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3.2. Ovo

O ovo é um alimento com baixo custo e uma excelente fonte de vários nutrientes,
tais como folato, riboflavina, selênio, colina e vitaminas A, D, E, K e B12, além de
sais minerais (ferro, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloro, iodo,
manganês, enxofre, cobre e zinco), proteína de alta qualidade e lipídeo, que
tornam biodisponíveis importantes nutrientes, como luteína e zeaxantina,
associadas com a prevenção da degeneração macular, além de fonte de gorduras
saturadas e colesterol. Vale lembrar que os lípides, minerais e vitaminas estão
presentes quase que totalmente na gema, sendo a clara constituída
especialmente pelas proteínas.

Até à atualidade mais de 8000 diferentes flavonoides foram descritos, sendo as suas principais classes
os
flavonóis (Fig.4),
flavonas (Fig.5),
flavanonas (Fig.6),
flavanas (Fig.7),
isoflavonoides (Fig.8) e
antocianinas (Fig.9).

1.2.1. Biossíntese e Classificação A estrutura comum dos flavonóides é biossintetizada a partir dos
metabolitos derivados do ácido chiquímico e acetil-coA (Esq.1). O ácido chiquímico produz a
fanilalanina que é o precursor inicial da síntese dos flavonóides. O aminoácido fenilalanina é
desaminado pela enzima fenilalanina-amónia-líase (PAL) e produz o ácido cinâmico. Este é convertido
em ácido p-cumárico por ação da enzima 4-hidroxilase cinamato. Por conseguinte, ocorre a adição da
CoA, catalisada pela enzima p-cumarato/CoA liase originando a p-cumaroil-CoA. A p-cumaroilCoA,
ao reagir com três moléculas de malonil-CoA forma a calcona. Esta reação é catalisada pela enzima
calcona sintetase. Finalmente, ocorre a ciclização do anel da calcona pela ação da enzima calcona
isomerase, originando a flavanona (naringenina), com o núcleo básico de todos os flavonóides. Assim,
nos flavonóides, o anel A é formado via acetil CoA, o anel B via ácido chiquímico e o anel C deriva do
fosfoenolpiruvato (Formica & Regelson, 1995; Dewick; Havsteen; Ibrahim, 2002; Martens & Mithöfer,
2005; Andersen & Markham 2006; Winkel, 2006; Hurber et al., 2008; Dixon & Pasinetti, 2010).

1
Esq. 1- Biossíntese de flavonóides (Fonte: Andersen & Markham, 2006)

Conforme a posição da ligação do anel benzénico B ao anel heterocíclico C, os flavonóides podem ser
enquadrados em três classes distintas. (Stobiecki & Kachlicki, 2006). Segundo a nomenclatura da
IUPAC, os que derivaram de 2-fenilcrom-4-ona (2-fenil-1,4-benzopirano), são classificados de
flavonóides (1), os que derivaram de 3-fenilcromon-4-ona (3-fenil-1,4- benzopirano) de isoflavonóides
(2) e os que derivaram de 4-fenilcumarina (4-fenil-1,2- benzopirano) de neoflavonóides (3) (Marais et
al., 2006; Winkel, 2006; Dixon & Pasinetti, 2010; IUPAC, 2012).

Fig. 2 - Estrutura base de núcleos das classes dos flavonóides (Fonte: IUPAC,
2012)

2
Dentro de cada classe, de acordo com o grau de oxidação e
insaturação do anel C, surgem diferentes grupos de flavonóides
(Scalbert & Williamson, 2000; Spencer, 2000; Marais et al., 2006). A tabela
1 indica os nomes dos grupos pertencentes a cada classe e dos
compostos mais representativos de cada grupo. A figura 3 ilustra
as estruturas dos compostos mais representativos.

