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IVAN, KEYLLA, VANESSA TORRES

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA


FAZENDA PÚBLICA COMARCA DE _____.

Processo nº ___________

O ESTADO DE ________, pessoa jurídica de direito


público interno, inscrito no CNPJ sob nº
__________, com sede na rua _______,por seu
atual Procurador-Geral, vem tempestivamente (art.
183, CPC), perante Vossa Excelência, apresentar
sua

CONTESTAÇÃO

em face da ação anulatória de ato administrativo


com pedido de antecipação de tutela que lhe move
ANTÔNIO, já qualificado nos autos, com fundamento
nas razões de fato e de direito a segui expostas:

I – DOS FATOS

I.1 – Dos fatos alegados pelo autor

Alega o autor que há mais de 15 anos é empresário e proprietário


de um lava-jato, sem ter tido qualquer problema com a atuação de seu
estabelecimento comercial nesse período, até que foi interditado por ato do
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diretor do órgão de fiscalização ambiental do Estado, sob fundamento de estar


ultrapassando o limite máximo de ruídos permitido para o exercício da atividade
previsto em legislação estadual.

Alega o autor, ainda, que em referida legislação estadual também


previa, além da interdição, a possibilidade de aplicação das sanções de
advertência e concessão de prazo para adequação do tratamento acústico.

Outrossim, consignou que jamais fora notificado para participar do


ato de medição sonora, violando seu direito ao contraditório e ampla defesa.

Finalmente, postulou pela tutela antecipada de urgência,


suspendo-se os efeitos do ato administrativo, fundando-se no receio de dano
irreparável em decorrência da suspensão das atividades do lava-jato e prejuízo
quanto à percepção de valores a título de verba alimentar familiar.

I.2 – Da verdade dos fatos

O fato de que, ao longo de 15 anos, o estabelecimento jamais ter


tido qualquer problema quanto à emissão de sons e ruídos não se revela, em
absoluto, como eventual imunidade à fiscalização por parte do Poder Público e
ao sancionamento legalmente previsto em caso de violação da regulamentação
aplicável. Não é descabido que apenas recentemente o autor tenha modificado
a sua atividade comercial de modo a passar a produzir sons e ruídos em niveis
tais que atentem contra o meio-ambiente e à saúde humana.

Ademais, a fiscalização operada pelo Poder Público é atividade


rotineira decorrente do próprio Poder de Polícia da Administração. No momento
da fiscalização, não havia qualquer processo judicial ou procedimento
administrativo que ensejasse o contraditório e a ampla defesa.

Não obstante, ainda assim não é razoável esperar a notificação


do estabelecimento a ser vistoriado, justamente por risco à utilidade da
fiscalização, a qual poderia ser totalmente suprimida pela alteração do estado
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das coisas por parte do autor possuidor do conhecimento prévio do


procedimento afetório.

Por fim, o fato de que a referida atividade comercial constitui a


única fonte de renda do autor em hipótese alguma lhe confere imunidade às
violações legais que cometer e às sanções cabíveis, principalmente quando
tais violações ferem a direito fundamental consagrado na Constituição, de
acordo com as razões de direito a seguir expostas.

II – DO DIREITO

II.1 – Da higidez do ato administrativo exarado

Ocorre, Excelência, que o ato administrativo guerreado na


presente ação tem por finalidade tutelar o meio-ambiente ecologicamente
equilibrado, direito fundamental difuso consagrado no artigo 225 da
Constituição da República, cuja preservação é um dever prestacional do
Estado, por meio de todas as suas esferas de poder. Referido dispositivo
impõe ao Poder Público o dever de protegê-lo e preservá-lo para as presentes
de futuras gerações.

Da mesma forma, a Lei nº 9.605/98 dispõe sobre as sanções


penais e administrativas decorrentes de condutas e atividades lesivas ao meio-
ambiente. Em particular, o artigo 54 estabelece o tipo penal de causar poluição
de qualquer natureza em niveis tais que resultem ou possam resultar em danos
à saúde humana.

Ademais, compete ao Poder Público o exercício do Poder de


Polícia para, ao limitar ou disciplinar direito, regular a prática de ato ou
abstenção de fato em razão de interesse público, mormento o respeito à
tranquilidade pública, à propriedade e aos direitos individuais e coletivos, nos
termos do artigo 78 do Código Tributário Nacional.

No que tange ao âmbito administrativo, a referida Lei nº 9.605/98,


em seu artigo artigo 70 determina:
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Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental


toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio
ambiente.
(...)
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental,
poderá dirigir representação às autoridades relacionadas
no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu
poder de polícia.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de
infração ambiental é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante processo administrativo
próprio, sob pena de co-responsabilidade.

Quanto às sanções administrativas previstas naquele diploma


legal, vejamos o artigo 72, in verbis:

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as


seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da
fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou
veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos
(grifo nosso)

Na lição de Marçal Justen Filho1, “a ordem pública é um valor a


ser preservado como meio de promoção dos direitos fundamentais, com
observância da democracia”. O doutrinador prossegue:

O poder de polícia encontra fundamento e limite na lei


(constitucional e infraconstitucional) e no princípio da
proporcionalidade. As restrições e imposições
autorizadas explicita ou implicitamente na lei serão
determinadas para o caso concreto em vista do princípio
da proporcionalidade.

