do peculato é a probidade da administração pública. É um Trata-se de crime próprio. O sujeito ativo é funcionário
crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcioná- público autorizado e o sujeito passivo poderá ser qualquer
pessoa (pública ou privada).
rio público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos È denominado como crime doloso, tratando-se de dolo
o particular. Admite-se a participação. específico, ou seja, com especial fim de agir, que é obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou causar dano.
Peculato Apropriação A inserção de dados falsos prevista no art.313-A é um
crime cibernético e como tal exige a perícia para que pos-
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser di- sa haver a devida identificação de autoria e consequente
nheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância que condenação, contudo, esta não tem sido a prática no país.
o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu car- O art. 313-A é crime próprio e formal. Exige que seja
go. Consumação: Se dá no momento da apropriação, em praticado por funcionário público autorizado e basta que
que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada. se dê a inserção ou modificação dos dados para que seja
Admite-se a tentativa. consumado. Por ser formal, a intenção do agente é presu-
mida a partir de seu próprio ato.
Peculato Desvio
Modificação ou alteração não autorizada de siste-
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui ma de informações
o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
uma terceira pessoa. Consumação: No momento do desvio Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
e admite-se a tentativa. de informações ou programa de informática sem autoriza-
ção ou solicitação de autoridade competente:

6
DIREITO PENAL

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e Prefeito ou Vereador – Crime de Responsabilidade –
multa. Decreto Lei 201/67, I a V.
Consumação – Empregar; Administrar, Consagrar ou
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço Destinar irregularmente as verbas ou rendas. É necessária
até a metade se da a existência de uma lei regulamentando o emprego dessas
verbas ou rendas.
O bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa Rendas públicas: São aquelas constituídas por dinheiro
O sujeito ativo é funcionário público autorizado ou não recebido pela Fazenda Pública a qualquer título.
e o sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa (pública ou Verbas públicas: São aquelas constituídas por dinheiro
privada). destinado para execução de determinado serviço público
Classificação crime próprio. ou para outra finalidade de interesse público. O termo Lei
Quando o sistema foi intencionalmente modificado inclui, além das leis comuns e orçamentárias, os Decretos e
para que a ação criminosa pudesse ser realizada, o crime demais Normas equivalentes.
está previsto no art.313-B.
No artigo 313-B não se previu um fim especial do Concussão
agente, mas, evidentemente, como também não se previu
a figura em sua modalidade culposa, resta claro que a in- Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indi-
tenção do agente poderá ser de qualquer natureza, inclusi- retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
ve com o fim de obter vantagem indevida, de causar dano, mas em razão dela, vantagem indevida:
de paralisar todo o sistema de processamento de dados de
uma repartição, da Unidade Fiscal, da Receita Federal etc., Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
seja por espírito de vingança, seja para ocultar amigos con-
tribuintes, seja para obter vantagem pecuniária. O artigo 316 Código Penal é uma espécie de extorsão
Frise-se que os tipos penais dos artigos 313-A e 313-B, praticada pelo servidor público com abuso de autoridade.
são delitos próprios e, portanto, chamados de crimes fun- O objeto jurídico é a probidade da administração públi-
cionais, já que são praticados pelas pessoas físicas que se ca. Sujeito ativo: Crime próprio praticado pelo servidor e o
entregam à realização das atividades do Estado. Dentro da seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta
classificação geral dos delitos, os crimes funcionais estão é exigir. Trata-se de crime formal pois consuma-se com a
inseridos na categoria dos crimes próprios, porque a lei exigência, se houver entrega de valor há exaurimento do
exige uma característica específica no sujeito ativo, ou seja, crime e a vítima não responde por corrupção ativa porque
ser funcionário público. foi obrigada a agir dessa maneira.
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou do- Excesso De Exação
cumento
(...)
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
inutilizá-lo, total ou parcialmente: social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
constitui crime mais grave. que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
O artigo traz 3 condutas, pois há mais de uma forma de Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
execução do delito, mais de um núcleo ou verbo do tipo: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
Tipo penal é Extraviar – Descaminhar, desaparecer. de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
Sonegar – Não apresentar; ocultar com fraude; escon- cofres públicos:
der. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Inutilizar – Tornar imprestável; destruir; danificar.
O crime de ser praticado pelo funcionário público (su- A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
jeito ativo) que tenha incumbência de guardar o livro ofi- aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres
cial ou qualquer documento (oficial ou particular). O sujeito públicos, porém o funcionário se apropria do valor.
passivo é o Estado.
Não se admite tentativa na modalidade omissiva e é Corrupção Passiva
um delito subsidiário, ou seja, elemento de outro tipo de
crime diverso de maior gravidade. Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Sujeito Ativo é o Funcionário Público que tem o poder § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
de dispor das verbas públicas e rendas públicas. qüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
Presidente da República – Crime de Responsabilidade ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
– Lei 1.079/50. infringindo dever funcional.

7
DIREITO PENAL

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou nado que cometeu infração no exercício do cargo, ou deixa
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, de levar o fato ao conhecimento da autoridade competen-
cedendo a pedido ou influência de outrem: te, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário
infrator.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O sujeito ativo do delito somente pode ser funcionário
público, e que possui posição hierarquicamente superior à
O objeto jurídico é a probidade administrativa. Sujeito do infrator, sendo possível, em tese, a participação de não-
ativo: funcionário público. A vítima é o Estado e apenas na -funcionário, mediante induzimento ou instigação. Para o
conduta solicitar é que a vítima será, além do Estado a pes- Direito Penal, considera-se funcionário público, quem, em-
soa ao qual foi solicitada. bora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
emprego ou função pública. Além disso, equipara-se a fun-
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, aumen- cionário público quem exerce cargo, emprego ou função
ta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa
atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso de pri- prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
vilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a pessoa. execução de atividade típica da Administração Pública.
Só se consuma pela prática do ato do servidor público. O sujeito passivo é sempre o Estado, ou seja, União, Es-
tados, Municípios, autarquias, entidades paraestatais, bem
(...) como qualquer entidade de direito público enquanto titu-
lar e responsável pela Administração Pública.
Prevaricação São duas as condutas delitivas previstas, ou seja, deixar
de responsabilizar subordinado que cometeu infração no
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamen- exercício do cargo, e ainda, não levar o fato ao conheci-
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa mento da autoridade competente, quando lhe falta com-
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: petência. Ambas as condutas são omissivas próprias e têm
como pressuposto a prática de infração penal ou adminis-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. trativa pelo funcionário no desempenho de suas funções1
A pena é detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agen- de competência do Juizado Especial Criminal. A ação penal
te público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o aces- é pública incondicionada.
so a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente exter- Advocacia Administrativa (Art. 321)
no: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. se privado perante a administração pública, valendo-se da
qualidade de funcionário:
O Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade ad- Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
ministrativa. É um crime próprio, cometido por funcioná- Patrocinar significa advogar, facilitar, favorecer, inter-
rio público e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou mediar em favor de alguém. O patrocínio não se confunde
deixar de praticar ato de ofício. O Crime consuma-se com com a execução do ato favorável ao particular, sendo nota
o retardamento ou a omissão, é doloso e o objetivo do marcante desse crime a intermediação de um funcionário
agente é buscar satisfação ou vantagem pessoal. no sentido de que o ato seja praticado por outro.
Os crimes contra a Administração Pública são dema- Não se caracteriza o crime pelo mero pedido de prefe-
siadamente prejudiciais, pois refletem e afetam a todos os rência, para que se dê andamento a um determinado pro-
cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em cedimento em favor do particular, sem adentrar no mérito
crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas, da discussão; no simples ato de prestar informações.
para apenas satisfazer o egoísmo e egocentrismo desses Para que ocorra o delito, necessário que o funcionário
agentes corruptos. se valha de facilidade que a qualidade de funcionário pú-
Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com blico lhe proporciona.
rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do servi- O patrocínio pode ser exercido de forma direta, pelo
ço público, tenham suas praticas de errôneas coibidas e próprio funcionário, ou indireta, por interposta pessoa,
extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e também conhecida como testa de ferro.
valorizar os servidores.
Exercício Regular de Direito
Condescendência Criminosa O RJU permite ao servidor público federal atuar como
procurador ou intermediário junto a repartições quando se
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res- tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de pa-
ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercí- rentes até o 2º grau, e de cônjuge ou companheiro.
cio do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente: Consumação e Tentativa
O crime é formal, se consumando com o patrocínio,
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. ainda que nenhuma vantagem dele advenha.

Disposto no artigo 32º, a Condescendência Criminosa Forma Qualificada


é um crime contra a Administração Pública, praticado por Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
funcionário público que, por clemência ou tolerância, deixa Pena - detenção, de três meses a um ano, além da mul-
de tomar as providências a fim de responsabilizar subordi- ta.
1 BITENCOURT, 2012, p. 149.

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DIREITO PENAL

Violência arbitrária O elemento subjetivo do crime é o dolo genérico. Não


se exige uma finalidade específica.
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou O crime consuma-se com a execução do primeiro ato
a pretexto de exercê-la: de ofício.
No crime em questão é admitida a tentativa
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
pena correspondente à violência. Violação de sigilo funcional

O tipo penal do artigo 322 tutela o bem jurídico Ad- Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
ministração Pública, sobre tudo no que diz respeito à mo- cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe
ralidade do serviço, bem como o bem jurídico integridade a revelação:
física. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
O funcionário público é o sujeito ativo do delito, admi- se o fato não constitui crime mais grave.
tindo-se a coautoria do particular § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
È importante esclarecer que o emprego da violência I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o
deve ser arbitrária não se englobando situações, como por acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informa-
exemplo, de legitima defesa ou estrito cumprimento do ções ou banco de dados da Administração Pública;
dever legal. II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
O crime admite a prática comissiva por omissão, vez § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administra-
que “o delito pode ser praticado via omissão imprópria ção Pública ou a outrem:
quando o agente, garantidor, dolosamente, podendo, nada Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
fizer para impedir a prática do delito.
É um crime expressamente SUBSIDIÁRIO: “se o fato não
Abandono de função constituir crime mais grave”.
Se servir para o cometimento de estelionato, será ab-
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos sorvido pelo crime de estelionato.
permitidos em lei: Se prestar-se para o crime de homicídio, será absorvido
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. pelo crime de homicídio.

§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Sujeito ativo: é considerado crime próprio praticado
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. por funcionário público que tem ciência em razão do cargo.
Essa ciência tem que ser a oficial, tem que ser uma in-
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa formação que passou por ele e que ele divulgou. Não se
de fronteira: presta a este tipo a informação obtida pelo funcionário que
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. ouviu atrás da porta.
Admite-se tentativa, exceto se a revelação for oral e
Na verdade, trata-se de abandono de CARGO, e não pessoal.
de função. O crime ainda admite coautoria e participação.
É um crime de mão própria, e não admite-se coautoria,
Violação do sigilo de proposta de concorrência
admitindo-se no entanto, a participação. O Sujeito Passivo
por sua vez, é o Estado. Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrên-
Este artigo abrange os cargos na administração dire- cia pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
ta, autarquias, empresas públicas, sociedades de economia -lo:
mista e fundações. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Na forma omissiva, a tentativa é impossível.
Vantagem na Licitação. Porém tem lei de licitação ocor-
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro- re o Princípio da Especialidade
longado
Funcionário público
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exo- efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
nerado, removido, substituído ou suspenso: muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exer-
ce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
Não é crime habitual. quem trabalha para empresa prestadora de serviço contra-
É cometido por ato de ofício, basta um só. tada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Sujeito ativo: trata-se de crime de mão própria, somen- Administração Pública.
te podendo ser cometido por aquele que foi nomeado, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
convocado, mas não tomou posse; ou foi removido, sus- os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
penso, e continua exercendo suas funções. pantes de cargos em comissão ou de função de direção
È admitida participação na forma particular, por indu- ou assessoramento de órgão da administração direta, so-
zimento e auxílio; de funcionário público que tenha outra ciedade de economia mista, empresa pública ou fundação
função. instituída pelo poder público.

9
DIREITO PENAL

O agente público pode ser entendido aqui como toda Se o agente resistir a a quatro ou cinco funcionários
pessoa física que possui a incumbência de exercer alguma que foram praticar o ato legal, haverá somente um crime,
atividade em prol do Estado e das pessoas jurídicas com- já que o sujeito ativo é a Administração como um todo. No
ponentes da administração indireta. entanto, se o funcionário público comparece ao lugar para
a prática de diversos atos independentes, o agente poderá
Leciona Damásio que: responder por crime continuado ou concurso formal, a de-
“O que caracteriza a figura do funcionário público, per- pender do caso concreto.
mitindo distinção em relação aos outros servidores, é a ti- As lesões corporais leves são absorvidas, assim como
tularidade de um cargo por lei, com especificação própria, o desacato.
em número determinado e pago pelos cofres da entidade Perceba que o § 2º impõe que sejam aplicadas, em
estatal a que pertence”2 concurso formal impróprio, as penas correspondentes à
violência aplicada.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- Resistência Qualificada
TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Usurpação de função pública
Desobediência
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

O tipo penal faz com que o crime se consume median-


Usurpar significa alcançar algo sem o regular direito. O
te qualquer ordem LEGAL dada por qualquer pessoa tida
sujeito ativo do presente crime é qualquer pessoa, inclusive por FUNCIONÁRIO PÚBLICO. Logo, não se restringe a or-
o funcionário público. Já o sujeito passivo é a Administra- dens de juízes.
ção Pública. A principal discussão nesse crime se refere à possibili-
É denominado crime comum, formal, comissivo, ins- dade ou não de ser o agente da desobediência funcionário
tantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente. público. A corrente predominante entende que sim, que
A forma qualificada está prevista no parágrafo único ele pode perfeitamente ser responsabilizado, não obstante
do artigo e se refere ao fato de auferir vantagem da função o crime esteja previsto no capítulo daqueles praticados por
pública usurpada. particular contra a Administração.
Desobedecer é não aceitar, não acatar, não cumprir
Resistência uma ordem legal de funcionário público, podendo ser pra-
ticada de forma comissiva ou omissiva.
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante Em sendo a ordem legal, não cabe a quem a recebe
violência ou ameaça a funcionário competente para execu- discutir seu acerto. O juízo de legalidade da ordem, espe-
tá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: cialmente a judicial, não é de quem a recebe.
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo Desacato
das correspondentes à violência.
Trata-se de crime que pode ser cometido por qualquer Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
pessoa, ainda que não seja o destinatário do ato. função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Tipo Objetivo
Opor-se é colocar obstáculo, resistir. A violência ou O delito do art. 331 do Código Penal pune o crime de
ameaça há de ser concomitante ou anterior à prática do desacato a funcionário público, no exercício da função ou
ato; se ela for posterior ao ato praticado, não se configura em razão dela, exigindo-se dolo específico, consistente na
o crime. vontade livre e consciente de desprezar ou humilhar servi-
A violência tem que ser física e real contra a pessoa que dor público, no exercício de sua função, de desprestigiá-lo,
executa o ato ou quem lhe presta auxílio, não configurando com palavras ou ações, em razão da função pública por ele
o crime a violência contra a coisa. Ela pode ser por meras exercida.
vias de fato, ou seja, ação física contra a pessoa que não Consuma-se esse delito com a prática da ofensa no
chega a ponto de causar lesão, como um empurrão, ou al- momento e lugar em que o agente pratica o ato ofensivo
cançar consequências mais graves. ou profere palavras ultrajantes a funcionário que esteja no
A ameaça pode ser verbal ou gestual, como o ato de exercício da função pública ou praticando ato relativo ao
exibir uma faca ou uma arma de fogo. ofício, dentro ou fora da sede de sua repartição, desde que
Não configura o crime uma oposição passiva, tal qual percebida a ofensa por este.
deixar de realizar um ato, deixar de abrir uma porta tran- Muitas vezes o desacato é realizado quando o agres-
cada etc. sor está embriagado. Evidenciada a ingestão voluntária de
Além disso, o ato do funcionário há de ser legal; se bebida alcoólica, culminando em desacato, não se exclui a
ilegal, descaracteriza o crime. imputabilidade (art. 28, II, CP), pois a embriaguez somente
isenta de pena quando resultante de caso fortuito ou força
2 JESUS, Damásio Evangelista. Direito Penal, vol. IV. 2ª Ed. Sa- maior (art. 28, § 1º, CP).
raiva. SP/SP. 1989; p. 101.

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DIREITO PENAL

Tráfico de Influência Consumação e Tentativa


O crime de corrupção ativa é crime formal de consu-
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou mação antecipada, bastando oferecer ou prometer; será
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre- consumado ainda que o funcionário público recuse a van-
texto de influir em ato praticado por funcionário público no tagem indevida.
exercício da função: As corrupções ativa e passiva não dependem uma da
outra para existir, pois, se o funcionário público recusa a
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. oferta não pratica a corrupção passiva, mas aquele que ofe-
receu pratica a corrupção ativa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se Porém, como já visto, no caso da corrupção passiva
o agente alega ou insinua que a vantagem é também des- mediante receber ou aceitar, sempre haverá a correspon-
tinada ao funcionário. dente corrupção ativa.
Tentativa: dependendo da maneira de realização da
É um delito praticado por particular contra a adminis- conduta, se for de maneira subsistente ou plurissubsisten-
tração pública, onde determinada pessoa, usufruindo de te, podendo ser citado como exemplo a carta interceptada.
sua influência sobre ato praticado por funcionário público
no exercício de sua função, solicita, exige, cobra ou obtém Causa de Aumento de Pena
vantagem ou promessa de vantagem, para si ou para ter- Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
ceiros. em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
A pena para este crime é a reclusão, de 2 a 5 anos, ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever fun-
e multa, devendo a pena ser aumentada da metade nos cional.
casos em que a vantagem vise beneficiar também o fun- O mero exaurimento do crime está previsto como cau-
cionário. sa de aumento de pena.

Corrupção Ativa (...)

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a Impedimento, Perturbação ou Fraude de Concor-
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou rência
retardar ato de ofício:
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. pública ou venda em hasta pública, promovida pela admi-
Também é crime cuja conduta é repugnada pela Con- nistração federal, estadual ou municipal, ou por entidade
venção de Palermo, já que a corrupção de agentes públicos paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou lici-
está intimamente ligada ao crime organizado. tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou ofe-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, inclusive fun- recimento de vantagem:
cionário público, quando não estiver no exercício da fun-
ção. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
Exceção pluralista à teoria monista, uma vez que, no além da pena correspondente à violência.
concurso dos agentes, cada um pratica um crime distinto
(corrupção ativa e corrupção passiva). O pluralismo retira o Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abs-
concurso de pessoa? NÃO, continua havendo o concurso tém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem ofere-
de pessoas, porque o pluralismo é uma teoria dentro do cida.
concurso de pessoas.
Sujeito passivo: é o Estado-Administração e o funcio- O Tipo penal é Impedir, perturbar ou fraudar concor-
nário público, desde que não aceite a promessa ou a van- rência pública ou venda em hasta pública, promovida pela
tagem. Se o funcionário público aceitar a promessa ou a administração federal, estadual ou municipal, ou por enti-
vantagem será autor da CORRUPÇÃO PASSIVA e não vítima dade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente
da corrupção ativa. ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem.
Tipo Objetivo: Oferecer é exibir, expor, mostrar; prome-
ter é afirmar entrega futura. Inutilização de Edital ou de Sinal
A corrupção ativa, diferentemente da passiva, somen-
te pode ocorrer anteriormente à prática do ato, já que a Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
vantagem deve ser entregue como motivo determinante conspurcar edital afixado por ordem de funcionário públi-
da prática do ato ou de seu retardamento ou omissão pelo co; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por deter-
funcionário público. minação legal ou por ordem de funcionário público, para
Não existe natureza específica da vantagem, podendo identificar ou cerrar qualquer objeto:
ser paga de outras formas que não a pecuniária.
Como visto, o crime não se configura quando o fun- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
cionário público solicita a vantagem e o particular apenas
a entrega, já que esse tipo penal pressupõe uma iniciativa Subtração ou inutilização de livro ou documento
do particular. Porém, se o particular estava ciente da irregu- O tipo penal é rasgar ou, de qualquer forma, inutili-
laridade da solicitação, entregando a vantagem com o real zar ou conspurcar edital, afixado por ordem de funcionário
intento de obter o ato de ofício, ele deverá ser considerado público, violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
partícipe do crime de corrupção passiva, na modalidade determinação legal ou por ordem de funcionário público,
receber. para identificar ou cerrar qualquer objeto.

11
DIREITO PENAL

O sujeito ativo é qualquer pessoa e o sujeito passivo é Tipo Subjetivo


o Estado. É o dolo direto, com a vontade conscientemente di-
O elemento subjetivo do tipo, é o dolo, não há forma rigida à provocação de investigação ou processo contra
culposa. alguém. Assim, o ato de comunicar um fato criminoso à
È crime comum. polícia e apontar um suspeito não caracteriza, necessaria-
mente o crime.
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, Ademais, se a pessoa faz a denunciação e apresenta in-
livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de dícios do que diz, não há crime. A má fé deve ser evidente.
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço Se o fato imputado for crime já prescrito, não há de-
público: nunciação caluniosa. Se a pessoa imputa um fato a alguém
que pensa ser inocente e depois se descobre que era cul-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não pado, não há crime, já que a denunciação há de ser subje-
constitui crime mais grave. tiva e objetivamente falsa.
Tem prevalecido o entendimento de que se a imputa-
O tipo penal deste crime é subtrair ou inutilizar, total ção se dá como forma de autodefesa, não há crime.
ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento con-
fiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de Consumação e Tentativa
particular em serviço público. Consuma-se o crime não com a denunciação, e sim
O sujeito ativo é qualquer pessoa e o sujeito passivo é com o início do procedimento, ou seja, com a expedição da
o Estado e secundariamente, a pessoa prejudicada. Portaria, no caso do inquérito policial, não sendo necessá-
Já elemento subjetivo do tipo é o dolo, e não há forma rio o indiciamento do acusado.
culposa. A tentativa é, em tese, possível, quando o indivíduo
narra o fato, imputando o crime, mas por circunstâncias
alheias à sua vontade o inquérito ou o processo não são
ARTIGOS 339 A 347; 350; 357 E 359 - instaurados.
A denunciação admite arrependimento eficaz, quando
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA v.g., o indivíduo noticia o delito, lavra-se o BO, mas, depois,
JUSTIÇA. ele se arrepende e conta a verdade antes que a investiga-
ção tenha início.

Diferença com Tipos Afins


DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (ART. 339) a) Denunciação caluniosa e calúnia: no primeiro, o
agente deve fazer a imputação de um crime ou contra-
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação poli- venção que deve dar causa à instauração de investigação
cial, de processo judicial, instauração de investigação admi- ou processo. Na calúnia, o objetivo do agente é ofender a
nistrativa, inquérito civil ou ação de improbidade adminis- honra. Os dois crimes não ocorrem conjuntamente: ou há
trativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe calúnia ou denunciação, a depender da intenção do agente.
inocente. b) Denunciação caluniosa e comunicação falsa de cri-
Pena - reclusão, de 2(dois) a 8(oito) anos, e multa. me ou contravenção (art.340): neste, o agente não acusa
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se uma pessoa determinada, apenas faz o mero relato da
serve de anonimato ou de nome suposto. ocorrência de crime que não existiu.
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é
de prática de contravenção. Competência
O bem jurídico tutelado pelo tipo penal da denuncia-
Esse crime também é chamado de calúnia qualificada ção caluniosa (CP, art. 339) é a Administração da Justiça.
ou calúnia judiciária, no qual se protege a administração da Desse modo, se a conduta ensejou a deflagração de um
justiça, evitando-se a movimentação dos órgãos de perse- procedimento investigatório em órgão público federal
cução penal de forma enganosa ou por motivos escusos, (MPF ou PF), a competência para processar e julgar o cri-
como a vingança e a honra do indivíduo. me de denunciação caluniosa será da Justiça Federal (CF,
Tipo Objetivo: o agente tem que saber que a imputa- art. 109, IV), ainda que a injusta acusação tenha se voltado
ção é falsa. Ademais, o fato imputado deve ser crime, sen- contra um particular - a honra individual é apenas reflexa-
do que a simples contravenção causará a desclassificação mente protegida pelo tipo penal em foco.
para o § 2º.
A falsidade pode recair sobre a autora, imputando-se Comunicação Falsa de Crime ou de Contravenção
um fato efetivamente ocorrido a quem não foi o seu autor,
ou sobre a existência do fato, que não ocorreu. No crime de comunicação falsa, disposto no Código
A imputação deve recair sobre pessoa certa; é irrele- Penal, o agente se limita a comunicar falsamente a ocor-
vante a motivação do agente para a prática do ilícito. rência de crime ou contravenção, não apontando qualquer
A denunciação pode ser direta, quando o próprio pessoa como responsável por eles ou então apontando
agente comunica o crime à autoridade, ou indireta, quan- pessoa que não existe.
do o agente faz com que a notícia chegue à autoridade por
qualquer meio. Na lição de Paulo José da Costa Jr.(obra citada, pág.
Ademais, para que se consume, não basta a denuncia- 546) “indispensável que se trate de delação de crimes ine-
ção caluniosa: é imprescindível que do ato reste instaurada xistentes ou imaginários”. Indispensável que não seja apon-
investigação policial, processo judicial, investigação admi- tado o nome de ninguém, pois, caso contrário, ter-se-á o
nistrativa, inquérito civil ou ação de improbidade adminis- crime de denunciação caluniosa. Mas poderá se apresentar
trativa. o crime caso a delação for de crime imaginário, apontan-

12
DIREITO PENAL

do como autor pessoa igualmente inexistente e, portan- por escrito. Intérprete é aquele que serve de veículo de co-
to, indeterminável. Por sua vez, o crime não deixará de ser municação entre pessoas que não falam a mesma língua.
imaginável quando for absolutamente diverso de como é Contador é o técnico especializado em cálculos.
denunciado. É irrelevante a finalidade que provoca a falsa
comunicação. Para Nelson Hungria, não deixa de ser este Tipo Objetivo
o crime, porém, quando a pessoa indicada é imaginária ou Há três modalidades de conduta: afirmar o falso, negar
indeterminável. ou calar a verdade em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial ou juízo arbitral. Afirmar o falso consiste
Dispõe o Código Penal: em narrar fato em desacordo com a verdade. Negá-la é
não reconhecer a existência do verdadeiro ou se recusar a
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican- admiti-lo. Calar a verdade significa não responder às per-
do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe guntas. É a chamada reticência. Destaque-se que falsidade
não se ter verificado: praticada quanto à qualificação das testemunhas não con-
figura o tipo.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. No concernente ao que se deva compreender como
falso, há duas teorias: a objetiva e a subjetiva. De acordo
Autoacusação Falsa com a primeira, falsa será a declaração incompatível com
o que realmente sucedeu. Para a segunda, nascerá a falsi-
É um crime praticado contra a Administração da Jus- dade quando a declaração for discrepante do sabido pelo
tiça. agente. A falsidade residirá, portanto, não na dissensão
O crime de autoacusação falsa consiste em acusar-se, entre a afirmação e a realidade objetiva, mas entre o de-
perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por poimento e a representação do real feita pela testemunha.
outrem. Predomina a corrente subjetiva. É a melhor posição. A
realidade é sempre apreendida de acordo com os aspectos
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime pessoas do sujeito que a apreende. Não existe, portanto,
inexistente ou praticado por outrem: percepção da realidade objetiva, vez que sempre que per-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. cebida deixa de sê-lo, tornando-se subjetiva. No dizer de
Nucci, “a verdade é apenas uma representação ideológica
Falso testemunho ou falsa perícia
que se desenha na menta de alguém que passa a acreditar
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a ver- na existência de algo”
dade como testemunha, perito, contador, tradutor ou in- Se a testemunha proferir falsa opinião, crime não have-
térprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito rá. Deve depor sobre fatos e não sobre sua posição pessoal
policial, ou em juízo arbitral: acerca de algo. Evidente que o mesmo não pode se aplicar
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. o perito, pois ele tem a obrigação de opinar.
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, Testemunha não tem direito de mentir ou calar, salvo se
se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido o fizer para esquivar-se de provável imputação. Prevalece
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em seu direito ao silêncio e o de não ser obrigada a produzir
processo penal, ou em processo civil em que for parte enti- prova contra si.
dade da administração pública direta ou indireta. O crime é formal, consumando-se na entrega do laudo
§ 2º O fato deixa de ser punível se, ANTES DA SEN- ou da tradução para o perito ou tradutor, ao fim do depoi-
TENÇA no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se mento para a testemunha e quando se faz a interpretação
retrata ou declara a verdade. falsa para o intérprete.
Logo, o crime é de competência do juízo deprecado,
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual- independentemente de manifestação do deprecante. Po-
quer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tra- rém, há quem defenda a necessidade do juízo deprecante
dutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou declarar que o testemunho foi falso, pois, se o deprecado
calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução assim o fizesse, estaria adiantando julgamento e, logo, sen-
ou interpretação: do suspeito.
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Há divergência quanto à possibilidade de tentativa. A
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto maioria não admite, argumentado ser o ato unissubsisten-
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter pro- te. Em sentido contrário, Luis Régis Prado, Fragoso e Hun-
va destinada a produzir efeito em processo penal ou em gria, que defendem plurissubsistência.
processo civil em que for parte entidade da administração Se o agente em fase diversas do processo depõe falsa-
pública direta ou indireta. mente mais de uma vez , haverá um só delito.

O sujeito ativo é a testemunha, perito, contador, tradu- Compromisso


tor ou intérprete. O delito há de ser diretamente cometido Quanto à testemunha, é essencial que tenha prestado
por eles, razão pela qual é classificado como crime de mão compromisso para que haja crime? Há grande divergência
própria. doutrinária e jurisprudencial, inexistindo posição dominan-
Testemunha é o chamado a depor no processo perante te. Fragoso, Guilherme Nucci e Espínola Filho, entre outros,
autoridade a fim de declarar o que viu ou ouviu acerca do afirmam ser indispensável o compromisso. Defendendo o
tema em investigação. Perito é o especialista em certo as- contrário encontram-se Hungria, Luiz Régis Prado, Maga-
sunto que se pronunciará sobre questões técnicas. Tradutor lhães Noronha, Tornagui e Tourinho.
é quem traslada algo de um idioma para outro, fazendo-o

13
DIREITO PENAL

A última corrente foi consagrada pelo STF e é a que pelo. 342 for instaurado quando ainda em curso o proces-
predomina. O argumento utilizado é que todos têm o de- so em que foi praticado o crime, a decisão daquele deve
ver de dizer a verdade em juízo e a formalidade do com- aguardar a desse. Se ambos forem penais, correrão juntos
promisso não mais integra o tipo. em virtude da conexão.
Os que fazem do compromisso exigência indeclinável A retratação constitui causa extintiva de punibilidade
afirmam que o compromisso é ato solene que concretiza o (art. 107, VI). Para a maioria da doutrina, é circunstância de
dever da testemunha de dizer a verdade , sob pena de ser caráter pessoal sendo portanto, incomunicável (Luiz Régis
processado por falso testemunho. Prado, Fragoso e Hungria, vg.). Nesse sentido já decidiu o
À luz da tipicidade de Zaffaroni, temos que a razão está STF. Corrente contrária (Nucci) aduz que a retratação exclui
com os que defendem ser imprescindível o compromisso. a tipicidade, pois a lei afirma que “o fato deixa de ser puní-
Em regrra, as pessoas eximidas da obrigação de depor vel”. Por essa razão, seus efeitos seriam comunicáveis, pois
(art. 205 do CPP) guardam grande vinculação afetiva ou não há juridicidade em punir alguém por fato atípico.
de parentesco com o acusado. Parece-nos evidente que o
ordenamento busca preservar tais vínculos. Aliás, o orde- Competência
namento os fomenta. Basta atentar para as vantagens con- Cabe à Justiça Estadual se competente para o processo
cedidas aos casados e à família, como a possibilidade de se em que o falso foi produzido. O mesmo se diga quanto à
instituir o bem de família, o direito à sucessão, o direito a Justiça Federal. Essa também julgará os crimes ocorridos
alimentos, etc. Ora, se o ordenamento estimula o vínculo, em processo eleitoral. Destaque-se que havendo precató-
não pode ser incoerente a ponto de tipificar o ato de quem ria, o foro competente para o julgamento é da consumação
busca preservá-lo, como o faz o pai que mente para prote- do delito, ou seja, o do juízo deprecado. Os crimes come-
ger o filho. Diante desse quadro, só haverá crime quando tidos na Justiça do Trabalho serão julgados pela Justiça Fe-
houver compromisso, ou seja, quando não depuserem pes- deral.
soas com forte vinculação afetiva ou de parentesco com o Súmula 165, STJ: “Compete à Justiça Federal processar
acusado. e julgar crime de falso testemunho cometido no processo
trabalhista”.
Concurso de Agentes Também cabe à Justiça Federal julgar o crime de falso
Para Baltazar, é possível a participação, não obstante testemunho cometido perante o juízo estadual quando no
não ser possível a coautoria em crime de mão própria.
A participação seria moral da parte ou do advogado exercício de competência delegada.
que induzem ou instigam a testemunha a mentir. Essa é
aposição majoritária no STF. Coação no Curso do Processo

Relevância do Depoimento O crime em estudo é um tipo especial de constrangi-


Embora se exija que o falso seja juridicamente relevan- mento ilegal em que não se exige, para a sua concretiza-
te, no sentido de cuidar-se de falsidade sobre informação ção, que o coacto (coagido) se submeta ao sujeito ativo.
que tenha potencialidade lesiva, é desnecessário que tenha, A conduta típica é constituída pelo emprego de violência
efetivamente, influído sobre o resultado do julgamento. ou grave ameaça contra a autoridade, parte ou qualquer
outra pessoa que intervém no processo: delegado de polí-
Causas Especiais de Aumento de Pena cia, promotor de justiça, juiz, autor, réu, testemunha, perito,
A Lei nº 10.268/01 alterou a redação dos parágrafo se- jurado, interprete, oficial de justiça, etc.
gundo e terceiro, transformando antigas qualificadoras em Sem prejuízo das penas correspondentes à violência.
causas especiais de aumento de pena. A sanção será majo- Tipo Subjetivo: Além da vontade de pratica a violência
rada de 1/6 a 1/3 se o crime é praticado com suborno ou se ou grave ameaça, exige-se o dolo consistente na finalidade
cometido com fim de se obter prova destinada a produzir de favorecer interesse próprio ou alheio. Exemplos: intimi-
efeito em processo penal, ou em processo civil em que for dação de testemunha, ameaças ao juiz e ao advogado da
parte entidade da administração pública direta ou indireta. parte contrária, coação destinada a evitar o oferecimento
Haverá suborno quando a ação é praticada mediante da denúncia, etc.
contraprestação correspondente à vantagem patrimonial. Crime formal, consumando-se independentemente de
Quem suborna responderá não como partícipe do artigo lograr o a gente, o fim pretendido.
342, mas como autor do delito do art. 343, o que configura A reiteração de ameaças para se conseguir o mesmo
exceção plural ao princípio monista. Se o perito for oficial, objetivo, não implica continuidade da infração ou concurso
praticará ainda o crime de corrupção passiva (art. 317). de crimes, mas sim crime único.
A expressão processo penal não abarca o inquérito po-
licial. Esse é mero procedimento administrativo, a poten- De acordo com a violência poderá o a gente incorrer
cialidade do falso nele ocorrido é muito inferior a do que no crime de coação e o correspondente à lesão propor-
se dá no processo. Havendo inquérito, o crime será o do cionada.
“caput”. A pena é de 1 a 4 e multa.
Basta a presença das entidades da Administração Pú-
blica para que incida o aumento. Pouco importa se o falso Dita o Código Penal
deu-se a favor o contra elas.
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o
Retratação fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra auto-
Trata-se de medida de política criminal que visa à bus- ridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é
ca da verdade. A retratação há de ser voluntária, completa, chamada a intervir em processo judicial, policial ou admi-
incondicional e realizada ou confirmada perante a autori- nistrativo, ou em juízo arbitral:
dade. Essencial que preceda à sentença do feito em que o Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
delito em pauta foi cometido. Vale dizer que se o processo pena correspondente à violência.

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DIREITO PENAL

Exercício Arbitrário das Próprias Razões I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
estabelecimento destinado a execução de pena privativa
A conduta típica, se apresenta pela expressão “fazer de liberdade ou de medida de segurança;
justiça pelas próprias mãos” que equivale à exercer arbi- II - prolonga a execução de pena ou de medida de se-
trariamente a sua pretensão sem buscar a via judicial ade- gurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de
quada, o a gente ao invés de buscar a tutela jurisdicional executar imediatamente a ordem de liberdade;
resolve empregar a autotutela, fazendo por conta própria, III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custó-
aquilo que entende por justiça.
Não existirá o crime se a lei permitir a satisfação da dia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
pretensão pelas próprias mãos do agente, como por exem- IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
plo na hipótese prevista no artigo 1210 do CC. Trata-se de
crime formal, sendo que a ação penal, em regra é privada, O Estado é pretor do direito, pois não é dado a nin-
podendo ser pública apenas se houver emprego de violên- guém o direito de tomar a justiça com os próprios punhos.
cia contra pessoa. Como tal resiste uma pretensão imperativa sobre os de-
mais elementos da sociedade, o que o faz, sobretudo por-
Dispõe o Código Penal: que uma parte da população renega de seus direitos para
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa- que este aja em nome próprio.
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o Sujeito Passivo imediato é o Estado, titular da Adminis-
permite: tração Pública, que por reflexo acaba sendo responsabili-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
além da pena correspondente à violência. zado pelos desmandos de seus servidores. Já o sujeito Pas-
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- sivo mediato é todo cidadão, titular de direitos e garantia
mente se procede mediante queixa. constitucional lesada ou molestada, pelo Estado (Servidor/
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró- Administrado).
pria, que se acha em poder de terceiro por determinação
judicial ou convenção: (...)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Exploração de prestígio
É uma forma de exercício arbitrário das próprias razões,
realizada nas condutas de “Tirar, suprimir, destruir ou dani- Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou-
ficar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por
determinação judicial ou convenção. tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do
O sujeito ativo é o proprietário da coisa que se tirou, Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
suprimiu, destruiu ou danificou, quando se achava em po- intérprete ou testemunha:
der de outrem. Já o sujeito passivo é o Estado e a pessoa Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
que se achava na posse do objeto material do tipo. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
O crime é doloso, próprio, material, de forma livre, co- se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
missivo, unissubjetivo, plurissubsistente, instantâneo de também se destina a qualquer das pessoas referidas neste
conteúdo variável ou misto alternativo. artigo.
Fraude processual O tipo penal do crime é solicitar ou receber dinheiro
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de pro- ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz,
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça,
de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: perito, tradutor, intérprete ou testemunha.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. O sujeito ativo é qualquer pessoa e o sujeito passivo é
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir o Estado.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas O elemento subjetivo do tipo é o dolo, e não há forma
aplicam-se em dobro. culposa neste crime.
É crime comum, material, comissivo ou omissivo im-
O crime de fraude processual é um crime previsto no próprio, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plu-
artigo 347 do Código Penal do Brasil.
Tipo penal modificar o local do crime, os objetos rela- rissubsistente, forma em que admite a tentativa.
cionados ao crime ou mesmo o estado das pessoas envol-
vidas, com a finalidade de induzir o magistrado ou o perito (...)
ao erro. Desobediência a Decisão Judicial sobre Perda ou
Crime é doloso. Suspensão de Direito

Exercício Arbitrário Ou Abuso De Poder Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autorida-
de ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de judicial:
liberdade individual, sem as formalidades legais ou com Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
abuso de poder: O tipo penal do crime de desobediência a decisão ju-
Pena - detenção, de um mês a um ano. dicial sobre perda ou suspensão de direito é solicitar ou
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcioná- receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de
rio que: influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcio-
nário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha.

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DIREITO PENAL

O sujeito ativo é somente a pessoa suspensa ou pri- 05. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário – 2014 -
vada de direito por decisão judicial, e o sujeito passivo é o FCC) No que concerne aos crimes contra o patrimônio,
Estado. (A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo
O elemento subjetivo do tipo é o dolo e não há forma da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de ex-
culposa neste crime. torsão.
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência em-
QUESTÕES pregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves,
a pena aumenta-se de um terço.
01. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – 2014 - UESPI) (C) se configura o crime de receptação mesmo se a coi-
Constitui abuso de autoridade, exceto: sa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de
(A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberda- crime não classificado como de natureza patrimonial.
de de locomoção. (D) não comete infração penal quem se apropria de
(B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberdade coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou
de consciência e de crença. força da natureza.
(C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de reu- (E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade
nião. alheia não configura, em tese, o crime de furto por não se
(D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular tratar de bem móvel.
de natureza grave.
(E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados RESPOSTAS
ao exercício do voto e ao direito de reunião.
01. D.
02. (DETRAN/DF - Agente de Trânsito – 2012 - FU- O preso não tem o direito de fugir, muito pelo contrá-
NIVERSA) Constitui abuso de autoridade, rio, conforme estabelecido no Art. 50 da lei em análise:
(A) Ordenar ou executar medida privativa da liberdade Art. 50. = Comete falta grave o condenado à pena priva-
individual. tiva de liberdade que: II – fugir.
(B) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve-
xame ou a constrangimento, mesmo que autorizado em lei, 02. E.
pois essa atitude é incompatível com o Estado de Direito. A questão pediu apenas a letra da lei, ou seja, a le-
(C) Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- tra “G” do art. 4º da lei 4898/65, que é uma letra morta,
ponha a prestar fiança, ainda que não prevista em lei. uma vez que há a inaplicabilidade desse tipo penal por não
(D) Lesar a honra ou o patrimônio de pessoa natural ou existir no sistema carcerário brasileiro quaisquer custas ou
jurídica, mesmo quando esse ato for praticado sem abuso emolumentos ou outras despesas semelhantes, tornando
ou desvio de poder. esse tipo penal inaplicável. Dessa forma, se o agente prati-
(E) Recusar o carcereiro ou o agente de autoridade po- car essa conduta ela será ATÍPICA em relação ao delito de
licial recibo de importância adquirida a título de carcera- abuso de autoridade.
gem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa.
03. E.
03. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – 2014 O Artigo 3º da Lei do Abuso de Autoridade assim pre-
- FCC) No que concerne aos crimes de abuso de autorida- ceitua:
de, é correto afirmar que: Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten-
(A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar tado:
por crime de abuso de autoridade praticado em serviço, (A) à liberdade de locomoção;
segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de (B) à inviolabilidade do domicílio;
Justiça. (C) ao sigilo da correspondência;
(B) É cominada pena privativa de liberdade na modali- (D) à liberdade de consciência e de crença;
dade de reclusão. (E) ao livre exercício do culto religioso;
(C) Se considera autoridade apenas quem exerce car- f) à liberdade de associação;
go, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
não transitório e remunerado. cício do voto;
(D) Não é cominada pena de multa. h) ao direito de reunião;
(E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado i) à incolumidade física do indivíduo;
aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
profissional. cício profissional.

04. (Prefeitura de Taubaté/SP – Escriturário – 2015 04. C.


-PUBLICONSULT) Se um servidor, ao final do expedien- (Peculato) Art. 312 do CP - Apropriar-se o funcionário
te, leva para casa clips, canetas, borrachas, folhas de papel, público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
por exemplo, ainda que em pequena quantidade, fere o público ou particular, de que tem a posse em razão do car-
patrimônio público, cometendo um ato ilícito, que é um go, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio
crime previsto no Código Penal brasileiro, caracterizado
pela apropriação, por parte do servidor público, de valores 05. C.
ou qualquer outro bem móvel ou de consumo em proveito Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
próprio ou de outrem. Trata-se do(a): ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
(A) Concussão produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
(B) Improbidade administrativa adquira, receba ou oculte:
(C) Peculato Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(D) Prevaricação

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Código de Processo Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 251 a 258;............................ 01
261 a 267;.................................................................................................................................................................................................................... 01
274;................................................................................................................................................................................................................................. 01
351 a 372;.................................................................................................................................................................................................................... 06
394 a 497;.................................................................................................................................................................................................................... 08
531 a 538;.................................................................................................................................................................................................................... 21
541 a 548;.................................................................................................................................................................................................................... 24
574 a 667..................................................................................................................................................................................................................... 26
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89)................................................................................................................................. 34
DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROF. GREICE ALINE DA COSTA SARQUIS PINTO. Prevê, ainda, o artigo 252, inciso IV que também haverá
impedimento quando o juiz, seu cônjuge, ou parente, con-
Bacharel em Direito - Faculdade de Direito da Alta Pau- sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro
lista - FADAP/FAP. Advogada inscrita na OAB/ SP sob nº grau, inclusive, for parte (caso de ação penal privada) ou di-
298.596. Membro da Comissão do Jovem Advogado na 34ª retamente interessado no feito, em caso de recomposição
Subseção de Tupã/SP. civil do dano, por exemplo.
Em seguida, prevê o CPP que, nos juízos coletivos, não
pode, prestar serviços no mesmo processo, os juízes que
ARTIGOS 251 A 258; 261 A 267; 274; DO foram parentes entre si, para que se evite influência no jul-
JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO gamento.
ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E
AUXILIARES DA JUSTIÇA Nos procedimento do Tribunal do Júri, são impedidos
de servir no mesmo conselho de sentença, marido e mu-
lher, ascendentes, descendentes, sogro e genro ou noras,
irmãos, cunhados, tio e sobrinho, padrasto, madrasta ou
enteado, conforme prescreve o art. 448, CPP. Consigne-se
Sujeitos do processo: que o mesmo ocorre com aqueles que mantêm união es-
tável.
Do juiz
Já em relação à suspeição, pode-se defini-la como os
Com vistas à superação de um sistema inquisitivo, que fatos e/ou circunstancias objetivas que influenciem no âni-
concentra em uma única figura as funções de acusar, de- mo do julgador. Podendo ser objetivos, quando se referem
fender e julgar, e com o advento do sistema acusatório, ao objeto, ou subjetivos, em relação aos sujeitos envolvi-
passa a ter maior relevância a imparcialidade do juiz. dos.
Imparcialidade esta que possui íntima relação com o
O artigo 254, CPP, estabelece como causas de suspei-
princípio do juiz natural, com a respectiva vedação ao juiz
ção: amizade íntima ou inimizade capital com qualquer das
ou tribunal de exceção, visando evitar a alteração de deter-
partes (inciso I); o fato de estar o juiz, cônjuge, ascendente
minada, concreta e específica decisão.
ou descendente respondendo a processo por fato análogo,
cujo caráter criminoso haja controvérsia (inciso II); se o juiz,
Daí falar-se em casos de impedimento, incompatibili-
dades e suspensão do juiz. As hipóteses de impedimento ou o cônjuge, ou parente, sustentar demanda ou respon-
estão relacionadas a fatos e circunstâncias de fato e de di- der a processo que tenha de ser julgado por qualquer das
reito, e com condições pessoais do próprio julgador. partes (inciso III); se tiver aconselhado qualquer das partes
(inciso IV); se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
O artigo 252, incisos I e II do Código de Processo Penal, qualquer das partes (inciso V); e se for sócio, acionista ou
prevê a hipótese na qual determinados parentes do juiz, administrador de sociedade interessada no processo (inci-
seu cônjuge, ou ele próprio tenham exercido funções rele- so VI).
vantes no processo, que, inclusive, influenciaram na forma-
ção do convencimento judicial. Leciona Pacelli que o juiz não pode ser administrador
de sociedade, a não ser associação de classe, em virtude
O inciso III do referido artigo, ao dispor sobre duplo da vedação ínsita no art. 36, II, Lei Complementar nº 35/79.
grau de jurisdição, pronuncia-se sobre a hipótese do juiz
também ter exercido a função de juiz em outra instância. No que se refere ao parentesco por afinidade, há de se
registrar que esta cessa com a dissolução do casamento,
Impende consignar que o referido impedimento deve exceto na hipótese de sobrevierem descendentes. Entre-
ser suscitado, a fim de que a referida questão seja aprecia- tanto, conforme artigo 255, CPP, o juiz não poderá atuar
da, sem prejuízo da validade do primeiro julgamento. em processo quando for parte sogro, genro, cunhado ou
enteado, ainda que tenha havido dissolução do casamento
Quanto a este aspecto Eugênio Pacelli de Oliveira[10] sem descendentes.
esclarece que:
Em relação à figura da suspeição provocada – injuria,
“O simples recebimento da denúncia ou queixa, por ou qualquer outro ato praticado com o fim de afastar o juiz,
exemplo, embora portador de certo conteúdo decisório, não haverá configurada a suspeição, segundo inteligência
não será causa de impedimento, uma vez que as questões do art. 256, CPP.
mais relevantes do processo, sejam elas de fato, sejam elas
de direito, não são frequentemente resolvidas naquele mo- Diferente das hipóteses de suspeição e impedimento,
mento. Obviamente, ocorrerá impedimento se a decisão as hipóteses de incompatibilidade reclamam o exame de-
anterior for em sentido contrário, isto é, de rejeição da de- tido de cada situação concreta, quando não afirmada de
nuncia ou queixa, hipótese em que o conteúdo decisório é ofício pelo magistrado. Ora, inexiste casuística legal das in-
manifesto e evidente.” compatibilidades (artigo 112, CPP).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Diante disto, pode-se dizer que nesta espécie, reúnem- o art. 132, do Código de Ritos pode ser aplicado subsidia-
se as recusas do juiz sob o fundamento de razões de foro riamente, já que não há qualquer vedação quanto a isto,
íntimo. Embora não haja previsão legal, não pairam dúvidas bem como conferir celeridade processual.
de que a imparcialidade do juiz restaria comprometida.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Poderes Gerais e Iniciativa Probatória
O Ministério Público surgiu como consequência da
Por certo, o juiz deve zelar pela perfeita regularidade ampliação da intervenção estatal a partir da necessidade
do processo, podendo, inclusive, utilizar-se de força poli- de se impedir a vingança privada, com a jurisdicionalização
cial. das soluções dos conflitos da sociedade.
Sua origem, com as características que hodiernamente
No que concerne à gestão da prova, Pacelli defende pode-se vislumbrar, remonta ao século XVIII, na França, no
que em um sistema processual pautado no livre convenci- apogeu do Iluminismo, cerne do modelo processual acu-
mento motivado seria difícil estabelecer parâmetros para satório.
atuação judicial. Entretanto, tratando-se do sistema de par- O Ministério Publico surgiu com a superação do mo-
tes, a atividade de controle da prova é exercida, unicamen- delo acusatório privado, nasce com a tomada pelo Estado
te, sob o prisma da legalidade de sua produção, introdução do monopólio da Justiça Penal, onde cabe ao Poder Públi-
e valoração. co não somente dizer o direito, como também formular a
acusação.
Entretanto, deve-se ponderar que o problema não diz Assim, o Ministério Público se mostra como o órgão
respeito à gestão da prova, mas à possibilidade do magis- estatal responsável pela promoção da persecução penal,
trado determinar, de ofício, prova na fase da investigação. não cabendo ao juiz qualquer função pré-processual ou in-
Tal inconstitucionalidade é proveniente da alteração intro- vestigativa, para que sua imparcialidade reste preservada.
duzida pela Lei 11.690/08 no artigo 156 do CPP. Esse modelo essencialmente acusatório foi adotado no
Brasil com o advento da Constituição de 1988.
Frise-se que esta atividade probatória deve existir ape- Para que o Ministério Público possa desenvolver as
nas na hipótese de dúvida razoável sobre ponto relevan- suas tarefas a Constituição Federal, instituiu alguns prin-
te do processo. Não se deve aceitar, todavia, a adoção de cípios/prerrogativas aos seus membros, quais sejam, inde-
posição supletiva ou subsidiária da atuação do órgão de pendência funcional, unidade e indivisibilidade, que pos-
acusação, em vista da violação ao sistema acusatório e ao suem os seguintes desdobramentos no interior da relação
princípio da igualdade de armas. processual penal:

Pelas razões supramencionadas, Pacelli não considera Imparcialidade


que houve uma descaracterização do modelo acusatório,
pelo fato do juiz possuir a iniciativa probatória. Aduz, no O Ministério Público não deve ser considerado um
entanto, que atividade inquisitorial existia no art. 3º da Lei órgão de acusação, mas sim um órgão legitimado para a
9.034/95 que permitia a participação do juiz na coleta e acusação nas ações penais públicas, pois, não é por ser o
formação do material probatório na fase de investigação. titular desta e por estar ligado ao princípio da obrigato-
Registre-se que esta disposição foi censurada pela Supre- riedade de oferecimento da denúncia que o parquet deve,
ma Corte no julgamento da ADIn 1570, quando houve por fundamentalmente, fazê-lo.
reconhecida sua inconstitucionalidade.
Enquanto órgão estatal, o Ministério Público não deve
Juiz Natural primar pela acusação, mas sim pelo respeito à ordem jurí-
dica, o que faz presumir pela sua imparcialidade na jurisdi-
Compreende o órgão da jurisdição cuja competência ção penal, devendo ele, tão-somente, perquirir pelo efetivo
está ínsita na própria Constituição (art. 5º, LIII) e tenha sido respeito ao Direito.
fixada antes da prática de infração penal. O princípio do
Juiz Natural, indubitavelmente, tem correlação com o juiz Impende consignar, consoante assevera Pacelli, que a
imparcial e independente, restando, em parte, explicado as obrigatoriedade de oferecimento da denúncia a qual está
prerrogativas dispensadas no artigo 95. vinculado o parquet está condicionada ao seu convenci-
mento acerca dos fatos investigados, tanto isso é verda-
Princípio da Identidade Física do Juiz de que o Ministério Público pode requerer arquivamento
de inquérito quando se depara com provas insubsistentes,
A lei 11.719/2008 inovou no processo penal brasilei- pode recorrer em favor do acusado, etc.. Ele possui inteira
ro, inserindo o princípio da identidade física do juiz (artigo liberdade na apreciação dos fatos e do direito, ou seja, cabe
399, § 2º, CPP), restando consagrado que o juiz que presi- ao Ministério Público tanto primar pela condenação do cul-
diu a instrução deverá proferir a sentença. Registre-se que pado quanto pela absolvição do inocente.

2
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Suspeição, Impedimento e Incompatibilidade Já a inamovibilidade dos órgãos do Ministério Público,


é uma garantia constitucional que assegura aos membros
O artigo 258 do Código de Processo Penal traz as pos- do parquet que, o afastamento destes tão-somente poderá
sibilidades em que o membro do Ministério Público deve se efetuar “por interesse público, mediante decisão do ór-
ser afastado do processo pela falta de imparcialidade. São gão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto
as mesmas aplicáveis ao juiz (art. 254 do CPP), quais sejam, da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla
os casos de suspeição, de impedimento e de incompatibili- defesa”[18].
dade. Senão vejamos, in verbis: Fundada no princípio da indivisibilidade funcional, na
prerrogativa de inamovibilidade dos promotores e na ins-
“Art. 258 do CPP. Os órgãos do Ministério Público não piração do princípio do juiz natural se desenvolveu a dou-
funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das trina no promotor natural.
partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, O princípio do promotor natural veda a instituição de
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a órgão (promotor) de exceção, ou seja, “cuja designação
eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições não tenha se originado a partir de critérios rigidamente
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. impessoais”[19]. As regras para a distribuição do promotor
para determinado caso devem ser fixadas previamente, so-
O procedimento de impugnação das causas de impar- mente sendo possível a designação de um outro promotor
cialidade do órgão do Ministério Público é aquele previsto por critérios estabelecidos em lei.
no artigo 104 do Código de Processo Penal, o qual deter- A prerrogativa do promotor natural, entendida tam-
mina que “o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, bém como vedação a promotor de exceção, possui como
podendo antes admitir a produção de provas no prazo de escopo evitar que “a instituição não se reduza ao comando
três dias”. a as determinações de um único órgão de hierarquia ad-
ministrativa, impondo-se, por isso mesmo, como garantia
Quando a arguição ocorre durante o processo criminal, individual”[20].
o incidente será resolvido antes do julgamento da causa. O princípio em comento está ligado, diretamente, aos
limites da independência funcional, porque com a autono-
Após o trânsito em julgado de sentença absolutória, mia dos membros do parquet, com sua livre manifestação,
impede-se que ocorram afastamentos de membros com o
não poderá haver revisão desta por conta da vedação da
escopo de fazer prevalecer sentimento, convicções e/ou in-
revisão pro societate, ou seja, no interesse da acusação,
clinações pessoais dos chefes da instituição.
logo, impossível a suscitação de impedimento suspeição
O princípio do promotor natural, visto sob a ótica da
ou incompatibilidade neste caso.
inamovibilidade, implica na vedação de substituição do
A violação da imparcialidade de membro do Ministério
membro do parquet arbitrariamente, sem o atendimento
Público possuiu tratamento diferenciado daquele dado a
dos critérios legais, como por exemplo, férias, licenças, sus-
dos magistrados, haja vista que, a deste último é tratada
peição, etc.
com mais rigor, pois, ao final, é dele a responsabilidade de
Ocorre que, embora o princípio do promotor natural
julgar o processo. seja de suma importância para o desenrolar de um pro-
Depois de transitada em julgado a sentença condena- cesso penal onde se garanta ao réu a fixação do órgão de
tória, é vedada a anulação da mesma com fulcro na parcia- acusação previamente, sob critérios impessoais, tal princí-
lidade do Ministério Público. pio vem sendo negado pelo Supremo Tribunal Federal que
entende ser este incompatível com a indivisibilidade do Mi-
O PROMOTOR NATURAL nistério Público.[21] Entretanto, consoante visto anterior-
mente, o princípio do promotor natural não se contradiz
Para que se entenda o princípio do promotor natural, com o princípio da indivisibilidade do Ministério Público.
necessário correlacioná-lo com os princípios institucionais A indivisibilidade está assentada, repise-se, na prerro-
da unidade, da indivisibilidade e da independência funcio- gativa de permitir que qualquer membro do parquet oficie
nal do parquet, acrescentando-se ainda a prerrogativa de nos autos de qualquer processo sem a necessidade de de-
inamovibilidade de seus membros. signações específicas.
Por unidade entende-se que não pode haver o fracio- Tal prerrogativa nada tem a ver com o princípio do pro-
namento do Ministério Público enquanto instituição públi- motor natural, que deve ser interpretado no sentido de que
ca, sem prejuízo da distribuição operacional de suas atri- o promotor somente pode oficiar nos processos distribuí-
buições, tendo sido estas distribuídas constitucionalmente: dos para ele sob critérios previamente fixados. Nada obs-
Ministério Público da União (Federal, do Distrito Federal e tante, possa haver a substituição do membro do parquet
Militar), Ministério Público dos Estados. nos casos previstos em lei, tal qual se dá entre os magis-
A indivisibilidade, por seu turno, é caracterizada pela trados.
permissão de que qualquer membro do respectivo parquet Ademais, ainda sob a ótica do princípio do promotor
pode participar de processo já em curso, ou seja, o Minis- natural, impende consignar que se denúncia for oferecida
tério Público é indivisível e pode atuar através de qualquer por promotor ilegítimo para o caso, antes do trânsito em
de seus representantes. julgado da sentença, pode dar ensejo a nulidade relativa

3
DIREITO PROCESSUAL PENAL

desta através de apelação ou de habeas corpus. Caso a DEFENSOR


sentença já tenha passado em julgado e tenha sido absolu-
tória, não poderá ser reexaminada em razão da vedação da O ordenamento jurídico preleciona no art. 261 do Có-
revisão pro societate. Todas essas questões são pacíficas na digo de Processo Penal que “nenhum acusado, ainda que
doutrina e na jurisprudência. ausente ou foragido, será processado ou julgado sem de-
No entanto, em caso de sentença condenatória passa- fensor”, sendo evidenciada, pois, a exigência de que todo
da em julgado, há controvérsia quanto à possibilidade de ato processual se realiza na presença de um defensor devi-
nulidade desta com fulcro na ilegitimidade do promotor, damente habilitado no quadro da Ordem dos Advogados
ou seja, na violação do princípio do promotor natural. do Brasil, corroborando em defesa técnica, de acordo pará-
grafo único do artigo em epígrafe.
DO ACUSADO Entretanto, na prática, depende do próprio réu a pro-
dução de algumas provas, já que ele é o único que detém
Basicamente, é preciso verificar se a figura do acusado
das informações necessárias à preparação da defesa.
é capaz de integrar a relação processual penal (a legitima-
Cumpre salientar que a manifestação fundamentada
tio ad processum) ou tem capacidade de estar em juízo
somente pode ser aplicada nas fases procedimentais em
(legitimatio ad causam).
que haja debate sobre questões de fato e de direito. Mas,
A Constituição da República de 1988 consagra em seu tratando-se de fase que antecede à instrução, na qual a
art. 5º, incisos LIII, LIV e LV como direito do acusado o de- defesa terá a oportunidade de se manifestar de forma con-
vido processo, consagrando o Princípio da Legalidade, que clusiva, não se poderá impor sanção de nulidade absoluta
ninguém deve ser processado e julgado senão pela autori- do processo por ausência de manifestação fundamentada
dade competente, prevalecendo o Princípio do Juiz Natural do defensor dativo ou público.
e, ainda, consagra o Princípio do Contraditório e da Ampla Em fases procedimentais como as alegações finais, a
Defesa, dando direito ao acusado de se defender, já que o ausência de fundamentação será causa de nulidade abso-
nosso ordenamento coloca a vida como valor supremo e luta do processo, por violar o princípio da ampla defesa e o
trazendo em seu bojo o Princípio da Humanidade. aludido artigo 185 do CPP, que traz a possibilidade de par-
ticipação e intervenção do defensor no interrogatório, que
Calha registrar que o menor de 18 anos, além de pe- até então não era permitido, e a ausência de nomeação de
nalmente inimputável, não detém de legitimidade ad pro- defensor para o citado ato constitui nulidade absoluta.
cessum ou capacidade. A defesa se dará por defensor constituído, ou seja,
aquele escolhido livremente pelo acusado, pelo defensor
Ressalte-se também que a exigência legal de represen- dativo, nomeado pelo Estado, para quem não pode ou não
tação do maior de 18 anos e menor de 21 anos, de que quiser constituir advogado pelo defensor ad hoc, designa-
trata o Código de Processo Penal, não foi modificada pelo do especificamente para o caso. Se o acusado não dispu-
Código Civil, entretanto a Lei 10.792/03 parece ter alterado ser de suficientes condições financeiras, o juiz arbitrará os
a legislação processual e revogou expressamente o art. 194 honorários do defensor dativo, pelo que preleciona o art.
do Código de Processo Penal, no qual fazia exigência de 263, parágrafo único do CPP, e quando pobre será custea-
curador. do pelo Estado, através das Defensorias Públicas.
Nesse contexto, se o juiz entender insuficiente, defi-
No que concerne ao absolutamente incapaz, cuja in- ciente ou inexistente a defesa realizada pelo defensor da-
capacidade resulte de inimputabilidade proveniente de tivo, deverá nomear outro, podendo a todo tempo o acu-
doença ou retardamento mental, e que caiba medida de
sado nomear advogado de sua confiança, conforme arts.
segurança, do qual decorre de prática de ato ilícito e fato
263, 422 e 449, parágrafo único, CPP. Quando se tratar de
típico, pode integrar a relação processual, desde que este-
defensor constituído, o juiz não poderá adotar a mesma
ja devidamente representado por um curador, seja aquele
medida, pois não foi por ele nomeado.
que já estiver no exercício da curatela legal ou pode ser
nomeado pelo Juiz Criminal, conforme arts. 149 e seguin- Diz o Código que a nomeação de defensor constituído
tes do CPP. Em razão do Princípio da inocência, se existir independerá de instrumento de mandato, como a procura-
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, ção, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório
em razão da comprovada exclusão de culpabilidade, não é (art. 266, CPP).
cabível imposição de medida de segurança. É válido ressaltar, sobre a defesa técnica, o entendi-
Imperioso se faz destacar que mesmo havendo impos- mento jurisprudencial manifestado na Súmula nº 523 do
sibilidade do acusado com seu verdadeiro nome, art. 259 Supremo Tribunal Federal, quando ensina que a falta de
do Código de Processo Penal, não evitará a instauração e o defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só
desenvolvimento da ação penal, desde que seja possível a anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
sua identificação física. Desse modo, é mister a defesa efetiva, pois configura-
Destarte, no ordenamento penal vigente há possibili- se em garantia constitucional, que não se limita apenas à
dade da pessoa jurídica ser responsabilizada penalmente impossibilidade de participação no processo, mas deve-se
em crimes ambientais, conforme Lei de n. 9.605/98. entender e exigir a efetiva atuação do defensor pelo in-

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

teresse do acusado, podendo ser auferido sempre diante A escolha do ofendido e de seus sucessos como le-
de um caso concreto, ponderando-se as provas carregadas gitimados para figurarem como assistente, deve encontrar
aos autos pela acusação e a possibilidade real de sua con- respaldo no princípio da igualdade processual, já que com
frontação pela defesa. a figura de um terceiro na relação processual pode ocorrer
O interrogatório é a real oportunidade de que dispõe o um desequilíbrio, afetando a paridade de armas.
acusado para se defender diante do juiz, configurando-se A justificativa, entretanto, é simples: o ofendido, indu-
em um meio de defesa. bitavelmente, já é titular de interesse jurídico, embora não
Nesse diapasão, a Lei 11.719/08 regulamentou as hi- penal, relevante. Logo, podendo ele demandar civilmente
póteses de adiamento de audiência, quando em razão do contra o réu pelos mesmos fatos, pode também participar
não comparecimento do defensor, que deverá justificar, por da ação penal.
qualquer meio, a sua ausência até antes do início da au-
diência de instrução (art. 265, § 2°), adiando-se o ato por tal Assim, há de se concluir que a posição de custos legis
razão. Se a ausência decorrer de obstáculo insuperável e de é apenas do particular, já que a pessoa de direito público
última hora, é conveniente que o juiz, antes de determinar somente legitima sua interferência na defesa de interesse
o prosseguimento da causa, verifique a sua complexidade e de outra espécie de natureza.
as provas a serem produzidas naquele momento, sob pena
de, nomeando outro procurador, causar dano irreparável à DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA PERITOS, INTÉRPRE-
defesa. TES E FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA

ASSISTÊNCIA Além dos sujeitos processuais acima considerados, não


se pode olvidar o grupo dos auxiliares da justiça, os quais
Por certo, determinadas infrações penais além de pro- Capez classifica como sujeitos acessórios, mas cuja relevân-
duzir sanção penal, também criam efeitos de natureza pa- cia pode ser fundamental na persecução pela verdade real
trimonial. Surgindo, assim, para as vítimas o direito de re- no processo penal.
composição do patrimônio atingido. Tais sujeitos são convocados a interferir no processo,
merecendo regulamentação própria no Código Processual
Diante disto, há grande interesse por parte da vítima Penal (Título VIII), ainda que esparsa, abarcando o artigo
do crime na condenação do acusado na ação penal, a fim 274 para os funcionários da justiça, bem como os artigos
de ver constituído título judicial executivo. Por estas razões, 275 a 281, para peritos e intérpretes.
é assegurada a intervenção da vítima na ação penal. Nestor Távora e Rosmar Antonni R. C. de Alenca, iden-
tificam os funcionários da justiça: “os servidores da justiça
– ou serventuários – são funcionários públicos pagos pelo
LEGITIMAÇÃO Estado, a serviço do Poder Judiciário. São os escrivães-dire-
tores, escreventes, oficiais de justiçam dentre outros”.
A modalidade de procedimento que viabiliza esta in- A regulamentação legal para os serventuários da jus-
tervenção é denominada assistência. O legitimado a agir tiça é que se lhes aplicam, no que couber, as prescrições
é o ofendido, ou o seu representante legal, nas hipóteses sobre suspeição dos juízes.
elencadas em lei, ou em caso de ausência e morte, as pes-
soas indicadas no art. 31 do CPP. A maior parte dos doutrinadores assevera que tal sus-
peição apenas pode recair sobre os escrivães, em virtude de
O ASSISTENTE COMO CUSTOS LEGIS sua maior proximidade com o magistrado e da sua condi-
ção de chefia nos serviços cartorários, sendo esta a posição
Apesar de tudo quanto exposto, não é a satisfação do de Nucci e Pacelli. Contudo, é acertado o juízo de Antonni e
dano civil o único interesse a justificar a atuação do assis- Távora ao observar que, com o crescimento da quantidade
tente na ação penal. de demandas no Poder Judiciário, os juízes têm delegado
O artigo 29 do CPP e o artigo 5º, LIX da Constituição aos serventuários, cada vez mais, ainda que informalmente,
Federal dão à vítima a faculdade de iniciativa processual a prática de atos ordinatórios e a confecção de “minutas”
penal, em caso de inércia do Ministério Público, o que cha- das decisões. Assim, a possibilidade de aferição de suspei-
mamos de ação privada subsidiária da pública. ção deve ser averiguada em cada caso concreto, resguar-
Resta aqui evidenciado outro interesse jurídico ao dando-se a impessoalidade do serviço público.
ofendido, consubstanciado na reprovação do Estado ao ato No que concerne aos peritos, estes são, em regra, in-
praticado pelo ofensor, e a conseqüente aplicação de san- tegrantes da Administração Pública. Contudo, ainda que
ção penal. Obviamente, o interesse da vítima na ação penal sejam peritos particulares, com os requisitos autorizadores
não é unicamente a obtenção de título executivo para ob- do artigo 159, §1° do Código de Processo, estão submeti-
tenção de seu direito reparatório, vez que caso fosse teria dos à disciplina judiciária constante do artigo 275, haja vis-
ela a opção de recorrer ao juízo da vara cível. ta estarem no desempenho de função pública, sob o manto
do princípio da legalidade.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Confluindo para a formação de convencimento do “Não ocorrendo a rejeição liminar, o juiz recebe a de-
magistrado, os peritos e intérpretes desempenham papel núncia ou queixa e determina a citação do acusado para,
de grande relevância no processo penal, do que se verifica em 10 dias, responder por escrito à acusação (art. 396, CPP).
manifesta a necessidade de cautela quanto à qualidade e
a idoneidade do serviço prestado, não se esquecendo de Com a citação do acusado, o processo completa a sua
que se trata de serviço público. formação (art. 363, CPP).”
Por esse motivo, mais uma vez como medida de res-
guardo do princípio da impessoalidade do serviço públi- O Código de Processo Penal tratou da citação em capí-
co e pela legítima persecução da verdade real, ou melhor, tulo próprio, compreendendo os arts. 351 ao 369.
judicial, aplicam-se aos intérpretes e peritos as normas de
impedimento consubstanciadas no artigo 279 do Código A citação pode ser de duas espécies:
de Ritos Penal, bem como se lhe estendem as hipóteses de - citação real (pessoal);
suspeição de magistrados, no que for cabível. - citação ficta (por edital).

OFENDIDO Citação

A sistemática do Código de Processo Penal não inclui a) Por mandado (regra) – oficial de justiça (art. 351)
no Título referente aos sujeitos processuais a figura do
ofendido, o qual é regulamentado nos artigos 201, no Tí- - Classificada como citação real.
tulo VII – Da Prova, Capítulo V, com redação alterada pela
Lei n° 11.690/2008. - A citação pessoal far-se-á quando o réu estiver na
jurisdição do juiz que a determinar.
Pacelli enuncia entendimento de que no caso estaria
o ofendido atuando como parte, e não sujeito processual. - A citação deve ser feita pelo menos 24 horas antes do
Verifica-se obscuro o entendimento, pois, embora haja momento em que o acusado deverá ser interrogado, não
se tem admitido à citação no mesmo dia em que o acusado
distinção entre sujeito processual e parte, é cediço que as
deva ser interrogado.
partes são subespécies dos sujeitos processuais, com qua-
lificação diferenciada das demais.
- O oficial deverá fazer a leitura do mandado e entregar
a contrafé.

ARTIGOS 351 A 372 - CITAÇÕES E b) Por hora certa (art. 362)


INTIMAÇÕES
A Lei 11.719/08 introduziu a citação por hora certa no
processo penal. Adotando-se o mesmo procedimento do
processo civil (arts. 252 a 254 do CPC/2015).
Citação do Réu
“Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de jus-
É o ato pelo qual o réu toma ciência da acusação, com tiça houver procurado o citando em seu domicílio ou resi-
o efeito de conferir eficácia à relação processual e tornar dência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocul-
tação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
válidos os atos posteriores. A citação do acusado, de acor-
qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim
do com o Novo Código Processual Civil, é o ato pelo qual
de efetuar a citação, na hora que designar.
são convocados o réu, o executado ou o interessado para
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos lo-
integrar a relação processual (art. 238 NCPC).
teamentos com controle de acesso, será válida a intimação
A citação é uma garantia individual (decorrência do art.
a que se refere o caput feita a funcionário da portaria res-
5, LV, CR/88), tratando-se de ato essencial do processo, cuja
ponsável pelo recebimento de correspondência.
falta lhe determina a nulidade absoluta (art. 564, III, “e”),
sendo o processo inteiramente nulo a partir do ato e mes- Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de jus-
mo que haja sentença com trânsito em julgado poderá ser tiça, independentemente de novo despacho, comparecerá
desfeita a res judicata seja por meio de habeas corpus (art. ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a
648, VI), seja pela revisão criminal. diligência.
A falta de citação no processo penal causa nulidade § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de jus-
absoluta do processo (art. 564, III e IV, do CPP), pois contra- tiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
ria os princípios constitucionais do contraditório e da am- por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado
pla defesa. Exceção: o art. 570 do Código de Processo Penal em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
dispõe que se o réu comparece em juízo antes de consu- § 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo
mado o ato, ainda que para arguir a ausência de citação, que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido inti-
sana a sua falta ou a nulidade. Nesse caso, o juiz ordenará mado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da
a suspensão ou o adiamento do ato. família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça dei- e) Citação do militar (art. 358)


xará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, A citação do militar deve ser feita mediante requisição
conforme o caso, declarando-lhe o nome. de sua apresentação para interrogatório ao superior hierár-
§ 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a ad- quico, ainda que o militar esteja fora da comarca.
vertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia. f) Citação do funcionário público (art. 359)
No caso do funcionário público a citação será feita
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou pessoalmente, devendo ser notificado, também, o chefe da
chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessa- repartição.
do, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada
g) Citação do incapaz
do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondên- A citação do réu incapaz é feita pessoalmente, até mes-
cia eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.” mo porque pode-se não ter notícia ainda da incapacidade.
Se, porém, a incapacidade já for conhecida (art. 149, CPP),
No Processo Penal, completada a citação com hora a citação deverá ser feita na pessoa do curador designa-
certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado do pelo juízo criminal ou que estiver no exercício legal da
defensor dativo. (art. 362, parágrafo único, CPP). curatela.
Caso o réu compareça antes da audiência de instrução, Sendo a incapacidade comprovada após a instauração
nada impede que o juiz renove o prazo de defesa escrita da ação penal, deverão ser anulados quaisquer efeitos re-
– garantindo o constitucional princípio da ampla defesa e sultantes do não-atendimento oportuno ao ato de citação.
adotando o mesmo procedimento previsto para a citação
editalícia (art. 363, § 4º, CPP). CARTA PRECATÓRIA
(art. 353 e seguintes)
Citado por hora certa, o prazo para o oferecimento da
Quando o réu residir fora do território em que o juiz
resposta inicia-se na data do ato citatório (Súmula 710 –
exerce a jurisdição, a citação será feita por meio de carta
STF). precatória, via da qual o juiz deprecante (o da causa) pede
“NCPC - Art. 254. Feita a citação com hora certa, o es- ao juiz deprecado (aquele da jurisdição onde reside o réu)
crivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou o cumprimento do ato processual citatório (Pacelli, 2011,
interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da p. 596).
juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou corres-
pondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.” INTIMAÇÃO

c) Por edital (art. 361) A Intimação é a comunicação à parte de que foi prati-
“Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por cado um ato no processo.
edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.” A intimação pressupõe a prática de um fato processual
- Classificada como citação ficta, ou seja, presumida. cuja ciência ao interessado é necessária para serem produ-
- Após o término do prazo de 15 dias (prazo do edital), zidos validamente seus efeitos legais.
Já a notificação é a ciência que é dada ao interessado
inicia-se o prazo de 10 dias para a apresentação da respos-
de seu dever ou de seu ônus de praticar um ato processual
ta à acusação. ou de adotar determinada conduta. Logo, se refere a um
ato futuro, enquanto a intimação, a um ato passado.
Em se tratando de citação por edital, se o acusado não Contudo, o legislador processual penal não foi fiel a
comparecer nem constituir advogado, o processo ficará tal terminologia, confundindo constantemente os dois ins-
suspenso, suspendendo-se, também, o prazo prescricional, titutos.
podendo o juiz determinar a produção antecipada das pro- A intimação e a notificação observarão, no que for apli-
vas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão cável, às formalidades da citação. Porém, não serão elas
preventiva nos termos do disposto no art. 312. realizadas por oficial de justiça, e sim pelo escrivão.
A falta de intimação só será causa de nulidade se o ato
d) Citação do réu preso (art. 360) processual não atingir seu fim ou se houver prejuízo à parte
O réu preso deverá ser citado pessoalmente, e, depois, interessada mediante alegação oportuna.
requisitado junto à autoridade policial, para o acompanha-
Disoõe o Código Processual Penal:
mento da audiência de instrução e interrogatório (art. 399,
§ 1º, CPP). CAPÍTULO II
Não é mais possível a citação por edital, independente DAS INTIMAÇÕES
de onde estiver o preso.
Será por mandado quando o réu estiver na sede da Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemu-
jurisdição da ação penal em curso. E será por precatória nhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de
quando em outra jurisdição. qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o dis-
posto no Capítulo anterior.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1º A intimação do defensor constituído, do advoga- Processo que também tem sua origem no latim proce-
do do querelante e do assistente far-se-á por publicação dere tem sentido diverso, relacionando-se com a relação
no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da jurídica instrumental que se instaura e se desenvolve entre
comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acu- autor, juiz e réu, visando à solução para o conflito de inte-
sado. resses.
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos ju- O processo pode ser entendido como instituto com-
diciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo plexo, no qual o procedimento é uma de suas vertentes,
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de aliado a relação existente entre seus sujeitos, com o ob-
recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. jetivo de obter uma tutela justa. O procedimento seria a
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará
sistematização do processo.
a aplicação a que alude o § 1º.
Conforme nos esclarece o processualista Cândido Ran-
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor
nomeado será pessoal. gel Dinamarco em seu livro Fundamentos do Processo Ci-
vil Moderno, o Código de Processo Civil vigente em nosso
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na ordenamento jurídico emprega corretamente os termos
petição em que for requerida, observado o disposto no art. processo e procedimento, evidenciando a diferenciação
357. existente entre esses conceitos. Quando o legislador quis
referir-se a sequência de atos coordenados em direção
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução cri- à tutela jurisdicional efetiva, denominou procedimento,
minal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e como exemplos temos o emprego da denominação pro-
testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que cedimento comum, procedimento ordinário, procedimento
se lavrará termo nos autos. sumário e procedimentos especiais.
Diferentemente, o nosso Código utiliza corretamente
o vocábulo processo ao denominar o processo civil, o pro-
ARTIGOS 394 A 497 – DOS PROCESSOS cesso de conhecimento, processo de execução e processo
cautelar.
EM ESPÉCIE;
Outra diferença dentro de nosso ordenamento jurídi-
co no que diz respeito ao processo e procedimento está
dentro da esfera da competência legislativa, uma vez que
Processo as normas de procedimento tem competência concorrente,
permitindo-se aos Estados e ao Distrito Federal legislarem
É entendido como mecanismo de legitimação do Po- normas especiais frente às normas de caráter geral edita-
der Estatal, um instrumento para a obtenção de uma tutela das pela União (artigo 24, inciso XI, e parágrafos, da Consti-
justa. Através dele busca-se a prestação de uma solução tuição Federal). No que concerne à competência legislativa
jurisdicional com maior rapidez, aceitação, satisfação e sobre o direito processual a União tem competência priva-
confiança da sociedade. tiva (artigo 22, inciso I da Constituição Federal).
Dentro desse contexto, o processo é dissociado do di- A diferenciação entre processo e procedimento tam-
reito material, tornando-se autônomo em relação a esse, bém pode ser verificada na atuação da Administração Pú-
alçando natureza pública, uma vez que o Estado é quem blica. A finalidade legal do ato é alcançada pelos órgãos da
determina a forma de atuação do ordenamento jurídico. Administração através da sequência de atos previamente
A partir desse novo panorama o processo foi diferen- definidos pela lei, utilizando-se o processo administrativo
ciado do procedimento. O processo passou a ser identifica- de um procedimento anteriormente estabelecido pela le-
do a partir de seu escopo jurídico e o procedimento como
gislação e de conhecimento das partes.
um encadeamento de atos que formam um rito judicial.
É necessário destacar, contudo, que conforme nos ad-
Procedimento verte Luiz Guilherme Marinoni em seu Curso de Teoria Ge-
ral do Processo é uma falha lógica a mera suposição de que
Procedimento vem do latim procedere que significa ir o procedimento apenas é um resquício dos tempos em que
por diante, andar a frente, prosseguir. De sua origem vi- não havia diferenciação entre o direito material e o proces-
sualiza-se seu significado, o modo de agir processual, a sual. Na realidade ocorreu uma evolução do instituto do
sucessão ordenada de atos à disposição para que se con- procedimento, a partir da teoria da autonomia, da natureza
substancie a tutela jurídica. Procedimento configura-se na pública do direito processual e da jurisdição constitucional.
exteriorização e materialização do processo, podendo as- O procedimento tem como escopo fins específicos re-
sumir diversos modos de ser. lacionados à jurisdição e aos direitos postos em conflito.
O Procedimento é a sucessão de atos realizados nos È necessário que o procedimento seja refletido desde sua
termos do que preconiza a legislação. Processo, por sua forma em abstrato, quando criado pelo legislador, para
vez, é a relação jurídica substancial, vista em seu aspecto possibilitar tutelar o direito material; até sua aplicação no
externo, um conjunto de atos tendentes à finalidade de fa- caso concreto, quando o juiz, utilizando-se das regras ati-
zer valer a prestação jurisdicional penal. nentes ao procedimento, viabiliza a efetividade do direito.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

A parte tem direito ao procedimento adequado a tu- Procedimento Comum


tela do direito material discutido, consentâneo com seus
direitos fundamentais e com os princípios constitucionais O procedimento comum se subdivide em três catego-
de justiça. Nesse sentido, não podem ser instituídos pro- rias:
cedimentos que restringem as alegações do réu, pois vio- a) Comum ordinário: quando tiver por objeto crime
lam direitos fundamentais, como o direito ao contraditório, cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4
assim como dificultam o alcance do direito material. Tais anos de PPL.
restrições devem sempre alinhar-se ao direito fundamental b) Comum sumário: tem por objeto crime cuja sanção
das partes a efetiva participação das mesmas no processo. máxima cominada é inferior a 4 anos de PPL.
Imprescindível ainda, por outro lado, que o processo c) Comum sumaríssimo: para as infrações de menor
evidencie os valores sociais e políticos vivenciados em um potencial ofensivo, com pena máxima igual ou inferior a
determinado momento histórico. Assim, diante da socie- 2 anos.
dade contemporânea, com seu pluralismo de direitos e de Os procedimentos poderão ser comum ou especial.
situações fáticas, o processo ganhou importância frente à Este engloba todos os ritos que tenham regramento pró-
defesa dos direitos, inclusive sendo permitida pelo legisla- prio.
dor, ao juiz e às partes da ação, a possibilidade de ampla Porém, não é só o fato de ser o crime apenado com a
utilização do procedimento, conforme o caso apresenta- pena máxima abstrata igual ou superior a 4 anos que fará
do, exemplos temos nos arts. 461 – obrigação de fazer e com que seja automaticamente fixado o rito comum ordi-
não fazer –e 273 – antecipação de tutela – do Código de nário. Isso porque, em primeiro lugar, deve ser considerado
Processo Civil. Através desses institutos permite-se ao juiz, o texto constitucional, principalmente no que tange as re-
analisando o caso concreto, definir os procedimentos que gras de definição de competência.
melhor se coadunam visando à solução do conflito. Por exemplo, os crimes eleitorais e os crimes militares
No contexto de um Estado Constitucional, o procedi- têm rito próprio. O trâmite processual perante os tribunais,
mento ganhou relevância junto à função jurisdicional Esta- no julgamento das pessoas com foro privilegiado também.
tal. Dentro desse contexto, há uma parte da doutrina que Embora haja opinião em sentido contrário, tem pre-
entende que a legitimidade da decisão decorre da obser- valecido o entendimento de que na definição do procedi-
vância do procedimento, ou seja, para que a decisão seja mento a ser observado devem ser consideradas eventuais
considerada legítima ela precisa seguir as premissas esta- causas de aumento ou de diminuição de pena. Tem ainda
belecidas, o procedimento, com especial participação das prevalecido o entendimento de que no caso de concur-
partes, possibilitando-se as mesmas demonstrarem suas so material de crimes, art. 69 do cp, as penas devem ser
razões e contra argumentar os fundamentos postos pela somadas. se do somatório das penas máximas cominadas
outra parte, auxiliando na produção do resultado. Contu- resultar pena igual ou superior a quatro anos, segue-se o
do, para que seja possível essa participação é necessária à procedimento ordinário.
publicidade dos atos processuais e a fundamentação das
decisões. DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS
Para permitir a efetividade da tutela jurisdicional é im- DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI
prescindível que o procedimento seja idôneo a sua obten-
ção, surgindo à necessidade de muitas vezes estabelecer O Tribunal do Júri é um Tribunal presidido por um ma-
procedimentos diferenciados, segundo o caso concreto em gistrado de carreira e composto de juízes leigos (jurados),
análise. sorteados entre os componentes de lista organizada se-
Deste modo, o processo diferencia-se do procedimen- gundo o disposto no Código de Processo Penal. Também
to, mas a ele se inter-relaciona. O processo necessita de um chamado de Tribunal Popular.
procedimento legítimo, que respeite os direitos tutelados, O Tribunal do Júri será composto por um juiz-presi-
assim como o contraditório e a ampla defesa, para atingir dente mais vinte e cinco jurados, sorteados aleatoriamente
seu escopo, qual seja, uma tutela jurisdicional efetiva, con- pelo juiz entre todos os candidatos alistados, sendo sete
sentânea com os valores sociais e políticos defendidos pela desses designados a participar do Conselho de Sentença,
sociedade. como bem informa o art. 433 do CPP. O jurado que hou-
O processo é um procedimento que legitima a ativi- ver participado de Conselho de Sentença nos últimos doze
dade jurisdicional. O procedimento para ser legítimo deve meses, fica proibido de ser alistado no ano seguinte.
estar consentâneo com os direitos materiais fundamentais.
E dentro desse contexto, a diferença entre processo e pro- O Tribunal do Júri, instituído no Brasil desde 1822 e
cedimento ganha sentido e relevância. previsto na Constituição Federal, é responsável por julgar
crimes dolosos contra a vida. Neste tipo de tribunal, cabe
Processo Comum a um colegiado de populares – os jurados sorteados para
compor o conselho de sentença – declarar se o crime em
O procedimento comum, previsto no CPP, será aplicado questão aconteceu e se o réu é culpado ou inocente. Dessa
de modo residual, ou seja, sempre que não houver nenhum forma, o magistrado decide conforme a vontade popular, lê
procedimento especial previsto no CPP ou lei extravagante. a sentença e fixa a pena, em caso de condenação.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

O rito procedimental do júri é subdivido em duas fases Será analisada a organização da sessão do tribunal do
sendo que a primeira é judicium accusationis e a segunda júri. Primeiramente deve ser feita uma lista de jurados (com
chamada de judicium causae, ou seja, fase acusatória e fase as devidas profissões) devendo ser completada a cada ano.
de julgamento, respectivamente. Podem fazer parte desta lista pessoas privadas e/ou públi-
A primeira fase procedimental está relacionada com a cas entre cidadãos maiores de 18 anos de notória idonei-
denúncia ou queixa subsidiária que pode ser recebida ou dade.
rejeitada. Para que tenha validade, a lista deve ser publicada em
Pois, sendo recebida a denúncia ou queixa, o juiz orde- princípio até o dia 10 de outubro de cada ano e podendo
nará a citação do acusado que terá um prazo de 10 (dez) ser até dia 10 de novembro, caso tenha impugnações.
dias para responder a acusação que poderá conter prelimi- A lista dos processos a serem julgados será afixado na
nares, oferecer documentos, provas e arrolar até oito tes- porta do tribunal do júri antes do dia designado para jul-
temunhas. gamento da reunião periódica, em consonância ao § 1º, art.
429 do CPP.
Frise-se que o assistente poderá atuar em determinada
Caso a defesa não seja apresentada no prazo legal, o
sessão. Para tanto, deverá requerer sua habilitação até cin-
juiz designará defensor para oferecê-la no prazo de dez
co dias antes da sessão que pretende atuar.
dias. Após “o juiz ouvirá o Ministério Público ou o quere-
lante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias” “Em seguida à organização da pauta, o juiz presiden-
conforme dispõe o art. 409 do CPP. te determinará a intimação do Ministério Público, da Or-
dem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública para
É mister salientar que em decorrência do ato será de- acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio dos
signada a audiência de instrução a fim de que as testemu- jurados que atuarão na reunião periódica” - Art. 432 do
nhas sejam inquiridas e sempre que possível o depoimento CPP. O juiz presidente fará o sorteio a portas abertas, reti-
do ofendido. Em consequência o acusado será interrogado, rando as cédulas até completar o número de vinte e cinco
bem como ocorrerá as alegações finais. jurados para composição da reunião periódica ou extraor-
dinária.
O pressuposto para segunda fase do tribunal do júri Vale fazer algumas observações acerca do sorteio e
inicia-se com a preclusão da pronúncia, do qual delimitará convocação dos jurados, são elas: “O sorteio será realizado
a acusação formulada perante o corpo dos jurados. entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil ante-
cedente à instalação da reunião; a audiência de sorteio não
Por derradeiro decisão pronúncia é: será adiada pelo não comparecimento das partes; o jurado
não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído
Na decisão de pronúncia, o que o juiz afirma, com efei- para as reuniões futuras”. Art. 433 e §§ do CPP. Pois, os jura-
to, é a existência de provas no sentido da materialidade e dos serão convocados pelo correio ou por outro meio para
da autoria. Em relação à materialidade, a prova há de ser comparecer na reunião preestabelecida.
segura quanto ao fato. Já em relação à autoria, bastará a O serviço do tribunal do júri é obrigacional e sua re-
presença de elementos indicativos, devendo o juiz, tanto cusa injustificada acarretará uma multa entre um a dez sa-
quanto possível, abster-se de revelar um convencimento lários mínimos de acordo com critérios subjetivos do juiz,
absoluto quanto a ela. É preciso considerar que a decisão bem como condição econômica de cada um.
de pronúncia somente deve revelar um juízo de probabili- Entretanto, existem pessoas que são isentas do servi-
dade e não o de certeza. (OLIVEIRA, 2009, p. 599) ço obrigacional do tribunal do júri são elas: Presidente da
República e os Ministros de Estado; Governadores e seus
Quando houver mais de um acusado o juiz poderá
respectivos Secretários; membros do Congresso Nacional;
pronunciar apenas um dos acusados, desse modo, a se-
das Assembléias Legislativas e das Câmaras Distrital e Mu-
gunda fase somente prosseguirá para quem foi pronuncia-
nicipais; Prefeitos; Magistrados e membros do Ministério
do. Porém, poderá ocorrer ainda que os dois tenham sido
Público e da Defensoria Pública; autoridades e os servido-
pronunciados, mas somente um deles tenha interposto re- res da polícia e da segurança pública; militares em serviço
curso em sentido estrito o qual o procedimento fruirá nor- ativo; cidadãos maiores de 70 anos que queiram sua dis-
malmente para aquele que a pronúncia precluiu. pensa e aquelas que demonstrarem justo impedimento.
Outrossim, quando os dois acusados são absolvidos O julgamento é iniciado com a conferência dos vinte
sumariamente, mas o Ministério Público recorre e se o Tri- e cinco jurados e para que a sessão seja aberta necessário
bunal reformar a sentença para um deles e quando esta se faz a presença de pelo menos quinze jurados. Dos quais
decisão precluir, apenas o acusado que teve a sentença re- sete serão sorteados para fazer parte do Conselho de Sen-
formada submeterá ao júri popular. tença.
Por fim, poderá existir a hipótese em que os dois acu- O acusado em liberdade intimado e não comparece
sados tenham interposto recurso, mas um perdeu o prazo na sessão do júri, esta não será adiada. Pois, sua presença
para interpô-lo, desse modo, este submeterá ao rito do tri- torna obrigatória quando estiver preso. Porém, se houver
bunal do júri, já que houve a preclusão da pronúncia para requerimento do acusado ou de seu advogado poderá sua
ele. presença ser dispensada.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

O Ministério Público e defensor quando ausentes acar- confere imunidade agressiva. Eventual proteção conferida
retará o adiamento do julgamento para data mais próxima. pelo art. 142, I do Código Penal (‘ofensa irrogada em juízo,
Na ação penal privada faz-se necessário citar que na na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador’),
ausência do querelante leva a perempção. Pois, tratando-se se possível, deve ser evitada em presença dos jurados. (...)
de ação penal subsidiária da pública o Ministério Público (2008, p. 143-144):
deve retornar a titularidade da ação, para que assim, o jul- Pois, deve respeitar seus limites que está pautada na
gamento do júri popular na seja adiado. pronúncia e sustentar apenas sua convicção para uma con-
Vale enfatizar no que tange a ausência de qualquer denação justa ao réu.
testemunha sem justo motivo enseja uma penalidade, ou Prosseguirá a sustentação oral com a defesa também
melhor, implicará uma multa que varia de um a dez salá- pelo prazo de uma hora e meia.
rios mínimos. Além da ação penal por desobediência. Bem Após os debates, o juiz perguntará aos jurados se estão
como o julgamento não será adiado devido sua ausência, aptos a julgar os fatos narrados. E terão conhecimento dos
exceto se uma das partes tiver requerido sua intimação por quesitos que deverão responder exercendo, desse modo, a
mandado, conforme estabelecido no art. 461 CPP. função de juízes dos fatos.
Após, a sessão instalada com a presença das pessoas
indispensáveis para o julgamento terá início a formação do Encerrados os debates, o magistrado deve indagar aos
conselho de sentença, ou seja, será realizado o sorteio dos jurados se necessitam de algum outro esclarecimento ou
sete jurados. se já estão aptos para o julgamento. Se solicitarem algum
Os jurados poderão sofrer manifestação de até três novo esclarecimento, o magistrado o dará, inclusive com
recusas peremptórias tanto pela defesa quanto pela acu- acesso aos autos e aos instrumentos do crime, se assim ne-
sação (nessa ordem). Bem como poderão sofrer recusa jus- cessitarem. [...]. Encerrados os debates, e se os jurados já se
tificada, o qual quem recusar deverá apresentar prova de sentirem habilitados a julgar o acusado, passar-se-á à fase
sua alegação ao juiz, neste caso não há limite que estipule de elaboração dos quesitos. (SANTOS, 2008, p. 214-215)
o número das recusas haja vista trata-se de suspeição ou
de impedimentos. Responderão os seguintes quesitos: I – a materialidade
Com a formação do conselho de sentença os jurados do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado
tomarão compromisso em julgar com imparcialidade e de- deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de
cidir de acordo sua consciência e justiça. pena alegada pela defesa; V – se existe circunstância qua-
lificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na
Iniciada a sessão será feita as declarações do ofendido pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admis-
pelo juiz presidente, Ministério Público, assistente, quere- sível a acusação. (art. 483 do CPP).
lante e advogado do acusado e sempre que possível in-
quirirão também as testemunhas arroladas pela acusação. Vale ressaltar que comprovada a inexistência do crime
contra a vida com desclassificação para outro delito a com-
O defensor do acusado na inquirição das testemunhas petência será do juiz-presidente para proferir a sentença e
arroladas pela defesa fará a oitiva antes do Ministério Pú- não sendo mais o júri popular competente.
blico e do assistente, pelo fato de quem arrola as teste-
munhas pergunta primeiro. Frisa-se que os jurados por Sentença
intermédio do juiz-presidente poderão formular também
perguntas ao ofendido bem como para as testemunhas. A sentença é o ato que põe fim ao cotejo, devendo ser
As testemunhas ficarão incomunicáveis, a fim de que lavrada pelo juiz-presidente com vinculação total à decisão
nenhuma possa ouvir o relato uma das outras. proferida pelo Conselho de Sentença. Na nova sistemática
Na ordem das testemunhas serão ouvidas primeira- do Rito do Tribunal do Júri, a sentença foi alvo de sensíveis
mente as arroladas pela acusação e depois as indicadas e importantes alterações, estando agora prevista no art.
pela defesa. Nota-se que é possível oitiva de pessoas na 492, sendo divido no inciso I para a sentença condenatória
qualidade de informante. e no inciso II para a absolutória.
O interrogatório é o último ato instrutório, por repre- A sentença deverá ser lavrada pelo juiz-presidente de
sentar a melhor oportunidade de defesa do acusado. E o acordo com o que foi decido pelos juízes de fatos. Após,
relatório do processo é lançado aos autos antes da sessão. todos voltarão ao plenário em que o juiz-presidente lerá a
O início da sustentação oral será feita pela acusação, sentença e frisa-se que as partes sairão intimadas para um
o qual o promotor de justiça terá uma hora e meia para possível recurso e será dada como encerrada a sessão de
produzir a acusação nos limites da pronúncia. Pois, na ação julgamento.
penal privada primeiramente falará o querelante e, conse-
quentemente, o Ministério Público. Recursos

Ressalta Nucci A matéria recursal sofreu drásticas e ovacionadas mu-


danças. A Lei 11.689 estabeleceu ser cabível apelação na hi-
A função do Ministério Público, em plenário do júri, pótese de impronúncia e absolvição sumária, acabou com
não é atacar a defesa, nem tampouco injuriar o réu. Não o obsoleto recurso de protesto por novo júri e impediu
pode, ainda, ofender testemunhas e muito menos o magis- o recurso de apelação contra decisões pró-réu realizadas
trado ou qualquer jurado. Sua liberdade de tribuna não lhe manifestamente contrárias as provas dos autos.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Recurso de apelação: Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, ofe-


As regras para o cabimento da apelação contra deci- recida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminar-
sões do Plenário estão previstas no art. 593, III, quando: mente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)
b) for a sentença do juiz presidente contrária à lei ex- dias.
pressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo
pena ou da medida de segurança; para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento
d) a decisão dos jurados em condenar o réu for mani- pessoal do acusado ou do defensor constituído.
festamente contrária à prova dos autos. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preli-
Outro caso onde se usará o recurso de apelação está minares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
previsto no art. 416, que afirma ser esse o recurso cabível documentos e justificações, especificar as provas pretendi-
“contra a sentença de impronúncia ou de absolvição su- das e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo
mária”. sua intimação, quando necessário.
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos ter-
Código Processual Penal: mos dos arts. 95 a 112 deste Código.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se
LIVRO II o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos
TÍTULO I por 10 (dez) dias.
DO PROCESSO COMUM
CAPÍTULO I Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver suma-
riamente o acusado quando verificar:
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
I - a existência manifesta de causa excludente da ilici-
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário
tude do fato;
ou sumaríssimo:
II - a existência manifesta de causa excludente da cul-
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja san-
pabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
ção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro)
III - que o fato narrado evidentemente não constitui
anos de pena privativa de liberdade;
crime; ou
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção
IV - extinta a punibilidade do agente.
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena
privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor Art. 398. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
potencial ofensivo, na forma da lei.
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz desig-
comum, salvo disposições em contrário deste Código ou nará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do
de lei especial. acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do caso, do querelante e do assistente.
Júri, o procedimento observará as disposições estabeleci- § 1o O acusado preso será requisitado para compare-
das nos arts. 406 a 497 deste Código. cer ao interrogatório, devendo o poder público providen-
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código ciar sua apresentação.
aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a
grau, ainda que não regulados neste Código. sentença.
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos
especial, sumário e sumaríssimo as disposições do proce- Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser
dimento ordinário. realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-
se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de cri- testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nes-
me hediondo terão prioridade de tramitação em todas as ta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código,
instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016). bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações
e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se,
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: em seguida, o acusado.
I - for manifestamente inepta; § 1o As provas serão produzidas numa só audiência,
II - faltar pressuposto processual ou condição para o podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, im-
exercício da ação penal; ou pertinentes ou protelatórias.
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. § 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de
Parágrafo único. (Revogado). prévio requerimento das partes.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 § 1o O prazo previsto no caput deste artigo será con-
(oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela tado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do
defesa. comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor
§ 1o Nesse número não se compreendem as que não constituído, no caso de citação inválida ou por edital.
prestem compromisso e as referidas. § 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o má-
§ 2o A parte poderá desistir da inquirição de qualquer ximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.
das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. § 3o Na resposta, o acusado poderá argüir prelimina-
209 deste Código. res e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer docu-
mentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando
Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o -as e requerendo sua intimação, quando necessário.
acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se
origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Art. 407. As exceções serão processadas em apartado,
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o
por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias,
pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o concedendo-lhe vista dos autos.
juiz, a seguir, sentença.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministé-
para a defesa de cada um será individual. rio Público ou o querelante sobre preliminares e documen-
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a ma- tos, em 5 (cinco) dias.
nifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, pror-
rogando-se por igual período o tempo de manifestação da Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemu-
defesa. nhas e a realização das diligências requeridas pelas partes,
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do no prazo máximo de 10 (dez) dias.
caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á
à tomada de declarações do ofendido, se possível, à in-
memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para
quirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela
proferir a sentença.
defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescin-
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
dível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será
dendo-se o debate.
concluída sem as alegações finais.
§ 1o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência prévio requerimento e de deferimento pelo juiz.
determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo § 2o As provas serão produzidas em uma só audiência,
de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, im-
prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. pertinentes ou protelatórias.
§ 3o Encerrada a instrução probatória, observar-se-á,
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código.
em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, conten- § 4o As alegações serão orais, concedendo-se a pala-
do breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. vra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimen- 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).
tos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será § 5o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo pre-
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, es- visto para a acusação e a defesa de cada um deles será
tenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, individual.
destinada a obter maior fidelidade das informações. § 6o Ao assistente do Ministério Público, após a ma-
§ 2o No caso de registro por meio audiovisual, será nifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, pror-
encaminhado às partes cópia do registro original, sem ne- rogando-se por igual período o tempo de manifestação da
cessidade de transcrição. defesa.
§ 7o Nenhum ato será adiado, salvo quando impres-
CAPÍTULO II cindível à prova faltante, determinando o juiz a condução
DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS coercitiva de quem deva comparecer.
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI § 8o A testemunha que comparecer será inquirida, in-
Seção I dependentemente da suspensão da audiência, observada
Da Acusação e da Instrução Preliminar em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste
artigo.
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, § 9o Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua de-
ordenará a citação do acusado para responder a acusação, cisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. para isso lhe sejam conclusos.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 412. O procedimento será concluído no prazo má- Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância
ximo de 90 (noventa) dias. com a acusação, da existência de crime diverso dos referi-
dos no § 1o do art. 74 deste Código e não for competente
Seção II para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a
Sumária outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso.

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o Art. 420. A intimação da decisão de pronúncia será
acusado, se convencido da materialidade do fato e da exis- feita:
tência de indícios suficientes de autoria ou de participação. I – pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e
§ 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à in- ao Ministério Público;
dicação da materialidade do fato e da existência de indícios II – ao defensor constituído, ao querelante e ao assis-
suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz tente do Ministério Público, na forma do disposto no § 1o
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusa- do art. 370 deste Código.
do e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas Parágrafo único. Será intimado por edital o acusado
de aumento de pena. solto que não for encontrado.
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor
da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade Art. 421. Preclusa a decisão de pronúncia, os autos se-
provisória. rão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de ma- § 1o Ainda que preclusa a decisão de pronúncia, ha-
nutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida vendo circunstância superveniente que altere a classifica-
restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratan- ção do crime, o juiz ordenará a remessa dos autos ao Mi-
do-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação nistério Público.
da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas § 2o Em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para
no Título IX do Livro I deste Código. decisão.
Seção III
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do Da Preparação do Processo para Julgamento em
fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou Plenário
de participação, o juiz, fundamentadamente, impronuncia-
rá o acusado. Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribu-
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da nal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério
punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou quei- Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,
xa se houver prova nova. para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de tes-
temunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos
logo o acusado, quando: e requerer diligência.
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; Art. 423. Deliberando sobre os requerimentos de pro-
III – o fato não constituir infração penal; vas a serem produzidas ou exibidas no plenário do júri, e
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de adotadas as providências devidas, o juiz presidente:
exclusão do crime. I – ordenará as diligências necessárias para sanar qual-
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV quer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julga-
do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista mento da causa;
no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de- II – fará relatório sucinto do processo, determinando
zembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri.
única tese defensiva.
Art. 424. Quando a lei local de organização judiciária
Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de ab- não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo
solvição sumária caberá apelação. para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos
do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a
Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de partici- que se refere o art. 433 deste Código.
pação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, Parágrafo único. Deverão ser remetidos, também, os
ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o processos preparados até o encerramento da reunião, para
retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) a realização de julgamento.
dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código.

Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica


diversa da constante da acusação, embora o acusado fique
sujeito a pena mais grave.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Seção IV § 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator


Do Alistamento dos Jurados poderá determinar, fundamentadamente, a suspensão do
julgamento pelo júri.
Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presiden- § 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida
te do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil não tiver sido por ele solicitada.
e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 § 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pro-
(um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (sete- núncia ou quando efetivado o julgamento, não se admitirá
centos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habi- o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese,
tantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas quanto a fato ocorrido durante ou após a realização de jul-
gamento anulado.
de menor população.
§ 1o Nas comarcas onde for necessário, poderá ser au- Art. 428. O desaforamento também poderá ser deter-
mentado o número de jurados e, ainda, organizada lista de minado, em razão do comprovado excesso de serviço, ou-
suplentes, depositadas as cédulas em urna especial, com vidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento
as cautelas mencionadas na parte final do § 3o do art. 426 não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, conta-
deste Código. do do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
§ 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, § 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo,
associações de classe e de bairro, entidades associativas e não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou
culturais, instituições de ensino em geral, universidades, incidentes de interesse da defesa.
sindicatos, repartições públicas e outros núcleos comunitá-
rios a indicação de pessoas que reúnam as condições para § 2o Não havendo excesso de serviço ou existência
exercer a função de jurado. de processos aguardando julgamento em quantidade que
ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do
Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o
Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a ime-
respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o diata realização do julgamento.
dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afi-
xados à porta do Tribunal do Júri. Seção VI
Da Organização da Pauta
§ 1o A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante
reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o Art. 429. Salvo motivo relevante que autorize alteração
dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. na ordem dos julgamentos, terão preferência:
§ 2o Juntamente com a lista, serão transcritos os arts. I – os acusados presos;
436 a 446 deste Código. II – dentre os acusados presos, aqueles que estiverem
§ 3o Os nomes e endereços dos alistados, em cartões há mais tempo na prisão;
iguais, após serem verificados na presença do Ministério III – em igualdade de condições, os precedentemente
pronunciados.
Público, de advogado indicado pela Seção local da Ordem
§ 1o Antes do dia designado para o primeiro julga-
dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas De- mento da reunião periódica, será afixada na porta do edi-
fensorias Públicas competentes, permanecerão guardados fício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem jul-
em urna fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz gados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo.
presidente. § 2o O juiz presidente reservará datas na mesma reu-
§ 4o O jurado que tiver integrado o Conselho de Sen- nião periódica para a inclusão de processo que tiver o jul-
tença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação gamento adiado.
da lista geral fica dela excluído.
§ 5o Anualmente, a lista geral de jurados será, obriga- Art. 430. O assistente somente será admitido se tiver
toriamente, completada. requerido sua habilitação até 5 (cinco) dias antes da data
da sessão na qual pretenda atuar.
Seção V
Do Desaforamento Art. 431. Estando o processo em ordem, o juiz presi-
dente mandará intimar as partes, o ofendido, se for pos-
sível, as testemunhas e os peritos, quando houver reque-
Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar rimento, para a sessão de instrução e julgamento, obser-
ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a se- vando, no que couber, o disposto no art. 420 deste Código.
gurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento
do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do Seção VII
acusado ou mediante representação do juiz competente, Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
poderá determinar o desaforamento do julgamento para
outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles Art. 432. Em seguida à organização da pauta, o juiz
motivos, preferindo-se as mais próximas. presidente determinará a intimação do Ministério Público,
§ 1o O pedido de desaforamento será distribuído ime- da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública
diatamente e terá preferência de julgamento na Câmara ou para acompanharem, em dia e hora designados, o sorteio
Turma competente. dos jurados que atuarão na reunião periódica.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em con-
abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o nú- vicção religiosa, filosófica ou política importará no dever
mero de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos
ou extraordinária. direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto.
§ 1o Entende-se por serviço alternativo o exercício de
§ 1o O sorteio será realizado entre o 15o (décimo atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópi-
quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação co ou mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria
da reunião. Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada
§ 2o A audiência de sorteio não será adiada pelo não para esses fins.
comparecimento das partes. § 2o O juiz fixará o serviço alternativo atendendo aos
§ 3o O jurado não sorteado poderá ter o seu nome princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
novamente incluído para as reuniões futuras.
Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado cons-
tituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção
Art. 434. Os jurados sorteados serão convocados pelo
de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
correio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer
2011).
no dia e hora designados para a reunião, sob as penas da
lei. Art. 440. Constitui também direito do jurado, na con-
Parágrafo único. No mesmo expediente de convoca- dição do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade
ção serão transcritos os arts. 436 a 446 deste Código. de condições, nas licitações públicas e no provimento, me-
diante concurso, de cargo ou função pública, bem como
Art. 435. Serão afixados na porta do edifício do Tribu- nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária.
nal do Júri a relação dos jurados convocados, os nomes do
acusado e dos procuradores das partes, além do dia, hora Art. 441. Nenhum desconto será feito nos vencimentos
e local das sessões de instrução e julgamento. ou salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do
júri.
Seção VIII
Da Função do Jurado Art. 442. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de
comparecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se an-
Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento tes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa
compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de
de notória idoneidade. acordo com a sua condição econômica.
§ 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos traba-
lhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou et- Art. 443. Somente será aceita escusa fundada em mo-
nia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, tivo relevante devidamente comprovado e apresentada,
origem ou grau de instrução. ressalvadas as hipóteses de força maior, até o momento da
§ 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará chamada dos jurados.
multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a Art. 444. O jurado somente será dispensado por de-
critério do juiz, de acordo com a condição econômica do cisão motivada do juiz presidente, consignada na ata dos
jurado. trabalhos.

Art. 445. O jurado, no exercício da função ou a pretex-


Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:
to de exercê-la, será responsável criminalmente nos mes-
I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;
mos termos em que o são os juízes togados.
II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
III – os membros do Congresso Nacional, das Assem-
Art. 446. Aos suplentes, quando convocados, serão
bleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas, faltas e
IV – os Prefeitos Municipais; escusas e à equiparação de responsabilidade penal prevista
V – os Magistrados e membros do Ministério Público e no art. 445 deste Código.
da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Seção IX
Público e da Defensoria Pública; Da Composição do Tribunal do Júri e
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da da Formação do Conselho de Sentença
segurança pública;
VIII – os militares em serviço ativo; Art. 447. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um)
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que re- juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados
queiram sua dispensa; que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de
impedimento. julgamento.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advo-
I – marido e mulher; gado do acusado, e se outro não for por este constituído,
II – ascendente e descendente; o fato será imediatamente comunicado ao presidente da
III – sogro e genro ou nora; seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a data
IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; designada para a nova sessão.
V – tio e sobrinho; § 1o Não havendo escusa legítima, o julgamento será
VI – padrasto, madrasta ou enteado. adiado somente uma vez, devendo o acusado ser julgado
quando chamado novamente.
§ 1o O mesmo impedimento ocorrerá em relação às
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, o juiz intimará a
pessoas que mantenham união estável reconhecida como Defensoria Pública para o novo julgamento, que será adia-
entidade familiar. do para o primeiro dia desimpedido, observado o prazo
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os im- mínimo de 10 (dez) dias.
pedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes
togados. Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não com-
parecimento do acusado solto, do assistente ou do advo-
Art. 449. Não poderá servir o jurado que: gado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo § 1o Os pedidos de adiamento e as justificações de
processo, independentemente da causa determinante do não comparecimento deverão ser, salvo comprovado mo-
julgamento posterior; tivo de força maior, previamente submetidos à apreciação
II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado do juiz presidente do Tribunal do Júri.
o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; § 2o Se o acusado preso não for conduzido, o julga-
mento será adiado para o primeiro dia desimpedido da
III – tiver manifestado prévia disposição para condenar
mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de
ou absolver o acusado.
comparecimento subscrito por ele e seu defensor.
Art. 450. Dos impedidos entre si por parentesco ou Art. 458. Se a testemunha, sem justa causa, deixar de
relação de convivência, servirá o que houver sido sorteado comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal
em primeiro lugar. pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o
do art. 436 deste Código.
Art. 451. Os jurados excluídos por impedimento, sus-
peição ou incompatibilidade serão considerados para a Art. 459. Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tri-
constituição do número legal exigível para a realização da bunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código.
sessão.
Art. 460. Antes de constituído o Conselho de Sentença,
Art. 452. O mesmo Conselho de Sentença poderá co- as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não
nhecer de mais de um processo, no mesmo dia, se as par- possam ouvir os depoimentos das outras.
tes o aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão
Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemu-
prestar novo compromisso. nha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver
requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade
de que trata o art. 422 deste Código, declarando não pres-
Seção X cindir do depoimento e indicando a sua localização.
Da reunião e das sessões do Tribunal do Júri § 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz
presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la
Art. 453. O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido,
de instrução e julgamento nos períodos e na forma estabe- ordenando a sua condução.
lecida pela lei local de organização judiciária. § 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese
de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se
Art. 454. Até o momento de abertura dos trabalhos da assim for certificado por oficial de justiça.
sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dis-
Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts.
pensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento,
454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a
mandando consignar em ata as deliberações. urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sor-
teados, mandando que o escrivão proceda à chamada de-
Art. 455. Se o Ministério Público não comparecer, o les.
juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia de-
simpedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as Art. 463. Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) ju-
testemunhas. rados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos,
Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o anunciando o processo que será submetido a julgamento.
fato será imediatamente comunicado ao Procurador-Geral § 1o O oficial de justiça fará o pregão, certificando a
de Justiça com a data designada para a nova sessão. diligência nos autos.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 2o Os jurados excluídos por impedimento ou sus- Art. 471. Se, em consequência do impedimento, sus-
peição serão computados para a constituição do número peição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não houver
legal. número para a formação do Conselho, o julgamento será
adiado para o primeiro dia desimpedido, após sorteados os
Art. 464. Não havendo o número referido no art. 463 suplentes, com observância do disposto no art. 464 deste
deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplen- Código.
tes quantos necessários, e designar-se-á nova data para a
sessão do júri. Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presi-
dente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará
aos jurados a seguinte exortação:
Art. 465. Os nomes dos suplentes serão consignados
em ata, remetendo-se o expediente de convocação, com
Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa
observância do disposto nos arts. 434 e 435 deste Código.
com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo
com a vossa consciência e os ditames da justiça.
Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho
de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impe- Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente,
dimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes responderão:
dos arts. 448 e 449 deste Código.
§ 1o O juiz presidente também advertirá os jurados de Assim o prometo.
que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre
si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o pro- Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias
cesso, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores
do § 2o do art. 436 deste Código. que julgaram admissível a acusação e do relatório do pro-
§ 2o A incomunicabilidade será certificada nos autos cesso.
pelo oficial de justiça.
Seção XI
Art. 467. Verificando que se encontram na urna as cé- Da Instrução em Plenário
dulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sor-
Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será
teará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de
iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o
Sentença.
Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor
do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declara-
Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retira- ções do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas
das da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois arroladas pela acusação.
dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados sor- § 1o Para a inquirição das testemunhas arroladas pela
teados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. defesa, o defensor do acusado formulará as perguntas an-
Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente tes do Ministério Público e do assistente, mantidos no mais
por qualquer das partes será excluído daquela sessão de a ordem e os critérios estabelecidos neste artigo.
instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a § 2o Os jurados poderão formular perguntas ao ofen-
composição do Conselho de Sentença com os jurados re- dido e às testemunhas, por intermédio do juiz presidente.
manescentes. § 3o As partes e os jurados poderão requerer acarea-
ções, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento
Art. 469. Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram,
recusas poderão ser feitas por um só defensor. exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às
§ 1o A separação dos julgamentos somente ocorrerá provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo
de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença. Art. 474. A seguir será o acusado interrogado, se esti-
§ 2o Determinada a separação dos julgamentos, será ver presente, na forma estabelecida no Capítulo III do Títu-
lo VII do Livro I deste Código, com as alterações introduzi-
julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída
das nesta Seção.
a autoria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o
§ 1o O Ministério Público, o assistente, o querelante e
critério de preferência disposto no art. 429 deste Código. o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente,
perguntas ao acusado.
Art. 470. Desacolhida a arguição de impedimento, de § 2o Os jurados formularão perguntas por intermédio
suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz presiden- do juiz presidente.
te do Tribunal do Júri, órgão do Ministério Público, jurado § 3o Não se permitirá o uso de algemas no acusado
ou qualquer funcionário, o julgamento não será suspenso, durante o período em que permanecer no plenário do júri,
devendo, entretanto, constar da ata o seu fundamento e a salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos,
decisão. à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade
física dos presentes.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 475. O registro dos depoimentos e do interroga- Art. 480. A acusação, a defesa e os jurados poderão,
tório será feito pelos meios ou recursos de gravação mag- a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente,
nética, eletrônica, estenotipia ou técnica similar, destinada pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se en-
a obter maior fidelidade e celeridade na colheita da prova. contra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda,
Parágrafo único. A transcrição do registro, após feita a aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclareci-
degravação, constará dos autos. mento de fato por ele alegado.
§ 1o Concluídos os debates, o presidente indagará dos
Seção XII jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de
Dos Debates outros esclarecimentos.
§ 2o Se houver dúvida sobre questão de fato, o presi-
Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a pala- dente prestará esclarecimentos à vista dos autos.
vra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites § 3o Os jurados, nesta fase do procedimento, terão
da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram ad- acesso aos autos e aos instrumentos do crime se solicita-
missível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência rem ao juiz presidente.
de circunstância agravante.
§ 1o O assistente falará depois do Ministério Público. Art. 481. Se a verificação de qualquer fato, reconheci-
§ 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, da como essencial para o julgamento da causa, não puder
falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Mi- ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o
nistério Público, salvo se este houver retomado a titularida- Conselho, ordenando a realização das diligências entendi-
de da ação, na forma do art. 29 deste Código. das necessárias.
§ 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa. Parágrafo único. Se a diligência consistir na produção
§ 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, de prova pericial, o juiz presidente, desde logo, nomeará
sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em perito e formulará quesitos, facultando às partes também
plenário. formulá-los e indicar assistentes técnicos, no prazo de 5
(cinco) dias.
Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa
Seção XIII
será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a
Do Questionário e sua Votação
réplica e outro tanto para a tréplica.
§ 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um
Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado
defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que,
sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.
na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de
Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em pro-
forma a não exceder o determinado neste artigo.
posições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada
§ 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para
um deles possa ser respondido com suficiente clareza e ne-
a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e cessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará
elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o em conta os termos da pronúncia ou das decisões poste-
disposto no § 1o deste artigo. riores que julgaram admissível a acusação, do interrogató-
rio e das alegações das partes.
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão,
sob pena de nulidade, fazer referências: Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que ordem, indagando sobre:
julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso I – a materialidade do fato;
de algemas como argumento de autoridade que benefi- II – a autoria ou participação;
ciem ou prejudiquem o acusado; III – se o acusado deve ser absolvido;
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interroga- IV – se existe causa de diminuição de pena alegada
tório por falta de requerimento, em seu prejuízo. pela defesa;
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em deci-
leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sões posteriores que julgaram admissível a acusação.
sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 § 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a
(três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do
artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem acusado.
como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três)
quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput des-
conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apre- te artigo será formulado quesito com a seguinte redação:
ciação e julgamento dos jurados. O jurado absolve o acusado?

19
DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julga- Art. 490. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver
mento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: em contradição com outra ou outras já dadas, o presiden-
I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; te, explicando aos jurados em que consiste a contradição,
II – circunstância qualificadora ou causa de aumento submeterá novamente à votação os quesitos a que se refe-
de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões pos- rirem tais respostas.
teriores que julgaram admissível a acusação. Parágrafo único. Se, pela resposta dada a um dos que-
§ 4o Sustentada a desclassificação da infração para ou- sitos, o presidente verificar que ficam prejudicados os se-
tra de competência do juiz singular, será formulado quesito guintes, assim o declarará, dando por finda a votação.
a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o
(terceiro) quesito, conforme o caso. Art. 491. Encerrada a votação, será o termo a que se
§ 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua refere o art. 488 deste Código assinado pelo presidente,
forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação pelos jurados e pelas partes.
do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri,
o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser Seção XIV
respondido após o segundo quesito. Da sentença
§ 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusa-
do, os quesitos serão formulados em séries distintas. Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença
que:
Art. 484. A seguir, o presidente lerá os quesitos e inda- I – no caso de condenação:
gará das partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, a) fixará a pena-base;
devendo qualquer deles, bem como a decisão, constar da b) considerará as circunstâncias agravantes ou ate-
ata. nuantes alegadas nos debates;
Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em
explicará aos jurados o significado de cada quesito. atenção às causas admitidas pelo júri;
d) observará as demais disposições do art. 387 deste
Código;
Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á
presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o
à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da
querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de
prisão preventiva;
justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida
f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da
a votação.
condenação;
§ 1o Na falta de sala especial, o juiz presidente deter-
II – no caso de absolvição:
minará que o público se retire, permanecendo somente as
a) mandará colocar em liberdade o acusado se por
pessoas mencionadas no caput deste artigo. outro motivo não estiver preso;
§ 2o O juiz presidente advertirá as partes de que não b) revogará as medidas restritivas provisoriamente de-
será permitida qualquer intervenção que possa perturbar a cretadas;
livre manifestação do Conselho e fará retirar da sala quem c) imporá, se for o caso, a medida de segurança ca-
se portar inconvenientemente. bível.
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra,
Art. 486. Antes de proceder-se à votação de cada de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal
quesito, o juiz presidente mandará distribuir aos jurados do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se,
pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente do- quando o delito resultante da nova tipificação for conside-
bráveis, contendo 7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a rado pela lei como infração penal de menor potencial ofen-
palavra não. sivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de
26 de setembro de 1995.
Art. 487. Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de § 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que
justiça recolherá em urnas separadas as cédulas correspon- não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presi-
dentes aos votos e as não utilizadas. dente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o
disposto no § 1o deste artigo.
Art. 488. Após a resposta, verificados os votos e as
cédulas não utilizadas, o presidente determinará que o es- Art. 493. A sentença será lida em plenário pelo pre-
crivão registre no termo a votação de cada quesito, bem sidente antes de encerrada a sessão de instrução e julga-
como o resultado do julgamento. mento.
Parágrafo único. Do termo também constará a confe-
rência das cédulas não utilizadas. Seção XV
Da Ata dos Trabalhos
Art. 489. As decisões do Tribunal do Júri serão tomadas
por maioria de votos. Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão la-
vrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes.

20
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrên- VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para
cias, mencionando obrigatoriamente: proferir sentença e para repouso ou refeição dos jurados;
I – a data e a hora da instalação dos trabalhos; IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a
II – o magistrado que presidiu a sessão e os jurados defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a arguição
presentes; de extinção de punibilidade;
III – os jurados que deixaram de comparecer, com escu- X – resolver as questões de direito suscitadas no curso
sa ou sem ela, e as sanções aplicadas; do julgamento;
IV – o ofício ou requerimento de isenção ou dispensa; XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes
V – o sorteio dos jurados suplentes; ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar
VI – o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento
indicação do motivo; da verdade;
VII – a abertura da sessão e a presença do Ministério XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção
Público, do querelante e do assistente, se houver, e a do de uma das partes, quando a outra estiver com a palavra,
defensor do acusado; podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte
VIII – o pregão e a sanção imposta, no caso de não requerido, que serão acrescidos ao tempo desta última.
comparecimento;
IX – as testemunhas dispensadas de depor; (...)
X – o recolhimento das testemunhas a lugar de onde
umas não pudessem ouvir o depoimento das outras;
XI – a verificação das cédulas pelo juiz presidente;
XII – a formação do Conselho de Sentença, com o re- ARTIGOS 531 A 538 - PROCEDIMENTO
gistro dos nomes dos jurados sorteados e recusas; SUMÁRIO;
XIII – o compromisso e o interrogatório, com simples
referência ao termo;
XIV – os debates e as alegações das partes com os res-
pectivos fundamentos; O rito será comum sumário toda vez que não houver
XV – os incidentes; previsão de procedimento especial e o processo tiver por
XVI – o julgamento da causa; objeto crime abstratamente apenado com sanção máxima
XVII – a publicidade dos atos da instrução plenária, das inferior a 04 anos de PPL.
diligências e da sentença. Também seguirão o rito sumário todos os crimes de
menor potencial ofensivo que forem enviados ao juízo co-
Art. 496. A falta da ata sujeitará o responsável a san- mum para adoção de outro procedimento. Podendo ocor-
ções administrativa e penal. rer em duas hipóteses:
a) Quando o acusado não for encontrado para ser ci-
Seção XVI tado, remetendo-se os autos ao juízo comum para citação
Das Atribuições do Presidente Tribunal do Júri por edital (art. 66, p. Único, Lei nº 9.099/95);
b) Quando o membro do MP requerer a remessa ao juiz
Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribu- por complexidade ou circunstância do caso, que lhe impe-
nal do Júri, além de outras expressamente referidas neste ça de oferecer a denúncia (art. 77, § 2º, Lei nº 9.099/95).
Código: O procedimento sumário é muito semelhante ao ordi-
I – regular a polícia das sessões e prender os desobe- nário, diferenciando-se apenas no seguinte:
dientes; a) Pena máxima;
II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob b) Número máximo de 05 testemunhas para cada par-
sua exclusiva autoridade; te, em relação a cada fato;
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, c) AIJ deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias
excesso de linguagem ou mediante requerimento de uma contados do recebimento da inicial;
das partes; d) Não há previsão do requerimento de diligências por
IV – resolver as questões incidentes que não depen- fato surgido na AIJ;
dam de pronunciamento do júri; e) Não há previsão legal para o oferecimento de me-
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo moriais escritos; porém, a abertura de prazo para memo-
indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e de- riais não ensejará reconhecimento de nulidade.
signar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a
constituição de novo defensor;
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a
realização do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua
presença;
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à
realização das diligências requeridas ou entendidas neces-
sárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;

21
DIREITO PROCESSUAL PENAL

PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO – JUIZA- Nas infrações de menor potencial ofensivo será sempre
DOS ESPECIAIS possível a prisão captura. A prisão captura é sempre pos-
sível desde que haja flagrante delito, porque faz cessar a
Considerações Iniciais prática da infração penal restabelecendo a ordem jurídica.
A lavratura do auto de prisão em flagrante, segunda
Considera-se infrações de menor potencial ofensivo etapa, ficará na dependência da manifestação de vontade
aquelas de pena máxima abstratamente cominada não su- do próprio autor do fato. Porque se o autor do fato assumir
perior a 02 anos, cumulada ou não com multa. São princí- o compromisso de comparecer ao juizado não se lavrará
pios que regem o JECRIM (Juizado Especial Criminal): auto em flagrante cabendo ao delegado providenciar a la-
a) Oralidade; vratura de um termo circunstanciado.
b) Informalidade;
A quebra deste compromisso de comparecer ao juiza-
c) Economia processual;
do não restabelece a prisão em flagrante e nem autoriza
d) Celeridade.
É cabível a prisão em flagrante por crime de menor po- por si só a prisão preventiva. Na verdade, a quebra do com-
tencial ofensivo, a qual, porém, não será imposta se o autor promisso não quer dizer nada, o autor simplesmente será
for imediatamente encaminhado ao juizado ou se compro- intimado em uma nova data para audiência.
meter a comparecer aos atos do processo.
Porém, lembrar que nunca será cabível a prisão em fla- Art. 322. A autoridade policial somente poderá con-
grante pelo art. 28 da Lei de Drogas, mesmo que a pessoa ceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
não se comprometa a comparecer e não seja encaminhada liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Re-
ao JECRIM, já que se trata de crime de ínfimo potencial dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
ofensivo.
Logo, em todos os casos do JECRIM, poderá ser ar-
Fase Preliminar bitrada fiança pela autoridade policial, desde que o delito
No juizado especial criminal estadual ou federal há não seja excluído do benefício.
uma fase preliminar que antecede a instauração da ação Nos casos da lei Maria da Penha, ainda que o crime
penal condenatória, que antecede portanto a própria ins- praticado com violência doméstica ou familiar contra a
tauração do procedimento sumaríssimo. mulher tenha pena máxima que não exceda 2 anos, a au-
Ela se destina basicamente à conciliação, conciliação toridade policial deverá instaurar inquérito, e não elaborar
sob duplo aspecto, sob o aspecto civil (composição dos
termo circunstanciado:
danos civis) e sob o aspecto penal (aplicação imediata de
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e
pena, pena restritiva de direito ou multa, transação penal).
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de-
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento verá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encami- procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código
nhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a de Processo Penal:”
vítima, providenciando-se as requisições dos exames peri- O delegado poderá, em caso de violência doméstica,
ciais necessários. determinar o afastamento do autor do lar ou local de con-
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura vivência com a vítima. Trata-se de um poder especial con-
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou ferido ao delegado tendo em vista a proteção da mulher,
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se impo- já que a espera pelo pronunciamento judicial poderia se
rá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de mostrar irreversivelmente perigoso.
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medi-
da de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de No que concerne ao Estatuto do Idoso:
convivência com a vítima.
Crime do estatuto do idoso cuja pena máxima não ex-
Ocorre no âmbito da autoridade policial, a qual lavrará ceda 2 anos, aplica-se a integralidade da Lei nº 9.099/95,
o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), não se po- termo circunstanciado com possibilidade de transação pe-
dendo falar em inquérito policial ou boletim de ocorrência.
nal, se for o caso composição dos danos civis, suspensão
O IP somente será lavrado se houver conexão com outro
condicional do processo e se for o caso procedimento su-
delito de procedimento diferente ou se o autor for desco-
nhecido. maríssimo. Mas se for crime do estatuto do idoso cuja pena
Instaurando-se inquérito policial, o que não desloca a máxima exceder 2 anos, mas não ultrapassar 4 anos, apli-
competência para a justiça comum, uma vez que a compe- ca-se tão só o procedimento sumaríssimo da lei 9.099/95,
tência do juizado é fixada em razão da matéria, a infração sem seus benefícios. Isso para beneficiar a vítima, já que,
continua sendo de menor potencial ofensivo. em tese (bem em tese mesmo), o procedimento do JECRIM
Após lavrado o TCO, o delegado imediatamente enca- é mais célere.
minhará o autor ao JECRIM ou dele tomará compromisso Para pena superior a 4 anos aplica-se o procedimento
de comparecer, sem dar voz de prisão em flagrante e nem ordinário do código, aí não se cogita mais do procedimen-
exigir fiança. to sumaríssimo.

22
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Audiência Preliminar Tourinho Neto (Juizados Especiais Cíveis e Criminais


Estaduais) defende que o particular poderá oferecer a tran-
Presentes o autuado, a vítima, advogados, responsável sação quando a ação penal for privada. Porém, isso não
civil e o órgão do MP, o juiz estimulará a COMPOSIÇÃO está no sentido da melhor doutrina e jurisprudência es-
CIVIL DOS DANOS (art. 74), mediante indenização ou re- magadora.
tratação do autor do fato. Geralmente esse estímulo é feito São três os momentos da transação:
por intermédio de conciliador. a) Proposta formulada pelo Ministério Público: formu-
O MP não é parte na tentativa de composição civil dos lada a proposta, sobre ela se manifestará o autor do fato,
danos na ação penal privada e na pública condicionada, contando com a assistência de seu defensor. De acordo
visto que somente o titular do direito jurídico ofendido com a jurisprudência do Supremo, é caso de nulidade ab-
soluta a transação penal celebrada sem a presença do De-
pode dele dispor. Ele atua somente como fiscal.
fensor. No entanto, só é necessário que o defensor esteja
Porém, a composição de danos civis não extingue a
presente a fim de dar assistência técnica ao réu. A vontade
punibilidade quando se tratar de ação pública incondicio- deste sempre prevalecerá para fins de aceitação ou não da
nada. Nesse caso, ela não impede nem a transação penal e proposta.
nem se for o caso a denúncia. Assim, não sendo caso de arquivamento, o MP propo-
Obtida a conciliação pelo juiz ou conciliador, será la- rá a transação , que não será cabível quando:
vrado por escrito o acordo e será homologado mediante i. O autor já tiver sido definitivamente condenado pela
sentença irrecorrível, o qual terá eficácia de título executivo prática de crime a PPL, desde que não afastada a reinci-
judicial, que evidentemente deverá ser executado no cível. dência face o decurso do prazo de 05 anos;
Tratando-se de ação penal privada ou pública condi- ii. O agente tenha sido beneficiado com a transação
cionada, o acordo homologado acarreta renúncia ao direi- nos últimos 05 anos;
to de queixa ou de representação. É o acordo que possui iii. Não o indicarem seus antecedentes, conduta social
natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, e não e personalidade, bem como os motivos e circunstâncias
seu cumprimento. do crime.
Se obtida a composição dos danos civis em ação pú- b) Homologação: aceita a transação, o juiz prolatará
blica incondicionada, prossegue-se com os demais termos sentença extintiva de punibilidade homologatória do acor-
do procedimento. Qual o sentido do réu se comprometer do, apelável, não importando em reconhecimento de cul-
a indenizar se o processo irá continuar? A diminuição da pa e nem reincidência, não terá efeitos civis (para ajuizar
ação de indenização). Ela deve ser registrada para o fim
pena, por se constituir em atenuante genérica prevista no
único de impedir que o autor do fato se beneficie de nova
art. 63, III, b, do CP.
transação penal no prazo de cinco anos.
Se não obtida a composição civil dos danos, e se ainda Se houver descumprimento dos termos da transação
não tiver a vítima representado, ela ainda poderá fazê-lo pelo réu, o STF entende que pode ser oferecida a denúncia:
desde que não tenha decorrido o prazo decadencial de seis
meses contados do conhecimento da autoria do fato. Código Processual Penal
Aos crimes de trânsito em que forem causadas lesões
corporais e aos crimes contra o idoso cuja pena não ultra- CAPÍTULO V
passe 04 anos, aplica-se o procedimento do JECRIM. DO PROCESSO SUMÁRIO

Transação Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a


ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proce-
Prevista no art. 76 da lei, trata-se de um acordo que der-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possí-
envolve o órgão acusatório e o autor do fato, visando a vel, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação
imposição de multa ou PRD (nunca de pena privativa de e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
liberdade, já que é a liberdade é bem indisponível), imedia- 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos
tamente, sem a necessidade do devido processo legal, não peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
havendo discussão sobre culpa. Como visto anteriormen- coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
dendo-se, finalmente, ao debate.(Redação dada pela Lei
te, trata-se de exceção ao princípio da obrigatoriedade da
nº 11.719, de 2008).
ação penal, pois em se materializando a transação, impe-
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5
dido restará o oferecimento da denúncia. Evidentemente, (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5 (cinco)
então, que a proposta de transação é feita antes do ofere- pela defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
cimento da denúncia. Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o dis-
Somente pode haver transação em ação penal pública, posto nos parágrafos do art. 400 deste Código. (Redação
tanto condicionada quanto incondicionada, não podendo dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
o MP propor a transação se o crime for de ação penal pri- § 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
vada, já que ele não pode dispor do que a ele não pertence. § 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Tampouco pode o querelante oferecer, evidentemente, a § 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
transação penal. § 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo- A restauração pode ser total, nos casos de perda ou
se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo destruição completa e definitiva dos autos. E pode ser par-
prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), cial, quando houver extravio ou destruição de algum ele-
proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela Lei mento material do processo, ou inutilização de algumas
nº 11.719, de 2008). peças ou documentos dos autos (Espínola Filho, 2000, p.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto 427).
para a defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei Neste caso (perda parcial), não há pressuposto válido
nº 11.719, de 2008).
para a restauração dos autos, pois os autos não precisam
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a ma-
nifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, pror- ser reconstituídos, mas apenas alguns dos seus elementos.
rogando-se por igual período o tempo de manifestação da Desse modo, a restauração é instaurada como inciden-
defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). te nos próprios autos remanescentes, hipótese em que a
Art. 535. Nenhum ato será adiado, salvo quando im- decisão final que declara a restauração possui a natureza
prescindível a prova faltante, determinando o juiz a condu- de decisão interlocutória [03], desafiando recurso próprio
ção coercitiva de quem deva comparecer. (Redação dada e não apelação.
pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Procedimento
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 536. A testemunha que comparecer será inquirida, Extraviados, destruídos (por inundações, fogo ou outra
independentemente da suspensão da audiência, obser-
causa), inutilizados, desaparecidos, subtraídos ou escondi-
vada em qualquer caso a ordem estabelecida no art. 531
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). dos, e não havendo cópia autêntica ou certidão do proces-
Art. 537. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). so, os autos originais de processo penal serão restaurados
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial no juízo onde tramitou o feito em competência originária
ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar [04]. Se estiver em grau de recurso no Tribunal e for extra-
ao juízo comum as peças existentes para a adoção de ou- viado, a restauração dar-se-á na primeira instância. Se se
tro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário tratar, todavia, de ação originária de competência da se-
previsto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 11.719, gunda instância (Tribunal de Justiça), a restauração far-se-á
de 2008). no respectivo Tribunal (Mirabete, 1994, p. 617).
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
A rigor, restaurar é consertar, recuperar, repor em bom
§ 3o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). estado. Pode restaurar-se, por exemplo, um documento es-
tragado pela chuva ou chamuscado pelo fogo. No caso de
total destruição ou extravio seria mais apropriado falar em
nova produção, isto é, em reprodução. Mas é claro que a
ARTIGOS 541 A 548 - DO PROCESSO
lei empregou o vocábulo restauração em sentido amplo,
DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS abrangente da renovação (Tornaghi, 1981, pp. 294-295).
OU DESTRUÍDOS
Se existirem autos suplementares (cópia autêntica –
CPP, art. 232) ou certidão do processo, um ou outro subs-
tituirá os autos originais, prosseguindo o processo. Não
PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRA-
VIADOS OU DESTRUÍDOS existindo nem uma coisa nem outra (autos suplementares
ou certidão do processo), o juiz, de ofício ou atendendo
O procedimento de restauração de autos no proces- a requerimento de qualquer das partes, deverá adotar as
so penal é um incidente processual e pode ocorrer por seguintes providências preliminares:
iniciativa oficial ou a requerimento das partes (Ministério
Público/querelante ou réu). O mesmo ocorre no proces- I- determinar que o escrivão certifique o estado do
so civil (Miranda, 1977, p. 156), embora a redação da lei processo, segundo a sua lembrança (a chamada “certidão
possa suscitar algumas dúvidas (CPC, art. 1.063: “Verificado de lembrança”), e reproduza o que houver a respeito em
o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes seus protocolos e registros;
promover-lhes a restauração”)
II- requisitar cópias do que constar a respeito no Insti-
Os autos do processo têm a natureza de documento
público e constituem instrumento para o exercício da ju- tuto Médico-Legal, no Instituto de Identificação e Estatísti-
risdição. Sua restauração, portanto, é matéria de ordem ca ou em estabelecimentos congêneres, repartições públi-
pública e de interesse da Justiça. Daí a legitimidade que cas, penitenciárias ou cadeias;
tem o juiz para determinar, ex officio, a restauração. Mas
o processo de restauração só tem realmente início regular III- determinar citação pessoal das partes, ou, se não
quando as partes são intimadas. É fórmula essencial, cuja forem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias,
inobservância gera nulidade absoluta (cf. tópico 4). para o processo de restauração dos autos.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Intimação das partes Ao julgador impõe-se a necessidade de conduzir o fei-


to restaurativo de forma regular e observando os possíveis
Uma das providências preliminares de importância vícios capazes de gerar nulidade, pois como no curso do
fundamental é a “citação” das partes. A ausência de tal me- incidente não há interrupção da prescrição, boa parte dos
dida é causa de nulidade absoluta ab initio, aplicando-se o acusados aproveita a ocasião para procrastinar a restaura-
art. 564, III, “e”, do Código de Processo Penal [05]. Embora ção de forma a alcançar essa causa extintiva de punibili-
o Código faça referência à citação das partes, o ideal é falar dade.
em intimação, pois se trata de um chamamento para par- Se ao cabo de todas as diligências restaurativas, resul-
ticipar de um procedimento incidental e não na formação tar impossível a restauração dos autos, a decisão a ser pro-
de uma nova relação processual, visando à condenação de ferida é a de declaração de nulidade do processo original,
alguém. A intimação por edital é possível unicamente para desde o início, por violação aos princípios constitucionais
o réu e para o ofendido, quando este for parte, pois o Mi- do devido processo legal e da ampla defesa.
nistério Público é sempre localizado pessoalmente (Nucci,
2008, p. 883). Código Processual Penal
Audiência de restauração CAPÍTULO VI
DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Na data designada para a audiência de restauração, as
partes são ouvidas e podem apresentar certidões, reprodu- EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
ções que tenham sobre o processo, expor o que se recor-
dam do processo e apresentar testemunhas (para provar Art. 541. Os autos originais de processo penal extra-
o teor dos autos desaparecidos). Tudo deve ser reduzido viados ou destruídos, em primeira ou segunda instância,
a termo, especificando-se os pontos em que estiverem de serão restaurados.
acordo. § 1o Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão
A contribuição das partes para o procedimento de res- do processo, será uma ou outra considerada como original.
tauração é fator decisivo, incumbindo-lhes, além da obri- § 2o Na falta de cópia autêntica ou certidão do proces-
gação de apresentar certidões e cópias que possuam, o so, o juiz mandará, de ofício, ou a requerimento de qual-
dever de, sincera e lealmente, controlarem a reconstituição, quer das partes, que:
por memória, dos pontos não documentados, e o de cola- a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo
borarem, seriamente, nesse trabalho (Espínola Filho, 2000, a sua lembrança, e reproduza o que houver a respeito em
p. 430).
seus protocolos e registros;
Onde houver concordância entre as partes, dá-se como
incontroverso e certo o fato ou o ato, consignando-se no b) sejam requisitadas cópias do que constar a respei-
termo, que passará a compor os autos restaurados. Os do- to no Instituto Médico-Legal, no Instituto de Identificação
cumentos apresentados pelo escrivão (como a “certidão de e Estatística ou em estabelecimentos congêneres, reparti-
lembrança”, por exemplo) e por outras autoridades podem ções públicas, penitenciárias ou cadeias;
ser contrasteados pelas partes. c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não
Nesta audiência, pode o juiz determinar algumas dili- forem encontradas, por edital, com o prazo de dez dias,
gências: reinquirição de testemunhas (caso não tenha sido para o processo de restauração dos autos.
proferida sentença nos autos originais), exames periciais, § 3o Proceder-se-á à restauração na primeira instância,
prova documental (por meio de cópia autêntica ou de tes- ainda que os autos se tenham extraviado na segunda.
temunhas que conheçam o teor do documento), inquirição
de autoridades, serventuários, peritos e outras pessoas que Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas,
tenham funcionado no processo original etc. mencionando-se em termo circunstanciado os pontos em
É importante observar que a prova deve ser conduzi-
que estiverem acordes e a exibição e a conferência das
da para reproduzir os autos perdidos e não para refazer
certidões e mais reproduções do processo apresentadas e
a instrução sob outros enfoques (Nucci, 2008, p. 884). Tal
postura é vedada ao juiz e às partes. As testemunhas, por conferidas.
exemplo, não poderão depor como se estivessem tomando
parte da audiência na ação principal. Apenas deverão ser Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias
inquiridas sobre o que foi dito na audiência de que não se para a restauração, observando-se o seguinte:
tem notícia.1 I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença,
reinquirir-se-ão as testemunhas podendo ser substituídas
Destarte, o incidente de restauração dos autos no pro- as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não
cesso penal apresenta alguns aspectos que merecem es- sabido;
pecial atenção para evitar nulidades absolutas. Dois desses II - os exames periciais, quando possível, serão repeti-
aspectos merecem destaque: I- a intimação pessoal das dos, e de preferência pelos mesmos peritos;
partes para a audiência de restauração; II- a vedação de III - a prova documental será reproduzida por meio de
discutir sobre qualquer ponto de direito ou de fato da cau-
cópia autêntica ou, quando impossível, por meio de teste-
sa principal.
munhas;
1 (Junior/Andrade Nery, 2003, p. 1.199).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do não ter caráter absoluto, já que pode ser limitado por lei
processo, que deverá ser restaurado, as autoridades, os (Podemos citar como exemplo, a turma recursal nos juiza-
serventuários, os peritos e mais pessoas que tenham nele dos, ela é órgão de 1ª instância).
funcionado;
V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer Argumentos para confirmação de sua natureza cons-
testemunhas e produzir documentos, para provar o teor do titucional:
processo extraviado ou destruído. a. Previsão do Recurso Especial na Constituição Federal
Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de de 1.988
força maior, deverão concluir-se dentro de vinte dias, serão b. Previsão do devido processo legal, com todos os re-
os autos conclusos para julgamento. cursos (em sentido estrito) e meios a ele inerentes.
c. Artigo 5º, § 2º, prevê que os direitos e garantias de
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de tratados internacionais não será excluído pelos outros pre-
subirem os autos conclusos para sentença, o juiz poderá, vistos no mesmo artigo. O pacto de São José da Costa Rica
dentro em cinco dias, requisitar de autoridades ou de re- prevê o duplo grau de jurisdição. Entendem que o tratado
partições todos os esclarecimentos para a restauração. ingressaria como regra constitucional e não como infra-
constitucional. O STF entende que o ingresso é em nível
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos infra-constitucional.
autos originais, não serão novamente cobrados. A Convenção Interamericana de Direitos Humanos
(Pacto de San José da Costa Rica) prevê em seu artigo 8o o
direito do réu ao duplo grau de jurisdição.
Art. 546. Os causadores de extravio de autos respon-
No direito brasileiro, somente não cabe recurso de ape-
derão pelas custas, em dobro, sem prejuízo da responsabi- lação nas condenações proferidas em exercício de compe-
lidade criminal. tência originária dos tribunais. Essa é posição firme do STF.

Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos A corrente majoritária define recurso como um desdo-
valerão pelos originais. bramento do direito de ação ou de defesa. Trata-se de uma
Parágrafo único. Se no curso da restauração aparece- continuidade da relação jurídica processual, a qual persis-
rem os autos originais, nestes continuará o processo, apen- tirá em fase recursal.
sos a eles os autos da restauração.
Efeitos Recursais
Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a) Efeito devolutivo: trata-se da devolução ao juízo da
a sentença condenatória em execução continuará a produ- matéria recorrida, sendo apreciada por órgão de superior
zir efeito, desde que conste da respectiva guia arquivada na hierarquia.
cadeia ou na penitenciária, onde o réu estiver cumprindo a b) Efeito suspensivo: aquele que paralisa a eficácia da
pena, ou de registro que torne a sua existência inequívoca decisão recorrida.
c) Efeito regressivo, iterativo, reiterativo ou diferido:
(...) aquele pelo qual a lei autoriza, em alguns recursos, que o
mesmo órgão prolator da decisão exerça o juízo de retrata-
ção. É cabível nos seguintes recursos:
i. Agravo em execução;
ii. Recurso em sentido estrito;
ARTIGOS 574 A 667 - RECURSOS
iii. Correição parcial;
EM GERAL; iv. Embargos infringentes;
v. Carta testemunhável.
d) Efeito extensivo: ocorre na hipótese de concurso de
agentes, quando a decisão do recurso interposto por um
Recursos dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveita aos demais corréus (art.
Recurso é o meio voluntário destinado à impugnação 580, CPP).
das decisões. Ele é admitido somente dentro da mesma
Competência Recursal
relação processual e possui a finalidade de invalidar, es-
clarecer ou reformar a decisão impugnada, sendo o direito Os recursos serão julgados pelos Tribunais, exceto no
recursal um verdadeiro direito potestativo. caso de Juizados Especiais, em que serão pelas Turmas Re-
cursais, e dos embargos de declaração em face de juízo
Os Fundamentos dos recursos são: falibilidade das pes- singular, que serão julgados pelo próprio juízo.
soas; fundamento político reside na maior confiabilidade Interpostos, eles serão distribuídos, no âmbito dos
nas decisões colegiadas; duplo grau de jurisdição. Tribunais de Justiça, a uma de suas Câmaras Criminais; no
O princípio do duplo grau de jurisdição suscita a dúvi- âmbito dos Tribunais Regionais Federais, a uma de suas
Turmas. No STJ e no STF, também irão para as Turmas, salvo
da se tem ou não assento constitucional. A posição majori- se algum caso provocar a competência direta da Seção ou
tária é a de que ele tem respaldo constitucional, apesar de do Pleno.

26
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Importante esclarecer que existem exceções: e) Conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a
fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou re-
Caso um RESE ou um Habeas Corpus for impetrado vogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão
perante o Tribunal, ficará o órgão colegiado prevento para em flagrante: note-se que essa hipótese se refere a recurso
conhecer dos recursos que forem interpostos em face da colocado à disposição do MP para combater a negativa/
decisão final do órgão a quo. não manutenção da prisão. Ou seja, é um recurso eminen-
Por exemplo, se um juiz federal prolata sentença, a Tur- temente acusatório. Nos casos de concessão da liberdade,
ma do TRF a que vinculado, que antes conhecera de RESE, o RESE não será recebido com efeito suspensivo.
deverá conhecer da apelação. Ignorada essa regra, ter-se-á f) Julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor:
caso de nulidade relativa. hipótese na qual o recurso terá efeito suspensivo apenas
para impedir a implementação da sanção pecuniária, qual
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO seja, perda de metade ou de toda a fiança.
(arts. 581 a 591) g) Decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, ex-
tinta a punibilidade: não caberá RESE, entretanto se a hipó-
O RESE é o recurso cabível nas taxativas hipóteses do tese se der no curso da fase de execução. Nessa hipótese,
o recurso sobe nos próprios autos.
art. 581 do CPP. Ele tem por características principais per-
h) Indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição
mitir o juízo de retratação (efeito regressivo ou iterativo);
ou de outra causa extintiva da punibilidade: idem do an-
logo, poderá ser reformado pelo próprio juízo a quo ou terior.
pelo órgão ad quem. i) Conceder ou negar a ordem de habeas corpus: so-
A prazo de interposição do Recurso em sentido estrito mente no caso de decisão de juiz singular. Trata-se do HC
é de 05 dias, podendo ser por petição de interposição ou dirigido contra ato de autoridade policial a ser julgado pelo
por termo nos autos. Na petição, deve-se pedir o juízo de juiz (se fosse contra ato do juiz, seria julgado pelo tribunal).
retratação. As razões poderá ser apresentadas imediata- Porém, nesse caso, é admitido HC substitutivo ao RESE en-
mente ou em separado. dereçado ao próprio tribunal, já que o processamento do
Se em separado, o prazo para arrazoar será de 02 dias, RESE é muito demorado. Nessa hipótese, o recurso sobre
contados da interposição do recurso ou do dia em que o nos próprios autos.
escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente j) Que anular o processo da instrução criminal, no todo
(art. 588). ou em parte;
Se o recorrido for o réu, será intimado na pessoa de k) Denegar a apelação ou a julgar deserta;
l) Ordenar a suspensão do processo, em virtude de
seu defensor.
questão prejudicial: se não ordenar, não cabe RESE.
m) Decidir o incidente de falsidade;
Cabimento Todos os demais casos do art. 581 são, agora, julgados
mediante agravo em execução, não sendo mais cabível o
Ele é cabível contra decisão, despacho ou sentença, RESE.
nos termos do art. 581, e sempre que a lei especial não
excepcionar a aplicação do sistema recursal do CPP. Hipó- Processamento
teses (decisão, despacho ou sentença que):
a) Não receber a denúncia ou a queixa: se for o caso Regra geral, a petição do recurso é dirigida ao juiz da
de recebimento, cabe também HC. O não recebimento no decisão recorrida, enquanto as razões e contrarrazões são
JECrim enseja apelação. Nessa hipótese, o recurso sobre dirigidas ao tribunal (isso significa que elas são apresenta-
nos próprios autos. Também caberá RESE se rejeitada a de- das perante o próprio juiz, mas o advogado deve “dialogar”
núncia ou queixa. com o tribunal).
Quando o recurso tiver que subir por instrumento, a
b) Concluir pela incompetência do juízo: trata-se da
parte deverá indicar, na petição ou no termo, as peças dos
decisão declinatória de competência, como no caso da
autos que pretenda traslado (art. 587).
decisão desclassificatória no rito do júri. Se concluir pela Recebendo o recurso, o juiz apontará os efeitos que lhe
competência não cabe o RESE. atribui, os quais são, em geral, o devolutivo e o regressivo.
c) Julgar procedentes as exceções, salvo a de suspei- Depois de devidamente instruído o RESE, aí sim o juiz se
ção: inclui-se aqui as exceções de litispendência, de coisa manifestará sobre a retratação ou não, no prazo de 02 dias,
julgada e de legitimidade de parte. Se rejeitadas tais exce- mandando instruir o recurso com os traslados que lhe pa-
ções, a decisão será irrecorrível. Nessa hipótese, o recurso recerem necessários.
sobre nos próprios autos. Na remota hipótese do juiz exercer o juízo de retrata-
d) Pronunciar o réu: contra a impronúncia cabe apela- ção, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer
ção. Nessa hipótese, o recurso sobre nos próprios autos, da nova decisão, se couber recurso, não podendo mais o
salvo se houver mais de um réu e ele não quiser recorrer/ juiz modificá-la. Independentemente de novas razões, o re-
não tiver sido ainda intimado. curso subirá (art. 589, p. único).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Isso quer dizer que, se tiver sido interposto RESE e o Súmula 428, STF: “Não fica prejudicada a apelação en-
juiz exerceu a retratação, esta somente será efetiva se a tregue em Cartório no prazo legal, embora despachada
parte contrária não se manifestar. Se ela “chiar”, deverá o tardiamente”.
recuso obrigatoriamente ser remetido ao tribunal. A interposição poderá ou não ser acompanhada das
No caso do RESE contra decisão de pronúncia, que razões. Caso não, o apelante e apelado terão, nessa ordem,
será recebido também com efeito suspensivo, tal efeito o prazo de 08 dias para arrazoar, salvo nos processos de
suspenderá somente o julgamento misto do Conselho de contravenção penal, em que o prazo será de 03 dias. Ha-
sentença, não suspendendo eventual ordem de prisão dela vendo assistente de acusação, este arrazoará no prazo de
decorrente. 03 dias após o MP (art. 600, caput e § 1º).
Julgamento Cabimento
Será semelhante ao da apelação, com a ressalva de que A verificação do cabimento, em processo penal, não
não haverá, em hipótese alguma, a figura do revisor. Os au- deve se basear na natureza do ato processual recorrido.
tos serão distribuídos a um relator, seguindo para o Procu- Isso porque em muitos casos em que se prolata sentença
rador emitir parecer no prazo de 05 dias. Depois retornam caberá RESE, e não apelação. As hipóteses de cabimento
ao relator novamente, que pede dia de julgamento e sua do recurso estão elencadas no art. 593 do CPP, que são:
inclusão na pauta. a) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvi-
Caberá sustentação oral por 10 minutos. Caso o rela- ção proferidas por juiz singular;
tor seja vencido, o primeiro votante que abriu a dissidência b) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas,
será o responsável por elaborar o relatório. proferidas por juiz singular nos casos em que não couber
RESE; essa hipótese é estranha
APELAÇÃO c) Das decisões do Tribunal do Júri, quando:
(arts. 593 a 603, CPP) i. Ocorrer nulidade posterior à pronúncia: hipótese de
error in procedendo. Deverá o tribunal anular o procedi-
A apelação é um recurso residual em relação ao Recur- mento e todos os atos decisórios posteriores, determinan-
so em Sentido Estrito, uma vez que deve se deve-se certi- do a renovação dos atos.
ficar que da decisão que se quer recorrer não cabe RESE. ii. For a sentença do juiz-presidente contrária à lei ex-
Somente após será cabível, em tese, apelação. pressa ou à decisão dos jurados: hipótese de error in proce-
A apelação é recurso manejável pela parte para o fim dendo. Deverá o próprio tribunal corrigir a decisão.
de que seja uma decisão ou sentença reformada ou anula- iii. Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da
da pelo órgão de jurisdição de segundo grau. pena ou da medida de segurança: hipótese de error in pro-
Porém, em relação ao júri, o Tribunal não poderá refor- cedendo. Deverá o tribunal corrigir a própria decisão.
mar o mérito da decisão. iv. For a decisão dos jurados manifestamente contrária
O tribunal ad quem se restringirá, na apelação da de- à prova dos autos: hipótese de error in judicando. Nesse
cisão do Conselho de Sentença, a reformar a aplicação do caso, se os jurados reconhecerem qualificadora, poderá a
direito que foi dada pelo juiz-presidente do tribunal popu- mesma ser excluída pelo Tribunal, em sede de apelação,
se manifestamente contrária a decisão à prova dos autos.
lar, não modificando o que decidido pelos jurados. Quando
d) Contra a sentença de impronúncia ou absolvição su-
for a hipótese de modificação do que o Conselho decidiu,
mária (art. 415): nessa hipótese cabia, antes, RESE.
o órgão de segundo grau deverá nulificar a decisão para
Enquanto nas sentenças definitivas de condenação ou
mandar o acusado a novo julgamento. absolvição prolatadas por juiz singular o tribunal poderá
A apelação poderá ser plena ou ampla ou parcial, limi- apreciar amplamente as questões decididas, no tribunal do
tada ou restrita, dependendo do objeto recursal ser todos Júri não se poderá adentrar em matéria fática. Assim, na
os pontos decididos na decisão ou não. hipótese IV acima, haverá anulação do julgamento e novo
A extensão do recurso será medida pela petição de in- Júri será marcado para o réu.
terposição; se nesta não for feita a delimitação do objeto Caso o tribunal verifique a existência de qualquer qua-
recursal, presume-se que a parte apelou de forma ampla, lificadora não acatada pelos jurados, sendo a apelação da
sendo vedada a limitação do apelo nas razões recursais, acusação, deverá anular o julgamento com base na decisão
podendo o tribunal analisar todo o julgado manifestamente contrária à prova dos autos.
De acordo com o art. 593, § 4º, quando cabível a ape-
Interposição lação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra. Assim,
A apelação será interposta por petição ou termo nos vê-se que, apesar de a apelação ser recurso residual em
autos , como regra, no prazo de 05 dias, sendo aferida sua relação ao RESE, já que não caberá nas hipóteses em que
tempestividade pela data da interposição. ele for cabível, ela prevalecerá se a decisão for hipótese de
Súmula 320, STF: “A apelação despachada pelo juiz no apelação e de RESE ao mesmo tempo.
prazo legal não fica prejudicada pela demora da juntada Por isso que se fala que a apelação goza de primazia
por culpa do Cartório”. em relação ao RESE.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Processamento notar que a hipótese de cabimento é mais extensa do que


no processo civil, já que a ambiguidade não está prevista
Inicialmente, deve-se ater à questão do juízo de ad- no recurso civilista.
missibilidade recursal, devendo-se analisar o cabimento,
tempestividade, legitimidade e interesse. Julgamento
Recebida a apelação pelo órgão de primeiro grau, se-
rão atribuídos, em regra, os efeitos devolutivo e suspensivo O juiz de primeiro grau proferirá sentença ou julga-
(art. 597), ressalvada a fundamentação em sentido contrá- mento, acolhendo ou rejeitando os embargos, conforme o
rio. Porém, se absolvido o réu, a apelação do MP não im- caso. A partir da intimação da decisão, o prazo para os de-
pedirá que ele seja posto imediatamente m liberdade (art. mais recursos será integralmente devolvido, salvo no caso
596, caput), caso estivesse preso provisoriamente. do JEcrim.
O apelante, se não quiser arrazoar perante o juízo de A natureza jurídica da decisão que julga os embargos é
primeiro grau, poderá, se requerer expressamente na peti-
exatamente a mesma da decisão embargada.
ção de interposição no no termo, arrazoar diretamente pe-
Esse é o motivo pelo qual, se o embargo de declaração
rante o tribunal, o qual abrirá vistas às partes (art. 600, § 4º).
tiver sido interposto contra acórdão, deverá ele ter relator
e deverá ser julgado mediante acórdão.
A competência para julgar a apelação é do tribunal ao
Caso o relator indefira monocraticamente o embargo
qual está vinculado o juiz prolator da sentença, podendo
de declaração, contra tal decisão caberá agravo, no prazo
ser um TJ ou TRF. Ao chegar ao tribunal, o processo é dis-
de 05 dias.
tribuído por sorteio a um relator, o qual, caso não tenha
subido o recurso já com as razões, abrirá prazo para serem
ofertadas. REVISÃO CRIMINAL (ARTS. 621 A 631, CPP)
No tribunal, será aberta vista ao MP para oferecer pare-
cer, no prazo de 05 dias, o qual poderá opinar pelo segui- Fundamentos
mento ou não e pelo provimento ou não.
Sobre esse parecer do MP, a defesa sempre se insurge É ação autônoma de impugnação que tem o objeti-
alegando que ofende ao princípio do contraditório, pois o vo de reexaminar sentença condenatória ou decisão con-
órgão quase sempre corroboraria a tese da acusação denatória proferida por tribunal, que tenha transitado em
julgado.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (arts. 382 e 619, CPP) A ação de revisão criminal só é possível em favor do
acusado condenado e, diferentemente da ação rescisória
Embargos de Declaração encontra-se previsto no art. civil, não possui prazo de ajuizamento e não exige caução
382 para pedir ao juiz, no prazo de 02 dias, que declare a (salvo no juízo militar, que pode ser utilizada pela acusa-
sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigui- ção).
dade, contradição ou omissão. Ela possui natureza jurídica constitutiva negativa, en-
Embargos de declaração, previstos no art. 619, seriam volvendo o juízo rescindente e o juízo rescisório. Caso seja
os embargos aos acórdãos proferidos pelos tribunais de julgada procedente, a sentença poderá implicar na altera-
apelação, câmaras ou turmas, também no prazo de 02 dias. ção da classificação da infração, na absolvição do réu, na
O rito para ambos é exatamente o mesmo, devendo modificação da pena ou na anulação do processo, sem pre-
ser endereçados ao órgão prolator da decisão. Além dis- juízo de novo julgamento perante o juiz competente.
so, apesar de a lei não mencionar, ambos cabem também
contra decisão interlocutória. Entretanto, não é necessária Principais Características
a interposição para corrigir erros materiais, o que pode ser
feito a qualquer tempo, de ofício ou mediante simples pe- a) Súmula 393/STF o réu não precisa estar preso;
tição nos autos. b) Cabe ao réu a comprovação do trânsito em julgado
(mediante certidão);
Processamento c) Há relator e há revisor;
d) Cabimento perante o TJ ou TRF, STJ ou STF, jamais
Não há se falar em efeito suspensivo ou regressivo, perante juízo de 1º grau;
apenas devolutivo. A interposição de embargos interrompe e) Não se admite reiteração do pedido, salvo se funda-
o prazo para a interposição de outros recursos; suspende, do em novas provas;
no entanto, em se tratando de JECrim. f) Efeito extensivo, aproveitando ao corréu que não
Nos embargos de declaração, não se deve abrir vistas participou do processo.
para a outra parte contra-arrazoar, a não ser que se quei-
ra conferir-lhes efeitos infringentes (modificativos). Nesse Cabimento
caso, a parte contrária deve ser intimada.
O recurso independe de preparo; além disso, é de fun- Admite-se a revisão nas seguintes hipóteses:
damentação vinculada, já que só pode versar sobre ambi- a) Quando a sentença condenatória for contrária ao
guidade, omissão, contradição ou obscuridade. Importante texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;

29
DIREITO PROCESSUAL PENAL

b) Quando a sentença condenatória se fundar em de- Propositura


poimentos, exames ou documentos comprovadamente fal-
sos; A revisão deve ser ajuizada por petição, perante o tribu-
c) Quando, após a sentença, se descobrirem novas pro- nal competente, sendo o requerimento instruído com a cer-
vas de inocência do condenado ou de circunstância que tidão do trânsito em julgado e com as peças necessárias à
determine ou autorize diminuição da pena. comprovação dos fatos arguidos. Ela poderá ser processada
São requisitos da revisão criminal: em apenso aos autos da execução, desde que não dificulte
a) Trânsito em julgado da decisão penal condenatória; a execução da sentença (art. 625, § 2º).
b) A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo,
ANTES DA EXTINÇÃO DA PENA OU APÓS (art. 622); Rito da Revisão Criminal
c) Existência de fatos novos, que não importem mera
reiteração do pedido do processo de conhecimento. A inicial deverá ser distribuída a um relator e, depois,
Não se admite revisão criminal tendente a reexaminar a um revisor, devendo funcionar como relator um desem-
decisão absolutória ou que reconhece a prescrição para bargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer
obter motivo de absolvição mais benéfico ao acusado. En- fase do processo
tretanto, é cabível revisão criminal contra sentença absolu-
tória imprópria (porque aplica medida de segurança). RECURSO EXTRAORDINÁRIO
NÃO cabe revisão criminal em se tratando de sentenças (105, III, CR/88 – 667/668 Código Processual Penal)
concessivas de perdão judicial e de pronúncia.
A revisão criminal é cabível contra toda e qualquer de- É uma impugnação extraordinária, pois somente pode
cisão condenatória, inclusive as proferidas pelo tribunal do tratar de questões de direito, federal ou constitucional, sem
júri. A soberania dos veredictos é uma garantia para o réu, revolvimento de matéria fática e cabíveis em taxativas hi-
mas a revisão é uma garantia maior e mais importante. Por póteses.
isso é que o TJ ou TRF pode rever a decisão dos jurados, em Visa o RE a assegurar a inteireza positiva, a autoridade
sede de revisão. Nesse caso, faz-se uma ponderação entre e a uniformidade de interpretação da Constituição, nas se-
o princípio da soberania e da ampla defesa, e conclui-se no guintes situações:
sentido de o último deve prevalecer, a fim de não se perpe- a) Decisão que contrariar dispositivo da Constituição;
tuar injustas privações da liberdade humana. b) Decisão que declarar a inconstitucionalidade de tra-
Porém, essa revisão não pode ter por efeito adentrar tado ou lei federal;
no mérito da condenação e inocentar o réu, caso contrário c) Decisão que julgar válida lei local contestada em face
haveria ofensa à soberania dos veredictos. O que o tribunal de lei federal;
revisor deve fazer é determinar a sujeição do réu a novo júri. d) Decisão que julgar válida lei ou ato de governo local
contestado em face da Constituição.
Processamento e Julgamento
Nesses recursos, que têm natureza política, nunca po-
derá ser feito reexame de questões de fato, probatórias,
Competência
caso contrário serviriam como uma segunda apelação.
Nesse sentido:
Ao STF e STJ competem processar e julgar a revisão
Súmula 279, STF: “Para simples reexame de prova não
criminal de seus próprios julgados. Aos TRF’s, processar e
cabe recurso extraordinário”.
julgar a revisão de seus próprios julgados e dos julgados
O que não se admite é o simples reexame de provas
dos juízes federais. Aos TJ’s, de seus próprios julgados e os
que foram aceitas ou rejeitadas pelo órgão inferior como
dos juízes estaduais.
base da decisão recorrida. Não se exclui, entretanto, a rea-
Legitimidade Ad Causam preciação de questões atinentes à disciplina legal da prova
e também à qualificação jurídica de fatos assentados nos
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu julgamentos de recursos ordinários.
ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de É imperioso, também, que haja o prequestionamento,
morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou o qual só se caracteriza se a questão constitucional for ven-
irmão. tilada nos votos vencedores. Importante ressaltar que os
A revisão pode ser pedida pelo próprio réu ou por pro- embargos declaratórios são instrumentos bastante utiliza-
curador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, dos para fins de prequestionamento, forçando um pronun-
pelo CADI. O Ministério Público pode propor revisão, desde ciamento do juiz sobre a matéria.
que em favor do condenado (art. 127, CR/88). Isso, entre- Súmula 282, STF: “É inadmissível o recurso extraordiná-
tanto, é algo que não é aceito por toda a doutrina. rio, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão
A LEGITIMIDADE PASSIVA É DA UNIÃO OU DO ESTADO, federal suscitada”.
A DEPENDER DA ESFERA NA QUAL FOI PROLATADA A DE-
CISÃO. O MP NÃO SERÁ CITADO, SERÁ APENAS INTIMADO
PARA EMITIR PARECER COMO CUSTOS LEGIS.

30
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Interposição Logo, o primeiro fim do recurso é obter o reexame ne-


cessário da decisão não revisada face o não recebimento/
A interposição deve ser feita por petição, acompanha- prosseguimento do recurso; o segundo, determinar o pro-
da das razões, no prazo de 15 dias. O recurso é protoco- cessamento do recurso indevidamente paralisado em pri-
lado perante o tribunal a quo, sendo a petição dirigida ao meira instância.
Presidente do tribunal que proferiu a decisão vergastada;
as razões, porém, devem ser dirigidas ao tribunal superior, Interposição
com ele se dando o “diálogo”.
Súmula 640, STF: “É cabível recurso extraordinário con- Deve ser interposta pelo testemunhante através de
tra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas petição, no prazo de 48 horas contadas da intimação do
despacho denegatório do recurso ou da ciência do seu não
de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível
processamento regular.
e criminal”.
A carta deve ser dirigida ao escrivão ou ao secretário
Súmula 400, STF: “Decisão que deu razoável interpreta-
do tribunal, indicando as peças do processo que deverão
ção à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso
extraordinário”. ser trasladadas (logo, o recurso subirá por instrumento).
Súmula 399, STF: “Não cabe recurso extraordinário, por
violação de lei federal, quando a ofensa alegada for a regi- Processamento
mento de tribunal”.
Súmula 369, STF: “Julgados do mesmo tribunal não ser- O rito recursal deve seguir o rito do RESE. Logo, temos
vem para fundamentar o recurso extraordinário por diver- que:
gência jurisprudencial”. a) Extrai-se a carta e se entrega à parte interessada;
Súmula 281, STF: “É inadmissível o recurso extraordiná- b) Se não tiver arrazoada, será dada vista ao testemu-
rio quando couber, na justiça de origem, recurso ordinário nhante para arrazoar em 02 dias;
da decisão impugnada”. c) Abre-se a possibilidade do juiz exercer o juízo de re-
Súmula 280, STF: “Não se conhece do recurso extraor- tratação ou sustentação; se ele se retratar, a parte contrária
dinário fundado em divergência jurisprudencial, quando a poderá recorrer por simples petição, quando não será mais
orientação do Supremo Tribunal Federal já se firmou no possível outra retratação;
mesmo sentido da decisão recorrida”. d) Se sustentada a decisão, tem-se o prazo de 05 dias
Processamento para apresentação dos autos recursais à instância ad quem.
Após interposto no tribunal a quo e colhidas as con-
trarrazões, deverá o MP exarar parecer, limitando-se a opi- Julgamento
nar sobre as condições de admissibilidade recursal, mani- Como no RESE, será o recurso distribuído ao relator,
festando-se pelo seguimento ou negativa de seguimento que fará o relatório e pedirá ao Presidente inclusão na pau-
ao recurso interposto. ta com dia de julgamento. No tribunal, podem ser adota-
Após examinado no tribunal, sua admissão ou não de- das as seguintes medidas:
verá ser fundamentada. Somente então segue o recurso a) Não conhecer a carta testemunhável, por não ser
para o tribunal superior, isso se admitido. cabível, por ser intempestiva ou pela ilegitimidade;
b) Dela conhecer e dar-lhe provimento, determinando
CARTA TESTEMUNHÁVEL (arts. 639 a 646) que o recurso obstado suba para seu conhecimento
c) Dela conhecer e julgar desde logo o recurso obsta-
Trata-se do recurso destinado a provocar o conheci-
do;
mento ou o processamento de outro recurso para tribunal
de instância superior, cujo trâmite tenha sido indevidamen- d) Conhecer da carta testemunhável e negar-lhe segui-
te obstado pelo juiz, com o fito de que o tribunal aprecie o mento.
mérito do recurso anteriormente interposto. Não cabe car-
ta testemunhável na segunda instância, já que há recurso HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO.
específico para tal, o agravo.
HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Dar-se-á quando: (art. 5º, LXVIII, CR/88 e arts. 647 a 677, CPP)

a) Da decisão que denegar recurso; O habeas corpus teria sua origem remota no direito
b) Da que, embora admitindo o recurso, obste sua ex- romano, onde todo o cidadão podia reclamar a exibição
pedição e seguimento para o juízo ad quem. do homem livre detido ilegalmente por meio de uma ação
A carta testemunhável deve conter todos os elementos privilegiada, conhecida por interdictum de libero homine
necessários para que o tribunal aprecie o mérito do recurso exhibendo. Entretanto, somente se delineou um instru-
não recebido ou retido pelo juízo a quo. mento que possa ser identificado como habeas corpus a
Todavia, a falta de documentos não implicará no não partir da “Magna Carta”, em 1.215, imposta pelos barões
conhecimento de plano do recurso. Nesse caso, o tribunal ingleses ao rei João Sem-Terra, especialmente com o writ
pode conferir à carta o efeito de destrancar o recurso, man- of habeas corpus ad subjiciendum, daí evoluindo cada vez
dando processá-lo. mais por meio do habeas corpus.

31
DIREITO PROCESSUAL PENAL

No Brasil o habeas corpus entrou, pela primeira vez, Senão vejamos:


na nossa legislação, de forma expressa, com a promulga-
ção do Código de Processo Criminal, em 1.832 (art. 340), Código Processual Penal
embora estivesse contido implicitamente na Constituição (...)
do Império de 1.824 (art. 179, § 8º). Atualmente, na Consti-
tuição da República de 1988, o habeas corpus está previsto CAPÍTULO X
no art. 5º, inciso LXVII. DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
O HC é uma ação constitucional de natureza jurídica
de ação penal destinada especificamente à proteção da li- Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém
berdade de locomoção quando ameaçada ou violada por sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coa-
ilegalidade ou abuso de poder. ção ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de
Está previsto na Constituição da República, e será con- punição disciplinar.
cedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
de sofrer violação ou coação em sua liberdade de locomo- I - quando não houver justa causa;
ção, por ilegalidade ou abuso de poder. II - quando alguém estiver preso por mais tempo do
Preventivamente, o HC é ajuizado quando o cerceio de que determina a lei;
liberdade estiver em vias de se concretizar. Repressivamen- III - quando quem ordenar a coação não tiver compe-
te, quando a violação da liberdade de locomoção já tiver tência para fazê-lo;
se concretizado. IV - quando houver cessado o motivo que autorizou
A ação do HC é de conhecimento, podendo dela re- a coação;
sultar uma tutela declaratória, constitutiva ou, até mesmo, V - quando não for alguém admitido a prestar fiança,
condenatória, mas sempre tendo caráter mandamental, já nos casos em que a lei a autoriza;
que desnecessária e inexistente fase posterior de execução VI - quando o processo for manifestamente nulo;
para dar efetividade à ordem. VII - quando extinta a punibilidade.