Tab. 1 - Classe, grupo e compostos representativos de cada grupo de


flavonóides

Classe Grupo Compostos representativos


Catequina (4), epicatequina
Flavan-3-ois
(5)

Flavanonas Naringenina (6)


Flavonas
Flavonas Apigenina (7), Luteolina (8)
Quercetina (9), Kaempferol
Flavonóis (10)

3
Antocianinas Cianidina (11)

Genisteína (12), Daidzeína


Isoflavonóides Isoflavonas
(13)

Neoflavonóides Neoflaveno (14)


Neoflavonas

possíveis efeitos da quercetina sob o desempenho cognitivo de


ratos jovens e idosos intoxicados com etanol, a quercetina
parece proteger as células de cérebro contra o stress oxidativo,
prevenindo assim o Alzheimer e outras doenças
neurodegenerativas (Heo & Lee 2004). Segundo Goutman et al.
(2003) a quercetina modula o receptor GABAA de uma forma
diferente dos benzodiazepínicos, podendo ser utilizada como um
agente ansiolítico.

Um outro flavonóide que parece atuar em doenças neurodegenerativas é a epicatequina (5). Um estudo
in vitro revelou que a epicatequina inibe a toxicidade neuronal causada pela oxidação das LDL,
podendo ser usada na proteção do cérebro contra os danos causados pelo stress oxidativo (Schroeter et
al., 2001).

catequina e a epicatequina inibem a oxidação das LDL de forma muito significativa (Lamuela-
Raventos et al., 2005). Vários estudos relatam a redução da pressão arterial em ratos tratados com a
quercetina (9)

a miricetina é o flavonóide que apresenta um caráter antioxidante mais efetivo, seguida da quercitina.
Verificou-se que este último possui uma capacidade de atuar como agente antioxidante cinco vezes
superior à das vitaminas E e C. O ácido ascórbico reduz este flavonóide, sendo que a combinação dos
dois agentes permite manter as suas propriedades antioxidantes por mais tempo.

Os flavonóides catequina e hesperidina apresentaram efeitos quimioprotetores contra o câncer de cólon


induzido por aminas heterocíclicas em ratos. Verificou-se também a existência de uma relação entre o
ácido gálico e a indução da apoptose (morte celular programada necessária na eliminação de células
danificadas ou cancerosas durante o tratamento do câncer).

A doença de Alzheimer causa a perda gradual de células do cérebro, conduzindo a uma situação de
demência. O cérebro de doentes que apresentam esse tipo de patologia possui marcas associadas a uma
situação de estresse oxidativo, que poderá ser atenuada pelo consumo de alimentos constituídos por
flavonóides com capacidade antioxidante. A doença de Parkinson encontrase relacionada com a
degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substância negra. A auto-oxidação da dopamina, bem

4
como o seu catabolismo, pela monoamina oxidase, produzem superóxido e peróxido de hidrogênio,
responsáveis pelos níveis elevados de estresse oxidativo que se verificam na substância negra. Também
nesta patologia as propriedades antioxidantes dos flavonóides poderão ter papel crucial.

Os inibidores da quinase têm desempenhado um papel cada vez mais proeminente no tratamento do
câncer e outras doenças. (veneno serperte na quinase?

https://www.medchemexpress.com/NaturalProducts/Flavonoids.html?src=google-
product&gclid=EAIaIQobChMI847kpsrw3QIVhsDICh1CJgunEAMYASAAEgJTAPD_BwE&page=3

lista flavonoides

Nome do Produto CAS No.


 HY 18085
Quercetina 117-39-5

A quercetina, um flavonóide natural, é um estimulador da SIRT1


recombinante e também um inibidor PI3Kcom IC 50 de 2,4 ± 0,6 μM, 3,0 ± 0,0 μM e 5,4 ± 0,3 μM para
PI3K γ, PI3K δ e PI3K β, respectivamente.

 HY 14596
Genisteína 446-72-0

A genisteína é um potente inibidor da atividade da proteína tirosina quinase (PTK) do EGFR in vitro com um IC 50 de 0,7 μg / mL (0,6 μM).

