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MECÂNICA DOS SOLOS

ORIGEM DO SOLO E TAMANHO DOS GRÃOS

Em geral, os solos são formados pela erosão das rochas. Um dos grandes fatores
que determina as propriedades físicas dos solos é a natureza dos minerais de suas
partículas e, por tanto, dos minerais das rochas que advém.

O CICLO DAS ROCHAS E A ORIGEM DO SOLO

Os minerais (fase sólida do sólido) são produtos da erosão das rochas.

Muitas das propriedades físicas do solo são ditadas pelo tamanho (que tem uma
ampla faixa de variação), forma e composição química/mineralógica dos grãos.

Quanto a sua origem, as rochas podem ser divididas em: ígneas, sedimentares e
metamórficas.

ROCHAS ÍGNEAS

São formadas pela solidificação do magma fundido expelido do fundo do manto


terrestre. Após a ejeção por erupção fissural ou por erupção vulcânica, uma parte do
magma esfria na superfície da terra (são as extrusivas, que tem textura mais fina).
Às vezes o magma cessa a sua mobilidade abaixo da superfície da terra e esfria
para formar rochas ígneas intrusivas (também chamadas de plutônicas, com textura
mais grossa). Essas podem ser expostas à superfície como resultado do processo
contínuo de erosão.
Os tipos de rochas ígneas formadas dependem de fatores tais como a composição
do magma e a taxa de resfriamento associada a ele, uma vez que alteram a
composição química e a estrutura cristalina dos minerais. Como exemplo de rochas
ígneas, tem-se o granito, a gabro e o basalto.

INTEMPERISMO

É o processo de ruptura das rochas em pedaços menores, por processos mecânicos


e químicos. O intemperismo físico ou mecânico pode ser causado pela expansão e
contração de rochas por causa do contínuo ganho e perda de calor (variação de
temperatura), resultando em desintegração do maciço. Também por expansão da
água que se infiltra e congela dentro dos poros e fendas das rochas causando
pressão. Outros agentes do intemperismo físico são o gelo das geleiras, o vento, a
água corrente de córregos e rios e as ondas oceânicas. É importante entender que
nesses casos as rochas são quebradas em pedaços menores sem qualquer
alteração na composição química.

No intemperismo químico, os minerais das rochas originais são transformados em


novos minerais por reação química. A água e o dióxido de carbono da atmosfera, por
exemplo, formam ácido carbônico que reage com os minerais de rochas existentes
para formar novos minerais e sais solúveis. Os sais solúveis presentes no lençol
freático e os ácidos dos orgânicos formados a partir de materiais orgânicos
decompostos também causam o intemperismo químico.
Os produtos comuns resultantes do intemperismo químico são sais solúveis, sílica e
minerais de argila. Os minerais formados sob temperaturas maiores são menos
resistentes à degradação do que aqueles formados sob temperaturas mais baixas. O
quartzo (SiO2) é altamente resistente ao intemperismo e pouco solúvel em água.

Importante se faz ressaltar que o intemperismo não é limitado a rochas ígneas.


Rochas metamórficas e sedimentares também se degradam de maneira similar.

Pode ver como o intemperismo altera massa de rocha sólida em fragmentos


menores de vários tamanhos. Agregados não cimentados desses pequenos grãos
em várias proporções forma os diferentes tipos de solo. Os minerais de argila, que
são um produto do intemperismo químico do feldspato, minerais ferromagnesianos e
de micas, fornecem a propriedade plástica aos solos. Existem três importantes
argilominerais: caulinita, ilita e montmorilonita.

TRANSPORTE DOS PRODUTOS DO INTEMPERISMO

Os produtos do intemperismo podem permanecer no mesmo lugar ou ser levados


para outros lugares por descongelamento de geleiras, água, vento e gravidade.

Solos formados por produtos do intemperismo no seu lugar de origem são


chamados de solos residuais. Uma característica importante desses é a gradação do
tamanho das partículas. O solo de grão fino é formado na superfície, e o tamanho
dos grãos aumenta com a profundidade. A profundidades maiores, fragmentos de
rocha angulares também podem ser encontrados.

Os solos transportados podem ser classificados em vários grupos, dependendo de


seu modo de transporte e de deposição:

 Solos glaciais – formados por transporte e deposição de geleiras.


 Solos aluviais – transportados por água corrente e depositados ao longo do
percurso.
 Solos lacustres – formados por depósitos em lagos calmos.
 Solos matinhos – formados por depósitos em mares.
 Solos eólicos – transportados e depositados pelo vento.
 Solos coluviais – formados pelo movimento do solo a partir do seu lugar
original por gravidade, tal como ocorre durante deslizamentos de terra.

ROCHAS SEDIMENTARES

Os depósitos de pedregulho, areia, silte e argila formados por intemperismo podem


tornar-se compactos por pressão da sobrecarga e cimentados por agentes, tais
como óxido de ferro, calcita, dolomita e quartzo. Os agentes de cimentação
geralmente são arrastados em solução pelo lençol freático. Eles preenchem os
espaços entre as partículas e formam rochas sedimentares. As rochas formadas
dessa maneira são chamadas de rochas sedimentares detríticas.
Todas as rochas detríticas têm textura clástica (vem de clasto e significa quebrado).

As rochas sedimentares também podem ser formadas por processos químicos e são
classificadas como rochas sedimentares químicas. Elas podem ter textura clástica
ou não clástica.

A rocha sedimentar pode sofrer degradação para formar sedimentos ou pode ser
submetida ao processo de metamorfismo para tornar-se rocha metamórfica.

ROCHA METAMÓRFICA

O metamorfismo é o processo de alteração da composição e textura das rochas


(sem fusão) por calor e pressão. Durante o metamorfismo, novos minerais são
formados e grãos de minerais são cisalhados para fornecer uma textura foliada à
rocha metamórfica. O gnaisse é uma rocha metamórfica derivada de um
metamorfismo regional de alto grau de rochas ígneas, tais como o granito, o gabro e
a diorita. O metamorfismo de baixo grau de folhelhos e argilitos resulta em ardósia.
O xisto é um tipo de rocha metamórfica derivado de várias rochas metamórficas de
baixo grau, ígneas e sedimentares, com uma textura bem foliada e placas visíveis de
minerais laminares e à base de mica.

O mármore é formado de calcita e dolomita por recristalização. Os grãos minerais do


mármore são maiores que aqueles presentes na rocha original. Sob calor e pressão
extremos, as rochas metamórficas podem fundir-se para formar magma e o ciclo é
repetido.
TAMANHO DAS PARTÍCULAS DO SOLO

Os solos geralmente são chamados pedregulho, areia, silte ou argila, dependendo


do tamanho predominante das suas partículas. Para descrever os solos pelo
tamanho de suas partículas, várias organizações desenvolveram classificações. A
classificação da ASTM é a mais aceita no mundo.

ARGILOMINERAIS

São silicatos complexos de alumínio compostos de duas unidades básicas: tetraedro


de sílica e octaedro de alumina. Cada tetraedro consiste em quatro átomos de
oxigênio em volta de um átomo de silício. A combinação das unidades tetraédricas
de sílica fornece uma lâmina de sílica. As unidades octaédricas consistem em seis
hidroxilos em torno de um átomo de alumínio, e a combinação das unidades
octaédricas de hidroxilo de alumínio fornece uma lâmina octaédrica (também
chamada de lâmina de gibsita). Às vezes o magnésio substitui os átomos de
alumínio nas unidades octaédricas, sendo as lâminas formadas nesses casos
chamadas de lâminas de brucita.
Em uma lâmina de sílica, cada átomo de silício com uma carga positiva de quatro é
ligado a quatro átomo de oxigênio com uma carga negativa total de oito. Mas cada
átomo de oxigênio da base do tetraedro é ligado a dois átomos de silício. Isso
significa que o átomo de oxigênio superior de cada unidade tetraédrica tem carga
negativa de um para ser equilibrada. Quando uma lâmina de sílica é empilhada
sobre a lâmina octaédrica, esses átomos de oxigênio substituem os hidroxilos para
equilibrar suas cargas.
Dos três importantes minerais de argila, a caulinita consiste na repetição de
camadas de lâminas de sílica e gibsita elementares em uma rede cristalina 1:1. As
camadas são mantidas juntas por pontes de hidrogênio. A caulinita ocorre como
lamelas. A superfície específica da caulinita é de cerca de 15 m²/g.

A ilita consiste em uma lâmina de gibsita ligada a duas lâminas de sílica – uma no
topo e outra na parte inferior e é, às vezes, chamada de hidromica. As camadas de
ilita são ligadas por íons de potássio. A carga negativa para equilibrar os íons de
potássio vem da substituição do alumínio por algum silício nas lâminas tetraédricas.
Essa substituição é conhecida como isomorfa, uma vez que não há alteração na
forma cristalina. A superfície específica é de cerca de 80 m²/g.

A montmorilonita tem uma estrutura similar àquela da ilita. Na montmorilonita há a


substituição isomorfa de magnésio e ferro por alumínio nas lâminas octaédricas. Os
íons de potássio não estão presentes como na ilita e uma grande quantidade de
água é atraída para o interior do espaço entre as camadas (dando expansão e mais
plasticidade). A superfície específica é de cerca de 800 m²/g.

As partículas de argila têm uma carga líquida negativa em suas superfícies. Isso é
resultado da substituição isomorfa e de uma ruptura na continuidade da estrutura em
suas bordas. As cargas negativas maiores são derivadas de superfícies específicas
maiores. Alguns locais carregados positivamente também ocorrem nas bordas das
partículas.

Em argila seca, a carga negativa é equilibrada pelos cátions intercambiáveis

2+¿ 2+¿ +¿¿ +¿


(trocáveis) como ¿ , ¿ ,
K , Na ¿ em torno das partículas mantidas por
Ca Mg
atração eletrostática. Quando a água é adicionada à argila, esses cátions e poucos
ânions flutuam em torno das partículas de argila. Essa configuração é chamada de
uma dupla camada difusa. A concentração de cátions diminui com a distância da
superfície da partícula.

As moléculas de água são polares, ou seja, têm uma carga positiva de um lado e
uma negativa do outro, conhecido como dipolo. A água dipolar é atraída pela
superfície negativamente carregada das partículas de argila e pelos cátions na
camada dupla. Os cátions, por sua vez, são atraídos para as partículas do solo. Um
terceiro mecanismo pelo qual a água é atraída para as partículas de argila é a ponte
de hidrogênio, em que átomos de hidrogênio nas moléculas de água são
compartilhados com átomos de oxigênio na superfície da argila. Alguns cátions
parcialmente hidratados na água intersticial (que ocupa os espaços porosos, entre
as partículas) também são atraídos para a superfícies das partículas de argila.
Esses cátions atraem moléculas de água dipolar. A força de atração entre a água e a
argila diminui com a distância da superfície das partículas. Toda a água mantida nas
partículas de argila pela força de atração é conhecida como água de dupla camada.
A camada mais interna da água de dupla camada, mantida muito fortemente pela
argila, é conhecida como água adsorvida. Essa água é mais viscosa que a água
livre.
A figura acima mostra a água adsorvida e a água de dupla camada para as
partículas típicas de montmorilonita e caulinita. Essa orientação da água em torno
das partículas de argila dá aos solos de argila as suas propriedades plásticas.