Condições da Ação Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua
jurisdição, fará passar imediatamente a ordem impetrada,
As condições de ação devem ser vistas da mesma for- nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autori-
ma que nas demais ações. dade coatora.
Assim, temos como primeira condição de ação a pos-
sibilidade jurídica do pedido, que consiste na ausência de
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pe-
vedação legal a determinada demanda, como ocorre com
dido de habeas corpus:
a vedação constitucional ao HC para combater punições
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no
disciplinares militares (art. 142, § 2º, CR/88).
Art. 101, I, g, da Constituição;
Admite-se a utilização do HC como sucedâneo recur-
sal, quando não houver recurso apto a proteger a liberdade II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de
da pessoa. Nesse caso, a sentença que decidir o HC terá violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou
efeitos em outro processo. Logo, para tal, este último pro- interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do
cesso não pode já ter sido encerrado. Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Po-
A causa de pedir no Habeas Corpus é a violação à liber- lícia.
dade de ir e vir do indivíduo. O HC pode se dirigir contra § 1o A competência do juiz cessará sempre que a vio-
a prisão ilegal, contra a ameaça de prisão e contra inqué- lência ou coação provier de autoridade judiciária de igual
rito policial, procedimento criminal ou processo penal cuja ou superior jurisdição.
conclusão possa resultar em pena privativa de liberdade. § 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão admi-
nistrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinhei-
De acordo com o art. 648 do CPP, a coação considerar- ro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou
se-á ilegal quando: omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, sal-
a) Não houver justa causa; vo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou
b) Alguém estiver preso por mais tempo do que deter- de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder
mina a lei; o prazo legal.
c) Quem ordenar a coação não tiver competência para
fazê-lo; Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará,
d) Houver cessado o motivo que autorizou a coação; nem porá termo ao processo, desde que este não esteja em
e) Não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos conflito com os fundamentos daquela.
em que a lei autoriza;
f) O processo for manifestamente nulo; Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude
g) Estiver extinta a punibilidade. de nulidade do processo, este será renovado.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o
de habeas corpus, será condenada nas custas a autoridade paciente estiver preso.
que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determi-
nado a coação. Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministé- a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.
rio Público cópia das peças necessárias para ser promovida
a responsabilidade da autoridade. Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o pa-
ciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por (vinte e quatro) horas.
qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como § 1o Se a decisão for favorável ao paciente, será logo
pelo Ministério Público. posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser
§ 1o A petição de habeas corpus conterá: mantido na prisão.
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de § 2o Se os documentos que instruírem a petição evi-
sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, denciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal or-
coação ou ameaça; denará que cesse imediatamente o constrangimento.
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em § 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o va-
o seu temor; lor desta, que poderá ser prestada perante ele, remetendo,
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem
rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a desig- anexados aos do inquérito policial ou aos do processo ju-
nação das respectivas residências. dicial.
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para § 4o Se a ordem de habeas corpus for concedida para
expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no cur- evitar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao
so de processo verificarem que alguém sofre ou está na paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
iminência de sofrer coação ilegal. § 5o Será incontinenti enviada cópia da decisão à au-
toridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escri- sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo.
vão, o oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou poli- § 6o Quando o paciente estiver preso em lugar que
cial que embaraçar ou procrastinar a expedição de ordem não seja o da sede do juízo ou do tribunal que conceder a
de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, ordem, o alvará de soltura será expedido pelo telégrafo, se
a condução e apresentação do paciente, ou a sua soltura, houver, observadas as formalidades estabelecidas no art.
será multado na quantia de duzentos mil-réis a um conto 289, parágrafo único, in fine, ou por via postal.
de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas
serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas Art. 661. Em caso de competência originária do Tribu-
corpus, salvo quando se tratar de autoridade judiciária, nal de Apelação, a petição de habeas corpus será apresen-
caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao tada ao secretário, que a enviará imediatamente ao presi-
Tribunal de Apelação impor as multas. dente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que
estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz,
se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654,
que este Ihe seja imediatamente apresentado em dia e § 1o, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade
hora que designar. indicada como coatora informações por escrito. Faltando,
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expe- porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente manda-
dido mandado de prisão contra o detentor, que será pro- rá preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a petição.
cessado na forma da lei, e o juiz providenciará para que o
paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo. Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus
escusará a sua apresentação, salvo: deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição
I - grave enfermidade do paciente; ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito.
Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o
atribui a detenção; habeas corpus será julgado na primeira sessão, podendo,
III - se o comparecimento não tiver sido determinado entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
pelo juiz ou pelo tribunal. Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver toma-
paciente se encontrar, se este não puder ser apresentado do parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso
por motivo de doença. contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
assinada pelo presidente do tribunal, câmara ou turma,
será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor, ao car- Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e
cereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o dá outras providências.
constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
obedecerá ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação es- CAPÍTULO I


Disposições Gerais
tabelecerão as normas complementares para o processo e
julgamento do pedido de habeas corpus de sua competên-
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos
cia originária.
da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação,
de competência originária do Supremo Tribunal Federal, processo, julgamento e execução, nas causas de sua com-
bem como nos de recurso das decisões de última ou única petência.
instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-á,
no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da ora-
devendo o regimento interno do tribunal estabelecer as re- lidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
gras complementares. celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação
(...) ou a transação.

(...)
LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995
(ARTIGOS 60 A 83; 88 E 89); Capítulo III
Dos Juizados Especiais Criminais
Disposições Gerais

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes


São órgãos do Poder Judiciário que julgam todas as togados ou togados e leigos, tem competência para a con-
contravenções penais e crimes de menor potencial ofensi- ciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de
vo, ou seja, de baixa gravidade, segundo o entendimento menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de cone-
do legislador. Hoje, são considerados crimes de menor po- xão e continência.
tencial ofensivo, todos aqueles que têm pena máxima de Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
até 2 anos. juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplica-
ção das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
O Juizado Especial Criminal é órgão da Justiça que exis- institutos da transação penal e da composição dos danos
te no âmbito da União, do Distrito Federal e dos Estados. civis.
Tem competência para conciliação, processo e julgamento
dos crimes de menor potencial ofensivo, mediante a orali- Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor po-
dade e abreviação do rito pelo procedimento sumaríssimo. tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
Estes órgãos jurisdicionais devem ser orientados pela con- penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
ciliação e transação penal como forma de composição, e o superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
julgamento de recursos por turmas de juízes.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-
A Constituição Federal, por obra do Poder Constituinte se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
Derivado, Emenda Constitucional nº 45, tem estampado no processual e celeridade, objetivando, sempre que possível,
rol de direitos fundamentais a garantia da razoável duração a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
dos processos administrativo e judicial, devendo o direito pena não privativa de liberdade.
prover meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
É o que demonstra a norma constante do art. 5º, LXXVIII, Seção I
da Carta Magna. Da Competência e dos Atos Processuais
Os crimes de menor potencial ofensivo são: Lesão cor-
poral simples; omissão de socorro; ameaça; violação de Art. 63. A competência do Juizado será determinada
domicílio, violação, sonegação ou destruição de corres- pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
pondência; ato obsceno; charlatanismo; desobediência;
constrangimentos, delitos de trânsito, salvo o homicídio Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão
culposo e participação em “pega”, uso de entorpecentes, realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da sema-
crimes contra a honra, entre outros. na, conforme dispuserem as normas de organização judi-
ciária.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
preencherem as finalidades para as quais foram realizados, tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se
atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. possível, o responsável civil, acompanhados por seus advo-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que gados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da compo-
tenha havido prejuízo. sição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas imediata de pena não privativa de liberdade.
poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comuni-
cação. Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os conciliador sob sua orientação.
atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiên-
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Jus-
cia de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita
tiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente en-
magnética ou equivalente.
tre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Jui- na administração da Justiça Criminal.
zado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo co- a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irre-
mum para adoção do procedimento previsto em lei. corrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de inicia-
aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa tiva privada ou de ação penal pública condicionada à re-
jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarre- presentação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
gado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, direito de queixa ou representação.
ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independente-
mente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qual- Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será
quer meio idôneo de comunicação. dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exer-
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência cer o direito de representação verbal, que será reduzida a
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interes- termo.
sados e defensores.
Parágrafo único. O não oferecimento da representação
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do na audiência preliminar não implica decadência do direito,
mandado de citação do acusado, constará a necessidade que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
de seu comparecimento acompanhado de advogado, com
a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado de- Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de cri-
fensor público. me de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
Seção II aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas,
Da Fase Preliminar a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única apli-
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento cável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encami- § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
nhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática
vítima, providenciando-se as requisições dos exames peri- de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença de-
ciais necessários. finitiva;
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se impo-
multa, nos termos deste artigo;
rá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medi-
da de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
convivência com a vítima. circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da me-
dida.
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu de-
não sendo possível a realização imediata da audiência pre- fensor, será submetida à apreciação do Juiz.
liminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita
cientes. pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de
direitos ou multa, que não importará em reincidência, sen-
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos do registrada apenas para impedir novamente o mesmo
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se benefício no prazo de cinco anos.
for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá
68 desta Lei. a apelação referida no art. 82 desta Lei.

35
DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao de-
artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, fensor para responder à acusação, após o que o Juiz rece-
salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não berá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimen-
terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação to, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação
cabível no juízo cível. e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação
Seção III da sentença.
Do Procedimento Sumariíssimo § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de
instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado ter-
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 des- mo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve re-
ta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, sumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sen-
tença.
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os
imprescindíveis.
elementos de convicção do Juiz.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elabo-
rada com base no termo de ocorrência referido no art. 69
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa
desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir- e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por
se-á do exame do corpo de delito quando a materialida- turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
de do crime estiver aferida por boletim médico ou prova grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
equivalente. § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias,
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não contados da ciência da sentença pelo Ministério Público,
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual cons-
poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças exis- tarão as razões e o pedido do recorrente.
tentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser escrita no prazo de dez dias.
oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a com- § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gra-
plexidade e as circunstâncias do caso determinam a ado- vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta
ção das providências previstas no parágrafo único do art. Lei.
66 desta Lei. § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
julgamento pela imprensa.
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fun-
termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará damentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
citado e imediatamente cientificado da designação de dia
e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição,
o responsável civil e seus advogados. omissão ou dúvida. (Vide Lei nº 13.105, de 2015)
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na § 1º Os embargos de declaração serão opostos por es-
forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da crito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da
audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer ciência da decisão.
suas testemunhas ou apresentar requerimento para intima- § 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de
declaração suspenderão o prazo para o recurso. (Vide Lei
ção, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
nº 13.105, de 2015)
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para
comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
(...)
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na for-
ma prevista no art. 67 desta Lei. Seção VI
Disposições Finais
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de
instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver ha- Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le-
vido possibilidade de tentativa de conciliação e de ofereci- gislação especial, dependerá de representação a ação pe-
mento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. culposas.

Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta
deva comparecer. Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá

36
DIREITO PROCESSUAL PENAL

propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, (D) A vítima poderá habilitar-se como assistente de
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não acusação na fase preliminar das investigações, após a ins-
tenha sido condenado por outro crime, presentes os de- tauração do inquérito policial.
mais requisitos que autorizariam a suspensão condicional (E) O assistente de acusação poderá arrolar testemu-
da pena (art. 77 do Código Penal). nhas e aditar a denúncia oferecida pelo MP.
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá sus- 02. (DPE-PE - Estagiário de Direito - 2015 - DPE-PE) Em
pender o processo, submetendo o acusado a período de relação às citações e intimações no Processo Penal, assinale
prova, sob as seguintes condições: a alternativa correta:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; (A) Quando o réu estiver fora do território da jurisdição
II - proibição de frequentar determinados lugares; do juiz processante, poderá ser citado pelos correios.
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, (B) Se o acusado for citado ou intimado pessoalmen-
sem autorização do Juiz; te para qualquer ato do processo e deixar de comparecer
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, sem motivo justificado, o processo prosseguirá sem a sua
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. presença.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que (C) Se o réu não for encontrado, será citado por edital,
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao com o prazo de 30 (trinta) dias.
fato e à situação pessoal do acusado. (D) A citação do militar será feita pessoalmente, sen-
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, do expressamente vedado realizar o ato por intermédio do
o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não chefe do respectivo serviço.
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. (E) Se o acusado, citado por edital, não comparecer,
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier nem constituir advogado, não ficarão suspensos o proces-
a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou so e o curso do prazo prescricional.
descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
03. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa - 2015
extinta a punibilidade.
- CESPE) No que se refere a intimações e citações no pro-
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de sus-
cesso penal, assinale a opção correta.
pensão do processo.
(A) A citação ou a intimação do militar da ativa será
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
feita mediante a expedição pelo juízo processante de um
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
ofício, que será remetido ao chefe do serviço, cabendo ao
oficial de justiça a citação do acusado.
(...)
(B) Na hipótese de expedição de carta precatória para
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independên- a citação, se o acusado não se encontrar na comarca do
cia e 107º da República. juiz deprecado e estiver em local conhecido, a precatória
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO deverá ser devolvida ao juiz deprecante para uma nova ex-
Nelson A. Jobim pedição.
(C) A citação ficta ou presumida será realizada por edi-
QUESTÕES tal, pelo correio ou por email.
(D) Na hipótese de o réu estar no estrangeiro, em local
01. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa – 2015 sabido, será sempre citado por carta rogatória, mesmo que
- CESPE) Foi recebida pelo juiz denúncia oferecida pelo MP a infração penal seja afiançável.
contra Pedro e João, imputando-lhes a prática de crime de (E) De acordo com o CPP, será pessoal a intimação do
extorsão realizada dentro de uma universidade. Uma das MP, do defensor constituído, do advogado do querelante e
vítimas resolveu intervir no processo, como assistente de do advogado do assistente de acusação.
acusação.
Tendo como referência a situação hipotética apresenta- 04. (TJ-DFT - Técnico Judiciário – Administrativa - 2015
da, assinale a opção correta. – CESPE) Em relação aos prazos processuais, à comunica-
(A) Deferida a habilitação, o assistente de acusação re- ção dos respectivos atos e aos sujeitos da relação proces-
ceberá a causa desde a petição inicial e, conforme o caso, sual, julgue o item que se segue.
deverão ser repetidos os atos anteriores a sua habilitação.
(B) Da decisão que admitir ou denegar a intervenção As intimações do defensor dativo serão feitas pessoal-
da vítima caberá recurso em sentido estrito ao juízo de se- mente, por mandado, ao passo que as intimações do de-
gundo grau. fensor constituído far-se-ão por publicação no órgão in-
(C) Ao assistente de acusação será permitido propor cumbido da publicidade dos atos judiciais do respectivo
meios de provas, tais como perícias e acareações, participar juízo.
de debates orais e aditar articulados, e também arrazoar os ( ) Certo ( ) Errado
recursos interpostos pelo MP.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

05. (TJ-RR - Juiz Substituto - 2015 - FCC) Com relação à (B) oralidade e economia processual, apenas.
citação, é correto afirmar que (C) economia processual e celeridade, apenas.
(A) se o réu não for localizado para ser citado pessoal- (D) oralidade, informalidade, economia processual e
mente em processo que tramite pela Vara dos Juizados celeridade, apenas.
Especiais Criminais, o juiz de direito deverá suspender o (E) oralidade, informalidade, economia processual, ce-
processo e o prazo prescricional nos termos do artigo 366 leridade e verdade formal.
do Código de Processo Penal.
(B) será feita, a do funcionário público, por intermédio 09. (TJ-PE - Juiz Substituto - 2015 - FCC) Em relação ao
de seu superior hierárquico.
procedimento relativo ao Tribunal do Júri, é correto afirmar
(C) se o réu estiver preso, sua requisição por ofício di-
que:
rigido ao diretor do estabelecimento suprirá a citação pes-
(A) estão isentos do serviço do júri os cidadãos maiores
soal.
(D) se o réu citado por edital não comparecer e nem de 65 (sessenta e cinco) anos.
constituir advogado, o processo e o curso do prazo pres- (B) a intimação da decisão de pronúncia será feita pes-
cricional ficarão suspensos, salvo nos casos de crimes de soalmente ao acusado, ao defensor nomeado ou constituí-
lavagem de ativos. do, e ao Ministério Público.
(E) se o réu não for encontrado para citação pessoal, (C) não se convencendo da materialidade do fato ou
será citado por edital, com prazo de 30 dias. da existência de indícios suficientes de autoria ou de par-
ticipação, o juiz, fundamentadamente, absolverá sumaria-
06. (PC-DF - Delegado de Polícia – 2015 - FUNIVERSA) mente o acusado
A respeito da citação no processo penal, assinale a alterna- (D) não poderá servir o jurado que, no caso de concur-
tiva correta. so de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença
(A) Como regra, no processo penal, a citação inicial que julgou o outro acusado ou tiver funcionado em julga-
será feita por carta, com aviso de recebimento. mento anterior do mesmo processo, independentemente
(B) O CPP não acolhe o instituto da precatória itine- da causa determinante do julgamento posterior.
rante. (E) contra a sentença de impronúncia caberá recurso
(C) Diversamente do que ocorre no processo civil, não em sentido estrito.
se admite a citação por hora certa no direito processual
penal.
10. (DPE-MA - Defensor Público - 2015 - FCC) Sobre o
(D) Se o acusado, citado por edital, não comparecer
julgamento pelo tribunal do júri, é correto afirmar:
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o
curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a (A) Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, essencial para o julgamento da causa, não puder ser reali-
se for o caso, decretar a prisão preventiva do réu. zada imediatamente, o juiz presidente suspenderá a Sessão
(E) Se o réu, tendo sido citado ou intimado pessoal- o quanto for necessário, mantendo o mesmo Conselho, or-
mente, deixar de comparecer justificadamente a um ato denando a realização das diligências entendidas necessá-
processual, suspender-se-á a ação penal, visto que não se rias e a retomada do julgamento assim que possível.
admite o instituto da revelia no processo penal. (B) Havendo mais de um acusador ou mais de um de-
fensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que,
07. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário – 2015 - VU- na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, au-
NESP) Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, mentando-se o prazo em uma hora.
quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo (C) Havendo mais de um acusado, o tempo para a acu-
comum as peças existentes para a adoção de outro proce- sação e a defesa será de uma hora e meia para cada parte.
dimento, de acordo com o art. 538 do CPP, o rito adotado (D) A acusação poderá replicar e a defesa treplicar,
será permitindo-se a reinquirição de testemunha já ouvida em
(A) o ordinário plenário.
(B) o sumário. (E) Durante o julgamento não será permitida a leitura
(C) livremente estabelecido pelo juiz.
de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
(D) o sumaríssimo.
juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias
(E) o especial.
úteis, dando-se ciência à outra parte, salvo a leitura de jor-
08. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - 2015 - VU- nais ou quaisquer outros escritos que versem sobre a ma-
NESP) O processo perante o Juizado Especial Criminal ob- téria de fato submetida a julgamento.
jetivará, sempre que possível, a reparação dos d anos sofri-
dos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liber-
dade. Nesse contexto, de acordo com o expresso texto do
art. 62 da Lei n o 9.099/95, orientar­se ­á pelos critérios de
(A) oralidade, informalidade e economia processual,
apenas.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

RESPOSTAS 06. D.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não compare-
01. C. cer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo
A presente questão está embasada no artigo 271 do e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determi-
Código Processual Penal que dita: nar a produção antecipada das provas consideradas urgen-
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de tes e, se for o caso, decretar prisão preventiva
prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e 07. B.
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial
os articulados, participar do debate oral e arrazoar os re-
cursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele pró- ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar
prio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. ao juízo comum as peças existentes para a adoção de ou-
tro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário
02. B. previsto neste Capítulo
Código Processual Penal
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acu- 08. D.
sado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-
ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
caso de mudança de residência, não comunicar o novo en- processual e celeridade, objetivando, sempre que possível,
dereço ao juízo. a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
pena não privativa de liberdade.
03. B.
Código Processual Penal 09. D.
Art. 355 – Art. 449. Não poderá servir o jurado que:
(...) I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território processo, independentemente da causa determinante do
sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz de-
julgamento posterior;
precado os autos para efetivação da diligência, desde que
II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado
haja tempo para fazer-se a citação.
o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado;
04. Certo. III – tiver manifestado prévia disposição para condenar
Art. 370 ou absolver o acusado.
(...)
Parágrafo. 1º. A intimação do defensor constituído, 10. D.
do advogado do querelante e do assistente far-se-á por Art. 476.
publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos (...)
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar,
nome do acusado. sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em
plenário.
(...)

Parág. 4º. A intimação do Ministério Público e do de-


fensor nomeado será pessoal.

05. D.
Artigo 366 do Código Processual Penal c/c art. 2º, § 2º,
da Lei n. 9.613/98
“Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o
curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes
e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
disposto no art. 312.”

“No processo por crime previsto nesta Lei, não se apli-


ca o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o
acusado que não comparecer nem constituir advogado ser
citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento,
com a nomeação de defensor dativo.”

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Referências

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Código de Processo Civil - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 144 a 155; 188 a 275; 294 a
311 e do 318 a 538; 994 a 1026;......................................................................................................................................................................... 01
Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 3º ao 19) e Lei nº 12.153 de 22.12.2009................................................................................... 84
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA OLIVEIRA Art. 145.  Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Esta- seus advogados;
do e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mes- II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse
tre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universi- na causa antes ou depois de iniciado o processo, que acon-
tário Eurípides de Marília – UNIVEM – (bolsista CAPES). Pro- selhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que
fessora de curso preparatório para concursos e universitária subministrar meios para atender às despesas do litígio;
da Universidade Federal de Goiás – UFG. Autora de diversos III - quando qualquer das partes for sua credora ou deve-
trabalhos científicos publicados em revistas qualificadas, dora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes,
anais de eventos e livros, notadamente na área do direito em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
eletrônico, dos direitos humanos e do direito constitucional. IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.
§ 1o  Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - COM AS foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
ALTERAÇÕES VIGENTES ATÉ A PUBLICAÇÃO § 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
DO EDITAL - ARTIGOS 144 A 155; 188 A 275; I - houver sido provocada por quem a alega;
294 A 311 E DO 318 A 538; 994 A 1026; II - a parte que a alega houver praticado ato que signifi-
que manifesta aceitação do arguido.

1) Impedimento e suspeição Art. 146.  No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do


Art. 144.  Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a
exercer suas funções no processo: suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo,
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la
como perito, funcionou como membro do Ministério Público com documentos em que se fundar a alegação e com rol de
ou prestou depoimento como testemunha; testemunhas.
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo § 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao
proferido decisão; receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa
III - quando nele estiver postulando, como defensor públi- dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará
co, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quin-
ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, ze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de docu-
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; mentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge remessa do incidente ao tribunal.
ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha § 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:
V - quando for sócio ou membro de direção ou de admi- I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
nistração de pessoa jurídica parte no processo; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá sus-
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empre- penso até o julgamento do incidente.
gador de qualquer das partes; § 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é re-
VII - em que figure como parte instituição de ensino com cebido o incidente ou quando este for recebido com efeito
a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto
de prestação de serviços; legal.
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de § 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de
advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consan- suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, § 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento
inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro es- ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas
critório; custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advo- o juiz recorrer da decisão.
gado. § 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tri-
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se veri- bunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia
fica quando o defensor público, o advogado ou o membro ter atuado.
do Ministério Público já integrava o processo antes do início § 7o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se
da atividade judicante do juiz. praticados quando já presente o motivo de impedimento ou
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de de suspeição.
caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se ve- Art. 147.  Quando 2 (dois) ou mais juízes forem paren-
rifica no caso de mandato conferido a membro de escritório tes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o
de advocacia que tenha em seus quadros advogado que in- terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo
dividualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escu-
não intervenha diretamente no processo. sará, remetendo os autos ao seu substituto legal.

1
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 148.  Aplicam-se os motivos de impedimento e Seção I


de suspeição: Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do
I - ao membro do Ministério Público; Oficial de Justiça
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo. Art. 150.   Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de
§ 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento justiça, cujas atribuições serão determinadas pelas normas de
ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente organização judiciária.
instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar
nos autos. Art. 151.  Em cada comarca, seção ou subseção judiciária
§ 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam
sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de os juízos.
15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando
necessária. Art. 152.  Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria:
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as car-
disciplinada pelo regimento interno. tas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício;
§ 4o O disposto nos §§ 1o e 2o não se aplica à arguição de II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intima-
impedimento ou de suspeição de testemunha. ções, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem
atribuídos pelas normas de organização judiciária;
A Constituição Federal não menciona expressamente o III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo,
dever de imparcialidade do juiz, mas garante ao jurisdicio- designar servidor para substituí-lo;
nado o direito ao juiz natural, e essa qualidade só pode ser IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos,
atribuída àquele órgão que seja o competente e ao juiz que não permitindo que saiam do cartório, exceto:
possa apreciar o conflito submetido à sua decisão com im- a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
parcialidade. A lei enumera as situações em que o juiz não b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Minis-
terá isenção de ânimos suficiente para julgar o litígio. Em tério Público ou à Fazenda Pública;
outras palavras, estabelece as situações em que o juiz deve- c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao par-
rá se afastar do processo por ser impedido ou suspeito. As tidor;
mesmas situações se aplicam aos demais sujeitos que de- d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da
vam ser neutros no processo, como auxiliares de justiça e modificação da competência;
Ministério Público. V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do proces-
No impedimento o grau de comprometimento é mais so, independentemente de despacho, observadas as disposi-
intenso, ao passo que na suspeição é menor, mas em ambos ções referentes ao segredo de justiça;
espera-se do magistrado que se afaste do julgamento do VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
processo. É mais fácil provar o impedimento, detectável por § 1o  O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a
documentos do que a suspeição. atribuição prevista no inciso VI.
Não obstante, a consequência de se prolatar uma sen- § 2o No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria,
tença em impedimento é mais grave do que em suspeição. A o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa
alegação de impedimento tem natureza de objeção e pode idônea para o ato.
ser proposta a qualquer momento no processo – aliás, se
proferida a sentença por juiz impedido poderá ser anulada Art. 153.  O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá,
por ação rescisória. Por sua vez, a alegação de suspeição é preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para
de fato uma exceção e, se não apresentada no prazo legal publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.
há preclusão. § 1o A lista de processos recebidos deverá ser disponibili-
O antigo CPC/1973 tratava o tema de forma semelhante zada, de forma permanente, para consulta pública.
quanto ao conteúdo, sendo que o novo CPC/2015 inova em § 2o Estão excluídos da regra do caput:
termos de procedimento, eis que excluiu a exigência de ar- I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pro-
guição mediante exceção de impedimento ou de suspeição. nunciamento judicial a ser efetivado;
II - as preferências legais.
2) Auxiliares de justiça § 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a
ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as
CAPÍTULO III preferências legais.
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA § 4o A parte que se considerar preterida na ordem crono-
lógica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do proces-
Art. 149.  São auxiliares da Justiça, além de outros cujas so, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas
atribuições sejam determinadas pelas normas de organização no prazo de 2 (dois) dias.
judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, § 5o Constatada a preterição, o juiz determinará o imedia-
o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradu- to cumprimento do ato e a instauração de processo adminis-
tor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, trativo disciplinar contra o servidor.
o contabilista e o regulador de avarias.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 154.  Incumbe ao oficial de justiça: § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode re-
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arres- querer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como
tos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separa-
possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no ção.
mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam
III - entregar o mandado em cartório após seu cumpri- autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes esti-
mento; pular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especifi-
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; cidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
V - efetuar avaliações, quando for o caso; faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz con-
apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realiza- trolará a validade das convenções previstas neste artigo, re-
ção de ato de comunicação que lhe couber. cusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de
Parágrafo único.  Certificada a proposta de autocomposi- inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma
ção prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem
prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem
silêncio como recusa. fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando
for o caso.
Art. 155.  O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos
justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando: nele previstos somente serão modificados em casos excepcio-
I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os nais, devidamente justificados.
atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática
II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. de ato processual ou a realização de audiência cujas datas
tiverem sido designadas no calendário.
3) Atos processuais
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obriga-
LIVRO IV tório o uso da língua portuguesa.
DOS ATOS PROCESSUAIS Parágrafo único. O documento redigido em língua es-
trangeira somente poderá ser juntado aos autos quando
TÍTULO I acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada
PROCESSUAIS por tradutor juramentado.

CAPÍTULO I Seção II
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS Da Prática Eletrônica de Atos Processuais

Seção I Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou par-


Dos Atos em Geral cialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos,
comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico,
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de na forma da lei.
forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exi- Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no
gir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, que for cabível, à prática de atos notariais e de registro.
lhe preencham a finalidade essencial.
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeita-
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia trami- rão a publicidade dos atos, o acesso e a participação das par-
tam em segredo de justiça os processos: tes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões
I - em que o exija o interesse público ou social; de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade,
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, di- independência da plataforma computacional, acessibilidade
vórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informa-
de crianças e adolescentes; ções que o Poder Judiciário administre no exercício de suas
III - em que constem dados protegidos pelo direito consti- funções.
tucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumpri- Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá
mento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipu- ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de
lada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, con-
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tra- servação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça,
mite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves pú-
restrito às partes e aos seus procuradores. blicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, su- § 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judi-
pletivamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comu- cial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.
nicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar § 3º São despachos todos os demais pronunciamentos
pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorpo- do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento
ração progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, da parte.
para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as § 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada
normas fundamentais deste Código. e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações cons- necessário.
tantes de seu sistema de automação em página própria na
rede mundial de computadores, gozando a divulgação de pre- Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pe-
sunção de veracidade e confiabilidade. los tribunais.
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sis-
tema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os
pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes.
causa prevista no art. 223, caput e § 1o. § 1º Quando os pronunciamentos previstos no caput fo-
rem proferidos oralmente, o servidor os documentará, subme-
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter tendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos § 2º A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdi-
necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao ção, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.
acesso ao sistema e aos documentos dele constantes. § 3º Os despachos, as decisões interlocutórias, o disposi-
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por tivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados
meio não eletrônico no local onde não estiverem disponibili- no Diário de Justiça Eletrônico.
zados os equipamentos previstos no caput.
Seção V
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede
Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escri-
mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de
vão ou o chefe de secretaria a autuará, mencionando o juízo,
atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais
a natureza do processo, o número de seu registro, os nomes
e à assinatura eletrônica.
das partes e a data de seu início, e procederá do mesmo modo
em relação aos volumes em formação.
Seção III
Dos Atos das Partes Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e
rubricará todas as folhas dos autos.
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do
unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente Ministério Público, ao defensor público e aos auxiliares da jus-
a constituição, modificação ou extinção de direitos proces- tiça é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos
suais. em que intervierem.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efei-
tos após homologação judicial. Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros
semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo es-
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, ar- crivão ou pelo chefe de secretaria.
razoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas
interlineares, as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe
as escrever multa correspondente à metade do salário-míni- de secretaria certificará a ocorrência.
mo. § 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente
documentado em autos eletrônicos, os atos processuais pra-
Seção IV ticados na presença do juiz poderão ser produzidos e arma-
Dos Pronunciamentos do Juiz zenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico
inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, que
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sen- será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe
tenças, decisões interlocutórias e despachos. de secretaria, bem como pelos advogados das partes.
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedi- § 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na trans-
mentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do crição deverão ser suscitadas oralmente no momento de rea-
qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à lização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue de plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da
a execução. decisão.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de Conceito


outro método idôneo em qualquer juízo ou tribunal. Atos são condutas humanas que geram repercussão no
Direito. Os atos processuais são os atos que possuem liga-
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais ção com um processo e repercutem nele. Na verdade, por
espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim definição, o processo é um conjunto de atos que se sucedem
como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expres- no tempo e que têm por objetivo a obtenção da tutela juris-
samente ressalvadas. dicional.

CAPÍTULO II Classificação quanto ao sujeito processual


DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS a) Atos da parte
- Declarações unilaterais de vontade – postulações em
Seção I geral e manifestações de vontade. Ex: petição inicial e im-
Do Tempo pugnação à contestação para o autor; contestação, exceções,
impugnações e ações declaratórias incidentais pelo réu.
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias - Declarações bilaterais de vontade – transações, acor-
úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. dos.
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos ini- b) Atos do juiz
ciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou No âmbito dos atos do juiz estão diversos provimentos
causar grave dano. ou pronunciamentos, notadamente:
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as cita- - Despacho ou despachos de mero expediente – são os
ções, intimações e penhoras poderão realizar-se no período de atos desprovidos de conteúdo decisório, dos quais não cabe
férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora recurso algum.
do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no - Decisões interlocutórias – quando o juiz, no curso do
art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal. processo, resolve uma questão incidente, profere decisão
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de peti- durante o trâmite processual.
ção em autos não eletrônicos, essa deverá ser protocolada no - Sentenças – art. 162, §1º – é o ato do juiz que implica
horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o numa das situações, isto é, que contém uma das matérias,
disposto na lei de organização judiciária local. previstas nos artigos 267 ou 269, desde que coloque fim ao
processo todo ou à fase de cognição.
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocor- - Acórdãos – decisões tomadas por um órgão colegiado.
rer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do - Decisões monocráticas – as proferidas por um dos inte-
último dia do prazo. grantes do colegiado, por exemplo, relator do acórdão. Cabe
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o recurso, o agravo interno (mesmo os embargos de declara-
qual o ato deve ser praticado será considerado para fins de ção, se interpostos, poderão ser recebidos como agravo in-
atendimento do prazo. terno), no prazo de 5 dias.
c) Atos dos servidores
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se Os auxiliares da justiça também praticam atos proces-
praticarão atos processuais, excetuando-se: suais.
I - os atos previstos no art. 212, § 2o; Ex.: Oficial de justiça praticando o ato de penhora, cita-
II - a tutela de urgência. ção ou intimação.

Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as Formas e requisitos


houver, e não se suspendem pela superveniência delas: A lei buscou conciliar o princípio da liberdade de forma
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessá- com o da legalidade.
rios à conservação de direitos, quando puderem ser prejudica- Em regra, os atos processuais não dependem de forma
dos pelo adiamento; determinada. Contudo, há casos em que a lei impõe deter-
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou minada forma para o ato processual, cominando a pena de
remoção de tutor e curador; nulidade para o seu desrespeito. Por seu turno, a nulidade só
III - os processos que a lei determinar. será declarada se o ato não preencher a sua finalidade.
São requisitos gerais:
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para - redação no vernáculo, exigindo-se tradução juramenta-
efeito forense, os sábados, os domingos e os dias em que não da se não estiverem em português;
haja expediente forense. - atos orais também praticados em português, podendo
se fazer presente intérprete;
Seção II - atos datilografados ou escritos (salvo a possibilidade de
Do Lugar gravação fonográfica nos juizados especiais);
- veda-se o uso de abreviaturas e de espaços em branco;
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamen- - necessária a conferência de publicidade em regra (salvo
te na sede do juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em segredo de justiça – interesse público e ações de família);
razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza do ato praticados na sede do juízo;
ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz. - praticados no prazo determinado;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

- realizados em dias úteis (sábado – predomina que Art. 219.   Na contagem de prazo em dias, estabelecido
é possível praticar atos externos com autorização do juiz por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
como penhora e citação, mas a contagem de prazos não Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se so-
pode começar nem terminar nele porque não existe expe- mente aos prazos processuais.
diente forense), no curso do dia (das 6 às 20 horas, sendo
que o protocolo pode fechar antes conforme previsão da lei Art. 220.   Suspende-se o curso do prazo processual nos
de organização judiciária do órgão); nas férias forenses, que dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro,
somente existem em órgãos da 1ª instância, atos urgentes e inclusive.
excepcionais podem ser praticados. § 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados insti-
tuídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da
Invalidade do ato processual Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da
Quando a lei estabelece forma, a sua inobservância pode Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto
acarretar ineficácia do ato processual. O mesmo ocorre se hou- no caput.
ver desrespeito a requisitos quanto ao seu modo, tempo e lu- § 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão au-
gar. Tais imperfeições podem ser reduzidas a três categorias: diências nem sessões de julgamento.
meras irregularidades, nulidades e inexistência.
Os atos meramente irregulares derivam da não observân- Art. 221.   Suspende-se o curso do prazo por obstáculo
cia de formalidades que não são tão relevantes, não gerando criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hi-
nenhuma consequência no processo. Ex.: usou tinta clara e não póteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo
escura na prática do ato. igual ao que faltava para sua complementação.
Nulidades processuais são as que decorrem da não ob- Parágrafo único.   Suspendem-se os prazos durante a
servância de requisitos de validade. A nulidade sana-se com execução de programa instituído pelo Poder Judiciário para
o decurso do tempo. No processo civil, não existem nulidades promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais espe-
de pleno direito. Sendo assim, a nulidade deve ser declarada. cificar, com antecedência, a duração dos trabalhos.
Reconhecida, faz com que sejam refeitos os atos processuais
prejudicados pela nulidade. As nulidades podem ser absolutas, Art. 222.  Na comarca, seção ou subseção judiciária onde
quando atingirem interesse de ordem pública (podendo ser re- for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por
conhecidas de ofício e alegadas por qualquer das partes e pelo até 2 (dois) meses.
Ministério Público), e relativas, quando somente atingirem os § 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem
interesses das partes (somente a parte interessada poderá ale- anuência das partes.
gar). Independente do tipo de nulidade, o sistema processual § 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no
adota o critério da instrumentalidade das formas e da preser- caput para prorrogação de prazos poderá ser excedido.
vação dos atos processuais – sendo assim, não há nulidade sem
prejuízo. Se buscará a regularização das nulidades repetindo Art. 223.  Decorrido o prazo, extingue-se o direito de pra-
apenas os atos visivelmente prejudicados por ela. ticar ou de emendar o ato processual, independentemente de
Atos inexistentes são aqueles sem os quais o processo nem declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar
ao menos existe. Por exemplo, se a citação não respeitar os re- que não o realizou por justa causa.
quisitos e o réu não comparecer ao processo, para ele este é ine- § 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade
xistente. Ele poderá entrar com ação declaratória de inexistência. da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por man-
datário.
4) Prazos § 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a
prática do ato no prazo que lhe assinar.
CAPÍTULO III
DOS PRAZOS Art. 224.  Salvo disposição em contrário, os prazos serão
contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do ven-
Seção I cimento.
Disposições Gerais § 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão
protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem
Art. 218.  Os atos processuais serão realizados nos prazos com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou
prescritos em lei. iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade
§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos da comunicação eletrônica.
em consideração à complexidade do ato. § 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia
§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intima- útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário
ções somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 da Justiça eletrônico.
(quarenta e oito) horas. § 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil
§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo que seguir ao da publicação.
juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato proces-
sual a cargo da parte. Art. 225.  A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira
termo inicial do prazo. expressa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 226.  O juiz proferirá: § 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; um é contado individualmente.
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; § 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo,
sem a intermediação de representante judicial, o dia do co-
Art. 227.  Em qualquer grau de jurisdição, havendo moti- meço do prazo para cumprimento da determinação judicial
vo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos corresponderá à data em que se der a comunicação.
a que está submetido. § 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação
com hora certa.
Art. 228.  Incumbirá ao serventuário remeter os autos
conclusos no prazo de 1 (um) dia e executar os atos proces- Art. 232.  Nos atos de comunicação por carta precatória,
suais no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que: rogatória ou de ordem, a realização da citação ou da intima-
I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi ção será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo
imposto pela lei; juiz deprecado ao juiz deprecante.
II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia Seção II
e a hora em que teve ciência da ordem referida no inciso II. Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
§ 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de pe-
tições ou de manifestações em geral ocorrerá de forma auto- Art. 233.  Incumbe ao juiz verificar se o serventuário ex-
mática, independentemente de ato de serventuário da justiça. cedeu, sem motivo legítimo, os prazos estabelecidos em lei.
§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de
Art. 229.  Os litisconsortes que tiverem diferentes procura- processo administrativo, na forma da lei.
dores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos con- § 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defen-
tados em dobro para todas as suas manifestações, em qual- soria Pública poderá representar ao juiz contra o serventuário
quer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo
apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. Art. 234.  Os advogados públicos ou privados, o defensor
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em público e o membro do Ministério Público devem restituir os
autos eletrônicos. autos no prazo do ato a ser praticado.
§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do ad-
Art. 230.  O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia vogado que exceder prazo legal.
Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público será con- § 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no
tado da citação, da intimação ou da notificação. prazo de 3 (três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório
e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-
Art. 231.  Salvo disposição em sentido diverso, considera- mínimo.
se dia do começo do prazo: § 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, local da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimento
quando a citação ou a intimação for pelo correio; disciplinar e imposição de multa.
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, § 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público,
quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.
quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secre- § 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão
taria; competente responsável pela instauração de procedimento
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo disciplinar contra o membro que atuou no feito.
juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da Art. 235.  Qualquer parte, o Ministério Público ou a De-
intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, fensoria Pública poderá representar ao corregedor do tribunal
quando a citação ou a intimação for eletrônica; ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regula-
232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos mento ou regimento interno.
autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou § 1o Distribuída a representação ao órgão competente e
a intimação se realizar em cumprimento de carta; ouvido previamente o juiz, não sendo caso de arquivamen-
VII - a data de publicação, quando a intimação se der to liminar, será instaurado procedimento para apuração da
pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; responsabilidade, com intimação do representado por meio
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio eletrônico para, querendo, apresentar justificativa no prazo de
da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. 15 (quinze) dias.
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do § 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis,
prazo para contestar corresponderá à última das datas a que em até 48 (quarenta e oito) horas após a apresentação ou não
se referem os incisos I a VI do caput. da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

do tribunal ou o relator no Conselho Nacional de Justiça de- b) Preclusão lógica – é a perda da faculdade processual
terminará a intimação do representado por meio eletrônico que decorre da incompatibilidade entre o ato processual e
para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato. outro que tenha sido praticado anteriormente. Ex.: renúncia
§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao subs- ao direito de recorrer e interposição de recurso.
tituto legal do juiz ou do relator contra o qual se representou c) Preclusão consumativa – é a perda da faculdade pro-
para decisão em 10 (dez) dias. cessual devido ao ato já ter sido praticado anteriormente,
não podendo ser renovado. Ex.: se não levantou o argumen-
Noções basilares to na contestação, não pode mais fazê-lo, a não ser que se
Prazo é a distância de tempo entre dois atos. No pro- trate de questão de ordem pública.
cesso é necessário o estabelecimento de prazos para que Atenção: nem sempre a preclusão se verifica, porque
ele não se eternize. Quando o prazo tem a capacidade de há questões que podem ser suscitadas a qualquer tempo e
gerar preclusão, trata-se de prazo próprio; quando não exis- grau de jurisdição.
te a possibilidade de preclusão pelo desrespeito, o prazo é O juiz também se sujeita à preclusão com relação a al-
impróprio. gumas de suas decisões, como a sentença. É a denominada
De modo geral, a natureza dos prazos impostos às par- preclusão pro judicato.
tes é preclusiva, significa que o desrespeito implica na perda
da faculdade processual de praticar o ato. Por exemplo, se 5) Comunicação de atos processuais
não contestar a ação será revel. Contudo, nem todos os pra-
zos são preclusivos. Por exemplo, se não se manifestar sobre TÍTULO II
os documentos juntados pelo réu pode fazê-lo depois. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
Já os atos impostos ao juiz e aos seus auxiliares não são
preclusivos, não há perda da faculdade e nem desapareci- CAPÍTULO I
mento da obrigação de praticar o ato. Por exemplo, o juiz DISPOSIÇÕES GERAIS
não se exime do dever de sentenciar porque passou o prazo
de 10 dias previsto em lei. Os atos processuais serão comunicados a quem de in-
Nos prazos impróprios, sanções administrativas e outras teresse – partes, testemunhas, Ministério Público, interve-
são possíveis, mas não sanções processuais. nientes. A lei processual regula como se dá a comunicação
A lei fixa o prazo – em anos, meses, dias, horas ou mi- destes atos.
nutos. Em casos excepcionais as partes podem convencionar
os prazos. Art. 236.  Os atos processuais serão cumpridos por or-
Os prazos legais se classificam em peremptórios, que dem judicial.
não podem ser modificados pela vontade das partes (ex: § 1o Será expedida carta para a prática de atos fora dos
resposta, recurso, incidente de falsidade, nomeação de bens limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da
à penhora, embargos do devedor, ajuizamento de ação prin- subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
cipal após cautelar), e dilatórios, que podem ser reduzidos § 2o O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele
ou prorrogados por convenção das partes (ex: arrolar tes- vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos limites ter-
temunhas, formular quesitos, manifestar sobre a produção ritoriais do local de sua sede.
de provas). § 3o Admite-se a prática de atos processuais por meio de
Na contagem de prazo, exclui-se o dia do começo videoconferência ou outro recurso tecnológico de trans-
e inclui-se o dia do vencimento, mas o prazo não pode missão de sons e imagens em tempo real.
iniciar e nem terminar em dia que seja dia útil.
O prazo pode ser suspenso (hipóteses do artigo 180, O juiz determina a prática do ato processual que deva
CPC) ou interrompido (quando o réu requerer desmembra- ser levado a conhecimento alheio. Ex.: manifestar-se sobre
mento do processo em virtude de litisconsórcio multitudi- determinado assunto ou comparecer a uma audiência. Logo,
nário). para que o ato seja praticado é preciso dar ciência da deter-
Na falta de determinação legal, o prazo é de 5 dias. minação judicial neste sentido.
Contudo, o juiz possui competência limitada porque a
Preclusão jurisdição, ainda que seja una, é dividida em parcelas. Cada
As partes têm o ônus de realizar as atividades proces- juiz possui uma parcela de jurisdição e não pode ingressar
suais nos prazos, sob pena de não poderem fazê-lo pos- na parcela alheia. Então, se o juiz determinar a prática de um
teriormente. Além disso, deve guardar coerência em sua ato processual fora dos limites de sua jurisdição precisará
conduta, não podendo praticar atos incompatíveis com os solicitar a cooperação do juízo competente mediante carta
anteriormente praticados. Trata-se de um sistema de estabi- (precatória entre juízos dentro do Brasil, rogatória para juízo
lização do processo, impedindo que ele retroceda, o qual se fora do Brasil, de ordem quando partir do Tribunal para juízo
denomina preclusão. Sendo assim, preclusão é a perda de de primeira instância).
uma faculdade processual.
A preclusão pode ser de três tipos: Art. 237.  Será expedida carta:
a) Preclusão temporal – é a perda da faculdade proces- I - de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2o do art.
sual que não foi exercida no prazo estabelecido em lei. 236;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

II - rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro ria à forma estabelecida em lei, se convalidará com o com-
pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo parecimento do citando ao processo. Em outras palavras, se
a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro; o citando comparecer ao processo para arguir a nulidade
III - precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro ele será tido como citado (a citação não precisa se renovar)
pratique ou determine o cumprimento, na área de sua com- e se sua arguição for acolhida se abrirá novo prazo para res-
petência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação posta (se não for acolhida será tido como revel no processo
judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência de conhecimento e perderá o prazo para opor embargos à
territorial diversa; execução no processo de execução).
IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique
ou determine o cumprimento, na área de sua competência Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a
territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciá- citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de
ria formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar
efetivação de tutela provisória. do pedido.
Parágrafo único.  Se o ato relativo a processo em curso na § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do exe-
justiça federal ou em tribunal superior houver de ser praticado cutado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir
em local onde não haja vara federal, a carta poderá ser desta data o prazo para apresentação de contestação ou de
dirigida ao juízo estadual da respectiva comarca. embargos à execução.
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de
O CPC/2015 inova ao criar uma modalidade de carta processo de:
denominada arbitral, que serve para que um juízo de arbi- I - conhecimento, o réu será considerado revel;
tragem solicite ao Judiciário as providências para fazer com II - execução, o feito terá seguimento.
que a decisão arbitral seja cumprida. A Lei nº 9307/1996 re-
formulou o instituto da arbitragem no Brasil, de modo que A citação válida gera efeitos determinados:
a sentença arbitral não estaria mais sujeita à homologação a) Induz litispendência: a ação considera-se proposta
pelo Poder Judiciário, tendo caráter definitivo, sendo que a quando distribuída, eis que o artigo 312 do CPC/2015 prevê
escolha do juízo arbitral geraria extinção do processo sem que “considera-se proposta a ação quando a petição inicial
julgamento do mérito. Logo, para fins de dizer o direito o for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz
juízo arbitral tem bastante força, mas a lei não transfere a ele quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois
o poder de coação que só o Estado tem. Então, para que o que for validamente citado”. Uma vez proposta, existe lide
juízo arbitral faça valer na prática suas decisões, satisfazendo pendente. Contudo, o efeito da litispendência somente se
o credor, precisa da colaboração do Judiciário e o instru- opera com a citação válida. Por isso, se existirem, em curso,
mento para fazê-lo é a carta arbitral. duas ou mais demandas idênticas, deverá permanecer ape-
nas aquela em que se aperfeiçoou a primeira citação válida.
CAPÍTULO II As demais deverão ser extintas.
DA CITAÇÃO b) Faz litigiosa a coisa: é com a citação válida que o
objeto do processo se torna litigioso. Isso é muito importan-
Art. 238.  Citação é o ato pelo qual são convocados o te para fins de fraude contra credores e fraude À execução,
réu, o executado ou o interessado para integrar a relação porque a alienação de bem, quando sobre ele pender ação
processual. fundada em direito real, ou de bens, quando correr contra
o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência, será
Citação é o ato pelo qual se dá ciência ao réu, ao exe- em fraude à execução, desde que o devedor já tenha sido
cutado (na ação de execução autônoma, pois quando a exe- citado.
cução se dá em fase seguida ao processo de conhecimento c) Constitui em mora o devedor: o devedor reputa-se
ou no curso dele – execução provisória – não é necessária em mora desde o momento em que citado, salvo se tiver
nova citação) ou ao interessado (interveniente. Ex.: denun- sido constituído em mora anteriormente. Há obrigações que
ciação da lide; chamamento ao processo) da existência do possuem termo certo de vencimento nas quais o devedor
processo, concedendo-lhe a possibilidade de se defender. está em mora transcorrido o prazo para adimplemento (ex.:
A finalidade da citação é cientificar o réu, o executado ou o contratos com prazo); além de casos em que a lei fixa termo
interessado de que há um processo em curso e que eles têm anterior para a mora, como no caso dos atos ilícitos, consti-
oportunidade para defender-se. tuindo-se em mora da data do fato. Não obstante, é possível
A citação é um ato essencial no processo, porque ela constituir em mora antes da citação, por exemplo, mediante
que completa a relação jurídico-processual. Até que ocorra a notificação extrajudicial.
citação válida o processo existe apenas para autor e juiz, mas d) Interrompe a prescrição: a citação válida interrom-
não para o réu. Neste sentido, a citação é pressuposto pro- pe a prescrição, ainda quando ordenada por juízo incom-
cessual de existência. Por seu turno, é preciso lembrar que petente. Tal efeito se estende aos prazos decadenciais. Fri-
no início da fase postulatória o réu ainda não foi chamado sa-se que para o efeito retroativo à propositura da ação se
ao processo, como quando a inicial é indeferida ou quando operar é preciso que a citação ocorra dentro de 10 dias da
se dá a improcedência liminar do pedido sem interposição propositura, mas se houver demora que não se justifique
de apelação. Além disso, mesmo que a citação se dê contrá- por culpa do autor (ex: ele recolheu as custas e o oficial de

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

justiça demorou pra fazer a diligência, ou a carta de citação Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o pe-
se extraviou) o efeito se opera mesmo ultrapassado o prazo. recimento do direito:
Caso não seja interrompida a tempo e se consume, o juiz I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;
declarará a prescrição de ofício, extinguindo o processo. II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente
do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha
Art. 240.  A citação válida, ainda quando ordenada por colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7
juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a (sete) dias seguintes;
coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao
nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 casamento;
(Código Civil). IV - de doente, enquanto grave o seu estado.
§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despa-
cho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo in- Art. 245.  Não se fará citação quando se verificar que o
competente, retroagirá à data de propositura da ação. citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de
§ 2o Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, recebê-la.
as providências necessárias para viabilizar a citação, sob § 1o O oficial de justiça descreverá e certificará minucio-
pena de não se aplicar o disposto no § 1o. samente a ocorrência.
§ 3o A parte não será prejudicada pela demora impu- § 2o Para examinar o citando, o juiz nomeará médico,
tável exclusivamente ao serviço judiciário. que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 4o O efeito retroativo a que se refere o § 1o aplica-se à § 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pes-
decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. soa da família apresentar declaração do médico do citando
que ateste a incapacidade deste.
Quanto às modalidades de citação, a regra é que seja § 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará cura-
pessoal (mediante correio ou oficial de justiça), aceitando-se dor ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferên-
excepcionalmente que seja ficta (por hora certa pelo oficial cia estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa.
de justiça ou por edital mediante publicação). § 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem
A citação pessoal pode ser direta, quando feita na pes- incumbirá a defesa dos interesses do citando.
soa do citando ou de seu representante legal (se for capaz
o citando será citado pessoalmente, se absolutamente inca-
Por sua vez, a lei processual estabelece quatro tipos de
paz pelo seu representante, se relativamente incapaz tanto
citação: pelo correio, por oficial de justiça, por edital e por
pessoalmente quanto pelo seu representante), ou indireta,
meio eletrônico. Distinguem-se, entre essas espécies, formas
quando feita a alguém que tenha poderes de vincular o réu
de citação real e ficta. É real quando se tem certeza de que
(procurador legalmente habilitado ou terceiro que por força
ela chegou a conhecimento do réu e é ficta aquela que não é
de lei ou contrato tenha poderes de vincular o réu, como seu
recebida diretamente pelo réu (motivo pelo qual, se ele não
empregado ou preposto, aceitando-se quanto a pessoas ju-
comparece, é nomeado curador especial).
rídicas a dispensa da formalidade de entrega direta ao des-
tinatário/sócio ou administrador). A citação por edital e a citação por hora certa (que é
uma espécie de citação por mandado – oficial de justiça)
Art. 242.  A citação será pessoal, podendo, no entanto, são as duas espécies de citação ficta. A citação real se dá por
ser feita na pessoa do representante legal ou do procura- correio ou por mandado.
dor do réu, do executado ou do interessado. A citação deve ser real, aceitando-se a ficta excepcio-
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa nalmente. Então, primeiro serão tomadas providências para
de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, localizar o citando caso faltem informações neste sentido,
quando a ação se originar de atos por eles praticados. viabilizando a citação real. Em regra, a citação real se fará por
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cienti- correio com AR (aviso de recebimento), mas a lei prevê casos
ficar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver em que a citação deve ser feita por oficial de justiça e asse-
situado o imóvel, procurador com poderes para receber cita- gura que quando a citação por correio for infrutífera será
ção será citado na pessoa do administrador do imóvel en- feita nova tentativa por oficial de justiça. Também ocorre ci-
carregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado tação real quando feita por meio eletrônico para pessoas
habilitado para representar o locador em juízo. devidamente cadastradas no sistema para recebê-la.
§ 3o A citação da União, dos Estados, do Distrito Fede- Quando não for possível a citação real, por exemplo,
ral, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fun- porque o réu não foi encontrado apesar das diligências ou
dações de direito público será realizada perante o órgão de porque ele está se esquivando propositalmente de rece-
Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. bê-la, parte-se para a citação ficta. A citação ficta por hora
certa é realizada por oficial de justiça munido de mandado
Art. 243.  A citação poderá ser feita em qualquer lugar quando por duas vezes ele tenta encontrar o citando e não
em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. consegue, percebendo que ele na verdade está se ocultando
Parágrafo único.  O militar em serviço ativo será citado (requisitos cumulativos: não encontrar + intenção de ocul-
na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida tação), de modo que ele deixa avisado que voltará em dia e
sua residência ou nela não for encontrado. hora seguintes para citar, mesmo que o citando não esteja

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

presente. A citação ficta por edital mediante publicação na Art. 249.  A citação será feita por meio de oficial de justi-
internet é feita quando o réu não é encontrado apesar de ça nas hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando
inúmeras tentativas, não sendo o caso de citar por hora certa frustrada a citação pelo correio.
porque não se tem certeza do endereço e nem se percebe a
ocultação, ou quando a lei determina a citação geral de réus Art. 250.   O mandado que o oficial de justiça tiver de
indeterminados. cumprir conterá:
I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos
Art. 246.  A citação será feita: domicílios ou residências;
I - pelo correio; II - a finalidade da citação, com todas as especificações
II - por oficial de justiça; constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a
comparecer em cartório; execução;
IV - por edital; III - a aplicação de sanção para o caso de descumpri-
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. mento da ordem, se houver;
§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de IV - se for o caso, a intimação do citando para compa-
pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas recer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à
a manter cadastro nos sistemas de processo em autos ele- audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do
trônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, dia, da hora e do lugar do comparecimento;
as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da deci-
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, são que deferir tutela provisória;
ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da ad- VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria
ministração indireta. e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
§ 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes
serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto Art. 251.  Incumbe ao oficial de justiça procurar o citan-
unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal do e, onde o encontrar, citá-lo:
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
citação é dispensada.
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
III - obtendo a nota de ciente ou certificando que o
Art. 247.  A citação será feita pelo correio para qual-
citando não a apôs no mandado.
quer comarca do país, exceto:
I - nas ações de estado, observado o disposto no art.
Art. 252.  Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça
695, § 3o;
houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
II - quando o citando for incapaz;
sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, in-
III - quando o citando for pessoa de direito público;
timar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer
IV - quando o citando residir em local não atendido vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efe-
pela entrega domiciliar de correspondência; tuar a citação, na hora que designar.
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de ou- Parágrafo único.  Nos condomínios edilícios ou nos lotea-
tra forma. mentos com controle de acesso, será válida a intimação a que
se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável
Art. 248.  Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou pelo recebimento de correspondência.
o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição
inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para Art. 253.  No dia e na hora designados, o oficial de justi-
resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. ça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
§ 1o A carta será registrada (AR)para entrega ao citan- domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a
do, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o diligência.
recibo. § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça
§ 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a en- procurará informar-se das razões da ausência, dando por
trega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em
ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
pelo recebimento de correspondências. § 2o A citação com hora certa será efetivada mesmo que
§ 3o Da carta de citação no processo de conhecimento a pessoa da família ou o vizinho que houver sido inti-
constarão os requisitos do art. 250. mado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da
§ 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
com controle de acesso, será válida a entrega do manda- § 3o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará
do a funcionário da portaria responsável pelo recebimento contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, con-
de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o rece- forme o caso, declarando-lhe o nome.
bimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o § 4o O oficial de justiça fará constar do mandado a ad-
destinatário da correspondência está ausente. vertência de que será nomeado curador especial se houver
revelia.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 254.  Feita a citação com hora certa, o escrivão ou CAPÍTULO III
chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, DAS CARTAS
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do
mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência Art. 260.  São requisitos das cartas de ordem, precatória
eletrônica, dando-lhe de tudo ciência. e rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento
Art. 255.  Nas comarcas contíguas de fácil comunica- do ato;
ção e nas que se situem na mesma região metropolitana, o II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do
oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, instrumento do mandato conferido ao advogado;
intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros III - a menção do ato processual que lhe constitui o objeto;
atos executivos. IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1o O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer
Art. 256.  A citação por edital será feita: outras peças, bem como instruí-la com mapa, desenho ou grá-
I - quando desconhecido ou incerto o citando; fico, sempre que esses documentos devam ser examinados, na
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar diligência, pelas partes, pelos peritos ou pelas testemunhas.
em que se encontrar o citando; § 2o Quando o objeto da carta for exame pericial sobre
III - nos casos expressos em lei. documento, este será remetido em original, ficando nos autos
§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por reprodução fotográfica.
edital, o país que recusar o cumprimento de carta roga- § 3o A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisi-
tória. tos a que se refere o caput e será instruída com a convenção
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encon- de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e
trar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também de sua aceitação da função.
pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.
§ 3o O réu será considerado em local ignorado ou in- Entre os requisitos essenciais das cartas estão a menção
certo se infrutíferas as tentativas de sua localização, in-
do juízo deprecante e do deprecado, a íntegra do ato judicial
clusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre
sobre o qual se refere a carta, além do mandato dos advoga-
seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de conces-
dos e da assinatura do juiz.
sionárias de serviços públicos.
Art. 261.   Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para
Art. 257.  São requisitos da citação por edital:
cumprimento, atendendo à facilidade das comunicações e à
I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informan-
natureza da diligência.
do a presença das circunstâncias autorizadoras;
II - a publicação do edital na rede mundial de com- § 1o As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de
putadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de expedição da carta.
editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certifi- § 2o Expedida a carta, as partes acompanharão o cumpri-
cada nos autos; mento da diligência perante o juízo destinatário, ao qual com-
III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre pete a prática dos atos de comunicação.
20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publica- § 3o A parte a quem interessar o cumprimento da diligência
ção única ou, havendo mais de uma, da primeira; cooperará para que o prazo a que se refere o caput seja cum-
IV - a advertência de que será nomeado curador espe- prido.
cial em caso de revelia.
Parágrafo único.  O juiz poderá determinar que a publi- Toda carta tem fixado prazo para ser cumprido. No mais,
cação do edital seja feita também em jornal local de ampla a carta não se cumprirá automaticamente, caberá à parte in-
circulação ou por outros meios, considerando as peculiari- teressada tomar providências para tanto. Sempre que a carta
dades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias. é distribuída se cria um número de acompanhamento do pro-
cesso, cadastrando-se os advogados, que irão praticar atos no
Art. 258.  A parte que requerer a citação por edital, ale- curso da carta.
gando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autori-
zadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) Art. 262.  A carta tem caráter itinerante, podendo, antes
vezes o salário-mínimo. ou depois de lhe ser ordenado o cumprimento, ser encaminhada
Parágrafo único.  A multa reverterá em benefício do ci- a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
tando. Parágrafo único.  O encaminhamento da carta a outro juízo
será imediatamente comunicado ao órgão expedidor, que
Art. 259.  Serão publicados editais:  intimará as partes.
I - na ação de usucapião de imóvel;
II - na ação de recuperação ou substituição de título Nos termos da legislação, se o juízo deprecado não tiver
ao portador; como cumprir a Carta porque esta deve ser cumprida em outro
III - em qualquer ação em que seja necessária, por deter- lugar deverá remetê-la ao juízo competente e não devolvê-la
minação legal, a provocação, para participação no processo, não cumprida ao juízo deprecante. Na prática, sabemos que
de interessados incertos ou desconhecidos. nem sempre isso ocorre.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 263.  As cartas deverão, preferencialmente, ser ex- CAPÍTULO IV


pedidas por meio eletrônico, caso em que a assinatura do DAS INTIMAÇÕES
juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei.
Art. 269.  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a
Art. 264.  A carta de ordem e a carta precatória por meio alguém dos atos e dos termos do processo.
eletrônico, por telefone ou por telegrama conterão, em resu- § 1o É facultado aos advogados promover a intimação do
mo substancial, os requisitos mencionados no art. 250, advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos
especialmente no que se refere à aferição da autenticidade. autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de
recebimento.
Art. 265.  O secretário do tribunal, o escrivão ou o chefe § 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com có-
de secretaria do juízo deprecante transmitirá, por telefone, pia do despacho, da decisão ou da sentença.
a carta de ordem ou a carta precatória ao juízo em que § 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Fe-
houver de se cumprir o ato, por intermédio do escrivão do deral, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fun-
primeiro ofício da primeira vara, se houver na comarca mais dações de direito público será realizada perante o órgão de
de um ofício ou de uma vara, observando-se, quanto aos re- Advocacia Pública responsável por sua representação judi-
quisitos, o disposto no art. 264. cial.
§ 1o O escrivão ou o chefe de secretaria, no mesmo dia
ou no dia útil imediato, telefonará ou enviará mensagem ele- Art. 270.  As intimações realizam-se, sempre que possí-
trônica ao secretário do tribunal, ao escrivão ou ao chefe de vel, por meio eletrônico, na forma da lei.
secretaria do juízo deprecante, lendo-lhe os termos da carta Parágrafo único.  Aplica-se ao Ministério Público, à De-
e solicitando-lhe que os confirme. fensoria Pública e à Advocacia Pública o disposto no § 1o do
§ 2o Sendo confirmada, o escrivão ou o chefe de secreta- art. 246.
ria submeterá a carta a despacho.
Art. 271.  O juiz determinará de ofício as intimações em
Art. 266.  Serão praticados de ofício os atos requisita- processos pendentes, salvo disposição em contrário.
dos por meio eletrônico e de telegrama, devendo a parte
depositar, contudo, na secretaria do tribunal ou no cartório Art. 272.  Quando não realizadas por meio eletrônico,
do juízo deprecante, a importância correspondente às des- consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos
pesas que serão feitas no juízo em que houver de praticar-se no órgão oficial.
o ato. § 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a
eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que per-
A carta emitida por meio eletrônico tem os mesmos re- tençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Ad-
quisitos da carta impressa. Por uma questão de celeridade vogados do Brasil.
processual o ato é praticado de ofício e depois a parte pa- § 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publi-
gará por ele. cação constem os nomes das partes e de seus advogados,
com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Ad-
Art. 267.   O juiz recusará cumprimento a carta pre- vogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de
catória ou arbitral, devolvendo-a com decisão motivada advogados.
quando: § 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter
I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais; abreviaturas.
II - faltar ao juiz competência em razão da matéria § 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder
ou da hierarquia; ao nome completo e ser a mesma que constar da procu-
III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade. ração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do
Parágrafo único.  No caso de incompetência em razão Brasil.
da matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o § 5o Constando dos autos pedido expresso para que
ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao as comunicações dos atos processuais sejam feitas em
tribunal competente. nome dos advogados indicados, o seu desatendimento im-
plicará nulidade.
Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo § 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria
de origem no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido
traslado, pagas as custas pela parte. do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia
Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público
A carta poderá ser cumprida e devolvida ao juízo de ori- implicará intimação de qualquer decisão contida no pro-
gem ou então o juízo deprecado poderá se recusar a cum- cesso retirado, ainda que pendente de publicação.
pri-la, apresentando justificativas. Não cabe recusa desmo- § 7o O advogado e a sociedade de advogados deverão
tivada ou justificada fora das hipóteses do artigo 267. requerer o respectivo credenciamento para a retirada de
autos por preposto.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 8o A parte arguirá a nulidade da intimação em ca- Sempre que possível a intimação se faz por meio ele-
pítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba praticar, o trônico, com publicação no Diário Oficial eletrônico (portal
qual será tido por tempestivo se o vício for reconhecido. próprio disponível na Internet). Dispensa-se a publicação no
§ 9o Não sendo possível a prática imediata do ato Diário Oficial impresso. A intimação deve conter os nomes
diante da necessidade de acesso prévio aos autos, a parte das partes (salvo segredo de justiça, resumindo-se às ini-
limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, caso em ciais) e dos advogados com o número da OAB, informações
que o prazo será contado da intimação da decisão que a re- suficientes para a identificação. O prazo corre da data da
conheça. publicação, excluído o dia de início e incluído o do final. É
nestes moldes que se faz a intimação do advogado.
Art. 273.  Se inviável a intimação por meio eletrônico Determinados órgãos têm o Direito de serem intimados
e não houver na localidade publicação em órgão oficial, pessoalmente com abertura de vistas, como o Ministério Pú-
incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de to- blico, a Defensoria Pública, a Fazenda Pública.
dos os atos do processo os advogados das partes: Já o modo prioritário de intimação das partes e dos seus
I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; representantes legais é a intimação pelo correio, cabendo
II - por carta registrada, com aviso de recebimento, no entanto a intimação em cartório se eles se fizerem pre-
quando forem domiciliados fora do juízo. sentes. Frustrada a intimação pelo correio, se faz por oficial
de justiça.
Art. 274.  Não dispondo a lei de outro modo, as intima-
ções serão feitas às partes, aos seus representantes legais, 6) Tutelas provisórias
aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo cor-
reio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escri- LIVRO V
vão ou chefe de secretaria. DA TUTELA PROVISÓRIA
Parágrafo único.  Presumem-se válidas as intimações
dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que TÍTULO I
não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modi- DISPOSIÇÕES GERAIS
ficação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente
comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada Art. 294.  A tutela provisória pode fundamentar-se em ur-
aos autos do comprovante de entrega da correspondência no gência ou evidência.
primitivo endereço. Parágrafo único.  A tutela provisória de urgência, caute-
lar ou antecipada, pode ser concedida em caráter anteceden-
Art. 275.  A intimação será feita por oficial de justiça te ou incidental.
quando frustrada a realização por meio eletrônico ou A tutela de urgência é baseada na necessidade de se as-
pelo correio. segurar o provimento jurisdicional, retirando do risco o bem
§ 1o  A certidão de intimação deve conter: jurídico; já a tutela de evidência se baseia apenas no fato de
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa inti- ser autoevidente a alegação ou no fato de persistir uma con-
mada, mencionando, quando possível, o número de seu do- duta protelatória no feito. Sendo assim, a primeira pode ser
cumento de identidade e o órgão que o expediu; antecedente ou incidental, ao passo que a segunda somente
II - a declaração de entrega da contrafé; será incidental.
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessa-
do não a apôs no mandado. Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter inci-
§ 2o Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada dental independe do pagamento de custas.
com hora certa ou por edital. Se requeria a tutela provisória (cautelar ou de mérito) no
curso do processo de conhecimento dispensa-se o recolhimen-
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos to de custas.
atos e termos do processo, geralmente para que faça ou
deixe de fazer alguma coisa. A intimação pode ser voltada Art. 296.  A tutela provisória conserva sua eficácia na
às partes, aos auxiliares da justiça (peritos, depositários, tes- pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser re-
temunhas) ou a terceiros a quem cumpre realizar determi- vogada ou modificada.
nado ato no processo. A intimação é necessária sempre que Parágrafo único.  Salvo decisão judicial em contrário, a
o destinatário não tome ciência do ato diretamente (ex.: se tutela provisória conservará a eficácia durante o período
está na audiência não precisa ser intimado). Quase sempre de suspensão do processo.
a intimação é feita na pessoa do advogado.
São pessoais à parte aquelas intimações em que há de- Art. 297.  O juiz poderá determinar as medidas que con-
terminação judicial para que ela própria cumpra determina- siderar adequadas para efetivação da tutela provisória.
do ato para o qual não se exige capacidade postulatória. Os Parágrafo único.  A efetivação da tutela provisória obser-
demais atos devem ser comunicados ao advogado porque vará as normas referentes ao cumprimento provisório da
em geral ele que toma ciência das decisões, das designa- sentença, no que couber.
ções de audiência, das provas determinadas e da sentença.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 298.  Na decisão que conceder, negar, modificar ou § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere
revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimen- o caput deste artigo:
to de modo claro e preciso. I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
plementação de sua argumentação, a juntada de novos do-
Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da cumentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15
causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhe- (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
cer do pedido principal. II - o réu será citado e intimado para a audiência de
Parágrafo único.  Ressalvada disposição especial, na ação conciliação ou de mediação na forma do art. 334;
de competência originária de tribunal e nos recursos a tute- III - não havendo autocomposição, o prazo para con-
la provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente testação será contado na forma do art. 335.
para apreciar o mérito. § 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso
I do § 1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução
TÍTULO II do mérito.
DA TUTELA DE URGÊNCIA § 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste
artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de no-
CAPÍTULO I vas custas processuais.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste arti-
go, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando hou- em consideração o pedido de tutela final.
ver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e § 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pre-
o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. tende valer-se do benefício previsto no caput deste artigo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme § 6o Caso entenda que não há elementos para a conces-
o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos são de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena
a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminar- mérito.
mente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não
efeitos da decisão. for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode § 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com
ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
bens, registro de protesto contra alienação de bem e qual- estabilizada nos termos do caput.
quer outra medida idônea para asseguração do direito. § 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquan-
to não revista, reformada ou invalidada por decisão de mé-
Art. 302.  Independentemente da reparação por dano pro- rito proferida na ação de que trata o § 2o.
cessual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da § 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquiva-
tutela de urgência causar à parte adversa, se: mento dos autos em que foi concedida a medida, para ins-
I - a sentença lhe for desfavorável; truir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
não fornecer os meios necessários para a citação do reque- § 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela an-
rido no prazo de 5 (cinco) dias; tecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qual- (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o
quer hipótese legal; processo, nos termos do § 1o.
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescri- § 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julga-
ção da pretensão do autor. da, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afas-
Parágrafo único.  A indenização será liquidada nos autos tada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferi-
em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível. da em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do §
2o deste artigo.
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA RE- CAPÍTULO III
QUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUE-
RIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea
à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao re- Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação
querimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e
de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se seu fundamento, a exposição sumária do direito que se
busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resul-
útil do processo. tado útil do processo.

15
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em pro-
refere o  caput  tem natureza antecipada, o juiz observará o va documental adequada do contrato de depósito, caso em
disposto no art. 303. que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado,
sob cominação de multa;
Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) IV - a petição inicial for instruída com prova documental
dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
produzir. réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz
Art. 307.  Não sendo contestado o pedido, os fatos alega- poderá decidir liminarmente.
dos pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorri-
dos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias. Tutela provisória: cautelar e antecipada de mérito
Parágrafo único.  Contestado o pedido no prazo legal, ob- Basicamente, o pedido cautelar e o pedido de antecipa-
servar-se-á o procedimento comum. ção de tutela1 visam preservar os possíveis resultados finais
a serem obtidos pelas vias de conhecimento e de execução.
Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal Tratam-se de instrumentos de que a atividade jurisdicional
terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dispõe para contornar os efeitos deletérios do tempo sobre
dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em o processo: por exemplo, de nada valeria condenar o obri-
que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do gado a entregar a coisa devida se ela não existisse com o
adiantamento de novas custas processuais. término do processo ou garantir à parte o direito de recolher
§ 1o  O pedido principal pode ser formulado conjunta- o depoimento de uma testemunha se ela já tiver falecido
mente com o pedido de tutela cautelar. antes da fase instrutória, tal como de nada adianta obrigar o
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento autor a esperar que seja proferida a decisão final transitada
de formulação do pedido principal. em julgado se ele não tiver condições de esperar este mo-
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão mento e acabe exposto a risco, ou então se a justiça tardar
intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação, em excesso.
No código de processo civil existem duas tutelas provi-
na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente,
sórias, a tutela antecipada de mérito e a medida cautelar. A
sem necessidade de nova citação do réu.
diferença é que na tutela antecipada de mérito o juiz conce-
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para con-
de (total ou parcialmente) o provimento jurisdicional, ainda
testação será contado na forma do art. 335.
que em caráter provisório, antes do momento em que nor-
malmente o faria (sentença). Então, na tutela antecipada o
Art. 309.  Cessa a eficácia da tutela concedida em ca-
juiz adianta a resposta de mérito que, caso contrário, apenas
ráter antecedente, se:
viria na sentença.
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal for- 1 Destaca-se que popularmente a “tutela antecipa-
mulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de da de mérito” é conhecida como “liminar”. A popularida-
mérito. de decorre do fato de que apenas com a Lei nº 8.952, de
Parágrafo único.  Se por qualquer motivo cessar a eficácia 13.12.1994, que alterou o CPC/1973, é que foi criada a
da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo expressão “tutela antecipada de mérito”, aplicável a toda
sob novo fundamento. espécie de ação em que se fizessem presentes os requisi-
tos. Até este momento, a única possibilidade de o juiz ante-
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta cipar o resultado útil do processo decorria da chamada “li-
a que a parte formule o pedido principal, nem influi no minar” prevista para as ações possessórias. O CPC/1973
julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o utilizava a expressão “liminar” também, em outros momen-
reconhecimento de decadência ou de prescrição. tos, para se referir ao momento processual em que uma
decisão era tomada – e o mesmo ocorre no CPC/2015. No
TÍTULO III último caso, “liminar” corresponde a uma circunstância em
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA que o juiz pode decidir numa fase muito inicial do proces-
so, antes mesmo de ouvir o réu. Logo, quando se fala em
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, indepen- concessão de tutela antecipada de mérito de forma liminar,
dentemente da demonstração de perigo de dano ou de refere-se tecnicamente à situação em que o juiz dá a medi-
risco ao resultado útil do processo, quando: da antes de permitir o pleno exercício do contraditório pelo
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o réu: “inaudita altera pars” ou após audiência de justifica-
manifesto propósito protelatório da parte; ção. Com efeito, a expressão “liminar”, apesar de popular,
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas ape- não é tecnicamente a mais correta para ser empregada,
nas documentalmente e houver tese firmada em julgamento devendo-se preferir pelas expressões “antecipação de tu-
de casos repetitivos ou em súmula vinculante; tela”, “tutela antecipada” ou “tutela antecipada de mérito”.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Diferentemente, na medida cautelar são tomadas pro- Quanto aos requisitos das tutelas de urgência, tem-se o
vidências que visam afastar um risco existente para garantir caput do artigo 300, CPC: “A tutela de urgência será conce-
a eficácia do provimento jurisdicional. Logo, não há adian- dida quando houver elementos que evidenciem a probabi-
tamento do pedido. A cautelar serve para proteger pessoas, lidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resul-
provas e bens em situação de risco: as medidas para asse- tado útil do processo”. Como o próprio nome diz, quando
gurar bens compreendem as que visam garantir uma futura a tutela é de urgência, significa que a sua concessão é de
execução forçada e as que somente procuram manter um necessidade premente, sob pena de se criar um risco ou um
estado de coisa; as medidas para assegurar pessoas com- dano ao resultado do processo. Aqui, se expressam os requi-
preendem providências relativas à guarda provisória de pes- sitos clássicos da tutela cautelar, com pequenas adaptações
soas e as destinadas a satisfazer suas necessidades urgentes; terminológicas: “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
as medidas para assegurar provas compreendem a anteci- O objeto da tutela de urgência consiste na pretensão
pação de coleta de elementos de convicção a serem utiliza- de que o juiz afaste a crise de segurança, a situação de pe-
das na futura instrução do processo principal. rigo, motivo pelo qual o “fumus boni juris” e o “periculum
Tanto o pedido cautelar quando o pedido de tutela an- in mora” constituem o mérito a ser discutido, em cognição
tecipada podem ser feitos em processo autônomo, antes do sumária. Sem estes, o pedido deve ser rejeitado, embora tal
processo de conhecimento principal (caráter antecipado), rejeição não impeça, em regra, a concessão da tutela defi-
ou dentro do processo principal (caráter incidental). A tutela nitiva.
cautelar cabe enquanto houver risco ao provimento jurisdi- a) “Fumus boni juris”: é a aparência do bom direito ou,
cional, antes ou durante o processo de conhecimento. Cabe melhor dizendo, conforme a redação do novo Código, é a
na execução somente para assegurar a satisfação do crédito. probabilidade do direito. O juiz precisa verificar se o provi-
mento no processo principal tem probabilidade de ser de-
Da fungibilidade à unificação das tutelas provisórias ferido. O juiz deve valer-se da proporcionalidade, sobrepe-
A distinção entre as duas tutelas de urgência – tutela sando as consequências da concessão ou não da medida. O
antecipada de mérito e tutela cautelar – era mais importante CPC/1973, como não unificava as tutelas antecipada e caute-
até a criação da fungibilidade, segundo a qual o juiz pode lar, utilizava expressões diversas ao fixar os requisitos destas:
conceder uma medida pela outra. Basicamente, o juiz, dian- falava-se, para a tutela antecipada, em verossimilhança da
te de um pedido de tutela provisória cautelar pode enten-
alegação. Na época, alguns doutrinadores defendiam que o
der que é mais adequado conferir uma tutela provisória de
grau de certeza para a concessão da tutela antecipada de-
antecipação, e vice-versa, optando por uma tutela cautelar
veria ser maior, eis que verossimilhança da alegação é mais
quando a parte solicitou uma tutela de antecipação de mé-
forte do que aparência do direito. Hoje, com a unificação das
rito. Não se exige requerimento expresso da parte, trata-se
tutelas, a discussão perde o sentido: o requisito é o mesmo,
de liberdade do juiz que se insere em seu poder-dever geral
tanto para as cautelares quanto para as tutelas antecipadas,
de cautela e antecipação.
A fungibilidade já vinha prevista no artigo 273 do bastando a probabilidade do direito. Ressalta-se, nos dizeres
CPC/1973, mas o novo CPC foi além, tratando de ambas em de Theodoro Jr, que “incertezas ou imprecisões a respeito
um título único (“tutela de urgência e tutela de evidência”). do direito material do requerente não podem assumir a for-
Isso é a unificação das tutelas. Não significa que as tutelas ça de impedir-lhe o acesso à tutela cautelar. [...] Somente é
deixaram de ser fungíveis, ainda o são. Contudo, hoje, mais de cogitar-se da ausência do ‘fumus boni juris’ quando, pela
que fungíveis, são unificadas e se sujeitam a regime jurídico aparência exterior da pretensão substancial, se divise a fatal
muito semelhante e, em alguns pontos, como em relação carência de ação ou a inevitável rejeição do pedido, pelo
aos requisitos para a concessão, idêntico. Destaca-se a pre- mérito”.
visão sobre a fungibilidade de tutelas no artigo 305, pará- b) “Periculum in mora”: é o perigo da demora, ou, con-
grafo único, permitindo que o juiz siga outro procedimento forme a redação do novo Código, o perigo de dano ou o
na tutela pedida em caráter antecedente se pensar que se risco ao resultado útil do processo. No CPC/1973, falava-se
trata de tutela antecipada e não cautelar. em “fundado receio de dano irreparável ou de difícil repa-
ração” no que tange às tutelas antecipadas e em “fundado
Tutelas de urgência e de evidência: requisitos e tra- receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause
ços comuns ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação” no que
Disciplina o artigo 294, CPC: “A tutela provisória pode tange às cautelares – a redação era bastante semelhante e
fundamentar-se em urgência ou evidência”. Com efeito, queria dizer a mesma coisa: é preciso perigo decorrente da
existem duas modalidades de tutela provisória previstas no demora. O novo Código opta por expressar “periculum in
Código de Processo Civil, cada qual se voltando a circuns- mora” com a redação “perigo de dano ou o risco ao resulta-
tâncias específicas e exigindo também requisitos próprios. do útil do processo”. O provimento final deve estar corren-
Em comum, tem-se que ambas são providências de caráter do um risco, não sendo possível aguardar o julgamento. O
provisório, que serão substituídas em algum momento pela temor deve ser fundado e objetivo, mesmo que se trate de
tutela definitiva, que vem apenas com a sentença ou acór- cognição sumária. Basicamente, há o risco de perecimento,
dão transitado em julgado, do qual não caiba mais recurso. destruição, desvio, deterioração ou de qualquer mutação
Ambas conservam eficácia durante todo o processo, embora das pessoas, bens ou provas que sejam necessários para a
possam a qualquer momento ser revogadas (artigo 296, pa- perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo
rágrafo único). principal.

17
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

O dano deve ser fundado (trata-se de um receio objeti- b) “as alegações de fato puderem ser comprovadas
vo de que ele ocorrerá, demonstrado por um fato concreto), apenas documentalmente e houver tese firmada em julga-
iminente (o dano ocorrerá em breve) e de grave ou de difícil mento de casos repetitivos ou em súmula vinculante” (inci-
reparação (deve afetar o objeto da ação principal a ponto so II): exige-se, de um lado, que o autor consiga provar seu
de tornar impossível a reparação, impedindo ou dificultando direito apenas por provas documentais, o que caracteriza a
imensamente a restituição ao estado original). essência probatória do “direito líquido e certo”; e, ainda, que
Com efeito, as tutelas de urgência se baseiam, funda- exista bastante consistência de que a decisão lhe será favo-
mentalmente, na existência de risco. A elas não basta que a rável porque há entendimentos firmados em grau superior
parte consiga provar com clareza, desde logo, o seu direito. É em julgamentos de casos repetitivos (recursos extraordinário
preciso mais, é exigido que se prove que a não concessão da e especial repetitivos, incidente de resolução de demandas
medida gerará risco de dano ou perigo ao resultado útil do repetitivas) ou há súmula vinculante (emanada do STF).
processo. Eis o principal traço distintivo das tutelas de evidên- c) “se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
cia, eis que nestas há um contentamento com o requisito da documental adequada do contrato de depósito, caso em que
aparência do direito, dispensada por completo a existência de será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob
perigo. No entanto, as tutelas de evidência, como o próprio cominação de multa” (inciso III): trata-se de pedido de devo-
nome diz, exigem mais do que um direito que seja aparente: o lução da coisa depositada, fundado em prova documental –
direito deve ser praticamente certo, garantido. Basicamente, o que deve ser um contrato de depósito. O juiz determinará que
juiz sabe que é muito difícil que o resultado útil conferido em o depositário entregue o objeto, fixando multa. Vale destacar
tutela definitiva sofra qualquer alteração em relação à tutela que o depositário que se recusa a entregar a coisa depositada
provisória de evidência. é também conhecido como depositário infiel. Não cabe mais
Disciplina, sobre as tutelas de evidência, o artigo 311: “A a sua prisão civil, considerada ilícita pela súmula vinculante nº
tutela da evidência será concedida, independentemente da 25. Entretanto, o legislador viu por bem criar uma hipótese de
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado tutela de evidência para estas situações.
útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do d) “a petição inicial for instruída com prova documental
direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas ape- réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável” (inciso
nas documentalmente e houver tese firmada em julgamento IV): mais uma vez exige-se, de um lado, que o autor consiga
de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de provar seu direito apenas por provas documentais, o que ca-
pedido reipersecutório fundado em prova documental ade-
racteriza a essência probatória do “direito líquido e certo”; e,
quada do contrato de depósito, caso em que será decretada
cumulativamente, que o réu não tenha oposto provas com
a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de
capacidade de gerar dúvida razoável em sua defesa.
multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documen-
ATENÇÃO: o parágrafo único do artigo 311 prevê que
tal suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que
“nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminar-
o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”.
mente”, o que significa que o juiz poderá decidir independen-
A primeira coisa a se notar é a expressa dispensa da de-
monstração do “periculum in mora” quando se utiliza a ex- temente da oitiva do réu, ficando o contraditório diferido para
pressão “independentemente da demonstração de perigo de um momento processual futuro após a concessão da tutela
dano ou de risco ao resultado útil do processo”. Exige-se, con- de evidência. O motivo é bastante óbvio: no caso do inciso I,
tudo, a aparência do direito, mas esta não se consubstancia para que ocorra abuso de direito de defesa/intuito protela-
simplesmente com a “probabilidade do direito”, é preciso ir tório é preciso que o processo já tenha durado algum tempo
além. O “fumus boni iuris” é mais rigoroso, e exige a caracte- e que o réu nele já esteja se defendendo; no caso do inciso
rização de uma das seguintes situações: IV, o juiz é obrigado a dar oportunidade para que o réu gere
a) “ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou “dúvida razoável”, o que não ocorreria se a tutela de evidência
o manifesto propósito protelatório da parte” (inciso I): as ex- fosse concedida imediatamente. Nos casos dos incisos II e III,
pressões são bastante vagas, abrindo margem para a inter- a existência de defesa do réu é dispensável.
pretação do julgador no caso concreto. Geralmente, abusa
do direito de defesa aquele que apenas se defende com o Características gerais das tutelas provisórias
fim de protelar o processo. O processo estaria sendo usado a) Acessoriedade ou instrumentalidade das cautelares: as
de forma indevida, apenas para atender aos interesses escu- medidas cautelares não possuem natureza satisfativa e não
sos do réu. Não importa se há sucesso ou não com o abuso, existem por si mesmas. Ainda que seja autônomo o proces-
gerando efetiva proteção do feito. Basta o abuso em si. São so cautelar, ele será acessório. Quanto às tutelas antecipadas
exemplos de situação em que isso ocorre: a defesa de pon- de mérito, como adiantam o provimento jurisdicional, podem
tos de vista antagônicos relativos ao mesmo negócio jurídi- ser satisfativas, tanto é que se estabilizam (situação na qual o
co em processos diferentes, defesa contra ato incontroverso, processo autônomo antecipado de antecipação de tutela não
defesa carecedora de consistência, fato alegado somente em vai ter caráter acessório e sim principal).
grau de apelação de forma injustificada, legações infundadas b) Autonomia: se a medida cautelar for requerida em um
que contrariam documentos juntados ou apresentados pelo processo próprio, ele será autônomo, há uma relação jurídico-
próprio réu, recurso que contradiz laudo que o próprio réu -processual própria. Ainda, é possível que a parte que logrou
trouxe ao processo, interposição de recurso claramente im- êxito em sede de tutela provisória saia vencida na tutela de-
próprio. finitiva, ou vice-versa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

c) Urgência ou evidência: a cautelar é uma tutela de Fala-se, ainda, em dever-poder porque o juiz tem limi-
urgência, pressupondo uma situação de risco que deve ser tes para o seu exercício, entre eles destaca-se o dever de
afastada o mais rápido possível (em sede de processo au- fundamentação previsto no artigo 298: “na decisão que
tônomo, a urgência será o próprio mérito da cautelar); já a conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o
tutela antecipada pode ser de urgência ou evidência, verifi- juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso”.
cados os requisitos legais. Apesar do dever de motivar as decisões nem ao menos pre-
d) Cognição sumária: a cognição nas tutelas provisórias cisar estar expresso no CPC, até porque decorre da própria
é superficial, bastando a aparência do direito para a sua pro- Constituição Federal (artigo 93, IX, CPC), busca-se evitar que
teção, isto é, a possibilidade de que o perigo se concretize. práticas comuns no Judiciário voltem a se repetir, tendo a
e) Provisoriedade: as decisões cautelares não se tornam normativa um efeito pedagógico. Quer se escapar do juiz
definitivas, não se sujeitam à preclusão e à coisa julgada que se limita a julgar as tutelas provisórias dizendo apenas
material; regra que no geral vale para as tutelas antecipa- que “estão presentes os requisitos” ou que “estão ausentes
das, salvo quando ocorrer estabilização definitiva da tutela os requisitos” sem fazer a devida apreciação deles. Abre-se
concedida em caráter antecedente. Em regra, no momento margem para a oposição de embargos de declaração da de-
oportuno, serão proferidas decisões em sede de tutela de-
cisão do juiz em sede de tutela provisória que não aprecie o
finitiva.
pedido de forma suficiente.
f) Revogabilidade: por serem provisórias, as tutelas pro-
O poder-dever geral de cautela e de antecipação abran-
visórias podem ser revogadas ou modificadas a qualquer
ge:
tempo, inclusive de ofício, conforme cesse ou não a situação
de risco ou de evidência. Com o fim do processo principal, a) O poder que o magistrado tem de tomar todas as
a decisão provisória é substituída por uma definitiva: se im- medidas que entender necessárias para efetivar a tutela pro-
procedente, perde a eficácia a medida; se procedente o pro- visória concedida;
vimento provisório é substituído pelo definitivo. b) O poder de conceder medida provisória diversa da
g) Inexistência de coisa julgada material: as decisões solicitada caso entenda ser outra mais adequada (dando a
provisórias não se sujeitam à coisa julgada material. Con- cautelar pela antecipada e vice-versa);
tudo, se sujeitam à coisa julgada formal, senão o processo c) A possibilidade de o juiz conceder qualquer outra me-
não se encerraria nunca. Então, a decisão provisória pode dida provisória, além das expressamente mencionadas no
ser modificada em outro processo, até mesmo no principal. art. 301 do CPC, para proteger os direitos das partes;
Mesmo no caso de estabilização da tutela antecipada con- d) O poder de revogar, a qualquer tempo, a medida
ferida em caráter antecedente, o Código é expresso em afir- conferida, inclusive de ofício (artigo 296);
mar que não há coisa julgada. e) O dever de fundamentar todas as decisões tomadas
h) Fungibilidade: as tutelas provisórias são fungíveis neste âmbito (artigo 298).
entre si, de modo que o juiz pode conceder uma medida O CPC nada menciona sobre a possibilidade de o juiz
distinta da requerida sem que sua decisão seja considerada exercer de ofício o poder-dever geral de cautela ou de an-
ultra ou extrapetita, ou mesmo dar uma tutela antecipada tecipação. Quando a disciplina era regida pelo CPC/1973,
pela cautelar, ou uma cautelar pela antecipada. o legislador permitia que o juiz agisse de ofício na tutela
cautelar de forma excepcional, vedando a ação de ofício na
Poder-dever geral da cautela e de antecipação: art. tutela antecipada de mérito. Apesar da disciplina, a doutrina
297, caput majoritária criticava de forma veemente a possibilidade de
Prevê o artigo 297, caput, CPC: “O juiz poderá determi- ação de ofício do juiz. Por outro lado, alguns precedentes
nar as medidas que considerar adequadas2 para efetivação começaram a flexibilizar a norma, inclusive admitindo em
da tutela provisória”. Trata-se da previsão expressa do po- casos extremos a tutela antecipada de mérito de ofício se o
der-dever geral de cautela e antecipação do juiz.
risco for muito alto e houver verossimilhança.
No CPC/1973 apenas se falava em “poder geral de cau-
Então, surge o novo CPC, que nada menciona sobre a
tela”. O CPC/2015 permite claramente perceber que existe,
questão: não exige e nem dispensa o requerimento da parte
na verdade, um “dever-poder” que pode ser empregado
para a concessão de tutela provisória. Abre-se espaço para
tanto para fins de cautelar, isto é, para assegurar o resulta-
do útil do processo, como também para fins de satisfação as opiniões doutrinárias divergentes. Os que entendem que
imediata de um direito que, pelo que se pode depreender o juiz pode agir de ofício alegam que o CPC/2015 não re-
do art. 294, é caso de “tutela antecipada”. Neste sentido, e produz o art. 2º do CPC/73, segundo o qual “nenhum juiz
tendo em conta o texto do próprio caput do art. 297, é irre- prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o in-
cusável que a nova regra quer também desempenhar o pa- teressado a requerer, nos casos e forma legais”, exigindo de
pel que deriva do art. 273, caput, do CPC atual, e, portanto, forma mais comedida apenas o requerimento para que te-
do “dever-poder geral de antecipação”. nha início o processo, mas não a concessão da tutela (art. 2º
do CPC/2015). Os que entendem que o juiz não pode agir de
2 Obs.: no projeto da Câmara dos Deputados se proibia ofício alegam, primeiramente, que o art. 141 do CPC/2015
a efetivação da medida provisória mediante bloqueio e penhora veda que o juiz conheça de questões não suscitadas a cujo
de dinheiro, de aplicação financeira e outros ativos financeiros. respeito a lei exija iniciativa da parte; em segundo lugar, que
No Senado, após inúmeras críticas da doutrina processualista, o a tutela provisória está cercada por um regime de respon-
dispositivo caiu. sabilidade objetiva do requerente (art. 302 do CPC/2015),

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

não sendo razoável que o juiz conceda a medida de ofício Por isso, o juiz deve analisar no caso concreto se a medi-
colocando em risco a parte que não quis corrê-lo (conscien- da é reversível, pois se não for e surgir o risco de que ela seja
temente ou não); e, por fim, que o art. 932, II, do CPC/2015, definitiva, não poderá concedê-la. Mesmo que exista urgên-
segundo o qual incumbe ao relator “apreciar o pedido de tu- cia, deverá guardar sua decisão para a cognição exauriente,
tela provisória nos recursos e nos processos de competência não podendo tomá-la em cognição sumária.
originária do tribunal”, faz crer que a medida é sempre ante-
cedida por um pedido3. Contracautela
Nos termos do artigo 300, §1º, “para a concessão da tu-
Reversibilidade das tutelas provisórias tela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução
Preconiza o artigo 296, CPC: “A tutela provisória conserva real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a
tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la”.
decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a O dispositivo trata da denominada contracautela, que é uma
eficácia durante o período de suspensão do processo”. Uma contramedida que visa prevenir os possíveis efeitos danosos
vez concedida, a tutela provisória permanece produzindo seus da concessão de tutela de urgência. Basicamente, exterioriza a
efeitos, inclusive nos períodos de suspensão do processo. preocupação de que a decisão concessiva da tutela de urgên-
En. 140, FPPC: “a decisão que julga improcedente o pedi- cia em sede de cognição sumária seja alterada e o autor não
do final gera a perda de eficácia da tutela antecipada”. tenha condições de ressarcir o réu dos prejuízos causados du-
Entretanto, é da essência das tutelas provisórias que elas rante o período em que a tutela provisória produziu efeitos.
sejam reversíveis ou modificáveis, a qualquer tempo. Logo, é A contracautela se opera como a prestação de caução
possível reverter, caçando a medida anteriormente concedi- por parte do autor ao réu. Tal caução pode ser real, operada
da ou concedendo medida previamente negada, bem como em garantia na forma de bem, ou fidejussória, operada em
é possível modificar, substituindo uma medida por outra ou garantia pessoal, como a de um fiador ou a de uma segura-
alterando os seus termos. O magistrado pode fazer isso de dora. A caução deve corresponder ao valor dos prejuízos que
ofício ou a requerimento das partes. o réu irá, eventualmente, sofrer durante o período em que a
medida produzir efeitos.
Perigo de dano reverso na tutela antecipada de ur- Destaca-se que somente existe a previsão de contracau-
gência tela para as tutelas de urgência, não se aplicando às tutelas
Nos termos do artigo 300, § 3º, CPC, “a tutela de urgência de evidência.
de natureza antecipada não será concedida quando houver Ainda, é preciso que o juiz analise as circunstâncias do
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão”. A disci- caso concreto, notadamente os efetivos riscos de danos ao
plina especificamente se volta às tutelas de urgência, não de réu que existem e as condições de ambas partes.
evidência, até mesmo porque nas últimas as chances de alte- Vale tomar nota que a mera hipossuficiência da parte au-
ração da decisão da tutela provisória para a tutela definitiva tora, impedindo-a de prestar a caução idônea, não deve ser
são mínimas. Ainda, precisamente se volta à tutela antecipa- motivo para barrar a concessão da tutela provisória. Se for
da, não à cautelar. Afinal, a medida cautelar não antecipa o possível o pagamento de caução, o juiz irá determinar, mas se
resultado útil do processo. não for ele apenas irá dispensá-la, concedendo a tutela pro-
A preocupação é que se conceda uma tutela de urgên- visória mesmo assim. Trata-se de medida de acesso à justiça,
cia antecipada e a medida seja irreversível, que seus efeitos pois caso contrário se estaria prejudicando uma pessoa que
não possam ser mudados. Em outras palavras, preocupa-se preenche os requisitos para a concessão da medida apenas
em dar ao autor o que ele quer no início do processo e, ao pelo fato dela não ter condições econômicas. Afinal, os re-
final, caso ele perca, não tenha como restituir o réu ao estado quisitos para a tutela provisória são apenas “fumus boni iuris”
anterior em que estava antes de cumprir o determinado na e “periculum in mora” – em nenhum momento o legislador
decisão concessiva da tutela antecipada. Imagine o seguinte exige que a pessoa tenha condições financeiras de prestar
exemplo: um pai pede à justiça que supra o consentimento caução para conseguir a tutela provisória. Se não é requisito
da mãe e autorize um menor a viajar ao exterior, pedindo a legal, não pode ser exigido.
concessão da tutela antecipada; a mãe alega ao juiz que não
deu a autorização por receio de que o menor não voltasse e o Momento processual: possibilidade de concessão da
genitor se fixasse em definitivo no exterior – mesmo que o pai medida “inaudita altera pars” ou após justificação
demonstre a fumaça do direito e o perigo da demora, o juiz Quanto às tutelas de urgência, o artigo 300, §2º, CPC pre-
não poderá dar a medida devido à dúvida razoável levantada vê: “a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
pela mãe, pois mesmo a remota possibilidade dela estar certa após justificação prévia”. Por concessão liminarmente, enten-
deve ser considerada devido ao perigo do dano reverso (se de-se a que se dá antes mesmo da oitiva do réu, isto é, “inau-
ao final o juiz decidir que a criança deveria ficar no país, de dita altera pars” – sem ouvir a parte contrária. Em que pese o
nada adiantaria, pois ela já teria viajado). teor do dispositivo não deixar isso claro, a liminar “inaudita
altera pars” é excepcional e pode ser concedida se a urgência
3 Vide: DONOSO, Denis. Tutela Provisória de ofício? for tamanha que não haja tempo hábil para citar o réu ou se a
Carta Capital, 23 nov. 2015. Disponível em: <http://justifican- citação for prejudicar a eficácia da medida. O juiz deve viabi-
do.cartacapital.com.br/2015/11/23/tutela-provisoria-de-oficio/>. lizar o mínimo de contraditório se sentir que não há prejuízo
Acesso em: 13 fev. 2017. em fazê-lo.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Já a justificação prévia é alternativa àqueles casos em d) “o juiz acolher a alegação de decadência ou prescri-
que os pressupostos para a concessão da tutela de urgência ção da pretensão do autor” (inciso IV): se a pretensão an-
não são passíveis de demonstração com a própria petição tecipada decaiu ou prescreveu, há dever de indenizar se os
inicial (prova documental, ata notarial ou estudo técnico), efeitos da tutela provisória causaram prejuízo.
sendo o caso, por exemplo, de ouvir testemunhas ou o pró- Destaca-se, pelo artigo 302, parágrafo único, CPC, que
prio requerente da medida. Nesta hipótese, o mais correto “a indenização será liquidada nos autos em que a medida
não é indeferir o pedido de tutela de urgência, mas designar tiver sido concedida, sempre que possível”. Logo, não há ne-
a referida audiência para colheita da prova. Em regra, o réu cessidade de promover um processo autônomo para apurar
não participa da justificação prévia, não fazendo contraprova. a indenização se for possível fazê-lo nos próprios autos por
Pode apenas comparecer à audiência e arguir eventuais tes- meio de liquidação.
temunhas ou buscar acordo.
Quanto às tutelas de evidência, relembra-se que o pa- Procedimento para a concessão em caráter antece-
rágrafo único do artigo 311 prevê que “nas hipóteses dos dente: processo autônomo
incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente”, o que sig- A primeira questão procedimental que merece menção
nifica que o juiz poderá decidir independentemente da oitiva se refere à competência, regra prevista no artigo 299 que
do réu, ficando o contraditório diferido para um momento vale tanto para a solicitação incidental quanto para a an-
processual futuro após a concessão da tutela de evidência. tecedente: “a tutela provisória será requerida ao juízo da
Logo, é possível a concessão de tutela de evidência “inaudita causa e, quando antecedente, ao juízo competente para
altera pars” apenas em dois casos, nos outros dois o juiz deve conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada
fazê-lo apenas depois do direito de defesa ser exercido. disposição especial, na ação de competência originária de
Por fim, destaca-se que embora o juiz possa, em alguns tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida
casos, conceder a medida de forma liminar, este não é o úni- ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito”.
co modo que pode dar a tutela provisória, afinal, são medi- No mais, a competência jurisdicional para a formulação do
das que podem ser modificadas, revogadas ou concedidas a pedido de tutela provisória observa as regras comuns.
qualquer tempo no processo, desde que se façam presentes O pedido de tutela provisória deve ser requerido ao juí-
os requisitos. zo da causa sempre que já houver causa tramitando (pe-
dido incidental). Nesta circunstância, a requisição de tutela
Responsabilidade objetiva por danos causados pela
provisória será processada como qualquer outra requisição
tutela de urgência
feita no curso de processo principal – feita a requisição, se
O artigo 302, CPC fixa um regime jurídico de responsa-
possível, o juiz ouvirá a parte contrária antes de decidir, ou
bilização civil objetiva do solicitante da tutela de urgência
decidirá liminarmente ou após justificação se a oitiva da par-
quando esta causar prejuízos à parte adversa. Não será ana-
te contrária puder colocar em risco a eficácia da medida ou
lisada a culpa, bastando que a ação (solicitação da medida),
se a urgência for tamanha que não seja possível aguardá-la.
o nexo causal (solicitação que dê causa ao prejuízo) e o dano
Vale destacar que se a ação estiver tramitando no âmbito de
(prejuízo). Este dano é autônomo em relação ao dano pro-
Tribunal (seja pela pendência de recurso, seja pela compe-
cessual e às penas de litigância de má-fé ou ato atentatório
à dignidade da justiça. É o que se deduz do teor do caput: tência originária), é dele a competência de apreciar o pedido
“Independentemente da reparação por dano processual, a de tutela provisória.
parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de Se ainda não houver causa em trâmite, tratando-se as-
urgência causar à parte adversa, se: [...]”. sim de pedido antecedente de tutela de urgência (pois não
O prejuízo será reparado por aquele que solicitou a tute- existe tutela de evidência antecedente), deve ser solicitada
la de urgência em detrimento daquele que sofreu seus efei- perante o juízo que terá competência para apreciar o pedido
tos. Na maior parte dos casos, será o autor que pediu a tutela principal feito em tutela definitiva.
de urgência em sua petição inicial ou em momento posterior. Vale destacar, independentemente de se tratar de deci-
Entretanto, pode ser o réu reconvinte que pediu a antecipa- são em processo antecedente ou em pedido incidental, que
ção da tutela pedida em reconvenção ou o réu em qualquer é cabível recurso da decisão do juiz sobre a tutela provisó-
outra condição no processo quando ele pedir tutela cautelar. ria, qual seja, agravo de instrumento: “Art. 1.015, CPC. Cabe
Deve se caracterizar uma das seguintes hipóteses: agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias
a) “a sentença lhe for desfavorável” (inciso I): sentença de que versarem sobre: I - tutelas provisórias”. Ainda, é possível
improcedência ao pedido formulado pela parte; fazer a execução provisória da decisão, mediante cumpri-
b) “obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, mento provisório, com vistas a efetivar a medida (artigo 297,
não fornecer os meios necessários para a citação do requeri- parágrafo único).
do no prazo de 5 (cinco) dias” (inciso II): autor que pede a tu- Parte-se, então, para o aprofundamento da questão
tela provisória em caráter antecedente (processo autônomo) procedimental. O CPC estabelece dois procedimentos para
e não providencia a citação; os pedidos de tutelas provisórias: os artigos 303 e 304 re-
c) “ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer gulam o procedimento da tutela antecipada requerida em
hipótese legal” (inciso III): cessa a medida quando, pedida em caráter antecedente, ao passo que os artigos 305 a 310 re-
caráter antecedente, perde seus efeitos devido à inércia do gulam o procedimento da tutela cautelar requerida em cará-
autor que a solicitou; ter antecedente. São, respectivamente, os capítulos II e III da

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

disciplina do título II, sobre tutelas de urgência. Com efeito, ATENÇÃO: qualquer das partes, autor ou réu, pode de-
ambos são procedimentos de pedidos antecedentes, não mandar com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela
incidentais, feitos com relação a uma das duas espécies de antecipada estabilizada, no prazo de dois anos. Enquanto
tutela de urgência – antecipada ou cautelar. isso não ocorrer, a tutela estabilizada conservará seus efeitos
Em resumo, quanto à tutela antecipada requerida em e, passado o prazo de dois anos, se estabilizará em defini-
caráter antecedente, que se apresenta bastante útil sempre tivo. Apesar disso, não formará coisa julgada em hipótese
que o autor da ação carecer de provas documentais essen- alguma.
ciais e não tiver condições de espera-las para acostar à inicial Quanto ao procedimento da tutela cautelar requerida
e entrar com pedido principal devido à urgência da situação em caráter antecedente, além de reafirmar a fungibilidade
(ex.: certidão de nascimento para entrar com a ação de ali- desta tutela em relação à antecipada, o legislador fixa o se-
mentos), adota-se o seguinte procedimento: guinte procedimento:
1) Indicação na petição inicial do pedido principal que 1) Apresentação de petição inicial que deve indicar a
será feito em tutela definitiva, com o pedido de tutela an- lide e o seu fundamento, com exposição sumária do direito
tecipada, com exposição da lide (mérito), do direito a ser que se pretende assegurar, perigo de dano ou risco ao re-
realizado e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do sultado útil do processo (artigo 305, caput).
processo (artigo 303, caput). 2) Citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, con-
ATENÇÃO: Nesta petição inicial deve constar o valor da testar o pedido e indicar as provas que pretende produzir
causa, o qual vai ser calculado não com base no pedido de (artigo 306). Destaca-se aqui a primeira grande diferença
tutela antecipada, mas com base no pedido principal que em relação à tutela antecipada pedida em caráter ante-
será feito em tutela definitiva (artigo 303, §4º). cedente, pois naquela não há contestação na fase ante-
ATENÇÃO: O autor deve indicar expressamente que se cedente, enquanto nesta há. Logo, o réu será citado para
trata de pedido de tutela antecipada em caráter anteceden- contestar o pedido cautelar e, futuramente, intimado para
te, senão o juiz vai presumir que já se trata de pedido feito comparecer à audiência de conciliação e, se o caso, contes-
em tutela definitiva e tratará como tal (artigo 303, §5º). tar o pedido definitivo, nos termos do rito do processo de
2) Em 15 dias ou em prazo maior fixado pelo juiz o autor conhecimento.
aditará a inicial com argumentos, provas e confirmação do Neste sentido, prevê o artigo 307: “Não sendo contes-
pedido de tutela final (artigo 303, §1º). Esta emenda à pe- tado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão
tição inicial não tem por objetivo a correção de vícios, mas
aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz de-
serve para aprofundar e especificar os fundamentos da lide
cidirá dentro de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Contesta-
principal. Com efeito, a emenda terá verdadeiro caráter de
do o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento
petição inicial do processo de conhecimento.
comum”. Com efeito, a não apresentação da contestação
Se a emenda não for apresentada, o processo será extin-
impõe ao juiz que julgue o pedido cautelar. Se apresentada,
to sem resolução do mérito (artigo 303, §2º). Entretanto, vale
o juiz seguirá com a realização de audiência de conciliação
destacar que se esgotar o prazo para recurso do réu, mesmo
que a emenda não tenha sido apresentada, estabiliza-se a após a emenda de inicial para elaborar o pedido principal
tutela. (artigo 308, §3º).
ATENÇÃO: O aditamento é feito nos próprios autos, que 2) Se a tutela cautelar for concedida, o autor terá um
seguem como lide principal. Não há novo processo quando prazo de 30 (trinta) dias para propor o pedido principal a
feito o pedido principal através da emenda. Por isso mesmo, contar de sua efetivação (artigo 308). Quando o pedido
não incidem novas custas (artigo 303, §3º). principal for reformulado caberá o aditamento da causa de
ATENÇÃO: O §6º do artigo 303 fala em outro tipo de pedir (artigo 308, §2º). Ocorre aqui uma apresentação de
emenda à inicial, este sim serve para a correção de vícios da emenda à inicial, também apresentada nos mesmos autos
petição inicial apresentada para pedir tutela antecipada em em que foi deduzido o pedido cautelar, não dependendo
caráter antecedente. Também serve para que o juiz permi- da mesma forma de pagamento de novas custas. A altera-
ta ao autor complementar seus argumentos e convencê-lo ção principal em relação ao pedido antecedente de tutela
a dar a tutela antecipada, não podendo assim indeferir tal antecipada é que naquele caso o prazo é de 15 dias e, neste
tutela liminarmente. (“Caso entenda que não há elementos caso, de 30 dias.
para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional ATENÇÃO: Nada impede que o pedido principal seja
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) formulado junto com o pedido cautelar, quando haverá
dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto tutela cautelar requerida em caráter incidental (artigo 308,
sem resolução de mérito”). §1º).
3) Concedida a tutela, o réu será intimado para a au- ATENÇÃO: Mesmo que o pedido cautelar feito em ca-
diência de conciliação, abrindo-se prazo para contestação se ráter antecedente seja indeferido, caso em que não haverá
ela restar infrutífera. Esta conciliação e posterior contestação efetivação da cautelar e, por lógica, não existirá o prazo de
já se referem à lide principal, não apenas à tutela antecipada. 30 dias aqui mencionado, nada impede que a parte formule
Além disso, para a doutrina majoritária, independentemente o pedido principal, nos termos do artigo 310 (“o indeferi-
de comparecimento à conciliação e apresentação de con- mento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o
testação, se não houver interposição de recurso da decisão pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se
que concedeu a tutela por parte do réu, ela se estabiliza e o o motivo do indeferimento for o reconhecimento de deca-
processo é extinto (artigo 304). dência ou de prescrição”).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

ATENÇÃO: Mesmo que obtida a tutela cautelar em ca- É preciso ficar atento que a previsão de estabilização
ráter antecedente, é possível que esta perca seus efeitos se de tutela apenas vale para a tutela de urgência antecipada
o autor não tomar providências para efetivá-la, ou se perder requerida em caráter antecedente. As demais tutelas pro-
o prazo de 30 dias para emenda à inicial contados da efeti- visórias não se estabilizam: a de evidência porque nunca é
vação, ou se o pedido principal formulado for julgado impro- antecedente e sempre é incidental; a de urgência cautelar
cedente ou extinto sem resolução do mérito, conforme prevê porque não tem caráter satisfativo (logicamente, não é pos-
o artigo 309 (“Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida sível estabilizar algo que não satisfaz a parte).
em caráter antecedente, se: I - o autor não deduzir o pedido
principal no prazo legal; II - não for efetivada dentro de 30 Exclusão do rol de cautelares específicas
(trinta) dias; III - o juiz julgar improcedente o pedido principal Muitos dos procedimentos cautelares específicos são
formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução realocados em todo o CPC, sendo desformalizados ou des-
de mérito. Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a cautelarizados.
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, A produção antecipada de provas, que ainda absorve o
salvo sob novo fundamento”). arrolamento de bens, e a exibição de documento ou coisa
ATENÇÃO: A medida cautelar concedida em caráter an-
foram remetidos ao estudo do direito probatório, se inse-
tecedente nunca se estabiliza. A razão disso é que somente
rindo na abordagem das provas no CPC.
faz sentido estabilizar uma tutela que seja satisfativa. A cau-
O atentado foi realocado como dever da parte de não
telar jamais é satisfativa, se o fosse seria tutela antecipada e o
praticar inovação legal no estado do bem ou direito litigio-
juiz teria que tratá-la como tal, sendo eventualmente possível
a estabilização. so, acompanhado de procedimento próprio e caracterizan-
3) Apenas depois que for apresentado o pedido princi- do ato atentatório à dignidade da justiça (art. 77, VI e §7º).
pal que se realizará a audiência de conciliação do processo A caução foi alocada entre as despesas processuais (art.
de conhecimento nos moldes do artigo 334 (artigo 308, §3º). 83).
Como o réu já foi citado, dispensa-se nova intimação. Se as A busca e apreensão se consolidou como medida de
partes não chegarem a acordo, o réu terá prazo para respos- execução, o que faz bastante sentido devido ao seu cunho
ta, sendo contestação obrigatoriamente e, se quiser, recon- satisfativo.
venção e exceções (artigo 308, §4º). Colocaram-se entre os procedimentos especiais a ho-
mologação de penhor legal e a notificação e interpelação.
Estabilização da tutela satisfativa antecipada Outras medidas foram simplesmente omitidas, embora
A decisão concessiva da tutela antecipada requerida em possam se inserir no âmbito do poder-dever geral de cau-
caráter antecedente, nos termos do art. 303, CPC, torna-se tela e de antecipação, como alimentos provisionais, posse
estável se não houver interposição do respectivo recurso, em nome do nascituro, separação de corpos, apreensão de
qual seja, agravo de instrumento. Interpreta-se a palavra “re- títulos, etc. Afinal, o juiz pode adotar qualquer medida idô-
curso” em sentido estrito, como a maior parte da doutrina. nea para a asseguração do direito, seja ela de caráter ante-
Contudo, para a doutrina de Daniel Mitidiero, a contestação cipado ou cautelar.
ou manifestação no sentido da realização da audiência de De outro lado, o CPC menciona expressamente algumas
conciliação/mediação, no prazo do recurso, surtiria o mesmo medidas cautelares, embora não se aprofunde fixando pro-
efeito do agravo de instrumento e impediria a estabilização cedimentos próprios, conforme o teor do artigo 301, CPC:
da tutela antecipada. “A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efeti-
O processo será extinto, independentemente da apre- vada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens,
sentação de emenda à inicial por parte do autor. É possível registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
que uma parte demande a outra, por seu turno, para rever, outra medida idônea para asseguração do direito”.
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada (reque- a) Arresto: é a apreensão e depósito judiciais de bens
rer o desarquivamento dos autos, juízo que concedeu a tute-
pertencentes ao devedor, com o objetivo de garantir a obri-
la é prevento), no prazo de dois anos (após ele, o direito de
gação por ele assumida. Aqui, não interessa ao credor qual
demandar se extingue e a tutela se estabiliza em definitivo).
bem será apreendido, desde que seja suficiente ao paga-
Tal prazo será tratado como prazo decadencial e, se não
mento do débito.
ajuizada a ação em tal prazo, ter-se-á a estabilização definiti-
va da decisão sumária, mas mesmo assim sem formar a coisa b) Sequestro: é apreensão judicial para a garantia do
julgada. O legislador, mesmo considerando a hipótese do art. cumprimento da obrigação assumida pelo devedor. Aqui,
304, §5º, CPC, expressamente indicou logo a seguir, no §6º, interessa um bem em específico ao credor.
que tal decisão de cognição sumária não faz coisa julgada, c) Arrolamento de bens: Acontecerá sempre que houver
então nem mesmo após estes dois anos ela se formaria. Con- fundado receio de extravio ou dissipação de bens, direito
tudo, há sim uma certa estabilidade de efeitos. Neste sentido, que assistirá a todo aquele que tenha interesse na conser-
o Código diz que não faz coisa julgada, mas a doutrina é vação dos bens, excetuadas as pretensões de garantia de
controversa – os que associam julgamento de mérito a coisa crédito (para isso existem o arresto e o sequestro). Costu-
julgada dizem que se este julgamento for de mérito há sim ma ser utilizado quanto a massas patrimoniais deixadas por
coisa julgada, então a extinção teria que ser sem resolver o pessoas físicas falecidas (inventário) ou pessoas jurídicas
mérito. falidas (falência).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

d) Registro de protesto contra a alienação de bens: o re- § 2º O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o
gistrador responsável pelo registro de bem imóvel ou, quan- Ministério Público, em setenta e duas horas.
do existir registro próprio, móvel (ex.: veículos, navios e ae- § 3º Do despacho que conceder ou negar a suspensão,
ronaves) poderá averbar protesto contra alienação de bens, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a
tornando pública a condição daquele bem como objeto que julgamento na sessão seguinte a sua interposição.
futuramente irá garantir o pagamento de dívida. Referida pu- § 4º Se do julgamento do agravo de que trata o § 3º re-
blicidade é relevante, pois em caso de alienação a situação sultar a manutenção ou o restabelecimento da decisão que
será tratada como fraude à execução e não como fraude con- se pretende suspender, caberá novo pedido de suspensão
tra credores, presumindo-se a má-fé do adquirente. ao Presidente do Tribunal competente para conhecer de
eventual recurso especial ou extraordinário.
Limitações especiais às liminares contra atos do po- § 5º É cabível também o pedido de suspensão a que
der público se refere o § 4º, quando negado provimento a agravo de
Em seu art. 1.059 o CPC determina que “à tutela provi- instrumento interposto contra a liminar a que se refere este
sória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o disposto artigo.
nos arts. 1º a 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992, e no § 6º A interposição do agravo de instrumento contra li-
art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009”. Tra-
minar concedida nas ações movidas contra o Poder Público
ta-se da disciplina que limita a fixação de tutela de urgência
e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento
contra o poder público, com o seguinte teor:
do pedido de suspensão a que se refere este artigo.
Art. 1°, Lei nº 8.437/1992. Não será cabível medida limi-
nar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou § 7º O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedi-
em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, do efeito suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a
toda vez que providência semelhante não puder ser concedida plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão
em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação da medida.
legal. § 8º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser
§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do
cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares super-
de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à venientes, mediante simples aditamento do pedido original.
competência originária de tribunal. § 9º A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal
§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito na
processos de ação popular e de ação civil pública. ação principal.
§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo Art. 7º, §2º, Lei nº 12.016/2009. Não será concedida me-
ou em qualquer parte, o objeto da ação. dida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem pre- tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do
juízo da comunicação ao dirigente do órgão ou entidade, o exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públi-
respectivo representante judicial dela será imediatamente cos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
intimado. pagamento de qualquer natureza.
§ 5º Não será cabível medida liminar que defira compen-
sação de créditos tributários ou previdenciários. 7) Procedimento comum
Art. 2º, Lei nº 8.437/1992. No mandado de segurança co-
letivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando Observação inicial: O Novo CPC (Lei nº 13.105/2015)
cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa entrou em vigor dia 17 de março de 2016. Entre suas ino-
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo vações, tece algumas bastante substanciais em termos de
de setenta e duas horas. procedimento, como a unificação de prazos (em geral de 15
Art. 3°, Lei nº 8.437/1992. O recurso voluntário ou ex offi-
dias) e a adoção de um único procedimento comum (não há
cio, interposto contra sentença em processo cautelar, proferida
mais divisão entre ordinário e sumário).
contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes, que
importe em outorga ou adição de vencimentos ou de reclassi-
ficação funcional, terá efeito suspensivo. 7.1 – Roteiro básico
Art. 4°, Lei nº 8.437/1992. Compete ao presidente do tri- Antes de estudarmos os detalhes de cada fase do proce-
bunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, dimento, vamos buscar construir uma noção geral do tema.
suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar a) O que é o processo?
nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a Processo é o procedimento animado por relação jurídi-
requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de co-processual.
direito público interessada, em caso de manifesto interesse pú- - Processo é o procedimento no qual há contraditório.
blico ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à - Relação jurídico-processual é o vínculo que se forma
ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. entre autor, juiz e réu, criando direitos e deveres entre eles
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferi- no processo. Mais que isso, criando situações jurídicas no
da em processo de ação cautelar inominada, no processo de processo, que podem ser ativas (poderes, direitos e faculda-
ação popular e na ação civil pública, enquanto não transitada des) ou passivas (estado de sujeição, deveres e ônus).
em julgado. - Procedimento é uma sequência de atos.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

b) Quais são os tipos de processo? g) Recebida a petição, o que o juiz faz?


Processo de conhecimento; processo de execução; pro- Se estiver tudo certo, recebe e determina a citação do
cesso de urgência. réu.
- O ato fim do processo de conhecimento é a sentença, Se não estiver tudo certo, mas for possível consertar, o
certificando a existência de um direito. juiz manda emendar no prazo de 15 dias e, somente se isso
- O ato fim do processo de execução é a satisfação do não for feito, indefere.
credor. Se não estiver tudo certo e o vício for insanável, indefere.
- O ato fim do processo de urgência é a medida cau- ATENÇÃO: Contra o indeferimento da petição inicial cabe
telar ou uma medida de antecipação de efeitos de senten- apelação, aceito juízo de retratação em 5 dias (efeito regres-
ça futura, assegurando a utilidade e a efetividade de outro sivo) e não havendo participação do réu. Se a matéria for
repetitiva e a ação só de direito (não discute fatos), havendo
processo de conhecimento.
posicionamentos dos tribunais superiores ou do próprio Tri-
Obs.: Tanto o processo de conhecimento quanto o pro-
bunal ao qual o juízo se vincula, pode proferir sentença limi-
cesso de urgência possuem natureza cognitiva, enquanto
nar de improcedência. ATENÇÃO: Contra a improcedência de
que o processo de execução possui natureza executiva. plano cabe recurso de apelação, com juízo de retratação a
Obs. 2: Vale lembrar que as atividades destes proces- ser exercido em 5 dias. Se o juiz não se retratar, o réu é citado
sos se misturam, no chamado sincretismo processual. Logo, para oferecer contrarrazões.
nada impede que se inicie uma fase de execução após o h) Citado e não sendo frutífera eventual audiência de
processo de conhecimento, nem que a medida de urgência conciliação, quais respostas o réu pode apresentar?
seja requerida incidentalmente neste em vez de feita em Principalmente, contestação, reconvenção (natureza de
autos apartados. ação) e exceção (impedimento e suspeição remanescem, as
c) Quais são as espécies de procedimento? demais exceções – notadamente de incompetência – e as
Comum impugnações – ao valor da causa e à assistência judiciária –
Especial – Contenciosa ou Voluntária foram excluídas no novo CPC/2015). O prazo para resposta
- A regra é a do procedimento comum. Por isso, às é de 15 dias.
regras procedimentais específicas se aplicam as regras do i) Na contestação, quais espécies de defesa podem
procedimento comum. Além disso, quando a lei não diz que ser apresentadas?
um procedimento é específico, segue-se ele. Defesas processuais – preliminares, inclusive exceção de
d) Qual a consequência de se desrespeitar um pro- incompetência, impugnação ao valor da causa e impugnação
cedimento? ao pedido de assistência judiciária (antes alegáveis em peça
apartada).
Procedimento é matéria de ordem pública, por isso, o
Defesas materiais – de mérito, que atacam o direito ma-
desrespeito gera nulidade, cabendo ao juiz controlar o res-
terial alegado.
peito às regras procedimentais. No entanto, não há nulida- j) Se o réu não contesta, o que acontece?
de sem prejuízo. É revel, sendo consequências da revelia a presunção da
e) Qual a estrutura básica do processo de conheci- veracidade dos fatos alegados e o julgamento antecipado da
mento? lide.
Fase postulatória – Petição inicial, audiência de concilia- k) Após a contestação, quais as providências prelimi-
ção, citação, respostas do réu. nares?
* Providências preliminares – especificação de provas, Chama-se o autor para se manifestar em 15 dias se o réu
réplica, ação declaratória incidental. tiver alegado fato novo (réplica, impugnação à contestação).
* Julgamento conforme o estado do processo. l) Quando haverá julgamento conforme o estado do
Fase de saneamento (ordinatória) – saneamento. processo?
Fase instrutória – produção de provas. Sempre que não for necessário fazer o processo seguir
Fase decisória – sentença. todas as fases ordinárias.
f) Quais os requisitos mínimos da petição inicial? - Extinção do processo.
Endereçamento a juízo competente. - Julgamento antecipado da lide – além da revelia, quan-
Qualificação das partes. do a matéria for só de direito ou quando, sendo de fato, não
Causa de pedir (fatos + fundamentos jurídicos). se mostre necessário produzir provas em audiência.
m) Não sendo o caso de julgar conforme o estado do
Pedido (imediato, que tem natureza processual, no qual
processo, o que o juiz faz?
pede-se a tutela jurisdicional – conhecimento ou execução,
Profere o despacho saneador, fixando os pontos contro-
declaratório, condenatório ou constitutivo / mediato, que vertidos e distribuindo o ônus da prova. Pode fazer isso de
tem natureza material, no qual pede-se o bem da vida que forma colaborativa com as partes, notadamente determinan-
de fato se quer). do que as partes se manifestem sobre as provas que preten-
Valor da causa. dem produzir. Após, segue-se para a instrução.
Requerimento de provas. n) Quais as provas que poderão ser produzidas?
Pedido de citação do réu. Poderão ser produzidas todas as provas admitidas em
Indicação sobre a vontade de não realizar prévia audiên- Direito, isto é, que não violem a lei e não contrariem a moral
cia de conciliação, se for o caso. e os bons costumes.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Existem provas típicas tratadas no CPC, que são: depoi- Petição inicial
mento pessoal, confissão, exibição de documento ou coi- Petição inicial é o ato que dá início ao processo, é a peça
sa, prova documental, prova testemunhal, inspeção judicial, por meio da qual se faz a propositura da ação. Ela é extrema-
prova pericial. mente importante porque fixa os limites subjetivos (partes) e
Algumas destas provas serão colhidas logo após o sa- objetivos (causa de pedir e pedido) da demanda.
neador e outras na própria audiência de instrução. Neste viés, “o registro ou a distribuição da petição inicial
o) O que acontece na audiência de instrução? torna prevento o juízo” (artigo 59, CPC/2015). Prevenção é
Apregoadas as partes, tenta-se uma nova conciliação um critério de confirmação e manutenção da competência
entre as partes. do juiz que conheceu a causa em primeiro lugar, perpetuan-
Frustrada, passa-se à colheita de prova (1º perito e assis- do a sua jurisdição e excluindo possíveis competências con-
tentes, 2º depoimentos pessoais, 3º oitiva das testemunhas correntes de outros juízos. Por se tratar de matéria de ordem
do autor, 4º oitiva das testemunhas da defesa). pública, não se sujeita à preclusão, podendo ser alegada a
Encerrada a instrução, entra-se na fase de julgamento e qualquer tempo.
realizam-se debates orais (20 minutos prorrogáveis por mais Os artigos 319 e 320 do CPC/2015 fixam os requisitos
10 minutos) ou então (o que é muito comum) abre-se prazo da petição inicial, no geral de maneira bem semelhante aos
para apresentação de memoriais escritos (prazo sucessivo – artigos 282 e 283 do CPC/1973.
primeiro autor e depois réu – de 15 dias). Art. 319.  A petição inicial indicará:
Feitos debates, o juiz profere sentença na própria au- I - o juízo a que é dirigida;
diência ou então escolhe proferir sentença por escrito. II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro
7.2 – Fase postulatória de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídi-
ca, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor
Formação do processo e do réu;
O CPC/1973 era impreciso neste capítulo que abordava III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
a formação do processo, notadamente porque incluía dispo- IV - o pedido com as suas especificações;
sitivo sobre a alteração do pedido. O CPC/2015 somente traz V - o valor da causa;
um dispositivo neste capítulo, seu artigo 312. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados;
CPC/1973 CPC/2015 VII - a opção do autor pela realização ou não de audiên-
cia de conciliação ou de mediação.
Artigo 262 Artigo 2º [...]
Artigo 263 Artigo 312 Art. 320.  A petição inicial será instruída com os docu-
mentos indispensáveis à propositura da ação.
Artigo 264 Artigo 329
Exige-se, ainda, que a petição inicial seja escrita em lin-
guagem correta e adequada, bem como que esteja ao final
Neste sentido, o artigo 2º do CPC/2015, correspondente
assinada pelo advogado do autor.
ao artigo 262 do CPC/1973, prevê que “o processo começa
por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
a) Juízo e qualificação das partes
salvo as exceções previstas em lei”. Basicamente, se traz o
A petição inicial deve indicar “o juízo a que é dirigida”
princípio da demanda, de modo que o Judiciário não pode
(artigo 319, I, CPC/2015). O juízo é o órgão ao qual a petição
agir de ofício para iniciar a atividade jurisdicional, devendo
inicial é dirigida. Para a delimitação do juízo é preciso obser-
ser provocado. Uma vez provocada a jurisdição, o Judiciá-
var as regras de competência. Se houver erro na indicação
rio poderá tocar o processo, fazendo com que ele siga seu
e a demanda for proposta perante juízo ou Tribunal incom-
rumo, o que se denomina impulso oficial.
petente, nem por isso a inicial deverá ser indeferida, mas
Por seu turno, o artigo 312 do CPC/2015, em igual teor
apenas remetida ao competente.
que o artigo 263 do CPC/1973, dispõe que “considera-se
Não obstante, a petição inicial indicará a qualificação das
proposta a ação quando a petição inicial for protocolada,
partes: “os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência
todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os
de união estável, a profissão, o número de inscrição no Ca-
efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente
dastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
citado”. Basicamente, o dispositivo nos lembra que a cita-
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do
ção, ato que chama o réu ao processo, é um pressuposto de
autor e do réu” (artigo 319, II, CPC/2015). Nota-se um apro-
existência. Com efeito, a ação é considerada proposta com
fundamento em relação ao mesmo dispositivo no CPC/1973:
a petição inicial, mas a relação jurídico-processual só estará
“os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e re-
completa quando o réu for validamente citado para com-
sidência do autor e do réu” (artigo 282, II, CPC/2015).
pô-la.
As partes constituem um dos elementos identificadores
Deixa-se o estudo da alteração do pedido para o mo-
da ação. Pequenos equívocos na indicação do nomeou da
mento oportuno, notadamente quando da sua análise en-
qualificação das partes são considerados meros erros ma-
quanto elemento da inicial.
teriais, não implicando nulidade desde que não tragam pre-
juízo.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Se houver dificuldade para nomear e qualificar os réus O juiz não pode decidir fora dos limites objetivos tra-
se admite a propositura contra réus desconhecidos ou incer- çados no pedido. Será extra petita a sentença em que o juiz
tos (ex.: invasão do MST, não sabendo o nome de todos os apreciar pedido diverso ou fundamento distinto dos formu-
invasores para constar no polo passivo da ação possessória). lados na inicial (ex.: pede apenas dano material e o juiz dá
Evidentemente que a ampliação da exigência de requi- também dano moral); ultra petita a sentença em que conce-
sitos na qualificação das partes gerou uma maior possibili- der o pedido feito mas em quantia maior que a pedida (ex.:
dade de que o autor não obtenha todas estas informações. pede 10.000 de dano material e o juiz dá 15.000); citra petita
Por isso, o legislador regulamentou nos parágrafos do dis- a sentença em que deixar de apreciar um dos pedidos feitos
positivo as consequências da não obtenção de informações: (ex.: pede dano material e dano moral e ele só julga o dano
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no material – atenção: não julgar é uma coisa, julgar improce-
inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz dente é outra, caso em que não é citra petita).
diligências necessárias a sua obtenção. Em regra, o pedido deve ser certo e determinado. Certo
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito é o que identifica seu objeto, individualizando-o perfeita-
da falta de informações a que se refere o inciso II, for possí- mente; determinado é o pedido líquido, no qual o autor in-
vel a citação do réu. dica a quantidade dos bens que pretende haver.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendi- Nos incisos do art. 286 estão algumas exceções que
mento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de autorizam o pedido ilíquido ou genérico: ações universais,
tais informações tornar impossível ou excessivamente one- quais sejam as que têm por objeto uma universalidade de
roso o acesso à justiça. direito (como herança e patrimônio); quando não for pos-
O primeiro parágrafo se refere à adoção de diligências sível determinar em definitivo as consequências do ato ou
em busca de informações sobre o réu. Por exemplo, se a fato ilícito, pois no ingresso da ação ainda não se sabe a ex-
pessoa tem o CPF do réu, ainda que não tenha seu ende- tensão do dano sofrido, incluindo neste inciso o dano moral;
reço, não poderá requerer desde logo a citação por edital quando o valor da condenação depender de ato que deva
e sim deverá pedir diligências para que o endereço seja ser praticado pelo réu, como as ações de prestação de con-
encontrado a partir do CPF, o que também é possível pelo tas.
nome completo do réu e de sua genitora. Em regra, os pedidos devem ser interpretados restriti-
vamente, não cabendo ao juiz decidir extra, ultra ou citra
O segundo parágrafo esclarece que as exigências de
petita: além, fora ou menos que o pedido. Contudo, exis-
maiores informações não podem ser um óbice ao acesso à
tem casos de pedidos implícitos, que o juiz deve conceder
justiça, de modo que ainda que não constem todas as infor-
mesmo que o autor não peça expressamente, notadamente
mações, se a citação for possível a inicial não será indeferida
juros legais, correção monetária, custas e despesas proces-
(por exemplo, se tem o endereço não faz sentido exigir o
suais e prestações periódicas.
CPF ou o e-mail).
Para a cumulação de pedidos é preciso que os pedi-
Da mesma forma, pelo terceiro parágrafo, a inicial não dos se relacionem, justificando-se o julgamento conjunto
será indeferida se a obtenção de tais informações, ainda que na mesma ação. Haverá cumulação subjetiva no caso da
possível, seja extremamente onerosa ou inviabilize o acesso demanda ser proposta contra mais de um réu (litisconsór-
à justiça. cio passivo) e cumulação objetiva havendo fundamentos
ou pedidos múltiplos. Aqui se fala da cumulação objetiva
b) Causa de pedir de pedidos, que pode ser simples, quando o autor formula
Nos moldes do artigo 319, III do CPC/2015, cabe à pe- múltiplos pedidos e deseja obter êxito em todos, mas um
tição indicar “o fato e os fundamentos jurídicos do pedido”, pedido não depende do outro; sucessiva, quando o autor
ou seja, a causa de pedir. A sua importância para o processo formula múltiplos pedidos e deseja obter êxito em todos,
é a de dar os limites objetivos dentro dos quais será dado o mas o resultado do exame de um repercute no do outro;
provimento jurisdicional. O que efetivamente vincula o juiz é alternativa, quando o autor formula mais de um pedido mas
a descrição dos fatos, e não os fundamentos jurídicos, pois o acolhimento de um exclui o do outro, não havendo assim
ele conhece o direito e deve aplicá-lo corretamente. Não soma de pedidos; eventual ou subsidiária, idêntica à alterna-
basta ao autor narrar a violação de seu direito, mas é preciso tiva, mas havendo uma ordem de preferência. Para cumular
que ele descreva também os fatos em que ele está fundado pedidos, eles devem ser compatíveis entre si, o juízo compe-
(teoria da substanciação). tente deve ser o mesmo e o procedimento escolhido deve
ser adequado a todos os pedidos.
c) Pedido e suas especificações Quanto à alteração do pedido, o artigo 329 do CPC/2015
Além disso, a petição inicial indicará “o pedido com as traz: “O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pe-
suas especificações” (artigo 319, IV, CPC/2015). O pedido é dido ou a causa de pedir, independentemente de consenti-
o núcleo essencial da petição inicial porque delimita os limi- mento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou
tes objetivos da demanda ao lado da causa de pedir. Nele alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do
o autor deve indicar o provimento jurisdicional postulado réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
(pedido imediato – julgar procedente a ação para declarar/ manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,
constituir/condenar) e o bem da vida que se quer obter (pe- facultado o requerimento de prova suplementar. Parágrafo
dido mediato – direito material – ex.: alimentos no valor X, único.  Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à
indenização no valor Y, resolução do contrato...). respectiva causa de pedir”.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Basicamente, proposta a inicial o autor pode alterar o II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade,
pedido ou a causa de pedir até a citação sem consentimen- o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a
to do réu; da citação até o saneamento pode fazê-lo como rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte
consentimento do réu; e a partir do saneamento não pode controvertida;
mais fazê-lo. Inversamente, caso o réu apresente reconven- III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) presta-
ção, poderá alterar sua causa de pedir ou pedido até que o ções mensais pedidas pelo autor;
autor seja intimado para contestá-la; da intimação ao sanea- IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindica-
mento pode fazê-lo com anuência do autor; e a partir do ção, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
saneamento não pode mais fazê-lo. V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano
moral, o valor pretendido;
d) Valor da causa VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia
Toda causa tem um valor certo ainda que seu objeto correspondente à soma dos valores de todos eles;
não tenha conteúdo economicamente aferível. Se o objeto VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de
da ação não tiver valor econômico ou o seu valor for inesti- maior valor;
mável fixa-se por estimativa ou outros critérios. Se o objeto VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor
tiver valor econômico o valor será fixado por critérios obje- do pedido principal.
tivos e legais. § 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,
O valor da causa pode influir principalmente na questão considerar-se-á o valor de umas e outras.
da competência (até 40 salários mínimos pode ser proposta § 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma
no Juizado Especial Cível) e do recolhimento de custas e do prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado
preparo (o valor da causa é a base de cálculo). ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior,
A lei fixa para algumas causas critérios determinados de será igual à soma das prestações.
fixação do valor da causa. Quando o faz, aborda a questão § 3o O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o va-
das prestações vincendas, que irão vencer no curso do pro- lor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo
cesso mas que, por conta do litígio, vencem antecipadamen- patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido
te com a constituição da mora (ex.: busca e apreensão de pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das cus-
veículo financiado) – no caso, devem ser tidas por incluídas tas correspondentes.
as vincendas no valor da causa, até o máximo de 12 presta- Art. 293.  O réu poderá impugnar, em preliminar da con-
ções. testação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de pre-
O CPC/2015 manteve a disciplina sobre o valor da causa clusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a
quanto aos critérios de atribuição, inovando apenas ao in- complementação das custas.
cluir valor específico na ação de indenização. Contudo, ino-
vou bastante ao prever a possibilidade de correção de ofício e) Requerimento de produção de provas
e por arbitramento pelo juiz se verificar que não correspon- Nos termos do artigo 319, VI, CPC/2015, “a petição inicial
de ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito indicará: [...] as provas com que o autor pretende demonstrar
econômico perseguido pelo autor, caso em que se proce- a verdade dos fatos alegados”. Tem havido tolerância quan-
derá ao recolhimento das custas correspondentes. Também to ao desrespeito deste requisito, de modo que sua ausência
inovou ao prever que a impugnação ao valor da causa pelo não gera indeferimento da inicial. Destaca-se que o requeri-
réu não mais precisaria ser feita em instrumento apartado, mento de produção de provas da inicial (e também o da con-
mas sim em preliminar na própria contestação (não há mais testação) são genéricos, sendo que no momento oportuno as
o incidente de impugnação ao valor da causa). partes se manifestarão sobre as provas que desejam produzir.
A respeito da impugnação ao valor da causa, agora por
preliminar de contestação, visa fazer com que ele seja re- f) Requerimento de citação do réu
duzido equitativamente pelo juiz a valores moderados, que Embora o CPC/2015 tenha excluído o inciso que exigia o
não constituam mais empecilho ao exercício das faculdades requerimento de citação do réu, este é decorrência lógica do
processuais pela parte contrária. Mas o juiz, ao examinar a pedido em jurisdição contenciosa e deve ser feito. O pedido
impugnação, não deve pronunciar-se sobre a pretensão do de citação está implícito, não havendo motivo para o juiz in-
autor, nem decidir se ela é ou não excessiva pois se o fizer deferir a demanda por sua ausência, mas é da melhor técnica
estará antecipando o julgamento. mantê-lo.
Neste sentido, os artigos 291 a 293 do CPC/2015:
Art. 291.  A toda causa será atribuído valor certo, ain- g) Outros requerimentos possíveis
da que não tenha conteúdo econômico imediatamente Existem outros requerimentos possíveis, como o pedi-
aferível. do de assistência judiciária gratuita quando o autor não tiver
Art. 292.  O valor da causa constará da petição inicial ou condições de arcar com despesas e custas processuais sem
da reconvenção e será: prejuízo de sua subsistência e de sua família (Lei nº 1.060/50).
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetaria- Ainda, o autor pode solicitar uma medida cautelar inci-
mente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de dental ou pedir a tutela antecipada do mérito por fundamen-
outras penalidades, se houver, até a data de propositura da to de urgência ou evidência. Destaca-se que o CPC/2015
ação; alterou substancialmente a disciplina sobre a tutela anteci-

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

pada de mérito e a tutela cautelar. Antes, a tutela antecipada § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
de mérito por urgência e por evidência eram abordadas no I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
mesmo dispositivo (artigo 273, CPC/1973) e não havia nada II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóte-
expresso sobre a possibilidade de solicitá-la em processo au- ses legais em que se permite o pedido genérico;
tônomo prévio ao processo de conhecimento. Já a aborda- III - da narração dos fatos não decorrer logicamente
gem das cautelares se dava em livro próprio bastante extenso, a conclusão;
como processo autônomo embora posteriormente se acei- IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
tasse a modalidade incidental. § 2o  Nas ações que tenham por objeto a revisão de
obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento
h) Documentos indispensáveis ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inép-
Nos termos do artigo 320 do CPC/2015, “a petição inicial cia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações
será instruída com os documentos indispensáveis à proposi- contratuais, aquelas que pretende controverter, além de
tura da ação”. Os documentos indispensáveis à propositura quantificar o valor incontroverso do débito.
da ação são um requisito extrínseco da petição inicial. Um § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá
exemplo é a procuração, que deve ser juntada, outro são as continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
custas judiciais recolhidas com a inicial. Se ausente um docu-
mento indispensável, o juiz dará prazo para juntada (emenda A maior inovação, além da compactação de hipóteses, é
à inicial), sob pena de indeferimento. Os documentos dispen- a abordagem da inépcia da inicial por não apontamento de
sáveis podem ser juntados posteriormente. Documentos me- valores discriminados no pedido de revisão contratual.
ramente úteis são dispensáveis. Quanto ao procedimento em caso de indeferimento,
por não ter sido sanado o vício no prazo de emenda, preco-
Indeferimento da petição inicial niza o CPC/2015, seguindo a toada do CPC/1973:
Compete ao juiz fazer um exame cuidadoso da admissibi-
lidade da petição inicial. Verificando que a petição inicial está Art. 331.  Indeferida a petição inicial, o autor poderá ape-
em termos, o juiz a recebe e determina a citação do réu. Do lar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.
contrário, concede prazo para regularização. Se o vício não for
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu
solucionado, o juiz a rejeita. Sendo assim, na fase inicial é que
para responder ao recurso.
eventuais defeitos e irregularidades poderão ser danados, de-
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo
vendo o juiz conceder prazo ao autor para que a regularize.
para a contestação começará a correr da intimação do retor-
Marcus Vinícius Rios Gonçalves entende que “é preciso
no dos autos, observado o disposto no art. 334.
que ele lhe conceda a possibilidade de manifestar-se, ainda
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do
que o vício da inicial seja aparentemente insanável, porque o
trânsito em julgado da sentença.
princípio do contraditório assim o exige. Não se pode extin-
guir o processo sem ouvir o autor, pois ele pode, ao manifes-
tar-se, convencer o juiz ou de que o vício apontado não existe, A mudança se dá quanto ao prazo do juízo de retra-
ou de que ele é sanável”. tação, não mais de 48 horas e sim de 5 dias. Em regra, a
Prevê o artigo 321 do CPC/2015, de forma semelhante ao extinção será sem julgamento do mérito, mas excepcional-
artigo 284 do CPC/1973 (salvo quanto ao prazo antes de 10 e mente poderá ser com julgamento do mérito (prescrição e
agora de 15 dias): decadência).
A diferença procedimental com relação à regra geral da
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preen- apelação é que, interposta a apelação, o juiz tem o prazo de
che os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos 5 dias para reformar sua própria sentença, isto é, cabe juízo
e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de de retratação. Se o juiz não voltar atrás, receberá a apelação
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) e mandará subir ao Tribunal sem contrarrazões.
dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o O Tribunal poderá manter ou reformar a sentença. Se
que deve ser corrigido ou completado. reformar, volta para a 1ª instância e continua a correr. O
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz réu poderá alegar na contestação o mesmo fundamento
indeferirá a petição inicial. que havia embasado o indeferimento da inicial, apesar da
reforma do Tribunal (pois o afastamento que o Tribunal faz
Quanto a estes defeitos e irregularidades, o CPC/2015 é “inaudita altera parte”, ou seja, sem oitiva da outra parte,
discrimina casos de indeferimento da inicial, também de for- sem contraditório, possuindo por natureza caráter provisó-
ma semelhante ao CPC/1973, mas sendo mais objetivo em rio), trazendo argumentos e provas de que o Tribunal deve-
seu conteúdo: ria ter mantido a decisão de indeferimento da inicial, ou tra-
zer outro fundamento favorável ao indeferimento da inicial.
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando: Em ambos os casos, sendo o argumento acatado pelo
I - for inepta; juiz, cabe recurso de apelação, que agora tramitará pelo
II - a parte for manifestamente ilegítima; procedimento geral, sem especificidades, pois já não se tra-
III - o autor carecer de interesse processual; ta mais propriamente de inépcia da inicial, mas de extinção
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 (advogado sem julgamento do mérito.
em causa própria) e 321 (emenda).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Improcedência liminar do pedido Interposta a apelação, há juízo de retratação, no prazo


A agora denominada improcedência liminar do pedido de 5 dias. Se o juiz se retratar o processo continua, se não
corresponde à improcedência de plano, também conheci- se retratar, antes de remeter ao Tribunal, deverá mandar citar
da como súmula do juízo, ora prevista no artigo 285-A do o réu para apresentar suas contrarrazões. A apelação subirá
CPC/1973 (alteração do ano de 2007). Ocorre que a discipli- com as alegações do autor e com as alegações do réu.
na se alterou substancialmente, porque não mais se coloca O Tribunal poderá: manter a sentença (condenando o
a improcedência liminar do pedido como decorrência de autor a pagar honorários advocatícios, pois já houve contra-
decisões repetitivas daquele juízo, mas sim como a aplica- ditório); anular a sentença, devolvendo para prosseguimento
ção da lógica dos tribunais (súmula do TJ ou TRF local ou (bastará intimar o réu para oferecer contestação, porque já foi
então entendimentos repetitivos de tribunais superiores). citado); reformar a sentença julgando totalmente procedente
Em verdade, acata-se o que a doutrina já recomendava que a ação (não será procedência de plano porque o réu já exer-
o dispositivo objetivasse desde o início, a uniformização de ceu o contraditório), caso a causa já esteja madura ou envolva
decisões não apenas do juízo, mas de todo o Judiciário. O matéria de direito.
processamento continua o mesmo, o que mudou foram os
requisitos para a improcedência liminar. Audiência de conciliação
Permanece o requisito da matéria exclusivamente de O legislador brasileiro incentiva a conciliação no país e
Direito ou que, sendo de fato, seja provada apenas pelos não há novidades nisso. Várias são as campanhas desenvolvi-
documentos acostados à inicial; acrescido do requisito de das no país em prol da conciliação. Basicamente, conciliação é
que a sentença seja de improcedência, ou seja, não existe o ato no qual autor e réu dialogam sobre o litígio e buscam al-
procedência de plano (o que violaria o contraditório e a am- cançar a transação, cada qual abrindo mão ou não de parcelas
pla defesa), mas apenas improcedência de plano (afinal, é dos direitos postulados conforme o caso concreto. A audiên-
benéfico para o réu não ser incomodado para se defender cia de conciliação é um momento no qual isso pode ocorrer.
no processo quando desde logo ele é julgado a seu favor –
se o autor não apelar e transitar em julgado a favor deste Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça
réu, ele será notificado da decisão). ou lesão a direito.
Com efeito, a citação do réu é dispensada para que o juiz § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
julgue improcedente liminarmente o pedido. Contudo, se o § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
autor apelar da decisão o réu será citado para apresentar consensual dos conflitos.
contrarrazões. Se o autor não apelas, o réu será apenas infor- § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de so-
mado após o trânsito em julgado: “Art. 241, CPC/2015. Tran- lução consensual de conflitos deverão ser estimulados por
sitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério
do réu antes da citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de Público, inclusive no curso do processo judicial.
secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento”.
Preconiza o CPC/2015: Nota-se que o legislador processual quer que a concilia-
ção seja estimulada e por isso facilita a sua realização no pro-
Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, cesso. A audiência de conciliação não é o único momento que
o juiz, independentemente da citação do réu, julgará limi- as partes têm para conciliar, nada impede que elas entrem em
narmente improcedente o pedido que contrariar: acordo fora dos autos e juntem petição escrita ou que conci-
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou liem na própria audiência de instrução. Até a sentença, todo
do Superior Tribunal de Justiça; momento é um possível momento de conciliação.
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou Um dos requisitos da petição inicial é a indicação do in-
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos teresse em realizar ou não a audiência de conciliação (artigo
repetitivos; 319, VII, CPC/2015). Trata-se de inovação do Código de 2015.
III - entendimento firmado em incidente de resolução Não se quer desmerecer a conciliação, mas sim evitar que o
de demandas repetitivas ou de assunção de competência; processo se prolongue por motivos desnecessários, sabendo-
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre se que as partes não entrarão em acordo.
direito local. O legislador do CPC/2015 evidencia a importância da
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improce- conciliação ao colocar a audiência de conciliação como o pri-
dente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de deca- meiro ato após a citação do réu, antecedendo a sua resposta.
dência ou de prescrição. Era assim que ocorria no agora extinto procedimento sumário
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do e ainda ocorre nos juizados especiais, prática que era transfe-
trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. rida no cotidiano do Judiciário também para os procedimen-
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em tos ordinários e que agora se formaliza.
5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosse- Art. 334.  Se a petição inicial preencher os requisitos essen-
guimento do processo, com a citação do réu, e, se não hou- ciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz
ver retratação, determinará a citação do réu para apresen- designará audiência de conciliação ou de mediação com
tar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser cita-
do o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará O réu pode simplesmente se defender das alegações
necessariamente na audiência de conciliação ou de me- contidas na petição inicial por meio da contestação, mas
diação, observando o disposto neste Código, bem como as pode também contra-atacar formulando pretensões em
disposições da lei de organização judiciária. face do autor por meio de nova lide no mesmo processo, o
§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à con- que se denomina reconvenção. A resposta do réu deve vir
ciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses na forma escrita.
da data de realização da primeira sessão, desde que necessá-
rias à composição das partes. Contestação
§ 3o A intimação do autor para a audiência será feita na
pessoa de seu advogado. a) Contagem do prazo
§ 4o A audiência não será realizada: O prazo de resposta é de 15 dias, mas Fazenda Pública,
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, Ministério Público, Defensoria Pública e litisconsortes que
desinteresse na composição consensual; tiverem diferentes procuradores possuem prazo em dobro.
II - quando não se admitir a autocomposição. (ex.: MP No caso de litisconsortes, caso o prazo comece a correr de
em ação de improbidade administrativa). dias diferentes para cada um deles, conta-se do último, ou
§ 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu de- seja, do fim do ciclo citatório.
sinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por petição,
petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, con- no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a
tados da data da audiência. data:
§ 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou
da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsor- da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não
tes. comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
§ 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode II - do protocolo do pedido de cancelamento da au-
realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei. diência de conciliação ou de mediação apresentado pelo
§ 8o O não comparecimento injustificado do autor ou réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; (am-
do réu à audiência de conciliação é considerado ato atenta-
bas as partes manifestando desinteresse na composição)
tório à dignidade da justiça e será sancionado com multa
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como
de até dois por cento da vantagem econômica pretendida
foi feita a citação, nos demais casos. (data da juntada aos
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do
autos do aviso de recebimento ou do mandado cumprido
Estado.
por oficial de justiça, dia útil seguinte do vencimento do
§ 9o As partes devem estar acompanhadas por seus ad-
prazo do edital, dia útil seguinte à citação eletrônica, data
vogados ou defensores públicos.
de ocorrência da citação quando se der por ato do escrivão
§ 10.  A parte poderá constituir representante, por meio
ou do chefe de secretaria)
de procuração específica, com poderes para negociar e tran-
sigir. (preposto) § 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hi-
§ 11.  A autocomposição obtida será reduzida a termo pótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II
e homologada por sentença. será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu
§ 12.  A pauta das audiências de conciliação ou de me- respectivo pedido de cancelamento da audiência.
diação será organizada de modo a respeitar o intervalo mí- § 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso
nimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação
da seguinte. em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta
correrá da data de intimação da decisão que homologar a
Resposta do réu desistência.
Entre as respostas que o réu pode apresentar estão:
contestação, reconvenção e exceções de impedimento/ b) Princípio da eventualidade e ônus da impugna-
suspeição. O CPC/1973 criava uma gama maior de respos- ção específica
tas do réu, por exemplo, ação declaratória incidental (agora Art. 336.  Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a
extinta) e impugnações ao valor da causa e à assistência matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito
judiciária (agora alegáveis em preliminar de contestação), com que impugna o pedido do autor e especificando as
além das exceções de incompetência (agora tanto absoluta provas que pretende produzir.
quanto relativa são alegáveis em contestação por prelimi- O artigo 336 consagra o princípio da eventualidade,
nar). que permite ao réu apresentar na contestação todas as ma-
Nota-se que o CPC/2015 trouxe uma maior concentra- térias que possa invocar em sua defesa, ainda que elas não
ção de defesas possíveis na contestação, o que a torna ainda sejam necessariamente compatíveis entre si. Pode apresen-
mais relevante. De qualquer forma, a contestação é a peça tá-las em ordem sucessiva, sendo as últimas para hipóteses
mais relevante que o réu apresenta no processo. Dentre as de não acolhimento das primeiras. É fundamental que o réu
respostas possíveis, é a única obrigatória. Apresentar recon- apresente todas as defesas que tiver na própria contesta-
venção ou exceções é uma faculdade, mas apresentar a con- ção, sob pena de preclusão. Neste sentido, prevê o artigo
testação é obrigatório. 342, CPC/2015:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 342.  Depois da contestação, só é lícito ao réu dedu- X - convenção de arbitragem;


zir novas alegações quando: XI - ausência de legitimidade ou de interesse proces-
I - relativas a direito ou a fato superveniente; sual;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige
III - por expressa autorização legal, puderem ser for- como preliminar;
muladas em qualquer tempo e grau de jurisdição. XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de
O princípio da eventualidade se liga ao ônus da impug- justiça.
nação específica que exterioriza a responsabilidade que tem § 1o  Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada
o réu de, em sua defesa, impugnar de forma especificada e quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
precisa cada um dos fatos narrados pelo autor na inicial, sob § 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mes-
pena de, não o fazendo, consumar-se a preclusão. O ônus da mas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
impugnação específica é um verdadeiro encargo processual, § 3o Há litispendência quando se repete ação que está
do qual decorre a necessidade de atenção e cuidados extre- em curso.
mos por parte do advogado do réu ao ofertar uma contes- § 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi
tação. Ele não se aplica, contudo, ao defensor dativo. Sobre decidida por decisão transitada em julgado.
o ônus de impugnação específica, destaca-se o artigo 341, § 5o  Excetuadas a convenção de arbitragem e a in-
CPC/2015: competência relativa, o juiz conhecerá de ofício das maté-
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se preci- rias enumeradas neste artigo.
samente sobre as alegações de fato constantes da petição § 6o A ausência de alegação da existência de conven-
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, ção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica
salvo se: aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; Nota-se uma ampliação das matérias alegáveis na con-
II - a petição inicial não estiver acompanhada de ins- testação. Em geral, o juiz pode reconhecer de ofício as ma-
trumento que a lei considerar da substância do ato; térias alegáveis em preliminar, salvo no que tange a arbitra-
III - estiverem em contradição com a defesa, considera- gem e incompetência relativa.
da em seu conjunto.
Parágrafo único.   O ônus da impugnação especificada d) Adaptação da nomeação à autoria
dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado O CPC/2015 excluiu a modalidade de nomeação à au-
dativo e ao curador especial. toria do rol de intervenção de terceiros, mas não retirou a
possibilidade do réu de indicar quem seja a parte legítima
c) Matérias alegáveis
para figurar no pólo passivo. O que muda é que isso será
A contestação não amplia os limites objetivos da lide,
feito na própria contestação e não mediante modalidade de
o objeto litigioso, tendo em vista o seu caráter defensivo.
intervenção de terceiros. Basicamente, o réu indicará aquele
Contudo, pode ampliar a cognição do juiz, obrigando-o a
que deveria figurar no polo passivo e o autor terá 15 dias
apreciar as questões nela alegadas, na parte da fundamen-
para emendar a inicial se acolher a indicação, nada impe-
tação da sentença. Isso ocorre sempre que o réu arguir fato
dindo que mantenha este réu ali e acresça o indicado em
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
litisconsórcio passivo.
As defesas do réu podem ser divididas em três grandes
grupos: a) as processuais, cujo acolhimento implique a extin- Art. 338.  Alegando o réu, na contestação, ser parte ile-
ção do processo sem resolução do mérito; b) as processuais gítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz
que não impliquem a extinção do processo mas a sua dila- facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da
ção; c) as substanciais ou de mérito, sendo que a defesa de petição inicial para substituição do réu.
mérito direta é aquela em que o réu nega os fatos narrados Parágrafo único.  Realizada a substituição, o autor reem-
na petição inicial ou o efeito que o autor pretende deles ti- bolsará as despesas e pagará os honorários ao procura-
rar, enquanto que a defesa indireta é a que o réu contrapõe dor do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por
aos fatos constitutivos do direito do autor fatos impeditivos, cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do
extintivos ou modificativos. As duas primeiras são as defesas art. 85, § 8o.
preliminares e a terceira é a defesa de mérito. Art. 339.  Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida
alegar: sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
I - inexistência ou nulidade da citação; despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
II - incompetência absoluta e relativa; decorrentes da falta de indicação.
III - incorreção do valor da causa; § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo
IV - inépcia da petição inicial; de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
V - perempção; substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único
VI - litispendência; do art. 338.
VII - coisa julgada; § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar
VIII - conexão; por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou passivo, o sujeito indicado pelo réu.
falta de autorização;

32
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

e) Alegação de incompetência teste a ação (apesar do CPC não falar é preciso litisconsórcio
Na disciplina do CPC/1973 a alegação de incompetência unitário porque só nele a defesa de um beneficia os demais
absoluta se dava em preliminar de contestação, mas a ale- já que a sentença tem que ser igual para todos); b) litígio
gação de incompetência relativa deveria se dar por exceção que verse sobre direitos indisponíveis, que são, em geral,
de incompetência. O CPC/2015 unificou as duas situações, de aqueles de natureza extrapatrimonial ou pública (ex.: estado
modo que tanto a incompetência absoluta quanto a relativa e capacidade de pessoas); c) petição inicial desacompanha-
devem ser alegadas por preliminar de contestação. O artigo da de instrumento essencial ao ato (ex.: contrato de compra
340 do CPC/2015 regula o procedimento que será seguido e venda quando a ação versa sobre o reconhecimento da
nestas situações. obrigação que decorra de tal contrato; e d) quando as alega-
Art. 340.  Havendo alegação de incompetência relativa ou ções de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou
absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de estiverem em contradição com prova constante dos autos,
domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao hipótese incluída neste dispositivo pelo CPC/2015 e antes
juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico. dispersa na lei.
§ 1o A contestação será submetida a livre distribuição Art. 344.  Se o réu não contestar a ação, será considerado
ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato
juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata formuladas pelo autor.
remessa para o juízo da causa. Art. 345.  A revelia não produz o efeito mencionado no
§ 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, art. 344 se:
o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar
precatória será considerado prevento. a ação;
§ 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
suspensa a realização da audiência de conciliação ou de III - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
mediação, se tiver sido designada. mento que a lei considere indispensável à prova do ato;
§ 4o Definida a competência, o juízo competente designa- IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem in-
rá nova data para a audiência de conciliação ou de mediação. verossímeis ou estiverem em contradição com prova cons-
tante dos autos.
f) Revelia Art. 346.  Os prazos contra o revel que não tenha patrono
A não apresentação de contestação pelo réu gera revelia, nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório
que pode gerar efeitos como o da presunção da veracidade no órgão oficial.
dos fatos alegados na inicial. Revel é aquele que, citado, per- Parágrafo único.  O revel poderá intervir no processo em
manece inerte, que não se contrapõe ao pedido formulado qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.
pelo autor. Logo, somente o réu pode ser revel. Quando o Não obstante, prevê o CPC/2015:
autor que deixa de cumprir ônus que lhe incumbe, diz-se que
Art. 348.  Se o réu não contestar a ação, o juiz, verifi-
há contumácia.
cando a inocorrência do efeito da revelia previsto no art.
Obs.: somente há revelia em processo de conhecimento e
344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda
cautelar, não na execução.
produzir, se ainda não as tiver indicado.
É preciso cuidado para não confundir revelia com os efei-
Art. 349.  Ao réu revel será lícita a produção de pro-
tos que decorrem dela, pois há hipóteses em que a revelia
vas, contrapostas às alegações do autor, desde que se faça
não produz os seus efeitos tradicionais
representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais
Quando se limitar a reconvir, mas trouxer na reconvenção
indispensáveis a essa produção.
fatos e alegações que tornem controvertidos os fatos alega-
dos na inicial (a revelia advém da completa inércia do réu), Neste sentido, se não aplicado o efeito da presunção
não é revel. de veracidade dos fatos alegados pelo autor, este apresen-
São dois os efeitos gerados pela revelia: desnecessidade tará as provas que pretende produzir. Se o réu for revel e
de intimação do revel, pois ele demonstrou desinteresse pelo comparecer depois no processo poderá produzir provas (ex.:
processo e vontade de permanecer omisso, embora ele possa perdeu o prazo para contestar, mas está ciente do feito e
intervir a qualquer momento no curso do processo (caso em quer acompanhá-lo).
que demonstrado o interesse em participar o juiz passará a
intimá-lo); e presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Reconvenção
autor. É a ação incidente aforada pelo réu em face do autor, ao
A presunção de veracidade, o principal efeito que a re- ensejo de sua resposta. Citado, o demandado pode se limi-
velia gera, torna desnecessária a produção de provas e con- tar a contestar, ficando na posição passiva, ou então assumir
duz ao julgamento antecipado da lide. Tal presunção não é, uma posição ativa, formulando pretensões conexas em face
contudo, absoluta. Neste sentido, o juiz presume a verdade do autor. Trata-se de nova ação que ocupa o mesmo proces-
dos fatos, mas pode retirar deles a consequência jurídica que so. Ela sempre amplia os limites objetivos da lide, porque o
entender correta. juiz terá de decidir não só sobre a pretensão originária, mas
Ainda, a lei cria casos em que a presunção de veracidade sobre aquela formulada pelo réu. Eventualmente, pode am-
não será aplicada, mesmo que o réu seja revel: a) pluralidade pliar os limites subjetivos, se proposta contra o autor e um
de réus em litisconsórcio unitário, sendo que um deles con- terceiro, ou em conjunto entre réu e o terceiro.

33
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

O réu se denomina reconvinte e o autor se denomina Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo
reconvindo. O prazo é o mesmo da contestação, 15 dias. ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no pra-
Na condição de nova ação, deve preencher as condições da zo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de
ação e os pressupostos processuais, além dos requisitos da prova.
inicial, com as devidas adaptações. Não obstante, existem Art. 351.  Se o réu alegar qualquer das matérias enu-
requisitos específicos para a reconvenção: conexidade, com- meradas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do autor
petência, procedimentos compatíveis e que o autor não seja no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção
legitimado extraordinário. de prova.
A reconvenção não é possível nem em processo cautelar Art. 352.  Verificando a existência de irregularidades ou
nem em processo de execução, ocorrendo apenas no pro- de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em pra-
cesso de conhecimento. Também não cabe em embargos zo nunca superior a 30 (trinta) dias.
do devedor e em processos de liquidação, nem em proce-
dimentos especiais incompatíveis. Caso seja aceito o pedido Conclusão
contraposto (pedido contra o autor formulado na própria Nota-se a consolidação na fase postulatória dos princí-
inicial), como nos juizados especiais, também não cabe re- pios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º, LV, CF),
convenção. Em tese, não há óbice à reconvenção sucessiva. de modo que o juiz deve assegurar às partes oportunidade
Quanto ao procedimento, a reconvenção é analisada de manifestação sobre todos os fatos alegados. Tal princípio
pelo juiz como se fosse uma petição inicial quanto à sua ad- é reforçado nos primeiros dispositivos do novo CPC:
missibilidade, sendo o autor citado para contestar na pessoa Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes
de seu procurador. Se o autor-reconvindo não contestar a sem que ela seja previamente ouvida.
ação nem por isso se presumirão verdadeiros os fatos alega- Parágrafo único.  O disposto no caput não se aplica:
dos na reconvenção, afinal, ele ajuizou a demanda e já trou- I - à tutela provisória de urgência;
xe seus fatos, que provavelmente se opõem aos narrados II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art.
pelo réu. Abre-se para a réplica do réu conforma a matéria 311, incisos II e III;
alegada na contestação. A instrução será conjunta e a sen- III - à decisão prevista no art. 701.
tença única, julgando ação e reconvenção. Nada impede a Art. 10.  O juiz não pode decidir, em grau algum de ju-
extinção da reconvenção sem julgamento de mérito. Caso risdição, com base em fundamento a respeito do qual não se
a ação originária venha a ser extinta prematuramente, a re- tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
convenção prosseguirá. que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Art. 343.  Na contestação, é lícito ao réu propor recon-
venção para manifestar pretensão própria, conexa com a 7.3 – Fase saneatória ou ordinatória
ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na Providências preliminares
pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo Dos artigos 347 a 353 do novo CPC são descritas as
de 15 (quinze) dias. providências preliminares que antecedem a fase saneatória,
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa notadamente: a mais comum, sempre tomada se o réu apre-
extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao senta contestação, que é a abertura de prazo para o autor
prosseguimento do processo quanto à reconvenção. apresentar a impugnação à contestação no prazo de 15 dias;
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e a menos comum, que é a abertura de prazo para o autor
e terceiro. se manifestar sobre a produção de provas devido à revelia
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litis- do réu por não poderem ser aplicados os efeitos da revelia.
consórcio com terceiro. Tomadas as providências preliminares, o juiz terá duas
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte opções: proferir o julgamento conforme o estado do pro-
deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e cesso, também conhecido como julgamento antecipado da
a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também lide; ou seguir para a fase saneatória.
na qualidade de substituto processual.
§ 6o  O réu pode propor reconvenção independente- Julgamento antecipado da lide
mente de oferecer contestação. O juiz poderá proferir sentença sempre que for o caso
de extinção sem resolução do mérito ou, no caso de extinção
Réplica do autor com resolução do mérito, para homologar acordo ou afim,
Geralmente, após a contestação o autor será chamado para reconhecer prescrição ou decadência ou para se dar
para apresentar impugnação à contestação, eis que geral- por satisfeito quanto às provas produzidas, julgando proce-
mente o réu trará preliminares (artigo 337, CPC/2015) ou fa- dente ou improcedente. É o que se extrai do artigo 354, CPC:
tos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do au- Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos
tor. Trata-se de garantia ao contraditório. Caso a preliminar arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.
levantada mereça ser acolhida, o processo não será desde Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode
logo extinto, conferindo-se prazo para o autor sanar o vício, dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será
em prol da economia processual. impugnável por agravo de instrumento.

34
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Por sua vez, o CPC de 2015 inova ao permitir que esta Do saneador as partes possuem 5 dias para apresentar
sentença que julga antecipadamente a lide seja parcial, no questionamentos sobre seu conteúdo, pedindo esclareci-
que se denomina julgamento antecipado parcial do mérito. mentos e sugerindo alterações, e 15 dias para apresentar rol
Quanto ao julgamento antecipado da lide, coloca-se ser de testemunhas se o juiz determinar (no máximo 10, sendo
cabível quando não for necessário seguir adiante com a fase 3 o máximo por cada fato a ser provado – o juiz pode reduzir
instrutória ou probatória (fatos que não dependam de outras o número se achar que o fato não é complexo a este ponto)
provas ou matéria exclusivamente de direito), bem como no e para arguir impedimento/suspeição do perito nomeado
caso de revelia, de acordo com o artigo 355: pelo juízo se este ordenar prova pericial, bem como indicar
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, profe- assistente técnico e apresentar quesitos.
rindo sentença com resolução de mérito, quando: Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste
I - não houver necessidade de produção de outras provas; Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de orga-
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não nização do processo:
houver requerimento de prova, na forma do art. 349. I - resolver as questões processuais pendentes, se
Em relação ao julgamento antecipado parcial do mérito, houver;
dispõe o artigo 356: II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um a atividade probatória, especificando os meios de prova ad-
ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: mitidos;
I - mostrar-se incontroverso; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos ter- o art. 373;
mos do art. 355. IV - delimitar as questões de direito relevantes para a
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá decisão do mérito;
reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida. V - designar, se necessário, audiência de instrução e
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a julgamento.
obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o § 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito
mérito, independentemente de caução, ainda que haja recur- de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo co-
so contra essa interposto. mum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da § 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homo-
decisão, a execução será definitiva. logação, delimitação consensual das questões de fato e de
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que jul- direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homolo-
gar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos gada, vincula as partes e o juiz.
suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. § 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impug- de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para
nável por agravo de instrumento. que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,
Supondo que a causa conte com cumulação de pedidos, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes
não pairando controvérsia sobre um deles, ou estando o mes- a integrar ou esclarecer suas alegações.
mo em condições de julgamento de imediato independente de § 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova
outras provas, o juiz poderá julgá-lo desde logo. Por exemplo, se testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15
um casal quer se divorciar mas ainda há litígio sobre bens, guar- (quinze) dias para que as partes apresentem rol de teste-
da e alimentos, pode sentenciar parcialmente pelo divórcio e se- munhas.
guir o processo no restante. Não interposto recurso, a decisão § 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a
transitará em julgado. Contudo, não cabe recorrer como se fosse audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas.
uma sentença qualquer, eis que o processo terá que continuar, § 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser
razão pela qual cabe agravo de instrumento e não apelação. superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova
de cada fato.
Saneamento § 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas le-
O saneamento serve para decidir questões processuais vando em conta a complexidade da causa e dos fatos indivi-
pendentes, fixar pontos controvertidos e definir os rumos da dualmente considerados.
fase probatória. O despacho saneador já assumia uma rele- § 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova
vância no CPC/1973, mas muitas vezes era ignorado pelos pericial, o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se pos-
magistrados na prática. O saneamento possui verdadeiro sível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.
caráter decisório, tanto que contra ele pode ser interposto § 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mí-
agravo de instrumento. Contudo, inegável que ganha maior nimo de 1 (uma) hora entre as audiências.
importância no CPC/2015, que a ele dedica extenso dispositi-
vo, sendo inevitável que o juiz se atenha a ele com os devidos 7.5 – Fase probatória ou instrutória: teoria geral das
cuidados para não gerar nulidades processuais. Ressalta-se provas
que com a criação da regra dinâmica de distribuição do ônus
da prova o saneamento assumiu ainda maior importância, A prova é fundamental no processo civil. Embora exis-
pois é no saneador que o juiz deverá fazê-lo (nada impede, tam muitos processos em que a questão controvertida seja
contudo, que as partes apresentem acordo decidindo por si exclusivamente de direito, não cabendo a produção de pro-
como se dará a distribuição do ônus da prova). dução de provas, diversos são os que exigem a apuração de

35
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

fatos mediante provas específicas. Com efeito, é por meio Objeto da prova
das atividades probatórias que o juiz terá elementos para de- O objeto da prova são exclusivamente os fatos, devendo
cidir sobre a veracidade e a credibilidade das alegações. Basi- estes ser relevantes para o processo.
camente, pelas provas se forma o convencimento do magis- O Direito não deve ser provado, em regra, pois o juiz
trado sobre a existência de fatos controvertidos que tenham conhece o Direito – jura novit curia. Contudo, o juiz não tem
relevância para o processo. A prova pode ser examinada sob como conhecer o Direito do mundo inteiro e de cada região.
o aspecto objetivo e subjetivo. Sob o objetivo, é o conjunto Neste sentido, prevê o CPC: “art. 376. A parte que alegar
de meios que produz a certeza jurídica; sob o subjetivo, é a direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário
convicção que se forma no espírito do julgador. provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar”.
Logo, a parte deverá provar a vigência e o teor do direito
Classificação da prova municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário.
As provas classificam-se de acordo com o objeto, sujeito Voltando aos fatos, mesmo entre os fatos relevantes, há
e a forma pela qual são produzidas. alguns que não precisam ser provados, conforme prevê o
Quanto ao objeto, podem ser diretas, quando manti- CPC:
verem uma relação imediata com o fato a ser provado (ex.: Art. 374. Não dependem de prova os fatos:
recibo prova o pagamento), ou indiretas, que se referem a I - notórios;
fato distinto do que pretende provas (ex.: prova que estava II - afirmados por uma parte e confessados pela parte con-
em outro lugar para provar que não estava no local do fato). trária;
Quanto ao sujeito, pode ser pessoal, quando consistir III - admitidos no processo como incontroversos;
em declaração ou afirmação de pessoa (como a prova tes- IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou
temunhal ou o depoimento pessoal), ou real, quando obtida de veracidade.
de exame de coisa ou pessoa (prova pericial ou documental, Os notórios são aqueles de conhecimento geral na re-
por exemplo). gião em que o processo tramita (ex.: há intenso tráfego de
Quanto à forma, pode ser oral (ex.: depoimento) ou es- veículos em São Paulo); os afirmados por uma parte e confes-
crita (ex.: laudo pericial e documento). sados pela contrária são incontroversos; os incontroversos,
de modo que a terceira hipótese se relaciona com a segunda,
Vedação das provas ilícitas
ampliando-a; e os presumidos, absoluta ou relativamente.
Nos termos do artigo 5º, LVI, CF, “são inadmissíveis, no
Os fatos negativos, por seu turno, não precisam ser pro-
processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Ainda, prevê
vados no caso de negações absolutas, mas o precisam no
o artigo 369 do novo CPC: “as partes têm o direito de empre-
caso de negações relativas.
gar todos os meios legais, bem como os moralmente legíti-
mos, ainda que não especificados neste Código, para provar
Poderes instrutórios do juiz
a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e
influir eficazmente na convicção do juiz”. Os juristas têm o hábito de tentar escapar da problemá-
Compreende-se a consagração de um sistema de provas tica das provas e verdade recorrendo à distinção entre ver-
atípicas, de modo que podem ser produzidas não apenas as dade formal, judicial ou processual e material, de um lado,
provas arroladas como tais no Código de Processo Civil, mas e histórica, empírica ou simplesmente verdade, de outro. É
todas as outras que não contrariem a lei, inclusive os direi- comum, também a distinção entre uma chamada verdade
tos e garantias fundamentais assegurados na Constituição, a relativa, que é aquela típica do processo, e uma verdade ab-
moral e os bons costumes. A ilicitude da prova pode advir ou soluta, a qual existiria em algum lugar fora dos autos. Outra
do modo como ela foi obtida, ou do meio empregado para a questão interessante é a correspondência, ou não, entre a
demonstração do fato. A causa mais frequente de ilicitude é a realidade dos fatos e a verdade processual. A distinção en-
obtenção de prova por meio antijurídico, como a intercepta- tre verdade formal e verdade material é inaceitável por vá-
ção telefônica fora das hipóteses legais e a violação do sigilo rias razões que a doutrina menos superficial tem posto em
de correspondência, entre outros. evidência desde algum tempo. Afinal, a existência de regras
Contudo, não se resume à violação da lei, se estendendo jurídicas e de limites de distinta natureza serve, no máximo,
à desobediência da moral e dos bons costumes. “Moralmente para excluir a possibilidade de obter verdades absolutas, mas
legítimas” seria algo próximo da não ofensa ao que a socieda- não é suficiente para diferenciar totalmente a verdade que se
de, de modo geral, considera como padrão de comportamen- estabelece no processo daquela que se fala fora do mesmo.
to. O conhecido adágio moral e bons costumes. Trata-se de Na época em que se defendia a duplicidade de verdade,
uma regra aberta, por meio da qual o julgador irá interpretar, conforme acima exposto, não se falava em processo como
em cada situação, quais meios de provas seriam moralmente instrumento público voltado a entregar a prestação juris-
aceitáveis para o processo no qual são produzidas. dicional com qualidade, eficiência e segurança. Do mesmo
A preocupação com a utilização da prova ilícita é tal que modo, o estudo dos poderes instrutórios do julgador não
o Supremo Tribunal Federal tem adotado a teoria dos frutos merecia a atenção de hoje, sobretudo no Brasil, após a se-
da árvore contaminada, estendendo a ilicitude às provas ad- gunda metade do século passado.
vindas de um desdobramento da produção da prova proibi- Sempre que se fala sobre poderes instrutórios do julga-
da. A doutrina defende a aplicação da teoria da proporcio- dor os princípios que vêm à mente são o dispositivo e inqui-
nalidade, não se levando aos extremos a teoria dos frutos da sitivo. De um lado, diz-se que o primeiro limita os poderes
árvore envenenada. instrutórios do julgador, uma vez que a iniciativa em termos

36
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

de ação e provas caberia, de forma exclusiva, às partes. De Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
outra banda, o segundo quer fazer crer que cabe ao julgador parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do
perquirir sobre as provas acerca dos fatos sobre os quais a mérito.
demanda está assentada. Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão funda-
Ocorre que tradicionalmente a doutrina relaciona o con- mentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
teúdo do princípio dispositivo com a atividade do magistra- As provas formarão o convencimento do juiz, de modo
do no campo das provas. A doutrina clássica tem por hábito que ele encontre e verdade e não tenha dúvidas sobre os
vincular os poderes instrutórios do juiz à natureza da relação fatos, evitando que ele tenha que se utilizar das regras de
de Direito Material trazida ao processo, afirmando-se que se julgamento do ônus da prova para decidir. Por sua vez, ele
for de direito disponível a iniciativa e a condução do feito são deverá apreciar tais provas e indicar como o fez na decisão,
praticamente exclusivas das partes, enquanto se for de direito que deverá ser fundamentada.
indisponível a amplitude de poderes do julgador é potencia- Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, in-
lizada. dependentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará
Ocorre que a ideia de dicotomia entre os princípios men- na decisão as razões da formação de seu convencimento.
cionados é derivada de mentalidade atrasada e relativa à fase Podem viger num sistema processual três sistemas de
em que o Direito Processual Civil não possuía o reconheci- decisão quanto às provas: o da prova legal, em que é esta-
mento e autonomia científica dos dias atuais. Hoje em dia não belecida uma hierarquia entre as provas à qual o juiz fica vin-
se pode mais manter posições herméticas como a mencio- culado (ex.: prova pericial vale mais que prova testemunhal);
nada. É preciso que seja feita a conjugação entre os diversos o do convencimento íntimo, no qual o juiz decide como
institutos jurídicos envolvidos nos questionamentos, a fim de quiser e não precisa dizer quais provas usou para fazê-lo;
que deles seja extraído o resultado mais útil para o sistema. e o do livre convencimento motivado, adotado nos Estados
Com o princípio dispositivo não é diferente. Deve ele ser en- Democráticos de Direito, obrigando o juiz a apontar os fun-
carado com base na visão publicista de processo, sem deixar damentos jurídicos e fáticos de sua decisão, que é tomada
de notar que o papel do julgador mudou e não é mais aquele pelo seu livre convencimento. Logo, não há hierarquia entre
de mero expectador do embate travado entre as partes.
as provas, mas o juiz precisa dizer por que valorou mais uma
Os sujeitos processuais têm a capacidade de estabelecer
do que a outra, fundamentando juridicamente sua decisão.
limitações quanto aos fatos a serem examinados pelo juiz, po-
rém não têm o poder de definir quais meios de prova serão
Meios e fontes de provas
utilizados para tanto, ou seja, não podem delimitar os meios
Meios de prova são os instrumentos por meio dos quais
de prova que o julgador irá entender necessários para a for-
os sujeitos processuais buscam comprovar os fatos contro-
mação do convencimento dele. E quanto a essa atuação do
vertidos debatidos nos autos. Não se confundem com as
julgador, não se trata de simples conduta supletiva, pois ele
deve atuar de forma dinâmica, visando a reproduzir nos au- fontes das provas, pois estas são os objetos e pessoas sobre
tos um retrato fiel da realidade jurídico-material. A atividade os quais recaem as alegações e fatos que precisam ser de-
instrutória do juiz, como se nota, está diretamente vinculada monstrados nos autos. Os meios, por sua vez, são os proce-
aos limites da demanda, que, ao menos em princípio, não po- dimentos adotados para instruir o processo com as informa-
dem ser ampliados de ofício. Nessa medida, à luz dos fatos ções necessárias sobre os fatos nos quais se fundamentam
deduzidos pelas partes, deve o julgador desenvolver toda a a demanda.
atividade possível para atingir os escopos do processo, limi- Por meio do que se extrai do Código de Processo Civil
tado apenas aos fatos, porém não impedido de lançar mão brasileiro, o legislador pátrio optou por não prever, em rol
de todos os meios de prova necessários para a solução da fechado, todos os meios de prova. Preferiu, e nisso andou
demanda. bem, estabelecer alguns meios de prova de forma exem-
Assim sendo, a interpretação que se deve dar ao prin- plificativa, deixando consignado no art. 332 do Código de
cípio dispositivo é no sentido de que ele limita a atividade Processo Civil que são aceitos no processo todos os meios
do julgador apenas em relação às possibilidades das partes legais, bem como moralmente legítimos, mesmo que não
abrirem mão do direito material em si, jamais alcançando o especificados em Lei.
instrumento processual, sob pena de perda da sua utilidade A título de exemplo, tem-se como meios de prova típi-
e isso, caso venha ocorrer, é extremamente prejudicial para a cos o testemunhal, documental, confissão, depoimento pes-
efetividade e a justiça dos provimentos jurisdicionais, pois se soal, inspeção judicial e perícias em geral. Não serão estuda-
correria o risco de deixar ao alvedrio das partes o controle da dos, um a um, pois isto acabaria por subverter o objetivo da
instrução do processo, quando na verdade o magistrado é o presente pesquisa. Em vista do rol não ser taxativo, costuma-
destinatário das provas e ninguém melhor do que ele para se dizer que existem provas atípicas no sistema brasileiro.
definir quais devem ser produzidas, a fim de que se consiga O novo CPC inovou ao mencionar expressamente a
atingir o grau de certeza necessário para que a decisão seja possibilidade de se buscar provas em outros processos, no
proferida com segurança. que se denomina prova emprestada: “Art. 372. O juiz poderá
Em termos de fundamentação jurídica, o Código de Pro- admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
cesso Civil segue a toada da Constituição Federal e garante atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observa-
ao juiz ampla liberdade para determinar, de ofício, as provas do o contraditório”. Quando a prova vier de outro processo
que lhe pareçam necessárias para apuração da verdade e para o juiz deve garantir que tenha havido contraditório em sua
assegurar a igualdade real de tratamento entre as partes: produção ou suprir a ausência deste nos autos principais.