 HY 13653
(-) - Galato de epigalocatequina 989-51-5

(-) - Epigalocatequina O galato é um flavonóide antioxidante polifenol do chá verde e inibe a ativação do EGFR, HER2 e HER3 ,
com atividade antitumoral.

 HY-N1201
Apigenina 520-36-5

A apigenina é um inibidor competitivo do CYP2C9 com uma K i de 2 μM.


 HY-N0155
nobiletin 478-01-3

A Nobiletin, uma flavona natural polietoxilada, é identificada como uma molécula pequena que
aumenta a amplitude do relógio.

 HY-N0197
Baicalin 21967-41-9

5
Baicalin é um glicosídeo flavonóide isolado da Scutellaria baicalensis . Baicalin reduz a expressão de NF-κB .

 HY 14590
Kaempferol 520-18-3

O Kaempferol inibe a expressão de receptor de estrogênio α em células de câncer de mama e induz a apoptose em c
glioblastoma e células de câncer de pulmão por ativação de MEK-MAPK.

 HY-N0796
Procianidina B2 29106-49-8

Procyanidin B2 é um flavonóide natural, com atividades anti-cancerígenas e antioxidantes.


 HY-N0143
Phlorizin 60-81-1

A florizina é um inibidor de SGLT não seletivo com K i de 300 e 39 nM para hSGLT1 e hSGLT2 ,
respectivamente. A florizina também é um inibidor da Na + / K + -ATPase .

 HY-N0102
Isoliquiritigenina 961-29-5

A isoliquiritigenina é um flavonóide antitumoral da raiz do Glycyrrhiza glabra , que inibe a redutase da


aldosecom um IC 50 de 320 nM.

 HY-N0018
Daidzin 552-66-9

Daidzin é uma isoflavona que possui atividades anti-oxidantes, anti-carcinogênicas e anti-ateroscleróticas;inibe


diretamente a aldeído desidrogenase 2 mitocondrial (IC50 = 80 nM) e é uma isoflavona anti-dipsotrópica eficaz.

 HY-N0162
Luteolina 491-70-3

A luteolina é um composto falconóide, que exibe propriedades anticancerígenas.


 HY-N0014
Icariin 489-32-7

Icariin é um glicosídeo flavonol. Icariin inibe PDE5 e PDE4 actividade com IC 50 s de 432 nM e 73,50? M,
respectivamente. Icariin também é um ativador de PPARα .

 HY-N0019

6
Daidzein 486-66-8

A daidzeína é uma isoflavona de soja, que atua como um ativador do PPAR .


 HY 13748
Silibinina 22888-70-6

Demonstrou-se que a silibinina, um agente anticancerígeno e quimiopreventivo eficaz, exerce múltiplos


efeitos sobre as células cancerígenas, incluindo a inibição da proliferação e migração celular.

 HY 15097
Miricetina 529-44-2

A miricetina é um flavonóide comum derivado de plantas com uma ampla gama de atividades, incluindo
atividades anti-oxidantes, anticancerígenas, antidiabéticas e anti-inflamatórias.

 HY-N0196
Baicalein 491-67-8

A baicaleína (5,6,7-tri-hidroxiflavona) é um inibidor da xantina oxidase com um valor de IC 50 de 3,12 mM.


 HY-N0751
Scutellarin 27740-01-8

A scutelarina, uma flavona ativa isolada da Scutellaria baicalensis, pode reduzir a sinalização STAT3 / Girdin / Akt
inibe a via de sinalização MAPK e NF-κB mediada por RANKL em osteoclastos.

 HY-N1067
Xanthohumol 6754-58-1

O xanthohumol é um dos principais flavonóides isolados do lúpulo, o inibidor da diacilglicerol acetiltransferase


(DGAT ), COX-1 e COX-2, e apresenta atividade anticâncer e anti-angiogênica.

 HY-N0182
fisetina 528-48-3

A fisetina é um flavonol natural encontrado em muitas frutas e vegetais com vários benefícios, como efeitos
antioxidantes, anticancerígenos e neuroprotetores.