É necessário reconhecer que a presença de argilominerais em um agregado de solo


tem grande influência nas propriedades de engenharia do solo como um todo.
Quando a umidade está presente, o comportamento de um solo, do ponto de vista
da engenharia, mudará muito o aumento da porcentagem do teor de minerais de
argila. Para todos os propósitos práticos, quando o teor de argila é de cerca de 50%
ou mais, as partículas de areia e de silte flutuam em uma matriz de argila e os
minerais de argila determinam fundamentalmente as propriedades de engenharia do
solo.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DO SOLO

É a determinação da faixa de tamanho das partículas presentes em um solo,


expressa como uma porcentagem do peso total seco. Dois métodos geralmente são
utilizados para encontrar essa distribuição: ensaio de peneiramento – para tamanhos
de partículas maiores que 0,075 mm de diâmetro; e ensaio de sedimentação – para
tamanhos de partículas menores que 0,075 mm de diâmetro.

ENSAIO DE PENEIRAMENTO

Consiste em agitar uma amostra de solo por um conjunto de peneiras que tenham
aberturas progressivamente menores. Os números e tamanhos das aberturas das
peneiras seguem algum padrão normativo.

Para se realizar um ensaio de peneiramento, deve-se primeiro secar o solo em uma


estufa e depois romper os torrões em pequenas partículas. O solo então é agitado
por uma pilha de peneiras com aberturas de tamanhos decrescentes de cima para
baixo (uma cuba é colocada embaixo da pilha). A peneira de menor tamanho que
deve ser utilizada nesse tipo de ensaio é a nº 200 (0,075 mm). Após o solo ser
agitado, a massa de solo retida em cada peneira é determinada. Quando solos
coesivos são analisados, a ruptura dos torrões pode ser difícil. Nesse caso, o solo
pode ser misturado com água para formar uma pasta semifluida e depois lavado
através da peneira. As porções retidas em cada peneira são coletadas
separadamente e secadas na estufa antes que a massa retida em cada peneira seja
medida.

Uma vez medida a porcentagem mais fina para cada peneira (% que passa por essa
peneira), os cálculos são colocados em um papel gráfico semilogarítmico com a
porcentagem mais fina como ordenada e o tamanho da abertura da peneira como
abscissa (escala logarítmica). Esse gráfico é chamado de curva de distribuição
granulométrica.

ENSAIO DE SEDIMENTAÇÃO

O ensaio de sedimentação tem como base o princípio da sedimentação dos grãos


do solo em água. Quando uma amostra do solo é dispersada em água, as partículas
decantam com velocidade diferentes, dependendo da forma, tamanho, peso e da
viscosidade da água. Para simplificar, assume-se que todas as partículas do solo
esferas e que sua velocidade pode ser expressa pela lei de Stokes, de acordo com
No laboratório, o ensaio de sedimentação é realizado em um cilindro de
sedimentação normalmente com 50 g de amostra seca em estufa. O cilindro de
sedimentação tem 457 mm de altura e 63,5 mm de diâmetro. É marcado para um
volume de 1000 ml. Geralmente é utilizado p hexametafosfato de sódio como agente
defloculante. O volume da suspensão de solo dispersa é aumentado para 1000 ml
pela adição de água destilada.

Quando o densímetro é colocado na suspensão de solo em um tempo t,


determinado a partir do início da sedimentação, ele mede o peso específico na
vizinhança do seu bulbo a uma profundidade L. O peso específico é uma função da
quantidade de partículas de solo presentes por unidade de volume de suspensão
naquela profundidade. Também, no tempo t, as partículas de solo em suspensão a
uma profundidade L terão um diâmetro menor que D da maneira calculada na Eq.
2.5. As partículas maiores teriam sedimentado para além da zona de medição. Os
densímetros são projetados para fornecer quantidade de solo, em gramas, que
ainda está suspenso. Eles são calibrados para solos que têm peso específico
relativo de 2,65; para solos com outro peso específico relativo, uma correção deve
ser realizada.
Conhecendo a quantidade de solo em suspensão, L e t, pode-se calcular a
porcentagem de solo por peso mais fino que um diâmetro dado. Observe que L é a
profundidade medida a partir da superfície de água para o centro de gravidade do
bulbo do densímetro no qual a densidade em suspensão é medida. O valor de L
muda com o tempo t. O ensaio de sedimentação é eficaz para a separação de
frações do solo até um tamanho de cerca de 0,0005 mm. O valor L (cm) para o
densímetro ASTM 152H pode ser dado pela expressão:

Quando os resultados dos ensaios de peneiramento e sedimentação são


combinados numa curva granulométrica, uma descontinuidade comumente ocorre
na faixa em que eles se sobrepõem. Essa descontinuidade ocorre porque as
partículas de solo são geralmente irregulares na forma. O ensaio de peneiramento
fornece as dimensões intermediárias de uma partícula; o ensaio de sedimentação
fornece o diâmetro de uma esfera equivalente que poderia sedimentar com a mesma
velocidade que uma partícula de solo.
CURVA DE DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA

Esta pode ser utilizada para determinar os quatro seguintes parâmetros para um
solo dado:

1. Diâmetro efetivo (D10): esse é o diâmetro na curva de distribuição do tamanho


das partículas correspondentes a 10% mais finos. O diâmetro efetivo de um
solo granular e uma boa medida para se estimar a condutividade hidráulica e
a drenagem através do solo.
2. Coeficiente de uniformidade (Cu): este parâmetro é definido como

Em que D60 corresponde ao diâmetro dos 60% mais fino.


3. Coeficiente de curvatura (Cc): esse é definido como

4. Coeficiente de segregação (S0): este é outra medida da uniformidade.


Geralmente é encontrado em trabalhos geológicos

A curva de distribuição também mostra o tipo de distribuição de partículas de vários


tamanhos. Como mostra figura abaixo. A curva A representa um solo no qual os
tamanhos das partículas são distribuídos sobre uma ampla faixa, chamado de bem-
graduado, contínuo ou desuniforme. Um solo bem-graduado tem um coeficiente de
uniformidade maior que cerca de 4 para pedregulho e 6 para areias, e um
coeficiente de curvatura entre 1 e 3 para ambos; um solo pode ter uma combinação
de duas ou mais frações com granulação uniforme. A curva B representa esse solo,
sendo chamado de granulometria descontínua ou aberta; A curva C representa um
tipo de solo no qual a maior parte dos grãos é do mesmo tamanho. Este é chamado
de solo malgraduado ou uniforme.

FORMA DAS PARTÍCULAS


A forma das partículas é tão importante quanto a distribuição granulométrica, porque
ela tem influência significativa nas propriedades de um solo dado. Entretanto, não se
dá muita atenção para a forma, pois é mais difícil de se medir. A forma da partícula
geralmente pode ser dividida em três categorias: volumosa, laminar e fibrilar.
As partículas volumosas são formadas na maioria dos casos por intemperismo físico
de rochas e minerais. Usa-se os termos tais como angular, subangular,
subarredondada e arredondada para descrever as formas dessas partículas.
Pequenas partículas de areia localizadas perto de suas origens são geralmente
muito angulares. As partículas de areia levadas pelo vento e pela água por uma
grande distância podem ser de subnagulares a arredondadas na forma. A forma tem
grande influência nas propriedades físicas do solo, tais como máximo e mínimo
índice de vazios, parâmetros de resistência ao cisalhamento, compressibilidade etc.
As partículas laminares têm esfericidade muito pequena – normalmente 0,01 ou
menos. Essas partículas são predominantemente de argilominerais.
As partículas fibrilares são muito menos comuns que os outros dois tipos de
partículas. Exemplos são os solos de depósitos de coral e argilas de atapulgitas.
RELAÇÃO ENTRE PESO E VOLUME, PLASTICIDADE E ESTRUTURA DO SOLO

Na natureza, os solos são sistemas trifásicos que consistem em sólidos, água e ar.
Este capítulo discute as relações entre pesos e volume das fases do solo, bem como
sua estrutura e plasticidade.
RELAÇÃO ENTRE PESO E VOLUME
Para desenvolver equações entre peso e volume, devemos separar as três fases
(i.e., sólidos, água e ar) conforme mostrado na figura abaixo.

Assim, o volume total de uma dada amostra de solo pode ser expresso por:

Assumindo que o peso do ar é insignificante, o peso total da amostra pode ser dado
por:

As relações comumente usadas para as três fases em um elemento de solo são


índice de vazios, porosidade e grau de saturação.
O índice de vazios é definido como a proporção do volume de vazios em relação ao
volume de sólidos (pode ser maior que 1). Assim,
A porosidade é definida como a proporção do volume de vazios em relação ao
volume total (não pode ser maior que 1), ou seja:

O grau de saturação é definido como a proporção do volume de água em relação ao


volume de vazios (não pode ser maior que 1, sendo comumente expresso em %), ou

A relação entre o índice de vazios e a porosidade pode ser derivada a partir das
equações anteriores:

Os termos comuns usados para as relações de peso são teor de umidade e peso
específico. O teor de umidade também é chamado de teor de água e é definido
como a proporção entre o peso da água e o peso de sólidos em um dado volume de
solo:

O peso específico é o peso de solo por unidade de volume. Assim,

O peso específico também pode ser expresso em termos do peso de sólidos do


solo, do teor de umidade e do volume total (observe que como o teor de umidade é
uma relação entre o peso de água e o peso de sólido, pode-se obter o valor do peso
total com o peso de sólidos e este parâmetro). A partir das equações 3.2, 3.8 e 3.9,

Os engenheiros de solo às vezes se referem ao peso específico definido pela eq.


