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SUMÁRIO

NOTA AO LEITOR ......................................................... 4


INTRODUÇÃO ............................................................... 6
A SITUAÇÃO DO RECÉM FORMADO E AS
POSSIBILIDADES A SEGUIR ....................................... 8
ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO NA INDÚSTRIA ........... 12
FUNÇÕES DO VAPOR NO PROCESSO INDUSTRIAL 24
O QUE É UMA CALDEIRA E QUAL SUA FUNÇÃO? .. 29
RISCOS E CONDIÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA
PARA O FUNCIONAMENTO DE CALDEIRAS ........... 42
NR-13 E A INSPEÇÃO PERIÓDICA DE CALDEIRAS 53
COMO PLANEJAR UMA INSPEÇÃO DE CALDEIRAS
(PASSO 1) .................................................................... 60
OS PASSOS PARA A REALIZAÇÃO DA INSPEÇÃO DE
CALDEIRAS ................................................................. 70
CONCLUSÃO ............................................................... 87

3
NOTA AO LEITOR

A vida do recém formado em qualquer


graduação é repleta de dúvidas, anseios e
reflexões sobre quais os melhores
caminhos a serem seguidos. No meu caso
não foi diferente. Cheio de vontade de
empreender busquei pequisar e aprofundar
meus conhecimentos de forma que
pudesse atender às demandas da indústria
e nesse caminho fiz descobertar incríveis
que custaram muito suor e muita
dedicação.
Lanço este ebook para compartilhar
com vocês minha experiência. Muito mais
que isso, nele eu te apresento de forma
organizada e sucinta a metodologia que
sigo para realizar inspeções de caldeiras.
Espero com este material facilitar seu
caminho e fazer com que você economize
tempo e esforço que deverão ser melhor
utilizados na sua evolução profissional.
Titto Barreto
Eng° Mecânico - InvEng Soluções em Engenharia
titto@inveng.com.br
www.inveng.com.br

4
INTRODUÇÃO

Todo ser humano, ou pelo menos a imensa


maioria, possui inseguranças e dúvidas a
respeito do que o futuro lhe reserva. Quando
estamos no início de uma nova fase da vida,
seja por estar ingressando em uma
graduação, ou estar se formando, ou estar
encarando um novo projeto pessoal ou
profissional, parece que essa insegurança se
intensifica e essas dúvidas se multiplicam.
Não é diferente para os recém formados
em engenharia, seja ela qual for. Somam-se a
essas inseguranças e dúvidas a aparente
escassez de empregos ou de oportunidades
para esses profissionais, a baixa atividade
industrial causada pela recente crise
econômica que assolou o país e a redução
das atividades da construção civil.
Se você não identificou essa insegurança
na sua vida nos últimos meses pressuponho
que ou você ainda não está pensando em
cursar uma graduação em engenharia ou que
você já passou por tudo isso e hoje ocupa um
cargo sênior em alguma multinacional e deve
estar muito bem na carreira, obrigado. Desta
forma te digo com toda a convicção possível:
5
"Pare por aqui, feche este e-book e
procure outro material que se encaixe mais
nos seus interesses."
Mas, se você pelo contrário se identificou
bastante com essas dúvidas, ainda não tem
certeza de qual caminho irá percorrer, está se
perguntando se vale a pena tentar
empreender na seara dos autônomos ou se é
melhor buscar uma vaga em alguma empresa,
porém não tem segurança suficiente para
exercer funções técnicas de engenharia ou
não se sente preparado, te convido a ler o
restante deste ebook e a conhecer a
possibilidade de atuar como PH (Profissional
Habilitado) em Inspeção de Caldeiras.
Você verá que, qualificando-se , poderá
exercer esta função seja como autônomo seja
como funcionário de uma indústria ou
empresa prestadora de serviços. Muito além
disso, após ler esse material você terá
deixado de ser leigo no assunto e poderá
decidir por se qualificar ainda mais e ingressar
nessa área ou pelo menos saberá reconhecer
a importância da atividade para a segurança e
integridade da indústria, dos seus
colaboradores e da comunidade à qual faz
parte.

6
A SITUAÇÃO DO RECÉM
FORMADO E AS
POSSIBILIDADES A SEGUIR

Finalmente você conseguiu o tão sonhado


canudo. Agora pode ser chamado de
engenheiro. Depois de tantas noites
dissecando os cálculos que Stewart te
apresentou, aprendendo sobre resistência dos
materiais, descobrindo conceitos de
administração e economia, perdendo seu
sono construindo bajas, fórmulas, aerodesign
e navios, servindo café no estágio
(brincadeirinha).
Você chega da sua colação de grau, todos
felizes e orgulhosos pela sua conquista, toma
seu banho, deita na cama e.... VOCÊ NÃO
CONSEGUE DORMIR.
Aqui vão uns 4 motivos pelos quais VOCÊ
NÃO CONSEGUE DORMIR:

 MOTIVO 1: O que eu vou fazer da minha


vida?

7
 MOTIVO 2: Nossa, agora sou oficialmente
um desempregado para as estatísticas.
 MOTIVO 3: Jesus, quem vai me contratar?
 MOTIVO 4: Ai Deus , eu não lembro nada
do que estudei, como vou aplicar aquelas
coisas? Quem é Báskara e porque eu
aprendi aquela fórmula no Ensino Médio?

Bons motivos para passar uma (ou umas)


noites em claro, certo? Mas vou te contar um
segredo:

- ESSAS DÚVIDAS NÃO DURAM APENAS


UMA NOITE!

Elas irão persistir sempre que você se


candidatar a um processo de trainee, ou que
enviar um currículo para aquela empresa local
da sua cidade, ou quando sua avó te
perguntar "Como está se sentindo agora que é
engenheiro?" . O pior é que você não pode
nem reclamar porque ninguém disse que seria
fácil não é? Não é verdade, disseram sim, e o
que você mais ouviu foi:

8
"NÃO FAZ CINEMA NÃO, FAZ
ENGENHARIA QUE DÁ DINHEIRO E VOCÊ
VAI FICAR RICO!
Agora você vai ter que se reinventar para
conseguir evoluir e crescer na brilhante
carreira que você escolheu. E é justamente
aqui que eu entro. Neste E-book em
específico eu vou te apresentar uma
possibilidade que pode mudar sua carreira.
Vou te mostrar como, com seu diploma de
Engenheiro Mecânico ou Naval e sua carteira
do CREA, você pode se tornar um Inspetor de
Caldeiras (e vasos de pressão, que não
estaremos focando por enquanto). Mais que
isso, vou te ajudar a se transformar em um
PH. E sabe qual o primeiro passo para se
tornar um PH? Descobrir o que significa PH.

PH = Profissional Habilitado.

Para começo de conversa o PH é o


profissional que está habilitado a realizar
inspeções de caldeiras e vasos de pressão
segundo a NR-13.

9
NR-13 = Norma Regulamentadora do
Ministério do Trabalho que rege e obriga a
inspeção periódica de caldeiras e vasos de
pressão.