Os carotenoides hidrocarbonetos são conhecidos como carotenos, enquanto os derivados oxigenados


(através de reações como hidroxilação e epoxidação) como xantofilas (RODRIGUEZ-AMAYA,
KIMURA, 2004).

Os principais carotenoides encontrados nos alimentos são: β-caroteno, αcaroteno, β-criptoxantina,


licopeno, luteína e violaxantina. Esses carotenoides são também os mais comumente encontrados no
plasma humano, exceto violaxantina. Por isso, juntamente com a zeaxantina, são os mais estudados em

7
termos de efeitos de proteção à saúde. Cerca de 90% dos carotenoides na dieta e corpo humano são
representados por β-caroteno, α-caroteno, licopeno, luteína e criptoxantina (RODRIGUEZ-AMAYA et
al., 2008).

Os carotenoides podem ser quantificados e identificados nos alimentos através de várias técnicas
instrumentais, dentre as quais a espectrofotometria na região visível do espectro, a espectrometria de
massas, a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e a cromatografia a gás (CG) (VERONEZI,
JORGE, 2011). Na natureza, os carotenoides encontram-se protegidos nos tecidos vegetais. Com o
corte, a trituração, a fragmentação e o despolpamento dos frutos e vegetais, há aumento da exposição
ao oxigênio, promovendo o encontro de enzimas que catalisam a oxidação com os carotenoides. O
congelamento, especialmente quando se dá de maneira rápida, geralmente auxilia na sua preservação
(RODRIGUEZ-AMAYA, 1997)

Carotenoides provitamina A São carotenoides provitamina A: β-caroteno, α-caroteno e β-criptoxantina.


O β-caroteno é o mais potente como provitamina A, já que a estrutura da vitamina A (retinol) é a
metade da molécula do β-caroteno, com uma molécula de água acrescida à porção final da cadeia
poliênica. Por isso, atribui-se 100% de atividade a este carotenoide. Na figura 2, pode-se observar a
estrutura do β-caroteno. Para um carotenoide possuir atividade pró-vitamínica A, deve apresentar, no
mínimo, um fragmento de anel β-ionona não substituído e uma cadeia lateral poliênica de 11 carbonos.
Portanto, o α-caroteno e a β-criptoxantina apresentam aproximadamente 50% da atividade do β-
caroteno, enquanto a luteína, a zeaxantina e o licopeno não possuem essa atividade (RODRIGUEZ-
AMAYA, KIMURA, AMAYA-FARFAN, 2008). Pode-se observar também as estruturas dos
carotenoides citados na figura 3.

A conversão dos carotenoides a vitamina A ocorre naturalmente no fígado. Devido à simetria


apresentada pela molécula de β-caroteno, sugere-se que a clivagem ocorre na posição central da
molécula, produzindo então duas de vitamina A. No entanto, até o momento, essa teoria não está
totalmente esclarecida. Como a clivagem ocorre in vivo, as tentativas de entender esse mecanismo são
especulativas, tornando as condições de reação muito difíceis de serem controladas. A clivagem central
do β-caroteno pela enzima 15,15’-dioxigenase está comprovada in vivo e in vitro. Porém,
alternativamente, para alguns autores, o mecanismo de clivagem na posição 8’ também é possível de
ocorrer (UENOJO, MARÓSTICA JR., PASTORE, 2005). Além disso, de acordo com Uenojo,
Maróstica Jr. e Pastore (2007), o β-caroteno também pode ser convertido a β-ionona por meio de
apenas uma clivagem, que pode ser observada na figura 4. Trata-se de um composto volátil derivado de
carotenoides, que, nas plantas, contribui para afastar fungos e herbívoros e atrair agentes polinizadores.