(3.9) como peso específico natural.
Frequentemente, para resolver problemas de obras de terra, deve-se saber o peso
por volume unitário de solo, excluindo a água. Esse peso é chamado de peso
específico seco. Assim,

A partir das eqs. (3.10) e (3.11), a relação entre peso específico, peso específico
seco e teor de umidade pode ser dada por

RELAÇÃO ENTRE PESO ESPECÍFICO, ÍNDICES DE VAZIOS, TEOR DE


UMIDADE E PESO ESPECÍFICO RELATIVO
Para se obter uma relação entre todas essas grandezas, consideremos um volume
de solo no qual o volume dos sólidos no solo é 1.
Nesse caso, então o volume de vazios é numericamente igual ao índice de vazios.
Os pesos dos sólidos no solo e da água podem ser dados por (uma vez que o
volume é 1)

Agora, usando as definições de peso específico e peso específico seco, podemos


escrever

Assim, o volume ocupado pela água é dado por

Portanto, a partir da definição de grau de saturação (Eq. 3.5),

Esta relação é útil para resolver problemas envolvendo relações de três fases.
Se a amostra de solo estiver saturada – ou seja, os vazios estiverem completamente
preenchidos com água – a relação para o peso específico saturado pode ser obtida
de forma similar:
RELAÇÃO ENTRE O PESO ESPECÍFICO, POROSIDADE TEOR DE UMIDADE
Considere um solo que tenha volume igual a 1. A partir da eq. (3.4)
COMPACIDADE RELATIVA
É usado para indicar o estado de compacidade (o quanto está compactado) in situ
do solo granular. É definido como

Os valores da compacidade relativa podem variar de um mínimo de 0% para solo


muito fofo até o máximo de 100% para solos muito compactos. Abaixo tem uma
descrição qualitativa.
As relações para a compacidade relativa podem ser definidas também em termos de
porosidade, ou

Usando a definição de peso específico seco dada na eq. (3.16), podemos expressas
a compacidade relativa em termos de pesos espeíficos secos máximo e mínimo
possíveis. Assim,

Os índices de vazios máximo e mínimo para solos granulares dependem de vários


fatores, como:
 Tamanho dos grãos;
 Forma dos grãos;
 Natureza da curva de distribuição granulemétrica;
 Conteúdo de finos, Fc (ou seja, fração menor que 0,075 mm).
Na figura acima, pode-se ver que, à medida que a porcentagem de finos por volume
aumentou de zero até aproximadamente 30%, o valores de e máx e e mín
diminuíram. Essa é a fasa de preenchimento de vazios em que os finos tendem a
preencher os espeços vazios entre as partículas de areia maiores. Existe uma zona
de transição quando a porcentagem de finos está entre 30% e 40%. Entretanto,
quando a porcentagem de finos torna-se maior que 40%, os valores de e máx e
e mín começam a aumentar. Essa é a fase de substituição de sólidos em que as
partículas maiores são empurradas para fora e gradualmente substituídas pelos
finos.

CONSISTÊNCIA DO SOLO – LIMITES DE ATTERBERG

Quando minerais de argila estão presentes em um solo com granulação fina, este
pode ser remoldado na presença de alguma umidade sem esfarelar. Essa natureza
coesiva é causada pela água adsorvida que circunda as partículas de argila. Quando
o teor de umidade é muito baixo, o solo se comporta mais como sólido. Quando o
teror de umidade é muito alto, solo e água podem fluir como um líquido.
O teor de umidade, em porcentagem, no qual a transição do estado sólido para
semi-sólido ocorre, é definido como limite de contração. O teor de umidade no ponto
de transição do estado semi-sólido para o plástico é o limite de plasticidade e do
estado plástico para o estado líquido é o limite de liquidez. Esses parâmetros
também são conhecidos como limites de Atterberg.

LIMITE DE LIQUIDEZ (LL)

Observe a figura abaixo. Esse aparelho (denominado por alguns de aparelho de


Casagrande) consiste em uma concha de latão e uma base de borracha rígida. A
concha pode ser golpeada sobre a sabe por um excêntrico operado por uma
manivela. Para se realizar o ensaio de LL, deve-se colovar uma pasta de solo na
concha. Então, um sulco é aberto no centro da amostra de solo com a ferramente-
padrão. Com o uso do excêntrico operado por manivela, a concha é levantada e cai
de uma altura de 10 mm. O teor de umidade necessário para fechar uma distância
de 12,7 mm ao longo da parte inferior do sulco após 25 golpes é definido como LL.
Pela dificuldade de ajustar a umidade do solo para atender ao fechamento de 12,7
mm em 25 golpes, pelo menos três ensaios são realizados para o mesmo solo com
teores de umidade diferentes e o númeto de golpes, N, necessários para obter o
fechamento entre 15 e 35. O teor de umidade no solo e o respectivo número de
golpes são traçados em papel gráfico semilogarítmico. A curva obtida é aproximada
por uma linha reta decrescente chamda de curva de fluidez. O teor de umidade
correspondente a N=25 fornece o limite de liquidez do solo. A inclinação da linha de
fluidez é definida como índice de fluidez e é definido por:

LIMITE DE PLASTICIDADE (LP)

O limite de plasticidade é definido como o teor de umidade no qual o solo se


esboroa, quando rolado em fios de 3,2 mm de diâmetro. Esse limite é o mais baixo
do intervalo plástico do solo. O ensaio de limite de plasticidade é simples e realizado
manualmente por rolamentos repetidos de uma massa de solo de forma elipsoidal
sobre uma placa de vidro despolido.

O índice de plasticidade (IP) é a diferença entre o limite de liquidez e o limite de


plasticidade de um solo, i.e., é o intervalo de valores de umidade em que o solo é
plástico.
LIMITE DE CONTRAÇÃO (LC)

O solo se contrai à medidade qua a umidade é gradualmente perdida. Com a


continuação da perda de umidade, um estágio de equilíbrio é atingido, no qual mais
perda de umidade não resultará mais em perda de volume. O teor de umidade cujo
volume da massa de solo para de mudar é definido como limite de contração.

Os ensaios de limite de contração são realizados em laboratório com uma capsula


de porcela de aproximadamente 44 mm de diâmetro e 12,7 mm de altura. A parte
interna da cápsula é revestida com vaselina e enchida completamente com o solo
úmido. O excesso de solo saliente da borda da cápsula é removido com uma régua.
A massa de solo úmido dentro da cápsula é registrada. A amostra de solo na cápsula
é seca em estufa. O volume da amostra de solo é determinado pelo deslocamento
de mercúrio. A amostra de solo revestida com parafina é então resfriada. Seu
volume é determinado submergindo-a em água.
Fazendo referência a figura acima, o limite de contração pode ser determinado da
seguinte forma:

ÍNDICE DE LIQUIDEZ (IL)

A consistência relativa de um solo coesivo no estado natural pode ser definida por
uma relação chamada de índice de liquidez, que é dada por
O teor de umidade in situ para uma argila sensível pode ser maior que o limite de
liquidez. Nesse caso, IL>1.

Esses solos, quando amolgado, podem ser transformados em uma forma viscosa
para fluir como um líquido.

Os depósitos de solo intensamente sobreadensados podem ter um teor de umidade


natural menor que o limite plástico. Nesse caso, IL<0.

ATIVIDADE

Como a plasticidade do solo é produzida pela água adsorvida que circunda as


partículas de argila, podemos esperar que os tipo de argilominerais e suas
quantidades proporcionais em um solo afetarão os limites de liquidez e de
plasticidade. Skempton (1953) observou que o índice de plasticidade de um solo
aumenta de forma linear com a porcentagem da fração de argila (% mais fina que 2
micrometros em peso) presente. As correlações do IP com as frações de argila para
diferentes argilas resultam em linhas separadas. Essa diferença se deve às diversas
características de plasticidade dos vários tipos de minerais de argila. Com base
nesses resultados, Skempton definiu uma quantidade chamada de atividade, que é a
inclinação da linha que correlaciona o IP com a % mais fina que 2 micrometros.
COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

COMPACTAÇÃO – PRINCÍPIOS GERAIS

Em geral, a compactação é a densificação do solo por meior da remoção do ar (ou


dos vazios). Para tanto, faz-se necessário a aplicação de energia mecânica. O grau
de compactação do solo é medido com base em seu peso específico seco. Ao ser
adicionado ao solo durante a compactação, a água atua como um agente
amolecedor (ou melhor, lubrificante) nas partículas do solo, que deslizam uma sobre
as outras e se posiciona em uma formação compacta de alta densidade. Primeiro, o
peso específico seco após a compactaçao aumenta com o teor de umidade (Vide
figura abaixo). Observe que a um teor de umidade w=0 , o peso específico
natural ( γ n ) é igual ao peso específico seco ( γ d ).

Quando o teor de umidade é aumentado de forma gradual, e o mesmo esforço de


compactação é aplicado, o peso dos sólidos do solo em um volume unitário aumenta
gradualmente.

Acima de determinado teor de umidade, qualquer aumento desse teor tende a


reduzir o peso específico seco. Esse fenômeno ocorre quando a água ocupa o
volume que seria ocupado pelas paríticulas sólidas. O teor de umidade
correspondente ao peso específico seco máximo é, em geral, conhecido como teor
de umidade ótima. O ensaio de laboratório geralmente empregado para determinar
esse teor é chamado ensaio de compactação Proctor.

ENSAIO PROCTOR NORMAL

Nesse ensaio, o solo é compactado em um molde com um volume de 944 cm³ (1/30
ft³). O diâmetro do molde é de 101,6 mm (4 in). Dutante o ensaio de laboratório, o
molde é preso a uma chapa de apoio na parte inferior e a uma extensão ou colar no
topo (Vide figura abaixo). O solo é misturado com várias quantidades de água e,
depois, compactado em três camadas iguais por um soquete, que golpeia 25 vezes
cada camada. A massa do soquete é de 2,5 kg (5,5 lb), e a queda é de 30,5 cm (12
in).
Em cada ensaio, o peso específico natural de compactação, γ n , pode ser
calculado pela equação

Em cada ensaio, o teor de umidade do solo compactado é determinado em


laboratório. Com o teor de umidade conhecido, é possível calcular o peso específico
seco por meio da seguinte equação:

Os valores de γd obtidos pela eq.(5.2) podem ser plotado em função dos teores
de umidade correspondentes, par o cálculo do peso específico seco máximo e do
teor de umidade ótimo do solo.

Para determinado teor de umidade w e grau de saturação S, o peso específico seco


de compactaçaõ pode ser calculado, para qualquer tipo de solo,
Para determinado teor de umidade, o peso específico seco máximo teórico é obtido
quando não existe ar nos vazios, i.e., quando o grau de saturação é igual a 100%.
Desse modo, o peso específico seco máximo correspondente a determinado teor de
umidade com vazios sem ar pode ser calculado, substituindo S=1 na eq.(5.3) ou

A figura acima também mostra a variação de γ zav com teor de umidade e sua
localização em relação à curva de computação. A curva de compactação não deve
estar posicionada à direita da curva de vazios sem ar ou curva de saturação, sob
nenhuma circunstância.

FATORES QUE AFETAM A COMPACTAÇÃO

Efeito do Tipo de Solo


A influência do tipo do solo – a distribuição granulométrica, a forma dos grãos, o
peso específico dos sólidos e a quantidade e o tipo dos minerais de argila – é
grande sobre o peso específico seco máximo e o teor de umidade ótimo.

Observe que a curva de compactaçao em forma de sino é típica da maioria dos


solos argilosos. A figura mostra que, para areais, o peso específico seco apresenta
uma tedência geral de, primeiro, decrescer à medida que o teor de umidade
aumenta e, depois, elevar-se até um valor máximo, enquanto a umidade continua a
aumentar. O decréscimo inicial do peso específico seco, com o aumento da
umidade, pode ser atribuído ao efeito da tensão capilar. No caso dos teores de
umidade menores, a tensão capilar na água intersticial inibe a tendência das
partículas do solo de se mover e se dispor em uma formação mais compacta.

Efeito do Esforço de Compactação

A energia de compactação por unidade de volume utilizada no ensaio de Proctor


normal pode ser determinada por meio da seguinte equação:
Caso o esforço de compactação por unidade de volume de solo apresente uma
alteração, a curva de umidade versus peso específico também muda.

