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3.2. Ovo
O ovo é um alimento com baixo custo e uma excelente fonte de vários nutrientes,
tais como folato, riboflavina, selênio, colina e vitaminas A, D, E, K e B12, além de
sais minerais (ferro, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloro, iodo,
manganês, enxofre, cobre e zinco), proteína de alta qualidade e lipídeo, que
tornam biodisponíveis importantes nutrientes, como luteína e zeaxantina,
associadas com a prevenção da degeneração macular, além de fonte de gorduras
saturadas e colesterol. Vale lembrar que os lípides, minerais e vitaminas estão
presentes quase que totalmente na gema, sendo a clara constituída
especialmente pelas proteínas.
Até à atualidade mais de 8000 diferentes flavonoides foram descritos, sendo as suas principais classes
os
flavonóis (Fig.4),
flavonas (Fig.5),
flavanonas (Fig.6),
flavanas (Fig.7),
isoflavonoides (Fig.8) e
antocianinas (Fig.9).
1.2.1. Biossíntese e Classificação A estrutura comum dos flavonóides é biossintetizada a partir dos
metabolitos derivados do ácido chiquímico e acetil-coA (Esq.1). O ácido chiquímico produz a
fanilalanina que é o precursor inicial da síntese dos flavonóides. O aminoácido fenilalanina é
desaminado pela enzima fenilalanina-amónia-líase (PAL) e produz o ácido cinâmico. Este é convertido
em ácido p-cumárico por ação da enzima 4-hidroxilase cinamato. Por conseguinte, ocorre a adição da
CoA, catalisada pela enzima p-cumarato/CoA liase originando a p-cumaroil-CoA. A p-cumaroilCoA,
ao reagir com três moléculas de malonil-CoA forma a calcona. Esta reação é catalisada pela enzima
calcona sintetase. Finalmente, ocorre a ciclização do anel da calcona pela ação da enzima calcona
isomerase, originando a flavanona (naringenina), com o núcleo básico de todos os flavonóides. Assim,
nos flavonóides, o anel A é formado via acetil CoA, o anel B via ácido chiquímico e o anel C deriva do
fosfoenolpiruvato (Formica & Regelson, 1995; Dewick; Havsteen; Ibrahim, 2002; Martens & Mithöfer,
2005; Andersen & Markham 2006; Winkel, 2006; Hurber et al., 2008; Dixon & Pasinetti, 2010).
1
Esq. 1- Biossíntese de flavonóides (Fonte: Andersen & Markham, 2006)
Conforme a posição da ligação do anel benzénico B ao anel heterocíclico C, os flavonóides podem ser
enquadrados em três classes distintas. (Stobiecki & Kachlicki, 2006). Segundo a nomenclatura da
IUPAC, os que derivaram de 2-fenilcrom-4-ona (2-fenil-1,4-benzopirano), são classificados de
flavonóides (1), os que derivaram de 3-fenilcromon-4-ona (3-fenil-1,4- benzopirano) de isoflavonóides
(2) e os que derivaram de 4-fenilcumarina (4-fenil-1,2- benzopirano) de neoflavonóides (3) (Marais et
al., 2006; Winkel, 2006; Dixon & Pasinetti, 2010; IUPAC, 2012).
Fig. 2 - Estrutura base de núcleos das classes dos flavonóides (Fonte: IUPAC,
2012)
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Dentro de cada classe, de acordo com o grau de oxidação e
insaturação do anel C, surgem diferentes grupos de flavonóides
(Scalbert & Williamson, 2000; Spencer, 2000; Marais et al., 2006). A tabela
1 indica os nomes dos grupos pertencentes a cada classe e dos
compostos mais representativos de cada grupo. A figura 3 ilustra
as estruturas dos compostos mais representativos.
3
Antocianinas Cianidina (11)
Um outro flavonóide que parece atuar em doenças neurodegenerativas é a epicatequina (5). Um estudo
in vitro revelou que a epicatequina inibe a toxicidade neuronal causada pela oxidação das LDL,
podendo ser usada na proteção do cérebro contra os danos causados pelo stress oxidativo (Schroeter et
al., 2001).
catequina e a epicatequina inibem a oxidação das LDL de forma muito significativa (Lamuela-
Raventos et al., 2005). Vários estudos relatam a redução da pressão arterial em ratos tratados com a
quercetina (9)
a miricetina é o flavonóide que apresenta um caráter antioxidante mais efetivo, seguida da quercitina.