Dos mais de 600 carotenoides que já foram identificados na natureza, apenas cerca de 40 estão
presentes na alimentação humana típica. Desses 40, apenas 20 carotenoides foram identificados no
sangue e tecidos humanos (RAO, RAO, 2007). Os seis carotenoides mais pesquisados por seus
envolvimentos na saúde humana são o β-caroteno (β,β-caroteno), αcaroteno (β,ε-caroteno), β-
criptoxantina (β,β-caroten-3-ol), licopeno (ψ,ψ-caroteno), luteína (β,ε- caroteno-3,3’-diol) e zeaxantina
(β,β- caroteno-3,3’-diol) (EPLER, ZEIGLER, CRAFT, 1993)

Vários efeitos promotores da saúde têm sido atribuídos aos carotenoides, tais como:
melhoria da resposta imunológica contra infecções, proteção da mucosa gástrica contra úlceras
e redução do risco de desenvolver doenças crônicas degenerativas, como câncer, doenças
cardiovasculares, degeneração muscular relacionada à idade e catarata. Além disso, os
carotenoides também foram identificados como potenciais inibidores da doença de Alzheimer
(BAKÓ, DELI, TÓTH, 2002; DUTTA, CHAUDHURI, CHAKRABORTY, 2005;
RODRIGUEZ-AMAYA, KIMURA, AMAYA-FARFAN, 2008). Essas atividades fisiológicas
apresentadas não possuem relação com a atividade vitamínica A e têm sido atribuídas às suas
propriedades antioxidantes, especificamente à capacidade de sequestrar o oxigênio singleto e
interagir com os radicais livres (PALOZZA, KRINSKY, 1992). As principais ações biológicas

8
dos carotenoides estão apresentadas na figura 6.

Vários mecanismos de ação foram relatados para a ação dos carotenoides contra as doenças crônicas,
tais como a modulação do metabolismo de substâncias cancerígenas, inibição da proliferação celular,
aumento da diferenciação celular e estímulo à comunicação intercelular (gap junction). Além disso,
como os carotenoides também estão presentes no meio intracelular, podem ainda exercer os seguintes
efeitos: regulação do crescimento celular, modulação da expressão de genes, melhora do sistema
imunológico, modulação das enzimas de metabolização de drogas de fase I e II e inibição da adesão de
monócitos e ativação plaquetária. Além disso, carotenoides como α- e β-carotenos e β-criptoxantina
têm a vantagem adicional de serem capazes de se converterem a vitamina A e, dessa forma, prevenirem
doenças (ASTORG, 1997; HANDELMAN, 2001; DUTTA, CHAUDHURI, CHAKRABORTY, 2005;
RAO, RAO, 2007). A ingestão de β-caroteno e licopeno tem mostrado relação com a diminuição do
risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, enquanto que a
ingestão de luteína e zeaxantina minimiza o risco de doenças relacionadas aos olhos (RAO, RAO,
2007)

Principais fontes de carotenoides


Dentre os alimentos brasileiros analisados quanto ao teor de β-caroteno, o buriti, que é
uma fruta palmácea, apresenta a maior concentração desse carotenoide. Além disso, o buriti
também contém concentrações elevadas de α-caroteno, γ-caroteno e zeaxantina. Também são
fontes de β-caroteno a cenoura, a folha da cenoura, o melão de polpa amarela e acerola
(PEREIRA et al., 2003; RODRIGUEZ-AMAYA, KIMURA, AMAYA-FARFAN, 2008).
Algumas vezes, o α-caroteno acompanha o β-caroteno, mas geralmente em
concentrações menores. Além do buriti, são fontes alimentares desses dois componentes as
abóboras da espécie Cucurbita moschata, a cenoura e o azeite de dendê vermelho. Embora em
quantidades menores do que 20 µg/g, a β-criptoxantina é o principal carotenoide de muitas
frutas de polpa alaranjada, como cajá, nectarina, mamão amarelo, laranja, pêssego e tamarilho
(tomate arbóreo). Já a luteína, que é um derivado di-hidroxilado do α-caroteno, é encontrada
em quantidades expressivamente mais elevadas nos tecidos vegetais do que a zeaxantina, que,
por sua vez, é um derivado di-hidroxilado do β-caroteno. A ocorrência limitada da zeaxantina
é compreensível porque quando a mesma é formada, está sujeita à epoxidação até anteraxantina
e, especialmente, violaxantina. São fontes de licopeno: o tomate, a pitanga, o mamão vermelho,
a goiaba vermelha e a melancia. Já a violaxantina é o principal carotenoide de alguns alimentos,
como mangas ‘Haden’ e ‘Tommy Atkins’, abricó e pimentão amarelo (RODRIGUEZAMAYA,
KIMURA, AMAYA-FARFAN, 2008).
A astaxantina é o principal carotenoide de alguns peixes, como salmão e truta, e a
maioria dos crustáceos, como camarão, lagosta e caranguejo. Outro importante carotenoide
encontrado nos peixes é a tunaxantina (RODRIGUEZ-AMAYA, 2001).