Com em observações na figura acima, conclui-se:


 À medida que o esforço de compactação aumenta, o peso específico seco
máximo de compactação também aumenta;
 À medida que o esforço de compactação aumenta, o teor de umidade ótimo
apresenta certa redução.

Tais afirmações são verdadeiras para todo os tipos de solo. Observe, no entanto,
que o grau de compactação não é diretamente proporcional ao esforço de
compactação.

ENSAIO DE PROCTOR MODIFICADO

O desenvolvimento de rolos compactadores pesados e sua utilização exigiram a


modificação do ensaio Proctor normal, para que as condições de campo fossem
mais bem representadas. Na execução do ensaio Proctor modificado, o molde é o
número de golpes permanecem os mesmos. Entretanto, o solo é conpactado em 5
camadas por um soquete de massa 4,54 kg (10 lb) e o curso do soquete é de 457
mm (18 in). A energia de compactação estimada para esse tipo de ensaio é de 2.700
kN.m/m³ (56.000 ft.lb/lb³).

O ensaio de Proctor modificado aumenta o esforço de compactação e, portanto,


resulta no aumento do peso específico seco máximo do solo, o qual é acompanhado
por uma redução do teor de umidade ótimo.

A depender da granulometria fina do solo ensaiado, existem três métodos sugeridos


que refletem o tamanho do molde, o número de golpes em cada camada e o
tamanho da partícula máximo em um solo agregado utilizado nos ensaios, conforme
tabela abaixo.
ESTRUTURA DE SOLOS ARGILOSOS COMPACTADOS

Se a argila for compactada com um teor de umidade no lado seco da região de


teores ótimos, a estrutura será floculada. Esse tipo de estrutura aparece porque,
quando o teor de umidade é baixo, as duas camadas difusas de íons em torno das
partículas de argila não se desenvolvem totalmente. Desse modo, a repulsão entre
as partículas é reduzida e resulta em orientação mais aleatória das partículas e peso
específico seco menor. Quando o teor de umidade de compactação aumenta, as
duas camadas difusas em torno das partículas se expandem, o que aumenta a
repulsão entre as partículas de argila e estabelece um grau de floculação menor e
peso específico seco maior. Um aumento contínuo do teor de umidade (de B para C)
expande ainda mais as duas camadas, resultanto em aumento contínuo da repulsão
entre as partículas e, consequentemente, gera um grau mais alto de orientação das
partículas e uma estrutura mais ou menos dispersa. Entretanto, o peso específico
seco decresce, pois a água adicionada dilui a concentração dos sólidos do solo por
unidade de volume.

Para determinado teor de umidade, um esforço de compactação maior estabelece


uma orientação mais paralela das partículas de argila, o que resulta em uma
estrutura mais dispersa. As partículas se posicionam de forma mais compacta, e o
peso específico de compactação do solo aumenta (ponto A em comparação com o
E).

EFEITOS DA COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DOS SOLOS


COESIVOS

A compactação induz variações na estrutura dos solos coesivos. Entre os resultados


de tais variações estão as alterações de condutividade hidráulica, compressibilidade
e resistência. A condutividade hidráulica, que é uma medida da facilidade de
percolação da água pelo solo, decresce com o aumento do teor de umidade. Um
valor mínimo é alcançado para um valor próximo ao teor ótimo. Acima desse valor, a
condutividade hidráulica apresenta um ligeiro aumento. O alto valor da condutividade
do lado seco da região de teores de umidade ótimos é consequencia da orientação
aleatória das partículas de argila, a qual cria poros maiores.
A Fig. 5.17 mostra que, sob pressão mais baixa, um solo compactado
unilateralmente no lado úmido da região de teores ótimos é mais compressível que
um solo compactado no lado seco (Fig. 5.17a). Sob alta pressão, a tedência é
exatamente oposta (Fig. 5.17b). No caso das amostras compactadas no lado seco
da região de teores ótimos, a pressão tende a orientar as partículas na direção
normal à sua direção de aplicação. O espaço entre as partículas de argila é
simultaneamente reduzido. Entretanto, no caso das amostras compactadas no lado
úmido da região de teores ótimos, a pressão meramente reduz o espaço entre as
partículas de argila (que já estão mais ou menos orientedas paralelamente entre si).
Sob pressão muito alta, é possível obter estruturas idênticas para amostras
compactadas nos lados seco e úmido da região de teores ótimos.

Geralmente a resistência de solos argilosos compactados decresce com o teor de


umidade de moldagem. Isso significa que, caso duas amostras sejam compactadas
com o mesmo peso específico seco, uma no lado seco e outra no lado úmido, a
primeira opção (a que tem estrutura floculada) apresentará maior resistência.

COMPACTAÇÃO NO CAMPO

Equipamentos de Compactação

Na maioria das vezes, usa-se rolos compactadores. Os quatros mais usuais são:

 Rolo compactador liso (ou de tambor liso);


 Rolo compactador de pneus de borracha;
 Rolo de compactador pé-de-carneiro;
 Rolo compactador vibratório.

Os rolos lisos são adequados para provas de carga de subleitos de estradas e para
operações de acabamento em aterros com solos arenosos ou argilosos. Oferece
cobertura de 100% sob as rodas e pressões de contado com o solo de 310 a 380
kN/m², mas não é adequado para produzir altos valores de peso específico de
compactação quando aplicado a camadas mais espessas.

Os rolos de pneus de borracha, em muitos aspectos, são melhores que os rolos lisos
porque são pesados, com vários pneus separados por um espaçamento pequeno –
4 a 6 pneus por eixo. A pressão de contato pode variar de 600 a 700 kN/m², e a
cobertura é de cerca de 70% a 80%. Pode ser empregado em solos arenosos ou
argilosos. O processo de compactação é uma combinação de aplicação de pressão
e movimento de amassamento.

Os rolos pé-de-carneiro estão equipados com tambores com várias projeções. Esse
equipamento é utilizado com maior eficiência em solos argilosos. A pressão de
contato pode variar de 1.400 kN/m² a 7.000 kN/m². Durante a compactação no
campo, as passagens iniciais compactam a porção inferior da camada.

Os rolos vibratórios são de alta eficiência na compactação de solos granulares.


Dispositivos vibratórios podem ser montados em qualquer dos demais rolos acima.

Fatores que Afetam a Compactação no Campo

Além do tipo do solo e do teor de umidade, outros fatores devem ser considerados
para o cálculo do peso específico de compactação desejado no campo. Tais fatores
incluem a espessura da camada, a intensidade da pressão aplicada pelo
equipamento e a área a qual a pressão é aplicada. Esses fatores são importantes
porque a pressão aplicada à superfície decresce com a profundidade, o que resulta
em uma redução do grau de compactação do solo. Outro fator importante é o
número de passagens do rolo compactador. O peso específico seco de um solo,
para determinado valor de umidade, aumenta até certo valor com o número de
passagens do rolo compactador (Vide Fig. 5.23). Acima desse valor, o peso
permanece aproxidamente constante. Na maioria dos casos, cerca de 10 a 15
passagens possibilitam a obtenção de um peso específico seco máximo
economicamente viável.
Observe (Fig. 5.24a) que, a qualquer profundidade definida, o peso específico seco
de compactação aumenta com o número de passagens do rolo compactador.
Entretanto, a taxa de aumento do peso específico decresce de modo gradual após
cerca de 15 passagens. Outro fator a ser notado é a variação do peso específico
seco com a profundidade. O peso específico seco e, portanto, a compacidade
relativa, Dr , alcança valores máximos a 0,5 m e decresce de modo gradual para
profundidades menores. Essa redução ocorre por causa da falta de pressão de
confinamento em direção à superfície. Uma vez que a relação entre a profundidade
e a compacidade relativa (ou peso específico seco), para um solo específico, com
determinado número de passagens do rolo compactador, seja definida, o cálculo da
espessura aproximada de camada torna-se fácil.
DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO DE COMPACTAÇÃO DE CAMPO

Os procedimentos-padrão para a determinação do peso específico de compactação


no campo incluem os seguintes métodos:

 O método do frasco de areia;


 O método do balão de borracha;
 O método nuclear.

Método do Frasco de Areia (ASTM Designation D-1556)

O equipamento de cone de areia consiste em um frasco de vidro ou plástico com um


cone de metal instalado no topo. O frasco é enchido com areia uniforme seca. O
peso combinado do frasco, do cone e da areia no frasco é determinado ( W 1 ). No
campo, um pequeno furo é escavado na área em que o solo foi compactado.
Conhecendo-se o peso do solo úmido retirado do furo ( W 2 ), e o teor de umidade
do solo, o peso seco do solo poderá ser calculado a partir da equação a seguir.

W2
W 3=
w( )
1+
100
Após a escavação do furo, o frasco cheio de areia com o cone instalado é
posicionado de cabeça ára baixo sobre o furo. A areia é solta do frasco e enche o
furo. Depois, o peso combinado do frasco, do cone e da areia restante no frasco é
obtido ( W 4 ) na pesagem para se obter o peso da areia contida no furo e no cone (
W 5 ) pela equação seguinte:

W 5=W 1−W 4

em que W 5 é o peso da areia contida no furo e no cone.

O volume do furo escavado pode ser determinado como

W 5 −W c
V furo=
γ d (areia)

onde W c é o peso da areia contida apenas no cone.

Os valores de Wc (ou seu volume) e γ d (areia) são determinados pela calibração


efetuada em laboratório. O peso específico seco da compactação executada no
campo pode ser definido por meio da equação a seguir.

Peso secodo soloretirado do furo W 3


γ d= =
Volume do furo V
PERMEABILIDADE
PERCOLAÇÃO
TENSÕES IN SITU

TENSÕES EM SOLO SATURADO SEM PERCOLAÇÃO

A Fig. 8.1a mostra uma coluna de solo saturado sem percolação de água em
nenhuma direção. A tensão total no nível do ponto A pode ser obtida a partir do peso
específico saturado do solo e do peso específico da água acima dele. Assim,

σ =H γ w +(H A −H)γ sat

onde σ é a tensão total no ponto A; γw é o peso específico da água; γ sat éo


peso específico saturado do solo; H é a altura do nível da água a partir do topo
da coluna de solo; e HA é a coluna de solo sobre o ponto A.

A tensão total dada pela equação acima pode ser divida em duas partes:

 Porção aplicada pela água nos espaços vazios contínuos. Essa parte atual
com igual intensidade em todas as direções.
 Restante aplicado pelos sólidos do solo em seus pontos de contato. A soma
das componentes verticais das forças desenvolvidas nos pontos de contato
das partículas sólidas por unidade de área de seção transversal da massa de
solo é chamada de tensão efetiva.

De forma aproximada a equação acima pode ser substituída por

onde u=H A γ w e é chamado de tensão neutra e σ' é a tensão efetiva. A


substituição da eq.(8.1) para σ na eq.(8.4) resulta em

onde γ ' =γ sat −γ w é igual ao peso específico do solo submerso. Assim, podemos
ver que a tensão efetiva em qualquer ponto A é independente da profundidade da
água, H, acima do solo submerso.