37
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Dever de colaboração com a justiça da questão está no fato de que ao se considerar algo como
O dever de cooperação justifica a intervenção do julga- ônus, será um imperativo do próprio interesse. Não se pode
dor quanto à produção de provas, pois revela que todos os impor a ninguém cumprir um ônus, embora consequências
sujeitos processuais devem se ajudar, mutuamente, com o possam advir da inércia.
objeto único de provocar a melhor decisão possível. Ônus são aquelas atividades que a parte realiza no pro-
É certo que cada uma das partes defende, em primeiro cesso em seu próprio benefício. A lei não obriga as partes a
plano, interesses individuais, mas em segundo deve haver fazer prova, mas, se elas o fizerem, obterão a vantagem de
essa cooperação, sobretudo no aspecto relativo às provas, demonstrar suas alegações, e, se se omitirem, sofrerão as
e para tanto é de suma relevância a intervenção do Estado, consequências da ausência disso.
pois o magistrado, como sujeito processual imparcial, pode Além disso, se a prova fosse considerada um dever, ca-
e deve servir de fiel da balança, quanto ao cumprimento beria coagir uma parte a produzi-la, aplicando sanções à
desse dever. pessoa em caso de descumprimento. Se tomarmos como
Atrelado ao dever de cooperação entre os sujeitos pro- pressuposto que a um dever corresponde um direito, ha-
cessuais, está o princípio da aquisição processual ou da co- veria direito da parte contrária de ver a prova produzida.
munhão da prova, o qual, em síntese, indica que a prova na Talvez seja exatamente o ponto citado logo acima que
verdade não pertence às partes, mas sim ao processo, pois configure a questão primordial para se distinguir ônus de
em última análise, a prova tem como destinatário natural o dever, ou seja, no dever, por existir uma responsabilidade,
julgador. há o correspondente meio de coerção que pode ser uti-
Quando se parte da premissa de que as provas, após lizado para fazer com que a parte seja coagida a cumprir
serem produzidas, pertencem ao processo, fica evidente que a obrigação que lhe incumbe, lembrando, conforme nos
existe, antes de tudo, o dever de cooperação entre os sujei- ensina a doutrina civilista que as obrigações são compostas
tos processuais, tendo o julgador como o fiscal natural do pelos elementos subjetivo (sujeitos das obrigações), objeti-
jogo de ônus e sujeições existente entre todos os participan- vo (prestação) e vínculo jurídico (responsabilidade que su-
tes da relação jurídico-processual. jeita o devedor a cumprir determinada prestação em favor
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar do credor). É justamente esse último elemento que o ônus
com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade. não possui, de modo que não é tecnicamente possível se
Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova falar em dever ou obrigação de provar.
contra si própria, incumbe à parte: Basicamente, a implicância em se falar num dever de
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for provar é a de permitir a coação, bem como a sanção pelo
interrogado; não cumprimento. Na prática, não há nenhum dos dois no
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção ju- ônus. Basta pensar que é reconhecido o direito de não pro-
dicial que for considerada necessária; duzir prova contra si mesmo de maneira pacífica nas cortes
III - praticar o ato que lhe for determinado. brasileiras, do que se extrai a ausência de dever, de obriga-
Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer ção de produzir esta ou aquela prova. Trata-se de faculda-
causa: de, a qual, caso colocada em prática, somente à parte que
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que detém o ônus beneficia. Além disso, é possível que uma
tenha conhecimento; parte que não atenda ao ônus não sofra qualquer conse-
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. quência: basta pensar num réu que não comprove um fato
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumpri- modificativo alegado, ele poderá não ser condenado se o
mento, determinar, além da imposição de multa, outras me- autor não comprovar o fato constitutivo de seu direito.
didas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias.
b) Premissas teóricas do ônus da prova
Ônus da prova e temas correlatos O ônus da prova, como o próprio processo, em nosso
sentir busca sua razão de ser, seu fundamento, no esco-
a) Diferença entre ônus e dever po da jurisdição, ou seja, na necessidade do Estado intervir
No presente tópico, discutiremos uma questão de no- nas relações travadas entre particulares, a fim de que seja
menclatura muito relevante: por que se falar em ônus da possível a estabilização das relações jurídicas e, em última
prova? É incorreto se falar num dever de provar? De início, escala, a pacificação social, sempre com o máximo de se-
vale apontar os critérios doutrinários que implicam em se gurança para os pronunciamentos jurisdicionais, pois acre-
falar em ônus da prova e não em dever ou em obrigação ditamos que a razão de existir as regras de distribuição do
da prova. ônus da prova é a legitimação das decisões judiciais, ou
Ônus é o imperativo do próprio interesse; é a necessi- seja, ao se conceder às partes a oportunidade de produzir
dade de que seja adotado certo comportamento como con- as provas sobre o que lhes interessa, bem como ao se fixar
dição para que seja alcançado ou mantido algum benefício regras de distribuição do ônus, com consequências pro-
para sujeito onerado. Dever é a necessidade de se observar cessuais para o descumprimento, o pano de fundo de tal
certas ordens ou comandos, sob pena de sanção (no ônus estrutura é na verdade a tentativa de se conceder à parte
não há sanção, se não cumprir a parte sofre consequências o sentimento de que teve oportunidade de influir na deci-
não sancionatórias). Obrigação é o vínculo jurídico pelo qual são que lhe diga respeito. Entra em tal estrutura, como se
o credor pode exigir do devedor uma prestação. O cerne nota, o efeito psicológico da parte ter, efetivamente à sua

38
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

disposição, meios de participar da produção e valoração da Art. 373. O ônus da prova incumbe:
prova, o que, em tese, confere sentimento de justiça para I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
os pronunciamentos judiciais, legitimando-os. Sobre as re- II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modifi-
gras de distribuição do ônus da prova, quando uma ques- cativo ou extintivo do direito do autor.
tão de fato se apresenta como irredutivelmente incerta no § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiarida-
processo, o juiz poderá, teoricamente, deixar de resolvê-la des da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
ou então insistir em resolvê-la. Adotada a segunda postura, dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
será possível: que o problema seja adiado por uma decisão maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, po-
provisória, que seja utilizado um meio mecânico de prova derá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
(como o duelo ou o juramento) ou então, o que parece mais que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá
adequado, empregar as regras de distribuição do ônus da dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
prova. Trata-se do único critério equânime e racional. A pre- lhe foi atribuído.
missa do ônus da prova é a de que a parte que deseje ob- § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode
ter sucesso numa demanda judicial irá buscar de todas as
gerar situação em que a desincumbência do encargo pela
formas convencer o magistrado. Assim, as partes não têm
parte seja impossível ou excessivamente difícil.
apenas o encargo de alegar, mas também de provar. Faz-
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também
se uma distribuição porque não seria justo que apenas uma
pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
das partes tivesse o ônus.
I - recair sobre direito indisponível da parte;
Não se pode olvidar ainda que as regras sobre ônus da II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício
prova são imprescindíveis dentro da sistemática do Direito do direito.
Processual Civil, porém, nos dias atuais, podem ser concei- § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada
tuadas como mecanismos processuais a serem levados a antes ou durante o processo.
cabo de forma subsidiária, isso com o fim de se obter, o Numa interpretação literal do caput do artigo 373, CPC,
mais próximo possível, uma decisão que espelhe sentimento retiram-se as seguintes assertivas: 1) o autor só poderá dar
de justiça no seio da sociedade. Com isso, o que se pretende consistência de objeto à sua pretensão se afirmar a existên-
dizer é que as regras de ônus da prova somente devem ser cia ou não de fatos pertinentes ao Direito pleiteado que se
aplicadas ao final do pleito judicial, como forma de se solu- pretende ver reconhecido; 2) se o réu, ao se defender, fizer
cionar eventual defeito ou desídia das partes no que toca às afirmações em sentido contrário, terá o dever de prová-las,
provas que lhes incumbiam, isso em razão do magistrado se mas se não o fizer a ele não caberá nenhum ônus.
deparar, de um lado com a perplexidade de provas incon- Fato constitutivo é aquele que dá vida a uma vontade
clusivas e de outro com o dever de dar a resposta judicial concreta da lei, que tem essa função específica e que nor-
ao caso que lhe fora apresentado, dever esse que deriva do malmente produz esse efeito. Extintivo, porque faz cessar
conhecido adágio “non liqued”, o qual indica que o Judiciá- essa vontade. Impeditivo é inexistência do fato que deve
rio não pode se eximir de dar resposta ao caso apresentado concorrer com o constitutivo, a fim de que ele produza
alegando deficiência na Lei ou mesmo deficiência no pro- normalmente os seus efeitos; enquanto o fato constitutivo
cesso. Ainda que não seja uma resposta de mérito, incumbe é causa eficiente, o impeditivo é a ausência de uma causa
ao magistrado ou aos órgãos colegiados dar uma resposta à concorrente.
demanda que chegou ao juízo. Constitutivo é aquele fato que dá fundamento ao pedi-
Considerando o aspecto objetivo, o ônus serve quando do, ao direito postulado. Impeditivo é aquele que, existente,
a convicção do juiz não tiver sido formada a ponto de ter desconfigura algum elemento do fato constitutivo, não per-
certeza do ocorrido e, como o juiz não pode se eximir de
mitindo que o direito seja garantido. Extintivo é aquele fato
julgar, precisará de uma regra que direcione sua ação quan-
que fez cessar o fato constitutivo, por exemplo, pagamento
do as provas produzidas não forem suficientes para julgar a
numa ação de cobrança. Modificativo é aquele que confere
ação. Mas, considerando o aspecto subjetivo do ônus, en-
nova roupagem à situação fática.
tende-se que tais regras são um norte para as partes, no
sentido de que elas sabem o que deverá ser comprovado no O resultado da atividade probatória, em regra, decorre
processo, bem como quem tem a incumbência de fazê-lo, do que contribuíram as partes, com sua atividade, para o
além de ficarem estabelecidas, desde o início, quem poderá processo. Há exceções, por exemplo, quem alega um fato
ser prejudicado pelo não atendimento das regras sobre os positivo deve prová-lo prioritariamente a quem alega um
ônus da prova. A tendência é que a cada dia prevaleça mais fato negativo, salvo se o fato negativo trouxer uma afirma-
o aspecto objetivo do ônus da prova, perdendo importância tiva a ele inerente. Ainda, não cabe incidência do ônus da
o aspecto subjetivo em virtude dos maiores poderes proba- prova sobre fatos que dispensam a prova.
tórios conferidos ao juiz. Marinoni e Arenhart (2004, p. 317) asseveram que há
dúvida sobre a incidência do artigo 333 nas ações declara-
c) Disciplina Jurídica no CPC tórias negativas, nas quais o autor postula que o juiz declare
No âmbito civil, o principal dispositivo que trata do ônus inexistente um direito, cabendo ao autor provar que existe
da prova é o artigo 373 do novo CPC, correspondente ao um estado de incerteza objetivo (não meramente subjetivo)
antigo artigo 333 do Código de Processo Civil de 1973, em que paira sobre o direito. Se o réu contesta que o direito
que grifamos as alterações em relação à disciplina anterior: existe, cabe-lhe provar o fato que embasa o direito, ou seja,

39
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

o fato constitutivo do direito que o autor alega ser inexis- b) Legal, quando decorrer da lei, se verificando quando
tente. Assim, a prova da inexistência com base numa dúvida for prevista em lei alguma presunção relativa (por exemplo,
concretamente verificável não é considerada fato constituti- quem ostenta o título, presumivelmente, o pagou). Somente
vo, de modo que não se estaria aplicando em sentido estrito na presunção relativa há inversão porque o adversário pode
o disposto no artigo 333. provar a inveracidade do fato presumido (as simples decor-
Relembra-se o teor do §3º do artigo 373 do CPC, pelo rem da observação do que acontece, as legais da lei).
qual “é nula a convenção que distribui de maneira diversa o Sobre a inversão do ônus da prova como decorrência
ônus da prova quando: I - recair sobre direito indisponível da de presunções, considerando a já apontada inconveniência
parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercí- da aplicação dos critérios de distribuição do ônus da prova,
cio do direito”. Como a regra do caput, na maioria das vezes, previsto no art. 333 do CPC, em algumas situações (tornan-
é dispositiva, estabelecida no interesse das partes, estas po- do difícil ou até mesmo impossível o exercício do direito à
dem modificar livremente os critérios legais adotados, sem prova), afirma parte da doutrina nacional a possibilidade de
que isto viole garantia legal ou constitucional. Excepcionam o julgador do caso valer-se das presunções simples (tam-
a regra de liberdade de regulamentação do ônus da prova bém conhecidas como presunções judiciais), bem como da
os incisos §3º. teoria dos fatos ordinários e extraordinários para estipular,
Entretanto, o novo CPC inova ao incorporar a regra da de acordo com a realidade fática e o direito material, o ônus
distribuição dinâmica do ônus da prova. Em virtude também da prova no caso concreto. De acordo com tal técnica, os
da preocupação com a efetivação dos direitos fundamen- fatos ordinários são presumidos, enquanto os fatos extraor-
tais e do acesso à justiça, sobretudo no que diz respeito à dinários devem ser provados. Ainda segundo o autor, tal
aplicação das regras de distribuição do ônus da prova, é modalidade de distribuição do ônus da prova é manifesta-
reconhecida pela doutrina e jurisprudência a denominada mente fundada em critérios lógicos baseados em máximas
teoria dinâmica do ônus da prova, a qual foi divulgada de de experiência, ou seja, o normal conhecimento da vida e
forma ampla no meio hispânico-americano e internacional das coisas.
por JORGE WALTER PEYRANO, jurista argentino, o qual men- Neste sentido, preconiza o artigo 373 do novo CPC: “O
cionou tal teoria pela primeira vez em 1981, em obra de sua juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas
autoria. pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda,
A teoria em questão tem o mérito de alterar a forma as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas,
pela qual se interpreta a produção probatória, uma vez que o exame pericial”.
fomenta a interpretação das regras de distribuição do ônus Através da presunção, permite-se inferir, do conheci-
da prova não apenas sob o prisma de preenchimento de mento da ocorrência de um fato, a grande probabilidade de
regras formais e abstratas, mas sim por meio de interpreta- que tenha ocorrido outro fato. Interessa, para a atividade
ção que busque fazer incidir sobre tais regras o critério da probatória, a presunção relativa, já que a presunção absoluta
justiça, o que seria feito, principalmente, lançando-se mão é ficção legal que não admite prova em contrário. Estabe-
dos PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO e das GARANTIAS lecida uma presunção relativa, inverte-se o ônus da prova.
PROCESSUAIS, sendo, por tal motivo, ela interpretada em Um exemplo seria a presunção da paternidade do réu que
nosso país sempre em consonância com o prisma consti- recusa se submeter ao exame de DNA, conforme veremos
tucional do processo, objetivando-se uma valoração maior em detalhes mais adiante.
dos elementos e sujeitos do processo no que diz respeito ao c) Judicial, a decidida pelo juiz quando autorizado pela
acesso efetivo à justiça. lei (como no caso em que o juiz pode inverter o ônus em
Como podemos notar, a teoria dinâmica do ônus da pro- favor do consumidor, que também será analisado posterior-
va traz em seu bojo, em sua essência, a evolução do próprio mente em detalhes).
Direito Processual Civil contemporâneo, isso na tentativa de Para parte da doutrina, como Watanabe, quando a lei
se suprir as imperfeições, lacunas e injustiças que poderiam determina ou autoriza a inversão do ônus da prova não ca-
surgir da aplicação fria e formal das regras de distribuição do beria falar em prevalência do artigo 130, CPC. Para outra,
ônus da prova previstas na legislação de regência. como Bedaque, o magistrado não pode pautar sua atuação
Nota-se que a intensa transformação da sociedade in- processual com fulcro em garantir eventual direito que te-
dicou que uma aplicação inflexível do antigo artigo 333 do nha a parte a favor da qual se inverteu o ônus, devendo o
CPC não era mais viável, conferindo-se nova redação no ar- juiz buscar sempre um resultado justo, não havendo que se
tigo 373 do novo CPC. Daí se autorizar a sua exceção, per- falar em alteração de postura devido à quebra do ônus da
mitindo a distribuição dinâmica do ônus da prova quando, prova.
presentes certas circunstâncias, uma das partes estiver em
melhores condições de produzir a prova que a outra. Produção antecipada de provas
Não raras vezes, a parte se vê na necessidade de pro-
d) Inversão do ônus da prova duzir provas antecipadamente para a justa composição da
Em geral, ônus é de quem alega, de quem tem interesse lide a fim de evitar ou superar o perigo de tornar impossível
na comprovação, regra que se altera na inversão. A inversão ou deficiente a produção da prova se tiver que aguardar a
do ônus pode ser: propositura da ação principal e a chegada da fase instru-
a) Convencional, quando decorrer da vontade das par- tória, isto é, o perigo de perderem os vestígios necessários
tes no contrato, não sendo permitido se dificultar demais o à comprovação de fatos que sejam de vital importância do
direito de defesa (artigo 373, §3º, CPC). julgamento da lide.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Basicamente a produção antecipada de provas tem ca- Ata notarial


bimento quando existe o fundado receio que não se possa Embora pouco conhecida e difundida no meio jurídico,
fazê-la no momento processual oportuno, ou porque o fato é a ata notarial está prevista de forma expressa no artigo 7º da
passageiro, ou porque a coisa ou a pessoa podem desapare- Lei n. 8.935/94 (Lei dos Notários e Registradores), como ato a
cer ou perecer. Em não existindo este risco, não há de se falar ser praticado de forma exclusiva pelos tabeliães de notas. De
em cabimento da produção antecipada de provas, tornando a forma lenta, porém gradativa, percebe-se que o instrumen-
produção antecipada desnecessária e onerosa. to está sendo introduzido no meio jurídico, principalmente
Embora a produção antecipada de provas se encontre como forma de perpetuar situações jurídicas, conferindo a
disciplinada no novo Código de Processo Civil em meio à dis- elas fé pública e produzindo-se um documento capaz de ser
ciplina das provas, não perde a sua natureza, que é de medida utilizado futuramente como meio de prova.
cautelar. A ata notarial aproxima-se, em termos de estrutura, mui-
A disciplina do novo CPC é bem mais extensa do que a to de uma escritura pública, porém dela se distancia em re-
dos artigos 846 a 851 do antigo CPC, antes localizada entre as lação ao conteúdo, pois diferentemente desta, na ata não se
cautelares específicas. estabelece relação jurídica entre duas ou mais pessoas, bem
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida como a declaração feita não é em virtude dos elementos ne-
nos casos em que: gociais travados entre os negociantes, mas sim em virtude do
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossí- que o próprio tabelião comprova e conclui. Trata-se, como se
vel ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendên- nota, de um ato unilateral e declaratório do notário, um re-
cia da ação; lato escrito, elaborado com segurança e fé pública, devendo
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar ser rico em detalhes, capazes de esclarecer e caracterizar o
a autocomposição ou outro meio adequado de solução de fato ocorrido e certificado por meio de simples leitura.
conflito; As atas notariais têm como objeto os fatos, porém es-
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou tariam excluídos destes os atos jurídicos negociais; assim, a
evitar o ajuizamento de ação. finalidade precípua da ata notarial é pré-constituir prova para
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta o futuro, fixando-se por meio descritivo, com fé pública, a
Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de docu- ocorrência de um evento, não tendo como conteúdo direito
mentação e não a prática de atos de apreensão. subjetivo, ou seja, declaração de vontade, como ocorre na
§ 2º A produção antecipada da prova é da competência escritura pública.
do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de Para parte da doutrina, uma limitação da ata é que so-
domicílio do réu. mente poderão ser objeto da ata notarial o que possua ob-
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a com- jeto lícito. Para outros, o ato ilícito poderá ser objeto de ata
petência do juízo para a ação que venha a ser proposta. notarial, desde que a ata em si não seja um ato ilícito, pois
§ 4º O juízo estadual tem competência para produção an- é interessante, para futura prova, que se perpetre eventual
tecipada de prova requerida em face da União, de entidade ilegalidade ou ilicitude por meio da fé pública contida em
autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, uma ata notarial.
não houver vara federal. Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que preten- podem ser atestados ou documentados, a requerimento do in-
der justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para teressado, mediante ata lavrada por tabelião.
simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som
em petição circunstanciada, a sua intenção. gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões
que justificam a necessidade de antecipação da prova e mencio- Audiência de instrução
nará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. Art. 358.  No dia e na hora designados, o juiz declarará
§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará apre-
parte, a citação de interessados na produção da prova ou no goar as partes e os respectivos advogados, bem como outras
fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso. pessoas que dela devam participar.
§ 2º O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a Art. 359.   Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar
inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências as partes, independentemente do emprego anterior de outros
jurídicas. métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação
§ 3º Os interessados poderão requerer a produção de e a arbitragem.
qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relaciona- Art. 360.  O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:
da ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acarretar I - manter a ordem e o decoro na audiência;
excessiva demora. II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se
§ 4º Neste procedimento, não se admitirá defesa ou re- comportarem inconvenientemente;
curso, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção III - requisitar, quando necessário, força policial;
da prova pleiteada pelo requerente originário. IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e
(um) mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. qualquer pessoa que participe do processo;
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimen-
ao promovente da medida. tos apresentados em audiência.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 361.  As provas orais serão produzidas em audiência, § 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrô-
ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente: nico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas
I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos em volume próprio.
quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma § 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro
do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito; do Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dis-
II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimen- pensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição
tos pessoais; para cuja prática os advogados não tenham poderes.
III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que § 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os
serão inquiridas. autos cópia autêntica do termo de audiência.
Parágrafo único.  Enquanto depuserem o perito, os as- § 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o
sistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão disposto neste Código, em legislação específica e nas normas
os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem internas dos tribunais.
licença do juiz. § 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em
Art. 362.  A audiência poderá ser adiada: imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que
I - por convenção das partes; assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores,
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qual- observada a legislação específica.
quer pessoa que dela deva necessariamente participar; § 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser
III - por atraso injustificado de seu início em tempo supe-
realizada diretamente por qualquer das partes, independen-
rior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.
temente de autorização judicial.
§ 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertu-
Art. 368.  A audiência será pública, ressalvadas as exce-
ra da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas re- ções legais.
queridas pela parte cujo advogado ou defensor público não
tenha comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra 7.6 – Fase de julgamento: sentença e coisa julgada
ao Ministério Público. A disciplina acerca da sentença e da coisa julgada se
§ 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas des- encontra como etapa final do processo de conhecimento,
pesas acrescidas. denominada fase do julgamento. Com efeito, o processo já
Art. 363.  Havendo antecipação ou adiamento da audiên- passou pelo saneamento, pela produção de provas (dentro
cia, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a e fora de audiência) e agora será proferido o julgamento por
intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para meio da sentença.
ciência da nova designação. A sentença se insere dentro dos atos do juiz (expressão
Art. 364.  Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advo- utilizada em sentido amplo, abrangendo ministros, desem-
gado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério bargadores, etc.).
Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo O CPC de 1973 havia acabado com as controvérsias do
prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 CPC de 1939 ao definir sentença como o ato que põe fim
(dez) minutos, a critério do juiz. ao processo. Contudo, a Lei n. 11.232/05 alterou a redação
§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o pra- do artigo 162, §1º (alguma das situações dos artigos 267 e
zo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir- 269 – a sentença voltou a ser considerada conforme o seu
se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de conteúdo). Não importava mais em necessária extinção do
modo diverso. processo. O recurso cabível ainda seria o de apelação, ao
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de menos em todos os casos em que os autos de processo
fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por ra- possam integralmente subir à segunda instância. A razão da
zões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo alteração do texto legal é que a partir da Lei n. 11.232/05 o
réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua processo não mais se encerrava com a sentença, mas apenas
intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, asse- a fase de conhecimento, podendo continuar com uma fase
gurada vista dos autos.
de execução (processo sincrético).
Art. 365.  A audiência é una e contínua, podendo ser ex-
O artigo 203, §1º do novo Código de Processo Civil
cepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou
mantém em partes o referido conceito de sentença, agora
de testemunha, desde que haja concordância das partes.
Parágrafo único.  Diante da impossibilidade de realização fazendo menção aos artigos 485 e 487, que no novo CPC
da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz correspondem aos artigos 267 e 269 do CPC/1973: “§ 1º
marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possí- Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
vel, em pauta preferencial. especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual
Art. 366.  Encerrado o debate ou oferecidas as razões fi- o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
nais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
30 (trinta) dias. execução”. O dispositivo inova ao colocar como sentença
Art. 367.  O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que também ato que ponha fim ao processo de execução com
conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por base nos arts. 485 e 487, por exemplo, caso acolhidos em-
extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida bargos do devedor.
no ato.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Espécies de atos do juiz exista omissão da prática de um ato indispensável e que o


No âmbito dos atos do juiz estão diversos provimentos autor, conforme o §1º, seja intimado a dar andamento ao
ou pronunciamentos, notadamente: feito em 5 dias sob pena de extinção (vide §2º deste artigo
a) Despacho ou despachos de mero expediente – são os quanto às custas).
atos desprovidos de conteúdo decisório, dos quais não cabe III - por não promover os atos e as diligências que lhe
recurso algum. incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
b) Decisões interlocutórias – quando o juiz, no curso do dias;
processo, resolve uma questão incidente, profere decisão É necessário que o processo não possa seguir, que exis-
durante o trâmite processual. ta omissão da prática de um ato indispensável pelo autor
c) Sentenças – art. 203, §1º – é o ato do juiz que implica e, conforme §1º, que ele seja intimado pessoalmente a dar
numa das situações, isto é, que contém uma das matérias, andamento ao feito em 5 dias sob pena de extinção (vide
previstas nos artigos 485 ou 487, desde que coloque fim ao §2º deste artigo quanto às custas). Nos termos da súmula
processo todo ou à fase de cognição ou de execução. 240 do STJ, o processo não será extinto nestes termos sem
d) Acórdãos – decisões tomadas por um órgão colegia- que tenha havido prévio requerimento do réu. Neste senti-
do. do, o §6º do artigo no novo CPC: “Oferecida a contestação,
e) Decisões monocráticas – as proferidas por um dos a extinção do processo por abandono da causa pelo autor
integrantes do colegiado, por exemplo, relator do acórdão. depende de requerimento do réu”.
Cabe recurso, o agravo interno ou regimental (mesmo os IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e
embargos de declaração, se interpostos, poderão ser recebi- de desenvolvimento válido e regular do processo;
dos como agravo interno). Há pressupostos cuja inobservância pode acarretar a ex-
tinção do processo, mas antes o juiz deve permitir a regula-
Classificação das sentenças rização. Por exemplo, capacidade processual ou capacidade
postulatória.
a) Quanto à resolução do mérito Todavia, há pressupostos processuais cuja ausência é in-
a) Terminativas ou processuais – artigo 485, CPC/2015. sanável e levará irremediavelmente à extinção do processo.
b) Definitivas ou de mérito – artigo 487, CPC/2015 – Po- Por exemplo, capacidade para ser parte.
Se a inicial for recebida e, após citação do réu, se verifi-
dem ser típicas ou próprias (no caso do inciso I, em que se
car que ela estava irregular, entende-se que deixou de haver
acolhe ou se rejeita o pedido) e atípicas ou impróprias (inci-
pressuposto processual de desenvolvimento válido do pro-
sos II a V). Em sentido estrito, só é de mérito a sentença que
cesso, aplicando-se este inciso.
decide a pretensão formulada. Contudo, o legislador optou
Por vezes, a ausência de um pressuposto gerará nulida-
por um conceito mais amplo.
de, não extinção do processo. Por exemplo, juízo competen-
Enfim, são duas as espécies de sentença, ou acórdãos,
te (declara-se nulidade e remete-se ao juízo competente).
que podem ser proferidas no processo de conhecimento: as A falta de um pressuposto processual é matéria de or-
que apreciam a pretensão formulada, seja em sentido afir- dem pública, devendo ser declarada de ofício pelo juiz a
mativo ou negativo, e que por isso são denominadas de mé- qualquer tempo e grau de jurisdição, salvo em sede de re-
rito; e aquelas em que não foi possível, pelas mais variadas curso especial e extraordinário.
razões, apreciar a pretensão do autor em face do réu, que são V - reconhecer a existência de perempção, de litispendên-
as de extinção sem resolução do mérito. cia ou de coisa julgada;
O objetivo natural do processo é atingir uma sentença Abrange o inciso anterior, pois são todos pressupostos
com resolução do mérito. As sentenças sem resolução do processuais negativos. Perempção é quando por 3 vezes o
mérito são anômalas, pois ele foi encerrado sem ter cumpri- juiz extingue a causa do autor por abandono, não se permi-
do sua finalidade. tindo ajuizar uma quarta vez (perda do direito de ação).
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse pro-
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: cessual;
I - indeferir a petição inicial; Estas matérias não se sujeitam à preclusão. Alterada a
Trata-se do não preenchimento dos requisitos da petição redação, excluindo-se a possibilidade jurídica do pedido,
inicial. Se o vício é sanável, antes de extinguir o juiz manda conforme doutrina mais moderna sobre as condições da
emendar em 15 dias. Se o vício é insanável, extingue o pro- ação.
cesso, mas deve dar à parte o direito de se manifestar. Na VII - acolher a alegação de existência de convenção de
sentença de indeferimento da inicial o juiz nem sequer deter- arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua com-
minou a citação do réu. petência;
Obs.: O juiz pode indeferir a petição inicial em razão de Se já foi resolvido em arbitragem, não pode ser resol-
prescrição e decadência, mas nestes casos a extinção é com vido pelo Estado. O STF ainda discute a constitucionalidade
resolução do mérito. desta hipótese.
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano VIII - homologar a desistência da ação;
por negligência das partes; A desistência pode ser proferida a qualquer momento,
A hipótese é rara, pois devido ao princípio do impulso desde que não proferida a sentença de mérito. Desistência
oficial, dificilmente o juiz deixará o processo parado por mais não é o mesmo que renúncia porque possui caráter proces-
de 1 ano. É necessário que o processo não possa seguir, que sual, não material.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Vide §4º. Se o prazo correr in albis (em branco), a de- b) a transação;


sistência não depende do assentimento do réu (revel). Jus- É o acordo celebrado entre as partes, mesmo que extra-
tifica-se a necessidade de consentimento, pois a desistência judicial. Não pode haver desistência unilateral, no máximo,
não impede a repropositura da demanda. Cabe a desistência arrependimento bilateral (distrato, que nada mais é que ou-
até a sentença (previsão do §5º). tra transação). Dispensa-se a participação de advogados.
Pode haver desistência parcial do autor em relação a um c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na re-
dos litisconsortes passivos, mas o litisconsórcio não pode ser convenção.
necessário. Se a desistência for só em relação a um, somente A renúncia unilateral, diferente da desistência, atinge o
ele deve consentir. próprio direito material em discussão. Dispensa a anuência da
O réu não pode se opor à desistência de maneira injusti- outra parte.
ficada, deve fundamentar sua oposição.
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada b) Quanto à eficácia preponderante
intransmissível por disposição legal; e; A classificação de Pontes de Miranda é dividida em 5 ca-
Certas ações possuem cunho personalíssimo, como se- tegorias.
paração e divórcio, anulação de casamento, interdição. a) Meramente declaratórias (certificação) – É aquela pela qual
X - nos demais casos prescritos neste Código. o juiz atesta ou certifica a existência ou não de uma relação / si-
tuação jurídica controvertida ou a falsidade / autenticidade de um
Art. 486.  O pronunciamento judicial que não resolve o documento. Natureza ex tunc. Não forma título executivo. Ex.: in-
mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. vestigatória de paternidade, usucapião, nulidade de negócio jurí-
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos dico, sentenças de improcedência, interdição (posição majoritária).
casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova Obs.: Em toda sentença, mesmo que o pedido tenha por
ação depende da correção do vício que levou à sentença sem essência outro cunho, o juiz declara quem tem razão. Então,
resolução do mérito. toda sentença é declaratória, ainda que não em sua essência.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a b) Constitutivas ou desconstitutivas (inovação) – É aquela
prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorá- pela qual o juiz cria (positivas, constituem), modifica (modifi-
rios de advogado. cativas, alteram) ou extingue (negativas, desconstituem) uma
§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fun- relação ou situação jurídica. Natureza ex nunc. Não forma tí-
dada em abandono da causa, não poderá propor nova ação tulo executivo. Ex.: adoção, adjudicação compulsória, ação de
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, en- revisão de cláusula contratual, modificação de guarda, divórcio,
desconstituição do poder familiar, ação rescisória e rescisão de
tretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
contrato. Perceba-se que a ação constitutiva pode ser volun-
Nota-se que a principal diferença entre a extinção sem
tária (há litígio) ou necessária (não há litígio mas a lei obriga).
julgamento do mérito em relação à extinção com julgamento
c) Condenatórias (execução forçada) – É aquela em que se
do mérito é que nada obsta que a ação seja proposta nova-
reconhece um dever de prestar cujo inadimplemento autori-
mente. Afinal, as decisões são terminativas, apenas encerram
za o início da fase de cumprimento e de execução. Resulta na
aquele processo, não colocam fim ao litígio que surgiu entre
formação de um título executivo judicial. O juiz não só declara
as partes. A única exceção é o inciso V, pois uma vez que a existência do direito em favor do autor, mas concede a ele a
ocorrer perempção, litispendência ou coisa julgada torna-se possibilidade de valer-se de sanção executiva, fornecendo-lhe
impossível sanar o vício. meios para tanto. A eficácia é ex tunc, retroagindo à data da
O único óbice é a exigência de que custas e honorários propositura da ação. Ex.: cobrança, indenizatória, repetição de
do processo anteriormente extinto sem resolver o mérito te- indébito, ação de regresso.
nham sido quitados; bem como, evidentemente, a correção Em geral, as sentenças condenatórias já indicam qual o
dos vícios que geraram a extinção. bem devido pelo réu e sua quantidade. No entanto, admitem-
se sentenças condenatórias alternativas (decide pela existência
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: de uma obrigação de dar coisa incerta ou de uma obrigação
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou alternativa, reconhecendo ambas, embora só uma deva ser
na reconvenção; cumprida), genéricas ou ilíquidas (é necessário propor uma fase
Somente esta é a verdadeira sentença de mérito, na qual de liquidação da sentença determinando o quantum), e condi-
o pedido é apreciado. Trata-se da sentença de mérito típica. cionais (exigência condicionada de evento futuro certo – termo
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência – ou incerto – condição).
de decadência ou prescrição; d) Executivas lato sensu (autoexecutoriedade) – É aquela
A rigor, seria meramente terminativa, mas como jamais que contém mecanismos que permitem a imediata satisfação
deixará de decair ou de estar prescrita, faz sentido ser com do vencedor sem a necessidade de início da nova fase no pro-
resolução do mérito. Podem ser alegadas em qualquer tem- cesso. Têm natureza condenatória e dispensam a fase de exe-
po ou grau de jurisdição. cução para que o comando da sentença seja cumprido, isto
III - homologar: é, a satisfação não é obtida em 2 fases, mas em uma só. Logo
a) o reconhecimento da procedência do pedido formu- que transita em julgado, é expedido mandado judicial para
lado na ação ou na reconvenção; cumprir a sentença, sem que se exija outro ato processual.
Não precisa da anuência da outra parte, como a senten- Ex.: despejo, reintegração de posse, todas as demandas para
ça tem o mérito resolvido. entrega de coisa que sejam procedentes.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

e) Mandamentais ou injuncionais (ordem) – São aquelas que contêm uma ordem que deve ser cumprida pelo próprio des-
tinatário (e não por um serventuário), sob pena de crime ou multa e penas do artigo 14. Enfim, o juiz profere uma declaração
reconhecendo o direito, condena o réu, aplicando uma sanção, que não é simplesmente a condenação, é também a imposição
de uma medida, um comando, que permite a tomada de medidas concretas e efetivas para o vencedor satisfazer seu direito
sem a necessidade de processo autônomo de execução. Descumprida a ordem, o juiz pode determinar providências que
pressionem o devedor, como a fixação de multa diária, conhecidas como astreintes. Ex.: mandado de segurança, obrigações
de fazer ou não fazer.
Obs.: A principal diferença entre a executiva lato sensu e a mandamental é que na mandamental quem tem que cumprir é
o devedor, ao passo que na executiva, se o devedor não cumprir espontaneamente, o Estado o fará.
Não obstante, há quem defenda uma sexta categoria. A categoria “f” seria a das sentenças determinativas ou dispositi-
vas (normatização) – Alguns autores estabelecem esta categoria – É aquela em que o juiz, com sua vontade, complementa
a vontade do legislador e cria uma norma jurídica específica para o caso concreto. Ex.: regulamentação de visitas, revisão de
cláusula contratual.
Marcus Vinícius Rios Gonçalves, contra a classificação de Pontes de Miranda, diz que mandamental e executiva são 2
espécies de tutela condenatória.

Constitutiva ou
Declaratória Condenatória Executivas lato sensu Mandamental
Desconstitutiva
Declaratória X
Constitutiva ou
X X
Desconstitutiva
Condenatória X X
Executivas lato
X X X
sensu
Mandamental X X X

Elementos da sentença
a) Relatório – É onde se relata tudo que ocorreu no processo até o momento de forma resumida. Dispensa-se no JEC
(procedimento sumaríssimo). Indicar-se-á o nome das partes, o resumo da pretensão do autor e seus fundamentos, a defesa
do réu, as principais ocorrências do processo (como incidentes processuais e provas produzidas) e o conteúdo das alegações
finais.
b) Fundamentação ou motivação – É onde o juiz explica o porquê de ter tomado aquela decisão, afinal, é dever do juiz
expor o raciocínio que adotou. Enfim, são os fundamentos de fato e de direito sobre os quais o juiz apoiará sua decisão. A
Constituição Federal determina que os atos judiciais sejam fundamentados (artigo 93, IX, CF). A motivação deve ser coerente,
isto é, manter vínculo com o relatório e com o dispositivo.
Nem sempre o juiz precisará apreciar todos os fundamentos levantados pelas partes. Por vezes, o reconhecimento ou
a rejeição de um fundamento, logicamente, exclui a obrigação de apreciação do outro. O importante é a sentença apreciar
exatamente os pedidos feitos no processo, sob pena de ser citra petita, logo, nula. A fundamentação também não precisa ser
extensa, mas deve deixar claro porque o julgador tomou a decisão.
c) Dispositivo – Decisão ou decisum – Pelo que já foi dito, é aqui onde o juiz julga procedente, improcedente, com ou sem
resolução do mérito. O dispositivo deve manter estreita correspondência lógica com as partes anteriores. É sobre o dispositivo
da sentença que recairá a coisa julgada material quando não couber mais recurso.
Falta de relatório e de fundamentação gera nulidade, ao passo que falta de dispositivo gera inexistência da sentença.

Oportunidades em que pode ser proferida a sentença


A sentença pode ser proferida em diversas situações, sendo que a ocasião propícia levará em conta sua natureza (termi-
nativa ou definitiva) e a necessidade ou não de produção de provas.
As sentenças terminativas podem ser proferidas a qualquer momento no processo, inclusive logo após a propositura da
demanda, a partir da detecção do vício insanável, impossibilitando prosseguir com o exame de mérito. As matérias que geram
este tipo de extinção são de ordem pública, podendo ser reconhecidas de ofício a qualquer momento no processo, de ofício
ou a requerimento.
Já as sentenças definitivas, em regra, são proferidas após a audiência de instrução e debates, exceto em dois casos: a)
aplicação da improcedência liminar do pedido; b) julgamento antecipado da lide, quando a matéria for somente de direito ou,
sendo de direito e de fato, não forem mais necessárias provas a serem produzidas.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Defeitos da sentença ocorre apenas nas sentenças de mérito (extraprocessual) (se


A inobservância de requisitos de forma e substância a sentença irrecorrível não for de mérito, a pretensão pode
gera a nulidade da sentença. Em processo civil, as nulidades ser objeto de outra demanda). Assim, num processo sempre
podem ser de duas naturezas: absoluta ou relativa. haverá coisa julgada formal, mas nem sempre coisa julgada
Somente a nulidade absoluta permite a rescisão da sen- material.
tença. E mesmo as nulidades absolutas acabam por sanar-
se, passado o prazo de 2 anos da ação rescisória. Assim, a) Aspectos da coisa julgada
a sentença nula se reveste da autoridade da coisa julgada, Em resumo, tem-se o seguinte:
mas pode ser rescindida. A nulidade absoluta pode decor- a) Coisa julgada formal: consiste na imutabilidade da
rer de vícios intrínsecos da própria sentença, ou se vícios sentença contra a qual não caiba mais recurso dentro do
processuais anteriores, não sanados, que nela repercutem. processo em que foi proferida. Mesmo que não caiba mais
Os vícios intrínsecos são aqueles que se encontram nos recurso, que a sentença coloque fim ao processo, isso não
três elementos fundamentais da sentença: relatório, funda- significa que a matéria não possa ser colocada em discussão
mentação e dispositivo. A falta (não inclusão na sentença) noutro processo – isso é a produção de coisa julgada formal.
ou deficiência (ausência de correlação lógica, julgamento Em toda sentença encontramos a coisa julgada formal, que
ultra ou extra petita) de relatório ou fundamentação geram pode ou não estar acompanhada da coisa julgada material.
nulidade, ao passo que a falta de dispositivo gera inexistên- b) Coisa julgada material: é própria dos julgamentos
cia. A sentença citra petita é válida no que decide, cabendo de mérito, podendo ser definida como a imutabilidade não
ao autor propor nova ação na parte em que o juiz deixou mais da sentença, mas de seus efeitos. Projeta-se para fora
de julgar. do processo em que ela foi proferida, impedindo que a pre-
Há, no entanto, vícios que comprometem de forma tensão seja novamente posta em juízo. Aquilo não pode
mais profunda a sentença e são insuperáveis. Quando ocor- mais ser discutido em juízo, não apenas naquele processo,
rem, a sentença é inexistente em termos jurídicos. Mesmo mas em qualquer outro.
que passe o prazo da ação rescisória, o vício não se convali- Evidencia-se a natureza substancial deste aspecto da
da. No caso, caberá ação declaratória de inexistência. coisa julgada, além do meramente processual decorrente da
Em regra, a alteração da sentença somente cabe nas coisa julgada formal. O fundamento constitucional da coisa
hipóteses do art. 494 do CPC/2015: “Art. 494. Publicada a julgada material é o art. 5º, XXXVI, CF: “a lei não prejudicará
o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de
ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou
b) Eficácia preclusiva da coisa julgada material
erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração”.
Em outras palavras, devido à sua eficácia preclusiva,
A correção pode ser feita a qualquer tempo no caso do in-
a coisa julgada material impede não só a repropositura
ciso I e não suspende ou interrompe o prazo dos recursos.
da mesma demanda, mas a discussão, em qualquer outro
Já a hipótese do inciso II é um recurso em si, servindo para
processo com mesmas partes, das questões decididas, con-
sanar obscuridades ou omissões na sentença. Além destes
forme art. 508, CPC/2015: “Transitada em julgado a decisão
dois casos, somente se corrige sentença via ação rescisória.
de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as
alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
Coisa julgada acolhimento quanto à rejeição do pedido”. Essa regra é de-
Basicamente, coisa julgada é o fenômeno que impede nominada por alguns de princípio do “deduzido e do dedu-
a propositura de uma ação que já foi anteriormente julgada tível”, pois a autoridade da coisa julgada material impede a
em seu mérito, transitando em julgado a decisão, diga-se, rediscussão não apenas das questões que tenham sido ex-
não cabendo mais recurso da decisão. pressamente decididas no dispositivo, porque expressamen-
Art. 502, CPC/2015. Denomina-se coisa julgada material te alegadas pelas partes, mas também das que poderiam ter
a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de sido alegadas, mas não foram.
mérito não mais sujeita a recurso. Em outras palavras, se mantida a mesma pretensão e a
Esgotados os recursos, a sentença transita em julgado, mesma causa de pedir, resolvidos e discutidos estarão todos
e não pode mais ser modificada. Até então, a decisão não os argumentos expressos quanto os que lá poderiam ser le-
terá se tornado definitiva, podendo ser substituída por ou- vantados e não foram. Por exemplo, se alegou pagamento
tra. Sem a coisa julgada, não haveria segurança jurídica nas da dívida e ele não foi reconhecido na ação que produziu a
decisões, que sempre poderiam ser modificadas. coisa julgada material, não poderá no futuro propor ação
A coisa julgada é um fenômeno único ao qual corres- semelhante na qual alegue remissão da dívida (deveria ter
pondem dois aspectos: um meramente processual ou for- alegado as duas coisas antes).
mal, que ocorre no processo em que a sentença é proferida,
independentemente dela ser de mérito ou não, apenas im- c) Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada
pedindo outro recurso daquela sentença naquele processo A coisa julgada material possui limites objetivos e subje-
(endoprocessual); outro que se projeta para fora do pro- tivos que se relacionam com os elementos da ação.
cesso e torna definitivos os efeitos da decisão, chamado de a) Limites objetivos: de todas as partes da sentença, so-
coisa julgada material, impedindo que a mesma pretensão mente o dispositivo, que contém o comando emitido pelo
seja rediscutida posteriormente em outro processo, que juiz, fica revestido da autoridade da coisa julgada material.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Como se depreende do artigo 504 do CPC/2015, “não cesso transitaria em julgado a um só tempo. No entanto,
fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes atendendo ao dinamismo demandado nas relações jurídico-
para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; sociais levadas em litígio ao Judiciário, o CPC/2015 criou o
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da julgamento antecipado parcial de mérito, que possibilitará
sentença”. Aquilo que serviu de fundamento de uma senten- a formação de coisa julgada parcial antes da extinção do
ça torna-se imutável apenas no processo em que foi utiliza- processo.
do, mas não projeta seus efeitos para outros, como ocorre Seção III
com o dispositivo. Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
b) Limites subjetivos: a sentença faz coisa julgada às Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando
partes entre as quais é dada, não beneficiando nem preju- um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
dicando terceiros. São incluídos autores, réus, denunciados, I - mostrar-se incontroverso;
chamados ao processo, opoentes e nomeados que tenham II - estiver em condições de imediato julgamento, nos ter-
sido admitidos, bem como o assistente litisconsorcial que mos do art. 355.
tenha ou não intervindo e o assistente simples que tenha § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá
participado do processo. São excluídos os terceiros que não reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.
participaram do processo, até porque não puderam se ma- § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a
nifestar e nem defender ou expor suas razões. Neste senti- obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o
do: “Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as mérito, independentemente de caução, ainda que haja recur-
quais é dada, não prejudicando terceiros”. so contra essa interposto.
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da
d) Questão prejudicial e coisa julgada decisão, a execução será definitiva.
Segundo Carnelutti, questão é um ponto duvidoso, de § 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar
fato ou de direito. Já prejudicial é aquilo que deve ser julga- parcialmente o mérito poderão ser processados em autos su-
do antes. Logo, questão prejudicial é aquela que deve ser plementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
julgada antes no processo para poder ser apreciada a ma- § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impug-
téria que é objeto central da lide. Ex.: a ação reivindicatória nável por agravo de instrumento.
discute propriedade, se o réu argumenta que é proprietário
porque usucapiu, então a usucapião é uma questão preju- f) Relativização da coisa julgada
dicial que deverá ser decidida antes da reivindicatória em si. Destaca-se que não são somente as sentenças sem re-
Antes do CPC/2015, as questões prejudiciais não eram solução de mérito que não se sujeitam à coisa julgada ma-
atingidas pela coisa julgada, salvo quando expressamente
terial. Há ainda as sentenças de jurisdição voluntária, as que
houvesse requerimento neste sentido mediante ação de-
conferem tutela cautelar (por sua natureza provisória) e as
claratória incidental. Significa que o juiz decidiria a questão
que se referem a relações continuativas.
para julgar o mérito, mas que se tal questão fosse levantada
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
em outro processo poderia. O CPC/2015, no entanto, excluiu
decididas relativas à mesma lide, salvo:
a ação declaratória incidental do sistema, mas estabeleceu
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado,
casos em que a questão prejudicial pode ser julgada com
sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso
força de coisa julgada em seu artigo 503.
em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído
Art. 503.  A decisão que julgar total ou parcialmente o
mérito tem força de lei nos limites da questão principal ex- na sentença;
pressamente decidida. II - nos demais casos prescritos em lei.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de ques- A autoridade da coisa julgada material sempre foi con-
tão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no pro- siderada um dogma absoluto no processo. A lei estabelece
cesso, se: expressamente apenas um mecanismo apto a relativizá-la,
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; cabível em situações excepcionais e no limite temporal de 2
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efeti- anos, a ação rescisória. Passado tal prazo, eventual nulidade
vo, não se aplicando no caso de revelia; se convalida, não cabendo mais rediscutir a sentença.
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da Contudo, entende-se que a coisa julgada material, em
pessoa para resolvê-la como questão principal. situações excepcionais, pode ser relativizada. Isso só ocorre-
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo hou- rá caso o respeito à coisa julgada material vá acarretar gra-
ver restrições probatórias ou limitações à cognição que im- ve ofensa a valores éticos e garantias constitucionais (tais
peçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. valores ultrapassam a coisa julgada material e a segurança
jurídica em termos de importância). A aplicação da relativi-
e) Julgamento antecipado parcial de mérito e coisa zação deve ser vista com reservas e somente reconhecida
julgada parcial em situações teratológicas. É o exemplo das investigações
Tradicionalmente se estudou a coisa julgada como um de paternidade improcedentes da época em que não havia
fenômeno único, que ocorria apenas uma vez no proces- o exame de DNA e dos laudos periciais fraudulentos de valor
so. Significa que enquanto houvessem controvérsias não se extremamente elevado em ações de desapropriação.
formaria coisa julgada com relação a nada e tudo no pro-

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

7.7 – Legislação seca Seção II


Do Pedido
LIVRO I
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRI- Art. 322.  O pedido deve ser certo.
MENTO DE SENTENÇA § 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a cor-
reção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os
TÍTULO I honorários advocatícios.
DO PROCEDIMENTO COMUM § 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da boa-fé.
CAPÍTULO I Art. 323.  Na ação que tiver por objeto cumprimento de
DISPOSIÇÕES GERAIS obrigação em prestações sucessivas, essas serão considera-
das incluídas no pedido, independentemente de declaração
Art. 318.  Aplica-se a todas as causas o procedimento co- expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquan-
mum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. to durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo,
Parágrafo único.  O procedimento comum aplica-se sub- deixar de pagá-las ou de consigná-las.
sidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao pro- Art. 324.  O pedido deve ser determinado.
cesso de execução. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar
CAPÍTULO II os bens demandados;
DA PETIÇÃO INICIAL II - quando não for possível determinar, desde logo, as
consequências do ato ou do fato;
Seção I III - quando a determinação do objeto ou do valor da
Dos Requisitos da Petição Inicial condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu.
Art. 319.  A petição inicial indicará: § 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
I - o juízo a que é dirigida; Art. 325.  O pedido será alternativo quando, pela natu-
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de reza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro mais de um modo.
de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídi- Parágrafo único.  Quando, pela lei ou pelo contrato, a
ca, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de
e do réu; cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; autor não tenha formulado pedido alternativo.
IV - o pedido com as suas especificações; Art. 326.  É lícito formular mais de um pedido em ordem
V - o valor da causa; subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a não acolher o anterior.
verdade dos fatos alegados; Parágrafo único.  É lícito formular mais de um pedido,
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiên- alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
cia de conciliação ou de mediação. Art. 327.  É lícita a cumulação, em um único processo,
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no in- contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
ciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz dili- não haja conexão.
gências necessárias a sua obtenção. § 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da que:
falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
citação do réu. II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não aten- III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de pro-
dimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de cedimento.
tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso § 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diver-
o acesso à justiça. so de procedimento, será admitida a cumulação se o autor
Art. 320.  A petição inicial será instruída com os docu- empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego
mentos indispensáveis à propositura da ação. das técnicas processuais diferenciadas previstas nos proce-
Art. 321.   O juiz, ao verificar que a petição inicial não dimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento sobre o procedimento comum.
de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) § 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de
dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que pedidos de que trata o art. 326.
deve ser corrigido ou completado. Art. 328.  Na obrigação indivisível com pluralidade de
Parágrafo único.  Se o autor não cumprir a diligência, o credores, aquele que não participou do processo receberá
juiz indeferirá a petição inicial. sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu cré-
dito.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 329.  O autor poderá: § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improce-
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de dente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de deca-
pedir, independentemente de consentimento do réu; dência ou de prescrição.
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pe- § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do
dido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegura- trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
do o contraditório mediante a possibilidade de manifestação § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5
deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o reque- (cinco) dias.
rimento de prova suplementar. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosse-
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto neste artigo à re- guimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver
convenção e à respectiva causa de pedir. retratação, determinará a citação do réu para apresentar con-
trarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Seção III
Do Indeferimento da Petição Inicial CAPÍTULO IV
DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando: COLETIVA
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima; Art. 333.  (VETADO).
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. CAPÍTULO V
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIA-
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; ÇÃO
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses
legais em que se permite o pedido genérico; Art. 334.  Se a petição inicial preencher os requisitos es-
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a senciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido,
conclusão; o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obri- réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
gação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de § 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará ne-
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, dis- cessariamente na audiência de conciliação ou de mediação,
criminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, observando o disposto neste Código, bem como as disposições
aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor da lei de organização judiciária.
incontroverso do débito. § 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conci-
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá con- liação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da
tinuar a ser pago no tempo e modo contratados. data de realização da primeira sessão, desde que necessárias
Art. 331.  Indeferida a petição inicial, o autor poderá ape- à composição das partes.
lar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 3o A intimação do autor para a audiência será feita na
§ 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu pessoa de seu advogado.
para responder ao recurso. § 4o A audiência não será realizada:
§ 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, de-
para a contestação começará a correr da intimação do retor- sinteresse na composição consensual;
no dos autos, observado o disposto no art. 334. II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do § 5o O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinte-
trânsito em julgado da sentença. resse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição,
apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da
CAPÍTULO III data da audiência.
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO § 6o Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização
da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o § 7o A audiência de conciliação ou de mediação pode rea-
juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminar- lizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.
mente improcedente o pedido que contrariar: § 8o O não comparecimento injustificado do autor ou do
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à
do Superior Tribunal de Justiça; dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos causa, revertida em favor da União ou do Estado.
repetitivos; § 9o As partes devem estar acompanhadas por seus advo-
III - entendimento firmado em incidente de resolução de gados ou defensores públicos.
demandas repetitivas ou de assunção de competência; § 10.  A parte poderá constituir representante, por
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre di- meio de procuração específica, com poderes para negociar
reito local. e transigir.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 11.  A autocomposição obtida será reduzida a termo e § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompe-
homologada por sentença. tência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enume-
§ 12.  A pauta das audiências de conciliação ou de me- radas neste artigo.
diação será organizada de modo a respeitar o intervalo mí- § 6o A ausência de alegação da existência de convenção
nimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica acei-
da seguinte. tação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
Art. 338.  Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegí-
CAPÍTULO VI tima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz
DA CONTESTAÇÃO facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição
inicial para substituição do réu.
Art. 335.  O réu poderá oferecer contestação, por petição, Parágrafo único.  Realizada a substituição, o autor reem-
no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: bolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do
réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da úl-
valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85,
tima sessão de conciliação, quando qualquer parte não com-
§ 8o.
parecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
Art. 339.  Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência
réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sem-
de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando pre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despe-
ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I; sas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decor-
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi rentes da falta de indicação.
feita a citação, nos demais casos. § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no pra-
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipó- zo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
tese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será, substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único
para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respec- do art. 338.
tivo pedido de cancelamento da audiência. § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passi-
havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em vo, o sujeito indicado pelo réu.
relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá Art. 340.  Havendo alegação de incompetência relativa
da data de intimação da decisão que homologar a desistência. ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de
Art. 336.  Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao
matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.
que impugna o pedido do autor e especificando as provas que § 1o A contestação será submetida a livre distribuição ou,
pretende produzir. se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, jun-
Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, ale- tada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata re-
gar: messa para o juízo da causa.
I - inexistência ou nulidade da citação; § 2o Reconhecida a competência do foro indicado pelo
II - incompetência absoluta e relativa; réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a
III - incorreção do valor da causa; carta precatória será considerado prevento.
IV - inépcia da petição inicial; § 3o Alegada a incompetência nos termos do caput, será
V - perempção; suspensa a realização da audiência de conciliação ou de me-
diação, se tiver sido designada.
VI - litispendência;
§ 4o Definida a competência, o juízo competente designa-
VII - coisa julgada;
rá nova data para a audiência de conciliação ou de mediação.
VIII - conexão;
Art. 341.  Incumbe também ao réu manifestar-se precisa-
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou
mente sobre as alegações de fato constantes da petição ini-
falta de autorização; cial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
X - convenção de arbitragem; I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige mento que a lei considerar da substância do ato;
como preliminar; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de em seu conjunto.
justiça. Parágrafo único.   O ônus da impugnação especificada
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado da-
se reproduz ação anteriormente ajuizada. tivo e ao curador especial.
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mes- Art. 342.  Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir
mas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. novas alegações quando:
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está I - relativas a direito ou a fato superveniente;
em curso. II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi III - por expressa autorização legal, puderem ser formula-
decidida por decisão transitada em julgado. das em qualquer tempo e grau de jurisdição.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

CAPÍTULO VII Art. 349.  Ao réu revel será lícita a produção de provas,
DA RECONVENÇÃO contrapostas às alegações do autor, desde que se faça repre-
sentar nos autos a tempo de praticar os atos processuais in-
Art. 343.  Na contestação, é lícito ao réu propor reconven- dispensáveis a essa produção.
ção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa. Seção II
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do
pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo Direito do Autor
de 15 (quinze) dias.
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extin- Art. 350.  Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou
tiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosse- extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 15
guimento do processo quanto à reconvenção. (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e
terceiro. Seção III
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litis- Das Alegações do Réu
consórcio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte de- Art. 351.  Se o réu alegar qualquer das matérias enume-
verá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a radas no art. 337, o juiz determinará a oitiva do autor no pra-
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também zo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de prova.
na qualidade de substituto processual. Art. 352.  Verificando a existência de irregularidades ou
§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prazo
de oferecer contestação. nunca superior a 30 (trinta) dias.
Art. 353.  Cumpridas as providências preliminares ou
CAPÍTULO VIII não havendo necessidade delas, o juiz proferirá julgamento
DA REVELIA
conforme o estado do processo, observando o que dispõe o
Capítulo X.
Art. 344.  Se o réu não contestar a ação, será considerado
revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato for-
CAPÍTULO X
muladas pelo autor.
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PRO-
Art. 345.  A revelia não produz o efeito mencionado no
CESSO
art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a
ação; Seção I
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis; Da Extinção do Processo
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
mento que a lei considere indispensável à prova do ato; Art. 354.  Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz proferirá sentença.
inverossímeis ou estiverem em contradição com prova cons- Parágrafo único.  A decisão a que se refere o caput pode
tante dos autos. dizer respeito a apenas parcela do processo, caso em que será
Art. 346.  Os prazos contra o revel que não tenha patrono impugnável por agravo de instrumento.
nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no
órgão oficial. Seção II
Parágrafo único.  O revel poderá intervir no processo em Do Julgamento Antecipado do Mérito
qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.
Art. 355.  O juiz julgará antecipadamente o pedido, profe-
CAPÍTULO IX rindo sentença com resolução de mérito, quando:
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEA- I - não houver necessidade de produção de outras provas;
MENTO II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e
não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.
Art. 347.  Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará,
conforme o caso, as providências preliminares constantes das Seção III
seções deste Capítulo. Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito

Seção I Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando


Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
Art. 348.  Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando II - estiver em condições de imediato julgamento, nos ter-
a inocorrência do efeito da revelia previsto no art. 344, orde- mos do art. 355.
nará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, § 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá
se ainda não as tiver indicado. reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a CAPÍTULO XI


obrigação reconhecida na decisão que julgar parcialmente o DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
mérito, independentemente de caução, ainda que haja recur-
so contra essa interposto. Art. 358.  No dia e na hora designados, o juiz declara-
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da rá aberta a audiência de instrução e julgamento e mandará
decisão, a execução será definitiva. apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como ou-
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar tras pessoas que dela devam participar.
parcialmente o mérito poderão ser processados em autos su- Art. 359.   Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar
plementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz. as partes, independentemente do emprego anterior de outros
§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impug- métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação
nável por agravo de instrumento. e a arbitragem.
Art. 360.  O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-
Seção IV lhe:
Do Saneamento e da Organização do Processo I - manter a ordem e o decoro na audiência;
II - ordenar que se retirem da sala de audiência os que se
Art. 357.  Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste comportarem inconvenientemente;
Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de orga- III - requisitar, quando necessário, força policial;
nização do processo: IV - tratar com urbanidade as partes, os advogados, os
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; membros do Ministério Público e da Defensoria Pública e
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a qualquer pessoa que participe do processo;
atividade probatória, especificando os meios de prova admi- V - registrar em ata, com exatidão, todos os requerimen-
tidos; tos apresentados em audiência.
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o Art. 361.  As provas orais serão produzidas em audiência,
art. 373; ouvindo-se nesta ordem, preferencialmente:
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a de- I - o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos
cisão do mérito; quesitos de esclarecimentos requeridos no prazo e na forma
V - designar, se necessário, audiência de instrução e jul- do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito;
gamento. II - o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimen-
§ 1o Realizado o saneamento, as partes têm o direito de tos pessoais;
pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de III - as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que
5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável. serão inquiridas.
§ 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologa- Parágrafo único.  Enquanto depuserem o perito, os as-
ção, delimitação consensual das questões de fato e de direito sistentes técnicos, as partes e as testemunhas, não poderão
a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem
vincula as partes e o juiz. licença do juiz.
§ 3o Se a causa apresentar complexidade em matéria de Art. 362.  A audiência poderá ser adiada:
fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que I - por convenção das partes;
o saneamento seja feito em cooperação com as partes, opor- II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qual-
tunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a quer pessoa que dela deva necessariamente participar;
integrar ou esclarecer suas alegações. III - por atraso injustificado de seu início em tempo supe-
§ 4o Caso tenha sido determinada a produção de prova rior a 30 (trinta) minutos do horário marcado.
testemunhal, o juiz fixará prazo comum não superior a 15 § 1o O impedimento deverá ser comprovado até a abertu-
(quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemu- ra da audiência, e, não o sendo, o juiz procederá à instrução.
nhas. § 2o O juiz poderá dispensar a produção das provas re-
§ 5o Na hipótese do § 3o, as partes devem levar, para a queridas pela parte cujo advogado ou defensor público não
audiência prevista, o respectivo rol de testemunhas. tenha comparecido à audiência, aplicando-se a mesma regra
§ 6o O número de testemunhas arroladas não pode ser ao Ministério Público.
superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova § 3o Quem der causa ao adiamento responderá pelas des-
de cada fato. pesas acrescidas.
§ 7o O juiz poderá limitar o número de testemunhas le- Art. 363.  Havendo antecipação ou adiamento da audiên-
vando em conta a complexidade da causa e dos fatos indivi- cia, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinará a
dualmente considerados. intimação dos advogados ou da sociedade de advogados para
§ 8o Caso tenha sido determinada a produção de prova ciência da nova designação.
pericial, o juiz deve observar o disposto no art. 465 e, se pos- Art. 364.  Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advo-
sível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização. gado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério
§ 9o As pautas deverão ser preparadas com intervalo mí- Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo
nimo de 1 (uma) hora entre as audiências. prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10
(dez) minutos, a critério do juiz.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o pra- Art. 370.  Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da
zo, que formará com o da prorrogação um só todo, dividir- parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do
se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de mérito.
modo diverso. Parágrafo único.   O juiz indeferirá, em decisão funda-
§ 2o Quando a causa apresentar questões complexas de mentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído por ra- Art. 371.  O juiz apreciará a prova constante dos autos,
zões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indi-
réu, bem como pelo Ministério Público, se for o caso de sua cará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, asse- Art. 372.  O juiz poderá admitir a utilização de prova pro-
gurada vista dos autos. duzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que conside-
Art. 365.  A audiência é una e contínua, podendo ser ex- rar adequado, observado o contraditório.
cepcional e justificadamente cindida na ausência de perito ou Art. 373.  O ônus da prova incumbe:
de testemunha, desde que haja concordância das partes. I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Parágrafo único.  Diante da impossibilidade de realização II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modifi-
da instrução, do debate e do julgamento no mesmo dia, o juiz cativo ou extintivo do direito do autor.
marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possí- § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiarida-
vel, em pauta preferencial. des da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva
Art. 366.  Encerrado o debate ou oferecidas as razões fi- dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à
nais, o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, po-
30 (trinta) dias. derá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
Art. 367.  O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá
conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida lhe foi atribuído.
no ato. § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar
§ 1o Quando o termo não for registrado em meio eletrô- situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja
nico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que serão encadernadas
impossível ou excessivamente difícil.
em volume próprio.
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode
§ 2o Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro
ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
do Ministério Público e o escrivão ou chefe de secretaria, dis-
I - recair sobre direito indisponível da parte;
pensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício
para cuja prática os advogados não tenham poderes.
do direito.
§ 3o O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os
§ 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada
autos cópia autêntica do termo de audiência.
antes ou durante o processo.
§ 4o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o
Art. 374.  Não dependem de prova os fatos:
disposto neste Código, em legislação específica e nas normas
internas dos tribunais. I - notórios;
§ 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em II - afirmados por uma parte e confessados pela parte
imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que contrária;
assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, III - admitidos no processo como incontroversos;
observada a legislação específica. IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou
§ 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser de veracidade.
realizada diretamente por qualquer das partes, independen- Art. 375.   O juiz aplicará as regras de experiência co-
temente de autorização judicial. mum subministradas pela observação do que ordinariamente
Art. 368.  A audiência será pública, ressalvadas as exce- acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado,
ções legais. quanto a estas, o exame pericial.
Art. 376.  A parte que alegar direito municipal, estadual,
CAPÍTULO XII estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigên-
DAS PROVAS cia, se assim o juiz determinar.
Art. 377.  A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio
Seção I direto suspenderão o julgamento da causa no caso previsto
Disposições Gerais no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos
antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for
Art. 369.  As partes têm o direito de empregar todos os imprescindível.
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que Parágrafo único.  A carta precatória e a carta rogatória
não especificados neste Código, para provar a verdade dos fa- não devolvidas no prazo ou concedidas sem efeito suspensivo
tos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento.
na convicção do juiz. Art. 378.  Ninguém se exime do dever de colaborar com o
Poder Judiciário para o descobrimento da verdade.

53
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 379.  Preservado o direito de não produzir prova con- § 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recur-
tra si própria, incumbe à parte: so, salvo contra decisão que indeferir totalmente a produção
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for in- da prova pleiteada pelo requerente originário.
terrogado; Art. 383.  Os autos permanecerão em cartório durante 1
II - colaborar com o juízo na realização de inspeção judi- (um) mês para extração de cópias e certidões pelos interes-
cial que for considerada necessária; sados.
III - praticar o ato que lhe for determinado. Parágrafo único.  Findo o prazo, os autos serão entregues
Art. 380.  Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer ao promovente da medida.
causa:
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que Seção II
tenha conhecimento; Da Ata Notarial
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder.
Parágrafo único.  Poderá o juiz, em caso de descumpri- Art. 384.  A existência e o modo de existir de algum fato
mento, determinar, além da imposição de multa, outras me- podem ser atestados ou documentados, a requerimento do
didas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias. interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único.  Dados representados por imagem ou
Seção II som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata
Da Produção Antecipada da Prova notarial.
Art. 381.  A produção antecipada da prova será admitida Seção IV
nos casos em que: Do Depoimento Pessoal
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossí-
vel ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência Art. 385.  Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da
da ação; outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de
autocomposição ou outro meio adequado de solução de con- ordená-lo de ofício.
flito;
§ 1o Se a parte, pessoalmente intimada para prestar de-
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou
poimento pessoal e advertida da pena de confesso, não com-
evitar o ajuizamento de ação.
parecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-
§ 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta
lhe-á a pena.
Seção quando tiver por finalidade apenas a realização de do-
§ 2o É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interro-
cumentação e não a prática de atos de apreensão.
gatório da outra parte.
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência
§ 3o O depoimento pessoal da parte que residir em comar-
do juízo do foro onde esta deva ser produzida ou do foro de
ca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita
domicílio do réu.
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a com- o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência
petência do juízo para a ação que venha a ser proposta. ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e ima-
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção gens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a
antecipada de prova requerida em face da União, de entida- realização da audiência de instrução e julgamento.
de autárquica ou de empresa pública federal se, na localida- Art. 386.  Quando a parte, sem motivo justificado, deixar
de, não houver vara federal. de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasi-
§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que preten- vas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elemen-
der justificar a existência de algum fato ou relação jurídica tos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
para simples documento e sem caráter contencioso, que ex- Art. 387.  A parte responderá pessoalmente sobre os fatos
porá, em petição circunstanciada, a sua intenção. articulados, não podendo servir-se de escritos anteriormente
Art. 382.  Na petição, o requerente apresentará as razões preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas
que justificam a necessidade de antecipação da prova e men- breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
cionará com precisão os fatos sobre os quais a prova há de Art. 388.  A parte não é obrigada a depor sobre fatos:
recair. I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados;
§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar
parte, a citação de interessados na produção da prova ou no sigilo;
fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso. III - acerca dos quais não possa responder sem desonra
§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente
inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências em grau sucessível;
jurídicas. IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das
§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de pessoas referidas no inciso III.
qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacio- Parágrafo único.  Esta disposição não se aplica às ações
nada ao mesmo fato, salvo se a sua produção conjunta acar- de estado e de família.
retar excessiva demora.

54
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Seção V Art. 399.  O juiz não admitirá a recusa se:


Da Confissão I - o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no
Art. 389.  Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando processo, com o intuito de constituir prova;
a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e III - o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.
favorável ao do adversário. Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verda-
Art. 390.  A confissão judicial pode ser espontânea ou pro- deiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte
vocada. pretendia provar se:
§ 1o A confissão espontânea pode ser feita pela própria I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma
parte ou por representante com poder especial. declaração no prazo do art. 398;
§ 2o A confissão provocada constará do termo de depoi- II - a recusa for havida por ilegítima.
mento pessoal. Parágrafo único.  Sendo necessário, o juiz pode adotar me-
Art. 391.  A confissão judicial faz prova contra o confiten- didas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
te, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. para que o documento seja exibido.
Parágrafo único.  Nas ações que versarem sobre bens Art. 401.  Quando o documento ou a coisa estiver em poder
imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de de terceiro, o juiz ordenará sua citação para responder no prazo
um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, sal- de 15 (quinze) dias.
vo se o regime de casamento for o de separação absoluta de Art. 402.  Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a pos-
bens. se do documento ou da coisa, o juiz designará audiência espe-
Art. 392.  Não vale como confissão a admissão, em juízo, cial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se
de fatos relativos a direitos indisponíveis. necessário, o de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
§ 1o A confissão será ineficaz se feita por quem não for ca- Art. 403.  Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efe-
paz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados. tuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao respectivo
§ 2o A confissão feita por um representante somente é depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo
eficaz nos limites em que este pode vincular o representado. de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas
despesas que tiver.
Art. 393.  A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada
Parágrafo único.  Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz
se decorreu de erro de fato ou de coação.
expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário,
Parágrafo único.  A legitimidade para a ação prevista no
força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de de-
caput é exclusiva do confitente e pode ser transferida a seus
sobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas,
herdeiros se ele falecer após a propositura.
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
Art. 394.  A confissão extrajudicial, quando feita oralmen-
assegurar a efetivação da decisão.
te, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova
Art. 404.  A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo,
literal. o documento ou a coisa se:
Art. 395.  A confissão é, em regra, indivisível, não podendo I - concernente a negócios da própria vida da família;
a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico II - sua apresentação puder violar dever de honra;
que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, po- III - sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao
rém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até
capazes de constituir fundamento de defesa de direito mate- o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal;
rial ou de reconvenção. IV - sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo res-
peito, por estado ou profissão, devam guardar segredo;
Seção VI V - subsistirem outros motivos graves que, segundo o pru-
Da Exibição de Documento ou Coisa dente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.
Art. 396.   O juiz pode ordenar que a parte exiba docu- Parágrafo único.  Se os motivos de que tratam os incisos I
mento ou coisa que se encontre em seu poder. a VI do caput disserem respeito a apenas uma parcela do do-
Art. 397.  O pedido formulado pela parte conterá: cumento, a parte ou o terceiro exibirá a outra em cartório, para
I - a individuação, tão completa quanto possível, do do- dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo sendo lavrado auto
cumento ou da coisa; circunstanciado.
II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se rela-
cionam com o documento ou com a coisa; Seção VII
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para Da Prova Documental
afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder
da parte contrária. Subseção I
Art. 398.  O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias Da Força Probante dos Documentos
subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único.  Se o requerido afirmar que não possui Art. 405.   O documento público faz prova não só da sua
o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de
prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em
à verdade. sua presença.

55
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 406.  Quando a lei exigir instrumento público como Art. 415.  As cartas e os registros domésticos provam con-
da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial tra quem os escreveu quando:
que seja, pode suprir-lhe a falta. I - enunciam o recebimento de um crédito;
Art. 407.   O documento feito por oficial público incom- II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em
petente ou sem a observância das formalidades legais, sendo favor de quem é apontado como credor;
subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do III - expressam conhecimento de fatos para os quais não
documento particular. se exija determinada prova.
Art. 408.  As declarações constantes do documento par- Art. 416.  A nota escrita pelo credor em qualquer parte de
ticular escrito e assinado ou somente assinado presumem-se documento representativo de obrigação, ainda que não assi-
verdadeiras em relação ao signatário. nada, faz prova em benefício do devedor.
Parágrafo único.  Quando, todavia, contiver declaração Parágrafo único.  Aplica-se essa regra tanto para o do-
de ciência de determinado fato, o documento particular prova cumento que o credor conservar em seu poder quanto para
a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de prová- aquele que se achar em poder do devedor ou de terceiro.
Art. 417.  Os livros empresariais provam contra seu autor,
-lo ao interessado em sua veracidade.
sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os
Art. 409.  A data do documento particular, quando a seu
meios permitidos em direito, que os lançamentos não corres-
respeito surgir dúvida ou impugnação entre os litigantes, pro-
pondem à verdade dos fatos.
var-se-á por todos os meios de direito.
Art. 418.  Os livros empresariais que preencham os re-
Parágrafo único.  Em relação a terceiros, considerar-se-á quisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio
datado o documento particular: entre empresários.
I - no dia em que foi registrado; Art. 419.  A escrituração contábil é indivisível, e, se dos
II - desde a morte de algum dos signatários; fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão
qualquer dos signatários; considerados em conjunto, como unidade.
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em Art. 420.  O juiz pode ordenar, a requerimento da parte,
juízo; a exibição integral dos livros empresariais e dos documentos
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a do arquivo:
anterioridade da formação do documento. I - na liquidação de sociedade;
Art. 410.  Considera-se autor do documento particular: II - na sucessão por morte de sócio;
I - aquele que o fez e o assinou; III - quando e como determinar a lei.
II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando assi- Art. 421.  O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição
nado; parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou por- que interessar ao litígio, bem como reproduções autenticadas.
que, conforme a experiência comum, não se costuma assinar, Art. 422.  Qualquer reprodução mecânica, como a foto-
como livros empresariais e assentos domésticos. gráfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
Art. 411.  Considera-se autêntico o documento quando: tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas repre-
I - o tabelião reconhecer a firma do signatário; sentadas, se a sua conformidade com o documento original
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio não for impugnada por aquele contra quem foi produzida.
legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei; § 1o As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial
III - não houver impugnação da parte contra quem foi de computadores fazem prova das imagens que reproduzem,
produzido o documento. devendo, se impugnadas, ser apresentada a respectiva auten-
ticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia.
Art. 412.  O documento particular de cuja autenticidade
§ 2o Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou re-
não se duvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe
vista, será exigido um exemplar original do periódico, caso
é atribuída.
impugnada a veracidade pela outra parte.
Parágrafo único.  O documento particular admitido ex-
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de
pressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à parte que mensagem eletrônica.
pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis Art. 423.  As reproduções dos documentos particulares,
e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se pro- fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição, va-
var que estes não ocorreram. lem como certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secre-
Art. 413.  O telegrama, o radiograma ou qualquer outro taria certificar sua conformidade com o original.
meio de transmissão tem a mesma força probatória do docu- Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo
mento particular se o original constante da estação expedido- valor probante que o original, cabendo ao escrivão, intimadas
ra tiver sido assinado pelo remetente. as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade
Parágrafo único.  A firma do remetente poderá ser reco- entre a cópia e o original.
nhecida pelo tabelião, declarando-se essa circunstância no Art. 425.  Fazem a mesma prova que os originais:
original depositado na estação expedidora. I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do
Art. 414.  O telegrama ou o radiograma presume-se con- protocolo das audiências ou de outro livro a cargo do escrivão
forme com o original, provando as datas de sua expedição e ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigi-
de seu recebimento pelo destinatário. lância e por ele subscritas;

56
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público Art. 431.  A parte arguirá a falsidade expondo os motivos
de instrumentos ou documentos lançados em suas notas; em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que alegado.
autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório Art. 432.  Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15
com os respectivos originais; (quinze) dias, será realizado o exame pericial.
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo Parágrafo único.  Não se procederá ao exame pericial se a
judicial declaradas autênticas pelo advogado, sob sua respon- parte que produziu o documento concordar em retirá-lo.
sabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade; Art. 433.  A declaração sobre a falsidade do documento,
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e pri- quando suscitada como questão principal, constará da parte
vados, desde que atestado pelo seu emitente, sob as penas da dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autorida-
lei, que as informações conferem com o que consta na origem; de da coisa julgada.
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documen-
to público ou particular, quando juntadas aos autos pelos Subseção III
órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e Da Produção da Prova Documental
seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pe-
Art. 434.  Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a
las procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por
contestação com os documentos destinados a provar suas ale-
advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada
gações.
de adulteração.
Parágrafo único.  Quando o documento consistir em repro-
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados menciona- dução cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo
dos no inciso VI deverão ser preservados pelo seu detentor até nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em au-
o final do prazo para propositura de ação rescisória. diência, intimando-se previamente as partes.
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extra- Art. 435.  É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos
judicial ou de documento relevante à instrução do processo, o autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de
juiz poderá determinar seu depósito em cartório ou secretaria. fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos
Art. 426.  O juiz apreciará fundamentadamente a fé que que foram produzidos nos autos.
deva merecer o documento, quando em ponto substancial e Parágrafo único.  Admite-se também a juntada posterior
sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cance- de documentos formados após a petição inicial ou a contesta-
lamento. ção, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou
Art. 427.  Cessa a fé do documento público ou particular disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir
sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente
Parágrafo único.  A falsidade consiste em: e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da
I - formar documento não verdadeiro; parte de acordo com o art. 5o.
II - alterar documento verdadeiro. Art. 436.  A parte, intimada a falar sobre documento cons-
Art. 428.  Cessa a fé do documento particular quando: tante dos autos, poderá:
I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
comprovar sua veracidade; II - impugnar sua autenticidade;
II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do inci-
preenchimento abusivo. dente de arguição de falsidade;
Parágrafo único.  Dar-se-á abuso quando aquele que re- IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
cebeu documento assinado com texto não escrito no todo ou Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, a impug-
em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio de ou- nação deverá basear-se em argumentação específica, não se
admitindo alegação genérica de falsidade.
trem, violando o pacto feito com o signatário.
Art. 437.  O réu manifestar-se-á na contestação sobre os
Art. 429.  Incumbe o ônus da prova quando:
documentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na ré-
I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchi-
plica sobre os documentos anexados à contestação.
mento abusivo, à parte que a arguir;
§ 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de do-
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que cumento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra parte,
produziu o documento. que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para adotar qualquer
das posturas indicadas no art. 436.
Subseção II § 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo
Da Arguição de Falsidade para manifestação sobre a prova documental produzida, levan-
do em consideração a quantidade e a complexidade da docu-
Art. 430.  A falsidade deve ser suscitada na contestação, mentação.
na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da Art. 438.   O juiz requisitará às repartições públicas, em
intimação da juntada do documento aos autos. qualquer tempo ou grau de jurisdição:
Parágrafo único.  Uma vez arguida, a falsidade será re- I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
solvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que II - os procedimentos administrativos nas causas em que
o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso forem interessados a União, os Estados, o Distrito Federal, os
II do art. 19. Municípios ou entidades da administração indireta.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
máximo e improrrogável de 1 (um) mês, certidões ou repro- IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender
duções fotográficas das peças que indicar e das que forem dos sentidos que lhes faltam.
indicadas pelas partes, e, em seguida, devolverá os autos à § 2o São impedidos:
repartição de origem. I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descen-
§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os do- dente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de
cumentos em meio eletrônico, conforme disposto em lei, certi- alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo
ficando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relati-
consta em seu banco de dados ou no documento digitalizado. va ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a
prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
Seção VIII II - o que é parte na causa;
Dos Documentos Eletrônicos III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor,
o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e
Art. 439.  A utilização de documentos eletrônicos no pro- outros que assistam ou tenham assistido as partes.
cesso convencional dependerá de sua conversão à forma im- § 3o São suspeitos:
pressa e da verificação de sua autenticidade, na forma da lei. I - o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
Art. 440.  O juiz apreciará o valor probante do documento II - o que tiver interesse no litígio.
eletrônico não convertido, assegurado às partes o acesso ao § 4o Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento
seu teor. das testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
Art. 441.  Serão admitidos documentos eletrônicos pro- § 5o Os depoimentos referidos no § 4o serão prestados in-
duzidos e conservados com a observância da legislação es- dependentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o
pecífica. valor que possam merecer.
Art. 448.  A testemunha não é obrigada a depor sobre
Seção IX fatos:
Da Prova Testemunhal
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu côn-
juge ou companheiro e aos seus parentes consanguíneos ou
Subseção I
afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemu-
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar
nhal
sigilo.
Art. 449.  Salvo disposição especial em contrário, as teste-
Art. 442.  A prova testemunhal é sempre admissível, não
munhas devem ser ouvidas na sede do juízo.
dispondo a lei de modo diverso.
Parágrafo único.  Quando a parte ou a testemunha, por
Art. 443.  O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas
sobre fatos: enfermidade ou por outro motivo relevante, estiver impossibi-
I - já provados por documento ou confissão da parte; litada de comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz
II - que só por documento ou por exame pericial puderem designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para
ser provados. inquiri-la.
Art. 444.  Nos casos em que a lei exigir prova escrita da
obrigação, é admissível a prova testemunhal quando houver Subseção II
começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual Da Produção da Prova Testemunhal
se pretende produzir a prova.
Art. 445.  Também se admite a prova testemunhal quan- Art. 450.  O rol de testemunhas conterá, sempre que pos-
do o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, sível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de
obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de pa- inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro
rentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em hotel de identidade e o endereço completo da residência e do local
ou em razão das práticas comerciais do local onde contraída de trabalho.
a obrigação. Art. 451.  Depois de apresentado o rol de que tratam os
Art. 446.  É lícito à parte provar com testemunhas: §§ 4o e 5o do art. 357, a parte só pode substituir a testemunha:
I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade I - que falecer;
real e a vontade declarada; II - que, por enfermidade, não estiver em condições de
II - nos contratos em geral, os vícios de consentimento. depor;
Art. 447.  Podem depor como testemunhas todas as pes- III - que, tendo mudado de residência ou de local de tra-
soas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. balho, não for encontrada.
§ 1o São incapazes: Art. 452.  Quando for arrolado como testemunha, o juiz
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental; da causa:
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos
mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia dis- que possam influir na decisão, caso em que será vedado à
cerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilita- parte que o incluiu no rol desistir de seu depoimento;
do a transmitir as percepções; II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 453.  As testemunhas depõem, na audiência de ins- § 3o A inércia na realização da intimação a que se refere
trução e julgamento, perante o juiz da causa, exceto: o § 1o importa desistência da inquirição da testemunha.
I - as que prestam depoimento antecipadamente; § 4o A intimação será feita pela via judicial quando:
II - as que são inquiridas por carta. I - for frustrada a intimação prevista no § 1o deste artigo;
§ 1o A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela
ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o proces- parte ao juiz;
so poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou mi-
recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e ima- litar, hipótese em que o juiz o requisitará ao chefe da reparti-
gens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a ção ou ao comando do corpo em que servir;
audiência de instrução e julgamento. IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério
§ 2o Os juízos deverão manter equipamento para a trans- Público ou pela Defensoria Pública;
missão e recepção de sons e imagens a que se refere o § 1o. V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
Art. 454.  São inquiridos em sua residência ou onde exer- § 5o A testemunha que, intimada na forma do § 1o ou do
cem sua função: § 4o, deixar de comparecer sem motivo justificado será condu-
I - o presidente e o vice-presidente da República; zida e responderá pelas despesas do adiamento.
II - os ministros de Estado; Art. 456.  O juiz inquirirá as testemunhas separada e su-
III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os con- cessivamente, primeiro as do autor e depois as do réu, e pro-
selheiros do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do videnciará para que uma não ouça o depoimento das outras.
Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Parágrafo único. O juiz poderá alterar a ordem estabele-
Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e cida no caput se as partes concordarem.
do Tribunal de Contas da União; Art. 457.  Antes de depor, a testemunha será qualificada,
IV - o procurador-geral da República e os conselheiros do declarará ou confirmará seus dados e informará se tem re-
Conselho Nacional do Ministério Público; lações de parentesco com a parte ou interesse no objeto do
V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do processo.
Estado, o procurador-geral do Município, o defensor público-
§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-
geral federal e o defensor público-geral do Estado;
lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição, bem como,
VI - os senadores e os deputados federais;
caso a testemunha negue os fatos que lhe são imputados, pro-
VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal;
var a contradita com documentos ou com testemunhas, até 3
VIII - o prefeito;
(três), apresentadas no ato e inquiridas em separado.
IX - os deputados estaduais e distritais;
§ 2o Sendo provados ou confessados os fatos a que se re-
X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tri-
fere o § 1o, o juiz dispensará a testemunha ou lhe tomará o
bunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Traba-
lho e dos Tribunais Regionais Eleitorais e os conselheiros dos depoimento como informante.
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal; § 3o A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de
XI - o procurador-geral de justiça; depor, alegando os motivos previstos neste Código, decidindo
XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede o juiz de plano após ouvidas as partes.
idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil. Art. 458.  Ao início da inquirição, a testemunha prestará
§ 1o O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e o compromisso de dizer a verdade do que souber e lhe for
local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição perguntado.
inicial ou da defesa oferecida pela parte que a arrolou como Parágrafo único.  O juiz advertirá à testemunha que in-
testemunha. corre em sanção penal quem faz afirmação falsa, cala ou
§ 2o Passado 1 (um) mês sem manifestação da autori- oculta a verdade.
dade, o juiz designará dia, hora e local para o depoimento, Art. 459.  As perguntas serão formuladas pelas partes di-
preferencialmente na sede do juízo. retamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não
§ 3o O juiz também designará dia, hora e local para o admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não
depoimento, quando a autoridade não comparecer, injustifi- tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade
cadamente, à sessão agendada para a colheita de seu teste- probatória ou importarem repetição de outra já respondida.
munho no dia, hora e local por ela mesma indicados. § 1o O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes
Art. 455.  Cabe ao advogado da parte informar ou intimar quanto depois da inquirição feita pelas partes.
a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da § 2o As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade,
audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo. não se lhes fazendo perguntas ou considerações impertinen-
§ 1o A intimação deverá ser realizada por carta com avi- tes, capciosas ou vexatórias.
so de recebimento, cumprindo ao advogado juntar aos autos, § 3o As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no
com antecedência de pelo menos 3 (três) dias da data da au- termo, se a parte o requerer.
diência, cópia da correspondência de intimação e do compro- Art. 460.  O depoimento poderá ser documentado por
vante de recebimento. meio de gravação.
§ 2o A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à § 1o Quando digitado ou registrado por taquigrafia, este-
audiência, independentemente da intimação de que trata o § notipia ou outro método idôneo de documentação, o depoi-
1o, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a mento será assinado pelo juiz, pelo depoente e pelos procu-
parte desistiu de sua inquirição. radores.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 2o Se houver recurso em processo em autos não eletrôni- § 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias conta-
cos, o depoimento somente será digitado quando for impossí- dos da intimação do despacho de nomeação do perito:
vel o envio de sua documentação eletrônica. I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for
§ 3o Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o o caso;
disposto neste Código e na legislação específica sobre a prá- II - indicar assistente técnico;
tica eletrônica de atos processuais. III - apresentar quesitos.
Art. 461.   O juiz pode ordenar, de ofício ou a requeri- § 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cin-
mento da parte: co) dias:
I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações I - proposta de honorários;
da parte ou das testemunhas; II - currículo, com comprovação de especialização;
II - a acareação de 2 (duas) ou mais testemunhas ou de III - contatos profissionais, em especial o endereço eletrô-
alguma delas com a parte, quando, sobre fato determinado nico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.
que possa influir na decisão da causa, divergirem as suas § 3o As partes serão intimadas da proposta de honorários
declarações. para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5 (cinco)
§ 1o Os acareados serão reperguntados para que expli- dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as par-
quem os pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato tes para os fins do art. 95.
de acareação. § 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cin-
§ 2o A acareação pode ser realizada por videoconferên- quenta por cento dos honorários arbitrados a favor do perito
cia ou por outro recurso tecnológico de transmissão de sons no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago
e imagens em tempo real. apenas ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos
Art. 462.   A testemunha pode requerer ao juiz o pa- os esclarecimentos necessários.
gamento da despesa que efetuou para comparecimento à § 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o
audiência, devendo a parte pagá-la logo que arbitrada ou juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada
depositá-la em cartório dentro de 3 (três) dias. para o trabalho.
Art. 463.  O depoimento prestado em juízo é considera- § 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á
do serviço público. proceder à nomeação de perito e à indicação de assistentes
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao re- técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.
gime da legislação trabalhista, não sofre, por comparecer Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo
à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de que lhe foi cometido, independentemente de termo de com-
serviço. promisso.
§ 1o Os assistentes técnicos são de confiança da parte e
Seção X não estão sujeitos a impedimento ou suspeição.
Da Prova Pericial § 2o O perito deve assegurar aos assistentes das partes
o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames
Art. 464.  A prova pericial consiste em exame, vistoria que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos au-
ou avaliação. tos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando: Art. 467.  O perito pode escusar-se ou ser recusado por
I - a prova do fato não depender de conhecimento espe- impedimento ou suspeição.
cial de técnico; Parágrafo único.  O juiz, ao aceitar a escusa ou ao julgar
II - for desnecessária em vista de outras provas produ- procedente a impugnação, nomeará novo perito.
zidas; Art. 468.  O perito pode ser substituído quando:
III - a verificação for impraticável. I - faltar-lhe conhecimento técnico ou científico;
§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz po- II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no
derá, em substituição à perícia, determinar a produção de prazo que lhe foi assinado.
prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for § 1o No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a
de menor complexidade. ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo,
§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor
inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto controverti- da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no pro-
do da causa que demande especial conhecimento científico cesso.
ou técnico. § 2o O perito substituído restituirá, no prazo de 15 (quin-
§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter ze) dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, sob
formação acadêmica específica na área objeto de seu depoi- pena de ficar impedido de atuar como perito judicial pelo
mento, poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de prazo de 5 (cinco) anos.
transmissão de sons e imagens com o fim de esclarecer os § 3o Não ocorrendo a restituição voluntária de que trata
pontos controvertidos da causa. o § 2o, a parte que tiver realizado o adiantamento dos hono-
Art. 465.  O juiz nomeará perito especializado no objeto rários poderá promover execução contra o perito, na forma
da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do dos arts. 513 e seguintes deste Código, com fundamento na
laudo. decisão que determinar a devolução do numerário.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 469.  As partes poderão apresentar quesitos suple- Art. 477.  O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo
mentares durante a diligência, que poderão ser respondidos fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência
pelo perito previamente ou na audiência de instrução e jul- de instrução e julgamento.
gamento. § 1o As partes serão intimadas para, querendo, manifes-
Parágrafo único.  O escrivão dará à parte contrária ciên- tar-se sobre o laudo do perito do juízo no prazo comum de 15
cia da juntada dos quesitos aos autos. (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das
Art. 470.  Incumbe ao juiz: partes, em igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.
I - indeferir quesitos impertinentes; § 2o O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quin-
II - formular os quesitos que entender necessários ao es- ze) dias, esclarecer ponto:
clarecimento da causa. I - sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer
Art. 471.  As partes podem, de comum acordo, escolher o das partes, do juiz ou do órgão do Ministério Público;
perito, indicando-o mediante requerimento, desde que: II - divergente apresentado no parecer do assistente técnico
I - sejam plenamente capazes; da parte.
§ 3o Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a par-
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.
te requererá ao juiz que mande intimar o perito ou o assistente
§ 1o As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os
técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento,
respectivos assistentes técnicos para acompanhar a realiza-
formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
ção da perícia, que se realizará em data e local previamente § 4o O perito ou o assistente técnico será intimado por meio
anunciados. eletrônico, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência da
§ 2o O perito e os assistentes técnicos devem entregar, res- audiência.
pectivamente, laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz. Art. 478.  Quando o exame tiver por objeto a autenticidade
§ 3o A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a ou a falsidade de documento ou for de natureza médico-legal,
que seria realizada por perito nomeado pelo juiz. o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos es-
Art. 472.  O juiz poderá dispensar prova pericial quando tabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz
as partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito
questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidati- a exame.
vos que considerar suficientes. § 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e
Art. 473.  O laudo pericial deverá conter: as repartições oficiais deverão cumprir a determinação judicial
I - a exposição do objeto da perícia; com preferência, no prazo estabelecido.
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito; § 2o A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser re-
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e querida motivadamente.
demonstrando ser predominantemente aceito pelos especia- § 3o Quando o exame tiver por objeto a autenticidade
listas da área do conhecimento da qual se originou; da letra e da firma, o perito poderá requisitar, para efeito de
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados comparação, documentos existentes em repartições públicas
pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. e, na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a
§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua fundamenta- quem se atribuir a autoria do documento lance em folha de
ção em linguagem simples e com coerência lógica, indicando papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins
como alcançou suas conclusões. de comparação.
§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua de- Art. 479.  O juiz apreciará a prova pericial de acordo com
signação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que
exame técnico ou científico do objeto da perícia. o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões
do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.
§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os assis-
Art. 480.  O juiz determinará, de ofício ou a requerimento
tentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários,
da parte, a realização de nova perícia quando a matéria não
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando docu-
estiver suficientemente esclarecida.
mentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em re- § 1o A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos so-
partições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, bre os quais recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual
mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. § 2o A segunda perícia rege-se pelas disposições estabele-
Art. 474.  As partes terão ciência da data e do local de- cidas para a primeira.
signados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a § 3o A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao
produção da prova. juiz apreciar o valor de uma e de outra.
Art. 475.  Tratando-se de perícia complexa que abranja
mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz po- Seção XI
derá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um Da Inspeção Judicial
assistente técnico.
Art. 476.  Se o perito, por motivo justificado, não puder Art. 481.   O juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá conceder- pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou
lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo original- coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão
mente fixado. da causa.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 482.  Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assisti- § 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo
do por um ou mais peritos. por abandono da causa pelo autor depende de requerimen-
Art. 483.  O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou to do réu.
a coisa quando: § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que
I - julgar necessário para a melhor verificação ou inter- tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para
pretação dos fatos que deva observar; retratar-se.
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem con- Art. 486.  O pronunciamento judicial que não resolve o
sideráveis despesas ou graves dificuldades; mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
III - determinar a reconstituição dos fatos. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos
Parágrafo único.  As partes têm sempre direito a assistir casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da
à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações nova ação depende da correção do vício que levou à sentença
que considerem de interesse para a causa. sem resolução do mérito.
Art. 484.  Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem
auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos hono-
ao julgamento da causa. rários de advogado.
Parágrafo único.  O auto poderá ser instruído com dese- § 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a senten-
nho, gráfico ou fotografia. ça fundada em abandono da causa, não poderá propor nova
ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressal-
CAPÍTULO XIII vada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA direito.
Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:
Seção I I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na
Disposições Gerais reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência
Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando: de decadência ou prescrição;
I - indeferir a petição inicial; III - homologar:
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado
por negligência das partes; na ação ou na reconvenção;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na re-
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
convenção.
dias;
Parágrafo único.  Ressalvada a hipótese do § 1o do art.
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e
332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem
de desenvolvimento válido e regular do processo;
que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendên-
Art. 488.   Desde que possível, o juiz resolverá o mérito
cia ou de coisa julgada;
sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveita-
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse pro-
ria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.
cessual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de Seção II
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua com- Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
petência;
VIII - homologar a desistência da ação; Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identi-
intransmissível por disposição legal; e ficação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o
X - nos demais casos prescritos neste Código. registro das principais ocorrências havidas no andamento do
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte processo;
será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões
5 (cinco) dias. de fato e de direito;
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões prin-
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor cipais que as partes lhe submeterem.
será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão
de advogado. judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de
incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. questão decidida;
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem ex-
consentimento do réu, desistir da ação. plicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a III - invocar motivos que se prestariam a justificar qual-
sentença. quer outra decisão;

62
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo § 2o A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; apresentação de cópia da sentença perante o cartório de re-
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, gistro imobiliário, independentemente de ordem judicial, de
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar declaração expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; § 3o No prazo de até 15 (quinze) dias da data de reali-
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou zação da hipoteca, a parte informá-la-á ao juízo da causa,
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de que determinará a intimação da outra parte para que tome
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. ciência do ato.
§ 2o No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o § 4o A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará,
objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as para o credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao
razões que autorizam a interferência na norma afastada e as pre- pagamento, em relação a outros credores, observada a prio-
missas fáticas que fundamentam a conclusão. ridade no registro.
§ 5o Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão
§ 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conju-
que impôs o pagamento de quantia, a parte responderá, inde-
gação de todos os seus elementos e em conformidade com o prin-
pendentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver
cípio da boa-fé.
sofrido em razão da constituição da garantia, devendo o valor
Art. 490.  O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no
da indenização ser liquidado e executado nos próprios autos.
todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes.
Art. 491.  Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ain- Seção III
da que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a Da Remessa Necessária
extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização Art. 496.  Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não
dos juros, se for o caso, salvo quando: produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal,
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante a sentença:
devido; I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal,
II - a apuração do valor devido depender da produção de pro- os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de
va de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim direito público;
reconhecida na sentença. II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os em-
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do bargos à execução fiscal.
valor devido por liquidação. § 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a
§ 2o O disposto no caput também se aplica quando o acórdão apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos
alterar a sentença. ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribu-
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa nal avocá-los-á.
da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou § 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal
em objeto diverso do que lhe foi demandado. julgará a remessa necessária.
Parágrafo único.  A decisão deve ser certa, ainda que resolva § 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a con-
relação jurídica condicional. denação ou o proveito econômico obtido na causa for de
Art. 493.  Se, depois da propositura da ação, algum fato cons- valor certo e líquido inferior a:
titutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respec-
do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a tivas autarquias e fundações de direito público;
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão. II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados,
o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de
Parágrafo único.  Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvi-
direito público e os Municípios que constituam capitais dos
rá as partes sobre ele antes de decidir.
Estados;
Art. 494.  Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, ine-
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito
xatidões materiais ou erros de cálculo; público.
II - por meio de embargos de declaração. § 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando
Art. 495.  A decisão que condenar o réu ao pagamento de a sentença estiver fundada em:
prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão I - súmula de tribunal superior;
de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
§ 1o A decisão produz a hipoteca judiciária: repetitivos;
I - embora a condenação seja genérica; III - entendimento firmado em incidente de resolução de
II - ainda que o credor possa promover o cumprimento pro- demandas repetitivas ou de assunção de competência;
visório da sentença ou esteja pendente arresto sobre bem do IV - entendimento coincidente com orientação vinculan-
devedor; te firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito consolidada em manifestação, parecer ou súmula administra-
suspensivo. tiva.

63
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Seção IV I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado,


Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso
Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído
na sentença;
Art. 497.  Na ação que tenha por objeto a prestação de fa- II - nos demais casos prescritos em lei.
zer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a Art. 506.  A sentença faz coisa julgada às partes entre as
tutela específica ou determinará providências que assegurem quais é dada, não prejudicando terceiros.
a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. Art. 507.  É vedado à parte discutir no curso do processo
Parágrafo único.   Para a concessão da tutela específica as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão.
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de Art. 508.  Transitada em julgado a decisão de mérito, con-
um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da siderar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as
ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quan-
Art. 498.  Na ação que tenha por objeto a entrega de coi- to à rejeição do pedido.
sa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para
o cumprimento da obrigação. 8) Liquidação e cumprimento de sentença
Parágrafo único.  Tratando-se de entrega de coisa deter-
minada pelo gênero e pela quantidade, o autor individuali- CAPÍTULO XIV
zá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
escolha couber ao réu, este a entregará individualizada, no
prazo fixado pelo juiz. Art. 509.  Quando a sentença condenar ao pagamento
Art. 499.  A obrigação somente será convertida em per- de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requeri-
das e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela mento do credor ou do devedor:
específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equi- I - por arbitramento, quando determinado pela sentença,
valente. convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do ob-
Art. 500.  A indenização por perdas e danos dar-se-á sem jeto da liquidação;
prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu II - pelo procedimento comum, quando houver necessida-
ao cumprimento específico da obrigação. de de alegar e provar fato novo.
Art. 501.  Na ação que tenha por objeto a emissão de
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e ou-
declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o
tra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a
pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
efeitos da declaração não emitida.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de
cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
Seção V
cumprimento da sentença.
Da Coisa Julgada
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colo-
cará à disposição dos interessados programa de atualização
Art. 502.  Denomina-se coisa julgada material a autori-
dade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito financeira.
não mais sujeita a recurso. § 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou
Art. 503.  A decisão que julgar total ou parcialmente o modificar a sentença que a julgou.
mérito tem força de lei nos limites da questão principal ex- Art. 510.  Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará
pressamente decidida. as partes para a apresentação de pareceres ou documentos
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de ques- elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de
tão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no pro- plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o pro-
cesso, se: cedimento da prova pericial.
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; Art. 511.  Na liquidação pelo procedimento comum, o
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efeti- juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu
vo, não se aplicando no caso de revelia; advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vin-
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da culado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de
pessoa para resolvê-la como questão principal. 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo hou- disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.
ver restrições probatórias ou limitações à cognição que im- Art. 512.  A liquidação poderá ser realizada na pendência
peçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. de recurso, processando-se em autos apartados no juízo de
Art. 504.  Não fazem coisa julgada: origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o das peças processuais pertinentes.
alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento
da sentença.
Art. 505.  Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas relativas à mesma lide, salvo:

64
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TÍTULO II IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a conces-


DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA são do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de
Justiça;
CAPÍTULO I X - (VETADO).
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no
juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquida-
Art. 513.  O cumprimento da sentença será feito segundo ção no prazo de 15 (quinze) dias.
as regras deste Título, observando-se, no que couber e confor- § 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito es-
me a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte tranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não
Especial deste Código. tenha sido deduzida em juízo.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever Art. 516.  O cumprimento da sentença efetuar-se-á pe-
rante:
de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requeri-
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
mento do exequente.
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de juris-
§ 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença:
dição;
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença
constituído nos autos; penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estran-
II - por carta com aviso de recebimento, quando represen- geira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
tado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, o exe-
constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; quente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do execu-
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. tado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos
246, não tiver procurador constituído nos autos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa
sido revel na fase de conhecimento. dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
§ 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se reali- Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá
zada a intimação quando o devedor houver mudado de ende- ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido
reço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
no parágrafo único do art. 274. § 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apre-
§ 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado sentar certidão de teor da decisão.
após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a in- § 2o A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida
timação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação
com aviso de recebimento encaminhada ao endereço cons- do exequente e do executado, o número do processo, o valor
tante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento
art. 274 e no § 3o deste artigo. voluntário.
§ 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovi- § 3o O executado que tiver proposto ação rescisória para
do em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas expen-
não tiver participado da fase de conhecimento. sas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da
Art. 514.  Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a ação à margem do título protestado.
condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá § 4o A requerimento do executado, o protesto será cance-
lado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido
de demonstração de que se realizou a condição ou de que
ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de pro-
ocorreu o termo.
tocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação
Art. 515.  São títulos executivos judiciais, cujo cumprimen-
integral da obrigação.
to dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: Art. 518.  Todas as questões relativas à validade do pro-
I - as decisões proferidas no processo civil que reconhe- cedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos
çam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos pró-
de não fazer ou de entregar coisa; prios autos e nestes serão decididas pelo juiz.
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; Art. 519.  Aplicam-se as disposições relativas ao cumpri-
III - a decisão homologatória de autocomposição extraju- mento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação,
dicial de qualquer natureza; no que couber, às decisões que concederem tutela provisória.
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a tí- CAPÍTULO II
tulo singular ou universal; DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por de- PAGAR QUANTIA CERTA
cisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; Art. 520.  O cumprimento provisório da sentença impug-
VII - a sentença arbitral; nada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realiza-
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior do da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitan-
Tribunal de Justiça; do-se ao seguinte regime:

65
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que CAPÍTULO III


se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE
executado haja sofrido; RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PA-
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou GAR QUANTIA CERTA
anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao
estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou
autos; já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for mo- incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
dificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem requerimento do exequente, sendo o executado intimado para
efeito a execução; pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de cus-
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática tas, se houver.
de atos que importem transferência de posse ou alienação de § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do
propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e,
grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idô- também, de honorários de advogado de dez por cento.
nea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre
poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. o restante.
525. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento vo-
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. luntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e
523 são devidos no cumprimento provisório de sentença con- avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
denatória ao pagamento de quantia certa. Art. 524.  O requerimento previsto no art. 523 será instruí-
§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depo- do com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,
sitar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o ato não devendo a petição conter:
será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319,
alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmen- §§ 1o a 3o;
te já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos II - o índice de correção monetária adotado;
prejuízos causados ao executado. III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção
obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no monetária utilizados;
que couber, o disposto neste Capítulo. V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
Art. 521.  A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios
ser dispensada nos casos em que: realizados;
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que
de sua origem; possível.
II - o credor demonstrar situação de necessidade; § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparen-
III – pender o agravo do art. 1.042;  temente exceder os limites da condenação, a execução será
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a
consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribu- importância que o juiz entender adequada.
nal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformi- § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se
dade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos. de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta)
Parágrafo único.  A exigência de caução será mantida dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave § 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de
dano de difícil ou incerta reparação. dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá
Art. 522.  O cumprimento provisório da sentença será re- requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
querido por petição dirigida ao juízo competente. § 4o Quando a complementação do demonstrativo depen-
Parágrafo único.  Não sendo eletrônicos os autos, a petição der de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá,
será acompanhada de cópias das seguintes peças do processo, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de
cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.
sob sua responsabilidade pessoal: § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não fo-
I - decisão exequenda; rem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados
suspensivo; pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.
III - procurações outorgadas pelas partes; Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
IV - decisão de habilitação, se for o caso; pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias
V - facultativamente, outras peças processuais considera- para que o executado, independentemente de penhora ou
das necessárias para demonstrar a existência do crédito. nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugna-
ção.

66
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar: § 12.  Para efeito do disposto no inciso III do § 1o deste
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimen- artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhe-
to, o processo correu à revelia; cida em título executivo judicial fundado em lei ou ato nor-
II - ilegitimidade de parte; mativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obri- Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
gação; do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; incompatível com a Constituição Federal, em controle de
V - excesso de execução ou cumulação indevida de exe- constitucionalidade concentrado ou difuso.
cuções; § 13.  No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supre-
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da exe- mo Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, em
cução; atenção à segurança jurídica.
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obriga- § 14.  A decisão do Supremo Tribunal Federal referida
ção, como pagamento, novação, compensação, transação ou no § 12 deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão
exequenda.
prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 15.  Se a decisão referida no § 12 for proferida após
§ 2o A alegação de impedimento ou suspeição observará
o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
o disposto nos arts. 146 e 148.
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado
§ 3o Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229. da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 4o Quando o executado alegar que o exequente, em Art. 526.  É lícito ao réu, antes de ser intimado para o
excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em
da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que pagamento o valor que entender devido, apresentando me-
entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e mória discriminada do cálculo.
atualizado de seu cálculo. § 1o O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, po-
§ 5o Na hipótese do § 4o, não apontado o valor corre- dendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levanta-
to ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será mento do depósito a título de parcela incontroversa.
liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu § 2o Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, so-
único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será bre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários
processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se
de execução. a execução com penhora e atos subsequentes.
§ 6o A apresentação de impugnação não impede a prática § 3o Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a
dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o obrigação e extinguirá o processo.
juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o Art. 527.  Aplicam-se as disposições deste Capítulo ao
juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir- cumprimento provisório da sentença, no que couber.
lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e
se o prosseguimento da execução for manifestamente susce- CAPÍTULO IV
tível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHE-
reparação. ÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALI-
§ 7o A concessão de efeito suspensivo a que se refere o MENTOS
§ 6 não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de
o

reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens  Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao
§ 8o Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocu-
tória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente,
disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta
mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três)
prosseguirá quanto à parte restante.
dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossi-
§ 9o A concessão de efeito suspensivo à impugnação de-
bilidade de efetuá-lo.
duzida por um dos executados não suspenderá a execução § 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não
contra os que não impugnaram, quando o respectivo funda- efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apre-
mento disser respeito exclusivamente ao impugnante. sente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz man-
§ 10.  Ainda que atribuído efeito suspensivo à impug- dará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no
nação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da que couber, o disposto no art. 517.
execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, cau- § 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossi-
ção suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. bilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
§ 11.  As questões relativas a fato superveniente ao tér- § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apre-
mino do prazo para apresentação da impugnação, assim sentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o
como aquelas relativas à validade e à adequação da penho- pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a
ra, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em § 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo
qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formu- o preso ficar separado dos presos comuns.
lar esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou § 5o O cumprimento da pena não exime o executado do
da intimação do ato. pagamento das prestações vencidas e vincendas.

67
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela
cumprimento da ordem de prisão. inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa jurí-
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do ali- dica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do
mentante é o que compreende até as 3 (três) prestações an- executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser
teriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no arbitrado de imediato pelo juiz.
curso do processo. § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas,
§ 8o O exequente pode optar por promover o cumprimen- poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução
to da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto ou aumento da prestação.
neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será ad- § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando
missível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em di- por base o salário-mínimo.
nheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não § 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz manda-
obsta a que o exequente levante mensalmente a importância rá liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as
da prestação. garantias prestadas.
§ 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo úni-
co, o exequente pode promover o cumprimento da sentença CAPÍTULO V
ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimen- DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA
tícia no juízo de seu domicílio. A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA
Art. 529.  Quando o executado for funcionário público, CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito
à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o des- Art. 534.  No cumprimento de sentença que impuser à Fa-
conto em folha de pagamento da importância da prestação zenda Pública o dever de pagar quantia certa, o exequente
alimentícia. apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do cré-
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à dito contendo:
empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro
de desobediência, o desconto a partir da primeira remunera- de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
do exequente;
ção posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
II - o índice de correção monetária adotado;
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção
importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua
monetária utilizados;
duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos,
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios
o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendi-
realizados.
mentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos ter- § 1o Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá
mos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela apresentar o seu próprio demonstrativo, aplicando-se à hipó-
devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos tese, se for o caso, o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 113.
líquidos. § 2o A multa prevista no § 1o do art. 523 não se aplica à
Art. 530.  Não cumprida a obrigação, observar-se-á o dis- Fazenda Pública.
posto nos arts. 831 e seguintes. Art. 535.  A Fazenda Pública será intimada na pessoa de
Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimen- seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrô-
tos definitivos ou provisórios. nico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a autos, impugnar a execução, podendo arguir:
dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimen-
julgado, se processa em autos apartados. to, o processo correu à revelia;
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar II - ilegitimidade de parte;
alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obri-
sido proferida a sentença. gação;
Art. 532.  Verificada a conduta procrastinatória do execu- IV - excesso de execução ou cumulação indevida de exe-
tado, o juiz deverá, se for o caso, dar ciência ao Ministério Pú- cuções;
blico dos indícios da prática do crime de abandono material. V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
Art. 533.   Quando a indenização por ato ilícito incluir VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obriga-
prestação de alimentos, caberá ao executado, a requerimento ção, como pagamento, novação, compensação, transação ou
do exequente, constituir capital cuja renda assegure o paga- prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado
mento do valor mensal da pensão. da sentença.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por § 1o A alegação de impedimento ou suspeição observará o
imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de alie- disposto nos arts. 146 e 148.
nação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em § 2o Quando se alegar que o exequente, em excesso de
banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar execução, pleiteia quantia superior à resultante do título,
a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimô- cumprirá à executada declarar de imediato o valor que enten-
nio de afetação. de correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

68
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 3o Não impugnada a execução ou rejeitadas as argui- § 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigi-
ções da executada: bilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art.
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal 525, no que couber.
competente, precatório em favor do exequente, observando- § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao
se o disposto na Constituição Federal; cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de não fazer de natureza não obrigacional.
quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento Art. 537.  A multa independe de requerimento da parte e po-
de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 derá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória
(dois) meses contado da entrega da requisição, mediante de- ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente
pósito na agência de banco oficial mais próxima da residência e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
do exequente. para cumprimento do preceito.
§ 4o Tratando-se de impugnação parcial, a parte não § 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar
questionada pela executada será, desde logo, objeto de cum- o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso
primento. verifique que:
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste ar- I - se tornou insuficiente ou excessiva;
tigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superve-
em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo niente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, § 2o O valor da multa será devido ao exequente.
ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato § 3º  A decisão que fixa a multa é passível de cumprimen-
normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incom- to provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o
patível com a Constituição Federal, em controle de constitu- levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença
cionalidade concentrado ou difuso. favorável à parte.
§ 6o No caso do § 5o, os efeitos da decisão do Supremo § 4o A multa será devida desde o dia em que se configurar o
Tribunal Federal poderão ser modulados no tempo, de modo descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumpri-
a favorecer a segurança jurídica. da a decisão que a tiver cominado.
§ 7o A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao
§ 5 deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da
o
cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
decisão exequenda. não fazer de natureza não obrigacional.
§ 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trân-
sito em julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, Seção II
cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigi-
proferida pelo Supremo Tribunal Federal. bilidade de Obrigação de Entregar Coisa

CAPÍTULO VI Art. 538.  Não cumprida a obrigação de entregar coisa no


DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHE- prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de bus-
ÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE ca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, con-
NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA forme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 1o A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de
Seção I conhecimento, em contestação, de forma discriminada e com atri-
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exi- buição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.
gibilidade de Obrigação de Fazer ou de Não Fazer § 2o O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido
na contestação, na fase de conhecimento.
Art. 536.  No cumprimento de sentença que reconheça § 3o Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no
a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação de
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tu- fazer ou de não fazer.
tela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação 9) Recursos
do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá de- TEORIA GERAL DOS RECURSOS
terminar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca Recurso é uma manifestação de inconformismo da parte
e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento que busca um novo pronunciamento judicial, em regra, por
de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso parte de outro órgão judicial, modificando a decisão a qual lhe
necessário, requisitar o auxílio de força policial. foi desfavorável.
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas Recursos são remédios processuais de que podem se valer
será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se as partes, o MP e os terceiros interessados prejudicados para
o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de submeter uma decisão judicial a nova apreciação, modifican-
arrombamento. do-a, invalidando-a, esclarecendo-a ou complementando-a,
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé sanando, assim, eventuais vícios desta, enfim, purgando-a
quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem de erros. Em regra, é apreciado por órgão diverso de que
prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. proferiu a decisão.

69
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Características Atos processuais sujeitos a recursos


- Todo recurso é interposto em relação jurídica-proces- Só cabe recurso contra atos processuais que possuam
sual existente. Não cria um novo processo. Mandado de se- conteúdo decisório. Os atos das partes, dos serventuários da
gurança, ação rescisória e habeas corpus não são recursos. justiça ou do MP não se sujeitam a ele. Contra despachos,
- É da essência dos recursos impedir que a decisão/ espécie de atos do juiz, também não cabe recurso.
sentença se torne definitiva. Logo, ainda pode ser alterada. Contra as sentenças cabe apelação. Contra decisões in-
Impede-se a preclusão (com relação às decisões interlocu- terlocutórias, agravo. Contra ambas, embargos de declara-
tórias) e o trânsito em julgado (com relação às decisões de- ção. Contra acórdãos, cabem embargos de declaração, além
finitivas). de recurso especial e extraordinário.
Enquanto há recurso pendente, as decisões não são de-
finitivas nem imutáveis. Para que isso ocorra, é preciso que Juízo de admissibilidade e juízo de mérito dos recur-
se esgote o prazo para interpor recursos ou então que os sos
recursos interpostos tenham sido apreciados. Antes de apreciar o mérito dos recursos, é preciso que
Obs.: Se tiver agravo de instrumento correndo no Tri- sejam examinados os requisitos de admissibilidade. São
bunal e chegar o momento de juiz sentenciar não poderá pressupostos indispensáveis para que o recurso possa ser
deixar de fazê-lo. Assim, o juiz sentencia e se o agravo for conhecido. A matéria é de ordem pública.
improvido a sentença de convalida. Contudo, se o agravo for Se denegado o prosseguimento de um recurso por falta
provido todos os atos posteriores à decisão agravada serão de requisito de admissibilidade, cabe desta decisão agravo.
anulados. Os requisitos podem ser reexaminados até que se passe
Todos os recursos interpostos no mesmo processo ao mérito do julgamento do recurso.
devem ser julgados pela mesma câmara/turma, julgando-
se primeiro o agravo eventualmente pendente e depois a Requisitos de admissibilidade
apelação (pois se o agravo for provido à sentença não terá A doutrina varia ao trazer os requisitos de admissibilida-
eficácia e a apelação ficara prejudicada). Isso vale inclusive de, mas a lista mais completa deles é a de Barbosa Moreira,
se a parte não apelar. que os divide em intrínsecos (cabimento, legitimidade, in-
- Os recursos servem para corrigir o error in procedendo teresse) e extrínsecos (tempestividade, regularidade formal,
e o error in judicando, isto é, erros em relação ao procedi- preparo, inexistência de fato impeditivo ou extintivo).
mento adequado e erro em relação ao julgamento (erro de a) Intrínsecos
forma ou erro de fundo). Dizem respeito à decisão recorrida em si mesma, seu
- Como regra geral, não é possível inovar nos recursos: conteúdo e forma. Os requisitos intrínsecos se assemelham
não se pode invocar em fase recursal matéria que não foi às condições da ação: cabimento – possibilidade jurídica; le-
discutida ou questionada no juízo inferior. gitimidade – legitimidade; interesse – interesse de agir.
Exceções: - Cabimento
a) Artigo 493, CPC4 – Fato modificativo, constitutivo ou Recurso cabível é aquele que tem previsão legal. Cada
extintivo do direito que influa no julgamento da lide poste- recurso é típico e adequado para certas circunstâncias. O rol
rior à propositura da ação. legal dos recursos é taxativo (numerus clausus), tanto é que
b) Artigo 1014, CPC5 – Se a parte provar que não susci- o Código de Processo Civil, no artigo 994, enumera os recur-
tou a questão antes da apelação por motivo de força maior. sos nele previstos. Além disso, leis especiais podem prever
c) Matérias de ordem pública e prescrição podem ser outros recursos.
alegadas a qualquer momento. - Legitimidade
- O órgão que proferiu a decisão impugnada é o a quo e É das partes, intervenientes, Ministério Público (parte/
o que vai julgar é o ad quem. Nos embargos de declaração é fiscal), terceiro prejudicado (mesma pessoa que antes pode-
o próprio juízo a quo que julga. Os recursos são interpostos ria ser assistente simples).
perante o juízo a quo e remetidos ao juízo ad quem, exceto Quando o juiz submete um processo ao reexame neces-
no caso de agravo de instrumento. O juízo a quo processa o sário, também conhecido como recurso de ofício, significa
recurso, adiantando o trabalho do Tribunal. Perante o juízo que está recorrendo? Não, apesar do nome, o recurso de
ad quem é feito o juízo de admissibilidade (conhece ou não ofício não é um recurso, então o juiz não pode recorrer.
conhece o recurso e, uma vez conhecido, julgara o mérito do Predomina que perito só pode discutir seus honorários
recurso, isto é, dará ou negará provimento). em ação própria, não em recurso. Então, não pode recorrer.
O advogado também tem legitimidade de recorrer, em
4 “Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum nome próprio, mas apenas no tocante aos honorários advo-
fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no catícios. O STJ reconhece este direito devido à previsão da
julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, Lei nº 8.906/1994, que no artigo 23 diz que os honorários de
de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sucumbência, fixados na sentença, pertencem ao advogado,
decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o podendo ele executá-los em nome próprio. Também é pos-
juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir”. sível recorrer sobre honorários em nome da parte, conforme
5 “Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo for mais conveniente ao advogado (vamos supor que tenha
inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que que recorrer de outros aspectos, não apenas dos honorários
deixou de fazê-lo por motivo de força maior”. advocatícios).

70
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

- Interesse Para Recurso Especial e Recurso Extraordinário, além do


Para o interesse é preciso sucumbência. Isto é, para se re- preparo, exige-se porte de remessa e retorno, todos pre-
correr é necessário ter sucumbido. Tecnicamente, sucumbir é vistos nos regimentos internos do STJ e do STF, respectiva-
não obter o melhor resultado que seria possível naquele caso mente.
concreto. Fazenda Pública é dispensada do preparo por ser a be-
Por exemplo, se A pediu 120 e o juiz deu 100, pode re- neficiária do mesmo.
correr. Ministério Público é dispensado por sua natureza.
Ou então, se A pediu 100 e o juiz deu 120, também pode Também são dispensados os beneficiários da Lei nº
recorrer, pois apesar de ter recebido mais que o pedido, a sen- 1.060/1950.
tença é ultra petita, logo, nula e, se A não recorrer, pode se Calcula-se com base no valor da causa ou no valor da
arriscar a sofrer ação rescisória no futuro. condenação.
As partes podem recorrer da extinção sem julgamento do No ato de interposição do recurso deve ser comprovado
mérito? Sim, pois para elas pode ser melhor uma sentença de o recolhimento do preparo, sob pena de não ser admitido –
procedência ou improcedência, que fazem coisa julgada ma- artigo 1007, CPC. O STJ tem dado ao artigo 1007 uma inter-
terial. pretação rigorosa, não bastando que o preparo seja recolhi-
Em regra, não há interesse para recorrer da fundamen- do no prazo recursal, sendo preciso que já esteja recolhido
tação, apenas do resultado, sendo exceções: as ações civis no ato de interposição (se esquecer de juntar a guia, mas ti-
públicas e ações populares – nelas, se a improcedência for ver pago antes da interposição, aceita-se juntada posterior).
por insuficiência de provas, a sentença não faz coisa julgada Pelo artigo 1007, §2º, CPC, se o preparo for recolhido a
material (chamada coisa julgada secundum eventun litis, que menor, é concedido o prazo de 5 dias para recolher a dife-
só faz coisa julgada material se o fundamento for diverso de rença. Não dá para aplicar o dispositivo se ao menos uma
insuficiência de provas, por exemplo, melhor se reconhecer a parte do preparo não for recolhida. A diferença não pode ser
inexistência do dano do que a insuficiência de provas da au- tamanha que caracterize erro grosseiro.
toria). - Regularidade formal
Não há interesse em recorrer de sentença que homologa Para um recurso ser admitido, deve preencher os requi-
acordo, pois recorrer de acordo é ato logicamente incompatí- sitos de forma. Por exemplo, forma escrita (em regra, sal-
vel (preclusão lógica), a não ser que o juiz vá além do acordo vo agrado retido em audiência da instrução e julgamento);
celebrado. acompanhamento das razões no ato de interposição (sob
Se o autor formula pedidos alternativos (quer um ou outro pena de preclusão consumativa, isto é, de não ser possível
sem ordem e preferência), não pode recorrer se um for con- complementar posteriormente o recurso interposto, salvo
cedido; mas se os pedidos forem subsidiários (prefere um ao se tiver apelado antes do julgamento dos embargos de de-
outro), pode recorrer para obter o que mais queria. claração opostos pela outra parte que mudem a sentença,
b) Extrínsecos devendo o aditamento versar sobre os aspectos alterados).
São fatos externos ao recurso em si, nem é preciso ler o - Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do di-
recurso para analisa-los. reito de recorrer
- Tempestividade Normalmente, a doutrina enumera como fatos extinti-
O recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto vos a renúncia e a aquiescência, e como impeditivos a de-
em lei, notadamente: embargos de declaração em 5 dias, de- sistência. A finalidade da distinção é que os fatos extintivos
mais recursos em 15 dias. são prévios à interposição do recurso, ao passo que os im-
Para a contagem do prazo, inclui-se o dia do final e exclui- peditivos exigem recurso interposto (só dá para desistir do
se o dia do início. Além disso, contam-se apenas os dias úteis. recurso interposto).
Exceções: artigos 180, 183, 186 e 229, CPC (dobro para Renúncia é um ato unilateral irrevogável do interessado
Fazenda Pública, Ministério Público, Defensoria Pública e litis- pelo qual ele manifesta a vontade de não recorrer (o que
consortes com procuradores diversos). se ganha com isso é a antecipação do trânsito em julgado).
Atenção: Embargos de declaração, quando opostos, inter- Aquiescência é a prática de um ato incompatível com a
rompem o prazo para interposição de outros recursos. Opon- vontade de recorrer (ex: pagamento no prazo do recurso).
do de má-fé, apenas protelatórios para ganhar tempo, o juiz Desistência, tal como a renúncia e a aquiescência, é
não pode retirar a eficácia interruptiva dos embargos de de- sempre ato unilateral, não dependendo da concordância da
claração, mas pode aplicar multa (1% a 10% do valor da causa, parte contrária; também é sempre ato irrevogável; se desis-
ou 10 vezes o salário mínimo se o valor for insuficiente). Não tir, transita em julgado. É possível desistir de um recurso até
há efeito interruptivo se os próprios embargos de declaração o início do julgamento.
forem opostos fora do prazo (só embargos de declaração
tempestivos interrompem o prazo). Princípios fundamentais do direito recursal
- Preparo a) Princípio da taxatividade
São as custas com o processamento do recurso, destina- O rol dos recursos previsto em lei é taxativo, numerus
das à Fazenda Pública da esfera da federação em que se en- clausus. Tanto é que o Código de Processo Civil, no artigo
contra a justiça (federal – União, estadual – Estados). Embargos 994, enumera os recursos cabíveis. Há também outros recur-
de declaração não têm preparo. Leis estaduais podem eximir sos em leis especiais, por exemplo, o recurso inominado dos
o preparo de outros recursos no âmbito de seus Judiciários. juizados especiais cíveis.

71
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

No entanto, somente é recurso o que a lei diz que é Art. 496.  Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não
recurso, sendo necessário cuidado para não confundir com produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal,
estes outros incidentes processuais, notadamente: a sentença:
- Recurso adesivo I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal,
É uma forma de interposição de alguns recursos, que os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de
são: apelação, embargos infringentes, recurso extraordinário direito público;
e recurso especial. Assim, recurso é a apelação, os embargos São as sentenças proferidas contra a Fazenda Pública
infringentes, o recurso extraordinário e o recurso especial, (sucumbência da Fazenda Pública). Não existe reexame ne-
sendo “adesivo” apenas uma forma de interpor estes recur- cessário de decisão interlocutória e nem de acórdão, mesmo
sos de maneira acessória à forma principal. em ação contra a Fazenda Pública de competência originária
O requisito essencial para utilizar esta forma é a sucum- do Tribunal (aí só teria 1 grau de jurisdição, mas a palavra
bência recíproca, isto é, ambas as partes teriam interesse sentença deve ser interpretada de maneira estrita).
para recorrer porque o resultado não foi o mais favorável O fato de haver reexame necessário não impede a Fa-
possível para nenhuma delas. zenda Pública de recorrer, até mesmo porque o recurso per-
No entanto, mesmo quando o resultado não é o mais mite o que o reexame não permite: apresentar razões, ou
favorável possível, é comum que a parte se conforme em seja, tentar convencer o Tribunal, argumentar.
perder parte do desejado para obter em troca a finalização No reexame necessário não é possível piorar a situação
da lide, com o seu trânsito em julgado. Ex.: Pediu danos ma- da Fazenda Pública, conforme súmula 45 do STJ. Assim, o
teriais e morais, mas o juiz só deu os danos materiais, con- Tribunal só reexamina o que a Fazenda Pública sucumbiu,
tentando-se a parte com isso desde que o processo acabe exceto no caso de matéria de ordem pública que tenha pas-
e receba a parte que o juiz considerou devida. Perceba-se sado despercebida em 1ª instância (pode rever mesmo que
que quem recorre adesivamente é aquele que, em princípio, prejudique a Fazenda Pública). Logo, quando o processo
estava conformado com a decisão. Contudo, a outra parte, sobre para reexame necessário, o Tribunal analisará: a) su-
que também sucumbiu, recorre, deixando de existir a expec- cumbência da Fazenda Pública; b) matérias de ordem pú-
tativa do trânsito em julgado do processo, caindo por terra blica (ponto no qual há algum risco de piora para a Fazenda
o fundamento que levou uma das partes a não recorrer. As- Pública).
sim, já que o outro está recorrendo, decide legitimamente Obs.: Obviamente, se a outra parte recorrer da parcela
também o fazer. da sentença em que a Fazenda Pública não foi condenada é
O recurso adesivo é interposto no prazo das contrarra- possível que sua situação piore.
zões (apresenta-se duas peças, uma com as contrarrazões e Ex.: Fazenda Pública pediu 100, ganhou 60, recorre de
outra com as razões do recurso adesivo e a respectiva folha 80. O Tribunal pode dar 100? Pela súmula 325 do STJ, todas
de interposição, sendo que na primeira se pede a manuten- as parcelas de sucumbência podem ser reexaminadas, en-
ção do que foi concedido e na segunda o que ainda não foi tão, sim, pode dar 100.
concedido). E, já que a parte preferiria o trânsito em julgado Se houver acórdão não unânime que reforme sentença
em vez de recorrer, seu recurso é considerado acessório ao de 1ª instância em grau de reexame necessário caberão em-
recurso principal interposto pela outra parte, de modo que bargos infringentes? Isto é, se a Fazenda Pública não recor-
somente será apreciado se o recurso principal for admitido. reu a princípio e no reexame um dos votos foi mais favorável
Se apresentado o recurso adesivamente, abre-se prazo a ela enquanto que os outros 2 mantiveram a decisão de 1ª
para contrarrazões. instância, ela pode agora exercer seu direito de recorrer e
O recurso adesivo se sujeita aos mesmos requisitos de tentar fazer prevalecer o voto minoritário pelos embargos
admissibilidade que o recurso principal. infringentes? A súmula 390 do STJ diz que não cabem em-
Quem recorreu sob a forma convencional exauriu seu bargos infringentes em reexame necessário, conferindo in-
direito de recorrer, não podendo recorrer de novo na forma terpretação restritiva ao texto da lei, então não pode.
adesiva, há preclusão consumativa. II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os em-
A Fazenda Pública tem prazo em dobro para recorrer, bargos à execução fiscal.
mas o prazo para contrarrazões é simples. Então, deve in- Assim, a Fazenda Pública é exequente, o que ocorre nas
terpor recurso adesivo no prazo em dobro ou no prazo sim- chamadas execuções fiscais. Na verdade, trata-se de hipóte-
ples? Para o STJ, como se trata de forma de interposição de se dispensável, pois os embargos à execução têm natureza
recurso, o prazo dobra, havendo descompasso entre o prazo de processo de conhecimento e a decisão final neles profe-
das contrarrazões e do recurso adesivo. rida é sentença, logo, encaixaria no inciso I.
- Reexame necessário § 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a
Não é recurso porque não está no rol, bem como por- apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos au-
que não manifesta/pressupõe inconformismo (decorre da tos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo
lei), não tem prazo, não tem razões, não tem preparo. Tra- tribunal avocá-los-á.
ta-se de exigência legal de que a sentença só transite em § 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal
julgado depois de examinada pelo Tribunal, sendo assim julgará a remessa necessária.
condição de eficácia da sentença. Logo, o juiz é obrigado a submeter o processo a reexa-
As hipóteses estão previstas no artigo 475 e em outras me necessário, sob pena dele não produzir seus plenos efei-
leis especiais, como a do mandado de segurança e da ação tos, já que o reexame é condição para o trânsito em julgado
popular. da sentença condenatória.

72
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

No entanto, há duas exceções, hipóteses em que mes- O pedido de reconsideração não é recurso, será exa-
mo que a Fazenda Pública seja condenada não será feito o minado pelo mesmo juiz (que pode nem recebe-lo) e não
reexame necessário: impede que a decisão preclua por si só (se o juiz não mudar
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a con- a decisão, não pode recorrer depois). O comum – e correto
denação ou o proveito econômico obtido na causa for de – que tem sido feito é constar o pedido de reconsideração
valor certo e líquido inferior a: na petição de interposição ao juízo a quo ou então na peti-
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respec- ção de informação ao juízo a quo do agravo de instrumento
tivas autarquias e fundações de direito público; interposto perante o juízo ad quem, então se o juiz não mudar
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, de ideia não há preclusão da decisão.
o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de - Correição parcial
direito público e os Municípios que constituam capitais dos Tem natureza administrativa. Contudo, no CPC/1939 a
Estados; jurisprudência aceitava em alguns casos como recurso. É que
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais nele o sistema recursal não era perfeito, ao passo que no atual
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito CPC o agravo e a apelação cobrem todas as possibilidades,
não sobrando espaço para a correição parcial.
público.
b) Singularidade ou unirrecorribilidade
O novo CPC aumentou os valores do CPC/1973, que era
Contra cada tipo de ato judicial só cabe um tipo de recurso
de apenas 60 salários mínimos, para valores maiores confor-
postulando a sua reforma. Os embargos de declaração cabem
me a unidade federativa.
contra qualquer decisão, mas não se confundem com o recur-
§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quan- so específico para modificá-la. A única exceção ao princípio é
do a sentença estiver fundada em: que contra o mesmo acórdão pode caber recurso especial e
I - súmula de tribunal superior; recurso extraordinário (a rigor, nem seria exceção, pois cada
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou qual trata de uma parte específica da decisão, respectivamen-
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos te, violação de lei federal e violação de Constituição Federal).
repetitivos; Devido ao princípio da singularidade é preciso ficar atento
III - entendimento firmado em incidente de resolução de nas audiências de instrução e julgamento: das decisões inter-
demandas repetitivas ou de assunção de competência; locutórias tomadas em seu curso cabe agravo, mas da senten-
IV - entendimento coincidente com orientação vinculan- ça cabe apelação, sendo necessário interpor ambos recursos
te firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, se de interesse, sob pena de preclusão da decisão interlocu-
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administra- tória caso se interponha apenas a apelação. Por isso mesmo,
tiva. cabe interpor agravo retido oralmente e reiterar o pedido de
Se fundada em jurisprudência do STF ou súmula de STF, sua apreciação na apelação.
STJ, TST ou TSE, bem como em julgamentos de demandas c) Fungibilidade
repetitivas no STF ou STJ, há grandes chances de que a sen- Expressão que remonta a coisa que pode ser substituí-
tença seja mantida, não fazendo sentido submetê-la a ree- da por outra. Há institutos processuais fungíveis entre si, por
xame necessário. O mesmo vale para decisão administrativa exemplo, ações possessórias, cautelares. Existe também a
vinculante do próprio órgão. Nestes casos, não importa o fungibilidade entre os recursos, mas o CPC/1973 não a pre-
valor da condenação. viu de forma expressa e nem o CPC/2015 o faz, ao contrário
Obs.: Casos de reexame necessário em leis especiais: a) do CPC/1939, que trazia a fungibilidade de maneira expressa,
Lei nº 12.016/09, artigo 14, concessão de mandado de se- exigindo que não houvesse erro grosseiro e nem má-fé. Mas
gurança; b) Lei nº 4.717/65, lei de ação popular, sentença de o sistema de recursos atual é muito mais organizado, sendo
improcedência ou extinção sem julgamento do mérito. raros os casos de dúvida objetiva quanto ao recurso a ser in-
- Pedidos de reconsideração terposto, de modo que o autor do projeto considerou que a
fungibilidade era dispensável.
Significa pedir para que o juiz mude de ideia e volte
Ainda assim, surgiram situações de dúvida na jurisprudên-
atrás em sua decisão. Contudo, a regra é que a decisão do
cia, por exemplo, impugnação à concessão de justiça gratuita,
juiz é irretratável. Então, o juiz só pode conceder o pedi-
sendo necessário ressuscitar o princípio da fungibilidade, en-
do de reconsideração se recair sobre decisão da qual possa quanto princípio implícito.
se retratar, notadamente: agravo, apelação de sentença de Hoje, se exige dúvida objetiva sobre o recurso cabível (a
improcedência liminar do pedido, apelação de sentença de dúvida subjetiva é a que só a pessoa tem e decorre de uma
extinção sem julgamento do mérito por inépcia da inicial. ignorância, ao passo que a dúvida objetiva pressupõe contro-
Quer dizer que o juiz sempre pode mudar de ideia nes- vérsia na doutrina e na jurisprudência em decorrência da lei).
tas decisões? Ou não, que apenas pode fazê-lo se a parte d) Proibição da reformatio in pejus
recorrer? Enfim, entende-se que somente pode mudar a de- Quanto o Tribunal examina recurso de um dos litigantes
cisão, retratando-se, se a parte recorrer ou então se expres- não pode piorar a situação dele. Afinal, no recurso só se pede a
samente fizer o pedido de reconsideração, senão a decisão melhora e o Tribunal fica restrito ao recurso. Claro, pode piorar
se convalida, houve preclusão. Contudo, existem as matérias ao examinar recurso do adversário. Entretanto, há a questão
de ordem pública e, com relação a elas, o juiz pode mudar das matérias de ordem pública, que devem ser reconhecidas
de decisão independentemente de ter sido ou não interpos- de ofício, podendo o Tribunal piorar a situação de quem re-
to recurso. correu.

73
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

e) Duplo grau de jurisdição excluirá um dos fundamentos e só apreciará a questão da


Não há nenhum dispositivo expresso determinando o coação). Sendo assim, o aspecto da extensão tem a ver com
respeito ao duplo grau de jurisdição. Ele está implícito na a causa de pedir, com os fundamentos dos pedidos feitos
Constituição Federal, que criou juízes e Tribunais, atribuindo no processo.
à 2ª instância a competência para rever as decisões de 1ª. Nos termos do artigo 1013, §3º, o juiz extingue sem jul-
Não há triplo/quádruplo grau pois os recursos ao STJ e ao gamento do mérito e, havendo apelação, o Tribunal pode
STF são excepcionais. julgar o mérito, se presentes todos os elementos, por exem-
Como não há disposição expressa, o sistema admite, plo, réu já citado, contestação. Se julgar improcedente, o
excepcionalmente, situações em que não há duplo grau de Tribunal estará piorando a situação do autor? Não, pois re-
jurisdição. Ex.: ações de competência originária do STF; exe- formatio in pejus pressupõe que as duas instâncias tenham
cuções da Fazenda Pública contra particulares de pequeno examinado o mérito, e no caso da sentença meramente ex-
valor (da sentença cabem embargos infringentes que são tintiva não houve este exame.
julgados pelo mesmo juiz que proferiu a sentença). Obs.: apesar de a sentença que reconhece a prescrição
ser sentença de mérito, apenas o é para formar a coisa jul-
Efeitos dos recursos gada material e evitar reproposituras, na prática se aproxi-
Em regra, quem dá é a lei e quanto o juiz recebe num ou mando mais da sentença sem julgamento do mérito. Sob o
noutro efeito nada faz senão declarar os efeitos atribuídos efeito em estudo, cabe ao Tribunal, se afastá-la, apreciar o
na lei. Se o juiz se equivocar quanto ao efeito atribuído pela mérito propriamente dito, ou julgando pelo artigo 1013, §3º
lei pode a qualquer tempo mudar (matéria de ordem pública ou determinando que volte à 1ª instância.
não sujeita a preclusão). Dos efeitos, a parte pode agravar de b) Suspensivo
instrumento (não agrava o recebimento de apelação, mas os Aptidão que alguns recursos tem de paralisar a eficácia
efeitos atribuídos ao recurso). da decisão recorrida. Todo recurso adota uma regra (tem ou
a) Devolutivo não) e tem exceções (não ou tem). Em regra:
Todos os recursos têm. Consiste na aptidão de devolver
à apreciação do Judiciário a matéria questionada. Em regra, TEM NÃO TEM
o órgão julgador é diverso do que proferiu a decisão (salvo
embargos de declaração). O efeito devolutivo deve ser exa- • Agravo
minado em 2 planos – extensão e profundidade. • Embargos de declaração
No aspecto extensão, se houver cumulação de pedidos • Apelação • Recursos aos Tribunais Superio-
o juiz deve apreciar todos, mas se o réu recorrer de apenas res (Recurso Ordinário, Recurso
um deles irá limitar o que será examinado pelo Tribunal. As- Especial, Recurso Extraordinário e
sim, O RECORRENTE CONFERE A EXTENSÃO DO RECURSO, Embargos de Divergência)
devolvendo ao Tribunal a parte da decisão que impugnou.
Isto é, o efeito devolutivo no aspecto da extensão é a qua- Se a apelação é parcial, o efeito suspensivo de que é
lidade do recurso de devolver ao órgão ad quem o conhe- dotada será total ou parcial? O efeito suspensivo será total
cimento apenas da matéria impugnada – tantum devolutum ou parcial conforme a extensão do efeito devolutivo do re-
quantum appelatum. curso? Se os pedidos da inicial forem autônomos entre si, o
No aspecto profundidade, imagine-se ação proposta capítulo da sentença que os analisa terá partes autônomas e
com um único pedido (por exemplo, anulação de contra- independentes, assim, parte transita em julgado e parte não.
to) mas com dois fundamentos (por exemplo, anulabilida- Se os pedidos forem inter-relacionados, o capítulo será uno,
de por ser relativamente incapaz e por coação), sendo que o trânsito em julgado não será parcial, pois se o Tribunal
cada fundamento pode, por si só, gerar a procedência do reformar um pedido terá que reformar o outro. Neste caso,
pedido se o juiz constatar que um deles ficou provado des- embora a apelação seja parcial, o efeito suspensivo é total.
de logo poderá julgar sem nem ao menos abrir a instrução. Em suma: quando houver cumulação de pedidos na inicial
Se ao final julgar improcedente, deverá apreciar os 2 funda- o juiz deve decidir todos no dispositivo se eles gozarem de
mentos. Se for julgar procedente, pode apreciar apenas 1 autonomia e, se houver apelação parcial, o efeito suspensivo
fundamento, acolhendo o pedido (claro, se feitos 2 pedidos será parcial; se eles forem independentes, ainda que a ape-
cumulados tem que apreciar os 2). No exemplo, se o réu lação seja parcial, o efeito suspensivo será total.
apelar e o Tribunal rejeitar a tese da incapacidade relativa, Uma apelação pode ser parcial mesmo que o pedido
ele não deve desde logo reformar a sentença de procedente seja único, por exemplo, condenado a 100 apela só de 40.
para improcedente, pois é necessário apreciar o outro fun- Do capítulo único, recorreu só de uma parte. Existe risco de
damento (tese da coação). O recurso permite que o Tribunal o autor ficar sem nada? Sim, por causa do efeito translativo,
aprecie não só os fundamentos da sentença, mas todos os que permite o reconhecimento de matérias de ordem públi-
fundamentos discutidos no processo (artigo 1013, §2º). Se ca. Então, cabe executar a parte da qual não se recorreu, mas
não houverem elementos necessários (no exemplo, não há a execução será provisória.
elementos para apreciar a coação porque o juiz não instruiu Resumo:
o processo), para que o Tribunal aprecie o outro fundamento - Há pedido único ou cumulação de pedidos?
deverá anular a sentença e devolver o processo a 1º grau - Havendo cumulação, os pedidos são autônomos ou
para produzir as provar e proferir nova sentença (que agora interligados?

74
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Se autônomos, o efeito suspensivo é parcial, se não é No efeito expansivo subjetivo, pressupõe-se a existência
total. Se pedido único, a execução é provisória, isto é, efeito de litisconsórcio unitário (aquele em que forçosamente o re-
suspensivo parcial com ressalvas. sultado final do processo tem que ser o mesmo para todos
Se a apelação for interposta somente no 15º dia, antes os litisconsortes).
disso poderia ter sido executada? Não, pois o efeito suspen-
sivo existe desde antes da interposição, bastando a possibi- RESUMO – Cognição do Tribunal
lidade de interposição. - Objeto do recurso (devolutivo)
Apelação contra sentença cautelar não tem efeito sus- - Matéria de ordem pública (translativo)
pensivo, mas apelação no processo principal sim. Se o juiz - Pedido interligado (expansivo objetivo)
der só uma sentença, tem que discriminar no recebimento - Litisconsórcio unitário (expansivo subjetivo)
os efeitos.
c) Translativo RECURSOS EM ESPÉCIE
É a aptidão dos recursos em geral de permitir ao órgão Os recursos específicos do sistema processual civil bra-
ad quem examinar matérias de ordem pública, mesmo não sileiro estão previstos em seu artigo 994: apelação, típico
suscitadas no recurso (exame de ofício). De maneira geral, recurso de sentença proferida em primeira instância com
todos os recursos ordinários são dotados de efeito trans- base nos artigos 485 e 487, CPC; agravo, que pode ser de
lativo. instrumento ou interno, sempre cabível de decisão interlo-
ATENÇÃO: Recursos extraordinários lato sensu (Recurso cutória, o primeiro de primeira instância e o segundo de de-
Extraordinário, Recurso Especial e Embargos de Divergência) cisão monocrática; embargos de declaração, que visa sanar
não possuem este efeito. STF e STJ são pacíficos no sentido obscuridade, contradição ou omissão da decisão proferida
de que Recurso Extraordinário e Recurso Especial não pos- (qualquer que seja ela e em qualquer grau de jurisdição); re-
suem o efeito: só se conhece do que foi questionado, não curso ordinário, que funciona como a apelação nas ações de
importando o que esteja fora disso, ainda que se trate de competência originária; recurso especial e recurso extraordi-
matéria de ordem pública. nário, cabível o primeiro no STJ em caso de violação de lei
Quer dizer, inclui o agravo. Se nele verificada a falta de federal e o segundo no STF em caso de violação da consti-
uma condição da ação ou a prescrição, por exemplo, pode tuição federal diante de decisão proferida em sede recursal;
o Tribunal extinguir o processo. Os embargos de declaração
agravo em recurso especial ou extraordinário, cabível contra
também possuem este efeito, podendo gerar uma revira-
decisão de inadmissibilidade de recurso extraordinário ou
volta no processo. Apesar das restrições quanto à matéria
especial; embargos de divergência, cabível em sede de re-
examinável, nos embargos infringentes é irrestrito o exame
curso extraordinário ou especial, detectada divergência do
de matérias de ordem pública.
julgamento recorrido com relação a julgamento anterior.
d) Regressivo
Obs.: Foram excluídos em relação ao CPC/1973 o agravo
É a aptidão de alguns recursos de permitir que o órgão
a quo reconsidere a sua decisão, tornando com isso o re- retido, de modo que decisões interlocutórias das quais não
curso prejudicado. Por essência, por natureza, o recurso que caiba agravo de instrumento não precluem de discussão até
sempre tem este efeito é o agravo (retido, regimental ou de que chegue o momento de se apresentar apelação, quando
instrumento), isto é, no agravo sempre é possível o juízo de podem ser questionadas; e os embargos infringentes, con-
retratação. vertidos em técnica de julgamento.
Em duas hipóteses específicas a apelação tem efeito re-
gressivo: a) sentença de indeferimento de petição inicial – o APELAÇÃO
juiz nem sequer mandou citar o réu – geralmente, o proces-
so foi extinto sem o julgamento do mérito (exceto prescrição Cabimento
e decadência) e, conforme artigo 331, havendo a apelação o Apelação é o recurso que cabe contra sentença (artigo
juiz poderá reconsiderar a sua sentença no prazo de 5 dias; 1009, CPC). Sentença, até 2005, era o ato capaz de por fim ao
b) sentença de improcedência liminar – artigo 332 – no caso, processo em 1º grau de jurisdição; a partir de 2005, passou
o pedido da inicial foi examinado e julgado no mérito im- a ser o ato capaz de por fim à fase de conhecimento, isto é,
procedente de plano, sendo que se houver apelação o juiz a decisão de extinção proferida nos termos dos artigos 485
tem 5 dias para reconsiderar. ou 487, CPC (antigos 267 ou 269, CPC/1973), proferida em
e) Expansivo 1ª instância.
O efeito expansivo pode ser visto sob duas perspectivas: Há exceções nas leis especiais, casos em que apesar de
objetivo e subjetivo. se ter sentença o recurso cabível não é apelação – por exem-
No efeito expansivo objetivo, embora o recurso só te- plo, sentença que decreta falência, da qual cabe agravo; ou
nha um objeto, o Tribunal poderá apreciar outros pedidos sentença dos juizados especiais cíveis ou federais, da qual
inter-relacionados com aquele que foi objeto, isto é, aumen- cabe agravo inominado; ou ainda, no novo Código, a deci-
ta-se o objeto do recurso. Pressupõe que na petição inicial são do julgamento antecipado parcial de mérito.
tenham sido formulados pedidos interligados. Por exemplo, Ressalta-se, contudo, que a partir do CPC/2015 não ape-
o acolhimento de alimentos depende do resultado positivo nas a sentença será objeto da apelação, eis que o §1º do
na investigação de paternidade nesta ação cumulada. Se a artigo 1009 prevê que “as questões resolvidas na fase de
parte só apelar da investigação de paternidade e o Tribunal conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar
acolher, modificará a questão dos alimentos. agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventual- Efeitos


mente interposta contra a decisão final, ou nas contrarra- Há efeito devolutivo (artigo 1013, CPC).
zões”. Antes qualquer decisão interlocutória no processo da Em regra, há efeito suspensivo, mas se a lei quiser
qual não coubesse agravo de instrumento deveria ser im- pode expressamente retirá-lo – por exemplo, o faz no ar-
pugnada em agravo retido e o pedido de apreciação rei- tigo 1002, §1º, CPC (sentença produzirá efeitos imediatos
terado na apelação, mas como o recurso foi extinto caberá mesmo que se apele), que traz casos como o de sentença
a alegação em preliminar de apelação. No caso, se abrirá que concede alimentos, sentença cautelar, sentença que
prazo de 15 dias para contrarrazões (artigo 1009, §2º, CPC). mantém liminar e sentença de improcedência a embargos
A disposição “aplica-se mesmo quando as questões mencio- à execução. Mesmo nestes casos em que a lei retira o efeito
nadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença” (artigo suspensivo, a parte pode pedir ao juiz que o conceda (art.
1009, §3º, CPC). 1002, §2º). Se o efeito for somente devolutivo, cabe execu-
ção provisória.
Tempestividade Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo.
O prazo para interposição é de 15 dias. § 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa
a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a
Preparo
sentença que:
Em regra, há preparo, a ser apurado na perspectiva da
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
lei estadual de custas (TJ) ou da lei federal de custas (TRF).
II - condena a pagar alimentos;
Não há porte de remessa e retorno.
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improce-
Regularidade formal dentes os embargos do executado;
Somente é possível interpor recurso de apelação na IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitra-
forma escrita, contendo petição de interposição ao juízo “a gem;
quo”, que proferiu a decisão recorrida, e petição de razões V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
ao juízo “ad quem”, que poderá reformá-la (TJ na justiça es- VI - decreta a interdição.
tadual e TRF na justiça federal). Há preclusão consumativa § 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o
se as razões não são apresentadas junto com a petição de pedido de cumprimento provisório depois de publicada a
interposição. sentença.
A apelação deverá conter, nos termos do artigo 1010, § 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas
CPC: “I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposi- hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento
ção do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma dirigido ao:
ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova deci- I - tribunal, no período compreendido entre a interposi-
são”. Não se pode inovar na apelação, salvo motivo de força ção da apelação e sua distribuição, ficando o relator desig-
maior (artigo 1014, CPC). nado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
Improcedência ou procedência em julgamento mo- § 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá
nocrático ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a pro-
Aplicam-se à apelação todos os requisitos gerais de ad- babilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante
missibilidade e uma especificidade prevista nos artigos 1011, a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil
I, CPC c/c 932, III e IV, CPC: “IV - negar provimento a recurso reparação.
que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conheci-
do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) mento da matéria impugnada.
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repe-
pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no
titivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde
de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
que relativas ao capítulo impugnado.
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação
de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Jus- § 3o Se o processo estiver em condições de imediato
tiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas quando:
ou de assunção de competência”. I - reformar sentença fundada no art. 485;
É como se fosse uma “súmula impeditiva”. Toda vez que II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela con-
a apelação visar contrariar a súmula do STF ou do STJ, o juiz gruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
relator a julgará monocraticamente. Esta súmula impeditiva III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos,
não é necessariamente súmula vinculante. Por isso, a regra hipótese em que poderá julgá-lo;
não é absoluta, o juiz pode dar regular processamento se IV - decretar a nulidade de sentença por falta de funda-
achar que a súmula merece ser revista. mentação.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 4o Quando reformar sentença que reconheça a de- Em ambos os casos, sendo o argumento acatado pelo
cadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o juiz, cabe recurso de apelação, que agora tramitará pelo
mérito, examinando as demais questões, sem determinar o procedimento geral, sem especificidades, pois já não se tra-
retorno do processo ao juízo de primeiro grau. ta mais propriamente de inépcia da inicial, mas de extinção
§ 5o  O capítulo da sentença que confirma, concede ou sem julgamento do mérito.
revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.
b) Apelação contra sentença de improcedência de
Processamento – regra geral plano – art. 332, CPC
- A apelação é apresentada em 1º grau (juízo “a quo”), Aqui, a sentença é de improcedência, que é proferida
que a recebe e dá processamento. Dos efeitos indevidamente desde logo.
concedidos à apelação cabe pedido de concessão do efeito Interposta a apelação, também há juízo de retratação, no
suspensivo ou então agravo de instrumento para pedido de prazo de 5 dias. Se o juiz se retratar o processo continua, se
retirada do efeito suspensivo. não se retratar, antes de remeter ao Tribunal, deverá mandar
- Recebida, o juiz intimará o apelado para as contrarra- citar o réu para apresentar suas contrarrazões. A apelação
zões e depois encaminhará ao Tribunal. subirá com as alegações do autor e com as alegações do réu.
- Chegando em 2º grau, a apelação é distribuída para al- O Tribunal poderá: manter a sentença (condenando o
guma das câmaras do Tribunal. Se já houver recurso anterior autor a pagar honorários advocatícios, pois já houve contra-
no mesmo processo, a apelação será distribuída por depen- ditório); anular a sentença, devolvendo para prosseguimento
dência. Após, será escolhido um relator. (bastará intimar o réu para oferecer contestação, porque já
- O relator tem poderes, inclusive o de negar de plano o foi citado); reformar a sentença julgando totalmente proce-
seguimento à apelação fazendo juízo negativo de admissibi- dente a ação (não será procedência de plano porque o réu
lidade e o de negar ou dar provimento de plano ao recurso já exerceu o contraditório), caso a causa já esteja madura ou
caso contrarie súmula de Tribunal superior ou julgamento em envolva matéria de direito.
recurso repetitivo do STF ou STJ. Contra a decisão neste senti-
do cabe agravo interno, sendo julgado pela câmara julgadora AGRAVO
do recurso principal. Agravo é um recurso que pode ser interposto de mais
- Se o relator entender que não é caso de julgar de plano, de uma maneira, sempre contra decisões de natureza inter-
fará relatório e encaminhará ao julgamento pela câmara. locutória.
- No julgamento, a apelação é examinada por 3 juízes e
Cabimento
a decisão é tomada por maioria de votos, tanto na admissibi-
Cabe contra decisões de 1º grau e contra decisões pro-
lidade quanto no mérito. De início, será efetuado novo juízo
feridas nos Tribunais.
de admissibilidade (conhece ou não conhece). Cada requisito
Em 1º grau, cabe agravo contra decisões interlocutórias
de admissibilidade que for questionado deve ser votado indi-
proferidas pelo juiz (são atos de conteúdo decisório que não
vidualmente (a maioria dos votos deve ser alcançada isolada-
põem fim ao processo). Nos Tribunais, cabe agravo contra
mente pelo requisito). decisões unilaterais do relator ou do presidente/vice-presi-
dente do órgão.
Processamento – regras específicas
Há duas hipóteses em que o processamento regra geral Formas
sofre modificações, notadamente em seus estágios iniciais: - 1º grau – agravo de instrumento.
a) Apelação contra sentença de indeferimento de ini- - Decisão do relator que julgou um recurso sozinho (de-
cial – art. 331, CPC cisão monocrática) – agravo regimental ou agravo interno
Em regra, a extinção será sem julgamento do mérito (ar- (são as 2 expressões usadas).
tigo 485), mas excepcionalmente poderá ser com julgamento - Decisão de inadmissibilidade em Recurso Especial e
do mérito (prescrição e decadência, artigo 487). Recurso Extraordinário proferida pelo presidente ou vice-
A diferença procedimental com relação à regra geral é -presidente do STF ou STJ – agravo em recurso especial ou
que, interposta a apelação, o juiz tem o prazo de 5 dias para extraordinário.
reformar sua própria sentença, isto é, cabe juízo de retratação.
Se o juiz voltar atrás, receberá a apelação e mandará subir Agravo de instrumento
ao Tribunal sem contrarrazões.
O Tribunal poderá manter ou reformar a sentença. Se re- a) Cabimento
formar, volta para a 1ª instância e continua a correr. O réu po- Forma de interposição do agravo que exige previsão ex-
derá alegar na contestação o mesmo fundamento que havia pressa da lei, destacando-se o artigo 1015:
embasado o indeferimento da inicial, apesar da reforma do Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões
Tribunal (pois o afastamento que o Tribunal faz é “inaudita interlocutórias que versarem sobre:
altera parte”, ou seja, sem oitiva da outra parte, sem contra- I - tutelas provisórias;
ditório, possuindo por natureza caráter provisório), trazendo Possibilidade de perigo de prejuízo irreparável ou de di-
argumentos e provas de que o Tribunal deveria ter mantido fícil reparação (situações de urgência).
a decisão de indeferimento da inicial, ou trazer outro funda- II - mérito do processo;
mento favorável ao indeferimento da inicial. A exemplo a sentença que decreta falência.

77
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; c) Processamento


IV - incidente de desconsideração da personalidade jurí- - O agravo de instrumento é sempre escrito.
dica; - Prazo: 15 dias, para razões e contrarrazões.
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhi- - É possível protocolar no Tribunal direto, enviar por cor-
mento do pedido de sua revogação; reio ou faz e utilizar o protocolo integrado no próprio fórum
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; (artigo 1017, § 2o: “No prazo do recurso, o agravo será inter-
VII - exclusão de litisconsorte; posto por: I - protocolo realizado diretamente no tribunal
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob
X - concessão, modificação ou revogação do efeito sus- registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de da-
pensivo aos embargos à execução; dos tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma pre-
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. vista em lei”).
373, § 1º; - Em princípio, existe preparo, mas isso pode variar de
XII - (VETADO); um Tribunal para outro.
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. - Interposto o agravo, o agravante deve, no prazo de 3
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento dias, comunicar a interposição ao órgão “a quo”. É um ônus
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquida- do agravante. Sem esta comunicação: a) o juiz não saberia
ção de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo que sai decisão não está preclusa; b) o juiz não teria ciên-
de execução e no processo de inventário. cia da possibilidade de exercer juízo de retratação. A con-
Pois se o agravo fosse retido, jamais seria julgado, já que sequência para o agravante do não cumprimento da tarefa
os autos somente sobem no momento da apelação, recurso – cabendo ao agravado informar este fato – é o não conhe-
interposto ao final da fase de conhecimento em 1º grau, e cimento do recurso pelo Tribunal (mas o Tribunal não pode
já se está na fase de execução, quando não mais poderia ser de ofício não conhecer do agravo pela falta de cumprimento
interposta. deste ônus, é o agravado que deve comunicar o órgão “ad
quem”).
b) Formação do instrumento Art. 1.018.  O agravante poderá requerer a juntada, aos
Este é o único recurso do ordenamento jurídico inter- autos do processo, de cópia da petição do agravo de instru-
posto no órgão “ad quem”. mento, do comprovante de sua interposição e da relação dos
Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido dire- documentos que instruíram o recurso.
tamente ao tribunal competente, por meio de petição com os § 1o  Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a
seguintes requisitos: decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de ins-
I - os nomes das partes; trumento.
II - a exposição do fato e do direito; § 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a
decisão e o próprio pedido; contar da interposição do agravo de instrumento.
IV - o nome e o endereço completo dos advogados cons- § 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o,
tantes do processo. desde que arguido e provado pelo agravado, importa inad-
O instrumento formado é composto de cópias do pro- missibilidade do agravo de instrumento.
cesso, que ainda está em trâmite, para que o Tribunal conhe- - No Tribunal, o primeiro passo é a designação de um re-
ça o necessário do processo. Quem forma o instrumento é lator (não há revisor). O relator tem o poder de: a) negar ou
o agravante. dar provimento de plano quando verificar que é contrário a
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será ins- súmula de tribunal superior ou julgamento em demanda re-
truída: petitiva do STF ou STJ (artigo 932, III e IV, CPC) – decisão esta
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da unilateral, da qual cabe agravo interno; b) em regra, o agravo
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da de instrumento não tem os efeitos suspensivo e ativo, mas
própria decisão agravada, da certidão da respectiva intima- é permitido ao agravante pedir a concessão destes efeitos,
ção ou outro documento oficial que comprove a tempestivida- cabendo ao relator unilateralmente decidir; d) não sendo o
de e das procurações outorgadas aos advogados do agravante caso das hipóteses anteriores, o relator intimará o agravado,
e do agravado; na pessoa de seu advogado, para oferecer contrarrazões em
II - com declaração de inexistência de qualquer dos docu- 15 dias; e) o relator deve abrir vista ao Ministério Público de
mentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravan- 2ª instância se for o caso para manifestação em 15 dias (ar-
te, sob pena de sua responsabilidade pessoal; tigo 1019, CPC) (após o MP se manifestar, é designada data
III - facultativamente, com outras peças que o agravan- para o julgamento do recurso). “O relator solicitará dia para
te reputar úteis. julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intima-
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do paga- ção do agravado” (artigo 1020, CPC).
mento das respectivas custas e do porte de retorno, quando - Juízo de retratação – o juiz tomará conhecimento da
devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. interposição do agravo de instrumento, bem como do seu
Bastam cópias, não precisam ser autenticadas. teor. Quando isso ocorrer, querendo, o juiz de 1º grau pode
alterar sua decisão. O juiz pode se retratar até o agravo ser

78
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

julgado. Havendo retratação, deve ser imediatamente co- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


municada ao Tribunal. Se houver retratação parcial o Tribu-
nal declarará o agravo parcialmente prejudicado e só julga- Cabimento e sucumbência
rá a parte que o juiz manteve. Se a retratação for completa, O CPC diz que os embargos de declaração são recurso,
o agravo ficará inteiramente prejudicado – neste caso, cabe disciplinando-os nos artigos 1022 e seguintes do CPC, então
ainda novo agravo. não faria sentido dizer que não são. No entanto, inegável
que se tratam de recurso que prestam a função diversa da-
Agravo interno ou regimental quela que os demais recursos possuem, que é a alteração da
Há críticas à nomenclatura agravo regimental, pois não decisão judicial.
está previsto em regimento, mas em lei. Contudo, é regu- Basicamente, a finalidade dos embargos é a de aclarar
lado pelo regimento. O novo CPC adota a nomenclatura ou integrar a decisão judicial. Busca-se um esclarecimento
agravo interno, que tecnicamente é a mais correta. do juízo por alguma omissão, obscuridade ou contradição.
Cabe contra decisões unilaterais do relator que julguem Em regra, não se pretende qualquer alteração.
o recurso: não conhece/conhece e nega provimento/co- Por isso, não se exige que o embargante seja sucum-
nhece e dá provimento. bente. O vencedor pode embargar de declaração.
O prazo para interposição é de 15 dias.
O relator poderá se retratar quando de sua interposi- Decisão recorrida
ção. Se não o fizer, o recurso será julgado pela Câmara jul- Conforme o artigo 1022, embargos de declaração ca-
gadora. bem contra qualquer ato decisório (de qualquer processo
Se não for interposto este agravo, a decisão transita em – conhecimento, cautelar, execução, juizados especiais, juris-
julgado, sendo que não caberá Recurso Especial ou Recur- dição voluntária e processos administrativos), não importa
so Extraordinário, pois não se respeitou o esgotamento das se decisão interlocutória, sentença, acórdão, decisão mono-
instâncias. crática.
Caso seja considerado inadmissível ou improcedente Além disso, os embargos de declaração se justificam até
contra a fundamentação, pois a Constituição Federal deter-
em votação unânime, cabe 1% a 5% de multa sobre o valor
mina que todas as decisões devem ser fundamentadas.
da causa estabelecida em decisão fundamentada do órgão
julgador.
Fundamentos
Art. 1.021.  Contra decisão proferida pelo relator caberá
Os embargos devem se fundamentar em obscuridade,
agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observa-
contradição ou omissão. O CPC anterior falava em dúvida,
das, quanto ao processamento, as regras do regimento inter-
expressão que foi eliminada devido ao seu cunho subjeti-
no do tribunal.
vo. Na fundamentação do recurso, deve-se apontar o vício,
§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugna-
independente de dizer se há obscuridade, contradição ou
rá especificadamente os fundamentos da decisão agravada. omissão.
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o a) Obscuridade: falta de clareza, duplo sentido, ambi-
agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de guidade. Ex.: citação em alemão de 4 páginas e procedência
15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, abaixo.
o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com b) Contradição: falta de coerência, aspectos que se ex-
inclusão em pauta. cluem, entre duas partes da fundamentação, entre duas par-
§ 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fun- tes do dispositivo ou entre uma parte da fundamentação e
damentos da decisão agravada para julgar improcedente o outra do dispositivo. Não há contradição entre a lei externa
agravo interno. e a aplicação dela ao caso, isso é manifestação de inconfor-
§ 4o Quando o agravo interno for declarado manifesta- mismo.
mente inadmissível ou improcedente em votação unânime, c) Omissão: o juiz deixa de se manifestar sobre algo que
o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o seja relevante ao processo, sobre algo a respeito do qual o
agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cin- juiz deveria se manifestar.
co por cento do valor atualizado da causa.
§ 5o A interposição de qualquer outro recurso está condi- Embargos de declaração com efeito infringente ou
cionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4o, modificativo
à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade Pode ser que o juiz altere a decisão para sanar vício exis-
da justiça, que farão o pagamento ao final. tente. Aliás, em alguns casos, é uma consequência natural,
embora indireta. Ex.: juiz fundamenta a decisão dizendo que
Agravo em recurso especial e extraordinário o autor tem razão e julga improcedente.
Cabe contra decisões de inadmissibilidade do recurso Se a parte não apontar nenhum destes vícios e opor em-
especial ou extraordinário proferidas pelo presidente ou bargos de declaração para modificar a decisão, não obterá
vice-presidente do STJ ou do STF. Será estudado a parte sucesso. O juiz não pode modificar a decisão nos embargos
quando do estudo dos recursos nos tribunais superiores. com exclusivo efeito infringente. Há pouquíssimas exceções.
Só cabem embargos de declaração com efeito infringente
exclusivo quando houver erro de fato comprovável de pla-

79
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

no. Ex.: acórdão faz contagem errada do prazo e não admite d) Interruptivo: os embargos de declaração tem efeito
o recurso, a parte opõe embargos de declaração e eles são exclusivo de interromper o prazo para outros recursos. O
admitidos, o que modifica a decisão sem que haja obscuri- legislador o estabeleceu porque aquele que entra com em-
dade, contradição ou omissão, mas sim ERRO DE FATO (não bargos de declaração quer sanar um vício e não manifestar
se trata de erro de julgamento). Ex.: houve desistência ou seu inconformismo. Não há, então, prejuízo ao recurso que
acordo antes da sentença, não foi juntada contestação tem- manifestará o inconformismo, possibilitando ainda que ele
pestiva e decisão decretou revelia – nos dois casos, há erro seja interposto de uma decisão clara. O prazo é interrompi-
de fato. do para todas as partes, ainda que por apenas uma delas.