Carotenoides e composição de abóboras Algumas variedades, como C. moschata, C. maxima e C.


pepo, com coloração variando do amarelo intenso ao alaranjado, têm revelado teores elevados de
carotenoides, principalmente α e β-carotenos, β-criptoxantina, luteína e zeaxantina (RODRIGUEZ-
AMAYA et al., 2008). De acordo com Rodriguez-Amaya, Kimura e Amaya-Farfan (2008), alterações
nos teores de carotenoides do mesmo alimento são possíveis de ocorrer devido a mudanças de cultivar
ocorridas no mercado brasileiro. Há diferenças dos teores de carotenoides entre as cultivares de
abóbora. Em alguns casos, há predomínio de α- e β-caroteno, enquanto que, em outros, a luteína é o
carotenoide principal (RODRIGUEZ-AMAYA, KIMURA, 2004).

9
Os principais antioxidantes que podem ser encontrados nos vegetais são os carotenoides
e vitamina E (lipossolúveis), bem como os compostos fenólicos e a vitamina C (hidrossolúveis).
Esses antioxidantes absorvem radicais livres e inibem o início da reação em cadeia ou
interrompem a propagação de reações em cadeia das reações oxidativas promovidas pelos
radicais (PODSEDEK, 2007).
Normalmente, os antioxidantes naturais se dividem em duas categorias: antioxidantes de
quebra de cadeia, que interferem na etapa de propagação radicalar (são exemplos os fenóis e as
aminas aromáticas) e os antioxidantes preventivos, que interferem na etapa de formação dos
radicais (como, por exemplo, as enzimas peroxidase e catalase) (CARDOSO, 1997).

Substâncias fenólicas As substâncias fenólicas são uma classe extensa de antioxidantes caracterizados
por apresentarem, em sua estrutura, pelo menos um anel aromático e, como substituintes, hidroxilas
acopladas à estrutura do anel (SROKA, CISOWSKI, 2003). Estão presentes nos vegetais nas formas
livres ou conjugadas. Mais de 8000 compostos fenólicos já foram detectados em plantas.

O conteúdo final de
compostos fenólicos presente nas frutas e hortaliças pode estar relacionado a fatores como:
maturação, espécie, práticas de cultivo, origem geográfica, estágio de crescimento, condições
de colheita e processo de armazenamento (KIM, JEONG, LEE, 2003).
A bioatividade dos fenólicos pode ser atribuída à sua habilidade de quelar metais, inibir
a peroxidação lipídica e sequestrar radicais livres (CHEUNG, CHEUNG, OOI, 2003). Uma
substância polifenólica pode ser definida como antioxidante se preencher duas condições:
quando, estando presente em baixa concentração relativa ao substrato a ser oxidado, possa
retardar ou prevenir a oxidação e quando os radicais formados após a reação sejam estáveis
(KAUR, KAPOOR, 2001).