A Fig. 8.2a mostra uma camada de solo submerso em um tanque em que não há
percolação. As Figs. 8.2b a 8.2d mostram gráficos das variações da tensão total,
poropressão e tensão efetiva, respectivamente, em função da profundidade de uma
camada de solo submersa colocada em um tanque sem percolação.

Em resumo, a tensão efetiva é aproximandamente a força por unidade de área


suportada pelo esqueleto do solo. Em uma massa de solo, a tensão efetiva controla
sua mudança de volume e resistência. Aumentar a tensão efetiva induz o solo a
mudar para um estado de compactação mais denso.
TENSÕES EM UMA MASSA DE SOLO

A construção de uma fundação causa usualmente um aumento na tensão do solo, o


que depende da carga por unidade de área à qual a fundação está submetida, da
profundidade abaixo da fundação na qual a estimativa da tensão é desejada e de
outros fatores. Essa estimativa é necessária, por exemplo, para que possa ser
calculado o recalque. Este capítulo analisa os princípios da estimativa do aumento
da tensão vertical no solo provocada por vários tipos de carregamento, com base na
teoria da elasticidade. Embora os depósitos naturais de solo, na maioria dos casos,
não sejam materiais totalmente elásticos, isotrópicos ou homogêneos, os cálculos
para se estimar os aumentos na tensão vertical produzem resultados razoavelmente
bons para o trabalho prático.

TENSÕES NORMAIS E DE CISALHAMENTO EM UM PLANO

A Fig. 9.1ª apresenta um elemento bidimensional de solo que está sendo submetido
a tensões normais e de cisalhamento ( σ y > σ x ). Para determinar a tensão normal e
a tensão de cisalhamento em um plano EF que faz um ângulo θ com o plano AB,
pe necessário considerar-se o diagrama de corpo livre de EFB mostrado na Fig.
9.1b. Sejam σn e τn a tensão normal e a tensão de cisalhamento,
respectivamente, no plano EF. Da geometria, sabemos que

Somando-se as componentes das forças que agem no elemento na direção de N e


T, temos
Ou (eliminando ´ )
EF

σ n =σ x sin ² θ+ σ y cos ² θ+2 τ xy sinθ cos θ

Ou

σ y +σ x σ y −σ x
σn= + cos 2 θ+τ xy sin 2θ
2 2

Chegou-se a esta última equação lançando mão das seguintes identidades


trigonométricas:

1
sin ² θ= (1−cos 2θ)
2

2 1
cos θ= (1+cos 2 θ)
2

sin 2θ=2 sin θ cos θ

Novamente,

Ou

2 2
τ n =σ y sin θ cos θ−σ x sin θ cos θ−τ xy (cos θ−sin θ)
Ou (lembrando que cos 2 θ=cos ² θ−sin ² θ )

σ y −σ x
τn= sin 2 θ−τ xy cos 2 θ
2

Da equação acima, podemos ver que é possível escolher o valor de θ de tal


modo que τ n seja igual a zero. Substituindo τ n =0 , obtém-se

Para valores dados de τ xy , σy e σ x , a equação acima fornecerá dois valores


de θ que são distintos de 90º. Isso significa que há dois planos ortogonais entre si
nos quais a tensão de cisalhamento é zero. Tais planos são chamados de planos
principais. As tensões que agem nos planos principais são chamadas de tensões
principais. Os valores destas podem ser encontrados substituindo-se a eq.(9.5) na
eq.(9.3), que fornece

A tensão normal e a tensão de cisalhamento que agem em qualquer plano podem


também ser determinadas traçando-se um círculo de Mohr, da maneira mostrada na
Fig. 9.2. As seguintes convenções de sinais são utilizadas: as tensões normais de
compressão são consideradas positivas e as tensões de cisalhamento são
consideradas positivas se agirem em faces opostas do elemento de tal modo que
tendam a produzir uma rotação no sentido anti-horário.
Os pontos R e M da Fig. 9.2 representam as condições da tensão nos planos AD e
AB, respectivamente. O círculo MNQRS desenhado com O como centro e OR como
raio é o círculo de Mohr para as condições de tensão consideradas. O raio do círculo
de Mohr é igual a

A tensão no plano EF pode ser determinada movendo-se um ângulo 2θ (duas


vezes o ângulo que o plano EF faz no sentido anti-horário com o plano AB na Fig.
9.1a) no sentido anti-horário a partir do ponto M ao longo da circunferência do
círculo de Mohr para alcançar o ponto Q. A abscissa e a ordenada do ponto Q,
respectivamente, fornecem a tensão normal σn e a tensão de cisalhamento τn
no plano EF.

Como as ordenadas (ou seja, as tensões de cisalhamento) dos pontos N e S são


zero, elas representam as tensões nos planos principais. A abscissa do ponto N é
igual a σ 1 e a abscissa no ponto S é igual a σ3 .

Como um caso especial, se os planos AB e AD forem os planos principais maior e


menor, a tensão normal e a tensão de cisalhamento no plano EF podem ser
encontradas substituindo-se τ xy =0 . O círculo de Mohr para tais condições de
tensão é mostrado na Fig. 9.3b. A abscissa e a ordenada do ponto Q fornecem a
tensão normal e a tensão de cisalhamento, respectivamente, no plano EF.

TENSÃO CAUSADA POR UMA CARGA PONTUAL

O emprego da teoria da Elasticidade aos solos é questinável, pois o comportamento


dos solos não satisfaz aos requisitos de material elástico, principalmente ao que se
refere à reversibilidade das deformações quando as tensões mudam de sentido.
Entretanto, quando ocorrem somente acréscimos de tensão, justifica-se a aplicação
da teoria. Por outro lado, até determinado nível de tensões, existe uma certa
proporcionalidade entre as tensões e as deformações, de forma que se considera
um Módulo de Elasticidade constante como representativo do material. Mas a maior
justificativa é o fato de não se dispor ainda de melhor alternativa e, também, porque
ela tem apresentado uma avaliação satisfatória das tensões atuantes no solo, pelo
que se depreende da análise de comportamento de obras.

Boussinesq determinou as tensões, as deformações e os deslocamentos no interior


de uma massa elástica, homogênea e isotrópica, num semi-espaço infinito de
superfície horizontal, devidos a uma carga pontual aplicada na superfície deste
semi-espaço. No que se refere às tensões, interessam, no momento, os acréscimos
das tensões verticais resultantes, em qualquer ponto, da aplicação da carga pontual
P, na superfície. A equação de Boussinesq para este acréscimo de tensão é:
Observe que as eqs. (9.10) e (9.11), que são expressões para tensões normais
horizontais, dependem do coeficiente de Poisson do meio. Entretanto, a relação para
a variação da tensão normal vertical dada na eq. (9.12) independe deste coeficiente.
A relação para ∆σz pode ser reescrita como
Esta última expressão mostra que, mantida a relação r/z, a tensão é inversamente
proporcional ao quadrado da profundidade do ponto considerado. Na vertical abaixo
do ponto de aplicação da carga (r = 0), as tensões são:
Também baseadas na Teoria da Elasticidade, estão disponíveis soluções para
diversos tipos de carregamento. Poulos e Davis reuniram no livro Elastic Solutionsfor
Soil and Rock Mechanics, John Wiley, 1974, soluções para diversos carregamentos,
desenvolvidos por diferentes autores.

Frequentemente, estas soluções são apresentadas em forma de bulbos de tensões


que apresenta os coeficientes de influência (coeficiente que, multiplicado pela
tensão, ou melhor, pressão, aplicada na superfície, fornece a tensão atuante no
ponto), para o cálculo das tensões verticais no interior do solo devidas a
carregamento uniformemente distribuído numa área circular, e.g., na superfície do
terreno.

Ábacos semelhantes são disponíveis para outros esquemas de carregamento, como


faixas de comprimento infinito, representando aterros rodoviários.

Por outro lado, são também disponíveis ábacos para o cálculo de tensões
horizontais, tensões principais e tensões cisalhantes, permitindo a obtenção de todo
o estado de tensões devido a cada carregamento.
TENSÃO VERTICAL CAUSADA POR UMA LINHA DE CARGA VERTICAL

Observe a Fig.9.10.

Ele mostra uma linha de carga flexível vertical de comprimento infinito, que tem uma
intensidade q/unidade de comprimento, na superfície de uma massa de solo semi-
infinita. O aumento da tensão vertical dentro da massa de solo pode ser determinado
utilizando-se princípios da teoria da elasticidade, ou

Observe que a eq.(9.20) está na forma adimensional. Utilizando-se essa equação,


pode-se calcular a variação de ∆ σ z /(q /z ) com x /z dada na Tab. 9.2. O valor
de ∆σz calculado por meio da eq. (9.20) é a tensão adicional no solo causada
pela linha de carga. O valor de ∆σz não inclui a pressão da sobrecarga do solo
sobre o ponto A.
TENSÃO VERTICAL CAUSADA POR UMA FAIXA DE CARGA VERTICAL
(LARGURA FINITA E COMPRIMENTO INFINITO)

Seja a carga por unidade de área da faixa mostrada na Fig. 9.14 igual a q . Se
considerarmos uma faixa elementar de largura dr , a carga por unidade de
comprimento dessa faixa será igual a qdr . Essa faixa elementar pode ser tratada
como uma linha de carga. A eq. (9.19) fornce o aumento da tensão vertical dσ z no
ponto A dentro da massa de solo causada por essa faixa elementar de carga. Para
calcular o aumento da tensão vertical, é necessário substituir-se q por qdr e
x por (x−r ) . Por tanto,
A Tab. 9.4 mostra a variação de ∆ σ z /q com 2z/ B para 2 x / B . Essa tabela
pode ser utilizada convenientemente para o cálculo da tensão vertical em um ponto
causada por uma faixa de carga flexível.
TENSÃO VERTICAL DEVIDA AO CARREGAMENTO DE UM ATERRO

A Fig. 9.17 mostra a seção transversal de um aterro de altura H. Para essa condição
de carregamento bidimensional, o aumento da tensão vertical pode ser expresso
como
Para uma derivação detalhada da equação, veja Das (1997). Uma fórmula
simplificada da eq. (9.25) é
TENSÃO VERTICAL ABAIXO DO CENTRO DE UMA ÁREA CIRCULAR
UNIFORMEMENTE CARREGADA

Utilizando-se a solução de Boussinesq para a tensão vertical ∆σz causada por


uma carga pontual [eq.(9.12)], pode-se também desenvolver uma expressão para a
tensão vertical abaixo do centro de uma área circular flexível uniformemente
carregada.