Mas isso é um assunto para as próximas


páginas.

10
ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO
NA INDÚSTRIA

Podemos dizer que o engenheiro é parte


fundamental da indústria e que sem o
engenheiro muitos dos processos industriais
seriam inviáveis como:
 Projeto e Montagem Industrial
 Planejamento e Controle de processos
produtivos
 Planejamento e Controle de Produção
 Planejamento e Controle de Manutenção
 Controle de qualidade
 Segurança no Trabalho
 Projeto de máquinas, equipamentos,
dispositivos e ferramentas
 Projetos de produtos
 Pesquisa e Desenvolvimento

Enfim, a dependência da indústria em


relação à engenharia se dá em diversas
áreas. Devido a isso, surgiram inúmeras
especialidades de engenharia. Os
11
engenheiros começaram a ocupar diversos
postos no setor industrial, desde cargos
técnicos até cargos de gestão.
Ao ingressar em uma indústria, o mais
comum é que o profissional recém formado
passe por um rodízio de funções e setores
para que aprenda sobre os processos e
procedimentos específicos da empresa e para
que seus superiores avaliem onde ele melhor
se encaixa e pode ser melhor aproveitado.
Sendo assim, o engenheiro estará apto a
trabalhar em setores como:

 Manutenção

No setor de manutenção, o engenheiro


será o responsável por planejar as atividades
de manutenção de forma a garantir a maior
disponibilidade possível dos recursos da
indústria, impedindo assim paradas não
previstas e prejuízos com a falta de produção,
ou até mesmo evitando que ocorram eventos
que causem danos à integridade dos
colaboradores, dos ativos da indústria e do
meio-ambiente.

12
 Produção

Já no setor de produção, o engenheiro será


o responsável por planejar os processos
produtivos, prever a necessidade de aumento
ou redução da produção, garantir a fluidez dos
processos, entre outras funções.

 Projetos

O setor de projetos reúne os profissionais


que estão aptos a elaborar projetos de
produtos, processos, máquinas e
equipamentos, entre outros. Este profissional
geralmente está mais ausente do chão de
fábrica, focando exclusivamente na
concepção de projetos de alta qualidade.

É óbvio que fui extremamente generalista


nas definições dos setores acima e que deixei
de fora muitos outros setores e
especificidades que não fazem parte do
escopo deste material. Também está evidente
que nas nossas definições priorizamos definir
13
os profissionais e as funções presentes na
indústria, e é aqui que começa nossa jornada.
Existem indústrias de diversos portes,
desde aquelas caracterizadas como "fundo de
quintal", mais modestas e com baixo nível
tecnológico, até os grandes conglomerados
industriais abarrotados de tubulações,
máquinas e profissionais.
Assim como as indústrias que possuem um
ou mais engenheiros em seu quadro de
profissionais possuem demandas de
engenharia, as pequenas indústrias que não
podem contar com engenheiros em seus
quadros técnicos também possuem. E quando
essas indústrias não possuem engenheiros,
ou a quantidade de engenheiros é insuficiente,
elas recorrem aos engenheiros autônomos ou
às empresas prestadoras de serviços de
engenharia.
A depender do porte da indústria existe ou
não a possibilidade de termos engenheiros
contratados em regime de exclusividade,
atuando na planta industrial, e alocado em
cada setor em que há a demanda.
Agora vou te contar um fato para o qual a
maioria dos engenheiros recém formados não
se atentam: a maioria das indústrias no Brasil
14
são de pequeno porte. Segundo o Anuário do
Trabalho nos Pequenos Negócios de 2015
elaborado pelo SEBRAE e pelo DIEESE, do
total de 717.286 indústrias existentes no
território nacional, 705.646 são MPE (Micro e
Pequenas Empresas), enquanto que 11.640
são MGE (Médias e Grandes Empresas). Ou
seja, em termo percentuais tínhamos 98,4 %
de micro e pequenas indústrias no Brasil.
Ainda não se animou? Pois vou te afirmar
mais uma coisa com convicção e experiência
de quem vive no meio industrial. A imensa
maioria das MPE's e das MGE's terceirizam o
serviço de inspeção de equipamentos pois
não há a necessidade de contar com um
profissional full-time para executar este
serviço.
A grande maioria das indústrias que
possuem caldeiras não têm um engenheiro
responsável pela inspeção do equipamento
alocado em seu quadro técnico, simplesmente
pelo fato de que a maioria das caldeiras
presentes na indústria possuem
obrigatoriedade de ser inspecionadas
anualmente, conforme a NR-13, ou seja, a
presença do engenheiro só se faz necessária
uma vez por ano, salvo condições específicas
que serão abordas nas próximas páginas.
15
Ou seja, realmente são poucos os
empregos na indústria para essa atividade,
mas trabalho é o que não falta. Você terá a
oportunidade de ser autônomo, trabalhar em
uma prestadora de serviços de inspeção ou
até mesmo abrir sua própria empresa
prestadora de serviço.
Dito isso, espero que tenha passado pela
sua cabeça o mesmo que se passou pela
minha:
"Nossa, deve haver um campo enorme
nesta área para quem pretende empreender."
Vou te contar outro segredo: REALMENTE
TEM!
Mas dessa vez eu vou ser bem firme ao
proferir algumas afirmações essenciais, e para
isso vou escrever de forma que você leia
como se estivesse escutando em alto e bom
som:

 CALDEIRAS SÃO EQUIPAMENTOS DE


ALTO RISCO DE ACIDENTES!

 A RESPONSABILIDADE PELA INSPEÇÃO


DE CALDEIRAS É ELEVADÍSSIMA E
SERÍSSIMA!
16
É NECESSÁRIO SER MUITO
COMPETENTE, DETALHISTA E
RESPONSÁVEL AO SE REALIZAR UMA
INSPEÇÃO E EMITIR O RELATÓRIO
APROVANDO OU NÃO O
EQUIPAMENTO!

 VOCÊ PODE SE METER NUMA FRIA


ENORME SE NÃO TIVER COMPETÊNCIA
E RESPONSABILIDADE AO PRESTAR
ESSE TIPO DE SERVIÇO!