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JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, 12ª ed. Rev. Atual. Ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016, p. 439.
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Costuma-se afirmar que a providência de polícia não


pode ser tão restritiva que impeça a fruição de um direito
ou que retire, integralmente, seus benefícios
econômicos. Essa afirmativa deve ser bem entendida.

Admite-se que a determinação acarreta a interdição


absoluta de certa atividade ou conduta, desde que tal
seja a única solução apta a preservar os valores
protegidos. Se não houver solução que permita
compatilizar a conduta e os valores fundamentais, é
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cabível proscrever dita conduta de modo absoluto.
(grifo nosso)

Diante da lição do douto doutrinar, à aplicação da sanção


administrativa de suspensão das atividades, in casu, não corresponde ofensa
à proporcionalidade ou à razoabilidade. A sanção cautelar é proporcional e
adequada ao objetivo pretendido pelo Poder Público, qual seja, a proteção do
meio-ambiente e à saúde humana, que se vêem envoltas em práticas desleais
e sem poder de resistência por si só.

Não há qualquer violação à livre iniciativa: ao contrário, ela está


sendo promovida. Veja-se que a atividade exercida pelo autor, tão somente por
violar os limites de emissão de sons e ruídos estabelecidos na legislação, já
comporta a objeção do Poder Público, não só por ferir direito fundamental da
coletividade, mas também por permitir a concorrência desleal, enquanto outros
coadunam-se às limitações impostas. Gize-se que a livre iniciativa não significa
ampla liberdade negocial, mas liberdade de acordo com a legislação. A
liberdade negocial em desacordo com a legislação merece reprimenda.

Nesse sentido, vejamos o entendimento do Egrégio Tribunal de


Justiça do Estado do Rio Grande do Sul:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. SUSPENSÃO DO ALVARÁ DE
LOCALIZAÇÃO DA EMPRESA. EXERCÍCIO DO PODER
DE POLÍCIA PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
AUSÊNCIA DE ILICITUDE. INDENIZAÇÂO POR
DANOS MATERIAIS INDEVIDA. HONORÁRIOS

2
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, 12ª ed. Rev. Atual. Ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016, p. 446.
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ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. Administração Pública e


Princípios Constitucionais. A constitucionalização da
Administração Pública determina a aplicação dos artigos
1º, 3º e 37, "caput", da Constituição Federal, ao âmbito
do exercício de toda competência administrativa. Os
princípios e os direitos fundamentais são relevantes no
controle substancial das atividades da Administração
Pública, submetida à legalidade e à unidade de sentido
dos demais princípios. (...) Não se pode olvidar que um
dos atributos do poder de polícia é a
autoexecutoriedade, pelo qual a Administração pode
tomar as providências que modifiquem
imediatamente a ordem jurídica, impondo desde logo
obrigações aos particulares, com vista ao interesse
coletivo. A suspensão do alvará de localização é uma
medida de cautelaridade da Administração Pública,
que pode rever seus atos. Não houve, com efeito,
cassação de alvará sem contraditório e ampla
defesa, mas apenas suspensão das atividades até
para melhor averiguar a real situação deste prédio
contíguo, diante das irregularidades formais
constatadas. Em que pese a aludida suspensão de
alvará ser passível de causar danos pela inatividade
da empresa, relevante apontar que, da mesma forma,
há eventual perigo à sociedade caso não observados
todos os itens de segurança e ambientais para o
funcionamento da casa noturna, o que impõe cautela
no exame da insurgência recursal. O levantamento
posterior da suspensão não significa que o
procedimento tenha sido abusivo, mas que a
Administração Pública tomou as cautelas
necessárias para garantir a segurança da
coletividade. Não havendo ilicitude no agir da
Administração Pública, não há falar, consequentemente,
em direito à indenização por eventuais prejuízos
decorrente da suspensão do alvará de localização
discutido nos autos. (...) APELO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70069087377, Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leonel
Pires Ohlweiler, Julgado em 23/06/2016, grifo nosso)

Portanto, legítima é a sanção imposta ao autor pelo Estado, uma


vez que sua conduta o caracteriza como poluidor ao não respeitar os limites
estabelecidos, sem prejuízo ao contraditório e ampla defesa diferidos no
processo administrativo.
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II.2 – Do descabimento da tutela de urgência pleiteada pelo autor

O autor, em sua exordial, postula pela concessão de tutela


antecipada de urgência para suspender a eficácia do ato administrativo. Alega
que a suspensão de suas atividades comerciais ameaça a percepção de verba
familiar decorrente da sua renda mensal.

Contudo, incabível tal medida, uma vez que não se vislumbra, no


caso concreto, a mínima probabilidade ou mesmo possibilidade de direito do
autor, uma vez que as medições realizadas pelo órgão fiscalizador, amparadas
pelo diferimento do contraditório e da ampla defesa, demonstram claramente a
ilicitude de sua conduta.

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) Seja julgada improcedente a presente demanda, diante da inexistência


do direito alegado pelo autor;

b) Seja o autor condenado ao pagamento das custas e despesas


processuais, assim como dos honorários advocatícios;

c) A produção de provas por todos os meios em direito admitidos, em


especial prova pericial para dirimir as controvérsias de natureza técnica.

Dá-se à causa o valor de R$ ___________ (__________).

Termos em que pede o deferimento.

Local, data.

Advogado,

OAB

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