Da Fig. 9.20, seja a intensidade da pressão na área circular de raio R igual a q .A


carga total na área elementar é igual a qr dr dα . A tensão vertical, dσ z , no ponto
A causada pela carga na área elementar pode ser obtida da eq. (9.12):
A variação de ∆ σ z /q com z /R como foi obtida da eq.(9.30) é dada na Tab. 9.6.
Um gráfico desta também é apresentado na Fig. 9.21. O valor de ∆σz diminui
rapidamente com a profundidade e em z=5 R é cerca de 6% de q , que é a
intensidade da pressão na superfície.
TENSÃO VERTICAL CAUSADA POR UMA ÁREA RETANGULAR CARREGADA

A solução de Boussinesq também pode ser utilizada para se calcular o aumento da


tensão vertical abaixo de uma área flexível retangular carregada, da maneira
mostrada na Fig. 9.23. A área carregada, uniformemente distribuída ( q ), está
localizada na superfície do solo e tem comprimento L e largura B . Para se
determinar o aumento na tensão vertical no ponto A, que está a uma profundidade
z , abaixo do canto da área retangular, precisamos considerar uma área pequena
elementar dx dy do retângulo. A carga nessa área elementar por ser dada por
q dx dy .

O aumento na tensão ( dσ z ¿ no ponto A causado pela carga dq pode ser


determinado utilizando-se a eq.(9.12). Entretanto, precisamos substituir P por
dq=q dx dy e r² por x ²+ y ² . Assim, ∆σz pode ser determinado por meio
da integração a seguir:
A variação de I4 com m e n é mostrada na Tab. 9.9 e na Fig. 9.24.
O aumento da tensão em qualquer ponto abaixo de uma área retangular carregada
por ser encontrada por meio da eq. (9.34), conforme se vê na Fig. 9.25, dividindo o
retângulo original em várias partes, se for necessário.

Na maioria dos casos, o aumento da tensão vertical abaixo do centro de uma área
retangular (Fig. 9.26) é importante. Esse aumento de tensão pode ser fornecido pela
relação
ISOBÁRICAS DA TENSÃO

As relações para ∆σz podem ser utilizadas para calcular o aumento de tensão em
vários pontos da grade abaixo da área carregada. Com base nesses aumentos de
tensão calculados, as isobárias de tensão podem ser representadas em gráfico. As
Figs. 9.28 e 9.29 mostram tais isobárias de tensão sob a faixa e as áreas quadradas
uniformemente (verticalmente) carregadas.

GRÁFICO DE INFLUÊNCIA PARA PRESSÃO VERTICAL

A eq. (9.30) pode ser rearranjada e escrita na forma


Com a utilização dos valores de R/ z obtidos da eq. (9.44) para várias relações de
pressão, Newmark (1942) apresentou um gráfico de influência que pode ser utilizado
para determinar a pressão vertical em qualquer ponto abaixo de uma área flexível
uniformemente carregada de qualquer forma.

A Fig. 9.30 mostra um gráfico de influência que foi contruído desenhando-se círculos
concêntricos. Os raios desses círculos são iguais aos valores de R/ z
correspondentes a ∆ σ z /q=0, 0.1, 0.2, … ,1. (Obs.: Para ∆ σ z /q=0 , R/ z=0 e
para ∆ σ z /q=1 , R/ z=∞ , portanto, nove círculos são mostrados). O
comprimento unitário para se representar graficamente os círculos é ´ . Os
AB
círculos são divididos por várias linhas radiais igualmente espaçadas. O valor de
influência do gráfico é fornecido por 1/ N , em que N é igual ao número de
elementos do gráfico. Na figura abaixo, há 200 elementos, portanto, o valor de
influência é 0,005.
COMPRESSIBILIDADE DO SOLO

Um aumento da tensão comprime as camadas de solo. Essa compressão é causada


por (a) deformação das partículas de solo, (b) deslocamentos de partículas de solo e
(c) expulsão da água ou do ar dos espaços vazios. Em geral, o recalque do solo
causado por cargas pode ser dividido em três categorias amplas:

1. Recalque elástico ou imediato, causado pela deformação elástica do solo


seco e de solos úmidos e saturados sem qualquer alteração no teor de
umidade. Os cálculos deste geralmente têm como base equações derivadas
da teoria da elasticidade.
2. Recalque por adensamento primário, resultado de uma alteração volumétrica
em solos coesivos saturados por causa da expulsão da água que ocupa os
espaços vazios.
3. Recalque por compressão secundária, observado em solos coesivos
saturados e resultado do ajuste plástico do tecido do solo. É uma forma
adicional de compressão que ocorre sob tensão efetiva constante.

O recalque total de uma fundação pode, então, ser dado como

Quando as fundações são construídas em argilas muito compressíveis, o


recalque de adensamento pode ser muitas vezes maior que o recalque elástico.

RECALQUE ELÁSTICO

PRESSÃO DE CONTATO E PERFIL DO RECALQUE

O recalque elástico ou imediato ocorre diretamente após a aplicação de uma


carga sem alteração do teor de umidade do solo. A magnitude do contato
dependerá da flexibilidade da fundação e do tipo de material no qual está
apoiada.

Em geral, as fundações não são perfeitamente flexíveis e são assentadas a uma


certa profundidade abaixo da superfície do solo. É instrutivo, entretanto, avaliar a
distribuição da pressão de contato sob a fundação juntamente com o perfil de
recalque sob condições idealizadas.

A Fig. 10.1ª mostra uma fundação perfeitamente flexível apoiada em um material


elástico do tipo argila saturada. Se a fundação estiver submetida a uma carga
uniformemente distribuída, a pressão de contato será uniforme e o recalque da
fundação terá um perfil arqueado. Por outro lado, se considerarmos uma
fundação perfeitamente rígida apoiada na superfície do solo submetida a uma
carga uniformente distribuída, a fundação terá um recalque uniforme e a pressão
de contato será distribuída. (Obs.: Essa distribuição de pressão e recalque é
válida para solos nos quais o módulo de elasticidade possa ser considerado
constante com a profundidade.)

No caso de areia sem coesão, o módulo de elasticidade aumenta com a


profundidade e, além disso, há uma falta de confinamento lateral na borda da
fundação toma uma forma côncava voltada para baixo. A distribuição da pressão
de contato e os perfis de recalque de uma fundação flexível e de uma fundação
rígida apoiadas em areia e submetidas a carregamento uniforme são mostrados
nas Fig. 10.2a e 10.2b, respectivamente.
RELAÇÕES PARA O CÁLCULO DO RECALQUE ELÁSTICO

O recalque elástico para fundações apoiadas em material elástico (de espessura


infinita) pode ser calculado a partir de equações derivadas utilizando-se os principais
da teoria da elasticidade. Elas são da forma

RECALQUE DE ADENSAMENTO

FUNDAMENTOS DO ADENSAMENTO

Quando uma camada de solo saturado é submetida a um aumento de tensão, a


poropressão aumenta repentinamente. Em solos arenosos que são muito
permeáveis, a drenagem causada pelo aumento na poropressão é completada
imediatamente, acompanhada por uma redução no volume da massa de solo, o que
resulta em recalque. Por causa da drenagem rápida da água dos poros em solos
arenosos, o recalque elástico e o adensamento ocorrem simultaneamente.

No momento em que uma camada de argila compressível saturada é submetida a


um aumento de tensão, o recalque elástico ocorre imediamente. Como a
condutividade hidráulica da argila é significativamente menor do que a areia, o
excesso de poropressão gerado pelo carregamento gradualmente se dissipa,
durante um longo período. Assim, a mudança de volume associada (ou seja, o
adensamento) na argila pode continuar por um longo tempo após o recalque
elástico. O recalque provocado pelo adensamento na argila pode ser várias vezes
maior que o recalque elástico.

A deformação, dependente do tempo, do solo argiloso saturado pode ser


compreendida melhor considerando o modelo simples que consiste em um cilindro
com uma mola em seu centro. O cilindro é preenchido com água e possui um pistão
estanque sem atrito e uma válvula, como na Fig. 10.7a. Nesse momento, se for
colocada uma carga P no pistão e a válvula for matida fechada, a carga inteira será
mantida fechada, a carga inteira será tomada pela água no cilindro, porque a água é
incompressível. A mola não passará por nenhuma deformação. O excesso de
pressão hidrostática nesse momento pode ser dado como
Assim, considere o caso em que uma camada de argila saturada de espessura H,
confinada entre duas camadas de areia, estpa sendo submetida a um aumento
instantâneo de tensão total de ∆ σ . Isso significa que a tensão total, ∆ σ , será
dividida em alguma proporção entre a tensão efetiva e a poropressão. Do princípio
da tensão efetiva, segue que

Como a argila possui uma condutividade hidráulica muito baixa e a água é


incompressível quando compara com a estrutura do solo, no instante t=0 , o
incremento de tensão inteiro, ∆ σ , será suportado pela água ( ∆ σ =∆ u ) em
todas as profundidades.

Após a aplicação do incremento de tensão, ∆ σ , à camada de argila, a água nos


vazios comecará a ser espremida para fora e será drenada em ambas as direções
para as camadas de areia. Por esse processo, o excessp de poropressão, a
qualquer profundidade na camada de argila, diminuirá gradualmente, e a tensão
suportada pelos sólidos do solo (tensão efetiva) aumentará. Assim, no instante
0<t <∞ ,
'
Entretanto, as magnitudes de ∆σ e de ∆u a várias profundidades mudarão
(Figura 10.8c), dependendo da distância mínima do caminho de drenagem até o
topo ou a base da camada de areia.

Teoricamente, no instante t=∞ , todo o excesso de poropressão seria dissipado


por drenagem de todos os pontos da camada de argila; assim, ∆ u=0 . Agora, o
aumento de tensão total, ∆ σ , será suportado pela estrutura do solo (Fig. 10.8d).
Portanto, ∆ σ =∆ σ ' .

Esse processo gradual de drenagem sob a aplicação de uma carga adicional e a


transferência associada do excesso de poropressão para a tensão efetiva causam o
recalque dependente do tempo da camada de argila do solo.
ENSAIO DE ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE LABORATÓRIO

Esse ensaio é realizado em uma edômetro, cujo diagrama esquemático é mostrado


na Fig, 10.9a. O corpo de prova de solo é colocado dentro de um anel metálico com
duas pedras porosas, uma na parte superior e outra na inferior, e mede normalmente
64 mm (+- 2,5 in) de diâmetro e 25 mm (+- 1 in) de espessura. A carga é aplicada
por meio de um braço de alavanca e a compressão é medida com um relógio
comparador ou extensômetro micrométrico. O corpo de prova é mantido sob a água
durante o ensaio. Cada carga normalmente é mantida por 24 horas. Após esse
intervalo, a carga normalmente é dobrada, o que dobra a pressão no corpo de prova,
e a medição da compressão continua. No final do ensaio, o peso seco do corpo do
ensaio é determinado. A Fig. 10.9c mostra um ensaio de adensamento em
andamento.

A forma geral do gráfico da deformação do corpo de prova em função do tempo para


um dado incremento de carga é mostrada na Fig. 10.10. No gráfico pode-se
observar três estágio distintos, que podem ser descritos da seguintes forma:

Estágio I: Compressão inicial, causada predominantemente por pré-


carregamento.
Estágio II: Adensamento primário, durante o qual o excesso de poropressão é
gradualmente transferido para a tensão efetiva por causa da expulsão da
água dos poros.