Verificou-se que este último possui uma capacidade de atuar como agente antioxidante cinco vezes
superior à das vitaminas E e C. O ácido ascórbico reduz este flavonóide, sendo que a combinação dos
dois agentes permite manter as suas propriedades antioxidantes por mais tempo.
A doença de Alzheimer causa a perda gradual de células do cérebro, conduzindo a uma situação de
demência. O cérebro de doentes que apresentam esse tipo de patologia possui marcas associadas a uma
situação de estresse oxidativo, que poderá ser atenuada pelo consumo de alimentos constituídos por
flavonóides com capacidade antioxidante. A doença de Parkinson encontrase relacionada com a
degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substância negra. A auto-oxidação da dopamina, bem
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como o seu catabolismo, pela monoamina oxidase, produzem superóxido e peróxido de hidrogênio,
responsáveis pelos níveis elevados de estresse oxidativo que se verificam na substância negra. Também
nesta patologia as propriedades antioxidantes dos flavonóides poderão ter papel crucial.
Os inibidores da quinase têm desempenhado um papel cada vez mais proeminente no tratamento do
câncer e outras doenças. (veneno serperte na quinase?
https://www.medchemexpress.com/NaturalProducts/Flavonoids.html?src=google-
product&gclid=EAIaIQobChMI847kpsrw3QIVhsDICh1CJgunEAMYASAAEgJTAPD_BwE&page=3
lista flavonoides
HY 14596
Genisteína 446-72-0
A genisteína é um potente inibidor da atividade da proteína tirosina quinase (PTK) do EGFR in vitro com um IC 50 de 0,7 μg / mL (0,6 μM).
HY 13653
(-) - Galato de epigalocatequina 989-51-5
(-) - Epigalocatequina O galato é um flavonóide antioxidante polifenol do chá verde e inibe a ativação do EGFR, HER2 e HER3 ,
com atividade antitumoral.
HY-N1201
Apigenina 520-36-5
HY-N0155
nobiletin 478-01-3
A Nobiletin, uma flavona natural polietoxilada, é identificada como uma molécula pequena que
aumenta a amplitude do relógio.
HY-N0197
Baicalin 21967-41-9
5
Baicalin é um glicosídeo flavonóide isolado da Scutellaria baicalensis . Baicalin reduz a expressão de NF-κB .
HY 14590
Kaempferol 520-18-3
O Kaempferol inibe a expressão de receptor de estrogênio α em células de câncer de mama e induz a apoptose em c
glioblastoma e células de câncer de pulmão por ativação de MEK-MAPK.
HY-N0796
Procianidina B2 29106-49-8
HY-N0143
Phlorizin 60-81-1
A florizina é um inibidor de SGLT não seletivo com K i de 300 e 39 nM para hSGLT1 e hSGLT2 ,
respectivamente. A florizina também é um inibidor da Na + / K + -ATPase .
HY-N0102
Isoliquiritigenina 961-29-5
HY-N0018
Daidzin 552-66-9
HY-N0162
Luteolina 491-70-3
HY-N0014
Icariin 489-32-7
Icariin é um glicosídeo flavonol. Icariin inibe PDE5 e PDE4 actividade com IC 50 s de 432 nM e 73,50? M,
respectivamente. Icariin também é um ativador de PPARα .
HY-N0019
6
Daidzein 486-66-8
HY 13748
Silibinina 22888-70-6
HY 15097
Miricetina 529-44-2
A miricetina é um flavonóide comum derivado de plantas com uma ampla gama de atividades, incluindo
atividades anti-oxidantes, anticancerígenas, antidiabéticas e anti-inflamatórias.
HY-N0196
Baicalein 491-67-8
HY-N0751
Scutellarin 27740-01-8
A scutelarina, uma flavona ativa isolada da Scutellaria baicalensis, pode reduzir a sinalização STAT3 / Girdin / Akt
inibe a via de sinalização MAPK e NF-κB mediada por RANKL em osteoclastos.
HY-N1067
Xanthohumol 6754-58-1
HY-N0182
fisetina 528-48-3
A fisetina é um flavonol natural encontrado em muitas frutas e vegetais com vários benefícios, como efeitos
antioxidantes, anticancerígenos e neuroprotetores.
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termos de efeitos de proteção à saúde. Cerca de 90% dos carotenoides na dieta e corpo humano são
representados por β-caroteno, α-caroteno, licopeno, luteína e criptoxantina (RODRIGUEZ-AMAYA et
al., 2008).