Flavonoides Os flavonoides constituem o grupo mais distribuído de polifenóis. São construídos de


esqueletos C6–C3–C6. As principais atividades biológicas atribuídas a estes compostos são: atividade
antioxidante, efeito protetor de capilares e efeitos inibitórios de tumores em vários estágios
(PODSEDEK, 2007). Estão amplamente distribuídos nas frutas e nos vegetais, em geral podendo
apresentar-se sob muitas variações, como flavonóis, flavonas, flavanonas, flavanas, antocianinas,
isoflavonas e chalconas. As principais fontes desses fenólicos são: café, cebola, maçã, uva, cerveja,
vinho tinto e chá (SILVA et al., 2010)

As proantocianidinas (PA), ou taninos condensados, são os compostos fenólicos


naturais mais abundantes após a lenhina1. Encontram-se em diversos alimentos,
tais como frutos, leguminosas, bagas, cacau, bebidas alcoólicas e chá, fazendo
parte regular da dieta humana. São responsáveis pela adstringência de vários
alimentos, devido à sua capacidade de formar complexos com as proteínas
existentes na saliva1.
As proantocianidinas são oligómeros ou polímeros de flavan-3-óis, podendo
existir ligações C4→C8 ou C4→C6 entre os monómeros. São as chamadas
estruturas de tipo B. Poderá existir uma ligação éter adicional entre C2→O7,
originando as PA tipo A. As unidades monoméricas que as compõem são
designadas catequinas e (epi)catequinas2 (Fig. 1).

10
As PA que contêm exclusivamente unidades (epi)catequina são chamadas
procianidinas e constituem o grupo mais abundante de PA no mundo vegetal.
Existem outros dois tipos de PA, as que contêm subunidades (epi)afzelequinas e
(epi)galocatequinas e que se denominam propelargonidinas e prodelfinidinas,
respectivamente. As unidades componentes das PA podem ainda sofrer
substituição química por grupos acilo ou glicósidos, sendo as posições C3 e C5 as
mais frequentemente substituídas3.
Os estudos sobre os teores de PA nos alimentos revelam uma certa falta de
concordância. Tal deve-se sobretudo a diferenças nos métodos analíticos e
processos de amostragem utilizados4. A base de dados da United States
Department of Agriculture (USDA) é usada como referência, pois apresenta
teores de PA extraídas, com solventes orgânicos e água, a partir de diversos
alimentos5. A maioria dos alimentos analisados contém apenas o tipo mais
vulgar das PA B, embora também fossem encontradas algumas de tipo A e ainda
propelargonidinas e prodelfinidinas. De um modo geral, os frutos, sobretudo os
frutos vermelhos, são boas fontes de PA, enquanto as hortícolas e os cereais
exibem baixos teores6. Mais recentemente, tem sido dada mais atenção ao grupo
das chamadas PA não extractáveis, aquelas que não são solúveis nos solventes
habitualmente utilizados e que requerem uma hidrólise prévia4,6.

Exemplos mais recentes de fármacos deorigem vegetal incluem a galantamina


(1), a artemisinina (2) e o taxol (3), utilizados notratamento de doença de
Alzheimer, malária e câncer, respectivamente (Figura 3).7-10
Entretanto, frequentemente, os processos de fracionamento e purificação de
extratos vegetais levam à redução ou perda daatividade biológica inicialmente
observada. É igualmente frequente a constatação de quemisturas complexas de
substâncias de origem natural produzem efeitos mais pronunciados
vegetais levam à redução ou perda da atividade biológica inicialmente
observada. É igualmente frequente a constatação de que misturas complexas de
substâncias de origem natural produzem efeitos mais pronunciados
que doses proporcionais de seus constituintes isolados.5,6,11,12 Interações
aditivas ou sinérgicas são as explicações usualmente propostas para explicar esses fatos.1,11

erva-de-são-joão (Hypericum perforatum (600-900 mg por dia) em pacientes com depressão.