Não se assuste, tudo isso que falei é


verdade, porém estou aqui para te ajudar a ter
as competências necessárias e ser bem
sucedido nessa área.
Antes de começar, que tal aprender
através da experiência de outra pessoa?
Eu me interessei em prestar este tipo de
serviço ainda recém formado. O interesse
surgiu como surge para a maioria, a demanda
estava alí e não tinha ninguém para atender.
Eu já havia fundado minha empresa há
alguns meses, e em uma das visitas
comerciais que eu fiz com a intenção de
17
prospectar novos clientes me foi apresentada
a oportunidade. Naquele momento eu sabia o
que era uma caldeira, quais os princípios do
seu funcionamento e que ela era um
equipamento de alto risco que necessitava de
muitos cuidados. Sabia também o que era a
NR-13.
Pois bem, o mês era maio e o meu futuro
cliente me informou que a inspeção anterior
venceria em agosto, ou seja, eu teria 3 meses
para me virar nos 30 e me tornar um inspetor
de caldeiras. Topei o desafio.
Meu primeiro passo foi estudar
atentamente a NR-13 e entender o que
realmente ela pedia em termos de inspeção.
Tendo estudado a norma eu cheguei a uma
conclusão incrível: EU AINDA NÃO SABIA
10% DO QUE EU DEVERIA SABER.
Notando isso, iniciei meu garimpo por
livros, artigos, vídeos e estudos que
pudessem me esclarecer como eu deveria
proceder. Daí eu fiz minha segunda
descoberta reveladora: EXISTE MUITO
POUCA LITERATURA SOBRE O ASSUNTO.
O tempo estava passando e eu já estava
ficando preocupado em ter de recusar o

18
serviço, deixando na mão meu primeiro cliente
do ramo. Mas eu não iria desistir fácil.
Revisando a NR-13, percebi uma parte que
falava que uma das obrigações do inspetor é,
em caso de ser a primeira inspeção daquela
caldeira sob sua responsabilidade, estudar
toda a documentação do equipamento
presente na indústria, incluindo os relatórios
de inspeções anteriores. Tendo essa
informação entrei em contato com o cliente e
pedi para avaliar toda a documentação para
preparar minha inspeção e ele concordou.
Ao analisar o relatório anterior, notei que o
profissional que me antecedeu era bem
detalhista e observador em relação aos
pontos que avaliava, para minha sorte.
Tomando aquele relatório como referência, e
complementando com os conhecimentos
adquiridos em minhas pesquisas, elaborei
meu próprio checklist de inspeção.
Mas tudo aquilo ainda não era suficiente,
ainda me faltava algo. Eu já sabia o que a NR-
13 me pedia, o que eu deveria olhar, mas
ainda não sabia como avaliar as condições
dos itens que eu inspecionaria. Deduzi que
para saber mais sobre quais as condições
ideais dos componentes da caldeira, eu
19
deveria entender mais sobre como as falhas
em caldeiras ocorrem, quais as principais
causas de acidentes , qual a evolução do
estado visual dos componentes durante o
processo de falha, etc..

Como você deve ter percebido, foram três


meses de extrema dedicação e estudo.
Depois de avaliar todo o conhecimento
adquirido e toda a situação, agendei a data da
inspeção e a realizei.

Vocês devem estar se perguntando:

"Nossa, deve ter sido um alívio quando


finalizou a inspeção e entregou o relatório,
hein?"

Após realizar a inspeção a insegurança


bateu como nunca tinha batido antes, afinal eu
me virei praticamente sozinho, não tinha uma
referência para tirar dúvidas ou para validar
minhas aprendizagens, o material encontrado
foi muito escasso, e eu havia acabado de
inspecionar, ainda faltava entregar um
relatório que expressaria meu parecer sobre
20
aquele equipamento e uma ART que me
tornaria responsável pelo bom e seguro
funcionamento do equipamento durante os
próximos doze meses.
Então fiz o que todo homem sábio deve
fazer quando precisa de uma referência:

"PROCURA OUTRO HOMEM


REALMENTE SÁBIO E CONHECEDOR DO
ASSUNTO".

Resumindo, paguei a um profissional


experiente para revisar meu trabalho. O valor
que paguei? Exatamente o que recebi pelo
meu serviço. Lucro final? Financeiramente
ZERO. Profissionalmente MUITO.
Profissionalmente muito porque depois
desse serviço eu me senti muito mais
preparado para realizar novas inspeções ,
desta vez sem necessitar pagar por uma
consultoria, e pude com isso criar uma história
de atuação e consequentemente consegui
gerar RECEITA.
"Nossa que complicado, eu vou ter que
passar por tudo isso para me tornar um
inspetor de caldeiras?"
21
A resposta é:
Prazer, meu nome é Titto Barreto, sou
engenheiro mecânico e inspetor de caldeiras e
estou aqui para te ensinar tudo que você
precisa saber para se tornar um inspetor de
caldeiras seguro, competente e de
credibilidade sem ter que passar por tudo que
passei. Durante as próximas páginas irei
transformar seu conhecimento e sua
percepção e te ajudarei a dar os primeiros
passos neste ramos incrível e super rentável.

22
FUNÇÕES DO VAPOR NO
PROCESSO INDUSTRIAL

Se você chegou até aqui eu pressuponho


que você já esteja familiarizado com os
conceitos de temperatura, calor, estados
físicos da matéria, etc. Se não, já temos um
motivo para que você conheça o meu curso
sobre inspeção de caldeiras : a necessidade
de atualização.
Mas, partindo da minha suposição,
podemos começar pela definição de vapor

"Vapor é o conjunto de partículas gasosas


emanadas de líquidos, que se difundem ou
ficam suspensas no ar."

Ou seja, para resumir, o vapor é o


resultado da ebulição (transformação do
estado líquido para o estado gasoso) de
qualquer substância.
Para as finalidades a que esse ebook se
propõe, vamos falar especificamente de vapor
d'água.

23
Vapor d'água é o nome dado à própria
água quando ela está em seu estado gasoso,
ou seja, é o resultado da completa ebulição da
água.

Até aqui creio que não tenhamos problema


de entendimento. Mas pode ser que tenha
surgido a seguinte pergunta:

"Que bulhufas tem a ver vapor com


inspeção de caldeiras?"

Ora meu nobre colega de profissão, para


responder a esta pergunta eu me utilizarei do
dicionário para definir uma caldeira:

Caldeira = recipiente metálico de tamanhos


variados destinado a aquecer água e outros
líquidos, a produzir vapor, à cocção de
alimentos, etc.

Ou seja, a caldeira é um equipamento


gerador de vapor. Logo, torna-se muito
importante entender um pouco do que é o

24
vapor e por que ele é tão desejado na
indústria.

Você já sabe o que é vapor, já sabe que a


caldeira é um equipamento gerador de vapor,
mas ainda não sabe por que uma indústria (ou
outros tipos de estabelecimentos) investe
milhares (ou até milhões) de reais para gerar
vapor? Pois bem, abaixo elenco algumas das
utilizações do vapor nos processos industriais:

 Aquecimento/Esterilização
 Propulsão/Movimento
 Atomização
 Limpeza
 Hidratação
 Umidificação

Associa-se a Revolução Industrial à


invenção da máquina a vapor, que permitiu
uma transformação enorme nos processos
produtivos à época. Um bom símbolo dessa
transformação foram as locomotivas a vapor.
Com a descoberta das máquinas a vapor,

25
todas as utilizações acima puderam ser
aplicadas.
Agora uma segunda pergunta que merece
uma resposta:
O que é que o vapor d'água tem que o
torna apto e desejado a todas essas
utilizações?
Primeiramente podemos citar que o seu
insumo, que vem a ser a água, é abundante,
apresenta baixo custo (relativamente), não
agride o meio ambiente e muito menos a
saúde de quem o manipula.
Em segundo lugar, o vapor d'água é um
forma de transporte de energia que pode ser
controlada com facilidade e que apresenta-se
bastante segura, além de a água em forma de
vapor concentrar bastante energia por
unidade de massa e volume tornando o
transporte bastante eficiente.
Uma outra observação importantíssima
para a continuidade do nosso aprendizado é
que o vapor pode se apresentar em
determinados estados:
 Vapor saturado: quando o vapor se
encontra no estado saturado, ele é
composto tanto de partículas de água na
26
fase gasosa quanto na fase líquida. Isso
acontece basicamente porque a taxa de
evaporação é igual a taxa de condensação.
Este é o estado de vapor objeto do nosso
estudo e já já iremos detalhar melhor.

