Processo nº 113.

269-3/18

Rubrica Fls. 1

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GABINETE DO CONSELHEIRO RODRIGO MELO DO NASCIMENTO

VOTO GC-7

PROCESSO: TCE-RJ n° 113.269-3/18

ORIGEM: PREFEITURA MUNICIPAL DE QUEIMADOSNEIRO
ASSUNTO: Consulta

CONSULTA. IMPOSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO

DE APOSENTADORIA COM REMUNERAÇÃO DE
DOIS CARGOS PÚBLICOS EFETIVOS.
JULGAMENTO DO ARE Nº 848.993/MG.
CONHECIMENTO. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO.
CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

Cuida o presente processo de consulta formulada pelo Subprocurador-

Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Sergio Roberto Ulhôa Pimentel,
por meio da qual Sua Excelência pretende o pronunciamento desta Corte a
respeito da possibilidade de acumulação de aposentadoria com remuneração de
dois cargos públicos efetivos.

O Corpo Instrutivo considera satisfeitos os pressupostos de admissibilidade

da Consulta e assim se pronuncia, em conclusão, por meio da peça eletrônica
“03/04/2018 – Informação da CAR”:

Face o exposto, sugere-se:

1. O CONHECIMENTO da presente consulta;
2. A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente, dando-lhe ciência da
decisão desta Corte, consignando a seguinte tese;
2.1 É vedada a cumulação tríplice de vencimentos e/ou proventos,
ainda que a investidura nos cargos públicos tenha ocorrido
anteriormente à EC 20/1998;
3. A CIÊNCIA da decisão à Subsecretaria de Controle de Pessoal –
SUP;
4. O posterior ARQUIVAMENTO deste processo.

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Rubrica Fls. 2

A Procuradoria-Geral deste Tribunal (PGT), por seu turno, concorda com a

manifestação do Corpo Instrutivo, opinando pela resposta ao consulente, nos
seguintes termos:

A questão não comporta maiores dúvidas, sendo indisputável que a

jurisprudência do Colendo Supremo Tribunal Federal já se
consolidou no sentido da vedação ao acúmulo tríplice de
vencimentos e proventos, consoante a tese firmada no Tema 921
dos casos com Repercussão Geral. Confira-se:
“Recurso extraordinário com agravo. 2. Percepção de provento de
aposentadoria cumulado com duas remunerações decorrentes de
aprovação em concursos públicos. Anterioridade à EC 20/98.
Acumulação tríplice de remunerações e/ou proventos públicos.
Impossibilidade. Precedentes. 3. Repercussão geral reconhecida
com reafirmação da jurisprudência desta Corte. 4. Recurso
extraordinário provido.”
(ARE 848993 RG, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado em
06/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-056 DIVULG 22-03-2017 PUBLIC 23-03-
2017).

O douto Ministério Público Especial, em parecer constante da peça

eletrônica “18/06/2018 – Informação da MPE”, manifesta-se em concordância com
a análise do Corpo Instrutivo e com o parecer da Procuradoria-Geral, in verbis:

Examinados os autos, verifica-se que a matéria trazida na consulta

tem entendimento pacificado pelo STF, conforme bem registrou a
CAR e a PGT.
Diante do exposto, manifesta-se o Ministério Público de Contas de
acordo com o Corpo Instrutivo e com a PGT, nos termos transcritos
no relatório.

É o Relatório. Passo ao meu Voto.

Reputo presentes os pressupostos de admissibilidade da Consulta que ora

me é submetida, nos termos dos arts. 4º e 5º da Deliberação TCE-RJ nº 276, de
29/06/2017, resultando no Conhecimento da peça.

Passo, assim, à análise de mérito do questionamento proposto pelo

Subprocurador-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Sergio Roberto
Ulhôa Pimentel, por meio da qual Sua Excelência pretende o pronunciamento
desta Corte sobre a possibilidade de acumulação de aposentadoria com
remuneração de dois cargos públicos efetivos.

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Rubrica Fls. 3

De fato, conforme asseveram as instâncias técnica e de assessoramento

jurídico desta Corte de Contas, cuja manifestações acolho integralmente, é
remansosa a jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal, afirmando a
vedação à tríplice acumulação de cargos públicos, ainda que os provimentos nos
referidos cargos tenham se sucedido anteriormente à edição da Emenda
Constitucional nº 20/98.

A matéria teve, inclusive, repercussão geral reconhecida sob o Tema nº

921, por meio do ARE 848.993/MG, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
julgado em 06/10/2006, de cujo Voto extraio os seguintes excertos:

Quanto ao mérito, registro, inicialmente, o conteúdo do art. 11 da EC

20/98:
Art. 11 - A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição
Federal, não se aplica aos membros de poder e aos inativos,
servidores e militares, que, até a publicação desta Emenda,
tenham ingressado novamente no serviço público por concurso
público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas
previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a
percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de
previdência a que se refere o art. 40 da Constituição Federal,
aplicando-se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o §
11 deste mesmo artigo.
Da leitura desse dispositivo, depreende-se que ele se refere à
possibilidade de acumulação de um provento de aposentadoria com
a remuneração de um cargo na ativa, no qual se tenha ingressado
antes da publicação da referida emenda, ainda que inacumuláveis os
cargos.
Consigno, ainda, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
firmou-se no sentido de que a permissão constante do art. 11 da EC
20/98 deve ser interpretada de forma restritiva. Assim, é vedada, em
qualquer hipótese, a acumulação tríplice de remunerações sejam
proventos, sejam vencimentos.
(...)
Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sentido, afirmando a
impossibilidade da acumulação tríplice de cargos públicos, ainda que
os provimentos nestes tenham ocorrido antes da vigência da EC
20/98:
(...)
Essa mesma orientação deve ser aplicada ao caso em tela, desta
vez sob a sistemática da repercussão geral.
Ante o exposto, manifesto-me pela existência de repercussão geral
da questão constitucional debatida e pela reafirmação da
jurisprudência desta Corte, de modo a fixar o entendimento no
sentido de que o art. 11 da EC 20/98 possibilita a acumulação,
apenas, de um provento de aposentadoria com a remuneração

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de um cargo na ativa, no qual se tenha ingressado por concurso

público antes da edição da referida emenda, ainda que
inacumuláveis os cargos. Em qualquer hipótese, é vedada a
acumulação tríplice de remunerações sejam proventos, sejam
vencimentos. (grifei)

Ex positis, manifesto-me DE ACORDO com o Corpo Instrutivo, com a

Procuradoria-Geral e com o Ministério Público Especial e

VOTO:

I- Pelo CONHECIMENTO da presente Consulta, para que seja

respondido ao consulente que é vedada a acumulação de
aposentadoria com a remuneração de dois cargos públicos efetivos,
ainda que a investidura nos cargos tenha ocorrido anteriormente à
Emenda Constitucional nº 20/1998;

II- Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente, para que tome ciência

da presente decisão, que se encontra disponível no Portal do TCE-RJ
na internet (www.tce.rj.gov.br);

III- Pela CIÊNCIA do teor deste Voto à Subsecretaria de Controle de

Pessoal (SUP) e à Coordenadoria de Análise de Recursos (CAR); e

IV- Pelo ARQUIVAMENTO do presente processo.

Plenário,
GC-7, em 26/07/2018.

RODRIGO MELO DO NASCIMENTO

Relator

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