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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Curso de Direito – 5° período noturno
Disciplina: Direito Penal IV
Prof.ª Wannessa Aquino Reis Nunes
Acadêmico: Athos Álef Sandes Oliveira

EXERCÍCIO AVALIATIVO

Este trabalho tem por intento investigar a tipificação penal da chamada “saidinha
de banco”, mediante a apresentação de fundamentações doutrinárias e jurisprudenciais
construídas sobre o tema.
Isto posto, anuncia-se, ab initio, que a matéria em comento é objeto de discussão
doutrinária, tendo em vista que parte minoritária acredita tratar-se do crime de roubo majorado
pelo inciso V, §2° do art. 157 do Código Penal (CP), ao passo que, para a maioria dos autores,
o delito encontra respaldo em uma qualificadora do crime de extorsão (§3°, art. 158, CP).
É importante ressaltar, aqui, a inclusão do §3º do art. 158 do CP pela Lei n°. 11.923
de 2009, que inaugurou outra modalidade qualificada do crime de extorsão, tipificando, dessa
forma, o delito de “sequestro-relâmpago”, que assim aduz:

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se
faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
[...]
§3°. Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa [...]. (BRASIL, 2016).

Destarte, Greco (2017, p. 860) informa que, para a configuração do crime em tela,
é imprescindível que a vítima tenha sua liberdade mitigada e que tal circunstância seja
necessária para a obtenção da vantagem econômica. Elucida, ainda, que a privação de liberdade
deve se dar por período razoável de tempo, de forma a permitir o reconhecimento de que a
vítima ficou, efetivamente, privada de seu direito de ir, vir ou permanecer, por ocasião do
comportamento do agente. Por fim, salienta que a privação de liberdade da vítima deve ser
utilizada como meio para a obtenção da vantagem econômica, isto é, tal elemento deve tratar-
se de uma condição estritamente necessária para o sucesso do agente.
Portanto, para demonstrar a relação da “saidinha de banco” (como é comumente
chamado o sequestro-relâmpago) com o tipo penal abordado, vale apresentar o exemplo exposto
pelo autor supracitado, qual seja a situação de “quando a vítima é obrigada a acompanhar o
agente a um caixa eletrônico a fim de que possa efetuar o saque de toda a importância disponível
em sua conta bancária [...]” (GRECO, 2017, p. 860).
Por outro lado, não obstante a teoria ora apontada por Greco, é relevante ressaltar
que trata-se de um mero referenciamento à sustentação da doutrina majoritária, uma vez que,
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segundo o seu entendimento – admitido como minoritário - a hipótese delituosa retrocitada


configura o crime de roubo, com a incidência da causa especial de aumento de pena prevista no
inc. V do §2° do art. 157 do CP, uma vez que, para ele, a vítima não tinha liberdade de escolha.
Para defender seu posicionamento, cita o argumento de Batista, que aduz:

Se o agente ameaça a vítima ou pratica violência contra ela, visando a obter a coisa
na hora, há roubo, sendo desimportante para caracterização do fato que ele tire o
objeto da vítima ou este lhe seja dado por ela. É que, nesta última hipótese, não se
pode dizer que a vítima agiu, pois, estando totalmente submetida ao agente, não
passou de um instrumento de sua vontade. Só se pode falar em extorsão, por outro
lado, quando o mal prometido é futuro e futura a obtenção da vantagem pretendida,
porque neste caso a vítima, embora ameaçada, não fica totalmente a mercê do agente
e, portanto, participa, ainda que com a vontade viciada, do ato de obtenção do bem.
(Batista apud GRECO, 2017, p. 860).

Isto posto, vale citar, exempli gratia, seguindo o entendimento majoritário e de


modo a dar o devido embasamento jurisprudencial a este exercício, o Acórdão de Apelação
Criminal n° 1.0024.14.169915-7/001 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em que
se lê:
APELAÇÃO CRIMINAL. EXTORSÃO QUALIFICADA MEDIANTE
RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. "SEQUESTRO RELÂMPAGO" [...]
tendo sido obrigada a vítima a entregar as senhas aos réus, o dolo da ação indica a
prática do delito previsto no artigo 158, do CP e não um delito de roubo majorado
pelo concurso de pessoas e pela restrição de liberdade. [...] Por sua vez, a qualificadora
insculpida no artigo 158, §3º, do Código Penal, restou configurada com a restrição da
liberdade da vítima, que permaneceu por horas sob as ameaças dos réus. [...] Não há
dúvidas de que o delito restou consumado ante o constrangimento da vítima em
entregar cartões e senhas aos réus, que possuíam manifesto intuito de obterem para si
vantagem econômica referente aos valores obtidos com os saques. Dessa forma,
existem nos autos provas suficientes para afirmar que os réus constrangeram a
vítima, mediante grave ameaça, consistente no emprego de simulacro de arma
de fogo, em concurso de pessoas e com restrição da liberdade, a entregar cartões
bancários e senhas aos réus, configurada a conduta prevista no artigo 158, §3º,
do Código Penal. [...] Ocorre que, na espécie, a denúncia narra satisfatoriamente a
conduta descrita no artigo 158, §3º, do Código Penal. Confira-se: (...) Consta dos autos
do incluso inquérito policial que, no dia 30 de Maio de 2014, às 21:37h, na Avenida
Senhora do Carmo, nº 1885, Bairro Sion, nesta Capital, os denunciados, em concurso
de ações e unidade de desígnios, constrangeram a vítima Rafael Camargos Assad,
mediante grave ameaça e restrição da liberdade, a efetuar diversos saques em
terminais bancários, com intuito de obterem para si indevida vantagem
econômica. (...) Infere-se dos autos que os denunciados mantiveram a vítima no
interior do automóvel e obrigaram-na, mediante ameaças, a realizar saques em
terminais bancários de 2 postos de gasolina na região da Pampulha, nesta Capital [...]
(grifos nossos). (BRASIL, 2015, p. 6-7, grifos nossos).