 Vapor superaquecido: é o vapor saturado


que passou por um aquecimento ainda
maior, e devido a esse maior aquecimento
as poucas partículas de água que existiam
em estado líquido também viraram vapor.

Se você se confundiu com essas definições


de estado do vapor, não se preocupe que já já
você vai entender melhor, quando estivermos
falando da caldeira.

27
O QUE É UMA CALDEIRA E
QUAL SUA FUNÇÃO?

Vamos revisar a definição de caldeira que


apresentei na seção anterior?

Caldeira = recipiente metálico de tamanhos


variados destinado a aquecer água e outros
líquidos, a produzir vapor, à cocção de
alimentos, etc.

Agora um fato interessante que eu creio


que vai te surpreender: Você sabia que você
tem uma caldeira dentro de casa? Não só
você mas todo mundo que você conhece?
Duvida? Pois eu te provo com uma imagem:

Ficou chocado? Pois então vamos elencar


algumas funções e especificações do
funcionamento da panela de pressão:
28
 Recipiente metálico fechado
 Possui uma válvula de alívio de pressão
 Serve para aquecer a água
 Ao aquecer a água geramos vapor
 Ao gerar vapor, cria-se uma pressão
interna , o que faz com que a temperatura
de ebulição aumente.
 Ao aumentar a temperatura de ebulição
expomos o alimento ao contato com a
água líquida a temperaturas superiores ao
que seria possível em condições normais
de pressão atmosférica, o que agiliza o
processo de cocção.

Logo, a panela de pressão é um tipo de


caldeira com utilidade doméstica de reduzir o
tempo de cocção, economizando o consumo
de combustível (gás de cozinha) e matando a
fome da família mais rapidamente.
Pronto, agora você já sabe tudo sobre
caldeiras, vá lá e faça a inspeção. Opa, foi só
uma brincadeira.
Obviamente o porte das caldeiras
industriais é bem maior do que uma mera
29
panela de pressão, bem assim é a sua
complexidade.
Vamos então para as primeiras definições
básicas do funcionamento da caldeira.
 A caldeira é um recipiente metálico e bem
vedado.
 No seu interior inserimos água em estado
líquido até certo nível (ou seja, não a
preenchemos completamente de água,
coexistindo no seu interior água e ar)
 Neste momento a pressão interna é igual à
pressão atmosférica.
 Queima-se combustível (ou usa-se
eletricidade, o que não vai ser explanado
neste material) com o intuito de aquecer a
água.
 A temperatura da água e do ar começa a
subir.
 Após um determinado tempo, a
temperatura da água começa a se
aproximar da sua temperatura de ebulição.
Neste momento o ar está tentando se
dilatar devido ao aumento da sua
temperatura, porém como o recipiente é
vedado ele impede essa dilatação, o que

30
gera uma certa pressão interna maior que
a pressão atmosférica.
 Como o aquecimento continuou, e calor foi
transferido para a água, ela atinge o seu
ponto de ebulição e inicia processo de
geração de vapor. (Inicia pois a água
líquida não se transforma em vapor de uma
hora pra outra, isso requer tempo de
aquecimento). O vapor gerado tenta sair
desesperadamente do interior da caldeira,
porém a vedação não permite, o que gera
ainda mais pressão interna. Neste
momento, se tivéssemos como visualizar o
interior da caldeira, notaríamos que a água
encontra-se borbulhando e que coexistem
vapor e água. A camada de vapor mais
próxima da superfície da água é o que
definimos anteriormente como vapor
saturado.

Desta forma, demonstrei a vocês como se


é gerado vapor dentro de uma caldeira. Porém
se tudo ocorresse conforme relatei acima, o
vapor permaneceria dentro da caldeira e não
teria utilidade nenhuma para a indústria (a
menos que existisse aquele feijãozinho
gostoso dentro da caldeira!).
31
Na indústria, geramos o vapor na caldeira
e o transportamos para os pontos de consumo
do vapor, ou seja as máquinas e
equipamentos que irão utilizar a energia
carregada pelo vapor para fins específicos.

Desta forma, a caldeira não é


completamente vedada, pois nela há um (ou
mais) orifício que dá passagem do vapor para
a linha de vapor (conjunto de tubulações) que
irá conduzir o vapor gerado até os pontos de
consumo.

"Ok eu entendi, mas se a caldeira não é


completamente vedada, como que se gera a
pressão interna ?"

Simples, o diâmetro da saída do vapor é


relativamente pequeno, a vazão do vapor por
essa saída é baixa, consequentemente haverá
muito mais ar querendo se dilatar ou vapor
querendo escapar do que espaço para isso.
Além do mais, existe uma válvula nesta saída
que eu posso fechar se não quiser que passe
vapor para a linha e que eu posso abrir caso
eu queira que haja passagem de vapor.
32
Agora sim já estamos entendendo do
funcionamento básico de uma caldeira. Agora
vamos passar a conhecer mais sobre a
composição e os tipos de caldeiras.
Começando pelo tipo de caldeiras, as
caldeiras podem ser classificadas por:

FORMATO

 Caldeiras horizontais: essas são a mais


comuns de serem encontradas. Possuem
seu eixo na horizontal.
 Caldeiras verticais: essas são as menos
comuns, e geralmente são as que
possuem menor tamanho e menor
capacidade de geração de vapor. Possuem
seu eixo na vertical.

LOCALIZAÇÃO DA ÁGUA E DA CHAMA DE


AQUECIMENTO
 Caldeiras flamotubulares: neste tipo de
caldeira os gases quentes oriundos da
queima do combustível circulam pelo
interior dos tubos de troca térmica,
enquanto que a água envolve esses tubos.
33
 Caldeiras aquatubulares: neste tipo de
caldeira a água circula pelo interior dos
tubos de troca térmica, enquanto que os
gases quentes envolvem essa tubulação.

Algumas diferenças a serem consideradas ao


comparar um tipo de caldeira a outro são:

 As caldeiras flamotubulares são as mais


comuns de serem encontradas.
 As caldeiras aquatubulares são mais caras.
 As caldeira aquatubulares requerem maior
cuidado no tratamento da água.