Procedimento Embargos protelatórios


Nos juizados especiais cíveis, são orais; nos demais ca- Para existir a eficácia interruptiva, não importa se os
sos, são escritos, devendo ser opostos em 5 dias. O prazo embargos foram opostos de má-fé (apenas para interrom-
corre em dobro para Fazenda Pública, Ministério Público, per o prazo) ou não foram acolhidos. A jurisprudência só
Defensoria Pública e litisconsortes com advogados diversos.
admite uma hipótese na qual os embargos de declaração
Deverão ser opostos contra o mesmo órgão que proferiu
não possuem eficácia interruptiva: se os próprios embar-
a decisão, de preferência com apreciação pelo mesmo juiz
gos de declaração estiverem fora do prazo (senão, a pessoa
(salvo aposentadoria ou morte).
sempre teria um meio para afastar a intempestividade de
Cabe embargos de declaração de embargos de decla-
ração se o juiz não esclarecer o suficiente ou trouxer mais qualquer recurso). Nos casos de oposição com má-fé é pre-
dúvidas. vista uma multa se o juiz verificar o caráter protelatório – 2%
Como em regra eles não modificam a decisão, não do valor da causa, chegando a 10% em caso de reiteração.
há sentido em abrir para contrarrazões. Contudo, o novo Também não serão admitidos novos se os dois anteriores
CPC/2015 prevê que deve ser aberto prazo para a parte con- tiverem sido considerados protelatórios.
trária contrarrazoar facultativamente, caso sinta que os em-
bargos podem gerar alteração na decisão que a desfavoreça. Complementação da apelação
Art. 1.024.  O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. Se uma parte interpõe apelação sem razões, há preclu-
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos são consumativa. Então, se o fizer antes de a outra parte
em mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não ha- opor embargos de declaração, quando sobrevier a decisão
vendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em dos embargos, poderá complementar as razões da apela-
pauta automaticamente. ção, mas este aditamento deverá ficar restrito ao conteúdo
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos modificado nos embargos.
contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal pro-
ferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada Embargos de declaração como pré-questionamento
decidi-los-á monocraticamente. A súmula 98 do STJ diz que embargos de declaração
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de de- podem servir de pré-questionamento, requisito essencial
claração como agravo interno se entender ser este o recurso de admissibilidade nos recursos extraordinário e especial.
cabível, desde que determine previamente a intimação do Art. 1.025, CPC. Consideram-se incluídos no acórdão os
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-ques-
as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do tionamento, ainda que os embargos de declaração sejam
art. 1.021, § 1o. inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
implique modificação da decisão embargada, o embargado
que já tiver interposto outro recurso contra a decisão origi-
TÍTULO II
nária tem o direito de complementar ou alterar suas razões,
DOS RECURSOS
nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze)
dias, contado da intimação da decisão dos embargos de de-
CAPÍTULO I
claração.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou
não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso
Art. 994.  São cabíveis os seguintes recursos:
interposto pela outra parte antes da publicação do julga-
I - apelação;
mento dos embargos de declaração será processado e jul-
II - agravo de instrumento;
gado independentemente de ratificação.
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
Efeitos
V - recurso ordinário;
a) Devolutivo: devolve para o mesmo juiz a matéria es-
VI - recurso especial;
pecífica para nova decisão.
VII - recurso extraordinário;
b) Suspensivo: não há, a decisão pode ser executada.
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
c) Translativo: existe, permitindo o exame de ofício de
IX - embargos de divergência.
matéria de ordem pública.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 995.  Os recursos não impedem a eficácia da decisão, § 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido
salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. pelo correio, será considerada como data de interposição a
Parágrafo único.  A eficácia da decisão recorrida poderá data de postagem.
ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para
de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou im- interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze)
possível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de dias.
provimento do recurso. § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado
Art. 996.  O recurso pode ser interposto pela parte venci- local no ato de interposição do recurso.
da, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como Art. 1.004.  Se, durante o prazo para a interposição do
parte ou como fiscal da ordem jurídica. recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advoga-
Parágrafo único.  Cumpre ao terceiro demonstrar a pos- do ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso
sibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte,
apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr
que possa discutir em juízo como substituto processual. novamente depois da intimação.
Art. 997.  Cada parte interporá o recurso independente- Art. 1.005.  O recurso interposto por um dos litisconsor-
mente, no prazo e com observância das exigências legais. tes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por interesses.
qualquer deles poderá aderir o outro. Parágrafo único.  Havendo solidariedade passiva, o
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso inde- recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros
pendente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quan- quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
to aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, Art. 1.006.  Certificado o trânsito em julgado, com men-
salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: ção expressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso inde- de secretaria, independentemente de despacho, providencia-
pendente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para rá a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco)
responder; dias.
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário Art. 1.007.  No ato de interposição do recurso, o recor-
e no recurso especial; rente comprovará, quando exigido pela legislação pertinen-
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso te, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de re-
principal ou se for ele considerado inadmissível. torno, sob pena de deserção.
Art. 998.  O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a § 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de re-
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. messa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério
Parágrafo único.  A desistência do recurso não impede a Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados,
análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reco- pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que go-
nhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraor- zam de isenção legal.
dinários ou especiais repetitivos. § 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte
Art. 999.  A renúncia ao direito de recorrer independe da de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente,
aceitação da outra parte. intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
Art. 1.000.  A parte que aceitar expressa ou tacitamente a prazo de 5 (cinco) dias.
decisão não poderá recorrer. § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, de retorno no processo em autos eletrônicos.
sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de § 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interpo-
recorrer. sição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte
Art. 1.001.  Dos despachos não cabe recurso. de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
Art. 1.002.  A decisão pode ser impugnada no todo ou em advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena
parte. de deserção.
Art. 1.003.  O prazo para interposição de recurso conta-se § 5o É vedada a complementação se houver insuficiência
da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no
Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Públi- recolhimento realizado na forma do § 4o.
co são intimados da decisão. § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão in- relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-
timados em audiência quando nesta for proferida a decisão. lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao pra- § 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não
zo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao rela-
anteriormente à citação. tor, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
protocolada em cartório ou conforme as normas de organiza- Art. 1.008.  O julgamento proferido pelo tribunal substi-
ção judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. tuirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

CAPÍTULO II Art. 1.013.  A apelação devolverá ao tribunal o conheci-


DA APELAÇÃO mento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo
Art. 1.009.  Da sentença cabe apelação. tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo,
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas
decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, ao capítulo impugnado.
não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em pre- § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um funda-
liminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão mento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá
final, ou nas contrarrazões. ao tribunal o conhecimento dos demais.
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em § 3o Se o processo estiver em condições de imediato jul-
contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) gamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
dias, manifestar-se a respeito delas. I - reformar sentença fundada no art. 485;
§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela con-
quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem ca- gruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
pítulo da sentença. III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos,
Art. 1.010.  A apelação, interposta por petição dirigida ao hipótese em que poderá julgá-lo;
juízo de primeiro grau, conterá: IV - decretar a nulidade de sentença por falta de funda-
I - os nomes e a qualificação das partes; mentação.
II - a exposição do fato e do direito; § 4o Quando reformar sentença que reconheça a deca-
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de dência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
nulidade; examinando as demais questões, sem determinar o retorno do
IV - o pedido de nova decisão. processo ao juízo de primeiro grau.
§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarra- § 5o O capítulo da sentença que confirma, concede ou re-
zões no prazo de 15 (quinze) dias. voga a tutela provisória é impugnável na apelação.
Art. 1.014.   As questões de fato não propostas no juízo
§ 2o Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz inti-
inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar
mará o apelante para apresentar contrarrazões.
que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de
CAPÍTULO III
juízo de admissibilidade.
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Art. 1.011.  Recebido o recurso de apelação no tribunal e
distribuído imediatamente, o relator:
Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as deci-
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do
sões interlocutórias que versarem sobre:
art. 932, incisos III a V; I - tutelas provisórias;
II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu II - mérito do processo;
voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado. III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
Art. 1.012.  A apelação terá efeito suspensivo. IV - incidente de desconsideração da personalidade jurí-
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a dica;
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sen- V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhi-
tença que: mento do pedido de sua revogação;
I - homologa divisão ou demarcação de terras; VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
II - condena a pagar alimentos; VII - exclusão de litisconsorte;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improce- VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
dentes os embargos do executado; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; X - concessão, modificação ou revogação do efeito sus-
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; pensivo aos embargos à execução;
VI - decreta a interdição. XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido 373, § 1o;
de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. XII - (VETADO);
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóte- XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
ses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: Parágrafo único.  Também caberá agravo de instrumento
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquida-
da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado ção de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo
para seu exame prevento para julgá-la; de execução e no processo de inventário.
II - relator, se já distribuída a apelação. Art. 1.016.  O agravo de instrumento será dirigido dire-
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser tamente ao tribunal competente, por meio de petição com os
suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade seguintes requisitos:
de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamen- I - os nomes das partes;
tação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. II - a exposição do fato e do direito;

82
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por
decisão e o próprio pedido; carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador
IV - o nome e o endereço completo dos advogados cons- constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso
tantes do processo. de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda
Art. 1.017.  A petição de agravo de instrumento será ins- no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a docu-
truída: mentação que entender necessária ao julgamento do recurso;
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da III - determinará a intimação do Ministério Público, pre-
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da ferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua
própria decisão agravada, da certidão da respectiva intima- intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze)
ção ou outro documento oficial que comprove a tempestivida- dias.
de e das procurações outorgadas aos advogados do agravante Art. 1.020.  O relator solicitará dia para julgamento em
e do agravado; prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado.
II - com declaração de inexistência de qualquer dos docu-
mentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravan- CAPÍTULO IV
te, sob pena de sua responsabilidade pessoal; DO AGRAVO INTERNO
III - facultativamente, com outras peças que o agravante
reputar úteis. Art. 1.021.  Contra decisão proferida pelo relator caberá
§ 1o  Acompanhará a petição o comprovante do paga- agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas,
mento das respectivas custas e do porte de retorno, quando quanto ao processamento, as regras do regimento interno do
devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. tribunal.
§ 2o  No prazo do recurso, o agravo será interposto por: § 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugna-
I - protocolo realizado diretamente no tribunal compe- rá especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
tente para julgá-lo; § 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o
II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou sub- agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15
seção judiciárias; (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o rela-
III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; tor levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão
IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da em pauta.
lei; § 3o É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fun-
V - outra forma prevista em lei. damentos da decisão agravada para julgar improcedente o
§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de al- agravo interno.
gum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo § 4o Quando o agravo interno for declarado manifesta-
de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, mente inadmissível ou improcedente em votação unânime,
parágrafo único. o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o
§ 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco
de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser junta- por cento do valor atualizado da causa.
das no momento de protocolo da petição original. § 5o A interposição de qualquer outro recurso está condi-
§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se cionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4o,
as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade
agravante anexar outros documentos que entender úteis para da justiça, que farão o pagamento ao final.
a compreensão da controvérsia.
Art. 1.018.  O agravante poderá requerer a juntada, aos CAPÍTULO V
autos do processo, de cópia da petição do agravo de instru- DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
mento, do comprovante de sua interposição e da relação dos
documentos que instruíram o recurso. Art. 1.022.  Cabem embargos de declaração contra qual-
§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a de- quer decisão judicial para:
cisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instru- I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
mento. II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a III - corrigir erro material.
contar da interposição do agravo de instrumento. Parágrafo único.  Considera-se omissa a decisão que:
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julga-
desde que arguido e provado pelo agravado, importa inad- mento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
missibilidade do agravo de instrumento. competência aplicável ao caso sob julgamento;
Art. 1.019.  Recebido o agravo de instrumento no tribunal II - incorra em qualquer das condutas descritas no art.
e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação 489, § 1o.
do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: Art. 1.023.   Os embargos serão opostos, no prazo de 5
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do
em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam
recursal, comunicando ao juiz sua decisão; a preparo.

83
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.


§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, mani- LEI Nº 9.099 DE 26.09.1995
festar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opos- (ARTIGOS 3º AO 19) E
tos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da LEI Nº 12.153 DE 22.12.2009.
decisão embargada.
Art. 1.024.  O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em Entre os procedimentos especiais atualmente previstos
mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não haven- na legislação processual civil extravagante um dos mais im-
do julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta portantes é o dos juizados especiais. Neste sentido, três leis o
automaticamente. regulamentam: a Lei nº 9.099/95 trata dos juizados especiais
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos cíveis e criminais; a Lei nº 10.259/01 trata dos juizados fede-
contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferi- rais; e a Lei nº 12.153/09 trata dos juizados especiais da fazen-
da em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada deci- da pública. Aplica-se subsidiariamente o Código de Processo
di-los-á monocraticamente. Civil, desde que não se prejudique a celeridade do processo.
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de de- O procedimento dos juizados especiais é considerado
claração como agravo interno se entender ser este o recurso especial, visando tornar o processo mais célere e menos one-
cabível, desde que determine previamente a intimação do re- roso nas causas de menor complexidade. Segundo Theodoro
corrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as Jr., não se trata de um simples procedimento especial, pois há
razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. uma afetação direta na estrutura organizacional do Poder Ju-
1.021, § 1o. diciário, diante da previsão de criação de novos órgãos pela
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração im- União e pelos Estados, no âmbito de suas jurisdições.
plique modificação da decisão embargada, o embargado que
já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária 1 Princípios
tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos Além dos princípios constitucionais, como o contradi-
exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, tório, a isonomia, a publicidade e outros, nos juizados espe-
contado da intimação da decisão dos embargos de declara- ciais existem princípios específicos: oralidade, simplicidade,
ção. informalidade, economia processual e celeridade (artigo 2°,
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou Lei nº 9.099/95).
não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso O princípio da oralidade se verifica porque boa parte
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamen- dos atos são praticados oralmente, apenas com redução
to dos embargos de declaração será processado e julgado in- dos aspectos essenciais a termo: p. ex., é possível apresen-
dependentemente de ratificação. tar oralmente a petição inicial na secretaria do juizado, bem
Art. 1.025.  Consideram-se incluídos no acórdão os ele- como a contestação e os embargos de declaração.
mentos que o embargante suscitou, para fins de pré-ques- O princípio da informalidade vai além do da instrumen-
tionamento, ainda que os embargos de declaração sejam talidade das formas, buscando a celeridade e a facilidade de
inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere acesso: somente há nulidade se evidente o prejuízo e certos
existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade. casos que nos processos comuns poderiam ser declarados
Art. 1.026.  Os embargos de declaração não possuem nulos, aqui não o são. Por exemplo, não é preciso advoga-
efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição do e a colheita de provas é minimizada. Deve ser lido em
de recurso. conjunto com o princípio da simplicidade, pois ambos pre-
§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada pode- tendem a diminuição da massa de atos materiais que são
rá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada juntados no processo.
a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante Pelo princípio da economia processual, busca-se atingir
a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil o resultado com o menor esforço possível.
reparação. Pelo princípio da celeridade, o que se busca é chegar
§ 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos ao final do processo o mais rápido possível (por isso, não é
de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, aceita reconvenção, intervenção de terceiros e, nos juizados
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não especiais cíveis, prova pericial).
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3o Na reiteração de embargos de declaração manifesta- 2 Competência e legitimidade
mente protelatórios, a multa será elevada a até dez por cento Os juizados especiais cíveis – Lei nº 9.099/90 – são facul-
sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qual- tativos, ou seja, a parte pode optar pelo ingresso na justiça
quer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor comum se preferir, eis que ao optar pelo juizado especial cí-
da multa, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de vel estará abrindo mão de produzir provas complexas, como
gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. a pericial. Já no caso dos juizados especiais federais e da
§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declara- fazenda pública, por disposição expressa de lei – artigo 2º,
ção se os 2 (dois) anteriores houverem sido considerados §4º, Lei nº 12.153/09 e artigo 3º, §3º, Lei nº 10.259/01 – onde
protelatórios. houver o juizado instalado sua competência é absoluta,
logo, obrigatória e não facultativa.

84
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Os critérios de competência são determinados com base nos seguintes fatores: valor da causa, matéria ou pessoas.
Pelo valor da causa, o juizado especial cível irá julgar casos cujo valor não exceda a 40 salários mínimos, embora possa
julgar casos que excedam tal valor se forem dotados de menor complexidade (artigo 3°, Lei nº 9.099/95). Os acordos podem
superar este valor nos juizados especiais cíveis. O valor do pedido contraposto não pode superar o de 40 salários mínimos.
Destaca-se que o advogado somente é dispensável se o valor não exceder a 20 salários mínimos. É possível renunciar à parte
que exceda o valor de 40 salários mínimos para postular no juizado especial.
Já nos juizados federais (artigo 3º, Lei nº 10.259/01) e nos juizados especiais da fazenda pública (artigo 2º, Lei nº 12.153/09)
serão julgados pedidos cujo valor da causa não exceda 60 salários mínimos. Não existe um limite de valor para a dispensa de
advogado, podendo ocorrer em qualquer situação. O valor do pedido contraposto não pode superar 60 salários mínimos. Os
acordos não podem ultrapassar o valor de 60 salários mínimos. É possível renunciar à parte que exceda o valor de 60 salários
mínimos para postular no juizado especial.

JESP cíveis JESP federais JESP da fazenda pública


Valor da causa limite 40 salários mínimos 60 salários mínimos 60 salários mínimos
Pedido contraposto 40 salários mínimos 60 salários mínimos 60 salários mínimos
Dispensa de advogado 20 salários mínimos 60 salários mínimos 60 salários mínimos
Acordos Não há limite 60 salários mínimos 60 salários mínimos

Em razão da matéria, podem ser propostas no juizado todas as causas que possam correr pelo procedimento sumário (o
tema é delicado, eis que o procedimento foi extinto no CPC/2015 e o dispositivo da lei dos juizados ficou esvaziado). Também
o são as ações de despejo para uso próprio, ações possessórias de até 40 salários mínimos.
Certas matérias afastam a competência do juizado estadual, como as de natureza alimentar, fiscal e de interesse da Fa-
zenda Pública, além das relativas a acidentes de trabalho, resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho
patrimonial (artigo 3º, §2º, Lei nº 9.099/95). Também não cabem ações em face do INSS para postular benefícios acidentários
e nem ações com rito especial previamente definido.
A Constituição Federal delimita outras causas nas quais não é aceito o rito dos juizados especiais: mandado de seguran-
ça, desapropriação, divisão e demarcação, ações populares, execuções fiscais, demandas com interesses difusos/coletivos/
individuais homogêneos, causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou cidadão residente e
domiciliado no país, disputa sobre direitos indígenas. Nos juizados especiais cíveis federais a limitação é a mesma da justiça
federal, isto é, especificada no artigo 109 da CF, sendo que o valor máximo é de 60 salários mínimos.
Em razão das pessoas, no juizado estadual cível, somente pessoas físicas podem ajuizar demanda, além das microempre-
sas e empresas de pequeno porte, OSCIP, sociedades de crédito microempreendedor (artigo 8º, §1º, Lei nº 9.099/95). Jamais
podem participar das demandas, em qualquer polo, no juizado estadual cível, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direi-
to público, as empresas públicas, a massa falida e o insolvente (artigo 8º, caput, Lei nº 9.099/95).
No juizado especial federal, podem ser autoras as pessoas físicas, as microempresas e as empresas de pequeno porte;
podem ser rés a União, as autarquias, as fundações públicas e as empresas públicas federais; podem participar incapazes (com
intervenção do Ministério Público) e presos (artigo 6º, Lei nº 10.259/01).
No juizado especial da fazenda pública, podem ser autoras as pessoas físicas, as microempresas e as empresas de pe-
queno porte; podem ser réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações
e empresas públicas a eles vinculadas (artigo 5º, Lei nº 12.153/2009); podem participar incapazes (com intervenção do Minis-
tério Público) e presos.
Quanto à competência territorial dos juizados especiais cíveis, prevê o artigo 4° da Lei n. 9.099/95: “É competente, para
as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro: I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça
atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório; II - do lugar onde
a obrigação deva ser satisfeita; III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de
qualquer natureza. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste arti-
go”. Nos juizados especiais federais, o autor pode propor a ação contra a União em seu domicílio, no local do ato ou fato e no
Distrito Federal (artigo 109, §2°, CF) ou mesmo optar pela justiça local se não houver juizado especial federal em sua cidade,
ou seja, há escolha do autor. Nos juizados especiais da fazenda pública, o autor pode propor a ação contra os Estados e os
Municípios em seu domicílio ou no local do ato ou fato, ou seja, também há escolha do autor.

3 Das partes e seus advogados


No juizado especial cível não é admitida qualquer espécie de intervenção de terceiros, nem mesmo a assistência (arti-
go 10, Lei nº 9.099/95), disposição que se aplica subsidiariamente aos demais juizados especiais. Por exemplo, no caso dos
acidentes de veículo uma seguradora não pode sofrer denunciação da lide, embora o segurado tenha a obrigação de não
reconhecer o pedido, confessar ou transigir sem a sua anuência expressa (artigo 787, CC). Isso visa preservar a celeridade
processual. Já o litisconsórcio é admitido.

85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Nas causas até 20 salários mínimos, o advogado é dis- - Custas: em primeiro grau de jurisdição, os juizados es-
pensável, mas, se a parte contrária for uma pessoa jurídica peciais cíveis são isentos de custas, taxas ou despesas. Há
ou firma individual, o autor poderá obter um advogado pela condenação às custas nos casos de litigância de má fé e de o
assistência judiciária, em prol da isonomia entre as partes autor não comparecer às audiências designadas. O recurso
(artigo 9°, §1°, Lei nº 9.099/95). exige preparo, salvo se a parte for beneficiária da assistên-
Nos juizados especiais federais e da fazenda pública cia judiciária gratuita. Há ônus de sucumbência honorária ao
o advogado pode ser dispensado independentemente do recorrente vencido.
valor da causa, em 1ª instância, mas a parte pode ter um - Citações e intimações: a própria secretaria designa a
advogado sempre que desejar, devendo, se for o caso, ser conciliação e determina a citação do réu, que poderá ser
encaminhada à Defensoria Pública. por carta ou por oficial de justiça. Se a citação por edital se
Em todos os casos, a dispensa do advogado é restrita tornar necessária, o processo deve ser extinto. Contudo, é
à 1ª instância, sendo indispensável o advogado na fase re- admissível a citação por hora certa, nomeando-se curador
cursal. especial se o réu não comparecer. Há uma facilitação ge-
ral no processo de citação: tem-se admitido a assinatura do
4 Procedimento aviso de recebimento por alguém da mesma residência e a
O rito dos juizados está previsto na Lei nº 9.099/95 de entrega do mandado a pessoa encarregada da recepção de
forma detalhada, aplicando-se subsidiariamente às demais uma empresa. Se a audiência for una, o réu deve ser citado
leis de juizados especiais. com 10 dias de antecedência nos juizados estaduais e 30 nos
A principal distinção em termos de procedimento de- federais. As intimações serão feitas pela mesma forma das
corre do fato de que nos juizados especiais cíveis não se citações ou por outro meio idôneo, mesmo que eletrônico.
admite prova pericial no curso do processo; enquanto que - Revelia: a ausência do réu a qualquer audiência, não
expressamente o exame pericial é admitido nos demais apenas a falta de resposta, gera revelia.
juizados (artigo 10, Lei nº 12.153/09 e artigo 12, Lei nº - Audiência de conciliação: eventual acordo será assina-
10.259/01). Além disso, nos juizados especiais federais e da do pelas partes e pelo conciliador, sendo homologado pelo
fazenda pública, como há presença do Estado na condição juiz. Pode ser una ou não.
de parte, aborda-se a questão das prerrogativas proces- - Audiência de instrução e julgamento: poderá ser una
suais da Fazenda, excluindo-se o reexame necessário e a ou designada para até 15 dias a partir da conciliação, saindo
contagem diferenciada de prazo. as partes intimadas. No início da audiência, mais uma vez, o
Quanto ao procedimento como um todo, a Lei nº juiz deve tentar a conciliação. Em seguida, colherá as provas
9.099/95 traz os seguintes atos: e julgará. Na audiência, o juiz resolverá todos os incidentes
do processo.
A petição inicial é apresentada na secretaria do juizado,
- Resposta do réu: exceção de incompetência deve ser
de forma escrita ou verbal. O réu é citado para comparecer
apresentada na própria contestação e extingue o processo
à audiência de conciliação, a ser conduzida por juiz togado
sem julgamento do mérito, se acolhida. A impugnação ao
ou leigo ou por conciliador. Caso o réu, citado, não compa-
valor da causa também não é feita em peça separada. O fun-
reça, o juiz julgará a demanda. Se a ausência for do autor, o
damento jurídico é dispensável. Não se admite reconvenção,
processo será extinto sem julgamento do mérito.
mas sim pedido contraposto, a ser respondido pelo autor na
Caso não haja acordo, será designada audiência de ins-
própria audiência (ou em nova data, caso requeira).
trução e julgamento, para a qual as partes sairão intima-
- Provas: não se admite prova pericial, mas pode-se ou-
das. Nela, o réu irá apresentar sua contestação, que poderá vir um técnico especialista de confiança do juiz. No juizado
conter pedido contraposto, por escrito ou verbalmente. Na federal é permitida a realização de exame técnico necessário
audiência serão colhidas as provas necessárias e o juiz pro- à conciliação ou ao julgamento da causa. A colheita é feita
ferirá sentença. de forma informal, não precisa seguir com rigor as regras
Existe um procedimento ainda mais célere, no qual é do CPC. Cada parte pode ouvir até 3 testemunhas, indepen-
realizada apenas uma audiência de conciliação, instrução, dentemente de arrolamento prévio e intimação. Se a tes-
debates e julgamento, devendo o réu, ao ser citado, rece- temunha intimada não comparecer, pode-se fazer uso da
ber a advertência de que deverá apresentar na audiência condução coercitiva (imediata, se viável).
sua contestação, sob pena de revelia (artigo 27, parágrafo - Debates/alegações finais: A lei nada prevê sobre os
único, Lei nº 9.099/95). mesmos.
- Petição inicial: não precisa atender rigorosamente o - Sentença: a sentença de mérito é dada ao final da au-
artigo 282, até mesmo porque é possível que nem seja for- diência ou no prazo de 10 dias. Não é preciso relatório, basta
mulada por advogado. O endereço do réu deve estar cor- um resumo sucinto dos fatos, mas é obrigatório o funda-
reto, até mesmo por não se admitir citação por edital. O mento, esclarecendo o que formou a convicção do juiz. Deve
fundamento jurídico é dispensável, as os fatos devem ser ser sempre líquida, pois não se admite liquidação no juizado
indicados, bem como o bem da vida que pretende obter o especial. O valor da condenação não pode exceder o da al-
autor, possibilitando a defesa do réu. A cumulação de pe- çada do juizado.
didos é admitida. Cabe emenda e indeferimento da inicial, - Recursos: Nos juizados federais, só cabe contra sen-
mas antes de extinguir o processo o juiz deve realizar a au- tença de mérito. A competência para apreciação é do co-
diência de conciliação (artigo 51, II, Lei nº 9.099/95). légio recursal, composto por uma turma de três juízes to-

86
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

gados, em exercício no 1° grau de jurisdição, reunidos na II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
sede do juizado. Cabe no prazo de 10 dias da sentença. Em III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas
regra, tem apenas efeito devolutivo. Destaca-se que não ações para reparação de dano de qualquer natureza.
cabe agravo contra as decisões interlocutórias proferidas Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser
no juizado especial, mas todas as decisões podem ser exa- proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.
minadas no colégio recursal (exceções: contra decisão que
nega tutelas antecipadas ou cautelares e contra decisão Seção II
que indefere processamento do recurso). Ainda, no prazo Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos
de 5 dias da intimação das partes podem ser interpostos
embargos de declaração contra a sentença ou o acórdão, Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para deter-
havendo obscuridade, contradição, omissão ou dúvida (que minar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para
interrompem, o prazo para o recurso). Nos termos da sú- dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica.
mula 640 do Supremo Tribunal Federal “é cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar
grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juiza- mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às
do especial cível e criminal”, mas não se admite o recurso exigências do bem comum.
especial e os embargos infringentes. É comum o uso do
mandado de segurança com relação às decisões do juizado Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da
especial nos casos de lesão ou ameaça de lesão a direito. Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os ba-
charéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais
Lei nº 9.099/95 – Juizados especiais cíveis de cinco anos de experiência.
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de
Capítulo II exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto
Dos Juizados Especiais Cíveis no desempenho de suas funções.

Seção I Seção III


Da Competência Das Partes

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de me- esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito pú-
nor complexidade, assim consideradas: blico, as empresas públicas da União, a massa falida e o insol-
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o vente civil.
salário mínimo; § 1o  Somente serão admitidas a propor ação perante o
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Juizado Especial: 
Processo Civil; I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de
III - a ação de despejo para uso próprio; direito de pessoas jurídicas;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor II - as microempresas, assim definidas pela Lei no 9.841, de
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. 5 de outubro de 1999; 
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: II - as pessoas enquadradas como microempreendedores
I - dos seus julgados; individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de
quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 2006; 
1º do art. 8º desta Lei. III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Espe- da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no
cial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de 9.790, de 23 de março de 1999;
interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a aci- IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos
dentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.
pessoas, ainda que de cunho patrimonial. § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, indepen-
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei im- dentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.
portará em renúncia ao crédito excedente ao limite esta-
belecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação. Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as
partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
o Juizado do foro: § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, as-
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou es- sistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Jui-
critório; zado Especial, na forma da lei local.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocí- Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de dis-
nio por advogado, quando a causa o recomendar. tribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a ses-
§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo são de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.
quanto aos poderes especiais.
§ 4o  O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma indi- Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, ins-
vidual, poderá ser representado por preposto credenciado, taurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o
munido de carta de preposição com poderes para transigir, registro prévio de pedido e a citação.
sem haver necessidade de vínculo empregatício. Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá
ser dispensada a contestação formal e ambos serão aprecia-
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de dos na mesma sentença.
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o li-
tisconsórcio. Seção VI
Das Citações e Intimações
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos
em lei. Art. 18. A citação far-se-á:
I - por correspondência, com aviso de recebimento em
Seção IV mão própria;
Dos atos processuais II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obri-
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão rea- gatoriamente identificado;
lizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas III - sendo necessário, por oficial de justiça, independente-
de organização judiciária. mente de mandado ou carta precatória.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que para comparecimento do citando e advertência de que, não
preencherem as finalidades para as quais forem realizados,
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alega-
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
ções iniciais, e será proferido julgamento, de plano.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que te-
§ 2º Não se fará citação por edital.
nha havido prejuízo.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas
nulidade da citação.
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comu-
nicação.
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão regis-
citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.
trados resumidamente, em notas manuscritas, datilografa-
das, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos pode- § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão
rão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será desde logo cientes as partes.
inutilizada após o trânsito em julgado da decisão. § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de en-
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das dereço ocorridas no curso do processo, reputando-se efica-
peças do processo e demais documentos que o instruem. zes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado,
na ausência da comunicação.
Seção V
Do pedido Lei nº 12.153/09 – Juizados especiais da
Fazenda Pública
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do
pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em lin- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
guagem acessível: Art. 1o  Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; da justiça comum e integrantes do Sistema dos Juizados Es-
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; peciais, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos
III - o objeto e seu valor. Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julga-
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for mento e execução, nas causas de sua competência.
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. Parágrafo único.  O sistema dos Juizados Especiais dos
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria Estados e do Distrito Federal é formado pelos Juizados Espe-
do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou ciais Cíveis, Juizados Especiais Criminais e Juizados Especiais
formulários impressos. da Fazenda Pública.
Art. 2o  É de competência dos Juizados Especiais da Fa-
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei po- zenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de
derão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários míni-
naquele dispositivo. mos.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o  Não se incluem na competência do Juizado Especial Art. 13.  Tratando-se de obrigação de pagar quantia cer-
da Fazenda Pública: ta, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será
I – as ações de mandado de segurança, de desapropria- efetuado:
ção, de divisão e demarcação, populares, por improbidade ad- I – no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da en-
ministrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou trega da requisição do juiz à autoridade citada para a causa,
interesses difusos e coletivos; independentemente de precatório, na hipótese do § 3o do art.
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Fe- 100 da Constituição Federal; ou
deral, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públi- II – mediante precatório, caso o montante da condenação
cas a eles vinculadas; exceda o valor definido como obrigação de pequeno valor.
III – as causas que tenham como objeto a impugnação § 1o  Desatendida a requisição judicial, o juiz, imediata-
da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou mente, determinará o sequestro do numerário suficiente ao
sanções disciplinares aplicadas a militares. cumprimento da decisão, dispensada a audiência da Fazen-
§ 2o  Quando a pretensão versar sobre obrigações vin- da Pública.
cendas, para fins de competência do Juizado Especial, a § 2o  As obrigações definidas como de pequeno valor a
soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parce- serem pagas independentemente de precatório terão como
las vencidas não poderá exceder o valor referido no caput limite o que for estabelecido na lei do respectivo ente da
deste artigo. Federação.
§ 3o  (VETADO) § 3o  Até que se dê a publicação das leis de que trata o §
§ 4o  No foro onde estiver instalado Juizado Especial da 2o, os valores serão:
Fazenda Pública, a sua competência é absoluta. I – 40 (quarenta) salários mínimos, quanto aos Estados e
Art. 3o  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das ao Distrito Federal;
partes, deferir quaisquer providências cautelares e antecipa- II – 30 (trinta) salários mínimos, quanto aos Municípios.
tórias no curso do processo, para evitar dano de difícil ou de § 4o  São vedados o fracionamento, a repartição ou a
incerta reparação. quebra do valor da execução, de modo que o pagamento se
Art. 4o  Exceto nos casos do art. 3o, somente será admiti- faça, em parte, na forma estabelecida no inciso I do caput
do recurso contra a sentença. e, em parte, mediante expedição de precatório, bem como a
Art. 5o  Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda expedição de precatório complementar ou suplementar do
Pública: valor pago.
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e § 5o  Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido
empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Comple- para pagamento independentemente do precatório, o pa-
mentar no 123, de 14 de dezembro de 2006; gamento far-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo
II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor
e os Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo
públicas a eles vinculadas. sem o precatório.
Art. 6o  Quanto às citações e intimações, aplicam-se as § 6o  O saque do valor depositado poderá ser feito pela
disposições contidas na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 parte autora, pessoalmente, em qualquer agência do banco
– Código de Processo Civil. depositário, independentemente de alvará.
Art. 7o  Não haverá prazo diferenciado para a prática de § 7o  O saque por meio de procurador somente poderá
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito ser feito na agência destinatária do depósito, mediante pro-
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a cita- curação específica, com firma reconhecida, da qual constem
ção para a audiência de conciliação ser efetuada com ante- o valor originalmente depositado e sua procedência.
cedência mínima de 30 (trinta) dias. Art. 14.  Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão
Art. 8o  Os representantes judiciais dos réus presentes à instalados pelos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
audiência poderão conciliar, transigir ou desistir nos proces- Federal.
sos da competência dos Juizados Especiais, nos termos e nas Parágrafo único.  Poderão ser instalados Juizados Espe-
hipóteses previstas na lei do respectivo ente da Federação. ciais Adjuntos, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde
Art. 9o  A entidade ré deverá fornecer ao Juizado a docu- funcionará.
mentação de que disponha para o esclarecimento da causa, Art. 15.  Serão designados, na forma da legislação dos
apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação. Estados e do Distrito Federal, conciliadores e juízes leigos dos
Art. 10.  Para efetuar o exame técnico necessário à con- Juizados Especiais da Fazenda Pública, observadas as atribui-
ciliação ou ao julgamento da causa, o juiz nomeará pessoa ções previstas nos arts. 22, 37 e 40 da Lei no 9.099, de 26 de
habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes setembro de 1995.
da audiência. § 1o  Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da
Art. 11.  Nas causas de que trata esta Lei, não haverá Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
reexame necessário. bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
Art. 12.  O cumprimento do acordo ou da sentença, com mais de 2 (dois) anos de experiência.
trânsito em julgado, que imponham obrigação de fazer, não § 2o  Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a
fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado mediante ofício advocacia perante todos os Juizados Especiais da Fazenda
do juiz à autoridade citada para a causa, com cópia da sen- Pública instalados em território nacional, enquanto no de-
tença ou do acordo. sempenho de suas funções.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 16.  Cabe ao conciliador, sob a supervisão do juiz, § 6o  Publicado o acórdão respectivo, os pedidos reti-
conduzir a audiência de conciliação. dos referidos no § 1o serão apreciados pelas Turmas Recur-
§ 1o  Poderá o conciliador, para fins de encaminhamento sais, que poderão exercer juízo de retratação ou os declararão
da composição amigável, ouvir as partes e testemunhas so- prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior
bre os contornos fáticos da controvérsia. Tribunal de Justiça.
§ 2o  Não obtida a conciliação, caberá ao juiz presidir Art. 20.  Os Tribunais de Justiça, o Superior Tribunal de
a instrução do processo, podendo dispensar novos depoi- Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de suas com-
mentos, se entender suficientes para o julgamento da causa petências, expedirão normas regulamentando os procedimen-
os esclarecimentos já constantes dos autos, e não houver tos a serem adotados para o processamento e o julgamento
impugnação das partes. do pedido de uniformização e do recurso extraordinário.
Art. 17.  As Turmas Recursais do Sistema dos Juizados Art. 21.  O recurso extraordinário, para os efeitos desta Lei,
Especiais são compostas por juízes em exercício no primeiro será processado e julgado segundo o estabelecido no art. 19,
grau de jurisdição, na forma da legislação dos Estados e do além da observância das normas do Regimento.
Distrito Federal, com mandato de 2 (dois) anos, e integradas, Art. 22.  Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão
preferencialmente, por juízes do Sistema dos Juizados Espe- instalados no prazo de até 2 (dois) anos da vigência desta Lei,
ciais. podendo haver o aproveitamento total ou parcial das estrutu-
ras das atuais Varas da Fazenda Pública.
§ 1o  A designação dos juízes das Turmas Recursais obe-
Art. 23.  Os Tribunais de Justiça poderão limitar, por até 5
decerá aos critérios de antiguidade e merecimento.
(cinco) anos, a partir da entrada em vigor desta Lei, a compe-
§ 2o  Não será permitida a recondução, salvo quando
tência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, atendendo
não houver outro juiz na sede da Turma Recursal.
à necessidade da organização dos serviços judiciários e admi-
Art. 18.  Caberá pedido de uniformização de interpreta- nistrativos.
ção de lei quando houver divergência entre decisões proferi- Art. 24.  Não serão remetidas aos Juizados Especiais da
das por Turmas Recursais sobre questões de direito material. Fazenda Pública as demandas ajuizadas até a data de sua
§ 1o  O pedido fundado em divergência entre Turmas instalação, assim como as ajuizadas fora do Juizado Especial
do mesmo Estado será julgado em reunião conjunta das por força do disposto no art. 23.
Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador Art. 25.  Competirá aos Tribunais de Justiça prestar o su-
indicado pelo Tribunal de Justiça. porte administrativo necessário ao funcionamento dos Juiza-
§ 2o  No caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em dos Especiais.
cidades diversas poderá ser feita por meio eletrônico. Art. 26.  O disposto no art. 16 aplica-se aos Juizados Es-
§ 3o  Quando as Turmas de diferentes Estados derem a peciais Federais instituídos pela Lei no 10.259, de 12 de julho
lei federal interpretações divergentes, ou quando a decisão de 2001.
proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior Art. 27.  Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis
Tribunal de Justiça, o pedido será por este julgado. nos 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil,
Art. 19.  Quando a orientação acolhida pelas Turmas de 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 de julho
Uniformização de que trata o § 1o do art. 18 contrariar súmu- de 2001.
la do Superior Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá Art. 28.  Esta Lei entra em vigor após decorridos 6 (seis)
provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência. meses de sua publicação oficial.
§ 1o  Eventuais pedidos de uniformização fundados Brasília,  22  de dezembro de 2009; 188o da Independên-
em questões idênticas e recebidos subsequentemente em cia e 121o da República.
quaisquer das Turmas Recursais ficarão retidos nos autos,
aguardando pronunciamento do Superior Tribunal de Jus-
tiça.
§ 2o  Nos casos do caput deste artigo e do § 3o do art.
18, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo
fundado receio de dano de difícil reparação, poderá o relator
conceder, de ofício ou a requerimento do interessado, medida
liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a
controvérsia esteja estabelecida.
§ 3o  Se necessário, o relator pedirá informações ao Pre-
sidente da Turma Recursal ou Presidente da Turma de Uni-
formização e, nos casos previstos em lei, ouvirá o Ministério
Público, no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 4o  (VETADO)
§ 5o  Decorridos os prazos referidos nos §§ 3o e 4o, o re-
lator incluirá o pedido em pauta na sessão, com preferência
sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com
réus presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.

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EXERCÍCIOS Afirmativa II
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do
01) Aplicada em: 2016Banca: FUNDATEC Órgão: Pre- outro para propor ação que verse sobre direito real imo-
feitura de Porto Alegre – RS Prova: Procurador Municipal biliário, salvo quando casados sob o regime de separação
- Bloco I. Diante das disposições acerca dos honorários e absoluta de bens.
despesas processuais presentes no Código de Processo Ci-
vil (Lei nº 13.105/15), assinale a alternativa INCORRETA. Afirmativa III
a) Os procuradores municipais perceberão honorários Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passi-
de sucumbência, nos termos da lei. vamente:
b) Não sendo líquida a sentença, a definição do per- I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamen-
centual dos honorários nas causas em que a Fazenda Públi- te ou mediante órgão vinculado;
ca for parte somente ocorrerá quando liquidado o julgado.
c) Os limites e critérios para a fixação de honorários Afirmativa IV
nas causas em que a Fazenda Pública for parte aplicam-se Art. 75 § 4o Os Estados e o Distrito Federal poderão
inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem ajustar compromisso recíproco para prática de ato proces-
resolução de mérito. sual por seus procuradores em favor de outro ente federa-
d) Quando os honorários forem fixados em quantia do, mediante convênio firmado pelas respectivas procura-
certa, os juros moratórios incidirão a partir da data da cita- dorias.
ção da parte sucumbente.
e) São devidos honorários advocatícios no cumprimen- Gabarito: “D”
to provisório de sentença.
03) Aplicada em: 2016Banca: CESPE Órgão: PGE-AM
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar ho- Prova: Procurador do Estado. Acerca de tutela provisória,
norários ao advogado do vencedor. cumprimento de sentença e processos nos tribunais, julgue
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia o item a seguir.
certa, os juros moratórios incidirão a partir da data do trân- A tutela provisória antecipada poderá ser concedida
sito em julgado da decisão. em caráter antecedente, liminarmente e incidentalmente a
qualquer tempo, ao passo que a tutela provisória cautelar
Gabarito: “D”. só poderá ser concedida em caráter antecedente.
a) Certo
02) Aplicada em: 2016Banca: EXATUS Órgão: Ceron b) Errado
– RO Prova: Direito. A respeito da capacidade processual
estabelecida pela Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em
considere: urgência ou evidência.
I - O juiz nomeará curador especial ao réu preso revel, Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cau-
bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, telar ou antecipada, pode ser concedida em caráter ante-
enquanto não for constituído advogado. cedente ou incidental.
II - O cônjuge necessitará do consentimento do outro
para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, A Tutela Provisória, segundo ensina o autor Marcus
salvo quando casados sob o regime de separação absoluta Vinicius Rios Gonçalves, é “uma espécie de tutela diferen-
de bens. ciada, em que a cognição do juiz não é exauriente, mas
III - A União será representada em juízo, ativa e passi- sumária, fundada ou em verossimilhança ou em evidência,
vamente, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou razão pela qual terá natureza provisória, podendo ser, a
mediante órgão vinculado. qualquer tempo, revogada ou modificada”. Referido autor
IV - Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar a conceitua ainda como “a tutela diferenciada, emitida em
compromisso recíproco para prática de ato processual por cognição superficial e caráter provisório, que satisfaz ante-
seus procuradores em favor de outro ente federado, me- cipadamente ou assegura e protege uma ou mais preten-
diante convênio firmado pelas respectivas procuradorias. sões formuladas, em situação de urgência ou nos casos de
Está correto o que se afirma apenas em: evidência”. (GONÇALVES, 2016, p.347/348).
a) Apenas as afirmativas I, II e III.
b) Apenas as afirmativas II, III e IV. Gabarito: “B”
c) Apenas as afirmativas I e IV.
d) Todas as afirmativas estão corretas.

Afirmativa I
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por
edital ou com hora certa, enquanto não for constituído ad-
vogado.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

04) Aplicada em: 2016Banca: RHS Consult Órgão: Art. 303. Nos casos em que a urgência for contempo-
Prefeitura de Paraty – RJ Prova: Procurador. Considerando a rânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-
Lei nº 13.105/2015, no que tange à tutela provisória, assi- se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do
nale a alternativa correta. pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito
a) A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao
não pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. resultado útil do processo.
b) A tutela provisória requerida em caráter incidental de- § 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o
pende do pagamento de custas. caput deste artigo:
c) A tutela provisória não conserva sua eficácia na pen- I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a com-
dência do processo, e não pode ser revogada ou modificada. plementação de sua argumentação, a juntada de novos
d) Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em
conserva a eficácia durante o período de suspensão do pro- 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
cesso.
e) Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar Gabarito: “A”
a tutela provisória, o juiz está dispensado de motivar seu con-
vencimento. 06) Aplicada em: 2016 Banca: FCC Órgão: TRT - 20ª
REGIÃO (SE) Prova: Analista Judiciário - Área: Judiciá-
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pen- ria. Renato ajuizou ação de cobrança contra Henrique.
dência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revoga- Apresentada contestação, Renato requereu a desistên-
da ou modificada. cia da ação. O pedido:
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a) depende da aceitação de Henrique e pode ser for-
a tutela provisória conservará a eficácia durante o período mulado até a sentença, que, se homologar a desistência,
de suspensão do processo. resolverá o mérito.
b) independe da aceitação de Henrique e pode ser for-
A eficácia da decisão se mantém inclusive na suspensão mulado apenas se a causa versar sobre direitos disponíveis.
do processo, salvo decisão em contrário; ou seja, havendo de- Se o juiz homologar a desistência, a sentença resolverá o
cisão judicial que suspenda os efeitos, assim deverá se proce- mérito.
der. c) depende da aceitação de Henrique e pode ser for-
mulado apenas se tiver havido instrução. Se o juiz homolo-
Gabarito: “D” gar a desistência, a sentença não resolverá o mérito.
d) independe da aceitação de Henrique e pode ser for-
05) Aplicada em: 2016Banca: FCC Órgão: SEGEP-MA mulado até a sentença, que, se homologar a desistência,
Prova: Procurador do Estado. A tutela provisória pode fun- não resolverá o mérito.
damentar-se em urgência ou evidência, sendo que: e) depende da aceitação de Henrique e pode ser for-
a) requerida a tutela antecipada em caráter antecedente mulado até a sentença, que, se homologar a desistência,
e sendo a urgência contemporânea à propositura da ação, se não resolverá o mérito.
concedida a tutela antecipada, o autor deverá aditar a petição
inicial, com a complementação de sua argumentação, a junta- Existe diferença quando se está diante da renúncia e
da de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela da desistência. Ao renunciar, a decisão homologatória de-
final, em quinze dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar. verá extinguir com a resolução de mérito, já quando o au-
b) a tutela cautelar de urgência não pode ser efetivada tor desiste, a decisão homologatória extinguirá o feito sem
mediante arresto, sequestro ou arrolamento de bens, porque apreciação do mérito. No problema apresentado, Henrique
sujeitos a procedimento cautelar específico. como réu deverá ser ouvido a respeito da desistência; caso
c) a tutela de evidência será concedida, se demonstra- não concorde, o processo deverá prosseguir. Portanto, nos
do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, termos do art. 485 VIII c/c § 4º, se Henrique concordar com
quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o a desistência, o juiz homologará o pedido sem resolver o
manifesto propósito protelatório da parte ou se as alegações mérito.
de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente
e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
em súmula vinculante. VIII - homologar a desistência da ação;
d) a petição inicial da ação que visa à prestação de tutela § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem
cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu funda- o consentimento do réu, desistir da ação.
mento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegu-
rar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, Gabarito: “E”.
mas será a petição inicial indeferida se o pedido tiver natureza
antecipatória. 07) Aplicada em: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura
e) efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser de Teresina – PI Prova: Técnico de Nível Superior - Ana-
formulado pelo autor no prazo de trinta dias, em autos apen- lista Administrativo. Extingue-se o processo, sem reso-
sos e mediante o pagamento de novas custas processuais. lução do mérito, quando o juiz:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

a) reconhecer existência de prescrição. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não
b) homologar transação. preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apre-
c) homologar renúncia à pretensão ou julgar proce- senta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o jul-
dente o pedido em razão de reconhecimento jurídico. gamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de
d) julgar reconvenção improcedente. 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com
e) acolher alegação de existência de convenção de precisão o que deve ser corrigido ou completado.
arbitragem.
Gabarito: “A”.
Reprodução de artigo de lei, conforme segue:
10) Aplicada em: 2016Banca: CESPEÓrgão: TCE-PA-
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: Prova: Auditor de Controle Externo - Área Fiscalização
VII - acolher a alegação de existência de convenção – Direito. A respeito da jurisdição, da ação e dos sujei-
de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua tos do processo, julgue o item subsecutivo. O juiz que
competência; constatar a incapacidade processual da parte em deter-
minada ação deverá julgar extinto o processo.
Gabarito: “E”. a) certo
b) errado
08) Aplicada em: 2016Banca: CESPE Órgão: TCE-PA
Prova: Auditor de Controle Externo – Procuradoria. A Constituição Federal consagrou que a todos deve ser
Acerca da formação, da suspensão e da extinção do garantido o acesso a justiça; nesse sentido, a incapacidade
processo, julgue o item a seguir. Quando da extinção não pode ser uma limitação a possibilidade de se litigar em
do processo, o pronunciamento judicial se dará por juízo, sob pena de negativa de jurisdição. Por conta disso,
dispõe o art. 76:
sentença.
a) Certo
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irre-
b) Errado
gularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o
processo e designará prazo razoável para que seja sanado
Nos termos do art. 316, a extinção do processo dar- o vício.
se-á por sentença. Em outra oportunidade, nos termos do
art. 203 §1º, ressalvadas as disposições expressas dos pro- 11) Aplicada em: 2016 Banca: CESPE Órgão: TCE-PA
cedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por Prova: Auditor de Controle Externo - Área Fiscalização
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, – Direito. No que se refere à formação, extinção e sus-
põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem pensão do processo bem como à tutela provisória, jul-
como extingue a execução. gue o item que se segue. A perda da capacidade proces-
sual do representante legal da parte configura hipótese
Gabarito: “A” de suspensão do processo.
a) Certo
09) Aplicada em: 2016Banca: CESPE Órgão: TCE- b) Errado
PA Prova: Auditor de Controle Externo – Procuradoria.
Acerca da formação, da suspensão e da extinção do Diferentemente da questão anterior, na presente, o juiz
processo, julgue o item a seguir. O juiz deverá conce- identifica que o representante da parte perde a capacidade
der à parte oportunidade para corrigir vício que pos- processual. Obviamente o processo não pode parar, tam-
sa resultar na extinção do processo sem resolução do pouco a parte ser prejudicada pelo evento superveniente;
mérito. assim, para resolver essa situação, o CPC prevê que:
a) Certo
b) Errado Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irre-
gularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o
O art. 317 nos apresenta o princípio da primazia da processo e designará prazo razoável para que seja sanado
decisão de mérito. Segundo esse princípio, antes de pro- o vício.
ferir decisão o juiz deverá oportunizar a possibilidade de
corrigir o erro. Outro ponto que chama atenção com o Ato contínuo, a fim de aguardar a designação de novo
Novo CPC é o art. 321. Segundo esse artigo, o juiz deverá representante, dispõe o CPC que:
indicar o que necessita ser corrigido.
Art. 313. Suspende-se o processo:
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de I - pela morte ou pela perda da capacidade processual
mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, de qualquer das partes, de seu representante legal ou de
se possível, corrigir o vício. seu procurador;

Gabarito: “A”.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

12) Aplicada em: 2016Banca: IBFC Órgão: Câmara de VII - acolher a alegação de existência de convenção de
Franca – SP Prova: Advogado. Consoante o disposto no arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua com-
Código de Processo Civil vigente, o juiz não resolverá o petência;
mérito quando: VIII - homologar a desistência da ação;
a) decidir, a requerimento, sobre a ocorrência de pres- IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada
crição. intransmissível por disposição legal; e
b) acolher a alegação de existência de convenção de X - nos demais casos prescritos neste Código.
arbitragem.
c) rejeitar o pedido formulado na reconvenção. Gabarito: “C”.
d) homologar a transação.
14) Aplicada em: 2016Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Pro-
Transcrição literal do artigo 485 VII: va: Analista do Ministério Público - Processual
De acordo com a disciplina processual vigente, a hi-
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: pótese que NÃO dá azo à suspensão do feito é:
VII - acolher a alegação de existência de convenção de a) o requerimento, formulado na petição inicial, de des-
arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua com- consideração da personalidade jurídica;
petência; b) a perda da capacidade processual de qualquer das
partes;
13) Aplicada em: 2016 Banca: BIO-RIO Órgão: SAAE c) o vínculo de prejudicialidade externa;
de Barra Mansa Prova: Advogado. De acordo com o Có- d) a convenção das partes;
digo de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), o juiz resol- e) a admissão de incidente de resolução de demandas
verá o mérito, EXCETO quando: repetitivas.
a) acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou
na reconvenção. Art. 133. O incidente de desconsideração da personali-
b) homologar a transação. dade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Minis-
c) reconhecer a existência de perempção, de litispen- tério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurí-
dência ou de coisa julgada.
dica observará os pressupostos previstos em lei.
d) decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocor-
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de
rência de decadência ou prescrição.
desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Hipóteses de sentença com resolução do mérito:
Gabarito: “A”.
Art. 485 Haverá resolução de mérito quando o juiz: 15) Aplicada em: 2016Banca: IBFCÓrgão: EBSERHPro-
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou va: Advogado (HU-FURG). Considere as disposições do
na reconvenção; código de processo civil e assinale a alternativa correta
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocor- sobre a formação, a suspensão e a extinção do processo.
rência de decadência ou prescrição; a) A morte ou perda da capacidade processual de qual-
III - homologar: quer das partes, de seu representante legal ou de seu procu-
a) o reconhecimento da procedência do pedido formu- rador deve causar a extinção do processo.
lado na ação ou na reconvenção; b) Suspende-se o processo apenas quando for oposta
b) a transação; exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribu-
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na re- nal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz.
convenção. c) Extingue-se o processo, sem resolução de mérito
quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição.
Hipóteses de sentença sem resolução do mérito: d) Suspende-se o processo quando a sentença de mérito
depender do julgamento de outra causa, ou da declaração
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: da existência ou inexistência da relação jurídica, que consti-
I - indeferir a petição inicial; tua o objeto principal de outro processo pendente.
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano e) Extingue-se o processo, com resolução de mérito
por negligência das partes; quando se verificar a ausência de pressupostos de constitui-
III - por não promover os atos e as diligências que lhe ção e de desenvolvimento válido e regular do processo.
incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta)
dias; Art. 313. Suspende-se o processo:
IV - verificar a ausência de pressupostos de constitui- V - quando a sentença de mérito:
ção e de desenvolvimento válido e regular do processo; a) depender do julgamento de outra causa ou da decla-
V - reconhecer a existência de perempção, de litispen- ração de existência ou de inexistência de relação jurídica que
dência ou de coisa julgada; constitua o objeto principal de outro processo pendente;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse
processual; Gabarito: “D”.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

16) Aplicada em: 2016Banca: RHS Consult Órgão: Existe uma grande diferença entre propositura da ação
Prefeitura de Paraty – RJ Prova: Procurador. Conforme a e produção de efeitos. A produção de efeitos de uma ação
Lei nº 13.105/2015, a petição inicial é indeferida quando: se inicia com a citação válida nos termos do art. 240:
a) Apresentar pedido ou causa de pedir.
b) Da narração dos fatos decorrer logicamente a con- Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por
clusão. juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a
c) O autor carecer de interesse processual. coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto
d) Contiver pedidos compatíveis entre si. nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
e) A parte manifestamente for legítima. 2002 (Código Civil).

As hipóteses de indeferimento da inicial estão previstas No entanto, a ação é considerada proposta quando for
no art. 330 do CPC. Segundo o princípio da inércia, a ativida- protocolizada, conforme disciplina o art. 312:
de jurisdicional deve ser provocada pela parte interessada e
o instrumento utilizada é a petição inicial. Essa “ferramenta” Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a pe-
apresenta ao juiz todos os fatos que circundam a pretensão tição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação
que está sendo invocada. A petição inicial deve obedecer os só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art.
requisitos trazidos pela lei processual; essa exigência revela a 240 depois que for validamente citado.
necessidade de se estabelecer um padrão daquilo que irá ser
pleiteado em juízo e mais, limita a atuação do juiz que não Gabarito: “B”.
pode exceder aquilo que está sendo pedido.
18) Aplicada em: 2016Banca: Quadrix Órgão: CRQ
O indeferimento da petição inicial ocorre, via de regra, 18° Região – PI Prova: Advogado. Considerando as re-
quando a parte autora deixa de observar os requisitos apre- gras do Código de Processo Civil a respeito da petição
sentados pela lei processual. Antes, porém, é dado à par- inicial e da resposta do réu no procedimento comum,
te prazo para que ela faça as devidas correções ou mesmo assinale a alternativa incorreta.
adequações, para só então, em caso de descumprimento do a) Caso não disponha de todas as informações exigidas
dever de emendar, ser indeferida. São hipóteses de indefe- pelo Código de Processo Civil para qualificação do réu, po-
rimento: derá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
necessárias para sua obtenção.
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: b) O juiz, ao verificar que a petição inicial apresenta de-
I - for inepta; feitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento
II - a parte for manifestamente ilegítima; de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 dias, a
III - o autor carecer de interesse processual; emende ou a complete.
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. c) No procedimento comum, a contestação é escrita e
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: deve ser assinada por quem tenha capacidade postulatória
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; – advogado, membro do Ministério Público ou defensor
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses público.
legais em que se permite o pedido genérico; d) O ônus da impugnação específica dos fatos não se
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a aplica ao defensor público, mas aplica-se ao advogado da-
conclusão; tivo e ao curador especial.
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. e) De acordo com o Código de Processo Civil, a petição
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obri- inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
gação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de propositura da ação.
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, dis-
criminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, Façamos uma análise individualizada das alternativas:
aquelas que pretende controverter, além de quantificar o
valor incontroverso do débito. a) Caso não disponha de todas as informações exigidas
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá pelo Código de Processo Civil para qualificação do réu, po-
continuar a ser pago no tempo e modo contratados. derá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências
necessárias para sua obtenção.
Gabarito: “C”.
Art. 319. § 1o Caso não disponha das informações pre-
17) Aplicada em: 2016Banca: CESPE Órgão: TCE-PA- vistas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, reque-
Prova: Auditor de Controle Externo - Procuradoria rer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. (inciso II:
Acerca da formação, da suspensão e da extinção do pro- II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
cesso, julgue o item a seguir. Considera-se proposta a ação união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadas-
somente após a citação válida do réu. tro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
a) Certo Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência
b) Errado do autor e do réu;)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

b) O juiz, ao verificar que a petição inicial apresenta de- 19) Aplicada em: 2016Banca: Instituto Legatus Ór-
feitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento gão: Câmara Municipal de Bertolínia – PI Prova: Procu-
de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 dias, a rador. Sobre a Petição Inicial, analise as assertivas abai-
emende ou a complete. xo e após marque a alternativa correta:
I – A petição inicial deve indicar, dentre outras dados,
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não a existência de união estável e o endereço eletrônico do
preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apre- autor e réu.
senta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o jul- II – O autor deve requerer a realização de audiência de
gamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de conciliação e mediação.
15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com III - O autor deve requerer a citação do réu.
precisão o que deve ser corrigido ou completado. a) Todas as assertivas estão corretas.
c) No procedimento comum, a contestação é escrita e b) Apenas a assertiva I está correta
deve ser assinada por quem tenha capacidade postulatória c) Apenas a assertiva III está correta.
– advogado, membro do Ministério Público ou defensor d) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
público. e) Apenas as assertivas II e III estão corretas.

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por pe- Inovação do CPC/15 é a exclusão do rol de obrigato-
tição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será riedades do autor na inicial, o requerimento de citação do
a data: Réu. O que era previsto no art. 282 VII não veio inserido
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da no art. 319. Logo, o requerimento de citação do Réu pelo
última sessão de conciliação, quando qualquer parte não Autor não é mais item obrigatório.
comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposi-
ção; Art. 319. A petição inicial indicará:
II - do protocolo do pedido de cancelamento da au-
diência de conciliação ou de mediação apresentado pelo
I - o juízo a que é dirigida;
réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existên-
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como
cia de união estável, a profissão, o número de inscrição no
foi feita a citação, nos demais casos.
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a resi-
d) O ônus da impugnação específica dos fatos não se
dência do autor e do réu;
aplica ao defensor público, mas aplica-se ao advogado da-
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
tivo e ao curador especial.
IV - o pedido com as suas especificações;
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se pre- V - o valor da causa;
cisamente sobre as alegações de fato constantes da peti- VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a
ção inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, verdade dos fatos alegados;
salvo se: VII - a opção do autor pela realização ou não de au-
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; diência de conciliação ou de mediação.
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instru-
mento que a lei considerar da substância do ato; Gabarito: “D”.
III - estiverem em contradição com a defesa, conside-
rada em seu conjunto. 20) Aplicada em: 2016Banca: FUNRIOÓrgão: Prefei-
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada tura de Itupeva - SPProva: Procurador Municipal
dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado Dentre as varias inovações apresentadas pelo Códi-
dativo e ao curador especial. go de Processo Civil de 2015 como item constante na
petição inicial encontra-se a(o):
e) De acordo com o Código de Processo Civil, a petição a) fixação do valor da causa
inicial será instruída com os documentos indispensáveis à b) indicação da causa de pedir
propositura da ação. c) pedido certo do valor do dano moral
d) endereçamento no cabeçalho
Art. 320. A petição inicial será instruída com os docu- e) qualificação das partes
mentos indispensáveis à propositura da ação.
A questão aborda as inovações do CPC no tocante a
Gabarito: “D”. petição inicial. Numa análise superficial, poderíamos pen-
sar na inclusão do email das partes ou mesmo na ausência
de necessidade de se requerer a citação do réu. No en-
tanto, dentre as alternativas apresentadas, nenhuma destas
foram abordadas. Informa o art. 319:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Art. 319. A petição inicial indicará: Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor recon-
I - o juízo a que é dirigida; venção para manifestar pretensão própria, conexa com a
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de ação principal ou com o fundamento da defesa.
união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro § 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado,
de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; prazo de 15 (quinze) dias.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; § 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa
IV - o pedido com as suas especificações; extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
V - o valor da causa; prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a § 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor
verdade dos fatos alegados; e terceiro.
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiên- § 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
cia de conciliação ou de mediação.
litisconsórcio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte
Vejamos o art. 282 do antigo CPC:
deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído,
Art. 282. A petição inicial indicará: e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor,
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; também na qualidade de substituto processual.
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio § 6o O réu pode propor reconvenção independente-
e residência do autor e do réu; mente de oferecer contestação.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações; Gabarito: “A”.
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a 22) Aplicada em: 2016Banca: RHS ConsultÓrgão:
verdade dos fatos alegados; Prefeitura de Paraty - RJProva: Procurador
VII - o requerimento para a citação do réu. Quanto à contestação, com base na Lei nº
13.105/2015, pode-se afirmar:
Sabendo os requisitos da petição inicial, seria possível a) Havendo alegação de incompetência relativa ou ab-
responder a questão. Justificando a alternativa correta, en- soluta, a contestação não pode ser protocolada no foro de
contramos o art. 292 V (tecnicamente a questão deveria ver- domicílio do réu.
sar sobre as inovações do CPC no tocante ao valor da causa, b) A contestação pode ser submetida à livre distribui-
eis a inovação): ção ou, se o réu houver sido citado por meio de carta pre-
catória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou imediata remessa para o juízo da causa.
da reconvenção e será: c) Reconhecida a competência do foro indicado pelo
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a
moral, o valor pretendido; carta precatória não pode ser considerado prevento.
d) Alegada a incompetência nos termos da lei em
Gabarito: “C”. questão, será suspensa a realização da audiência, desde
que de conciliação.
21) Aplicada em: 2016Banca: VUNESP Órgão: Prefei-
e) Definida a competência, o advogado competente
tura de Mogi das Cruzes – SP Prova: Procurador Jurídico.
deve designar nova data para a audiência de conciliação
O réu poderá oferecer um pedido contraposto ao do au-
ou de mediação.
tor, chamado reconvenção,
a) possível de ser proposto, independentemente de ofe-
recer contestação. Art. 340. Havendo alegação de incompetência relati-
b) inviável em face de terceiro, mas apenas proposto va ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no
contra o autor da ação. foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente co-
c) inadmissível em caso de listisconsórcio voluntário. municado ao juiz da causa, preferencialmente por meio
d) apresentado em peça própria e no mesmo prazo da eletrônico.
contestação.
e) sendo que a desistência da ação pelo autor leva a sua § 1o A contestação será submetida a livre distribuição
extinção. ou, se o réu houver sido citado por meio de carta pre-
catória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua
Em definição de Cândido Rangel Dinamarco em seu “Ins- imediata remessa para o juízo da causa.
tituições de Direito processual civil”, “reconvenção é a ação
proposta pelo réu em face do autor, no mesmo processo Gabarito: “B”.
pendente entre ambos, e fora dos limites da demanda inicial,
de forma que o objeto original do processo se alarga em vir-
tude dos pedidos deduzidos pelo réu-reconvinte.”

97
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

23) Aplicada em: 2016Banca: IBFCÓrgão: EB- d) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
SERHProva: Advogado (HUAP-UFF). Assinale a alterna- suas funções no processo quando qualquer das partes for
tiva correta sobre a reconvenção após analisar os itens a sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro
seguir e considerar as normas da Lei Federal nº 13.105, ou de parentes destes, em linha reta até o quarto grau,
de 16/03/2015 (Novo Código de Processo Civil). inclusive.
a) Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção e) Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de
para manifestar pretensão própria, conexa com a ação foro íntimo, devendo declarar suas razões.
principal ou com o fundamento da defesa, vedado tal ato
na ação monitória Antes de analisar a questão, oportuno trazer a con-
b) A propositura da reconvenção depende do ofereci- ceituação do instituto da suspeição e do impedimento.
mento de contestação Ambos, são situações em que o juiz, ministério público e
c) A reconvenção não pode ser proposta pelo réu em os auxiliares da justiça não poderão atuar sob pena de se
litisconsórcio com terceiro comprometer a imparcialidade no processo. A suspeição se
d) Se o autor for substituto processual, o reconvinte fundamenta em aspectos subjetivos, ou seja, mantém rela-
deverá afirmar ser titular de direito, em face do substituído cionamento íntimo com a parte envolvida na ação. Nessa
e, a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, situação, é possível que o juiz, por exemplo, se declare sus-
também na qualidade de substituto processual peito de ofício. Os impedimentos estão previstos pela lei
e) O reconvinte não poderá formular pedido genérico processual. Tratam-se de aspectos objetivos que não com-
preendem exceções; em ocorrendo o motivo trazido pela
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor recon- lei, obrigatoriamente deverá ser levantado o impedimento.
venção para manifestar pretensão própria, conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa. Dispõe o CPC que:
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado,
na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado
prazo de 15 (quinze) dias. exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa
como perito, funcionou como membro do Ministério Públi-
extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
co ou prestou depoimento como testemunha;
prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, ten-
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor
do proferido decisão;
e terceiro.
III - quando nele estiver postulando, como defensor
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em
público, advogado ou membro do Ministério Público, seu
litisconsórcio com terceiro. cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguí-
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
deverá afirmar ser titular de direito em face do substituí- inclusive;
do, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, IV - quando for parte no processo ele próprio, seu côn-
também na qualidade de substituto processual. juge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim,
§ 6o O réu pode propor reconvenção independente- em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
mente de oferecer contestação. V - quando for sócio ou membro de direção ou de ad-
ministração de pessoa jurídica parte no processo;
Gabarito: “D”. VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou em-
pregador de qualquer das partes;
24) Aplicada em: 2016Banca: IBFCÓrgão: EB- VII - em que figure como parte instituição de ensino
SERHProva: Advogado (HUAP-UFF). Assinale a alter- com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de
nativa correta sobre o impedimento e suspeição após contrato de prestação de serviços;
analisá-las a seguir e considerar as normas da Lei Fede- VIII - em que figure como parte cliente do escritório de
ral nº 13.105, de 16/03/2015 (Novo Código de Processo advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, con-
Civil). sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
a) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de
suas funções no processo quando nele estiver postulando, outro escritório;
como defensor público, advogado ou membro do Ministé- IX - quando promover ação contra a parte ou seu ad-
rio Público, seu cônjuge ou companheiro, ou primo. vogado.
b) Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
suas funções no processo quando receber presentes de Art. 145. Há suspeição do juiz:
pessoas que tiverem interesse na causa, antes ou depois I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou
de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes de seus advogados;
acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para II - que receber presentes de pessoas que tiverem inte-
atender às despesas do litígio. resse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que
c) Há suspeição do juiz que seja amigo íntimo ou inimi- aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou
go de qualquer das partes ou de seus advogados. que subministrar meios para atender às despesas do litígio;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

III - quando qualquer das partes for sua credora ou Pelo respaldado Princípio da Eventualidade, nos ter-
devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes mos do art. 336 do CPC, o réu deve concentrar, em contes-
destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; tação, toda a matéria de defesa (principalmente de mérito).
IV - interessado no julgamento do processo em favor Após a contestação, seguindo a inteligência do art. 342, só
de qualquer das partes. é permitido deduzir novas alegações quando tais matérias
forem:
Gabarito: “C”.
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
25) Aplicada em: 2016Banca: MPE-PRÓrgão: MPE- II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
-PRProva: Promotor Substituto. Sobre o processo de co- III - por expressa autorização legal, puderem ser for-
nhecimento e seu procedimento, previsto pelo Código muladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
de Processo Civil de 2015, assinale a alternativa correta:
a) O Código de Processo Civil em vigor prevê duas es- Gabarito: “B”.
pécies de procedimentos comuns, quais sejam, o ordinário
e o sumário; 27) Aplicada em: 2016 Banca: CESPEÓrgão:
b) A inépcia da inicial implica o indeferimento liminar FUNPRESP-JUDProva: Analista – Direito. Julgue o item
do pedido; a seguir, referente ao processo de conhecimento e ao
c) A contestação é a via adequada para alegar incom- cumprimento de sentença. Alegada a ilegitimidade
petência relativa e absoluta, incorreção do valor da causa e passiva na contestação, será facultado ao autor alterar
perempção, dentre outras preliminares; a petição inicial, seja para substituir o réu, seja para in-
d) Se o autor manifestar desinteresse na audiência de cluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo
conciliação, a referida audiência não será designada e o réu réu.
será citado para responder ao pedido; a) Certo
e) A alegação de matéria preliminar na contestação, b) Errado
como a existência de litispendência e a inépcia da inicial,
não justifica a abertura de prazo para o autor se manifestar Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao
sobre a defesa. réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida
sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
alegar: decorrentes da falta de indicação.
I - inexistência ou nulidade da citação; § 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no pra-
II - incompetência absoluta e relativa; zo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para
III - incorreção do valor da causa; a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo
IV - inépcia da petição inicial; único do art. 338.
V - perempção; § 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar
VI - litispendência; por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte
VII - coisa julgada; passivo, o sujeito indicado pelo réu.
VIII - conexão;
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou Gabarito: “A”.
falta de autorização;
X - convenção de arbitragem; 28) Aplicada em: 2016Banca: VUNESPÓrgão: Pre-
XI - ausência de legitimidade ou de interesse proces- feitura de Mogi das Cruzes - SPProva: Procurador Jurí-
sual; dico. Quando a parte, em depoimento pessoal, recusar-
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei se a depor, o juiz aplicará a pena de confissão, exceto se
exige como preliminar; os fatos a depor digam respeito:
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de a) a negócios comerciais.
justiça. b) a direito de família.
c) a direito indisponível.
Gabarito: “C”. d) a direito personalíssimo.
e) ao que possa causar desonra própria.
26) Aplicada em: 2016Banca: CESPEÓrgão:
FUNPRESP-JUDProva: Analista – Direito. Julgue o item A lei processual traz ressalvas a respeito daquilo que
a seguir, referente ao processo de conhecimento e ao a parte está obrigada a depor. Em situações específicas,
cumprimento de sentença. Dada a ocorrência de preclu- poderá haver a recusa. De um modo geral, a parte deve
são consumativa, após protocolar a contestação, o réu depor. Assim disciplina o art. 385:
não poderá apresentar novos argumentos de defesa,
mesmo que seja para suscitar matéria que o juiz deva Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal
conhecer de ofício. da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na au-
a) Certo diência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder
b) Errado do juiz de ordená-lo de ofício.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 1o Se a parte, pessoalmente intimada para prestar § 3o As partes serão intimadas da proposta de hono-
depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não rários para, querendo, manifestar-se no prazo comum de 5
comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-
aplicar-lhe-á a pena. se as partes para os fins do art. 95.
§ 2o É vedado a quem ainda não depôs assistir ao in- § 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até cin-
terrogatório da outra parte. quenta por cento dos honorários arbitrados a favor do pe-
rito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser
Exceções a obrigatoriedade: pago apenas ao final, depois de entregue o laudo e presta-
dos todos os esclarecimentos necessários.
Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos: § 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o
I - criminosos ou torpes que lhe forem imputados; juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente arbitrada
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guar- para o trabalho.
dar sigilo; § 6o Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra proceder à nomeação de perito e à indicação de assisten-
própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de paren- tes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.
te em grau sucessível;
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou Gabarito: “C”.
das pessoas referidas no inciso III.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações 30) Aplicada em: 2016Banca: IBADEÓrgão: Câmara
de estado e de família. de Santa Maria Madalena - RJProva: Procurador Jurídi-
co. Em processo que tramita sob o rito ordinário, Joana
Gabarito: “D”. postula que o Município seja obrigado a arcar com um
tratamento médico. As partes e o Ministério Público
29) Aplicada em: 2016Banca: FCCÓrgão: TRT - 20ª não pretendem a produção de outras provas. O Juízo
REGIÃO (SE)Prova: Analista Judiciário - Área: Judiciá- determina, de ofício, a produção de prova pericial. So-
ria. Considere as proposições abaixo, acerca da prova bre o caso em questão, assinale a resposta correta.
pericial. a) A produção da prova pericial será gratuita.
I. O perito não está sujeito às causas de suspeição e b) As partes deverão ratear os custos da produção da
impedimento, por não ser parte no processo. prova pericial.
II. O juiz poderá autorizar o pagamento da integralida- c) A parte ré deverá custear a produção da prova pe-
de dos honorários antes do início dos trabalhos. ricial.
III. Os assistentes técnicos não estão sujeitos a impedi- d) O Ministério Público deverá custear a produção da
mento ou suspeição. prova pericial.
IV. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as e) A parte autora deverá custear a produção da prova
partes, na inicial e na contestação, apresentarem, sobre as pericial.
questões de fato, pareceres técnicos ou documentos eluci-
dativos que considerar suficientes. Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do as-
Está correto o que se afirma APENAS em sistente técnico que houver indicado, sendo a do perito
a) II e III. adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou
b) I e II. rateada quando a perícia for determinada de ofício ou re-
c) III e IV. querida por ambas as partes.
d) I e IV.
e) I. Gabarito: “B”.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no ob-


jeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega
do laudo.
§ 1o Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias con-
tados da intimação do despacho de nomeação do perito:
I - arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se
for o caso;
II - indicar assistente técnico;
III - apresentar quesitos.
§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5
(cinco) dias:
I - proposta de honorários;
II - currículo, com comprovação de especialização;
III - contatos profissionais, em especial o endereço ele-
trônico, para onde serão dirigidas as intimações pessoais.

100
DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição Federal – com as alterações vigentes até a publicação do Edital: Título II - Capítulos I, II e III; .................... 01
Título III - Capítulo VII com Seções I e II;......................................................................................................................................................... 32
Artigo 92. .................................................................................................................................................................................................................... 45
DIREITO CONSTITUCIONAL

PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA OLIVEIRA


f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- um único conjunto de direitos porque não podem ser ana-
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. lisados de maneira isolada, separada.
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
versitário Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
Professora de curso preparatório para concursos e univer- sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
sitária (Universidade Federal de Goiás – UFG e Faculdade falta de uso (prescrição).
do Noroeste de Minas – FINOM). Autora de diversos traba- h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
lhos científicos publicados em revistas qualificadas, anais dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas
de eventos e livros, notadamente na área do direito ele- ou como argumento para afastamento ou diminuição da
trônico, dos direitos humanos e do direito constitucional. responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
igualmente consagrados como humanos.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL –
COM AS ALTERAÇÕES VIGENTES 1) Direitos e deveres individuais e coletivos.
ATÉ A PUBLICAÇÃO DO EDITAL: O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deve-
TÍTULO II - CAPÍTULOS I, II E III res individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do
capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio-
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e mandado de segurança coletivo).
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- 1.1) Direitos e garantias
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di-
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os reitos e estabelece garantias em prol da preservação des-
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- tes, bem como remédios constitucionais a serem utilizados
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- caso estes direitos e garantias não sejam preservados. Nes-
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e te sentido, dividem-se em direitos e garantias as previsões
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- do artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos as garantias são as disposições assecuratórias.
direitos que expressamente constam no título II do texto O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
constitucional. o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
terísticas principais: Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem lectual, artística, científica e de comunicação, independente-
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, mente de censura ou licença.
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
quadra a noção de dimensões de direitos.
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
a vedação de censura ou exigência de licença. Em outros
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes casos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garan-
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na tia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- artigo 5º, LXV1.
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
autonomia privada. cionais.
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po- Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
humana. reitos.
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- 1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconfe-
lidades. rência.

1
DIREITO CONSTITUCIONAL

1.2) Brasileiros e estrangeiros - Direito à igualdade


O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção con- Abrangência
ferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
“aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. No constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual-
entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpre- dade:
tada no sentido de que os direitos estarão protegidos com
relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país. Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). propriedade, nos termos seguintes [...].
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais titu- inciso:
lares de direitos políticos.
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
1.3) Relação direitos-deveres tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di- Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais. igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re- nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um obrigações.
dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem, mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. pectiva mais ampla.
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao ti- enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
tular de um direito fundamental corresponde um dever por enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
está vinculado aos direitos fundamentais como destinatário tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito funda- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
mental, enquanto protegido, pressuporia um dever corres- demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
pondente”. Com efeito, a um direito fundamental conferido falando na igualdade perante a lei.
à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu
direitos conferidos às outras pessoas. que não bastava igualar todos os homens em direitos e
deveres para torná-los iguais, pois nem todos possuem
1.4) Direitos e garantias em espécie as mesmas condições de exercer estes direitos e deveres.
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu Logo, não é suficiente garantir um direito à igualdade for-
caput: mal, mas é preciso buscar progressivamente a igualdade
material. No sentido de igualdade material que aparece o
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem direito à igualdade num segundo momento, pretendendo-
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros -se do Estado, tanto no momento de legislar quanto no de
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- aplicar e executar a lei, uma postura de promoção de polí-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- ticas governamentais voltadas a grupos vulneráveis.
priedade, nos termos seguintes [...]. Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
principais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
consagra o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
de direitos individuais e coletivos que merecem proteção, neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
Os incisos deste artigos delimitam vários direitos e garantias Ações afirmativas
que se enquadram em alguma destas esferas de proteção, Neste sentido, desponta a temática das ações
podendo se falar em duas esferas específicas que ganham afirmativas,que são políticas públicas ou programas priva-
também destaque no texto constitucional, quais sejam, di- dos criados temporariamente e desenvolvidos com a fina-
reitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-penais. lidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discri-
minações ou de uma hipossuficiência econômica ou física,
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e por meio da concessão de algum tipo de vantagem com-
teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. pensatória de tais condições.

2
DIREITO CONSTITUCIONAL

Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, Vedação à tortura


em uma sociedade pluralista, a condição de membro de De forma expressa no texto constitucional destaca-se
um grupo específico não pode ser usada como critério de a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que previsão no inciso III do artigo 5º:
elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a tratamento desumano ou degradante.
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
discriminação reversa. sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
defende que elas representam o ideal de justiça compen- constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los -se o artigo 1º:
feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis-
Art. 1º Constitui crime de tortura:
tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
I - constranger alguém com emprego de violência ou
-se uma concretização do princípio da igualdade material);
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
bem como promovem a diversidade.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati- são da vítima ou de terceira pessoa;
vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor, b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
as garantias aos portadores de deficiência, entre outras nosa;
medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurisprudên- dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
afirmativas são válidas. pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
- Direito à vida § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Abrangência presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- em lei ou não resultante de medida legal.
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- pena de detenção de um a quatro anos.
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
nos4. I - se o crime é cometido por agente público;
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e
anos; 
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral,
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig- ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
nidade. dobro do prazo da pena aplicada.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de graça ou anistia.
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi- hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com me fechado.
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
- Direito à liberdade
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
que o seguem.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium,
2008, p. 15.

3
DIREITO CONSTITUCIONAL

Liberdade e legalidade Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-


Prevê o artigo 5º, II, CF: são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei- relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes- dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a controle do poder. A censura somente é cabível quando
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei necessária ao interesse público numa ordem democrática,
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
niente. O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
maneira que a lei não proíba. expressão.

Liberdade de pensamento e de expressão Liberdade de crença/religiosa


O artigo 5º, IV, CF prevê: Dispõe o artigo 5º, VI, CF:

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
to, sendo vedado o anonimato. cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de aos locais de culto e a suas liturgias.
pensamento e da liberdade de expressão.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber-
ter uma opinião, depois o de expressá-la. dade de organização religiosa.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
vicção filosófica ou política: a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
ternativa, fixada em lei.
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
Trata-se de instrumento para a consecução do direito os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir em público, bem como a de recebimento de contribuições
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
mento. refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é de igrejas e suas relações com o Estado.
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei. Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
dentemente de censura ou licença. prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
DIREITO CONSTITUCIONAL

Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mação.
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna- Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
tiva, fixada em lei. dentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- teresse pessoal.
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
contrarie tais preceitos. pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
Liberdade de informação vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
O direito de acesso à informação também se liga a uma cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
artigo 5º, XIV, CF: a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- “demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
sário ao exercício profissional. trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
Trata-se da liberdade de informação, consistente na faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
liberdade de procurar e receber informações e ideias por Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
rência. cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é certidões ser dissociado do direito de petição.
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para CF:
a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente o interesse social o exigirem.
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e bens.
do Estado.

5
DIREITO CONSTITUCIONAL

A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
liberdade de sair do país não significa que existe um direito rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no tal substância ilícita fosse utilizada).
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- Liberdade de associação
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede- XVII, CF:
ral. A despeito da normativa específica de natureza penal,
reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
locomoção pela prisão civil por dívida. para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário ciação implica na formação de um grupo organizado que
infiel. se mantém por um período de tempo considerável, dotado
de estrutura e organização próprias.
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento à estatal.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O texto constitucional se estende na regulamentação
da liberdade de associação.
Liberdade de trabalho O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
5º, XIII, CF: Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações Neste sentido, associações são organizações resultan-
profissionais que a lei estabelecer. tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
O livre exercício profissional é garantido, respeitados tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
são de advogado aquele que não se formou em Direito em suas atividades econômicas.
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
cadastro no Conselho Regional de Medicina. pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Liberdade de reunião em julgado.
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
temente de autorização, desde que não frustrem outra sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen- de reverter a decisão e permitir que a associação continue
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- seja, no curso de um processo judicial.
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
poder público para que ele organize o policiamento e a as-

6
DIREITO CONSTITUCIONAL

Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
A liberdade de associação envolve não somente o di- prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con- O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
forme artigo 5º, XX, CF: nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
associar-se ou a permanecer associado. domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
- Direitos à privacidade e à personalidade sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
determinação judicial.
Abrangência Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
Prevê o artigo 5º, X, CF: ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren- ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
te de sua violação. nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.
O legislador opta por trazer correlacionados no mes-
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona- O sigilo de correspondência e das comunicações está
lidade. melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
como pessoa perante a lei.
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, com ele arcar.
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti-
midade, pela vida privada, e pela publicidade). Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa cimento; b) a certidão de óbito.
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- O reconhecimento do marco inicial e do marco final
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido ção de documentos para que ela seja reconhecida como
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8. menos favorecidos.

Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- Direito à indenização e direito de resposta


dência Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
comunicações. resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito consti- proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
tucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. terial, moral ou à imagem.

7
DIREITO CONSTITUCIONAL

“A manifestação do pensamento é livre e garantida em Especificamente no que tange à segurança jurídica,


nível constitucional, não aludindo a censura prévia em diver- tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
sões e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorri-
dos no exercício indevido da manifestação do pensamento Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
com a consequente responsabilidade civil e penal de seus
autores, decorrentes inclusive de publicações injuriosas na Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
imprensa, que deve exercer vigilância e controle da matéria de da lei.
que divulga”9. Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem Direito Brasileiro:
de se defender de críticas públicas no mesmo meio em
que foram publicadas garantida exatamente a mesma Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
resposta não é possível reverter plenamente os danos e a coisa julgada.
causados pela manifestação ilícita de pensamento, razão § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
ser individual ou coletivo, moral ou material, econômico e cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
não econômico. ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (mate- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
rial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financei- judicial de que já não caiba recurso.
ramente e indenizado.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que - Direito à propriedade
visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimo- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
nial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a inti- lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
midade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos
atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado Função social da propriedade material
de família)”10. O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
digo Civil: Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
dade.
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publi- principal fator limitador deste direito:
cação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa
poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ção social.
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser
- Direito à segurança considerada como um direito individual nem como institui-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
ção do direito à segurança. Na qualidade de direito individual tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
liga-se à segurança do indivíduo como um todo, desde sua direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
integridade física e mental, até a própria segurança jurídica. do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal mica são preordenados à vista da realização de seu fim:
é o direito de viver sem medo, protegido pela solidariedade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
e liberto de agressões, logo, é uma maneira de garantir o da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada,
direito à vida. que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin-
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto de culada à consecução daquele princípio”.
direitos aparelha situações, proibições, limitações e proce- Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
dimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed.
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
São Paulo: Malheiros, 2011. como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Bue- princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
nos Aires: Astrea, 1982. humano.
11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi- 12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi-
vo... Op. Cit., p. 437. vo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição Federal delimita o que se entende por Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
função social: teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
que não esteja cumprindo sua função social, mediante
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- serão indenizadas em dinheiro.
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- No que tange à desapropriação por necessidade ou
volvimento e de expansão urbana. utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:

Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
função social quando atende às exigências fundamentais de para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui-
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a ção.
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado; Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela- Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
ções de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
tários e dos trabalhadores. como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
riza a União a propor a ação de desapropriação.
Desapropriação
No caso de desrespeito à função social da proprieda- Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
pode-se depreender do texto constitucional duas possibi- processo judicial de desapropriação.
lidades de desapropriação: por desrespeito à função social
e por necessidade ou utilidade pública. A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
propriação por desatendimento à função social: ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu- artigo 5º:
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- sos de utilidade pública:
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, a) a segurança nacional;
sucessivamente, de: b) a defesa do Estado;
I - parcelamento ou edificação compulsórios; c) o socorro público em caso de calamidade;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- d) a salubridade pública;
bana progressivo no tempo; e) a criação e melhoramento de centros de população,
III - desapropriação com pagamento mediante títulos seu abastecimento regular de meios de subsistência;
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em minerais, das águas e da energia hidráulica;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real depois, o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial
da indenização e os juros legais14. urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se
para a desapropriação por desatendimento à função social.
13 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função
para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por ne-
dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade). cessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamen-
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel to constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se
urbano por desatendimento à função social é necessário tomar duas provi- em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o
dências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios; dinheiro.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici- se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
nais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; montante de recursos para atender ao programa de reforma
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua agrária no exercício.
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
trução ou ampliação de distritos industriais; Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; taduais e municipais as operações de transferência de imó-
k) a preservação e conservação dos monumentos históri- veis desapropriados para fins de reforma agrária.
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes Como a finalidade da reforma agrária é transformar
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do-
gidos pela reforma agrária:
tados pela natureza;
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- fins de reforma agrária:
tístico; I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
memorativos e cemitérios; II - a propriedade produtiva.
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
so para aeronaves; propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- dos requisitos relativos a sua função social.
reza científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais. Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
187:
Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
necessitando o Judiciário intervir em prol da correta ava- bem como dos setores de comercialização, de armazena-
liação. mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela I - os instrumentos creditícios e fiscais;
qual há a destinação de um bem expropriado (desapro- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial- garantia de comercialização;
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
quando resultante de desvio do propósito original; e será IV - a assistência técnica e extensão rural;
lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade V - o seguro agrícola;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Política agrária e reforma agrária
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
Enquanto desdobramento do direito à propriedade
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
o artigo 5º, XXVI, CF: la e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as- As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
meios de financiar o seu desenvolvimento. superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso
quena propriedade será assegurado que permaneça com de alienações ou concessões de terras públicas para fins de
ela e a torne mais produtiva. reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
A preservação da pequena propriedade em detrimento Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho-
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode-
-guias da regulamentação da política agrária brasileira, que rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189,
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. CF).

10
DIREITO CONSTITUCIONAL

Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen- guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
CF). Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
taca-se o artigo 191, CF:
Usucapião
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
dado, a ponto de se tornar proprietário. rir-lhe-á a propriedade.
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em
dos por usucapião.
casos específicos, denominados usucapião especial urbana
e usucapião especial rural.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana a) Imóvel rural
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
rural. assunto muito controverso.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
dentemente do estado civil. área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
suidor mais de uma vez. d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- na área rural.
capião. e) Nenhum outro imóvel.
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os labore”. Dependerá do caso concreto.
seguintes requisitos específicos:
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali- Uso temporário
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para XXV, CF:
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
localização.
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só Direito sucessório
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como O direito sucessório aparece como uma faceta do di-
também não se poderia prejudicar o proprietário. reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final). Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.

11
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;

O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
lei, a defesa do consumidor. intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se neas e enciclopédias; entre outras.
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
consumidor. reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
O Direito do Consumidor pode ser considerado um gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº tar sua honra ou imagem.
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
Transitórias: falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có- basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
digo de defesa do consumidor. ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi que estas modalidades de utilização podem se dar a título
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações oneroso ou gratuito.
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de “Os direitos autorais, também conhecidos como copyri-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, po-
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-
-se que a permissão a terceiros de utilização de criações
Propriedade intelectual artísticas é direito do autor. [...] A proteção constitucional
Além da propriedade material, o constituinte protege abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que o primei-
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo ro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produzida
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura
a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex- do autor”16.
clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:


a) a proteção às participações individuais em obras 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in- teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
clusive nas atividades desportivas; Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.

12
DIREITO CONSTITUCIONAL

- Direitos de acesso à justiça O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-


A formação de um conceito sistemático de acesso à cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon- cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de
reito moderno conforme implementadas as bases da onda admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên- haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
pleno atendimento em todas as ondas).
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- cia de recursos.
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
de um aparato estrutural para a prestação da assistência O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
pelo Estado. so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
th18, veio a onda de superação do problema na representa- 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional
de processo como algo restrito a apenas duas partes indi- Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
ções, como o Ministério Público. cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira tação.
onda consistente no surgimento de uma concepção mais  
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins- Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados: o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va- significa que se deve acelerar o processo em detrimento
riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa- menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores, no caso concreto.
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos - Direitos constitucionais-penais
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
que vão muito além da esfera de representação judicial”. ceção
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga- tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: fato ocorrer.

Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:

Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de


exceção.

17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
1998, p. 31-32. nhecido como legítimo pela Constituição do país.
18 Ibid., p. 49-52
19 Ibid., p. 67-73

13
DIREITO CONSTITUCIONAL

Tribunal do júri O dispositivo consolida outra faceta do princípio da


A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
artigo 5º, XXXVIII, CF: definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
com a organização que lhe der a lei, assegurados: uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
a) a plenitude de defesa; que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
b) o sigilo das votações; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
c) a soberania dos veredictos; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
contra a vida. dade da lei penal mais benéfica.

O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que Menções específicas a crimes
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
não magistrados, no caso de determinados crimes que por Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
nal.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ciais e administrativos. entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
Sigilo das votações envolve a realização de votações mento específico a certas práticas criminosas.
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri- nos termos da lei.
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
jurisdição. não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- curso do tempo).
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29, Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I). çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
Anterioridade e irretroatividade da lei terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem.
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
crime sem lei anterior que o defina. exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- concedida antes da sentença final ou depois da condena-
-se o artigo 5º, XL, CF: ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
beneficiar o réu. crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.

14
DIREITO CONSTITUCIONAL

Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar Por seu turno, a individualização da pena deve também
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra se fazer presente na fase de sua execução, conforme se
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos depreende do artigo 5º, XLVIII, CF:
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
disso, são crimes que não aceitam fiança. Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
a idade e o sexo do apenado.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, A distinção do estabelecimento conforme a natureza
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
Personalidade da pena ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
5º, XLV, CF: cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
Também se denota o respeito à individualização da
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
do valor do patrimônio transferido.
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
O princípio da personalidade encerra o comando de o dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu te o período de amamentação.
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio da criança, não a afastando do seio materno de maneira
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito. precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
tação.
Individualização da pena
A individualização da pena tem por finalidade concre- Vedação de determinadas penas
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
ridades do agente.
A primeira menção à individualização da pena se en- Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
contra no artigo 5º, XLVI, CF: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da b) de caráter perpétuo;
pena e adotará, entre outras, as seguintes: c) de trabalhos forçados;
a) privação ou restrição da liberdade; d) de banimento;
b) perda de bens; e) cruéis.
c) multa;
d) prestação social alternativa;
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
e) suspensão ou interdição de direitos.
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”20 .
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
nado, consideradas as características do agente e do delito. do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena- gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
prisional, por um determinado tempo. do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
do patrimônio do indivíduo delituoso. nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
A prestação social alternativa corresponde às penas militares em tempo de guerra.
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có- 20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16.
digo Penal. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

15
DIREITO CONSTITUCIONAL

Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba- administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
lhos forçados, de banimento e cruéis. contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar ela inerentes.
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho O devido processo legal possui a faceta formal, pela
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi- qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
a capacidade física e intelectual do condenado; como o pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
trabalho não existe independente da educação, cabe in- faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter- porcionalidade.
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi- Vedação de provas ilícitas
pamentos de proteção, deverão ser respeitados. Conforme o artigo 5º, LVI, CF:

Respeito à integridade do preso Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: vas obtidas por meios ilícitos.

Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
à integridade física e moral. go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- de direito material, constitucional ou legal, no momento
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
pessoa humana. o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
seria paradoxal.
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
Presunção de inocência
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
CF), o que vale na execução da pena.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
previstas em lei. o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
garantias constitucionais.
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, Ação penal privada subsidiária da pública
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
moral. Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa legal.
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
A chamada ação penal privada subsidiária da pública
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
de seus bens sem o devido processo legal. são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
Pelo princípio do devido processo legal a legislação interessado a proponha.
deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre Prisão e liberdade
de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
pena de nulidade processual. tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
Surgem como corolário do devido processo legal o por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi- Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos,
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli-
o artigo 5º, LV, CF: cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber-
dade daquele que assim agiu.

16
DIREITO CONSTITUCIONAL

No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: Indenização por erro judiciário
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
lei. tempo fixado na sentença.

Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação 1.5) Direitos fundamentais implícitos
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
deral:
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
indicada. dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
entrar em contato com sua família e com um advogado, estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
conforme artigo 5º, LXIII, CF: do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
nas exemplificativo, não taxativo.
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 1.6) Tribunal Penal Internacional
assegurada a assistência da família e de advogado. Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:

Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação tado adesão.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório  
policial. O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
tais. ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para internacional (artigo 1º, ETPI).
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
compete o processo e julgamento de violações contra indi-
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
relaxada pela autoridade judiciária. da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- restrita a uma situação específica”21.
são do artigo 5º, LXVI, CF: Resume Mello22: “a Conferência das Nações Unidas so-
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
com ou sem fiança. nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido 21 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os 22 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Interna-
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. cional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

17
DIREITO CONSTITUCIONAL

Para o crime de genocídio usa a definição da convenção Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I -
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa-
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi- ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança,
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for
nas forças inimigas, etc.”. manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.

1.7) Remédios constitucionais i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a


Remédios constitucionais são as espécies de ações ju- 667 do Código de Processo Penal.
diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
conhecidos no texto constitucional quando a declaração e 1.7.2) Habeas data
a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
uma forma de violação. assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
1.7.1) Habeas corpus de entidades governamentais ou de caráter público; b) para
No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
Constituição em seu artigo 5º, LXVIII: processo sigiloso, judicial ou administrativo.

Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem- Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar-
pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- tigo 5º, LXXVII, CF).
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act,
lidade ou abuso de poder. de 1974.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
LXXVII, CF. governamentais ou de caráter público, para o conhecimen-
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, to ou retificação (correção).
de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé- c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. acesso a informações pessoais.
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es-
de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou- trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri-
tros remédios constitucionais de direitos que não este, o vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de-
habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. e) Legitimidade passiva: entidades governamentais
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
predominantemente penal, pois protege o direito de ir e bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
vir e vai contra a restrição arbitrária da liberdade. cas privadas prestadores de serviços de interesse público
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de que possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con- f) Competência: Conforme o caso, nos termos da
duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se ma- Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
terializado. do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá- nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí-
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé- zes federais (art. 109, VIII).
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da novembro de 1997.
restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
se concentrar numa mesma pessoa.
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público 1.7.3) Mandado de segurança individual
ou privado. Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
g) Competência: é determinada pela autoridade coa-
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça. pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
648, CPP: Poder Público.

18
DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi- civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo.
nares possessórias. d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com são os direitos coletivos e os direitos individuais homogê-
natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de neos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos di-
atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão fusos, conforme posicionamento amplamente majoritário, já
administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, que, dada sua difícil individualização, fica improvável a verifi-
por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos cação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal direito
os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de di- (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
reitos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci-
retificação de informações relativas à pessoa do impetran- plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é
te, constantes de registros ou bancos de dados de entida- de partido político com representação no Congresso Nacio-
des governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos nal, bem como de organização sindical, entidade de classe
a instrumentos específicos. ou associação legalmente constituída e em funcionamento
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos
civil, independente da natureza do ato impugnado (admi- e certos que atinjam diretamente seus interesses ou de seus
nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). membros.
d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminên- f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:
cia de violação a direito líquido e certo, ou reparatório,
quando já consumado o abuso/ilegalidade. Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança co-
e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de- letivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos mem-
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem bros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.
a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza § 1º O mandado de segurança coletivo não induz litis-
célere e sumária do procedimento. pendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou não requerer a desistência de seu mandado de segurança no
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva.
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for-
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
mais reconhecidas por lei.
poderá ser concedida após a audiência do representante
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art.
6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto-
1.7.5) Mandado de injunção
ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna- Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção
coatora. sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prer-
agosto de 2009. rogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
1.7.4) Mandado de segurança coletivo seja proposto o mandado de injunção são a existência de
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres- norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar- reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à
tigo 5º, LXX: nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
pode ser impetrado por: a) partido político com representa- curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
ção no Congresso Nacional; b) organização sindical, entida- regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
de de classe ou associação legalmente constituída e em fun- não sejam aplicáveis.
cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva
de seus membros ou associados. a regulamentação de normas constitucionais de eficácia li-
mitada.
a) Origem: Constituição Federal de 1988. c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou es-
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- trangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- direito fundamental não materializável por omissão legisla-
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da tiva do Poder público, bem como o Ministério Público na
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter- defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
minadas associações. legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.

19
DIREITO CONSTITUCIONAL

d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
elaboração de norma regulamentadora for atribuição do to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma- complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, do Presidente da República), submissão do tratado assina-
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo23.
administração direta ou indireta, excetuados os casos da Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior seja, tratado internacional de direitos humanos.
Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei- O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança, ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF); zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
vinculados. pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
12.016/09, não havendo lei específica. internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
1.7.6) Ação popular ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima outras normas”24.
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- brasileiro porque somente existe previsão constitucional
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
a) Origem: Constituição Federal de 1934. dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- significa que tais direitos eram menos importantes devido
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos implícitos.
interesses transindividuais. Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en- tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra- direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque- cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti-
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú- vos membros:
blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de
algum modo lide com a coisa pública. Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções interna-
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
4.717/65). quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de tes às emendas constitucionais.
junho de 1965.  
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
1.8) Direitos humanos, tratados internacionais de rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
proteção aos direitos humanos e repercussão no Direi- nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
to brasileiro ao da emenda constitucional.
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan- 23 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
internacionais em que a República Federativa do Brasil 24 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional
seja parte”. Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

20
DIREITO CONSTITUCIONAL

Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
titucional os tratados internacionais de direitos humanos que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista direitos fundamentais.
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
revogaria a Constituição no ponto controverso). mais plena possível.
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
2) Direitos sociais nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
normas programáticas e que necessitam de uma postura condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
interventiva estatal em prol da implementação. tes a esta categoria de direitos.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram
menção genérica no artigo 6º, CF: 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a notadamente porque estão previstos em normas progra-
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- máticas e porque a implementação deles gera um ônus
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
à maternidade e à infância, a assistência aos desampa- dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
rados, na forma desta Constituição.  tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
em prol da efetivação destes.
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi- de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o Público como determinador de que particulares respeitem
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma- os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título Estatuto Máximo25.
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in- Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra- a cláusula da reserva do possível como argumento para a
balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda não implementação de determinado direito social – seja
a ordem social, se concentra em trazer normativas mais pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais. tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
sociais os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
Independentemente da categoria de direitos que este- constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
sentido meramente formal, mas necessariamente material. letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
como também se mostram essenciais. Fundamental do Estado”26.
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta possível, embora viável, não pode servir de muleta para
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com 25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da reali-
moradia, assim como nem todos se encontram na posição dade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da 26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

21
DIREITO CONSTITUCIONAL

viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se semprego involuntário.
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
atender esta demanda. desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po- assistência financeira temporária.
der Judiciário em prol de sua efetivação.
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
2.3) Princípio da proibição do retrocesso viço.
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
retrocesso, de modo que um direito social garantido não constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
pode deixar de o ser. cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração da casa própria ou da aposentadoria e em situações de
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é causa ou em caso de algumas doenças graves.
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi- Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex- nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
cluindo o ensino médio gratuito). vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito porte e previdência social, com reajustes periódicos que
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, ção para qualquer fim.
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro Trata-se de uma visível norma programática da Cons-
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
entendimento dominante.
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
2.4) Direito individual do trabalho pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi- Socioeconômicos (Dieese)”27.
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito à complexidade do trabalho.
no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
de assédio moral). Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é
dentre outros direitos. estabelecido em conformidade com a data base da cate-
goria, por isso ele é definido em conformidade com um
Significa que a demissão, se não for motivada por justa acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização trabalhador.
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- 27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-
gador. -deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
disposto em convenção ou acordo coletivo. empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de-
missão em massa durante uma crise, situações que devem Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ser negociadas em convenção ou acordo coletivo. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Salário-família é o benefício pago na proporção do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, quer idade, independente de carência e desde que o salá-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
baseada em comissões por venda e metas); permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- -família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- qualquer idade será de R$ 24,66.
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
sentado no final de cada ano. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal.
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
horas do dia seguinte. normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
constituindo crime sua retenção dolosa. permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo superior à da hora normal.
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário, Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal salvo negociação coletiva.
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
XXXIX, CF). O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul- samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
participação na gestão da empresa, conforme definido em tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
lei. tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro a própria família.

23
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
ferencialmente aos domingos. po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
munerado coincidente com um domingo a cada período, do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
trabalhado ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
O salário das férias deve ser superior em pelo menos rança.
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de dade e na ausência de agentes que possam comprometer
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
serão diminuídos de acordo com o número de faltas).
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
lei.
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias.
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
O salário da trabalhadora em licença é chamado de
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
São consideradas atividades ou operações insalubres
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
após o parto, a mulher não pode ser demitida. micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
xados em lei. base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen-
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
mãe nos processos pós-operatórios. médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau
mínimo.
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da O adicional de periculosidade é um valor devido ao
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. empregado exposto a atividades perigosas. São conside-
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por
Embora as mulheres sejam maioria na população de sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população acentuado em virtude de exposição permanente do tra-
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados. balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- do adicional de periculosidade será o salário do empre-
do que os homens recebem mais porque os empregadores gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de
entendem que eles necessitam de um salário maior para gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em-
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência presa.
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambien-
de forma especial. tal brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

24
DIREITO CONSTITUCIONAL

O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
tes adicionais. definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. temporária, da capacidade para o trabalho.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
to social no próprio artigo 6º, CF. buição com natureza de tributo que as empresas pagam
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
de em creches e pré-escolas. to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi-
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- a indenização devida pelo empregador em caso de culpa
de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla-
incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva Trabalho;
na empresa.
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
acordos coletivos de trabalho. cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra- balho.
balho, que encontra regulamentação constitucional nos
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor- Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
dos coletivos, entidades representativas da categoria dos jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
trabalhadores entram em negociação com as empresas na há um período de tempo que o empregado tem para re-
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
direitos sociais; balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
na forma da lei. vigência do contrato de trabalho.

Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de sexo, idade, cor ou estado civil.
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má-
quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado Há uma tendência de se remunerar melhor homens
para que possa operá-la). brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.

25
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- cal, observado o seguinte:
dor portador de deficiência. I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
mitações, possui condições de ingressar no mercado de intervenção na organização sindical;
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de II - é vedada a criação de mais de uma organização
sua deficiência. sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
respectivos. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- questões judiciais ou administrativas;
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por se tratando de categoria profissional, será descontada em
se enquadrar numa ou outra categoria. folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, prevista em lei;
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na filiado a sindicato;
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se tado nas organizações sindicais;
o trabalho em condições desfavoráveis.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra-
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
balhador avulso.
grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
trabalhador com vínculo empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único tigo 9º, CF:
do artigo 7º:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos sobre os interesses que devam por meio dele defender.
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- da comunidade.
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os penas da lei.
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social.  A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
2.5) Direito coletivo do trabalho ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha- for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida- esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve, O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
substituição processual, participação e representação clas-
sista29. Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba-
A liberdade de associação profissional ou sindical tem lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú-
escopo no artigo 8º, CF: blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá-
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza- rios sejam objeto de discussão e deliberação.
do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Por fim, aborda-se o direito de representação classista Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
no artigo 11, CF: ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
pregados, é assegurada a eleição de um representante perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
dimento direto com os empregadores. das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
3) Nacionalidade to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
um nacional pode adquirir direitos políticos. como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga cometeram tais violações.
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando 3.2) Naturalidade e naturalização
assim de direitos e obrigações. O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
não é a mesma coisa que população. População é o con- rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
trangeiros residentes no país e os apátridas. de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
Estado.
3.1) Nacionalidade como direito humano funda- Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
mental tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
Os direitos humanos internacionais são completamen- voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- nacional brasileiro.
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- a) Brasileiros natos
Art. 12, CF. São brasileiros:
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
I - natos:
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
brasileiro não admite a figura do apátrida.
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
a serviço de seu país;
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
da República Federativa do Brasil;
um processo conhecido como naturalização. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio- ção brasileira competente ou venham a residir na Repú-
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos sileira.
aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te-
nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- em território do país independentemente da nacionalidade
versas. dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen-
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa de do local de nascimento mas sim da descendência de um
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um nacional do país (critério comum em países que tiveram
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo, êxodo de imigrantes).
de um governante, de um poder despótico, de decisões O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce
unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra- no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi-
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros
sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter-
não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui- nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo,
to séria”30. também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te-
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e nha nascido no território brasileiro.
XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

27
DIREITO CONSTITUCIONAL

No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território Judiciário para fazê-lo valer31.
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em c) Tratamento diferenciado
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
dade brasileira ou não. sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
b) Brasileiros naturalizados Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
sos previstos nesta Constituição.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
e idoneidade moral; cer as hipóteses de distinção.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze enumeradas no parágrafo seguinte.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira. Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
os cargos:
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no III - de Presidente do Senado Federal;
artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- VI - de oficial das Forças Armadas;
cessão da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
III - residência contínua no território nacional, pelo exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
ao pedido de naturalização; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
condições do naturalizando; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
manutenção própria e da família; do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
VI - bom procedimento; anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
num critério de revezamento nenhum membro pode ser
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
impacto em termos de representação do país ou de segu-
superior a 1 (um) ano; e
VIII - boa saúde. rança nacional.
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi-
Destaque vai para o requisito da residência contínua. leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens,
entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi-
o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha
o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí praticado crime comum antes da naturalização ou, depois
se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF).
ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
ria no artigo 12, II, “a”.
Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconfe-
Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. rência.

28
DIREITO CONSTITUCIONAL

3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência 6.815/1980:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- cionais.
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). trangeiro que:
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- manência no Brasil;
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se b) havendo entrado no território nacional com infração
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
mente direitos políticos nos dois países. d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
para estrangeiro.
3.4) Perda da nacionalidade A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
nalidade do brasileiro que: faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju- tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: tuição no artigo 5º, §4º).
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
lei estrangeira; 3.6) Extradição
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
dição para permanência em seu território ou para o exercício cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
de direitos civis. condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei-
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- que foram objeto do pedido de extradição.
nalidade do outro país for uma exigência para continuar b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado
lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo,
assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní-
nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona- vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países,
lidade brasileira. p. ex., não pode ocorrer a extradição).
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de
3.5) Deportação, expulsão e entrega um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
A deportação representa a devolução compulsória de brado após a ocorrência do crime não impede a extradição.
um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir- d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos):
regular no território nacional, estando prevista na Lei nº Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas
6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou- pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza-
ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, da, salvo se houver a comutação da pena, transformação
mera irregularidade de visto. para uma pena aceita no Brasil.

29
DIREITO CONSTITUCIONAL

Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferên-
nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedi- cia o Governo brasileiro.
mento: § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos
Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go- disserem respeito à preferência de que trata este artigo. 
verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando
prometer ao Brasil a reciprocidade.  Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomáti-
ca ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Minis-
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:  tério da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa
autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente. 
II - o fato que motivar o pedido não for considerado
crime no Brasil ou no Estado requerente; § 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações pre-
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul- cisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias
gar o crime imputado ao extraditando; do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ain-
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão da, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência,
igual ou inferior a 1 (um) ano; a pena e sua prescrição. 
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já § 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos
mo fato em que se fundar o pedido; documentos. 
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se- § 3o  Os documentos indicados neste artigo serão
gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; acompanhados de versão feita oficialmente para o idio-
VII - o fato constituir crime político; e ma português. 
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressu-
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição postos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em
quando o fato constituir, principalmente, infração da lei tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao
penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao Supremo Tribunal Federal. 
delito político, constituir o fato principal.
Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe-
que trata o  caput, o pedido será arquivado mediante de-
deral, a apreciação do caráter da infração.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de cisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem
considerar crimes políticos os atentados contra Che- prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído,
fes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os uma vez superado o óbice apontado. 
atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro
de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá,
de processos violentos para subverter a ordem política ou em caso de urgência e antes da formalização do pedido de
social. extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão
cautelar do extraditando por via diplomática ou, quan-
Art. 78. São condições para concessão da extradição:  do previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após
I - ter sido o crime cometido no território do Estado exame da presença dos pressupostos formais de admis-
requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará
penais desse Estado; e ao Supremo Tribunal Federal.  (Redação dada pela Lei nº
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou 12.878, de 2013)
estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri- § 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime
bunal ou autoridade competente do Estado requerente, cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser apre-
salvo o disposto no artigo 82. sentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer
outro meio que assegure a comunicação por escrito.  (Reda-
Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradi-
ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
pedido daquele em cujo território a infração foi come- § 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresen-
tida. tado ao Ministério da Justiça por meio da Organização
§ 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferên- Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente
cia, sucessivamente: instruído com a documentação comprobatória da existência
I - o Estado requerente em cujo território haja sido co- de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro.  (Reda-
metido o crime mais grave, segundo a lei brasileira; ção dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega § 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no-
do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado
III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradi-
do extraditando, se os pedidos forem simultâneos. ção. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)

30
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo pre- Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ain-
visto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, da que responda a processo ou esteja condenado por
não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mes- contravenção. 
mo fato sem que a extradição haja sido devidamente reque-
rida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Esta-
do requerente assuma o compromisso: 
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem pré- I - de não ser o extraditando preso nem processado por
vio pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal fatos anteriores ao pedido;
Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
recurso da decisão.  imposta por força da extradição;
III - de comutar em pena privativa de liberdade a
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.  os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento IV - de não ser o extraditando entregue, sem consen-
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a timento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. V - de não considerar qualquer motivo político, para
agravar a pena.
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e
hora para o interrogatório do extraditando e, conforme Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, cor- brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com
rendo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa.  os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa re- poder. 
Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos
clamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou
neste artigo poderão ser entregues independentemente
ilegalidade da extradição.
da entrega do extraditando.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído,
o Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da Repú-
Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Es-
blica, poderá converter o julgamento em diligência para
tado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se
suprir a falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias,
no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedi-
decorridos os quais o pedido será julgado independentemen-
do feito diretamente por via diplomática, e de novo entre-
te da diligência.
gue sem outras formalidades. 
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da
data da notificação que o Ministério das Relações Exterio- Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser per-
res fizer à Missão Diplomática do Estado requerente. mitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comuni- nacional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros,
cado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão bem assim o da respectiva guarda, mediante apresentação
Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessen- de documentos comprobatórios de concessão da medi-
ta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do da. 
território nacional. 
3.7) Idioma e símbolos
Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extradi- Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
tando do território nacional no prazo do artigo anterior, será República Federativa do Brasil.
ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a pro- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
cesso de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar.  bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo derão ter símbolos próprios.
pedido baseado no mesmo fato. 
Idioma é a língua falada pela população, que confere
Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo proces- caráter diferenciado em relação à população do resto do
sado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de
com pena privativa de liberdade, a extradição será exe- uma nação.
cutada somente depois da conclusão do processo ou do Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da
cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter-
no artigo 67.  nacionalmente.
Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual- Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre-
mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que
sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por aborda o tema.
laudo médico oficial.

31
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-


TÍTULO III - CAPÍTULO VII ses que representa, a administração pública está proibida
COM SEÇÕES I E II de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
1) Princípios da Administração Pública trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi- igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida-
tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser- de no que tange à contratação de serviços. O princípio da
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte- impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade,
riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi-
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in- ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse
fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
e Lei n° 8.429/92. coletivo.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- relacionada ao poder público. A administração pública não
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
tuição Federal: imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
também, ao seguinte: [...] ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
São princípios da administração pública, nesta ordem: anteriores.
Legalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Administração Pública. É de fundamental importância um servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios, gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas caracteriza ato de improbidade administrativa.
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho32 princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
e Spitzcovsky33: político-eleitoral:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
proíbe. Contudo, como a administração pública representa obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação caráter educativo, informativo ou de orientação social,
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o res públicos.
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
Estado deve respeitar as leis que dita. a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- instrumentos para proteção são o direito de petição e as
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
Paulo: Método, 2011. prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 

32
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
ticipação do usuário na administração pública direta e ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
indireta, regulando especialmente: único comportamento possível) e dos atos discricionários
I  -  as reclamações relativas à prestação dos serviços (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís-
interna, da qualidade dos serviços; sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e com relação aos atos administrativos vinculados; todavia,
a informações sobre atos de governo, observado o disposto diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
no art. 5º, X e XXXIII; cricionários.
III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles35 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini36,
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
procura por produtividade e economicidade. Alcança os artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
referindo diretamente à conduta dos agentes. rios quanto os vinculados.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- vidores
dos à função pública a probidade e a motivação: O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- cípios da administração pública estudados no tópico ante-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini34 alerta que Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
alguns autores tratam veem como distintos os princípios são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há  tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
características que permitam tratar os mesmos como pro- forma da lei.
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
que a probidade administrativa é um aspecto particular da Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
moralidade administrativa. 8.112/1990, que prevê:
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais investidura em cargo público:
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a I - a nacionalidade brasileira;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a II - o gozo dos direitos políticos;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da cargo;
Administração. V - a idade mínima de dezoito anos;
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- VI - aptidão física e mental.
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- § 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên-
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
os atos administrativos devem ser motivados para que o
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem 35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
ser observados os motivos dos atos administrativos. São Paulo: Malheiros, 1993.
34 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau- 36 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2004. lo: Saraiva, 2004.

33
DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua vali-
dade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamen-
tos.

No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos
de provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também é considerado. Cargo em comissão é o cargo
de confiança, que não exige concurso público, sendo exceção à regra geral.

Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual pe-
ríodo.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, por igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no
Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade
não expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade.
Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não
ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autori-
dade responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no
serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os car-
gos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

34
DIREITO CONSTITUCIONAL

Observa-se o seguinte quadro comparativo37:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo reser-
cargo efetivo. vado ao servidor de carreira.

Com concurso público, já que somente pode exercê-la o


Sem concurso público, ressalvado o percentual mínimo
servidor de cargo efetivo, mas a função em si não pres-
reservado ao servidor de carreira.
cindível de concurso público.

É atribuído posto (lugar) num dos quadros da


Somente são conferidas atribuições e responsabilidade Administração Pública, conferida atribuições e
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo

Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento assessoramento

De livre nomeação e exoneração no que se refere à fun-


De livre nomeação e exoneração
ção e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela
preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários
públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de
Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiên-
cia e definirá os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tempo-
rária de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o
servidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o
Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas
de Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconi-
zado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado)
quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto,
de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e esta-
tutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências do Estado
moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”38.
37 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
38 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Dis-

35
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú- exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen- do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
de índices. taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu- res aos pagos pelo Poder Executivo.
muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea- Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
ção e exoneração.
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per-
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar- ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
tigos 40 e 41: superior à soma dos valores percebidos como remuneração,
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po-
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens
previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
cidas em lei.
fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
§ 1º A remuneração do servidor investido em função
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei-
62. to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a previstas em lei.
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
93. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van- XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
tagens de caráter permanente, é irredutível. Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec-
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
ao local de trabalho. Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta-
ao salário mínimo. duais e Distritais e dos Vereadores.

Ainda, o artigo 37 da Constituição: Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi-
paração salarial:
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara-
administração direta, autárquica e fundacional, dos ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- remuneração de pessoal do serviço público.
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per- de política de administração e remuneração de pessoal,
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens integrado por servidores designados pelos respectivos
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/ constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se
Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. mostrem similares.

36
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
dos por servidor público não serão computados nem acu- exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório à remuneração devida pela participação em conselhos de
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
vantagem até então percebida.
Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
disposto no  inciso XI: a)   a de dois cargos de professor; se em que houver compatibilidade de horário e local com o
b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
científico; c)   a de dois cargos ou empregos privativos dos órgãos ou entidades envolvidos.
de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam,
a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire- República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos
tamente, pelo poder público. constitui uma das infrações mais comuns praticadas por
servidores públicos, o que se constata observando o eleva-
Segundo Carvalho Filho39, “o fundamento da proibição do número de processos administrativos instaurados com
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela-
o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua
detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota- situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
-se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
consequência, se a acumulação só encerra a percepção de do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons- dessa infração – art. 133” 40.
titucional proibitiva”.
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques- Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e
tão: seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre- administrativos, na forma da lei.
vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
da de cargos públicos. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em- atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
presas públicas, sociedades de economia mista da União, por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu- ritários para a realização de suas atividades e atuarão
nicípios. de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con- cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con-
dicionada à comprovação da compatibilidade de horá- vênio.
rios.
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção “O Estado tem como finalidade essencial a garantia
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati- na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
vidade. atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
40 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Pú-
39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- blicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

37
DIREITO CONSTITUCIONAL

atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu empresas públicas e às sociedades de economia mista
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
A importância da Administração Tributária foi reconheci- Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
da expressamente pelo constituinte que acrescentou, no mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a
sua precedência e de seus servidores sobre os demais se- Continua o artigo 37, CF:
tores da Administração Pública, dentro de suas áreas de
competência”41. Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode- contratados mediante processo de licitação pública que
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
empresa pública, de sociedade de economia mista e de com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
definir as áreas de sua atuação. lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- mento das obrigações.
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
de qualquer delas em empresa privada. o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-
mas para licitações e contratos da Administração Pública
Órgãos da administração indireta somente podem ser e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con-
criados por lei específica e a criação de subsidiárias des- junto de procedimentos administrativos (administrativos
tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e porque parte da administração pública) para as compras
controla diretamente determinada empresa pública ou so- ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.: mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
tese para observar que quase todos os autores que abor-
ção é um processo formal onde há a competição entre os
dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
interessados.
da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res-
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias pectivas ações de ressarcimento.
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
considerar inválida sua autorização”42. Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres-
creverá:
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que o fato se tornou conhecido.
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também
I -  o prazo de duração do contrato; como crime.
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro-
direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi-
III -  a remuneração do pessoal. nal proferida por autoridade competente.
41 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_ § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-
sao_paulo.htm meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
42 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
plicado. São Paulo: GEN, 2014.

38
DIREITO CONSTITUCIONAL

Prescrição é um instituto que visa regular a perda do A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 cínio de que a principal consequência da prática de um ato
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
nos graves (pena de advertência), contados da data em que fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri- ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá- por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. danos que seus agentes causem durante a prestação do
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- aos direitos humanos reconhecidos.
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo Trata-se de responsabilidade extracontratual porque
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
propor ação disciplinar. elementos genéricos pré-determinados, que perpassam
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- se encontram no art. 186 do Código Civil:
ções privilegiadas.
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao ilícito.
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi- Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45, civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
de 4 de setembro de 2001. (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu- causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham terial, econômico e não econômico).
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste- 1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe-
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte- o dano específico, individualizado, que atinge determina-
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei. da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul-
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por
3) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser- exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado
vidores não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- na circunstância específica possuía o dever de impedir o
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- humano reconhecido).
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os
taurando-se o equilíbrio social.43 agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
nários, empregados ou temporários) e os particulares em
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
limites da herança, embora existam reflexos na ação que qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- das prerrogativas do cargo, não agindo como um parti-
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de cular.
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
uma absolvição por falta de provas não o faz). Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
43 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
São Paulo: Saraiva, 2005. mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.

39
DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili- No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
por um agente público no exercício de suas funções e que res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
tado. ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os aciona-se o agente público que praticou o ato.
direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
por um grupo de pessoas que desempenham as atividades São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser
estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta- praticados pelo agente público no exercício de sua função
do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula-
o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente, to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú-
pagando pela indenização (reparação dos danos materiais blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse
e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de
regresso se agiram com dolo ou culpa.
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- -se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. funcionário que violar a ética do serviço público, como ad-
vertência, suspensão e demissão.
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe-
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau- nal e administrativa no que tange à responsabilização do
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela- agente público que cometa ato ilícito.
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá Tomadas as exigências de características dos danos aci-
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera-
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re- -se que para o Estado ser responsabilizado por um dano,
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade
considerada a existência de uma relação obrigacional que e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- acontecer em território nacional.
põe. Diante de tal premissa, entende-se que a responsa-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa-
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con-
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em
esperado.44 prejuízo dentro de sua previsibilidade.
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad- quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro-
ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên-
dever de indenizar. dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos Logo, não é sempre que o Estado será responsabili-
violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi- zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota-
lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior
autônomas uma com relação à outra e à já mencionada (fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do
responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei dano; b) culpa exclusiva da vítima.
nº 8.112/90:
4) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais blicos
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi-
entre si. dor público encontra previsão constitucional em seu artigo
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos
44 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta
Paulo: Método, 2011. a questão remuneratória:

40
DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela ção dos cargos e empregos públicos.
sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa- § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo tários provenientes da economia com despesas correntes
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no
norma do inciso anterior; desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive
contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
ção por merecimento;
V  - para efeito de benefício previdenciário, no caso § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
de afastamento, os valores serão determinados como se no dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
exercício estivesse.
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efeti-
5) Regime de remuneração e previdência dos servi- vos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
dores públicos cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên- regime de previdência de caráter contributivo e solidário,
cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constitui- mediante contribuição do respectivo ente público, dos ser-
ção Federal: vidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados cri-
térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os disposto neste artigo.
Municípios instituirão conselho de política de administra- §  1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula-
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma
Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa dos §§ 3º e 17:
pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui- porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
planos de carreira para os servidores da administração pú- doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”). II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de- ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
mais componentes do sistema remuneratório observará: ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de
I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- lei complementar;
dade dos cargos componentes de cada carreira; III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
II -  os requisitos para a investidura;
nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
III -  as peculiaridades dos cargos.
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
doria, observadas as seguintes condições:
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa- ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos de contribuição, se mulher;
entre os entes federados. b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, cionais ao tempo de contribuição.
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan- ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
do a natureza do cargo o exigir. neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti- se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu- concessão da pensão.
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio §  3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen- munerações utilizadas como base para as contribuições do
tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar-
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. tigo e o art. 201, na forma da lei.

41
DIREITO CONSTITUCIONAL

§  4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran- cípios, desde que instituam regime de previdência comple-
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
vidores: pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
I -  portadores de deficiência; artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
II -  que exerçam atividades de risco; do regime geral de previdência social de que trata o art.
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es- 201.
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 15. O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui- Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe-
no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen- chadas de previdência complementar, de natureza pública,
te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na que oferecerão aos respectivos participantes planos de be-
educação infantil e no ensino fundamental e médio. nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do que tiver ingressado no serviço público até a data da publi-
regime de previdência previsto neste artigo. cação do ato de instituição do correspondente regime de
§  7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de previdência complementar.
pensão por morte, que será igual: § 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa- para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida-
lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios mente atualizados, na forma da lei.
do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra-
ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido
limite, caso aposentado à data do óbito; ou
para os benefícios do regime geral de previdência social de
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
para os servidores titulares de cargos efetivos.
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
completado as exigências para aposentadoria voluntária
tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade na data do óbito.
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor- as exigências para aposentadoria compulsória contidas no
me critérios estabelecidos em lei. § 1º, II.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o próprio de previdência social para os servidores titula-
tempo de serviço correspondente para efeito de dispo- res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto-
nibilidade. ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de disposto no art. 142, § 3º, X.
contagem de tempo de contribuição fictício. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo inci-
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma dirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposenta-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- doria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos, estabelecido para os benefícios do regime geral de previdên-
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para cia social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando
o regime geral de previdência social, e ao montante resul- o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença inca-
tante da adição de proventos de inatividade com remunera- pacitante.
ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- 6) Estágio probatório e perda do cargo
ção, e de cargo eletivo. Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre- ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo
para o regime geral de previdência social. exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo mento efetivo em virtude de concurso público.
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul-
público, aplica-se o regime geral de previdência social. gado;

42
DIREITO CONSTITUCIONAL

II  -  mediante processo administrativo em que lhe O estágio probatório pode ser definido como um lapso
seja assegurada ampla defesa; de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
III -  mediante procedimento de avaliação periódica avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
ampla defesa. dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será
§  2º Invalidada por sentença judicial a demissão do exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior-
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen-
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem- ramento no órgão ou entidade de lotação.
po de serviço. Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
§  3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen-
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade- norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
quado aproveitamento em outro cargo. que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
to no artigo 41 da Constituição Federal.
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
missão instituída para essa finalidade.
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser- casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, nota-
vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su- damente: em virtude de sentença judicial transitada em
jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) julgado; mediante processo administrativo em que lhe
meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob- seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
os seguinte fatores: de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
I - assiduidade; lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
II - disciplina; 7) Atos de improbidade administrativa
III - capacidade de iniciativa; A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
IV - produtividade; tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
V - responsabilidade. mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está- lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
gio probatório, será submetida à homologação da autori- do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
dade competente a avaliação do desempenho do servidor, sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
realizada por comissão constituída para essa finalidade, qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”45.
respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
caput deste artigo. do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an- correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
único do art. 29. juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou enti-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
dade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro ór-
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
gão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
equivalentes. e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente pode- ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta- em esferas distintas do Direito.
mento para participar de curso de formação decorrente de Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
aprovação em concurso para outro cargo na Administração co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
Pública Federal. porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
de formação, e será retomado a partir do término do im- 45 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza-
pedimento. do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

43
DIREITO CONSTITUCIONAL

ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú-
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% Este artigo admite expressamente a variante culpo-
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti-
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- consolidou a tese de que é indispensável a existência de
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne-
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”49.
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- Para Carvalho Filho50, não há inconstitucionalidade na mo-
probidade administrativa. dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de conforme o agente aja com dolo ou culpa.
improbidade administrativa em três categorias: O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
a) Ato de improbidade administrativa que importe ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, c) Ato de improbidade administrativa que atente
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da contra os princípios da administração pública (artigo
Lei nº 8.429/1992. 11, Lei nº 8.429/1992)
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
ditames morais, notadamente no desempenho de função titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
de interesse estatal. os princípios da administração pública qualquer ação ou
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha lidade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O gru-
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando po mais ameno de atos de improbidade administrativa se
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
cos). sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- gerais da administração pública51.
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
intenção). Não cabe prática por omissão.46 Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
b) Ato de improbidade administrativa que importe o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- embora caiba a prática por ação ou omissão.
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como diante do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade,
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam o ato de improbidade administrativa não tiver gerado ob-
o seu conteúdo47. tenção de vantagem
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que 49 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade ad-
ministrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
se refere a destruição48.
vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
46 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Paulo: Método, 2011. 50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
47 Ibid. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 51 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

Com efeito, os atos de improbidade administrativa - Perda de função pública: “se o agente é titular de
não são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
na esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
simultaneamente um ato de improbidade administrativa do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
ambos, nas duas esferas. empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio Administrativa.
público; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
descreve os procedimentos administrativo e judicial.
variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob-
de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde-
o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá
não só reparar eventual dano causado mas também co- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
locar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevida- indenizatório, mas punitivo.
mente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou nos sócio majoritário da instituição vitimada.
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá en- - Proibição de contratar: o agente punido não pode
riquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o participar de processos licitatórios.
qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriqueci-
mento ilícito, devendo o valor adquirido ser tomado pelo
Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o ARTIGO 92.
dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além disso,
em todos os casos há perda da função pública. Nas três
categorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos
direitos políticos, multa e vedação de contratação ou per- O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei
cepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ao caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação.
ato. É o que se depreende da leitura do artigo 12 da Lei nº O artigo 92 da Constituição disciplina os órgãos que com-
8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, que prevê: “Os atos põem o Poder Judiciário, sendo que os artigos posteriores
de improbidade administrativa importarão a suspensão delimitam a competência de cada um deles. Os órgãos que
dos direitos políticos, a perda da função pública, a in- ficam no topo do sistema possuem sede na Capital Federal,
disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, Brasília, e são dotados de jurisdição em todo o território
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação nacional.
penal cabível”.
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário:
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- I - o Supremo Tribunal Federal;
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
I-A - o Conselho Nacional de Justiça; 
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
II - o Superior Tribunal de Justiça;
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede-
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
lei é o instrumento adequado para tanto52. rais;
Carvalho Filho53 tece considerações a respeito de algu- IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
mas das sanções: V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre VI - os Tribunais e Juízes Militares;
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria Federal e Territórios.
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional
derivar de origem ilícita”. de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda Federal. 
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo- § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supe-
netária e juros de mora. riores têm jurisdição em todo o território nacional.
52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
53 Ibid.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIOS 3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda


em relação aos outros remédios constitucionais analise as
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. questões a seguir e assinale a alternativa correta.
5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in- I - O habeas data assegura o conhecimento de infor-
dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan- mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se, registros ou banco de dados de entidades governamentais
de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também ou de caráter público.
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- II - Será concedido habeas data para a retificação de
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
2009,13ª. ed., p. 671). judicial ou administrativo.
Com base na afirmação acima, analise as questões a III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
seguir e assinale a alternativa correta. entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na nor- beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
ma constitucional, enquanto as garantias são os instrumen- tração direta e indireta do Estado.
tos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
direitos. toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa- exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
exemplificativo. demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição pela falta de complementação de uma lei.
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos (A) Todas as afirmações estão corretas.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais (B) Apenas I, II e III estão corretas.
em que o Brasil seja parte. (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (D) Apenas II, III e V estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (E) Apenas IV e V estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola-
ção. 4. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe parida-
suas liturgias.
de de condições com o Estado para defender-se.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
Com base na afirmação acima, analise as questões a
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
seguir e assinale a alternativa correta.
(C) Apenas III e V estão corretas.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
(D) Apenas IV e V estão corretas. pela autoridade competente.
(E) Todas as questões estão corretas. II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re- social o exigirem.
médios constitucionais são as formas estabelecidas pela III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos meios ilícitos.
fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
essenciais e indisponíveis do ser humano. quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
Assim, é correto afirmar, exceto: fiança.
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- depositário infiel.
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. A) Apenas I, II e IV estão corretas.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém B) Apenas I, III e V estão corretas.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação C) Apenas III e IV estão corretas.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso D) Apenas IV e V estão corretas.
de poder. E) Todas as questões estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual 5. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
ciplinares militares. for conhecido.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
quando for concreta a lesão. taurado.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu-
Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Consti- cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
tuição Federal, é CORRETO afirmar que nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa. de três quintos dos respectivos membros;
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e (D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
imprescritível. tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- com observância do processo legislativo ordinário;
tância. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. ordem jurídica interna.
7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) 11. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu
Constituição Federal: pedido foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser in-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró-
terposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou
prio.
lei, que foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti-
do pela lei de execução penal. a Pedro. Após a publicação da referida lei, a Administração
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao Pública federal notificou Pedro para devolver os valores re-
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- cebidos, comunicando que não mais ocorreriam os paga-
ta. mentos futuros, em decorrência da norma em foco.
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) correta
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en- (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
trar, sem permissão do morador, EXCETO sobre direitos indisponíveis de Pedro
(A) em caso de desastre. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa
(B) em caso de flagrante delito. julgada formada em favor de Pedro.
(C) para prestar socorro. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. de Pedro diante de nova legislação.
(D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
9. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador - perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, tes.
o artigo 5º da Constituição da República estabelece que é:
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- 12. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
mentado o anonimato; rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
terial, moral ou à imagem; pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- O pleito de João
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
profissional; damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística,
acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen-
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
sura ou licença;
ameaça a direito
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in-
formações de seu interesse particular, sendo vedada a (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos as-
alegação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da segurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de pe-
sociedade e do Estado. tição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder
10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - (C) não encontra amparo constitucional, uma vez
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, que a obtenção de certidões em repartições públicas será
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
manos: direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a pessoal.
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; segurança da sociedade e do Estado.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

(E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res- A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá- essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades
vel duração do processo e os meios que garantam a celeri- inadiáveis da comunidade.
dade de sua tramitação. Certo ( )
Errado ( )
13. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria
da reserva do possível 16. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à alternativa correta.
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do seguintes é exaustivo.
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de (B) É vedada a redução proporcional do salário do tra-
implementação de políticas públicas, quando caracterizada balhador sob qualquer hipótese.
hipótese de omissão governamental. (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
(C) considera que as políticas públicas são reservadas anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- que o salário normal.
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
concreto. do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do determinada pela CLT.
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi- (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
direito à saúde e à educação básica. to, mas é determinado pela CLT.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di-
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- 17. (TCE/RS - Auditor Público Externo - Engenharia
des financeiras e orçamentárias do estado. Civil - Conhecimentos Básicos - FCC/2014) Sicrano, filho
de mãe brasileira e pai egípcio, nascido durante período
em que seus pais eram estudantes universitários na França,
14. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador -
veio, após a maioridade, a residir no Brasil, onde pretende
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada
viver pelo resto de sua vida. Nos termos da Constituição da
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a
República, Sicrano
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e
A) somente seria considerado brasileiro nato se, quan-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de
do de seu nascimento, sua mãe, que era brasileira, estives-
suas disposições, a Emenda
se no exterior a serviço da República Federativa do Brasil.
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
B) poderá vir a ser brasileiro naturalizado, se efetiva-
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
mente residir no país por até quinze anos ininterruptos,
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a desde que requeira a nacionalidade brasileira.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, C) é considerado brasileiro naturalizado, desde o mo-
mediante incentivos específicos. mento em que fixou residência no país, já que é filho de
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra- mãe brasileira, estando sujeito, contudo, a extradição, na
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em hipótese de cometimento de crime comum a partir de en-
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. tão.
(B) não determinou a extensão ao trabalhador do- D) será considerado brasileiro nato, se optar, a qual-
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da quer tempo, pela nacionalidade brasileira, caso em que
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- não estará sujeito a extradição, nem mesmo na hipótese
lher, mediante incentivos específicos. de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor-
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, pecentes.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- E) somente seria considerado brasileiro nato se, quan-
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- do de seu nascimento, houvesse sido registrado em repar-
xidade do trabalho. tição brasileira competente.
(D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- 18. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- ternativa INCORRETA:
são e à complexidade do trabalho. (A) A administração pública direta e indireta de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
15. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
tais, à organização político-administrativa, à administração (B) É garantido ao servidor público civil o direito à li-
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. vre associação sindical.

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DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) A administração fazendária e seus servidores fis- Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- (A) I, II e III.
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, (B) I, apenas.
na forma da lei. (C) I e II, apenas.
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos (D) I e III, apenas.
públicos se estende a emprego e funções, não abrangen- (E) II e III, apenas.
do, pois, sociedades de economia mista. 21. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em públicos civis da Administração direta
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira (A) deve ser considerado inconstitucional, até que
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em seja editada a lei definidora dos termos e limites em que
lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da
assessoramento. prestação dos serviços públicos.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
19. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- vidores públicos em estágio probatório.
ministração pública pode ser definida objetivamente como (C) é constitucional, visto que previsto em norma da
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve constituição federal com aplicabilidade imediata, não ne-
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen- cessitando de regulamentação, nem de integração norma-
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos tiva, para que o direito nela previsto possa ser exercido.
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores pú-
Com base no que determina a Constituição Federal a blicos enquanto não for promulgada lei específica para o
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: exercício desse direito.
(A) A investidura em cargo ou emprego público de- (E) é constitucional e poderá ensejar convenção cole-
pende de aprovação prévia em concurso público de pro- tiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do servidores públicos.
cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
(B) A Administração pública direta e indireta obede- 22. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
dade, publicidade e eficiência. termos da Constituição Federal, dentre outros,
(C) O prazo de validade do concurso público será de (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. (B) a indisponibilidade dos bens.
(D) A Constituição Federal não veda a acumulação re- (C) a impossibilidade de deixar o país.
munerada de cargos públicos. (D) a suspensão dos direitos civis.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para (E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so-
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, cial.
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento. 23. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
NESP/2014) Dentre os órgãos do Poder Judiciário,
20. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- pode(m)-se citar:
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- a) o Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
blica, analise as afirmativas. b) os Tribunais e Juízes Militares.
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e c) o Conselho de Defesa Nacional.
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos d) o Tribunal de Contas da União.
pelo Poder Executivo. e) o Ministério Público.
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
gos, funções e empregos públicos da administração direta, 24. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos NESP/2013) Segundo a Constituição Federal, é(são)
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos órgão(s) do Poder Judiciário:
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- a) o Tribunal de Contas da União.
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra b) o Ministério da Justiça.
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou c) o Superior Tribunal Federal.
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra d) o Conselho Superior de Justiça.
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- e) os Tribunais e os Juízes do Trabalho.
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
pessoal do serviço público.

49
DIREITO CONSTITUCIONAL

25. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU- 3. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para
NESP/2011) Assinale a alternativa que contempla somente os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-
órgãos integrantes do Poder Judiciário. -se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
a) Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
Justiça; Tribunais e Juízes Militares. liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
b) Superior Tribunal de Justiça; Defensoria Pública; Tri- nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
bunais e Juízes do Trabalho. -se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
c) Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
e Territórios; Ministério Público dos Estados; Conselho Na- de registros ou bancos de dados de entidades governa-
mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
cional de Justiça.
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
d) Procuradoria Geral do Estado; Tribunais e Juízes Mi- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
litares; Tribunais e Juízes do Distrito Federal e Territórios. do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
e) Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e Juízes Mi- da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
litares; Conselho Nacional do Ministério Público. atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
contra uma entidade governamental da administração di-
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo 5º,
RESPOSTAS LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
que a demora do legislador em regulamentar uma norma
1. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
diferença entre direitos e garantias é que os primeiros preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
servem para determinar os bens jurídicos tutelados e as direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
segundas são os instrumentos para assegurar estes (ex: ral.
direito de liberdade de locomoção – garantia do habeas
4. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
corpus). “II” está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê
guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
em seu §2º que “os direitos e garantias expressos nesta dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
cionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”, social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
fundamento que também demonstra que o item “III” está e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à
correto. O item IV traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”.
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad-
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”; missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
o que faz também o item V com relação ao artigo 5º, VI, (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju-
CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto
esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas 5. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL -
estão corretas. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
2. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs- rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di-
ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento,
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer notadamente), ela será aplicada.
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus- 6. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII,
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançá-
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo- da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei pe-
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é nal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é
aceita a pena de morte para os crimes militares praticados
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), possuem inviolabilidade domiciliar.
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen- 7. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
relação a punições disciplinares militares”. artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
noturno superior à do diurno”).

50
DIREITO CONSTITUCIONAL

8. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- 15. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di-
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe-
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
qualquer hora, mas somente durante o dia. des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos
sujeitam os responsáveis às penas da lei”.
9. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- 16. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
profissional”. excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
10. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons-
titucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de deter- constitucional, tal como a licença-paternidade, restando
minados requisitos para a incorporação. “E” também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo as-
sim, “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo
11. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei a mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfei-
to e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de 17. Resposta: “D”. Se qualquer dos pais não estiverem
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigi-
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a do que o nascido do exterior venha ao território brasileiro
segurança jurídica. e aqui resida ou que tenha sido registrado em repartição
competente, caso em que poderá, a partir dos 18 anos,
12. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali-
prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber dade brasileira ou não (artigo 12, I, “c”, CF). No caso, Sicra-
dos órgãos públicos informações de seu interesse particu- no poderá ser considerado brasileiro nato e não existe na
lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas Constituição hipótese que autorize a extradição de brasi-
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas leiro nato.
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da socie-
dade e do Estado”. 18. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
13. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- tiva “A” como de necessária observância na Administração
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita do Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
Estado de atender direitos econômicos, sociais e culturais. Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
No entanto, não pode ser invocada como muleta para im- VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
pedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invoca- tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
ção da reserva do possível não demonstrar cabalmente que
artigo 37, V, CF.
o Estado não tem condições de arcar com as despesas, o
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
14. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
que ficou conhecida no curso de seu processo de votação presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
como PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
do artigo 7º, o qual estende alguns dos direitos enume- pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
rados nos incisos do caput para a categoria dos trabalha- mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
dores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII correta.
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada
a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, 19. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, princípios da Administração Pública previstos no caput do
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência so- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
cial”. Os direitos descritos na alternativa “C” estão previstos concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, não moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
estendidos aos empregados domésticos pela emenda. artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações

51
DIREITO CONSTITUCIONAL

ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é 23. Resposta: “B”. Disciplina o artigo 92, CF: “São ór-
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex- gãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal;
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser- I-A - o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal
vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fe-
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com derais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribu-
outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre- nais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares;
gos privativos de profissionais de saúde, com profissões VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
regulamentadas”. e Territórios”.

20. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, 24. Resposta: “E”. Disciplina o artigo 92, CF: “São ór-
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e gãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal;
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos I-A - o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior Tribunal
pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fe-
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de derais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tri-
cargos, funções e empregos públicos da administração di- bunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares;
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e e Territórios”.
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- 25. Resposta: “A”. Disciplina o artigo 92, CF: “São ór-
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente gãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Fede-
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ral; I-A - o Conselho Nacional de Justiça; II - o Superior
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Mi-
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio litares; VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o Federal e Territórios”.
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.

21. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor


público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
independente da lei complementar, tem o direito público,
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
reito abrange o servidor público em estágio probatório,
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
constitucionalmente garantido.

22. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,


“os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
previsão do dispositivo retro.

52
DIREITO ADMINISTRATIVO

Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n.º 10.261/68) - artigos 239 a 323;......................... 01
Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) – com as alterações vigentes até a publicação do Edital........ 12
DIREITO ADMINISTRATIVO

PROF. MA. BRUNA PINOTTI GARCIA “demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
versitário Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
Professora de curso preparatório para concursos e univer- exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
sitária (Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM). Auto- cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
ra de diversos trabalhos científicos publicados em revistas núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
qualificadas, anais de eventos e livros, notadamente na na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
área do direito eletrônico, dos direitos humanos e do di- cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
reito constitucional. gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
certidões ser dissociado do direito de petição.

TÍTULO VI
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSA-
CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO BILIDADES
(LEI N.º 10.261/68) -ARTIGOS 239 A 323;
O regime disciplinar do servidor público civil está esta-
belecido basicamente de duas maneiras: deveres e proibi-
O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado ções. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos deveres
de São Paulo (Lei nº 10.261/68) é a lei maior do funciona- e proibições são normas protetivas da boa Administração.
lismo público estadual, com direitos, deveres, regras de as- Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é uma puni-
suntos voltados às carreiras, tempo de serviço, pagamento, ção. Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei
benefícios e outras questões específicas. como ações, como conduta positiva; as proibições, ao con-
trário, são descritas como condutas vedadas ao servidor,
CAPÍTULO VII de modo que ele deve abster-se de praticá-las. Os deveres
Do Direito de Petição estão inscritos não de modo exaustivo, porque o servidor
deve obediência a todas as normas legais ou infralegais1.
Art. 239. É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurí- “Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto de
dica, independentemente de pagamento, o direito de peti- normas de conduta e de proibições impostas pela lei aos
ção contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa servidores por ela abrangidos, tendo em vista a preven-
de direitos. ção, a apuração e a possível punição de atos e omissões
§ 1º Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, que possam por em risco o funcionamento adequado da
erro, omissão ou conduta incompatível no serviço públi- administração pública, do posto de vista ético, do ponto
co. de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. De-
§ 2º Em nenhuma hipótese, a Administração poderá correm, estes dispositivos, do denominado Poder Discipli-
recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a peti- nar que é aquele conferido à Administração com o objetivo
ção, sob pena de responsabilidade do agente. de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe
atribui instrumentos para punir seus servidores (e também
Art. 240. Ao servidor é assegurado o direito de requerer àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento
ou representar, bem como, nos termos desta lei comple- jurídico determinado - particulares contratados pela Admi-
mentar, pedir reconsideração e recorrer de decisões, no prazo nistração). [...]”2.
de 30 (trinta) dias, salvo previsão legal específica.
CAPÍTULO I
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, Dos Deveres e das Proibições
assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen-
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição SEÇÃO I
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile- Dos Deveres
galidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem
o direito de petição específico dos servidores públicos. Os deveres do servidor aqui previstos são em muito
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- compatíveis com os previstos no Código de Ética profis-
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma sional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí- 1 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/artigos/o_re-
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que gime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta 2 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Pú-
a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre- blicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/
sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

1
DIREITO ADMINISTRATIVO

(Decreto n° 1.171/94) e na própria Lei nº 8.112/1990, que funções do cargo que ocupa, e que lhe foram atribuídas
fixa o regime jurídico dos servidores públicos civis federais. desde o termo de posse. O servidor não é o dono do cargo.
Descrevem algumas das condutas esperadas do servidor Dono do cargo é o Estado que o remunera. Se o referido
público quando do desempenho de suas funções. Em re- cargo não lhe pertence, o servidor deve exercer suas fun-
sumo, o servidor público deve desempenhar suas funções ções com o máximo de zelo que estiver ao seu alcance.
com cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à institui- Sua eventual menor capacidade de desempenho, para não
ção que compõe, respeitando as ordens de seus superiores configurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
que sejam adequadas às funções que desempenhe e bus- ser compensada com um maior esforço e dedicação de sua
cando conservar o patrimônio do Estado. No tratamento do parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, vem a
público, deve ser prestativo e não negar o acesso a informa- praticar atos que configurem desídia ou mesmo falta mais
ções que não sejam sigilosas. Caso presencie alguma ilega- grave, poderá vir a ser punido. Porque o que se julgará não
lidade ou abuso de poder, deve denunciar. Tomam-se como é a pessoa do servidor, mas a conduta a ele imputável. O
base os ensinamentos de Lima3 a respeito destes deveres: zelo não deve se limitar apenas às atribuições específicas
de sua atividade. O servidor deve ter zelo não somente
Art. 241. São deveres do funcionário: com os bens e interesses imateriais (a imagem, os símbo-
I - ser assíduo e pontual; los, a moralidade, a pontualidade, o sigilo, a hierarquia)
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí- como também para com os bens e interesses patrimoniais
duo significa ser presente dentro do horário do expedien- do Estado”.
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e,
que comparece no horário para as reuniões de trabalho e especialmente, sobre despachos, decisões ou providências;
demais atividades relacionadas com o exercício do cargo “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o de- passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos
ver violado, seja por impontualidade, seja por inassiduidade oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
(que ainda não aquela inassiduidade habitual de 60 dias en- hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém,
sejadora de demissão), merece reprimenda de advertência, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimen-
com fins educativos e de correção do servidor”. to ou divulgação das informações exigem um procedimen-
to. Maior cuidado há que se ter, quando a informação pos-
II - cumprir as ordens superiores, representando quando sa expor a intimidade da pessoa humana. As informações
forem manifestamente ilegais;
pessoais dos administrados em geral devem ser tratadas
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
forma transparente e com respeito à intimidade, à vida
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado se
privada, à honra e à imagem das pessoas, bem como às
movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro dos
liberdades e garantias individuais, segundo o artigo 31, da
órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e funções
Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não
que servem ao cumprimento da vontade do ente estatal.
devemos tratar a questão em termos de cláusula jurídica
Este escalonamento, posto em movimento, é o que vimos
de caráter absoluto, podendo ter autorizada a divulgação
até agora chamando de hierarquia. A hierarquia existe para
ou o acesso por terceiros quando haja previsão legal. Outra
que do alto escalão até a prática dos administrados as coi-
sas funcionem. Disso decorre que quando é emitida uma exceção é quando há o consentimento expresso da pessoa
ordem para o servidor subordinado, este deve dar cumpri- a que elas se referirem. No caso de cumprimento de or-
mento ao comando. Porém quando a ordem é visivelmen- dem judicial, para a defesa de direitos humanos, e quando
te ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda, o servidor a proteção do interesse público e geral preponderante o
não é obrigado a dar seguimento ao que lhe é ordenado. exigir, também devem ser fornecidas as informações. Por-
Quando a ordem é manifestamente ilegal? Há uma margem tanto, o servidor há que ter reserva no seu comportamento
de interpretação, principalmente se o servidor subordinado e fala, esquivando-se de revelar o conteúdo do que se pas-
não tiver nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o sa no seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregula-
bom senso que irá margear o que é flagrantemente incons- ridade absurda, deve então reduzir a escrito e representar
titucional”. para que se apure o caso. Deveriam diminuir as conversas
de corredor e se efetivar a apuração dos fatos através do
III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de processo administrativo disciplinar. Os assuntos objeto do
que for incumbido; serviço merecem reserva. Devem ficar circunscritos aos ser-
“O zelo diz respeito às atribuições funcionais e também vidores designados para o respectivo trabalho interno, não
ao cuidado com a economia do material, os bens da repar- devendo sair da seção ou setor de trabalho, sem o trâmite
tição e o patrimônio público. Sob o prisma da disciplina e hierárquico do chefe imediato. Se o assunto ou o trabalho,
da conservação dos bens e materiais da repartição, o servi- enfim, merecer divulgação mais ampla, deve ser contatado
dor deve sempre agir com dedicação no desempenho das o órgão de assessoria de comunicação social, que saberá
proceder de forma oficial, obedecendo ao bom senso e às
3 LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/artigos/o_re- leis vigentes”.
gime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso em: 11 ago. 2013.

2
DIREITO ADMINISTRATIVO

V - representar aos superiores sobre todas as irregu- informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba
laridades de que tiver conhecimento no exercício de suas o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor
funções; público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento mais lugar para o burocrata que se afasta do administra-
ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen-
toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a
levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hie- ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten-
rárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que
detêm um conhecimento maior de como corrigir o erro ou deve necessariamente passar por critérios de valorização
comunicar aos órgãos de controle para a devida apuração. dos servidores bons e de treinamento e qualificação per-
De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular, manente dos quadros de pessoal”.
ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do dever de
sigilo, há assuntos que exigem certas reservas, visando ao XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com
bem do serviço público, da segurança nacional e mesmo da os companheiros de trabalho,
sociedade”. O ambiente de trabalho não deve ser um ambiente de
litígio, mas sim de cooperação.
VI - tratar com urbanidade as pessoas;
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimen-
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- tos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo suas funções; e
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e “A função desta norma é de não deixar sem resposta
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
públicos”. sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde au- lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
torizado; XIV - proceder na vida pública e privada na forma que
O objetivo da disciplina é impor que o servidor sempre
dignifique a função pública.
seja acessível, não precise se locomover grandes distâncias
O bom comportamento não deve se fazer presente
quando solicitado, o que permite ainda que conheça a rea-
somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se
lidade local.
portar bem quando estiver em sua vida privada, na convi-
vência com seus amigos e familiares, bem como nos mo-
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no
mentos de lazer. Por melhor que seja como funcionário,
assentamento individual, a sua declaração de família;
não será aceito aquele que, por exemplo, for visto frequen-
Trata-se do dever de manter seus registros atualizados,
temente embriagado ou for sempre denunciado por vio-
inclusive no que se refere aos membros de sua família.
lência doméstica.
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela
conservação do que for confiado à sua guarda ou utilização; SEÇÃO II
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo- Das Proibições
mia e pela conservação dos bens públicos presta um des-
serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante Art. 242. Ao funcionário é proibido:
poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o Em contraposição aos deveres do servidor público,
presente dever, quando por descumprimento dele a gra- existem diversas proibições, que também estão em boa
vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”. parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94 e pela Lei nº
8.112/1990. A violação dos deveres ou a prática de alguma
X - apresentar-se convenientemente trajado em servi- das violações abaixo descritas caracterizam infração admi-
ço ou com uniforme determinado, quando for o caso; nistrativa disciplinar.
As roupas devem refletir o respeito à instituição e se- “Nas Proibições constata-se, desde logo, sua objetivi-
rem compatíveis com a função desempenhada. dade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o uso de
interpretações analógicas ou sistemáticas visto serem con-
XI - atender prontamente, com preferência sobre qual- dutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao princípio
quer outro serviço, às requisições de papéis, documentos, da reserva legal. O descumprimento dessas proibições po-
informações ou providências que lhe forem feitas pelas au- dem inclusive, ensejar o enquadramento penal do servidor,
toridades judiciárias ou administrativas, para defesa do pois muitas das condutas ali descritas, configuram prática
Estado, em Juízo; de delito penal”4.
“Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a 4 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Pú-
imagem desagradável que o mesmo possui perante a so- blicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/
ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

I - (Revogado). XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para de-


II - retirar, sem prévia permissão da autoridade compe- sempenhar atividade estranha às funções ou para lograr,
tente, qualquer documento ou objeto existente na repar- direta ou indiretamente, qualquer proveito; e
tição; XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer
III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em pa- parte. (INCONSTITUCIONAL)
lestras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço; Os servidores públicos têm direito de fundar sindicatos,
IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justi- o que é inerente ao direito fundamental à liberdade de as-
ficada; sociação.
V - tratar de interesses particulares na repartição;
VI - promover manifestações de apreço ou desapreço Parágrafo único. Não está compreendida na proibição
dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas; dos itens II e VI deste artigo, a participação do funcionário
VII - exercer comércio entre os companheiros de servi- em sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim
ço, promover ou subscrever listas de donativos dentro da na direção ou gerência de cooperativas e associações de
repartição; e classe, ou como seu sócio.
VIII - empregar material do serviço público em serviço
particular. Art. 244. É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens
imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se
Art. 243. É proibido ainda, ao funcionário: tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nessas condições.
com o Governo, por si, ou como representante de outrem; É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
II - participar da gerência ou administração de em- neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o
presas bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri-
que mantenham relações comerciais ou administrativas com mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que
o Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou es- diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Destaca-se
tejam diretamente relacionadas com a finalidade da reparti- o teor da súmula vinculante nº 13 do STF:
ção ou serviço em que esteja lotado; Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
garantias de juros ou outros favores semelhantes, fede- afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
rais, estaduais ou municipais, exceto privilégio de invenção meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido
própria; em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exer-
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, empre- cício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de
go ou função em empresas, estabelecimentos ou insti- função gratificada na Administração Pública direta e indireta,
tuições que tenham relações com o Governo, em matéria em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
em que esteja lotado; designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Obs.:
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem se o concurso pedir pelo entendimento jurisprudencial, vá
autorização do Presidente da República; pela súmula, mas se não mencionar nada se atenha ao texto
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas da lei, visto que há pequenas variações entre o texto da sú-
condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em mula e o da lei.
qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário;
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de CAPÍTULO II
sabotagem contra o serviço público; (INCONSTITUCIONAL) Das Responsabilidades

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores Art. 245. O funcionário é responsável por todos os
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual,
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- por dolo ou culpa, devidamente apurados.
to não for elaborada uma legislação específica para os fun- Parágrafo único. Caracteriza-se especialmente a respon-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre- sabilidade:
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua
(Mandado de Injunção nº 20). guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por
não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, re-
VIII - praticar a usura; gulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço;
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros
intermediário perante qualquer repartição pública, exceto prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda,
quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até se- ou sujeitos a seu exame ou fiscalização;
gundo grau; III - pela falta ou inexatidão das necessárias averba-
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de ções nas notas de despacho, guias e outros documentos
entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo da receita, ou que tenham com eles relação; e
quando estiver em missão referente à compra de material IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
ou fiscalização de qualquer natureza; Fazenda Estadual.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 246. O funcionário que adquirir materiais em de- to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
sacordo com disposições legais e regulamentares, será quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
responsabilizado pelo respectivo custo, sem prejuízo das deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
penalidades disciplinares cabíveis, podendo-se proceder ao taurando-se o equilíbrio social.6
desconto no seu vencimento ou remuneração. A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
Art. 247. Nos casos de indenização à Fazenda Esta- limites da herança, embora existam reflexos na ação que
dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
a importância do prejuízo causado em virtude de alcance, fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
entrada nos prazos legais. uma absolvição por falta de provas não o faz).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
Art. 248. Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
importância da indenização poderá ser descontada do ven- ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
cimento ou remuneração não excedendo o desconto à 10ª violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
(décima) parte do valor destes. mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
Parágrafo único. No caso do item IV do parágrafo único instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
do art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve
de repreensão e, na reincidência, a de suspensão. ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente
(dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e
Art. 249. Será igualmente responsabilizado o funcioná- culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa
rio que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, re- e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
gulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser in-
às repartições, o desempenho de encargos que lhe compe- dividual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
tirem ou aos seus subordinados. econômico).
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
Art. 250. A responsabilidade administrativa não exi- As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
me o funcionário da responsabilidade civil ou criminal vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos da-
que no caso couber, nem o pagamento da indenização a que nos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
ficar obrigado, na forma dos arts. 247 e 248, o exame da assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
pena disciplinar em que incorrer. casos de dolo ou culpa.
§ 1º A responsabilidade administrativa é independente Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
da civil e da criminal. dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o ser- ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
vidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprova- ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado,
ção do trânsito em julgado de decisão que negue a existência ao qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito
de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão. de regresso é justamente o direito de acionar o causador
§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobresta- direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à ví-
do para aguardar decisão judicial por despacho motivado tima, considerada a existência de uma relação obrigacional
da autoridade competente para aplicar a pena. que se forma entre a vítima e a instituição que o agente
Segundo Carvalho Filho5, “a responsabilidade se origi- compõe.
na de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
responsabilidade é, em princípio, independente da outra”. condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci- esperado.7
vil, penal e administrativa, mas também é possível que este A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade. cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o contraditório e ampla defesa.
mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas, Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
cumulada ou isoladamente. culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera 6 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed.
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- São Paulo: Saraiva, 2005.
5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 7 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Já a responsabilidade penal do servidor decorre de TÍTULO VII


uma conduta que a lei penal tipifique como infração penal, DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILI-
ou seja, como crime ou contravenção penal. DADE E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal-
mente, uma vez que somente caberá responsabilização civil CAPÍTULO I
se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento dano). Das Penalidades e de sua Aplicação
Os crimes contra a Administração Pública se encon-
tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem Art. 251. São penas disciplinares:
outros crimes espalhados pela legislação específica. I - repreensão;
Por seu turno, quando o servidor pratica um ilícito ad- II - suspensão;
ministrativo, a ele é atribuída responsabilidade administra- III - multa;
tiva. O ilícito pode verificar-se por conduta comissiva ou IV - demissão;
omissiva e os fatos que o configuram são os previstos na V - demissão a bem do serviço público; e
legislação estatutária. Por exemplo, as sanções aplicadas VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
pela Comissão de Ética por violação ao Decreto n° 1.171/94 A repreensão e a multa são as penas mais leves, a pri-
são administrativas. meira é um aviso de que o funcionário se portou de forma
Se as responsabilidades se cumularem, também as inadequada e de que isso não deve se repetir, a segunda
sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais respon- interfere apenas no aspecto pecuniário. A multa pode ser
sabilidades são independentes, ou seja, não dependem cumulada com outras penas. A suspensão é uma sanção
uma da outra. intermediária, fazendo com que o funcionário deixe de
Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, o
da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim sanção
sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de mais grave. Outras sanções são cassação da aposentadoria
autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera ou disponibilidade e a demissão a bem do serviço público,
exclusão da responsabilidade civil e administrativa. que também se encaixam na modalidade mais severa.
A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto, Art. 252. Na aplicação das penas disciplinares serão con-
conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa sideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos
julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o que dela provierem para o serviço público.
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe- De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato prati-
regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art. cado.
66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal,
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca- Art. 253. A pena de repreensão será aplicada por escri-
tegoricamente, reconhecida a inexistência material do to, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos
fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concor- deveres.
reu para a infração penal”.
Entendem Fuller, Junqueira e Machado8: “a absolvição Art. 254. A pena de suspensão, que não excederá de 90
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao reincidência.
CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi- § 1º O funcionário suspenso perderá todas as vanta-
ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil gens e direitos decorrentes do exercício do cargo.
de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência § 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão po-
do direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cog- derá converter essa penalidade em multa, na base de 50%
nição e convicção próprios da seara civil (na esfera penal, (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remunera-
a decisão de condenação somente pode ser lastreada em ção, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer
juízo de certeza, tendo em vista o princípio constitucional em serviço.
do estado de inocência)”.
Art. 255. A pena de multa será aplicada na forma e nos
casos expressamente previstos em lei ou regulamento.

Art. 256. Será aplicada a pena de demissão nos casos de:


I - abandono de cargo;
II - procedimento irregular, de natureza grave;
III - ineficiência no serviço;
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e
8 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA, Gustavo Octa-
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por
viano Diniz; MACHADO, Angela C. Cangiano. Processo Penal. 9. ed. São mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente,
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. (Coleção Elementos do Direito) durante 1 (um) ano.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Considerar-se-á abandono de cargo, o não com- Art. 260. Para aplicação das penalidades previstas
parecimento do funcionário por mais de (30) dias conse- no art. 251, são competentes:
cutivos ex-vi do art. 63. I - o Governador;
§ 2º A pena de demissão por ineficiência no serviço, II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do
só será aplicada quando verificada a impossibilidade de Estado e os Superintendentes de Autarquia;
readaptação. III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão;
IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60
Art. 257. Será aplicada a pena de demissão a bem do (sessenta) dias; e
serviço público ao funcionário que: V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de
I - for convencido de incontinência pública e escan- suspensão limitada a 30 (trinta) dias.
dalosa e de vício de jogos proibidos; Parágrafo único. Havendo mais de um infrator e diversi-
II - praticar ato definido como crime contra a admi- dade de sanções, a competência será da autoridade respon-
nistração pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, sável pela imposição da penalidade mais grave.
ou previsto nas leis relativas à segurança e à defesa
nacional; Art. 261. Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou
razão do cargo, desde que o faça dolosamente e com pre- multa, em 2 (dois) anos;
juízo para o Estado ou particulares; II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a
IV - praticar insubordinação grave; bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra fun- disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
cionários ou particulares, salvo se em legítima defesa; II - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, pre- 5 (cinco) anos.
sentes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente § 1º A prescrição começa a correr:
ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas fun- 1 - do dia em que a falta for cometida;
ções mas em razão delas; 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer permanência, nas faltas continuadas ou permanentes.
§ 2º Interrompem a prescrição a portaria que instaura
valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham
sindicância e a que instaura processo administrativo.
na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
§ 3º O lapso prescricional corresponde:
IX - exercer advocacia administrativa;
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da
X - apresentar com dolo declaração falsa em maté-
pena efetivamente aplicada;
ria de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena
civil e de procedimento criminal, que no caso couber;
em tese cabível.
XI - praticar ato definido como crime hediondo, tor-
§ 4º A prescrição não corre:
tura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para
terrorismo; aguardar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250;
XII - praticar ato definido como crime contra o Siste- 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que
ma Financeiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, venha a ser restabelecido.
direitos ou valores; e § 5º Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
XIII - praticar ato definido em lei como de improbi- julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
dade. individuais do servidor.
§ 6º A decisão que reconhecer a existência de prescrição
Art. 258. O ato que demitir o funcionário mencionará deverá desde logo determinar, quando for o caso, as provi-
sempre a disposição legal em que se fundamenta. dências necessárias à apuração da responsabilidade pela
sua ocorrência.
Art. 259. Será aplicada a pena de cassação de apo- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
sentadoria ou disponibilidade, se ficar provado que o direito de acionar judicialmente.
inativo: No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
I - praticou, quando em atividade, falta grave para graves, 2 para as de gravidade intermediária e leve (pena de
a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou de de- suspensão e pena de advertência) - Contados da data em
missão a bem do serviço público; que o fato se tornou conhecido pela administração pública.
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Interrupção da prescrição significa parar a contagem do
III - aceitou representação de Estado estrangeiro prazo para que, retornando, comece do zero. Da abertu-
sem prévia autorização do Presidente da República; e ra da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
IV - praticou a usura em qualquer de suas formas. a decisão final proferida por autoridade competente não
corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a
contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
ação disciplinar.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 262. O funcionário que, sem justa causa, deixar de Art. 267. O período de afastamento preventivo compu-
atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja ta-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
marcado prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu pena de suspensão eventualmente aplicada.
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exi-
gência. A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
Parágrafo único. Aplica-se aos aposentados ou em dis- ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
ponibilidade o disposto neste artigo. cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
o processo administrativo disciplinar que aplique a sanção
Art. 263. Deverão constar do assentamento individual mais grave.
do funcionário todas as penas que lhe forem impostas.
TÍTULO VIII
CAPÍTULO II DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
Das Providências Preliminares
CAPÍTULO I
Art. 264. A autoridade que, por qualquer meio, tiver Das Disposições Gerais
conhecimento de irregularidade praticada por servidor é
obrigada a adotar providências visando à sua imediata Art. 268. A apuração das infrações será feita mediante
apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso sindicância ou processo administrativo, assegurados o
exigir. contraditório e a ampla defesa.

Art. 265. A autoridade realizará apuração preliminar, Art. 269. Será instaurada sindicância quando a falta
de natureza simplesmente investigativa, quando a infra- disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
ção não estiver suficientemente caracterizada ou definida repreensão, suspensão ou multa.
autoria. Art. 270. Será obrigatório o processo administrati-
§ 1º A apuração preliminar deverá ser concluída no pra- vo quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa
zo de 30 (trinta) dias. determinar as penas de demissão, de demissão a bem
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autoridade do serviço público e de cassação de aposentadoria ou
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete disponibilidade.
relatório das diligências realizadas e definir o tempo neces-
sário para o término dos trabalhos. Art. 271. Os procedimentos disciplinares punitivos serão
§ 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela por Procurador do Estado confirmado na carreira.
instauração de sindicância ou de processo administrativo.
CAPÍTULO II
Art. 266. Determinada a instauração de sindicância Da Sindicância
ou processo administrativo, ou no seu curso, havendo
conveniência para a instrução ou para o serviço, poderá o Art. 272. São competentes para determinar a instau-
Chefe de Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as ração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo
seguintes providências: 260.
I - afastamento preventivo do servidor, quando o reco- Parágrafo único. Instaurada a sindicância, o Procurador
mendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato, do Estado que a presidir comunicará o fato ao órgão seto-
sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e rial de pessoal.
oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período;
II - designação do servidor acusado para o exercício de Art. 273. Aplicam-se à sindicância as regras previstas
atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do nesta lei complementar para o processo administrativo,
procedimento; com as seguintes modificações:
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão ar-
e algemas; rolar até 3 (três) testemunhas;
IV - proibição do porte de armas; II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser (sessenta) dias;
estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. III - com o relatório, a sindicância será enviada à auto-
§ 1º A autoridade que determinar a instauração ou pre- ridade competente para a decisão.
sidir sindicância ou processo administrativo poderá repre-
sentar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das CAPÍTULO III
medidas previstas neste artigo, bem como sua cessação ou Do Processo Administrativo
alteração.
§ 2º O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, Art. 274. São competentes para determinar a instau-
por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as me- ração de processo administrativo as autoridades enume-
didas previstas neste artigo. radas no Art. 260, até o inciso IV, inclusive.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 275. Não poderá ser encarregado da apuração, nem Art. 279. Havendo denunciante, este deverá prestar decla-
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente rações, no interregno entre a data da citação e a fixada para o
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o interrogatório do acusado, sendo notificado para tal fim.
terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou qual- § 1º A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
quer integrante do núcleo familiar do denunciante ou pelo advogado do acusado, próprio ou dativo.
do acusado, bem assim o subordinado deste. § 2º O acusado não assistirá à inquirição do denun-
ciante; antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência
Art. 276. A autoridade ou o funcionário designado de- das declarações que aquele houver prestado.
verão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o
impedimento que houver. Art. 280. Não comparecendo o acusado, será, por des-
pacho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais
Art. 277. O processo administrativo deverá ser instaura- atos e termos do processo.
do por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do
Art. 281. Ao acusado revel será nomeado advogado
recebimento da determinação, e concluído no de 90 (noven-
dativo.
ta) dias da citação do acusado.
§ 1º Da portaria deverão constar o nome e a identifi-
Art. 282. O acusado poderá constituir advogado que o
cação do acusado, a infração que lhe é atribuída, com des- representará em todos os atos e termos do processo.
crição sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas § 1º É faculdade do acusado tomar ciência ou assis-
e a penalidade mais elevada em tese cabível. tir aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória
§ 2º Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o qualquer notificação.
Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente § 2º O advogado será intimado por publicação no Diá-
encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando rio Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de
as providências faltantes e o tempo necessário para término inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os
dos trabalhos. dados necessários à identificação do procedimento.
§ 3º O superior hierárquico dará ciência dos fatos a § 3º Não tendo o acusado recursos financeiros ou ne-
que se refere o parágrafo anterior e das providências que gando-se a constituir advogado, o presidente nomeará ad-
houver adotado à autoridade que determinou a instauração vogado dativo.
do processo. § 4º O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
Art. 278. Autuada a portaria e demais peças preexisten- advogado para prosseguir na sua defesa.
tes, designará o presidente dia e hora para audiência de
interrogatório, determinando a citação do acusado e a Art. 283. Comparecendo ou não o acusado ao interro-
notificação do denunciante, se houver. gatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a
§ 1º O mandado de citação deverá conter: produção de provas, ou apresentá-las.
1 - cópia da portaria; § 1º O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser (cinco) testemunhas.
acompanhado pelo advogado do acusado; § 2º A prova de antecedentes do acusado será feita ex-
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, clusivamente por documentos, até as alegações finais.
que deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; § 3º Até a data do interrogatório, será designada a au-
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por diência de instrução.
advogado dativo, caso não constitua advogado próprio;
Art. 284. Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
5 - informação de que o acusado poderá arrolar teste-
ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo
munhas e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a
acusado.
data designada para seu interrogatório;
Parágrafo único. Tratando-se de servidor público, seu
6 - advertência de que o processo será extinto se o acu- comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior
sado pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar imediato com as indicações necessárias.
exclusivamente de abandono de cargo ou função, bem como
inassiduidade. Art. 285. A testemunha não poderá eximir-se de
§ 2º A citação do acusado será feita pessoalmente, no depor, salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ain-
mínimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por inter- da que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e
médio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto quan-
onde possa ser encontrado. do não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se
§ 3º Não sendo encontrado em seu local de trabalho a prova do fato e de suas circunstâncias.
ou no endereço constante de seu assentamento individual, § 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com o
furtando-se o acusado à citação ou ignorando-se seu para- denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a
deiro, a citação far-se-á por edital, publicado uma vez no exceção deste artigo.
Diário Oficial do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do § 2º Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa,
interrogatório. será pela autoridade competente adotada a providência a que
se refere o artigo 262, mediante comunicação do presidente.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º O servidor que tiver de depor como testemunha § 4º Ao advogado é assegurado o direito de retirar
fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo
diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda para manifestação de seu representado, salvo na hipótese
expedir-se precatória para esse efeito à autoridade do do- de prazo comum, de processo sob regime de segredo de jus-
micílio do depoente. tiça ou quando existirem nos autos documentos originais
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que
de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar justifique a permanência dos autos na repartição, reconhe-
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, cida pela autoridade em despacho motivado.
quiserem dar o seu testemunho.
Art. 290. Somente poderão ser indeferidos pelo pre-
Art. 286. A testemunha que morar em comarca diver- sidente, mediante decisão fundamentada, os requerimen-
sa poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua tos de nenhum interesse para o esclarecimento do fato,
residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, bem como as provas ilícitas, impertinentes, desnecessá-
com prazo razoável, intimada a defesa. rias ou protelatórias.
§ 1º Deverá constar da precatória a síntese da impu-
Art. 291. Quando, no curso do procedimento, surgirem
tação e os esclarecimentos pretendidos, bem como a
fatos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovi-
advertência sobre a necessidade da presença de advogado.
da a instauração de novo procedimento para sua apu-
§ 2º A expedição da precatória não suspenderá a
ração, ou, caso conveniente, aditada a portaria, reabrindo-
instrução do procedimento.
se oportunidade de defesa.
§ 3º Findo o prazo marcado, o procedimento poderá
prosseguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, Art. 292. Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista
uma vez devolvida, será juntada aos autos. dos autos à defesa, que poderá apresentar alegações fi-
nais, no prazo de 7 (sete) dias.
Art. 287. As testemunhas arroladas pelo acusado Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as alega-
comparecerão à audiência designada independente de ções finais, o presidente designará advogado dativo, assi-
notificação. nando-lhe novo prazo.
§ 1º Deverá ser notificada a testemunha cujo depoi-
mento for relevante e que não comparecer espontanea- Art. 293. O relatório deverá ser apresentado no prazo
mente. de 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações
§ 2º Se a testemunha não for localizada, a defesa po- finais.
derá substituí-la, se quiser, levando na mesma data de- § 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada
signada para a audiência outra testemunha, independente acusado, separadamente, as irregularidades imputadas, as
de notificação. provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvi-
ção ou punição e indicando, nesse caso, a pena que enten-
Art. 288. Em qualquer fase do processo, poderá o pre- der cabível.
sidente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar § 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão de
diligências que entenda convenientes. quaisquer outras providências de interesse do serviço pú-
§ 1º As informações necessárias à instrução do pro- blico.
cesso serão solicitadas diretamente, sem observância de
vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será Art. 294. Relatado, o processo será encaminhado à au-
juntada aos autos. toridade que determinou sua instauração.
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou peri-
tos oficiais, o presidente os requisitará, observados os im- Art. 295. Recebendo o processo relatado, a autoridade
que houver determinado sua instauração deverá, no prazo
pedimentos do artigo 275.
de 20 (vinte) dias, proferir o julgamento ou determinar
a realização de diligência, sempre que necessária ao es-
Art. 289. Durante a instrução, os autos do procedimen-
clarecimento de fatos.
to administrativo permanecerão na repartição compe-
tente. Art. 296. Determinada a diligência, a autoridade en-
§ 1º Será concedida vista dos autos ao acusado, me- carregada do processo administrativo terá prazo de 15
diante simples solicitação, sempre que não prejudicar o (quinze) dias para seu cumprimento, abrindo vista à defesa
curso do procedimento. para manifestar-se em 5 (cinco) dias.
§ 2º A concessão de vista será obrigatória, no prazo
para manifestação do acusado ou para apresentação de Art. 297. Quando escaparem à sua alçada as penalida-
recursos, mediante publicação no Diário Oficial do Estado. des e providências que lhe parecerem cabíveis, a autorida-
§ 3º Não corre o prazo senão depois da publicação a de que determinou a instauração do processo administrativo
que se refere o parágrafo anterior e desde que os autos deverá propô-las, justificadamente, dentro do prazo para
estejam efetivamente disponíveis para vista. julgamento, à autoridade competente.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 298. A autoridade que proferir decisão determinará CAPÍTULO IV


os atos dela decorrentes e as providências necessárias Do Processo por Abandono do Cargo
a sua execução. ou Função e por Inassiduidade

Art. 299. As decisões serão sempre publicadas no Diá- Art. 308. Verificada a ocorrência de faltas ao serviço
rio Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, que caracterizem abandono de cargo ou função, bem
bem como averbadas no registro funcional do servidor. como inassiduidade, o superior imediato comunicará o
fato à autoridade competente para determinar a instau-
Art. 300. Terão forma processual resumida, quando ração de processo disciplinar, instruindo a representação
possível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais com cópia da ficha funcional do servidor e atestados de
sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de re- frequência.
cebimento, bem como certidões e compromissos.
§ 1º Toda e qualquer juntada aos autos se fará na or- Art. 309. Não será instaurado processo para apurar
dem cronológica da apresentação, rubricando o presidente abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se
as folhas acrescidas. o servidor tiver pedido exoneração.
§ 2º Todos os atos ou decisões, cujo original não conste
do processo, nele deverão figurar por cópia. Art. 310. Extingue-se o processo instaurado exclusi-
vamente para apurar abandono de cargo ou função, bem
Art. 301. Constará sempre dos autos da sindicância ou como inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a
do processo a folha de serviço do indiciado. data designada para o interrogatório, ou por ocasião
deste.
Art. 302. Quando ao funcionário se imputar crime, pra-
ticado na esfera administrativa, a autoridade que determi- Art. 311. A defesa só poderá versar sobre força
nou a instauração do processo administrativo providenciará maior, coação ilegal ou motivo legalmente justificável.
para que se instaure, simultaneamente, o inquérito policial.
Parágrafo único. Quando se tratar de crime praticado CAPÍTULO V
fora da esfera administrativa, a autoridade policial dará Dos Recursos
ciência dele à autoridade administrativa.
Art. 312. Caberá recurso, por uma única vez, da de-
Art. 303. As autoridades responsáveis pela condução do cisão que aplicar penalidade.
processo administrativo e do inquérito policial se auxilia- § 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
rão para que os mesmos se concluam dentro dos prazos dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial
respectivos. do Estado ou da intimação pessoal do servidor, quando for
o caso.
Art. 304. Quando o ato atribuído ao funcionário for con- § 2º Do recurso deverá constar, além do nome e qua-
siderado criminoso, serão remetidas à autoridade compe- lificação do recorrente, a exposição das razões de in-
tente cópias autenticadas das peças essenciais do processo. conformismo.
§ 3º O recurso será apresentado à autoridade que apli-
Art. 305. Não será declarada a nulidade de nenhum cou a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, moti-
ato processual que não houver influído na apuração da ver- vadamente, manter sua decisão ou reformá-la.
dade substancial ou diretamente na decisão do processo ou § 4º Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
sindicância. será imediatamente encaminhada a reexame pelo su-
perior hierárquico.
Art. 306. É defeso fornecer à imprensa ou a outros § 5º O recurso será apreciado pela autoridade com-
meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo petente ainda que incorretamente denominado ou ende-
no interesse da Administração, a juízo do Secretário de Es- reçado.
tado ou do Procurador Geral do Estado.
Art. 313. Caberá pedido de reconsideração, que não
Art. 307. Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercí- poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador
cio, contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.
cometimento de nova infração, não mais poderá aquela
ser considerada em prejuízo do infrator, inclusive para Art. 314. Os recursos de que trata esta lei complemen-
efeito de reincidência. tar não têm efeito suspensivo; os que forem providos da-
Parágrafo único. A demissão e a demissão a bem do ser- rão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus efei-
viço público acarretam a incompatibilidade para nova inves- tos à data do ato punitivo.
tidura em cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5
(cinco) e 10 (dez) anos, respectivamente.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VI Disposições Finais


Da Revisão
Art. 322. O dia 28 de outubro será consagrado ao “Fun-
Art. 315. Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de cionário Público Estadual”.
punição disciplinar de que não caiba mais recurso, se
surgirem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, Art. 323. Os prazos previstos neste Estatuto serão todos
ou vícios insanáveis de procedimento, que possam justifi- contados por dias corridos.
car redução ou anulação da pena aplicada. Parágrafo único. Não se computará no prazo o dia
§ 1º A simples alegação da injustiça da decisão não inicial, prorrogando-se o vencimento, que incidir em sá-
constitui fundamento do pedido. bado, domingo, feriado ou facultativo, para o primeiro dia
§ 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo útil seguinte.
fundamento.
§ 3º Os pedidos formulados em desacordo com este arti-
go serão indeferidos.
§ 4º O ônus da prova cabe ao requerente. LEI FEDERAL Nº 8.429/92
(LEI DE IMPROBIDADE
Art. 316. A pena imposta não poderá ser agravada
ADMINISTRATIVA)
pela revisão.