Estágio III: Compressão secundária, que ocorre após a dissipação completa


do excesso de poropressão, quando alguma deformação do corpo de prova
acontece por causa do reajuste plástico da estrutura do solo.

ÍNDICE DE VAZIOS – GRÁFICOS DE PRESSÃO

Após a obtenção dos gráficos deformação-tempo para vários carregamento no


laboratório, é necessário estudar a alteração no índice de vazios do corpo de prova
com a pressão. A seguir a um passa a passo para isso:

Passo I: Calcule a altura dos sólidos, H s , no corpo de prova de solo (Fig.


10.11) usando a equação
Passo 2: Calcule a altura inicial de vazios como

Passo 3: Calcule o índice de vazios inicial, e 0 , do corpo de prova, usando a


equação

Passo 4: Para o primeiro incremento de tensão, σ1 (carga total/área


unitária do corpo de prova), que provoca uma deformação ∆ H 1 , calcule a
alteração no índice de vazios como

Passo 5: Calcule o novo índice de vazios após o adensamento provocado


pelo incremento da pressão como
Para o próximo carregamento, σ2 (observe: σ2 é igual à carga cumulativa por
área unitária do corpo de prova), que a deformação adicional ∆ H 2 , o índice de
vazios no fim do adensamento por ser calculado como

Nesse momento, σ2 = tensão efetiva. Procedendo de maneira similar, podem ser


obtidos os índices vazios no fim do adensamento para todos os incrementos de
carga. A tensão efetiva e os índices de vazios correspondentes no fim do
adensamento são representados fisicamente em papel semilogarítmico. A forma
típica de tal gráfico é mostrada na Fig. 10.12.
ARGILAS NORMALMENTE ADENSADAS E SOBREADENSADAS

A Fig. 10.12 mostra que a parte superior do gráfico e−logσ ' é um pouco curvada
com uma inclinação pequena, seguida por uma relação linear para o índice de
vazios com o logσ ' apresentando uma inclinação maior. Esse fenômeno pode ser
explicado da seguinte maneira:

Um solo no campo a alguma profundidade foi submetido a certa pressão efetiva


máxima passada em sua história geológica. Essa pressão efetiva máxima passada
pode ser igual ou maior que a pressão efetiva da sobrecarga existente no momento
da amostragem. A redução da pressão efetiva no campo pode ser provocada por
processos geológicos naturais ou durante a amostragem do solo, causando alguma
dilatação. Quando este corpo de prova é submetido a um ensaio de adensamento,
uma pequena quantidade de compressão (i.e., uma pequena mudança no índice de
vazios) ocorrerá quando a pressão efetiva aplicada for menor que a pressão efetiva
máxima no campo ao qual o solo foi submetido no passado. Quando a pressão
efetiva no corpo de prova torna-se superior à pressão efetiva máxima passada, a
mudança no índice de vazios será muito maior e a relação e−logσ ' será
praticamente linear com uma inclinação maior.

Essa relação pode ser verificada no laboratório carregando-se o corpo de prova de


maneira a exceder a pressão geostática máxima efetivamente e então
descarregando-se e carregando-se novamente. O gráfico e−logσ ' para para tais
casos é mostrado na Fig. 10.13, na qual cd representa o descarregamento e
dfg representa o processo de recarregamento.

1. Normalmente adensada, cuja pressão efetiva presente é a pressão máxima a


que o solo foi submetido no passado.
2. Sobreadensada, cuja pressão efetiva presente é inferior àquela que o solo
experimentou no passado. A pressão efetiva máxima passada é chamada de
pressão de pré-adensamento.

Casagrande (1936) sugeriu uma construção gráfica simples para a determinação da


pressão de pré-adensamento σ ' c , a partir do gráfico de laboratório e−logσ ' . O
procedimento é o seguinte (consulte a Fig, 10.14):
1. Por observação visual, estabeleça o ponto a , no qual o gráfico e−logσ '
tenha um raio mínimo de curvatura.
2. Desenhe uma linha horizontal ab .
3. Desenhe a linha ac tangente em a .
4. Desenhe a linha ad , bissetriz do ângulo bac .
5. Projete a parte reta da linha gh do gráfico e−logσ ' para trás para
interceptar a linha ad em f . A abscissa do ponto f é a pressão de
pré-adensamento, σ 'c .

A razão de sobreadensamento (OCR) para um solo pode agora ser definida como

EFEITO DO AMOLGAMENTO NA RELAÇÃO ÍNDICE DE VAZIOS-PRESSÃO

Um corpo de prova de solo será amolgado quando for submetido a algum grau de
pertubação. Esse amolgamento resultará em algum desvio do gráfico e−logσ ' da
maneira observada no laboratório a partir do comportamento real em campo. O
gráfico de campo pode ser recontruído com base nos resultados de ensaio de
laboratório da maneira descrita nesta seção (Terzaghi e Peck, 1967).

Argila Normalmente Adensada de Plasticidade Baixa a Média (Fig. 10.18)

1. Na Fig. 10.18, a curva 2 é o gráfico e−logσ ' de laboratório. Observando


esse gráfico, determine a pressão de pré-adensamento ( σ ' c ) = σ '0 (isto
é, a pressão efetiva de sobrecarga presente). Conhecendo onde σ ' c =σ ' 0 ,
trace a linha vertical ab .
2. Calcule o índice de vazios no campo, e0 [eq. (10.13)]. Trace a linha
horizontal cd .
3. Calcule 0,4 e 0 e trace a linha ef . (Observe: f é o ponto de intersecção
da linha com a curva 2.)
4. Junte os pontos f e g . Observe que g é o ponto de intersecção das
linhas ab e cd . Essa é a curva de compressão virgem .

É importante ressaltar que, se um solo for completamente amolgado, a posição geral


do gráfico e−log σ ' será como está representado pela curva 3.

Argila Sobreadensada de Plástico Baixa a Média (Fig. 10.19)


1. Na Fig. 10.19, a curva 2 é o gráfico e−logσ ' de laboratório (carregamento),
e a curva 3 é a curva de descarregamento ou de recuperação de laboratório.
A partir da curva 2, determine a pressão de pré-adensamento σ ' . Trace a
linha vertical ab .
2. Determine a pressão efetiva de sobrecarga de campo σ ' 0 . Trace a linha
vertical cd .
3. Determine o índice de vazios no campo, e 0 . Desenhe a linha horizontal
fg . O ponto de intersecção das linhas fg e cd é h .
4. Trace a linha hi , paralela à curva 3 (que é praticamente uma linha reta). O
ponto de intersecção das linhas hi e ab é j .
5. Junte os pontos j e k . O ponto k está na curva 2 e sua ordenada é
0,4 e 0 .

O gráfico de adensamento de campo assumirá o caminho hjk . O caminho de


recompressão no campo é jh e é paralelo à curva de recuperação de laboratório
(Schmertmann, 1953).

CÁLCULO DE RECALQUE A PARTIR DO ADENSAMENTO PRIMÁRIO


UNIDIMENSIONAL
Para o cálculo do provável recalque provocado pelo adensamento primário no
campo, assumi-se que o adensamento é unidimensional.

Considere uma camada de argila saturada de espessura H e área de seção


transversal A sob uma pressão efetiva de sobrecarga média existente, σ ' 0 . Por

causa de um aumento da pressão efeticva, ∆ σ ' , o recalque primário será Sc .


Assim, a variação de volume (Fig. 10.20) pode ser dada por

Mas

Para argilas normalmente adensadas que exibe uma relação e−logσ ' linear
Em argilas sobreadensadas, para σ ' 0+ ∆ σ ' ≤ σ ' c , a variação de campo de
e−logσ ' será ao longo da linha hj , cuja inclinação será aproximadamente igual
àquela da curva de recuperação de laboratório. A inclinação da curva de
recuperação C s é mencionada como índice de expansão; portanto

Entretanto, se a curva e−logσ ' for dada, pode-se simplesmente obter ∆e do


gráfico para a faixa apropriada de pressões. Esse número pode ser substituído na
eq. (10.22) para o cálculo do recalque.

RECALQUE DE COMPRESSÃO SECUNDÁRIA

A seção 10.5 mostrou que no fim do adensamento primário (isto é, após completa
dissipação do excesso de poropressão) algum recalque é observado por causa do
ajuste plástico do tecido do solo. Esse estágio de adensamento é chamado de
compressão secundária. Durante a compressão secundária, o gráfico da
deformação em função do logaritmo do tempo é praticamente linear. A variação do
índice de vazios e , com o tempo t para um dado incremento de carga será
similar àquela mostrada na Fig. 10.10. Essa variação essa variação é mostrada na
Fig. 10.26. Da Fig. 10.26, o índice de compressão secundária pode ser definido
como

O valor da compressão secundária pode ser calculado como

O recalque de compressão secundária é mais importante que o adensamento


primário em solo orgânicos e inorgânicos altamente compressíveis. Em argilas
inorgânicas sobreadensadas, o índice de compressão secundário é muito pequeno e
de menor significado prático.
TAXA TEMPORAL DE ADENSAMENTO

As equações vistas até aqui para o cálculo do adensamento primário não fornecem
nenhuma informação a respeito da sua taxa de adensamento. Terzaghi (1925)
propôs a primeira teoria para considerar a taxa de adensamento unidimensional para
solos de argila saturada. A dedução matemática tem como base as seis hipóteses
seguintes:

1. O sistema argila-água é homogêneo;


2. A saturação é completa;
3. A compressibilidade da água é desprezível;
4. A compressibilidade dos grãos do solo é desprezível (mas os grãos do solo se
rearranjam);
5. O escoamento da água ocorre somente em uma direção (i.e., na direção de
compressão);
6. A lei de Darcy é válida.

Fazendo uma análise elaborada, chega-se a seguinte equação:

Onde Tv é o fator de tempo (adimensional); cv é o coeficiente de


adensamento; t é o tempo; e, H ²dr é o comprimento do caminho máximo de
drenagem.

Como o adensamento continua pela dissipação do excesso de poropressão, o grau


de adensamento a uma distância z a qualquer tempo t é

Os valores do fator de tempo e seus graus médios de adensamento para o caso


apresentado na Fig. 10.30 também podem ser aproximados pela seguinte relação
simples:
CÁLCULO DO RECALQUE DE ADENSAMENTO SOB UMA FUNDAÇÃO

Para se estimar o recalque unidimensional de uma fundação, podem ser utilizadas


as eqs. (10.24), (10.26) ou (10.27). Entretanto, o aumento da tensão efetiva, ∆σ ' ,
nessas equações deve ser o aumento médio na pressão abaixo do centro da
fundação. Os valores podem ser determinados utilizando-se o procedimento descrito
no Capítulo 9.