TIPO DE COMBUSTÍVEL UTILIZADO

 Madeira, cavaco, cascas de cereais,


bagaço de cana, etc..
 Gás GLP ou gás natural
 Óleo combustível, diesel ou BPF
 Eletricidade (neste caso não é combustível
mas é a fonte de calor)

34
É de suma importância conhecer as partes
componentes de uma caldeira.

 Tubulão de vapor: é o recipiente metálico,


cilíndrico, que contém a água e o vapor
gerado no processo da caldeira.
 Feixe tubular: conjunto de tubos
responsáveis por transferir calor dos gases
quentes para a água.
 Casco: é a chapa que forma o tubulão de
vapor. (Guarde este nome, iremos falar
muito nele na parte da inspeção).
 Isolamento térmico: material responsável
por isolar termicamente o calor da parte
interna da caldeira do ambiente que
envolve a caldeira.
 Chapas de revestimento: Chapas de pouca
espessura responsáveis pela estética da
caldeira e pelo revestimento do espaço
onde se encontra o isolamento térmico.
 Bocas de inspeção (ou portas de visita):
portas de acesso ao interior da caldeira
utilizadas durante a inspeção da parte
interna.
35
 Juntas da boca de inspeção: juntas
resistentes ao calor que auxiliam na
vedação das bocas de inspeção.
 Tubulão de água inferior: elemento de
ligação dos tubos que permite a circulação
da água na caldeira.
 Espelho: placas que fecham o tubulão de
vapor e onde são fixados os tubos internos.
 Fornalha ou câmara de combustão: é o
espaço onde ocorre a queima do
combustível e a geração da chama.
 Grelhas (só compõe as caldeiras que
utilizam combustível sólido): é o
componente que ampara o combustível
utilizado na geração de calor.
 Cinzeiros (só compõe as caldeiras que
utilizam combustível sólido): é o local onde
ficam depositadas as cinzas e os restos do
combustível que não foram completamente
queimados.
 Alimentadores (só compõe as caldeiras
que utilizam combustível sólido):
equipamentos responsáveis pela
alimentação de combustível na caldeira
(transporte e inserção).

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 Queimadores (só compõe as caldeiras que
utilizam combustível líquido ou gasoso):
equipamento responsável pela injeção do
combustível e pala ignição.
 Superaquecedor: equipamento localizado
na saída do vapor da caldeira, composto
por um ou mais feixes tubulares que têm
por função aumentar a temperatura do
vapor gerado na caldeira.
 Tanque de alimentação: recipiente onde se
encontra a água que será destinada ao
interior da caldeira.
 Bombas de alimentação: equipamentos
responsáveis por transportar a água do
tanque de alimentação até o interior da
caldeira através de tubulação de
alimentação.
 Economizador: sistema que utiliza o calor
residual dos gases envolvidos no processo
para aquecer a água de alimentação da
caldeira, o que gera uma economia de
energia térmica necessária e também evita
o choque térmico entre a água de
alimentação e a que já se faz presente no
interior da caldeira.

37
 Soprador de fuligem: equipamento com
função de retirar fuligem e depósitos
formados pela caldeira.
 Exaustor: Equipamento responsável por
retirar da fornalha os gases quentes
gerados pela queima do combustível.
 Retentor de fuligem: separa a fuligem dos
gases quentes antes de eles serem
lançados à atmosfera.
 Chaminé: Lança os gases quentes gerados
à atmosfera

Além das partes componentes da caldeira,


também existem os dispositivos de controle e
segurança:

 Manômetro: dispositivo responsável por


indicar a pressão interna da caldeira.
 Termômetro: dispositivo responsável por
indicar a temperatura das partes da
caldeira.
 Visor de nível: dispositivo que mostra
visualmente o nível de água dentro da
caldeira.

38
 Controlador de nível: composto por
eletrodos de nível, emitem sinais caso o
nível de água dentro da caldeira esteja fora
do que é esperado.
 Válvula de segurança: Válvula ligada à
caldeira que libera o vapor para o exterior
do equipamento em caso de a pressão
interna ultrapassar o limite para o qual a
válvula foi programada, desta forma
diminuindo a pressão interna.
 Alarme de falta d'água: emite alerta sonoro
em caso de o nível de água da caldeira
estar abaixo do especificado.
 Painel de controle: painel onde são
acionados os principais comandos de
funcionamento da caldeira e onde também
se encontram os comandos de paradas de
emergência.

Outros dispositivos que façam parte da


linha de vapor ou que são auxiliares ao
funcionamento da caldeira poderão ser
citados nas próximas seções e serão
explicados eventualmente.
Agora que entendemos o básico da
composição de uma caldeira, seus tipos e
39
principalmente seu funcionamento, podemos
seguir adiante.

40
RISCOS E CONDIÇÕES
BÁSICAS DE SEGURANÇA
PARA O FUNCIONAMENTO DE
CALDEIRAS

Vamos falar bem sério agora, a caldeira


provê à indústria diversas utilidades
fundamentais para o seu funcionamento.
Contudo isso tem um preço enorme: o risco.
Durante sua operação a caldeira chega a
ter em seu interior pressões elevadas em
relação ao ambiente externo a ela, vapor a
altas temperaturas e com grande
concentração de energia e água quente.
Desta forma, é bastante conveniente que os
operadores, os responsáveis pelos setores
industriais e os gestores das empresas que
possuem caldeiras tenham alto grau de
responsabilidade com os cuidados de
manutenção e operação do equipamento.
Além do senso comum, que já deveria ser
respeitado também existem órgãos que
regulamentam os cuidados com caldeiras,
bem como legislações. É o caso do Ministério
do Trabalho que, dentre seu conjunto de
41
normas regulamentadoras que visam a
segurança e o bem estar do trabalhador, criou
a NR-13.
A NR-13 (Norma Regulamentadora 13) é a
norma que estabelece regras para que uma
empresa seja apta a possuir uma ou mais
caldeiras e vasos de pressão em operação.
Esta norma tem força de lei e o objetivo claro
de proteger o trabalhador dos riscos que as
caldeiras e os vasos de pressão apresentam.
Em seção posterior irei te apresentar os
principais pontos da NR-13, mas de antemão
já te digo que é a NR-13 que institui que as
caldeiras devem passar, periodicamente, por
uma inspeção supervisionada por um PH.
Você já sabe que as caldeiras apresentam
alto risco e que existe uma forte
regulamentação para que possa ser usada,
mas será que você já imagina quais os
principais fatores de risco e as variáveis
associadas a eles?
Vamos descrever cronologicamente o
funcionamento de uma caldeira fictícia que
não possui nenhum equipamento de
segurança e controle conectado e que tenha o
azar de ter um operador relapso que só se
preocupou em colocá-la em operação e foi ler
42
fofocas em páginas da internet. Os
acontecimentos seguiriam mais ou menos a
seguinte ordem:

MOMENTO ZERO: A caldeira está


completamente vedada, há água até metade
do seu espaço interno e a outra metade está
preenchida por ar. Neste momento a pressão
interna é igual à pressão atmosférica, a
temperatura do ar e da água está na casa dos
20° C (temperatura ambiente). Nesta caldeira
fictícia não existe orifício de entrada de água
nem orifício de saída de vapor (lembre-se que
não estamos falando de uma caldeira real, ou
seja, estou supondo as piores condições
possíveis). Além do mais, não existem
manômetro, termômetro ou visor de nível, logo
o operador não tem nenhuma indicação do
que está ocorrendo dentro dela. Nesta
caldeira também não temos nenhuma válvula
de segurança. Nosso operador relapso foi lá e
ligou a caldeira (iniciou a queima de
combustível).