Art. 317. A instauração de processo revisional poderá


ser requerida fundamentadamente pelo interessado ou, A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa,
se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, com- que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo
panheiro, ascendente, descendente ou irmão, sempre por de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
intermédio de advogado. lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
Parágrafo único. O pedido será instruído com as provas do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
que o requerente possuir ou com indicação daquelas que pre- sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
tenda produzir. qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”9.
Art. 318. A autoridade que aplicou a penalidade, ou que a A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
tiver confirmado em grau de recurso, será competente para devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
o exame da admissibilidade do pedido de revisão, bem do serviço público que se intensificavam com a ineficá-
como, caso deferido o processamento, para a sua decisão final. cia do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41.
Decorreu, assim, da necessidade de acabar com os atos
Art. 319. Deferido o processamento da revisão, será atentatórios à moralidade administrativa e causadores de
este realizado por Procurador de Estado que não tenha prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriqueci-
funcionado no procedimento disciplinar de que resultou a mento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
punição do requerente. Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públi-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
Art. 320. Recebido o pedido, o presidente providenciará atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
o apensamento dos autos originais e notificará o requerente 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existên-
para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, cia de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal e
ou requerer outras provas que pretenda produzir. administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, on-
Parágrafo único. No processamento da revisão serão ob-
tologicamente, não se trata de punições idênticas, embora
servadas as normas previstas nesta lei complementar para o
baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização em
processo administrativo.
esferas distintas do Direito.
Art. 321. A decisão que julgar procedente a revisão po- A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
derá alterar a classificação da infração, absolver o punido, improbidade administrativa em três categorias:
modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os a) Ato de improbidade administrativa que importe en-
direitos atingidos pela decisão reformada. riquecimento ilícito;
A revisão do processo consiste na possibilidade do ser- b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
vidor condenado requerer que sua condenação seja revista são ao erário;
se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem c) Ato de improbidade administrativa que atente con-
sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Po- tra os princípios da administração pública.
derá ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de
mesma hierarquia e será apensada ao processo adminis- ATENÇÃO: os atos de improbidade administrativa não
trativo originário. O julgamento será feito pela mesma au- são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na
toridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure
a pena deveria ser maior, não cabe agravar a situação do 9 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematiza-
servidor. do. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

12
DIREITO ADMINISTRATIVO

simultaneamente um ato de improbidade administrativa Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que des desta lei os atos de improbidade praticados contra o
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício
ambos, nas duas esferas. ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cen-
passivo) e daqueles que podem praticar os atos de im- to do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
probidade administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
reparação do dano ao lesionado e o ressarcimento ao pa- contribuição dos cofres públicos.
trimônio público; após, traz a tipologia dos atos de im- “Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como víti-
probidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal ma do ato de improbidade administrativa”. A lei adota uma
natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; noção ampla, pela qual são abrangidas entidades que, sem
e, finalmente, descreve os procedimentos administrativo integrarem a Administração, possuem alguma espécie de
e judicial. conexão com ela.10
O agente público pode ser ou não um servidor públi-
co. O conceito de agente público é melhor delimitado no
LEI N° 8.429 DE 2 DE JUNHO DE 1992
artigo seguinte.
Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou ór-
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públi-
gão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
cos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
mandato, cargo, emprego ou função na administração ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
pública direta, indireta ou fundacional e dá outras pro- da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
vidências. que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elemen- ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de50% do
tos importantes para a sua boa compreensão: patrimônio ou receita anual.
a) o agente público pode estar exercendo manda- Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entidade
to, quando for eleito para tanto; cargo, no caso de um privada a qual o Estado não tenha concorrido para cria-
conjunto de atribuições e responsabilidades conferido a ção ou custeio, também haverá sujeição às penalidades
um servidor submetido a regime estatutário (é o caso do da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado que seja
ingresso por concurso); emprego público, se o servidor inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legisla-
se submeter a regime celetista (CLT); funçãopública, que ção ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção
corresponde à categoria residual, valendo para o servidor patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a
que tenha tais atribuições e responsabilidades mas não contribuição dos cofres públicos. Significa que se o prejuízo
exerça cargo ou emprego público. Percebe-se que o con- causado for maior que a efetiva contribuição por parte do
ceito de agente público que se sujeita à lei é o mais amplo poder público, o ressarcimento terá que ser buscado por
possível. outra via que não a ação de improbidade administrativa.
b) o exercício pode se dar na administração direta, in- Basicamente, o dispositivo enumera os principais sujei-
direta ou fundacional. A administração pública apresenta tos passivos do ato de improbidade administrativa, dividin-
uma estrutura direta e outra indireta, com seus respectivos do-os em três grupos: a) pessoas da administração direta,
órgãos. Por exemplo, são órgãos da administração direta diretamente vinculados a União, Estados, Distrito Federal
os ministérios e secretarias, isto é, os órgãos que com- ou Municípios; b) pessoas da administração indireta, isto é,
põem a estrutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; autarquias, fundações públicas, empresas públicas e socie-
são integrantes da administração indireta as autarquias, dades de economia mista; c) pessoa cuja criação ou custeio
o erário tenha contribuído com mais de 50% do patrimônio
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
ou receita naquele ano.
economia mista.
No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos
secundários, que são: a) entidades que recebam subven-
CAPÍTULO I
ção, benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pes-
Das Disposições Gerais soa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído com
menos de 50% do patrimônio ou receita naquele ano.
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer
agente público, servidor ou não, contra a administração Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des-
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
de Território, de empresa incorporada ao patrimônio pú- contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
blico ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entida-
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por des mencionadas no artigo anterior.
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na 10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
forma desta lei. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

13
DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que,
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, in- por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudên-
duza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou cia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclu-
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. sivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central
Os sujeitos ativos do ato de improbidade administra- do instituto denominado responsabilidade civil, que tem
tiva se dividem em duas categorias: os agentes públicos, como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como não
definidos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°. se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do
“Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito
de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e
vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano
alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua cola- é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou
boração, ciente da desonestidade do comportamento, Em coletivo, moral ou material, econômico e não econômico). É a
outros, obtém benefícios do ato de improbidade, muito este instituto que se relacionam as sanções da perda de bens
embora sabedor de sua origem escusa”11. e valores e de ressarcimento integral do dano.
A ampla denominação de agentes públicos conferida O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado é
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito o material. No caso, há um correspondente financeiro direto,
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos atos de modo que a condenação será no sentido de pagar ao Es-
de improbidade administrativa. Percebe-se a amplitude tado o equivalente ao prejuízo causado.
pelos elementos do conceito: O agente público e o terceiro que com ele concorra res-
a) Tempo: exercício transitório ou definitivo; ponderão pelos danos causados ao erário público com seu
b) Remuneração: existente ou não; patrimônio. Inclusive, perderão os valores patrimoniais acres-
c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, designa- cidos devido à prática do ato ilícito. O dano causado deverá
ção, contratação ou qualquer outra forma de investidura ser ressarcido em sua totalidade.
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função;
d) Local do exercício: em qualquer entidade que pos- Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
sa ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário de uma patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá
ONG criada pelo Estado é considerado agente público para a autoridade administrativa responsável pelo inquérito repre-
os efeitos desta lei. sentar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as condu- dos bens do indiciado.
tas de induzir ou concorrer em relação ao agente público, Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
ou seja, incentivando-o ou mesmo participando direta- caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
mente do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa jurídica, ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial re-
deve necessariamente ser pessoa física. sultante do enriquecimento ilícito.
Será oferecida representação ao Ministério Público para
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie- que ele postule a indisponibilidade dos bens do indiciado, de
rarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos modo a garantir que ele não aliene seu patrimônio para não
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e reparar o ilícito. Por indisponibilidade entende-se bloquear
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. os bens para que não sejam vendidos ou deteriorados, ga-
Trata-se de referência expressa aos princípios do art. rantindo que o dano possa ser reparado quando da conde-
37, caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da efi- nação judicial.
ciência, o que não significa que possa ser desrespeitado, A indisponibilidade será suficiente para dar integral res-
afinal, ele é abrangido indiretamente. sarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patrimonial
resultante do ilícito.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô-
ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar- nio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi-
se-á o integral ressarcimento do dano. nações desta lei até o limite do valor da herança.
Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigida Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de impro-
monetariamente de todos os valores que foram retirados bidade administrativa, os herdeiros arcarão com o dever de
do patrimônio público. No entanto, destaca-se que a lei ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele deixar
garante não só o integral ressarcimento, mas também a como herança.
devolução do enriquecimento ilícito: mesmo que a pessoa
não cause prejuízo direto ao erário, mas lucre com um ato CAPÍTULO II
de improbidade administrativa, os valores devem ir para os Dos Atos de Improbidade Administrativa
cofres públicos.
Como não é possível ser desonesto sem saber que se
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o está agindo desta forma, o elemento comum a todas as hi-
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores póteses de improbidade administrativa é o dolo, que consiste
acrescidos ao seu patrimônio. na intenção do agente em praticar o ato desonesto (alguns
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- entendem como inconstitucionais todas as referências a
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. condutas culposas - inclusive parte do STJ).

14
DIREITO ADMINISTRATIVO

Os atos de improbidade administrativa foram divididos ATENÇÃO: todas as condutas descritas abaixo são me-
em três grupos, nos artigos 9°, 10 e 11, conforme a gravi- ros exemplos de condutas compostas pelos elementos
dade do ato, indo do grupo mais grave ao menos grave. A genéricos da cabeça do artigo. Com efeito, estando eles
cada grupo é aplicada uma espécie diferente de sanção no presentes, não importa a ausência de dispositivo expresso
caso de confirmação da prática do ato apurada na esfera no rol abaixo.
administrativa.
Nos três artigos do capítulo II, enquanto o caput traz as I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
condutas genéricas, os incisos delimitam condutas especí- ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta
ficas, que nada mais são do que exemplos de situações do ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
caput, logo, os incisos são uma relação meramente exempli- ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que
ficativa12, sendo suficiente bem compreender como encon- possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
trar os requisitos genéricos para fins de provas. rente das atribuições do agente público;
Significa receber qualquer vantagem econômica, inclu-
Seção I sive presentes, de pessoas que tenham interesse direto ou
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Im- indireto em que o agente público faça ou deixe de fazer
portam Enriquecimento Ilícito alguma coisa.

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa im- II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
portando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de van- para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem mó-
tagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, vel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades men- referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
cionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
O grupo mais grave de atos de improbidade administra- para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem pú-
tiva se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilíci- blico ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço
to + resultante de uma vantagem patrimonial indevida + inferior ao valor de mercado;
em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, função Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior,
ou outra atividade nas entidades do artigo 1°: na qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, troca
a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso ao
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que causa
ditames morais, notadamente no desempenho de função de prejuízo direto ao erário.
interesse estatal. No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel perten-
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um cente ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço
policial recebe propina pratica ato de improbidade adminis- inferior ao de mercado.
trativa, mas não atinge diretamente os cofres públicos).
c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, má-
realmente exista o enriquecimento ilícito decorrente de uma quinas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
vantagem patrimonial indevida. de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se en- mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
riquecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- servidores públicos, empregados ou terceiros contratados
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com por essas entidades;
intenção). Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender
e) Não cabe prática por omissão.13 ao Estado e, consequentemente, à preservação do bem
Entende Carvalho Filho14 que no caso do art. 9° o requi- comum na sociedade. Logo, quando um servidor público
sito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pressuposto utiliza esta estrutura material ou pessoal para atender aos
exigível do tipo é a percepção de vantagem patrimonial ilíci- seus próprios interesses, causa prejuízo direto aos cofres
ta obtida pelo exercício da função pública em geral. Pressu- públicos e obtém uma vantagem indevida (a natural van-
posto dispensável é o dano ao erário”. O elemento subjetivo tagem decorrente do uso de algo que não lhe pertence).
é o dolo, pois fica difícil imaginar que um servidor obtenha
vantagem indevida por negligência, imprudência ou imperí- V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
cia (culpa). Da mesma forma, é incompatível com a conduta direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
omissiva, aceitando apenas a comissiva (ação). jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita,
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou
13 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São omitido para facilitar condutas como lenocínio (explorar,
Paulo: Método, 2011. estimular ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envol-
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- ver-se em atividades no mundo das drogas, como venda
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. e distribuição), contrabando (importar ou exportar merca-

15
DIREITO ADMINISTRATIVO

doria proibida), usura (agiotagem, fornecer dinheiro a juros XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
absurdos) ou qualquer outra atividade ilícita. Se, ainda por valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
cima, se obter vantagem indevida pela tolerância da prá- mencionadas no art. 1° desta lei.
tica do ilícito, resta caracterizado um ato de improbidade Como visto, todo o aparato material e financeiro propi-
administrativa da espécie mais grave, ora descrita neste art. ciado para o desempenho das funções públicas pertencem à
9° em estudo. máquina estatal e devem servir ao bem comum, não caben-
do a utilização em proveito próprio, o que gera uma natural
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, vantagem econômica, sob pena de incidir em improbidade
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição administrativa.
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço,
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou caracterís- Seção II
tica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das enti- Dos Atos de Improbidade Administrativa que
dades mencionadas no art. 1º desta lei; Causam Prejuízo ao Erário
Da mesma forma, é vedado o recebimento de vanta-
gens para fazer declarações falsas na avaliação de obras e Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
serviços em geral. causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou cul-
posa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, mal-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de baratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qual- referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
quer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do O grupo intermediário de atos de improbidade adminis-
patrimônio ou à renda do agente público; trativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário
A desproporção entre o rendimento percebido no ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dila-
exercício das funções e o patrimônio acumulado é um for- pidação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior,
te indício da percepção indevida de vantagens. Claro, se o caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas ati-
comprovada que a desproporção se deu por outros moti- tudes específicas que exemplificam o seu conteúdo.15
vos lícitos, não há ato de improbidade administrativa (por a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
exemplo, ganhar na loteria ou receber uma boa herança). desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que se
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
refere a destruição.16
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica
b) É preciso que seja causado dano a uma das pessoas do
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimento ilícito é dispensável.
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão.
público, durante a atividade;
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio públi-
O agente público não pode trabalhar em funções in-
co, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a
compatíveis com as que desempenha para o Estado, no- ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
tadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele to- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
madas no exercício das funções públicas. Afinal, aceitando que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
uma posição que comprometa sua imparcialidade, o agen- 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalida-
te prejudicará o interesse público. de do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou
a tese de que é indispensável a existência de dolo nas con-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a dutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natu- hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa ser
reza; comprovado. De acordo com o ministro Castro Meira, a con-
Para que as verbas públicas sejam liberadas ou apli- duta culposa ocorre quando o agente não pretende atingir
cadas há todo um procedimento estabelecido em lei, não o resultado danoso, mas atua com negligência, imprudência
cabendo ao servidor violá-lo e muito menos receber van- ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”17. Para Carvalho Filho18, não
tagem por tal violação. Há improbidade, por exemplo, na há inconstitucionalidade na modalidade culposa, lembrando
fraude em licitação. que é possível dosar a pena conforme o agente aja com
dolo ou culpa.
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providên- 15 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
cia ou declaração a que esteja obrigado; Paulo: Método, 2011.
A percepção de vantagem econômica para omitir qual- 16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
quer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato de
improbidade administrativa. 17 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade ad-
ministrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patri- 18 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
monial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei; nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

16
DIREITO ADMINISTRATIVO

O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi- VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de pro-
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi- cesso seletivo para celebração de parcerias com entidades
das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Altera-
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per- do pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014)
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se Processo licitatório é aquele em que se realiza a lici-
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°. tação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo qual
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in- o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena bens,
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal de forma
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do estrita é garantir a preservação do interesse da sociedade,
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º não cabendo ao agente público passar por cima destas re-
desta lei; gras (Lei n° 8.666/93).
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí- IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integran- autorizadas em lei ou regulamento;
tes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Po-
art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais
der Público encontram respectiva previsão em alguma lei
ou regulamentares aplicáveis à espécie;
ou diretriz orçamentária.
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistên-
cias, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qual- X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
quer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem renda, bem como no que diz respeito à conservação do pa-
observância das formalidades legais e regulamentares apli- trimônio público;
cáveis à espécie; A arrecadação de tributos é essencial para a manuten-
Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram ção da máquina estatal, não podendo o agente público ser
a estrutura da administração pública somente devem ser negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que tange ao
utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu levantamento desta renda.
patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídi-
ca e mesmo a simples utilização deve obedecer aos dita- XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
mes legais. Quem agir, aproveitando da função pública, normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
de modo a permitir tais situações, incide em ato de im- aplicação irregular;
probidade administrativa, ainda que não receba nenhuma Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso
vantagem por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, está obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o
presente um ato do art. 9°, categoria mais grave). interesse estatal.
Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta categoria
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser pre- intermediária de atos de improbidade administrativa: que
servado e sua transmissão/utilização deve obedecer a le- seja causado prejuízo ao erário, sem que o agente respon-
gislação vigente. sável pelo dano receba vantagem indevida. A questão é
preservar o interesse estatal, garantindo que os bens e ver-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação bas públicas sejam corretamente utilizados, arrecadados e
de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades investidos.
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
por parte delas, por preço inferior ao de mercado; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
enriqueça ilicitamente;
de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
Como visto, quanto o agente público obtém vantagem
Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do arti-
própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais graves
go anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não perceber
vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exatamente do artigo anterior. Caso concorde com o enriquecimento
pela falta deste elemento que o ato se enquadra na cate- ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior hierárquico,
goria intermediária, e não mais grave, dentro da classifica- ou colabore para que ele ocorra, também cometerá ato de
ção das improbidades. improbidade administrativa, embora de menor gravidade.

VI - realizar operação financeira sem observância das XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particu-
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insufi- lar, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qual-
ciente ou inidônea; quer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
a observância das formalidades legais ou regulamentares trabalho de servidor público, empregados ou terceiros con-
aplicáveis à espécie; tratados por essas entidades.
A realização de operações financeiras, como a libera- Não se deve permitir que terceiros utilizem do aparato
ção de verbas e o investimento destas, e a concessão de da máquina estatal, tanto material quanto pessoal, mesmo
benefícios são papéis muito importantes desempenhados que não se obtenha vantagem alguma com tal concessão.
pelo agente público, que deverá cumprir estritamente a lei.

17
DIREITO ADMINISTRATIVO

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Ser-
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da ges- viços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
tão associada sem observar as formalidades previstas na lei; § 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções,
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob- de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou
servar as formalidades previstas na lei. outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, dire-
A celebração de contratos de qualquer natureza com- ta ou indiretamente, em carga tributária menor que a de-
promete diretamente o orçamento público, causando pre- corrente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no
juízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as prescrições caput, exceto para os serviços a que se referem os subitens
legais que disciplinam a celebração de contratos adminis- 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.
trativos, deliberando com responsabilidade a respeito das
contratações necessárias e úteis ao bem comum. Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a fixando-se a alíquota mínima em 2%.
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transfe- sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
ridos pela administração pública a entidades privadas me- para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
diante celebração de parcerias, sem a observância das for- cal), prejudicando os municípios vizinhos.
malidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;(In- Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
cluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
alíquota mínima.
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou ju-
rídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos Seção III
transferidos pela administração pública a entidade privada Dos Atos de Improbidade Administrativa que Aten-
mediante celebração de parcerias, sem a observância das tam Contra os Princípios da Administração Pública
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
(Incluído pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
atenta contra os princípios da administração pública qual-
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com quer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
entidades privadas sem a observância das formalidades le- imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e no-
gais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela tadamente:
Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) O grupo mais ameno de atos de improbidade adminis-
trativa se caracteriza pela simples violação a princípios da
XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para cele- administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer ati-
bração de parcerias da administração pública com entidades tude do sujeito ativo que viole os ditames éticos do servi-
privadas ou dispensá-lo indevidamente; (Incluído pela Lei nº ço público. Isto é, o legislador pretende a preservação dos
13.019 de 31 de julho de 2014) princípios gerais da administração pública.19
a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais;
XX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dis-
análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela pensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erário;
administração pública com entidades privadas; (Incluído c) Somente é possível a prática de algum destes atos
pela Lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014) com dolo (intenção);
d) Cabe a prática por ação ou omissão.
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela ad- Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida-
ministração pública com entidades privadas sem a estrita de para não permitir a caracterização de abuso de poder,
observância das normas pertinentes ou influir de qualquer diante do conteúdo aberto do dispositivo.
forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que
13.019 de 31 de julho de 2014) se aplica quando o ato de improbidade administrativa não
tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou dano ao
Seção II-A erário.
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorren- I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula-
tes de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício mento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
Financeiro ou Tributário II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou IV - negar publicidade aos atos oficiais;
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao V - frustrar a licitude de concurso público;
que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Comple- 19 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003. Paulo: Método, 2011.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;


VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis-
tração pública com entidades privadas.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.
É possível perceber, no rol exemplificativo de condutas do artigo 11, que o agente público que pratique qualquer ato
contrário aos ditames da ética, notadamente os originários nos princípios administrativos constitucionais, pratica ato de
improbidade administrativa.
Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos visando o bem comum, agir com efetividade e rapidez, manter sigilo a
respeito dos fatos que tenha conhecimento devido a sua função, tornar públicos os atos oficiais, zelar pela boa realização de
atos administrativos em geral (como a realização de concurso público), prestar contas, entre outros.

CAPÍTULO III
Das Penas

Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com
a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral
do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majori-
tário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefí-
cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proi-
bição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito)
anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei Complementar
nº 157, de 2016)
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como
o proveito patrimonial obtido pelo agente.
As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil. Como visto, no caso
do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ainda causar dano
ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que adquiriu inde-
vidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas
sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor adquirido ser
tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Na hipótese do
artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de guerra fiscal pode gerar
Em todos os casos há perda da função pública. Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções de suspensão
dos direitos políticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato,
enquanto que na quarta categoria apenas se prevê a suspensão de direitos políticos e a multa:

Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11


Suspensão de
8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
direitos políticos
Até 3X o valor do benefício
Até 3X o enriquecimento Até 2X o dano Até 100X o valor da
Multa financeiro ou tributário
experimentado causado. remuneração do agente
concedido
Vedação de
contratação ou 10 anos 5 anos – 3 anos
vantagem

19
DIREITO ADMINISTRATIVO

Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções CAPÍTULO IV


por atos de improbidade administrativa, que se encontra Da Declaração de Bens
no art. 37, § 4º, CF:
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
Os atos de improbidade administrativa importarão a condicionados à apresentação de declaração dos bens e
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, arquivada no serviço de pessoal competente.
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, se-
penal cabível. moventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie
de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
ATENÇÃO: a única sanção que se encontra prevista na exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de
de o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mí-
uso doméstico.
nima de penalidades da Constituição, pois esta não limitou
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada
tal possibilidade e porque a lei é o instrumento adequado
e na data em que o agente público deixar o exercício do
para tanto20.
mandato, cargo, emprego ou função.
Carvalho Filho21 tece considerações a respeito de algu- § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
mas das sanções: serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre o agente público que se recusar a prestar declaração dos
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
derivar de origem ilícita”. Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo- necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no
netária e juros de mora. caput e no § 2° deste artigo.
c) Perda de função pública: “se o agente é titular de Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de
mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa- agente público deve apresentar declaração de bens que
ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demis-
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servi- são (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das
dores trabalhistas e temporários), a perda da função públi- atribuições de agente público.
ca se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa A finalidade é a de assegurar que o agente público não
do empregado. No caso de exercer apenas uma função receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para
pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revo- fiscalizá-lo caso o faça.
gação da designação”. Lembra-se que determinadas au- Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os
toridades se sujeitam a procedimento especial para perda do agente público, mas também os de seus dependentes.
da função pública, ponto em que não se aplica a Lei de Por isso, não adiantará nada o agente colocar os bens de-
Improbidade Administrativa. correntes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, que dele dependam, e não em seu nome.
mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
CAPÍTULO V
dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
Do Procedimento Administrativo e do Processo
variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
Judicial
de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
Desde logo, destaca-se que o procedimento na via ad-
natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter ministrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação
indenizatório, mas punitivo. de sanções de improbidade. Após o encerramento do pro-
e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as cesso administrativo, deverá ser ajuizada ação de impro-
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me- bidade administrativa. Na sentença judicial será possível
nos sócio majoritário da instituição vitimada. aplicar as sanções da lei de improbidade administrativa.22
f) Proibição de contratar: o agente punido não pode
participar de processos licitatórios. Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autori-
dade administrativa competente para que seja instaurada
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- investigação destinada a apurar a prática de ato de impro-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. bidade.
21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

20
DIREITO ADMINISTRATIVO

O artigo 14 repete um direito assegurado na Constitui- Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
ção Federal, qual seja o direito de representação, previsto a comissão representará ao Ministério Público ou à procu-
no art. 5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, independen- radoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalida- tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patri-
de ou abuso de poder; [...]”. Logo, se o art. 14 não existisse, mônio público.
ainda seria possível que o particular representasse o agente § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo
público. com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investiga-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a ter- ção, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e apli-
mo e assinada, conterá a qualificação do representante, as cações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das termos da lei e dos tratados internacionais.
provas de que tenha conhecimento. Se existirem indício veementes da prática do ato de im-
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representa- probidade administrativa, a comissão processante poderá
ção, em despacho fundamentado, se esta não contiver as representar ao Ministério Público ou ao órgão jurídico da
formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição pessoa lesada para que estes postulem o sequestro/arres-
não impede a representação ao Ministério Público, nos ter- to de bens do terceiro ou agente que tenham enriquecido
mos do art. 22 desta lei. ilicitamente.
O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não O arresto parece ser uma medida mais adequada (arts.
respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa 813 a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos credores,
(§2°). Ainda assim, em caso de rejeição, será possível repre- ou seja, por ser mais abrangente.
sentar ao Ministério Público. Supondo, por exemplo, que Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta lei
a pessoa não queira se identificar - a representação será no sentido de representar ao Ministério Público para pos-
rejeitada, mas o Ministério Público poderá apurar o fato. tular a indisponibilidade de bens.
As exigências do §1° servem para evitar denúncias irres- Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que
seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a
ponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o Ministério
deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador do
Público poderá instaurar procedimento para apurar uma
dano, assegurando sua reparação futura.
denúncia anônima.
O procedimento administrativo se encontra disciplina-
do dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A partir
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autori-
daqui, trata-se da ação de improbidade administrativa que
dade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se
deve tramitar na via judicial (artigos 17 e 18).
tratando de servidores federais, será processada na forma
prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezem- Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
bro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
com os respectivos regulamentos disciplinares. interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida
O §3° remete à existência de regras próprias do proces- cautelar.
so administrativo disciplinar para as diferentes categorias
de servidores. Por exemplo, aos servidores públicos federais “Ação de improbidade administrativa é aquela que
será aplicada a Lei n° 8.112/90. pretende o reconhecimento judicial de condutas de im-
probidade da Administração, perpetradas por administra-
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao dores públicos e terceiros, e a consequente aplicação das
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da sanções legais, com o escopo de preservar o princípio da
existência de procedimento administrativo para apurar a moralidade administrativa. Sem dúvida, cuida-se de pode-
prática de ato de improbidade. roso instrumentos de controle judicial sobre atos que a lei
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou caracteriza como de improbidade”24.
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar repre- Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, o
sentante para acompanhar o procedimento administrativo. prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade ad-
A lei fala em comissão processante, mas o órgão en- ministrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia da
carregado do processo de investigação pode receber outra medida (bens e verbas são desbloqueados).
nomenclatura conforme o sistema funcional de cada enti- A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação
dade23. pode ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto
O importante é saber que este órgão terá que informar pela pessoa jurídica interessada.
ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a existência A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato
do procedimento administrativo apurando o ato de impro- de improbidade.
bidade, que poderão designar representante para acompa- No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento
nhá-lo. O objetivo da lei foi contribuiu para a formação da do ato de improbidade administrativa, depois, a aplicação
convicção dos representantes destes órgãos desde logo. das sanções cabíveis.
23 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas § 6o  A ação será instruída com documentos ou justifi-
ações de que trata o caput. cação que contenham indícios suficientes da existência do
Não é permitido fazer acordos porque a apuração do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da im-
ato de improbidade administrativa é de interesse público, possibilidade de apresentação de qualquer dessas provas,
sobre o qual não se pode transacionar. Seria absurdo al- observada a legislação vigente, inclusive as disposições
guém prejudicar o erário e se livrar da condenação judicial inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
apenas por ter aceitado um acordo quando descoberto A ação de improbidade administrativa será instruída
seu ato. com provas do ato de improbidade administrativa prati-
cado, geralmente o processo administrativo que tramitou
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá anteriormente. Todas estas provas serão explicadas, fun-
as ações necessárias à complementação do ressarcimento damentando porque restou caracterizado o ato de impro-
do patrimônio público. bidade.
Caso não tenha sido totalmente recomposto o patri-
mônio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública ajui- § 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz man-
zará ação própria. dará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruí-
§ 3°  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo da com documentos e justificações, dentro do prazo de
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no quinze dias.
§ 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. Se a petição inicial preencher os requisitos do pará-
grafo anterior e os demais requisitos processuais civis, o
Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65: requerido será notificado para se manifestar por escrito e,
se quiser, apresentar documentos.
A pessoa jurídica de direito público ou de direito priva-
do, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se § 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta
de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se con-
desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do vencido da inexistência do ato de improbidade, da impro-
respectivo representante legal ou dirigente. cedência da ação ou da inadequação da via eleita.

Significa que é possível inverter a legitimidade, sen- § 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para
do que a pessoa jurídica inicia o processo como legitima- apresentar contestação.
do passivo, mas, como é invertido o interesse processual, Se o juiz se convencer com as informações da mani-
passa para o polo ativo. No entanto, como pessoa jurídica festação do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá
não figura como ré de ação de improbidade administrati- definitivamente a petição inicial e determinará a citação
va, somente cabe a aplicação do dispositivo no sentido de do réu para contestar a ação.
autorizar que a pessoa jurídica reforce o pedido de reco-
nhecimento de improbidade e de aplicação de sanções ao § 10  Da decisão que receber a petição inicial, caberá
lado do Ministério Público. agravo de instrumento.
Agravo de instrumento é o recurso interposto contra
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo decisões que não colocam fim no processo.
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei,
sob pena de nulidade. § 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a ina-
A atuação do Ministério Público nos processos judi- dequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o pro-
ciais pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como cesso sem julgamento do mérito.
fiscal da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso, Durante o processo o juiz pode perceber que a ação
como também a pessoa jurídica de direito público preju- de improbidade administrativa não deveria ter sido aceita,
dicada pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público caso em que a extinguirá.
atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições reali-
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do zadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art.
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as ações Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP:
que sejam propostas com mesma causa de pedir (fatos e
fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam julgadas O Presidente e o Vice-Presidente da República, os sena-
pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que primeiro dores e deputados federais, os ministros de Estado, os gover-
for proposta a ação. nadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os
prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados
às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Po-

22
DIREITO ADMINISTRATIVO

der Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos di-
da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do reitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora pre- sentença condenatória.
viamente ajustados entre eles e o juiz. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
§ 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República, os competente poderá determinar o afastamento do agente pú-
presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados blico do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela pres- da remuneração, quando a medida se fizer necessária à ins-
tação de depoimento por escrito, caso em que as pergun- trução processual.
tas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para sus-
transmitidas por ofício. pender direitos políticos e determinar a perda da função
Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de pública. O máximo que é possível, visando garantir a ins-
depoimentos de determinados agentes públicos. trução processual, é afastar o agente público do exercício
do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita a
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera ação de improbidade administrativa.
pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no
polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de depende:
julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpretando salvo quanto à pena de ressarcimento;
o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para propositura da II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
ação a pessoa jurídica de direito público que seria beneficia- controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
da pela alíquota que deveria ter sido recolhida na esfera de Não importa se o ato praticado pelo agente não cau-
seu município pois nele que o prestador se encontrava. sou dano ao erário, tanto que existem os atos da categoria
mais leve (artigo 11).
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa- Também é irrelevante se o Tribunal de Contas aprovou
ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora isto
determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o sirva de elemento de prova.
caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei,
das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da ação o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autorida-
de improbidade administrativa. Não significa que as demais de administrativa ou mediante representação formulada de
sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis. acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instau-
ração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
CAPÍTULO VI O Ministério Público poderá requisitar a instauração
Das Disposições Penais de inquérito policial ou procedimento administrativo de
ofício, a pedido da autoridade administrativa ou mediante
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de impro- representação.
bidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando
o autor da denúncia o sabe inocente. CAPÍTULO VII
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Da Prescrição
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante
está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
morais ou à imagem que houver provocado. previstas nesta lei podem ser propostas:
A legislação pretende que as denúncias de atos de im- I - até cinco anos após o término do exercício de manda-
probidade administrativas sejam sérias e fundamentadas, to, de cargo em comissão ou de função de confiança;
não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele não faz II - dentro do prazo prescricional previsto em lei especí-
parte exatamente das outras penalidades da lei, por isso exa- fica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem
tamente que está apartado das demais. do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
Este crime será denunciado e apurado perante um juízo emprego.
criminal, fora da ação de improbidade administrativa. O ar- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
tigo 19 é um crime a ser denunciado em ação penal pública direito de acionar judicialmente.
proposta pelo Ministério Público, único legitimado. A ação de improbidade administrativa não poderá ser
Na verdade, ele não passa de uma forma específica da proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório -
denunciação caluniosa do Código Penal. passados 5 anos após o término do exercício de mandato,
cargo em comissão ou função de confiança pelo réu; b)
Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação poli- prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do prazo
cial, de processo judicial, instauração de investigação adminis- prescricional previsto em lei específica para faltas disci-
trativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa plinares puníveis com demissão a bem do serviço público
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 anos a con-
Pena - reclusão de 2 a 8 anos e multa. tar da data em que o fato se tornou conhecido).

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DIREITO ADMINISTRATIVO

CAPÍTULO VIII 3. (TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-


Das Disposições Finais NESP/2015) Escrivão­Diretor da 1 a Vara Cível da Comarca
X determina que Escrevente Técnico Judiciário, a ele su-
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- bordinado, destrua um documento, colocando­-o em uma
ção. fragmentadora de papel. O Escrevente Técnico Judiciário
percebe que o documento é uma petição assinada e de-
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de ju- vidamente protocolada, que deveria ser encartada em um
nho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais processo que tramitava naquela Vara e que ainda não ha-
disposições em contrário. via sido sentenciado. O Escrevente Técnico Judiciário deve-
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independên- rá, nos termos do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
cia e 104° da República. do Estado de São Paulo,
a) cumprir a ordem, pois é dever do servidor público
EXERCÍCIOS cooperar e manter espírito de solidariedade com os com-
panheiros de trabalho.
1. (MPE-SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP/2016) b) utilizar­se do documento como papel de rascu­nho
O Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de para seu trabalho, considerando que é dever do servidor
São Paulo prevê, entre outras, como penas disciplinares: público zelar pela economia do material do Estado
a) readmissão e transferência. c) representar ao Juiz da Vara, já que é dever do ser-
b) reversão ao serviço ativo e transferência. vidor público representar contra ordens manifestamente
c) multa e reversão ao serviço ativo. ilegais.
d) repreensão e multa. d) desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de
e) reintegração e demissão. que for incumbido, destruindo o documento.
1. Resposta: “D”. Nos termos do artigo 251 do Estatu- e) proceder conforme ordenado pelo Escrivão D ­ iretor,
to, “São penas disciplinares: I - repreensão; II - suspensão; nada dizendo sobre o assunto, pois é dever do servidor
III - multa; IV - demissão; V - demissão a bem do serviço
público guardar sigilo sobre os assun­tos da repartição.
público; e VI - cassação de aposentadoria ou disponibili-
3. Resposta: “C”. Estabelece-se como dever do servi-
dade”.
dor, no artigo 241, II, “cumprir as ordens superiores, repre-
sentando quando forem manifestamente ilegais”.
2. (TCE-SP - Auxiliar da Fiscalização Financeira II -
FCC/2015) Marta, servidora pública do Estado de São Pau-
4. (TJ-SP - Contador Judiciário - VUNESP/2015)
lo, ausentou-se do serviço público, sem causa justificável,
Nos termos do que dispõe a Lei nº 10.261/68 (Estatuto
por cinquenta e dois dias, interpoladamente, durante um
dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo),
ano. Neste caso, de acordo com o Estatuto dos Funcioná-
rios Públicos do Estado de São Paulo, Marta determinada a instauração de sindicância ou processo ad-
a) está sujeita apenas à pena de suspensão e multa no ministrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para
valor de cinquenta e dois dias trabalhados. a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete,
b) não está sujeita à nenhuma penalidade, porque as por despacho fundamentado, ordenar, dentre outras, a se-
faltas foram interpoladas. guinte providência:
c) está sujeita à penalidade de demissão. a) designação do servidor acusado para o exercício de
d) não está sujeita à nenhuma penalidade, porque as atividades exclusivamente burocráticas até decisão final
faltas não ultrapassaram sessenta dias. do procedimento.
e) está sujeita apenas à pena de repreensão e multa no b) prisão preventiva do servidor acusado até que os
valor de cinquenta e dois dias trabalhados. fatos apurados sejam devidamente esclarecidos.
2. Resposta: “C”. Conforme o artigo 256, V, “será apli- c) suspensão dos vencimentos do servidor acusado
cada a pena de demissão nos casos de: [...] V - ausência ao pelo prazo máximo de cento e oitenta dias, devidamente
serviço, sem causa justificável, por mais de 45 (quarenta e autorizado pela autoridade máxima do órgão onde o ser-
cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano”. vidor estiver lotado.
d) decretração, pelo Ministério Público, da prisão tem-
porária do servidor acusado por até trinta dias, se houver
fundada suspeita de que o acusado pode coagir testemu-
nhas.
e) recolhimento do passaporte do servidor acusado,
se houver indícios concretos de que o acusado pode estar
planejando sair do país.

24
DIREITO ADMINISTRATIVO

4. Resposta: “A”. Estabelece o artigo 266 do Estatuto: 7. (IPREV – ADVOGADO - FEPESE/2013) Assinale a
“Determinada a instauração de sindicância ou processo ad- alternativa correta de acordo com a Lei de Improbidade
ministrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para Administrativa.
a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, a) Constitui ato de improbidade administrativa que
por despacho fundamentado, ordenar as seguintes provi- atenta contra os princípios da administração pública negar
dências: I - afastamento preventivo do servidor, quando publicidade aos atos oficiais.
o recomendar a moralidade administrativa ou a apuração b) Em razão do princípio da individualização da pena,
do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até as sanções aplicadas não poderão passar da pessoa do
180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por acusado.
igual período; II - designação do servidor acusado para o c) O Ministério Público, se não for o autor da ação, po-
exercício de atividades exclusivamente burocráticas até derá requerer o ingresso no feito a qualquer tempo e grau
decisão final do procedimento; III - recolhimento de car- de jurisdição.
teira funcional, distintivo, armas e algemas; IV - proibição d) Constitui ato de improbidade administrativa impor-
do porte de armas; V - comparecimento obrigatório, em tando enriquecimento ilícito ordenar ou permitir a realiza-
periodicidade a ser estabelecida, para tomar ciência dos ção de despesas não autorizadas em lei ou regulamento.
atos do procedimento”. e) Prescreve em dez anos, após o término do exercício
de mandato, de cargo em comissão ou de função de con-
5. (TJ-SP - Estatístico Judiciário - VUNESP/2015) fiança, as ações destinadas a levar a efeito as sanções por
Nos termos do que expressamente estabelece a Lei n° atos de improbidade administrativa.
10.261/68, é dever do funcionário público 7. Resposta: “A”. Neste sentido, o artigo 11 da Lei nº
a) cumprir as ordens superiores, mesmo quando forem 8.429/92: “Constitui ato de improbidade administrativa que
manifestamente ilegais. atenta contra os princípios da administração pública qual-
b) residir no local onde exerce o cargo ou onde auto- quer ação ou omissão que viole os deveres de honestida-
rizado. de, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
c) guardar sigilo sobre os assuntos da repartição, exce- notadamente: [...] IV - negar publicidade aos atos oficiais”.
to sobre despachos, decisões ou providências. Alternativa “b”: incorreta. Até o limite da herança é
d) manter sigilo sobre as irregularidades de que ti- possível atingir o patrimônio dos sucessores (artigo 8º, Lei
ver conhecimento no exercício de suas funções, deixando nº 8.429/92).
eventual investigação para as autoridades competentes. Alternativa “c”: incorreta. O Ministério Público nem
e) providenciar para que estejam sempre em ordem precisa requerer o ingresso porque o § 4º do artigo 17 da
todas as mesas de trabalho da repartição onde exerce suas Lei nº 8.429/92 prevê: “O Ministério Público, se não intervir
funções. no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como
5. Resposta: “B”. O artigo 241, em seu inciso VII, fixa fiscal da lei, sob pena de nulidade”.
como dever do funcionário “residir no local onde exerce o Alternativa “d”: incorreta. Em verdade, prevê o ar-
cargo ou, onde autorizado”. tigo 10 da Lei nº 8.429/92: “Constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
6. (FUNASA - TODOS OS CARGOS - CESPE/2013) omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
Com relação à disciplina jurídica dos serviços públicos e do desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
controle legislativo, julgue os próximos itens. bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei,
Considere que uma pessoa ocupante de cargo em co- e notadamente: [...] IX - ordenar ou permitir a realização de
missão em determinada fundação pública tenha sido pre- despesas não autorizadas em lei ou regulamento”. Não se
sa em flagrante, durante operação da polícia federal, por enquadra assim, em ato descrito no artigo 9º.
desvio de dinheiro público. Nessa situação, essa pessoa Alternativa “e”: incorreta. Dispõe o artigo 23 da Lei
responderá criminalmente por esse ato e poderá ser des- nº 8.429/92: “As ações destinadas a levar a efeitos as san-
tituída do cargo. Entretanto, ela estará isenta das sanções ções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco
decorrentes do ato de improbidade administrativa, as quais anos após o término do exercício de mandato, de cargo em
são aplicadas somente aos servidores públicos ocupantes comissão ou de função de confiança; II - dentro do prazo
de cargo efetivo. prescricional previsto em lei específica para faltas discipli-
6. Resposta: “Errado”. A sanção por improbidade ad- nares puníveis com demissão a bem do serviço público,
ministrativa, de natureza cível, independe das sanções apli- nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego”.
cadas nas esferas administrativa e criminal, já que são esfe-
ras independentes entre si e sanções de naturezas diversas.

25
DIREITO ADMINISTRATIVO

8. (TRT-17ª REGIÃO (ES) - TÉCNICO JUDICIÁRIO 10. (STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013) No
- CESPE/2013) Considerando a disciplina constitucional que tange às disposições da Lei n.º 8.429/1992, julgue os
relativa à administração pública, julgue os itens subse- itens subsequentes.
quentes. Considere que, alegando direito à privacidade, deter-
A CF expressamente dispõe que, independentemente minado servidor, ao tomar posse em cargo público, tenha
das sanções penais, civis e administrativas previstas na le- negado entregar a devida declaração dos bens e valores
gislação específica, o responsável pelo ato de improbidade que compõem o seu patrimônio privado. Nessa situação,
terá obrigatoriamente decretada a suspensão dos seus di- persistindo a recusa, o servidor poderá ser demitido a bem
reitos políticos pelo período de oito a dez anos. do serviço público.
8. Resposta: “Errado”. Na verdade, consta no §4º do 10. Resposta: “Certo”. Preconiza o artigo 13 da Lei nº
artigo 37 da Lei nº 8.429/92: “Os atos de improbidade ad- 8.429/92: “Art. 13. A posse e o exercício de agente públi-
ministrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, co ficam condicionados à apresentação de declaração dos
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
lei, sem prejuízo da ação penal cabível”. § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semo-
ventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie
9. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
FCC/2013) Mario Alberto é empregado de uma empresa exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores
pública, cujo capital e controle pertencem integralmente a patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de
ente público federal. No regular exercício de suas funções, outras pessoas que vivam sob a dependência econômica
promoveu, em nome de sua empregadora e sem realização do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de
de licitação, a contratação de empresa para prestação de uso doméstico. § 2º A declaração de bens será anualmen-
serviços de informática nas diversas dependências da sede. te atualizada e na data em que o agente público deixar
Agradecidos, os diretores dessa empresa gratificaram Ma- o exercício do mandato, cargo, emprego ou função. § 3º
rio Alberto em espécie. A conduta de Mario Alberto.
Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
a) pode ser enquadrada como ato de improbidade re-
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agen-
sidual, caso não se tipifique nenhuma outra infração fun-
te público que se recusar a prestar declaração dos bens,
cional, tendo em vista que não ficou comprovado prejuízo
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa. § 4º
à empresa e dolo por parte de Mario Alberto.
O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da de-
b) não pode ser enquadrada como ato de improbida-
claração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
de, uma vez que a gratificação foi dada após a contratação.
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
c) não pode ser enquadrada como ato de improbidade,
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessá-
tendo em vista que Mario Alberto é empregado celetista,
condição que não se enquadra no conceito de funcionário rias atualizações, para suprir a exigência contida no caput
para os fins da lei de improbidade. e no § 2° deste artigo”.
d) pode ser considerada ato de improbidade, uma vez
que os empregados públicos se enquadram no conceito de 11. (STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2013) No
agente público da lei de improbidade. que tange às disposições da Lei nº 8.429/1992, julgue os
e) pode ser considerada ato de improbidade desde itens subsequentes.
que tenha havido dolo por parte de Mario Alberto e que O ressarcimento integral do dano, em matéria de
este seja empregado público efetivo, contratado por meio improbidade administrativa, dar-se-á se houver lesão ao
de concurso público. patrimônio público por conduta comissiva ou omissiva,
9. Resposta: “D”. Trata-se de ato de improbidade ad- exclusivamente dolosa, praticada por agente público ou
ministrativa na modalidade mais grave, aplicando-se o ar- por terceiro. Nesse caso, caberá à autoridade administra-
tigo 9º da Lei nº 8.929/92. Mário Alberto é considerado tiva responsável pelo inquérito representar ao Ministério
servidor, conforme artigo 2º da Lei de Improbidade: “Repu- Público para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
ta-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele 11. Resposta: “Errado”. O ressarcimento integral do
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remune- dano se dará sempre que o ato de improbidade adminis-
ração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou trativo praticado gerar dano.
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior”.

26
DIREITO ADMINISTRATIVO

12. (TRT - 17ª REGIÃO (ES) - ANALISTA JUDICIÁRIO Dentre estas condutas, atentam contra os princípios da
– CESPE/2013) No que se refere à improbidade adminis- Administração Pública apenas as descritas nos itens:
trativa, julgue os itens seguintes. a) I, II, III e IV.
Não poderá responder por ato de improbidade admi- b) I, II, III e V.
nistrativa o agente público que não for servidor público. c) I, II, IV e V.
12. Resposta: “Errado”. Conforme artigo 2º da Lei d) I, III, IV e V.
de Improbidade: “Reputa-se agente público, para os efei- e) II, III, IV e V.
tos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transi- 15. Resposta: “C”. Os atos que atentam contra princí-
toriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, pios da administração pública encontram-se descritos no
designação, contratação ou qualquer outra forma de in- artigo 10 da Lei nº 8.429/92.
vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função Item I: correto. É ato de improbidade descrito no ar-
nas entidades mencionadas no artigo anterior”. A Lei nº tigo 11, III, Lei nº 8.429/92.
8.429/92 amplia o conceito de servidor público. Item II: correto. É ato de improbidade descrito no ar-
tigo 11, II, Lei nº 8.429/92.
13. (TRT - 17ª REGIÃO (ES) - ANALISTA JUDICIÁRIO Item III: incorreto. É ato de improbidade descrito no
– CESPE/2013) No que se refere à improbidade adminis- artigo 10, III, Lei nº 8.429/92.
trativa, julgue os itens seguintes. Item IV: correto. É ato de improbidade descrito no
Nas ações em que o objeto for ato de improbidade artigo 11, IV, Lei nº 8.429/92.
administrativa, não será possível a transação, o acordo ou Item V: correto. É ato de improbidade descrito no ar-
a conciliação. tigo 11, VII, Lei nº 8.429/92.
13. Resposta: “Certo”. Pelo artigo 17, §1º da Lei nº
8.429/92, “é vedada a transação, acordo ou conciliação nas 16. (AL-MT - TÉCNICO LEGISLATIVO - FGV/2013)
ações de que trata o caput”. No que tange ao ato de improbidade administrativa,
a própria Constituição disciplina as sanções aplicáveis.
14. (TRT - 17ª REGIÃO (ES) - ANALISTA JUDICIÁ- Com relação a essas sanções, assinale a alternativa que
RIO – CESPE/2013) Considerando que o presidente de de- dispõe de modo contrário à previsão constitucional.
terminado TRT tenha nomeado sua esposa, ocupante de a) A suspensão dos direitos políticos é prevista como
cargo de provimento efetivo do próprio TRT, para exercer sanção ao ato de improbidade administrativa.
função de confiança diretamente vinculada a ele, julgue o b) A perda da função pública tem previsão constitu-
item a seguir. cional como sanção ao ato de improbidade.
Nessa situação hipotética, o presidente do TRT poderá c) O ressarcimento ao erário deverá ser feito pelo
responder por ato de improbidade administrativa, estando agente do ato de improbidade e não se sujeita a prazo
sujeito, respeitados os requisitos legais, a medida caute- prescricional.
lar consistente na declaração de indisponibilidade de seus d) A indisponibilidade dos bens poderá ser decretada
bens. e) A perda de direitos políticos é uma das sanções
14. Resposta: “Certo”. Se a prática do nepotismo no
possíveis.
serviço público afronta aos princípios da legalidade, mo-
16. Resposta: “E”. Preconiza o artigo 37, §4º, CF: “Os
ralidade, impessoalidade e eficiência, caracteriza portanto
atos de improbidade administrativa importarão a suspen-
ato de improbidade, que pode acarretar ao agente respon-
são dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
sável a perda da função pública e a suspensão dos direitos
disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
políticos, sem prejuízo do ressarcimento dos danos. Neste
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
viés, ao menos, é ato de improbidade atentatório aos prin-
penal cabível”.
cípios da administração pública (artigo 11, Lei nº 8.429/92).

15. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) 17. (AL-MT – PROCURADOR- FGV/2013) Em outu-
Analise as condutas abaixo descritas com base a Lei Federal bro de 2013, o Ministério Público do Estado X ajuizou Ação
n. 8.429/93 (Lei de Improbidade Administrativa): de Improbidade em face de Fulano de Tal, ocupante exclu-
I. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência em sivamente de cargo em comissão, que exerceu o cargo de
razão das atribuições e que deva permanecer em segredo. Diretor de Administração e Finanças da Secretaria de Esta-
II. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato do de Cultura entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006,
de ofício. e que, desde então, não exerce qualquer função pública.
III. Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispen- É imputada ao réu a operação de um sofisticado sis-
sá-lo indevidamente. tema de desvio de verbas daquele órgão, conduta enqua-
IV. Negar publicidade aos atos oficiais. drada como ato de improbidade que causou prejuízo ao
V. Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento Erário, estimado em mais de R$ 500.000,00 (quinhentos
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de mil reais).
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.

27
DIREITO ADMINISTRATIVO

Diante do caso descrito, assinale a afirmativa correta. 19. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA I -
a) O agente submete-se a crime de responsabilidade, IBFC/2013) Segundo a Constituição Federal, os atos de
por ser ocupante exclusivamente de cargo em comissão, improbidade administrativa importarão nas seguintes san-
não podendo figurar como réu em ação de improbidade. ções, EXCETO:
b) A caracterização do ato de improbidade imputado a) Pena de reclusão.
ao agente público independe da configuração do dolo, mas b) Ressarcimento ao erário.
a ação proposta já se encontra prescrita, ressalvada a pers- c) Perda da função pública.
pectiva de ressarcimento do erário. d) Indisponibilidade dos bens.
c) A caracterização de qualquer ato de improbidade in- e) Suspensão dos direitos políticos.
depende de culpa ou dolo, mas o ato descrito no enunciado 19. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 37, §4º, CF: “Os
não dispensa a efetiva demonstração do prejuízo ao erário. atos de improbidade administrativa importarão a suspen-
d) A ação de improbidade por ato causador de prejuízo são dos direitos políticos, a perda da função pública, a in-
ao erário é imprescritível por força de mandamento cons- disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
titucional expresso, apenas prescrevendo a ação de ressar- forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
cimento. penal cabível”. Somente não está prevista a pena de reclu-
e) Uma ação de improbidade não pode ser direcionada são e nem seria possível porque o ato de improbidade tem
contra ele, devendo ser manejada apenas ação de ressarci- natureza civil.
mento, por já se ter encerrado o vínculo do agente com a
Administração. 20. (PG-DF – PROCURADOR - CESPE/2013) Acerca
17. Resposta: “B”. Ele poderia ser réu na ação de im- dos atos de improbidade administrativa e dos poderes ad-
probidade, encaixando-se no conceito amplo do artigo 2º ministrativos, julgue os itens que se seguem.
da Lei nº 8.429/92. Se trataria de ato descrito no artigo 10, Presidente de autarquia estadual que deixar de prestar
que prevê no caput: “Constitui ato de improbidade adminis- as contas anuais devidas responderá, desde que compro-
trativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, vada a sua má-fé e a existência de dano ao erário, pelo
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, cometimento de ato de improbidade atentatório aos prin-
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou cípios da administração pública.
haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e no-
tadamente”. Contudo, nos moldes do artigo 23 da Lei nº
20. Resposta: “Errado”. Prevê o artigo 11 da Lei nº
8.429/92, “as ações destinadas a levar a efeitos as sanções
8.429/92: “Constitui ato de improbidade administrativa que
previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos
atenta contra os princípios da administração pública qual-
após o término do exercício de mandato, de cargo em co-
quer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
missão ou de função de confiança”.
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e no-
18. (MPC-MS - ANALISTA DE CONTAS - FCC/2013) tadamente: [...] VI - deixar de prestar contas quando esteja
Segundo a Lei nº 8.429/1992, sobre improbidade adminis- obrigado a fazê-lo”.
trativa,
a) as disposições da referida lei são de aplicação restrita
a agentes públicos, não incidindo sobre agentes políticos
ou particulares, ainda que tenham induzido ou concorrido
para a prática do ato de improbidade.
b) poderão ser sujeitos passivos de atos de improbida-
de administrativa quaisquer entidades, integrantes ou não
da Administração pública, desde que exerçam funções de
interesse público.
c) o servidor público processado por ato de improbida-
de administrativa atentatório contra os princípios da Admi-
nistração pública está sujeito à cassação dos seus direitos
políticos.
d) o afastamento do agente público no curso da ação
civil por improbidade administrativa, quando necessário à
instrução do respectivo processo, se fará sem prejuízo da
remuneração.
e) o agente público, caso não tenha havido enriqueci-
mento ilícito, não estará sujeito à perda da função pública.
18. Resposta: “D”. Neste sentido, o artigo 20, parágra-
fo único da Lei nº 8.429/92: “A autoridade judicial ou ad-
ministrativa competente poderá determinar o afastamento
do agente público do exercício do cargo, emprego ou fun-
ção, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à instrução processual”.

28
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Tomo I – Capítulo II: Seção I – subseções I e II;............................................................................................................................................ 01


Tomo I - Capítulo III: Seções I, II, V, VI, VII;..................................................................................................................................................... 03
Tomo I - Capítulo III: Seção VIII – subseções I, II e III;................................................................................................................................ 09
Tomo I – Capitulo III: Seções IX a XV, XVII a XIX;.......................................................................................................................................... 11
Tomo I – Capítulo XI: Seções I, IV e V;.............................................................................................................................................................. 21
Tomo I – Capitulo XI: Seção VI – subseções I, III, V e XIII.......................................................................................................................... 24
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia Oliveira § 1º A correição ordinária consiste na fiscalização pre-
vista e efetivada segundo estas normas e leis de organização
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- judiciária.
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. § 2º A correição extraordinária consiste em fiscali-
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- zação excepcional, realizada a qualquer momento e sem
versitário Eurípides de Marília – UNIVEM – (bolsista CAPES). prévio anúncio e poderá ser geral ou parcial, conforme as
Professora de curso preparatório para concursos e univer- necessidades e conveniência do serviço correcional.
sitária da Universidade Federal de Goiás – UFG. Autora de § 3º A visita correcional consiste na fiscalização dire-
diversos trabalhos científicos publicados em revistas qua- cionada à verificação da regularidade de funcionamento da
lificadas, anais de eventos e livros, notadamente na área unidade, do saneamento de irregularidades constatadas em
do direito eletrônico, dos direitos humanos e do direito correições ou ao exame de algum aspecto da regularidade
constitucional. ou da continuidade dos serviços e atos praticados.
§ 4º As atas das correições e visitas serão encaminhadas
à Corregedoria Geral da Justiça nos prazos que seguem:
I - correição ordinária – até 60 (sessenta) dias após
TOMO I – CAPÍTULO II: SEÇÃO I – realizada;
SUBSEÇÕES I E II; II - correição extraordinária ou visita correcional –
até 15 (quinze) dias após realizada.
§ 5º A Corregedoria Geral da Justiça implementará,
gradativamente, a correição virtual, com vistas ao controle
CAPÍTULO II permanente das atividades subordinadas à sua disciplina.
DA FUNÇÃO CORRECIONAL
Art. 7º A Corregedoria Permanente será exercida
Seção I pelo juiz a que a normatividade correcional cometer tal
Das Atribuições atribuição.
§ 1º O Corregedor Geral da Justiça, com aprovação do
Conselho Superior da Magistratura, poderá, por motivo de
Art. 5º A função correcional consiste na orientação,
interesse público ou conveniência da administração, al-
reorganização e fiscalização dos órgãos e serviços judi-
terar a designação do Corregedor Permanente.
ciários de primeira instância, bem como na fiscalização
§ 2º Se não houver alteração no início do ano judiciário,
da polícia judiciária, dos estabelecimentos prisionais e
prevalecerão as designações do ano anterior.
dos demais estabelecimentos em relação aos quais, por
imposição legal, esses deveres forem atribuídos ao Poder Ju-
Art. 8º O Juiz Corregedor Permanente efetuará, uma
diciário e é exercida, no Estado de São Paulo, pelo Correge-
vez por ano, de preferência no mês de dezembro, correição
dor Geral da Justiça e, nos limites de suas atribuições, pelos ordinária em todas as serventias, repartições e demais esta-
Juízes de Primeiro Grau. belecimentos sujeitos à sua fiscalização correcional, lavran-
§ 1º No desempenho da função correcional, poderão do-se o correspondente termo no livro próprio.
ser editadas ordens de serviço e demais atos adminis- § 1º A correição ordinária será anunciada por edital,
trativos de orientação e disciplina, corrigidos os erros afixado no átrio do fórum e publicado no Diário da Justi-
e sancionadas as infrações, após regular procedimento ça Eletrônico, com pelo menos quinze dias de antecedência,
administrativo disciplinar, sem prejuízo de apurações civis e bem como comunicada à Ordem dos Advogados do Bra-
criminais. sil da respectiva subseção.
§ 2º As ordens de serviço e demais atos administrati- § 2º O Juiz Corregedor Permanente seguirá o termo
vos editados pelo Juiz Corregedor Permanente serão enca- padrão de correição disponibilizado pela Corregedoria Ge-
minhados à Corregedoria Geral da Justiça para revisão ral da Justiça.
hierárquica.
§ 3º Consultas sobre aplicação ou interpretação des- Art. 9º Em até 30 (trinta) dias depois de assumir a
tas Normas de Serviço serão apreciadas pelo Juiz Corre- corregedoria permanente em caráter definitivo, o juiz fará
gedor Permanente que, a requerimento do interessado ou visita correcional às unidades sob sua corregedoria, com o
de ofício se houver dúvida fundada devidamente justificada, intuito de constatar a regularidade dos serviços, observado
submeterá suas decisões à Corregedoria Geral da Justiça. o modelo disponibilizado.
§ 1º A visita correcional independe de edital ou qual-
Subseção I quer outra providência e dela se lançará sucinto termo no
Da Corregedoria Permanente e Das Correições Or- livro de visitas e correições, no qual também constarão as
dinárias, Extraordinárias e Visitas Correcionais determinações que o Juiz Corregedor Permanente even-
tualmente fizer no momento.
Art. 6º A função correcional será exercida em caráter § 2º Se o juiz assumir a corregedoria permanente em
permanente e mediante correições ordinárias ou ex- caráter definitivo a partir do mês de novembro, a correição
traordinárias e visitas correcionais. geral ordinária prescindirá da visita correcional.

1
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 10. O escrivão auxiliará o Juiz Corregedor Perma- Parágrafo único. O Corregedor Geral da Justiça pode-
nente nas diligências correcionais, facultada a nomeação de rá avocar procedimento disciplinar em qualquer fase, a
escrivão ‘ad hoc’ entre os demais servidores da unidade. pedido ou de ofício, designar Juiz Corregedor Processante
para todos os atos pertinentes e atribuir serviços auxiliares à
Art. 11. Durante os serviços correcionais, todos os fun- unidade diversa daquela a que estiver vinculado o servidor.
cionários da unidade permanecerão à disposição do
Corregedor Geral da Justiça, dos Juízes Assessores da Corre- Art. 16. Os Juízes Corregedores Permanentes comuni-
gedoria Geral ou do Juiz Corregedor Permanente, sem pre- carão à Corregedoria Geral da Justiça a instauração de
qualquer procedimento administrativo, mediante remes-
juízo de requisição de auxílio externo ou de requisição de
sa de cópia da portaria inaugural, para processamento do
força policial.
acompanhamento:
I - das apurações preliminares pela Diretoria da Corre-
Art. 12. Os livros e classificadores obrigatórios pre- gedoria – DICOGE;
vistos nestas Normas de Serviço serão submetidos ao Juiz II - das sindicâncias e dos processos administrativos pela
Corregedor Permanente para visto por ocasião das correi- Secretaria de Planejamento de Recursos Humanos – SPRH.
ções ordinárias ou extraordinárias e sempre que forem por Parágrafo único. Idêntico procedimento adotar-se-á em
este requisitados. relação a todos os atos decisórios subsequentes e, ao término
Parágrafo único. No caso de registros controlados exclu- do procedimento, remeter-se-á cópia da decisão proferida,
sivamente pela via eletrônica, os relatórios de pendências com ciência ao servidor do decidido, e certidão indicativa
gerados pelo sistema informatizado serão vistados pelo juiz. do trânsito em julgado.

Art. 13. Os estabelecimentos prisionais e outros des- Art. 17. Eventuais recursos serão entranhados nos au-
tinados ao recolhimento de pessoas, sujeitos à atividade cor- tos originais e remetidos à Corregedoria Geral da Justiça.
recional do juízo, serão visitados uma vez por mês (art. 66,
inciso VII, da LEP). Art. 18. Sem prejuízo da atribuição ao Juiz Corregedor
§ 1º Realizará a visita o Juiz Corregedor Permanente Permanente, o Corregedor Geral da Justiça poderá aplicar,
ou o juiz a quem, por decisão do Corregedor Geral da Justiça, originariamente, as sanções cabíveis e, enquanto não
prescrita a infração, reexaminar, de ofício ou mediante
essa atribuição for delegada.
provocação, decisões absolutórias ou de arquivamento.
§ 2º A inspeção mensal será registrada em termo
sucinto no Livro de Visitas e Correições, podendo con-
“A Corregedoria de Justiça realiza inspeções e correi-
ter unicamente o registro da presença, sem prejuízo do ca- ções em unidades judiciárias e administrativas, bem como
dastro eletrônico da inspeção perante o Conselho Nacional em cartórios extrajudiciais. O resultado dessas visitas e reu-
de Justiça e, após sua lavratura, cópia será encaminhada à niões compõe relatórios que apresentam as deficiências e
autoridade administrativa da unidade prisional, para arqui- as boas práticas encontradas, além de recomendações às
vamento em livro de folhas soltas. unidades para melhorar seu desempenho. São realizadas
§ 3º Ressalvado o afastamento deferido por prazo inspeções para ‘apuração de fatos relacionados ao conhe-
igual ou superior a trinta dias, ou motivo relevante de- cimento e à verificação do funcionamento dos serviços ju-
vidamente comunicado à Corregedoria Geral da Justiça, o diciais e auxiliares, das serventias e dos órgãos prestadores
Juiz Corregedor Permanente realizará, pessoalmente, as de serviços notariais e de registro, havendo ou não evidên-
visitas mensais, vedada a atribuição dessa atividade ao juiz cias de irregularidades’ (artigo 48 do Regimento Interno do
que estiver respondendo pela vara por período inferior. CNJ). Já as correições têm como finalidade ‘apuração de
fatos determinados relacionados a deficiências graves dos
Art. 14. A sistemática prevista no art. 13 não desobriga serviços judiciais e auxiliares, das serventias e dos órgãos
a visita mensal às Cadeias Públicas, sob responsabilidade prestadores de serviços notariais e de registro’ (artigo 54
tanto dos Juízes de Varas Privativas de Execuções Criminais do Regimento Interno do CNJ). Os procedimentos de fisca-
como daqueles que acumulem outros serviços anexos. lização podem contar com o apoio de servidores e magis-
trados de Tribunais e de técnicos de órgãos como Contro-
ladoria Geral da União, Receita Federal, COAF e tribunais de
Subseção II
contas. Em alguns casos, a Corregedoria instaura sindicân-
Das Apurações Preliminares, Sindicâncias e Proces- cia investigativa para aprofundar fatos graves apontados
sos Administrativos em relatório de inspeção ou correição”1.

Art. 15. As apurações preliminares, as sindicâncias e os


processos administrativos relativos ao pessoal das serventias
judiciais serão realizados pelos Juízes Corregedores Per-
manentes a que, na atualidade do procedimento, estiverem
subordinados os servidores. 1 http://www.cnj.jus.br/corregedoriacnj/inspecoes-correi-
coes

2
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

§ 2º Nas comarcas em que existir uma única vara e um


TOMO I - CAPÍTULO III: único ofício de justiça, a este competem as atribuições dos
SEÇÕES I, II, V, VI, VII; serviços de distribuição, de contadoria e partidoria.4
Ofício de justiça é a designação de determinada área
(foro) em que determinada autoridade (juiz) tem competência
(atribuição legal) para exercer sua jurisdição (poder de dizer o
CAPÍTULO III direito aplicado ao caso). Cada ofício de justiça receberá uma
DOS OFÍCIOS DE JUSTIÇA EM GERAL denominação. Se houver mais de uma vara, a denominação
Seção I corresponderá a um número + descrição da vara (Ex.: 1ª vara
Disposições Iniciais cível da comarca X); se houver apenas uma, a nomenclatura
será Vara da comarca X. Se houver mais de uma vara, existi-
Art. 26. As disposições deste capítulo têm caráter geral e rá um ofício de justiça próprio para a distribuição das ações,
aplicam-se a todos os ofícios de justiça, no que não contra- justamente para distribui-las entre os órgãos existentes. Se
riarem as disposições específicas contidas em capítulo próprio. houver uma única vara, não é preciso sorteio, então ela recebe
Art. 27. Os servidores da justiça darão atendimento prio- diretamente as ações protocoladas.
ritário às pessoas portadoras de deficiência, aos idosos, às
gestantes, às lactantes e às pessoas acompanhadas por Seção V
crianças de colo, mediante garantia de lugar privilegiado em fi- Do Sistema Informatizado Oficial
las, distribuição de senhas com numeração adequada ao atendi-
mento preferencial, alocação de espaço para atendimento exclu- Subseção I
sivo no balcão, ou implantação de qualquer outro sistema que, Disposições Gerais
observadas as peculiaridades existentes, assegure a prioridade.
Art. 27-A. A prioridade de que trata o artigo 27 se aplica às Art. 46. Os procedimentos de registro e documentação
advogadas públicas e privadas, promotoras e procuradoras do dos processos judiciais e administrativos realizar-se-ão di-
retamente no sistema informatizado oficial ou em livros e
Ministério Público gestantes ou lactantes, e a qualquer pessoa
classificadores, conforme disciplina destas Normas de Serviço,
com criança de colo, inclusive para preferência nas audiências
e destinam-se:
de primeiro grau de jurisdição e nas sessões de julgamento
I - à preservação da memória de dados extraídos dos
dos Colégios Recursais, desde que haja requerimento prévio,
feitos e da respectiva movimentação processual;
observada a ordem dos requerimentos e respeitados os de- II - ao controle dos processos, de modo a garantir a se-
mais beneficiários da Lei nº 10.048/2000 que disciplina o aten- gurança, assegurar a pronta localização física, verificar o anda-
dimento prioritário.1 mento e permitir a elaboração de estatísticas e outros instru-
O teor do artigo 27 merece destaque, pois ele assegu- mentos de aprimoramento da prestação jurisdicional.
ra o atendimento prioritário no âmbito dos órgãos do Po- Art. 47. Os servidores dos ofícios de justiça deverão se
der Judiciário. Deve ser conferido às pessoas portadoras de adaptar continuamente às evoluções do sistema informa-
deficiência, aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas tizado oficial, utilizando plenamente as funcionalidades dis-
acompanhadas por crianças de colo. Pode ser feito por qual- ponibilizadas para a realização dos atos pertinentes ao serviço
quer sistema que assegure a prioridade, entre eles: garantia de (emissão de certidões, ofícios, mandados, cargas de autos etc.).
lugar privilegiado em filas, distribuição de senhas específicas Parágrafo único. Para efeito de divisão do trabalho entre
para atendimento preferencial, fixação de local próprio para os escreventes técnicos judiciários, oficiais de justiça e juízes, e
atendimento preferencial, ou qualquer outro sistema possível. outras providências necessárias à ordem do serviço, o sistema
Fato é que deve ser adotado algum sistema para que o aten- informatizado atribuirá a cada processo distribuído um
dimento preferencial se viabilize. número de controle interno da unidade judicial, sem pre-
juízo do número do processo (número do protocolo que seguirá
Seção II série única).5
Das Atribuições Art. 48. Iniciada a operação do SAJ/PG, de utilização obri-
gatória pelas varas e ofícios de justiça, serão excluídos todos os
Art. 28. Atribuir-se-ão aos ofícios de justiça os serviços ine- programas eventualmente em uso.6
rentes à competência das respectivas varas e da Corregedo- A informatização judiciária constitui um modo de in-
ria Permanente.2 corporação da evolução tecnológica ao dia-a-dia de todos.
Art. 29. Competem aos ofícios de justiça os serviços do Toda a sociedade precisa que a prestação de tutela jurisdicio-
foro judicial, atribuindo-se-lhes a numeração ordinal e a de- nal ocorra, de maneira direta ou indireta, pois este é o único
modo de garantir a segurança e a preservação dos direitos
nominação da respectiva vara, onde houver mais de uma.
de cada cidadão. Quanto mais efetiva for tal prestação, mais
§ 1º Nas comarcas e foros distritais com mais de uma
ampla a realização da justiça, o fim social máximo em prol do
vara, haverá um ofício ou seção de distribuição judicial,
bem comum.
ao qual incumbem os serviços de distribuição, de contadoria e
partidoria e, nos termos da lei, do arquivo geral.3 4 Prov. CSM 439/91.
2 DLC 3/69, art. 204. 5 Prov. CGJ 38/99.
3 Prov. CSM 439/91. 6 Prov. CGJ 38/99.

3
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Neste sentido, a informatização do Poder Judiciário III - consignar os serviços administrativos pertinentes
desponta como uma das diretrizes do acesso à justiça, (desarquivamentos, inutilização ou destruição de autos etc.).
considerando que aliar a tecnologia à aplicação do Direito
possibilita um processo mais rápido, eficaz e, consequen- Art. 53. A inserção de dados no sistema informatizado
temente, justo. oficial será a mais completa e abrangente possível, de
modo que todas as ocorrências do processo físico constem
Subseção II do ambiente virtual, formando banco de dados que servirá
Da Segurança do Sistema de memória permanente.
§ 1º O cadastro conterá as principais informações a
Art. 49. Os níveis de acesso às informações e o respec- respeito do processo, de modo a individualizá-lo com exa-
tivo credenciamento (senha) dos funcionários, para opera- tidão (qualificação das partes e de eventuais representantes,
ção do SAJ/PG, serão estabelecidos em expediente interno advogados e os respectivos números de inscrição na OAB,
pela Corregedoria Geral da Justiça, com a participação da valor da causa, objeto da ação etc).
§ 2º As anotações de movimentação processual devem
Secretaria de Tecnologia da Informação - STI.7
ser fidedignas, claras e atualizadas, de forma a refletir o
§ 1º É vedado ao funcionário credenciado ceder a
atual estado do processo e a garantir a utilidade do siste-
respectiva senha ou permitir que outrem, funcionário ou
ma.12
não, use-a para acessar indevidamente o sistema informa- § 3º O arquivamento dos autos será precedido da con-
tizado.8 ferência e eventual atualização do cadastro, para que
§ 2º Os escrivães judiciais comunicarão prontamente à nele figurem os dados necessários à extração de certidão.
STI as alterações no quadro funcional da unidade, para o
processamento da revogação ou novo credenciamento.9 Art. 54. Constarão do sistema informatizado:
I - nos processos cíveis, de família e sucessões, da
Art. 50. As alterações, exclusões e retificações feitas de fazenda pública, da infância e juventude, de acidentes
modo geral nos dados registrados pelo sistema serão defi- do trabalho e do juizado especial cível: o número do pro-
nidas por níveis de criticidade, cujo acesso a Corregedoria cesso; o nome e a qualificação do autor e do réu; a natureza
Geral da Justiça estabelecerá. Os dados retificados, alterados do feito; a data da distribuição; o número, livro e folhas do
ou excluídos serão conservados pelo sistema e todas as ope- registro da sentença, quando adotado; o inteiro teor de pro-
rações realizadas vinculadas ao usuário que as realiza.10 nunciamentos judiciais (despachos, decisões interlocutórias,
sentenças e acórdãos); anotações sobre recursos; a data do
Art. 51. Os escrivães judiciais do serviço de distribuição trânsito em julgado; o arquivamento (data e caixa) e outras
e dos ofícios de justiça realizarão auditoria semanal no observações que se entenderem relevantes;
sistema, de acordo com os níveis de criticidade definidos, II - nos processos criminais, do júri e do juizado espe-
comunicando à Corregedoria Geral da Justiça qualquer ir- cial criminal: o número do processo; o nome e qualificação
regularidade.11 do réu; a data do fato; a data do recebimento ou rejeição da
denúncia; o artigo de lei em que o réu foi incurso; a data da
A subseção fixa garantias de que o sistema informati- suspensão do processo (art. 366 do Código de Processo Pe-
zado será acessado apenas por quem for liberado para tan- nal e juizado especial criminal); a data da prisão; o número,
to, ficando proibida a cessão de usuário e senha de acesso. livro e folhas do registro da sentença, quando adotado; o
inteiro teor de pronunciamentos judiciais (despachos, deci-
Subseção III sões interlocutórias, sentenças e acórdãos); anotações sobre
recursos; a data da decisão confirmatória da pronúncia; a
Do Cadastramento, Movimentação e Controle Ele-
data do trânsito em julgado; a data da expedição da guia
trônico de Processos e Incidentes Processuais
de recolhimento, de tratamento ou de internação; o arqui-
vamento (data e caixa) e outras observações que se enten-
Art. 52. Os distribuidores e os ofícios de justiça deve- derem relevantes;
rão, no sistema informatizado oficial, observadas suas res- III - nos processos de execução criminal: o nome e
pectivas atribuições: qualificação do sentenciado, com a filiação e sempre que
I - cadastrar todos os feitos distribuídos ao respectivo possível o número do RG; as guias de recolhimento regis-
juízo; tradas, a discriminação das penas impostas em ordem se-
II - anotar a movimentação e a prática dos atos pro- quencial; os incidentes de execução da pena; anotações so-
cessuais (citações, intimações, juntadas de mandados e res- bre recursos; o inteiro teor dos julgamentos; as progressões
pectiva data, termos, despachos, cargas, sentenças, remessas de regime; o cadastro de comparecimento de albergados; os
à instância superior para recurso, entrega ou remessa de au- benefícios concedidos; as remições de pena e outras observa-
tos que não importem em devolução etc.); ções que se entenderem relevantes;
IV - nas cartas precatórias, especialmente: indicação
7 Prov. CGJ 38/99. completa do juízo deprecante, com número do processo de
8 Prov. CGJ 38/99. origem conforme padrão estabelecido pela Resolução nº 65
9 Prov. CGJ 38/99. do CNJ, da natureza da ação e da diligência deprecada.13
10 Prov. CGJ 38/99. 12 Prov. CGJ 26/2002.
11 Prov. CGJ 38/99. 13 Prov. CG 47/2015.

4
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

§ 1º Todos os litisconsortes, intervenientes e terceiros II - quando a parte não estiver inscrita no CPF ou CNPJ,
interessados, bem como seus respectivos representantes, caso em que deverá firmar declaração expressa nesse senti-
serão cadastrados.14 do, respondendo pela veracidade da afirmação.
§ 2º Não será admitida exclusão de parte no processo, § 2º Em qualquer hipótese prevista no § 1º, caberá às
procedendo-se à sua baixa, quando necessário.15 partes o fornecimento de outros dados conducentes à sua
perfeita individualização (por exemplo, RG, título de eleitor,
Art. 55. A qualificação das partes será lançada no sis- filiação etc.), para que o ofício de justiça efetue o devido
tema informatizado oficial da forma mais completa possível, cadastramento.
com os seguintes dados disponíveis nas postulações iniciais
ou intermediárias: Art. 57. Nos ofícios de justiça, o registro e controle da
I - em relação às partes nos procedimentos cíveis e aos movimentação dos feitos realizar-se-ão exclusivamente
autores de ação penal privada: pelo sistema informatizado oficial, vedadas a elabora-
a) se pessoa natural, o nome completo, o número de ção de fichário por nome de autor e a utilização de fichas
inscrição no CPF, nacionalidade, o estado civil, a profissão, individuais materializadas em papel ou constantes de outros
bem como o endereço residencial ou domiciliar completo,
sistemas informatizados.17
inclusive CEP;
§ 1º Os ofícios de justiça conservarão as fichas
b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou de-
que compõem o fichário por nome de autor, até então
nominação, o número de inscrição no CNPJ e o endereço da
sede, inclusive CEP; materializadas em papel, podendo inutilizá-las desde que
II - em relação aos acusados em ações penais públicas todos os dados que delas constem sejam anotados no
ou privadas: sistema, de forma a possibilitar a extração de certidões.18
a) se pessoa natural, o nome completo, a filiação, a § 2º As fichas individuais serão encerradas e mantidas
data de nascimento, nacionalidade, naturalidade, sexo, cor, em local próprio no oficio de justiça, até a extinção dos
estado civil, profissão, o endereço completo da residência e processos a que se referem, e serão grampeadas na
trabalho, ou dos locais em que o réu possa ser encontrado, contracapa dos autos, por ocasião de seu arquivamento,
acompanhados do respectivo CEP, bem como, se houver, o podendo, no entanto, ser inutilizadas desde que anotados
número de inscrição no CPF, o número do RG, o número do no sistema informatizado oficial todos os dados que delas
RGC (disponível na folha de antecedentes do réu), além de constem de forma a possibilitar a extração de certidões.19
outros nomes e alcunhas utilizadas pelo acusado; § 3º O procedimento de inutilização das fichas em nome
b) se pessoa jurídica ou assemelhada, sua firma ou de- do autor e das fichas individuais será realizado no âmbito
nominação, o número de inscrição no CNPJ, e o endereço da e sob a responsabilidade do Juiz Corregedor Permanente,
sede, inclusive CEP. o qual verificará a pertinência da medida, a presença
§ 1º Quaisquer outros dados de qualificação que de registro eletrônico de todas as fichas, conservação
auxiliem na precisa identificação das partes (RG, título de dos documentos de valor histórico, a segurança de
eleitor, nome da mãe etc) também serão lançados no siste- todo o processo em vista das informações contidas
ma informatizado oficial. nos documentos e demais providências administrativas
§ 2º Incumbirá aos distribuidores e aos ofícios de correlatas.20
justiça o cadastramento dos dados constantes das petições
iniciais.16 Art. 58. As cartas precatórias serão cadastradas no
§ 3º As vítimas identificadas na denúncia ou queixa, e sistema informatizado seguindo as mesmas regras dos pro-
também as testemunhas de processo criminal – sejam estas cessos comuns, consignando-se, ainda, a indicação completa
de acusação, defesa ou comuns –, terão suas qualificações do juízo deprecante, e não apenas da comarca de origem,
lançadas no sistema informatizado oficial, exceto quando,
os nomes das partes, a natureza da ação e a diligência de-
ao darem conta de coação ou grave ameaça, após deferi-
precada.
mento do juiz, pedirem para não haver identificação de seus
Parágrafo único. As movimentações pertinentes, como
dados de qualificação e endereço.
a devolução à origem ou o retorno para novas diligências, e
Art. 56. Os dados obrigatórios previstos no art. 55 se- respectivas datas, também serão anotadas no sistema.
rão apresentados pelos requerentes, na petição inicial, e pe-
los requeridos, na primeira oportunidade de postulação em Art. 59. A extinção do processo, em caso de improce-
juízo (contestação, juntada de procuração, pedido de vista, dência total da demanda, por força do acolhimento de im-
defesa preliminar, pedido de revogação de prisão preventiva pugnação do devedor (art. 1.015, parágrafo único, do CPC)
etc.). ou em razão da estabilização da tutela (art. 304 do CPC),
§ 1º Não se impõe a obrigação prevista neste artigo: e a extinção do processo de execução, por força de pro-
I - para as ações nas quais essas exigências comprome- cedência de embargos de devedor, serão cadastradas no
tam o acesso à Justiça, conforme prudente arbítrio do juiz a sistema diretamente pelo ofício de justiça assim que as res-
quem for distribuído o feito;
17 Prov. CGJ 15/2007.
14 Prov. CG 47/2015. 18 Provs. CGJ 15/2007 e 10/2011.
15 Prov. CG 47/2015. 19 Provs. CGJ 15/2007 e 10/2011.
16 Prov. CG 17/2016. 20 Prov. CGJ 10/2011.

5
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

pectivas sentenças transitarem em julgado (ou quando re- Seção VI


tornarem de superior instância com trânsito em julgado). No Dos Livros e Classificadores Obrigatórios
mais, a extinção será cadastrada apenas quando encerrado
definitivamente o processo, nada restando a ser delibera- Subseção I
do ou cumprido pelo ofício de justiça (sentença ou acordo), Dos Livros Obrigatórios
considerando-se isoladamente, para tanto, a ação principal,
a reconvenção, o pedido contraposto, a ação declaratória in- Art. 63. Os ofícios de justiça em geral possuirão os seguin-
cidental, a oposição, os embargos de devedor (à execução, à tes livros:
execução fiscal, à adjudicação, à alienação ou à arremata- I - Visitas e Correições;
ção) e os embargos de terceiro.21 II - Protocolo de Autos e Papéis em Geral;
III - Cargas de Autos;
Art. 60. A entrega definitiva dos autos de notificação,
IV - Registro de Feitos Administrativos (sindicâncias,
interpelação, protesto ou produção antecipada de provas,
procedimentos disciplinares, representações, etc.);
quando os processos ainda tramitarem sob a forma física,
será cadastrada pelo ofício de justiça, no sistema informa- V - Registro das decisões terminativas proferidas em
tizado, em campos distintos, observada a permanência em feitos administrativos;
cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias e cer- VI - pertinentes à Corregedoria Permanente, previstos
tidões pelos interessados no caso de produção antecipada no art. 23, quando for o caso e no que couber.
de prova.22
Art. 64. Os Ofícios de Justiça manterão também:
Art. 61. Compete aos ofícios de justiça: I - Livro de Cargas de Mandados, salvo se as respectivas
I - cadastrar diretamente no sistema informatizado ofi- varas forem atendidas pelas Seções Administrativa de Distri-
cial qualquer dos dados constantes dos arts. 54 e 55, quando buição de Mandados;
forem conhecidas, necessitarem de retificação ou sofrerem II - controle, pela utilização de livros de folhas soltas ou
alteração após a distribuição; outro meio idôneo, da remessa e recebimento de feitos aos
II - na hipótese de expedição de certidão de homoní- Tribunais, até que seja implementado no sistema informatiza-
mia, a inserção, no sistema informatizado oficial, dos even- do oficial o controle eletrônico;27
tuais dados de qualificação ainda não lançados no siste- III - controle do horário de entrada e saída por intermé-
ma, também certificando a adoção dessa providência no dio do livro ponto ou do relógio mecânico, caso existam servi-
documento;23 dores não cadastrados no sistema de ponto biométrico;
III - cadastrar, no sistema informatizado oficial, a decre-
IV - Livro de Registro Geral de Feitos, com índice, se não
tação do segredo de justiça, a concessão da justiça gratui-
ta, o deferimento da tramitação prioritária do processo estiverem integrados ao sistema informatizado oficial;
(idosos, pessoa com deficiência, portadores de doenças gra- V - Livro de Registro de Sentença, salvo se cadastrada no
ves), ou o reconhecimento de qualquer benefício proces- sistema informatizado oficial, com assinatura digital ou com
sual a alguma das partes;24 outro sistema de segurança aprovado pela Corregedoria Geral
IV- proceder às alterações devidas no sistema, na hipó- da Justiça e que também impeça a sua adulteração.28
tese de determinação judicial de retificação do procedimento
da ação para ordinário ou sumário. Art. 65. Nos ofícios de justiça integrados ao sistema in-
§ 1º Na hipótese constante do inciso II deste artigo, formatizado oficial, os registros de remessa e recebimento de
tratando-se de feito não cadastrado, a providência será feitos e petições formalizar-se-ão exclusivamente pelas vias
precedida de específico cadastramento.25 eletrônicas.
§ 2º O segredo de justiça poderá, ainda, ser gerado
automaticamente pelo sistema informatizado, a depender Art. 66. Os livros em geral, inclusive de folhas soltas, serão
da natureza da ação. abertos, numerados, autenticados e encerrados pelo escrivão
judicial, sempre na mesma oportunidade, podendo ser utiliza-
Art. 62. Quando a mesma parte estiver vinculada a pro- do, para este fim, processo mecânico de autenticação pre-
cessos que tramitam em outros ofícios de justiça, as even- viamente aprovado pelo Juiz Corregedor Permanente, vedada
tuais retificações de seus dados não serão aplicadas aos fei-
a substituição de folhas.29
tos de outro juízo.26
Parágrafo único. As folhas soltas, uma vez completado o
Como se percebe pelos dispositivos dessa subseção, as uso, serão imediatamente encaminhadas para encadernação.30
informações lançadas no sistema informatizado devem ser
as mais completas e abrangentes possíveis, respeitadas as Art. 67. O Livro de Visitas e Correições será organizado
exceções decorrentes do segredo de justiça. em folhas soltas, iniciado por termo padrão de abertura,
disponibilizado no Portal da Corregedoria - modelos e formu-
21 Prov. CG 17/2016. lários -, lavrado pelo Escrivão e formado gradativamente
22 Prov. CG 17/2016.
23 Prov. CGJ 29/2000. 27 Prov. CGJ 36/2007.
24 Prov. CG 17/2016. 28 Prov. CGJ 36/2007.
25 Prov. CGJ 29/2000. 29 Prov. CGJ 3/96.
26 Prov. CGJ 38/99. 30 Prov. CGJ 3/96.

6
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

pelos originais das atas de correições e visitas realizados § 1º O registro previsto neste artigo far-se-á em até 5
na unidade, devidamente assinadas e rubricadas pelo Juiz (cinco) dias após a baixa dos autos em cartório pelo juiz.35
Corregedor Permanente, Escrivão e demais funcionários da § 2º A decisão relativa a embargos de declaração e
unidade.31 a que liquidar sentença condenatória cível, proferida no
§ 1º Os originais das atas que formarão o Livro de âmbito do Poder Judiciário do Estado de São Paulo, serão
Visitas e Correições serão numeradas e chanceladas pelo averbadas ao registro da sentença embargada ou liquida-
Escrivão Judicial após a sua anexação ao Livro.32 da, com utilização do sistema informatizado.36
§ 2º O Livro de Visitas e Correições não excederá 100 § 3º A decisão que liquidar outros títulos executivos
(cem) folhas, salvo determinação judicial em contrário ou judiciais (por exemplo, a sentença penal condenatória)
para a manutenção da continuidade da peça correcional, será registrada no livro de registro de sentença, porquanto
podendo, nestes casos, ser encerrado por termo contempo- impossível, neste caso, a averbação.37
râneo à última ata, com mais ou menos folhas.33 § 4º Todas as sentenças terão seu teor integralmente
registrado no sistema informatizado oficial e no livro
Art. 68. O Livro Protocolo de Autos e Papéis em Geral, tratado neste artigo.
com tantos desdobramentos quantos recomendem a nature- § 5º O registro da sentença, com indicação do número
za e o movimento do ofício de justiça, destina-se ao registro de ordem, do livro e da folha em que realizado o assento,
da entrega ou remessa, que não impliquem devolução. será certificado nos autos, na última folha da sentença re-
gistranda.
Art. 69. Os Livros de Cargas de Autos serão desdo- § 6º As sentenças cadastradas no sistema informati-
brados em tantos livros quantos forem os destinatários zado oficial com assinatura digital ficam dispensadas da
( juízes, promotores de justiça, para advogados, para conta- funcionalidade do registro, bem como da elaboração de
dor, etc). livro próprio e da certidão prevista no § 5º deste artigo.38
§ 1º A carga e descarga de autos entre os usuários § 7º Aplicam-se as disposições deste artigo, no que
internos do sistema informatizado oficial serão couber, às decisões terminativas proferidas em feitos
feitas eletronicamente e controladas exclusivamente administrativos.
por intermédio do sistema, onde serão registrados,
§ 8º Registra-se como sentença a decisão que extingue
obrigatoriamente, no campo próprio, o envio, o
o processo em que houve estabilização da lide, na forma
recebimento e a devolução, com indicação de data e de
do artigo 304 do Código de Processo Civil.39
usuário responsável por cada ato.
§ 2º Poderá o juiz indicar servidor autorizado a rece-
Art. 73. Manter-se-á rigoroso controle sobre os livros
ber no sistema informatizado as cargas de autos remeti-
em geral, incumbindo-se o Juiz Corregedor Permanente de
dos à conclusão.
coibir eventuais abusos ou excessos.
Art. 70. O Livro de Carga de Mandados poderá ser
desdobrado em número equivalente ao dos oficiais de Art. 74. Os livros em andamento ou findos serão bem
justiça em exercício, destinando-se um para cada qual. conservados, em local adequado e seguro dentro do ofí-
Parágrafo único. Serão também registradas no Livro de cio de justiça, devidamente ordenados e, quando for o caso,
Carga de Mandados as petições que, por despacho judicial, encadernados, classificados ou catalogados.40
sirvam como tal. § 1º O desaparecimento e a danificação de qualquer
livro serão comunicados imediatamente ao Juiz Corregedor
Art. 71. Todas as cargas receberão as corresponden- Permanente. A sua restauração será feita desde logo, sob a
tes baixas, assim que restituídos os autos ou mandados, na supervisão do juiz e à vista dos elementos existentes.
presença do interessado, sempre que possível ou por este § 2º Após revisados e decorridos 2 (dois) anos do último
exigido. registro efetuado, os livros de cargas de autos e mandados,
Parágrafo único. Quando não utilizada a carga eletrôni- desde que reputados sem utilidade para conservação em
ca, será lançada certidão nos autos, mencionado a data da arquivo pelo escrivão judicial, poderão ser inutilizados, me-
carga e da restituição, de acordo com os assentamentos do diante prévia autorização do Juiz Corregedor Permanente. A
livro de carga. autorização consignará os elementos indispensáveis à iden-
tificação do livro, e será arquivada em classificador próprio,
Art. 72. O Livro Registro de Sentenças formar-se-á pe- com certidão da data e da forma de inutilização.41
las vias emitidas para tal fim, numeradas em série anual
renovável (1/80, 2/80, 3/80, 1/82, 2/82 etc.) e autenticadas
pelo escrivão judicial, o qual certificará sua correspondência 35 Prov. CG 17/2016.
com o teor da sentença constante dos autos.34 36 Prov. CGJ 16/2006.
37 Prov. CGJ 16/2006.
31 Prov. CG 54/2016. 38 Prov. CG 27/2016.
32 Prov. CG 54/2016. 39 Prov. CG 17/2016.
33 Prov. CG 54/2016. 40 D. 4.786/30 e RC, art. 11, III.
34 Provs. CGJ 1/2006 e 16/2009. 41 Prov. CGJ 20/90.

7
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Os diversos livros do ofício de justiça buscam docu- Art. 79. As guias de recolhimento de diligências do ofi-
mentar todos os atos processuais e administrativos relevan- cial de justiça serão conservadas pelo prazo mínimo de
tes praticados em seu âmbito. Devem ser bem conservados dois anos contados do arquivamento, aplicando-se, quanto
e manter-se atualizados. O escrivão-chefe é o responsável à inutilização, o disposto no do § 2º do art. 74.
por assiná-los e resguardar que se mantenham de forma
adequada. Além disso, claramente, a normativa dá prefe- Os classificadores são categorias de informações que
rência ao registro informatizado. devem ser registradas nos respectivos livros do ofício. Por
eles, é possível localizar informações, determinar onde uma
Subseção II informação deve ser arquivada e se ela realmente precisa
Dos Classificadores Obrigatórios ser arquivada. Dependendo da categoria em que uma in-
formação se enquadrar, diverso será o prazo pelo qual ela
Art. 75. Os ofícios de justiça possuirão os seguintes clas- deverá se manter guardada.
sificadores:
I - para atos normativos e decisões da Corregedoria Seção VII
Permanente, com índice por assunto; Da Escrituração
II - para cópias de ofícios expedidos;
Art. 80. Na lavratura de atos, termos, requisições, or-
III - para ofícios recebidos;
dens, autorizações, informações, certidões ou traslados,
IV - para GRD - guias de recolhimento de diligências
que constarão de livros, autos de processo, ou papéis avulsos,
do oficial de justiça; excluídas as autuações e capas, serão observados os seguin-
V - para cópias de guias de levantamento expedidas tes requisitos:
em favor dos auxiliares da justiça não funcionários na Jus- I - o papel utilizado terá fundo inteiramente branco
tiça Estadual; ou ser reciclado, salvo disposição expressa em contrário;
VI - para mensagens eletrônicas enviadas ou recebi- II - a escrituração será sempre feita em vernáculo, pre-
das que não forem juntadas a autos de processo; ferencialmente por meio eletrônico, com tinta preta ou
VII - para relatórios de cargas eletrônicas; azul, indelével;
VIII - para petições e documentos desentranhados; III - os numerais serão expressos em algarismos e por
IX - para autorizações e certidões de inutilização de extenso;
livros e classificadores obrigatórios. IV - os espaços em branco e não aproveitados, nos
livros e autos de processo, serão inutilizados;
Art. 76. Os atos normativos, decisões e comunicados V - as assinaturas deverão ser colhidas imediata-
do Conselho Superior da Magistratura e da Corregedoria Ge- mente após a lavratura do ato ou termo, e identificadas
ral da Justiça de interesse do ofício de justiça serão arquiva- com o nome por extenso do signatário.
dos e indexados, com índice por assunto, mediante utili-
zação do sistema informatizado, facultada a manutenção Art. 81. Na escrituração serão evitadas as seguintes
de classificadores próprios.42 práticas:
I - entrelinhas, erros de digitação, omissões, emen-
Art. 77. O classificador referido no inciso II do art. 75 das, rasuras ou borrões;
(cópias de ofícios expedidos) destina-se ao arquivamento, II - anotações de “sem efeito”;
em ordem cronológica, das cópias de ofícios que não se III - anotações a lápis nos livros e autos de processo,
refiram a feito do próprio ofício de justiça.43 mesmo que a título provisório.
§ 1º Esse classificador será aberto com folha(s) para o § 1º Na ocorrência das irregularidades previstas no in-
registro de todos os ofícios, com numeração sequencial e ciso I, far-se-ão as devidas ressalvas, antes da subscrição do
ato, de forma legível e autenticada.
renovável anualmente, na(s) qual(is) consignar-se-ão, ao
§ 2º As anotações previstas no inciso II, quando estri-
lado do número de registro, o número do processo ou a
tamente necessárias, sempre serão datadas e autentica-
circunstância de não se referir a nenhum feito e o destino.
das com a assinatura de quem as haja lançado nos autos.44
§ 2º No presente classificador poderão ser arquivados
os respectivos recibos de correspondência, se for o caso. Art. 82. Na escrituração é vedada:
I - a utilização de borracha ou raspagem por outro
Art. 78. Os ofícios e mensagens eletrônicas expedidos meio mecânico, bem como a uso de corretivo, detergente ou
e recebidos, mencionados nos incisos II, III e VI do art. 75, outro meio químico de correção;
serão conservadas pelo prazo de 1 (um) ano, a partir da II - a assinatura de atos ou termos em branco, total
data de expedição ou do recebimento pelo ofício de justiça. ou parcialmente;
Paragrafo único. Decorrido o prazo estabelecido, e desde III - a utilização de abreviaturas, abreviações, acrô-
que reputados sem utilidade para conservação pelo escrivão nimos, siglas ou símbolos, excetuando-se as formas
judicial, serão inutilizados, mediante a autorização do Juiz consagradas pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
Corregedor Permanente, nos termos do § 2º do art. 74. tuguesa da Academia Brasileira de Letras, as adotadas por
órgãos oficiais e as convencionadas por determinada área
42 Provs. CGJ 16/84 e 18/2005. do conhecimento humano;
43 Prov. CGJ 16/84. 44 Prov. CGJ 40/2001.

8
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

IV - a utilização de chancela, ou de qualquer recurso que II - houver determinação de desconto de pensão ali-
propicie a reprodução mecânica da assinatura do juiz.45 mentícia;
III - os documentos ou papéis forem dirigidos a auto-
Art. 83. A escrituração de termos, atos e papéis em geral ridades (por exemplo, membros do Poder Judiciário, do Mi-
observará os critérios da clareza, objetividade e síntese, nistério Público e do Poder Legislativo; chefe do Poder Exe-
sem descuidar da perfeita individualização de pessoas, cutivo; Delegados de Polícia; Comandantes da Polícia Militar
fatos ou coisas, quando necessária. e das Forças Armadas).
§ 1º A qualificação das pessoas trará os elementos § 2º A emissão de cartas postais, considerada inclusive
necessários à sua identificação: a expedição por meio eletrônico, independerão da assina-
I – tratando-se de pessoa física, constarão o nome tura do escrivão ou escreventes, desde que do documento
completo e o número de inscrição no CPF ou o número conste o nome e o cargo do funcionário emitente, inexista
do RG ou, faltante este último, a filiação, sem prejuízo de determinação do juiz em sentido contrário, a hipótese não se
outros dados que auxiliem na sua identificação; enquadre nas disposições contidas no § 1º deste artigo e seja
II – tratando-se de pessoa jurídica, constarão a firma observado o disposto no parágrafo único do art. 94.48
ou denominação, o número de inscrição no CNPJ e o ende-
reço da sede, sem prejuízo de outros dados que auxiliem na Art. 86. As disposições previstas nesta seção, relativas à
sua identificação. escrituração em meio físico, aplicam-se, no que couber,
§ 2º Nos ofícios e cartas precatórias expedidas, cons- à escrituração no sistema informatizado oficial, espe-
tarão a comarca, a vara e o endereço completo do Fórum cialmente:
remetente, inclusive com o número do código de endereça- I - no cadastramento de dados;
mento postal (CEP), telefone e o correio eletrônico (e-mail) II - na movimentação processual;
institucional.46 III - na lavratura e expedição de documentos, sejam ou
não juntados a autos de processo.
Art. 84. Os instrumentos de ordens, requisições, preca-
tórias, ofícios e autorizações judiciais, bem como dos demais As normas de escrituração aqui tratadas se referem
atos e termos processuais (sentenças, decisões e despachos), ao modo de redação e ao conteúdo das informações que
conterão, de forma legível, o nome completo, o cargo ou constarão nos diversos atos e documentos, tanto judiciais
função da autoridade judiciária e dos servidores que os quanto administrativos, redigidos no âmbito do órgão judi-
lavrem, confiram e subscrevam, a fim de se permitir a rá- ciário. Mais uma vez, se destaca a priorização da realização
pida identificação. de atos em sistema informatizado oficial, dispensando for-
§ 1º O escrivão certificará a autenticidade da firma malidades de autenticação que são substituídas pela certi-
do juiz que subscreveu o documento, indicando-lhe o nome, ficação digital.
o cargo e o exercício no juízo, nas seguintes hipóteses:
I - na expedição de alvarás de soltura, mandados ou
contramandados de prisão, requisições de preso e de-
mais atos para os quais a lei exige certificação de auten- TOMO I - CAPÍTULO III: SEÇÃO VIII –
ticidade; SUBSEÇÕES I, II E III;
II - quando houver dúvida sobre a autenticidade da fir-
ma.
§ 2º Nos ofícios de justiça contemplados com sistema
informatizado oficial, que permita a utilização da ferra- Seção VIII
menta consistente na assinatura por certificação digital, Da Ordem dos Serviços dos Processos em Geral
dispensa-se a certificação de autenticidade da assina-
tura do juiz. Subseção I
Da Autuação, Abertura de Volumes e Numeração
Art. 85. Os mandados, as cartas postais, os ofícios de Feitos
gerais de comunicação, expedidos em cumprimento de ato
judicial, em não havendo determinação do juiz em sentido Art. 87. Ao receber a petição inicial ou a denúncia, o ofí-
contrário, serão assinados pelos escrivães, declarando que cio de justiça providenciará, em 24 (vinte e quatro) horas, a
o fazem por ordem do juiz.47 autuação, nela afixando a etiqueta que, gerada pelo siste-
§ 1º A subscrição do juiz é obrigatória quando: ma informatizado e oriunda do distribuidor, atribui número
I - a lei ou estas Normas de Serviço expressamente o ao processo e traz outros dados relevantes ( juízo, natureza
exigirem (por exemplo, busca e apreensão cautelar, prisão, do feito, nomes das partes, data etc.).
contramandado de prisão e alvará de soltura, alvarás em Parágrafo único. É dispensada a lavratura de certi-
geral, levantamento de depósito judicial, ordem de arrom- dão, no interior dos autos, da autuação e do registro do pro-
bamento explícita ou implícita etc); cesso.49
45 Prov. CGJ 03/2009.
46 Provs. CGJ 12/2000 e 32/2008. 48 Provs. CGJ 16/84 e 36/2007.
47 Prov. CGJ 6/89. 49 Prov. CGJ 36/2007.

9
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 88. O ofício de justiça afixará nas autuações tarjas II – quando houver, em cada caso concreto, expressa de-
coloridas, na posição horizontal, para assinalar situações cisão fundamentada do juiz do feito dispensando o proto-
especiais descritas nestas Normas de Serviço. colo no setor próprio.

Art. 89. Os autos de processos não excederão de 200 Art. 93. Por ocasião da juntada de petições e documen-
(duzentas) folhas em cada volume, salvo determinação tos (ofícios recebidos, laudos, mandados, precatórias etc.),
judicial expressa em contrário ou para manter peça pro- lavrar-se-á o respectivo termo de juntada.
cessual com seus documentos anexos, podendo, nestes casos, § 1º Para a juntada, na mesma oportunidade, de duas
ser encerrado com mais ou menos folhas.50 ou mais petições ou documentos, será confeccionado um
§ 1º O encerramento e a abertura dos novos volumes único termo de juntada com a relação das peças.
serão certificados em folhas regularmente numeradas, § 2º É vedado o lançamento do termo de juntada na
prosseguindo-se a numeração sem solução de continuidade própria petição ou documento a serem encartados aos
no volume subsequente.51
autos.
§ 2º A numeração ordinal indicativa de novos volumes
§ 3º Recebidas petições via fac-símile ou por correio
será destacada nas respectivas autuações e anotada na
eletrônico (e-mail) diretamente no ofício de justiça ou na
autuação do primeiro volume.
vara, será imediatamente lançado número de protocolo
Art. 90. Nos feitos antecedidos por procedimentos no corpo do documento, para oportuno controle dos prazos
preparatórios, a peça inaugural (petição inicial de ação previstos no caput e parágrafo único do art. 2º da Lei Federal
civil pública, representação em procedimento afeto à área nº 9.800, de 26.05.1999.54
infracional da infância e juventude, denúncia em ação penal § 4º Recebida petição inicial ou intermediária
pública etc.) terá numeração própria, apondo-se o número acompanhada de objetos de inviável entranhamento
da folha, seguido da letra “i” (1-i; 2-i; 3-i...), de tal forma que aos autos do processo, o escrivão deverá conferir, arrolar
a numeração dos mencionados procedimentos prepara- e quantificá-los, lavrando certidão, sempre que possível
tórios (inquéritos civis, comunicações de atos infracionais, na presença do interessado, mantendo-os sob sua guarda e
inquéritos policiais etc) seja sempre aproveitada integral- responsabilidade até encerramento da demanda.55
mente.
Art. 94. Todos os atos e termos do processo serão cer-
Art. 91. Os escrivães judiciais ou, sob sua supervisão, os tificados nos autos e anotados no sistema informatizado
escreventes zelarão pela correta numeração das folhas oficial.
dos autos. Parágrafo único. Dispensa-se a certificação e anota-
§ 1º Em caso de erro na numeração, certificar-se-á a ção de que trata o caput com relação à emissão de docu-
ocorrência, sendo vedada a renumeração.52 mento que passe a fazer imediatamente parte integran-
§ 2º Na hipótese de numeração repetida, acrescentar- te dos autos (ofícios expedidos, mandados, etc.), por original
-se-á apenas uma letra do alfabeto, em sequência (188-a, ou por cópia, rubricado pelo emitente. A data constante do
188-b, 188-c etc.), certificando-se.53 documento deverá corresponder à de sua efetiva emissão.56
Quando os feitos são autuados, devem receber um Art. 95. Ressalvado o disposto no art. 140, é vedado o
número com o qual serão identificados. Além disso, suas lançamento de termos no verso de petições, documentos,
folhas devem ser numeradas. A disciplina acima explica guias etc., devendo ser usada, quando necessária, outra fo-
como se dá o aproveitamento de numerações já existentes
lha, com inutilização dos espaços em branco.57
e a correção de erros de numeração, evitando-se o máximo
possível a renumeração de páginas, que tende a gerar con-
Art. 96. São vedados o lançamento de cotas marginais
fusão entre aqueles que manuseiam o processo.
ou interlineares nos autos, a prática de sublinhar pala-
Subseção II vras à tinta ou a lápis, ou o emprego de expressões injurio-
Da Recepção e Juntada de Petições, Dos Atos e Ter- sas nos escritos apresentados no processo, incumbindo ao
mos Judiciais e Das Cotas nos Autos serventuário, ao constatar a irregularidade, comunicá-la
imediatamente ao juiz.
Art. 92. É vedado aos ofícios de justiça receber e juntar
petições que não tenham sido encaminhadas pelo setor de Todas as petições devem ser protocoladas e juntadas
protocolo, salvo: aos autos. Proíbem-se termos nos versos das páginas, eis
I – quanto às petições de requerimento de juntada de que se dificulta a leitura por parte dos que o manuseiam.
procuração ou de substabelecimento apresentadas pelo As cotas, que são tipos de manifestações lançadas aos au-
interessado diretamente ao ofício de justiça, caso em que o tos, devem ser colocadas de forma clara, sem sublinhados
termo de juntada mencionará esta circunstância; ou irregularidades.

50 Prov. CGJ 12/92. 54 Prov. CGJ 35/99.


51 Prov. CGJ 3/89. 55 Prov. CGJ 08/2009.
52 Prov. CSM 1490/2008. 56 Provs. CGJ 17/2007, 36/2007 e 31/2008.
53 Prov. CSM 1490/2008. 57 Prov. CGJ 36/2007.

10
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Subseção III seguir a ordem cronológica do processo, ou seja, julgar


Da Movimentação dos Autos primeiro os processos que chegarem conclusos primeiro.
Também o escrivão se sujeita à ordem cronológica. Desta-
Art. 97. Deverá ser feita conclusão dos autos no prazo ca-se o artigo 12, CPC:
de 1 (um) dia e executados os atos processuais no prazo
de 5 (cinco) dias.58 Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferen-
§ 1º Os juízes atenderão, preferencialmente, à or- cialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir
dem cronológica de conclusão para proferir sentença ou sentença ou acórdão.
acórdão.59 § 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá
§ 2º O escrivão atenderá, preferencialmente, a or- estar permanentemente à disposição para consulta pública
dem cronológica de recebimento para publicação e efeti- em cartório e na rede mundial de computadores.
vação dos pronunciamentos judiciais.60 § 2º Estão excluídos da regra do caput:
§ 3º Serão considerados para fins do que dispõe o art. I - as sentenças proferidas em audiência, homologató-
12 do Código de Processo Civil os processos físicos com rias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
movimentação “Conclusos para Sentença”.61 II - o julgamento de processos em bloco para aplicação
de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
Art. 98. Constarão dos termos de movimentação dos III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente
processos a data do efetivo encaminhamento dos autos de resolução de demandas repetitivas;
e, sempre que possível, os nomes, por extenso, dos juízes, IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
representantes do Ministério Público, advogados ou da- V - o julgamento de embargos de declaração;
queles a quem se refiram. VI - o julgamento de agravo interno;
§ 1º São vedados, sob qualquer pretexto, termos de VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
conclusão ou de vista sem data ou, ainda, a permanên- Conselho Nacional de Justiça;
cia dos autos em cartório depois de assinados os respectivos VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais
termos. que tenham competência penal;
§ 2º Nenhum processo será entregue com termo de IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim
vista, a promotor de justiça ou advogado, sem prévia assi- reconhecida por decisão fundamentada.
natura no livro de carga ou no relatório de carga ele- § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a
trônica, e correspondente andamento no sistema informa- ordem cronológica das conclusões entre as preferências
tizado. legais.
§ 3º Todas as conclusões ao juiz serão anotadas no § 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata
sistema informatizado, acrescendo-se a carga, em meio o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a
físico ou eletrônico, somente quanto aos autos conclusos que ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar
não receberem despacho ou não forem sentenciados até o a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento
final do expediente do dia. em diligência.
§ 4º Se o juiz se recusar a assinar, consignar-se-á essa § 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o
ocorrência no assentamento da carga.62 processo retornará à mesma posição em que anteriormente
§ 5º A conclusão dos autos ao juiz será efetuada dia- se encontrava na lista.
riamente, sem limitação de número. § 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º
ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que:
Art. 99. Nenhum processo permanecerá paralisado I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando
em cartório, além dos prazos legais ou fixados, ou ficará houver necessidade de realização de diligência ou de com-
sem andamento por mais de 30 (trinta) dias, no aguardo plementação da instrução;
de diligências (informações, respostas a ofícios ou requisi- II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.
ções, providências das partes etc.).
Parágrafo único. Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias,
o ofício de justiça reiterará a diligência uma única vez
e, em caso de não atendimento, será aberta conclusão ao TOMO I – CAPITULO III:
juiz, para as providências cabíveis. SEÇÕES IX A XV, XVII A XIX;
Toda vez que o juiz for decidir, os autos serão enviados
a ele “conclusos”. O juiz é obrigado a decidi-los e não pode
deixá-los parados sem justificativa. Em regra, o juiz deve Seção IX
Dos Papéis em Andamento ou Findos
58 Prov. CG 17/2016.
59 Prov. CG 17/2016. Art. 103. Os papéis em andamento ou findos serão bem
60 Prov. CG 17/2016. conservados e, quando for o caso, encadernados, classifi-
61 Prov. CG 17/2016. cados ou catalogados, aplicando-se, quanto ao seu descar-
62 Provs. CSM 31/67 e 356/89. te, o disposto no § 2º do art. 74.

11
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Seção X § 3º Em todos os casos, a certidão será levada a protesto


Das Certidões sob a responsabilidade do credor.69
§ 4º A requerimento do executado, o protesto será
Art. 104. A expedição de certidões em breve relatório cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser
ou de inteiro teor compete exclusivamente aos ofícios de expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da
justiça. data de protocolo do requerimento, desde que comprovada
§ 1º Sempre que possível, as certidões serão expedi- a satisfação integral da obrigação.70
das com base nos assentamentos constantes do sistema
informatizado, cabendo ao escrivão dar a sua fé pública Certidões são documentos expedidos pelo juízo que
do que nele constar ou não, admitida, de qualquer forma, a informam o teor e a situação de um ou de todos atos pro-
consulta aos autos de processos em andamento ou findos, cessuais praticados num determinado feito, ou trazem ou-
livros ou papéis a seu cargo, caso em que se designará o tras informações do interesse do solicitante.
número e a página do livro ou processo onde se encontra o
assentamento. Seção XI
§ 2º As certidões serão expedidas no prazo de 5 (cin- Dos Mandados
co) dias, contados da data do recebimento do respectivo pe-
dido pelo ofício de justiça, fornecido ao interessado protocolo Art. 105. Constarão de todos os mandados expedidos:71
de requerimento.63 I - o número do respectivo processo;
§ 3º Serão atendidos em 5 (cinco) dias úteis os pedi- II - o número de ordem da carga correspondente regis-
dos de certidões de objeto e pé formulados pelo correio trada no livro próprio;
eletrônico (e-mail) institucional de um ofício de justiça para III - o seguinte texto, ao pé do instrumento: “É vedado
outro. A certidão será elaborada e encaminhada pelo ofício ao oficial de justiça o recebimento de qualquer nume-
de Justiça diretamente à unidade solicitante.64 rário diretamente da parte. A identificação do oficial de
§ 4º Se houver necessidade de requisição de autos do justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante
Arquivo Geral, os prazos deste artigo contar-se-ão do re- apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas
cebimento do feito pelo ofício de justiça. as diligências.”.
§ 5º A expedição de certidão de processos que correm §1º Nos mandados em geral, constarão todos os en-
em segredo de justiça dependerá de despacho do juiz dereços dos destinatários da ordem judicial, declinados ou
competente.65 existentes nos autos, inclusive do local de trabalho.72
§ 2º Aos mandados e contramandados de prisão e
Art. 104-A. A requerimento escrito do credor, tratan- alvarás de soltura aplicam-se as disposições constantes na
do-se de sentença cível, transitada em julgado, que reconhe-
Seção XII do Capítulo IV, no que couberem.73
ça a existência de obrigação de pagar quantia ou alimentos,
expedir-se-á certidão de teor da decisão para fins de protes-
Art. 106. Na hipótese do mandado anterior não con-
to extrajudicial, a qual deverá indicar:66
signar elementos essenciais para o cumprimento da nova
I - nome; número de inscrição no cadastro do Ministério
diligência, será dispensado o seu desentranhamento e
da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de identidade
aditamento, expedindo-se novo mandado.74
(RG) ou no registro nacional de estrangeiro (RNE); e ende-
reço do credor;
II - nome; número de inscrição no cadastro do Ministério Art. 107. Os mandados serão entregues ou encaminha-
da Fazenda (CPF e CNPJ), no registro geral de identidade dos aos encarregados das diligências mediante a respectiva
(RG) ou no registro nacional de estrangeiro (RNE); e endere- carga.
ço do devedor;
III- número do processo judicial; Art. 108. Os mandados que devam ser cumpridos pelos
IV - o valor da dívida; oficiais de justiça serão distribuídos, na forma regulada pela
V - a data em que, após intimação do executado, decor- Corregedoria Geral da Justiça, aos que estiverem lotados
reu o prazo legal para pagamento voluntário. ou à disposição das respectivas comarcas ou varas.
§ 1º As certidões serão expedidas no prazo de três Parágrafo único. Os mandados de prisão não serão
(03) dias, contados da data do recebimento do respectivo entregues aos oficiais de justiça, mas encaminhados ao
pedido pelo ofício de justiça.67 Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt -
§ 2º A expedição de certidão de processos que correm IIRGD.75
em segredo de justiça dependerá de despacho do juiz
competente.68
69 Prov. CG 13/2015.
63 Prov. CSM 182/84. 70 Prov. CG 17/2016.
64 Prov. CG 17/2016. 71 Prov. CGJ 3/2001.
65 Prov. CSM 182/84. 72 Prov. CG 37/2014.
66 Prov. CG 13/2015. 73 Prov. CGJ 24/89.
67 Prov. CG 13/2015. 74 Prov. CGJ 36/2007.
68 Prov. CG 13/2015. 75 Res. TJSP 8/84 e Provs . CGJ 8/85 e CSM 1190/2006 .

12
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 109. Nas certidões de expedição e de entrega dos Art. 114. A transmissão eletrônica de informações e do-
mandados, constarão o nome do oficial de justiça a quem cumentos será realizada por dirigente, escrivão judicial,
confiado o mandado e a data da respectiva carga. chefe de seção e escrevente técnico judiciário.

Art. 110. Mensalmente, o escrivão relacionará os Art. 115. O remetente da comunicação eletrônica
mandados em poder dos oficiais de justiça, além dos pra- deverá:78
zos legais ou fixados, comunicando ao Juiz Corregedor Per- I - utilizar seu correio eletrônico (e-mail) institucio-
nal, e não o da unidade em que lotado, para enviar a men-
manente, para as providências cabíveis.
sagem;
II - preencher o campo “para” com o endereço eletrô-
Mandado é ato escrito, emanado de autoridade públi- nico da unidade destinatária e o campo “assunto” com o
ca competente, judicial ou administrativa, determinando a número do processo e a especificação de uma hipótese
prática de ato ou diligência. Trata-se de uma ordem emiti- do art. 113;
da por juiz que deve ser cumprida. III - digitar, no corpo do texto da mensagem eletrônica,
os dados do processo (número, unidade judiciária, comarca
Seção XII e partes) e o endereço do correio eletrônico (e-mail) insti-
Dos Ofícios tucional da unidade em que lotado;
IV - juntar aos autos cópia da mensagem eletrônica
Art. 111. A lavratura de ofícios observará as regras de enviada, dispensadas a impressão e a juntada de anexos que
escrituração dispostas na Seção VII do presente capítulo e o consistirem em peças do processo, ou, quando a mensagem
seguinte: não se referir a feito do próprio ofício de justiça, arquivá-la
no classificador correspondente;
I - os ofícios extraídos de processos, exceto aqueles
V - anexar à mensagem os documentos necessários,
destinados a instruir precatórios ou requisições de peque- no padrão PDF e sem restrição de impressão ou salvamento;
no valor, serão datados e identificados com o número dos VI - selecionar as opções de confirmação de entrega e
autos respectivos, com numeração sequencial e renovável de confirmação de leitura da mensagem;
anualmente, anexada uma cópia exclusivamente nos autos; VII - assinar a mensagem com seu certificado digital;
II - os ofícios que não se refiram a feito do próprio VIII - imprimir os comprovantes de confirmação de
ofício de justiça serão numerados sequencialmente, em entrega e de leitura, para juntada aos autos, assim que
série renovável anualmente, de acordo com as respectivas recebê-los;
datas de expedição, arquivada uma cópia no classificador IX - inserir no sistema informatizado de andamento
próprio. processual a informação de envio da mensagem eletrô-
nica.
Os ofícios que são do próprio ofício de justiça são nu-
merados separadamente dos ofícios que não são relacio- Art. 116. O ofício de justiça que receber a mensagem
deverá:79
nados diretamente ao próprio ofício.
I - expedir eletronicamente as confirmações de en-
trega e de leitura da mensagem, que valerão como proto-
Seção XIII colo;
Das Comunicações Oficiais, Transmissão de Infor- II - imprimir a mensagem, bem como os eventuais
mações Processuais e Prática de Atos Processuais por anexos, para juntada aos autos do processo ou arquiva-
Meio Eletrônico mento em classificador próprio, se for o caso;
III - inserir no sistema informatizado de andamento
Art. 112. Ressalvada a utilização dos meios convencio- processual a informação de recebimento da mensagem ele-
nais no caso de indisponibilidade do sistema informati- trônica, se for o caso;
zado e do sistema de malote digital, quando implantado, IV - promover a conclusão, no prazo legal, quando a
as comunicações oficiais que transitem entre os ofícios mensagem se referir a providências a cargo do juiz;
de justiça serão por meio eletrônico, observadas as regras V - encaminhar eletronicamente a mensagem, no
estabelecidas nesta Seção.76 mesmo prazo da conclusão, ao correio eletrônico (e-mail)
institucional do juiz, se este assim o determinar, ou ao cor-
reio eletrônico (e-mail) institucional do funcionário, a quem
Art. 113. Serão transmitidas eletronicamente:77 couber o envio da resposta.
I - informações que devam ser prestadas à segunda ins-
tância, conforme determinação do relator; Art. 117. A resposta aos e-mails deverá ser dada ele-
II - ofícios; tronicamente, cabendo ao juiz, a quem a mensagem hou-
III - comunicações; ver sido encaminhada nos termos do inciso V do art. 116, ou
IV - solicitações; ao funcionário, encarregado do envio da resposta, preencher
V - pedidos e encaminhamento de certidões de obje- no campo “para” o endereço do correio eletrônico (e-mail)
to e pé, certidões criminais e certidões de distribuição; da unidade cartorária do remetente da mensagem original.80
VI - cartas precatórias, nos casos de urgência.
78 Prov. CGJ 31/2012.
76 Prov. CGJ 31/2012. 79 Prov. CGJ 31/2012.
77 Prov. CGJ 31/2012. 80 Prov. CGJ 31/2012.

13
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 118. Na ausência da expedição de confirmação Art. 123. Constatado que o ato pode ser cumprido em
de entrega e leitura pelo destinatário da mensagem, pre- endereço de jurisdição diversa daquela constante da
sumir-se-ão recebidas e lidas as mensagens no primeiro carta precatória, ou ainda, que o endereço originário per-
dia útil subsequente ao do envio.81 tence à outra jurisdição, deverá o juízo deprecado encami-
Parágrafo único. Tratando-se de medidas urgentes, se nhá-la ao juízo competente, comunicando tal fato ao juízo
frustrada a entrega, ou se não confirmados o recebimento deprecante.90
e a leitura até o dia seguinte à transmissão, o remetente
entrará em contato telefônico com o destinatário e, se o Art. 124. O juízo deprecado devolverá a carta preca-
caso, reenviará a mensagem, de tudo lavrando-se certidão tória, independentemente de cumprimento, quando não
nos autos.82 devidamente instruída91 e não houver regularização no
prazo determinado.
Art. 119. Em se tratando de documentos que devam ser
juntados em processo digital, será feita em PDF a impressão Art. 125. As cartas precatórias não serão autuadas,
de que cuidam os incisos IV e VIII do art. 115 e o inciso II do servindo os encartes remetidos pelo juízo deprecante como
art. 116.83 face das mesmas, sobre os quais o ofício de justiça depreca-
do afixará a etiqueta adesiva remetida pelo ofício do distri-
Art. 120. Nos casos de inoperância do certificado di- buidor, que servirá de identificação das partes e da natureza
gital ou enquanto não for disponibilizado, o remetente ma- do feito, cuidando também anotar no alto, à direita, o nú-
terializará o documento em papel, colherá a assinatura, mero do processo.92
digitalizará o documento assinado e o enviará como anexo
da mensagem eletrônica.84 Art. 126. As cartas precatórias, quando possível, servi-
rão como mandado.93
Art. 121. Cumpridas as providências dos arts. 115, 116
e 117, as mensagens eletrônicas e seus anexos serão dele- Art. 127. Não atendidos pedidos de informações so-
tados.85 bre o cumprimento do ato, cumprirá ao ofício de justiça do
juízo deprecante reiterar a solicitação e estabelecer con-
Há possibilidade de comunicar atos processuais e tato telefônico com o escrivão do juízo deprecado, de tudo
transmitir documentos por meio eletrônico, notadamente certificando nos autos.
e-mail. A regra vale para informações que devam ser pres- Parágrafo único. Em caso de inércia, os autos serão con-
tadas à segunda instância, conforme determinação do rela- clusos ao juiz do feito para as providências cabíveis.
tor, ofícios, comunicações, solicitações, pedidos e encami-
nhamento de certidões de objeto e pé, certidões criminais Art. 128. É permitida a retirada da carta cumprida
e certidões de distribuição, cartas precatórias nos casos de junto ao juízo deprecado, para a entrega ao juízo depre-
urgência. cante, desde que nela conste o nome do advogado da
parte que tiver interesse no cumprimento do ato94, com o
Seção XIV número da respectiva inscrição na Ordem dos Advogados
Das Cartas Precatórias, Rogatórias e Arbitrais86 do Brasil.

Art. 122. A carta precatória será confeccionada em 3 Art. 129. Ao retornar cumprida a precatória, o escrivão
(três) vias, servindo, uma delas, de contrafé.87 judicial juntará, aos autos principais, apenas as peças es-
§ 1º O pagamento da taxa judiciária, devida em razão senciais, imprescindíveis à compreensão das diligências
do cumprimento, deverá ser demonstrado até o momento realizadas no juízo deprecado, especialmente as certidões de
da distribuição, mediante a juntada da 1ª via original do lavra dos oficiais de justiça e os termos do que foi deprecado,
respectivo comprovante de recolhimento.88 salvo determinação judicial em contrário.95
§ 2º Quando o ato deprecado for a citação, será ins-
truída com tantas cópias da petição inicial quantas se- Art. 130. Havendo urgência, transmitir-se-á a carta pre-
jam as pessoas a citar.89 catória por fac-símile (fax), telegrama, telefone, radiogra-
ma ou correio eletrônico (e-mail), observando-se as caute-
las previstas nos arts. 264 e 265 do Código de Processo Civil
81 Prov. CGJ 31/2012. e nos arts. 354 e 356 do Código de Processo Penal.96
82 Prov. CGJ 31/2012.
83 Prov. CGJ 31/2012. 90 Prov. CGJ 36/2007.
84 Prov. CGJ 31/2012. 91 Prov. CGJ 14/86.
85 Prov. CGJ 31/2012. 92 Provs. CSM 759/2001 e CGJ 31/2001.
86 Prov. CG 17/2016. 93 Provs. CSM 759/2001 e CGJ 31/2001.
87 Provs. CGJ 14/86, 32/2005 e 12/2006. 94 Prov. CGJ 14/86.
88 Provs. CGJ 14/86, 32/2005 e 12/2006. 95 Provs. CGJ 14/86, 10/92 e 31/2001.
89 Provs. CGJ 14/86 e 32/2009. 96 Prov. CG 17/2016.

14
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Parágrafo único. A via original da carta não será en- Art. 135. Nas intimações pela imprensa:
caminhada ao juízo deprecado. Será encartada aos au- I - quando qualquer das partes estiver representada
tos, juntamente com a certidão de sua transmissão, tão-logo nos autos por mais de 1 (um) advogado, o ofício de justi-
ocorra o pedido de confirmação de seu teor por parte do ça fará constar o nome de qualquer subscritor da peti-
juízo destinatário.97 ção inicial, da contestação ou da primeira intervenção nos
autos, com o número da respectiva inscrição na Ordem dos
Art. 131. As cartas rogatórias cíveis e criminais Advogados do Brasil, a não ser que a parte indique outro
serão expedidas conforme o procedimento, modelos e ou, no máximo, 2 (dois) nomes, ou indique o nome da so-
formulários aprovados e divulgados pela Corregedoria ciedade de advogados a que seu advogado pertença.103
Geral da Justiça98 no sítio do Tribunal de Justiça na internet. II - as decisões interlocutórias e sentenças serão pu-
blicadas somente na sua parte dispositiva; os atos ordi-
Sempre que o juiz determinar a prática de um ato pro- natórios e despachos de mero expediente serão transcritos
cessual fora dos limites de sua jurisdição precisará solicitar ou resumidos com os elementos necessários à explicitação
do conteúdo da ordem judicial (quem e sobre o que se deve
a cooperação do juízo competente mediante carta (preca-
manifestar, ter ciência, providenciar, etc.).104
tória entre juízos dentro do Brasil, rogatória para juízo fora
Parágrafo único. Será publicada apenas a parte dispo-
do Brasil, de ordem quando partir do Tribunal para juízo de
sitiva das decisões proferidas em procedimentos de nature-
primeira instância).
za disciplinar ou em processos de dúvida, podendo o Cor-
regedor Geral da Justiça, se entender necessário, determinar
Seção XV a sua publicação integral, após o trânsito em julgado.105
Das Intimações
Art. 136. A publicação omissa em relação aos requisi-
Art. 132. A intimação dos atos e termos do processo ou tos constantes dos arts. 134 e 135 e que cause efetivo prejuí-
de expediente administrativo far-se-á, sempre que possível, zo a qualquer das partes será considerada nula.106
por meio eletrônico e mediante publicação no Diário da
Justiça Eletrônico.99 Art. 137. Quando ocorrer erro ou omissão de elemento
Parágrafo único. É vedado ao servidor dos ofícios de indispensável na publicação, independentemente de des-
justiça prestar informações por telefone aos advogados, aos pacho ou de reclamação da parte, proceder-se-á imediata-
membros do Ministério Público, às partes e ao público em mente à retificação e nova publicação, encartando-se aos
geral acerca dos atos e termos do processo. autos cópia do ato incorretamente publicado.107

Art. 133. Os despachos, decisões interlocutórias e Art. 138. Da publicação no Diário da Justiça Eletrônico a
sentenças devem ser encaminhados à publicação no Diá- respeito de processos sujeitos ao segredo de justiça constarão
rio da Justiça Eletrônico, dentro do prazo máximo de 3 as iniciais das partes.
(três) dias, a contar da devolução dos autos em cartório.100
Parágrafo único. O mesmo prazo deverá ser observado Art. 139. Os escrivães judiciais farão publicar no Diário
para fins de cumprimento da intimação por meio eletrôni- da Justiça, juntamente com as respectivas intimações, o va-
co.101 lor da taxa judiciária que deve ser recolhida pelas partes,
bem como o valor das importâncias que, objeto de cálculo,
Art. 134. As intimações de atos ordinatórios, despachos, devam ser depositadas, em quaisquer processos e a qualquer
decisões interlocutórias e sentenças, qualquer que seja o título.
Parágrafo único. Todas as intimações, publicadas para
meio empregado, consumar-se-ão de maneira objetiva e
que as partes se manifestem sobre cálculos e contas, conte-
precisa102, sem ambiguidades e omissões, e conterão:
rão os respectivos valores, em resumo, limitando-se a publi-
I – o número dos autos, o objeto do processo, segundo
cação ao que baste para a perfeita ciência das partes sobre
a tabela vigente, e o nome das partes;
o objeto do cálculo ou da conta.
II – o resumo ou transcrição daquilo que deva ser
dado conhecimento, suficientes para o entendimento dos Art. 140. A publicação de atos ordinatórios, despachos,
respectivos conteúdos; decisões interlocutórias e sentenças, no Diário da Justiça Ele-
III – o nome dos advogados das partes com o número trônico, será documentada pelo encarte, aos autos, da res-
de suas respectivas inscrições na Ordem dos Advogados do pectiva certidão gerada automaticamente pelo sistema
Brasil. informatizado oficial ou, na impossibilidade, pela certidão
aposta na mesma folha, ao pé, ou, se não houver espaço, no
verso da folha em que lançado o ato publicado.
97 Provs. CGJ 5/95, 21/95, 40/2001 e 22/2008.
98 Vide. Comunicado CG 2381/2010. 103 Prov. CG 17/2016.
99 Prov. CG 17/2016. 104 Provs. CGJ 16/84 e 23/93.
100 Provs. CGJ 23/93 e 24/2008. 105 Prov. CSM 75/73.
101 Prov. CG 17/2016. 106 Provs. CGJ 16/84 e 40/2001.
102 Provs. CGJ 4/78, 23/93 e 40/2001. 107 Provs. CGJ 31/81 e 24/2008.

15
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Parágrafo único. As publicações feitas no Diário da Jus- mes das partes (salvo segredo de justiça, resumindo-se às
tiça Eletrônico comprovam-se mediante certidão, indepen- iniciais) e dos advogados com o número da OAB, informa-
dentemente da juntada do exemplar impresso. ções suficientes para a identificação. O prazo corre da data
da publicação, excluído o dia de início e incluído o do final.
Art. 141. Nas intimações por edital: É nestes moldes que se faz a intimação do advogado.
I - extraído o edital, conferido e assinado, serão auten- Determinados órgãos têm o Direito de serem intima-
ticadas as respectivas folhas com a chancela do ofício de dos pessoalmente com abertura de vistas, como o Ministé-
justiça, devendo escrivão rubricar cada uma delas; rio Público, a Defensoria Pública, a Fazenda Pública.
II - as publicações de edital feitas no Diário da Justiça Já o modo prioritário de intimação das partes e dos
Eletrônico, na rede mundial de computadores, no sítio do seus representantes legais é a intimação pelo correio, ca-
respectivo tribunal ou na plataforma de editais do Conselho bendo no entanto a intimação em cartório se eles se fize-
Nacional de Justiça comprovam-se mediante certidão, rem presentes. Frustrada a intimação pelo correio, se faz
independentemente da juntada do exemplar impresso;108 por oficial de justiça.
III - a publicação de edital em jornal de ampla circu-
lação local será providenciada pela parte ou por agência Seção XVII
de publicidade de sua escolha e comprovada nos autos me- Da Consulta e da Carga dos Autos
diante a juntada do exemplar original;109
IV - a entrega da minuta, para fins de publicação, sem- Art. 157. O acesso aos autos judiciais e administrativos
pre mediante recibo, poderá ser feita a estagiário ou advo- de processos em andamento ou findos, mesmo sem procu-
gado com procuração nos autos.110 ração, quando não estejam sujeitos a segredo de justiça,
Parágrafo único. Quando o processo tramitar sob segre- é assegurado aos advogados, estagiários de Direito e ao
do de justiça, os editais de citação deverão conter o nome público em geral, por meio do exame em balcão do ofí-
completo do réu e apenas o conteúdo indispensável à fina- cio de justiça ou seção administrativa, podendo ser tomados
lidade do ato, sem as especificações da petição inicial, abre- apontamentos, solicitadas cópias reprográficas, bem como
viando-se os nomes das demais partes envolvidas a fim de utilizado escâner portátil ou máquina fotográfica113, vedado,
resguardar o segredo de justiça.111 nestas hipóteses, o desencarte das peças processuais para
reprodução.
Art. 142. Caberá aos escrivães judiciais velar pelo ade- Parágrafo único. Os escrivães judiciais e os chefes de se-
quado cumprimento das normas atinentes às publicações ção judiciária manterão, pessoalmente ou mediante servidor
ou às intimações por carta, conferindo diariamente seu teor, designado, rigorosa vigilância sobre os autos dos proces-
sem prejuízo da fiscalização ordinária dos Juízes Corregedo- sos, sobretudo quando do seu exame, por qualquer pessoa,
res Permanentes.112 no balcão do ofício de justiça ou seção administrativa.

Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos Art. 158. Para garantia do direito de acesso aos autos
atos e termos do processo, geralmente para que faça ou que não corram em segredo de justiça, poderão os advo-
deixe de fazer alguma coisa. A intimação pode ser volta- gados ou estagiários de Direito, regularmente inscritos na
da às partes, aos auxiliares da justiça (peritos, depositários, OAB, que não tenham sido constituídos procuradores de
testemunhas) ou a terceiros a quem cumpre realizar deter- quaisquer das partes, retirar os autos para cópia, pelo pe-
minado ato no processo. A intimação é necessária sempre ríodo de 1 (uma) hora, mediante controle de movimentação
que o destinatário não tome ciência do ato diretamente física, devendo o serventuário consultar ao sítio da Ordem
(ex.: se está na audiência não precisa ser intimado). Quase dos Advogados do Brasil da Internet, à vista da Carteira da
sempre a intimação é feita na pessoa do advogado. OAB apresentada pelo advogado ou estagiário de Direito in-
São pessoais à parte aquelas intimações em que há teressado, com impressão dos dados obtidos, os quais serão
determinação judicial para que ela própria cumpra deter- conferidos pelo servidor antes da entrega dos autos, obser-
minado ato para o qual não se exige capacidade postulató- vadas, ainda, as demais cautelas previstas para a carga rá-
ria. Os demais atos devem ser comunicados ao advogado pida, conforme o disposto no art. 165.114
porque em geral ele que toma ciência das decisões, das Parágrafo único. A carga rápida de que trata este ar-
designações de audiência, das provas determinadas e da tigo também será concedida à pessoa credenciada pelo ad-
sentença. vogado ou sociedade de advogados, não sendo dispensada
Sempre que possível a intimação se faz por meio ele- a consulta ao sítio da Ordem dos Advogados do Brasil dos
trônico, com publicação no Diário Oficial eletrônico (portal dados referentes ao advogado ou sociedade de advogados
próprio disponível na Internet). Dispensa-se a publicação que autorizar a retirada dos autos. O preposto deverá apre-
no Diário Oficial impresso. A intimação deve conter os no- sentar, além da autorização prevista no § 7º do artigo 272 do
Código de Processo Civil, o respectivo documento de identi-
108 Prov. CG 17/2016. dade.115
109 Prov. CGJ 24/2008. 113 Provs. CSM 85/74-A , CGJ 22/2000, CGJ 09/2011 e CGJ
110 Provs. CGJ 17/95 e 24/2008. 26/2011.
111 Prov. CG 64/2016. 114 Prov. CG 47/2015.
112 Provs. CGJ 4/78 e 24/2008. 115 Prov. CG 65/2016.

16
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 159. Nos casos complexos ou com pluralidade de § 2º No relatório eletrônico ou no livro de carga
interesses, a fim de que não seja prejudicado nem o anda- constarão o número da carteira profissional e respectiva
mento do feito e nem o acesso aos autos, fica autorizada a seção, expedida pela OAB, em nome do destinatário ou
retirada de cópias de todo o feito, que ficarão à disposição o número da carteira de identidade, quando tratar-se
para consulta dos interessados.116 de pessoa credenciada pelo advogado ou sociedade de
advogados, facultado ao servidor, na dúvida, solicitar a
Art. 160. Na hipótese de os processos correrem em se- exibição dos documentos.121
gredo de justiça, o seu exame, em cartório, será restrito § 3º A baixa da carga de autos, constante de relatório
às partes e a seus procuradores devidamente constituídos. eletrônico ou de livro de carga, far-se-á imediatamente, à
§ 1º As entidades que reconhecidamente prestam vista do interessado, sendo-lhe facultada a obtenção de
serviços de assistência judiciária poderão, por intermédio recibo de autos, assinado pelo servidor, em instrumento
de advogado com procuração nos autos, autorizar a con- previamente confeccionado pelo interessado e do qual
sulta de processos que tramitam em segredo de justiça em constarão designação da ofício de justiça ou da seção admi-
cartório pelos acadêmicos de Direito não inscritos na OAB. nistrativa, número do processo, tipo de demanda, nome das
Referida autorização deverá conter o nome do acadêmico, partes e data da devolução. A cada auto processual corres-
o número de seu RG e o número e/ou nome das partes do
ponderá um recibo e a subscrição pelo servidor não implica
processo a que se refere a autorização, que será juntada
reconhecimento da respectiva regularidade interna.
posteriormente aos autos.117
§ 4º O procedimento previsto neste artigo poderá
§ 2º É vedado o acesso a autos de processos que correm
em segredo de justiça por estagiários não inscritos ou com ser aplicado a outras modalidades de cargas, desde que
inscrição vencida na OAB. disponível a funcionalidade (carga eletrônica) no sistema
informatizado para outros destinatários e o método se
Art. 161. A carga de autos judiciais e administrativos em revele eficiente.
andamento no cartório é reservada unicamente a advo-
gados ou estagiários de Direito regularmente inscritos Art. 163. Os advogados, a sociedade de advogados, os
na OAB, constituídos procuradores de alguma das partes, representantes judiciais da Fazenda Pública e os membros
ressalvado, nos processos findos e que não estejam su- do Ministério Público e da Defensoria Pública, mediante pe-
jeitos a segredo de justiça, a carga por advogado mesmo tição dirigida ao Juiz Corregedor Permanente, poderão indi-
sem procuração, pelo prazo de 10 (dez) dias. 118 car prepostos, funcionários ou estagiários autorizados
Parágrafo único. A carga de autos também poderá ser a retirarem, em nome daqueles, os autos em carga.122
realizada por pessoa credenciada a pedido do advogado § 1º Da petição, que será arquivada em pasta
ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Públi- própria, constarão os nomes completos, os números dos
ca, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público, documentos de identidade, do CPF e os números das
o que implicará intimação de qualquer decisão contida no identificações funcionais, se o caso.
processo retirado, ainda que pendente de publicação.119 § 2º O funcionário ou estagiário deverá portar o
documento de identidade e a cédula ou crachá funcional,
Art. 162. O escrivão ou o escrevente responsável pelo conforme o caso, no momento da retirada dos autos, para
atendimento registrará a retirada e a devolução de au- que o ofício de justiça possa verificar, mediante conferência
tos, mediante anotação no sistema informatizado oficial e das petições arquivadas, se a pessoa encontra-se autorizada
no relatório de carga emitido pelo sistema (carga eletrônica), a subscrever a carga.
observadas as seguintes cautelas: § 3º A carga dos autos será feita em nome da pessoa
I – na retirada dos autos, o advogado, estagiário de que subscreveu a autorização e dela constarão os dados da
Direito ou pessoa credenciada lançará sua assinatura no pessoa que estiver retirando os autos.
relatório de carga emitido pelo sistema informatizado, ar-
§ 4º Qualquer alteração no rol de pessoas autorizadas
quivando-se o documento provisoriamente em classificador
a retirar os autos deverá ser imediatamente comunicada ao
próprio;120
Juiz Corregedor Permanente.
II - na devolução do feito, o servidor do ofício de justiça
ou da seção administrativa efetuará a baixa no relatório
de carga, juntando-o imediatamente aos autos. Art. 164. Não havendo fluência de prazo, os autos
§ 1º O livro de carga de autos para advogados será somente serão retirados em carga mediante requerimento.
utilizado quando não for possível a utilização do sistema § 1º Na fluência de prazo, os autos não sairão do
informatizado, caso em que serão lançados, no livro, a as- ofício de justiça, salvo nas hipóteses expressamente previs-
sinatura do destinatário e, nos autos, o termo de carga e tas na legislação vigente, ressalvado, porém, em seu curso ou
recebimento. em outras hipóteses de impossibilidade de retirada dos au-
tos, o direito de requisição de cópias quando houver justifi-
116 Prov. CGJ 24/2012. cada urgência na extração respectiva, mediante autorização
117 Prov. CGJ 23/2003. judicial, observando-se o procedimento próprio.123
118 Prov. CGJ 09/2011. 121 Prov. CG 65/2016.
119 Prov. CG 65/2016. 122 Prov. CG 65/2016.
120 Prov. CG 65/2016. 123 Provs. CGJ 1/89 e 34/2001.

17
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

§ 2º Na fluência de prazo comum, só em conjunto Art. 168. O escrivão ou o chefe de seção deverá, men-
ou mediante prévio ajuste por petição nos autos os pro- salmente, até o décimo dia útil do mês subsequente, veri-
curadores das partes ou seus prepostos retirarão os autos, ficar o cumprimento dos prazos de devolução dos autos
ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procura- retirados, relacionar, em duas vias, os autos em poder das
dor ou preposto poderá retirá-los pelo prazo de 2 (duas) a 6 partes além dos prazos legais ou fixados, a primeira enca-
(seis) horas, mediante carga, independentemente de ajuste, minhada, sob forma de representação, ao Juiz Corregedor
observado o término do expediente forense.124 Permanente, para as providências previstas no art. 167 e a
segunda via, para acompanhamento e controle, arquivada
Art. 165. A carga rápida dos autos será concedida em pasta própria.
pelo escrivão ou o escrevente responsável pelo atendi-
mento, pelo período de uma hora, mediante controle de Art. 169. O disposto nesta seção aplica-se, no que cou-
movimentação física dos autos, conforme formulário a ser ber, a todos os demais destinatários de carga.
preenchido e assinado por advogado ou estagiário de Direito
devidamente constituído no processo, ou ainda por pessoa Carga é a retirada dos autos do cartório judiciário a fim
credenciada pelo advogado ou sociedade de advogados, res- de promover o andamento do feito ou apenas peticionar
peitado o seguinte procedimento: no processo. Trata-se de prerrogativa do advogado e, salvo
I - os requerimentos serão recepcionados e atendidos nos casos de segredo de justiça, dispensa procuração cons-
desde que formulados até às 18h; 5 tituída no processo.
II - o formulário de controle de movimentação física será
juntado aos autos no exato momento de sua devolução ao Seção XVIII
ofício de justiça, certificando-se o respectivo período de vista; Do Desentranhamento de Peças e Documentos dos
125
Autos
III - na hipótese dos autos não serem restituídos no pe-
ríodo fixado, competirá ao escrivão judicial representar, no Art. 170. O desentranhamento de peças e de docu-
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, ao Juiz Corregedor Per- mentos, facultada a substituição por cópia simples131,
manente, inclusive para fins de providências competentes poderá ser requerido pelo interessado ou determinado de
junto à Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB, arts. 34, in- ofício pelo juiz.
ciso XXII, e 37, inciso I).126
Art. 171. Não haverá substituição das peças ou dos
Art. 166. É vedada a retenção do documento de iden- documentos desentranhados por cópia quando, a critério do
tificação do advogado ou do estagiário de Direito no ofício juiz do processo, referirem-se a:
de justiça, para a finalidade de controle de carga de autos, I - manifestação intempestiva do peticionário;
em qualquer modalidade ou circunstância. II - documentação evidentemente estranha aos
autos;132
Art. 167. O advogado deve restituir, no prazo legal, III - documentos que não tenham servido de base
os autos que tiver retirado do ofício de justiça. Se intima- para fundamentação de qualquer decisão proferida nos
do, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) autos ou para a manifestação da parte contrária.133
dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorre- § 1º Nestas hipóteses, será colocada uma folha em
rá em multa correspondente à metade do salário mínimo.127 branco no lugar das peças ou documentos desentranhados,
§ 1º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção anotando-se a folha dos autos em que lançada a certidão
local da Ordem dos Advogados do Brasil para procedimen- de desentranhamento, vedada a renumeração das folhas do
to disciplinar e imposição das penalidades.128 processo.
§ 2º O expediente de cobrança de autos receberá au- § 2º As peças e documentos juntados por equívoco aos
tuação singela, sem necessidade de registro.129 autos serão imediatamente desentranhados e juntados aos
§ 3º Devolvidos os autos, o ofício de justiça, depois de autos corretos ou, quando não digam respeito a feitos da
seu minucioso exame, juntará o expediente de cobrança de vara ou ofício de justiça, devolvidos ao setor de protocolo,
autos, certificando a data e o nome de quem os retirou e de tudo lavrando-se certidão.
devolveu.130
§ 4º Na hipótese de extravio dos autos, o expediente Art. 172. Deferido ou determinado de ofício o desentra-
de cobrança instruirá o respectivo procedimento de nhamento, caberá ao ofício de justiça:
restauração. I - desentranhar as peças, certificando-se;
II - manter os documentos em local adequado, para
124 Prov. CG 65/2016. sua posterior entrega;
125 Provs. CGJ 4/2006 e 15/2008. III - intimar o interessado a retirar a documentação
126 Prov. CGJ 4/2006. no prazo de 5 (cinco) dias, se outro não for assinalado pelo
127 Prov. CG 54/2016. Juiz.
128 Prov. CG 54/2016. 131 Prov. CGJ 12/2003.
129 Prov. CG 54/2016. 132 Prov. CGJ 12/2003.
130 Prov. CG 54/2016. 133 Prov. CGJ 12/2003.

18
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

§ 1º A certidão de desentranhamento mencionará a Art. 177. Após a publicação da decisão que determinou
numeração das folhas desentranhadas e, quando o caso, da- o arquivamento, os processos permanecerão no ofício de
quela na qual se determinou o ato e a eventual substituição justiça por 30 (trinta) dias, findo os quais serão confeccio-
por cópias simples. nados os pacotes de arquivo em, no máximo, 30 (trinta) dias,
§ 2º As peças desentranhadas dos autos, enquanto não realizadas as anotações e atos necessários.
entregues ao interessado, serão guardadas em classifica-
dor próprio, sendo vedado grampeá-las na contracapa dos Art. 178. Quando o cumprimento da sentença conde-
autos. natória cível se der em juízo diverso daquele que a pro-
§ 3º A devolução de peças desentranhadas efetuar-
feriu (art. 516, parágrafo único, do CPC), o arquivamento
se-á mediante termo nos autos, lançado imediatamente
após a certidão de desentranhamento, constando o nome dos autos, no âmbito do Poder Judiciário do Estado de São
e documento de identificação de quem as recebeu em Paulo, deverá ser promovido pelo juízo da execução, que
devolução, além do competente recibo. realizará todos os cadastramentos pertinentes à extinção do
processo, quando for o caso.137
Art. 173. Salvo motivada determinação judicial em sen-
tido contrário e os títulos de crédito, fica dispensada a cer- Art. 179. O arquivo de processos será organizado em
tificação do número do processo nas peças e documen- caixas padronizadas, com volumes que não ultrapassem
tos desentranhados dos autos.134 a capacidade das caixas de arquivo138, adotadas, ainda, as
seguintes cautelas139:
Art. 174. Transitada em julgado a sentença, os objetos I - as caixas de arquivo serão numeradas, independen-
anexados às manifestações processuais serão devolvi- temente do número do feito, pelo critério ordinal crescente e
dos às partes ou seus procuradores, mediante solicitação sem interrupção quando da passagem de um ano para outro,
ou intimação para retirada em até 30 (trinta) dias, sob
mudando-se somente o ano em que ocorreu o arquivamento
pena de destruição.135
(por exemplo, admitindo-se que a última caixa do ano de
Art. 175. O escrivão verificará periodicamente o clas- 2011 recebeu o número 200/11, a próxima, do ano seguinte,
sificador para arquivamento provisório de petições e docu- receberá o número 201/12 e assim sucessivamente);
mentos desentranhados: II - havendo necessidade de desdobramento, por moti-
I - quando constatar a existência de peças não retiradas vo de apensamentos ou aumento de volumes que impos-
há 1 (um) ano do desentranhamento, reiterará a intimação sibilitem a acomodação na mesma caixa, o arquivamento
dos advogados para retirá-las; será renovado (nova caixa com numeração atual), feitas as
II - decorridos 2 (dois) anos do desentranhamento, as devidas anotações e comunicando a ocorrência ao Arquivo
petições e documentos não retirados pelos advogados se- Geral, mediante ofício. É vedado, no caso de desdobramento
rão encaminhadas à Ordem dos Advogados do Brasil local, de caixas, o uso de letras aditivas (por exemplo, 1-A, 1-B,
anotando-se no sistema informatizado oficial. 1-C etc);
Parágrafo único. Nas demais hipóteses, o escrivão reme- III - na tampa da caixa de arquivo será colado o impres-
terá à conclusão as petições e documentos desentranhados
so próprio, emitido pelo sistema informatizado oficial, onde
e não retirados, para que o juiz determine a destinação ade-
serão anotados a denominação completa do ofício de justiça
quada.
correspondente e os números dos processos, em ordem cres-
Desentranhamento consiste no ato de retirar, extrair cente, desprezando-se o ano do registro do feito. Será ano-
dos autos do processo qualquer documento, seja petição, tado na parte inferior do impresso, o número da respectiva
provas ou documentos. caixa, de forma destacada.
Parágrafo único. No sistema informatizado oficial será
Seção XIX anotado o número da caixa de arquivamento do respectivo
Do Arquivamento de Processos processo.

Subseção I Art. 180. Todos os processos conterão, obrigatoriamente,


Disposições Gerais o número correspondente da caixa em que arquivado,
escrito na autuação, de forma bem legível.140
Art. 176. Nenhum processo será arquivado sem sen- Parágrafo único. Na autuação constará a denominação
tença definitiva ou terminativa, incluindo nesse último
completa do ofício de justiça e, quando houver necessidade
caso a hipótese de decisão de extinção do processo em razão
da estabilização da tutela de que trata o art. 304, §1º do de fazer nova capa, será conservada a denominação origi-
Código de Processo Civil, salvo os casos legais de suspensão nária.141
do processo por prazo indeterminado, quando não será co-
municada a sua extinção.136 137 Prov. CG 17/2016.
138 Prov. CGJ 37/89.
134 Prov. CGJ 36/2007. 139 Prov. CGJ 37/89.
135 Prov. CGJ 08/2009. 140 Prov. CGJ 7/81.
136 Prov. CG 17/2016. 141 Prov. CGJ 37/89.

19
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 181. Os requerimentos de desarquivamento de § 1º Se o interesse recair sobre processo em apenso,


autos, ressalvadas as exceções legais, serão instruídos com o da requisição constará o processo principal ao qual ele se
comprovante de recolhimento da respectiva taxa. encontra apensado.
§ 1º Na ausência da guia de recolhimento, o advogado § 2º Antes de requisitar o processo, os ofícios de justiça
(subscritor ou responsável indicado) será intimado a verificarão se a caixa de arquivamento foi de fato remetida
recolher as respectivas custas ou retirar a petição, no prazo ao Arquivo Geral, bem como se o processo solicitado não
de 5 (cinco) dias. se encontra no próprio ofício.
§ 2º Da publicação no Diário da Justiça Eletrônico, § 3º Quando se tratar de requisição de processos por
com a observação de se tratar de “petição irregular”, parte dos ofícios de justiça integrantes de foro regional,
constará, quando possível, todos os dados necessários a o requisitante deverá mencionar na requisição a que vara
sua identificação. distrital pertencia o feito.145
§ 3º Desatendida a intimação no prazo estabelecido, a § 4º Não será permitida a reiteração de requisição
petição será encaminhada à Ordem dos Advogados do Brasil antes de decorridos 10 (dez) dias contados da data do pro-
local. tocolo. 146
§ 5º Em casos de urgência, o processo poderá ser
Destaca-se a observação do início desta subseção, se- retirado diretamente no Arquivo Geral, mediante regular
gundo a qual nenhum processo poderá ser arquivado sem requisição, acompanhada de memorando assinado pelo
sentença definitiva ou terminativa. Neste sentido, quanto à escrivão do ofício de justiça requisitante e visado pelo
resolução do mérito, as sentenças classificam-se em: juiz. Nessa hipótese, o processo somente será entregue a
a) Terminativas ou processuais – artigo 485, CPC/2015 funcionário do ofício de justiça requisitante.147
(artigo 267, CPC/1973). § 6º Fica vedada às partes e advogados a retirada de
b) Definitivas ou de mérito – artigo 487, CPC/2015 (ar- processos nos depósitos do Arquivo Geral.148
tigo 269, CPC/1973) – Podem ser típicas ou próprias (no § 7º Assim que recebidos os autos do arquivo, o ofício
caso do inciso I, em que se acolhe ou se rejeita o pedido) e de justiça lançará o recebimento no sistema informatizado
atípicas ou impróprias (incisos II a V). Em sentido estrito, só oficial, evitando-se novas requisições de processos que já
é de mérito a sentença que decide a pretensão formulada. se encontram nas unidades judiciais.
Contudo, o legislador optou por um conceito mais amplo. § 8º Para rearquivamento de processos, os ofícios de
Enfim, são duas as espécies de sentença, ou acórdãos, justiça utilizarão a relação de devolução ao arquivo.
que podem ser proferidas no processo de conhecimento:
as que apreciam a pretensão formulada, seja em sentido Art. 184. Qualquer irregularidade constatada no
afirmativo ou negativo, e que por isso são denominadas de preenchimento da requisição que impossibilite a localização
mérito; e aquelas em que não foi possível, pelas mais varia- do feito no Arquivo Geral implicará no desatendimento da
das razões, apreciar a pretensão do autor em face do réu, requisição e imediata devolução ao expedidor, para regula-
que são as de extinção sem resolução do mérito. rização.149
O objetivo natural do processo é atingir uma sentença
com resolução do mérito. As sentenças sem resolução do Art. 185. Além do requerimento formulado ao ofício de
mérito são anômalas, pois ele foi encerrado sem ter cum- justiça onde tramitou o feito, o interessado poderá solicitar
prido sua finalidade. o desarquivamento, consultar e obter cópias reprográficas
dos processos depositados no Arquivo Geral diretamente nas
Subseção II dependências da Coordenadoria de Arquivos, Setor de Con-
Do Arquivamento de Processos na Comarca da Ca- sultas.
pital § 1º A requisição de consulta será feita em 4 (quatro)
vias, servindo uma delas de protocolo à parte interessada.150
Art. 182. Na Comarca da Capital, determinado o arqui- § 2º. Os processos permanecerão à disposição do
vamento do feito e observados os dispositivos da subseção interessado no local de consulta pelo prazo de 8 (oito) dias
precedente, os escrivães remeterão os autos ao Arquivo úteis, findo o qual serão devolvidos ao arquivo. 151
Geral.142
Parágrafo único. A remessa de processos ao Arquivo Ge- Art. 186. O interessado poderá consultar os processos no
ral será feita pelo ofício de justiça de acordo com a escala próprio ofício de justiça de origem, promovendo o escrivão a
de retirada periodicamente publicada no Diário da Justiça expedição da requisição. 152
Eletrônico.143
145 Prov. CSM 182/84.
Art. 183. Os ofícios de justiça requisitarão, quando 146 Prov. CGJ 37/89.
necessário, os processos depositados no Arquivo Geral, 147 Prov. CGJ 37/89.
mediante impresso próprio, a ser preenchido em todos os 148 Provs. CGJ 37/89 e 36/2007.
seus campos, conferido e assinado pelo escrivão.144 149 Prov. CGJ 37/89.
142 Prov. CSM 182/84. 150 Prov. CSM 182/84.
143 Prov. CGJ 37/89. 151 Prov. CSM 182/84.
144 Prov. CGJ 37/89. 152 Prov. CGJ 37/89.

20
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Parágrafo único. O interessado no desarquivamento Art. 1.190. O sistema de processamento eletrônico do


será intimado, por qualquer meio idôneo de comunicação, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo será utilizado
da chegada dos autos ao cartório e do prazo de 30 (trinta) como meio eletrônico de tramitação de processos judi-
dias para manifestação, bem como de que, decorrido o prazo ciais, comunicação de atos e transmissão de peças pro-
sem manifestação, os autos retornarão ao arquivo. 153 cessuais.

Art. 187. Caberá ao Arquivo Geral a extração e remes- Art. 1.191. O acesso ao sistema de processamento ele-
sa de cópias reprográficas de autos arquivados, em atendi- trônico será feito160:
mento à solicitação da Secretaria da Administração Peniten- I - no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Es-
ciária ou da direção de estabelecimento prisional, desde que tado de São Paulo na internet, por qualquer pessoa cre-
o ofício de justiça encaminhe, mediante relação, o próprio denciada, mediante uso de certificação digital (ICP-Brasil
ofício de referidos órgãos, com as anotações necessárias à
– Padrão A3);
localização do processo, observado o § 2º do art. 966.154
II - pelos entes conveniados, por meio seguro da inte-
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se somente
aos ofícios de justiça do Fórum Criminal da Barra Funda.155 gração de sistemas;
III - nos sistemas internos, por magistrados, servidores,
Art. 188. É expressamente vedado o manuseio de autos funcionários e terceiros autorizados pelo Tribunal de Justiça
processados em segredo de justiça, exceção feita às partes do Estado de São Paulo.
e aos advogados por elas constituídos, ou mediante ordem Parágrafo único. O uso inadequado do sistema de pro-
judicial expressa.156 cessamento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de
Parágrafo único. A extração de cópia reprográfica ou São Paulo que venha a causar prejuízo às partes ou à ati-
certidão de processos com segredo de justiça, bem como o vidade jurisdicional importará bloqueio do cadastro do
desentranhamento de documentos, dependerão de despa- usuário161, sem prejuízo das demais cominações legais.
cho do juiz competente.157
Art. 1.192. A autenticidade e integridade dos atos e
Art. 189. Permite-se a pesquisa histórica em dependên- peças processuais serão garantidas por sistema de segu-
cia apropriada junto ao Arquivo Geral, desde que previa- rança eletrônica, mediante uso de certificação digital
mente autorizada.158 (ICP-Brasil – Padrão A3)162.
§ 1º Os documentos produzidos de forma eletrônica
Conclui-se que, após passar um tempo no arquivo serão assinados digitalmente por seu autor, como garan-
do próprio juízo, os autos são enviados ao arquivo geral.
tia da origem e de seu signatário163.
Acontecendo isso, muda o trâmite para a solicitação do de-
§ 2º Os documentos digitalizados serão assinados ou
sarquivamento.
rubricados164;
I - no momento da digitalização, para fins de auten-
TOMO I – CAPÍTULO XI: ticação;
II - no momento da transmissão, caso não tenham
SEÇÕES I, IV E V;
sido previamente assinados ou rubricados.
§ 3º Fazem a mesma prova que os originais as repro-
duções digitalizadas de qualquer documento, público ou
CAPÍTULO XI159 particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justi-
DO PROCESSO ELETRÔNICO ça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares,
pelas procuradorias, pelas repartições públicas em geral e
Seção I por advogados públicos ou privados, ressalvada a alegação
Do Sistema de Processamento Eletrônico motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante
o processo de digitalização.165
Art. 1.189. Processo eletrônico é o processo judicial § 4º Os originais dos documentos digitalizados, men-
cujas peças, documentos e atos processuais constituem cionados no § 3º deste artigo, deverão ser preservados pelo
um conjunto de arquivos digitais, que tramitam e são seu detentor até o final do prazo para interposição de
transmitidos, comunicados, armazenados e consultados por ação rescisória166, observadas, quanto aos ofícios de justiça,
meio eletrônico, nos termos da Lei nº 11.419, de 19 de de-
as disposições destas Normas de Serviço.
zembro de 2006.
153 Prov. CGJ 36/2007. 160 Res. TJSP 551/2011.
154 Prov. CGJ 37/89. 161 Res. TJSP 551/2011.
155 Prov. CGJ 37/89. 162 Res. TJSP 551/2011.
156 Prov. CSM 182/84. 163 Res. TJSP 551/2011.
157 Prov. CSM 182/84. 164 Res. TJSP 551/2011.
158 Provs. CSM 182/84 e CGJ 7/93. 165 Lei nº 11.419/2006.
159 Prov. 21/2014 166 Lei nº 11.419/2006. – O prazo é de 2 anos.

21
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Art. 1.193. É de exclusiva responsabilidade do titular § 2º Caso inoperante o sistema, o processamento


de certificação digital o uso e sigilo da chave privada seguirá fisicamente, devendo o ofício de justiça proceder à
da sua identidade digital, não sendo oponível, em nenhuma digitalização tão logo seja restabelecido o funcionamento.
hipótese, alegação de seu uso indevido167. § 3º Nos casos dos parágrafos anteriores, cientificar-
se-á o requerente de que terá 45 (quarenta e cinco) dias,
Art. 1.194. Todos os atos processuais do processo eletrô- a partir da digitalização, para retirar a petição, sob pena de
nico serão assinados eletronicamente, por meio de certi- inutilização da peça e dos documentos pelo ofício de justiça.
ficação digital.
Art. 1.223. As pessoas físicas ou jurídicas, de direito
Art. 1.195. Será considerada original a versão arma- público ou de direito privado, que não devam obrigato-
zenada no servidor do Tribunal de Justiça do Estado de riamente intervir por intermédio de advogado, poderão
São Paulo, enquanto o processo estiver em tramitação ou apresentar ofícios, laudos, informações e documentos
arquivado168. em papel, devendo o setor de protocolo recebê-los e enca-
minhá-los ao ofício de justiça para digitalização, classifica-
Seção IV
ção e cadastro dentro do sistema.174
Do Protocolo de Petições Intermediárias
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos
Art. 1.220. As petições intermediárias serão apresen- pareceres oferecidos pelos assistentes técnicos indicados
tadas pelo peticionamento eletrônico e encaminhadas pelas partes, quando não encaminhados pelos respectivos
diretamente ao ofício de justiça correspondente. advogados.
Parágrafo único. Na hipótese de materialização do
processo, cuja tramitação era em meio eletrônico, pas- Seção V
sarão a ser admitidas petições em meio físico. Retomada Da Consulta às Movimentações Processuais e De-
a tramitação no meio eletrônico, não mais serão admitidas cisões
petições em meio físico.169
Art. 1.224. É livre a consulta, no sítio do Tribunal de
Art. 1.221. Ressalvado o disposto neste Capítulo, os Se- Justiça do Estado de São Paulo, às movimentações proces-
tores de Protocolo do Tribunal de Justiça do Estado de São suais, inteiro teor das decisões, sentenças, votos, acórdãos e
Paulo não poderão receber petições em papel dirigidas aos mandados de prisão registrados no BNMP.175
aos processos que tramitam eletronicamente170. § 1º O advogado, o defensor público, as partes e o
§ 1º Em caso de recebimento indevido, caberá ao Se- membro do Ministério Público, cadastrados e habilitados
tor de Protocolo de origem cancelar o protocolo e inti- nos autos, terão acesso a todo o conteúdo do processo ele-
mar o peticionário pelo Diário da Justiça Eletrônico – DJE trônico176.
para retirada da petição. Se o Ofício de Justiça verificar o § 2º Os advogados, defensores públicos, procuradores
recebimento indevido antes do cadastramento, devolverá a e membros do Ministério Público, não vinculados a pro-
petição ao protocolo de origem. Se a verificação ocorrer após cesso, previamente identificados, poderão acessar todos
o cadastramento da petição pelo Ofício de Justiça, caberá a os atos e documentos processuais armazenados, salvo nos
este adotar as providências necessárias para a devida regu- casos de processos em sigilo ou segredo de justiça177
larização.171
§ 2º Admitir-se-á, nos Foros Digitais, o protocolo inte- Art. 1.225. Os processos que tramitam no sistema de
grado de petições em papel dirigidas a processos físicos em processamento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado
tramitação nas demais Comarcas do Estado.172
de São Paulo, em segredo de justiça, só poderão ser con-
sultados pelas partes e procuradores habilitados a atuar
Art. 1.222. Em caso de indisponibilidade do serviço de
no processo178
peticionamento eletrônico ou impossibilidade técnica, a pe-
tição intermediária em papel será recebida desde que § 1° A indicação de que um processo está submetido a
observados os requisitos do § 4º do artigo 1.205 destas Nor- segredo de justiça deverá ser incluída no sistema de pro-
mas de Serviço. cessamento eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de
§ 1º Deferida a juntada pelo juiz do feito, o ofício de São Paulo:179
justiça protocolará a petição, dispensada a remessa para o I - no ato do ajuizamento por indicação do advogado
Setor de Protocolo, e caso verifique o funcionamento do sis- ou procurador;
tema informatizado, procederá à digitalização das peças e o II - no ato da transmissão, quando se tratar de recurso
trâmite eletrônico regular do processo.173 interposto em primeiro grau, pelo órgão judicial de origem;
III – por determinação do juiz ou do relator;
167 Res. TJSP 551/2011.
168 Res. TJSP 551/2011. 174 Prov. CG 47/2015.
169 Res. TJSP 559/2011. 175 Prov. CG 47/2015.
170 Res. TJSP 551/2011 176 Res. TJSP 551/2011.
171 Prov. CG 47/2015. 177 Res. TJSP 551/2011.
172 Res. TJSP 559/2011. 178 Res. TJSP 551/2011.
173 Prov. CG 47/2015. 179 Res. TJSP 551/2011.

22
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

IV – automaticamente, por expressa previsão legal, Art. 1.227. Sempre que possível, os documentos serão
conforme tabela de classes e assuntos padronizadas no sis- disponibilizados na internet para impressão pelo advo-
tema.180 gado ou interessado.
§ 2° A indicação implica impossibilidade de consulta Parágrafo único: Revogado.186
dos autos por quem não seja parte no processo, nos termos
da legislação específica, e é presumida válida, até decisão A origem jurídica do processo de informatização judi-
judicial em sentido contrário, de ofício ou a requerimento ciária se encontra na Constituição Federal, que ao tratar do
da parte. acesso à justiça estabeleceu a necessidade de um processo
§ 3º A indicação proveniente do advogado ou judicial célere.
procurador será submetida à imediata análise pelo juiz. Referida previsão surgiu com o advento da Emenda
Constitucional n. 45/04, que deu ao artigo 5°, LXXVIII o
Art. 1.226. A consulta da íntegra de processos eletrôni- seguinte teor: “a todos, no âmbito judicial e administrati-
cos na internet observará as seguintes regras: vo, são assegurados a razoável duração do processo e os
I - os advogados, após cadastramento no Portal E-Saj, meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
e mediante uso da certificação digital ou login e senha, po- Numa iniciativa de colocar as diretrizes constitucio-
derão consultar a íntegra de processos públicos e a íntegra nais em prática, os três Poderes se reuniram e firmaram,
de processos em que decretado o segredo de justiça, desde logo após a Emenda transcrita, o Pacto do Estado por uma
que, no último caso, estejam vinculados por força de pro- Justiça mais Rápida e Republicana, o qual trata expressa-
curação nos autos; mente da informatização judiciária no item 8, prevendo: a
II - às partes será fornecida senha para acesso à ínte- apresentação de metas expansivas pelo Poder Judiciário, o
gra de seu processo eletrônico juntamente com a citação estabelecimento de convênios com o Poder Executivo e a
ou quando solicitada, sendo possível o requerimento e a inclusão na agenda parlamentar de projetos de lei sobre
retirada pelo advogado constituído, circunstância essa que a questão. Deste que o pacto foi firmado, diversas legis-
deverá ser certificada nos autos; lações extravagantes abrangendo a informatização foram
III - para consulta da íntegra dos autos digitais na inter- promulgadas, destacando-se a Lei n. 11.280/06 e, de maior
net será fornecida senha de acesso a peritos, assistentes e importância, a Lei n. 11.419/06.
outros auxiliares da justiça nomeados nos autos, de acor- Para o processo informatizado é necessária a assina-
do com o tipo de participação no processo. tura eletrônica, efetuada conforme disciplina da ICP-Brasil.
Parágrafo único. As senhas de acesso serão fornecidas A medida é necessária para garantir a segurança na práti-
exclusivamente pelo respectivo ofício de justiça, sendo ca dos atos processuais, evitando que terceiros se façam
necessária a comprovação documental da condição de par- passar pela parte do processo ou por seu representante
te, na hipótese do requerimento previsto no inciso II, e a au- nos autos. Sobre o funcionamento da ICP-Brasil destaca-
torização do magistrado, nas hipóteses do inciso III. -se: “ICP, ou Infra-estrutura de Chaves Públicas, é a sigla no
Brasil para PKI – Public Key Infrastructure –, um conjunto de
Art. 1.226-A. O acesso à integra dos processos digitais técnicas, práticas e procedimentos elaborado para suportar
que não tramitem sob segredo de justiça a terceiro inte- um sistema criptográfico com base em certificados digitais.
ressado será franqueado mediante uso de senha pessoal e Desde julho de 2001, o Comitê Gestor da ICP-Brasil estabe-
intransferível, disponibilizada para utilização pelo pe- lece a política, os critérios e as normas para licenciamento
ríodo de 24 (vinte e quatro) horas após a sua emissão.181 de Autoridades Certificadoras (AC), Autoridades de Regis-
§ 1º O terceiro interessado apresentará requerimento tro (AR) e demais prestadores de serviços de suporte em
próprio contendo sua qualificação e a declaração de res- todos os níveis da cadeia de certificação, credenciando as
ponsabilidade pessoal pelo conteúdo das informações aces- respectivas empresas na emissão de certificados no meio
sadas.182 digital brasileiro”.
§ 2º A impressão da senha será providenciada pela Em suma, a ICP-Brasil controla o credenciamento e
unidade judicial por onde tramita o feito, sendo uma senha fornece bases aos sistemas de instituições que necessitem
por processo/interessado.183 do uso dos mecanismos de certificação digital. Uma vez
§ 3º Após digitalizados e importados para os autos, os credenciadas, as instituições se tornam Autoridades Certifi-
requerimentos serão arquivados em classificador pró- cadoras (AC) ou Autoridades de Registro (AR) e podem re-
prio.184 ceber o cadastramento de pessoas físicas ou jurídicas que
§ 4º Decorridos 45 (quarenta e cinco) dias da emis- pretendam utilizar, no âmbito da instituição, os mecanis-
são da senha, os documentos mencionados no parágrafo mos de certificação digital. No âmbito do processo judicial,
anterior poderão ser inutilizados, observadas as diretrizes aponta-se, entre as Autoridades Certificadoras, a AC-JUS:
do Comunicado SAD nº 11/2010.185 “A AC-JUS é a primeira Autoridade Certificadora no mun-
do criada e mantida pelo poder judiciário. [...] A AC-JUS
180 Prov. CG 47/2015. alavancou definitivamente a implantação da Certificação
181 Prov. CG 33/2016. Digital no Judiciário, com o desenvolvimento de aplicações
182 Prov. CG 33/2016. para comunicação e troca de documentos, agora com vali-
183 Prov. CG 33/2016. dade legal, viabilizando dessa forma o advento do Proces-
184 Prov. CG 33/2016. so Judicial Eletrônico”.
185 Prov. CG 33/2016. 186 Prov. CG 68/2016.

23
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

Assim, o cadastro para o peticionamento eletrônico é Subseção III


realizado pelos advogados que queiram utilizá-lo nos Tri- Da Elaboração de Expedientes pelo Ofício de Jus-
bunais, conforme a estrutura de ICP estabelecida pela AC- tiça
-JUS.
Por sua vez, a legislação que regulamenta em detalhes Art. 1.237. Na elaboração dos documentos, serão utiliza-
a informatização do processo judicial é a Lei n. 11.419/06. dos os modelos de expediente institucionais padroniza-
De maneira geral, afirma-se que a Lei n. 11.419/06 é o prin- dos, autorizados e aprovados pela Corregedoria Geral
cipal diploma regulamentador do processo judicial infor- da Justiça.
matizado, trazendo as diretrizes para a atuação dos profis- Parágrafo único. Os modelos institucionais possuirão a
sionais que utilizem o sistema e disciplinando a estrutura respectiva movimentação vinculada, a fim de garantir esta-
que deverá ser implementada pelo Poder Judiciário em tísticas fidedignas.
obediência à lei.
Entre outros aspectos, destaca-se a facultatividade Art. 1.238. A criação de modelos de grupo ou usuário
para se aderir ao processo eletrônico, decorrente da reda- realizar-se-á a partir dos modelos institucionais ou da au-
ção do artigo 1°: “o uso de meio eletrônico na tramitação toria intelectual do magistrado e somente será permitida
de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão para as seguintes categorias:187
de peças processuais será admitido nos termos desta Lei”. I - ajuizamentos;
A Lei n. 11.419/06 acerta ao não impor a utilização dos II - atos ordinatórios;
meios eletrônicos, pois isso seria muito precipitado, apesar III - certidões de cartório;
de não existirem dúvidas de que, num futuro próximo, o IV – despachos;
processo seja totalmente eletrônico. V - decisões;
Destacam-se entre os principais aspectos da Lei: pro- VI – requerimentos;
tocolo eletrônico no momento de envio da mensagem, VII - sentenças;
VIII - termos de audiência;
prorrogação dos prazos nos casos de falhas do sistema,
IX - Setor Técnico – Assistente Social;
criação do Diário de Justiça Eletrônico, desnecessidade de
X - Setor Técnico – Psicologia.
apresentação dos originais da maior parte dos documentos
Parágrafo único. Na configuração dos modelos de grupo
digitalizados, prazo estendido até 24 horas do último dia
ou usuário, o ofício de justiça preencherá:
(artigo 3°, parágrafo único), citações e intimações por meio
I - na aba “Informações”, o nome, tipo, área e a classifi-
eletrônico (artigos 5° e 6°), os autos digitais transmitidos
cação “grupo”;188
pela Internet (artigo 8°), a dispensa da intervenção do car- II - na aba “Movimentações”, a movimentação que refli-
tório na juntada de petições (artigo 10), o envio eletrôni- ta o teor do expediente;
co de documentos (artigo 13) e as diversas alterações no III - na aba “Compartilhamentos”, o tipo “grupo”;
Código de Processo Civil, modernizando-o, as quais foram IV - na aba “Assinaturas”, o(s) agente(s) que assinará(ão)
transpassadas e aprofundadas no novo Código de Proces- o documento;
so Civil de 2015 (artigo 20). V - na aba “Atos do documento”, o tipo de ato, a forma, o
Em verdade, a proposta de novo Código de Processo código do modelo se o caso, o prazo, o tipo de seleção (partes
Civil buscou ficar atenta às modificações sociais provoca- a que se destina o documento) e o modo de finalização.189
das pela tecnologia e trazer bases para que o processo ju-
dicial eletrônico deixe de ser exceção em todos os fóruns e Art. 1.239. O juiz somente lançará no documento as-
tribunais brasileiros. Entretanto, a constância das modifica- sinatura eletrônica, mesmo que o ato deva ser praticado
ções tecnológicas leva a crer que existe uma possibilidade junto à unidade judicial ou extrajudicial de outro Estado da
de o novo código precisar ser substituído em alguns anos. Federação.

Subseção V
Do Cumprimento de Ordens Judiciais
TOMO I – CAPITULO XI:
SEÇÃO VI – SUBSEÇÕES I, III, V E XIII. Art. 1.243. Nos ofícios de justiça onde implantado o fluxo
por atos, o cumprimento das ordens judiciais dar-se-á pelos
subfluxos de documentos.