Nahrstedt & Butterweck29 evidenciaram, em estudos in vivo, que substâncias pertencentes a diferentes
classes químicas são responsáveis pela atividade antidepressiva da erva-de-são-joão. Destacam-se a
naftodiantrona hypericina (12), que atua presumivelmente como inibidor da recaptura de monoaminas,
e os flavonoides hyperosídeo (13), isoquercitrina (5) e miquelianina (10), que possivelmente exercem
seus efeitos por meio da regulação da secreção de acetilcolina e cortisol. Estudos in vitro corroboram
essa hipótese mostrando que essas substâncias (5, 10, 12 e 13), além da hyperforina (14) e de outras,
atuam em conjunto em múltiplos alvos do sistema nervoso central.31 Observou-se, ainda, que as
procianidinas presentes no extrato, desprovidas de ação antidepressiva, são capazes de potencializar a
ação da hypericina. O mecanismo proposto para esse efeito sinérgico é o aumento da solubilidade em
água da hypericina em presença destas procianidinas, com destaque para a procianidina B2 (15), que se
traduz em um aumento considerável (140-160%) na biodisponibilidade da primeira.29 Esse é um
exemplo típico de sinergia farmacocinética.

Outro relevante caso de sinergia foi constato entre a artemisinina (Figura 2) e outros constituintes
químicos da espécie medicinal Artemisia annua L. A artemisinina, uma lactona sesquiterpênica isolada
desta espécie, é atualmente o principal componente de tratamentos contra malária causada por

11
Plasmodium spp. resistentes à cloroquina. Entretanto, o surgimento de cepas resistentes a esse fármaco
é observado com crescente preocupação.10,

esses flavonoides (16-19) aumentam a velocidade de reação entre a artemisinina e a hemina, um


produto da digestão parasitária da hemoglobina, levando à liberação de espécies reativas de oxigênio,
responsáveis pela destruição dos plasmódios. Além disso, é possível que esses flavonoides tenham
ação inibitória sobre bombas de efluxo da membrana celular, um mecanismo que permitiria aos
extratos contornar o fenômeno da resistência.

Sinergia entre produtos naturais e fármacos de uso clínico

Algumas substâncias de origem natural podem atuar de forma


sinérgica com fármacos já utilizados clinicamente, permitindo a
redução das doses necessárias para produzir o efeito desejado e,
consequentemente, minimizando os efeitos adversos.5 Os resultados
do estudo de Nagaprashantha et al.43 constituem um exemplo
relevante deste tipo de interação. Nesse estudo, os autores
demonstraram o efeito sinérgico entre o fármaco docetaxel (20), um
derivado semissintético do taxol, empregado no tratamento de câncer
de próstata, e o flavonoide vicenina-2 (21) (Figura 8). Os esquemas de
tratamento atual com esse medicamento implicam em administração
intravenosa de doses que variam de 60 a 100 mg/m2 uma vez a cada
três semanas.43,44 Efeitos adversos ocorrem em 67% dos casos,
comprometendo a qualidade de vida dos pacientes. Observou-se
nesse estudo que a vicenina-2, isoladamente, pode inibir a
proliferação das células tumorais por diversos mecanismos. A
coadministração do flavonoide e de docetaxel a camundongos, por via
oral, permitiu observar potentes efeitos inibitórios sobre as células
tumorais. As doses administradas em dias alternados foram 0,03
mg/m2 de docetaxel e 3 mg/m2 de vicenina-2. Os mecanismos
envolvidos provavelmente estão relacionados à atuação das
substâncias em diferentes alvos.

Recentemente, um estudo semelhante relatou a interação sinérgica in


vitro entre taxol e o flavonoide metoxilado nobiletina em linhagens de
células de carcinoma pulmonar. Adicionalmente, a administração da
nobiletina (22) a camundongos por via o􏰀al 􏰀600 μg em suspensão)
associada ao regime quimioterápico de paclitaxel (taxol) e
carboplatina (via intraperitoneal) mostrou-se mais eficiente que a
quimioterapia na ausência deste flavonoide.45 A estrutura deste
flavonoide é mostrada na Figura 9.

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