MOMENTO UM: Neste momento já


decorreu-se um certo tempo de aquecimento
da água. A água ainda não está fervendo
43
(entrando em ebulição),porém sua
temperatura já se aproximou bastante da
temperatura de ebulição (que à pressão
atmosférica seria 100° C) . Vamos considerar
que neste momento a água esteja a uma
temperatura de 80° C. Adicionalmente a essa
condição, também tivemos o aumento de
temperatura do ar. Devido a elevação de sua
temperatura o ar tende a dilatar (expandir) ,
mas ele não consegue pois está enclausurado
em um recipiente fechado (a caldeira), logo
começa a surgir uma pressão adicional no
interior do equipamento. O aquecimento
seguirá ocorrendo, e nosso operador está
muito atento... ao divórcio de um casal de
Hollywood que está sendo relatado em um
site.

MOMENTO DOIS: Como diriam os sábios


mais antigos, aqui a cobra já começou a
fumar. A temperatura da água já ultrapassou a
temperatura de ebulição, vamos considerar
que agora já é de 115 ° C. Portanto, não
existe apenas água em seu estado líquido
como também já encontramos vapor d'água
no interior do equipamento. Esse vapor d'água
que está presente neste momento é o tão
citado lá atrás vapor saturado (o que coexiste
44
com partículas líquidas). A água está
borbulhando por conta da ebulição. Se nós
tivéssemos um manômetro conectado à
caldeira, ele já estaria marcando uma
elevação da pressão interna mais
considerável que a do momento anterior. Essa
elevação mais acentuada se deu pois esse
vapor gerado possui alta concentração de
energia e está tentando escapar do ambiente
interno, o que não é possível pois o mesmo
está completamente vedado.

MOMENTO TRÊS: Já passaram-se


algumas horas e agora temos bem menos
água em estado líquido e muito mais vapor
d'água. Mais vapor d'água significa que temos
mais partículas cheias de energia querendo
sair do ambiente interno e se expandir sem
conseguir devido à vedação. Ou seja, a
pressão já está bastante elevada e próxima da
tensão-limite de resistência do casco da
caldeira. Nosso operador agora está jogando
Pokemon GO na casa de caldeira (ambiente
onde a caldeira está instalada) e já avistou até
um Evee em cima da bomba d'água de
alimentação da caldeira, ele não tem nem
ideia do que está acontecendo dentro do
equipamento e desta forma ele não toma
45
nenhuma providência para aliviar a pressão. A
água continua sendo aquecida.

MOMENTO QUATRO: Alguns minutos


depois, toda a água que estava contida na
caldeira já se transformou em vapor. Devido
ao aquecimento ainda persistir a pressão
agora vai aumentando abruptamente pois todo
o calor gerado está sendo utilizado como fonte
de energia para o vapor, que já estava
bastante energizado no momento anterior.
Neste momento o vapor já se encontra em
seu estado superaquecido, ou seja, ele já é
vapor sem presença de partículas de água.

MOMENTO CINCO: Nosso operador já


está prestes a capturar o Evee, enquanto que
a pressão interna da caldeira já ultrapassou o
limite para o qual foi projetada. Nosso
operador se prepara para lançar a pokebola,
mas não havia se preparado para ser
operador de caldeiras e para garantir a
segurança da operação. Nosso operador
lança a pokebola e .... BUUUMMMM ... A
caldeira explode e lança estilhaços para todos
os lados em alta velocidade. O nosso
treinador pokemon também era um cover de
46
Ethan Hunt e, como em uma missão
impossível, conseguiu se safar dessa sem um
arranhão.

Utilizei essa versão leve do que pode


ocorrer pois meu intuito é ensinar e fixar
conhecimento em sua mente, mas
infelizmente essa não é a realidade quando há
a ocorrência de um acidente envolvendo
caldeiras. A alta concentração de energia, a
liberação de vapor superaquecido e os
estilhaços lançados costumam ser uma
combinação fatal que gera danos irreversíveis
como a perda de vida.
Felizmente, acidentes com caldeiras não
costumam ocorrer com frequência por motivos
que garantem a segurança em sua operação
como a automatização dos procedimentos de
segurança, a aptidão e preparação dos
profissionais que os permitem agir
manualmente em caso de verificação de
falhas, além da manutenção periódica e
fiscalizações rígidas nas condições de
trabalho.
O modo de falha acima não é o único que
pode ocorrer, diversas variáveis merecem
nossa atenção quando estamos operando
47
uma caldeira pois elas podem levar à
ocorrência de acidentes. Abaixo vou listar as
principais, com o intuito de que você entenda
a importância dos procedimentos de inspeção
que serão apresentados logo mais. Contudo,
já fique ciente de que existem muitos modos
de falha, e que é sempre bom estar lendo e se
atualizando, verificando estudos de caso, para
que você possa cada vez mais ser capaz de
minimizar ao máximo os riscos através da sua
inspeção.