Os carotenoides podem ser quantificados e identificados nos alimentos através de várias técnicas
instrumentais, dentre as quais a espectrofotometria na região visível do espectro, a espectrometria de
massas, a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) e a cromatografia a gás (CG) (VERONEZI,
JORGE, 2011). Na natureza, os carotenoides encontram-se protegidos nos tecidos vegetais. Com o
corte, a trituração, a fragmentação e o despolpamento dos frutos e vegetais, há aumento da exposição
ao oxigênio, promovendo o encontro de enzimas que catalisam a oxidação com os carotenoides. O
congelamento, especialmente quando se dá de maneira rápida, geralmente auxilia na sua preservação
(RODRIGUEZ-AMAYA, 1997)
Dos mais de 600 carotenoides que já foram identificados na natureza, apenas cerca de 40 estão
presentes na alimentação humana típica. Desses 40, apenas 20 carotenoides foram identificados no
sangue e tecidos humanos (RAO, RAO, 2007). Os seis carotenoides mais pesquisados por seus
envolvimentos na saúde humana são o β-caroteno (β,β-caroteno), αcaroteno (β,ε-caroteno), β-
criptoxantina (β,β-caroten-3-ol), licopeno (ψ,ψ-caroteno), luteína (β,ε- caroteno-3,3’-diol) e zeaxantina
(β,β- caroteno-3,3’-diol) (EPLER, ZEIGLER, CRAFT, 1993)
Vários efeitos promotores da saúde têm sido atribuídos aos carotenoides, tais como:
melhoria da resposta imunológica contra infecções, proteção da mucosa gástrica contra úlceras
e redução do risco de desenvolver doenças crônicas degenerativas, como câncer, doenças
cardiovasculares, degeneração muscular relacionada à idade e catarata. Além disso, os
carotenoides também foram identificados como potenciais inibidores da doença de Alzheimer
(BAKÓ, DELI, TÓTH, 2002; DUTTA, CHAUDHURI, CHAKRABORTY, 2005;
RODRIGUEZ-AMAYA, KIMURA, AMAYA-FARFAN, 2008). Essas atividades fisiológicas
apresentadas não possuem relação com a atividade vitamínica A e têm sido atribuídas às suas
propriedades antioxidantes, especificamente à capacidade de sequestrar o oxigênio singleto e
interagir com os radicais livres (PALOZZA, KRINSKY, 1992). As principais ações biológicas
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dos carotenoides estão apresentadas na figura 6.
Vários mecanismos de ação foram relatados para a ação dos carotenoides contra as doenças crônicas,
tais como a modulação do metabolismo de substâncias cancerígenas, inibição da proliferação celular,
aumento da diferenciação celular e estímulo à comunicação intercelular (gap junction). Além disso,
como os carotenoides também estão presentes no meio intracelular, podem ainda exercer os seguintes
efeitos: regulação do crescimento celular, modulação da expressão de genes, melhora do sistema
imunológico, modulação das enzimas de metabolização de drogas de fase I e II e inibição da adesão de
monócitos e ativação plaquetária. Além disso, carotenoides como α- e β-carotenos e β-criptoxantina
têm a vantagem adicional de serem capazes de se converterem a vitamina A e, dessa forma, prevenirem
doenças (ASTORG, 1997; HANDELMAN, 2001; DUTTA, CHAUDHURI, CHAKRABORTY, 2005;
RAO, RAO, 2007). A ingestão de β-caroteno e licopeno tem mostrado relação com a diminuição do
risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, enquanto que a
ingestão de luteína e zeaxantina minimiza o risco de doenças relacionadas aos olhos (RAO, RAO,
2007)
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Os principais antioxidantes que podem ser encontrados nos vegetais são os carotenoides
e vitamina E (lipossolúveis), bem como os compostos fenólicos e a vitamina C (hidrossolúveis).
Esses antioxidantes absorvem radicais livres e inibem o início da reação em cadeia ou
interrompem a propagação de reações em cadeia das reações oxidativas promovidas pelos
radicais (PODSEDEK, 2007).
Normalmente, os antioxidantes naturais se dividem em duas categorias: antioxidantes de
quebra de cadeia, que interferem na etapa de propagação radicalar (são exemplos os fenóis e as
aminas aromáticas) e os antioxidantes preventivos, que interferem na etapa de formação dos
radicais (como, por exemplo, as enzimas peroxidase e catalase) (CARDOSO, 1997).