Em sentido congruente, colhe-se o julgado do Recurso Especial nº. 1289304-SP


(2011/0236960-1), proferido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no qual se pode observar:

PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO E EXTORSÃO CIRCUNSTANCIADA. REEXAME DE
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PROVAS. INEXISTÊNCIA. RECLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA. [...] o resumo


fático do caso, na forma fixada pelo Tribunal de origem, é o seguinte: os quatro réus,
ora recorridos, subtraíram, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma,
em concurso de pessoas, e restringindo a liberdade das vítimas, coisas alheias móveis
pertencentes a cinco pessoas; foi ainda exigida de uma das vítimas a entrega de cartão
bancário e da respectiva senha [...] Esses os fatos, estas as possibilidades
interpretativas quanto à definição jurídica dos delitos cometidos contra o patrimônio:
a) roubo circunstanciado em continuidade delitiva (arts. 71 e 157, § 2º, I e II, do CP),
em concurso material com extorsão mediante sequestro qualificada em continuidade
delitiva (arts. 71 e 159, § 1º, do CP) – foi a posição adotada na sentença, cujo
restabelecimento ora se pretende; b) roubo circunstanciado em continuidade delitiva
(arts. 71 e 157, § 2º, I, II e V, do CP) – foi a posição adotada no acórdão recorrido; c)
roubo circunstanciado em continuidade delitiva (arts. 71 e 157, § 2º, I, II e III, do CP),
em concurso material com extorsão circunstanciada (art. 158, § 1º, do CP) – é a
posição mais adequada a ser adotada. [...] Na segunda hipótese (extorsão com
restrição da liberdade da vítima), a indevida vantagem econômica,
diferentemente do que ocorre no roubo, não pode ser obtida sem a colaboração
do sujeito passivo, e o constrangimento é efetuado mediante a restrição da sua
liberdade. É o chamado sequestro-relâmpago. Foi o que ocorreu em relação a uma
das vítimas, a qual, além de ter sofrido a subtração de bem próprio, foi constrangida,
mediante a restrição da liberdade, a entregar o cartão bancário e a respectiva
senha. (BRASIL, 2014, p. 3-5, grifos nossos).

Por fim, é oportuno destacar que, com precisão, o relator do referido acórdão,
Exmo. Ministro Sebastião Reis Júnior, reitera o entendimento majoritário da doutrina ao
declarar:
Em resumo, no presente caso, não se tem dúvida da ocorrência dos crimes de roubo
mediante grave ameaça exercida com emprego de arma, em concurso de pessoas, e
com restrição de liberdade, contra as cinco vítimas. Quanto à conduta exercida
contra uma das vítimas, consistente em, mediante a restrição da sua liberdade,
exigir o cartão e a respectiva senha, trata-se de extorsão qualificada, prevista no
art. 158, § 3º, do Código Penal. (BRASIL, 2014, p. 5, grifo nosso).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 1.289.304-SP (2011/0236960-1).


Relator: REIS JÚNIOR, Sebastião (Min.). Publicado no DJe em 14/11/2014. In
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial
=39015676&num_registro=201102369601&data=20141114&tipo=5&formato=PDF>.
Acesso em: 1 abr. 2018.

_______. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Acórdão de Apelação Criminal de n°


1.0024.14.169915-7/001. Relator: SANTOS, Marcílio Eustáquio (Des.). Publicado em
4/12/2015. In:
<http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaNumeroCNJEspelhoAcordao.do?numeroRe
gistro=1&totalLinhas=1&linhasPorPagina=10&numeroUnico=1.0024.14.169915-
7%2F001&pesquisaNumeroCNJ=Pesquisar>. Acesso em: 2 abr. 2018.

_______. Vade Mecum Saraiva. 22. ed. São Paulo (SP): Saraiva, 2016.

GRECO, Rogério. Código Penal: comentado. 11. ed. Niterói (RJ): Impetus, 2017.

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