 Falta de água suficiente na caldeira: Numa


operação real de caldeira, temos
frequentemente a alimentação de água que
repõe a quantidade que foi transformada
em vapor e também temos a saída de
vapor para os pontos de consumo. Desta
forma, existe uma relação ideal de água
em estado líquido e em forma de vapor que
permite o bom funcionamento do
equipamento. Contudo, em caso de falha
no sistema de alimentação de água no
interior da caldeira, o nível de água líquida
tende a baixar e o de vapor a aumentar. A
falta d'água expõe o recipiente metálico ao
superaquecimento. Com o
superaquecimento o casco metálico perde
48
resistência e pode vir a ocorrer uma
explosão.
 Perda de espessura do casco e da
tubulação: Durante o projeto da caldeira, o
engenheiro projetista calcula a PMTA
(Pressão Máxima de Trabalho Admissível),
que seria a máxima pressão permitida para
que a caldeira opere em segurança, de
acordo com a espessura da chapa metálica
que comporá o casco, bem como dos
tubos que compõem a caldeira. Contudo,
em situações de operação pode vir a
ocorrer perda de espessura desses
componentes por diversos motivos (como
por exemplo por corrosão). Ou seja, com a
redução da espessura dos componentes
faz-se necessária também a redução da
pressão admissível. Quem verifica a
evolução da espessura e calcula as novas
PMTA's é o PH. O que constitui risco
iminente é operar a caldeira acima das
recomendações de PMTA, o que pode
levá-la a explodir.
 Vazamentos de gás: Em instalações que
possuam caldeira a gás, deve haver
cuidados especiais com a questão do gás
combustível. Duas principais situações
49
podem vir a ocorrer. Na situação 1 pode
haver vazamento de gás para o ambiente,
e com o acúmulo despercebido deste gás
combinado com alguma centelha que
venha a acontecer pode ocorrer uma
explosão de grandes proporções. Na
situação 2, o queimador pode se
desregular e liberar quantidades
excessivas de gás no interior da fornalha, o
que combinado com falhas na centelha de
ignição pode acumular gás e ao finalmente
haver a ignição a concentração de gás ser
tão grande que gere uma explosão na
fornalha.
 Falha no isolamento térmico: A caldeira
possui diversos tipos de isolantes térmicos
distribuídos pelas suas partes
componentes como cimento refratário,
tijolo refratário, cordões de amianto, juntas
de amianto, lã-de-rocha, entre outros. É
importante garantir a integridade desses
isolantes para que se evitem situações que
gerem acidentes como o
superaquecimento da chapa de
revestimento da caldeira que pode levar a
queimaduras quando em contato com
algum indivíduo, ou até mesmo a fuga de
chama do interior da fornalha para o
50
ambiente externo, que pode vir a causar
incêndios.
 Falhas nos dispositivos de segurança: os
dispositivos de segurança podem vir a
falhar nas suas funções e com isso deixar
de acionar comandos de emergência ou
até mesmo transmitir informações
incorretas ao operador do equipamento.
 Baixa qualidade do tratamento de água: a
água que alimenta a caldeira deve passar
por tratamentos de qualidade para
controlar variáveis químicas e para evitar o
acúmulo de resíduos indesejados na parte
interna da caldeira. Algo muito comum é a
sobreposição de incrustações no feixe
tubular, o que pode gerar inúmeros
problemas como perda na eficiência da
troca térmica ou até mesmo danificar a
integridade da tubulação.
 Má qualificação do operador: é necessário
que o operador seja qualificado para
exercer a função pois ao contrário poderá
aumentar o risco de acidentes por falha
humana.

51
NR-13 E A INSPEÇÃO
PERIÓDICA DE CALDEIRAS

Vamos revisar o que é a NR-13:

A NR-13 (Norma Regulamentadora 13) é a


norma que estabelece regras para que uma
empresa seja apta a possuir uma ou mais
caldeiras e vasos de pressão em operação.
Esta norma tem força de lei e o objetivo claro
de proteger o trabalhador dos riscos que as
caldeiras e os vasos de pressão apresentam.

Logo, é de suma importância que o


inspetor de caldeiras tenha conhecimento e
domínio deste documento.

"Tá, mas onde eu posso encontrar essa tal


norma?"

É com enorme alegria e felicidade que eu


te informo que você pode acessá-la
gratuitamente no site do Ministério do

52
Trabalho. Como eu meu trabalho é facilitar ao
máximo o seu trabalho, segue o link:

http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SS
T/NR/NR13.pdf

Neste material tentarei destacar alguns


pontos que acho que devem ser destacados
para a continuidade do nosso
desenvolvimento, e me restringirei aos pontos
relacionados a caldeiras. Mas vou te dar um
recadinho:

"LEIA E RELEIA A NR-13 POR COMPLETO!"

Isso não é opcional, ok? É sua obrigação


conhecer a norma se deseja seguir nesse
ramo.
Dando continuidade, vamos a alguns
pontos que preciso que você se atente para
darmos prosseguimento às próximas seções
do material.

 A NR-13 estabelece que as caldeiras


devem ser inspecionadas sob a
53
responsabilidade técnica de PH,
considerando recomendações do
fabricante, códigos e normas nacionais ou
internacionais a eles relacionados, bem
como submetidos a manutenção.

Mas uma coisa que a NR-13 não deixa


clara é quem é esse PH. Pois bem, no caso
das caldeiras a legislação da Confea
estabelece que o profissional habilitado para a
inspeção é o engenheiro mecânico ou o
engenheiro naval.

 A NR-13 divide as caldeiras em duas


categoria, sendo as de categoria A as
caldeiras cuja pressão de operação é igual
ou superior a 1960 kPa(19,98 kgf/cm²),
com volume superior a 50 L. Já as
caldeiras de categoria B são aquelas cuja
pressão de operação seja superior a 60
kPa (0,61 kgf/cm²) e inferior a 1960 kPa
(19,98 kgf/cm²), volume interno superior a
50 L e o produto entre a pressão de
operação em kPa e o volume interno em
m³ seja superior a 6.

54
As caldeiras mais comuns de serem
encontradas são as de categoria B.

 Em diversos itens da NR-13, são exigidas


a posse de documentações, placas de
aviso e documentos de procedimentos
operacionais que se não devem estar
alocados próximo à caldeira, devem estar
disponíveis para consulta dentro das
instalações da indústria.

Então, não pense que o trabalho dos


inspetor de caldeiras se restringe a verificar o
equipamento e seus dispositivos. Também
será sua obrigação verificar a qualificação dos
operadores responsáveis pelo equipamento,
bem como a existência de documentações,
manuais de procedimento, sinalizações, além
de avaliar se a casa de caldeira é adequada
ao que rege a NR-13.

 A norma estabelece que as caldeiras


devem passar por inspeção de segurança
periódica, constituída de exames internos e
externos. O prazo é de 12 meses para
caldeiras de categoria A e B, 15 meses
55
para caldeiras de recuperação de álcalis de
qualquer categoria e 24 meses para
caldeiras de categoria A, desde que aos 12
meses sejam testadas as pressões de
abertura das válvulas de segurança.

Existe também a possibilidade de o


estabelecimento possuir SERVIÇO PRÓPRIO
DE INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS - SPIE,
desde que cumpridos os requisitos que são
estabelecidos no Anexo II da NR-13. Nestes
casos os prazos mudam para 24 meses para
as caldeiras de recuperação de álcalis, 24
meses para as caldeiras de categoria B, 30
meses para as caldeiras de categoria A e 40
meses para caldeiras especiais (ver item
13.4.4.6 da norma).

 Segundo a norma, as válvulas de


segurança instaladas em caldeiras devem
ser inspecionadas periodicamente.

Estas inspeções se dividem em duas,


sendo as inspeções em operação e as
inspeções fora de operação. Consulte a
norma para mais detalhes, contudo saliento
56
que fique sempre atento ao atendimento a
essa exigência, pois algumas empresas a
negligenciam.

 Inspeções de segurança extraordinárias


devem ser realizadas em determinadas
oportunidades.

São essas oportunidades: quando a


caldeira for danificada por acidente ou outra
ocorrência capaz de comprometer sua
segurança; quando a caldeira for submetida a
alteração ou reparo importante capaz de
alterar suas condições de segurança; antes de
a caldeira ser colocada em funcionamento
após período de inatividade superior a 6
meses; quando houver mudança de local de
instalação da caldeira.