Assumindo-se que o aumento da pressão varia parabolicamente, usando a regra de


Simpson, pode-se estimar o valor de ∆ σ ' méd como

MÉTODOS PARA A ACELERAÇÃO DO RECALQUE DE ADENSAMENTO


Em muitos casos, drenos de areia e drenos verticais pré-fabricados são utilizados no
campo para acelerar o recalque de adensamento em camadas de argila
normalmente adensadas para se obter a pré-compressão antes da construção de
uma fundação desejada. Após a execução dos drenos, uma sobre carga é aplicada
na superfície do solo. Essa sobrecarga aumentará a poropressão na argila. O
excesso de poropressão na argila será dissipado por drenagem – vertical e
radialmente para os drenos -, o que acelera o recalque da camada de argila.

PRÉ-COMPRESSÃO

Quando camadas de solo argilosos altamente compressíveis normalmente


adensadas estão a uma profundidade limitada e recalques de adensamentos
grandes são esperados como resultado da construção de grandes edifícios, taludes
rodoviários ou barragens de terra, a pré-compressão do solo pode ser utilizada para
minimizar o recalque pós-construção. Os princípios da pré-compressão são mais
bem explicados por consulta à Fig. 10.42. Aqui, a carga estrutural (da construção)
proposta por área unitária é ∆ σ ( p) e a espessura da camada de argila submetida a
adensamento é H . O recalque máximo de adensamento primário provocado pela
carga estrutural, S c =S( p) , então:

A relação recalque-tempo sob a carga estrutural será como aquela mostrada na Fig.
10.42b. Entretanto, se uma sobrecarga de ∆ σ ( p) + ∆ σ (f ) for colocada no solo, então
o recalque de adensamento primário será
A relação recalque-tempo sob uma sobrecarga de ∆ σ ( p) + ∆ σ (f ) também é
mostrada na Fig. 10.42.b. Observe que um recalque total de S (p ) pode ocorrer em

um tempo t 2 , que é muito mais curto que t 1 . Portanto, se uma sobrecarga

temporária total de ∆ σ ( p) + ∆ σ (f ) for aplicada na superfície do solo pelo tempo


t 2 , o recalque será igual a S (p ) . Nesse tempo, se a sobrecarga for removida e a

estrutura com uma carga permanente por área unitária de ∆ σ ( p) for construída,
nenhum recalque apreciável ocorrerá. O procedimento agora descrito é a pré-
compressão. A sobrecarga total, ∆ σ ( p) + ∆ σ (f ) , pode ser aplicada pelo uso de
aterros temporários.

A Fig. 10.42b mostra que, sob uma sobrecarga de ∆ σ ( p) + ∆ σ (f ) , o grau de

adensamento no momento t2 após a aplicação da carga é

A substituição das eqs. (10.67) e (10.69) na eq. (10.69) produz:


Os engenheiros podem encontrar dois problemas durante o trabalho de pré-
compressão no campo:

1. O valor de ∆ σ (f ) é conhecido, mas t2 deve ser obtido. Em tal caso,


obtenha σ '0 e ∆ σ ( p) e resolva para U usando a eq. (10.70). Para
esse valor de U , obtenha Tv da Tabela 10.6. Então,

2. Para um valor especificado de t2 , ∆ σ (f ) deve ser obtido. Em tal caso,


calcule T v . Depois consulte a Tab. 10.6 para obter o grau de adensamento,
U . Com o valor estimado de U , utilize a eq. (10.70) para encontrar
∆ σ (f ) /∆ σ ( p) e então calcule ∆ σ (f ) .
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO

A resistência ao cisalhamento de uma massa de solo é a resistência interna por área


unitária que a massa de solo pode oferecer para resistir a rupturas e a
deslizamentos ao longo de qualquer plano no seu interior. Deve-se entender a
natureza da resistência ao cisalhamento para se analisar os problemas de
estabilidade do solo, tais como capacidade de carga, estabilidade de taludes e
pressão lateral em estruturas de contenção de terra.

CRITÉRIO DE RUPTURA DE MOHR-COULOMB

Mohr (1900) apresentou a teoria para ruptura em materiais que afirmava que um
material se rompe por causa da combinação da tensão normal e de cisalhamento e
não da máxima de uma destas em separado. Portanto, a relação funcional entra a
tensão normal e a tensão de cisalhamento em um plano de ruptura pode ser
expressa da seguinte forma:

τ f =f (σ )

A envoltória de ruptura definida pela equação acima é uma linha curva, contudo,
para a maioria dos problemas de mecânica dos solos, segundo Coulom (1776), é
suficiente aproximar a uma linha reta, tal como se segue:

A equação precedente é chamada de Critério de ruptura de Mohr-Coulomb.

Em um solo saturado, a tensão normal total em um ponto é a soma da tensão efetiva


( σ ' ) e a poropressão ( u ), ou

'
σ =σ +u

A tensão efetiva σ' é suportada pelos sólidos do solo. O critério de ruptura de


Mohr-Coulomb, expresso em termos de tensão efetiva, será o seguinte
Portanto, as eqs. (11.2) e (11.3) são expressões da resistência ao cisalhamento com
base na tensão total e na tensão efetiva. O valor de c' para areia e silte
inorgânico é 0. Para argilas normalmente adensadas, c' pode ser
aproximadamente 0. O ângulo de atrito, φ ' , é as vezes chamado de ângulo de
atrito drenado.

O significado da eq. (11.3) pode ser explicado consultando-se a Fig. 11.1, que
mostra uma massa de solo elementar. Sejam a tensão normal efetiva e a tensão de
cisalhamento no plano ab σ' e τ , respectivamente. A Fig. 11.2 mostra a
envoltória de ruptura definida pela eq. (11.3). Se as magnitudes de σ' e τ no
plano ab forem tais que representem graficamente o ponto A na Fig. 11.1b, a ruptura
por cisalhamento não ocorrerá ao longo do plano. Se a tensão normal efetiva e a
tensão de cisalhamento no mesmo plano forem representadas graficamente como o
ponto B, a ruptura por cisalhamento ocorrerá ao longo daquele plano. Um estado de
tensão em um plano representado pelo ponto C não pode existir, pois a ruptura por
cisalhamento já teria ocorrido.

INCLINAÇÃO DO PLANO DE RUPTURA CAUSADA POR CISALHAMENTO

Como é afirmado pelo critério de ruptura de Mohr-Coulomb, a ruptura por


cisalhamento ocorrerá quando a tensão de cisalhamento em um plano atingir um
valor dado pela eq. (11.3). Para determinar a inclinação do plano de ruptura em
relação ao plano principal maior (o qual não tem tensões de cisalhamento), consulte
a Fig. 11.2, onde σ '1 e σ '3 são, respectivamente, as tensões principais maior e
menor. O plano de ruptura EF faz um ângulo θ com o plano principal maior. Para
se determinar este ângulo e a relação entre σ '1 e σ '3 consulte a Fig. 11.3, que
é um gráfico do círculo de Mohr para i estado de tensão mostrado na Fig. 11.2
(consulte o Cap. 9). Na Fig. 11.3, fgh é a envoltória de ruptura definida pela relação
da eq. (11.3). A linha radial ab define o plano principal maior (CD na Fig. 11.2), e a
linha radial ad define o plano de ruptura (EF na Fig. 11.2). Pode-se mostrar que
∠ 2θ=90+ φ ' , ou
Novamente, da Fig. 11.3,

Assim,

A mesma equação pode ser escrita em termos de tensões totais (lembrando que os
valores de φ' e c' devem ser ajustados também para φ e c ,
respectivamente.

ENSAIOS DE LABORATÓRIO PARA A DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA


RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

Há vários métodos de laboratórios para determinar os parâmetros de resistência ao


cisalhamento (isto é, φ , c , φ' e c ' ). Eles são:
 Ensaio de cisalhamento direto;
 Ensaio triaxial;
 Ensaio de cisalhamento simples; entre outros.

ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO

É a mais antiga e a mais simples forma de arranjo para o ensaio de cisalhamento.


Um diagrama do aparelho de ensaio de cisalhamento direto é mostrado na Fig. 11.4.
O equipamento de ensaio consiste em uma caixa de cisalhamento de metal na qual
o corpo de prova de solo é colocado. Os corpos de prova de solo podem ser
quadrados ou circulares em planta. O tamanho dos corpos de prova geralmente
utilizados é de cerca de 51 x 51 mm ou 102 x 102 mm (2 x 2 in ou 4 x 4 in) de
extensão e cerca de 25 mm (1 in) de altura. A caixa é dividida horizontalmente em
duas metades. A força normal no corpo de prova é aplicada a partir do topo da caixa
de cisalhamento. A tensão normal nos corpos de prova pode ser de até 1.050 kN/m²
(150 lb/in²). A força de cisalhamento é aplicada movendo-se uma metade da caixa
em relação à outra para provocar a ruptura no corpo de prova de solo.

Dependendo do equipamento, o ensaio pode ser de tensão controlada ou de


deformação controlada. Nos ensaios de tensão controlada, a força de cisalhamento
é aplicada em incrementos iguais até que o corpo de prova sofra a ruptura, que é
forçado a ocorrer ao longo do plano de divisão da caixa de cisalhamento. Após a
aplicação de cada incremento de carga, o deslocamento de cisalhamento da metade
superior da caixa é medido por um extensômetro horizontal. A variação na altura do
corpo de prova (e assim, a variação de volume) durante o ensaio pode ser obtida
das leituras do extensômetro que mede o movimento vertical da placa de
carregamento superior.

Nos ensaios de deformação controlada, uma taxa constante de deslocamento


cisalhante é aplicada a uma metade da caixa por um motor que atua por meio de
engrenagens. A taxa constante de deslocamento cisalhante é medida por um
extensômetro horizontal. A força resistente de cisalhamento do solo correspondente
a qualquer deslocamento cisalhante pode ser medida por um anel dinamométrico
horizontal ou célula de carga. A variação de volume do corpo de prova durante o
ensaio é obtida de maneira similar ao anterior. A Fig. 11.5 mostra uma fotografia do
equipamento.

Para um dado ensaio, a tensão normal pode ser calculada como

A tensão resistente de cisalhamento para qualquer deslocamento cisalhante pode


ser calculada como

A Fig. 11.6 mostra um gráfico típico de cisalhamento e variação da altura do corpo


de prova em função do deslocamento cisalhante para areia secas, fofas e
compactas, obtido de ensaios de deformação controlada.
As seguintes generalizações podem ser feitas:

1. Na areia fofa, a tensão resistente de cisalhamento aumenta com o


deslocamento cisalhante até uma tensão de cisalhamento de ruptura de τf
seja alcançada. Depois, a resistência ao cisalhamento permanece
aproximadamente constante para qualquer aumento adicional no
deslocamento cisalhante.
2. Na areia compacta, a tensão resistente de cisalhamento aumenta com o
deslocamento cisalhante até que alcance uma tensão de ruptura de τf
chamada de resistência ao cisalhamento de pico. Após a tensão de ruptura
ser alcançada, a tensão resistente de cisalhamento diminui gradualmente
enquanto o deslocamento cisalhante aumenta até que finalmente alcance um
valor constante chamado de resistência última ao cisalhamento.

É importante observar que, em areia seca, σ =σ ' e c ' =0 .

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