Substâncias fenólicas As substâncias fenólicas são uma classe extensa de antioxidantes caracterizados
por apresentarem, em sua estrutura, pelo menos um anel aromático e, como substituintes, hidroxilas
acopladas à estrutura do anel (SROKA, CISOWSKI, 2003). Estão presentes nos vegetais nas formas
livres ou conjugadas. Mais de 8000 compostos fenólicos já foram detectados em plantas.
O conteúdo final de
compostos fenólicos presente nas frutas e hortaliças pode estar relacionado a fatores como:
maturação, espécie, práticas de cultivo, origem geográfica, estágio de crescimento, condições
de colheita e processo de armazenamento (KIM, JEONG, LEE, 2003).
A bioatividade dos fenólicos pode ser atribuída à sua habilidade de quelar metais, inibir
a peroxidação lipídica e sequestrar radicais livres (CHEUNG, CHEUNG, OOI, 2003). Uma
substância polifenólica pode ser definida como antioxidante se preencher duas condições:
quando, estando presente em baixa concentração relativa ao substrato a ser oxidado, possa
retardar ou prevenir a oxidação e quando os radicais formados após a reação sejam estáveis
(KAUR, KAPOOR, 2001).
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As PA que contêm exclusivamente unidades (epi)catequina são chamadas
procianidinas e constituem o grupo mais abundante de PA no mundo vegetal.
Existem outros dois tipos de PA, as que contêm subunidades (epi)afzelequinas e
(epi)galocatequinas e que se denominam propelargonidinas e prodelfinidinas,
respectivamente. As unidades componentes das PA podem ainda sofrer
substituição química por grupos acilo ou glicósidos, sendo as posições C3 e C5 as
mais frequentemente substituídas3.
Os estudos sobre os teores de PA nos alimentos revelam uma certa falta de
concordância. Tal deve-se sobretudo a diferenças nos métodos analíticos e
processos de amostragem utilizados4. A base de dados da United States
Department of Agriculture (USDA) é usada como referência, pois apresenta
teores de PA extraídas, com solventes orgânicos e água, a partir de diversos
alimentos5. A maioria dos alimentos analisados contém apenas o tipo mais
vulgar das PA B, embora também fossem encontradas algumas de tipo A e ainda
propelargonidinas e prodelfinidinas. De um modo geral, os frutos, sobretudo os
frutos vermelhos, são boas fontes de PA, enquanto as hortícolas e os cereais
exibem baixos teores6. Mais recentemente, tem sido dada mais atenção ao grupo
das chamadas PA não extractáveis, aquelas que não são solúveis nos solventes
habitualmente utilizados e que requerem uma hidrólise prévia4,6.
Nahrstedt & Butterweck29 evidenciaram, em estudos in vivo, que substâncias pertencentes a diferentes
classes químicas são responsáveis pela atividade antidepressiva da erva-de-são-joão. Destacam-se a
naftodiantrona hypericina (12), que atua presumivelmente como inibidor da recaptura de monoaminas,
e os flavonoides hyperosídeo (13), isoquercitrina (5) e miquelianina (10), que possivelmente exercem
seus efeitos por meio da regulação da secreção de acetilcolina e cortisol. Estudos in vitro corroboram
essa hipótese mostrando que essas substâncias (5, 10, 12 e 13), além da hyperforina (14) e de outras,
atuam em conjunto em múltiplos alvos do sistema nervoso central.31 Observou-se, ainda, que as
procianidinas presentes no extrato, desprovidas de ação antidepressiva, são capazes de potencializar a
ação da hypericina. O mecanismo proposto para esse efeito sinérgico é o aumento da solubilidade em
água da hypericina em presença destas procianidinas, com destaque para a procianidina B2 (15), que se
traduz em um aumento considerável (140-160%) na biodisponibilidade da primeira.29 Esse é um
exemplo típico de sinergia farmacocinética.
Outro relevante caso de sinergia foi constato entre a artemisinina (Figura 2) e outros constituintes
químicos da espécie medicinal Artemisia annua L. A artemisinina, uma lactona sesquiterpênica isolada
desta espécie, é atualmente o principal componente de tratamentos contra malária causada por
11
Plasmodium spp. resistentes à cloroquina. Entretanto, o surgimento de cepas resistentes a esse fármaco
é observado com crescente preocupação.10,
12
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