Seção VI Subseção XIII


Da Tramitação dos Processos Eletrônicos Da Expedição de Mandados de Levantamento

Subseção I Art. 1.265. Os processos que se encontram na fase de ex-


Disposição inicial pedição de mandados de levantamento serão encaminhados
para a fila “ag. análise de cartório urgente”.
Art. 1.228. Aplicam-se aos Ofícios de Justiça Digitais e
ao processo eletrônico, subsidiariamente, e no que compa- 187 Prov. CG 47/2015.
tível, os dispositivos previstos nos demais capítulos destas 188 Prov. CG 47/2015.
Normas de Serviço. 189 Prov. CG 47/2015.

24
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

EXERCÍCIOS d) os níveis de acesso às informações serão estabeleci-


dos em expediente interno pela Corregedoria Geral da Jus-
1. (TJ-SP – Escrevente técnico judiciário – VUNESP/2014) tiça, podendo o funcionário credenciado ceder a respectiva
Considerando as previsões constantes das Normas da Cor- senha ou permitir que outro funcionário use-a para acessar
regedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado o sistema informatizado.
de São Paulo, assinale a alternativa que corretamente dis- e) nos ofícios de justiça, o registro e controle da mo-
corre sobre os livros e classificadores que devem ser man- vimentação dos feitos realizar-se-ão pelo sistema informa-
tidos pela Administração Geral do Fórum. tizado oficial, podendo ser mantidas as fichas individuais
a) O livro de registro de feitos administrativos (sindi- materializadas em papel ou constantes de outros sistemas
câncias, procedimentos disciplinares, representações etc.) informatizados.
R: “B”. Em consonância com o art. 47, caput, “os ser-
será mantido por 5 (cinco) anos após possibilitado o regis-
vidores dos ofícios de justiça deverão se adaptar conti-
tro e controle pelo sistema informatizado oficial.
nuamente às evoluções do sistema informatizado oficial,
b) Para fins de fiscalização correcional, a Administração utilizando plenamente as funcionalidades disponibilizadas
Geral do Fórum deverá manter um livro de visitas e cor- para a realização dos atos pertinentes ao serviço (emissão
reições no qual serão lavrados os respectivos termos e o de certidões, ofícios, mandados, cargas de autos etc.)”.
registro de portarias e ordens de serviço, com índice, bem
como o protocolo de autos e papéis em geral. 3. (TJ-SP – Escrevente técnico judiciário – VUNESP/2014)
c) Os procedimentos disciplinares e sindicâncias admi- As Normas da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de
nistrativas da corregedoria permanente, vinculada a cada Justiça do Estado de São Paulo preveem que, recebida pe-
uma das unidades, serão diretamente cadastrados no Sis- tição inicial ou intermediária acompanhada de objetos de
tema de Automação da Justiça de Primeiro Grau e estão inviável entranhamento aos autos do processo,
sujeitos ao segredo de justiça, utilizando-se os códigos a) os objetos serão previamente arrolados, descritos e
próprios. documentados, sendo intimada a parte peticionante a reti-
d) A Administração Geral do Fórum manterá os seguin- rá-los e conservá-los no estado em que se encontram até a
tes classificadores: registro de feitos administrativos; regis- decisão final nos autos.
tro de portarias e ordens de serviço, com índice; registro b) o escrivão deverá apresentar todos os objetos ao
das decisões terminativas proferidas em feitos administra- juiz competente para o feito, que deverá designar deposi-
tivos. tário judicial, o qual deverá guardar os objetos durante o
trâmite do feito.
e) Haverá em cada serventia judicial, repartições e
c) os objetos deverão ser restituídos imediatamente
demais estabelecimentos sujeitos à sua fiscalização cor- à parte que os apresentou, sendo assinalado prazo de 10
recional um livro de registro final no qual serão lavrados (dez) dias para reapresentação de tais objetos, de forma
os respectivos termos correcionais e punições disciplinares que seja viabilizado o encarte destes aos autos.
aplicadas. d) tais objetos serão certificados nos autos e anotados
R: “C”. Nos termos do art. 23, § 3: “Os procedimentos no sistema informatizado oficial e encaminhados, a seguir,
disciplinares e sindicâncias administrativas da corregedo- ao depositário oficial do juízo, para guarda até o trânsito
ria permanente, vinculada a cada uma das unidades, serão em julgado da decisão.
diretamente cadastrados no SAJ/PG pelos ofícios judiciais, e) o escrivão deverá conferir, arrolar e quantificar esses
sujeitos ao segredo de justiça, utilizando-se os códigos objetos, lavrando certidão, sempre que possível na presen-
próprios”. ça do interessado, mantendo-os sob sua guarda e respon-
sabilidade até encerramento da demanda.
2. (TJ-SP – Escrevente técnico judiciário – VUNESP/2014) R: “E”. É o que prevê o art. 93, §4º: “Recebida petição
A respeito do Sistema Informatizado Oficial, é correto afir- inicial ou intermediária acompanhada de objetos de inviá-
mar que as Normas da Corregedoria Geral da Justiça do vel entranhamento aos autos do processo, o escrivão deve-
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo preveem que rá conferir, arrolar e quantificá-los, lavrando certidão, sem-
a) as vítimas identificadas na denúncia ou queixa e as pre que possível na presença do interessado, mantendo-os
sob sua guarda e responsabilidade até encerramento da
testemunhas de processo criminal terão suas qualificações
demanda”.
lançadas no sistema informatizado oficial, ainda que derem
conta de coação ou grave ameaça e pedirem para não ha- 4. (TJ-SP – Escrevente técnico judiciário – VUNESP/2014)
ver identificação de seus dados. Sobre o acesso aos autos judiciais e administrativos de pro-
b) os servidores dos ofícios de justiça deverão se adap- cessos em andamento ou findos, tendo em vista as Normas
tar continuamente às evoluções do sistema informatizado da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do
oficial, utilizando plenamente as funcionalidades disponi- Estado de São Paulo, é correto afirmar que
bilizadas para a realização dos atos pertinentes ao serviço. a) poderá ser deferida quando os autos não estiverem
c) compete à Administração Geral do Fórum cadastrar, em segredo de justiça, ao advogado ou estagiário de Direi-
no sistema informatizado oficial, a decretação do segredo to, regularmente inscritos na OAB, que tenham sido consti-
de justiça, a concessão da justiça gratuita, o deferimento da tuídos procuradores de quaisquer das partes a retirada de
tramitação prioritária do processo ou o reconhecimento de autos para cópia, pelo período de 2 (duas) horas, mediante
qualquer benefício processual a alguma das partes. controle de movimentação física.

25
NORMAS DA CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA

b) nos casos complexos ou com pluralidade de interes-


ses, a fim de que não sejam prejudicados nem o andamen-
to do feito nem o acesso aos autos, ficará vedada a retirada
de cópias de todo o feito, que somente ficará à disposição
para consulta dos interessados.
c) as entidades que reconhecidamente prestam ser-
viços de assistência judiciária poderão, por intermédio de
advogado com procuração nos autos, autorizar a consulta
de processos que tramitam em segredo de justiça em car-
tório por, exclusivamente, acadêmicos de Direito inscritos
na OAB.
d) quando não estejam sujeitos a segredo de justiça,
é assegurado aos advogados, estagiários de Direito e às
partes, por meio do exame em balcão do ofício de justiça
ou seção administrativa, não cabendo, no entanto, acesso
ao público em geral.
e) os escrivães judiciais e os chefes de seção judiciária
manterão, pessoalmente ou mediante servidor designado,
rigorosa vigilância sobre os autos dos processos, sobretu-
do quando do seu exame, por qualquer pessoa, no balcão
do ofício de justiça ou seção administrativa.
R: “E”. Preconiza o art. 157, parágrafo único: “Os es-
crivães judiciais e os chefes de seção judiciária manterão,
pessoalmente ou mediante servidor designado, rigorosa
vigilância sobre os autos dos processos, sobretudo quando
do seu exame, por qualquer pessoa, no balcão do ofício de
justiça ou seção administrativa”.

5. (TJ-SP – Escrevente técnico judiciário – VUNESP/2010)


Assinale a alternativa correta, considerando o disposto nas
Normas da Corregedoria Geral da Justiça.
a) São vedadas as anotações de “sem efeito” nos autos.
b) As certidões em breve relatório ou de inteiro teor
serão expedidas no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
data do recebimento em cartório do respectivo pedido.
c) Dentre as obrigações dos senhores diretores dos
cartórios judiciais está a de abrir semanalmente os seus e-
-mails institucionais.
d) Certidões, alvarás, termos, precatórias, editais e ou-
tros atos de sua atribuição serão subscritos pelos escreven-
tes-chefes, logo depois de lavrados.
e) Fica vedada a utilização de chancela e de qualquer
recurso que propicie a reprodução mecânica da assinatura
do juiz.
R: “E”. Disciplina o art. 82, IV: “Na escrituração é vedada:
[...] IV - a utilização de chancela, ou de qualquer recurso
que propicie a reprodução mecânica da assinatura do juiz”.

26
ATUALIDADES

1. Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir
do 2.° semestre de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional;.................................................................................................... 01
2. Artigos 1º ao 13; 34 ao 38 da Lei nº 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e Resolução nº 230/2016 do
CNJ, com as alterações vigentes até a publicação deste edital............................................................................................................. 23
ATUALIDADES

o MPF, as prisões foram necessárias como “garantia de ordem


pública”, para permitir bloquear o patrimônio, além de “impe-
1. QUESTÕES RELACIONADAS A FATOS dir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja
POLÍTICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E na interferência” das provas.
CULTURAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS, O MPF reforça ainda que, apesar dos indícios de corrup-
OCORRIDOS A PARTIR DO 2.° SEMESTRE DE ção, não houve movimentação no sentido de afastar Nuzman
2017, DIVULGADOS NA MÍDIA LOCAL E/OU e Gryner de suas funções junto ao COB. “Assim, ambos conti-
NACIONAL; nuam gerindo os contratos firmados pelo COB, mediante uso
de dinheiro público além do pleno acesso a documentos e
informações necessárias à produção probatória”.
POLÍTICA Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017

TENTATIVA DE OCULTAR DINHEIRO E 16 BARRAS DE TUCANOS QUEREM TIRAR AÉCIO DA PRESIDÊNCIA


OURO LEVOU NUZMAN À PRISÃO, DIZ MPF. DO PARTIDO
DE ACORDO COM INVESTIGAÇÃO, NOS ÚLTIMOS 10
DOS 22 ANOS DE PRESIDÊNCIA DO COB, NUZMAN AM- Cresceu dentro do PSDB o movimento para forçar a re-
PLIOU SEU PATRIMÔNIO EM 457%, NÃO HAVENDO INDI- núncia do senador Aécio Neves (MG) da presidência do par-
CAÇÃO CLARA DE SEUS RENDIMENTOS. tido. Ele está licenciado do cargo desde maio, quando entrou
na mira da delação da JBS. Na ocasião, caciques tucanos es-
A prisão temporária cumprida nesta quinta-feira (5) con- peravam a renúncia do político mineiro. Mas ele resistiu.
tra Carlos Arthur Nuzman teve como um dos motivos a ten-
tativa de o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) Agora, com o novo afastamento de Aécio do mandato
ocultar bens, segundo o Ministério Público Federal (MPF). En- de senador pelo Supremo Tribunal Federal, o partido voltou a
tre eles, valores em espécie e 16 quilos de ouro que estariam articular a saída definitiva dele do comando tucano. A percep-
em um cofre na Suíça. ção é que a permanência dele no cargo tem trazido grande
De acordo com os investigadores da força-tarefa da Lava desgaste à imagem da legenda. A pressão é para que ele dei-
Jato no Rio, as apreensões na primeira etapa da Operação xe a presidência do PSDB ainda em outubro.
“Unfair Play”, em 5 de setembro, levaram Nuzman a fazer uma Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
retificação na declaração de imposto de renda. Segundo o
MPF, foi uma tentativa de regularizar os bens não declarados. DELATOR DIZ QUE CONHECEU SUPOSTO OPERADOR
Um dos objetos apreendidos foi uma chave, que estava DE PROPINA DE EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS.
guardada junto a cartões de agentes de serviços de locação CHEFE DO SETOR DE PROPINAS DA ODEBRECHT DIS-
na Suíça. Segundo o MPF, são indícios de que Nuzman guar- SE QUE SE ENCONTROU COM HOMEM QUE PEDIU DI-
dou lá o ouro. NHEIRO A ALDEMIR BENDINE.
De acordo com o texto do documento de pedido de pri-
são, “ao fazer a retificação da declaração de imposto de renda O ex-funcionário da Odebrecht, Fernando Migliaccio,
para incluir esses bens, em 20/09/2017, [Nuzman] claramente afirmou ao juiz Sérgio Moro que se encontrou mais de uma
atuou para obstruir investigação da ocultação de patrimônio” vez com um suposto intermediário de propinas, que seriam
e “sequer apontou a origem desse patrimônio, o que indica a pagas ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine.
ilicitude de sua origem”. Migliaccio atuava no Setor de Operações Estruturadas,
Com as inclusões destes bens, os investigadores acredi- que era usado pela empreiteira para fazer pagamentos ilíci-
tam que os rendimentos declarados são insuficientes para tos a funcionários públicos e agentes políticos. Ele prestou
justificar a variação patrimonial em 2014. A omissão, segundo depoimento em um processo em que Bendine é acusado de
o MPF, seria de no mínimo R$ 1,87 milhões. receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, para ajudar a
Ainda de acordo com o MPF, nos últimos 10 dos 22 anos empresa a fechar contratos com a Petrobras.
de presidência do COB, Nuzman ampliou seu patrimônio em Em depoimentos anteriores, ex-executivos da Odebrecht
457%, não havendo indicação clara de seus rendimentos. Um confirmaram a história e apresentaram uma planilha com o
relatório incluído no pedido de prisão diz ainda que, em 2014, suposto pagamento. No arquivo, consta que o dinheiro foi
o patrimônio dobrou, com um acréscimo de R$ 4.276.057,33. entregue a alguém com o codinome “Cobra”. Para o Ministé-
“Chama a atenção o fato de que desse valor, R$ rio Público Federal (MPF), trata-se de Bendine.
3.851.490,00 são decorrentes de ações de companhia sediada No depoimento desta quarta-feira, Moro perguntou a
nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal”, diz o Migliaccio se ele conhecia Bendine ou André Gustavo Viei-
texto. ra, o homem que é apontado como o operador da suposta
O advogado Nélio Machado, que representa Nuzman, propina.
questionou a prisão desta terça: “É uma medida dura e não é Moro: O senhor conhece o senhor Aldemir Bendine ou o
usual dentro do devido processo legal”. senhor André Gustavo Vieira?
Além de Nuzman, foi preso na operação “Unfair Play” seu Migliaccio: O senhor Aldemir Bendine eu não conheço e
braço-direito Leonardo Gryner, diretor de marketing do COB o senhor André, eu não sei se é esse o nome, mas eu imagino
e de comunicação e marketing do Comitê Rio-2016. Segundo que sim

1
ATUALIDADES

Moro: O senhor pode esclarecer? nimo cheio, não mais com base em 75% do salário mínimo;
Migliaccio: Ele foi à minha sala algumas vezes no escritó- estabelecimentos penais serão compostos de espaços reser-
rio pra saber dos pagamentos vados para atividades laborais; gestores prisionais deverão
Moro: Desses pagamentos? implementar programas de incentivo ao trabalho do preso,
Migliaccio: É. procurando parcerias junto às empresas e à Administração
Moro: O senhor mencionou que esse setor foi desman- Pública deverão ser ampliadas as possibilidades de conversão
telado, mas esses pagamentos que foram lhe mostrados [pa- da prisão em pena alternativa; entre as formas de trabalho
gamentos ao codinome Cobra] pelo Ministério Público, pela para presos, a preferência para o trabalho de produção de
procuradora, esse pagamentos foram feitos pelo setor de ope- alimentos dentro do presídio, como forma de melhorar a co-
rações estruturadas? mida; deverão ser incluídos produtos de higiene entre os itens
Migliaccio: Sim. Quer fizer, eu não tenho certeza se todos de assistência material ao preso; deverá ser informatizado o
eles, mas se está no sistema, que eu não tenho mais domínio, acompanhamento da execução penal.
nunca mais vi, se está lá é porque foi feito. O texto também promove alterações na lei que institui o
Outro lado sistema nacional de políticas públicas sobre drogas.
Em nota, a defesa de Aldemir Bendine afirmou que ele não No ponto sobre consumo pessoal, a proposta estabelece
recebeu qualquer valor. Os advogados de André Gustavo Vieira que compete ao Conselho Nacional de Política sobre Drogas,
não foram encontrados para comentar o teor do depoimento. em conjunto com o Conselho Nacional de Política Criminal e
Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017 Penitenciária, estabelecer os indicadores referenciais de na-
tureza e quantidade da substância apreendida, compatíveis
SENADO APROVA REFORMA DA LEI DE EXECUÇÃO PE- com o consumo pessoal.
NAL; PROJETO VAI À CÂMARA Cumprimento de pena
PROPOSTA FOI ELABORADA POR COMISSÃO DE JU- A proposta também prevê a possibilidade do cumpri-
RISTAS CRIADA PARA DEBATER O TEMA. ENTRE AS MU- mento de pena privativa de liberdade em estabelecimento
DANÇAS, ESTÁ O ESTABELECIMENTO DE LIMITE MÁXIMO administrado por organização da sociedade civil, observadas
DE OITO PRESOS POR CELA. as vedações estabelecidas na legislação, e cumpridos os se-
guintes requisitos:
Senado aprovou nesta quarta-feira (4) um projeto que Aprovar projeto de execução penal junto ao Tribunal de
promove uma reforma da Lei de Execução Penal. Justiça da Unidade da Federação em que exercerá suas ativi-
Entre as mudanças previstas na proposta, está a definição dades; cadastrar-se junto ao Departamento Penitenciário Na-
de limite máximo de oito presos por cela. A redação em vigor cional (Depen); habilitar-se junto ao órgão do Poder Executivo
da lei, que é de 1984, prevê que o condenado “será alojado em competente da Unidade da Federação em que exercerá suas
cela individual”, situação rara nos presídios brasileiros. atividades; encaminhar, anualmente, ao Depen, relatório de
Pela proposta, “em casos excepcionais”, serão admitidas reincidência e demais informações solicitadas; submeter-se à
celas individuais. prestação de contas junto ao Tribunal de Contas da Unidade
A medida também possibilita, como direito do preso, a da Federação em que desenvolva suas atividades.
progressão antecipada de regime no caso de presídio superlo- Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
tado (veja mais detalhes da proposta abaixo).
O projeto é derivado de uma comissão de juristas criada CONGRESSO PROMULGA EMENDA QUE EXTINGUE
pelo Senado para debater o tema. A proposta segue agora
COLIGAÇÕES EM 2020 E CRIA CLÁUSULA DE BARREIRA
para análise da Câmara dos Deputados.
COM A PROMULGAÇÃO, CLÁUSULA DE DESEMPE-
A comissão trabalhou pautada em seis eixos:
NHO ELEITORAL PARA ACESSO DE PARTIDOS A RECUR-
Humanização da sanção penal; efetividade do cumprimen-
SOS DO FUNDO PARTIDÁRIO E AO TEMPO GRATUITO DE
to da sanção penal; ressocialização do sentenciado; desburo-
RÁDIO E TV VALERÁ A PARTIR DAS ELEIÇÕES DE 2018.
cratização de procedimentos; informatização; previsibilidade
da execução penal.
O Congresso Nacional promulgou, em sessão solene
Entre os objetivos do projeto, está a tentativa de desinchar
o sistema penitenciário no país. Para o relator da proposta, se- nesta quarta-feira (4), a Emenda Constitucional que cria uma
nador Antonio Anastasia (PSDB-MG),o atual sistema carcerário cláusula de desempenho, a partir de 2018, para as legendas
não está “estruturado para cumprir a sua missão legal: resso- terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo gratuito de rá-
cializar”. dio e TV.
“Trata-se de um sistema [o atual] voltado para o encarce- O texto também prevê o fim das coligações proporcio-
ramento e para a contenção antecipada de pessoas, sem julga- nais, a partir das eleições de 2020.
mento definitivo. Como resultado, cria-se um ambiente propí- A alteração à Constituição foi aprovada nesta terça-feira
cio para as revoltas e as rebeliões”, justificou Anastasia. (3) pelo Senado. As votações dos dois turnos da proposta na
Mudanças Casa aconteceram em menos de 30 minutos. Na semana pas-
Entre outros pontos, a proposta prevê que: sada, o texto havia sido aprovado pela Câmara.
O trabalho do condenado passa a ser visto como parte in- A classe política tem pressa na aprovação de novas regras
tegrante do programa de recuperação do preso, e não como eleitorais. Isso porque, para valerem em 2018, as modificações
benesse, e passa a ser remunerado com base no salário mí- precisam passar pelo Congresso até a próxima sexta-feira (6),
um ano antes das próximas eleições.

2
ATUALIDADES

Com a promulgação, a cláusula de desempenho eleito- Fim das coligações


ral para acesso de partidos a recursos do Fundo Partidário e ao A emenda acaba com as coligações partidárias a partir
tempo gratuito de rádio e TV valerá a partir das eleições de 2018. de 2020. Para 2018, continuam valendo as regras atuais, em
A emenda tem origem no Senado, onde foi aprovada em que os partidos podem se juntar em alianças para disputar a
2016. No entanto, durante análise na Câmara, os deputados eleição e somar os tempos de rádio e televisão e podem ser
promoveram mudanças e flexibilizaram o texto, o que levou o desfeitas passado o pleito.
projeto para uma nova análise dos senadores. As coligações também são levadas em conta na hora da
Cláusula de desempenho divisão das cadeiras. Hoje, deputados federais e estaduais
O texto estabelece a chamada cláusula de desempenho nas e vereadores são eleitos no modelo proporcional com lista
urnas para a legenda ter acesso ao Fundo Partidário e ao tempo aberta.
de propaganda gratuita no rádio e na TV. Como transição, até É feito um cálculo para a distribuição das vagas com base
2030, a cláusula de barreira crescerá gradualmente. Nas eleições nos votos no candidato e no partido ou coligação. São eleitos
posteriores a 2030, o desempenho mínimo exigido seria o mes- os mais votados nas legendas ou nas coligações.
mo do pleito de 2030. Saiba abaixo os critérios: Federações partidárias
Eleições de 2018 - Os partidos terão de obter, nas eleições Além de abrandar a cláusula de barreira, os deputados
para deputado federal, pelo menos 1,5% dos votos válidos, dis- excluíram do projeto a possibilidade de partidos com afini-
tribuídos em, no mínimo, um terço das unidades da federação, dade ideológica se unirem em federações. A medida era uma
com ao menos 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter saída para substituir, em parte, as coligações.
eleito pelo menos 9 deputados, distribuídos em, no mínimo, um Na prática, o fim das federações deverá prejudicar parti-
terço das unidades da federação. dos pequenos que contam com as alianças com outras legen-
Eleições de 2022 - Os partidos terão de obter, nas eleições das para somar o tempo de rádio e TV e para garantir cadeiras
para a Câmara, pelo menos 2% dos votos válidos, distribuídos na Câmara e nas Assembleias.
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao A proposta era que os partidos com programas afins pu-
menos 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito dessem se juntar em federações. As legendas teriam de atuar
pelo menos 11 deputados, distribuídos em, no mínimo, um terço juntas não apenas durante as eleições, mas como um bloco
das unidades da federação. parlamentar durante toda a legislatura.
Eleições de 2026 - Os partidos terão de obter, nas eleições A ideia era garantir maior coesão entre os partidos, já que
para a Câmara, pelo menos 2,5% dos votos válidos, distribuídos atualmente siglas com pouca afinidade formam coligações e
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao as desfazem após as eleições.
menos 1,5% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito Desse modo, se juntos atingissem as exigências da cláu-
pelo menos 13 deputados, distribuídos em, no mínimo, um terço sula de desempenho, não perderiam o acesso ao Fundo Par-
das unidades da federação. tidário e ao tempo de rádio e TV.
Eleições de 2030 - Os partidos terão de obter, nas eleições Janela partidária
para a Câmara, pelo menos 3% dos votos válidos, distribuídos Durante análise na Câmara, os deputados também retira-
em, no mínimo, um terço das unidades da federação, com ao ram do texto um trecho que acabava com a janela partidária
menos 2% dos votos válidos em cada uma delas; ou ter eleito seis meses antes da eleição.
pelo menos 15 deputados, distribuídos em pelo menos um terço Com isso, ficam mantidas as regras atuais em que os
das unidades da federação. detentores de mandato eletivo podem mudar de partido no
Levantamento feito pelo G1 mostrou que, se as regras pre- mês de março do ano eleitoral sem serem punidos com perda
vistas para 2018 estivessem em vigor nas eleições de 2014, 14 do mandato.
partidos que hoje possuem acesso ao Fundo Partidário e ao Fonte: G1.com/ Acessado em 10/2017
tempo gratuito de rádio e TV perderiam esses direitos.
Entre os partidos que teriam sido afetados caso a regra es- GEDDEL, SAUD E FUNARO PROMOVEM BARRACO
tivesse valendo na eleição de 2014, seis têm atualmente repre- COM AMEAÇAS DE MORTE NA PAPUDA
sentantes na Câmara: PEN, PHS, PRP, PSL, PT do B e Podemos
(antigo PTN). A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do operador
Outros oito, que não elegeram deputados em 2014, tam- Lúcio Funaro e de Ricardo Saud, executivo da JBS, tem provo-
bém seriam atingidos: PCB, PCO, PMN, PPL, PRTB, PSDC, PSTU cado uma sessão de gritaria no presídio da Papuda, em Brasí-
e PTC. lia, onde estão recolhidos. Segundo relatos, Funaro aguarda o
O levantamento não levou em consideração as legendas fim do banho de sol e antes de voltar para a cela manda aos
criadas após 2014 e que têm bancadas na Câmara: Rede e PMB. gritos recado para Saud, preso do outro lado: “Saud, vou te
A proposta atual foi flexibilizada com relação à que foi apro- matar”, aterroriza o delator que o entregou. Do seu lado “do
vada pelo Senado em 2016. Se prevalecesse a versão original do muro”, Geddel faz coro: “Saud, também vou te matar”. Saud
texto, 19 partidos seriam barrados. Siglas tradicionais, como o devolve as provocações, mas só para Geddel. “Cala boca, seu
PPS e o PC do B, seriam afetadas. Outras, de criação mais recente, gordo!”
também seriam prejudicadas. É o caso de PSOL, PROS e PV. No seu quadrado. Os três estão separados e não se en-
A flexibilização da cláusula de barreira foi necessária para contram no banho de sol, justamente para evitar que cum-
que a proposta pudesse ser aprovada na Câmara. Diante do pram a promessa. Há, inclusive, revezamento entre os advo-
prazo exíguo, os senadores aceitaram o texto modificado pe- gados para que eles não se esbarrem nem no parlatório.
los deputados para garantir que a cláusula valha em 2018. Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017

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ATUALIDADES

CÂMARA GARANTE FUNDO BILIONÁRIO PARA Em 27 de setembro, os advogados de Battisti entraram


ABASTECER CAMPANHAS EM 2018 com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF)
Em uma sessão tumultuada, a Câmara aprovou na noite para barrar a possibilidade de extradição, deportação ou ex-
desta quarta-feira, 4, o projeto que cria um fundo público bi- pulsão pelo presidente da República. O relator é o ministro
lionário para financiar as campanhas do ano que vem. Assim Luiz Fux. Battisti teve sua extradição pedida pela Itália.
que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), procla- Em 2011, o Supremo arquivou uma Reclamação ajuizada
mou o resultado, deputados protestaram contra a votação e pelo governo da Itália contra o ato de Lula, e determinou a
quase partiram para a agressão física. soltura do italiano.
O texto segue agora para a sanção presidencial. Para que A defesa de Battisti sustenta que, desde então, têm havido
os partidos possam ter acesso ao dinheiro para realizar o pro- ‘várias tentativas ilegais’ de remetê-lo para o exterior por meio
cesso eleitoral em 2018, as novas regras têm de ser sanciona- de outros mecanismos, como a expulsão e a deportação. Des-
das pelo presidente Michel Temer até 7 de outubro. de 2016, com as mudanças ocorridas no Poder Executivo, os
Apesar de os parlamentares afirmarem que o fundo será advogados afirmam que há notícias de que o governo italiano
de R$ 1,7 bilhão, o texto não estabelece um teto para o valor, pretende intensificar as pressões sobre o governo brasileiro
e sim um piso, ao dizer que o fundo será “ao menos equiva- para obter a extradição.
lente” às duas fontes estabelecidas pelo projeto. O alegado risco levou à impetração do HC 136898, que
A proposta estabelece que pelo menos 30% do valor das teve seguimento negado. Naquele habeas corpus, o ministro
emendas de bancadas sejam direcionadas para as campanhas Luiz Fux entendeu que não havia ato concreto de ameaça ou
eleitorais. A segunda fonte de recursos virá da transferência restrição ilegal do direito de locomoção que justificasse a con-
dos valores de compensação fiscal cedidos às emissoras de cessão da ordem.
rádio e televisão que transmitem propagandas eleitorais, que No novo HC, a defesa argumenta que, segundo notícias
serão extintas. O horário eleitoral durante o período de cam- veiculadas recentemente, há um procedimento sigiloso em
panha, no entanto, foi mantido. curso visando à revisão do ato presidencial que negou a ex-
O fundo público para abastecer as campanhas é uma me- tradição em 2010.
dida alternativa ao financiamento empresarial de campanha, Os advogados também informam que Battisti tem soli-
proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. citado certidões e informações ao Ministério Público Federal,
No começo da discussão, o Congresso chegou a cogi- Ministério da Justiça, Ministério das Relações Exteriores e Casa
Civil a fim de obter cópias de procedimentos sobre ele, mas
tar um fundo que chegaria a R$ 3,6 bilhões. A articulação foi
até o momento nenhuma informação foi prestada. Outro ar-
encabeçada pelo líder do governo no Senador, Romero Jucá
gumento é a existência de ação civil pública pela qual o Minis-
(PMDB-RR), com apoio de partidos da oposição, como o PT,
tério Público pretende a declaração da nulidade do ato que
PDT e PCdoB.
concedeu visto de permanência a Battisti, e, consequentemen-
. A sessão que aprovou a proposta foi tumultuada. O prin-
te, sua deportação.
cipal protesto dos deputados foi pelo fato de a votação do
O juízo da 20ª Vara Federal do Distrito Federal julgou proce-
texto-base do projeto ter sido simbólica. Um dos que prota- dente a ação e determinou a imediata prisão administrativa do
gonizaram a confusão foi o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). italiano, mas a ordem foi suspensa liminarmente pelo Tribunal
Ele foi à tribuna e classificou como “vergonha” a votação ter Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Finalmente, alegam que
sido nominal. Para ele, os deputados que apoiam o fundo não Battisti casou-se com uma brasileira e tem um filho que depende
quiseram deixar a “digital” na aprovação da medida. econômica e afetivamente dele, o que impede a sua expulsão.
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 Apontando risco iminente e irreversível, a defesa pede
a concessão de liminar para obstar eventual extradição, de-
PF AUTUA BATTISTI EM FLAGRANTE POR EVASÃO DE portação ou expulsão a ser levada a efeito pelo presidente da
DIVISAS E LAVAGEM DE DINHEIRO República. No mérito, pede-se a confirmação da liminar ou a
conversão do HC em reclamação a fim de preservar a auto-
A Polícia Federal indiciou o ativista italiano Cesare Battisti ridade de decisão do STF que reconheceu que a negativa de
por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Battisti foi preso extradição é insindicável pelo Poder Judiciário (RCL 11423),
em flagrante nesta quarta-feira, 4, quando estava tentando determinando-se assim o trancamento da ação civil pública.
atravessar a fronteira para a Bolívia com US$ 6 mil – quantia Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
superior a R$ 10 mil em dinheiro.
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália sob acu- FICHA LIMPA ATINGE CONDENADOS ANTES DE 2010,
sação de quatro assassinatos. No último dia de seu segundo DECIDE STF
mandato, em 2012, o então presidente Lula assinou decreto POR 6 A 5, MINISTROS DO SUPREMO TRIBUNAL FE-
no qual negou ao governo italiano o pedido de extradição do DERAL NEGARAM RECURSO DO VEREADOR DE NOVA
ativista. SOURE, NA BAHIA, QUE FOI BARRADO DAS ELEIÇÕES
O italiano não teria declarado o dinheiro. Os federais que- DE 2012 POR UMA CONDENAÇÃO EM 2004, ANTES DA
rem saber o que o ativista pretendia fazer com a quantia no APROVAÇÃO DA LEI
país vizinho.
Após ser detido, segundo a PF, ‘agentes da Delegacia de Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta
Corumbá averiguaram a situação em que Battisti se encontra- quarta-feira (4) que o prazo de oito anos de inelegibilidade fi-
va na região de fronteira’. xado pela Lei da Ficha Limpa pode ser aplicado inclusive para

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ATUALIDADES

candidatos que tenham sido condenados antes da publicação FUX NEGA LIMINAR E MANTÉM PROCESSO CONTRA
da lei, em 2010. Com o plenário dividido, coube à presidente SIMÃO JATENE POR CORRUPÇÃO
da Corte, ministra Cármen Lúcia, desempatar o placar e definir GOVERNADOR DO PARÁ, DENUNCIADO PELO MINIS-
o resultado. TÉRIO PÚBLICO FEDERAL, TENTAVA POR MEIO DE HABEAS
Os ministros ainda definirão nesta quinta-feira (5) se vão CORPUS SUSPENDER AÇÃO EM QUE É ACUSADO DE RE-
modular a decisão da Corte, o que poderia limitar o alcance CEBIMENTO DE ‘VANTAGENS INDEVIDAS’ DA CERVEJARIA
do entendimento firmado no julgamento. O relator do caso, CERPA SOB ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO
ministro Ricardo Lewandowski, alertou ao final da sessão para
o risco de prefeitos, vereadores e deputados atualmente no O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, negou
exercício do mandato serem cassados. liminar no Habeas Corpus (HC) 148138 por meio da qual a de-
“Essa matéria foi exaustivamente analisada pelo Tribunal fesa do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), pedia para
Superior Eleitoral, prevalecendo esse entendimento (de retroa- suspender processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em
tividade) de maneira correta”, disse Cármen Lúcia. que foi denunciado pela suposta prática de corrupção passiva,
A Lei da Ficha Limpa prevê que são inelegíveis os candi- pelo suposto recebimento de vantagens indevidas da cerveja-
datos condenados por abuso de poder econômico ou político ria Cerpa.
para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, O relator não verificou um dos requisitos para a concessão
bem como para as que se realizarem nos oito anos seguintes. da medida cautelar – a plausibilidade jurídico do pedido (fumus
A legislação anterior previa um prazo de apenas três anos. Em boni iuris).
2011, o STF decidiu que a Lei da Ficha Limpa valeria apenas a As informações foram divulgadas no site do Supremo.
partir das eleições de 2012. Para a defesa de Jatene, o suposto crime apontado pelo
“Jamais vi uma situação idêntica em que se coloca em se- Ministério Público Federal ocorreu em setembro de 2002, por-
gundo plano, de forma clara, ostensiva, a segurança jurídica. tanto, aplicando o prazo prescricional do artigo 109, inciso III,
A sociedade não pode viver em sobressaltos, muito menos do Código Penal (CP), a extinção da punibilidade teria ocorrido
sobressaltos provocados pelo Supremo. Retroação da lei, pra em setembro de 2014.
mim, é o fim em termos de Estado Democrático de Direito”,
O relator do caso no STJ reconheceu monocraticamente a
disse o ministro Marco Aurélio Mello, que votou nesta quarta-
prescrição da pretensão punitiva.
feira contra a retroatividade da lei.
Em exame de agravo regimental, no entanto, a Corte en-
“A questão é muito séria, porque inaugura mediante a voz
tendeu que o suposto crime teve continuação em 2003, quan-
do Supremo o vale tudo, que não se coaduna com o Estado
do Jatene, ao assumir o governo, teria repactuado a proposta
Democrático de Direito”, concluiu Marco Aurélio.
original para que o pagamento das vantagens indevidas fosse
A aplicação do prazo de oito anos de inelegibilidade para
políticos condenados antes da publicação da Lei da Ficha Lim- feito em parcelas.
pa também foi criticada pelo ministro Gilmar Mendes. Com isso, o STJ, levando em conta outros aspectos para
“Quando o legislador concebe mudanças – e são neces- a definição da prescrição – como a incidência de causa de
sárias mudanças – é óbvio que faz pra frente. ‘Ah, mas nós aumento da pena referente a ocupação de função pública -,
queremos atingir fatos passados’. Então rasgue a Constituição, afastou a prescrição e manteve a tramitação do processo para
porque isso não passa no teste inclusive do ato jurídico per- posterior análise do recebimento da denúncia.
feito, da coisa julgada. ‘Ah, mas queremos aplicar o princípio O ministro Luiz Fux apontou que ‘a matéria de fundo do
da moralidade’. Isso é direito nazifascista, não tem nada a ver habeas exige uma análise mais detida, pois a pretensão da de-
conosco, com o nosso sistema”, disse Gilmar. fesa impõe a avaliação aprofundada entre os fatos citados na
O plenário do STF se dividiu na questão. Além de Cármen, denúncia e o que foi decidido pelo STJ’.
votaram pela retroatividade do prazo de inelegibilidade os mi- O ministro lembrou ainda que ‘a concessão de medida
nistros Luiz Fux, Rosa Weber, Edson Fachin, Dias Toffoli e Luís cautelar pressupõe o atendimento concomitante dos requisi-
Roberto Barroso. Em sentido contrário se posicionaram Gilmar, tos do fumus boni iuris e do perigo da demora, não tendo sido
Marco Aurélio, Lewandowski, Alexandre de Moraes e o decano demostrado, de plano, o preenchimento do primeiro requisito’.
da Corte, Celso de Mello. Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017
A discussão girou em torno do caso do ex-vereador Diler-
mando Fereira Soares contra decisão do Tribunal Superior Elei- ECONOMIA
toral (TSE) que rejeitou o registro de sua candidatura à reeleição
no município de Nova Soure, na Bahia, nas eleições de 2012. LATAM VENDE SUBSIDIÁRIA DE SERVIÇOS NO CHILE
Como o caso tem repercussão geral, a tese a ser firmada nesta POR US$ 38,4 MILHÕES
quinta-feira valerá para diversas instâncias em todo o País. OPERAÇÃO VAI RENDER À EMPRESA UM LUCRO DE
Dilermando foi alvo de condenação judicial que transitou US$ 20 MILHÕES NO BALANÇO DO QUARTO TRIMESTRE
em julgado em 2004. Depois de cumprir o prazo de três anos DESTE ANO, INFORMOU A COMPANHIA.
de inelegibilidade baseado na legislação anterior, conseguiu
se eleger vereador em 2008. Em 2012, tentou a reeleição, mas O grupo aéreo Latam anunciou nesta quinta-feira (5) que
teve o registro de candidatura impugnado com base no novo assinou acordo de venda de 100% do capital da empresa de
prazo de oito anos de impedimento fixado pela Lei da Ficha serviços aeroportuários Andes Aiport Services SA, que era con-
Limpa, que já estava em vigor. trolado pela holding, para a Acciona Airport Services SA por
Fonte: O estadão. Acessado em 10/2017 24,3 bilhões de pesos chilenos (US$ 38,4 milhões).

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ATUALIDADES

A operação vai render à Latam um lucro de US$ 20 mi- Segundo nota do órgão formado por autoridades da
lhões no balanço do quarto trimestre deste ano, informou a área de energia do governo após reunião nesta quarta-feira,
companhia em comunicado. De acordo com o texto, a Andes o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou
Aiport Services SA realiza serviços aeroportuários, como ma- simulações atualizadas de expectativa de armazenamento nas
nuseio de bagagens, abastecimento de combustível, limpeza e hidrelétricas Três Marias e Sobradinho ao longo do período
suprimento de alimentos e bebidas nas aeronaves. seco, utilizando os piores cenários de afluências verificados
Juntamente com a venda, foi assinado acordo por meio no histórico, “que têm se aproximado da realidade vivenciada
do qual a Andes Aiport Services vai continuar atendendo a La- atualmente”.
tam em Santiago por pelo menos cinco anos. E os resultados apontam para o atingimento dos níveis
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 de armazenamento, ao final do período seco, em novembro
de 2017, de 4,2% na hidrelétrica de Três Marias e de zero para
ALTA NAS VENDAS DE CARROS NOVOS NÃO IMPEDE Sobradinho, no rio São Francisco.
AUMENTO DE NEGOCIAÇÃO DE USADOS Ainda assim, com a região Nordeste sendo suprida por
PUXADAS PELOS SEMINOVOS, VENDAS DE VEÍCULOS outras fontes de energia, como eólica e térmica, o CMSE ava-
DE ‘SEGUNDA MÃO’ SOBEM 8,4% DE JANEIRO A SETEM- lia que é zero o risco de qualquer déficit de energia em 2017
BRO, NA COMPARAÇÃO COM 2016. AS DOS ZERO QUILÔ- para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
METRO ACUMULAM AUMENTO DE 8%. Com base nos resultados apresentados pelo ONS para
diferentes cenários de período úmido, o CMSE reiterou a im-
O reaquecimento das vendas de carros zero no Brasil não portância de que sejam adotadas medidas necessárias para
impede que a procura pelos usados continue aumentando. preservação dos estoques dos reservatórios das usinas hi-
As negociações desses veículos cresceram 4,7% em se- drelétricas do Rio São Francisco, a fim de proporcionar segu-
tembro, na comparação com 1 ano atrás, de acordo com da- rança hídrica para a bacia no próximo ano.
dos da federação dos distribuidores, a Fenabrave. Para o final de novembro de 2017, quando tipicamente se
A entidade considera os registros de transferência de do- inicia o replecionamento dos reservatórios devido ao aumen-
cumentos do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). to das afluências, a expectativa é que os armazenamentos
De janeiro a setembro, foram negociados 7,9 milhões de equivalentes dos subsistemas Sul, Nordeste e Norte atinjam
automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) usados, um valores inferiores aos verificados em 2014, ano mais crítico do
volume 8,5% mais alto que o registrado no mesmo período histórico recente.
do ano passado. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve alcançar arma-
Já as vendas de carros novos cresceram 7,9% sobre os 9 zenamento próximo ao verificado em 2014, segundo o CMSE.
primeiros meses de 2016, com 1,5 milhão de unidades. Dessa forma, “o CMSE reiterou a importância de viabiliza-
Base fraca ção de recursos adicionais de usinas termelétricas que se en-
O aumento na venda dos zero quilômetro, no entanto, é contram no momento operacionalmente disponíveis, porém
em relação a uma base mais fraca que a dos carros usados, sem combustível”.
que, no ano passado, terminaram com estabilidade sobre “Assim, o Comitê encaminhará correspondência à Petro-
2015, enquanto as vendas de carros novos caíram ainda mais. bras solicitando gestão da empresa no sentido de viabilizar
Segundo a Fenabrave, a cada 4 automóveis zero quilôme- o fornecimento de combustível a essas usinas”, disse a nota,
tro emplacados em setembro último, 6 usados foram nego- sem identificar motivos para a falta de combustível.
ciados. A entidade diz que uma média normal é de 1 para 3. No caso de uma operação térmica da Eletrobras no Norte
Seminovos lideram do país, a Petrobras tem sido forçada por decisão judicial a
Quando analisada a venda por “idade” dos veículos usa- fornecer o combustível, uma vez que a estatal do setor elé-
dos, os seminovos, como são chamados os que têm até 3 anos trico tem uma dívida bilionária com a petroleira, que tem se
rodados, foram os únicos a registrar alta no mês passado, se- negado a vender o produto.
gundo a Fenauto, federação que também contabiliza dados Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
do segmento.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 BNDES ESPERA DESEMBOLSOS DE R$ 110 BILHÕES A
R$ 120 BILHÕES EM 2018
GOVERNO DIZ QUE ABASTECIMENTO DE ELETRICI- VALOR REPRESENTA UM CRESCIMENTO DE ATÉ 50%
DADE ESTÁ ASSEGURADO APESAR DE SECA EM RELAÇÃO AOS R$ 80 BILHÕES PREVISTOS PARA ESTE
NO FIM DO PERÍODO SECO, HIDRELÉTRICA DE SO- ANO.
BRADINHO, NO RIO SÃO FRANCISCO, TERÁ ARMAZENA-
MENTO ZERO, APONTAM ESTIMATIVAS DO COMITÊ DE Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento
MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO (CMSE) Econômico e Social (BNDES) devem oscilar entre R$ 110 bi-
lhões e R$ 120 bilhões em 2018, um crescimento de até 50%
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) afir- em relação aos R$ 80 bilhões previstos para este ano, disse
mou nesta quarta-feira (4) que as condições de abastecimen- nesta quarta-feira (4) o diretor da área financeira da institui-
to de energia elétrica no país estão asseguradas, apesar das ção, Carlos Thadeu de Freitas.
previsões de chuvas abaixo da média em grande parte das “Hoje, o que puxa a economia ainda é o consumo, apesar
regiões de hidrelétricas do Brasil e dos níveis críticos dos re- de restrições, mas no ano que vem será o investimento que
servatórios do Nordeste. está num patamar pífio”, disse Freitas em entrevista à Reuters.

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ATUALIDADES

Neste ano até agosto, os desembolsos do BNDES somam “A Fundação agora iniciará as negociações do contrato
cerca de R$ 45 bilhões, com isso, a expectativa do banco é de de compra e venda de cotas com a Paper Excellence, empresa
uma aceleração nos últimos meses do ano. com sede na Holanda que fez uma oferta para adquirir a fa-
O superintendente da área financeira do BNDES, Selmo bricante de celulose”, informou a Funcef.
Aronovich, afirmou que espera que no último trimestre de No dia 2 de setembro, o grupo J&F, holding que controla
2017 os desembolsos operem em no mínimo R$ 10 bilhões a JBS, anunciou que fechou acordo de venda do controle da
ao mês. “A média do último trimestre será de pelo menos 10 Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence por cerca
bilhões de reais...Concessões, retomada da economia e juros de R$ 15 bilhões.
baixos justificam esse otimismo”, disse o superintendente à A Funcef, assim como a Petros, fundo de pensão dos em-
Reuters. pregados da Petrobras, tinham o direito de exercer sua opção
Segundo Freitas, as consultas de interessados em em- de venda na companhia em até 30 dias.
préstimos do BNDES “estão melhorando razoavelmente bem, Atualmente, a J&F detém 80,98% do capital da Eldorado.
por isso a expectativa de desembolso para o ano que vem é A fatia restante pertence a Petros (8,53%), Funcef (8,53%) e FIP
Olimpia (1,96%).
de entre 110 bilhões e 120 bilhões de reais”, afirmou ele citan-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
do as Finame e para capital de giro. A expectativa é baseada
em um crescimento do PIB de 3% a 4% em 2018.
DÉFICIT ACUMULADO DE FUNDOS DE PREVIDÊNCIA
O diretor da área financeira comentou que o banco deve
COMPLEMENTAR SOBE PARA R$ 77,6 BI, DIZ ABRAPP
captar entre 2 bilhões e 3 bilhões de dólares nos mercados PARA O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
externos em 2018, como forma de fazer frente a obrigações DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLE-
de desembolsos e atender em parte à chamada do governo MENTAR, SITUAÇÃO DO POSTALIS É EXCEÇÃO E SISTEMA
federal para devolver recursos ao Tesouro. ESTÁ BEM CAPITALIZADO.
“Hoje é possível captar 2 bilhões a 3 bilhões (de dólares)
no exterior...Obviamente, o banco vai se voltar a captações O déficit acumulado dos fundos fechados de previdência
externas, que é mais barato, porém não tão barato quando o complementar subiu para R$ 77,6 bilhões em junho, ante R$
dinheiro que veio do Tesouro Nacional”, disse Freitas. 71,7 bilhões no fim de 2016, informou nesta quarta-feira (4) a
Ele estimou que em nome da prudência bancária o BN- Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
DES precisa ter em caixa, livre e disponível em 2018, 8 por Complementar (Abrapp).
cento do total das operações ativas, o equivalente a um “caixa O déficit é a diferença entre o patrimônio de um plano e
prudencial entre 60 e 70 bilhões” de reais. O banco tinha em seus compromissos com pagamentos atuais e futuros. Segun-
caixa até final de agosto cerca de R$ 170 bilhões, sendo que do o balanço da Abrapp, dos 681 fundos de pensão no país,
boa parte dos recursos já estava comprometida em financia- 220 apresentam déficit, ao passo que 461 registram superávit.
mentos. O rombo cresce há 7 anos e atinge, sobretudo, fundos de
Mais cedo, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Cas- pensão de estatais. Do déficit total, 88% do valor está concen-
tro, afirmou durante evento em São Paulo que a devolução trado em apenas 10 planos, segundo a associação.
em 2018 de 130 bilhões de reais cobrada do banco pelo go- O total de participantes ativos nos fundos supera 2,5 mi-
verno “é materialmente improvável”. lhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil, segundo a
Questionado a respeito das demandas do governo, Frei- associação. A Abrapp informou também que os ativos totais
tas lembrou que como o Brasil mergulhou em crise em 2015 do sistema somavam R$ 808 bilhões em junho. A rentabilida-
e 2016, a demanda por recursos do banco foi fraca e por isso de média do setor no primeiro semestre foi de 4,24%, pouco
os valores que o BNDES tem a receber nos próximos meses abaixo da meta atuarial de 4,44%.
também será fraca. “Vai haver uma defasagem de uma volta A Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mentar (Previc), vinculada ao Ministério da Fazenda, decretou
fraca e demanda forte. Temos que atentar a isso e o banco
nesta quarta-feira intervenção no fundo de pensão dos fun-
tem que ter caixa mínimo”, disse o diretor.
cionários dos Correios, o Postalis, por um prazo de 180 dias.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
A Abrapp considera que a intervenção no Postalis é uma
exceção dentro do sistema.
FUNDO DE PENSÃO DA CAIXA DECIDE VENDER FATIA “O sistema está conseguindo pagar seus benefícios nor-
NA ELDORADO malmente”, disse o presidente da Abrapp, Luis Ricardo Mar-
J&F FECHOU EM SETEMBRO ACORDO DE VENDA DO tins, a jornalistas na abertura do congresso anual da Abrapp.
CONTROLE DA ELDORADO PARA O GRUPO HOLANDÊS “Temos um sistema sólido, que paga sem atrasos os direitos
PAPER EXCELLENCE POR CERCA DE R$ 15 BILHÕES. dos participantes”.
Para o presidente da Abrapp, o mais importante nesse
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Eco- momento é garantir aos participantes do Postalis todos os
nômica Federal, anunciou nesta quarta-feira (4) que decidiu benefícios a que eles têm direito.
exercer o direito de vender a participação de 8,53% na Eldo- Outro fundo de pensão com alto déficit é o dos funcioná-
rado Brasil Celulose. Segundo a agência Reuters, o valor da rios da Petrobras, o Petros. Em setembro, foi anunciado que
operação é avaliado em cerca de R$ 650 milhões. os funcionários da Petrobras terão de pagar parcelas extras
O fundo de pensão innveste na Eldorado por meio de de R$ 236 a R$ 3,6 mil mensais como parte do plano para
cotas do fundo de investimento FIP Florestal. equacionar um rombo de mais de R$ 27 bilhões.

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ATUALIDADES

O acordo prevê que a Petrobras deverá gastar R$ 12,8 No resultado trimestral, a companhia reverteu o prejuízo
bilhões ao longo de 18 anos para equacionar o déficit do Pe- líquido de US$ 191 milhões do quarto trimestre fiscal do ano
tros. Apenas no primeiro ano, o desembolso previsto para a passado, em lucro de US$ 20 milhões no mesmo período de
empresa será de R$ 1,4 bilhão. Já a BR Distribuidora entrará 2017. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-fei-
com R$ 900 milhões. ra (4) em balanço financeiro da empresa.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 O lucro por ação ficou em US$ 5,09 no ano fiscal de 2017,
superior aos US$ 2,99 obtidos um ano antes.
UBER LIMITA PODER DO EX-PRESIDENTE E ABRE ES- De acordo com a Monsanto, este desempenho “deverá
PAÇO PARA INVESTIMENTO DE GRUPO JAPONÊS crescer no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018”. Para o
AS ALTERAÇÕES NA POLÍTICA DE GESTÃO APROVA- quarto trimestre, a empresa registrou lucro por ação de US$
DAS PELA DIRETORIA, QUE DEPENDEM DO INVESTIMEN- 0,05, em comparação com uma perda por ação de US$ 0,44
TO DO SOFTBANK, INCLUEM A ELIMINAÇÃO DO ‘SUPER- em 2016.
VOTO’ DE ALGUMAS AÇÕES, COMO AS CONTROLADAS A receita do quarto trimestre subiu 4,8%, para US$ 2,69
POR KALANICK. bilhões, ante US$ 2,56 bilhões em igual intervalo de um antes,
enquanto o consenso dos analistas consultados pela FactSet
O conselho de administração do Uber aprovou em reu- apontava para uma queda a US$ 2,50 bilhões.
nião nesta terça-feira (3) um plano que reduz a influência do A companhia atribuiu os resultados de vendas à adoção
ex-presidente executivo da empresa Travis Kalanick e abre a de novas tecnologias para a soja na América e os preços glo-
porta para um investimento colossal do grupo de telecomu- bais do milho.
nicações japonês SoftBank. O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ficou em US$
A proposta adotada pela diretoria do Uber também pro- 3,26 bilhões no acumulado de 2017, em comparação com
mete acabar com os confrontos entre partidários de Kalanick US$ 2,41 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Na análise
e investidores que suspeitam que o fundador da empresa trimestral, houve retração de US$ 62 milhões, porém, inferior
pretende voltar à direção. à redução de US$ 103 milhões do quarto trimestre de 2016.
“Hoje, após dar as boas-vindas aos novos diretores Ursu- Considerando a pendente fusão com a Bayer, que deve-
la Burns e John Thain, a diretoria aprovou, por unanimidade, rá ser concluída apenas no início de 2018, a Monsanto disse
avançar com o investimento do SoftBank e modificar a po- que não forneceria guidance para 2018. No entanto, um dos
lítica de administração empresarial para fortalecer sua inde- segmentos que continuará sendo chave é a tecnologia Intacta
pendência e garantir a igualdade entre todos os acionistas”, RR2 PROTM para a soja da América do Sul.
informou o Uber em e-mail. O acordo com a Bayer envolve o volume financeiro de
“O interesse do SoftBank é um incrível voto de confiança US$ 57 bilhões e deverá criar o maior fornecedor mundial de
no negócio do Uber e em seu potencial a longo prazo, e es- agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.
peramos concluir este investimento nas próximas semanas”. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
A previsão é de que o Softbank injete entre US$ 1 bilhão e
US$ 1,25 bilhão na empresa com sede em San Francisco, cujo PREÇO DA CESTA BÁSICA DE MANAUS REDUZ 0,70%
valor atual é de US$ 69 bilhões, segundo uma fonte ligada ao E FICA EM R$ 355,47 EM SETEMBRO
assunto. COM QUEDA DO VALOR DA CESTA, MANAUS PAS-
Como medida de investimento secundário, o grupo ja- SOU A OCUPAR A 14° COLOCAÇÃO NO RANKING DAS
ponês lançaria uma oferta pública para comprar entre 14% e CESTAS BÁSICAS MAIS CARAS DO PAÍS.
17% das ações em circulação de grandes investidores, segun-
do a fonte. O custo da cesta básica de Manaus diminuiu em relação
As alterações na política de gestão aprovadas pela dire- ao mês anterior ficando em R$ 355,47, de acordo com pes-
toria, que dependem do investimento do SoftBank, incluem a quisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística
eliminação do “super-voto” de algumas ações, como as con- e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com a queda do valor
troladas por Kalanick, visando limitar a influência dos funda- da cesta, Manaus passou a ocupar a 14° colocação no ran-
dores do Uber. king das cestas básicas, dentre as 21 capitais onde, atualmen-
Também há a exigência de mais de dois terços dos votos te é realizada. Açúcar (-9,60%) foi o produto que apresentou
da diretoria para a aprovação de um novo diretor-executivo. maior queda no mês seguido da farinha (-6,74%).
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 O preço da cesta básica de Manaus, composta por 12
produtos, teve variação de -0,70% em relação ao mês de
LUCRO DA MONSANTO CRESCE 70% NO ANO FISCAL agosto. No mês anterior o conjunto de itens alimentícios es-
DE 2017, PARA US$ 2,26 BILHÕES senciais custava R$ 357,97. Em setembro de 2016 a cesta bási-
COMPANHIA ATRIBUIU MAIORES VENDAS A À ADO- ca custou R$ 401,44 e a variação acumulada nos últimos doze
ÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS PARA A SOJA NA AMÉRI- meses ficou em -11,45%.
CA E AOS PREÇOS GLOBAIS DO MILHO. Na capital amazonense, sete produtos apresentaram
queda e cinco tiveram alta no mês analisado.
A norte-americana Monsanto reportou lucro líquido de Em setembro de 2017, houve predominância de queda
US$ 2,26 bilhões no ano fiscal de 2017, encerrado em 31 de nos preços do açúcar, da farinha, óleo de soja e tomate. Por
agosto, resultado cerca de 70% maior em comparação com outro lado, houve aumento da banana, pão e manteiga o que
US$ 1,33 bilhão registrados em 2016. influenciou na diminuição do custo da Cesta em Manaus.

8
ATUALIDADES

O açúcar (-9,60%) foi o produto que apresentou maior Kay Bailey Hutchison indicou que os mil soldados das
queda no mês seguido da farinha (-6,74%), do óleo de soja forças aliadas se uniriam aos 3.000 militares adicionais ame-
(-5,28%), do tomate (-4,00%), do feijão (-3,84%), do leite ricano que seguem para o Afeganistão, como parte da nova
(-2,33%) e do arroz (-0,61%). A banana (3,40%) foi o produto estratégia do presidente Donald Trump para o país.
que apresentou maior alta no mês seguido do pão (1,67%), da A embaixadora disse que o pedido americano à Otan -
manteiga (1,09%), da carne (1,08%) e do café (0,48%). cuja missão contribui para a formação do exército afegão -
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ainda não é definitivo.
“Nosso objetivo é dizer muito rapidamente, em duas se-
QUANTIDADE DE PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JUDI- manas, o que precisamos exatamente”, afirmou.
CIAL CAI 58,6% EM SETEMBRO, DIZ SERASA. Os ministros da Defesa dos 29 países da Aliança Atlântica
COMPARAÇÃO É COM O MESMO MÊS DE 2016; NÚ- se reunirão em novembro em Bruxelas para debater de forma
MERO DE FALÊNCIAS TAMBÉM CAIU. mais precisa as suas contribuições.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
O número de empresas que pediram recuperação judicial
caiu 58,6% em setembro ante o mesmo mês do ano passa- FORÇAS IRAQUIANAS RETOMAM DO ESTADO ISLÂ-
do. Foram 101 requerimentos. Na comparação com agosto, a MICO O CONTROLE DO CENTRO DE HAWIJA
queda foi de 41,3%. Os dados são da Serasa Experian e foram CIDADE ERA ÚLTIMO REDUTO DO GRUPO EXTREMIS-
divulgados nesta quarta-feira (4). De acordo com os economis- TA NO NORTE DO IRAQUE.
tas da instituição, a retomada do crescimento econômico e a
redução da taxa de juros estão contribuindo para a diminuição As forças iraquianas anunciaram nesta quinta-feira (5)
dos pedidos de recuperação judicial em 2017, após os níveis que retomaram o controle do centro Hawija, o último reduto
recordes atingidos no ano passado. do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque,
As micro e pequenas empresas foram as que mais preci- e afirmaram que prosseguem em seu “avanço” para libertar
saram de intervenção da Justiça nos negócios, com 59 pedi- a região.
dos em setembro. As médias vieram na sequência, com 26. As As unidades do exército e da polícia, assim como as for-
grandes companhias fizeram 16 pedidos. ças paramilitares de Hashd Al-Shaabi, “libertaram o centro de
No acumulado de janeiro a setembro, foram 1.087 solici-
Hawija em sua totalidade e continuam seu avanço”, afirma
tações de recuperação judicial, 26,5% menos que no mesmo
em um comunicado o general Amir Yarallah, que coordena
período de 2016, quando haviam sido registradas 1.479 ocor-
as operações.
rências. Nos primeiros nove meses do ano, as micro e peque-
A vitória na batalha por Hawija, iniciada em 21 de setem-
nas empresas fizeram 632 pedidos, enquanto as médias requi-
bro, acontece ao mesmo tempo em que as forças iraquianas
sitaram 292 e as grandes, 163.
continuam seus combates em outra frente, no deserto próxi-
Falências
Ainda de acordo com o levantamento da Serasa, os pe- mo da fronteira com a Síria.
didos de falência caíram 4,3% em setembro na comparação Na área ao longo da fronteira síria, os extremistas con-
anual (178 ante 186). Frente a agosto deste ano, porém, foi re- trolam duas localidades: Rawa e Al-Qaim, do outro lado da
gistrado aumento de 7,9%. província de Deir Ezzor, na Síria. Em 19 de setembro, as forças
Novamente as micro e pequenas empresas lideraram a lis- iraquianas iniciaram uma ofensiva para reconquistar ambas.
ta, com 99 requerimentos de falência, seguidas pelas grandes Hawija, a 230 km de Bagdá, é uma cidade sunita de mais
empresas, com 40, e pelas médias, com 39. de 70.000 habitantes que recebeu o apelido de “Kandahar do
No acumulado do ano até setembro foram contabilizados Iraque” pela presença de combatentes extremistas e em refe-
1.329 pedidos de falência, queda de 5,4% ante o mesmo perío- rência ao reduto dos talibãs no Afeganistão.
do de 2016, quando foram registrados 1.405. A cidade é uma das últimas grandes localidades do Ira-
Nos primeiros nove meses deste ano, as micro e pequenas que sob controle do EI, depois que os extremistas foram ex-
empresas fizeram 705 pedidos, enquanto as grandes solicita- pulsos nos últimos meses de grande parte dos territórios que
ram 337 e as médias, 287. dominavam desde 2014.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017

INTERNACIONAL CINCO RAZÕES PELAS QUAIS AS LEIS SOBRE ARMAS


NÃO MUDAM NOS ESTADOS UNIDOS
WASHINGTON QUER MIL SOLDADOS ADICIONAIS DA APESAR DE ONDA DE CLAMORES POR MAIOR CON-
OTAN NO AFEGANISTÃO TROLE DE ARMAS TODA VEZ QUE HÁ UM MASSACRE
MINISTROS DA DEFESA DOS 29 PAÍSES DO GRUPO SE COMETIDO POR UM ATIRADOR, EM ÂMBITO FEDERAL,
REUNIRÃO EM NOVEMBRO EM BRUXELAS PARA DEBA- PELO MENOS, QUASE NÃO HOUVE AVANÇO NESSA DI-
TER DE FORMA MAIS PRECISA AS SUAS CONTRIBUIÇÕES. REÇÃO EM DÉCADAS.

O governo dos Estados Unidos vai pedir a seus aliados da Se a história soa familiar é porque uma dinâmica pareci-
Otan que contribuam com mil soldados adicionais para ajudar na da tem se repetido nos últimos anos toda vez que um novo
luta contra os talibãs no Afeganistão, afirmou a nova embaixado- incidente envolvendo violência armada ganha as manchetes
ra da Washington na Organização do Tratado do Atlântico Norte. nos EUA.

9
ATUALIDADES

Após o massacre em Las Vegas, em que 58 pessoas foram A Câmara tende aos direitos pró-armas pela mesma ra-
mortas e mais de 500 feridas por um único atirador, ativistas zão que levou o Partido Republicano a dominá-la recente-
novos e antigos foram a público pedir leis que restrinjam a mente - por causa da forma como os distritos são distribuídos
aquisição e o porte de armas. por cada Estado (através de legislações estaduais), o partido
Em âmbito federal, pelo menos, os clamores por uma tem conseguido mais “assentos seguros” e uma proporção de
nova legislação não levaram a quase nenhuma ação em déca- cadeiras bem maior do que a indicada pelos votos absolutos
das, apesar de inúmeras pesquisas mostrando apoio público recebidos.
generalizado a medidas como reforço na checagem de ante- Os representantes desses distritos costumam responder
cedentes e proibição de armas de alto poder letal, como fuzis diretamente à vontade de seus eleitores fiéis - aqueles que vo-
de assalto. tam em eleições primárias do partido - e que não querem ser
Com um índice tão alto de vítimas fatais desta vez, no contrariados, principalmente em questões controversas como
ataque em Las Vegas, talvez a pressão por mudança seja o direito de portar armas.
maior. Mas aqui estão cinco grandes obstáculos que existem A demografia também desempenha um papel no senti-
nesse caminho. mento pró-armas na Casa, já que existem mais distritos rurais
1. A Associação Nacional do Rifle com níveis mais altos de posse de armamentos que urbanos.
A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês) Ou seja: alcançar uma maioria pró-controle nas áreas urbanas é
é um dos grupos de interesse mais influentes da política ame- pouco para mudar essa realidade política na Câmara.
ricana - não apenas por causa do dinheiro gasto com lobby, A não ser que ocorra uma migração em massa de liberais
mas também por causa do engajamento de seus cinco mi- urbanos sonhando com uma vida no campo, os dados demo-
lhões de membros. gráficos continuarão como estão.
A entidade se opõe à maioria das propostas para forta- No entanto, têm havido esforços para dar uma representa-
lecer a regulamentação de armas de fogo e está por trás de ção mais justa na distribuição e apontamento de distritos. Ba-
esforços em âmbitos federal e estadual para reverter várias rack Obama fez disso um de seus objetivos pós-presidência, e a
restrições a propriedade de armas. Suprema Corte atualmente está analisando um questionamen-
Em 2016, a NRA gastou US$ 4 milhões em lobby e con- to legal aos distritos legislativos de Wisconsin, que dão uma
tribuições diretas a políticos, assim como mais de US$ 50 nítida vantagem aos republicanos. Mas não será fácil conseguir
milhões em campanhas políticas, incluindo cerca de US$ 30 alguma mudança expressiva.
milhões para eleger o presidente Donald Trump. 3. Tática de obstrução
O orçamento anual global da associação gira em torno Se um projeto de lei de controle de armas conseguisse sair
da Câmara dos Deputados, ainda enfrentaria um desafio no
de US$ 250 milhões, distribuídos entre programas educacio-
Senado, onde também pesa a divisão rural-urbana. Os Estados
nais, centros ligados ao uso de armas, eventos para associa-
dominados pelos eleitores das grandes cidades, como Nova
dos, patrocínios, assessoria legal e esforços afins.
York, Massachusetts ou Califórnia, são superados em número
Mas para além dos números, a NRA tem construído repu-
por Estados rurais e do sul com sentimentos pró-armas.
tação em Washington como uma força política capaz de fazer
As regras do Senado também permitem que sejam frustra-
ou derrubar até mesmo os políticos mais fortes.
dos esforços no sentido de promulgar uma regulamentação de
A associação classifica os políticos de acordo com seus armas de fogo mais rigorosa graças a uma tática de obstrução
votos e aloca seus recursos e os de seus membros - tanto conhecida como filibuster - que, em linhas gerais, acaba fazen-
financeiros quanto organizacionais - para apoiar seus defen- do com que um projeto que precisava de maioria simples de 51
sores mais ferozes e derrotar adversários. votos para ser aprovado acabe precisando de 60 votos.
Como um ex-congressista republicano disse ao jornal Em 2013, após o tiroteio em uma escola de Newtown,
“The New York Times” em 2013: “Esse foi o único grupo em Connecticut, parecia que medidas para fortalecer as verifica-
que eu disse: ‘Enquanto estiver no cargo, não vou me opor à ções de antecedentes de compra de armas contavam com um
NRA’”. significativo apoio bipartidário no Senado. Após um esforço
Será que isso pode mudar? combinado de lobby da NRA, no entanto, o projeto recebeu
Os grupos pró-controle de armas, apoiados por ricos apenas 56 votos a favor, quatro menos que o necessário para
benfeitores como o ex-prefeito de Nova York Michael Bloom- quebrar a obstrução.
berg, se tornaram mais organizados nos últimos anos, tentan- Nenhuma medida de controle de armas chegou perto de
do igualar o poder político da NRA. Mas enquanto os defen- avançar desde então.
sores das armas continuarem a acumular vitórias legislativas e Será que isso pode mudar?
eleitorais, eles serão dominantes. Donald Trump tem defendido o fim dessa obstrução, que
2. Demografia do Congresso vê como obstáculo para a promulgação de sua agenda legis-
As tentativas mais recentes de aprovar novas leis federais lativa. A maioria dos senadores está, no entanto, publicamente
que regulassem as armas de fogo fracassaram antes mesmo contra a mudança das regras.
de começar, bloqueadas na Câmara dos Deputados dos EUA 4. Os tribunais
- que está nas mãos dos republicanos desde 2011. Com o Congresso mais interessado em reverter as regula-
Em junho de 2016, um grupo de políticos democratas or- mentações existentes sobre armas de fogo do que em implan-
ganizou um ato na Casa para protestar contra a decisão da li- tar novas regras, os Estados com tendência mais à esquerda
derança republicana de não colocar em votação dois projetos nos Estados Unidos assumiram um papel maior na implemen-
de lei sobre o tema. tação de medidas de controle de armas.

10
ATUALIDADES

Após o tiroteio na escola em Newtown, 21 Estados apro- HOMEM QUE VENDEU ARMAS PARA ATIRADOR DOS
varam novas leis de armas, incluindo a imposição de proibi- EUA SOFRE AMEAÇAS E DIZ QUE NÃO QUERIA ‘MACHU-
ções de armas de combate em Connecticut, Maryland e Nova CAR NINGUÉM’
York. STEPHEN PADDOCK, AUTOR DO MAIOR MASSACRE
No entanto, algumas dessas leis enfrentaram outra bar- DA HISTÓRIA AMERICANA, FEZ APENAS UMA VISITA À
reira - o sistema judicial dos EUA. Nos últimos anos, a Supre- LOJA NO INÍCIO DO ANO E COMPROU ‘VÁRIAS ARMAS’;
ma Corte do país decidiu duas vezes que o direito de possuir PROPRIETÁRIO REITERA QUE TODAS AS VENDAS FORAM
armas pessoais, como pistolas ou revólveres, está na Consti- LEGAIS.
tuição.
A Segunda Emenda diz que “sendo necessária à seguran- A loja de armas dirigida por David Famiglietti, que tem
ça de um estado livre a existência de uma milícia bem organi- 30 e poucos anos e gosta de caçar animais de grande porte,
zada, o direito das pessoas a manter e portar armas não deve fica em uma pequena ilha comercial entre as montanhas e a
ser violado”. areia cinzenta do deserto de Nevada, a meia hora de carro do
Os ativistas por controle de armas argumentam que o centro de Las Vegas.
enfoque da cláusula estaria no princípio de criar uma milícia Desde o último domingo, quando um de seus clientes
“bem regulamentada”. Em 2008, no entanto, a corte - alta- abriu fogo contra uma multidão de 20 mil pessoas e deixou
mente dividida - considerou que a Segunda Emenda estabe- 59 mortos e mais de 500 feridos, o movimento da loja, até en-
lece um amplo direito à titularidade de armas de fogo que tão formado por donos de pequenos sítios, militares da reser-
proíbe exigências rigorosas de registro de armas pessoais. va e famílias inteiras de entusiastas de armas pesadas, ganhou
Desde então, instâncias inferiores tem desafiado proibi- companhia indigesta: jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas de
ções de armas de combate impostas por Estados, requisitos todo o mundo em busca de informações.
de registro e proibições de porte de arma em público. Até Na última terça-feira, a BBC Brasil estava entre os novos
agora, no entanto, a Suprema Corte declinou de ouvir novos visitantes da New Frontier Armory.
casos ligados ao assunto. Quando a reportagem se aproximou do balcão, um jo-
Será que isso pode mudar? vem atendente de barba interrompeu uma explicação sobre
O juiz Neil Gorsuch, nomeado por Trump, deixou claro as pistolas da vitrine e se adiantou, apontando para uma equi-
pe de chineses que carregavam câmaras com lentes enormes.
que vê os direitos da Segunda Emenda de forma ampla. O
“Você é um deles?”
presidente está preenchendo tribunais inferiores com juízes
Antes da resposta, o homem estendeu um papel gasto
pró-direitos a armas. Pelo menos nessa questão, o Judiciário
com o email de Famiglietti, também vice-presidente da Coa-
parece estar se movendo para a direita.
lizão de Armas de Fogo de Nevada, ligada a Associação Na-
5. A diferença de entusiasmo
cional do Rifle - principal grupo lobista pró-armamento dos
Talvez o segundo maior obstáculo para novas leis de con-
Estados Unidos e doador de US$ 30 milhões para a campanha
trole de armas em âmbito nacional seja que os oponentes de Donald Trump à Presidência.
tendem a manter e defender fortemente suas crenças, en- Do lado de fora, um homem magro na casa dos 60 anos,
quanto o apoio à nova regulamentação tende a retroceder e notando a frustração deste repórter, pede um isqueiro e diz
fluir em torno de cada novo caso de violência. que “o dono (da loja) está aí, sim, vem todos os dias. Mas não
A estratégia da NRA e dos políticos pró-armas é aguardar quer falar pessoalmente com jornalistas”.
a tempestade passar - e reter esforços legislativos até que a ‘Não era a intenção’
atenção se mova para outra direção e protestos desapareçam. Famiglietti proibiu pessoalmente todos os funcionários e
Os políticos pró-armas oferecem seus pensamentos e funcionárias de responder a qualquer pergunta da imprensa.
orações, observam momentos de silêncio e pedem que ban- Deu ordem para que informassem a todos que apenas
deiras sejam hasteadas a meio mastro. Então, durante a cal- ele, o presidente da New Frontier Armory, seria a fonte para
maria, os esforços legislativos são protelados e, em última perguntas sobre o ocorrido.
instância, retirados do caminho. A reportagem esperou duas horas até que um alerta no
Na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Bran- celular mostrasse uma resposta em formato de nota oficial, na
ca, Sarah Huckabee Sanders, disse a jornalistas que “há tempo qual Famiglietti confirmava que o atirador Stephen Paddock,
e lugar para um debate político, mas agora é hora de se unir que se suicidou quando a polícia estava prestes a arrombar
como país”. seu quarto, havia comprado “várias armas de fogo” ali no iní-
Trump, em comentários ao sair da Casa Branca para via- cio do ano.
gem a Porto Rico, disse que “falaremos sobre leis de armas Ele fez apenas uma visita à New Frontier Armory.
com o passar do tempo”. O texto também ressaltava que todos os requisitos locais,
Será que isso pode mudar? estaduais e federais haviam sido preenchidos pelo atirador, e
De acordo com uma pesquisa realizada durante a cam- apontava que, desde o evento, a loja vinha colaborando “de
panha presidencial de 2016, armas foram uma questão im- todas as maneiras possíveis” com as investigações do FBI.
portante tanto para democratas quanto para republicanos. As respostas técnicas satisfizeram boa parte da impren-
Isso pode ter sido um reflexo do tiroteio em massa recorde sa americana, que vem repetindo as aspas de Famiglietti à
daquele ano em uma discoteca de Orlando - mas também exaustão.
uma primeira indicação de uma nova tendência. Mas os jornais acabaram deixando de lado trechos mais
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 pessoais do texto.

11
ATUALIDADES

“Não vendemos estas armas com a intenção de que ele Após o episódio, políticos do partido Democrata vêm
pudesse machucar alguém de qualquer maneira, caso se pro- pressionando o governo por leis federais mais exigentes no
ve que ele usou essas armas específicas neste crime terrível”, controle de vendas de armas e acessórios - algo que o presi-
diz o proprietário. dente Trump voltou a se recusar a comentar em visita rápida
Ele prossegue: “Seria como se culpassem o hotel Manda- a Las Vegas na terça-feira.
lay Bay por alugar um quarto (para ele), ou as autoridades por A BBC Brasil também perguntou qual era o perfil dos
nos darem permissão para fornecer a arma - isso obviamente clientes da loja e se há planos de mudanças ou reforços nas
não foi feito com intenções maldosas.” verificações feitas sobre quem pretende comprar armamento.
Famiglietti também diz, na nota enviada à reportagem, As respostas, até a publicação desta reportagem, não ha-
que ele e seus funcionários vêm sendo alvos de ameaças e viam chegado.
difamação desde o massacre. Na única nota enviada, o dono da loja também afirmou
“Desde que saiu a notícia de que nós somos uma das vá- que as armas vendidas ao atirador “não saíram do estabele-
rias lojas onde Paddock comprou armas de fogo nesta área, eu cimento com a capacidade de fazer o que vimos e ouvimos,
e meus empregados estamos recebendo mensagens de ódio sem modificações”.
com ameaças, telefonemas e SMSs ameaçadores”, diz. “Não eram armas completamente automáticas e não ha-
“Mesmo sabendo que isso não é o importante neste mo- viam (sido) modificadas de nenhuma forma (legal ou ilegal)
mento, pedimos que as pessoas deixem sua raiva onde ela quando compradas de nós.”
está em vez de ameaçar e machucar outras pessoas.” Desde que o Congresso americano aprovou a Lei de Pro-
A loja vem recebendo ataques em comentários e avalia- teção dos Proprietários de Armas de Fogo, em 1986, o acesso
ções no Google e em portais especializados. “Ótimo lugar para de civis a armas novas e totalmente automáticas se tornou
se abastecer para um assassinato em massa”, diz um recente. extremamente restrito.
Por dentro da loja Milhares de armas consideradas “de direito adquirido”
A tensão, entretanto, não parece ter abatido as vendas. - fabricadas e registradas antes de 1986 - ainda podem ser
Nas duas horas em que a reportagem esteve presente, duas compradas, mas por preços bastante altos e com necessida-
pistolas foram vendidas, além de vários acessórios e materiais de de aprovação pelo Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de
de proteção. Fogo e Explosivos do governo americano, em Washington.
A polícia americana diz que o atirador usou um acessório
Atrás do balcão, pai e filho perguntavam sobre um fuzil
legal em 12 de seus rifles semiautomáticos para que eles pu-
belga, vendido por US$ 2.549 (R$ 7,9 mil).
dessem disparar centenas de rodadas por minuto.
“Que caro, pai!”, disse o menino. Ambos se interessaram
Os dispositivos foram encontrados no quarto de Paddock
mais por uma Colt semiautomática (US$ 1059, equivalente a
no hotel Mandalay Bay - junto a um total de 23 armas de
R$ 3,3 mil).
fogo.
Pelo menos 200 armas ficam em exposição no estabeleci-
Os “bump-stocks”, ou adaptadores deslizantes de fogo”,
mento, que abre de domingo a domingo. permitem que os rifles semiautomáticos disparem a uma ve-
As prateleiras não têm só armas, silenciadores e munição. locidade semelhante à de uma metralhadora - e podem ser
Também são vendidas camisetas como a que diz “Apo- comprados sem as checagens exigidas para a compra de ar-
calipse Zumbi - ajudando os vivos a continuarem vivos e os mas automáticas.
mortos a continuarem mortos”. De acordo com o site de vendas online da loja, o produto
Uma série de DVDs da marca “Táticas Vikings, feita de não é comercializado pela New Frontier Armory.
guerreiros para guerreiros” ocupa uma prateleira inteira e en- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
sina desde fundamentos básicos para tiros de carabina e rifle,
até dicas para acompanhar animais de caça sem ser percebido. TRUMP VISITA SOBREVIVENTES DE MASSACRE DE
No caixa, um recipiente plástico com uma espécie de crâ- LAS VEGAS
nio guardava chocolates. A reportagem quis provar um e não ATIRADOR MATOU 58 PESSOAS E DEIXOU MAIS DE
conteve o susto ao tirar o bombom: “Bang! Você está morto”, 500 FERIDAS DURANTE FESTIVAL DE MÚSICA COUNTRY
“disse” a caveira. NO DOMINGO (2).’EUA SÃO VERDADEIRAMENTE UM
Nas paredes, alvos de tiro em formato humano se enfilei- PAÍS EM LUTO’, DISSE PRESIDENTE, QUE ELOGIOU MÉ-
ram por 99 centavos de dólar. Um deles, chamado “homem DICOS E POLICIAIS E TEVE ENCONTRO PRIVADO DE 90
mau”, retrata um homem com cara de poucos amigos apon- MINUTOS COM VÍTIMAS.
tando uma pistola.
‘Armas alteradas’ O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve
Após receber a nota oficial, a reportagem retornou o email nesta quarta-feira (4) em Las Vegas para se encontrar com
de Famiglietti de dentro da loja, perguntando se poderia tirar sobreviventes do maior ataque a tiros da história dos Estados
mais algumas dúvidas. Unidos. Um atirador matou 58 pessoas e deixou mais de 500
“Responderei com prazer”, respondeu o proprietário em feridas durante um festival de música country no domingo (2).
poucos minutos. Acompanhado da primeira-dama, Melania, o presidente
As novas perguntas se referiam a um eventual “estigma”, visitou um hospital para conversar com vítimas e médicos que
destacado por veículos de imprensa americanos, que defen- trabalharam no atendimento às vítimas. O casal passou 90 mi-
sores do armamento estariam enfrentando após o maior as- nutos em um encontro privado com as vítimas e suas famílias,
sassinato em massa da história do país. sem cobertura da imprensa.

12
ATUALIDADES

Ainda no hospital presidente cumprimentou médicos e As duas foram detidas pouco depois do assassinato e po-
responsáveis pelo primeiro atendimento no dia do ataque e dem ser condenadas à pena de morte.
agradeceu ao trabalho deles. Trump disse que conheceu “al- Na abertura do julgamento, na segunda-feira, as duas se
gumas das pessoas mais incríveis” e convidou alguns dos pro- declararam inocentes. Ao longo da investigação, elas nega-
fissionais a visitá-lo em Washington. “É de deixar qualquer um ram que desejavam cometer um assassinato e afirmaram que
muito orgulhoso por ser americano quando vemos o trabalho foram enganadas, que acreditavam estar participando de um
que eles fizeram”, comentou. programa de televisão do tipo “pegadinha”.
Trump se reuniu ainda com policiais, membros de equi- Os advogados de defesa afirmam que os culpados são
pes de emergência e cidadãos civis que ajudaram a socorrer norte-coreanos que fugiram da Malásia.
vítimas no domingo, a quem também elogiou. “Vocês mos- A Coreia do Sul acusa o Norte de ter organizado o as-
traram ao mundo e o mundo está assistindo, e vocês mostra- sassinato, o que Pyongyang nega. Kim Jong-Nam criticava o
ram o que é profissionalismo”. regime norte-coreano e vivia no exílio.
Na sede da Polícia Metropolitana de Las Vegas, ele fez Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
uma declaração à imprensa, na qual disse que “os EUA são
verdadeiramente um país em luto”. APÓS PRISÃO NO BRASIL, ITÁLIA NEGOCIA EXTRADI-
“Não podemos ser definidor pelo mal que nos ameaça ÇÃO DE BATTISTI
ou pela violência que incita esse terror. Somos definidos por CESARE BATTISTI FOI PRESO NESTA QUARTA EM CO-
nosso amor, nosso cuidado e nossa coragem”, afirmou. RUMBÁ. ELE FOI CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA NA
O chefe de Estado americano classificou o massacre ITÁLIA.
como “ato de pura maldade” no primeiro pronunciamento
que fez após um atirador atingir a multidão. Nesse primeiro O governo italiano confirmou, sua vontade de obter do
discurso, Trump não fez nenhuma referência a um aumento Brasil a extradição do ex-militante de extrema-esquerda Ce-
no controle na venda de armas. Desde a campanha eleitoral sare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália e detido
de 2016, ele está alinhado com a postura da Associação Na- ontem na fronteira brasileira com a Bolívia.
cional de Rifles (NRA). Battisti foi preso nesta quarta em Corumbá, cidade fron-
Nesta quarta, questionado por jornalistas, Trump voltou a teiriça com a Bolívia, levando mais de R$ 10 mil em dinheiro
evitar a discussão sobre controle de armas e disse mais uma sem declarar à Polícia Federal. É suspeito de cometer crime de
vez que este não é o momento apropriado para discutir a evasão de divisas.
questão. “Hoje trabalhamos com o embaixador (italiano no Brasil,
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 Antonio) Bernardini para trazer Battisti para a Itália e entregá-lo
à Justiça. Continuamos trabalhando com as autoridades bra-
GÁS SARIN É ENCONTRADO NAS ROUPAS DAS ACU- sileiras”, declarou o ministro italiano das Relações Exteriores,
SADAS PELA MORTE DO IRMÃO DE KIM JONG-UN Angelino Alfano. Ex-integrante do grupo Proletários Armados
KIM JONG-NAM MORREU 20 MINUTOS DEPOIS DE pelo Comunismo, Battisti, hoje com 62 anos, foi condenado à
SER ATINGIDO NO ROSTO PELO AGENTE NEUROTÓXICO prisão perpétua na Itália por quatro homicídios ocorridos na
VX, UM TIPO ALTAMENTE LETAL DO GÁS SARIN. década de 1970 e fugiu para o Brasil em 2004, onde viveu na
clandestinidade. Foi detido no Rio de Janeiro em 2007.
Vestígios de um tipo altamente letal do gás sarin, o agen- Dois anos depois, a pedido do país europeu, o Suprema
te neurotóxico VX, foram encontrados nas roupas das duas Tribunal Federal autorizou sua extradição, que foi negada em
acusadas pelo assassinato na Malásia do meio-irmão do líder 2010 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
norte-coreano, afirmou um químico durante o julgamento. Desde 2007, Battisti ficou detido por quatro anos antes de
Esta é a 1ª prova que vincula diretamente as duas mu- ser posto em liberdade em junho de 2011.
lheres ao agente neurotóxico VX, considerado uma arma de O último pedido de extradição por parte da Itália foi em
destruição em massa. 25 de setembro e, segundo a imprensa italiana, o presidente
No dia 13 de fevereiro, Kim Jong-Nam, meio-irmão do Michel Temer teria-se mostrado favorável, o que pode ter mo-
líder norte-coreano Kim Jong-Un, morreu 20 minutos depois tivado a “tentativa de fuga” de Battisti para a Bolívia.
de ser atingido no rosto por este produto quando estava no Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
aeroporto internacional de Kuala Lumpur. A indonésia Siti Ais-
yah e a vietnamita Thi Huong, acusadas pelo crime, estão sen- PRESIDENTE DA CATALUNHA PEDE MEDIAÇÃO PARA
do julgadas desde segunda-feira na Alta Corte de Shah Alam, RESOLVER CRISE COM GOVERNO ESPANHOL
subúrbio de Kuala Lumpur, onde fica o aeroporto. CARLES PUIGDEMONT CONTINUA DEFENDENDO
“Encontramos VX na camisa sem mangas de Siti Aisyah”, APLICAÇÃO DE REFERENDO INDEPENDENTISTA. GOVER-
declarou o químico Raja Subramaniam durante seu depoi- NO CATALÃO DEVE DECLARAR INDEPENDÊNCIA NA PRÓ-
mento nesta quinta-feira como testemunha. XIMA SEGUNDA, DIZ FONTE.
A camisa usada por Huong tinha VX em estado puro e
uma substância usada para fabricar veneno. Também havia O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigde-
vestígios de veneno em suas unhas, completou. mont, afirmou nesta quarta-feira (4) que a crise envolvendo
As imagens das câmeras de segurança do aeroporto esta região autônoma e o governo espanhol precisa de uma
mostram o momento em que as duas mulheres se aproxima- mediação, sem voltar atrás na sua defesa pela aplicação do
ram de Kim antes de jogar o líquido em seu rosto. resultado do referendo independentista do último domingo.

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ATUALIDADES

“Este momento precisa de mediação. Recebemos inúme- Os eurodeputados dos principais grupos também pedi-
ras propostas nas últimas horas e vamos receber mais. Todas ram às autoridades da Catalunha que evitem uma declaração
elas sabem que estou pronto para iniciar um processo de me- unilateral de independência, cuja adoção, segundo o porta-voz
diação”, afirmou. “Vou repetir quantas vezes for necessário: dos social-democratas Gianni Pittella “colocaria mais lenha na
diálogo e acordo são parte da cultura política do nosso povo. fogueira”.
No entanto, o Estado não deu nenhuma resposta positiva a No entanto, o governo catalão liderado por Carles Puigde-
essas ofertas”, acrescentou. mont parece disposto a declarar unilateralmente a independên-
Os dirigentes catalães garantem que venceram o referen- cia, o que poderia acontecer já na próxima segunda-feira (9),
do com 90% dos votos – 2,02 milhões de apoios sobre um durante uma sessão do Parlamento regional, de acordo com
censo de 5,3 milhões de eleitores – e agora querem decla- uma fonte do governo.
rar a independência de maneira unilateral. O governo catalão “Chegou o momento de dialogar, de encontrar uma saída
liderado por Carles Puigdemont parece disposto a declarar para o beco sem saída, de trabalhar dentro da ordem constitu-
unilateralmente a independência, o que poderia acontecer já cional da Espanha”, declarou em nome da Comissão seu vice
na próxima segunda-feira (9), durante uma sessão do Parla- -presidente, Frans Timmermans, durante um debate convocado
mento regional, de acordo com uma fonte do governo. pela Eurocâmara sobre a situação na Catalunha, após a resposta
“No último domingo conseguimos fazer um referendo policial de Madri para impedir a celebração do referendo do úl-
timo domingo (1º).
diante de um oceano de dificuldades e de uma repressão sem
As imagens da atuação policial no domingo na Catalunha,
precedentes. Ontem demos um exemplo no respeito à greve-
com apreensão de urnas e agressões contra pessoas que dese-
geral. E nos próximos dias voltaremos a mostrar a melhor cara
javam votar no referendo de independência considerado ilegal,
do nosso país quando as instituições da Catalunha terão que
obrigaram a UE a fazer um pronunciamento além de sua habi-
aplicar o resultado do referendo”, disse o presidente catalão. tual resposta de considerar a situação um “assunto interno” da
Centenas de policiais intervieram em centros de votação, Espanha.
utilizando cassetetes para dispersar os militantes concentra- Timmermans, autoridade europeia sobre o Estado de Direi-
dos na frente desses espaços para protegê-los e conseguir to e a Carta de Direitos Fundamentais, afirmou que “a violência
realizar a votação. Mais de 800 pessoas ficaram feridas. O go- não resolve nada na política”, mas destacou que “todos os go-
verno espanhol considera o referendo ilegal, alegando que a vernos têm que respeitar a supremacia do Direito e isto exige, às
Constituição declara que o país é indivisível. vezes, um uso proporcional da força”.
Durante seu pronunciamento, Puigdemont criticou o rei ‘Consenso’
Filipe VI, que em seu discuso “ignorou as pessoas que foram “Há um consenso geral de que o governo regional da Cata-
vítimas de violência policial”. lunha optou por ignorar a lei ao organizar o referendo celebrado
“O rei faz dele o discurso e as políticas do governo de Ma- no domingo passado”, o qual havia sido proibido pela Justiça es-
riano Rajoy, que têm sido catastróficos em relação à Catalu- panhola, completou o vice-presidente da Comissão, para quem a
nha, e ignora deliberadamente a milhões de catalães que não União Europeia é uma “comunidade baseada no Direito”.
pensamos como eles”, afirmou o presidente catalão, dizendo Timmermans evitou responder, durante o discurso, os pe-
que “não podemos compartilhar nem aceitar” a mensagem didos das autoridades catalãs por uma “mediação internacio-
do rei. nal”, reiterando a demanda da UE “a todos os atores pertinentes
Nesta terça, o rei criticou a conduta dos líderes catalães, a avançar para passar do confronto ao diálogo”.
dizendo que eles violaram as leis do Estado espanhol e de- “Isto é um assunto interno da Espanha, que deve ser resol-
monstraram uma “deslealdade inadmissível”. vido com base no âmbito constitucional espanhol”, reiterou o
A Espanha vive uma de suas piores crises políticas dos vice-presidente da Comissão, que reproduz, assim, os principais
últimos 40 anos, desde que o executivo separatista catalão argumentos do governo espanhol do primeiro-ministro conser-
decidiu organizar este referendo de autodeterminação apesar vador Mariano Rajoy.
de sua proibição. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
VIOLÊNCIA
UNIÃO EUROPEIA PEDE DIÁLOGO NA CATALUNHA,
JUSTIÇA NEGA LIBERDADE E MANTÉM PRISÃO DE
MAS DEFENDE MADRI
MOTORISTA QUE MATOU 3 NA MARGINAL TIETÊ
‘CHEGOU O MOMENTO DE ENCONTRAR UMA SAÍDA TJ NEGOU NESTA SEMANA HABEAS CORPUS FEITO
PARA O BECO SEM SAÍDA’, DIZ AUTORIDADE EUROPEIA. PELA DEFESA DE TALITA TAMASHIRO, QUE EM 30 DE SE-
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DA CATALUNHA TEMBRO ATROPELOU E MATOU VÍTIMAS QUANDO DIRI-
PODE SER FEITA NA PRÓXIMA SEGUNDA, SEGUNDO GIA EMBRIAGADA, AO CELULAR E COM CNH SUSPENSA.
FONTE.
A Justiça de São Paulo negou nesta semana o pedido de
A Eurocâmara pediu “diálogo”, nesta quarta-feira (4), liberdade feito pela defesa da motorista que atropelou e matou
diante da crise aberta na Espanha com o referendo de inde- três pessoas na Marginal Tietê. Talita Sayuri Tamashiro, de 28
pendência na Catalunha, ao mesmo tempo em que a Comis- anos, foi presa em flagrante no último dia 30 de setembro por
são Europeia justificou o uso da força em alguns momentos homicídio doloso - quando há intenção ou se assume o risco
para garantir “a supremacia do Direito”. de matar - e embriaguez ao volante.

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ATUALIDADES

Na madrugada daquele sábado, Talita saiu embriagada SUSPEITO DE ABUSAR SEXUALMENTE DE ENTEADA É
da balada Villa Mix, na Vila Olímpia, Zona Sul da capital, pe- PRESO EM ITUIUTABA
gou seu Honda Fit verde, mesmo com a carteira de habilita- SEGUNDO A POLÍCIA CIVIL, INVESTIGAÇÕES APURAM
ção suspensa, e dirigiu o veículo enquanto usava o celular. SE ATOS DE VIOLÊNCIA SERIAM COMETIDOS CONTRA ME-
Na sequência, ela bateu o veículo em uma BMW preta, NINA DESDE QUE ELA TINHA 6 ANOS DE IDADE.
estacionada no acostamento da via expressa, altura da Ponte
dos Remédios da marginal, sentido Rodovia Ayrton Senna. Na Um homem de 44 anos foi preso nesta quarta-feira (4)
colisão, atropelou o fisioterapeuta Raul Fernando Nantes An- sob suspeita de abusar sexualmente da enteada de 11 anos
tonio, de 48, a auxiliar administrativa Aline Jesus Souza, 28, e a em Ituiutaba. De acordo com a Polícia Civil, um inquérito sobre
gerente de estacionamento Vanessa Lopes Relva, também de o caso foi aberto no dia 29 de setembro, depois que a criança
28. O trio morreu no local. relatou para um funcionário da escola onde estuda que sofria
O G1 não conseguiu localizar o advogado Eduardo Sia- violência sexual desde os 6 anos de idade.
no, que defende Talita, para comentar a decisão liminar do Ainda segundo a polícia, o relato da criança foi passado
desembargador Newton Neves, da 16ª Câmara de Direito Cri- para o Conselho Tutelar, que encaminhou a denúncia para a
minal do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que na última Delegacia de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Idoso. No
terça-feira (3) negou o habeas corpus em caráter liminar feito Posto Médico Legal, o exame de corpo de delito confirmou que
pela defesa da motorista. a menina teve relações sexuais.
Siano havia pedido para o TJ reverter a tipificação criminal A delegada Daniela Diniz Medeiros, que está à frente do
de homicídio doloso para homicídio culposo, no qual não há caso, disse que testemunhas já começaram a ser ouvidas e as
intenção de matar, e, desse modo, soltasse sua cliente para investigações apontam que a criança era abusada pelo padras-
que ela respondesse ao processo em liberdade. to há cerca de cinco anos. Conforme relato da enteada, o ho-
Assumiu risco mem aproveitava os momentos em que a mãe da criança saía
O desembargador não atendeu à solicitação da defesa, para trabalhar para cometer o abuso.
lembrando que, segundo a polícia, Talita “após ter ingerido O suspeito do crime foi encaminhado para o presídio.
bebida alcoólica e mesmo assim ter dirigido veículo automo- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
tor por uma via tão perigosa, ter assumido o risco de causar
JUSTIÇA DECRETA PRISÃO DE PROFESSOR SUSPEITO
um acidente com vítima fatal”. O mérito do pedido ainda será
DE ABUSAR DE ALUNAS NO MARANHÃO
julgado futuramente por outros desembargadores do TJ.
O PROFESSOR COSTUMAVA ACARICIAR AS ALUNAS,
Foi a terceira derrota da defesa de Talita na Justiça. A pri-
ALÉM DE PEDIR QUE ELAS LHE FIZESSEM MASSAGENS,
meira havia sido na audiência de custódia do último domingo
SOB PENA DE SEREM SUSPENSAS DA SALA DE AULA
(1º), quando a juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi, do Fó-
CASO RECUSASSEM.
rum da Barra Funda, Zona Oeste, converteu a prisão em fla-
grante da motorista em prisão preventiva para que ela fique Justiça decretou, na última segunda-feira (2), a prisão tem-
detida até seu eventual julgamento. porária de um professor de Bom Jardim (MA) após denúncias
Dias depois disso, o juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, da de que ele estaria abusando sexualmente de alunas de uma
5ª Vara do Júri, também no Fórum da Barra Funda, negou o escola municipal.
pedido do advogado de Talita para anular a prisão preventiva A Denúncia, assinada pelo promotor de justiça Fábio San-
determinada pela juíza da audiência de custódia. tos de Oliveira, enquadra as condutas praticadas por Jânio de
“Os delitos, em tese, imputados à indiciada, além de Abreu como estupro de vulnerável, assédio sexual, ato obsce-
ostentarem gravidade acentuada, geram inequívoca intran- no. Além disso, o professor transmitiu vídeos e fotos contendo
quilidade social, já que, a despeito das inúmeras campanhas cenas de sexo com crianças e adolescentes, e armazenou em
públicas educativas, infelizmente, tem-se tornado fato corri- seu celular pornografia envolvendo criança ou adolescente.
queiro mortes no trânsito por conta da nefasta combinação No pedido de prisão preventiva, o promotor afirma que
entre álcool, condução de veículo automotor, excesso de ve- o denunciado representa perigo para a sociedade, podendo
locidade e impunidade, motivos que, por si sós, já reclamam continuar com as práticas. “Trata-se verdadeiramente de um
diferenciado rigor na imposição das medidas cautelares, de pedófilo, que certamente continuará a estuprar, praticar ato li-
modo a assegurar o primado da lei e a garantia da ordem bidinoso, assediar, constranger outras crianças e adolescentes,
pública”, havia escrito. ainda que não sejam elas suas alunas em sala de aula”, ressalta.
O teste de bafômetro feito logo depois do acidente O professor costumava acariciar as alunas, além de pedir
apontou que a motorista tinha 0,48 miligrama de álcool por que elas lhe fizessem massagens, sob pena de serem suspensas
litro de ar em seu organismo. Segundo o artigo 306 do Códi- da sala de aula caso recusassem. Além disso, ele fazia gestos
go Brasileiro de Trânsito, dirigir sob influência de álcool acima obscenos e mostrava vídeos pornográficos aos alunos no espa-
de 0,34 miligrama dá de seis meses a 3 anos de prisão, além ço de aprendizagem. Além da prisão preventiva, o juiz Raphael
da suspensão da habilitação. Leite Guedes também atendeu ao pedido do Ministério Público
Talita já estava com a carteira suspensa desde junho deste para que o telefone celular de Jânio Silva de Abreu seja pericia-
ano por ter atingido 36 pontos (o limite é 20). Ela está presa do em busca de fotografias, vídeos e conversas que comprovem
atualmente na Penitenciária Feminina de Tremembé, interior os crimes praticados pelo professor. O magistrado determinou
do estado. que o aparelho seja encaminhado à Polícia Civil, que deverá
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 apresentar um laudo pericial no prazo de 20 dias.

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ATUALIDADES

Penas A organização, com sede na Inglaterra, publicou esta se-


O crime de estupro de vulnerável tem pena prevista de mana um relatório em que afirma que desde 2014 as fotos
reclusão de oito a 15 anos. Para o assédio sexual, o Código de pessoas com animais no Instagram aumentaram 292% no
Penal prevê pena de detenção de um a dois anos. Por ato mundo todo. E em 40% delas, os humanos aparecem “abra-
obsceno, o professor estaria sujeito a detenção de três meses a çando ou interagindo de forma inadequada com um animal
um ano ou multa. selvagem”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu artigo Com frequência, os animais são capturados e maltratados
241-A, pena de reclusão pelo período de três a seis anos, além antes de serem exibidos aos turistas, aponta a World Animal
de multa. Já no art. 241-B, a pena prevista é de reclusão de um a Protection, que se infiltrou em excursões na selva amazônica
quatro anos, mais multa. do Brasil e do Peru para registrar estas interações.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 “Atrás das câmeras, estes animais costumam ser espan-
SEGURANÇA DE CRECHE EM JANAÚBA ATEIA FOGO cados, separados de suas mães quando bebês e guardados
EM CRIANÇAS DEIXANDO MORTOS E FERIDOS secretamente em lugares sujos e apertados; ou são cevados
ELE TAMBÉM ATEOU FOGO NELE reiteradamente com alimentos que podem ter um impacto
negativo a longo prazo em seu organismo e comportamen-
Pelo menos três crianças morreram queimadas em uma
to”, afirma o grupo.
creche em Janaúba, no Norte de Minas, na manhã desta quin-
“Com muita frequência os turistas desconhecem com-
ta-feira (5). Segundo as primeiras informações da Polícia Militar,
o guarda da creche ateou fogo em algumas crianças e em seu pletamente esta crueldade que torna os animais submissos e
próprio corpo. Ainda não há informações sobre o seu estado de disponíveis”, acrescenta.
saúde. O Samu foi acionado e está no local. O número de feridos Em Manaus, capital do estado do Amazonas, 94% dos 18
ainda não foi divulgado, mas segundo o Samu, várias crianças passeios turísticos visitados pela World Animal Protection ofe-
sofreram queimaduras. reciam a oportunidade de “segurar e tocar animais selvagens”
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 para tirar fotografias.
Em tais pacotes, o boto-cor-de-rosa era o animal mais
MORADORES FIXAM PLACA EM RUA PARA AVISAR SO- oferecido pelos agentes para este tipo de contato, seguido
BRE ALTO ÍNDICE DE ASSALTOS EM CARUARU da preguiça-de-três-dedos, crocodilos, anacondas verdes e
RUA ESTÁ LOCALIZADA NO BAIRRO PETRÓPOLIS, EM macacos.
CARUARU. PADRE JÁ FOI ASSALTADO NO LOCAL. Roberto Cabral, coordenador das operações de fiscaliza-
ção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), disse
Moradores da rua Visconde de Cairú fixaram placas para em uma entrevista à AFP que manter animais em cativeiro
avisar sobre o alto índice de assaltos no local. A rua está locali- para estes fins é ilegal no Brasil, mas que infelizmente isto
zada no Bairro Petrópolis, em Caruaru, Agreste de Pernambuco, “acontece”.
e fica próxima a uma faculdade, colégio particular, e uma escola Porém, “no contexto geral de tráfico de animais e de caça
pública do município. que existe no Brasil, embora (a exploração turística de ani-
Perto da rua ainda há um hotel e um posto de combustíveis. mais) seja impactante, é algo mínimo”, apontou.
A dona de casa Sônia Cavalcante foi uma das moradoras que “A ironia é que o turista que normalmente tira fotos com
teve a iniciativa de colocar as placas no local. o animal é aquele turista que adora os animais e, na realidade,
“A insegurança está grande. Teve um dia que perto das 12h está contribuindo para o seu mal-estar, captura e matança”,
levaram o carro de um vizinho. Eu já fui abordada por assaltantes acrescentou Cabral.
na frente da minha casa. Eles estavam armados e eu saí correndo. Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
Na minha casa tem câmeras de segurança e eu sempre denuncio
esse tipo de crime”, detalhou.
COMO ANIMAIS DA COSTA DO JAPÃO FORAM PA-
Segundo Sônia, até o padre da paróquia do bairro foi vítima
RAR NOS EUA - GRAÇAS A UM TSUNAMI
de assalto. “Nós queremos alertar para essa falta de segurança.
ONDAS GIGANTES ARRASTARAM CENTENAS DE
Depois das denúncias, vejo que o carro da polícia tem passado
OBJETOS PARA O MAR -- DE PEQUENOS PEDAÇOS DE
mais vezes na rua”, contou a dona de casa.
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 PLÁSTICO A BARCOS DE PESCA --, QUE SERVIRAM DE
TRANSPORTE PARA CENTENAS DE ESPÉCIES DE CRIATU-
MEIO AMBIENTE RAS MARINHAS.

ONG DIZ QUE ANIMAIS DA AMAZÔNIA SOFREM COM Cientistas identificaram centenas de espécies marinhas
SELFIES DE TURISTAS japonesas na costa dos Estados Unidos. Elas cruzaram o Ocea-
BOTO-COR-DE-ROSA É PRINCIPAL ANIMAL OFERECIDO no Pacífico após o tsunami causado pelo terremoto de 2011.
POR AGÊNCIAS PARA INTERAÇÃO COM OS VISITANTES. Mexilhões, estrelas do mar e centenas de outras famílias
de criaturas marinhas foram transportadas pelas águas, mui-
Os animais da Amazônia sofrem com a atividade turística na tas vezes pegando carona em resíduos plásticos.
região, que em muitos casos submete espécies como o bo- Os pesquisadores ficaram surpresos com o fato de que
to-cor-de-rosa e o bicho-preguiça a longas sessões de fotos, muitos sobreviveram à longa jornada, com novas espécies
alertam ativistas da ONG World Animal Protection. desembocando nas praias ainda em 2017.

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ATUALIDADES

Em março de 2011, um forte terremoto abalou o nordes- NOVA ESPÉCIE DE RATAZANA GIGANTE É DESCOBER-
te do Japão, desencadeando um enorme tsunami que atingiu TA POR CIENTISTA AUSTRALIANO
quase 39 metros de altura, varrendo a costa do país. Mais de QUATRO VEZES MAIOR QUE ROEDORES COMUNS, A
15 mil pessoas morreram. As ondas gigantes arrastaram cen- RATAZANA SOBE EM ÁRVORES E CHEGA A MEIO METRO
tenas de objetos para o mar - de pequenos pedaços de plásti- DE COMPRIMENTO.
co a barcos de pesca. Um ano depois, os cientistas começaram
a encontrar destroços do tsunami, com criaturas vivas agarra- Uma nova espécie da roedor, quatro vezes maior que
das a eles, desembocando no Havaí e na costa oeste dos EUA, o comum, foi descoberta nas Ilhas Salomão, no Oceano Pa-
do Alasca à Califórnia. cífico.
“Centenas de milhares de criaturas foram transportadas O animal, que chega a atingir quase meio metro de com-
e chegaram à América do Norte e às ilhas do Havaí - a maio- primento, vive entre as árvores e se alimenta de castanhas que
ria dessas espécies nunca esteve no nosso radar como seres abre com seus dentes.
transportados pelo oceano em detritos marinhos”, afirmou à As Ilhas Salomão, a 1.800 km da Austrália, já têm outras
BBC James Carlton, do Williams College e Mystic Seaport, prin- oito espécies de ratazanas, mas essa é a primeira nova desco-
cipal autor do estudo. berta em 80 anos.
“Muitos dos destroços ainda estão por aí e pode ser que Da mesma família de ratos e camundongos (Muridae), a
algumas dessas espécies japonesas ainda cheguem. Não fica- nova espécie, chamada Uromys vika, já fazia parte do folclore
ria surpreso se um pequeno barco de pesca japonês perdido da ilha.
em 2011 aparecesse 10 anos após o evento”. Escondidos nas árvores
A pesquisa, publicada na revista Science, descobriu 289 A cadeia de ilhas onde a nova espécie se encontra é bio-
espécies diferentes até o momento. Os mexilhões são os mais logicamente isolada.
comuns, mas há também caranguejos, mariscos, anêmonas e A maioria dos mamíferos que vivem lá não é encontrada
estrelas do mar. Os cientistas ainda estavam identificando novas em nenhum outro lugar do planeta.
espécies quando o estudo chegou ao fim, em 2017, seis anos “Quando conheci o povo da ilha Vangunu, eles me con-
após o tsunami. De acordo com os pesquisadores, muitas ou- taram sobre uma ratazana nativa que eles chamavam de vika,
tras espécies provavelmente fizeram a jornada e até agora não que vivia nas árvores”, diz Tyrone Lavery, biólogo australiano
foram descobertas. Atualmente, nenhuma colônia de invasores que fez a descoberta.
foi estabelecida, mas a equipe acredita que isso pode acontecer. Pesquisador do Field Museum, em Chicago, e pesquisa-
“Quando vimos espécies do Japão chegarem ao Oregon, dor associado da Universidade de Queensland, na Austrália,
ficamos chocados. Nunca pensamos que pudessem viver tan- ele procurava pelo bicho desde 2010. Mas nunca havia con-
to tempo, em condições tão difíceis”, disse John Chapman, da seguido encontrá-lo.
Universidade de Oregon, coautor do estudo. “Comecei a me questionar se era realmente uma espeé-
“Não me surpreenderia se houvesse espécies do Japão cie diferente, ou se as pessoas estavam apenas chamando os
que estão por aí vivendo ao longo da costa do Oregon. Na ratos normais de ‘vika’”, conta ele.
verdade, me surpreenderia se não houvesse”. Em novembro de 2015, no entanto, um guarda ambiental
O elemento chave que tornou isso possível, de acordo viu um rato enorme rolando de uma árvore de 10 metros der-
com os pesquisadores, é a presença na água de plástico, fibra rubada por lenhadores.
de vidro e outros produtos que não se decompõem. A queda matou o animal, mas o guarda enviou o corpo
“A madeira levada pelo tsunami durou pouco tempo em para o Museu de Queensland, na Australia, onde Lavery era
comparação com a natureza duradoura do plástico”, disse um pesquisador associado.
Carlton. “Assim que examinei o espécime, sabia que havia algo de
“Por muito tempo, se uma planta ou um animal fosse diferente”, diz ele.
transportado por uma jangada pelos oceanos, seu barco lite- “Só existem oito espécies de ratos nativos das Ilhas Salo-
ralmente se dissolveria por baixo deles. O que fizemos agora é mão, e olhando as características do crânio, consegui excluir
fornecer a essas espécies jangadas bastante duradouras, mu- boa parte das espécies imediatamente.”
damos a natureza de seus barcos”. Depois de um teste de DNA, Lavery confirmou que era
Movendo-se muito mais devagar do que as embarcações, uma nova espécie, que ele nomeou de Uromys vika.
as balsas de plástico ou de fibra de vidro deram tempo às es- O rato recém descoberto tem um longo e escamoso
pécies para se adaptar gradualmente ao seu novo ambiente, rabo, que os pesquisadores acreditam que o ajuda a se agar-
tornando mais fácil a reprodução e para suas larvas se prende- rar quando passa de uma árvore para outra.
rem aos detritos. Os pesquisadores estão preocupados com o Os ancestrais do bicho provavelmente viajaram até as
fato de que, com tanto plástico nos oceanos, e com a mudan- ilhas em pedaços de vegetação flutuante. Uma vez ali, eles
ça climática tornando os ciclones e as tempestades mais inten- evoluiram para ter dentes grandes e afiados que usam, de
sas, a ameaça de invasão de espécies marinhas nunca foi tão acordo com a população local, para mordiscar castanhas e
grande. A pesquisa sobre o tsunami apenas mostra o impacto cocoquinhos.
que esse transporte pode ter. A espécie provavelmente será classificada de imediato
“Não há nada comparável em escala do que já vimos an- como em perigo crítico de extinção devido à ameaça que so-
tes na história da ciência do mar”, afirmou Carlton. frem da indústria madeireira. Cerca de 90% das árvores das
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 ilhas já foram derrubadas.

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ATUALIDADES

“A região onde a espécie foi encontrada é um dos únicos Para levar essa mensagem mundo afora, aproveitando o
lugares que ainda têm florestas”, diz Lavery. momento pré-Conferência do Clima (COP-23), que acontece-
“É necessário documentar essa ratazana urgentemente e rá em novembro na cidade alemã de Bonn, Ashwa se juntou a
encontrar mais apoio para a área de conservação de Zaira, na um grupo de seis jovens, todos residentes em Pequenos Estados
ilha de Vangunu, onde a espécie vive.” Insulares em Desenvolvimento, como Maldivas. Eles estão a bor-
O estudo sobre a nova espécie foi publicado na publicação do de um navio da ONG internacional Peace Boat e estão sendo
científica Journal of Mammalogy. chamados de “Embaixadores” do clima e da paz. Vão visitar sete
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 capitais e acabaram de deixar Lisboa, de onde me chegaram as
notícias do grupo via jornal “O Público”.
NOVO ICEBERG SE DESPRENDE DE GELEIRA NA AN- Os jovens embaixadores visitarão Barcelona, Nova York,
TÁRTICA, DIZ NASA Edimburgo, Londres, Bordeaux e outras capitais, mas não virão
PEDAÇO DE GELO ESTÁ LOCALIZADO EM REGIÃO DI- ao Brasil. Em cada um desses locais vão contar sobre seus esfor-
FERENTE DE LARSEN C, ONDE ICEBERG GIGANTESCO SE ços para se manter num território que vai ser engolido pelo mar
SOLTOU COM ANÚNCIO EM JULHO DESTE ANO. até o fim deste século.
Nessa mesma linha de pensamento, o premiê de outra ilha
Um novo iceberg se desprendeu da região da geleira de ameaçada, Fiji, Frank Bainimarama, que também é presidente
Pine Island, oeste da Antártica. A fotografia acima foi divulgada da COP, saudou os participantes da última Assembleia Geral da
pela agência espacial americana (Nasa) nesta quarta-feira (27). ONU. Para ele, não há como escapar do fato de que as mudanças
A imagem de cor original foi capturada no último dia 21 de climáticas constituem uma ameaça tão grande para a segurança
setembro pelo satélite Landsat 8 da Nasa. Ela mostra o início da global como qualquer outra fonte de conflito que a humanidade
fenda no centro da plataforma de gelo. vive hoje. E não há “escolha a ser feita entre prosperidade e um
De acordo com a agência, essa ruptura produziu o iceberg clima saudável.
B-44, visível em outras imagens capturadas em 23 de setem- “Milhões de pessoas já estão em movimento por causa da
bro pelo satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia (ESA), seca e as mudanças na agricultura ameaçando sua segurança
com descoberta do analista Matthew Welshans, do Centro Na- alimentar. Ao longo da história, sabemos que os seres humanos
cional do Gelo nos Estados Unidos (USNIC). irão lutar pelo acesso à água. E, a menos que abordemos as cau-
O novo pedaço de gelo flutua na baía de Pine Island, no sas subjacentes das mudanças climáticas, já sabemos que alguns
mar de Amundsen, e tem 185 km² -- cerca de duas vezes a lugares se tornarão inviáveis e outros desaparecerão completa-
área da capital do Espírito Santo, Vitória. Ele é maior do que mente. Na minha região, três de nossos vizinhos estão em risco,
o iceberg descoberto em janeiro deste ano na mesma região, e é por isso que Fiji ofereceu refúgio às pessoas de Kiribati e Tu-
mas menor do que o descoberto em julho de 2015 (225 km²). valu se suas casas vierem a se afundar por completo”, disse ele.
Larsen C Fiji já perdeu parte de sua terra agricultável por causa da
Um iceberg de um trilhão de toneladas, um dos maiores salinidade excessiva trazida pelo mar. Bainimarama disse que
já registrados, se desprendeu em outra região da Antártica, a escolheu ser presidente da COP para poder levar adiante esse
Larsen C. O anúncio foi feito em julho deste ano por cientistas recado. Pelas regras das Conferências, já que ele é o presidente, a
da Universidade de Swansea, no Reino Unido. reunião deveria acontecer em Fiji, mas o país não tem condições
Os cientistas estudavam o bloco de gelo há muitos anos. para sediar um encontro tão grande, não ofereceria segurança
Os olhares voltaram à região após notar as rupturas da plata- aos líderes. Foi feito, então, um acordo com a Alemanha, que
forma de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002. Larsen aceitou receber os conferencistas em Bonn.
C é a maior plataforma de gelo da Antártica e o pedaço que se “Esse é um exemplo para o mundo de como países em
desprendeu tem 5.800 km². extremos opostos da Terra e de meios e tamanho muito dife-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 rentes podem trabalhar efetivamente em direção a um objetivo
comum. Fiji está profundamente consciente de que os governos
JOVENS PERCORREM CIDADES EM NAVIO PARA ALER- sozinhos não podem enfrentar esse desafio. É por isso que esta-
TAR SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS mos colocando essa ênfase na noção de uma Grande Coalizão
de governos em todos os níveis, a sociedade civil, o setor privado
Ashwa Faheem é uma repórter fotográfica de 26 anos que e os cidadãos comuns movendo esta agenda para a frente. Es-
nasceu nas Ilhas Maldivas, uma das nações-ilha do Pacífico, lu- tou dialogando com governadores, prefeitos, líderes de todos os
gar paradisíaco, ideal para quem pensa numa viagem turística tipos em nossas sociedades. Pessoas de fé. Pessoas na linha de
para descansar e observar a natureza. Para Ashwa, porém, este frente da luta climática. Mulheres. E os jovens, que representam
lado quase celestial de sua terra é apenas uma faceta, distante o nosso futuro”, continuou o premiê.
de sua rotina. Ela já convive também, desde pequena, com ou- Todo o discurso de Frank Bainimarama é um forte apelo
tro lado menos divino, digamos assim, das ilhas em que nasceu porque ele tem certeza de que é preciso aumentar a resiliência
e que, de uns tempos para cá, vêm sofrendo com o aumento de seu país contra as tormentas que virão pela frente, cada vez
dos oceanos, fenômeno causado pelo aquecimento global: mais fortes. Para isso, quer juntar sociedade civil, empresários e
“Nem tudo nas Maldivas é bonito. Quando o nível das governos. Para isso, conta também com a performance dos jo-
águas sobe, perdemos muita terra. E quando a terra desapa- vens que estão navegando no Peace Boat. De fato, não há como
rece, perdemos recursos, a agricultura e a pesca. Muita gente ficar imune a depoimentos como o de Selina Leem, que na COP-
usa a pesca e o turismo para sobreviver. Afeta tudo. É um 21, em Paris, foi a mais jovem delegada. No encerramento do
efeito de dominó”. encontro, ela emocionou a todos com suas palavras:

18
ATUALIDADES

“Tenho 18 anos e desde que nasci fico muito nervosa desistência de tentar impedir a ação dos baleeiros japoneses
quanto à minha casa. Hoje estou ainda mais. O meu país é no Sul, reconhecendo seus próprios limites ante a potência
muito afetado pela subida do nível das águas. Quando a água marítima nipônica.
sobe, arrasta-se por todo o lado. Toda a ilha é inundada.” A Noruega, que se opôs à moratória de 1986 e considera
Hoje com a equipe do Peace Boat, a jovem deu entrevista que esta não a afeta, e a Islândia, são os únicos dois países no
à reportagem do jornal “O Público” e listou o que, para ela, mundo que praticam abertamente a caça comercial. O Japão
pode ser feito para acabar com seu problema: tenta provar que a população de cetáceos é suficientemente
“Educar as pessoas. Falar com os líderes políticos. Tirar grande para suportar a retomada da caça comercial.
fotografias. Fazer discursos públicos. Há muitas pequenas O consumo da baleia tem uma longa tradição no Japão,
coisas que todos podemos fazer”, disse ela. onde a caça é praticada há muitos séculos. A indústria ba-
Selina vai precisar mesmo desse discurso quando o navio leeira teve seu auge depois da Segunda Guerra Mundial. Mas
Peace Boat chegar a Nova York, o que está previsto para o a demanda dos consumidores japoneses caiu consideravel-
mês que vem. Lá ela vai se encontrar com representantes das mente nos últimos anos, o que provoca muitos questiona-
Nações Unidas, e o pedido não é qualquer coisa: os países-i- mentos sobre o sentido das missões científicas.
lha querem uma mudança radical no consumo de combustí- Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
veis fósseis do mundo todo para que o aquecimento se man-
tenha a 1.5 grau acima do que era na Revolução Industrial. É CIÊNCIA E TECNOLOGIA
este o único jeito, afirmam os cientistas, de os impactos não
aumentarem de intensidade. A SURPREENDENTE RAZÃO PELA QUAL OS INVEN-
Além disso, querem também um financiamento. Vão TORES DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL DECIDIRAM QUE
precisar de dinheiro para enfrentar os problemas causados AS MULHERES DEVERIAM CONTINUAR MENSTRUANDO
por furacões, como o Irma, que recentemente atingiu parte VOCÊ JÁ SE PERGUNTOU POR QUE A PÍLULA DEVE
da costa dos Estados Unidos, México e ilhas do Caribe. Não SER TOMADA POR TRÊS SEMANAS E SEU USO, INTER-
vai ser fácil convencer. ROMPIDO NA QUARTA? ALGUNS PODEM IMAGINAR
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 QUE SEUS CRIADORES TENHAM FEITO ISSO POR RA-
ZÕES MÉDICAS, MAS O MOTIVO NÃO FOI CIENTÍFICO,
JAPÃO MATA 177 BALEIAS NA COSTA DO PACÍFICO
MAS CULTURAL.
PARA ‘FINS CIENTÍFICOS’
ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DOS ANIMAIS DENUN-
A pílula anticoncepcional é considerada por muitos
CIAM A ALEGAÇÃO JAPONESA.
como um símbolo da emancipação feminina ao permitir a
elas ter relações sexuais sem medo de engravidar. No entan-
Os japoneses mataram 177 baleias na costa nordeste do
to, a história por trás do seu desenvolvimento não teve muito
arquipélago no Pacífico, em uma missão que teria “fins cien-
a ver com essa ideia.
tíficos”, segundo anunciou nesta terça-feira (26) a agência de
Por exemplo: você já se perguntou por que o ciclo de uso
pesca japonesa.
Três navios especializados em caça às baleias iniciaram pílula envolve tomá-la por três semanas e interromper o uso
a missão em junho e capturaram 43 baleias Minke e 143 ba- (ou adotar um placebo) na quarta semana? Alguns podem
leias-sei, de acordo com a agência. Segundo os japoneses, a imaginar que seus criadores, John Rock e Gregory Pincus, te-
caça às baleias seria “necessária” para calcular a quantidade nham feito isso por razões médicas, mas o motivo não foi
de potenciais capturas a longo prazo, justificou a agência, científico, mas cultural.
que tem como objetivo “retomar algum dia a pesca comer- Rock era um católico devoto, e para ele era importante
cial”, segundo explicou o funcionário da agência Kohei Ito. obter a aprovação do Vaticano. Por isso, ele queria que o sis-
O Japão é signatário da moratória da caça às baleias da tema anticoncepcional fosse o mais parecido possível com
Comissão Baleeira Internacional (CBI), mas afirma que recorre outro já aprovado pela Igreja Católica, o método rítmico, co-
à medida com fins de pesquisa, no Pacífico e na Antártica. As nhecido popularmente como tabelinha, que consiste em não
organizações de defesa das baleias denunciam a alegação fazer sexo no período de ovulação, quando a mulher está
japonesa, assim como vários países, que consideram que Tó- fértil.
quio utiliza de maneira desonesta uma exceção da proibição Por isso, Rock pensou que, se a pílula emulasse o ciclo
da caça aos cetáceos, de 1986. natural, poderia ser vista com bons olhos pelo papa. Mas seu
Em 2014, o Tribunal Internacional de Justiça exigiu de Tó- plano fracassou.
quio o fim da caça às baleias no Atlântico, por considerar que A pílula foi aprovada em 1960 e tornou-se muito popu-
os japoneses não cumpriam os critérios científicos exigidos. lar, mas a Igreja levou quase uma década para se manifestar
O Japão cancelou a temporada de caça de inverno de 2014- publicamente e, quando o fez, condenou o método por con-
2015, mas retomou a pesca no ano seguinte. siderá-lo “artificial”.
Confrontos entre baleeiros japoneses e defensores dos Esquecimento
animais A essa altura, a principal preocupação já não era a Igreja,
O Oceano Antártico já foi cenário de confrontos entre mas as mulheres. Como se tratava da reprodução (de evitá
baleeiros japoneses e defensores dos cetáceos. No mês pas- -la, para ser mais preciso), alguns homens se preocupavam
sado, a organização ecologista Sea Shepherd anunciou a em deixar essa responsabilidade na mão delas.

19
ATUALIDADES

O sistema criado por Rock e Pincus exige que as mulhe- Por outro lado, para algumas mulheres, menstruar é uma
res sigam com muita atenção seu ciclo de uso, tomando a pi- parte fundamental de sua identidade, ainda que outras se re-
lula por 21 dias e interrompendo por sete. Caso se esqueçam cusem a associar o ciclo reprodutivo com a identidade de
de alguma dose, perde-se o efeito anticoncepcional. gênero.
Preocupado com a possibilidade de sua mulher se es- A certeza é que, no fim das contas, o importante é que
quecer da pílula diária, um homem chamado David Wagner, as mulheres saibam que têm mais de uma opção.
que era pai de quatro filhos, criou em 1961 uma embalagem Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
redonda que permite ver se a mulher está tomando a pílula
corretamente. Várias empresas farmacêuticas copiaram o mo- INJEÇÃO DE ANTICORPOS É PROPOSTA DE TRATA-
delo, que segue popular ainda hoje em alguns países. MENTO PREVENTIVO CONTRA ZIKA EM GESTANTES
A forma de promover essa nova apresentação da pílula CIENTISTAS TESTARAM ANTICORPOS SELECIONA-
revela muito sobre aquela época, como ressaltou a jornalista DOS EM LABORATÓRIO EM PRIMATAS COM PROTEÇÃO
Leila Ettachfini em um artigo no site Broadly. “Fácil para que DE 100%.
você explique... e para que ela use”, dizia um anúncio de 1964
da empresa Ortho-Novum. Outra publicidade, de 1969, da Um grupo de pesquisadores da Universidade de Miami,
marca Lyndiol dizia aos médicos para “proteger sua paciente do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade
do próprio esquecimento”. de São Paulo (USP) obteve respostas positivas em maca-
‘Nenhuma razão médica’ cos rhesus para um futuro tratamento preventivo contra
Muitos especialistas acreditam que os inventores da pí- zika em gestantes. Os resultados foram publicados nesta
lula podiam ter evitado tudo isso -- e não apenas porque a quarta-feira (4), na revista científica “Science Translational
sociedade finalmente aceitou, com o tempo, que as mulheres Medicine”.
não precisavam de um homem para lhes explicar nada. O macaco rhesus tem reação parecida ao ser humano
O médico baiano Elsimar Coutinho, coautor do livro ao entrar em contato com o zika: o vírus consegue infectar,
Menstruação, a Sangria Inútil (Gente, 1996), argumenta que “a se replicar e causar danos aos fetos. Por isso, os cientistas
ovulação incessante não cumpre nenhum propósito” e que as escolheram a espécie para os testes em animais.
mulheres, se assim quiserem, podem tomar a pílula por perío- Antes de chegar à fase com os primatas, os cientistas
dos mais longos para evitar não apenas a gravidez, mas a pró- passaram por algumas etapas. Anticorpos são moléculas li-
pria menstruação, que é muitas vezes incômoda e dolorosa. beradas pelas células para “proteger” o corpo. As primeiras
O jornalista e sociólogo Malcom Gladwell apoiou essa referências à existência deles na ciência são datadas do final
ideia em 2000 em um ensaio publicado na revista “The New do século XIX.
Yorker” sobre o ciclo de 28 dias idealizado por Rock e Pincus Se eles são conhecidos há tanto tempo, por que só
dizendo: “Não havia e não há nenhuma razão médica para agora resolveram usá-los em um tratamento contra o zika?
isso”. O trabalho dos cientistas foi identificar quais são as cé-
Coutinho, diz Gladwell, destaca que a menstruação gera lulas de imunização mais eficientes contra o zika, trabalho
uma série de problemas de saúde que poderiam ser evitados de engenharia genética eficiente, mas recente e não popu-
ao suprimi-la: dores abdominais, alterações no estado de âni- larizado. Primeiro, eles extraíram, isolaram e purificaram 91
mo, enxaquecas, endometriose e anemia. anticorpos monoclonais do sangue humano, a partir de um
Por sua vez, Ettachfini afirmou em seu artigo que na ver- paciente que estava infectado pelo vírus -- ou seja: nesta
dade existem dois anticoncepcionais orais que podem ser época, a pessoa estava produzindo uma grande quantidade
tomados de forma contínua, sem sangramentos mensais. O para combater a doença.
Seasonale foi lançado em 2003 e propõe só quatro menstrua- Depois, os cientistas precisaram identificar entre esse
ções por ano: uma a cada estação. E, em 2007, foi aprovada a vasto número de moléculas produzidas pelo paciente quais
primeira pílula sem pausas para menstruar, a Lybrel. eram os mais eficientes contra o zika. Foram feitos testes em
Críticos laboratório para ver as opções que melhor neutralizavam o
Ainda que chame atenção o fato de que poucas mulheres vírus. Os anticorpos monoclonais chamados SMZAb1, SM-
saibam que podem optar por não menstruar, também não há ZAb2 e SMZAb5 foram os mais eficazes. Chegou-se a um
um consenso de que isso seja uma boa ideia. coquetel com esse trio.
Há cientistas que inicialmente advertiram não haver es- Testes em macacos
tudos consistentes sobre o efeito para uma mulher de não Nos Estados Unidos, um grupo de oito macacos rhe-
menstruar por longos períodos de tempo. Mas especialistas sus passou por testes para verificar a eficiência de proteção
concordam que isso não gera problemas de saúde. com esse coquetel. Quatro receberam o trio de anticorpos
Há ainda quem alerte sobre os perigos de se tomar a pí- e os outros quatro receberam um placebo. Um dia depois,
lula, em especial por períodos prolongados. foram infectados pelo vírus da zika isolado pela equipe do
O site Broadly publicou um ano atrás que há cada vez IOC/Fiocruz em 2016, extraído de um paciente do Rio de
mais estudos que falam da existência de um vínculo entre o Janeiro.
uso de anticoncepcionais hormonais e a depressão, citando De acordo com o artigo publicado nesta quarta, a taxa
um uma pesquisa dinamarquesa que mostrou que adoles- de proteção nos animais chegou a 100%. Testes adicionais
centes que tomavam a pílula tinham “um risco 80% maior” de demonstraram que os anticorpos continuaram ativos e em
terem de tomar antidepressivos. altas quantidades seis meses após a injeção.

20
ATUALIDADES

Uma dose desta junção de anticorpos pode ser uma Existe inclusive a chamada “cultura hacker”, uma ideolo-
saída mais segura para gestantes durante a gestação. De gia que prega amplo acesso à tecnologia, livre circulação de
acordo com a pesquisadora e uma das autoras do artigo, informação, descentralização de conhecimento e inovação.
Myrna Bonaldo, do IOC/Fiocruz, as vacinas são boas soluções, O hacking também não precisa estar restrito ao mundo
mas podem apresentar ainda algum risco para as grávidas da informática: o biohacking une o universo da biologia com a
porque são feitas com o vírus atenuado (“enfraquecido”). cultura hacker, formando a Biologia DIY, que quer dizer “do it
“Para as pessoas em geral, a infecção pelo vírus da zika yourself”, ou “faça você mesmo”.
não causa grandes problemas. Uma vacina resolve. Agora, du- “A ideia é democratizar a tecnologia, mostrar que a ciên-
rante a gravidez que ocorre o problema é maior. Não pode- cia não precisa se restringir à área da universidade. É ampliar o
mos correr o risco de tentar prevenir a mãe e atingir o bebê», número de experiências possíveis com menos recursos”, diz o
disse. colombiano Andres Ochoa, consultor de tecnologia e criador
O próximo passo será a administração do coquetel em da rede SynTechBio, que reúne biohackers da América Latina.
primatas gestantes e, na fase seguinte, em seres humanos. A rede tem como membros pelo menos 14 grupos espalhados
Já prevendo uma possível ocorrência de reação adversa pelo continente, três deles no Brasil.
do sistema imunológico em caso de infecção por dengue, que O biohacking é essencialmente interdisciplinar, ou seja,
é da família dos flavivírus, assim como o zika, os especialistas atrai pessoas de áreas como Física, Design, Artes, Computação
realizaram pequenas modificações na estrutura genética dos e Matemática. “Elas juntam seus conhecimentos à Biologia para
anticorpos monoclonais para tornar sua administração ainda desenvolver projetos”, diz Ochoa.
mais segura. Desta forma, o coquetel também poderia ser Claro que, assim como hackers de computadores, os inte-
utilizado por pessoas com histórico de infecção por dengue, ressados precisam ter um bom conhecimento no assunto para
incluindo gestantes. poder se aventurar em ações mais inovadoras. Mas isso não
A descoberta também contou com a colaboração de es- significa ter doutorado em Biotecnologia, diz a professora Liza
pecialistas do Instituto de Pesquisa Scripps, da Universidade Felicori, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
de Emory, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Uni- “A Biologia é bastante acessível, é possível fazer o conhe-
dos e do Instituto Ragon. cimento se popularizar. Tanto que às vezes a gente faz experi-
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017 mentos com alunos de ensino médio e eles entendem, fazem
bem. Conseguem tranquilamente extrair o DNA de um moran-
go, por exemplo”, afirma ela, que está montando um laborató-
DE TESTE DE DNA CASEIRO A ORGANISMOS GENE-
rio aberto para pessoas de fora da universidade.
TICAMENTE MODIFICADOS: OS PROJETOS DOS BIOHAC-
“Muitas vezes, a universidade fica fechada demais em si
KERS BRASILEIROS
mesma. Os jovens não têm os bloqueios de quem lida com
ENTUSIASTAS DA BIOLOGIA “FAÇA VOCÊ MESMO”
as dificuldades da ciência há anos e acabam trazendo novas
CRIAM SEUS PRÓPRIOS EQUIPAMENTOS, FAZEM EXPE-
soluções.”
RIMENTOS FORA DA UNIVERSIDADE E PROCURAM SO- Chips e DNA
LUÇÕES PARA PROBLEMAS DO COTIDIANO. Há três principais subdivisões na Biologia DIY. Grupos fo-
cados em fazer experimentos para encontrar soluções; pessoas
Parece um papo comum: um grupo de jovens que ainda interessadas em desenvolver e baratear equipamentos e em
não se formou na faculdade se reúne ao redor de um porção montar laboratórios coletivos que possibilitem esses experi-
de esfirras baratas e discute se aquela carne tem origem du- mentos; e uma terceira vertente, interessada em modificações
vidosa. corporais tecnológicas.
A paranoia sobre a origem da proteína animal é frequen- Nessa última área estão, por exemplo, pessoas que injetam
te, mas, nessa turma, a conversa não fica só na teoria cons- chips e ímãs sob a pele e fazem experimentações colocando
piratória: reunidas em um laboratório de garagem, as amigas substâncias e até mesmo circuitos eletrônicos no próprio cor-
estão testando protocolos para fazer um teste de procedência po. Essa é a vertente do biohacking que acaba chamando mais
da carne. Isso mesmo: checar se o DNA daquela amostra é atenção, mas também atrai críticas dentro do movimento.
realmente bovino. “É um grupo muito pequeno que faz isso. Chamam aten-
Bem-vindo ao mundo do biohacking: um universo onde ção, mas são minoria. Estamos falando de tecnologias que es-
entusiastas fazem uso da biologia de maneira amadora em tão evoluindo cada vez mais rápido. Não faz sentido você co-
resposta a uma curiosidade científica, uma dúvida pessoal ou locar em seu corpo um negócio que em pouco tempo vai ficar
um problema coletivo. obsoleto”, diz Andres Ochoa.
Faça você mesmo Ele argumenta que a grande tendência são as tecnologias
A palavra hacking não é novidade. No Brasil, costuma ser “usáveis”, como relógios inteligentes e circuitos que podem ser
associada à ideia de hackers que invadem computadores e colados sobre a pele e removidos com facilidade.
roubam dados, os «piratas de computadores». “Em geral, quem faz isso na verdade está fazendo uma de-
Mas o conceito de hacking na verdade é muito mais am- claração, é mais um ato simbólico do que uma coisa que tenha
plo – e não está necessariamente ligado à ações maliciosas. uma grande função prática”, diz o biohacker Otto Heringer, de
Em seu sentido original, significa fazer modificações em sis- São Paulo, que começou a fazer experimentos como distração
temas ou programas para obter um recurso que antes não e acabou criando uma pequena empresa para criar um novo
estava disponível, encontrar uma melhoria ou corrigir um defensivo agrícola através do desligamento de um gene de
problema. pragas.

21
ATUALIDADES

Um de seus sócios, Erico Perrella, implantou um chip RFID “A indústria farmacêutica usa hoje outro processo, de
na mão em 2014 - sua intenção era usar o mecanismo para bem mais difícil acesso. Não há nenhum produtor local”, afir-
dar partida em sua kombi, mas o carro acabou vendido, e o ma Gonçalves, que evita divulgar mais detalhes do projeto
chip, que ainda está em sua mão, hoje não tem mais utilidade por ainda não ter registrado uma patente. Sua expectativa é
para ele. chegar a um forma de produção mais barata do remédio.
Já dentro do campo das experimentações, as possibi- Laboratórios
lidades trazidas pela Biologia DIY são inúmeras. A ideia de O Brasil já tem diversos laboratórios “de garagem” aber-
analisar a origem de alimentos, por exemplo, se baseia em tos, com impressoras 3D e outros materiais para quem é adep-
uma técnica chamada DNA Barcoding (Codigo de Barras de to do faça-você-mesmo — como o Olabi, no Rio de Janeiro, e
DNA, em tradução livre). o Garoa Hackerspace e os FabLabs da Prefeitura de São Paulo.
Todo segundo sábado do mês o centro Genspace, em Para trabalhar com “Biologia de Garagem”, no entanto, é
Nova York, abre seu laboratório para que as pessoas levem preciso um pouco mais: áreas separadas, estéreis, com equi-
suas próprias amostras de alimentos e façam testes do tipo. pamentos específicos e protocolos de biossegurança. São os
Há quem invista na divulgação científica e nas possibilidades chamados wetlabs, laboratórios “molhados”, porque lidam
educacionais da Biologia DIY. com componentes vivos.
É o caso do carioca Filipe Oliviera, um dos criadores O espaço aberto pela professora Liza Felicori, da Univer-
sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um deles. Ele já
do Conector Ciência, iniciativa que visa colocar em contato
recebeu os equipamentos e deve abrir até o fim do ano. Há
escolas com métodos de ensino de baixo custo e fazer os
microscópios, estufa, pipetas, uma centrífuga (para separar
próprios alunos construírem os equipamentos. Dá para des-
componentes de soluções), uma impressora 3D, uma máquina
cobrir a biodiversidade com um microscópio de papel, fazer de PCR (para reproduzir DNA em grandes quantidades) e um
a automação de luzes com sensores de luminosidade, entre nanodrop (que mede a concentração de moléculas).
outros usos. A estudante Carol Gonzaga também montou um desses
Outro caminho comum é o desenvolvimento de novos espaços, o Hub, com outros cinco biohackers no Rio de Ja-
materiais, como fez o estudante de Biotecnologia baiano neiro. O laboratório fica atualmente em um local improvisado,
Geisel Alves, que ajudou uma ONG a criar um mecanismo mas será levado para um galpão de 320 m².
que converte fibra do coco verde em papel reciclável usando “Terá um espaço de fabricação digital, uma cozinha expe-
métodos caseiros e materiais acessíveis. rimental, laboratório de biohacking e um laboratório de mídia
“É um material fibroso genérico que você mistura com para lidar com eletrônica e comunicação”, explica ela, que con-
outros materiais para fazer várias coisas. Além do papel, dá seguiu apoio do parque tecnológico da Universidade Federal
pra fazer telha, piso, tijolo”, explica Alves. “Aqui, o alto con- do Rio de Janeiro (UFRJ).
sumo de coco é um problema grande, porque eles acabam Interessado em baratear equipamentos para esses labo-
empilhados nas praias. Atrai ratos, mosquito da dengue.” ratórios, o brasileiro André Maia Chagas desenvolveu projetos
“Novos materiais são um nicho”, diz Andres Ochoa. “No nesse sentido e acabou lançando a start-up [empresa iniciante
Brasil já se trabalha com produção de um tecido ecológico de tecnologia] Prometheus Science, na Alemanha.
que parece com couro a partir dos micro-oganismos que Sua empresa é parte da enorme comunidade criando
fazem kombucha (uma bebida fermentada).” equipamentos baratos e mais acessíveis. “Possibilitando que
Manipular micro-organismos também é muito útil para um experimento que custa 100 euros possa ser feito por 3,
tornar alguns tipos de fármacos mais acessíveis. Andrés você quebra um das principais barreiras da ciência, que é a
Ochoa participou da fase inicial do projeto Open Insulin, em dificuldade de acesso por causa de dinheiro”, diz ele.
que um grupo de 16 biohackers se uniu para criar um proto- Nós e eles
colo open source (aberto) de insulina - espécie de instrução Nos Estados Unidos e na Europa, o movimento Biolo-
que serve de base para a produção da substância, usada no gia DIY foi surgindo conforme tecnologias biológicas, como
tratamento de diabetes, de maneira mais barata e acessível. sequenciamento de DNA, foram ficando mais acessíveis. Já
no Brasil e em países como Índia e África do Sul, contam os
O projeto conseguiu arrecadar U$ 16 mil ( R$ 50 mil) no
biohackers, o movimento surgiu da necessidade.
Experiment, uma plataforma de financiamento coletivo para
“Nos Estados Unidos, o acesso é tão fácil, tudo é tão ba-
pesquisas científicas.
rato que a galera consegue montar laboratórios na própria
No Brasil, não há legislação específica para “laboratórios garagem. Aqui em São Paulo, não tem como fazer isso. Para
de garagem”, no entanto, tudo o que é produzido fica sujei- começar, a gente nem tem garagem”, diz Otto Heringer, que
tos à legislação específica para aquele produto. Remédios, faz especialização na Universidade de São Paulo (USP).
por exemplo, terão de passar por aprovação da Anvisa antes Há mais de 80 espaços de Biologia DIY pelo mundo, de
de serem distribuídos. acordo com o site DIYBio. A maioria é em cidades do hemisfé-
Por isso, os biohackers acabam criando empresas e mui- rio norte como Amsterdã (Holanda), Berlim (Alemanha), Paris
tas vezes profissionalizando o que era um hobby. A enge- (França), Nova York e São Francisco (Estados Unidos).
nheira química Clarissa Lopes, o estudante de Engenharia “Não posso reclamar da USP, mas muitas universidades
Aeroespacial Lucas Milagres e o estudante de Bioinformática federais não têm os laboratórios que os caras na Europa têm
Carlos Gonçalves criaram uma empresa para tocar seu pro- em casa”, afirma o Heringer. Nos Estados Unidos, por exem-
jeto de usar bactérias na produção de calcitriol, um medica- plo, é possível comprar kits prontos de engenharia genética
mento usado no tratamento de insuficiência crônica renal. pela internet.

22
ATUALIDADES

No Brasil, por conta dos preços e das dificuldades, a Parágrafo único.  Esta Lei tem como base a Convenção
maioria dos laboratórios abertos na área de biologia ainda sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protoco-
são, de algum modo, ligados às universidades - ocupando es- lo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio
paços ou reaproveitando equipamentos. do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, em con-
“Mesmo a ciência ‘oficial’ que fazemos muitas vezes é em formidade com o procedimento previsto no § 3o do art. 5o da
uma salinha minúscula, com material improvisado, com muita Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o
dificuldade. A gente está acostumado com a gambiarra. Sair Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e
dos muros da universidade ou dos laboratórios das grandes promulgados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009,
indústrias é quase uma questão de sobrevivência pra gente. O data de início de sua vigência no plano interno.
biohacking faz muito mais sentido para nós do que para eles”, Art. 2o  Considera-se pessoa com deficiência aquela que
afirma. Ele também aponta a diferença nos tipos de iniciativas: tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
enquanto no Brasil os projetos tendem a ser voltados para re- intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
solver problemas reais, nos Estados Unidos e na Europa, muitos barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na so-
deles são mais recreativos ou tem um quê de hobby excêntrico. ciedade em igualdade de condições com as demais pessoas.  
Nos locais onde o movimento é mais desenvolvido, já § 1o  A avaliação da deficiência, quando necessária, será
começaram as surgir as preocupações com possíveis riscos biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e inter-
– laboratórios amadores não poderiam criar organismos noci- disciplinar e considerará:      (Vigência)
vos? O FBI, a polícia federal americana, monitora o movimen- I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do cor-
to, mas não há regulamentação específica. po;
Os entusiastas dizem que todos os locais seguem proto- II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
colos de biossegurança e cartilhas de bom funcionamento. O III - a limitação no desempenho de atividades; e
cientista francês Thomas Landrain, que estuda o movimento, IV - a restrição de participação.
diz em sua pesquisa que os espaços ainda não têm sofistica- § 2o  O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação
ção suficiente para gerar problemas. da deficiência.
Mas, apesar da relativa limitação técnica, os biohackers Art. 3o  Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para
seguem entusiasmados. “Tornar a ciência mais acessível tem
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliá-
um enorme potencial transformador”, diz André Maia Chagas,
rios, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informa-
do Prometheus Science.
ção e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem
Fonte G1.com/ Acessado em 10/2017
como de outros serviços e instalações abertos ao público, de
uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade
2. ARTIGOS 1º AO 13; 34 AO 38 DA LEI Nº reduzida;
13.146/2015 – ESTATUTO DA PESSOA COM II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes,
DEFICIÊNCIA E RESOLUÇÃO Nº 230/2016 DO programas e serviços a serem usados por todas as pessoas,
CNJ, COM AS ALTERAÇÕES VIGENTES ATÉ A sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, in-
PUBLICAÇÃO DESTE EDITAL. cluindo os recursos de tecnologia assistiva;
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equi-
pamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. relacionada à atividade e à participação da pessoa com defi-
ciência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defi- independência, qualidade de vida e inclusão social;
ciência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que limite ou impeça a participação social da
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direi-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: tos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão,
à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à cir-
LIVRO I culação com segurança, entre outros, classificadas em:
PARTE GERAL a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espa-
TÍTULO I ços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios pú-
CAPÍTULO I blicos e privados;
DISPOSIÇÕES GERAIS c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e
meios de transportes;
Art. 1o  É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), desti- entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte
nada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pes- e de informações por intermédio de sistemas de comunica-
soa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. ção e de tecnologia da informação;

23
ATUALIDADES

e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce ati-
impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa vidades de alimentação, higiene e locomoção do estudante
com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas
com as demais pessoas; quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as
acesso da pessoa com deficiência às tecnologias; técnicas ou os procedimentos identificados com profissões
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que legalmente estabelecidas;
abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa
Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções
sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres de atendente pessoal.
ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a lingua-
gem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de CAPÍTULO II
voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da in-
formação e das comunicações; Art. 4o  Toda pessoa com deficiência tem direito à igual-
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e dade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá
ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus des- nenhuma espécie de discriminação.
proporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a § 1o  Considera-se discriminação em razão da deficiência
fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou
exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, im-
demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais; pedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos
VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, in-
de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimen- cluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento
tação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de tecnologias assistivas.
de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de § 2o  A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição
comunicação, abastecimento e distribuição de água, paisa- de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
gismo e os que materializam as indicações do planejamento Art. 5o  A pessoa com deficiência será protegida de toda
urbanístico;   forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas
tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou de-
vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos
gradante.
elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua
Parágrafo único.   Para os fins da proteção mencionada
modificação ou seu traslado não provoque alterações subs-
no caput deste artigo, são considerados especialmente vul-
tanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de si-
neráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com
nalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às
deficiência.
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises,
Art. 6o  A deficiência não afeta a plena capacidade civil da
bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga;
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, pessoa, inclusive para:
por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, perma- I - casar-se e constituir união estável;
nente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, in- III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos
cluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
e obeso; planejamento familiar;
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esteriliza-
de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) ção compulsória;
localizadas em áreas residenciais da comunidade, com estru- V - exercer o direito à família e à convivência familiar e
turas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial comunitária; e
para o atendimento das necessidades da pessoa acolhida, VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
destinadas a jovens e adultos com deficiência, em situação de adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de opor-
dependência, que não dispõem de condições de autossusten- tunidades com as demais pessoas.
tabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos; Art. 7o  É dever de todos comunicar à autoridade compe-
XI - moradia para a vida independente da pessoa com de- tente qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos
ficiência: moradia com estruturas adequadas capazes de pro- da pessoa com deficiência.
porcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que Parágrafo único.  Se, no exercício de suas funções, os juí-
respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos zes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que carac-
com deficiência;   terizem as violações previstas nesta Lei, devem remeter peças
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, ao Ministério Público para as providências cabíveis.
que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados bá- Art. 8o  É dever do Estado, da sociedade e da família asse-
sicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas gurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação
atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à pater-
identificados com profissões legalmente estabelecidas; nidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à edu-

24
ATUALIDADES

cação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, § 2o  A pesquisa científica envolvendo pessoa com defi-
à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, ciência em situação de tutela ou de curatela deve ser reali-
à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à zada, em caráter excepcional, apenas quando houver indícios
comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignida- de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras
de, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção de
entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Conven- pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutela-
ção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Proto- dos ou curatelados.
colo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu Art. 13.  A pessoa com deficiência somente será atendida
bem-estar pessoal, social e econômico. sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de
risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu
Seção Única superior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.  
Do Atendimento Prioritário
CAPÍTULO VI
Art. 9o  A pessoa com deficiência tem direito a receber aten- DO DIREITO AO TRABALHO
dimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
Seção I
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
Disposições Gerais
II - atendimento em todas as instituições e serviços de aten-
dimento ao público;
Art. 34.  A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto
tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de con- de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e inclu-
dições com as demais pessoas; sivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e termi- § 1o  As pessoas jurídicas de direito público, privado ou
nais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e garantia de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de
de segurança no embarque e no desembarque; trabalho acessíveis e inclusivos.
V - acesso a informações e disponibilização de recursos de § 2o  A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade
comunicação acessíveis; de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por tra-
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e ad- balho de igual valor.
ministrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos § 3o  É vedada restrição ao trabalho da pessoa com defi-
e diligências. ciência e qualquer discriminação em razão de sua condição,
§ 1o  Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação,
acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente admissão, exames admissional e periódico, permanência no
pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional,
artigo. bem como exigência de aptidão plena.
§ 2o   Nos serviços de emergência públicos e privados, a § 4o  A pessoa com deficiência tem direito à participação
prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos e ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, pla-
de atendimento médico. nos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profis-
sionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportu-
TÍTULO II nidades com os demais empregados.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS § 5o  É garantida aos trabalhadores com deficiência acessi-
CAPÍTULO I bilidade em cursos de formação e de capacitação.
DO DIREITO À VIDA Art. 35.  É finalidade primordial das políticas públicas de
trabalho e emprego promover e garantir condições de acesso
Art. 10.  Compete ao poder público garantir a dignidade da
e de permanência da pessoa com deficiência no campo de
pessoa com deficiência ao longo de toda a vida. 
trabalho.
Parágrafo único.  Em situações de risco, emergência ou es-
Parágrafo único.  Os programas de estímulo ao empreen-
tado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será con-
siderada vulnerável, devendo o poder público adotar medidas dedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos o cooperativis-
para sua proteção e segurança. mo e o associativismo, devem prever a participação da pes-
Art. 11.  A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada soa com deficiência e a disponibilização de linhas de crédito,
a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou quando necessárias.
a institucionalização forçada.
Parágrafo único.  O consentimento da pessoa com deficiên- Seção II
cia em situação de curatela poderá ser suprido, na forma da lei. Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
Art. 12.  O consentimento prévio, livre e esclarecido da pes-
soa com deficiência é indispensável para a realização de trata- Art. 36.  O poder público deve implementar serviços e pro-
mento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica. gramas completos de habilitação profissional e de reabilitação
§ 1o  Em caso de pessoa com deficiência em situação de profissional para que a pessoa com deficiência possa ingres-
curatela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau sar, continuar ou retornar ao campo do trabalho, respeitados
possível, para a obtenção de consentimento. sua livre escolha, sua vocação e seu interesse.

25
ATUALIDADES

§ 1o  Equipe multidisciplinar indicará, com base em crité- V - realização de avaliações periódicas;


rios previstos no § 1o do art. 2o desta Lei, programa de habi- VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
litação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com defi- VII - possibilidade de participação de organizações da so-
ciência restaurar sua capacidade e habilidade profissional ou ciedade civil.
adquirir novas capacidades e habilidades de trabalho. Art. 38.  A entidade contratada para a realização de pro-
§ 2o  A habilitação profissional corresponde ao processo cesso seletivo público ou privado para cargo, função ou em-
destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de prego está obrigada à observância do disposto nesta Lei e em
conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de pro- outras normas de acessibilidade vigentes.
fissão ou de ocupação, permitindo nível suficiente de desen-
volvimento profissional para ingresso no campo de trabalho. RESOLUÇÃO Nº 230 DE 22/06/2016
§ 3o  Os serviços de habilitação profissional, de reabilita-
ção profissional e de educação profissional devem ser dota- Ementa: Orienta a adequação das atividades dos órgãos
dos de recursos necessários para atender a toda pessoa com do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares às determina-
deficiência, independentemente de sua característica especí- ções exaradas pela Convenção Internacional sobre os Direi-
tos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e
fica, a fim de que ela possa ser capacitada para trabalho que
pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência por
lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de conservá
meio – entre outras medidas – da convolação em resolução a
-lo e de nele progredir.
Recomendação CNJ 27, de 16/12/2009, bem como da institui-
§ 4o  Os serviços de habilitação profissional, de reabilita- ção de Comissões Permanentes de Acessibilidade e Inclusão.
ção profissional e de educação profissional deverão ser ofere- Origem: Presidência 
cidos em ambientes acessíveis e inclusivos. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTI-
§ 5o  A habilitação profissional e a reabilitação profissional ÇA, no uso de suas atribuições,
devem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, CONSIDERANDO  que, conforme o art. 5º, caput, da
especialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em Constituição de 1988, todos são iguais perante a lei, sem dis-
todos os níveis e modalidades, em entidades de formação tinção de qualquer natureza, garantindo-se a inviolabilidade
profissional ou diretamente com o empregador. do direito à igualdade;
§ 6o  A habilitação profissional pode ocorrer em empresas CONSIDERANDO os princípios gerais estabelecidos pelo
por meio de prévia formalização do contrato de emprego da art. 3º da aludida Convenção Internacional sobre os Direitos
pessoa com deficiência, que será considerada para o cum- das Pessoas com Deficiência, quais sejam: a) o respeito pela
primento da reserva de vagas prevista em lei, desde que por dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liber-
tempo determinado e concomitante com a inclusão profissio- dade de fazer as próprias escolhas, e a independência das
nal na empresa, observado o disposto em regulamento. pessoas; b) a não discriminação; c) a plena e efetiva partici-
§ 7o  A habilitação profissional e a reabilitação profissional pação e inclusão na sociedade; d) o respeito pela diferença e
atenderão à pessoa com deficiência. pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da di-
versidade humana e da humanidade; e) a igualdade de opor-
Seção III tunidades; f) a acessibilidade; g) a igualdade entre o homem
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho e a mulher; e h) o respeito pelo desenvolvimento das capaci-
dades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças
Art. 37.  Constitui modo de inclusão da pessoa com defi- com deficiência de preservar sua identidade;
ciência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de CONSIDERANDO  a Convenção sobre os Direitos das
oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legisla- Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, adotada
ção trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas em 13 de dezembro de 2006, por meio da Resolução 61/106,
durante a 61ª sessão da Assembleia Geral da Organização das
as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de
Nações Unidas (ONU);
tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de
CONSIDERANDO a ratificação pelo Estado Brasileiro da
trabalho.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
Parágrafo único.  A colocação competitiva da pessoa com de seu Protocolo Facultativo com equivalência de emenda
deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, ob- constitucional, por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9
servadas as seguintes diretrizes: de julho de 2008, com a devida promulgação pelo Decreto nº
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência 6.949, de 25 de agosto de 2009;
com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; CONSIDERANDO que nos termos desse novo tratado de
II - provisão de suportes individualizados que atendam a direitos humanos a deficiência é um conceito em evolução,
necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusi- que resulta da interação entre pessoas com deficiência e as
ve a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de barreiras relativas às atitudes e ao ambiente que impedem a
agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho; sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa de oportunidades com as demais pessoas;
com deficiência apoiada; CONSIDERANDO  que a acessibilidade foi reconhecida
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos emprega- na Convenção como princípio e como direito, sendo também
dores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de considerada garantia para o pleno e efetivo exercício de de-
superação de barreiras, inclusive atitudinais; mais direitos;

26
ATUALIDADES

CONSIDERANDO que a Convenção determina que os Esta- RESOLVE:


dos Partes devem reafirmar que as pessoas com deficiência têm  
o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas CAPÍTULO I
perante a lei e que gozam de capacidade legal em igualdade DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da   
vida, sendo que deverão ser tomadas medidas apropriadas para Art. 1º Esta Resolução orienta a adequação das atividades
prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que neces- dos órgãos do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares
sitarem no exercício de sua capacidade legal; em relação às determinações exaradas pela Convenção Inter-
CONSIDERANDO que os artigos 3º e 5º da Constituição Fe- nacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
deral de 1988 têm a igualdade como princípio e a promoção do Protocolo Facultativo (promulgada por meio do Decreto nº
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade 6.949/2009) e pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
e quaisquer outras formas de discriminação, como um objetivo Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
fundamental da República Federativa do Brasil, do que decorre a Parágrafo único. Para tanto, entre outras medidas, convo-
necessidade de promoção e proteção dos direitos humanos de to- la-se, em resolução, a Recomendação CNJ 27, de 16/12/2009,
das as pessoas, com e sem deficiência, em igualdade de condições; bem como institui-se as Comissões Permanentes de Acessibi-
CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outu- lidade e Inclusão.
bro de 1989, Decreto nº 3.298, de 21 de dezembro de 1999, Lei nº Art. 2º Para fins de aplicação desta Resolução, conside-
10.048, de 08 de novembro de 2000, Lei nº 10.098, de 19 de dezem- ram-se:
bro de 2000, e no Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que I - “discriminação por motivo de deficiência” significa
estabelecem normas gerais e critérios básicos para a promoção da qualquer diferenciação, exclusão ou restrição, por ação ou
acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, omissão, baseada em deficiência, com o propósito ou efeito
mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias, espaços de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou
e serviços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais
de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação, com pra- pessoas, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos
zos determinados para seu cumprimento e implementação; âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou qualquer
CONSIDERANDO  que ao Poder Público e seus órgãos outro, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de forne-
cabe assegurar às pessoas com deficiência o pleno exercício cimento de tecnologias assistivas;
de seus direitos, inclusive o direito ao trabalho, e de outros II - “acessibilidade” significa possibilidade e condição de
que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu alcance para utilização, com segurança e autonomia, de es-
bem-estar pessoal, social e econômico, cabendo aos órgãos paços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, trans-
e entidades da administração direta e indireta dispensar, no portes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e
âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos tecnologias, bem como de outros serviços e instalações aber-
desta Resolução, tratamento prioritário e adequado, tendente tos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo,
a viabilizar, sem prejuízo de outras, medidas que visem garan- tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
tir o acesso aos serviços concernentes, o empenho quanto ao ciência ou com mobilidade reduzida;
surgimento e à manutenção de empregos e a promoção de III - “barreiras” significa qualquer entrave, obstáculo, ati-
ações eficazes que propiciem a inclusão e a adequada am- tude ou comportamento que limite ou impeça a participação
bientação, nos locais de trabalho, de pessoas com deficiência; social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de
CONSIDERANDO  que a efetiva prestação de serviços seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de
públicos e de interesse público depende, no caso das pessoas expressão, à  comunicação, ao acesso à  informação, à  com-
com deficiência, da implementação de medidas que assegu- preensão, à circulação com segurança, entre outros, classifi-
rem a ampla e irrestrita acessibilidade física, arquitetônica, co- cadas em:
municacional e atitudinal; a) “barreiras urbanísticas”: as existentes nas vias e nos es-
CONSIDERANDO que a Administração Pública tem pa- paços públicos e privados abertos ao público ou de uso co-
pel preponderante na criação de novos padrões de consumo letivo;
e produção e na construção de uma sociedade mais inclusiva, b) “barreiras arquitetônicas”: as existentes nos edifícios
razão pela qual detém a capacidade e o dever de potenciali- públicos e privados;
zar, estimular e multiplicar a utilização de recursos e tecnolo- c) “barreiras nos transportes”: as existentes nos sistemas e
gias assistivas com vistas à garantia plena da acessibilidade e meios de transportes;
a inclusão das pessoas com deficiência; d) “barreiras nas comunicações e na informação”: qual-
CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoamento da quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
Recomendação CNJ 27/2009 pelo advento da Lei 13.146/2015 dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
(Lei Brasileira de Inclusão); mensagens e de informações por intermédio de sistemas de
CONSIDERANDO  a ratificação unânime da medida li- comunicação e de tecnologia da informação;
minar concedida nos autos dos Pedidos de Providências e) “barreiras atitudinais”: atitudes ou comportamentos
0004258-58.2015.2.00.0000 e 0004756-57.2015.2.00.0000, que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa
pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça; com deficiência em igualdade de condições e oportunidades
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do CNJ no com as demais pessoas; e
Procedimento de Comissão 006029-71.2015.2.00.0000, na f) “barreiras tecnológicas”: as que dificultam ou impedem
232ª Sessão Ordinária, realizada em 31 de maio de 2016; o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.

27
ATUALIDADES

IV - “adaptação razoável” significa as modificações e os Subseção II


ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus Da Acessibilidade com Segurança e Autonomia
desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada  
caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência pos- Art. 4º Para promover a acessibilidade dos usuários do
sam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com Poder Judiciário e dos seus serviços auxiliares que tenham de-
as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades ficiência, a qual não ocorre sem segurança ou sem autonomia,
fundamentais; dever-se-á, entre outras atividades, promover:
V - “desenho universal” significa a concepção de pro- I - atendimento ao público – pessoal, por telefone ou por
dutos, ambientes, programas e serviços a serem usados, na qualquer meio eletrônico – que seja adequado a esses usuá-
maior medida possível, por todas as pessoas, sem necessida- rios, inclusive aceitando e facilitando, em trâmites oficiais, o
de de adaptação ou projeto específico. O “desenho universal” uso de línguas de sinais, braille, comunicação aumentativa e
não excluirá as ajudas técnicas para grupos específicos de alternativa, e de todos os demais meios, modos e formatos
pessoas com deficiência, quando necessárias; acessíveis de comunicação, à escolha das pessoas com defi-
VI - “tecnologia assistiva” (ou “ajuda técnica”) significa ciência;
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodolo- II - adaptações arquitetônicas que permitam a livre e au-
gias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover tônoma movimentação desses usuários, tais como rampas,
a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da elevadores e vagas de estacionamento próximas aos locais
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando de atendimento; e
à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão III - acesso facilitado para a circulação de transporte pú-
social; blico nos locais mais próximos possíveis aos postos de aten-
VII - “comunicação” significa forma de interação dos cida- dimento.
dãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o em todo o processo judicial, o poder público deve capacitar
Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os os membros, os servidores e terceirizados que atuam no Po-
caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como der Judiciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e § 2º Cada órgão do Poder Judiciário deverá dispor de,
os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos pelo menos, cinco por cento de servidores, funcionários e ter-
aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tec- ceirizados capacitados para o uso e interpretação da Libras.
nologias da informação e das comunicações; § 3º As edificações públicas já existentes devem garantir
VIII - “atendente pessoal” significa pessoa, membro ou acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas de-
pendências e serviços, tendo como referência as normas de
não da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
acessibilidade vigentes.
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência
§ 4º A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança
no exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas
de uso de edificações deverão ser executadas de modo a se-
ou os procedimentos identificados com profissões legalmen-
rem acessíveis.
te estabelecidas; e
§ 5º A formulação, a implementação e a manutenção das
IX - “acompanhante” significa aquele que acompanha a
ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas bá-
pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as
sicas:
funções de atendente pessoal.
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e
  reserva de recursos para implementação das ações; e
CAPÍTULO II II - planejamento contínuo e articulado entre os setores
DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS A TODAS AS envolvidos.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA § 6º Para atender aos usuários externos que tenham de-
Seção I ficiência, dever-se-á reservar, nas áreas de estacionamento
Da Igualdade e suas Implicações abertas ao público, vagas próximas aos acessos de circula-
Subseção I ção de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que
Da Igualdade e da Inclusão transportem pessoas com deficiência e com comprometi-
  mento de mobilidade, desde que devidamente identificados,
Art. 3º A fim de promover a igualdade, adotar-se-ão, em percentual equivalente a 2% (dois por cento) do total, ga-
com urgência, medidas apropriadas para eliminar e prevenir rantida, no mínimo, 1 (uma) vaga.
quaisquer barreiras urbanísticas, arquitetônicas, nos trans- § 7º Mesmo se todas as vagas disponíveis estiverem ocu-
portes, nas comunicações e na informação, atitudinais ou padas, a Administração deverá agir com o máximo de empe-
tecnológicas, devendo-se garantir às pessoas com deficiên- nho para, na medida do possível, facilitar o acesso do usuário
cia – servidores, serventuários extrajudiciais, terceirizados ou com deficiência às suas dependências, ainda que, para tanto,
não – quantas adaptações razoáveis ou mesmo tecnologias seja necessário dar acesso a vaga destinada ao público inter-
assistivas sejam necessárias para assegurar acessibilidade ple- no do órgão.
na, coibindo qualquer forma de discriminação por motivo de Art. 5º É proibido ao Poder Judiciário e seus serviços auxi-
deficiência. liares impor ao usuário com deficiência custo anormal, direto
  ou indireto, para o amplo acesso a serviço público oferecido.

28
ATUALIDADES

Art. 6º Todos os procedimentos licitatórios do Poder Ju- tacionamento, instalação de piso tátil direcional e de alerta,
diciário deverão se ater para produtos acessíveis às pessoas sinalização sonora para pessoas com deficiência visual, bem
com deficiência, sejam servidores ou não. como sinalizações visuais acessíveis a pessoas com deficiência
§ 1º O desenho universal sera# sempre tomado como re- auditiva, pessoas com baixa visão e pessoas com deficiência
gra de caráter geral. intelectual, adaptação de mobiliário (incluindo púlpitos), por-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho tas e corredores em todas as dependências e em toda a ex-
universal não possa ser empreendido, deve ser adotada adap- tensão (Tribunais, Fóruns, Juizados Especiais etc);
tação razoável. II – locação de imóveis, aquisição ou construções novas
Art. 7º Os órgãos do Poder Judiciário deverão, com ur- somente deverão ser feitas se com acessibilidade;
gência, proporcionar aos seus usuários processo eletrônico III – permissão de entrada e permanência de cães-guias
adequado e acessível a todos os tipos de deficiência, inclusive em todas as dependências dos edifícios e sua extensão;
às pessoas que tenham deficiência visual, auditiva ou da fala. IV – habilitação de servidores em cursos oficiais de Lin-
§ 1º Devem ser oferecidos todos os recursos de tecno- guagem Brasileira de Sinais, custeados pela Administração,
logia assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência formados por professores oriundos de instituições oficial-
tenha garantido o acesso à justiça, sempre que figure em um mente reconhecidas no ensino de Linguagem Brasileira de Si-
dos polos da ação ou atue como testemunha, partícipe da lide nais para ministrar os cursos internos, a fim de assegurar que
posta em juízo, advogado, defensor público, magistrado ou as secretarias e cartórios das Varas e Tribunais disponibilizem
membro do Ministério Público. pessoal capacitado a atender surdos, prestando-lhes informa-
§ 2º A pessoa com deficiência tem garantido o acesso ções em Linguagem Brasileira de Sinais;
ao conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse, V – nomeação de tradutor e intérprete de Linguagem Bra-
inclusive no exercício da advocacia. sileira de Sinais, sempre que figurar no processo pessoa com
Art. 8º Os serviços notariais e de registro não podem ne- deficiência auditiva, escolhido dentre aqueles devidamente
gar ou criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de habilitados e aprovados em curso oficial de tradução e inter-
seus serviços em razão de deficiência do solicitante, devendo pretação de Linguagem Brasileira de Sinais ou detentores do
reconhecer sua capacidade legal plena, garantida a acessibi- certificado de proficiência em Linguagem Brasileira de Sinais
lidade. – PROLIBRAS, nos termos do art. 19 do Decreto 5.626/2005,
Parágrafo único. O descumprimento do disposto o qual deverá prestar compromisso e, em qualquer hipótese,
no caput deste artigo constitui discriminação em razão de de- será custeado pela administração dos órgãos do Judiciário;
ficiência. VI – sendo a pessoa com deficiência auditiva partícipe do
Art. 9º Os Tribunais relacionados nos incisos II a VII do art. processo oralizado e se assim o preferir, o Juiz deverá com ela
92 da Constituição Federal de 1988 e os serviços auxiliares se comunicar por anotações escritas ou por meios eletrônicos,
do Poder Judiciário devem adotar medidas para a remoção o que inclui a legenda em tempo real, bem como adotar me-
de barreiras físicas, tecnológicas, arquitetônicas, de comuni- didas que viabilizem a leitura labial;
cação e atitudinais para promover o amplo e irrestrito acesso VII – nomeação ou permissão de utilização de guia-intér-
de pessoas com deficiência às suas respectivas carreiras e de- prete, sempre que figurar no processo pessoa com deficiência
pendências e o efetivo gozo dos serviços que prestam, pro- auditiva e visual, o qual deverá prestar compromisso e, em
movendo a conscientização de servidores e jurisdicionados qualquer hipótese, será custeado pela administração dos ór-
sobre a importância da acessibilidade para garantir o pleno gãos do Judiciário;
exercício de direitos. VIII – registro da audiência, caso o Juiz entenda necessá-
  rio, por filmagem de todos os atos nela praticados, sempre
Subseção III que presente pessoa com deficiência auditiva;
Das Comissões Permanentes de Acessibilidade e In- IX – aquisição de impressora em Braille, produção e ma-
clusão nutenção do material de comunicação acessível, especial-
  mente o website, que deverá ser compatível com a maioria
Art. 10. Serão instituídas por cada Tribunal, no prazo má- dos softwares livres e gratuitos de leitura de tela das pessoas
ximo de 45 (quarenta e cinco) dias, Comissões Permanentes com deficiência visual;
de Acessibilidade e Inclusão, com caráter multidisciplinar, X – inclusão, em todos os editais de concursos públicos,
com participação de magistrados e servidores, com e sem da previsão constitucional de reserva de cargos para pessoas
deficiência, objetivando que essas Comissões fiscalizem, pla- com deficiência, inclusive nos que tratam do ingresso na ma-
nejem, elaborem e acompanhem os projetos arquitetônicos gistratura (CF, art. 37, VIII);
de acessibilidade e projetos “pedagógicos” de treinamento e XI – anotação na capa dos autos da prioridade concedi-
capacitação dos profissionais e funcionários que trabalhem da à tramitação de processos administrativos cuja parte seja
com as pessoas com deficiência, com fixação de metas anuais, uma pessoa com deficiência e de processos judiciais se tiver
direcionados à promoção da acessibilidade para pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de
deficiência, tais quais as descritas a seguir: doença grave, nos termos da Lei n. 12.008, de 06 de agosto
I – construção e/ou reforma para garantir acessibilida- de 2009;
de para pessoas com termos da normativa técnica em vigor XII – realização de oficinas de conscientização de servi-
(ABNT 9050), inclusive construção de rampas, adequação de dores e magistrados sobre os direitos das pessoas com de-
sanitários, instalação de elevadores, reserva de vagas em es- ficiência;

29
ATUALIDADES

XIII – utilização de intérprete de Linguagem Brasileira de CAPÍTULO III


Sinais, legenda, audiodescrição e comunicação em linguagem DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDORES
acessível em todas as manifestações públicas, dentre elas pro- COM DEFICIÊNCIA
pagandas, pronunciamentos oficiais, vídeos educativos, even- Seção I
tos e reuniões; Da Aplicabilidade dos Capítulos Anteriores
XIV – disponibilização de equipamentos de autoatendi-  
mento para consulta processual acessíveis, com sistema de Art. 17. Aplicam-se aos servidores, aos serventuários ex-
voz ou de leitura de tela para pessoas com deficiência visual, trajudiciais e aos terceirizados com deficiência, no que couber,
bem como, com altura compatível para usuários de cadeira todas as disposições previstas nos Capítulos anteriores desta
de rodas. Resolução.
Art. 11. Os órgãos do Poder Judiciário relacionados nos  
incisos II a VII do art. 92 da Constituição Federal de 1988 de- Seção II
vem criar unidades administrativas específicas, diretamente Da Avaliação
vinculadas à Presidência de cada órgão, responsáveis pela im-  
plementação das ações da respectiva Comissão Permanente
Art. 18. A avaliação da deficiência, quando necessária,
de Acessibilidade e Inclusão.
será  biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e
Art. 12. É indispensável parecer da Comissão Permanen-
interdisciplinar e considerará:
te de Acessibilidade e Inclusão em questões relacionadas aos
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
direitos das pessoas com deficiência e nos demais assuntos
conexos à acessibilidade e inclusão no âmbito dos Tribunais. II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
Art. 13. Os prazos e as eventuais despesas decorrentes III - a limitação no desempenho de atividades; e
da implementação desta Resolução serão definidos pelos tri- IV - a restrição de participação.
bunais, ouvida a respectiva Comissão Permanente de Aces-  
sibilidade e o órgão interno responsável pela elaboração do Seção III
Planejamento Estratégico, com vistas à sua efetiva implemen- Da Inclusão de Pessoa com Deficiência no Serviço
tação. Público
   
Seção II Art. 19. Os editais de concursos públicos para ingresso nos
Da não Discriminação quadros do Poder Judiciário e de seus serviços auxiliares deve-
  rão prever, nos objetos de avaliação, disciplina que abarque os
Art. 14. É proibida qualquer forma de discriminação por direitos das pessoas com deficiência.
motivo de deficiência, devendo-se garantir a#s pessoas com Art. 20. Imediatamente após a posse de servidor, serven-
deficiência – servidores, serventuários extrajudiciais, terceiri- tuário extrajudicial ou contratação de terceirizado com defi-
zados ou não – igual e efetiva proteção legal contra a discri- ciência, dever-se-á informar a ele de forma detalhada sobre
minação por qualquer motivo. seus direitos e sobre a existência desta Resolução.
  Art. 21. Cada órgão do Poder Judiciário deverá manter um
Seção III cadastro dos servidores, serventuários extrajudiciais e terceiri-
Da Proteção da Integridade Física e Psíquica zados com deficiência que trabalham no seu quadro.
  § 1º Esse cadastro deve especificar as deficiências e as ne-
Art. 15. Toda pessoa com deficiência – servidor, serven- cessidades particulares de cada servidor, terceirizado ou ser-
tuário extrajudicial, terceirizado ou não – tem o direito a que ventuário extrajudicial.
sua integridade física e mental seja respeitada, em igualdade § 2º A atualização do cadastro deve ser permanente, de-
de condições com as demais pessoas.
vendo ocorrer uma revisão detalhada uma vez por ano.
Art. 16. A pessoa com deficiência tem direito a receber
§ 3º Na revisão anual, cada um dos servidores, serven-
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
tuários extrajudiciais ou terceirizado com deficiência deverá
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
ser pessoalmente questionado sobre a existência de possíveis
II - atendimento em todos os serviços de atendimento
ao público; sugestões ou adaptações referentes à  sua plena inclusão no
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto ambiente de trabalho.
tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de § 4º Para cada sugestão dada, deverá haver uma resposta
condições com as demais pessoas; formal do Poder Judiciário em prazo razoável.
IV - acesso a informações e disponibilização de recursos Art. 22. Constitui modo de inclusão da pessoa com defi-
de comunicação acessíveis; ciência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de
V - tramitação processual e procedimentos judiciais e ad- oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legisla-
ministrativos em que for parte ou interessada, em todos os ção trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as
atos e diligências. regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecno-
Parágrafo único. Os direitos previstos neste artigo são ex- logia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho.
tensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com
seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto no inciso deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, ob-
V deste artigo. servadas as seguintes diretrizes:

30
ATUALIDADES

I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência § 1º A Administração não poderá obrigar o servidor com
com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; mobilidade comprometida a utilizar o sistema “home office”,
II - provisão de suportes individualizados que atendam a mesmo diante da existência de muitos custos para a promo-
necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusi- ção da acessibilidade do servidor em seu local de trabalho.
ve a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de § 2º Os custos inerentes à  adaptação do servidor com
agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho; deficiência ao sistema “home office” deverão ser suportados
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa exclusivamente pela Administração.
com deficiência apoiada; Art. 27. Ao servidor ou terceirizado com deficiência é ga-
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos emprega- rantida adaptação ergonômica da sua estação de trabalho.
dores, com vistas à definição de estratégias de inclusão e de Art. 28. Se houver serviço de saúde no órgão, aos servi-
superação de barreiras, inclusive atitudinais; dores com deficiência será garantido atendimento compatível
V - realização de avaliações periódicas; com as suas deficiências.
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; e  
VII - possibilidade de participação de organizações da so- Seção IV
ciedade civil. Do Horário Especial
Art. 23. A pessoa com deficiência tem direito ao traba-  
lho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível Art. 29. A concessão de horário especial conforme o art.
e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais 98, § 2º, da Lei 8.112/1990 a servidor com deficiência não jus-
pessoas. tifica qualquer atitude discriminatória.
§ 1º Os órgãos do Poder Judiciário são obrigados a ga- § 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de ban-
rantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. co de horas pelos demais servidores do órgão, também deve-
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade rá ser admitida a mesma possibilidade em relação ao servidor
de oportunidades com as demais pessoas, a condições justas com horário especial, mas de modo proporcional.
e favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por tra- § 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário es-
balho de igual valor. pecial não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com defi- situação de desigualdade com os demais servidores, o exercí-
cio de função de confiança ou de cargo em comissão.
ciência e qualquer discriminação em razão de sua condição,
§ 3º O servidor com horário especial não será obrigado a
inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação,
realizar, conforme o interesse da Administração, horas extras,
admissão, exames admissional e periódico, permanência no
se essa extensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar
emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional,
qualquer dano à sua saúde.
bem como exigência de aptidão plena.
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a dimi-
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e
nuição da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda que
ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, pla-
por curto período, esse mesmo benefício deverá ser aprovei-
nos de carreira, promoções, bonificações e incentivos profis- tado de forma proporcional pelo servidor a quem tenha sido
sionais oferecidos pelo empregador, em igualdade de opor- concedido horário especial.
tunidades com os demais empregados.  
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência acessi- CAPÍTULO IV
bilidade em cursos de formação e de capacitação. DAS DISPOSIÇÕES RELACIONADAS AOS SERVIDO-
Art. 24. É garantido à  pessoa com deficiência acesso a RES QUE TENHAM CÔNJUGE, FILHO OU DEPENDENTE
produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos COM DEFICIÊNCIA
e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autono- Seção I
mia, mobilidade pessoal e qualidade de vida. Da Facilitação dos Cuidados
Art. 25. Se houver qualquer tipo de estacionamento in-  
terno, será garantido ao servidor com deficiência que possua Art. 30. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a reali-
comprometimento de mobilidade vaga no local mais próximo zação de trabalho por meio do sistema “home office”, dever-
ao seu local de trabalho. se-á dar prioridade aos servidores que tenham cônjuge, filho
§ 1º O percentual aplicável aos estacionamentos externos ou dependente com deficiência e que manifestem interesse
a que se referem o art. 4º, § 6º, desta Resolução e o art. 47 da na utilização desse sistema.
Lei 13.146/2015 não é aplicável ao estacionamento interno do Art. 31. Se houver serviço de saúde no órgão, ao cônjuge,
órgão, devendo-se garantir vaga no estacionamento interno filho ou dependente com deficiência de servidor será garanti-
a cada servidor com mobilidade comprometida. do atendimento compatível com as suas deficiências.
§ 2º O caminho existente entre a vaga do estacionamen-  
to interno e o local de trabalho do servidor com mobilidade Seção II
comprometida não deve conter qualquer tipo de barreira que Do Horário Especial
impossibilite ou mesmo dificulte o seu acesso.  
Art. 26. Se o órgão possibilitar aos seus servidores a reali- Art. 32. A concessão de horário especial conforme o art.
zação de trabalho por meio do sistema “home office”, dever- 98, § 3º, da Lei 8.112/1990 a servidor que tenha cônjuge, filho
se-á dar prioridade aos servidores com mobilidade compro- ou dependente com deficiência não justifica qualquer atitude
metida que manifestem interesse na utilização desse sistema. discriminatória.

31
ATUALIDADES

§ 1º Admitindo-se a possibilidade de acumulação de  QUESTÃO


banco de horas pelos demais servidores do órgão, também
deverá ser admitida a mesma possibilidade em relação ao ser- 01) “‘Monopólio’ brasileiro do nióbio gera cobiça mun-
vidor com horário especial, em igualdade de condições com dial, controvérsia e mitos. Com 98% das reservas, Brasil não
os demais. tem política específica para o mineral. Exportações cresceram
§ 2º Ao servidor a quem se tenha concedido horário es- 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em 2012.”
pecial não poderá ser negado ou dificultado, colocando-o em Em relação ao nióbio brasileiro, assinale a alternativa cor-
situação de desigualdade com os demais servidores, o exercí- reta.
cio de função de confiança ou de cargo em comissão. A O depósito localizado no carbonatito do barreiro em
§ 3º O servidor com horário especial não será obrigado a Araxá (MG) é responsável pela maior produção brasileira. O
realizar, conforme o interesse da Administração, horas extras, nióbio é considerado fundamental para a indústria de alta
se essa extensão da sua jornada de trabalho puder ocasionar tecnologia, como os tomógrafos de ressonância magnética,
qualquer dano relacionado ao seu cônjuge, filho ou depen- para a indústria aeroespacial, entre outras.
dente com deficiência. B As maiores reservas de nióbio estão localizadas na
§ 4º Se o órgão, por sua liberalidade, determinar a dimi- Amazônia (75%), onde a empresa Vale detém o monopólio
nuição da jornada de trabalho dos seus servidores, ainda que de exploração e comercialização.
por curto período, esse mesmo benefício deverá ser apro- C O nióbio é um mineral nobre e raro encontrado em
veitado pelo servidor a quem tenha sido concedido horário poucos países e seu preço está muito próximo do valor do
especial. ouro, o que levou Walter Moreira Salles, banqueiro brasileiro,
  a investir na extração desse minério.
CAPÍTULO V D O fato de o Brasil possuir cerca de 98% das reservas
DISPOSIÇÕES FINAIS conhecidas garante ao país muitos anos de monopólio da
  oferta. Devido ao crescimento da intensidade de uso e das
Art. 33. Incorre em pena de advertência o servidor, tercei- inúmeras possibilidades de aplicações, a relevância e a valori-
rizado ou o serventuário extrajudicial que: zação desse mineral são comparadas ao ouro e ao petróleo.
I - conquanto possua atribuições relacionadas a possível E A oferta de nióbio está praticamente toda nas mãos
eliminação e prevenção de quaisquer barreiras urbanísticas, das duas gigantes mineradoras que operam no país, a estatal
arquitetônicas, nos transportes, nas comunicações e na in- Companhia Siderúrgica Nacional e a Anglo American.
formação, atitudinais ou tecnológicas, não se empenhe, com
a máxima celeridade possível, para a supressão e prevenção Resposta: A
dessas barreiras;
II - embora possua atribuições relacionadas à promoção
de adaptações razoáveis ou ao oferecimento de tecnologias
assistivas necessárias à  acessibilidade de pessoa com defi-
ciência – servidor, serventuário extrajudicial ou não –, não se
empenhe, com a máxima celeridade possível, para estabele-
cer a condição de acessibilidade;
III - no exercício das suas atribuições, tenha qualquer ou-
tra espécie de atitude discriminatória por motivo de deficiên-
cia ou descumpra qualquer dos termos desta Resolução.
§ 1º Também incorrerá em pena de advertência o servi-
dor ou o serventuário extrajudicial que, tendo conhecimento
do descumprimento de um dos incisos do caput deste artigo,
deixar de comunicá-lo à  autoridade competente, para que
esta promova a apuração do fato.
§ 2º O fato de a conduta ter ocorrido em face de usuário
ou contra servidor do mesmo quadro, terceirizado ou serven-
tuário extrajudicial é indiferente para fins de aplicação da ad-
vertência.
§ 3º Em razão da prioridade na tramitação dos processos
administrativos destinados à inclusão e à não discriminação
de pessoa com deficiência, a grande quantidade de processos
a serem concluídos não justifica o afastamento de advertência
pelo descumprimento dos deveres descritos neste artigo.
§ 4º As práticas anteriores da Administração Pública não
justificam o afastamento de advertência pelo descumprimen-
to dos deveres descritos neste artigo.
Art. 34. Esta Resolução entra em vigor na data da sua pu-
blicação.

32
MATEMÁTICA

1. Operações com números reais....................................................................................................................................................................... 01


2. Mínimo múltiplo comum e máximo divisor comum. ........................................................................................................................... 07
3. Razão e proporção. ............................................................................................................................................................................................ 08
4. Porcentagem. ....................................................................................................................................................................................................... 10
5. Regra de três simples e composta. .............................................................................................................................................................. 11
6. Média aritmética simples e ponderada. .................................................................................................................................................... 13
7. Juros simples......................................................................................................................................................................................................... 13
8. Equação do 1.º e 2.º graus. ............................................................................................................................................................................. 14
9. Sistema de equações do 1.º grau. ................................................................................................................................................................ 16
10. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ........................................................................................................................................ 17
11. Sistemas de medidas usuais. ....................................................................................................................................................................... 20
12. Noções de geometria: forma, perímetro, área, volume, ângulo, teorema de Pitágoras. ..................................................... 22
13. Resolução de situações-problema. ........................................................................................................................................................... 37
MATEMÁTICA

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI (EBSERH/HU-UFGD – Técnico em Informática –


AOCP/2014) Joana pretende dividir um determinado nú-
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia mero de bombons entre seus 3 filhos. Sabendo que o nú-
Universidade Católica- PUC mero de bombons é maior que 24 e menor que 29, e que
Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual fazendo a divisão cada um dos seus 3 filhos receberá 9
de Maringá – UEM. bombons e sobrará 1 na caixa, quantos bombons ao todo
Graduanda em Matemática pelo Claretiano. Joana possui?
(A) 24.
(B) 25.
1. OPERAÇÕES COM NÚMEROS REAIS. (C) 26.
(D) 27.
(E) 28
Resposta: E.
Números Naturais Vamos fazer a conta inversa:
Os números naturais são o modelo matemático neces- são 3 filhos e 9 bombons para cada
sário para efetuar uma contagem. 3.9=27
Começando por zero e acrescentando sempre uma Mas sobrou 1.
unidade, obtemos os elementos dos números naturais: Então temos 27+1=28 bombons.

Expressões Numéricas
A construção dos Números Naturais
- Todo número natural dado tem um sucessor (número que Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra-
vem depois do número dado), considerando também o zero. ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
Exemplos: Seja m um número natural. acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
a) O sucessor de m é m+1. pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:
b) O sucessor de 0 é 1.
c) O sucessor de 1 é 2. Se em uma expressão numérica aparecer as quatro
d) O sucessor de 19 é 20. operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
- Se um número natural é sucessor de outro, então os mente depois a adição e a subtração, também na ordem
dois números juntos são chamados números consecutivos. em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
Exemplos: ro.
a) 1 e 2 são números consecutivos.
b) 5 e 6 são números consecutivos. Exemplo 1
c) 50 e 51 são números consecutivos.
10 + 12 – 6 + 7
- Vários números formam uma coleção de números na- 22 – 6 + 7
turais consecutivos se o segundo é sucessor do primeiro, 16 + 7
o terceiro é sucessor do segundo, o quarto é sucessor do 23
terceiro e assim sucessivamente.
Exemplos: Exemplo 2
a) 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.
b) 5, 6 e 7 são consecutivos. 40 – 9 x 4 + 23
c) 50, 51, 52 e 53 são consecutivos. 40 – 36 + 23
4 + 23
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um 27
antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente Exemplo 3
de zero. 25-(50-30)+4x5
a) O antecessor do número m é m-1. 25-20+20=25
10
(EMDEC - Assistente Administrativo Jr - IBFC/2016) O
Subconjuntos de valor da expressão numérica [6.(9.3 - 6.2) ÷ 9 + 1] é igual a :
Vale lembrar que um asterisco, colocado junto à letra (A) 10
que simboliza um conjunto, significa que o zero foi excluí- (B) 9
do de tal conjunto. (C) 11
(D) 8

Resposta: C.

1
MATEMÁTICA

Vamos começar pelos paretênses Assim, os números são dois exem-


9x3=27 plos de números racionais.
6x2=12
27-12=1515x6=90 Representação Decimal das Frações

90/9=10 Temos 2 possíveis casos para transformar frações em


10+1=11 decimais
1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o nú-
Números Inteiros mero decimal terá um número finito de algarismos após a
Podemos dizer que este conjunto é composto pelos vírgula.
números naturais, o conjunto dos opostos dos números
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Subconjuntos do conjunto  :

1)
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
ser número racional
2) OBS: período da dízima são os números que se repe-
tem, se não repetir não é dízima periódica e assim números
irracionais, que trataremos mais a frente.
3)

Exemplo

(TRT 14ª REGIÃO – Técnico Judiciário – FCC/2016)


Perguntaram para Álvaro, Bernardo e Cléber quanto filhos
eles tinham, e eles responderam:

− Eu tenho 4 (Álvaro);
Representação Fracionária dos Números Decimais
− Eu tenho 3 (Bernardo); Trata-se do problema inverso: estando o número ra-
cional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na
− Eu tenho 5 (Cléber). forma de fração. Temos dois casos:
1º) Transformamos o número em uma fração cujo nu-
Sabendo-se que um deles mentiu para mais do que merador é o número decimal sem a vírgula e o denomina-
realmente tem, e que os outros dois disseram a verdade, a dor é composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros
soma máxima correta do número de filhos das três pessoas quantas forem as casas decimais do número decimal dado:
citadas é igual a
(A) 9.
(B) 11.
(C) 7.
(D) 12.
(E) 13.

Resposta: B.
A soma dos filhos é :4+3+5=12
Mas, sabemos que um mentiu falando que tinha 1 filho
a mais.
Então 12-1=11

Números Racionais 2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada;


Chama-se de número racional a todo número que para tanto, vamos apresentar o procedimento através de
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros alguns exemplos:
quaisquer, com b≠0

2
MATEMÁTICA

Exemplo 1 - Todas as frações ordinárias são números racionais.


- Todas as dízimas não periódicas são números irra-
Seja a dízima 0, 333... . cionais.
Façamos x = 0,333... e multipliquemos ambos os mem- - Todas as raízes inexatas são números irracionais.
bros por 10: 10x = 3,333 - A soma de um número racional com um número irra-
Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade cional é sempre um número irracional.
da segunda: - A diferença de dois números irracionais, pode ser um
10x – x = 3,333... – 0,333... → 9x = 3 → x = 3/9 número racional.
3 -Os números irracionais não podem ser expressos na
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração . forma , com a e b inteiros e b≠0.
9
Exemplo 2 Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional.
Seja a dízima 5, 1717... .
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
Façamos x = 5,1717... e 100x = 517,1717... . um número racional.
Subtraindo membro a membro, temos:
99x = 512 → x = 512/99 Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.

Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração 512/99 . - O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
Exemplo
Exemplo:  .  =  = 5 e 5 é um número racional.
(TRF 3ª REGIÃO – Analista Judiciário – FCC/2016)
Seja A o quociente da divisão de 8 por 3. Seja B o quociente Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú-
da divisão de 15 por 7. Seja C o quociente da divisão de 14 mero natural, se não inteira, é irracional.
por 22.
(UFES – Técnico em Contabilidade – UFES/2015) Sejam
O produto A . B . C é igual a x e y números reais. É CORRETO afirmar:
(A) 3,072072072 . . . (A) Se x e y são números racionais e não inteiros, en-
(B) 3,636363 . . . tão y. x é um número racional e não inteiro.
(C) 3,121212 . . . (B) Se x é um número irracional e y é um número ra-
(D) 3,252525 . . . cional, então y+ x é um número irracional.
(E) 3,111 . . . (C) Se x e y são números racionais e não inteiros, en-
tão y + x é um número racional e não inteiro.
Resposta: B. (D) Se x é um número irracional e y é um número ra-
Será muito trabalhoso se dividirmos cada um e depois cional, então y. x é um número irracional.
multiplicar. (E) Se x e y são números irracionais, então y. x é um
E também como haverá dízima, ficaria inviável fazer número irracional.
dessa forma.
Como ele diz quociente, vamos fazer fração e deixar Resolução
indicado a multiplicação:
Como os números são grandes vamos simplificar Resposta: B.
-A soma de um número racional r com um número ir-
racional i é um número irracional r’.
-O produto de um número racional r, não nulo, por um
número irracional i é um número irracional r’.
-Vejam que a D só estaria correta se cita-se “não nulo”.
-Na letra E não é aplicável a propriedade do fechamen-
to para os irracionais.

Números Irracionais
Identificação de números irracionais

- Todas as dízimas periódicas são números racionais.


- Todos os números inteiros são racionais.

3
MATEMÁTICA

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números


reais menores que b.

Fonte: www.estudokids.com.br Intervalo:]-∞,b[


Conjunto:{x∈R|x<b}

Semirreta direita, fechada de origem a – números reais


maiores ou iguais a a.
Representação na reta

Intervalo:[a,+ ∞[
INTERVALOS LIMITADOS Conjunto:{x∈R|x≥a}

Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais
iguais a e menores do que b ou iguais a b. maiores que a.

Intervalo:[a,b] Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}
Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
Potenciação
Intervalo aberto – números reais maiores que a e me- Os números envolvidos em uma multiplicação são cha-
nores que b. mados de fatores e o resultado da multiplicação é o pro-
duto, quando os fatores são todos iguais existe uma forma
diferente de fazer a representação dessa multiplicação que
é a potenciação. 
Intervalo:]a,b[
Conjunto:{x∈R|a<x<b} 2 . 2 . 2 . 2 = 16 → multiplicação de fatores iguais.

Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores


que a ou iguais a a e menores do que b.

Intervalo:{a,b[
Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Intervalo fechado à direita – números reais maiores
que a e menores ou iguais a b.

Casos
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

4
MATEMÁTICA

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio 3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e mul-
número. tiplica-se os expoentes.
Exemplos:
(52)3 = 52.3 = 56

(METRÔ – Assistente Administrativo Júnior – FCC/2014)


3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, Quatro números inteiros serão sorteados. Se o número sor-
resulta em um número positivo. teado for par, ele deve ser dividido por 2 e ao quociente
deve ser acrescido 17. Se o número sorteado for ímpar,
ele deve ser dividido por seu maior divisor e do quociente
deve ser subtraído 15. Após esse procedimento, os quatro
resultados obtidos deverão ser somados. Sabendo que os
números sorteados foram 40, 35, 66 e 27, a soma obtida ao
4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím- final é igual a
par, resulta em um número negativo. (A) 87.
(B) 59.
(C) 28.
(D) 65.
(E) 63.

Resposta: B.
* número 40: é par.
40 / 2 + 17 = 20 + 17 = 37
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
sar o sinal para positivo e inverter o número que está na * número 35: é ímpar.
base.  Seu maior divisor é 35.
35 / 35 – 15 = 1 – 15 = – 14

* número 66: é par.


66 / 2 + 17 = 33 + 17 = 50

6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o * número 27: é ímpar.
valor do expoente, o resultado será igual a zero.  Seu maior divisor é 27.
27 / 27 – 15 = 1 – 15 = – 14

Propriedades * Por fim, vamos somar os resultados:


37 – 14 + 50 – 14 = 87 – 28 = 59
1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências
de mesma base, repete-se a base e  adiciona-se (soma) os Radiciação
expoentes.
Radiciação é a operação inversa a potenciação
Exemplos:

54 . 53 = 54+3= 57

(5.5.5.5) .( 5.5.5)= 5.5.5.5.5.5.5 = 57

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mes-


ma base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos: Técnica de Cálculo


96 : 92 = 96-2 = 94
A determinação da raiz quadrada de um número tor-
na-se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado
em números primos. Veja: 

5
MATEMÁTICA

Exemplo

Divisão

Exemplo

64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira- Adição e subtração
se” um e multiplica.

1 1 1 Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.


Observe: 3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5

De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:


n
a.b = n a .n b
O radical de índice inteiro e positivo de um produto
indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando. Caso tenha:

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2 2 22 22 Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Observe: =  = 1 =
3 3 3 Racionalização de Denominadores
32 Normalmente não se apresentam números irracionais
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli-
+
minação dos radicais do denominador chama-se racionali-
a na zação do denominador.
n = 1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.


Operações

Operações Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife-


Multiplicação rença de quadrados no denominador:

6
MATEMÁTICA

Mínimo Múltiplo Comum


2 MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM E
MÁXIMO DIVISOR COMUM; O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais nú-
meros é o menor número, diferente de zero.
Para calcular devemos seguir as etapas:
• Decompor os números em fatores primos
Múltiplos • Multiplicar os fatores entre si

Um número é múltiplo de outro quando ao dividirmos Exemplo:


o primeiro pelo segundo, o resto é zero. Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.
Exemplo Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a
divisão com algum dos números, não é necessário que os
dois sejam divisíveis ao mesmo tempo.
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido,
continua aparecendo.
O conjunto de múltiplos de um número natural não- Assim, o mmc
-nulo é infinito e podemos consegui-lo multiplicando-se o
número dado por todos os números naturais. Exemplo
M(3)={0,3,6,9,12,...} O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16
m, será revestido com ladrilhos quadrados, de mesma di-
Divisores mensão, inteiros, de forma que não fique espaço vazio
entre ladrilhos vizinhos. Os ladrilhos serão escolhidos de
Os números 12 e 15 são múltiplos de 3, portanto 3 é modo que tenham a maior dimensão possível.
divisor de 12 e 15. Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá
medir
D(12)={1,2,3,4,6,12}
D(15)={1,3,5,15} (A) mais de 30 cm.
Observações: (B) menos de 15 cm.
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo. (D) mais de 20 cm e menos de 25 cm.
- Todo número natural é múltiplo de 1. (E) mais de 25 cm e menos de 30 cm.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos
múltiplos. Resposta: A.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.
Máximo Divisor Comum
O máximo divisor comum de dois ou mais números
naturais não-nulos é o maior dos divisores comuns desses
números.
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, deve-
mos seguir as etapas:
• Decompor o número em fatores primos
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
• Multiplicar os fatores entre si.

Exemplo: Devemos achar o mdc para achar a maior medida pos-


sível
E são os fatores que temos iguais:25=32

Exemplo2

(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016)


No aeroporto de uma pequena cidade chegam aviões
de três companhias aéreas. Os aviões da companhia A
chegam a cada 20 minutos, da companhia B a cada 30
minutos e da companhia C a cada 44 minutos. Em um do-
mingo, às 7 horas, chegaram aviões das três companhias
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente. ao mesmo tempo, situação que voltará a se repetir, nesse
m.d.c mesmo dia, às

7
MATEMÁTICA

(A) 16h 30min. Os números A e D são denominados extremos enquan-


(B) 17h 30min. to os números B e C são os meios e vale a propriedade: o
(C) 18h 30min. produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto é:
(D) 17 horas. AxD=BxC
(E) 18 horas.
Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
Resposta: E.

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3


esteja em proporção com 4/6.
Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

.
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660 Segunda propriedade das proporções
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença
1h---60minutos dos dois primeiros termos está para o primeiro, ou para
x-----660 o segundo termo, assim como a soma ou a diferença dos
x=660/60=11 dois últimos termos está para o terceiro, ou para o quarto
termo. Então temos:
Então será depois de 11horas que se encontrarão
7+11=18h
     ou     

3 RAZÃO E PROPORÇÃO;
Ou

Razão
     ou     
Chama-se de razão entre dois números racionais a e b,
com b diferente de 0, ao quociente entre eles. Indica-se a
razão de a para b por a/b  ou a : b. 

Exemplo:  Terceira propriedade das proporções


Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25
moças. Encontre a razão entre o número de rapazes e o Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença
número de moças. (lembrando que razão é divisão)  dos antecedentes está para a soma ou a diferença dos con-
sequentes, assim como cada antecedente está para o seu
respectivo consequente. Temos então:

     ou
Proporção
Proporção é a igualdade entre duas razões. A propor-
ção entre A/B e C/D é a igualdade:

Ou

     ou     
Propriedade fundamental das proporções
Numa proporção:

8
MATEMÁTICA

Exemplo diretamente proporcional?

(EMDEC – Assistente Administrativo Jr – IBFC/2016)


A razão entre o número de porcos e o número de galinhas
numa fazenda, nessa ordem, é 3/5. Se o total de galinhas
e porcos da fazenda é 120, então o total de porcos da fa-
zenda é:
(A) 45
(B) 72
(C) 75
(D) 48

Resposta: A. Carlos ganhará R$210000,00 e João R$315000,00.


P=porcos
G=galinhas Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ...,
Xn inversamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decom-
por este número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente
proporcionais a 1/p1, 1/p2, ..., 1/pn.
3G=5P A montagem do sistema com n equações e n incógni-
tas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso

cuja solução segue das propriedades das proporções:

Somando as duas equações

-8P=-360
P=45
Exemplo
Algumas situações financeiras, ou somente casos en- Para decompor o número 220 em três partes A, B e
volvendo divisões, são satisfatoriamente resolvidas utili- C inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar
zando a divisão proporcional. Essa divisão é aplicada em si- um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, de modo que
tuações de partilha de heranças, formulação de inventários, A+B+C=220. Desse modo:
cálculo de salário proporcional aos dias trabalhados, entre
outras inúmeras situações. 

Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn di-
retamente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um (PC/SP – Atendente de Necrotério Policial – VU-
sistema com n equações e n incógnitas, sendo as somas NESP/2014) No ano de 2008, a Secretaria Nacional de
X1+X2+...+Xn=M e p1+p2+...+pn=P. Segurança Pública divulgou o Relatório Descritivo com o
Perfil dos Institutos de Medicina Legal (IML) brasileiros.
Nesse relatório, consta que, em 2006, as quantidades de
IMLs nos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio
de Janeiro e de São Paulo eram, respectivamente, 2, 20, 9 e
64. Supondo-se que uma verba federal de R$ 190 milhões
A solução segue das propriedades das proporções: fosse destinada aos IMLs desses Estados, e a divisão dessa
verba fosse feita de forma diretamente proporcional a es-
sas quantidades de IMLs por estado, o Estado de São Paulo
receberia o valor, em milhões, de
Exemplo (A) R$ 128.
Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos (B) R$ 165,5.
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o (C) R$ 98.
prêmio de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o (D) R$ 156.
combinado entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma (E) R$ 47,5.

9
MATEMÁTICA

Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim


Resposta: A. por diante. Veja a tabela abaixo:
Temos que E + M + R + S = 190 milhões
Acréscimo ou Lucro Fator de Multiplicação
Então: 10% 1,10
15% 1,15
2p+20p+9p+64p=190000000 20% 1,20
95p=190000000 47% 1,47
P=2000000 67% 1,67
 
Como queremos saber de o valor de São Paulo: Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: 
S = 2 000 000 . 64 = 128 000 000 ou 128 milhões.

(SESP/MT – Perito Oficial Criminal - Engenharia Desconto


Civil/Engenharia Elétrica/Física/Matemática – FUN-
CAB/2014) Maria, Júlia e Carla dividirão R$ 72.000,00 em No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli-
partes inversamente proporcionais às suas idades. Saben- cação será
do que Maria tem 8 anos, Júlia,12 e Carla, 24, determine Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for-
quanto receberá quem ficar com a maior parte da divisão. ma decimal)
(A) R$ 36.000,00
(B) R$ 60.000,00 Veja a tabela abaixo:
(C) R$ 48.000,00 Desconto Fator de Multiplicação
(D) R$ 24.000,00 10% 0,90
(E) R$ 30.000,00 25% 0,75
Resposta: A. 34% 0,66
60% 0,40
M + J + C = 72000
90% 0,10

  Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 te-


mos: 
3p+2p+p=1728000
6p=1728000
P=288000
Chamamos de lucro em uma transação comercial de
A que ficará com maior parte é a que dividirá pelo nú-
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o
mero menor
preço de custo.
Lucro=preço de venda -preço de custo

Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem


de duas formas:

4 PORCENTAGEM;

Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100,


seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas,
de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
em máquinas de calcular, etc.
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
(A) 8.
que ajuda muito na resolução do exercício.
(B) 15.
(C) 10.
Acréscimo
(D) 6.
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter-
(E) 12.
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi-
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação.

10
MATEMÁTICA

Resolução
45------100% Algumas situações financeiras, ou somente casos en-
X-------60% volvendo divisões, são satisfatoriamente resolvidas utili-
X=27 zando a divisão proporcional. Essa divisão é aplicada em si-
O menor número de meninas possíveis para ter gripe tuações de partilha de heranças, formulação de inventários,
é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 cálculo de salário proporcional aos dias trabalhados, entre
meninas estão. outras inúmeras situações. 

egra de três simples é um processo prático para re-


Resposta: C. solver problemas que envolvam quatro valores dos quais
conhecemos três deles. Devemos, portanto, determinar um
valor a partir dos três já conhecidos.
5 REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA;
Passos utilizados numa regra de três simples:

1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da


Grandezas Diretamente Proporcionais mesma espécie em colunas e mantendo na mesma linha
as grandezas de espécies diferentes em correspondência.
Duas grandezas variáveis dependentes são diretamen-
te proporcionais quando a razão entre os valores da 1ª 2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou in-
grandeza é igual a razão entre os valores correspondentes versamente proporcionais.
da 2ª, ou de uma maneira mais informal, se eu pergunto:
Quanto mais.....mais.... 3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de
Exemplo 400Km/h, faz um determinado percurso em 3 horas. Em
Distância percorrida e combustível gasto quanto tempo faria esse mesmo percurso, se a velocidade
utilizada fosse de 480km/h?
Distância(km) Combustível(litros)
13 1 Solução: montando a tabela:
26 2
1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)
39 3 400-----------------3
52 4 480---------------- x
Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível? 2) Identificação do tipo de relação:
Diretamente proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível Velocidade----------tempo
400↓-----------------3↑
Grandezas Inversamente Proporcionais 480↓---------------- x↑
Duas grandezas variáveis dependentes são inversa-
mente proporcionais quando a razão entre os valores da Obs.: como as setas estão invertidas temos que inver-
1ª grandeza é igual ao inverso da razão entre os valores ter os números mantendo a primeira coluna e invertendo a
correspondentes da 2ª. segunda coluna ou seja o que está em cima vai para baixo
Quanto mais....menos... e o que está em baixo na segunda coluna vai para cima
Exemplo Velocidade----------tempo
velocidadextempo a tabela abaixo: 400↓-----------------X↓
480↓---------------- 3↓
Velocidade (m/s) Tempo (s)
5 200
8 125
10 100 Regra de três composta é utilizada em problemas com
16 62,5 mais de duas grandezas, direta ou inversamente propor-
20 50 cionais.

Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo?? Exemplos:


Inversamente proporcional 1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela me- areia. Em 5 horas, quantos caminhões serão necessários
tade. para descarregar 125m³?

11
MATEMÁTICA

Solução: montando a tabela, colocando em cada co-


luna as grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as 6 MÉDIA ARITMÉTICA E PONDERADA;
grandezas de espécies diferentes que se correspondem:
Horas --------caminhões-----------volume
8↑----------------20↓----------------------160↑
5↑------------------x↓----------------------125↑ Média aritmética
Média aritmética de um conjunto de números é o valor
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aque- que se obtém dividindo a soma dos elementos pelo núme-
la onde está o x. ro de elementos do conjunto.
Observe que: Representemos a média aritmética por .
Aumentando o número de horas de trabalho, pode- A média pode ser calculada apenas se a variável envol-
mos diminuir o número de caminhões. Portanto a relação vida na pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a
é inversamente proporcional (seta para cima na 1ª coluna). média aritmética para variáveis quantitativas.
Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre
número de caminhões. Portanto a relação é diretamente diferentes grupos, se for possível calcular a média, ficará
proporcional (seta para baixo na 3ª coluna). Devemos igua- mais fácil estabelecer uma comparação entre esses grupos
lar a razão que contém o termo x com o produto das outras e perceber tendências.
razões de acordo com o sentido das setas. Considerando uma equipe de basquete, a soma das al-
Montando a proporção e resolvendo a equação temos: turas dos jogadores é:
1,85+1,85+1,95+1,98+1,98+1,98+2,01+2,01+2,07+2,0
Horas --------caminhões-----------volume 7+2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0
8↑----------------20↓----------------------160↓
5↑------------------x↓----------------------125↓ Se dividirmos esse valor pelo número total de jogado-
res, obteremos a média aritmética das alturas:
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna fican-
do:

Horas --------caminhões-----------volume
5----------------20----------------------160
8------------------x----------------------125 A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.

Média Ponderada
,
onde os temos da última fração foram invertidos A média dos elementos do conjunto numérico A relati-
va à adição e na qual cada elemento tem um “determinado
peso” é chamada média aritmética ponderada.

Simplificando fica:

Logo, serão necessários 25 caminhões Exemplo

(UNIFESP – Técnico em Segurança do Trabalho –


VUNESP/2016) Um grupo de amigos foi a uma lanchonete
que vende fatias de pizzas de sabores e preços variados.
A tabela seguinte mostra os sabores, o preço da fatia e o
número de fatias de cada sabor consumidas pelo grupo.

12
MATEMÁTICA

Considerando-se o número total de fatias consumidas, 8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).


na média, o preço da fatia saiu por R$ 5,80. O número de 10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).
fatias consumidas do sabor portuguesa foi Outra forma de apresentação da taxa de juros é a uni-
(A) 12. tária, que é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o
(B) 11. símbolo %:
(C) 10. 0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
(D) 9. 0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
(E) 8.
Montante
Resposta: A. Também conhecido como valor acumulado é a soma
do  Capital Inicial com o juro produzido em determina-
do tempo. 
Essa fórmula também será amplamente utilizada para
resolver questões.
A média é dada 5,8 M=C+J
M = montante
C = capital inicial
J = juros
M=C+C.i.n
Multiplicando em cruz M=C(1+i.n)

10.5+8.6,5+6x=5,8(18+x) Juros Simples


50+52+6x=104,4+5,8x Chama-se juros simples a compensação em dinheiro
6x-5,8x=104,4-50-52 pelo empréstimo de um capital financeiro, a uma taxa com-
0,2x=2,4 binada, por um prazo determinado, produzida exclusiva-
X=12 mente pelo capital inicial.
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial
aplicado é diretamente proporcional ao seu valor e ao tem-
7 JUROS SIMPLES; po de aplicação.
A expressão matemática utilizada para o cálculo das
situações envolvendo juros simples é a seguinte:
J = C i n, onde:
Matemática Financeira J = juros
C = capital inicial
A Matemática Financeira possui diversas aplicações i = taxa de juros
no atual sistema econômico. Algumas situações estão pre- n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, se-
sentes no cotidiano das pessoas, como financiamentos mestre, ano...)
de casa e carros, realizações de empréstimos, compras a Observação importante: a taxa de juros e o tempo de
crediário ou com cartão de crédito, aplicações financeiras, aplicação devem ser referentes a um mesmo período. Ou
investimentos em bolsas de valores, entre outras situações. seja, os dois devem estar em meses, bimestres, trimestres,
Todas as movimentações financeiras são baseadas na esti- semestres, anos... O que não pode ocorrer é um estar em
pulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um em- meses e outro em anos, ou qualquer outra combinação de
préstimo a forma de pagamento é feita através de presta- períodos.
ções mensais acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das pala-
do empréstimo é superior ao valor inicial do empréstimo. A vras “JUROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
essa diferença damos o nome de juros. Outro ponto importante é saber que essa fórmula
pode ser trabalhada de várias maneiras para se obter cada
Capital um de seus valores, ou seja, se você souber três valores,
O Capital é o valor aplicado através de alguma opera- poderá conseguir o quarto, ou seja, como exemplo se você
ção financeira. Também conhecido como: Principal, Valor souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) e a Taxa (i), poderá
Atual, Valor Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para qualquer
Present Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras fi- combinação.
nanceiras).
Exemplo
Taxa de juros e Tempo Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à
A taxa de juros indica qual remuneração será paga vista. Como não tinha essa quantia no momento e não
ao dinheiro emprestado, para um determinado período. queria perder a oportunidade, aceitou a oferta da loja de
Ela vem normalmente expressa da forma percentual, em pagar duas prestações de R$ 45,00, uma no ato da compra
seguida da especificação do período de tempo a que se e outra um mês depois. A taxa de juros mensal que a loja
refere: estava cobrando nessa operação era de:

13
MATEMÁTICA

(A) 5,0% Exemplo


(B) 5,9%
(C) 7,5% (PREF. DE NITERÓI/RJ – Fiscal de Posturas –
(D) 10,0% FGV/2015) A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao do-
(E) 12,5% bro da soma das idades de seus dois filhos, Paulo e Pierre.
Resposta Letra “e”. Pierre é três anos mais velho do que Paulo. Daqui a dez
anos, a idade de Pierre será a metade da idade que Pedro
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois tem hoje.
a primeira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria
R$40 (85-45) e a parcela a ser paga de R$45. A soma das idades que Pedro, Paulo e Pierre têm hoje é:
Aplicando a fórmula M = C + J: (A) 72;
45 = 40 + J (B) 69;
J=5 (C) 66;
Aplicando a outra fórmula J = C i n: (D) 63;
5 = 40 X i X 1 (E) 60.
i = 0,125 = 12,5%
Resolução
A ideia de resolver as equações é literalmente colocar
8 EQUAÇÃO DO 1º E 2º GRAUS; na linguagem matemática o que está no texto.
“Pierre é três anos mais velho do que Paulo”
Pi=Pa+3
“Daqui a dez anos, a idade de Pierre será a metade da
Equação 1º grau idade que Pedro tem hoje.”
Equação é toda sentença matemática aberta represen-
tada por uma igualdade, em que exista uma ou mais letras
que representam números desconhecidos.
Equação do 1º grau, na incógnita x, é toda equação A idade de Pedro hoje, em anos, é igual ao dobro da
redutível à forma ax+b=0, em que a e b são números reais, soma das idades de seus dois filhos,
chamados coeficientes, com a≠0. Pe=2(Pi+Pa)
Uma raiz da equação ax+b =0(a≠0) é um valor numé- Pe=2Pi+2Pa
rico de x que, substituindo no 1º membro da equação, tor-
na-se igual ao 2º membro. Lembrando que:
Pi=Pa+3
Nada mais é que pensarmos em uma balança.
Substituindo em Pe
Pe=2(Pa+3)+2Pa
Pe=2Pa+6+2Pa
Pe=4Pa+6

Pa+3+10=2Pa+3
Pa=10
Pi=Pa+3
Pi=10+3=13
Pe=40+6=46
Soma das idades: 10+13+46=69
A balança deixa os dois lados iguais para equilibrar, a
equação também.
Resposta: B.
No exemplo temos:
3x+300
Outro lado: x+1000+500
Equação do 2º Grau
E o equilíbrio?
3x+300=x+1500
A equação do segundo grau é representada pela fór-
mula geral:
Quando passamos de um lado para o outro invertemos
o sinal
3x-x=1500-300
2x=1200
Onde a, b e c são números reais,
X=600

14
MATEMÁTICA

Discussão das Raízes Relações entre Coeficientes e Raízes

1. Dada as duas raízes:

Se for negativo, não há solução no conjunto dos


números reais. Soma das Raízes

Se for positivo, a equação tem duas soluções:

Exemplo Produto das Raízes

Composição de uma equação do 2ºgrau, conheci-


das as raízes

Podemos escrever a equação da seguinte maneira:


, portanto não há solução real.
x²-Sx+P=0
2.
Exemplo

Dada as raízes -2 e 7. Componha a equação do 2º grau.

Solução
S=x1+x2=-2+7=5
P=x1.x2=-2.7=-14
Então a equação é: x²-5x-14=0

Exemplo

(IMA – Analista Administrativo Jr – SHDIAS/2015) A


3. soma das idades de Ana e Júlia é igual a 44 anos, e, quando
somamos os quadrados dessas idades, obtemos 1000. A
mais velha das duas tem:
(A) 24 anos
(B) 26 anos
(C) 31 anos
(D) 33 anos

Se não há solução, pois não existe raiz quadrada Resolução


real de um número negativo. A+J=44
A=44-J
Se , há duas soluções iguais: A²+J²=1000

Substituindo A=44-J na segunda equação, temos:


(44-J)²+J²=1000
1936-88J+J²+J²=1000
Se , há soluções reais diferentes: 2J²-88J+936=0
Dividindo por2:
J²-44J+468=0
∆=(-44)²-4.1.468
∆=1936-1872=64

15
MATEMÁTICA

Método da adição 
Esse método consiste em adicionar as duas equações
de tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Para que isso aconteça será preciso que multipliquemos
algumas vezes as duas equações ou apenas uma equação
por números inteiros para que a soma de uma das incóg-
nitas seja zero. 
Dado o sistema: 

Substituindo em A
A=44-26=18
Ou A=44-18=26
Resposta: B.

Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma


9 SISTEMA DE EQUAÇÃO DO 1º GRAU; das incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira
equação por – 3. 

Sistemas de equações primeiro grau


Duas  equações de 1º grau, com duas incógnitas for-
mam um “sistema de equações”.
Para encontramos o par ordenado solução de um siste-
ma pode-se utilizar dois métodos para a sua solução. 
Esses dois métodos são: Substituição e Adição. 
Agora, o sistema fica assim:
Método da substituição 
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equa-
ção, veja como: 

Dado o sistema , enumeramos as equações. 


Adicionando as duas equações: 
       - 3x – 3y = - 60 
+     3x + 4y = 72
                y   = 12 

Para descobrirmos o valor de x basta escolher uma das


duas equações e substituir o valor de y encontrado: 
Escolhemos a equação 1 e isolamos o x:  x + y = 20 
x + y = 20  x + 12 = 20 
x = 20 – y  x = 20 – 12 
x = 8 
Agora na equação 2 substituímos o valor de x = 20 – y. 
 3x   +   4 y   = 72  Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12). 
3 (20 – y) + 4y = 72  Se resolver um sistema utilizando qualquer um dois
 60-3y + 4y  = 72  métodos o valor da solução será sempre o mesmo.
 -3y + 4y   =   72 – 60
y = 12  (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
Um artesão produz três tipos de peças: A, B e C. Em um
Descobrimos o valor de y, para descobrir o valor de x mesmo dia ele só produz um desses tipos de peça, sendo
basta substituir 12 na equação  que ele consegue produzir, por dia, 7 peças do tipo A, ou
x = 20 – y.  10 peças do tipo B, ou 15 do tipo C. Em 30 dias de trabalho,
x = 20 – y  ele produziu um total de 333 peças. O número de dias que
x = 20 – 12  ele trabalhou produzindo peças do tipo B foi 13 a mais do
x = 8  que o número de dias trabalhados produzindo peças do
tipo A. Nesses 30 dias, o número de peças do tipo C que
Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)  ele produziu foi

16
MATEMÁTICA

(A) 180. Tipos de gráficos


(B) 135. Barras- utilizam retângulos para mostrar a quantidade.
(C) 150.
(D) 120. Barra vertical
(E) 165.

Resposta: B.
Sabemos que se somarmos a produção dará 30 dias,
e se multiplicarmos as peças pelos dias dará 333 peças
produzidas.

Substituindo III em I

A+A+13+C=30 Fonte: tecnologia.umcomo.com.br


2A+C=30-13
2A+C=17 Barra horizontal
C=17-2A (IV)

Substituindo III e IV em II
7A+10(A+13)+15(17-2A)=333
7A+10A +130+255-30A=333
-13A=-52
A=4

Trabalhou 4 dias produzindo a peça A.


C=17-8=9 dias produzindo a peça C
Devemos multiplicar por 15, pois ele produz 15 peças
por dia de C
9x15=135 peças

10. RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br


TABELAS E GRÁFICOS
Histogramas
São gráfico de barra que mostram a frequência de uma
variável específica e um detalhe importante que são faixas
Os gráficos e tabelas apresentam o cruzamento entre de valores em x.
dois dados relacionados entre si.
A escolha do tipo e a forma de apresentação sempre
vão depender do contexto, mas de uma maneira geral um
bom gráfico deve:
-Mostrar a informação de modo tão acurado quanto
possível.
-Utilizar títulos, rótulos, legendas, etc. para tornar cla-
ro o contexto, o conteúdo e a mensagem.
-Complementar ou melhorar a visualização sobre as-
pectos descritos ou mostrados numericamente através de
tabelas.
-Utilizar escalas adequadas.
-Mostrar claramente as tendências existentes nos da-
dos.

17
MATEMÁTICA

Setor ou pizza- Muito útil quando temos um total e queremos demonstrar cada parte, separando cada pedaço como
numa pizza.

Fonte: educador.brasilescola.uol.com.br

Linhas- É um gráfico de grande utilidade e muito comum na representação de tendências e relacionamentos de va-
riáveis

18
MATEMÁTICA

Pictogramas – são imagens ilustrativas para tornar mais fácil a compreensão de todos sobre um tema.

Da mesma forma, as tabelas ajudam na melhor visualização de dados e muitas vezes é através dela que vamos fazer os
tipos de gráficos vistos anteriormente.

Podem ser tabelas simples:

Quantos aparelhos tecnológicos você tem na sua casa?

aparelho quantidade
televisão 3
celular 4
Geladeira 1

19
MATEMÁTICA

11. SISTEMAS DE MEDIDAS USUAIS

Unidades de Comprimento
km hm dam m dm cm mm
Me-
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Decímetro Centímetro Milímetro
tro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distân-
cias. Para medidas milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação

1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para trasnformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por
10.

Superfície

A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²). 

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unida-
de imediatamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

Unidades de Área
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2
Exemplos de Transformação

1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para trasnformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por
100.

Volume

Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Po-
demos encontrar sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir
volume e capacidade.

20
MATEMÁTICA

Unidades de Volume
km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade

Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos
e submúltiplos, unidade de medidas de produtos líquidos. 
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

Unidades de Capacidade
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo

A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).


É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos
Transformação de unidades

Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos
1hora=3600s

Adição de tempo

21
MATEMÁTICA

Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu


seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos.
Demorou 30 minutos para chegar em casa. Que horas ela
chegou?

Não podemos ter 66 minutos, então temos que trans-


ferir para as horas, sempre que passamos de um para o Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do
outro tem que ser na mesma unidade, temos que passar 1 que 90º.
hora=60 minutos
Então fica: 16h 6 minutos 25segundos

Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação


inversa.

Subtração
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as
16h 6 minutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minu-
tos. Quanto tempo ficou fora?

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do


que 90º.

Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da


mesma forma que conta de subtração.
1hora=60 minutos

Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;


- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

12. NOÇÕES DE GEOMETRIA: FORMA,


PERÍMETRO, ÁREA, VOLUME, ÂNGULO,
TEOREMA DE PITÁGORAS
Ângulo Reto:

Ângulos - É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
Denominamos ângulo a região do plano limitada por culares.
duas semirretas de mesma origem. As semirretas recebem
o nome de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do
ângulo.

22
MATEMÁTICA

Triângulo

Elementos

Mediana
Classificação
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto. Quanto aos lados

Na figura, é uma mediana do ABC. Triângulo escaleno:três lados desiguais.

Um triângulo tem três medianas.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.


A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-
tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér-


tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Triângulo equilátero: três lados iguais.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Quanto aos ângulos


Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-
dicular a esse segmento pelo seu ponto médio. Triângulo acutângulo:tem os três ângulos agudos
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .

Um triângulo tem três mediatrizes.

23
MATEMÁTICA

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Triângulo retângulo:tem um ângulo reto

- Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são
congruentes (iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são per-
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso Áreas

1- Trapézio: A=(B+b).h/2 , onde B é a medida da base

maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.

2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da

base e h é a medida da altura.

3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- maior e d é a medida da diagonal menor.
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa. 5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

QUADRILÁTEROS Polígono
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro- Chama-se polígono a união de segmentos que são
priedades: chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
- Tem 4 lados. mados vértices do polígono.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º
Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

24
MATEMÁTICA

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre- Teorema de Tales


midades são vértices não-consecutivos desse polígono. Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, en-
tão a razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal
é igual à razão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:

Número de Diagonais

N (N-3)
2
Exemplo
Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
medidas dos ângulos internos do polígono é igual à soma
das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.

Semelhança de Triângulos
Ângulos Externos Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vérti-
ces correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

25
MATEMÁTICA

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado) Se dois triângulos têm Temos:


dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos
compreendidos entre eles congruentes, então esses dois
triângulos são semelhantes.

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes. Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental

Existe uma outra importante relação entre seno e cos-


seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²

Dividindo os membros por c²

Como

26
MATEMÁTICA

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado Cilindros


triangulo retângulo. Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são: centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa. Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.
2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-
tenusa pela altura relativa à hipotenusa.
Área

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa. Volume

V=π r2..h

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos Cones


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras). Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
um ponto V que não pertence ao plano.
A figura geométrica formada pela reunião de todos os
segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
O perímetro de uma figura plana fechada é o compri- e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.
mento da linha que limita a figura.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
Área de uma figura plana fechada é a extensão que lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
essa figura ocupa. também chamado de cone de revolução.

27
MATEMÁTICA

Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião
denominado cone equilátero. de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
polígono R e no plano β.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
faces paralelas.

Classificação

Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares


às bases
Área
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.
Área lateral: πrg

Área da base: πr2

Área total:
Volume

Prismas

Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R


contido em α e uma reta r concorrente aos dois.
Classificação pelo polígono da base

-Triangular

28
MATEMÁTICA

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³
Demais:

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Área e Volume

Área lateral:

E assim por diante... Onde n= quantidade de lados

Paralelepípedos

Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi-


nam-se paralelepípedos.

13. RACIOCINIO LÓGICO

Análise Combinatória
A Análise Combinatória é a área da Matemática que
trata dos problemas de contagem.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces Princípio Fundamental da Contagem
quadradas. Estabelece o número de maneiras distintas de
ocorrência de um evento composto de duas ou mais etapas.
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
Exemplo

Prisma Regular
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu-
lares, o prisma é dito regular.
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) O número de maneiras diferentes de se vestir
é:2(calças). 3(blusas)=6 maneiras
Área
Área cubo: 6a2 Fatorial
Área paralelepípedo: A=2(ab +bc +ac) É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
A área de um prisma: St=2Sb+Sl produto de uma multiplicação cujos fatores são números
Onde: St=área total naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.

Sb=área da base 𝑛! = 𝑛 𝑛 − 1 𝑛 − 2 … 3 � 2 � 1, (𝑛 ∈ 𝑁 )
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces laterais.

29
MATEMÁTICA

Arranjo Simples Exemplo


Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a Quantos anagramas tem a palavra NATA?
p, toda sequência de p elementos distintos de E. Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 4!
Exemplo Permutações. Como temos uma letra repetida, esse número
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números será menor.
de 2 algarismos distintos podemos formar?
4! 4 � 3 � 2 � 1
𝑃42 = = = 12
2! 2

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada
subconjunto com i elementos é chamado combinação
simples.

𝑛!
𝐶𝑛,𝑝 =
𝑝! 𝑛 − 𝑝 !

Exemplo
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes:56 e 67 que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Cada número assim obtido é denominado arranjo Solução
simples dos 3 elementos tomados 2 a 2.
5! 5! 5 � 4 � 3!
𝐴3,2 𝐶5,3 = = = = 10
Indica-se 3! 5 − 3 ! 3! � 2! 3! � 2!

𝑛!
𝐴𝑛,𝑝 = Números Binomiais
𝑛 −𝑝 !
O número de combinações de n elementos, tomados p
Permutação Simples 𝑛
a p, também é representado pelo número binomial .
𝑝
Chama-se permutação simples dos n elementos,
qualquer agrupamento(sequência) de n elementos 𝑛 𝑛!
= ,𝑛 ≥ 𝑝≥ 0
distintos de E. 𝑝 𝑝! 𝑛 − 𝑝 !
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Binomiais Complementares
𝑃𝑛 = 𝑛! Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra MITO? 𝑛 𝑛
Solução =
𝑝 𝑛 −𝑝
A palavra mito tem 4 letras, portanto:
𝑃4 = 4! = 4 � 3 � 2 � 1 = 24
Permutação com elementos repetidos Relação de Stifel
De modo geral, o número de permutações de n
objetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são n n−1 𝑛−1
iguais a C etc. = +
𝑝 𝑝−1 𝑝

𝑛1,𝑛2,𝑛3,..,𝑛𝑘 𝑛!
𝑃𝑛 = 𝑛 ∈ 𝑁 𝑒 𝑛1 , 𝑛2 , . . 𝑛𝑘 ∈ 𝑁 ∗
𝑛 1 !𝑛 2 !𝑛 3 !… 𝑛 𝑘 !

30
MATEMÁTICA

Triângulo de Pascal Evento


É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento
{5}:Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo
Considere o seguinte experimento: registrar as faces
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda.
a) Quantos elementos tem o espaço amostral?
b) Descreva o espaço amostral.

Solução
a)O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lança-
mento, há duas possibilidades.
2x2x2=8
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(-
C,R,R),(R,R,R)}

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
Binômio de Newton com n(A) amostras.
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns binômios:
𝑛 =0→ 𝑎 +𝑏 0 = 1
𝑛 =1→ 𝑎 + 𝑏 1 = 1𝑎 + 1𝑏
𝑛 =2→ 𝑎 + 𝑏 2 = 1𝑎 2 + 2𝑎𝑏 + 1𝑏 2
𝑛=3→ 𝑎 + 𝑏 3 = 1𝑎 3 + 3𝑎 2 𝑏 + 3𝑎𝑏 2 + 𝑏³ Eventos complementares

Observe que os coeficientes dos termos formam o Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A
triângulo de Pascal. um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
𝑛 não pertencem a A.
𝑛
𝑛 𝑝 𝑛−𝑝
𝑥+𝑎 =� 𝑎 �𝑥
𝑝
𝑝=0

𝑛
𝑛 𝑛 𝑛 𝑛 2 𝑛−2 𝑛 𝑛 𝑛
𝑥 +𝑎 = 𝑥 + 𝑎𝑥 𝑛−1 + 𝑎 𝑥 +⋯+ 𝑎 𝑛−1 𝑥 + 𝑎
0 1 2 𝑛−1 𝑛

Probabilidade

Experimento Aleatório
Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
Note que
Espaço Amostral
Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E. Exemplo
No lançamento de um dado, observando a face volta- Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
da para cima, tem-se: coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada
E={1,2,3,4,5,6} uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter sido
retirada uma bola que não seja vermelha.
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- Solução
tada para cima: Os eventos A={bola vermelha} e A = {bola não verme-
E={Ca,Co} lha} são complementares.

31
MATEMÁTICA

Adição de probabilidades Igualdade


Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem
finito e não vazio. Tem-se: exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-
mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
Exemplo A={1,2,3} e B={2,1,3}
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de Não importa se há repetição:
se obter um número par ou menor que 5, na face superior? A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Solução Relação de Pertinência


E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6 Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação
Sejam os eventos que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
A={2,4,6} n(A)=3 Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
B={1,2,3,4} n(B)=4 0∈A
2∉A

Relações de Inclusão
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido),
Probabilidade Condicional ⊃(contém), (não contém)
É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
ocorreu o evento B, definido por: A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}

E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6 Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,


boca aberta para o maior conjunto
B={2,4,6} n(B)=3
Subconjunto
A={2} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

Eventos Simultâneos União


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou xB}
Exemplo:
Conjuntos A={1,2,3,4} e B={5,6}
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, A∪B={1,2,3,4,5,6}
2, 3, 4, 5}
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses Representação
elementos temos: -Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1,
B={3,4,5,6,7} 2, 3, 4, 5}
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses
- por meio de diagrama: elementos temos:
B={3,4,5,6,7}

Quando um conjunto não possuir elementos chamares


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

32
MATEMÁTICA

- por meio de diagrama: Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e repre-
sentamos por: A∪B.\rFormalmente temos: A∪B={x|x∈A
ou x∈B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chamares


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:

A=B se,e somente se,∀x(x∈A↔x∈B) Interseção


Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa- A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
mos saber apenas quais são os elementos. pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é re-
Não importa ordem: presentada por : A∩B.\rSimbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência
Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação
que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

Relações de Inclusão Exemplo:


Relacionam um conjunto com outro conjunto. A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e}
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido),
⊃(contém), (não contém) Diferença
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
A Relação de inclusão possui 3 propriedades: a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Exemplo: definido por:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5} A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5} complementar de B em relação a A.
A este conjunto pertencem os elementos de A que não
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina, pertencem a B.
boca aberta para o maior conjunto A\B = {x : x∈A e x∉B}.

Subconjunto
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

33
MATEMÁTICA

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A() é o conjunto forma-
do pelos elementos do conjunto universo que não perten-
cem a A. Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas
homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-
-n(A∩C)-n(B∩C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o digrama, se colocarmos nessa fórmula, o
resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é in-
teressante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
melhor fazer de uma forma ou outra. não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados
(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –
FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho-
mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

34
MATEMÁTICA

Sabemos que 18 são altos Considerando essa situação, assinale a alternativa correta.
(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são físi-
cos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são formados
apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas formações,
Física e Química, é inferior a 0,05.

Resolução
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de can-
didatos que não são físicos, biólogos e nem químicos
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩Q)-
-n(B∩Q)
Quando somarmos 5+x+6=18 n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
X=18-11=7 Temos um total de 250 candidatos
Carecas são 16 250-162=88
Resposta: A.

Questões

01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Uma


turma do curso de Relações Internacionais tem 28 alunos e
todos falam inglês. Sabe-se que 17 alunos falam espanhol e
que 15 alunos falam francês.
O número mínimo de estudantes dessa turma que falam
esses três idiomas é:
(A) 4;
(B) 5;
(C) 6;
(D) 7;
(E) 8.

02. (PREF. DE PATOS DE MINAS/MG – Engenheiro de


7+y+5=16 Segurança do Trabalho – CONSULPLAN/2015) Em um re-
Y=16-12 sort no litoral nordestino, 132 hóspedes participam de alguma
Y=4 das atividades culturais oferecidas. Sabe‐se que 64 hóspedes
participam das aulas de pintura, 60 participam das aulas de
Então o número de barbados que não são altos, mas música e 48 de ambas as atividades. Dessa forma, o núme-
são carecas são 4. ro de hóspedes que não participam de aulas nem de música
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula, nem de pintura é:
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo (A) 56.
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado (B) 60.
sairá fácil. (C) 64.
(D) 72.
(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)
Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo 03. (SSP/AM – Arquitetura – FGV/2015) Em uma em-
de perito criminal: presa de porte médio, 217 funcionários têm casa própria ou
1) 80 sejam formados em Física; carro ou as duas coisas. Se 189 têm carro e 63 têm casa pró-
2) 90 sejam formados em Biologia; pria, o número de funcionários que têm carro mas não têm
3) 55 sejam formados em Química; casa própria é:
4) 32 sejam formados em Biologia e Física; (A) 124;
5) 23 sejam formados em Química e Física; (B) 138;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química; (C) 144;
7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio- (D) 148:
logia. (E) 154.

35
MATEMÁTICA

04. (PREF. DE NOVA FRIBURGO – Fiscal de Tributos 03. Resposta: E.


– EXATUS/2015) Dados os conjuntos A = {x ∈ N; x é múlti- Se somarmos quem têm carro e casa própria:
plo de 3 e 1< x < 30} e B = {x ∈ N; x é par}. Dessa forma, é 189+63=252
correto afirmar que o número de elementos que pertencem 252-217=35 têm as duas coisas
ao conjunto A∩B é igual a: 189-35=154 só tem carro
(A) 3.
(B) 4. 04. Resposta: B.
(C) 5. A={3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27}
(D) 6. B-{0, 2, 4, 6, 8, 10, 12,14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28...}
A∩B={6, 12, 18, 24}= 4 elementos
05. (TRE/MT – Analista – CESPE/25015) Um grupo
de 300 soldados deve ser vacinado contra febre amarela 05. Resposta: E.
e malária. Sabendo-se que a quantidade de soldados que Com os dados obtidos, podemos montar um diagrama
receberam previamente a vacina de febre amarela é o triplo de Venn
da quantidade de soldados que receberam previamente a
vacina de malária, que 45 soldados já haviam recebido as
duas vacinas e que apenas 25 não haviam recebido nenhu-
ma delas, é correto afirmar que a quantidade de soldados
que já haviam recebido apenas a vacina de malária é.
(A) superior a 40
(B) inferior a 10.
(C) superior a 10 e inferior a 20
(D) superior a 20 e inferior a 30.
(E) superior a 30 e inferior a 40.

Respostas
01. Resposta: A.
Vamos somar os alunos que falam espanhol mais os
alunos que falam francês, como já sabemos que estamos
Por que a febre amarela temos 3x-45?
contando a mais, pois têm alunos que falam as três línguas,
“...a quantidade de soldados que receberam previa-
vamos subtrair do total de alunos.
mente a vacina de febre amarela é o triplo da quantidade
17+15-28=4
de soldados que receberam previamente a vacina de malá-
Ou se preferir uma outra explicação:
28-17= 11 alunos que só falam espanhol ria, que 45 soldados já haviam recebido as duas vacinas...”
28-15=13 alunos que só falam francês Não podemos esquecer de subtrair a quantidade que
28-11-13=4 alunos que falam as três línguas já tomaram as duas vacinas, por isso o -45.
Observem que quem fala inglês não citamos, pois to- 3x-45+45+x-45+25=300
dos os alunos falam, então não faz diferença no nosso ra- 4x=300+20
ciocínio. 4x=320
X=80
02. Resposta: A.
Recebeu apenas a vacina de malária foi de: x-45=80-
45=35

Referências
YOUSSEF, Antonio Nicolau (et al.). Matemática: ensino
médio, volume único. – São Paulo: Scipione, 2005.
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado, volume
1, 2010

16+48+12+x=132
X=132-16-48-12
X=132-76=56
Ou pela fórmula:
n(P∪M)=n(P)+n(M)-n(P∩M)
n(P∪M)=64+60-48
n(P∪M)=76
132-76=56

36
MATEMÁTICA

(A) superior a 40
14. RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMAS (B) inferior a 10.
(C) superior a 10 e inferior a 20
(D) superior a 20 e inferior a 30.
(E) superior a 30 e inferior a 40.
01. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Uma
turma do curso de Relações Internacionais tem 28 alunos e 06. (IBGE - Técnico em Informações Geográficas
todos falam inglês. Sabe-se que 17 alunos falam espanhol e Estatísticas – FGV/2016) A grandeza G é diretamente
e que 15 alunos falam francês. proporcional à grandeza A e inversamente proporcional à
O número mínimo de estudantes dessa turma que fa- grandeza B. Sabe-se que quando o valor de A é o dobro do
lam esses três idiomas é: valor de B, o valor de G é 10.
(A) 4; Quando A vale 144 e B vale 40, o valor de G é:
(B) 5; (A) 15;
(C) 6; (B) 16;
(D) 7; (C) 18;
(E) 8. (D) 20;
(E) 24.
02. (PREF. DE PATOS DE MINAS/MG – Engenheiro
de Segurança do Trabalho – CONSULPLAN/2015) Em 07. (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e
um resort no litoral nordestino, 132 hóspedes participam Estatísticas – FGV/2016) Uma pirâmide regular é construí-
de alguma das atividades culturais oferecidas. Sabe‐se que da com um quadrado de 6 m de lado e quatro triângulos
64 hóspedes participam das aulas de pintura, 60 participam iguais ao da figura abaixo.
das aulas de música e 48 de ambas as atividades. Dessa
forma, o número de hóspedes que não participam de aulas
nem de música nem de pintura é:
(A) 56.
(B) 60.
(C) 64.
(D) 72.
03. (SSP/AM – Arquitetura – FGV/2015) Em uma
empresa de porte médio, 217 funcionários têm casa pró- O volume dessa pirâmide em m3 é aproximadamente:
pria ou carro ou as duas coisas. Se 189 têm carro e 63 têm (A) 84;
casa própria, o número de funcionários que têm carro mas (B) 90;
não têm casa própria é: (C) 96;
(A) 124; (D) 108;
(B) 138; (E) 144.
(C) 144;
(D) 148: 08. (CPRM – Técnico em Geociências – CESPE/2016)
(E) 154. Três caminhões de lixo que trabalham durante doze horas
com a mesma produtividade recolhem o lixo de determina-
04. (PREF. DE NOVA FRIBURGO – Fiscal de Tributos da cidade. Nesse caso, cinco desses caminhões, todos com
– EXATUS/2015) Dados os conjuntos A = {x ∈ N; x é múl- a mesma produtividade, recolherão o lixo dessa cidade tra-
tiplo de 3 e 1< x < 30} e B = {x ∈ N; x é par}. Dessa forma, balhando durante
é correto afirmar que o número de elementos que perten- (A) 6 horas.
cem ao conjunto A∩B é igual a: (B) 7 horas e 12 minutos.
(A) 3. (C) 7 horas e 20 minutos.
(B) 4. (D) 8 horas.
(C) 5. (E) 4 horas e 48 minutos.
(D) 6.
09. (CPRM – Técnico em Geociências – CESPE/2016)
05. (TRE/MT – Analista – CESPE/25015) Um grupo Por 10 torneiras, todas de um mesmo tipo e com igual va-
de 300 soldados deve ser vacinado contra febre amarela zão, fluem 600 L de água em 40 minutos. Assim, por 12
e malária. Sabendo-se que a quantidade de soldados que dessas torneiras, todas do mesmo tipo e com a mesma va-
receberam previamente a vacina de febre amarela é o triplo zão, em 50 minutos fluirão
da quantidade de soldados que receberam previamente a (A) 625 L de água.
vacina de malária, que 45 soldados já haviam recebido as (B) 576 L de água.
duas vacinas e que apenas 25 não haviam recebido nenhu- (C) 400 L de água.
ma delas, é correto afirmar que a quantidade de soldados (D) 900 L de água.
que já haviam recebido apenas a vacina de malária é. (E) 750 L de água.

37
MATEMÁTICA

10. (TRF 3ª REGIÃO – Analista Judiciário – FCC/2016) (A) 0,12.


Uma herança de R$ 82.000,00 será repartida de modo in- (B) 0,15.
versamente proporcional às idades, em anos completos, (C) 0,22.
dos três herdeiros. As idades dos herdeiros são: 2, 3 e x (D) 0,25.
anos. Sabe-se que os números que correspondem às ida-
des dos herdeiros são números primos entre si (o maior 14. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) No
divisor comum dos três números é o número 1) e que foi dia 1º de janeiro de 2016, na cidade de Salvador, o nascen-
R$ 42.000,00 a parte da herança que o herdeiro com 2 anos te do Sol ocorreu às 5 horas e 41 minutos e o poente às 18
recebeu. A partir dessas informações o valor de x é igual a horas e 26 minutos.
(A) 7.
(B) 5. O período de luminosidade desse dia foi
(C) 11. (A) 12 horas e 25 minutos.
(D) 1. (B) 12 horas e 35 minutos.
(E) 13. (C) 12 horas e 45 minutos.
(D) 13 horas e 15 minutos.
11. (UNIFESP - Técnico em Segurança do Trabalho – (E) 13 horas e 25 minutos.
VUNESP/2016) Um produto é vendido a prazo da seguin-
te forma: R$ 200,00 de entrada e 5 parcelas iguais de R$ 15. (TRT 14ª REGIÃO – Técnico Judiciário –
120,00 cada uma. Sabe-se que o preço do produto a prazo FCC/2016) Alberto fez uma dieta com nutricionista e per-
é 25% maior que o preço da tabela, mas, se o pagamento deu 20% do seu peso nos seis primeiros meses. Nos seis
for à vista, há um desconto de 5% sobre o preço da tabela. meses seguintes Alberto abandonou o acompanhamento
Então, a diferença entre o preço a prazo e o preço à vista é do nutricionista e, com isso, engordou 20% em relação ao
(A) R$ 160,00. peso que havia atingido. Comparando o peso de Alberto
(B) R$ 175,00. quando ele iniciou a dieta com seu peso ao final dos doze
(C) R$ 186,00. meses mencionados, o peso de Alberto
(D) R$ 192,00. (A) reduziu 4%.
(E) R$ 203,00. (B) aumentou 2%.
(C) manteve-se igual.
12. (UNIFESP - Técnico em Segurança do Trabalho – (D) reduziu 5%.
VUNESP/2016) Um terreno retangular ABCD, com 8 m de (E) aumentou 5%.
frente por 12 de comprimento, foi dividido pelas cercas AC
e EM, conforme mostra a figura 16. (BAHIAGAS – Analista de Processos Organizacio-
nais – CAIPIMES/2016) Uma aplicação de R$ 1.000.000,00
resultou em um montante de R$ 1.240.000,00 após 12 me-
ses. Dentro do regime de Juros Simples, a que taxa o capi-
tal foi aplicado?
(A) 1,5% ao mês.
(B) 4% ao trimestre.
(C) 20% ao ano.
(D) 2,5% ao bimestre.
(E) 12% ao semestre.

17. (BRDE – Assistente Administrativo – FUNDA-

TEC/2015) A solução do sistema linear é:


Sabendo-se que o ponto E pertence à cerca AC, o valor (A) S={(4, ¼)}
da área AEMD destacada na figura, em m² , é (B) S={(3, 3/2 )}
(A) 22. (C) S={(3/2 ,3 )}
(B) 24. (D) S={(3,− 3/2 )}
(C) 26. (E) S={(1,3/2 )}
(D) 28.
(E) 30. 18. (PREF. DE NITERÓI – Agente Fazendário –
FGV/2015) Os 12 funcionários de uma repartição da pre-
13. (UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Um feitura foram submetidos a um teste de avaliação de co-
grupo de alunos é formado por 11 meninos e 14 meninas. nhecimentos de computação e a pontuação deles, em uma
Sabe-se que metade das meninas são loiras, ao passo que escala de 0 a 100, está no quadro abaixo.
apenas três meninos são loiros. Dessa forma, ao selecio- 50 55 55 55 55 60
nar-se ao acaso um aluno, a probabilidade de que seja um 62 63 65 90 90 100
menino loiro é:

38
MATEMÁTICA

O número de funcionários com pontuação acima da Assinale a alternativa em que o histograma é o que
média é: melhor representa a distribuição de frequência da tabela.
(A) 3;
(B) 4;
(C) 5;
(D) 6;
(E) 7. (A)

19. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015) A


distribuição de salários de uma empresa com 30 funcioná-
rios é dada na tabela seguinte. 

(B)
Salário (em salários mínimos) Funcionários
1,8 10
2,5 8
3,0 5
5,0 4
(C)
8,0 2
15,0 1

Pode-se concluir que

(A) o total da folha de pagamentos é de 35,3 salários.


(B) 60% dos trabalhadores ganham mais ou igual a 3
salários.
(D)
(C) 10% dos trabalhadores ganham mais de 10 salários.
(D) 20% dos trabalhadores detêm mais de 40% da ren-
da total.
(E) 60% dos trabalhadores detêm menos de 30% da
renda total.

20. (TJ/SP – Estatístico Judiciário – VUNESP/2015)


Considere a tabela de distribuição de frequência seguinte,
em que xi é a variável estudada e fi é a frequência absoluta
(E)
dos dados.

xi fi
30-35 4
Respostas
35-40 12
40-45 10 01. Resposta: A.
45-50 8 Vamos somar os alunos que falam espanhol mais os
alunos que falam francês, como já sabemos que estamos
50-55 6 contando a mais, pois têm alunos que falam as três línguas,
TOTAL 40 vamos subtrair do total de alunos.
17+15-28=4
Ou se preferir uma outra explicação:
28-17= 11 alunos que só falam espanhol
28-15=13 alunos que só falam francês
28-11-13=4 alunos que falam as três línguas
Observem que quem fala inglês não citamos, pois to-
dos os alunos falam, então não faz diferença no nosso ra-
ciocínio.

39
MATEMÁTICA

02. Resposta: A. Não podemos esquecer de subtrair a quantidade que


já tomaram as duas vacinas, por isso o -45.
3x-45+45+x-45+25=300
4x=300+20
4x=320
X=80
Recebeu apenas a vacina de malária foi de: x-45=80-
45=35

06. Resposta: C.
Se a grandeza G é diretamente proporcional a A, então
G/A
E se é inversamente proporcional a B

16+48+12+x=132
X=132-16-48-12
X=132-76=56 Quando A é o dobro de B:

Ou pela fórmula:

n(P∪M)=n(P)+n(M)-n(P∩M)
n(P∪M)=64+60-48 K=5
n(P∪M)=76
132-76=56

03. Resposta: E.
Se somarmos quem têm carro e casa própria:
189+63=252
252-217=35 têm as duas coisas
189-35=154 só tem carro
07. Resposta: D.
04. Resposta: B. A Pirâmide é formada por uma base quadrada e os 4
A={3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27} triângulos de lateral
B-{0, 2, 4, 6, 8, 10, 12,14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28...}
A∩B={6, 12, 18, 24}= 4 elementos

05. Resposta: E.
Com os dados obtidos, podemos montar um diagrama
de Venn

Para descobrimos a altura da pirâmide, vamos precisar


da altura do riângulo

Por que a febre amarela temos 3x-45?


“...a quantidade de soldados que receberam previa-
mente a vacina de febre amarela é o triplo da quantidade
de soldados que receberam previamente a vacina de malá-
ria, que 45 soldados já haviam recebido as duas vacinas...”

40
MATEMÁTICA

Vamos usar o triângulo retângulo


H é a altura da pirâmide
h=altura do triângulo
r=raio da base
h²=H²+r² 400x=360000
X=900
Para descobrimos a altura do triângulo, fazer teorema
de Pitágoras. 10. Resposta: A.

Sabendo que A recebeu 42000


10²=3²+h²
100=9+h² P=42000x2=84000
91=h²
h²=H²+r²
91=H²+3²
H²=91-9
H²=82

Para √82≈9 12000x=84000


V=12⋅9=108 m³ X=7
08. Resposta: B.
↑Caminhões horas↓ 11. Resposta: D.
3------------------12
5-------------------x Preço a prazo
200+120x5=800
Quanto mais caminhões, menos horas.
Invertendo as horas: Preço tabela, sabendo que 800 é 25% a mais do que o
preço da tabela:
↑Caminhões horas↑ 800=1,25x
3------------------x X=640
5-------------------12
Preço à vista tem 5% de desconto em relação a tabela:
5x=36 640x0,95=608
X=7,2h Diferença: 800-608=192

0,2⋅60=12 minutos 12. Resposta: C.


7 horas e 12 minutos É um exercício simples, basta lembrar da fórmula da
área do trapézio
09. Resposta: D. AEMD é um trapézio

Todas as grandezas são diretamente proporcionais A altura do trapézio é 12-8=4

↑Torneiras ↑vazão tempo↑


10---------------600----------40
12---------------x--------------50

41
MATEMÁTICA

Caso não lembre da fórmula do trapézio, podemos di- 17. Resposta: A.


vidir a figura em triângulo e retângulo
área do triângulo
A=bxh/2=3x4/2=6
área do retângulo
A=bxh=5x4=20
Somando:20+6=26

13. Resposta: A.
total de crianças é de 11+14=25 crianças.
Se temos 11 meninos, a probabilidade é de 11/25
E entre os meninos 3 são loiros, 3/11, pois já deixa claro Somando as duas equações:
que éestá entre os meninos e não mais entre as crianças.
144y=36

14. Resposta: C.
26 é um número maior que 41, então devemos em- -x+28y=3
prestar do vizinho, mas como estamos falando de hora, ti- -x+7=3
ramos uma hora e como é minutos, 1 hora tem 60 minutos, -x=3-7
devemos somar os 60 minutos aos 26 minutos. X=4

18.Resposta: A.

Resposta: A.

15. Resposta: A.
Como ele perdeu 20% M=66,67
1-0,2=0,8 Apenas 3 funcionários estão acima da média.
Depois engordou 20%
0,8x1,2=0,96 19. Resposta: D.
(A) 1,8x10+2,5x8+3,0x5+5,0x4+8,0x2+15,0x1=104 sa-
Do peso inicial ele reduziu 1-0,96=0,04=4% lários
(B) 60% de 30=18 funcionários e se juntarmos quem
16. Resposta: E. ganha mais de 3 salários (5+4+2+1=12)
(C)10% de 30=0,1x30=3 funcionários
M=1240000
C=1000000 E apenas 1 pessoa ganha
N=12 (D) 40% de 104=0,4x104= 41,6
I=? 20% de 30=0,2x30=6
5x3+8x2+15x1=46, que já é maior.
M=C(1+in) (E) 60% de 30=0,6x30=18
1240000=1000000(1+12i) 30% de 104=0,3x104=31,20da renda: 31,20
1,24=1+12i
0,24=12i 20. Resposta: A.
I=0,02am
0,02x6=0,12 a.s Colocando em ordem crescente: 30-35, 50-55, 45-50,
12%ao semestre 40-45, 35-40,

42
INFORMÁTICA

MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação
de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office
2016, ............................................................................................................................................................................................................................. 01
MS-Word 2016: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas,
legendas, índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. ............................................................................. 10
MS-Excel 2016: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de
tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle
de quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados.................................................... 45
Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos................................ 69
Internet: navegação internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas..................................................... 77
INFORMÁTICA

PROF. CARLOS ALEXANDRE QUIQUETO Windows 10 Home


Edição do sistema operacional voltada para os consumido-
Administrador, Analista de Sistemas e Consultor em TI. res domésticos que utilizam PCs (desktop e notebook), tablets
Graduado em Adm. Emp. e Sist. Informação. e os dispositivos “2 em 1”. O Windows 10 Home vai contar com
Pós-Graduando em Esp. Adm. TI. a maioria das funcionalidades já apresentadas: Cortana como
assistente pessoal, navegador Microsoft Edge, o recurso Con-
tinuum para os aparelhos compatíveis, Windows Hello (re-
conhecimento facial, de íris e de digitais para autenticação),
MS-WINDOWS 10: CONCEITO DE
stream de jogos do Xbox One e os apps universais, como Pho-
PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E tos, Maps, Mail, Calendar, Music e Video.
ATALHOS, ÁREA DE TRABALHO, ÁREA
DE TRANSFERÊNCIA, MANIPULAÇÃO DE Windows 10 Pro:
ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS MENUS, Assim como a Home, essa versão também é destinada
PROGRAMAS E APLICATIVOS, INTERAÇÃO para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. A versão
COM O CONJUNTO DE Pro difere-se do Home em relação à certas funcionalidades
APLICATIVOS MS-OFFICE 2016, que não estão presentes na versão mais básica. Essa é a versão
recomendada para pequenas empresas, graças aos seus recur-
sos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e
WINDOWS 10 uso de sistemas baseados na nuvem. Disponível gratuitamen-
te para atualização (durante o primeiro ano de lançamento)
O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto é, para clientes licenciados do Windows 7 e do Windows 8.1. A
um conjunto de programas (software) que permite adminis- versão para varejo ainda não teve seu preço revelado.
trar os recursos de um computador.
É importante ter em conta que os sistemas operacionais Windows 10 Enterprise
funcionam tanto nos computadores como em outros dispo- Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterpri-
sitivos eletrônicos que usam microprocessadores (Smartpho- se é voltado para o mercado corporativo. Os alvos dessa edição
nes, leitores de DVD, etc.). No caso do Windows, a sua versão são as empresas de médio e grande porte, e o SO apresenta ca-
padrão funciona com computadores embora também exis- pacidades que focam especialmente em tecnologias desenvolvi-
tam versões para smartphones (Windows Mobile). das no campo da segurança digital e produtividade. A proteção
A Microsoft domina comodamente o mercado dos sis- dos dispositivos, aplicações e informações sensíveis às empresas
temas operacionais, tendo em conta que o Windows está é o foco dessa variante. A edição vai estar disponível através do
instalado em mais de 90% dos computadores ligados à Inter- programa de Licenciamento por Volume, facilitando a vida dos
net em todo o mundo. Entre as suas principais aplicações (as consumidores que têm acesso a essa ferramenta. O Windows Up-
quais podem ser desinstaladas pelos usuários ou substituídas date for Business também estará presente aqui, juntamente com o
por outras semelhantes sem que o sistema operacional deixe Long Term Servicing Branch, como uma opção de distribuição de
de funcionar), destacaremos o navegador Internet Explorer (a updates de segurança para situações e ambientes críticos.
partir do Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor multimídia
Windows Media Player, o editor de imagens Paint e o proces- Windows 10 Education:
sador de texto WordPad. A principal novidade que o Windows Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a versão Edu-
trouxe desde as suas origens foi o seu atrativo visual e a sua cation é destinada a atender as necessidades do meio educa-
facilidade de utilização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua cional. Os funcionários, administradores, professores e estu-
inglesa como “janelas”) deve-se precisamente à forma sob a dantes poderão aproveitar os recursos desse sistema opera-
qual o sistema apresenta ao usuário os recursos do seu com- cional que terá seu método de distribuição baseado através da
putador, o que facilita as tarefas diárias. versão acadêmica de licenciamento de volume.
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo de in-
terface do usuário, exibindo a saída do sistema ou permitindo Windows 10 Mobile
a entrada de dados. Uma interface gráfica do usuário que use O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
janelas como uma de suas principais metáforas é chamada de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen, como
sistema de janelas, como um gerenciador de janela. smartphones e tablets. Essa edição vai contar com os mesmos
As janelas são geralmente apresentadas como objetos apps incluídos na versão Home, além de uma versão do Offi-
bidimensionais e retangulares, organizados em uma área de ce otimizada para o toque. O Continuum também vai marcar
trabalho. Normalmente um programa de computador assu- presença nos dispositivos que forem compatíveis com a fun-
me a forma de uma janela para facilitar a assimilação pelo cionalidade.
usuário. Entretanto, o programa pode ser apresentado em
mais de uma janela, ou até mesmo sem uma respectiva janela. Windows 10 Mobile Enterprise:
Projetado para smartphones e tablets do setor corpo-
Sobre as diferentes versões rativo. Essa edição também estará disponível através do
O Windows apresenta diversas versões através dos anos Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas vanta-
e diferentes opções para o lar, empresa, dispositivos móveis e gens do Windows 10 Mobile com funcionalidades direcio-
de acordo com a variação no processador. nadas para o mercado corporativo.

1
INFORMÁTICA

Windows 10 IoT Core


Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft pro-
mete que haverá edições para dispositivos como caixas
eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
atendimento para o varejo e robôs industriais – todas ba-
seadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile
Enterprise. O Windows 10 IoT Core – que contém em seu
nome a sigla em inglês para Internet das Coisas – vai ser
destinado para dispositivos pequenos e de baixo custo.

Windows 10
Windows 10 é a mais recente versão do sistema ope-
racional da Microsoft. Multiplataforma, o download do
software pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windows
Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile) como
smartphones e tablets. A versão liberada para computado- Microsoft Edge
res (Windows 10 e Windows 10 Pro) une a interface clássica A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
do Windows 7 com o design renovado do Windows 8 e 8.1, neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
criando um ambiente versátil capaz de se adaptar a telas substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão
de todos os tamanhos e perfeito para uso com teclado e do Windows.
mouse, como o tradicional desktop. O novo navegador foi desenvolvido como um app Uni-
versal e receberá novas atualizações através da Windows
Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades: Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de
páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui supor-
Menu Iniciar te para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta me-
O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava lhor a diferentes tamanhos de tela.
toda a área do monitor. Muitos usuários não conseguiram Com ele os usuários também poderão fazer anotações
se adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft trou- em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
xesse o menu Iniciar de volta no Windows 10. tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem na Web com você e assim encontre informações úteis que
fixar tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos podem te ajudar.
disponibilizados através da Windows Store.
O menu também pode ser expandido automaticamen-
te no modo Tablet para se comportar como a tela inicial do
Windows 8 e 8.1.

Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a


Cortana encontrará informações como horários de funcio-
namento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
Cortana Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Mi- durante a navegação.
crosoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela
também estará presente nos PCs. Áreas de trabalho virtuais
A Cortana permitirá que os usuários façam chamadas O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das
no Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com
compromissos agendados, definam lembretes, configurem este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas de
o alarme, tomem notas e muito mais. trabalho com programas específicos abertos em cada uma
Infelizmente, sua disponibilidade no lançamento do delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela do In-
Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar depen- ternet Explorer visível em uma área de trabalho enquanto
dendo da região. trabalha no Word em outra.

2
INFORMÁTICA

Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win-


dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk-
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta no
máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto que
no Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em apare-
lhos híbridos que combinam tablet e notebook. Com este
modo o usuário pode alternar facilmente entre o uso
do híbrido como tablet e como notebook, basicamente
combinando a simplicidade do tablet com a experiência
de uso tradicional.
Novos aplicativos Email e Calendário
Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma
interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
atuais versões para Windows 8.1.
No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor
de texto mais rico baseado no app Universal do Word para
Windows 10 e também permite que o usuário utilize um
plano de fundo personalizado para o app.

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavillion


x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10 pode
ser configurado para que entre no modo Tablet automati-
camente. Com isso não é necessário perder tempo mexen-
do nas configurações quando for necessário usar o híbrido
como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração em abril, a Microsoft co-
nectou um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado
Bluetooth para usar o aparelho em um modo que oferece
mais produtividade. Com isso o smartphone basicamente
se transformou em um PC com área de trabalho e tudo.
Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
Nova Windows Store intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que
Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a nova o usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/
Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A Micro- semana/mês mais facilmente.
soft também já confirmou que ela também oferecerá apli-
cativos Win32 tradicionais.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Business”,
que oferecerá aplicativos para usuários finais e aplicativos
privados voltados para ambientes corporativos e organi-
zações.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
específico de aplicativos que serão instalados nos compu-
tadores disponíveis para os alunos.

08 – Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações
do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de
Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso
rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação
e VPN.

3
INFORMÁTICA

Novo Painel de Controle moderno Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo
A última das 10 novidades no Windows 10 listadas neste arti- nome do Meu Computador. Então, uma lista de subpastas
go é o novo Painel de Controle moderno do sistema operacional. vai se abrir. Selecione Documentos. Para selecionar qual-
Ele oferece bem mais opções que a versão moderna presente no quer pasta na área de navegação, basta clicar uma vez. Para
Windows 8.1, o que é uma boa notícia para os usuários. abrir pastas e arquivos na área principal, clique duas vezes.

O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows que


permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial, você vai No topo da janela do Explorador de Arquivos há vá-
descobrir como usar esse recurso dentro do Windows 10, a rios menus e controles úteis. Os controles avançar e voltar,
versão mais recente do sistema operacional, vendo o que mu- representados por uma seta para a frente ou para trás, po-
dou e o que permaneceu o mesmo no mais novo sistema ope- dem levá-lo de volta para a tela anterior ou seguinte.
racional da Microsoft. Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do
Explorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa opção
File Explorer - Explorando Arquivos no Windows 10
vai levá-lo um nível acima. Vamos supor que você esteja
na pasta de Trabalho, dentro da pasta Documentos. Clicar
nesse botão vai levá-lo à pasta Documentos, mesmo que
não estivesse nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite nele
para procurar arquivos em qualquer lugar do seu compu-
tador ou dentro das pastas que você estiver explorando.

Comece abrindo o Explorador de Arquivos através do


atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone de
pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Windows 10. A
janela que vai se abrir é dividida em duas áreas. A área da es-
querda permite navegar entre várias pastas, como downloads,
fotos ou músicas do seu sistema operacional. A pasta Docu-
mentos é onde a maioria dos seus arquivos estará gravado.

Você irá notar que alguns comandos mudam, depen-


dendo do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você
abre a pasta Música, o menu se adapta para trazer as op-
ções de reproduzir um arquivo ou reproduzir todos.
Na barra de endereços também há atalhos para mudar
de uma pasta para outras. Na frente de cada “passo” do
endereço você poderá ver uma setinha. Clique nela para
abrir um menu suspenso com outras pastas que você pode
abrir diretamente.

4
INFORMÁTICA

Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de pre-


visualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direi-
ta do Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos
antes de abri-los. Essa opção funciona principalmente para
imagens ou arquivos em PDF.
A opção Painel de Visualização permite ver apenas
uma miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Painel
de Detalhes inclui também muitas informações sobre os
arquivos. Clique em cima de alguns desses detalhes, como
autor ou artista, para editar as informações diretamente.

Você pode controlar a maneira como os ícones são


exibidos na área principal do Explorador de Arquivos. Essa
opção fica no menu Exibir. As  formas de visualização in-
cluem ícones extra-grandes, grandes, médios, pequenos,
lista, conteúdos e detalhes. Basta colocar o mouse sobre
cada uma para ver um preview.

Onde ficam os documentos?


Qualquer coisa que exista no seu computador está ar-
mazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. Em
cima de tudo, estão os dispositivos que são, basicamente,
qualquer peça física passível de armazenar alguma coisa.
Os principais dispositivos são o disco rígido; CD; DVD; car-
tões de memória e pendrives.
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dispo-
nível limitada, que pode ser dividida em pedaços chama-
dos  partições. Assim, cada uma destas divisões é exibida
como umaunidade diferente no sistema. Para que a ideia
fique clara, o HD é um armário e aspartições são as gave-
tas: não aumentam o tamanho do armário, mas permitem
A visualização em detalhes permite enxergar facilmen- guardar coisas de forma independente e/ou organizada.
te diversas informações sobre os arquivos e partas – por Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, con-
exemplo, data de modificação, tipo de arquivo, tamanho tém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter
e outros. mais arquivos... e assim, sucessivamente. A organização de
Quando estiver usando a visualização em detalhes, tudo isso é assim:
você pode personalizar as informações que são exibidas.
Clique com o botão direito sobre uma coluna para exibir
um menu suspenso com diversas opções de dados; para
acrescentar ou retirar um, clique sobre ele. A opção “More”,
no final da lista, traz centenas de outros metadados. É claro
que alguns podem não estar disponíveis, dependendo do
tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhendo
qual vai ser o critério de organização; por exemplo, data
de criação. Então, clique sobre o título da coluna de dados
correspondente, e todos os itens serão organizados. Ao
lado do título da coluna surgirá uma seta: se ela apontar
para cima, a organização será crescente, e se apontar para
baixo, será decrescente.

5
INFORMÁTICA

Cartões de Memória:  como o próprio nome diz, são


pequenos cartões em que você grava dados e são prati-
camente iguais aos Pendrives. São muito usados em note-
books, câmeras digitais, celulares, MP3 players e ebooks.
Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um leitor insta-
lado na máquina. Os principais são os cartões SD, Memory
Stick, CF ou XD.
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis,
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (geral-
mente) e têm uma grande capacidade de armazenamento.
Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O
disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a
armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e de
curta durabilidade.

2. Unidades e Partições
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po-
dem variar de um computador para outro.
Você acessa cada uma destas unidades em “Este Com-
putador”, como na figura abaixo:

1. Dispositivos

A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que


você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está
particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma parti-
ção são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de
São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar um disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo
dados. Existem dezenas deles e os principais são: mostra a divisão de espaço entre três partições diferentes:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas e etc.
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia.
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar
vídeos e com um espaço disponível menor.
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de ar-
mazenamento.

6
INFORMÁTICA

3. Pastas
As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di-
retórios - não contém informação propriamente dita e sim
arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organi-
zar tudo o que está dentro de cada unidade.

Acessórios do Windows são aplicativos


Como pôde ver, computadores necessitam de Sistema
Operacional para funcionar. Porém, sem softwares aplicati-
4. Arquivos vos de nada serviriam. Se você adquirisse um computador
Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos. com Windows, mas não adquirisse nenhum software aplica-
Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente. tivo (processador de textos, planilha eletrônica, ....), seu com-
Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, progra- putador seria totalmente inútil.
mas, músicas e etc. Assim, para que um consumidor não fique decepcio-
Também há arquivos que não nos dizem muito como, nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu
por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles não
que são muito importantes porque fazem com que o Win- são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Operacional
dows funcione. Neste caso, são como as peças do motor de Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi dado o nome
um carro: elas estão lá para que o carango funcione bem. de Acessórios do Windows.

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do Windows, clicando a sequência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você locali-
zará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador Internet Explorer é um exemplo. Além
dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista de
5. Atalhos aplicativos.

O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de


abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim?
Um atalho não tem conteúdo algum e sua única função é
“chamar o arquivo” que realmente queremos e que está
armazenado em outro lugar.
Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa
se tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha
uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglo- Principais Acessórios do Windows 10
merado de atalhos. Existem outros, outros poderão ser lançados e incre-
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo mentados, mas os relacionados a seguir são os mais po-
original fica intacto. pulares:
- Assistência Rápida
6. Bibliotecas do Windows 7 - Bloco de Notas
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá- - Calculadora
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem ape- - Ferramenta de Captura
nas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas. - Internet Explorer
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\ - Mapa de Caracteres
Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi- - Paint
blioteca de música. - Windows Explorer
- WordPad

7
INFORMÁTICA

Vantagens dos Acessórios do Windows Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto do


Algumas pessoas desprezam esses programas por Write) é um editor de textos mais sofisticado. Podemos di-
acharem que são muito simples. Na verdade, trata-se de zer, uma “miniatura do Word”, inclusive, com muitas com-
preconceito por falta de capacitação adequada. patibilidades.
São fáceis de aprender É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu-
Rápidos para carregar mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha
De excelente qualidade sido criado originalmente no Word.
Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, postits Muitos concursos e exames de progressão exigem o
e outros itens que você encontra numa mesa de escritório. conhecimento do WordPad
São encontrados em quaisquer computadores com
Windows. Ferramenta de Captura

Bloco de Notas

Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni-


pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema-
mente útil.
O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem Com a Ferramenta de Captura você copia e salva
formatação (significa que você não poderá sublinhar, inse- qualquer parte da sua tela, transformando num arqui-
rir imagens e outros recursos). vo png ou jpg, por exemplo.
Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tor-
nando-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em Área de transferência
chats, usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não dis- Área de transferência (conhecida popularmente como co-
ponibiliza um recurso para salvar). piar e colar) é um recurso utilizado por um sistema operacional
Também funciona para editar programas de computa- para o armazenamento de pequenas quantidades de dados
dor, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc. para transferência entre documentos ou aplicativos, através das
operações de cortar, copiar e colar bastando apenas clicar com
WordPad o botão direito do mouse e selecionar uma das opções. O uso
mais comum é como parte de uma interface gráfica, e geral-
mente é implementado como blocos temporários de memória
que podem ser acessados pela maioria ou todos os programas
do ambiente. Implementações antigas armazenavam dados
como texto plano, sem meta informações como tipo de fon-
te, estilo ou cor. As mais recentes implementações suportam
múltiplos formatos de dados, que variam entre RTF e HTML,
passando por uma variedade de formatos de imagens como
bitmap e vetor até chegar a tipos mais complexos como plani-
lhas e registros de banco de dados.
Ctrl+C para copiar informação para a Área de Transferência
Ctrl+X para cortar informação para a Área de Transferência
Ctrl+V para colar informação da Área de Transferência

8
INFORMÁTICA

Integração do office 2016 com Windows 10 Questões comentadas


O Office 2016 é a primeira versão do programa desde
o lançamento do Windows 10, com alguns truques incorpo- 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi-
rados a ele como o Windows Hello que é um acumulado de nale a opção correta.
identificadores biométricos que podem ou não estar pre- (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
sentes na máquina, como leitores digitais e íris. O outro é o ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con-
assistente digital da Microsoft (Cortana), porem ainda não trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos
está disponível no Brasil. relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema ope-
racional.
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT
e DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso dire-
to aos diretórios de programas instalados na máquina em
uso.
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá-
rios possivelmente cadastrados nessa máquina.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
O Office 2016 (que também é compatível com as ver- (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo-
sões 7 e 8 do Windows), está completamente otimizado tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
para extrair o máximo do Windows 10, criando uma solução Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
ideal de produtividade. Uma das possibilidades está com o máquina e, em seguida, desligar o computador.
novo recurso Windows Hello, que facilita o processo de lo-
gin no computador por meio de reconhecimento facial, da Comentários: Para desinstalar um programa de forma
íris ou da impressão digital. Ele pode ser usado também para segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
acessar o Office de forma segura e simples (mas exige uma
remover programas
câmera especial para isso).
Resposta – Letra A
Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Office
para mobile contam com uma interface ótima para telas de
toque e são universais, o que os torna excelentes para o re- 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-
curso Continuum do sistema operacional. A função permite formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
que novos smartphones com o sistema da Microsoft possam que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de
ser utilizados como PCs por meio de um dock específico mídias removíveis do computador, organizados em:
para conectá-lo a um monitor, permitindo a liberdade que (A) telas.
o teclado e mouse proporcionam – mas ainda não foi ofi- (B) pastas.
cialmente lançado. (C) janelas.
(D) imagens.
(E) programas.

Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma


bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
sistema de armário e gavetas.
Resposta: Letra B

3- Um item selecionado do Windows pode ser excluí-


do permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressio-
nando-se simultaneamente as teclas
(A) Ctrl + Delete.
(B) Shift + End.
(C) Shift + Delete.
(D) Ctrl + End.
(E) Ctrl + X.

9
INFORMÁTICA

Comentário: Quando desejamos excluir permanente-


mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes MS-WORD 2016: ESTRUTURA BÁSICA DOS
para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun- DOCUMENTOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO
to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem DE TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS,
do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente- FONTES, COLUNAS, MARCADORES
mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
Resposta: C
IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E
NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS,
4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS
arquivos, sem que haja perda de informação? PREDEFINIDOS, CAIXAS DE TEXTO.
(A) Compactação
(B) Deleção
(C) Criptografia EDITOR DE TEXTO MS WORD 2016
(D) Minimização
(E) Encolhimento adaptativo Novidades do Word 2016 para Windows1

Comentários: A compactação de arquivos é uma téc- O Word 2016 para Windows tem todas as funcionalida-
nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados des e recursos conhecidos, com alguns aprimoramentos e
podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem- novos recursos do Office 2016.
plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar, Veja alguns dos novos recursos.
SolusZip, etc. Realize ações rapidamente com o recurso Diga-me
Resposta: A Observe que há uma caixa de texto na Faixa de Opções
do Word 2016 com a mensagem O que você deseja fazer.
05- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor- Esse é um campo de texto no qual você insere palavras
reta. ou frases relacionadas ao que deseja fazer e obtém rapi-
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas- damente os recursos que pretende usar ou as ações que
tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o deseja realizar. Se preferir, use o Diga-me para encontrar
Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão ajuda sobre o que está procurando ou para usar a Pesqui-
Iniciar do Windows. sa Inteligente para pesquisar ou definir o termo que você
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- inseriu.
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de
Modos de Exibição.
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para
acesso direto a elas.
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu-
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus-
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de
máquinas ligadas à Internet.

Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui-


vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- Trabalhe em grupo em tempo real
ras e Detalhes. Ao armazenar um documento online no OneDrive ou no
Resposta: B SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word
2016 ou Word Online, vocês podem ver as alterações uns
Fonte: dos outros no documento durante a edição. Após salvar o
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-no- documento online, clique em Compartilhar para gerar um
windows-10/ link ou enviar um convite por email. Quando seus colegas
http://ziggi.uol.com.br/blog/windows-10-explorador-de abrem o documento e concordam em compartilhar automa-
-arquivos-4671#ixzz4fZmKAUlx ticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.
https://www.ciabyte.com.br/faq/acessorios-windows.asp 1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/article/No-
https://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-ha-de-no- v i d a d e s - d o - Wo r d - 2 0 1 6 - p a r a - Wi n d o w s - 4 2 1 9 d f b 5 - 2 3 f c - 4 8 5 3 -
vo-no-office-2016/51582 -95aa-b13a674a6670?ui=pt-BR&rs=pt-BR&ad=BR

10
INFORMÁTICA

Equações à tinta
Incluir equações matemáticas ficou muito mais fácil.
Vá até Inserir > Equação > Equação à Tinta sempre que
desejar incluir uma equação matemática complexa em um
documento. Se tiver um dispositivo sensível ao toque, use
o dedo ou uma caneta de toque para escrever equações
matemáticas à mão, e o Word 2016 vai convertê-las em
texto. Caso não tenha um dispositivo sensível ao toque, use
o mouse para escrever. Você pode também apagar, sele-
cionar e fazer correções à medida que escreve.

Histórico de versões melhorado


Vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista com-
pleta de alterações feitas a um documento e para acessar
versões anteriores.
Ideias para o trabalho que está realizando
Compartilhamento mais simples
A Pesquisa Inteligente da plataforma Bing apresenta as
Clique em Compartilhar para compartilhar seu docu-
pesquisas diretamente no Word 2016. Quando você sele-
mento com outras pessoas no SharePoint, no OneDrive ou
ciona uma palavra ou frase, clica com o botão direito do
no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma
mouse sobre ela e escolhe Pesquisa Inteligente, o Painel
cópia como um anexo de email diretamente do Word.
de ideias é exibido com as definições, os artigos Wiki e as
principais pesquisas relacionadas da Web.

Formatação de formas mais rápida


Quando você insere formas da Galeria de Formas, é
possível escolher entre uma coleção de preenchimentos
predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o
visual desejado.

11
INFORMÁTICA

Interface

Tela de trabalho do MS Word

No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento , que como é um novo do-
cumento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido, que permite acessar alguns
comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para
baixo) à direita dela.

Mais à esquerda tem a ABA Arquivo.

12
INFORMÁTICA

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

13
INFORMÁTICA

Explore a galeria de documentos

A galeria de documentos é o local onde você pode criar um documento em branco ou usar um modelo predefinido. A
galeria fica disponível ao abrir o Word ou você pode acessá-la escolhendo Arquivo > Novo se estiver trabalhando em um
documento existente.

Explorar a faixa de opções

14
INFORMÁTICA

Saiba mais sobre a caixa Diga-me

Diga-Me é uma nova ferramenta de pesquisa e está disponível no Word, no PowerPoint e no Excel 2016. Ela exibe os
comandos necessários quando você digita o que deseja fazer. Por exemplo, digite “configurações de fonte” na janela Diga-
me o que você quer fazer. Em seguida, escolha uma das sugestões exibidas ou escolha Obter Ajuda sobre “configurações
de fonte” para abrir o visualizador da Ajuda.

Faça um tour do Word 2016

Quando o Word abrir, clique em Faça um tour ou digite “Bem-vindo ao Word” na caixa Pesquisar modelos online. O
modelo Bem-vindo ao Word é aberto.
Este documento permite que você explore cinco áreas:
- Usar guias dinâmicas de layout e alinhamento
- Colaborar no Modo de Exibição Marcação Simples
- Inserir Imagens e Vídeos Online
- Desfrutar da Leitura
- Editar conteúdo em PDF no Word

Criando um documento

Quando você abre o Word, a galeria de documentos é exibida, permitindo que você escolha o modelo de documento
em branco ou um dos vários outros modelos.

15
INFORMÁTICA

Utilizando um modelo
Quando você inicia um aplicativo do Office, como o Word, o Excel, o PowerPoint, o Visio ou o Access, a primeira coisa
que você vê é uma lista de modelos que podem ser usados para criar seus arquivos e documentos.
Para encontrar modelos para os aplicativos do Office a qualquer momento, selecione Arquivo > Novo. Veja um exem-
plo de como isso é exibido no Word:

Insira uma pesquisa para o tipo de modelo que você está procurando na caixa de pesquisa que diz Procurar modelos on-
line. Para navegar pelos tipos de modelos populares, selecione qualquer uma das palavras-chave abaixo da caixa de pesquisa.

Selecione a miniatura de um modelo para ver uma visualização maior de como ele é. Você pode usar as setas em ambos os
lados da visualização para rolar pelos modelos relacionados. Depois de encontrar um modelo de que você gosta, selecione Criar.

DICA : Se você usa um modelo com frequência, pode fixá-lo para que esteja sempre à mão quando você inicia o apli-
cativo do Office. Basta selecionar o ícone de pino que aparece abaixo da miniatura na lista de modelos.

Modos de documento e compatibilidade


Quando você abre um documento no Word 2016, ele se encontra em um destes modos:
- Modo Word 2013-2016
- Modo de Compatibilidade do Word 2010
- Modo de Compatibilidade do Word 2007
- Modo de Compatibilidade do Word 97-2003

16
INFORMÁTICA

Caso você veja o Modo de Compatibilidade na barra de título, saiba como descobrir em que modo você está:
- Clique em Arquivo > Informações.
- Na seção Inspecionar Documento, clique em Verificar Problemas e em Verificar Compatibilidade.

Clique em Selecionar versões a exibir para verificar se há uma marca de seleção exibida ao lado do nome do modo em
que o documento se encontra.

Ajustar recuos e espaçamento no Word


Quando você quiser fazer alterações precisas nos recuos e no espaçamento ou quando quiser fazer várias alterações de
uma só vez, use as configurações na guia Recuos e Espaçamento na caixa de diálogo Parágrafo.
Selecione o texto que deseja ajustar.
Clique em Layout e clique na seta para o iniciador da caixa de diálogo no grupo Parágrafo.

Na guia  Recuos e Espaçamento, escolha as configurações (veja abaixo os detalhes de cada configuração) e clique
em OK.

Opções da caixa de diálogo Parágrafo


Escolha uma destas opções na caixa de diálogo  Parágrafo. Na parte inferior da caixa de diálogo, a caixa  Visualiza-
ção mostra a aparência das opções antes que você as aplique.

Geral
Escolha À Esquerda para alinhar o texto à esquerda com uma margem
Alinhamento
direita irregular (ou use o atalho de teclado CTRL+L).
EscolhaCentralizar para centralizar o texto com uma borda esquerda e
direita irregulares (CTRL+E).
EscolhaÀ Direita para alinhar o texto à direita com uma margem esquerda
irregular (CTRL+R).
EscolhaJustificar para alinhar o texto à esquerda e à direita, adicionando
espaço entre as palavras (CTRL+J).
O nível no qual o parágrafo aparece no modo de exibição de Estrutura
Nível da estrutura de tópicos
de Tópicos.
Escolha Recolhido por padrão se quiser que o documento seja aberto
com os títulos recolhidos por padrão.

Recuo
Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que
Para a Esquerda
você escolher.
Move-se no lado direito do parágrafo de acordo com quantidade que você
Para a Direita
escolher.
Especial Escolha Primeira linha > Por para recuar a primeira linha de um parágrafo.
Escolha Deslocamento > Por para criar um recuo deslocado.
Quando você escolher isso, Esquerda e Direita tornam-se Dentro e Fora.
Espelhar recuos
Isso é para impressão de estilo de livro.
Espaçamento
Antes Ajusta a quantidade de espaço antes de um parágrafo.

17
INFORMÁTICA

Recuo
Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que
Para a Esquerda
você escolher.
Depois Ajusta a quantidade de espaço após um parágrafo
Espaçamento entre linhas Escolha Simples para texto com espaçamento simples.
Escolha 1,5 linhas para definir o espaçamento do texto uma vez e meia o do
espaçamento único.
Escolha Duplo para texto com espaçamento duplo.
Escolha Pelo menos > Em para definir a quantidade mínima de espaçamento
necessário para acomodar a maior fonte ou gráfico na linha.
Escolha Exatamente > Em para definir o espaçamento de linha fixa, expresso
em pontos. Por exemplo, se o texto estiver em fonte de 10 pontos, você pode
especificar 12 pontos como o espaçamento entre linhas.
EscolhaMúltiplo > Em para definir o espaçamento de linha como um múltiplo
expresso em números maiores que 1. Por exemplo, definir o espaçamento
entre linhas como 1,15 aumentará o espaço em 15% e definir o espaçamento
entre linhas como 3 aumentará o espaço em 300% (espaçamento triplo).
Escolha Não adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo quando não
Não adicionar …
quiser espaço adicional entre os parágrafos.

Se você quiser salvar as configurações como padrão, clique em Definir como padrão.
Clicar em Guias… abre a caixa de diálogo Guias, onde você pode definir precisamente as guias.

Inserir imagens
As imagens podem ser inseridas (ou copiadas) a partir de vários locais diferentes, inclusive de um computador, de uma
fonte online como o Bing.com ou de uma página da Web.
Inserir uma imagem a partir de um computador
Clique no local em que deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens.

Navegue até a imagem que você deseja inserir, selecione-a e clique em Inserir.
OBSERVAÇÃO: Por padrão, o Word insere a imagem em um documento. Mas você pode, de forma alternativa, vincular
seu documento à imagem para reduzir seu tamanho. Para fazê-lo, na caixa de diálogo Inserir Imagem, clique na seta ao lado
de Inserir e clique em Vincular ao Arquivo.
Inserir imagem a partir de uma fonte online
Caso não tenha uma imagem ideal no seu computador, experimente inserir uma a partir de uma fonte online, como o
Bing ou o Flickr.
Clique no local onde deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens Online.

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INFORMÁTICA

Na caixa de pesquisa, digite uma palavra ou frase que descreva a imagem desejada e pressione Enter.
Na lista de resultados, clique na imagem desejada e em Inserir.
Inserir uma imagem a partir de uma página da Web
Abra seu documento.
Na página da Web, clique com o botão direito do mouse na imagem que deseja e clique em Copiar.
No seu documento, clique com o botão direito do mouse no local que deseja inserir a imagem e clique em Colar.

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página ou
remover bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou linha
de números em uma tabela.
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabela, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamentos de largura personalizada
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as colunas, use o comando Inserir Tabela.

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INFORMÁTICA

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células
colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de dentro das células.
largura das colunas. Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela. teiro é alterado para um lápis.
Defina o número de colunas e linhas. Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do
retângulo.

Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferra-


Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há mentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que
três opções para configurar a largura das colunas: você quer apagar.
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
automaticamente a largura das colunas com Automático
ou pode definir uma largura específica para todas as co-
lunas. Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria
colunas muito estreitas que são expandidas conforme você
adiciona conteúdo.
Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se Adicionar um cabeçalho ou rodapé
ao tamanho de seu documento.
Se quiser que as tabelas criadas tenham uma aparência Você pode adicionar muito mais além de números de
semelhante à da tabela que você está criando, marque a página aos seus cabeçalhos ou rodapés. Mas para come-
caixa Lembrar dimensões para novas tabelas. çar, veja como criar e personalizar um cabeçalho ou rodapé
Projetar sua própria tabela simples.
Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e Clique em Inserir e depois clique em Cabeçalho ou Ro-
linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica, dapé.
a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamen-
te a tabela que você deseja.

Dezenas de layouts internos são exibidos. Percorra-os


e clique naquele que você deseja.
O espaço de cabeçalho e rodapé será aberto em seu
documento, junto com as Ferramentas de Cabeçalho e Ro-
dapé. Você precisa fechar as Ferramentas de Cabeçalho e
Rodapé para poder editar o corpo do seu documento no-
vamente.
Digite o texto desejado no cabeçalho ou no rodapé.
A maioria dos cabeçalhos e rodapés tem texto do espaço
reservado (por exemplo, “Título do documento”) que você
pode digitar diretamente sobre.

20
INFORMÁTICA

DICA: Escolha entre as Ferramentas de Cabeçalho e


Rodapé para adicionar mais ao seu cabeçalho ou rodapé,
como data e hora, uma imagem e o nome do autor ou
outras informações do documento. Você também pode
selecionar opções para cabeçalhos diferentes em páginas
pares e ímpares, além de indicar que não deseja que o ca-
beçalho ou rodapé apareça na primeira página.
Quando terminar, clique em Fechar Cabeçalho e Ro- Na lista Nomes de campos, clique em Página e em OK.
dapé.
OBSERVAÇÕES:  Para mostrar os números de página
como Página X de Y, faça o seguinte:
Digite de após o número de página que você acabou
de adicionar.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.
Na lista Nomes de campos, clique em NumPages e
em OK.
Para alterar o formato de numeração, na guia De-
sign (em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé), clique
em Número de Página > Formatar Números de Página.
DICA: Sempre que você quiser abrir as Ferramentas de
Cabeçalho e Rodapé, clique duas vezes dentro da área de
cabeçalho ou rodapé.

Adicionar números de página a um cabeçalho ou


rodapé no Word
OBSERVAÇÃO: Se você não tiver um cabeçalho ou ro-
dapé, ou se você tiver um cabeçalho ou rodapé que você
não queira manter, para adicionar rapidamente números
de página, clique em Inserir > Número de Página e selecio-
ne o tipo de número da página desejado. Isso substituirá
Para retornar ao corpo do documento, clique em Fer-
qualquer cabeçalho ou rodapé existente.
ramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fechar Cabeçalho e
Se o documento já tem cabeçalhos ou rodapés, você
pode usar o código de campo de Número da Página para Rodapé.
adicionar números de página sem substituir os cabeçalhos
ou rodapés. Adicionar números de página no Word
Com mais uma etapa, você poderá exibir o número de Clique em Inserir > Número de Página, clique em um
página como Página X de Y. local (como o Início da Página) e escolha um estilo. O Word
Usar o código Campo de página para adicionar núme- numera as páginas de forma automática.
ros de página a um cabeçalho ou rodapé
Clique duas vezes na área do cabeçalho ou rodapé
(próxima à parte superior da ou inferior da página). Isso
abre a guiaDesign em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé.

Posicione o cursor onde você deseja adicionar o núme- Quando concluir, clique em Fechar Cabeçalho e Roda-
ro da página. Para colocar o número da página no centro pé ou clique duas vezes em qualquer lugar fora da área do
ou no lado direito da página, faça o seguinte: cabeçalho ou do rodapé.
Para colocar o número de página no centro, na guia De-
sign, clique em Inserir Tabulação de Alinhamento >Centrali-
zar > OK.
Para colocar o número de página no lado direito da
página, na guia Design, clique em Inserir Tabulação de Ali-
nhamento > Direita > OK.
Na guia Inserir, clique em Partes Rápidas e Campo.

21
INFORMÁTICA

DICA : O Word numera as páginas de forma auto- Salvar um documento comercial
mática, mas você pode alterar essa opção se preferir. Por que você deseja compartilhar
exemplo, caso não pretenda exibir o número da página com sua equipe. Para mantê-lo
na primeira página do documento, clique duas vezes ou Sites -Organização
privado, coloque-o em uma bi-
dê um toque duplo na parte superior ou inferior da pá- blioteca que não seja comparti-
gina para abrir as ferramentas de cabeçalho e rodapé na lhada com outras pessoas.
guia Design e marque a caixa Primeira Página Diferente.
Salvar um documento pessoal
Escolha Inserir > Número da Página > Formatar Números
que você deseja manter privado
de Página para saber mais. OneDrive - Pessoal
ou que deseja compartilhar com
amigos e familiares.
Salvar um documento no Word 2016
O local escolhido para salvar seu documento depende Salvar um documento em uma
da forma como você planeja usá-lo. Para acessar um do- Este PC pasta no seu computador. Esco-
cumento em praticamente qualquer lugar, compartilhá-lo lha Este PC e escolha uma pasta.
com outras pessoas ou trabalhar em conjunto com outras Adicionar um novo local online.
pessoas em tempo real, salve-o online. Mas onde você Escolha Adicionar um Local e to-
adicionar um local
deve salvá-lo? Veja algumas dicas para ajudá-lo a decidir: que ou clique em SharePoint do
Use o site de equipe do OneDrive for Business ou do Office 365ou OneDrive.
SharePoint para documentos que serão usados por seus
colegas. Escolha uma pasta pessoal do OneDrive para do- Salvando Arquivos
cumentos particulares que somente você pode ver ou que É importante ao terminar um documento, ou durante a di-
deseja compartilhar com seus amigos e familiares. gitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
Se pretende trabalhar com um documento no com- salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se documento
em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou outro
putador que você está usando atualmente, salve em uma
dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, cli-
pasta neste computador.
que no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma tela onde
você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

Decida onde salvar seu documento

Use a tabela a seguir para ajudá-lo a escolher um local


para salvar seu documento:
Observe na janela de salvar que o Word procura salvar seus
LOCAL PARA SAL- USE ESTE PROCEDIMENTO arquivos na pasta Documents do usuário, você pode mudar o
VAR QUANDO QUISER... local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da janela. No
Salvar um documento comercial campo nome do arquivo, o Word normalmente preenche com
que você provavelmente deseja- o título do documento, como o documento não possui um tí-
rá compartilhar mais tarde com tulo, ele pega os primeiros 255 caracteres e atribui como nome,
parceiros de fora de sua equipe é aconselhável colocar um nome menor e que se aproxime do
OneDrive conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior mudança, até versão
ou organização. As opções de
-Organização 2003, os documentos eram salvos no formato”. DOC”, a partir da
compartilhamento permitem
versão 2010, os documentos são salvos na versão”. DOCX”, que
escolher as pessoas que você
não são compatíveis com as versões anteriores. Para poder salvar
deseja permitir que exibam ou
seu documento e manter ele compatível com versões anteriores
editem o documento.
do Word, clique na direita dessa opção e mude para Documento
do Word 97-2003.

22
INFORMÁTICA

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word


Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo.

Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abaixo de novo, observe também que ele mostra uma relação de
documentos recentes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao
clicar em abrir, será necessário localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro local ou outro nome, clique no botão Office e escolha Salvar Como.

23
INFORMÁTICA

Visualização do Documento
Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·.
Anterior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento, que podem
também ser acessados pela Aba Exibir.

Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


• Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha im-
pressa.
• Modo de leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do
documento à direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique
no botão fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários
postam textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu documento em tópicos, o formato terá melhor compreensão quando
trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar diversos recursos de produção de texto, porém não visualiza como
impressão nem outro tipo de meio.

O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom
o Word apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.

24
INFORMÁTICA

Configuração de Documentos O grupo “Configurar Página”, permite definir as mar-


gens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus definidos, como também personalizá-las. Ao personalizar as
documentos é em relação à configuração da página. A margens, é possível alterar as margens superior, esquerda,
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um inferior e direita, definir a orientação da página, se retrato ou
manual de regras para documentações, então é comum es- paisagem, configurar a fora de várias páginas, como normal,
cutar “o documento tem que estar dentro das normas”, não livro, espelho. Ainda nessa mesma janela temos a guia Papel.
vou me atentar a nenhuma das normas especificas, porém
vou ensinar como e onde estão as opções de configuração
de um documento. No Word 2016 a ABA que permite con-
figurar sua página é a ABA Layout da Página.

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de


alimentação do papel.

25
INFORMÁTICA

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A pri- Alterar a cor do plano de fundo
meira opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define Clique em Design > Cor da Página.
como será uma nova seção do documento, vamos apren- Escolha a cor que deseja em Cores do Tema ou Cores
der mais frente como trabalhar com seções. Em cabeçalhos Padrão.
e rodapés podemos definir se vamos utilizar cabeçalhos e
rodapés diferentes nas páginas pares e ímpares, e se quero
ocultar as informações de cabeçalho e rodapé da primeira
página. Em Página, pode-se definir o alinhamento do con-
teúdo do texto na página. O padrão é o alinhamento supe-
rior, mesmo que fique um bom espaço em branco abaixo
do que está editado. Ao escolher a opção centralizada, ele
centraliza o conteúdo na vertical. A opção números de li-
nha permite adicionar numeração as linhas do documento.

Colunas

Caso não veja a cor desejada, clique em Mais Cores e


escolha a cor desejada usando qualquer uma das opções da
caixa Cores.
Para adicionar gradiente, textura, padrão ou imagem, cli-
que em Efeitos de Preenchimento e, em seguida, clique nas
guias Gradiente, Textura, Padrão ou Imagem para selecionar
as opções desejadas.
Os padrões e texturas são replicados (ou organizados
lado a lado) para preencher a página toda. Se você salvar um
documento como página Web, as texturas serão salvas como
Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as arquivos JPEG e os padrões e gradientes como arquivos PNG.
suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré- Remover a cor da tela de fundo
definidas, mas você pode colocar em um número maior de Para remover a cor da página, clique em Design > Cor da
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura Página > Sem Cor.
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você
pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso Adicionar uma imagem como marca d’água em tela
desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente de fundo no Word 2016 para Windows
também que se preciso adicionar colunas a somente uma Adicionar uma marca d’água de imagem é uma ótima ma-
parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto. neira de aplicar uma marca em seu documento com um logo-
tipo ou adicionar uma tela de fundo atraente. Para inserir uma
imagem de tela de fundo rapidamente, adicione-o como uma
marca d’água personalizada. Se você quiser mais opções para
ajustar a imagem de tela de fundo, insira-a como um cabeçalho.

Alterar a cor ou a tela de fundo no Word 2016 para


Windows
Para aumentar o apelo visual do documento, adicione
uma cor da tela de fundo usando o botão Cor da Página.
Você também pode adicionar uma imagem como marca
d’água de tela de fundo.

26
INFORMÁTICA

Adicionar uma imagem de tela de fundo como uma marca d’água


Este método é rápido, mas ele não lhe dá muitas opções para a formatação da imagem.
Clique em Design > Marca D’água.

Clique em Marca D’água Personalizada.


Clique em Marca d’água de imagem > Selecionar Imagem.
Procure (ou pesquise) a imagem desejada e clique em Inserir.
Selecione uma porcentagem em Escala para inserir a imagem com um tamanho específico. Verifique se colocou uma
porcentagem grande o suficiente para preencher a página ou simplesmente selecione Automático.
Marque a caixa de seleção Desbotar para clarear a imagem de modo que não interfira no texto.
Clique em OK.
Adicionar uma imagem de tela de fundo com mais opções de formatação
Inserir uma imagem de tela de fundo como um cabeçalho é um pouco mais complexo, mas oferece mais opções de
ajuste de fotos.
Clique em Inserir > Cabeçalho > Editar Cabeçalho.
Na guia Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé, clique em Imagens.
Vá até a imagem e clique em Inserir.
Na guia Ferramentas de Imagem, clique em Posição e clique na opção centralizada em Com Quebra Automática de
Texto.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Quebra de Texto Automática > Atrás do Texto.
Em Ferramentas de Imagem, selecione as opções desejadas no grupo Ajustar. Por exemplo, para dar à imagem uma
aparência desbotada para que ela não compita com o texto, clique em Cor e, em Recolorir, clique na opção Desbotar:

Clique em Ferramentas de Cabeçalho e Rodapé > Fechar Cabeçalho e Rodapé

27
INFORMÁTICA

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de tex-
tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o
cursor aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o pa-
rágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi
clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a pa- Observe na imagem que ele traz o texto no formato
lavra. HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa ma-
• Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o pa- nipulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique
rágrafo em OK.
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado
e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que Localizar e Substituir
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar Ao final da ABA Pagina Inicial temos o grupo edição,
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir.
ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde Clique na opção Substituir.
começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Pagina Inicial.
A janela que se abre possui três guias, localizar, Substi-
tuir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permi-
te substituir em seu documento uma palavra por outra. A
substituição pode ser feita uma a uma, clicando em subs-
tituir, ou pode ser todas de uma única vez clicando-se no
botão Substituir Tudo. Algumas vezes posso precisar subs-
tituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou
então somente quando escrita em maiúscula, etc., nestes
casos clique no botão Mais. As opções são:
• Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção
Este é um processo comum, porém um cuidado impor-
da pesquisa;
tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for- • Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será locali-
matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao zada exatamente a palavra como foi digitada na caixa lo-
copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao calizar.
seu documento, não basta apenas clicar em colar, é ne- • Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e
cessário clicar na setinha apontando para baixo no botão não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Colar, escolher Colar Especial. • Usar caracteres curinga: Procura somente as pa-
lavras que você especificou com o caractere coringa. Ex.
Se você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras
terminadas em ão.
• Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
palavras em inglês.

28
INFORMÁTICA

• Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere
coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2016 a ABA res-
ponsável pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para
formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser formatar
somente uma letra também é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho, botões
de aumentar fonte e diminuir fonte, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de sublinhado
temos uma seta apontando para baixo, ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e
sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

29
INFORMÁTICA

Este botão permite alterar a colocação de letras maiús-


culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para
realçar o texto e o botão de cor do texto.

Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

A janela fonte contém os principais comandos de for-


matação e permite que você possa observar as alterações
antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.

Formatação de parágrafos
A principal regra da formatação de parágrafos é que
independentemente de onde estiver o cursor a formatação
será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha
ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será
necessário selecionar os parágrafos a serem formatados. A
formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Pá-
gina Inicial, e os recuos também na ABA Layout da Página.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-


tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

30
INFORMÁTICA

No grupo da Guia Página Inicial, temos as opções de Marcadores e Numeração


marcadores (bullets e numeração e listas de vários níveis),
diminuir e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Os marcadores e numeração fazem parte do grupo
Tudo, na segunda linha temos os botões de alinhamentos: parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
esquerda, centralizado, direita e justificado, espaçamento destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
entre linhas, observe que o espaçamento entre linhas pos- Numeração.
sui uma seta para baixo, permitindo que se possa definir
qual o espaçamento a ser utilizado.

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto


tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já
Cor do Preenchimento do Parágrafo. diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos.
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente


adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Bordas no parágrafo. Marcador.

31
INFORMÁTICA

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK.


Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon- Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque
selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings, a opção Atualizar automaticamente.
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você
poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão Inserindo Elementos Gráficos
importar, poderá utilizar uma imagem externa.
O Word permite que se insira em seus documentos
Bordas e Sombreamento arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo
texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará- ilustrações.
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto Formas
ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma Podemos também adicionar formas ao nosso conteú-
borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas do do texto
e Sombreamento.
Podemos começar escolhendo uma definição de borda
(caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada
uma das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se
pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da
borda. A Guia Sombreamento permite atribuir um preen-
chimento de fundo ao texto selecionado. Você pode es-
colher uma cor base, e depois aplicar uma textura junto
dessa cor.

Data e Hora

O Word Permite que você possa adicionar um campo


de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no
grupo Texto, temos o botão Data e Hora.

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta


clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para
definir as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra
passa a ter as propriedades para modificar a forma.

32
INFORMÁTICA

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.

WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.

33
INFORMÁTICA

Controlar alterações no Word Clique em Revisar.


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique
em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações. em Bloqueio de Controle.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação


Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer
pessoa no documento e mostra para você onde elas estão, Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na
exibindo uma linha ao lado da margem. caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.
Enquanto as alterações controladas estiverem blo-
queadas, você não poderá desativar o controle de altera-
ções, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con-
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Con-
trole. O Word solicitará que você digite sua senha. Depois
que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alte-
O Word mostra um pequeno balão no local em que rações continuará ativado, mas agora você poderá aceitar
alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique e rejeitar alterações.
no respectivo balão.
Desativar o controle de alterações
Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marcadas
no documento até que você as remova.
Remover alterações controladas
IMPORTANTE:  A única maneira de remover alterações
Para ver as alterações, clique na linha próxima à mar- controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las.
gem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marca- Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão aju-
ção do Word. da a ver qual será a aparência do documento final, mas isso
apenas oculta temporariamente as alterações controladas.
As alterações não são excluídas e aparecerão novamente
da próxima vez em que o documento for aberto. Para ex-
cluir permanentemente as alterações controladas, aceite
-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado

É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com


uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lem-
bre-se da senha para poder desativar esse recurso quando
estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.)
O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa
para a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique
em Revisão > Excluir. Para excluir todos os comentários,
clique em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Docu-
mento.

34
INFORMÁTICA

DICA:  Antes de compartilhar a versão final do seu do- Imprimir páginas específicas
cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu- No menu Arquivo, clique em Imprimir.
mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas das
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em pro- propriedades do documento ou alterações controladas e co-
priedades e outras informações que talvez você não que- mentários, clique na seta em Configurações, ao lado de Im-
ria compartilhar amplamente. Para executar o Inspetor de primir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as opções.
Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente
e para trás, na parte inferior da página.

Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use


o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
para ampliá-lo.

Escolha o número de cópias e qualquer outra opção


desejada e clique no botão Imprimir.

Para imprimir somente determinadas páginas, siga um


destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, sele-
cione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último
número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada  e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exemplo,
3, 4-6).

Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações prontas a
serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word disponibiliza
uma grande quantidade de estilos através do grupo estilos.

35
INFORMÁTICA

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você Será mostrado todos os estilos presentes no documen-
clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti- to em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela exis-
lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém tem três botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo,
se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado clique sobre ele.
somente ao que foi selecionado.

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-


tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defi-


ni que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação
dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo
parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a
formatação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo
mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o
mesmo está disponível somente a este documento. Ao fina-
lizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Criar um sumário no Word 2016


Para criar um sumário que seja fácil de atualizar, apli-
que estilos de título ao texto que deseja incluir no sumário.
Depois disso, o Word vai compilá-lo automaticamente a
partir desses títulos.
Aplicar estilos de título
Escolha o texto que você deseja incluir no sumário e,
em seguida, na guia Página Inicial, clique em um estilo do
título, comoTítulo 1.

Faça isso para todo o texto que você deseja exibir no


sumário.

36
INFORMÁTICA

Criar um sumário O Word também verifica e marca possíveis erros gra-


O Word usa os títulos no documento para construir um maticais com uma linha ondulada azul:
sumário automático que pode ser atualizado quando você
altera o texto do título, sequência ou nível.
Clique no local que deseja inserir o índice analítico,
normalmente perto do início de um documento.
Clique em Referências > Sumário e escolha um estilo
de Sumário Automático na lista. Se os erros de ortografia e gramática não estiverem
OBSERVAÇÃO: Se você usar um estilo de Sumário Manual, marcados, talvez seja necessário habilitar a verificação or-
o Word não utilizará os títulos para criar um sumário e não será tográfica e gramatical automática.
possível atualizá-lo automaticamente. Em vez disso, o Word Quando você vir erros ortográficos ou gramaticais, cli-
usará o texto do espaço reservado para criar um sumário fictí- que com botão direito do mouse ou mantenha pressio-
cio, e você deverá preencher as entradas manualmente. nada a palavra ou a frase e escolha uma das opções para
corrigir o erro.
Habilitar (ou desabilitar) a verificação ortográfica e gra-
matical automática
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Você pode optar por verificar a ortografia e a gramá-
tica automaticamente, uma ou outra, ambas ou nenhuma
delas, ou até mesmo outras opções, como a verificação or-
tográfica contextual

Caso prefira  formatar ou personalizar o sumário, é


possível fazê-lo. Por exemplo, você pode alterar a fonte, o
número de níveis de título e optar por mostrar linhas pon-
tilhadas entre as entradas e os números de página.
Em Exceções para, você pode optar por ocultar os erros
Verificar ortografia e gramática no Word 2016 para de gramática e de ortografia em seu documento aberto ou,
Windows se deixar as opções desmarcadas mas mantiver qualquer
O Word verifica automaticamente possíveis erros de uma das opções acima delas marcada, todos os documen-
ortografia e gramaticais à medida que você digita. Se pre- tos novos manterão essas configurações.
ferir esperar para verificar a ortografia e a gramática quan- Clique em OK para salvar suas alterações.
do terminar de escrever, você pode desabilitar a verificação Verificar a ortografia e a gramática ao mesmo tempo
ortográfica e gramatical. Verificar a ortografia e a gramática no seu documento é
Verificar a ortografia e a gramática ao digitar útil quando você quer revisar rapidamente seu texto. Você
O Word verifica e marca automaticamente possíveis er- pode verificar a existência de possíveis erros e então deci-
ros de ortografia com uma linha ondulada vermelha: dir se concorda com o verificador ortográfico e gramatical.
Clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou pres-
sione F7) para iniciar o verificador ortográfico e gramati-
cal e veja os resultados nos painéis de tarefas de Ortogra-
fia e Gramática.

37
INFORMÁTICA

Se o Word encontrar um possível erro, um painel de tarefas será aberto e mostrará as opções de ortografia e gramática:

Para corrigir um erro, siga um destes procedimentos:


Use uma das sugestões Para usar uma das palavras sugeridas, selecione a palavra na lista de sugestões e clique em
Alterar. (Você também pode clicar em Alterar tudo, se souber que usou essa palavra incorretamente em todo o documento,
para não precisar corrigi-la toda vez que ela aparecer.)
Adicionar uma palavra ao dicionário     Se a palavra estiver correta e se for uma que você deseja que o Word e TODOS
os programas do Office reconheçam, clique em Adicionar para adicioná-la ao dicionário. Isso só funciona para palavras com
grafia incorreta. Não é possível adicionar uma gramática personalizada ao dicionário.
Ignorar a palavra    Clique em Ignorar para ignorar apenas aquela ocorrência ou clique em Ignorar Tudo para ignorar
todas as ocorrências da palavra.
Depois de corrigir ou ignorar algo marcado como um possível erro, o Word passa para o próximo. Quando o Word
concluir a revisão do documento, você verá uma mensagem informando que a verificação ortográfica ou gramatical foi
concluída.
Clique em OK para retornar ao documento.
Verificar novamente problemas de ortografia e gramática
Você também pode forçar uma nova verificação das palavras e da gramática que anteriormente foram ignoradas.
Abra o documento que você deseja verificar novamente.
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Em Ao corrigir ortografia e a gramática no Word, clique em Verificar Documento Novamente.
Quando você vir uma mensagem, clique em Sim e clique em OK para fechar a caixa de diálogo Opções do Word.
Em seguida, no seu documento, clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou pressione F7).

Proteger um documento com senha


Ajude a proteger um documento confidencial contra edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é possível
evitar que um documento seja aberto.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Documento > Criptografar com Senha.

38
INFORMÁTICA

Clique na guia Arquivo.


Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Con-
teúdo.
Em Habilitar Todo o Conteúdo, clique em Sempre habi-
litar o conteúdo ativo deste documento.
O arquivo se tornará um documento confiável.
A imagem a seguir é um exemplo das opções Habilitar
Conteúdo.

Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e Habilitar macros uma vez quando o Aviso de Seguran-
clique em OK. ça for exibido
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e Use as instruções a seguir para habilitar macros en-
clique em OK. quanto o arquivo permanecer aberto. Quando o arquivo
Observações :  for fechado e, em seguida, reaberto, o aviso aparecerá no-
Você sempre pode alterar ou remover sua senha. vamente.
As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Veri- Clique na guia Arquivo.
fique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando digitar Na área Aviso de Segurança, clique em Habilitar Con-
uma senha pela primeira vez. teúdo.
Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não Selecione Opções Avançadas.
conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde Na caixa de diálogo Opções de Segurança do Micro-
uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma senha soft Office, clique em Habilitar conteúdo para esta sessão
forte da qual se lembrará. para cada macro.
Clique em OK.
Habilitar ou desabilitar macros em arquivos do Office
Uma macro é uma série de comandos que podem ser Alterar configurações de macro na Central de Confia-
usados para automatizar uma tarefa repetida e que po- bilidade
dem ser executados durante a tarefa. Este artigo apresenta As configurações de macro estão localizadas na Cen-
informações sobre os riscos envolvidos no trabalho com tral de Confiabilidade. Entretanto, se você trabalha em uma
macros, e você poderá saber mais sobre como habilitar ou organização, é possível que o administrador do sistema te-
desabilitar macros na Central de Confiabilidade. nha alterado as configurações padrão para impedir a alte-
ração das configurações.
Habilitar macros quando a Barra de Mensagens for exi- Importante:  Quando você altera as configurações de
bida macro na Central de Confiabilidade, elas são alteradas ape-
Quando você abre um arquivo que possui macros, a nas no programa do Office usado no momento. As confi-
barra de mensagens amarela aparece com um ícone de gurações de macro não são alteradas em todos os progra-
escudo e o botão Habilitar Conteúdo. Se você conhecer mas do Office.
a(s) macro(s) como sendo de uma fonte confiável, use as Clique na guia Arquivo.
instruções a seguir: Clique em Opções.
Na Barra de Mensagens, clique em Habilitar Conteúdo. Clique em Central de Confiabilidade e em Configura-
O arquivo é aberto e se trata de um documento con- ções da Central de Confiabilidade.
fiável. Na Central de Confiabilidade, clique em Configurações
A imagem a seguir é um exemplo da Barra de Mensa- de Macro.
gens quando há macros no arquivo. Faça as seleções desejadas.
Clique em OK.
A imagem a seguir é a área Configurações de Macro da
Central de Confiabilidade.
Habilitar macros no modo de exibição Backstage
Outra maneira de habilitar macros em um arquivo é pos-
sível pelo modo de exibição Microsoft Office Backstage, o
modo de exibição que aparece depois que você clica na guia
Arquivo,quando a Barra de Mensagens amarela é exibida.

39
INFORMÁTICA

e gravadas por desenvolvedores de software. No entan-


to, algumas macros podem representar um possível risco
para a segurança. Um usuário mal-intencionado, também
conhecido como hacker, pode introduzir uma macro des-
trutiva em um arquivo que possa espalhar vírus no compu-
tador ou na rede da sua organização.

Criar ou executar uma macro


Para poupar tempo em tarefas que você costuma rea-
lizar com frequência, compacte as etapas em uma macro.
Em primeiro lugar, grave a macro. Em seguida, você poderá
executá-la clicando em um botão da Barra de Ferramentas
Use as informações da seção a seguir para saber mais de Acesso Rápido ou pressionando uma combinação de
sobre as configurações de macro. teclas. Isso dependerá de como você a configurar.
Vamos começar com a configuração do botão.
Configurações de macro explicadas Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro.
Desabilitar todas as macros sem notificação     As ma-
cros e os alertas de segurança sobre macros serão desa-
bilitados.
Desabilitar todas as macros com notificação     As
macros serão desabilitadas, mas os alertas de segurança
serão exibidos, se houverem macros. Habilite-as, uma de
cada vez.
Desabilitar todas as macros, exceto as digitalmen-
te assinadas     As macros são desabilitadas, mas alertas
de segurança serão apresentados se houver macros. No
entanto, se a macro estiver assinada digitalmente por um
fornecedor confiável, ela será executada se você confiar Digite um nome para a macro.
no fornecedor. Se não confiar no fornecedor, você será
notificado para habilitar a macro assinada e confiar no for-
necedor.
Habilitar todas as macros (não recomendável, pois
pode executar um código potencialmente perigoso)     To-
das as macros serão executadas. Essa configuração deixa
seu computador vulnerável a códigos potencialmente mal
intencionados.
Confiar no acesso ao modelo de objeto do projeto do
VBA     Permitir ou não permitir o acesso programático ao
modelo de objeto do Visual Basic for Applications (VBA) de
um cliente de automação. Esta opção de segurança desti-
na-se a código escrito para automatizar um programa do
Office e manipular o ambiente e o modelo de objeto VBA.É
uma configuração definida por usuário e por aplicativo, e Para usar essa macro em qualquer novo documento
nega o acesso por padrão, impedindo que programas não que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em
autorizados compilem código de replicação automática exibe Todos os Documentos (Normal.dotm).
prejudicial. Para que os clientes de automação acessem o
modelo de objeto do VBA, o usuário que executa o código
deve conceder acesso. Para ativar o acesso, marque a caixa
de seleção.
Observação : O Microsoft Publisher e o Microsoft Ac-
cess não têm a opção Confiar no acesso ao modelo de
objeto do projeto do VBA.
O que são macros, quem são suas criadoras e qual é o
risco de segurança?
As macros automatizam tarefas que são usadas fre-
quentemente para economizar o tempo de pressiona-
mento de teclas e ações do mouse. Muitas macros foram
criadas com o uso do VBA (Visual Basic for Applications)

40
INFORMÁTICA

Para executar uma macro quando você clicar em um Escolha uma imagem de botão, digite o nome deseja-
botão, clique em Botão. do e clique em OK duas vezes.

Clique na nova macro (cujo nome é algo do tipo Normal.


NovasMacros.<nome da sua macro>) e clique em Adicionar.

Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos


comandos ou pressione as teclas para cada etapa na tarefa.
O Word grava seus cliques e pressionamentos de teclas.
Observação : Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Parar
Gravação.

Clique em Modificar.

O botão da sua macro aparece na Barra de Ferramen-


tas de Acesso Rápido.

Para executar a macro, clique no botão.

41
INFORMÁTICA

Criar uma macro com um atalho do teclado Digite uma combinação de teclas na caixa Pressione a
nova tecla de atalho.
Clique em Exibir > Macros > Gravar Macro. Verifique se essa combinação já não está atribuída a
outro item. Se estiver, tente uma combinação diferente.
Para usar esse atalho de teclado em qualquer novo do-
cumento criado, verifique se a caixa Salvar alterações em
indica Normal.dotm.
Clique em Atribuir.
Agora, chegou a hora de gravar as etapas. Clique nos
comandos ou pressione as teclas para cada etapa na tarefa.
O Word grava seus cliques e pressionamentos de teclas.
Observação: Use o teclado para selecionar texto en-
quanto você grava a macro. Macros não gravam seleções
feitas com o mouse.
Para parar de gravar, clique em Exibir > Macros > Parar
Digite um nome para a macro. Gravação.

Para executar a macro, pressione as teclas de atalho


do teclado.
Para usar essa macro em qualquer novo documento
que você criar, verifique se a caixa Armazenar macro em Executar uma macro
exibe Todos os Documentos (Normal.dotm). Para executar uma macro, clique no botão na Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido, pressione o atalho de te-
clado ou executar a macro a partir da lista de Macros.
Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros.

Na lista em Nome da macro, clique na macro a ser exe-


Para executar sua macro quando você pressionar um cutada.
atalho do teclado, clique em Teclado. Clique em Executar.
Disponibilizar uma macro em todos os documentos
Para disponibilizar uma macro de um documento em
todos os novos documentos, adicione-a ao modelo Nor-
mal.dotm.
Abra o documento que contém a macro.

42
INFORMÁTICA

Clique em Exibir > Macros > Exibir Macros.

Clique em Organizador.

Clique na macro que você quer adicionar ao modelo Normal.dotm e clique em Copiar.
Adicionar um botão de macro à faixa de opções
Clique em Arquivo > Opções > Personalizar Faixa de Opções.
Em Escolher comandos de, clique em Macros.
Clique na macro desejada.
Em Personalizar a faixa de opções, clique na guia e no grupo personalizado onde você quer adicionar a macro.
Se não tiver um grupo personalizado, clique em Novo Grupo e depois clique em Renomear e digite um nome para o
seu grupo personalizado.
Clique em Adicionar.
Clique em Renomear para escolher uma imagem para a macro e digitar o nome desejado.
Clique em OK duas vezes.

Integração com planilhas


A integração entre diversos aplicativos, sempre foi uma das principais características da suíte Office da Microsoft. Na
versão 2016, além de importar documentos prontos, é possível criar pequenas janelas de outros programas e simular sua
funcionalidade plena.
A partir de um documento do Word, por exemplo, você pode criar planilhas usufruindo dos mesmos recursos do Excel,
contando até com a Barra de tarefas do programa. Em vez de abrir dois programas, esta dica permite que você permaneça
na interface do Word, facilitando seu trabalho.
Dentro da aba “Inserir”, clique sobre a opção “Tabela” e escolha “Planilha do Excel”:

43
INFORMÁTICA

Ao invés de uma tabela comum, o que você encontra é uma verdadeira miniatura do Excel com todos os recursos do
aplicativo.

Repare que até a Barra de ferramentas tradicional do Word dá espaço para a o editor de planilhas. Basta selecionar uma
porção do texto ou da planilha para alternar entre as ferramentas de ambos os programas do Office.

Principais Atalhos
CTRL+O Abrir um novo documento em branco
CTRL+A Abrir um arquivo já existente
CTRL+V Colar o texto selecionado ou movido
CTRL+X Recortar o texto selecionado
CTRL+T Selecionar o documento inteiro
CTRL+ENTER Iniciar uma nova página em um mesmo documento
CTRL+N Formata o texto selecionado negrito
CTRL+I Formata o texto selecionado para itálico 
CTRL+S Formata o texto selecionado para sublinhado 
CTRL+J Formata o parágrafo para justificado
CTRL+C Copiar o texto selecionado
CTRL+P Imprimir documento
CTRL+E Formata o parágrafo para centralizado
CTRL+Q Formata o parágrafo para alinhamento à esquerda
CTRL+B ou F12 Salvar como..
CTRL+Z Desfazer a última ação 
CTRL+Y Refazer a última ação 
CTRL+F10 Maximizar ou restaurar a janela 
CTRL+D Alterar formatação de caracteres 
ALT+F4 Sair do Word
CTRL+SHIFT+> Aumentar o tamanho da fonte do texto selecionado
CTRL+SHIFT+< Diminuir o tamanho da fonte do texto selecionado
CTRL+SHIFT+W Aplicar sublinhado somente em palavras
CTRL+ALT+L Aplicar o estilo lista

44
INFORMÁTICA

Insira os dados
MS-EXCEL 2016: ESTRUTURA BÁSICA Clique em uma célula vazia.
DAS PLANILHAS, CONCEITOS DE CÉLULAS, Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As cé-
lulas são referenciadas por sua localização na linha e na
LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS,
coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira
ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS, linha da coluna A.
USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, Inserir texto ou números na célula.
IMPRESSÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS, Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE DE guinte.
QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS,
OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS, Usar a AutoSoma para adicionar seus dados
CLASSIFICAÇÃO DE DADOS. Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
você deseja adicionar.
PLANILHA ELETÔNICA MS EXCEL 2016
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
Tarefas básicas no Excel2
em AutoSoma no grupo Edição.
O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para
tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas
ele também funciona muito bem para cálculos simples e
para rastrear de quase todos os tipos de informações. A
chave para desbloquear todo esse potencial é a grade de
células. As células podem conter números, texto ou fórmu-
las. Você insere dados nas células e as agrupa em linhas e
colunas. Isso permite que você adicione seus dados, classi-
fique-os e filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos in-
críveis. Vejamos as etapas básicas para você começar. A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na
célula selecionada.
Criar uma nova pasta de trabalho Criar uma fórmula simples
Os documentos do Excel são chamados de pastas de Somar números é uma das coisas que você poderá fa-
trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor- zer, mas o Excel também pode executar outras operações
malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar matemáticas. Experimente algumas fórmulas simples para
quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores.
criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se- Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
paradamente. Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fór-
mula.
Clique em Arquivo e em Novo. Digite uma combinação de números e operadores de
Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de
menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação
ou a barra (/) para divisão.
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Pressione Enter.
Isso executa o cálculo.
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você de-
seja que o cursor permaneça na célula ativa).

2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

45
INFORMÁTICA

Aplicar um formato de número


Para distinguir entre os diferentes tipos de números,
adicione um formato, como moeda, porcentagens ou datas.
Selecione as células que contêm números que você de-
seja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Selecione um formato de número

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabela para


visualizar seus dados e, em seguida, clique no botão Tabela.

Clique na seta   no cabeçalho da tabela de uma coluna.


Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-
lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você
deseja mostrar na tabela.

Caso você não veja o formato de número que está pro-


curando, clique em Mais Formatos de Número.

Inserir dados em uma tabela


Um modo simples de acessar grande parte dos recur-
sos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso per-
mite que você filtre ou classifique rapidamente os dados.
Selecione os dados clicando na primeira célula e arras-
tar a última célula em seus dados.
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressionada
ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção
para selecionar os dados.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.

46
INFORMÁTICA

Para classificar os dados, clique em  Classificar de A a Selecione os dados que você deseja examinar mais de-
Z ou Classificar de Z a A. talhadamente.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Explore as opções nas guias  Formatação  e  Minigráfi-
cos para ver como elas afetam os dados.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale-


ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média
e baixa.

Quando gostar da opção, clique nela.

Mostrar os dados em um gráfico


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico cor-
Clique em OK. reto para seus dados e fornece uma apresentação visual
com apenas alguns cliques.
Mostrar totais para os números Selecione as células contendo os dados que você quer
As ferramentas de Análise Rápida permitem que você mostrar em um gráfico.
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados direito da seleção.
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números. Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
Selecione as células que contêm os números que você mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
somar ou contar. dados e clique no que desejar.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão
para aplicar os totais.

OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta ga-


leria, dependendo do que for recomendado para seus dados.

Salvar seu trabalho


Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de
Adicionar significado aos seus dados Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
A formatação condicional ou minigráficos podem des-
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
ção Dinâmica para experimentar.

47
INFORMÁTICA

Se você salvou seu trabalho antes, está pronto. Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e
Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo: siga um destes procedimentos:
Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra- Para procurar dados em uma planilha ou em uma
balho e navegue até uma pasta. pasta de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Plani-
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pas- lha ou Pasta de Trabalho.
ta de trabalho. Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na cai-
Clique em Salvar. xa Pesquisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas.
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai-
Imprimir o seu trabalho xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários.
Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Impri- OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comen-
mir ou pressione Ctrl+P. tários só estão disponíveis na guia Localizar, e somen-
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági- te Fórmulas está disponível na guia Substituir.
na e Página Anterior. Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de
minúsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiús-
culas de minúsculas.
Para procurar células que contenham apenas os carac-
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa
A janela de visualização exibe as páginas em preto e de seleção Coincidir conteúdo da célula inteira.
branco ou colorida, dependendo das configurações de sua Se você deseja procurar texto ou números que tam-
impressora. bém tenham uma formatação específica, clique em  For-
Se você não gostar de como suas páginas serão im- mato e faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar
pressas, você poderá mudar as margens da página ou adi- Formato.
cionar quebras de página. DICA: Se você deseja localizar células que correspon-
Clique em Imprimir. dam a uma formato específico, exclua qualquer critério da
caixa Localizar e selecione a célula que contenha a for-
Localizar ou substituir texto e números em uma matação que você deseja localizar. Clique na seta ao lado
planilha do Excel 2016 para Windows de Formato, clique em Escolher formato da célula e, em
Localize e substitua textos e números usando curingas seguida, clique na célula que possui a formatação a ser
ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas,
pesquisada.
colunas ou pastas de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Em uma planilha, clique em qualquer célula.
Para localizar texto ou números, clique em  Localizar
Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Lo-
Tudo ou Localizar Próxima.
calizar e Selecionar.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
Siga um destes procedimentos: em Localizar ou Localizar Tudo.
Para localizar texto ou números, clique em Localizar. OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis-
Para localizar e substituir texto ou números, clique ponível, clique na guia Substituir.
em Substituir. Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
Na caixa  Localizar, digite o texto ou os números que andamento pressionando ESC.
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e, Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor-
em seguida, clique em uma pesquisa recente na lista. rências dos caracteres encontrados, clique em Substi-
Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco tuir ou Substituir tudo.
(*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa: DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formata-
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de carac- ção que você define. Se você pesquisar dados na planilha
teres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”. novamente e não conseguir encontrar caracteres que você
Use o ponto de interrogação para localizar um único sabe que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções
caractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”. de formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálo-
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de inter- go Localizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois
rogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha prece- em  Opções  para exibir as opções de formatação. Clique
dendo-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para na seta ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar
localizar dados que contenham “?”, use  ~?  como critério formato’.
de pesquisa.

48
INFORMÁTICA

Alterar a largura da coluna e a altura da linha OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma


Em uma planilha, você pode especificar uma largura rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele-
de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o nú- cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer
mero de caracteres que podem ser exibidos em uma célula limite entre dois títulos de coluna.
formatada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de
coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for
definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a
409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1
ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm).
A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente
1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
(zero), a linha ficará oculta.
Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão Fazer com que a largura da coluna corresponda à de
é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou outra coluna
milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na Selecione uma célula da coluna com a largura deseja-
categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na da.
lista Unidades da Régua). Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no gru-
po Área de Transferência, clique em Copiar.
Definir uma coluna com uma largura específica
Selecione as colunas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna. Clique com o botão direito do mouse na coluna de
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado. destino, aponte paraColar Especial e clique no botão Man-
Clique em OK. ter Largura da Coluna Original 
DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna
selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma
desejado e clique em OK. planilha ou pasta de trabalho
Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica- O valor da largura de coluna padrão indica o número
mente ao conteúdo (AutoAjuste) médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma cé-
Selecione as colunas a serem alteradas. lula. É possível especificar outro valor de largura de coluna
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
matar. Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de tra-
balho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma
guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas
as Planilhas no menu de atalhoTE000127572.

Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da


Coluna Automaticamente.

49
INFORMÁTICA

Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-


matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja
e, em seguida, clique em OK.
Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão. Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo
Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova Selecione as linhas a serem alteradas.
medida e clique em OK. Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas matar.
as novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar
um modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo
como base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
do lado direito do título da coluna até que ela fique do
tamanho desejado. Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura
da Linha.
DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápi-
da todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de
um dos títulos de linha.

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as


colunas desejadas e arraste um limite à direita do título de
coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas ve-
zes no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha,
clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qual-
quer título de coluna. Alterar a altura das linhas com o mouse
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite
abaixo do título da linha até que ela fique com a altura
desejada.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas


Definir uma linha com uma altura específica desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de
Selecione as linhas a serem alteradas. linha selecionados.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, cli-
matar. que no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de
qualquer título de linha.

50
INFORMÁTICA

Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego-


ria, clique em Moedaou Contábil.

Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con-


teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha.

Formatar números como moeda no Excel 2016


Para exibir números como valores monetários, forma-
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar.
As opções de formatação de número estão disponíveis na
guia Página Inicial, no grupo Número.
Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda desejado.
OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário
sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
cimais desejadas para o número.
Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo-
car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas deci-
mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú-
Formatar números como moeda mero na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das
Você pode exibir um número com o símbolo de moe- casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
da padrão selecionando a célula ou o intervalo de célu-
bição que você deseja usar para números negativos.
las e clicando em  Formato de Número de Contabilização  Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
  no grupo  Número  da guia  Página Inicial. (Se desejar número.
aplicar o formato Moeda, selecione as células e pressione OBSERVAÇÃO:  A caixa  Números negativos  não está
Ctrl+Shift+$.) disponível para o formato de número Contábil. O motivo
disso é que constitui prática contábil padrão mostrar nú-
Alterar outros aspectos de formatação meros negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique
Selecione as células que você deseja formatar.
em OK.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você
Diálogo ao lado deNúmero. aplicar formatação de moeda em seus dados, isso signifi-
cará que talvez a célula não seja suficientemente larga para
exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique
duas vezes no limite direito da coluna que contém as cé-
lulas com o erro #####. Esse procedimento redimensiona
automaticamente a coluna para se ajustar ao número. Você
também pode arrastar o limite direito até que as colunas
fiquem com o tamanho desejado.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir


a caixa de diálogoFormatar Células.

51
INFORMÁTICA

Remover formatação de moeda DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula,
Selecione as células que têm formatação de moeda. você pode selecionar as células que contêm os valores que
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na cai- deseja usar e inserir os operadores entre as células da seleção.
xa de listagem Geral. Pressione Enter.
As células formatadas com o formato Geral não têm Para adicionar valores rapidamente, você pode usar
um formato de número específico. a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente
(guia Página Inicial, grupo Edição ).
Operadores e Funções Para avançar mais uma etapa, você pode usar as refe-
rências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma
A função é um método utilizado para tornar mais fácil fórmula simples.
e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos Exemplos
mais complexos e vários valores. Existem funções para os Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exem- le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
plo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+ fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2
A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a fun- e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as largu-
ção o processo passa a ser mais fácil. Ainda conforme o ras das colunas para ver todos os dados.
exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar
um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos cálculos a Dados
referência de células (A1) e não somente valores. 2
A quantidade de argumentos empregados em uma
5
função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re- Fórmula Descrição Resultado
ferências, etc... ‘=A2+A3
Adiciona os valores nas
=A2+A3
células A1 e A2
Operadores Subtrai o valor na célula
‘=A2-A3 =A2-A3
A2 do valor em A1
Operadores são símbolos matemáticos que permitem Divide o valor na célula
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado- ‘=A2/A3 =A2/A3
A1 pelo valor em A2
res são: Multiplica o valor na cé-
‘=A2*A3 =A2*A3
lula A1 pelo valor em A2
Eleva o valor na célula A1
‘=A2^A3 ao valor exponencial es- =A2^A3
pecificado em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
Eleva 5 à segunda potên-
‘=5^2 =5^2
cia
Criar uma fórmula simples
Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, Usar referências de célula em uma fórmula
subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fór- Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa
mulas simples sempre começam com um sinal de igual (=), uma função, você pode fazer referência aos dados das cé-
seguido de constantes que são valores numéricos e ope- lulas de uma planilha incluindo referências de célula nos
radores de cálculo como os sinais de mais (+), menos (-), argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere
asterisco (*) ou barra (/). ou seleciona a referência de célula A2, a fórmula usa o valor
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o dessa célula para calcular o resultado. Você também pode
Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o fazer referência a um intervalo de células.
primeiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
das operações matemáticas, a multiplicação e executada
antes da adição. Na barra de fórmulas  , digite = (sinal de igual).
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor
a fórmula. desejado ou digite sua referência de célula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos Você pode fazer referência a uma única célula, a um
operadores que você deseja usar no cálculo. intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um
Você pode inserir quantas constantes e operadores fo- local em outra pasta de trabalho.
rem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.

52
INFORMÁTICA

Ao selecionar um intervalo de células, você pode arras- Criar uma fórmula usando uma função
tar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou Você pode criar uma fórmula para calcular valores
arrastar o canto da borda para expandir a seleção. na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmu-
las =SOMA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função
SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As
fórmulas sempre começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir
Função  .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.
1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o
intervalo de células tem uma borda azul com cantos qua-
drados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde
e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos
quadrados.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em
uma borda codificada por cor, significa que a referência
está relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA :  Você também pode inserir uma referência a um
intervalo ou célula nomeada.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole
-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fór-
mulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e
pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras
das colunas para ver todos os dados. Use o comando De-
finir Nome (guia  Formulas, grupo  Nomes Definidos) para
definir “Ativos” (B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).
Se você estiver familiarizado com as categorias de fun-
Departamento Ativos Passivos ção, também poderá selecionar uma categoria.
TI 274000 71000 Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá
Administrador 67000 18000 digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na
RH 44000 3000 caixa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar nú-
meros” retorna a função SOMA).
Fórmula Descrição Resultado
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que
Retorna o to- deseja utilizar e clique em OK.
tal de ativos Nas caixas de argumento que forem exibidas para a
dos três de- função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracte-
partamentos res de texto ou referências de célula desejadas.
no nome defi- Em vez de digitar as referências de célula, você tam-
‘=SOMA(Ativos) nido “Ativos”, =SOMA(Ativos) bém pode selecionar as células que deseja referenciar. Cli-
que é defi- que em   para expandir novamente a caixa de diálogo.
nido como o Depois de concluir os argumentos para a fórmula, cli-
intervalo de que em OK.
células B2:B4. DICA :  Se você usar funções frequentemente, poderá
(385000) inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de di-
Subtrai a gitar o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter
soma do informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos
nome defini- da função pressionando F1.
‘=SOMA(Ativos)- do “Passivos” =SOMA(Ativos) Exemplos
-SOMA(Passivos) da soma do -SOMA(Passivos) Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em
nome defini- branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fór-
do “Ativos”. mulas que usam funções.
(293000)

53
INFORMÁTICA

Dados Barra de Status


Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre
5 4
tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula
2 6 ou várias células. Se você com o botão direito na barra de
3 8 Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out
7 1 exibindo todas as opções que você pode selecionar. Obser-
Fórmula Descrição Resultado ve que ele também exibe valores para o intervalo selecio-
Adiciona todos nado se você tiver esses atributos marcados. 
‘=SOMA(A:A) os números na =SOMA(A:A)
coluna A Usando o Assistente de AutoSoma
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma
Calcula a mé-
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione
dia de todos
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4) uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo
os números no
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula
intervalo A1:B4
na faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assis-
tente de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo
Função Soma
para ser somados e criar a fórmula para você. Ele também
A função soma , uma das funções matemáticas e trigo-
pode trabalhar horizontalmente se você selecionar uma
nométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valo-
célula para a esquerda ou à direita do intervalo a serem
res individuais, referências de células ou intervalos ou uma
somados.
mistura de todos os três.
Este vídeo faz parte de um curso de treinamento cha-
mado Adicionar números no Excel 2013.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SUM(A2:A10)
= SUM(A2:A10, C2:C10)

Nome do
Descrição
argumento
O primeiro número que você
deseja somar. O número pode
número1   
ser como “4”, uma referência de
(Obrigatório)
célula, como B6, ou um intervalo
de células, como B2:B8.
Este é o segundo número que
número2-255    você deseja adicionar. Você pode
(Opcional) especificar até 255 números des-
sa forma.

Soma rápida com a barra de Status


Se você quiser obter rapidamente a soma de um inter- Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os
valo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o intervalos contíguos de soma
intervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel. A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que
você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções

54
INFORMÁTICA

Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente AutoSoma horizontalmente


Exemplo 4 – somar células não-contíguas

AutoSoma verticalmente Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma detectou automaticamente O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
células B2: B5 como o intervalo a serem somados. Tudo o para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
que você precisa fazer é pressione Enter para confirmá-la. colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
Se você precisar adicionar/excluir mais células, você pode primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele-
manter a tecla Shift > tecla de direção da sua escolha até ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um
que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4,
quando terminar. o Excel seria gerar =SUM(C2:C6) desde que ele reconheça
Guia de função Intellisense: a soma (Número1, [núm2]) um intervalo contíguo.
flutuantes marca abaixo a função é o guia de Intellisense. Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
Se você clicar no nome de função ou soma, ele se trans- não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
formará em um hiperlink azul, que o levará para o tópico (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
de ajuda para essa função. Se você clicar nos elementos tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
de função individual, as peças representantes na fórmula você. Pressione enter quando terminar.
serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria realçadas Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
como há apenas uma referência numérica nesta fórmula. mente a função soma para uma célula. Tudo o que você
A marca de Intellisense será exibido para qualquer função. precisa fazer é selecionar o intervalo (s).
Observação: você pode perceber como o Excel tem
Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles
correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3
é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as
funções, a menos que o intervalo referenciado esteja em
uma planilha diferente ou em outra pasta de trabalho. Para
acessibilidade aprimorada com tecnologia assistencial,
você pode usar intervalos nomeados, como “Semana1”,
“Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referência a eles, sua
fórmula:
=SUM(Week1,Week2)

Práticas Recomendadas
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas
para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23

55
INFORMÁTICA

Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor- SOMA ignora valores de texto
retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células #REF! Erro de excluir linhas ou colunas
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você
pode formatar os valores quando eles estão nas células,
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem em
uma fórmula.

Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não serão


atualizados para excluir a linha excluída e retornará um #REF!
erro, onde uma função soma atualizará automaticamente.

#VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-


meros. Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou
Se você usar um fórmula como: colunas
= A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3

= Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar


linhas ou colunas
Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será
Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma função
não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor- soma atualizará automaticamente (contanto que você não
narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e estiver fora do intervalo referenciado na fórmula). Isso é es-
lhe dar a soma dos valores numéricos. pecialmente importante se você esperar sua fórmula para
atualizar e não, como ele deixará incompletos resultados
que você não pode capturar.

SOMA com referências de célula individuais versus in-


tervalos

56
INFORMÁTICA

Usando uma fórmula como: Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou
=SUM(A1,A2,A3,B1,B2,B3) soma 3 dimensionais:
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:

=SUM(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já somados.

= SUM(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
nilha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro) e
você precisa total-las em uma planilha de resumo.

= SUM(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.

= SUM(A2:A14) *-25% Observação: se suas planilhas tem espaços em seus


Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor fórmula:
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez = SUM(‘January Sales:December Sales’! A2)
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte- SOMA com outras funções
rados, assim: Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
= SUM(A2:A14) * E2 ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs- mensal:
titua a “*” com “/”: = SUM(A2:A14)/E2
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
soma usando + ou - assim:
= SUM(A1:A10) + E2
= SUM(A1:A10)-E2

SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célula
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla- =SUM(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa, células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
muito mais assim que apenas tentando construir uma fór- branco).
mula que faz referência apenas uma única folha.
i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1

57
INFORMÁTICA

Função SE Introdução
A função SE é uma das funções mais populares do Ex- A melhor maneira de começar a escrever uma instrução
cel e permite que você faça comparações lógicas entre um SE é pensar sobre o que você está tentando realizar. Que com-
valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais simples, paração você está tentando fazer? Muitas vezes, escrever uma
a função SE diz: instrução SE pode ser tão simples quanto pensar na lógica em
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário, sua cabeça: “o que aconteceria se essa condição fosse aten-
faça outra coisa) dida vs. o que aconteceria se não fosse?” Você sempre deve
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados. se certificar de que suas etapas sigam uma progressão lógi-
O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o ca; caso contrário, sua fórmula não executará aquilo que você
segundo se a comparação for Falsa. acha que ela deveria executar. Isso é especialmente importan-
te quando você cria instruções SE complexas (aninhadas).
Exemplos de SE simples
Mais exemplos de SE

=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orçamen-


to”)
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizendo SE(C2
=SE(C2=”Sim”;1,2)
é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”, caso contrário,
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
retorne “Dentro do orçamento”)
mula retorna um 1 ou um 2)

= SE(C2>B2,C2-B2,0)
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado de
=SE(C2=1;”Sim”;”Não”) texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula em E2
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor orçado, subtraia
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não) o Valor orçado do Valor real, caso contrário, não retorne nada).
Como você pode ver, a função SE pode ser usada
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada
para  avaliar erros. Você não está limitado a verificar ape-
nas se um valor é igual a outro e retornar um único resul-
tado; você também pode usar operadores matemáticos e
executar cálculos adicionais dependendo de seus critérios.
Também é possível aninhar várias funções SE juntas para
realizar várias comparações.

OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será


preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”).
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel
reconhece automaticamente.

58
INFORMÁTICA

=SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0) =SE(D3=””;””;SuaFórmula())
Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 = SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua
“Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário, fórmula).
nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0) Exemplo de SE aninhada
Práticas Recomendadas - Constantes
No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de Im-
posto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na fór-
mula. Geralmente, não é recomendável colocar constantes
literais (valores que talvez precisem ser alterados ocasional-
mente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem ser difí-
ceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor colocar
constantes em suas próprias células, onde elas ficam fora das
constantes abertas e podem ser facilmente encontradas e al-
teradas. Nesse caso, tudo bem, pois há apenas uma função
SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas raramente será alterada.
Mesmo se isso acontecer, será fácil alterá-la na fórmula. Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois
Usar SE para verificar se uma célula está em branco resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas SE
Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran- podem ter de 3 a 64 resultados.
co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula =SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”))
exiba um resultado sem entrada. Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”).

CONT.SE
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para contar o
número de células que atendem a um critério; por exemplo,
para contar o número de vezes que uma cidade específica
aparece em uma lista de clientes.

Sintaxe
CONT.SE(intervalo, critério)
Por exemplo:
Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA: =CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”) =CONT.SE(A2:A5,A4)
Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”, caso
contrário, retorne “Não está em branco”). Você também pode- Nome do argumento Descrição
ria facilmente usar sua própria fórmula para a condição “Não O grupo de células que
está em branco”. No próximo exemplo usamos “” em vez de você deseja contar. Inter-
ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa “nada”. valo  pode conter números,
intervalo    matrizes, um intervalo no-
(obrigatório) meado ou referências que
contenham números. Valo-
res em branco e texto são
ignorados.
Um número, expressão, re-
ferência de célula ou cadeia
de texto que determina
quais células serão conta-
das.
Por exemplo, você pode
usar um número como 32,
critérios    (obrigatório)
uma comparação, como “>
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) 32”, uma célula como B4 ou
Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, caso uma palavra como “maçãs”.
contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um exemplo CONT.SE usa apenas um
de um método muito comum de usar “” para impedir que único critério. Use  CONT.
uma fórmula calcule se uma célula dependente está em SES se você quiser usar vá-
branco: rios critérios.

59
INFORMÁTICA

Função SOMASE Porém, quando os argumentos  intervalo  e  intervalo_


Você pode usar a função SOMASE para somar os valores soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de
em uma intervalo que atendem aos critérios que você especi- células, o recálculo da planilha pode levar mais tempo do
ficar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que contém que o esperado.
números, você quer somar apenas os valores que são maio-
res do que 5. Você pode usar a seguinte fórmula: = SOMASE MÁXIMO (Função MÁXIMO)
(B2:B25,”> 5”). Descrição
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
Sintaxe Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma]) MÁXIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argumentos: A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argu-
intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser avalia- mentos:
da por critérios. Células em cada intervalo devem ser números Núm1, núm2,...     Núm1 é obrigatório, números sub-
ou nomes, matrizes ou referências que contenham números. sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
Valores em branco e texto são ignorados. O intervalo selecio- máximo você deseja saber.
nado pode conter datas no formato padrão do Excel (exem- Comentários
plos abaixo). Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um ou referências que contenham números.
número, expressão, referência de célula, texto ou função Os valores lógicos e representações em forma de texto
que define quais células serão adicionadas. Por exemplo, de números digitados diretamente na lista de argumentos
os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”, são contados. Se um argumento for uma matriz ou refe-
“maçãs” ou HOJE(). rência, apenas os números nesta matriz ou referência serão
IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer usados. Células vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou
critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO
estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéri-
retornará 0.
cos, as aspas duplas não serão necessárias.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que
intervalo_soma   Opcional. As células reais a serem adi-
não podem ser traduzidos em números causam erros.
cionadas, se você quiser adicionar células diferentes das
Se você deseja incluir valores lógicos e representações
especificadas no argumento intervalo. Se o argumento in-
de texto dos números em uma referência como parte do
tervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células es-
cálculo, utilize a função MÁXIMOA.
pecificadas no argumento intervalo (as mesmas células às
Exemplo
quais os critérios são aplicados). Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de in- na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fór-
terrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento crité- mulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e
rios. O ponto de interrogação corresponde a qualquer ca- pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras
ractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequên- das colunas para ver todos os dados.
cia de caracteres. Para localizar um ponto de interrogação
ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.
Comentários Dados
A função SOMASE retorna valores incorretos quando 10
você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com 7
mais de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VA- 9
LOR!. 27
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo 2
tamanho e forma que o argumento intervalo. As células
Fórmula Descrição Resultado
reais adicionadas são determinadas pelo uso da célula na
extremidade superior esquerda do argumentointervalo_ Maior valor no
=MÁXIMO(A2:A6) 27
soma como a célula inicial e, em seguida, pela inclusão das intervalo A2:A6.
células correspondentes em termos de tamanho e forma Maior valor no
=MÁXIMO(A2:A6;
no argumento intervalo. Por exemplo: intervalo A2:A6 e 30
30)
o valor 30.
Se o intervalo e intervalo_ Então, as células MÍNIMO (Função MÍNIMO)
for soma for reais serão Descrição
A1:A5 B1:B5 B1:B5 Retorna o menor número na lista de argumentos.
A1:A5 B1:B3 B1:B5 Sintaxe
A1:B4 C1:D4 C1:D4 MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A1:B4 C1:C2 C1:D4 A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argu-
mentos:

60
INFORMÁTICA

Núm1, núm2,...     Núm1 é obrigatório, números sub-


sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
MÍNIMO você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto
de números digitados diretamente na lista de argumentos
são contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
nas os números daquela matriz ou referência poderão ser
usados. Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na
matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO Selecione duas ou mais células adjacentes que você
retornará 0. deseja mesclar.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
não podem ser traduzidos em números causam erros. agrupar na célula mesclada estão contidos na célula su-
Se você deseja incluir valores lógicos e representações perior esquerda. Os dados nas outras células mescladas
de texto dos números em uma referência como parte do serão excluídos. Para preservar os dados das outras célu-
cálculo, utilize a função MÍNIMOA. las, copie-os em outra parte da planilha antes de fazer a
Exemplo mesclagem.
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os Clique em Início > Mesclar e Centralizar.
na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fór-
mulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e
pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras
das colunas para ver todos os dados.

Dados
10
7
9 Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, ve-
27 rifique se você não está editando uma célula e se as células
2 que você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
Fórmula Descrição Resultado DICA :  Para mesclar células sem centralizar, clique na
seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
O menor dos
Através ou Mesclar Células.
=MÍNIMO(A2:A6) números no 2
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que
intervalo A2:A6.
foram mescladas.
O menor dos
=MIN(A2:A6;0) números no 0 Criar um gráfico no Excel 2016 para Windows
intervalo A2:A6 e 0. Use o comando Gráficos Recomendados na guia Inse-
rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados.
Média Selecione os dados que você deseja incluir no seu grá-
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. fico.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de ida- Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.
de na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte função
=MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no in-
tervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.

Mesclar células
A mesclagem combina duas ou mais células para criar
uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de
criar um rótulo que se estende por várias colunas. Por
exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas para
criar o rótulo “Vendas Mensais” e descrever as informações Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-
nas linhas de 2 a 7. pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
seus dados aparecem naquele formato.

61
INFORMÁTICA

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel 2016 para ana-


lisar dados da planilha
A capacidade de analisar todos os dados da planilha
pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, espe-
cialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar,
recomendando e, em seguida, criando automaticamente
Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para re-
sumir, analisar, explorar e apresentar dados. Por exemplo,
veja uma lista simples de despesas:

DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,


clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
gráfico disponíveis.
Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, cli-
que nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
gráfico para adicionar elementos de gráfico como  títulos
de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência
do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.

Aqui estão os mesmos dados resumidos em uma Ta-


bela Dinâmica:

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâ-
micas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica
Recomendada é uma boa opção. Quando você usa este
DICAS :  recurso, o Excel determina um layout significativo, combi-
Use as opções nas guias Design e Formatar para perso- nando os dados com as áreas mais adequadas da Tabela
nalizar a aparência do gráfico. Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos
adicionais. Depois que uma Tabela Dinâmica básica é cria-
da, você pode explorar orientações diferentes e reorgani-
zar os campos para obter os resultados desejados.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
bela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
de gráfico  à faixa de opções clicando em qualquer lugar Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomen-
no gráfico. dada.

62
INFORMÁTICA

O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova planilha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.
Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto

Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por pa-


drão, campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data
Adicionar um campo
e hora são adicionadas à área Coluna e os campos numéricos são adicionados
à área Valores.

Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.


Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra,
Mover um campo
por exemplo, de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Se você sabe como organizar seus dados, pode criar uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo de
células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela
Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para especificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.

63
INFORMÁTICA

Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão, campos
Adicionar um campo não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e hora são adicionadas à
área Colunae os campos numéricos são adicionados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra, por exemplo,
Mover um campo
de Colunas para Linhas.
Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e, na caixa Defi-
nições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado


em um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâ-


Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.
mica

Proteger com senha uma pasta de trabalho


O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você pode
também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com a
senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros para
ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO:  Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha em
branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.

64
INFORMÁTICA

Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para OBSERVAÇÃO :  Para remover uma senha, siga as etapas
abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo. acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha
em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de se-
nha usado no Excel. Por que minha senha desaparece quan-
do salvo no formato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usando
o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida na
pasta de trabalho desapareceu. Isso acontece porque a sua
versão do Excel usa um novo esquema para salvar senhas,
e o formato de arquivo anterior não o reconhece. Como
resultado, a senha é descartada ao salvar seu arquivo para
o formato do Excel 97-2003. Defina a senha no arquivo *.xls
para proteger a pasta de trabalho novamente.
Consulte as anotações abaixo para mais informações.
Proteger uma planilha com ou sem uma senha no
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça Excel 2016
isto: Para ajudar a proteger seus dados de alterações não in-
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho. tencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou sem
Clique em Estrutura. senha. Ela impede que outras pessoas removam a proteção
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre da planilha: a senha deve ser inserida para desproteger a
essa opção e a opçãoWindows. planilha. Por padrão, quando você protege uma planilha, o
Digite uma senha na caixa Senha. excel bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de pro-
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. teger a planilha, desbloqueie quaisquer células que desejar
OBSERVAÇÕES :  alterar antes de seguir essas etapas.
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
a senha uma vez. conteúdo de células bloqueadas está marcada.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia so- proteger a planilha.  Outros usuários podem remover a pro-
mente leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar teção se você não usar uma senha.
seus dados. IMPORTANTE :  Anote sua senha e armazene-a em lo-
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você a
de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou recuperar senhas perdidas. Se você digitou uma senha na
ocultar planilhas e renomear planilhas. etapa 3, redigite-a para confirmá-la.
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabili-
tada nessa versão do Excel.
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta
de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Tra-
balho acende.

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir uma
senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de
Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK. Marque ou desmarque as caixas de seleção em Permi-
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e tir que todos os usuários desta planilha possam e clique
clique em OK. em OK.

65
INFORMÁTICA

OBSERVAÇÕES :  Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais Co-


Para remover a proteção da planilha, clique em Re- res, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione a
visão, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se cor desejada.
necessário. Se uma macro não pode executar na planilha DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemen-
protegida, você verá uma mensagem e a macro será inter- te, clique em Cor de Preenchimento  . Você também
rompida encontrará até 10 cores personalizadas selecionadas mais
recentemente em Cores recentes.
Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
células Quando você deseja algo mais do que apenas um
É possível realçar dados em células utilizando Cor de preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um pa-
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de drão ou efeitos de preenchimento.
fundo ou padrão das células. Veja como: Selecione a célula ou intervalo de células que deseja
Selecione as células que deseja realçar. formatar.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para a Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso irá ocul- go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.
tar as linhas de grade, mas é possível melhorar a legibilidade
da planilha exibindo bordas ao redor de todas as células.

Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a


cor desejada.
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de
Preenchimento  .

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada.

Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma


cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um
padrão na caixa Estilo do Padrão.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
opções desejadas.

DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano


de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecio-
nados.

66
INFORMÁTICA

Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha
preenchimento contiver dados, este comando seleciona a região atual.
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou Pressionar CTRL+A novamente seleciona a região atual e
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná-las. suas linhas de resumo. Pressionar CTRL+A novamente se-
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchi- leciona a planilha inteira.
mento, e então selecione Sem Preenchimento. CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do
argumento quando o ponto de inserção está à direita de
um nome de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área
de Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para co-
piar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um
intervalo selecionado nas células abaixo.
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen- CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
chimento em cores tuir com a guia Localizar selecionada.
Se as opções de impressão estiverem definidas SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIF-
como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja T+F4 repete a última ação de Localizar.
propositalmente ou porque a pasta de trabalho contém CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar
planilhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram Células com a guia Fonte selecionada.
na ativação automática do modo de rascunho — não será CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 tam-
possível imprimir as células em cores. Veja aqui como re- bém exibe essa caixa de diálogo.)
solver isso: CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- tuir com a guia Substituir selecionada.
logo Configurar Página. CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+K  —  Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink
para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink
para os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou
localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que con-
têm comentários.
Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
seleção Preto e branco e Qualidade de rascunho. CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua Células com a guia Fonte selecionada.
planilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contraste. CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para
Se não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir, tal- copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda
vez nenhuma impressora colorida esteja selecionada. de um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de ar-
Principais atalhos quivo, local e formato atual.
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
para excluir as células selecionadas. CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+; — Insere a data atual. CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redu-
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célu- ção da barra de fórmulas.
la e a exibição de fórmulas na planilha. CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Dispo-
da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas. nível somente depois de ter recortado ou copiado um ob-
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células. jeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito. CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial,
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico. disponível somente depois que você recortar ou copiar um
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado. objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado. em outro programa.
CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho sele-
e exibir espaços reservados para objetos. cionada.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
de tópicos. CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas. CTRL+Z  — Usa o comando Desfazer para reverter o
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas. último comando ou excluir a última entrada digitada.

67
INFORMÁTICA

CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Mar-
cas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para
valores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é dife-
rente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula
=SOMA(A1;A2).
de soma você preci-
Dica: Sempre separe a
sa, apenas, selecionar
indicação das células
as células que estarão
com ponto e vírgula (;).
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) envolvidas na adição,
Dessa forma, mesmo as
incluindo a sequência
que estiverem em loca-
no campo superior do
lizações distantes serão
programa junto com o
consideradas na adição
símbolo de igual (=)
Segue a mesma lógica
da adição, mas des-
sa vez você usa o sinal
correspondente a conta
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
que será feita (-) no lu-
gar do ponto e vírgula
(;), e retira a palavra
“soma” da função
Use o asterisco (*) para
Multiplicação = (célulaX*célulaY) indicar o símbolo de = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a
barra de divisão (/) en-
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
tre as células e sem pa-
lavra antes da função

68
INFORMÁTICA

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e
mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra “me-
dia” antes das células indica-
das, que são sempre separadas
Média =MEDIA(célula X:célulaY) =MEDIA(A1:A10)
por dois pontos (:) e represen-
tam o grupo total que você
precisa calcular
Segue a mesma lógica, mas
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
usa a palavra “max”
Dessa vez, use a expressão
Mínima =MIN(célula X:célulaY) =MIN(A1:A10)
“min”

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


Função Se =se(célulaX<=0 ; “O que =se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)
precisa saber 1” ; “o que Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1 é menor ou
precisa saber 2”) igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser enviado” na célula que
contem a fórmula. Caso o conteúdo seja maior que zero, a mensagem
que aparecerá é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO


ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE
MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS.

CORREIO ELETRÔNICO
O correio eletrônico3 se parece muito com o correio tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa postal, o
carteiro é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do resto. Mas por que o e-mail se
popularizou tão depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma comunicação via e-mail, apenas os custos
de conexão com a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tradicional levaria dias para entregar uma mensagem, o
eletrônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, não precisa
passa de mão-em-mão (funcionário do correio, carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono tem acesso e, apesar
de cada pessoa ter seu endereço próprio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computador conectado à Internet. Bem, o
e-mail mesclou a facilidade de uso do correio convencional com a velocidade do telefone, se tornando um dos melhores e mais
utilizado meio de comunicação.

Estrutura e Funcionalidade do e-mail


Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do
usuário + @ + host, onde:
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o nome do usuário do seu provedor.
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço 24 horas por dia.
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br
3 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronicoewebmail001.asp

69
INFORMÁTICA

A caixa postal é composta pelos seguintes itens: WebMail


» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensa- O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação aces-
gens recebidas. sada diretamente na Internet, sem a necessidade de usar pro-
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- grama de correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails
viadas. possuem aplicações para acesso direto na Internet. É grande o
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails número de provedores que oferecem correio eletrônico gra-
que foram enviados. tuitamente, logo abaixo segue uma lista dos mais populares.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
terminou de redigir. » GMail – http://www.gmail.com
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» iG Mail – http://www.ig.com.br
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presentes: » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do des-
tinatário. Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e se-
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mes- guir as instruções do site. Outro importante fator a ser ob-
ma mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão servado é o tamanho máximo permitido por anexo, este foi
para todos os destinatários. outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco tem-
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no po a maioria dos provedores permitiam em torno de 2 Mb,
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos. mas atualmente a maioria já oferecem em média 25 Mb. Além
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem (ima- agenda e contatos.
gens, programas, música, arquivos de texto, etc.). Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a men- de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por
sagem. exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface com o
menor propaganda possível.
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, po-
rém representando as mesmas funções. Além dos destes cam-
» Criando seu e-mail
pos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EXCLUIR
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamen-
as mensagens, este botões bem como suas funcionalidades ve-
te simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
remos em detalhes, mais à frente.
WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
Para receber seus e-mails você não precisa estar conectado
à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
não estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebi- endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
dos e armazenados na sua caixa postal, localizada no seu prove- você conheça. O processo de cadastro é muito simples, bas-
dor. Quando você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail ta preencher um formulário e depois você terá sua conta de
on-line (diretamente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
para seu computador através de programas de correio eletrôni- 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br)
co. Um programa muito conhecido é o Outlook Express, o qual ou qualquer outro de sua preferência.
detalhar mais à frente. A sua caixa postal é identificada pelo seu 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
endereço de e-mail e qualquer pessoa que souber esse ende- aberto um formulário, preencha-o observando todos os cam-
reço, pode enviar mensagens para você. Também é possível en- pos. Os campos do formulário têm suas particularidades de
viar mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto provedor para provedor, no entanto todos trazem a mesma
basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. ideia, colher informações do usuário. Este será a primeira par-
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria te do seu e-mail e é igual a este em qualquer cadastro, no
das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através exemplo temos “@outlook.com”. A junção do nome de usuá-
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O rio com o nome do provedor é que será seu endereço eletrô-
WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail, nico. No exemplo ficaria o seguinte: seunome@outlook.com.
pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
acessar sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
um amigo, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta que- Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum
rer e acessar a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra que muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros
por usuários. Os provedores, também, disputam quem oferece usuários, neste caso será exibida uma mensagem lhe infor-
maior espaço em suas caixas postais. Há pouco tempo encon- mando do problema. Isso acontece porque dentro de um
trar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro mesmo provedor não pode ter dois nomes de usuários iguais.
que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei A solução é procurar outro nome que ainda esteja livre, alguns
que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não provedores mostram sugestões como: seunome2005; seuno-
parou por ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio me28, etc. Se ocorrer isso com você (o que é bem provável
de que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última cam- que acontecerá) escolha uma das sugestões ou informe outro
panha do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa nome (não desista, você vai conseguir), finalize seu cadastro
postal constantemente, a última vez que acessei estava em que seu e-mail vai está pronto para ser usado.
2663 Mb.

70
INFORMÁTICA

» Entendendo a Interface do WebMail localizadas do lado esquerdo de cada mensagem, é através


A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que nos delas que as mensagens são selecionadas. A seleção de todos
liga do mundo externo aos comandos do programa. Estes co- os itens ao mesmo tempo, também pode ser feito pela caixa
nhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail que você de seleção do lado esquerdo do título da coluna “Remetente”.
tiver e também para o Outlook, que é um programa de geren- O título das colunas, além de nomeá-las, também serve para
ciamento de e-mails, vamos ver este programa mais adiante. classificar as mensagens que por padrão estão classificadas
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua cai- através da coluna “Data”, para usar outra coluna na classifica-
xa de entrar, verificando se há novas mensagens no servidor. ção basta clicar sobre nome dela.
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são um
vai redigir, responder e encaminhar mensagens. Semelhante à modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas men-
função novo e-mail do Outlook. sagens por temas. Quando seu e-mail é criado não existem
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus en- pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário de acordo
dereços de e-mail são previamente guardados para utilização com suas necessidades.
futura, nesta seção também é possível criar grupos para facilitar 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
o gerenciamento dos seus contatos. seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio nome você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O pró-
já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem ser feitas ximo link, como o nome já diz, abre a janela de configuração
diversas configurações, tais como: mudar senha, definir número dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para baixar um
de e-mail por página, assinatura, resposta automática, etc. plug-in que lhe permite fazer uma configuração automática
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção do Outlook Express. Estes dois primeiros links são os mesmos
com vários tópicos de ajuda. apresentados no item 10.
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através dele
que você vai fechar sua caixa postal, muito recomendado quan- Outlook Express
do o uso de seu e-mail ocorrer em computadores de terceiros.
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu en-
O Outlook Express é um programa, dentre vários, para
dereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; parte uti-
a troca de mensagens entre pessoas que tenham acesso à
lizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
Internet.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você está,
Por meio dele você poderá mandar e receber mensagens
no exemplo a Caixa de Entrada.
(incluindo os e-mails com imagens, música e diversos efeitos)
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de mensagens
que estão na tela e também o total da seção selecionada. e também ingressar em grupos de notícias para trocar ideias
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão to- e informações.
dos os comandos relacionados com as mensagens exibidas. Para adicionar uma conta de e-mail, isto é, para criar sua
Para usar estes comandos, selecione uma ou mais mensagens caixa de correio eletrônico no Outlook Express, você precisa
o comando desejado e clique no botão “OK”. O botão “Blo- do nome da conta, da senha e dos nomes dos servidores de
quear”, bloqueia o endereço de e-mail da mensagem, útil para e-mail de entrada (geralmente POP3 - Post Office Protocol
bloquear e-mails indesejados. Já o botão “Contas externas” abre versão 3 - que é o servidor onde ficam armazenadas as men-
uma seção para configurar outras contas de e-mails que envia- sagens enviadas a você, até que você as receba) e de saída
rão as mensagens a sua caixa postal. Para o correto funciona- (geralmente SMTP - Simple Mail Transfer Protocol - que é o
mento desta opção é preciso que a conta a ser acessada tenha servidor que armazena as mensagens e as envia, após você
serviço POP3 e SMTP. escrevê-las.).
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista de Estas informações são fornecidas pelo seu provedor de
página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails na se- serviços de Internet ou do administrador da rede local.
ção. Para acessar selecione a página desejada e clique no botão Para adicionar um grupo de notícias, você precisa do
“OK”. Veja que todos os comandos estão disponíveis também nome do servidor de notícias ao qual deseja se conectar e, se
na parte inferior, isto para facilitar o uso de sua caixa postal. necessário, do nome de sua conta e senha.
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um cor-
reio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; Rascu- Abrir o Outlook
nho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do nome, quan- Para abrir o Outlook Express, clique no ícone
do está normal significa que todas as mensagens foram abertas, que está em sua Área de Trabalho, ou na Barra de Tarefas.
porém quando estão em negrito, acusam que há uma ou mais
mensagens que não foram lidas, o número entre parêntese in- Você pode também clicar em Iniciar/Programas/Outlook
dica a quantidade. Este detalhe funciona para todas as pastas e Express.
mensagens do correio. O programa será aberto e você pode começar a ler, redi-
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir as gir e responder seus e-mails.
mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exibido o
conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe também Barra de Ferramentas
as mensagens das diversas pastas existentes na sua caixa pos- A Barra de ferramentas do Outlook Express (mostrados
tal. A observação feita no item anterior, sobre negrito, tam- nas imagens da versão 6.0) apresenta basicamente os itens
bém é válida para esta seção. Observe as caixas de seleção numerados na figura abaixo:

71
INFORMÁTICA

Se você quiser localizar uma mensagem em uma pasta


ou uma pessoa que faça parte de seu catálogo de endere-
ços, pode clicar na setinha que está ao lado da pasta e alguns
itens específicos aparecem, como você pode ver na imagem
abaixo:

1. Criar email: aqui você clica quando quer redigir um


e-mail e uma nova mensagem se abre.
2. Responder: quando você recebe uma mensagem e
quer mandar uma resposta, basta clicar aqui e escrever sua
resposta.
3. Responder a todos: quando você recebe um e-mail que Basta indicar o que você quer localizar e uma nova janela
foi endereçado a você e a outras pessoas (você pode saber se se abre e você preenche com os dados que interessam para
isto ocorreu olhando para o campo Cc que aparece em seu sua busca.
painel de visualização) e quer mandar uma resposta para to-
dos que também receberam esta mensagem, basta clicar em Obs.: Se você passar o mouse sobre cada um dos botões
“responder a todos”. da barra de ferramentas, poderá ver uma caixa de diálogo que
4. Encaminhar: quando você recebe um e-mail e quer descreve a função do botão, conforme imagem abaixo:
mandá-lo para outra (s) pessoa(s), basta clicar em “encami-
nhar” e essa mensagem será enviada para o(s) destinatário(s)
que você endereçar.
5. Imprimir: quando você quiser imprimir um e-mail, bas-
ta clicar nesse botão indicado que uma nova janela se abre e
nela você define o que deseja que seja impresso.
6. Excluir: quando você quiser excluir uma mensagem,
basta clicar na mensagem (em sua lista de mensagens) e usar
o botão excluir da barra de ferramentas. Sua mensagem irá
para a Pasta Itens excluídos.
7. Enviar e receber: clicando nesse botão, as mensagens
que estão em sua Caixa de Saída serão enviadas e as mensa- Ícones de listas de mensagens do Outlook Express
gens que estão em seu servidor chegarão a seu Outlook. Os ícones a seguir aparecem nos e-mails e indicam a
8. Endereços: este botão faz com que seu Catálogo de prioridade das mensagens, se as mensagens possuem ar-
Endereços (seus contatos) se abra. quivos anexados ou ainda se as mensagens estão marcadas
9. Localizar: este botão é útil quando você quer encon- como lidas ou não lidas.
trar uma mensagem que esteja em seu Outlook. Ao clicar em
“Localizar”, uma nova janela se abre e você pode indicar os
critérios de sua busca, preenchendo os campos que estão em
branco e clicando em “localizar agora”.

72
INFORMÁTICA

Veja o que eles significam:

Como criar uma conta de e-mail


Para adicionar uma conta de e-mail em seu Outlook faça o seguinte:
Entre em contato com seu provedor de serviços de Internet ou do administrador da rede local e informe-se sobre o tipo de
servidor de e-mail usado para a entrada e para a saída dos e-mails.
Você precisará saber o tipo de servidor usado : POP3 (Post Office Protocol), IMAP (Internet Message Access Protocol) ou
HTTP (Hypertext Transfer Protocol). Precisa também saber o nome da conta e a senha, o nome do servidor de e-mail de entrada
e, para POP3 e IMAP, o nome de um servidor de e-mail de saída, geralmente SMTP (Simple Mail Transfer Protocol)
Vamos à configuração:
No menu Ferramentas, clique em Contas.

Irá se abrir uma nova janela chamada Contas na Internet, clique em Adicionar.

73
INFORMÁTICA

Clique em Email e o Assistente para conexão com a In-


ternet irá se abrir. Basta seguir as instruções para estabelecer
uma conexão com um servidor de e-mail ou de notícias e ir
preenchendo os campos de acordo com seus dados.
Observação: Cada usuário pode criar várias contas de
e-mail, repetindo o procedimento descrito acima para cada
conta.

Criar um catálogo de endereços


Antes de mais nada, é preciso definir um Catálogo de En- Obs.: Caso você tenha recebido um e-mail de alguém e
dereços contendo algumas pessoas e seus respectivos ende- queira adicionar esta pessoa a seu catálogo de endereços,
reços de e-mail. basta clicar (com o botão direito do mouse) sobre o nome
Para criar um catálogo de endereços no Outlook Express do remetende e escolher a opção “Adicionar remetente ao
(versão 5 e posteriores), faça o seguinte: catálogo de endereços”.
Clique, no menu principal do Outlook, em Ferramentas / Pronto, esse contato já estará em seu catálogo de ende-
Catálogo de Endereços. reços.
Uma janela de nome: “Catálogo de Endereços - identida-
de principal” se abrirá.
Clique em “Novo” e escolha a opção: “Novo Contato”
Mais uma janela se abre: “Propriedades de”. Aqui você vai
digitar todos os dados que deseja para cada um dos contatos.

Você pode também configurar o Outlook Express para


que seus destinatários sejam adicionados automaticamente
ao catálogo de endereços quando você responder a uma
mensagem. Para adicionar todos os destinatários de respos-
tas ao catálogo de endereços, faça o seguinte:
Clique em Ferramentas.
Clique em Opções.
Na guia Enviar, clique em Incluir automaticamente no ca-
tálogo de endereços os destinatários das minhas respostas.

Salvar um rascunho
Após digitar o “Endereço de correio eletrônico”, no cam- Para salvar um rascunho da mensagem para usar mais
po correspondente, clique no botão “Adicionar” e em “OK”. tarde, faça o seguinte:
Da mesma forma, você vai acrescentando novos nomes Com sua mensagem aberta, clique em Arquivo.
ao seu “Catálogo de endereços”. A seguir, clique em Salvar.
Quando for mandar uma mensagem, ao clicar em “Para”,
esse catálogo se abre e fica bem mais fácil e rápido localizar
o destinatário.
Para acrescentar contatos em sua lista de endereços
Para acrescentar endereços eletrônicos de pessoas (con-
tatos) em sua lista de endereços faça o seguinte:
Clique no botão Endereços.
Em seguida, selecione “Novo” e “Novo Contato”.
Escreva o nome e o novo endereço eletrônico (tipo:
nome@provedor.com.br).
Clique em OK.

74
INFORMÁTICA

(Quando uma mensagem tem um arquivo anexado, um


ícone de clipe de papel é exibido ao lado dela na lista de men-
sagens.)

Salvar anexos
Para salvar um anexo de arquivo de seu e-mail, faça o
seguinte:
Clique na mensagem que tem o arquivo que você quer
salvar.
No menu Arquivo, clique em Salvar anexos.

Você também pode clicar em Salvar como para salvar


uma mensagem de e-mail em outros arquivos de seu compu-
tador no formato de e-mail (.eml), texto (.txt) ou HTML (.htm
ou html). Uma nova janela se abre. Clique no(s) anexo(s) que você
quer salvar.
Abrir anexos Antes de clicar em Salvar, confira se o local indicado na
Para ver um anexo de arquivo, faça o seguinte: caixa abaixo é onde você quer salvar seus anexos. (Caso não
1. No painel de visualização, clique no ícone de clipe de seja, clique em “Procurar” e escolha outra pasta ou arquivo.)
papel no cabeçalho da mensagem e, em seguida, clique no Clique em Salvar.
nome do arquivo.

ou então:

Na parte superior da janela da mensagem, clique duas


vezes no ícone de anexo de arquivo no cabeçalho da men-
sagem. Se você preferir, pode salvar o anexo no painel de visua-
lização:
Clique no ícone de clipe de papel
Clique em Salvar anexos.

75
INFORMÁTICA

Prioridade de uma mensagem


Ao enviar uma nova mensagem ou uma resposta a um
e-mail, você pode atribuir uma prioridade à mensagem, para
que o destinatário saiba se deve lê-la imediatamente (priori-
dade alta) ou quando houver tempo (prioridade baixa).
As mensagens com prioridade alta têm um ponto de ex- Você pode deixar acionado um “alarme” que avisa quan-
clamação ao seu lado. do chegaram novas mensagens. Veja mais em Alarmes.
A prioridade baixa é indicada por uma seta para baixo.
Se você deixar marcada a opção Normal, nenhum ícone Navegar pelo Outlook
referente à prioridade aparecerá ao lado da mensagem. Usando a lista de mensagens e o painel de visualização,
Para indicar a prioridade de uma mensagem de um e-mail você pode exibir a lista de mensagens e ler mensagens indivi-
que você vai mandar, faça o seguinte: duais ao mesmo tempo.
Na janela Nova mensagem, clique em Prioridade na barra A lista Pastas contém pastas de e-mail, servidores de no-
de ferramentas, clique na setinha que está bem ao lado e se- tícias e grupos de notícias e você pode alternar facilmente
lecione a prioridade desejada. entre eles.
Você também pode criar novas pastas para organizar e
classificar suas mensagens e configurar regras de mensagens
para colocar automaticamente em uma pasta específica o
e-mail de acordo com o assunto, remetente, grupo, enfim, da
forma mais prática para seu uso.
Você também pode criar seus próprios modos de exibi-
ção para personalizar a maneira como visualiza suas mensa-
gens.

Pastas Padrões
As pastas padrões do Outlook não podem ser alteradas.
Você poderá criar outras pastas, mas não deve mexer nas se-
guintes pastas:
Ou, se preferir, utilize o seguinte recurso:
No menu Mensagem, aponte para Definir prioridade e
selecione uma opção de prioridade.

Observação: Esta configuração atribui a prioridade somen-


te para a mensagem que você está redigindo no momento.

Verificar novas mensagens


Para saber se chegaram novas mensagens, faça o seguinte: 1. Caixa de Entrada: local padrão para onde vão as men-
Com seu Outlook aberto, clique em Enviar/receber na sagens que chegam ao seu Outlook. (Você pode criar pastas
barra de ferramentas. e regras para mudar o lugar para o qual suas mensagens de-
vam ser encaminhadas.).
2. Caixa de Saída: aqui ficam os e-mails que você já escre-
veu e que vai mandar para o(s) destinatário(s).
3. Itens Enviados: nesta pasta ficam guardados os e-mails
que você já mandou.
Lembre-se de que todas as mensagens da caixa de saída 4. Itens Excluídos: aqui ficam as mensagens que você já
serão enviadas também. excluiu de outra(s) pasta(s), mas continuam em seu Outlook.
Se preferir apenas receber ou apenas enviar mensagens, 5. Rascunhos: as mensagens que você está escrevendo
você pode usar o seguinte recurso: podem ficar guardadas aqui enquanto você não as acaba de
Clique em Ferramentas / Enviar e receber, escolha a op- compor definitivamente. Veja como salvar uma mensagem na
ção que deseja e clique nela. pasta Rascunhos.

76
INFORMÁTICA

Criar novas pastas No campo “Nome da Pasta”, em que escrevi: “Colocar


Para organizar seu Outlook, você pode criar ou adicionar aqui o nome da nova...” , você escreve o nome que quer dar
quantas pastas quiser. à sua pastinha.
No menu Arquivo, clique em Pasta. Agora, basta clicar em “OK” e prontinho.
Clique em Nova. Desta mesma forma, você poderá fazer quantas pastas
quiser.
Se você quiser, pode também criar uma pasta para arqui-
vo de e-mails fora do programa, dentro de “Meus Documen-
tos”, por exemplo, ou em um disquete e nela salvar todos os
e-mails que que guardar.
Para salvar, basta clicar em Arquivo/Salvar como e esco-
lher a pasta onde quer guardar seus e-mails (fora do Outlook).
A mensagem será salva com o nome que aparece no as-
sunto do e-mail. Se você tiver várias mensagens com o mes-
mo assunto, e for guardá-las em uma mesma pasta, renomeie
(preencha com um novo nome no espaço que aparece na
caixa de diálogo, conforme imagem abaixo) na hora de salvar.
Uma nova janela se abrirá.
Na caixa de texto Nome da pasta, digite o nome que deseja
dar à pasta e, em seguida, selecione o local para a nova pasta.

Lembre-se de que o Outlook Express vai criar sua pasta nova Para manter a mensagem como a original, salve no for-
dentro daquela que estiver selecionada no momento. Se você mato correio .eml.
selecionar, por exemplo, “Caixa de Entrada” e solicitar uma nova Veja em Regras para mensagens, sobre como criar regras
pasta, esta será posicionada dentro da Caixa de Entrada. para que suas mensagens sejam “colocadas” diretamente nas
Se o que você quer é uma nova pasta, independente das pastas em que você criou.
que você já criou, selecione sempre o item Pastas Locais . Dê um
nome e selecione o local onde quer que fique esta nova pasta
que você acabou de criar. INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET,
CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES,
Você também pode fazer o seguinte: BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS.
Abra o Outlook.
Clique com o botão direito do mouse em “Caixa de entrada”
Aparecerá uma janela com alguns itens. Clique em “Nova
Pasta”. INTERNET
Irá se abrir uma nova janela, assim “Imagine que fosse descoberto um continente tão
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine um
mundo novo, com tantos recursos que a ganância do futuro
não seria capaz de esgotar; com tantas oportunidades que os
empreendedores seriam poucos para aproveitá-las; e com
um tipo peculiar de imóvel que se expandiria com o
desenvolvimento.”
John P. Barlow
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear fi-
cassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentágono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da década
de 60, ficou em poder exclusivo do governo conectando ba-
ses militares, em quatro localidades.

77
INFORMÁTICA

Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições Domínio
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar a Designa o dono do endereço eletrônico em questão,
tecnologia, logo vinte e três computadores foram conectados, e onde os hipertextos deste empreendimento estão localiza-
porém o padrão de conversação entre as máquinas se tornou dos. Quanto ao tipo do domínio, existem:
impróprio pela quantidade de equipamentos. .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
Era necessário criar um modelo padrão e universal .edu = Instituição acadêmica
para que as máquinas continuassem trocando dados, surgiu .gov = Instituição governamental
então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permitiria portanto que .mil = Instituição militar norte-americana
mais outras máquinas fossem inseridas àquela rede. .net = Provedor de serviços em redes
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrôni- .org = Organização sem fins lucrativos
co, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as má-
quinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim no HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de Trasfe-
ano seguinte a rede se torna internacional. rência em Hipertexto
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do É um protocolo ou língua específica da internet, respon-
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aquilo sável pela comunicação entre computadores.
que conhecemos hoje como internet, auxiliando portanto o Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode
processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a nível levar a outros, fazendo o uso de elementos especiais (pala-
mundial, além de alimentar as forças armadas brasileiras de vras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo o qual
informação de todos os tipos, até que em 1990 caísse no do- leva a outros conjuntos de informação na forma de blocos de
mínio público. textos, imagens ou sons.
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o mou-
navegação de interface amigável, no fim da década de 90, se, remete o usuário à outra parte do documento ou outro do-
pessoas que não tinham conhecimentos profundos de infor- cumento.
mática começaram a utilizar a rede internacional.
Home Page
Acesso à Internet
Sendo assim, home page designa a página inicial, principal
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
do site ou web page.
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Inter-
É muito comum os usuários confundirem um Blog ou Per-
net, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de sites
fil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas distintas,
ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam à
aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é um Profile,
Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela relacio-
nados, e em função do serviço classificam-se em: ou seja um hipertexto que possui informações de um usuário
• Provedores de Backbone: São instituições que cons- dentro de uma comunidade virtual.
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja, HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer acesso cação de Hipertexto
à Internet para redes locais; É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam Suas principais características são:
à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam • Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem
acesso à terceiros a partir de suas instalações; ter aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
• Provedores de Informação: São instituições que dispo- • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customi-
nibilizam informação através da Internet. zar” diversos elementos do documento, como o tamanho pa-
drão da letra, as cores, etc);
Endereço Eletrônico ou URL • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se co- tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na transmis-
nhecer o seu endereço. são através da Internet, evitando longos períodos de espera
Este endereço, que é único, também é considerado sua e congestionamento na rede).
URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos
Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www. Browser ou Navegador
xxxx.com.br É o programa específico para visualizar as páginas da web.
Onde: O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML,
www = protocolo da World Wide Web apresentando as páginas formatadas para os usuários.
xxx = domínio
com = comercial ARQUITETURAS DE REDES
br = brasil As modernas redes de computadores são projetadas de
forma altamente estruturada. Nas seções seguintes examinare-
WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial mos com algum detalhe a técnica de estruturação.
É um serviço disponível na Internet que possui um con-
junto de documentos espalhados por toda rede e disponibili- HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS
zados a qualquer um. Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das re-
Estes documentos são escritos em hipertexto, que utiliza des é organizada em camadas ou níveis, cada uma construí-
uma linguagem especial, chamada HTML. da sobre sua predecessora. O número de camadas, o nome,

78
INFORMÁTICA

o conteúdo e a função de cada camada diferem de uma rede interfaces são parte da arquitetura, pois esses detalhes estão
para outra. No entanto, em todas as redes, o propósito de cada escondidos dentro da máquina e não são visíveis externa-
camada é oferecer certos serviços às camadas superiores, pro- mente. Não é nem mesmo necessário que as interfaces em
tegendo essas camadas dos detalhes de como os serviços ofe- todas as máquinas em uma rede sejam as mesmas, desde que
recidos são de fato implementados. cada máquina possa usar corretamente todos os protocolos.
A camada n em uma máquina estabelece uma conversão
com a camada n em outra máquina. As regras e convenções uti- O endereço IP
lizadas nesta conversação são chamadas coletivamente de pro- Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
tocolo da camada n, conforme ilustrado na Figura abaixo para Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
uma rede com sete camadas. As entidades que compõem as ca- recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
madas correspondentes em máquinas diferentes são chamadas quando você quer enviar um presente a alguém, você obtém
de processos parceiros. Em outras palavras, são os processos o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma trans-
parceiros que se comunicam utilizando o protocolo. portadora para entregar. É graças ao endereço que é possível
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Também é
camada n em uma máquina para a camada n em outra máqui- graças ao seu endereço - único para cada residência ou esta-
na. Em vez disso, cada camada passa dados e informações de belecimento - que você recebe suas contas de água, aquele
controle para a camada imediatamente abaixo, até que o nível produto que você comprou em uma loja on-line, enfim.
mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio físico Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu com-
de comunicação, através do qual a comunicação ocorre. Na Fi- putador seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial
gura abaixo, a comunicação virtual é mostrada através de linhas de computadores, necessita ter um endereço único. O mesmo
pontilhadas e a comunicação física através de linhas sólidas. vale para websites: este fica em um servidor, que por sua vez
precisa ter um endereço para ser localizado na internet. Isto
é feito pelo endereço IP (IP Address), recurso que também é
utilizado para redes locais, como a existente na empresa que
você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números compos-
ta de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 é
um exemplo. Repare que cada octeto é formado por números
que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.

Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A


interface define quais operações primitivas e serviços a cama-
da inferior oferece à camada superior. Quando os projetistas A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização
decidem quantas camadas incluir em uma rede e o que cada da rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em
camada deve fazer, uma das considerações mais importantes é cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização
definir interfaces limpas entre as camadas. Isso requer, por sua das casas da região onde você mora. Neste sentido, os dois
vez, que cada camada desempenhe um conjunto específico de primeiros octetos de um endereço IP podem ser utilizados
funções bem compreendidas. Além de minimizar a quantidade para identificar a rede, por exemplo. Em uma escola que tem,
de informações que deve ser passada de camada em camada, por exemplo, uma rede para alunos e outra para professores,
interfaces bem definidas também tornam fácil a troca da imple- pode-se ter 172.31.x.x para uma rede e 172.32.x.x para a outra,
mentação de uma camada por outra implementação completa- sendo que os dois últimos octetos são usados na identifica-
mente diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas ção de computadores.
por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova imple-
mentação é que ela ofereça à camada superior exatamente os Classes de endereços IP
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia. Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser
O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arqui- utilizados tanto para identificar o seu computador dentro de
tetura de rede. A especificação de arquitetura deve conter infor- uma rede, quanto para identificá-lo na internet.
mações suficientes para que um implementador possa escrever Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com-
o programa ou construir o hardware de cada camada de tal putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina
forma que obedeça corretamente ao protocolo apropriado. em outra rede pode ter este mesmo número, afinal, ambas
Nem os detalhes de implementação nem a especificação das as redes são distintas e não se comunicam, sequer sabem da

79
INFORMÁTICA

existência da outra. Mas, como a internet é uma rede global, Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
cada dispositivo conectado nela precisa ter um endereço úni- com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
co. O mesmo vale para uma rede local: nesta, cada dispositivo tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por
conectado deve receber um endereço único. Se duas ou mais exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O que
máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um problema fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. Na
chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação destes verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipamento de
dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede. rede - como um roteador - que receba a conexão à internet
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes e a compartilhe com todos os dispositivos conectados a ele.
locais quanto para utilização na internet, contamos com um Com isso, somente este equipamento precisará de um ende-
esquema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA reço IP para acesso à rede mundial de computadores.
(Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers) que, basica- Máscara de sub-rede
mente, divide os endereços em três classes principais e mais As classes IP ajudam na organização deste tipo de en-
duas complementares. São elas: dereçamento, mas podem também representar desperdício.
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 Uma solução bastante interessante para isso atende pelo
redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados; nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte dos nú-
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até meros que um octeto destinado a identificar dispositivos co-
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos; nectados (hosts) é “trocado” para aumentar a capacidade da
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até rede. Para compreender melhor, vamos enxergar as classes A,
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos; B e C da seguinte forma:
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; - A: N.H.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reser- - B: N.N.H.H;
vado. - C: N.N.N.H.
As três primeiras classes são assim divididas para atender
às seguintes necessidades: N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transfor-
são necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade mar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-re-
de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como de permitem determinar quantos octetos e bits são destina-
identificador da rede e os demais servem como identificador dos para a identificação da rede e quantos são utilizados para
dos dispositivos conectados (PCs, impressoras, etc); identificar os dispositivos.
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se
a quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quan- um octeto é usado para identificação da rede, este recebe-
tidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros rá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado
bytes do endereço IP para identificar a rede e os restantes para os dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será
para identificar os dispositivos; 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo desta relação:
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos dis-
positivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes são I d e n t i f i - Identifica-
Máscara de
usados para identificar a rede e o último é utilizado para iden- Classe Endereço IP cador da dor do com-
sub-rede
tificar as máquinas. rede putador
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais:
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais
para a comunicação entre os computadores, enquanto que a B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
segunda está reservada para aplicações futuras ou experimen- C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
tais. Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados
para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa Você percebe então que podemos ter redes com másca-
com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexisten- ra 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando
te, utilizada para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este uma classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situa-
sempre se refere à própria máquina, ou seja, ao próprio host, ções onde há desperdício. Por exemplo, suponha que uma fa-
razão esta que o leva a ser chamado de localhost. Já o endere- culdade tenha que criar uma rede para cada um de seus cinco
ço 255.255.255.255 é utilizado para propagar mensagens para cursos. Cada curso possui 20 computadores. A solução seria
todos os hosts de uma rede de maneira simultânea. então criar cinco redes classe C? Pode ser melhor do que utilizar
classes B, mas ainda haverá desperdício. Uma forma de contor-
Endereços IP privados nar este problema é criar uma rede classe C dividida em cinco
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são sub-redes. Para isso, as máscaras novamente entram em ação.
privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes,
internet, sendo reservados para aplicações locais. São, essen- na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em
cialmente, estes: binário é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000.
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255; Assim, a máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; 11111111.11111111.11111111.00000000
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.

80
INFORMÁTICA

Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada IPv6


por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criar- O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
mos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25, sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua
26 ou mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook
Em outras palavras, precisamos trocar alguns zeros do último em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por
octeto por 1. diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes-
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos
octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita), resul- com um grande problema: o número de IPs disponíveis deixa
tando em: de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
11111111.11111111.11111111.11100000 A solução para este grande problema (grande mesmo,
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
“trocados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até
nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.76
criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereça- 8.211.456 de endereços, um número absurdamente alto!
mento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, te-
mos 32 dispositivos em cada sub-rede (estamos fazendo estes
cálculos sem considerar limitações que possam impedir o uso
de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é
255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser em-
pregado também em endereços classes A e B, conforme a
necessidade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar
0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanente-
mente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto
se tal ação for executada manualmente. Como exemplo, há ca- O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumen-
sos de assinaturas de acesso à internet via ADSL onde o pro- to da quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser,
vedor atribui um IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre por exemplo:
que um cliente se conectar, usará o mesmo IP. FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a
um computador quando este se conecta à rede, mas que muda Finalizando
toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você co- Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a
nectou seu computador à internet hoje. Quando você conectá especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa.
-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender melhor, ima- Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante
gine a seguinte situação: uma empresa tem 80 computadores essa fase, que podemos considerar de transição, o que ve-
ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibili- remos é a “convivência” entre ambos os padrões. Não por
za 90 endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é fixo, menos, praticamente todos os sistemas operacionais atuais
um computador receberá, quando se conectar, um endereço e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto
IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais ou menos com um quanto com o outro. Por isso, se você é ou pretende
assim que os provedores de internet trabalham. ser um profissional que trabalha com redes ou simplesmen-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é
te quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar nas
o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol).
duas especificações. A esta altura, você também deve estar
IP nos sites querendo descobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de tem uma forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windo-
um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester. ws, por exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo
com, por exemplo, como é que o seu computador sabe qual o do Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
Quando você digitar um endereço qualquer de um site,
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele
é quem informa qual IP está associado a cada site. O sistema
DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a uma
árvore (termo conhecido por programadores). Se, por exem-
plo, o site www.infowester.com é requisitado, o sistema envia a
solicitação a um servidor responsável por terminações “.com”.
Esse servidor localizará qual o IP do endereço e responderá à
solicitação. Se o site solicitado termina com “.br”, um servidor
responsável por esta terminação é consultado e assim por
diante.

81
INFORMÁTICA

Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a par- • www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor público)
tir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visuali- • www.siapenet.gog.br (contracheque)
zará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o • www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas)
endereço IP do acesso à internet em uso pela rede, você pode • www.mec.gov.br (Ministério da Educação)
visitar sites como whatsmyip.org.
Identificação de endereços de um site
Provedor Exemplo: http://www.pelotas.com.br
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de co-
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário municação
conectar-se com um computador que já esteja na Internet (no WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
caso, o provedor) e esse computador deve permitir que seus pelotas -> empresa ou organização que mantém o site
usuários também tenham acesso a Internet. .com -> tipo de organização
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Em- ......br -> identifica o país
bratel, que por sua vez, está conectada com outros computado-
res fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a conexão Tipos de Organizações:
física que interliga o provedor de acesso com a Embratel. Neste .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
caso, a Embratel é conhecida como backbone, ou seja, é a “espi- .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
nha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o backbone .gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
como se fosse uma avenida de três pistas e os links como se .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
fossem as ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o .net -> computadores com funções de administrar redes.
link como o backbone possui uma velocidade de transmissão, Exemplo: embratel.net
ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. Esta ve- .org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.org
locidade é dada em bps (bits por segundo). Deve ser feito um
contrato com o provedor de acesso, que fornecerá um nome Home Page
de usuário, uma senha de acesso e um endereço eletrônico Pela definição técnica temos que uma Home Page é um
na Internet. arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de computado-
res rodando um Navegador (Browser), que permite o acesso
URL - Uniform Resource Locator às informações em um ambiente gráfico e multimídia. Todo
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identifi- em hipertexto, facilitando a busca de informações dentro das
cação de onde está localizado o computador e quais recursos
Home Pages.
este computador oferece. Por exemplo, a URL:
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.novaconcursos.com.br
http://www.endereço.com/página.html
Será mais bem explicado adiante.
Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html
Como descobrir um endereço na Internet?
Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar.
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- PLUG-INS
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informa- Os plug-ins são programas que expandem a capacidade do
ções que preciso? Browser em recursos específicos - permitindo, por exemplo, que
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de procura, você toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo dentro de
que são sites que possuem um enorme banco de dados (que uma Home Page. As empresas de software vêm desenvolvendo
contém o cadastro de milhares de Home Pages), que permitem plug-ins a uma velocidade impressionante. Maiores informa-
a procura por um determinado assunto. Caso a palavra ou o ções e endereços sobre plug-ins são encontradas na página:
assunto que foi procurado exista em alguma dessas páginas, http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
será listado toda esta relação de páginas encontradas. ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo te-
ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre mos uma relação de alguns deles:
amortecedores, caso não encontre nada como amortecedo- - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.).
res, procure como autopeças, e assim sucessivamente. - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
Barra de endereços PCX, etc.).
- Negócios e Utilitários
- Apresentações

A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar FTP - Transferência de Arquivos


em páginas da internet, bastando para isto digitar o endereço Permite copiar arquivos de um computador da Internet
da página. para o seu computador.
Alguns sites interessantes: Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) • Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utili-
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) zação, e não é considerado “pirataria” a cópia deste programa.

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INFORMÁTICA

• Shareware: Programa demonstração que pode ser Depois disto, várias outras companhias passaram a pro-
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns li- duzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic.
mites, para ser utilizado apenas como um teste do programa. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Communi-
Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa mais o cations, criadora do browser Netscape.
programa. Na maioria das vezes, esses programas exibem, de Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o
tempos em tempos, uma mensagem avisando que ele deve Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros
ser registrado. Outros tipos de shareware têm tempo de uso browsers.
limitado. Depois de expirado este tempo de teste, é necessá-
rio que seja feito a compra deste programa. Busca e pesquisa na web
Os sites de busca servem para procurar por um determi-
Navegar nas páginas nado assunto ou informação na internet.
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um Alguns sites interessantes:
documento normal e de links das próprias páginas. • www.google.com.br
• http://br.altavista.com
Como salvar documentos, arquivos e sites • http://cade.search.yahoo.com
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como. • http://br.bing.com/
Como copiar e colar para um editor de textos Como fazer a pesquisa
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o Digite na barra de endereço o endereço do site de pes-
botão direito do mouse e escolha a opção Copiar. quisa. Por exemplo:

www.google.com.br

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar mu-
seus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até participar de
novelas interativas. As informações na Web são organizadas
na forma de páginas de hipertexto, cada um com seu endere-
ço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é
preciso digitar um desses endereços no campo chamado En- Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesqui-
dereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, sa.
para a tela, a página correspondente. O navegador não preci-
sa de nenhuma configuração especial para exibir uma página
da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros para que
ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de cor-
reio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Cen-
tro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recher- Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na
che Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um meio pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras
para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas com ou sem acento.
através da exibição de páginas de texto. Ficou claro, desde o
início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos Opções de pesquisa
tipos de aplicações, inclusive não científicas. O WWW não dis-
punha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto.
Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra com
a inserção de um visualizador (também conhecido como bro-
wser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas Web: pesquisa em todos os sites
também de exibir gráficos, som e vídeo. Este browser cha-
mava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um
time chefiado por Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi
espetacular.

83
INFORMÁTICA

Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
Exemplo do resultado se uma pesquisa.

INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma
Internet restrita apenas a utilização interna de uma empresa.
As intranets ou Webs corporativas, são redes de comunicação
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. internas baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um
Exemplo: jornal editado internamente, e que pode ser acessado apenas
pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações da
empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da World
Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na evolução
da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos in-
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados terligados através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade
por assunto em categorias. Exemplo: de se criar, interligar e disponibilizar documentos multimídia
(texto, gráficos, animações, etc.), democratizaram o acesso à
informação através de redes de computadores. Em segundo
lugar, criou-se uma gigantesca base de usuários, já familiari-
zados com conhecimentos básicos de informática e de nave-
gação na Internet. Finalmente, surgiram muitas ferramentas
de software de custo zero ou pequeno, que permitem a qual-
quer organização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na
rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado
inevitável foi a impressionante explosão na informação dis-
ponível na Internet, que segundo consta, está dobrando de
tamanho a cada mês.
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
Como escolher palavra-chave que tem interessado um número cada vez maior de empresas,
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- hospitais, faculdades e outras organizações interessadas em
cluam a palavra digitada. integrar informações e usuários: a intranet. Seu advento e dis-
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas seminação promete operar uma revolução tão profunda para
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a a vida organizacional quanto o aparecimento das primeiras re-
sequência de termos que foram digitadas. des locais de computadores, no final da década de 80.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna pági-
nas que incluam todas as palavras aleatoriamente na página. O que é Intranet?
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
antes do sinal de menos são excluídas da pesquisa. 1995 por fornecedores de produtos de rede para se referirem
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cál- ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias projeta-
culo em um site de pesquisa. das para a comunicação por computador entre empresas. Em
Por exemplo: 3+4 outras palavras, uma intranet consiste em uma rede privativa
Irá retornar: de computadores que se baseia nos padrões de comunicação
de dados da Internet pública, baseadas na tecnologia usada
na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atual-
mente fazendo muito sucesso. Entre as razões para este su-
cesso, estão o custo de implantação relativamente baixo e a
facilidade de uso propiciada pelos programas de navegação
O resultado da pesquisa na Web, os browsers.

84
INFORMÁTICA

Objetivo de construir uma Intranet Como montar uma Intranet


Organizações constroem uma intranet porque ela é uma Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para eco- usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
nomizar tempo, diminuir as desvantagens da distância e ala- empresas, e em instalar um servidor Web.
vancar sobre o seu maior patrimônio de capital-funcionários Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositó-
com conhecimentos das operações e produtos da empresa. rio das informações contidas na intranet. É lá que os clientes
vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qual-
Aplicações da Intranet quer outro tipo de arquivo.
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O pri-
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. De meiro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser
qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet vai com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de
ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os diversos mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência de
arquivos. Independentemente das aplicações utilizadas na in-
profissionais de uma empresa. Mas em algumas áreas já se
tranet, todas as máquinas nela ligadas devem falar um idioma
vislumbram benefícios, por exemplo:
comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
Identificação do Servidor e das Estações - Depois de de-
listas de preços, promoções, planejamento de eventos; finidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as infor-
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação mações e como requisitá-las. Falta apenas saber o nome de
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de quem pede e de quem solicita. Para isso existem dois progra-
membros das equipes, situações de projetos; mas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP (Dinamic Host
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- Configuration Protocol) que atribui nome às estações clientes.
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários
de qualidade; acessam as informações colocadas à sua disposição no ser-
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, aposti- vidor. Para isso usam o Web browser, software que permite
las, políticas da companhia, organograma, oportunidades de folhear os documentos.
trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, benefícios.
Comparando Intranet com Internet
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo- Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Inter-
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. net, é uma questão de semântica e de escala. Ambas utilizam
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos protocolos de
quase somente em clicar nos links que remetem às novas rede e os mesmos produtos servidores. O conteúdo na Inter-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- net, por definição, fica disponível em escala mundial e inclui
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa tudo, desde uma home-page de alguém com seis anos de
complexa e exige a presença de profissionais especializados. idade até as previsões do tempo. A maior parte dos dados
Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, sua de uma empresa não se destina ao consumo externo, na ver-
diversidade de funções e a quantidade de informações nela dade, alguns dados, tais como as cifras das vendas, clientes e
armazenadas. correspondências legais, devem ser protegidos com cuidado.
A intranet é baseada em quatro conceitos: E, do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma intra-
• Conectividade - A base de conexão dos computa- net está contida dentro de um pequeno grupo, departamen-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir to ou organização corporativa. No extremo, há uma intranet
global, mas ela ainda conserva a natureza privada de uma
qualquer tipo de informação digital entre si;
Internet menor.
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado-
A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por
res e sistemas operacionais podem ser conectados de forma serem uma mistura caótica de informações úteis e irrelevan-
transparente; tes, o meteórico aumento da popularidade de sites da Web
• Navegação - É possível passar de um documento a dedicados a índices e mecanismos de busca é uma medida
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que da necessidade de uma abordagem organizada. Uma intra-
facilitam o acesso não linear aos documentos; net aproveita a utilidade da Internet e da Web num ambiente
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de controlado e seguro.
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
ças à execução de programas aplicativos, que podem estar Vantagens e Desvantagens da Intranet
no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a rede Alguns dos benefícios são:
(também chamados de clientes, daí surgiu à expressão que • Redução de custos de impressão, papel, distribuição de
caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servidor). A van- software, e-mail e processamento de pedidos;
tagem da intranet é que esses programas são ativados atra- • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
vés da WWW, permitindo grande flexibilidade. Determinadas suporte telefônico;
linguagens, como Java, assumiram grande importância no • Maior facilidade e rapidez no acesso as informações téc-
desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam aos nicas e de marketing;
três conceitos anteriores. • Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações re-
motas;

85
INFORMÁTICA

• Incrementando o acesso a informações da concorrência; Segurança da Intranet


• Uma base de pesquisa mais compreensiva; Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parceiros e à troca de dados em uma rede: autenticação, controle de
(revendas); acesso e criptografia.
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à Autenticação - É o processo que consiste em verificar se
informação; um usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e
• Uma única interface amigável e consistente para apren- dados podem ser protegidos através da solicitação de uma
der e usar; combinação de nome do usuário/senha, ou da verificação do
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os usuários autenti-
• As informações disponíveis são visualizadas com clareza; cados têm o acesso autorizado ou negado a recursos especí-
• Redução de tempo na pesquisa a informações; ficos de uma intranet, com base em uma ACL (Access Control
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e infor- List) mantida no servidor Web;
mação; Criptografia - É a conversão dos dados para um formato que
• Redução no tempo de configuração e atualização dos pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta de des-
sistemas; criptografia. Um método de criptografia amplamente utilizado
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e para a segurança de transações Web é a tecnologia de chave pú-
outros; blica, que constitui a base do HTTPS - um protocolo Web seguro;
• Redução de custos de documentação; Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação se-
• Redução de custos de suporte; gura entre uma intranet e a Internet através de servidores pro-
• Redução de redundância na criação e manutenção de xy, que são programas que residem no firewall e permitem (ou
páginas; não) a transmissão de pacotes com base no serviço que está
• Redução de custos de arquivamento; sendo solicitado. Um proxy HTTP, por exemplo, pode permitir
• Compartilhamento de recursos e habilidade. que navegadores Webs internos da empresa acessem servido-
res Web externos, mas não o contrário.
Alguns dos empecilhos são:
Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colabora-
Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
ção, não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos progra-
ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
mas para grupos de trabalho tradicionais. É necessário confi-
importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis com
gurar e manter aplicativos separados, como e-mail e servidores
grande capacidade de armazenamento, tapes...
Web, em vez de usar um sistema unificado, como faria com um
Queremos ainda referir que para o funcionamento de
pacote de software para grupo de trabalho; uma rede existem outros conceitos como topologias/configu-
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número limi- rações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em
tado de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos,
de dados ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem protocolos de comunicação, velocidade de transmissão …
uma rede TCP/IP, ao contrário de outras soluções de software
para grupo de trabalho que funcionam com os protocolos de EXTRANET
transmissão de redes local existentes; A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não computadores que faz uso da Internet para partilhar com se-
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários re- gurança parte do seu sistema de informação.
motos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desenvolver A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
aplicativos cliente/servidor. computadores que faz uso da Internet para partilhar com se-
gurança parte do seu sistema de informação.
Como a Intranet é ligada à Internet Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei-
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode ser
vista como uma parte da empresa que é estendida a usuários
externos (“rede extra-empresa”), tais como representantes e
clientes. Outro uso comum do termo Extranet ocorre na desig-
nação da “parte privada” de um site, onde somente “usuários
registrados” podem navegar, previamente autenticados por
sua senha (login).

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Portal
(internet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcio-
nários de uma empresa consigam ter acesso à intranet através
de redes externas ao ambiente da empresa. Uma extranet é
uma intranet que pode ser acessada via Web por clientes ou
outros usuários autorizados. Uma intranet é uma rede restrita
à empresa que utiliza as mesmas tecnologias presentes na In-
ternet, como e-mail, webpages, servidor FTP etc.

86
INFORMÁTICA

A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre os


funcionários e parceiros além de acumular uma base de conhe-
cimento que possa ajudar os funcionários a criar novas soluções.
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada
na Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa
ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, trocando
informações sobre compras, vendas, fabricação, distribuição,
contabilidade entre outros.

Internet Explorer4
O Internet Explorer facilita o acesso a sites e ajuda a ver
com o máximo de qualidade todo o conteúdo incrível que
você pode encontrar. Depois de aprender alguns gestos e
truques comuns, você poderá usar seu novo navegador com
todo o conforto e aproveitar ao máximo seus sites favoritos. Abrindo e alternando as guias
Abra uma nova guia tocando ou clicando no botão Nova
Noções básicas sobre navegação guia . Em seguida, insira uma URL ou um termo de pesqui-
Mãos à obra. Para abrir o Internet Explorer, toque ou cli- sa ou selecione um de seus sites favoritos ou mais visitados.
que no bloco Internet Explorer na tela Inicial. Alterne várias guias abertas tocando ou clicando nelas na
Uma barra de endereços, três formas de usar barra de guias. Você pode ter até 100 guias abertas em uma
A barra de endereços é o seu ponto de partida para nave- só janela. Feche as guias tocando ou clicando em Fechar
gar pela Internet. Ela combina barra de endereços e caixa de no canto de cada guia.
pesquisa para que você possa navegar, pesquisar ou receber
sugestões em um só local. Ela permanece fora do caminho
quando não está em uso para dar mais espaço para os sites.
Para que a barra de endereços apareça, passe o dedo de baixo
para cima na tela ou clique na barra na parte inferior da tela
se estiver usando um mouse. Há três maneiras de utilizá-la:
Para navegar. Insira uma URL na barra de endereços para
ir diretamente para um site. Ou toque, ou clique, na barra de
endereços para ver os sites que mais visita (os sites mais fre-
quentes).
Para pesquisar. Insira um termo na barra de endereços
e toque ou clique em Ir para pesquisar a Internet com o
mecanismo de pesquisa padrão.
Para obter sugestões. Não sabe para onde deseja ir? Di-
gite uma palavra na barra de endereços para ver sugestões
de sites, aplicativos e pesquisa enquanto digita. Basta tocar
ou clicar em uma das sugestões acima da barra de endereços. Usando várias janelas de navegação
Também é possível abrir várias janelas no Internet Explo-
rer 11 e exibir duas delas lado a lado. Para abrir uma nova
janela, pressione e segure o bloco Internet Explorer (ou clique
nele com o botão direito do mouse) na tela Inicial e, em segui-
da, toque ou clique em Abrir nova janela.
Duas janelas podem ser exibidas lado a lado na tela. Abra
uma janela e arraste-a de cima para baixo, para o lado direito
ou esquerdo da tela. Em seguida, arraste a outra janela a partir
do lado esquerdo da tela.
Dica
Você pode manter a barra de endereços e as guias encai-
xadas na parte inferior da tela para abrir sites e fazer pesquisas
rapidamente. Abra o botão Configurações, toque ou clique
em Opções e, em Aparência, altere Sempre mostrar a barra de
endereços e as guias para Ativado.
Multitarefas com guias e janelas
Com as guias, você pode ter muitos sites abertos em uma Personalizando sua navegação
só janela do navegador, para que seja mais fácil abrir, fechar Depois de ter aprendido as noções básicas sobre o uso
e alternar os sites. A barra de guias mostra todas as guias ou do navegador, você poderá alterar suas home pages, adicio-
janelas que estão abertas no Internet Explorer. Para ver a barra nar sites favoritos e fixar sites à tela Inicial.
de guias, passe o dedo de baixo para cima (ou clique) na tela. Para escolher suas home pages
4 Fonte: Ajuda do Internet Explorer

87
INFORMÁTICA

Para fixar um site na tela Inicial

A fixação de um site cria um bloco na tela Inicial, o que


fornece acesso com touch ao site em questão. Alguns sites fi-
xados mostrarão notificações quando houver novo conteúdo
disponível. Você pode fixar quantos sites quiser e organizá-los
em grupos na tela Inicial.

As home pages são os sites que se abrem sempre que


você inicia uma nova sessão de navegação no Internet Explo-
rer. Você pode escolher vários sites, como seus sites de no-
tícias ou blogs favoritos, a serem carregados na abertura do
navegador. Dessa maneira, os sites que você visita com mais
frequência estarão prontos e esperando por você.
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Confi-
gurações.
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o canto
inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para cima
e clique em Configurações.)
Toque ou clique em Opções e, em Home pages, toque ou
clique em Gerenciar. Para exibir os comandos de aplicativos, passe o dedo de
Insira a URL de um site que gostaria de definir como baixo para cima (ou clique).
home page ou toque ou clique em Adicionar site atual se es- Toque ou clique no botão Favoritos , toque ou clique
tiver em um site que gostaria de transformar em home page. no botão Fixar site  e, em seguida, toque ou clique em Fixar
na Tela Inicial.
Para salvar seus sites favoritos
Salvar um site como favorito é uma forma simples de Dica
memorizar os sites de que você gosta e que deseja visitar Você pode alternar rapidamente os favoritos e as guias
sempre. (Se você tiver feito a atualização para o Windows 8.1 tocando ou clicando no botão Favoritos ou no botão Guias
a partir do Windows 8 e entrado usando sua conta da Mi- nos comandos de aplicativos.
crosoft, todos os favoritos já existentes terão sido importados
automaticamente.) Lendo, salvando e compartilhando conteúdo da Inter-
net
Vá até um site que deseja adicionar. Ao examinar seu conteúdo online favorito, procure pelo
Passe o dedo de baixo para cima (ou clique) para exibir ícone Modo de exibição de leitura na barra de endereços.
os comandos de aplicativos. Em seguida, toque ou clique no O Modo de exibição de leitura retira quaisquer itens desne-
botão Favoritos  para mostrar a barra de favoritos. cessários, como anúncios, para que as matérias sejam desta-
Toque ou clique em Adicionar a favoritos e, em segui- cadas. Toque ou clique no ícone para abrir a página no modo
da, toque ou clique em Adicionar. de exibição de leitura. Quando quiser retornar à navegação,
basta tocar ou clicar no ícone novamente.

88
INFORMÁTICA

Um artigo da Internet com o modo de exibição de leitura


desativado

Para salvar páginas na Lista de Leitura


Quando você tiver um artigo ou outro conteúdo que
deseje ler mais tarde, basta compartilhá-lo com sua Lista de
Leitura em vez de enviá-lo por email para você mesmo ou de
deixar mais guias de navegação abertas. A Lista de Leitura é
a sua biblioteca pessoal de conteúdo. Você pode adicionar
artigos, vídeos ou outros tipos de conteúdo a ela diretamente
do Internet Explorer, sem sair da página em que você está.
Passe o dedo desde a borda direita da tela e toque em
Compartilhar.
Um artigo da Internet com o modo de exibição de leitura
(Se usar um mouse, aponte para o canto superior direito
ativado
da tela, mova o ponteiro do mouse para baixo e clique em
Para personalizar as configurações do modo de exibição
Compartilhar.)
de leitura
Toque ou clique em Lista de Leitura e, em seguida, em
Passe o dedo da borda direita da tela e toque em Confi-
Adicionar. O link para o conteúdo será armazenado na Lista
gurações.
de Leitura.
(Se você estiver usando um mouse, aponte para o canto
inferior direito da tela, mova o ponteiro do mouse para cima Ajudando a proteger sua privacidade
e clique em Configurações.) Interagir em redes sociais, fazer compras, estudar, com-
Toque ou clique em Opções e, em Modo de exibição de partilhar e trabalhar: você provavelmente faz tudo isso dia-
leitura, escolha um estilo de fonte e um tamanho de texto. riamente na Internet, o que pode disponibilizar suas informa-
Estas são algumas opções de estilo que você pode sele- ções pessoais para outras pessoas. O Internet Explorer ajuda
cionar. você a se proteger melhor com uma segurança reforçada e
mais controle sobre sua privacidade. Estas são algumas das
maneiras pela quais você pode proteger melhor a sua privaci-
dade durante a navegação:
Use a Navegação InPrivate. Os navegadores armazenam
informações como o seu histórico de pesquisa para ajudar a
melhorar sua experiência. Quando você usa uma guia InPriva-
te, pode navegar normalmente, mas os dados como senhas,
o histórico de pesquisa e o histórico de páginas da Internet
são excluídos quando o navegador é fechado. Para abrir uma
nova guia InPrivate, passe o dedo de baixo para cima na tela
(ou clique nela) para mostrar os comandos de aplicativos, ou
toque ou clique no botão Ferramentas de guia e em Nova
guia InPrivate.
Use a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do Not
Track para ajudar a proteger sua privacidade. O rastreamento
refere-se à maneira como os sites, os provedores de conteú-
do terceiros, os anunciantes, etc. aprendem a forma como

89
INFORMÁTICA

você interage com eles. Isso pode incluir o rastreamento das · Favoritos RSS;
páginas que você visita, os links em que você clica e os pro- · A integração do RSS nos favoritos permite que você fi-
dutos que você adquire ou analisa. No Internet Explorer, você que sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus sites
pode usar a Proteção contra Rastreamento e o recurso Do preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada a partir
Not Track para ajudar a limitar as informações que podem ser do Firefox 2;
coletadas por terceiros sobre a sua navegação e para expres- · Downloads sem perturbação;
sar suas preferências de privacidade para os sites que visita. · Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
FIREFOX5 ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
Firefox é um navegador web de código aberto e multi- pode ser personalizada sem problemas;
plataforma com versões para Windows, OS X (Mac), Linux e · Você decide como deve ser seu navegador;
Android, em variantes de 32 e 64 bits, dependendo da pla- · O Firefox é o navegador mais personalizável que existe.
taforma. O Firefox possui suporte para extensões, navegação Coloque novos botões nas barras de ferramentas, instale ex-
por abas, alerta contra sites maliciosos, suporte para sincroni- tensões que adiciona novas funções, adicione temas que mo-
zação de informações, gerenciador de senhas, bloqueador de dificam o visual do Firefox e coloque mais mecanismos nos
janelas pop-up, pesquisa integrada, corretor ortográfico, ge- campos de pesquisa.
renciador de download, leitor de feeds RSS e outros recursos.
Além de ser multiplataforma, o Firefox também suporta O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
diferentes linguagens, incluindo o português do Brasil (Pt Br). para a sua necessidade:
Surgido de um projeto criado por Dave Hyatt e Blake · Fácil utilização;
Ross em 2002, somente dois anos depois a plataforma de na- · Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
vegação pela internet se desmembrou de outras ferramentas tem todas as funções que você está acostumado - favoritos,
e se tornou um browser independente. No começo, o Firefox histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as páginas
se popularizou apenas entre o nicho de adeptos do “softwa- mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades intuitivas;
re livre”, e mesmo assim já alcançou dezenas de milhões de · Compacto;
downloads. · A maioria das distribuições está em torno dos 5MB. Você
Não demorou muito para que o navegador começasse leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para o seu
a receber melhorias relevantes e o seu potencial fosse ob- computador em uma conexão discada e segunda em uma co-
servado por outros perfis de internautas. E foi basicamente nexão banda larga. A configuração é simples e intuitiva. Logo
assim que o produto da Fundação Mozilla ganhou seu espaço você estará navegando com essa ferramenta.
e quase desbancou a hegemonia do Internet Explorer.
Seu sistema de abas permite que o usuário navegue em Principais novidades
diversos sites sem a necessidade de abrir várias instâncias Tudo começa pelo novo e intuitivo menu
do programa. A função de navegação privativa é muito útil, - As opções que você mais acessa, todas no mesmo lugar
pois com ela, o Mozilla Firefox não memoriza histórico, da- - Pensado para facilitar o acesso
dos fornecidos a páginas e ao campo de pesquisa, lista de - Converse por vídeo com qualquer pessoa diretamente
downloads, cookies e arquivos temporários. Serão preserva- do Firefox
dos apenas arquivos salvos por downloads e novos favoritos.
Além dessas opções, o navegador continua com as funções
básicas de qualquer outro aplicativo semelhante: gerenciador
de favoritos, suporte a complementos e sincronização de da-
dos na nuvem.

Principais características
· Navegação em abas;
· A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrindo
os links em segundo plano
Eles já estarão carregados quando você for ler;
· Bloqueador de popups:
· O Firefox já vem com um bloqueador embutido de po-
pups;
· Pesquisa inteligente;

· O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na bar- Conheça o Firefox Hello
ra de ferramentas e abre direto a página com os resultados, - Converse por vídeo com qualquer pessoa, em qualquer
poupando o tempo de acesso à página de pesquisa antes de lugar
ter que digitar as palavras chaves. O novo localizador de pa- - É grátis! Não é preciso ter conta ou baixar complemen-
lavras na página busca pelo texto na medida em que você as tos.
digita, agilizando a busca; - Escolha como você quer pesquisar
5 Fonte: Ajuda do Firefox

90
INFORMÁTICA

Uma nova maneira de pesquisar, ainda mais inteligente


- Sugestões de pesquisa aparecerão conforme você di- Ocultar ou exibir Sugestões na Nova Aba
gita Você pode determinar sua página Nova Aba para exibir
- Escolha o site certo para cada pesquisa seus sites mais visitados ou até mesmo nada. Para acessar es-
- Use a estrela para adicionar Favoritos tes controles clique no ícone da engrenagem no canto supe-
rior direito da nova aba.

Exibir seus sites principais


Clique no ícone de engrenagem na página Nova Aba e
marque Exibir os sites mais visitados.

Mostrar uma Nova Aba em branco


Para remover todos os sites da página Nova Aba, selecio-
ne Exibir página em branco.

Seus sites favoritos estão mais perto do que nunca


- Adicione e visualize seus Favoritos rapidamente
- Salve qualquer site com apenas um clique

Desativar os controles da Nova Aba


Para ocultar tudo na sua página Nova Aba, incluindo os
controles da Nova Aba (ou para escolher a página que abre
em uma nova aba) você pode instalar o complemento New
Como funcionam as sugestões de sites? Tab Override (browser.newtab.url replacement).
O Firefox exibe links de sites como miniaturas ou logoti-
pos na página Nova Aba. Quando usar o Firefox pela primeira Personalizar a página Nova aba
vez, verá links para sites da Mozilla. Esses sites serão eventual- O comportamento padrão do Firefox é exibir os sites em
mente substituídos por sites visitados com mais frequência. destaque em uma nova aba. Aprenda como personalizar, fi-
xar, remover e reorganizar esses sites.

91
INFORMÁTICA

Fixar

Clique no ícone no canto superior esquerdo da sugestão


para fixá-la naquela posição na página.
Dica: Configure o Firefox Sync para sincronizar suas Su-
gestões fixadas entre os seus outros computadores.
Como faço para configurar o Sync no meu computa-
Remover dor?
O Sync permite compartilhar seus dados e preferências
(como favoritos, histórico, senhas, abas abertas, Lista de Lei-
tura e complementos instalados) com todos os seus dispositi-
vos. Aprenda como configurar o Firefox Sync.
Importante: O Sync requer a versão mais recente do Fire-
fox. Certifique-se de que você atualizou o Firefox em quais-
quer computadores ou dispositivos Android.
Configurar o Sync requer duas partes: A criação de uma
conta no seu dispositivo principal e entrar nesta conta usando
outros dispositivos. Aqui estão os passos em detalhes:
Clique no “X” no canto superior direito do site para excluí - Crie uma conta do Sync
-lo da página. Clique no botão de menu   e depois em Entrar no Sync.
Nota: Se acidentalmente remover um site, pode recupe- A página de acesso será aberta em uma nova aba.
rá-lo clicando em Desfazer no topo da página. Se muitos sites
foram removidos clique em Restaurar tudo.

Reorganizar

Nota: Se não visualizar uma seção do Sync no menu, você


ainda está usando uma versão antiga do Sync. 
Clique no botão Começar.
Preencha o formulário para criar uma conta e clique
em Sign Up. Anote o endereço de e-mail e a senha usada,
você precisará disso mais tarde para entrar.
Verifique nas suas mensagens se recebeu o link de veri-
ficação e clique nele para confirmar seu endereço de e-mail.
Clique e arraste uma Sugestão para dentro da posição Você já está pronto para começar a usar!
que desejar. Ela será “fixada” nesse novo local.
Adicionar um dos seus favoritos Conecte dispositivos adicionais ao Sync
Você também pode abrir a biblioteca de favoritos e arras- Tudo que precisa fazer é entrar e deixar o Sync fazer o
tá-los para a página Nova Aba. resto. Para entrar você precisa do endereço de e-mail e a se-
Antes de iniciar, configure o Firefox para lembrar o his- nha que usou no começo da configuração do sync.
tórico. Clique no botão de menu   , e, em seguida, clique
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os em Entrar no Sync.
favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Clique no botão Começar para abrir a página Crie uma
Arraste um favorito para dentro da posição que você qui- conta Firefox.
ser. Clique no link Already have an account? Sign in na parte
inferior da página.

92
INFORMÁTICA

Na janela Propriedades do favorito você pode modificar


qualquer um dos seguintes detalhes:
Nome: O nome que o Firefox exibe para os favoritos em
menus.
Pasta: Escolha em que pasta guardar seu favorito selecionan-
do uma do menu deslizante (por exemplo, o Menu Favoritos ou
a Barra dos favoritos). Nesse menu, você também pode clicar em
Selecionar... para exibir uma lista de todas as pastas de favoritos.
Tags: Você pode usar tags para ajudá-lo a pesquisar e or-
ganizar seus favoritos. Quando você terminar suas modifica-
ções, clique em Concluir para fechar a caixa.

Insira o e-mail e a senha que você usou para criar sua Onde posso encontrar meus favoritos?
nova conta do Sync. A forma mais fácil de encontrar um site para o qual você
Depois que você tiver entrado, o Firefox Sync começará a criou um favorito é digitar seu nome na Barra de Endereços.
sincronização de suas informações através dos seus disposi- Enquanto você digita, uma lista de sites que já você visitou,
tivos conectados. adicionou aos favoritos ou colocou tags aparecerá. Sites com
favoritos terão uma estrela amarela ao seu lado. Apenas clique
Remover um dispositivo do Sync em um deles e você será levado até lá instantaneamente.
Clique no botão   para expandir o Menu.
Clique no nome da sua conta no Sync (geralmente seu
endereço de e-mail) para abrir as preferências do Sync.
Clique em Desconectar. Seu dispositivo não será mais sin-
cronizado.

Crie favoritos para salvar suas páginas favoritas


Os favoritos são atalhos para as páginas da web que você
mais gosta.
Como eu crio um favorito?
Fácil — é só clicar na estrela! Como eu organizo os meus favoritos?
Para criar um favorito, clique no ícone da estrela na Barra Na Biblioteca, você pode ver e organizar todos os seus fa-
de ferramentas. A estrela ficará azul e seu favorito será adicio- voritos.
nado na pasta “Não organizados”. Pronto! Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os
favoritos para abrir a janela da Biblioteca.

Dica: Quer adicionar todas as abas de uma só vez? Clique


com o botão direito do mouse em qualquer aba e selecio-
ne Adicionar todas as abas.... Dê um nome a pasta e escolha
onde quer guardá-la. Clique adicionar favoritos para finalizar.
Como eu mudo o nome ou onde fica guardado um favorito?
Para editar os detalhes do seu favorito, clique novamente
na estrela e a caixa Propriedades do favorito aparecerá.

Por padrão, os favoritos que você cria estarão localizados


na pasta “Não organizados”. Selecione-a na barra lateral da ja-
nela “Biblioteca” para exibir os favoritos que você adicionou. Dê
um clique duplo em um favorito para abri-lo.
Enquanto a janela da Biblioteca está aberta, você também
pode arrastar favoritos para outras pastas como a “Menu Fa-
voritos”, que exibe seus favoritos no menu aberto pelo botão
Favoritos. Se você adicionar favoritos à pasta “Barra de favo-
ritos”, eles aparecerão nela (embaixo da Barra de navegação).

93
INFORMÁTICA

Criando novas pastas


Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os
favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que irá
conter a nova pasta, então selecione Nova pasta....

Como eu ativo a Barra de favoritos?


Se você gostaria de usar a Barra de Favoritos, faça o se-
ginte:
Clique no botão e escolhe Personalizar.
Clique na lista Exibir/ocultar barras e no final selecione
Barra dos favoritos.
Clique no botão verde Sair da personalização.

Removendo apenas uma página dos Favoritos


Acesse a página que deseja remover nos Favoritos. Na janela de nova pasta, digite o nome e (opcionalmente)
Clique no ícone da estrela à direita da sua barra de pes- uma descrição para a pasta que você deseja criar.
quisa.
Adicionando favoritos em pastas
Na janela Editar este favorito, clique Remover Favorito.
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os
favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique na pasta que contém atualmente o favorito que
você deseja mover.
Arraste o favorito sobre a pasta e solte o botão para mo-
ver o favorito para a pasta.

Ordenando por nome


Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os
favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
Clique com o botão direito do mouse na pasta que deseja
Removendo mais de uma página ou pasta dos Favoritos ordenar e selecione Ordenar pelo nome. Os Favoritos serão
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os colocados em ordem alfabética.
favoritos para abrir a janela da Biblioteca.
No painel esquerdo da janela do gerenciador, clique na
pasta que deseja visualizar. Seu conteúdo será mostrado no
painel direito.
No painel direito, selecione os itens que deseja remover.
Com os itens a serem removidos selecionado, clique no
botão Organizar e selecione Excluir.

As alterações efetuadas na janela Biblioteca será refletido


na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.

94
INFORMÁTICA

Reorganizando manualmente Dica: Mais opções de configuração da página inicial estão


disponíveis na janela Opções .
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os
favoritos para abrir a janela da Biblioteca. Clique no botão menu e depois em Opções, na janela
Clique na pasta que contém o favorito que você deseja que foi aberta vá para o painel Geral.
mover para expandi-la. A partir do menu drop-down, selecione Abrir página em
Clique no favorito que você quer mover e arraste-o para a branco na inicialização ou Restaurar janelas e abas anteriores.
posição desejada. Clicando em Usar as páginas abertas, as páginas que
estiverem abertas serão configuradas como páginas iniciais,
abrindo cada página em uma aba separada.

Para restaurar as configurações da página inicial, siga os


seguintes passos:
Clique no botão , depois em Opções
Selecione o painel Geral.
Clique no botão Restaurar o padrão localizado logo abai-
xo do campo Página Inicial.

Para mover um favorito para uma pasta diferente, arraste


-o para cima da pasta.
As alterações efetuadas na janela Biblioteca serão refleti-
das na barra lateral, no menu e no botão de favoritos.

Ordenar visualizações na janela Biblioteca


Para ver os seus favoritos em várias ordens de classificação,
use a janela Biblioteca:
Clique no botão favoritos e depois em Exibir todos os Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
favoritos para abrir a janela da Biblioteca. feitas serão salvas automaticamente.
No painel esquerdo, clique na pasta que deseja visualizar.
O conteúdo será exibido no painel da direita. Sugestões de pesquisa no Firefox
Clique no botão Exibir, selecione Ordenar e depois es- Muitos mecanismos de pesquisa (incluindo Yahoo, Goo-
colha uma ordem de classificação. gle, Bing e outros) fornecem sugestões de pesquisa, as quais
A ordem de classificação na janela Biblioteca é apenas para são baseadas em pesquisas populares que outras pessoas
visualização, e não vai ser refletido na barra lateral, no menu ou fazem e que estão relacionadas com uma palavra ou pala-
no botão de favoritos. vras que você inserir. Quando as Sugestões de Pesquisa estão
ativadas, o texto que você digita em um campo de pesquisa
Definindo a Página Inicial é enviado para o mecanismo de busca, o qual analisa as pala-
Veja como abrir automaticamente qualquer página web na vras e exibe uma lista de pesquisas relacionadas.
inicialização do Firefox ou clicando no botão Página inicial .
Abra a página web que deseja definir como sua página inicial.
Clique e arraste a aba para cima do botão Página Inicial .

Clique em Sim para definir esta página como sua página inicial.

95
INFORMÁTICA

Como as sugestões de pesquisa funcionam Enquanto você digita na busca da barra de ferramentas,
Se você ver uma sugestão de pesquisa que corresponde o seu mecanismo de pesquisa padrão mostra sugestões para
ao que você está procurando, clique nela para ver resultados ajudá-lo a procurar mais rápido. Essas sugestões são basea-
para aquele termo de pesquisa. Isso pode poupar tempo e das em pesquisas populares ou em suas pesquisas anteriores
ajudar você a encontrar o que está procurando com menos (se estiver ativado).
digitação. Ativar as sugestões de pesquisa enviará as palavras-
chave que você digita num campo de busca para o mecanis-
mo de pesquisa padrão - a menos que pareça que você está
digitando uma URL ou hostname. Os campos de pesquisa
incluem:
- a barra de pesquisa
- páginas iniciais (como mostrado na imagem acima)
- a barra de endereço (onde as Sugestões de Pesquisa
podem ser desativadas separadamente)
O mecanismo de pesquisa padrão pode coletar essas in-
formações de acordo com os termos da política de privacida-
de deles, e os usuários preocupados sobre essas informações
sendo coletadas podem desejar não ativar as sugestões de
pesquisa. As sugestões de pesquisa estão desativadas por
padrão no modo de Navegação Privada. Você deve ativá-las
explicitamente em uma janela de navegação privativa para
ativá-las nesse modo.

Ativando ou desativando as sugestões de pesquisa


As sugestões de pesquisa podem ser ativadas ou desa-
tivadas a qualquer momento marcando ou desmarcando a
Pressione Enter para pesquisar usando o seu mecanismo
caixa Fornecer sugestões de pesquisa na seção Pesquisar das
de pesquisa padrão, ou selecione outro mecanismo de pes-
opções do Firefox:
quisa clicando no logotipo.

Mecanismos de pesquisa disponíveis


O Firefox vem com os seguintes mecanismos de pesquisa
por padrão:
- Google para pesquisar na web através do Google
Nota: O padrão de busca do Google é criptografado para
evitar espionagem.
- Yahoo para pesquisar na web através do Yahoo
- Bing para pesquisar na web através do Microsoft Bing
- BuscaPé para procurar comparações de preços, produ-
tos e serviços no site BuscaPé.
- DuckDuckGo como mecanismo de pesquisa para para
usuários que não querem ser rastreados.
Para ver sugestões de pesquisa na barra de endereços, - Mercado Livre para procurar por itens à venda ou em
marque a opção Mostrar sugestões de pesquisa na barra de leilão no Mercado Livre
localização. - Twitter para procurar pessoas no Twitter
- Wikipédia (pt) para pesquisar na enciclopédia online
Usando a Barra de Pesquisa gratuita Wikipédia Portuguesa.
Basta digitar na barra de Pesquisa na sua barra de ferra-
mentas ou na página de Nova Aba. Gerenciador de Downloads
A Biblioteca e o painel de downloads controlam os arqui-
vos baixado pelo Firefox. Aprenda a gerenciar seus arquivos e
configurar as definições de download.

Como faço para acessar meus downloads?


Você pode acessar seus downloads facilmente clicando
no icone download (a seta para baixo na barra de ferramen-
tas). A seta vai aparecer azul para que você saiba que exis-
tem arquivos baixados.
Durante um download, o icone de download muda para
um timer que mostra o progresso do seu download. O timer
volta a ser uma seta quando o download for concluído.

96
INFORMÁTICA

Como posso gerenciar meus arquivos baixados?


No painel Downloads e na sua Biblioteca, existe um bo-
tão icone a direita de cada arquivo que muda de acordo com
o progresso atual do download.

Clique no icone download para abrir o painel de down-


loads. O painel Downloads exibe os últimos três arquivos baixa-
dos, juntamente com o tempo, tamanho e fonte do download:

Pausar: Você pode pausar qualquer download em pro-


gresso clicando com o botão direito no arquivo e selecio-
nando Pausar. Isto pode ser útil, por exemplo, se você pre-
cisa abrir um pequeno download que começou depois de
um download grande. A Pausa de downloads lhe dá a opção
de decidir qual dos seus downloads são mais importantes.
Quando você quiser continuar o download desses arquivos,
clique com o botão direito no arquivo e selecione Continue.
Cancelar : Se depois de iniciar o download você deci-
dir que não precisa mais do arquivo, cancelar o download é
simples: apenas clique no botão X ao lado do arquivo. Este
botão se transformará em um símbolo de atualização, clique
Para ver todos os seus downloads, acesse a Biblioteca
novamente para reiniciar o download.
clicando em Exibir todos os downloads na parte inferior do
Abrir o arquivo: Quando o download acabar, você pode
painel de Downloads.
dar um clique no arquivo para abrir-lo.
Abrir pasta : Uma vez que o arquivo tenha concluído
o download, o ícone à direita da entrada do arquivo torna-se
uma pasta. Clique no ícone da pasta para abrir a pasta que
contém esse arquivo.
Remover arquivo da lista: Se você não quiser manter o
registro de um determinado download, simplesmente clique
com o botão direito no arquivo, então selecione Excluir da
lista. Isto irá remover a arquivo da lista, mas não vai apagar
o arquivo em si.
Repetir um download : Se por qualquer razão um do-
wnload não completar, clique no botão a direita do arquivo
- um simbolo de atualizar - para reiniciar.
Limpar downloads: Clique no botão Limpar Downloads
no topo da janela da Biblioteca para limpar todo o histórico
de itens baixados.

A Biblioteca mostra essas informações para todos os seus Como deixar o Firefox em tela inteira
arquivos baixados, a menos que você tenha removido eles do Tela inteira é um recurso do Firefox que permite que ele
seu histórico. ocupe a tela toda, ótimo para aquelas telinhas apertadas de
netbooks, aproveitando o máximo da sua HDTV ou só por-
que quer!

Ative o modo Tela inteira


Maior é melhor! Preencha sua tela com o Firefox.
Clique no botão menu no lado direito da barra de
ferramentas e selecione Tela inteira.

97
INFORMÁTICA

Histórico de navegação e downloads: Histórico de nave-


gação é a lista de sites que você visitou que são exibidos no
menu Histórico, a lista do Histórico na janela Biblioteca e a
lista de endereços da função de completar automaticamente
da Barra de endereços. Histórico dos downloads é a lista de
arquivos que foram baixados por você e são exibidos na ja-
nela Downloads.
Dados memorizados de formulários e Barra de Pesqui-
sa: O histórico de dados memorizados de formulários inclui
os itens que você preencheu em formulários de páginas web
para a funcionalidade de Preenchimento Automático de For-
mulários. O histórico da Barra de Pesquisa inclui os itens que
você pesquisou na Barra de Pesquisa do Firefox.
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os web-
sites que você visita, tais como o estado da sua autentica-
ção e preferências do site. Também incluem informações e
preferências do site armazenadas por plugins como o Adobe
Desative o modo Tela inteira Flash. Cookies podem também ser usados por terceiros para
Traga o meu computador de volta! Encolha o Firefox para rastreá-lo entre páginas.
seu tamanho normal. Nota: Para poder limpar cookies criados pelo Flash você
Mova o mouse para o topo da tela para fazer a barra de precisa estar usando a versão mais recente do plugin.
ferramentas reaparecer Cache: O cache armazena arquivos temporariamente,
Clique no botão menu no lado direito da barra de fer- tais como páginas web e outras mídias online, que o Firefox
ramentas e selecione Tela inteira. baixou da Internet para tornar o carregamento das páginas e
Atalhos de teclado sites que você já visitou mais rápido.
Para aqueles de boa memória. Use a tela inteira através Logins ativos: Caso você tenha se logado em um websi-
do teclado. te que usa autenticação HTTP desde a vez mais recente que
Atalho para alternar o modo Tela inteira: Pressione a tecla você abriu o Firefox, este site é considerado “ativo”. Ao limpar
F11. estes registros você sai destes sites.
Nota: Em computadores com teclado compacto (como Dados offline de sites: Se você permitir, um website pode
netbooks e laptops), pode ser necessário usar a combinação guardar informações em seu computador para que você pos-
de teclas fn + F11. sa continuar a utilizá-lo mesmo sem estar conectado à Inter-
net.
Histórico Preferências de sites: Preferências de sites, incluindo o ní-
Toda vez que você navega na internet o Firefox guarda vel de zoom salvo para cada página específica, codificação
várias informações suas, como por exemplo: sites que você de caracteres e as permissões de páginas (como excessões
visitou, arquivos que você baixou, logins ativos, dados de para bloqueadores de anúncios) estão descritas em janela de
formulários, entre outros. Toda essa informação é chamada Propriedades da Página.
de histórico. No entanto, se estiver usando um computador
público ou compartilha um computador com alguém, você Como limpo meu histórico?
pode não querer que outras pessoas vejam esses dados. Clique no botão de menu , selecione Histórico e, em
Que coisas estão incluídas no meu histórico? seguida, Limpar dados de navegação….
Selecione o quanto do histórico você deseja limpar:
Clique no menu suspenso ao lado de Intervalo de tem-
po a limpar para escolher quanto de seu histórico o Firefox
limpará.

Em seguida, clique na seta ao lado de Detalhes para se-


lecionar exatamente quais informações você quer que sejam
limpas.

98
INFORMÁTICA

Após selecionar os itens a serem limpos, clique em OK


Finalmente, clique no botão Limpar agora. A janela será para fechar a janela Configurações para a limpeza do histó-
fechada e os itens selecionados serão limpos. rico.
Como faço para o Firefox limpar meu histórico automa- Feche a janela about:preferences. Quaisquer alterações
ticamente? feitas serão salvas automaticamente.
Se você precisa limpar seu histórico sempre que usar o Como faço para remover um único site do meu histórico?
Firefox, você pode configurá-lo para que isso seja feito au- Clique no botão , depois em Histórico, em seguida, cli-
tomaticamente assim que você sair, assim você não esquece. que no link no final da lista Exibir todo o histórico, para abrir
Clique no botão , depois em Opções a janela da Biblioteca.
Selecione o painel Privacidade. Use o campo Localizar no histórico no canto superior di-
Defina O Firefox irá: para Usar minhas configurações. reito e pressione a tecla Enter para procurar pelo site que você
deseja remover do histórico.
Nos resultados da busca, clique com o botão direito no
site que você deseja remover, e selecione Limpar tudo sobre
este site. Ou simplesmente selecione o site que deseja excluir
e pressione a tecla ‘Delete’.
Todos os dados de histórico (histórico de navegação e
downloads, cookies, cache, logins ativos, senhas, dados de
formulários, exceções para cookies, imagens, pop-ups) do site
serão removidos.

Marque a opção Limpar histórico quando o Firefox fechar.

Para especificar que tipos de histórico devem ser limpos,


clique no botão Configurar..., ao lado de Limpar histórico
quando o Firefox fechar.
Na janela Configurações para a limpeza do histórico, Finalmente, feche a janela Biblioteca.
marque os itens que você quer que sejam limpos automatica-
mente sempre que você sair do Firefox. O leitor de PDF
O visualizador de PDF integrado de maneira nativa ao na-
vegador. Isto significa que agora não é mais necessário ter
que instalar um plugin externo no Mozilla Firefox para fazê-lo
visualizar um documento neste formato. Este visualizador, in-

99
INFORMÁTICA

clusive, funciona da mesma forma como ocorre no Google Seção Impressoras:


Chrome, que também suporta a visualização de arquivos PDF Clique no menu drop-down ao lado de Name para mudar
nativamente. qual a impressora imprimirá a página que você está vendo.
Agora, sempre que você clicar em um documento PDF no Nota: A impressora padrão é a do Windows. Quando uma
navegador, ele será aberto diretamente na tela. Os controles página da web é impressa com a impressora selecionada, ela
são exibidos na parte superior, com os quais você pode sal- se torna a impressora padrão do Firefox.
var ou imprimir o documento, bem como usar recursos como Cique em Propiedades... para mudar o tamanho do papel,
zoom, ou ir diretamente para uma página específica. Também qualidade de impressão e outras configurações específicas da
é possível alternar para o modo de apresentação e exibir o impressora.
PDF em tela cheia. Seção Intervalo de impressão - Especifique quais páginas
Durante os testes realizados, conseguimos abrir vários da página web atual será impressa:
PDFs em diversas abas sem nenhum problema, já que não Selecione Tudo para imprimir tudo.
houve travamentos. O segredo por trás do leitor é que ele Selecione Páginas e coloque o intervalo de páginas que
converte os PDFs para o HTML 5. você quer imprimir. Por exemplo, selecionando “de 1 a 1” im-
primirá somente a primeira página.
Imprimindo uma página web Selecione Seleção para imprimir somente a parte da pá-
gina que você selecionou.
Clique no menu e depois em Imprimir. Seção Cópias - Especifique quantas cópias você quer im-
primir.
Se colocar mais do que 1 no campo Número de cópias,
você também pode escolher se quer agrupá-las. Por exemplo,
se você escolheu fazer 2 cópias e selecionou Juntar, elas serão
impressas na ordem 1, 2, 3, 1, 2, 3. Caso contrário, elas serão
impressas na ordem 1, 1, 2, 2, 3, 3.
Nota: As seguintes configurações são salvas como prefe-
rências do Firefox em uma base por impressora.
SeçãoImprimir bordas - Se você está vendo uma página
web com bordas, poderá selecionar como as bordas serão
impressas:

Na janela de impressão que foi aberta, ajuste as configu-


rações do que você está prestes a imprimir, se for necessário.
Clique em OK para iniciar a impressão.
Janela de configurações de impressão

Como apresentado na tela irá imprimir da mesma forma


que você vê a página web no Firefox.
O campo selecionado irá imprimir somente o conteúdo
dentro da última borda que você clicou.
Cada campo separadamente irá imprimir o conteúdo de
todas as bordas, mas em páginas separadas.
Mudando a configuração da página
Para alterar a orientação da página, alterar se as cores
e imagens de fundo são impressas, as margens da página,
o que incluir no cabeçalho e rodapé das páginas impressas,
na parte superior da janela do Firefox, clique no botão Fire-
fox, veja mais em Imprimir... (menu Arquivo no Windows XP)
e selecione Configurar página.... A janela de configuração de
página irá aparecer.
Nota: As seguintes configurações são salvas como prefe-
rências do Firefox em uma base por impressora.

100
INFORMÁTICA

Formato e Opções Na aba Margens e Cabeçalhos/Rodapé você pode alterar:


Margens: Você pode colocar a largura da margem sepa-
radamente para cima, baixo, esquerda e direita.
Cabeçalho e Rodapé: Use os menus dropdown para sele-
cionar o que irá aparecer na página impressa. O valor do dro-
pdown superior esquerdo aparece no canto superior esquer-
do da página; o valor do dropdown superior central aparece
na parte superior central da página, e assim por diante. Você
pode escolher entre:
--em branco--: Nada será impresso.
Título: Imprime o título das páginas web.
Endereço: Imprime o endereço das páginas web.
Data/Hora: Imprime a data e hora em que a página foi
impressa.
Página #: Imprime o número da página.
Página # de #: Imprime o número da página e o total de
páginas.
Personalizar...: Coloque seu próprio texto de cabeçalho
ou rodapé. Isso pode ser usado pra mostrar o nome da em-
presa ou organização no alto ou na parte de baixo de toda
página impressa.
Na aba Formato e Opções você pode alterar: Clique em OK para concluir as alterações e fechar a janela
Formato: de configuração de páginas.
Selecione Retrato para a maioria dos documentos e pá-
ginas web. Visualizar impressão
Selecione Paisagem para páginas e imagens largas. Para ver como a página web que você quer imprimir fi-
Escala: Para tentar uma página web em menos folhas im- cará quando impressa, na parte superior da janela do Firefox,
pressas, você pode ajustar a escala. Reduzir para caber ajusta clique no botão Firefox, veja mais em Imprimir...(menu Arqui-
automaticamente a escala. vo no Windows XP), e selecione Visualizar impressão.
Opções: Selecione Imprimir cores e imagens de fundo A janela de pré-visualização permite mudar algumas das
para que o Firefox imprima as páginas com cor e imagens de opções descritas acima. Acesse a janela de impressão clicando
fundo como elas são mostradas na tela, caso contrário, Firefox em Imprimir..., ou a janela de configuração de página clicando
imprimirá com o fundo branco. em Configurar página.... Clique nas setas ao lado do campo
Margens e Cabeçalho/ Rodapé Página: para trocar as páginas do documento. As setas duplas
mudam para a primeira ou última página, as setas únicas vão
para a próxima página ou a anterior. Você também pode ajus-
tar a escala e o formato (veja acima).

Clique em Fechar para sair da visualização da impressão.


Firefox Hello - conversas por vídeo e voz online
O Firefox Hello lhe deixa navergar e discutir páginas web
com seus amigos diretamente no navegador. Tudo que você
precisa é uma webcam (opcional), um microfone, e a versão
mais recente do Firefox para ligar para os amigos que estão
em navegadores suportados pelo WebRTC como Firefox,
Chrome, ou Opera.
Nota: O Firefox Hello não está disponível na Navegação
Privada.
Iniciar uma conversa
Clique no botão Hello .
Clique em Navegar nessa página com um amigo.

101
INFORMÁTICA

Navegação Privativa
Quando navega na web, o Firefox lembra de varias in-
formação para você - como os sites visitados. No entanto,
pode haver momentos em que não deseja que outros usuá-
rios tenham acesso a tais informações, como quando estiver
comprando um presente de aniversário. A navegação privati-
va permite que navegue na internet sem salvar informações
sobre os sites e páginas visitadas.
A navegação privativa também inclui Proteção contra
rastreamento na navegação privada, a qual impede que seja
rastreado enquanto navega.
Mostraremos a você como funciona.
Importante: A navegação privativa não o torna anônimo
na Internet. Seu provedor de acesso a internet ou os próprios
sites ainda podem rastrear as páginas visitadas. Além disso, a
Use as seguintes opções para convidar seus amigos: navegação privativa não o protege de keyloggers ou spywa-
res que podem estar alojados em seu computador

Como abrir uma nova janela privativa?


Existem duas maneiras de se abrir uma nova Janela Pri-
vativa.
Abrir uma nova Janela Privativa vazia
Clique no botão de menu e depois em Nova janela
privativa.

Copie e cole o link para a sua ferramenta de mensagens


preferida clicando em Copiar Link.
Envie o link por e-mail para o seu amigo clicando no bo-
tão Enviar link por E-mail. Isso abrirá sua aplicação de e-mail
padrão.

Compartilhar no Facebook.
Quando seu amigo se juntar à conversa, você verá um
alerta.
Para encerrar a chamada, clique em .
Se juntar a uma conversa
Abrir um link em nova janela privativa
Recebeu um convite? Se juntar a uma conversa é fácil! Clique com o botão direito do mouse e escolha Abrir link
Apenas clique no link do seu convite e clique no botão na em uma nova janela privativa no menu contextual.
página para entrar na conversa.

Controlar suas notificações


Você pode desligar as notificações no Firefox se você pre-
ferir não ser notificado quando um amigo se juntar:
Clique no botão do Hello .
Clique na engrenagem na parte de baixo do painel e es-
colha Desligar notificações.

102
INFORMÁTICA

Dica: Janelas de navegação privativas tem uma máscara


roxa no topo.

O botão de Identidade do Site estar na barra de endereço


à esquerda do endereço web. Mais comumente, quando vi-
sualizando um site seguro, o botão de Identidade do Site será
um cadeado verde.

O que a navegação privativa não salva?


Páginas visitadas: Nenhuma página será adicionada à lista
de sites no histórico, lista de história da janela da Biblioteca, ou No entanto, em algumas circunstâncias raras, ele também
na lista de endereços da Awesome Bar. pode ser um cadeado verde com um triângulo de alerta cinza,
Entradas em formulário e na barra de pesquisa: Nada digi- um cadeado cinza com um triângulo de alerta amarelo, ou um
tado em caixas de texto em páginas web ou na barra de busca cadeado cinza com uma linha vermelha.
será salvo para o autocomplete.
Senhas: Nenhuma senha será salva.
Lista de arquivos baixados: os arquivos que você baixar não
serão listados na Janela de Downloads depois de desativar a Nota: Clicando no botão à esquerda da barra de ende-
Navegação Privativa. reço nos traz o Centro de Controle, o qual lhe permite visuali-
Cookies: Cookies armazenam informações sobre os sites que zar mais informações detalhadas sobre o estado de seguran-
você visita como preferências, status de login, e os dados utiliza- ça da conexão e alterar algumas configurações de segurança
dos por plugins, como o Adobe Flash. Cookies também podem e privacidade. Aviso: Você nunca deve enviar qualquer tipo de
ser utilizados por terceiros para rastreá-lo através dos sites. informação sensível (informação bancária, dados de cartão de
Conteúdo web em Cache e Conteúdo Web off-line e de crédito, Números de Seguridade Social, etc.) para um site sem
dados do usuário ‘: Nenhum arquivo temporário da Internet (ca- o ícone de cadeado na barra de endereço - neste caso não é
che) ou arquivos armazenados para o uso off-line serão salvo. verificado que você está se comunicando com o site preten-
Nota: dido nem que seus dados estão seguros contra espionagem!
Favoritos criados ao usar a Navegação Privativa serão sal-
vos. Cadeado verde
Todos os arquivos que você baixar para o seu computador Um cadeado verde (com ou sem um nome de organiza-
durante o uso de navegação privada serão salvos. ção) indica que:
O Firefox Hello não está disponível na navegação privativa. Você está realmente conectado ao website cujjo endere-
Posso definir o Firefox para sempre usar a navegação pri- ço é exibido na barra de endereço; a conexão não foi inter-
vativa? ceptada.
O Firefox está definido para lembrar o histórico por padrão, A conexão entre o Firefox e o website é criptografada
mas você pode alterar essa configuração de privacidade no para evitar espionagem.
Firefox Opções (clique no menu Firefox , escolha Opções e
selecione o painel Privacidade). Quando alterar a configuração
do histórico para nunca lembrar o histórico, isto equivale a estar
sempre no modo de navegação privativa.
Importante: Quando o firefox está definido para nunca
lembrar o histórico você não verá uma máscara roxa na par- Um cadeado verde mais o nome da empresa ou organi-
te superior de cada janela, mesmo que esteja efetivamente no zação, também em verde, significa que o website está usando
modo de navegação privativa. Para restaurar a navegação nor- um Certificado de Validação Avançada. Um certificado de Va-
mal, vá para o painel privacidade Opções e defina o Firefox para lidação Avançada é um tipo especial de certificado do site que
lembrar o histórico. requer um processo de verificação de identidade significati-
Outras formas de controlar as informações que o Firefox vamente mais rigoroso do que outros tipos de certificados.
salva
Você sempre pode remover a navegação recente, as pes-
quisas e histórico de download depois de visitar um site.

Como saber se a minha conexão com um site é segura?


O botão de Identidade do Site (um cadeado) aparece na
sua barra de endereço quando você visita um site seguro. Para sites usando certificados VE, o botão de identidade
Você pode descobrir rapidamente se a conexão para o site do site exibe tanto um cadeado verde e o nome legal da com-
que estar visualizando é criptografado. Isso deve lhe ajudar a panhia ou organização do website, então você sabe quem
evitar sites maliciosos que estão tentando obter sua informa- está operando ele. Por exemplo, isto mostra que o mozilla.org
ção pessoal. é de propriedade da Fundação Mozilla.

103
INFORMÁTICA

Cadeado verde com um triângulo cinza de alerta deve clicar em Exceções…, digitar o endereço do site e clicar
Um cadeado verde com um triângulo cinza de alerta em Permitir. Desmarque essa opção para desativar esse avi-
indica que o site é seguro; no entanto, o firefox bloqueou o so para todos os sites.
conteúdo inseguro e, assim, o site pode não necessariamente Bloquear sites avaliados como focos de ataques: Marque
exibir ou funcionar inteiramente correto. isso se você quer que o Firefox verifique se o site que você
está visitando pode ser uma tentativa de interfirir nas funções
Cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta normais do computador ou mandar dados pessoais sobre
Um cadeado cinza com um triângulo amarelo de alerta você sem autorização através da Internet.
indica que a conexão entre o Firefox e o website é apenas A ausência deste aviso não garante que o site seja con-
parcialmente criptografada e não impede espionagem. fiável.
Bloquear sites avaliados como falsos: Marque isso se você
quer que o Firefox verifique ativamente se o site que você está
visitando pode ser uma tentativa de enganar você fazendo
com que passe suas informações pessoais (isto é frequente-
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível (in- mente chamado de “phishing”).
formação bancária, dados de cartão de crédito, Números de
Seguridade Social, etc.) para sites onde o botão de identidade Logins
do site tem o ícone de triângulo de alerta amarelo. Memorizar logins de sites: I Firefox pode salvar com segu-
Cadeado cinza com um traço vermelho rança senhas que você digita em formulários web para facilitar
Um cadeado cinza com um traço vermelho indica que a seu acesso aos websites. Desmarque essa opção para impedir
conexão entre o Firefox e o website é apenas parcialmente o Firefox de memorizar suas senhas. No entanto, mesmo com
criptografada e não previne contra espionagem ou ataque isso marcado, você ainda será questionado se deseja salvar
man-in-the-middle. ou não as senhas para um site quando você visitá-lo pela pri-
meira vez. Se você selecionar Nunca para este site, aquele site
será adicionado à uma lista de exceções. Para acessar essa
lista ou para remover sites dela, clique no botão Exceções….
Usar uma senha mestra: O Firefox pode proteger infor-
Esse ícone não aparecerá a menos que você manualmen- mações sensíveis, como senhas salvas e certificados, cripto-
te desativou o bloqueio de conteúdo misto. grafando eles usando uma senha mestra. Se você criar uma
Nota: Não envie qualquer tipo de informação sensível senha mestra, cada vez que você iniciar o Firefox, será solicita-
(informação bancária, dados de cartão de crédito, números do que você digite a senha na primeira vez que for necessário
de seguridade social, etc.) para sites onde o botão de iden- acessar um certificado ou uma senha salva. Você pode definir,
tidade do site tem o ícone de um cadeado cinza com uma
alterar, ou remover a senha mestra marcando ou desmarcan-
listra vermelha.
do essa opção ou clicando no botão Modificar senha mes-
tra…. Se uma senha mestra já estiver definida, você precisará
Configurações de segurança e senhas
digitá-la para alterar ou remover a senha mestra.
Este artigo explica as configurações disponíveis no painel
Você pode gerenciar senhas salvas e excluir senhas indivi-
Segurança da janela Opções do Firefox.
duais clicando no botão Logins salvos….
O painel Segurança contém Opções relacionadas à sua
segurança ao navegar na internet.
Encontrar e instalar complementos para adicionar
funcionalidades ao Firefox
Complementos são como os aplicativos que você instala
para adicionar sinos e assobios para o Firefox. Você pode ob-
ter complementos para comparar preços, verificar o tempo,
mudar o visual do Firefox, ouvir música, ou mesmo atualizar o
seu perfil no Facebook. Este artigo aborda os diferentes tipos
de complementos disponíveis e como encontrar e instalá-los.
Existem três tipos de complementos:
- Extensões
Extensões adicionam novas funcionalidades ao Firefox ou
modificam as já existentes. Existem extensões que permitem
Configurações de Segurança bloquear anúncios, baixar vídeos de sites, integrar o Firefox
Alertar se sites tentarem instalar extensões ou temas com sites, como o Facebook ou o Twitter, e até mesmo adi-
O Firefox sempre pedirá a sua confirmação para a insta- cionar recursos de outros navegadores.
lação de complementos. Para evitar que tentativas de insta- - Aparência
lação não requisitadas resultem em instalações acidentais, Existem dois tipos de complementos de aparência: temas
o Firefox exibe um aviso quando um site tentar instalar um completos, que mudam a aparência de botões e menus, e te-
complemento e bloqueia a tentativa de instalação. Para mas de fundo, que decoram a barra de menu e faixa de abas
permitir que sites específicos instalem complementos, você com uma imagem de fundo

104
INFORMÁTICA

- Plugins O Firefox irá fazer o download do complemento e pode


Plugins permitem adicionar suporte para todos os tipos pedir que você confirme a sua instalação.
de conteúdo da Internet. Estes geralmente incluem forma- Clique em Reiniciar agora se ele aparecer. Seus abas
tos patenteados como o Flash, QuickTime e Silverlight que serão salvas e restauradas após a reinicialização.
são usados para vídeo, áudio, jogos on-line, apresentações Algumas extensões colocam um botão na barra de fer-
e muito mais. Plugins são criados e distribuídos por outras ramentas após a instalação..
empresas. Como desativar extensões e temas
Para visualizar quais complementos estão instalados: Ao desativar um complemento ele deixará de funcio-
Clique no botão escolha complementos. A aba com- nar sem ser removido:
plementos irá abrir. Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
Selecione o painel Extensões, Aparência ou Plugins. tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
Como faço para encontrar e instalar complementos? No gerenciador de complementos, selecione o pai-
Aqui está um resumo para você começar: nel Extensões ou Aparência.
Clique no botão de menu e selecione Complemen- Selecione o complemento que deseja desativar.
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos. Clique no botão Desativar.
No gerenciador de complementos, selecione o painel Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Rei-
Get Add-ons. niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
Para ver mais informações sobre um complemento ou reiniciar.
tema, clique nele. Você pode em seguida clicar no botão Para reativar um complemento, encontre-o na lista de
verde Adicionar ao Firefox para instalá-lo. complementos e clique em Ativar, será solicitado reiniciar
Você também pode pesquisar por complementos es- o Firefox.
pecíficos usando a caixa de busca na parte superior. Po-
dendo então instalar qualquer complemento que encon- Como desativar plugins
trar, com o botão Instalar. Ao desativar um plugin ele irá deixar de funcionar sem
ser removido:
Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Plugins.
Selecione o plugin que deseja desativar.
Selecione Nunca Ativar no menu de seleção.
Para reativar um plugin, encontre-o na sua lista de plu-
gins e clique em Sempre ativo no menu de seleção.

Como remover extensões e temas


Clique no botão de menu   e selecione Complemen-
tos para abrir a aba do gerenciador de complementos.
No gerenciador de complementos, selecione o pai-
nel Extensões ou Aparência.
Selecione o complemento que você deseja remover.
Clique no botão Excluir.
Se surgir uma mensagem em pop-up, clique em Rei-
niciar agora. As suas abas serão salvas e restauradas ao
reiniciar.

Como desinstalar plugins


Geralmente os plugins vem com seus próprios desins-
taladores. Se precisar de ajuda para desinstalar alguns dos
plugins mais populares, vá para lista de artigos de plugins e
selecione o artigo do respectivo plugin que você quer de-
sinstalar.

105
INFORMÁTICA

Configurações de Conteúdo Escolha se a fonte proporcional deverá ser com serifa


(como “Times New Roman”) ou sem serifa (como “Arial”), e
então especifique o tamanho padrão da fonte proporcional.
Especifique as fontes utilizadas para fontes com serifa,
sem serifa e monoespaçada (largura fixa). Você também pode
especificar o tamanho para as fontes monoespaçadas.
Você também pode especificar o tamanho mínimo de fonte
que pode ser exibido na tela. Isso pode ser útil em sites que utili-
zam tamanhos de fonte muito pequenos e pouco legíveis.
Páginas podem usar outras fontes: Por padrão, o Firefox
exibe as fontes especificadas pelo autor da página. Desative
essa opção para forçar todos os sites a usar as fontes padrão.
Codificação de texto para conteudo legado: A codificação
de caracteres selecionada nessa caixa será a codificação pa-
drão utilizada para exibir páginas que não especifiquem uma
codificação.
Diálogo de cores
Cores padrão: Aqui você pode modificar as cores padrão
de texto e fundo que serão utilizadas nas páginas em que
essas cores não foram especificadas por seu autor. Clique nas
amostras de cores para modificá-las.
Usar cores do sistema: Marque essa opção para usar as
cores de fonte e fundo definidas pelo seu Sistema Operacio-
DRM Content nal em vez das cores definidas acima.
Reproduzir conteúdo DRM: Por padrão, o Firefox per- Aparência padrão dos links: Aqui você pode modificar as
mite a reprodução de conteúdo de áudio e vídeo protegido cores padrão dos links das páginas. Clique nas amostras de
por Gerencimento de Direitos Digitais (DRM). Ao desmarcar cores para modificá-las.
esta opção essa funcionalidade será desligada. Sublinhar: Por padrão, o Firefox sublinha os links das pá-
ginas. Desmarque essa opção para modificar esse comporta-
Notificações mento. Note que vários sites especificam seus próprios estilos
O Firefox lhe permite escolher quais websites tem per- de links e nesses sites essa opção não tem efeito.
missão para lhe enviar notificações. Clique em Escolher para Páginas podem usar outras cores: Por padrão, o Firefox
fazer alterações na lista de sites permitidos. exibe as cores especificadas pelo autor da página. Desative
Não me perturbe: Selecione esta opção para suspender essa opção para forçar todos os sites a usar as cores padrão.
temporariamente todas as notificações até você fechar e rei- Idiomas
niciar o Firefox. Algumas páginas oferecem mais de um idioma para exi-
bição. Clique no botão Selecionar…para especificar o idioma
Pop-ups ou idiomas de sua preferência.
Bloquear janelas popup: Por padrão, o Firefox bloqueia Idiomas: Para adicionar um idioma à lista de idiomas cli-
janelas popup inconvenientes em sites da web. Desmarque que emSelecione um idioma para adicionar…, clique sobre o
essa opção para desativar o Bloqueador de Popups. Alguns idioma escolhido e clique no botãoAdicionar. Exclua um idio-
sites utilizam popups com funções importantes. Para permitir ma da lista selecionando-o e clicando no botão Excluir. Você
que sites específicos utilizem popups, clique em Exceções…, também pode reordenar os idiomas usando os botões Para
digite o domínio do site e clique em Permitir. Para excluir um cima e Para baixo para determinar a ordem de preferência no
site da lista de sites permitidos, selecione-o e clique em Ex- caso de haver mais de um idioma disponível.
cluir o site. Para limpar a lista completamente, clique em Ex-
cluir tudo. Use atalhos do mouse para executar tarefas comuns
no Firefox
Fontes e cores Esta é uma lista dos atalhos do mouse mais comuns no
Fonte padrão e Tamanho: Normalmente as páginas da Mozilla Firefox.
web são exibidas na fonte e tamanho especificados aqui.
Entretanto, páginas da web podem definir fontes diferentes, Comando Atalho
que serão exibidos a não ser que você especifique o contrá-
rio na janela Fontes. Clique no botãoAvançado… para acessar Voltar Shift + Rolar para baixo
mais opções de fontes. Avançar Shift + Rolar para cima
Diálogo de fontes Aumentar Zoom Ctrl + Rolar para cima
Na lista Fontes padrão para, escolha um grupo de carac-
teres/idioma. Por exemplo, para configurar o grupo de fontes Diminuir Zoom Ctrl + Rolar para baixo
padrão dos idiomas ocidentais (latinos), clique em Latin.. Para Clicar com botão do
um grupo de caracteres/idioma que não esteja na lista, clique Fechar Aba
meio na Aba
em Outros Sistemas de Escrita.

106
INFORMÁTICA

Clicar com botão do Imprimir Ctrl + P


Abrir link em uma nova Aba
meio no link Salvar página como Ctrl + S
clicar com o botão do Mais zoom Ctrl + +
Nova aba
meio na barra de abas
Menos zoom Ctrl + -
Ctrl + Clicar com botão
Abrir em nova Aba em segun- esquerdo no link tamanho normal Ctrl + 0
do plano* Clicar com botão do
meio no link Editando
Ctrl + Shift + Botão es-
Abrir em nova Aba em pri- Comando Atalho
querdo
meiro plano*
Shift + Botão do meio Copiar Ctrl + C
Shift  + Clicar com bo- Recortar Ctrl + X
Abrir em uma Nova Janela
tão esquerdo no link
Apagar Del
Duplicar Aba ou Favoritos Ctrl + Arrastar Aba
Colar Ctrl + V
Recarregar (ignorar cache) Shift + Botão recarregar
Colar (como texto simples) Ctrl + Shift + V
Salvar como... Alt + Botão esquerdo
Refazer Ctrl + Y
* Os atalhos para abrir Abas em primeiro e segundo pla- Selecionar tudo Ctrl + A
no serão trocadas se a opção Ao abrir um link em uma nova Desfazer Ctrl + Z
Aba, carregá-la em primeiro plano estiver ativa no Painel de
configurações geral.. GOOGLE CHROME
O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e já
Atalhos de teclado conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O progra-
Navegação ma apresenta excelente qualidade em seu desenvolvimento,
como quase tudo o que leva a marca Google. O browser não
Comando Atalho deve nada para os gigantes Firefox e Internet Explorer e mos-
tra que não está de brincadeira no mundo dos softwares.
Alt + ← Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo
Voltar
Backspace Google Chrome.
Alt + →
Avançar Shift + Backs- Funções visíveis
pace Antes de detalhar melhor os aspectos mais complicados
do navegador, vamos conferir todas as funções disponíveis
Página inicial Alt + Home logo em sua janela inicial. Observe a numeração na imagem
abaixo e acompanhe sua explicação logo em seguida:
Abrir arquivo Ctrl + O
F5
Atualizar a página
Ctrl + R
Ctrl + F5
Atualizar a página (ignorar o cache)
Ctrl + Shift + R
Parar o carregamento Esc
1.    As setas são ferramentas bem conhecidas por to-
dos que já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar
Página atual
ou voltar nas páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao
manter o botão pressionado sobre elas, você fará com que o
Comando Atalho histórico inteiro apareça na janela.
Ir uma tela para baixo Page Down 2.   Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. To-
dos são sinônimos desta função, ideal para conferir novamen-
Ir uma tela para cima Page Up
te o link em que você se encontra, o que serve para situações
Ir para o final da página End bem específicas – links de download perdidos, imagens que
Ir para o início da página Home não abriram, erros na diagramação da página.
3.   O ícone remete à palavra home (casa) e leva o nave-
Ir para o próximo frame F6
gador à página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos
Ir para o frame anterior Shift + F6 você a modificar esta página para qualquer endereço de sua
preferência.

107
INFORMÁTICA

4.   A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, Liberdade


que nada mais são do que sites que você quer ter a disposi-
ção de um modo mais rápido e fácil de encontrar. É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É pos-
5.   Abre uma nova aba de navegação, o que permite sível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar a aba
visitar outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. da janela e desta forma abrir outra independente. Basta segu-
6.   A barra de endereços é o local em que se encontra rar a aba com o botão esquerdo do mouse para testar suas
o link da página visitada. A função adicional dessa parte no funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse faz com que
Chrome é que ao digitar palavras-chave na lacuna, o meca- fechem automaticamente.
nismo de busca do Google é automaticamente ativado e exi-
be os resultados em questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna
à esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no na-
vegador. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão me-
lhor detalhadas nos próximos parágrafos.

Para Iniciantes
Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dú-
vidas básicas sobre essa categoria de programas, continue
lendo este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e O botão direito abre o menu de contexto da aba, em que
poupe seu tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar a guia
conceitos e ações mais básicas do programa. ou cancelar todas as outras. No teclado você pode abrir uma
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma nova aba com o comando Ctrl + T ou simplesmente apertan-
forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar do o F1.
o programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o ende-
reço do local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki, Fechei sem querer!
por exemplo, basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível
dispensar o famoso “www”, inserido automaticamente pelo Quem nunca fechou uma aba importante acidentalmente
programa.) em um momento de distração? Pensando nisso, o Chrome
No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que conta com a função “Reabrir guia fechada” no menu de con-
queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras- texto (botão direito do mouse). Basta selecioná-la para que a
chave do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o última página retorne ao navegador.
Chrome acessa o site de buscas do Google e exibe os resul-
tados rapidamente. No exemplo utilizamos apenas a palavra
“Baixaki”.

Configuração
Abas
Antes de continuar com as outras funções do Google
A segunda tarefa importante para quem quer usar o Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para isso,
Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela e pro-
úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente, cure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e selecione
basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia. “Opções”.
Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao pres-
sionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda mais rá-
pido. Também é possível utilizar o botão direito sobre o novo
endereço e escolher a opção “Abrir link em uma nova guia”.

108
INFORMÁTICA

Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para
usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que
podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas
preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os
arquivos baixados serão salvos. Você também pode definir
que o navegador pergunte o local para cada novo download.

Downloads
Básicas Todos os navegadores mais famosos da atualidade con-
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do na- tam com pequenos gerenciadores de download, o que facilita
vegador. Basta selecionar a melhor opção para você e confi- a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tempo. Com o
gurar as páginas que deseja abrir. Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link de do-
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba wnload, muitas vezes o programa perguntará se você deseja
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Também mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:
é possível escolher se o atalho para a home (aquele em for-
mato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar na
lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista de
mecanismos.
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sempre
que algum software ou link for executado, o Chrome será au-
tomaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo


da janela, mostrando o progresso do download. Você pode
Senhas: define basicamente se o programa salvará ou clicar no canto dela e conferir algumas funções especiais para
não as senhas que você digitar durante a navegação. A opção a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos
“Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o que já os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é exibida com ainda
foi inserido por você. mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando
Preenchimento automático de formulário: define se os
formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) se-
rão sugeridos automaticamente após a primeira digitação.
Dados de navegação: durante o uso do computador, o
Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar si-
tes, links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Limpar
dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto a fun-
ção “Importar dados” coleta informações de outros navega-
dores.
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um
de sua preferência. Para retornar ao normal, selecione “Rede-
finir para o tema padrão”.

109
INFORMÁTICA

Pesquise dentro dos sites QUESTÕES COMENTADAS

Outra ferramenta muito prática do navegador é a possi- 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assinale
bilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de alguns a opção correta.
sites, como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a bus- (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
ca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o que ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle,
você precisa fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para que a de modo a garantir a correta remoção dos arquivos relaciona-
busca desejada seja feita diretamente na lacuna do Chrome. dos ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional.
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DE-
LETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos dire-
tórios de programas instalados na máquina em uso.
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um
computador, pois bastam o nome do usuário e a senha da
Navegação anônima máquina para se ter acesso às contas dos demais usuários
possivelmente cadastrados nessa máquina.
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou (D) O Windows oferece um conjunto de acessórios dis-
históricos de navegação no computador, utilize a navegação poníveis por meio da instalação do pacote Office, entre eles,
anônima. Basta clicar no menu com o desenho da chave de calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão
pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift + N. Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windo-
ws, dar saída no usuário correntemente em uso na máquina e,
em seguida, desligar o computador.
Comentários: Para desinstalar um programa de forma se-
gura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remo-
ver programas
Resposta – Letra A

2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as infor-


mações estão contidas em arquivos de vários formatos, que
Gerenciador de tarefas são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias
removíveis do computador, organizados em:
Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno ge- (A) telas.
renciador de tarefas incluso no programa. Clique com o botão (B) pastas.
direito no topo da página (como indicado na figura) e selecio- (C) janelas.
ne a função “Gerenciador de tarefas”. (D) imagens.
(E) programas.

Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma bem


clara a organização por meio de PASTAS, que nada mais são
do que compartimentos que ajudam a organizar os arquivos
em endereços específicos, como se fosse um sistema de ar-
mário e gavetas.
Resposta: Letra B
3- Um item selecionado do Windows pode ser excluído
permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-
Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. Ela se simultaneamente as teclas
controla todas as abas e funções executadas pelo navegador. (A) Ctrl + Delete.
Caso uma das guias apresente problemas você pode fechá-la (B) Shift + End.
individualmente, sem comprometer todo o programa. A fun- (C) Shift + Delete.
ção é muito útil e evita diversas dores de cabeça. (D) Ctrl + End.
(E) Ctrl + X.

Comentário: Quando desejamos excluir permanente-


mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto
com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem do
tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanentemente
este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja en-
viar este arquivo para a lixeira?”.
Resposta: C

110
INFORMÁTICA

4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de ar- A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em negri-
quivos, sem que haja perda de informação? to os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(A) Compactação Microsoft Office Outlook
(B) Deleção Microsoft Outlook Express;
(C) Criptografia Mozilla Thunderbird;
(D) Minimização IcrediMail
(E) Encolhimento adaptativo Eudora
Pegasus Mail
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica Apple Mail (Apple)
amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados podem Kmail (Linux)
conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de pro- Windows Mail
gramas compactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc. A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, ou
Resposta: A seja, não é instalado no computador local. Logo, é o gabarito
da questão.
05. (TJ/BA – Técnico Judiciário - Tecnologia da Infor- Resposta: B.
mação – FGV/2015) Na suite LibreOffice, o componente Im-
press destina-se: 7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio
a) à edição de fórmulas matemáticas para documentos; eletrônico, analise:
b) ao gerenciamento de uma ou mais impressoras; I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos na-
c) à edição de imagens e arquivos congêneres; vegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google Chro-
d) à utilização de algoritmos de programação linear em me) para localizar recursos e páginas da Internet (Exemplo:
planilhas; http://www.google.com.br).
e) à edição de apresentações de slides. II. Download significa descarregar ou baixar; é a transfe-
rência de dados de um servidor ou computador remoto para
05. Resposta: E um computador local.
O LibreOffice Impress é um programa de apresentação III. Upload é a transferência de dados de um computador
de slides similar ao Keynote, presente no iWork, e ao Power- local para um servidor ou computador remoto.
Point, encontrado na suíte da Microsoft, e destina-se a criar IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa
e a apresentar slides, sendo possível inserir plano de fundo, movê-lo definitivamente da máquina local, para envio a um
títulos, marcadores, imagens, vídeos, efeitos de transição de destinatário, com endereço eletrônico.
slides, dentre outras opções. Estão corretas apenas as afirmativas:
A) I, II, III, IV
6- “O correio eletrônico é um método que permite com- B) I, II
por, enviar e receber mensagens através de sistemas eletrôni- C) I, II, III
cos de comunicação”. São softwares gerenciadores de email, D) I, II, IV
EXCETO: E) I, III, IV
A) Mozilla Thunderbird.
B) Yahoo Messenger. Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
C) Outlook Express. so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
D) IncrediMail. página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
E) Microsoft Office Outlook 2003. conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e III
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- são verdadeiros.
nico podem funcionar por meio de um software instalado em
nosso computador local ou por meio de um programa que
funciona dentro de um navegador, via acesso por Internet.
Este programa da Internet, que não precisa ser instalado, e é
chamado de WEBMAIL, enquanto o software local é o geren-
ciador de e-mail citado pela questão.
Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando está
desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens: No item IV encontramos o item falso da questão, o que
• Ocupam espaço em disco; nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em mensa-
• Compatibilidade com os servidores de e-mail (nem gem de e-mail significa copiar e não mover!
sempre são compatíveis). Resposta: C.

111
INFORMÁTICA

08. (EMBASA – Assistente de Saneamento - Técnico letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
em Segurança do Trabalho – IBF/2015) Ao receber, por putação que fornece serviços a uma rede de computadores. E
e-mail, um arquivo com o nome “resumo.xlsx” pode-se abrir não necessariamente armazena nomes de usuários e/ou res-
esse arquivo, por padrão, com os aplicativos: tringe acessos.
a) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice Resposta: D
Calc.
b) Microsoft Office Access e também com o LibreOffice 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
Calc. (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Inter-
c) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice net, pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está
Math. localizada tal máquina.
d) Microsoft Office PowerPoint e também com o LibreOf- (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se
fice Math. conectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como
no caso de salas de bate-papo.
08. Resposta: A (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebi-
No Libreoffice Calc: mento de arquivos na Internet.
Abrir um arquivo do Microsoft Office (D) Quando se digita o endereço de uma página web, o
Escolha Arquivo - Abrir. Selecione um arquivo do Micro- termo http significa o protocolo de acesso a páginas em for-
soft Office na caixa de diálogo do LibreOffice. mato HTML, por exemplo.
O arquivo do MS Office... ...será aberto no módulo (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de
do LibreOffice correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para ou-
MS Word, *.doc, *.docx = LibreOffice Writer tro destinatário de correio eletrônico.
MS Excel, *.xls, *.xlsx = LibreOffice Calc Comentários: Os itens apresentados nessa questão estão
MS PowerPoint, *.ppt, *.pps, *.pptx = LibreOffice Impress relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os proto-
colos mais comuns:
9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assinale - HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de carre-
a opção correta. gamento de páginas de Hipertexto –  HTML
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla - IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma má-
quina na rede
a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento
na Internet.
de emails direto no PC via gerenciador de emails
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da Inter-
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa-
net que possuam uma conexão http, ao digitarem na barra de
drão de envio de emails
endereços do navegador: http://intranet.com.
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma
ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário a
rede local, pois sua função é conectar um computador à rede possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensagens
de telefonia fixa. de email direto no servidor.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina de- - FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transferên-
nominada cliente requisita serviços a outra, denominada ser- cia de arquivos
vidor, ainda é o atual paradigma de acesso à Internet. Resposta: D
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que armaze-
na os nomes dos usuários que possuem permissão de acesso 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
a uma quantidade restrita de páginas da Internet. reta.
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas-
Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o
em termos de internet pois não é tão robusto quanto redes Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão
P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do servi- Iniciar do Windows.
dor central impede o acesso aos usuários clientes, no segun- (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos
do mesmo que um servidor “caia” outros servidores ainda da- em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modifi-
rão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que o download cação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de
continue. Ex: programas torrent, Emule, Limeware, etc. Exibição.
Em relação às outras letras: (C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para
localizar e identificar conjuntos de computadores na Internet acesso direto a elas.
e corresponde ao endereço que digitamos no navegador. (D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma for- opção Renomear for acionada no Windows Explorer com o
ma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é botão direito do mouse,será salva uma nova versão do arqui-
restrito a uma rede local e não a internet como um todo. vo e a anterior continuará aberta com o nome antigo.
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu- (E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de má-
acessar redes locais. quinas ligadas à Internet.

112
INFORMÁTICA

Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arquivos Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo cor-
são mostrados de várias formas como Listas, Miniaturas e reio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou seja,
Detalhes. anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos os en-
Resposta: B dereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no cam-
po “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sabendo
Atenção: Para responder às questões de números 12 quem mais recebeu aquela mensagem, o que atende a se-
e 13, considere integralmente o texto abaixo: gurança solicitada no enunciado.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão Resposta: A
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
de computadores. Antes da impressão e/ou da publicação os Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio
textos deverão ser verificados para que não contenham erros. de arquivos em lotes, também denominados scripts, o
Alguns artigos digitados deverão conter a imagem dos resul- shell de comando é um programa que fornece comuni-
tados obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, cação entre o usuário e o sistema operacional de forma
valores e totais. direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de
devem ser tomados para a recuperação em caso de perda e um comando da pasta Acessórios denominado
também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às (A) Prompt de Comando
informações guardadas. Os funcionários serão estimulados a (B) Comandos de Sistema
realizar pesquisas na internet visando o atendimento do nível (C) Agendador de Tarefas
de qualidade da informação prestada à sociedade, pelo órgão. (D) Acesso Independente
O ambiente operacional de computação disponível para (E) Acesso Direto
realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do MS
-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio eletrô- Resposta: “A”
nico, em português e em suas versões padrões mais utilizadas Comentários
atualmente.
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe-
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do
CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
em portas do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa-
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha ele-
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de
trônica,
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan-
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão
resultados diferentes do original. çados.
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
(C) somente podem ser copiadas para o editor de textos 15. (MF – Todos os Cargos – ESAF/2013) As suítes de
dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas. escritório oferecem funções de editoração de textos, pla-
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma nilha eletrônica, apresentação, editoração de desenhos e
a uma. banco de dados. Um exemplo de suíte de escritório basea-
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “co- da em software livre é o:
ladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela. a) LibreOffice
  b) Microsoft Office
Comentários: Sempre que se copia células de uma plani- c) LinuxOffice
lha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam como d) UBUNTU Office
uma tabela simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os e) BROfficex
números são colados.
Resposta: E 15. Resposta: A
LibreOffice: é uma suíte de aplicativos livre multiplata-
13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio do forma para escritório disponível para Windows, Unix, Sola-
correio eletrônico, deve considerar as operações de ris, Linux e Mac OS X. A suíte utiliza o formato OpenDocu-
(A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços ment (ODF) — formato homologado como ISO/IEC 26300
eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”. e NBR ISO/IEC 26300 — e é também compatível com os
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos ende- formatos do Microsoft Office, além de outros formatos le-
reços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. gados.
(C) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços
eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”. 16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
(D) de desanexação de arquivos e de inserção dos ende- Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento
reços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”. de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en-
(E) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao
eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.   cliente, respectivamente, um

113
INFORMÁTICA

(A) download e um upload 20. (TRE-RO – Técnico Judiciário - Área Administrativa


(B) downgrade e um upgrade – FCC/2013)
(C) downfile e um upfile
(D) upgrade e um downgrade
(E) upload e um download

Resposta: “E”.
Comentários:
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)

17. (CLIN – Auxiliar de Enfermagem do Trabalho – CO-


SEAC/2015) São componentes do pacote LibreOffice:
a) Base, Calc, Draw, Impress, Math e Writer.
b) Draw, Math, Writer, Eudora, Impress e Calc.
c) Publisher, Base, Impress, Writer, Calc e Draw.
d) Paint, Writer, Impress, Math, Draw e Calc.

17. Resposta: A
O LibreOffice é uma potente suite office; sua interface
limpa e suas poderosas ferramentas libertam sua criatividade
e melhoram sua produtividade.O LibreOffice incorpora várias
aplicações que a tornam a mais avançada suite office livre e de
código aberto do mercado. O processador de textos Writer, a
planilha Calc, o editor de apresentações Impress, a aplicação
de desenho e fluxogramas Draw, o banco de dados Base e o
editor de equações Math são os componentes do LibreOffice.
18. (UFMT – Auxiliar em Administração – UFMT/2014) Para realizar a tarefa 3, Paulo utilizou, respectivamente,
No LibreOffice Writer, ao clicar-se no botão ¶ , quando se está
os softwares
editando um texto,
a) Impress e Calc.
a) exporta-se diretamente o arquivo editado para o for-
mato pdf. b) Writer e Math.
b) apresentam-se na tela os caracteres não imprimíveis c) Impress e Lotus.
do texto que está sendo editado. d) Writer e Calc.
c) alinha-se à direita o texto todo ou o trecho seleciona- e) Libre Word e Libre Excel.
do.
d) apresenta-se na tela o texto no formato em que será Resposta: D
impresso. writer e calc , são correspondentes ao word e Excel do
Windows.
18. Resposta: B
São os caracteres não imprimíveis e marcas de formata- 21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbito
ção, como espaço em branco, mudança de linha manual, que- das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.zzz.
bras de seção, entre muitos. br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em inglês)
utilizado para classificar o tipo de instituição, no exemplo
19. (EMBASA – Assistente de Saneamento - Técnico dado acima, é o
em Segurança do Trabalho – IBFC/2015) a) protocolo.
Ao receber, por e-mail, um arquivo com o nome “resumo. b) xxx.
xlsx” pode-se abrir esse arquivo, por padrão, com os aplicati-
c) zzz.
vos:
d) yyy.
a) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice Calc.
b) Microsoft Office Access e também com o LibreOffice e) br.
Calc.
c) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice Resposta: “C”
Math. Comentários:
d) Microsoft Office PowerPoint e também com o LibreOf- a) protocolo. protocolo HTTP
fice Math. b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
Resposta: A d) yyy. subdomínios
A compatibilidade é total, ou seja, um documento criado e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio
no Excel pode ser aberto no Calc e vice-versa.

114
RACIOCÍNIO LÓGICO

Visa avaliar a habilidade do candidato em entender a estrutura lógica das relações arbitrárias entre pessoas, lugares,
coisas, eventos fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabe-
lecer a estrutura daquelas relações. Visa também avaliar se o candidato identifica as regularidades de uma sequência,
numérica ou figural, de modo a indicar qual é o elemento de uma dada posição. As questões desta prova poderão tratar
das seguintes áreas: estruturas lógicas, lógicas de argumentação, diagramas lógicos, sequências....................................... 01
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Proposição

Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos que
Universidade Católica- PUC exprimem um pensamento de sentido completo.
Engenheira de Alimentos pela Universidade Estadual Nossa professora, bela definição!
de Maringá – UEM. Não entendi nada!
Graduanda em Matemática pelo Claretiano. Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas
também no sentido lógico.
VISA AVALIAR A HABILIDADE DO Para uma melhor definição dentro da lógica, para
CANDIDATO EM ENTENDER A ESTRUTURA ser proposição, temos que conseguir julgar se a frase é
verdadeira ou falsa.
LÓGICA DAS RELAÇÕES ARBITRÁRIAS ENTRE
PESSOAS, LUGARES, COISAS, EVENTOS Exemplos:
FICTÍCIOS; DEDUZIR NOVAS INFORMAÇÕES (A) A Terra é azul.
DAS RELAÇÕES FORNECIDAS E AVALIAR AS Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
CONDIÇÕES USADAS PARA ESTABELECER uma proposição.
A ESTRUTURA DAQUELAS RELAÇÕES.
VISA TAMBÉM AVALIAR SE O CANDIDATO (B) >2
IDENTIFICA AS REGULARIDADES DE UMA
SEQUÊNCIA, NUMÉRICA OU FIGURAL, DE Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso.
MODO A INDICAR QUAL É O ELEMENTO DE
UMA DADA POSIÇÃO. AS QUESTÕES DESTA Todas elas exprimem um fato.
PROVA PODERÃO TRATAR DAS SEGUINTES
ÁREAS: ESTRUTURAS LÓGICAS, LÓGICAS DE Agora, vamos pensar em uma outra frase:
ARGUMENTAÇÃO, DIAGRAMAS LÓGICOS, O dobro de 1 é 2?
SEQUÊNCIAS. Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição?
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro.
Definição: Lógica é um substantivo feminino com origem
no termo grego logiké, relacionado com o logos, razão, pa- Bruno, vá estudar.
lavra ou discurso, que significa a ciência do raciocínio. É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não
Estuda a relação da consequencia dedutiva, através e conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
inferências válidas. é proposição.
A lógica faz parte do nosso dia a dia, muitas vezes de-
vemos pensar na atitutde, pensar sobre as possibilidades Passei!
para chegar a uma conclusão. Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos
Segundo Irving Copi: de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque
“ O estudo da lógica é o estudo dos métodos e princí- é uma sentença exclamativa.
pios usados para distinguir o raciocínio correto do incor-
reto” . Vamos ver alguns princípios da lógica:
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Muitas vezes, os exercícios propostos não fazem sen- pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
tido com a realidade, devendo apenas analisar em relação II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
ao que é dado. Basta, que a conclusão seja válida para as verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
premissas apresentadas. casos e nunca um terceiro caso.

Na lógica aristotélica a base de toda operação lógica é Classificação


o silogismo. Um silogismo é o encadeamento de três pro-
posições no qual, de um antecedente que une dois termos Proposição simples: não contém nenhuma outra
a um terceiro, infere-se um consequente que une estes proposição como parte integrante de si mesma. São
dois termos a si. geralmente designadas pelas letras latinas minúsculas
p,q,r,s...
O mais famoso é: E depois da letra colocamos “:”

Todo homem é mortal. Exemplo:


Sócrates é homem. p: Marcelo é engenheiro
Logo, Sócrates é mortal. q: Ricardo é estudante

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição composta: combinação de duas ou -Negação


mais proposições. Geralmente designadas pelas letras
maiúsculas P, Q, R, S,...

Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante. Exemplo
Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante. p: Lívia é estudante.
~p: Lívia não é estudante.
Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
parte da proposição composta: q: Pedro é loiro.
¬q: É falso que Pedro é loiro.
P(p,q)
Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição r: Érica lê muitos livros.
composta quando tiver mais de um verbo e proposição ~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros.
simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico. s: Cecilia é dentista.
¬s: É mentira que Cecilia é dentista.
SENTENÇAS
-Conjunção
Existem sentenças que não podem ser classificadas
nem como falsas, nem como verdadeiras. São as sentenças
chamadas sentenças abertas.

Exemplos
Nossa, são muitas formas de se escrever com a
1. p(x)=2x-2=3 conjunção.
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”,
A sentença matemática 2x-2=3 é aberta, pois existem “mas”, “porém”
infinitos números que satisfazem a equação. Apenas um
torna a sentença verdadeira x=5/2. Exemplos
Mas, também temos números que as sentenças se p: Vinícius é professor.
tornam falsas. q: Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
Definição de valor lógico p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica.
Chama-se valor lógico de uma proposição a verdade, se p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica.
a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se a proposição
é falsa (F). - Disjunção

Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)=V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou p: Vitor gosta de estudar.
V(p)=F q: Vitor gosta de trabalhar

Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de trabalhar.
falso, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem
valor lógico falso. - Disjunção Exclusiva
Lembrando que conseguimos definir o valor lógico
apenas de proposições, pois sentença aberta não conse- Extensa: Ou...ou...
guimos definir. Símbolo: ∨

Definição de conectivos p: Vitor gosta de estudar.


Palavras que se usam para formar novas proposições, a q: Vitor gosta de trabalhar
partir de outras. p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de
trabalhar.
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? -Condicional
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição
terá um nome, vamos ver? necessária
Símbolo: →

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos A primeira proposição, será metade verdadeira e


p→q: Se chove, então faz frio. metade falsa.
p→q: É suficiente que chova para que faça frio. A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio. E a terceira VVFFVVFF
p→q: É necessário que faça frio para que chova. Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
p→q: Fazer frio é condição necessária para chover. operadores lógicos?

-Bicondicional -Negação

Extenso: se, e somente se, ... p ~p


Símbolo:↔ V F
p: Lucas vai ao cinema
F V
q: Danilo vai ao cinema.
p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
ao cinema. oposto, faz sentido, não?
Referências - Conjunção
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se eu
matemática – São Paulo: Nobel – 2002.Com a tabela- tiver as duas coisas, certo?
verdade, conseguimos definir o valor lógico de proposições Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
compostas facilmente, analisando cada coluna.Se tivermos chocolate.
uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V(p)=F E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.

p p q p ∧q
V V V V
F V F F
F V F
Quando temos duas proposições, não basta colocar só F F F
VF, será mais que duas linhas.
-Disjunção
Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o
p q
conectivo “ou”.
V V Eu comprei bala ou chocolate.
V F Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está
F V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
F F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
forma se eu comprei apenas chocolate.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará certo.
E a segunda intercalou VFVF
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 p q p ∨q
possibilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver V V V
um padrão para se tornar mais fácil!
V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde: F F F
n=número de proposições
-Disjunção Exclusiva
Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
p q r
chocolate OU comprei bala.
V V V Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F V tempo.
V V F
V F F p q p∨q
F V V V V F
F F V V F V
F V F F V V
F F F F F F

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional Regra da Dupla negação


Se chove, então faz frio. ~~p⇔p

Se choveu, e fez frio p ~p ~~p


Estamos dentro da possibilidade.(V) V F V
F V F
Choveu e não fez frio
S
Não está dentro do que disse. (F)
ão iguais, então ~~p⇔p
Não choveu e fez frio..
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover,
certo?(V)
Regra de Clavius
~p→p⇔p
Não choveu, e não fez frio
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) p ~p ~p→p
V F V
p q p →q F V F
V V V
Regra de Absorção
V F F p→p∧q⇔p→q
F V V
F F V p q p∧q p→p∧q p→q
-Bicondicional V V V V V
Ficarei em casa, se e somente se, chover. V F F F F
F V F V V
Estou em casa e está chovendo. F F F V V
A ideia era exatamente essa. (V)
Condicional
Estou em casa, mas não está chovendo. Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são
Você não fez certo, era só pra ficar em casa se chovesse. (F) as mais pedidas nos concursos

Eu sai e está chovendo. A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-


Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F) verdades idênticas
Não estou em casa e não está chovendo.
Sem chuva, você pode sair, ta?(V) p ~p q p∧q p→q ~p∨q
V F V V V V
p q p ↔q V F F F F F
V V V F V V F V V
V F F F V F F V V
F V F
F F V Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
Tentei deixar de uma forma mais simples, para entender q: Coelho é herbívoro.
a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será difícil
para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez fique p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é
mais fácil. herbívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente herbívoro
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se as
tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTICAS. A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte
notação: p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) V V F F V V
V F F V V V
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha,
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. F V V F F F
F F V V V V

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

Equivalência fundamentais (Propriedades Fundamentais): a equivalência lógica entre as proposições goza das
propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.

1 – Simetria (equivalência por simetria)

a) p ∧ q ⇔ q ∧ p

p q p∧q q∧p
V V V V
V F F F
F V F F
F F F F

Simétrico quer dizer igual dos dois lados, então para a conjunção tanto faz, você “somar” p com q, ou q com p.

b) p ∨ q ⇔ q ∨ p

p q p∨q q∨p
V V V V
V F V V
F V V V
F F F F

c) p ∨ q ⇔ q ∨ p

p q p∨q q ∨ p
V V F F
V F V V
F V V V
F F F F

d) p ↔ q ⇔ q ↔ p

p q p↔q q↔p
V V V V
V F F F
F V F F
F F V V

Equivalências notáveis:

1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)


Exatamente como se fizesse uma distributiva como na matemática

a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)

p q r q∨r p ∧ (q ∨ r) p∧q p∧r (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)


V V V V V V V V
V V F V V V F V
V F V V V F V V
V F F F F F F F
F V V V F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F
F F F F F F F F

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) p ∨ (q ∧ r)⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

p q r q∧r p ∨ (q ∧ r) p∨q p∨r (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)


V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V F V V V V
V F F F V V V V
F V V V V V V V
F V F F F V F F
F F V F F F V F
F F F F F F F F

2 - Associação (equivalência pela associativa)

a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)

p q r q∧r p ∧ (q ∧ r) p∧q p∧r (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)


V V V V V V V V
V V F F F V F F
V F V F F F V F
V F F F F F F F
F V V V F F F F
F V F F F F F F
F F V F F F F F
F F F F F F F F

b) p ∨ (q ∨ r)⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)

p q r q∨ r p ∨ (q ∨ r) p∨q p∨r (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
V V V V V V V V
V V F V V V V V
V F V V V V V V
V F F F V V V V
F V V V V V V V
F V F V V V F V
F F V V V F V V
F F F F F F F F

3 – Idempotência

a) p ⇔ p∧p
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas colunas com p

p p p∧p
V V V
F F F

b) p⇔ (p ∨ p)

p p p∨p
V V V
F F F

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra condicional equivalente à primeira, apenas invertendo-se e
negando-se as proposições simples que as compõem.
Da mesma forma que vimos na condicional, temos outros modos de definir a equivalência da condicional que são de
igual importância

1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)

p q ~p ~q p → q ~q → ~p
V V F F V V
V F F V F F
F V V F V V
F F V V V V

2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)

p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
V F F V V V
F V V V F V
F F V F V F

3º caso: (p → ~q)⇔ (q → ~p)

p q ~q p → ~q ~p q → ~p
V V F F F F
V F V V F V
F V F V V +V
F F V V V V

5 - Pela bicondicional

a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição

p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p)


V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)

p q p↔q ~q ~p ~q → ~p ~p → ~q (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)


V V V F F V V V
V F F V F F V F
F V F F V V F F
F F V V V V V V

c) (p ↔ q)⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q)

p q p↔q p∧q ~p ~q ~p ∧ ~q (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q)


V V V V F F F V
V F F F F V F F
F V F F V F F F
F F V F V V V V

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

6 - Pela exportação-importação

[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]

p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r)
V V V V V V V
V V F V F F F
V F V F V V V
V F F F V V V
F V V F V V V
F V F F V F V
F F V F V V V
F F F F V V V

Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)

Chama-se proposições associadas a p → q as três proposições condicionadas que contêm p e q:


– Proposições recíprocas: p → q: q → p
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p

Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:

p q ~p ~q p→q q→p ~p → ~q ~q → ~p
V V F F V V V V
V F F V F V V F
F V V F V F F V
F F V V V V V V

Observamos ainda que a condicional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO EQUIVALENTES.
Um argumento é um conjunto finito de premissas (proposições ), sendo uma delas a consequência das demais. Tal
premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um argumento
é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q
OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:

Argumentos válidos
Um argumento é válido quando a conclusão é verdadeira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras (V).
Dizemos, também, que um argumento é válido quando a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades de suas
premissas.
Argumentos inválidos
Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas pelas
verdades de suas premissas, tem-se como conclusão uma contradição (F).

Algumas implicações tautológicas que provam a validade de um argumento

Adição
p ⇒p∨q
q⇒ p∨ q

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

Simplificação
p∧q⇒p
p∧ q⇒ q

Pela tabela verdade:

p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F

Observe a linha destacada.


Teremos que fazer algumas perguntas a ela.
A proposição composta é verdadeira? Sim
Nesse caso, a proposição simples é verdadeira? Sim
Então, temos uma implicação.

Simplificação Disjuntiva

(p ∨ q) ∧ (p ∨ ~q) ⇒ p

p q p∨q ~q p ∨ ~q (p ∨ q) ∧ (p ∨ ~q)
V V V F V V
V F V V V V
F V V F F F
F F F V V F

Aqui, de novo vamos fazer as perguntas

As proposições são verdadeiras, então é implicação.


Absorção

p → q ⇒ p → (p ∧ q)

p q p→q p∧q p → (p ∧ q)
V V V V V
V F F F F
F V V F V
F F V F V

Podemos seguir sempre fazendo a tabela verdade, para provar as implicações.

Regra Modus Ponens


(p → q) ∧ p ⇒ q

Regra Modus Tollens


(p → q) ∧ ~q ⇒ ~p

Regra do Silogismo Disjuntivo


(p ∨ q) ∧ ~p ⇒ q
(p ∨ q) ∧ ~q ⇒ p

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Silogismo Hipotético Podemos fazer também por tabela verdade


(p → q) ∧ (q → r) ⇒ p → r p: Pedro é inocente
q: João é inocente
Dilema Construtivo r: Antônio é inocente
((p → q) ∧ (r → s) ∧ (p ∨ r)) ⇒ q ∨ s s: Carlos é inocente

Dilema Destrutivo Ou João é culpado ou Antônio é culpado.


((p → q) ∧ (r → s) ∧ (~p ∨ ~s) ) ⇒ ~p ∨ ~r Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
Métodos para testar a validade dos argumentos João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é Ora, Pedro é inocente
culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente
então Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Se sabemos que Pedro é inocente, e tomamos que é a
Pedro é inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo, proposição p, não precisamos fazer a parte que p tem valor
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são lógico falso.
culpados.
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são p q ~q r ~r s ~q ↔p r→s ~q ∨ ~r
culpados.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são V V F V F V F V F
culpados. V F V V F V V V V
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são
V V F F V V F V V
culpados.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é V F V F V V V V F
culpado. V V F V F F F F F
V F V V F F V F V
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. V V F F V F F V V
V F V F V F V V F
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente Vamos olhar apenas a segunda linha, pois as
João é culpado se e somente se Pedro é inocente proposições compostas precisam ser verdadeiras, porque
o próprio exercício pede e temos que descobrir apenas as
Ora, Pedro é inocente proposições simples.
(V)
Através da segunda linha, temos:
Sabendo que Pedro é inocente, Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente,
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Carlos é inocente.
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas. A resposta é a mesma. (Ainda bem, né?)
Cabe a você escolher qual a melhor opção para cada
João é culpado se e somente se Pedro é inocente exercício, eu quis mostrar em um mesmo exercício os dois
(V) (V) exemplos, mas há exercícios que é mais viável uma foma
que outra.
Ora, Pedro é inocente No caso, a tabela ficou grande, mas se sente mais segu-
(V) rança em fazê-la, não vejo o porque não.
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira As questões de Diagramas lógicos envolvem as
premissa proposições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. solução requer que desenhemos figuras, os chamados
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só diagramas.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.

Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
condicional só será verdadeira se a segunda proposição
também for.

Então, temos:
Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente e
Carlos é inocente.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição das proposições Todo A é B é necessariamente falsa


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
Todo A é B.
Algum A é B é necessariamente falsa
O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.
elemento de A também é elemento de B.
Algum A não é B necessariamente verdadeira.
Podemos representar de duas maneiras: Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B

Temos 4 representações possíveis

a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos


em comum

Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são b) Todos os elementos de A estão em B.
lindas

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos
impossível, pois todas são.

Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum

c) Todos os elementos de B estão em A

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase


extrema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

d) O conjunto A é igual ao conjunto B. b) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjuntos
ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo


ser verdadeira ou falsa (podemos analisar também os
diagramas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro. Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Pode ser que sim, ou não. como ficam os valores lógicos das outras?
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum A não é B não conseguimos determinar, podendo Frase: Algum copo não é de vidro.
ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se Nenhum A é B é indeterminada( contradição com as
todos os copos são de vidros, pode ser verdadeira. figuras a e b)
Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
Algum A não é B. todos não são de vidro.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B. Todo A é B , é necessariamente falsa
Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
Aqui teremos 3 modos de representar não era.

a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos Algum A é B é indeterminada


em comum Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

O objetivo desses exercícios é correlacionar elementos,


como: objetos, lugares, pessoas e para esse tipo de questão,
não podemos ficar muito na teoria, vamos resolver um para
entendermos as correlações.

A minha dica para esse estudo é fazer as tabelas


junto com os exemplos que serão dados e depois para as
questões também, vamos fazer as tabelas pessoal!!

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo 1 − Paulo não viajou para Goiânia;


Na linha de Paulo e na coluna de Goiânia, vamos colocar
(TRT-9ª REGIÃO/PR – Técnico Judiciário – Área um N
Administrativa – FCC/2015) Luiz, Arnaldo, Mariana e
Paulo viajaram em janeiro, todos para diferentes cidades, Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
que foram Fortaleza, Goiânia, Curitiba e Salvador. Com Luiz N N
relação às cidades para onde eles viajaram, sabe-se que:
Arnaldo N N
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Mariana N N S N
− Paulo não viajou para Goiânia; Paulo N N
− Luiz não viajou para Fortaleza.
− Luiz não viajou para Fortaleza.
É correto concluir que, em janeiro,
(A) Paulo viajou para Fortaleza. Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
(B) Luiz viajou para Goiânia. Luiz N N N
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. Arnaldo N N
(D) Mariana viajou para Salvador. Mariana N N S N
(E) Luiz viajou para Curitiba. Paulo N N
Resolução Aconteceu algo interessante com a nossa última
Primeiramente, devemos montar uma tabela com os informação, na linha do Luiz, só faltou completarmos
dados que temos, mas não de qualquer forma, sempre Goiânia, se o restante foi N, então Goiânia é S, ou seja, Luiz
conseguindo correlacionar todos os dados. foi para Goiânia e da mesma forma que completamos o de
Nesse caso, só temos duas informações: nomes e Mariana, podemos colocar N no restante da vertical.
lugares
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Luiz N S N N
Luiz Arnaldo N N N
Arnaldo Mariana N N S N
Mariana Paulo N N
Paulo
Da mesma forma que na coluna de Salvador,
Com a tabela montada, vamos analisar cada informação conseguimos observar que Paulo foi para Salvador e assim,
passada colocamos N para Fortaleza.

− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;


Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Sabemos que eles não viajaram, então vamos por não (N)
Luiz N S N N
Arnaldo N N N
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Mariana N N S N
Luiz N
Paulo N N N S
Arnaldo N
Mariana Ficou claro que Arnaldo foi para Fortaleza.
Paulo
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
− Mariana viajou para Curitiba;
Se sabemos que Mariana viajou para Curitiba, vamos Luiz N S N N
colocar um sim (S) na Mariana com a coluna de Curitiba. Arnaldo S N N N
E assim na horizontal e na vertical restante, podemos Mariana N N S N
colocar N, pois sabemos que cada pessoa viajou para um Paulo N N N S
lugar diferente e apenas um lugar.
Portanto, pela tabela:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Luiz foi para Goiânia
Arnaldo foi para Fortaleza
Luiz N N
Mariana foi para Curitiba
Arnaldo N N Paulo foi para Salvador.
Mariana N N S N
Paulo N Resposta: B.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo2 Da mesma forma que o outro exercício, colocamos S e


o restante da horizontal e vertical N.
(COLÉGIO PEDRO II – Engenheiro Civil – ACESSO -Eduardo é advogado e não é solteiro
PÚBLICO/2015) Antônio, Eduardo e Luciano são advogado,
engenheiro e médico, não necessariamente nessa ordem.
Eles são casado, divorciado e solteiro, mas não se sabe
qual o estado civil de quem. Porém, sabe-se que o casado

Engenheiro

Divorciado
Advogado
é engenheiro, Eduardo é advogado e não é solteiro, e o

Solteiro
Médico
divorciado não é médico. Portanto, com certeza:

Casado
(A) Eduardo é divorciado.
(B) Luciano é médico.
(C) Luciano é engenheiro. Antônio N
(D) Antônio é engenheiro. Eduardo S N N N
(E) Antônio é casado. Luciano N
Solteiro N
Resolução Casado N S N
Divorciado N
Vamos fazer a tabela, ficará um pouco maior por ter
três elementos para correlação: Pessoas, profissão e O divorciado não é médico.
estado civil.

Engenheiro

Divorciado
Advogado
Engenheiro

Divorciado
Advogado

Solteiro
Médico

Casado
Solteiro
Médico

Casado

Antônio N
Antônio Eduardo S N N N
Eduardo Luciano N
Luciano Advogado
Solteiro Engenheiro
Casado Médico
Divorciado Solteiro N
Casado N S N
O casado é engenheiro
Divorciado N N

Se o divorciado não é médico, ele só pode ser advogado


e o solteiro é médico.
Engenheiro

Divorciado
Advogado

Solteiro
Médico

Casado

Engenheiro

Divorciado
Advogado

Antônio
Solteiro
Médico

Casado

Eduardo
Luciano
Solteiro N Antônio N
Casado N S N Eduardo S N N N
Divorciado N Luciano N
Advogado
Engenheiro
Médico
Solteiro N N S
Casado N S N
Divorciado S N N

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Temos dois S na mesma coluna, vamos analisar: Vamos fazer a tabela de hipóteses para ficar mais fácil
O divorciado é advogado e o advogado é Eduardo. As hipóteses serão trabalhadas como se cada um tivesse
comido o bolo.
Resposta: A.
Hipótese 1: Guilherme comeu
Depois desses treinos, vamos para as questões?
Lembrando que agora, você fará sozinho, vamos montando Nomes O que disse Hipótese 1
as tabelas que as correlações aparecerão sozinhas.
Guilherme Não fui eu F
Raciocínio Analítico O Alexandre que
Telma F
Primeiramente, temos que conseguir definir, quando o pegou o bolo
exercício é sobre raciocínio analítico(verdade ou mentira), A Carolina que pe-
Alexandre F
o enunciado informará sobre algumas pessoas sempre gou o bolo
falarem a verdade, outras mentiras. E conseguiremos Henrique A Telma mentiu V
resolver a questão através dessas informações que são O Guilherme disse
passadas. Partiremos de hipóteses, e o enunciado falará Caroline F
a Verdade
quem está mentindo, ou quantas pessoas dizem a verdade
ou mentira. Hipótese 2: Telma comeu

Algumas dicas importantes para resolução desses


Nomes O que disse Hipótese 1 Hipótese 2
problemas:
Guilherme Não fui eu F V
1) Leia com atenção e saiba entender o que a estão O Alexandre
pede, saber interpretar a pergunta. E leia as alternativas, Telma que pegou o F F
pois muitas vezes são óbvias e nos fazem interpretar de bolo
uma outra maneira. A Carolina
2) Às vezes, conseguimos chegar a conclusões até Alexandre que pegou o F F
mesmo pela pergunta e pelas alternativas, sem precisar bolo
pensar demais no exercício, mas elas devem ser imediatas. A Telma men-
Caso não haja, mãos à obra e vamos fazer as hipóteses! Henrique V V
tiu
3) Utilizar tabelas é um bom começo, pois ajuda a O Guilherme
visualizar melhor os problemas.
Caroline disse a Ver- F V
Vamos exemplificar a nossa conversa anterior?
dade
(TCE/CE – Técnico de Controle Externo –
Poderíamos parar nessa hipótese, caso pensemos um
Administração – FCC/2015) Em uma família de 6 pessoas,
pouco: Temos apenas duas falsas.
um bolo foi dividido no jantar. Cada pessoa ficou com
Como Henrique disse a verdade falando que Telma
2 pedaços do bolo. Na manhã seguinte, a avó percebeu
mentiu, o de Telma seria falsa mesma, e para manter apenas
que tinham roubado um dos seus dois pedaços de bolo.
Indignada, fez uma reunião de família para descobrir quem uma falsa a frase de Alexandre tem que ser verdadeira:
tinha roubado o seu pedaço de bolo e perguntou para as Caroline comeu o bolo.
outras 5 pessoas da família: “Quem pegou meu pedaço de
bolo?” Hipótese 3: Alexandre comeu
As respostas foram:
Guilherme: “Não foi eu” Nomes O que disse Hip 1 Hip 2 Hip 3
Telma: “O Alexandre que pegou o bolo”. Guilherme Não fui eu F V V
Alexandre: “A Caroline que pegou o bolo”. O Alexandre
Henrique: “A Telma mentiu” Telma que pegou o F F V
Caroline: “O Guilherme disse a verdade”. bolo
A Carolina que
A avó, sabendo que uma pessoa estava mentindo e que Alexandre F F F
pegou o bolo
as outras estavam falando a verdade, pôde concluir que
quem tinha pegado seu pedaço de bolo foi Henrique A Telma mentiu V V F
(A) Guilherme. O Guilherme
Caroline F V V
(B) Telma. disse a Verdade
(C) Alexandre.
(D) Henrique.
(E) Caroline.

Resposta: E.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Hipótese 4: Henrique comeu -Progressão Geométrica


9 18 36 72
Nomes O que disse Hip 1 Hip 2 Hip 3 Hip 4
Guilherme Não fui eu F V V V E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então não
O Alexandre
é soma.
Telma que pegou o F F V F
O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
bolo
18x2=36
A Carolina que 36x2=72
Alexandre F F F F
pegou o bolo Opa, deu certo?
A Telma men- Progressão geométrica de razão 2
Henrique V V F V
tiu
O Guilherme -Incremento em Progressão
Caroline disse a Verda- F V V V 1 2 4 7
de
Observe que estamos somando 1 a mais para cada
Hipótese 5: Caroline comeu número.
1=1=2
Nomes O que disse H1 H2 H3 H4 H5 2+2=4
Guilherme Não fui eu F V V V V 4+3=7
O Alexandre
-Série de Fibonacci
Telma que pegou o F F V F F
1 1 2 3 5 8 13
bolo
A Carolina que Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Alexandre F F F F V
pegou o bolo
A Telma men- -Números Primos
Henrique V V F V V
tiu 2 3 5 7 11 13 17
O Guilherme
Caroline F V V V V
disse a Verdade Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

A hipótese 5 é a única que tem 1 falsa. Portanto, é a que -Quadrados Perfeitos


está correta. Caroline comeu o bolo. 1 4 9 16 25 36 49

Sequências Números naturais cujas raízes são naturais.


As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, Exemplo 1
figuras, baralhos, dominós e como é um assunto muito
abrangente, e pode ser pedido de qualquer forma, o (UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a
que ajudará nos estudos serão as práticas de exercícios e sequência numérica a seguir:
algumas dicas que darei. Em cada exemplo, darei algumas
dicas para toda vez que você visualizar esse tipo de questão 3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . .
já ajude a analisar que tipo será. Vamos lá?
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
Sequência de Números formação a partir do terceiro termo, então o denominador
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multiplicação. do próximo termo da sequência é:
Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela (A) 9.
vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns (B) 11.
serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se (C) 26.
achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e ponto. (D) 27.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
Resolução
-Progressão Aritmética Quando há uma sequência que não parece progressão
2 5 8 11 aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os
dois anteriores, soma 1, e assim por diante.
Progressão aritmética sempre terá a mesma razão. No caso se somarmos os dois primeiros para dar o
No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número terceiro: 3+6=9
seguinte, temos que somar 3. Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

Vamos ver se ficará certo com o restante Exemplo 2


6+3=9
9/3=3 (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e
3+2=5 Estatísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
5/3
IBGEGBIBGEGBIBGEG...
Opa...parece que deu certo
A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são,
Então: respectivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
É uma sequência com 6
Resposta: D. Cada letra equivale a sequência
I=1
Sequência de Letras B=2
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil G=3
de falar, pois podem ser de vários tipos. E=4
Às vezes temos que substituir por números, outras analisar G=5
o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? B=0
2016/6=336 resta 0
Exemplo 1 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será
AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015) equivalente a última letra
Considerando a sequência de vocábulos: E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira letra.

galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré Sequência de Figuras


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema
A alternativa lógica que substitui X é: abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém.
(A) boi
(B) siri (FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e
(C) sapo Tecnologia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que
(D) besouro contém a próxima figura da sequência.
(E) gaivota

Resolução

Primeiro tentamos número de sílabas ou letras


Letras já não deu certo,
(A)
Galo=4
Pato=4
Carneiro=8
Cobra=4 (B)
Jacaré=6
Não tem um padrão
Número de sílabas
Está dividido em 2 e 3 e sem padrões (C)
Começadas com as letras dos meses?não...
Difícil...
São animais, então:
Galo e pato são aves (D)
Cobra e jacaré são répteis
O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
procurar outro mamífero que no caso é o boi
(E)
Resposta: A.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: B. De acordo com as informações, pode-se concluir que:


Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado (A) Amanda não se hospedará na pousada.
E depois 2 riscos e assim por diante. (B) Gabriela se hospedará em um hotel.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? (C) Gabriela viajará de automóvel para o Maranhão
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de (D) Luiz viajará de avião para o Maranhão.
todos. (E) Amanda se hospedará em um hotel.

Questões 04. (EMSERH – Psicólogo – FUNCAB/2016) Ana, Maria


e Severina são amigas e trabalham no mesmo hospital. Uma
01. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – delas é médica, outra enfermeira e a outra psicóloga. Cada uma
VUNESP/2016) Marcos, Paulo e Sérgio são irmãos e fazem delas viajou para uma cidade diferente no Carnaval de 2016:
cursos diferentes, cada um fazendo apenas um curso. uma delas foi para o Rio de Janeiro, outra foi para Salvador e a
Um tio, visitando a família, sem conhecer qual curso cada outra foi para São Luís. Considere as afirmações a seguir:
sobrinho fazia, ouviu a seguinte conversa: A médica: não viajei pra Salvador nem para São Luís. A
enfermeira: meu nome não é Maria e nem Severina. A psicóloga:
Marcos: “Eu não curso engenharia.” nem eu nem Maria viajamos para Salvador.
Paulo: “Eu curso engenharia.” De acordo com as afirmações anteriores pode-se concluir que:
Sérgio: “Eu não curso medicina.” (A) a médica é Severina e viajou para São Luís.
(B) a médica é Maria e viajou para o Rio de Janeiro.
A mãe dos jovens disse corretamente ao tio que seus (C) a psicóloga é Severina e viajou para Salvador
três filhos cursavam engenharia, medicina e direito e que (D) a psicóloga é Ana e viajou para São Luís.
apenas um falou a verdade, o que permitiu ao tio determinar (E) a enfermeira é Ana e viajou para São Luís.
que Marcos, Paulo e Sérgio cursam, respectivamente,
(A) engenharia, direito e medicina. 05. (CRP/MG – Assistente Administrativo –
(B) engenharia, medicina e direito. QUADRIX/2015) A sequência a seguir representa uma
progressão finita G, a qual foi representada por seus 8 elementos:
(C) direito, engenharia e medicina.
(D) medicina, direito e engenharia.
G = (1, 5, 25,125, Y, 3125,15625, 78125)
(E) medicina, engenharia e direito.
Assinale a alternativa que contém o valor do elemento Y da
02. (TRF-3ª REGIÃO – Analista Judiciário – FCC/2016)
progressão?
Cinco amigos possuem idades de 17, 18, 19, 20 e 21 anos.
(A) 250
A respeito de suas idades, eles dizem: (B) 325
Antônio: Tenho 17 anos. (C) 1125
Beto: Nasci antes do que Ernesto. (D) 1500
César: Tenho 18 anos. (E) 625
Dario: Sou mais novo do que César.
Ernesto: Tenho 20 anos. 06. (SSP/AM – Assistente Operacional – FGV/2015)
Sabendo-se que apenas um dos cinco mentiu, a soma Observe, na figura a seguir, a sequência de quadrados e
das idades de Beto e Ernesto, em anos, é igual a numere- os, da esquerda para a direita, com os números 1, 2,
(A) 40. 3, 4, etc. até 2015.
(B) 38.
(C) 41.
(D) 37.
(E) 39.

03. (EMSERH – Auxiliar Administrativo – (A)


FUNCAB/2016) Três primos: Amanda, Gabriela e Luiz
viajaram para o Maranhão, cada qual, em um único meio
de transporte. Considerem-se as informações a seguir: (B)
- as hospedagens dos três serão: hotel, pousada e casa
de amigos.
- os transportes utilizados por eles na viagem serão: (C)
avião, automóvel e ônibus.
- Luiz se hospedará na casa de amigos
- Amanda viajará de ônibus, para o Maranhão. (D)
- o primo que se hospedará no hotel viajará de avião
para o Maranhão.
(E)

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

07.(IBGE - Técnico em Informações Geográficas e 11. (TRT 14ª REGIÃO – Analista Judiciário – FCC/2016)
Estatísticas – FGV/2016) Quando contamos os números Observe os sete primeiros termos de uma sequência
pares em ordem crescente de 1000 até 2500, o número numérica: 7, 13, 25, 49, 97, 193, 385, ... . Mantido o mesmo
2016 ocupa a 509ª posição. padrão da sequência e admitindo-se que o 100º termo seja
Quando contamos os números pares em ordem igual a x, então o 99º termo dela será igual a
decrescente de 2500 até 1000, o número 2016 ocupa a (A) x/2 +1
posição: (B) x/2-1
(A) 240; (C) x-1/2
(B) 241; (D) x+1/2
(C) 242; (E) 2x-1/4
(D) 243;
(E) 244. 12. (TRF- 3ª REGIÃO – Analista Judiciário –
FCC/2016) Uma peça de precisão é fabricada em diversas
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para especificações. Observe na tabela abaixo o catálogo das 12
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a sigla primeiras dessas peças e seus respectivos códigos, abaixo.
CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, formando
a sequência:

C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ...

A 500ª letra que esse candidato escreveu foi


(A) O
(B) D
(C) E
(D) B
(E) A

09. (TRT-4ª REGIÃO/RS – Técnico Judiciário –


Administrativa – FCC/2015) As pastas de um arquivo
estão ordenadas com uma sequência de códigos, que
segue sempre o mesmo padrão. Os códigos das quinze
primeiras pastas desse arquivo são: A1, A2, A3, B1, B2, A4,
A5, A6, B3, B4, A7, A8, A9, B5, B6.
De acordo com o padrão, a centésima pasta desse
arquivo terá o código
Mantendo o mesmo padrão, o código da 55ª peça
(A) A50. desse catálogo é
(B) B40. (A) 23*AB
(C) B32. (B) 17**AA
(D) B50. (C) 18*AA
(E) A51. (D) 24**AB
(E) 14**AA
10.(PREF. DE SÃO PAULO/SP – Auditor Municipal de
Controle Interno – VUNESP/2015) As figuras a seguir 13. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário –
representam os três primeiros passos de um total de 31 VUNESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é
de uma sequência que será composta apenas por palitos também e studante de uma disciplina B e todo estudante
de fósforo. de uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão
é verdade que
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
O total de palitos de fósforo do 31° passo será disciplina C.
(A) 97. (D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
(B) 93. disciplina A.
(C) 124. (E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
(D)103. disciplina B.
(E) 94.

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

14. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – Questão para as perguntas 18, 19 e 20


VUNESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de direito,
Dessa afirmação, conclui­se corretamente que com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria
(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é legenda, na qual identificava, por letras, algumas afirmações
prima de Mirian. relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escrevente. meio de sentenças (proposições). No seu vocabulário particular
(C) Mirian é escrevente constava, por exemplo:
(D) Mirian não é escrevente. P: Cometeu o crime A.
(E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de Q: Cometeu o crime B.
Mirian R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão
no regime fechado.
15. (TRF – 3ª REGIÃO – Analista Judiciário – FCC/2016) S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
Considere verdadeiras as afirmações abaixo. Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar
I. Ou Bruno é médico, ou Carlos não é engenheiro. qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
II. Se Durval é administrador, então Eliane não é Tendo como referência essa situação hipotética, julgue os
secretária. itens que se seguem.
III. Se Bruno é médico, então Eliane é secretária.
IV. Carlos é engenheiro. 18. A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira,
independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras
A partir dessas afirmações, pode-se concluir ou falsas.
corretamente que ( )certo ( )errado
(A) Eliane não é secretária e Durval não é administrador.
(B) Bruno não é médico ou Durval é administrador. 19. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.
(C) se Eliane não é secretária, então Bruno não é médico.
A sentença P→S é verdadeira.
(D) Carlos é engenheiro e Eliane não é secretária.
( )certo ( )errado
(E) se Carlos é engenheiro, então Eliane não é secretária.
20. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
16. (EMSERH – Auxiliar Administrativo –
o item que se segue.
FUNCAB/2016) Isabela, Flávia e Leonardo combinaram
A sentença Q→R é falsa.
de se inscrever em um concurso. Depois do período de
( )certo ( )errado
inscrições, os três fizeram as seguintes afirmações:
- Isabela: Não é verdade que Flávia e Leonardo se Respostas
inscreveram no concurso.
- Flávia: Se Isabela não se inscreveu no concurso, então 01.Resposta: B.
Leonardo se inscreveu no concurso.
- Leonardo: Eu não me inscrevi no concurso, mas Isabela
ou Flávia se inscreveram no concurso. Nome O que fala Hip1 Hip 2 Hip 3
“Eu não curso
Marcos V F F
Se somente a afirmação de Flávia é falsa, então é correto engenharia.”
afirmar que: “Eu curso en-
Paulo F V F
(A) Isabela e Flávia não se inscreveram no concurso. genharia.”
(B) Flávia se inscreveu no concurso “Eu não curso
Sérgio F F V
(C) Isabela e Leonardo se inscreveram no concurso. medicina.”
(D) Leonardo se inscreveu no concurso.
(E) Isabela se inscreveu no concurso. Análises de cada uma

17.(TRF/3ª Região - Analista Judiciário - Área Hipótese 1: Se Marcos diz a verdade, então ele pode cursar
Judiciária – FCC/2014) Diante, apenas, das premissas medicina ou direito
“Existem juízes”, “Todos os juízes fizeram Direito” e “Alguns Paulo não cursa engenharia, podendo ser medicina ou
economistas são juízes”, é correto afirmar que: direito
(A) todos aqueles que fizeram Direito são juízes. Sérgio cursa medicina.
(B) todos aqueles que não são economistas também Já entramos em contradição, pois nenhum cursa engenharia.
não são juízes.
(C) ao menos um economista fez Direito. Hipótese 2
(D) ser juiz é condição para ser economista. Marcos diz que não cursa engenharia, mas é falso.
(E) alguns economistas que fizeram Direito não são Ele cursa engenharia
juízes. E Paulo também cursa.
Já entramos em contradição.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

Hipótese 3 é a correta, vamos ver os cursos: 03.Resposta: B.


Marcos cursa engenharia
Se Sérgio disse a verdade e não cursa medicina, ele só pode

Pousada

Casa de
cursar direito e o Paulo medicina

amigos
avião ônibus auto

Hotel
02. Resposta: C.
Amanda N N S N
Frase Hip 1 H 2 H3 H4 H5 Gabriela N N
Antônio Tenho 17 V V V V F Luiz N N S N
anos Avião S N N
Beto Nasci V V V F V ônibus N
antes de automóvel N
Ernesto
César Tenho 18 V V F V V Agora, vamos ter que analisar bem a tabela
anos Se Luiz ficou na casa de amigos, então ele não viajou de
avião, pois quem viajou de avião ficou em hotel.
Dario Sou mais V F V V V
Portanto, Luiz só pode ter viajado de automóvel
novo do
que César
avião ônibus auto

Pousada
Ernesto Tenho 20 F V V V V

Casa de
amigos
Hotel
anos

Hipótese 1 Amanda N N S N
Antônio tem 17 anos. Gabriela N N
César tem 18 anos. Luiz N N S N N S
Dario é mais novo que César, então teria 17 anos. Mas, cada
um tem uma idade entre 17 e 21 anos. Avião S N N
ônibus N
Hipótese 2: automóvel N
Antônio tem 17 anos.
Ernesto tem 20 anos. Completando a tabela:
Beto tem 21 anos, pois nasceu antes de Ernesto
César tem 18 anos. avião ônibus auto
Pousada

Casa de

Dario mentiu falando que é mais novo que César.


amigos
Hotel

Então ele tem 19 anos.


Correta.
Amanda N N S N
Hipótese 3 Gabriela N S N N
Antônio tem 17 anos. Luiz N N S N N S
Ernesto tem 20 anos. Avião S N N
Se Beto nasceu antes de Ernesto, então tem 21 anos. ônibus N
César mentiu que tem 18 anos. automóvel N
E Dario é mais novo que César.
Então César tem 19 anos e Dario tem 18 anos. Se Gabriela viajou de avião, quer dizer que ela ficou em
As idades deram certo com as frases, então hipótese correta, hotel e Amanda ficou em pousada
observe que temos duas hipóteses corretas até agora, mas
ambas têm o mesmo resultado para a pergunta.
avião ônibus auto
Pousada

Casa de
amigos

Mas, mesmo assim vamos analisar as outras.


Hotel

Hipótese 4 Amanda N S N N S N
Não pode estar correta, pois Antônio tem 17 anos e Dario Gabriela S N N S N N
sendo mais novo que César, também teria 17 anos.
Luiz N N S N N S
Hipótese 5 Avião S N N
César tem 18 anos. ônibus N S N
Ernesto tem 20 anos. automóvel N N S
Beto tem 21 anos.
Dario tem 17 anos então Antônio tem 19
Mas, de novo Beto e Ernesto continuam com a mesma idade.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo: Completando a tabela:


Amanda viajou de ônibus e ficou na pousada
Gabriela viajou de avião e ficou em hotel

enfermeira
Luiz viajou de automóvel e ficou na casa de amigos.

psicóloga

Salvador

São Luís
04 Resposta: B.

médica

RJ
A médica: não viajei pra Salvador nem para São Luís
Ana N S N
Maria S N N N
Severina N N S
enfermeira

psicóloga

Salvador

São Luís
RJ S N N
médica

Salvador N N
RJ

São Luís N
Ana
Maria
Severina

enfermeira

psicóloga

Salvador

São Luís
RJ S N N

médica
Salvador N

RJ
São Luís N
Ana N S N
A enfermeira: meu nome não é Maria e nem Severina Maria S N N N
Severina N N S
RJ S N N
enfermeira

psicóloga

Salvador

São Luís

Salvador N S N
médica

São Luís N N S
RJ

Ana N S N
Maria N
Severina N enfermeira

psicóloga

Salvador

São Luís
RJ S N N
médica

Salvador N

RJ
São Luís N
Ana N S N N S N
A psicóloga: nem eu nem Maria viajamos para Salvador Maria S N N S N N
Se Ana é enfermeira, e a psicóloga fala: “nem eu e nem Severina N N S N N S
Maria...”, sabemos que Maria não é psicóloga RJ S N N
Salvador N S N
São Luís N N S
enfermeira

Portanto:
psicóloga

Salvador

São Luís
médica

Ana é enfermeira e viajou para Salvador.


Maria é médica e viajou para Rio de Janeiro
RJ

Severina é psicóloga e viajou para São Luís.


Ana N S N
Maria N N N 05. Resposta: E.
Severina N Essa é uma sequência que cada número é o anterior x5.
RJ S N N G = (1, 5, 25,125, Y, 3125,15625, 78125)
Salvador N N 1x5=5
São Luís N 5x5=25
25x5=125
125x5=625
625x5=3125 e assim por diante

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: B. 10. Resposta: E.


Da mesma forma que a sequência de letras que vimos O primeiro passo, temos um total de 4 fósforos.
no exercício 2, há repetição de figuras, portanto vamos Segundo passo tem 7 fósforos e o 3 tem 10 fósforos.
resolver da mesma forma: Portanto, a sequência soma 3 fósforos.
2015/8=251 resta 7
Assim, sabemos que o 2015 terá a mesma configuração a1=4
da figura 7. a31=?
r=3(10-7)
07. Resposta: D.
É uma PA onde: an=a1+(n-1)r
an=2016 a31=4+(31-1)3
a1=2500 a31=4+30x3
r=-2(pois são os pares em ordem decrescente) a31=4+90=94
an=a1+(n-1)r
2016=2500+(n-1).(-2) 11. Resposta: D.
Vamos fazer por tentativa que é a forma mais rápida.
Cuidado com o jogo de sinal aqui Vamos analisar cada alternativa, com base nos números
2016=2500-2n+2 dados, vamos sempre tomar como base os dois primeiros,
2014=2500-2n que são números mais baixos.
-486=-2n As alternativas A e B já estão fora, pois dividem o
N=243 segundo termo por 2, daria um decimal, que não da certo.
A C ficaria 13-1/2=6
08. Resposta: A. Opa, se x-1/2, deu um número a menos, então a
É uma sequência com 6 letras: resposta deve ser a D.
500/6=83 e resta 2

C=1
O=2
D=3
E=4
12. Resposta: E.
B=5
55/4=13 e resta 3
A=0

Como restaram 2, então será igual a O Portanto, depois de passar todos os números 13, ele
recomeça a volta no 14, mas não faz completa para no
09. Resposta: B. terceiro.
Vamos enumerar a sequência
14**AA

13. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação
Observe que o 5º e o 10º termo são B2 e B4 e que 10 é nenhuma.
o dobro de 5 e 4 é o dobro de 2.

Portanto para o 100º termo: temos que fazer x20:

Assim, os estudantes da disciplina A, também não


fazem disciplina C e vice-versa.

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

14. Resposta: A. 17.Resposta: C.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um


diagrama a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas: (A) há quem fez direito e não é juiz.
B) podem ter feito outra carreira.
(B) Todos os primos de primo são escrevente. (D) não precisa ser juiz.
(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não. (E) Todo economista que fez direito é juiz.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são
escreventes, mas não primos de Mirian. 18. Resposta: Certo.
Analisando as duas tabelas, qualquer valor lógico que
15. Resposta: C. colocarmos dará verdadeiro.
Vamos partir de que Carlos é engenheiro. Exemplo:
A outra proposição que fala sobre Carlos é a primeira. V(P)=V
É uma disjunção exclusiva. V(Q)=V
Carlos não é engenheiro é falsa, portanto Bruno não é médico. V(~P)=F
Vamos para a terceira afirmação. V(~Q)=F
Se Bruno é médico, então Eliane é secretária.
Sabemos que a primeira é falsa, para a afirmação ser
V(P→Q)=V
verdadeira, a segunda pode ser V ou F.
V(~Q→~P)=V
Portanto, não conseguimos chegar a maiores conclusões
V((P→Q)↔((~Q→(~P))==V
que essas.
Vamos analisar as alternativas.
-Condicional
(A) Não podemos afirmar
(B) Não podemos afirmar. p q p →q
(C) Nada mais é que a equivalência de Se Bruno é V V V
médico, então Eliane é secretária. V F F
P: Bruno é médico. F V V
Q: Eliana é secretária.
F F V
p→q
-Bicondicional
A equivalência é ~q→~p
p q p ↔q
16. Resposta: B. V V V
V F F
Se Isabela não se inscreveu no concurso, então Leonardo F V F
se inscreveu no concurso.(F) F F V
(V) (F)
19.Resposta: Errado
Leonardo disse: Apesar da tendência de falar que é verdadeira, pois fala
Eu não me inscrevi no concurso, mas Isabela ou Flávia que o crime B é inafiançável, logo A é pode optar por pagar
se inscreveram no concurso.(V) a fiança, não é correto, pois não sabemos sobre o crime A,
(V) (V) se ele é inafiançável ou não.
Lembrando que o mas, é uma conjunção então devemos
20. Resposta: Errado.
lembrar da tabela verdade da conjunção.
Se temos V(Q)=V
Agora, vamos trabalhar a segunda proposição:
Para a proposição Q→R ser falsa, R deve ser falso.
Isabela ou Flávia se inscreveram no concurso
Mas, se o crime B é inafiançável, então R é verdadeiro,
Sabemos que Flávia não se inscreveu.
tornando Q→R verdadeira, por isso está errado.
Então para a disjunção ser verdadeira, Flávia se
inscreveu.

24

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