 Imediatamente após a inspeção da


caldeira, deve ser anotada no seu Registro
de Segurança a sua condição operacional,
e, em até 60 (sessenta) dias, deve ser
emitido o relatório, que passa a fazer parte
da sua documentação, podendo este prazo

57
ser estendido para 90 (noventa) dias em
caso de parada geral de manutenção.

O relatório possui a obrigatoriedade de


contar algumas informações mínimas
estipuladas pela NR-13. Irei detalhar melhor
essas informações nas seções posteriores.

Creio ter apresentado os principais pontos


da NR-13 que serão do nosso interesse nas
próximas páginas, mas novamente faço uma
ressalva:

"LEIA E RELEIA A NR-13, ESTUDE E FIXE


TODAS AS SUAS RECOMENDAÇÕES".

Não tenha preguiça de ir consultá-la


quando for necessário.

58
COMO PLANEJAR UMA
INSPEÇÃO DE CALDEIRAS
(PASSO 1)

Chegamos ao que viemos, acho que já te


convenci de que ser um inspetor de caldeiras
tem suas vantagens. Creio que agora você já
está preparado para o próximo passo, que é a
sua transformação profissional.
Pois bem, agora que você já sabe o que é
necessário saber para ser um inspetor de
caldeiras, vamos te transformar de fato em um
inspetor de caldeiras. Resolvi dedicar um
capítulo inteiro para o "Passo 1" pois muitos
engenheiros desconsideram a importância do
planejamento e acabam cometendo muitos
erros.
Ah, só mais uma coisinha, aqui eu vou
cobrir muitas dicas que são próprias para o
inspetor de caldeiras não vinculado à empresa
que possui a caldeira, ou seja os autônomos e
profissionais de empresas prestadoras de
serviço de inspeção. Porém você que faz
parte do quadro da indústria que possui a
caldeira, não se preocupe, você não perde
nada ao ler estas dicas.
59
Você já apresentou seu orçamento para
realização do serviço, os contratantes já o
aprovaram, e espero que você tenha cobrado
o preço justo e não tenha aceitado qualquer
quantia, desvalorizando assim a atividade.

A primeira dica que te dou é:

1) AGENDE UMA REUNIÃO PARA TRATAR


DOS PREPARATIVOS PARA A INSPEÇÃO

Entre em contato com seu contratante e


solicite um horário para que vocês acertem
alguns procedimentos essenciais para a
correta realização da inspeção. Deixe claro
também que na oportunidade da sua visita
você precisará analisar a documentação da
caldeira como os prontuários, relatórios de
inspeções anteriores, manuais e projetos.

2) ESTABELEÇA AO CONTRATANTE AS
CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS PARA QUE
VOCÊ REALIZE A INSPEÇÃO

60
Vou te explicar uma coisa, cada minuto de
produção parada em uma indústria custa
muito dinheiro. Por isso mesmo a inspeção de
uma caldeira é programada com antecedência
pela equipe da indústria, e geralmente ocorre
durante uma parada geral quando são
realizadas a manutenção de outros
equipamentos.

Daí vem um dos primeiros obstáculos.


Algumas fábricas, se pudessem, parariam a
caldeiras às 18 h, fariam você iniciar a
inspeção às 18:01 h e voltariam a operar às
18:02 h . Não será raro, em caso de você não
estabelecer condições antes da inspeção,
você chegar no local da inspeção para realizar
seu serviço no horário combinado e o
equipamento estar ainda insuportavelmente
quente, sem condições de contato seguro com
suas partes componentes, ou de acessar o
seu interior para realizar os exames internos.
Isso acontece porque não se planejou a
parada do equipamento com antecedência, e
sua temperatura não diminui de uma hora
para a outra.
Isso foi algo que eu tive que gastar dinheiro
com combustível para aprender, pois eu
61
chegava no local e tinha que retornar outro dia
para realizar o serviço.
Na maioria das fábricas a inspeção será
agendada para um sábado ou domingo, para
não interferir na produção.
Desta forma vamos a algumas condições
essenciais para a realização da inspeção:

 Solicite ao seu contratante a parada do


equipamento com no mínimo 24 h antes da
realização da inspeção;
 Solicite que duas ou três horas após a
parada do equipamento, seja dada
descarga em toda a água presente na
caldeira e que sejam abertas todas as
portas de inspeção da caldeira para que
haja a saída do calor da parte interna;
 Solicite que, se possível, o operador acione
periodicamente durante a parada o
exaustor da caldeira;
 Solicite que o contratante tenha disponível
em seu almoxarifado no dia da inspeção
algumas juntas de vedação de bocas de
inspeção, pois ao abrir as bocas
geralmente temos que substituir as juntas.

62
 Solicite o acompanhamento de
profissionais de manutenção para que
realizem procedimentos que você indicará
durante a inspeção (como abertura e
fechamento de bocas de inspeção, limpeza
de eletrodos de nível, etc..)
 Exija os EPC's e EPI's necessários para a
execução do serviço (salvo se o acordo
feito entre as partes estabelecer que esses
equipamentos são de responsabilidade do
contratado)

Pode ser que algumas dessas exigências


sejam contestadas, porém eu te garanto que
não há vantagem em abrir mão de nenhuma
delas. Em caso de abrir mão você poderá
estar pondo em risco não só a viabilidade da
sua inspeção, mas também a precisão dos
resultados encontrados e a segurança de
todos os envolvidos no serviço.

3) ANALISE A DOCUMENTAÇÃO
Essa é uma dica valiosíssima. Confira se o
contratante possui toda a documentação
exigida pela NR-13. Caso não possua, anote

63
as documentações ausentes para que você
exija em seu relatório providências cabíveis.
Além de verificar a existência da
documentação, outro ponto que tem que ser
bastante analisado é o que está registrado no
prontuário da caldeira e nos relatórios de
inspeções anteriores.
Nestes dois documentos em específico,
deverão estar registradas quaisquer
anomalias encontradas em diversos
momentos da vida operacional da caldeira,
ocorrências extraordinárias como acidentes,
modificações e manutenções importantes,
bem como as recomendações dos inspetores
anteriores.
E aqui vão dois pontos que vão ajudar
muito no seu trabalho:

 Verifique o que foi coberto pelos inspetores


anteriores, o que eles registraram no
relatório, o que eles avaliaram ou deixaram
de avaliar. Isso é importante por vários
motivo. Você poderá avaliar os métodos de
trabalho de vários profissionais e poderá
otimizar o seu método. Você também
poderá constatar que o profissional anterior

64
deixou de cobrir algum ponto que pode
constituir risco grave e iminente.

 Verifique quais foram as recomendações


de ações dos profissionais anteriores e se
o contratante cumpriu todas elas. Isso vai
te ajudar a avaliar se as recomendações
surtiram efeito ou se há algo que não foi
providenciado e pode comprometer o seu
trabalho e o trabalho do seu colega.

Faça anotações, observações e guarde-as


pois você irá utilizá-las em seu relatório.

4) PREPARE-SE PESSOALMENTE PARA O


SERVIÇO

Essa pode parecer clichê e desnecessária,


mas não é de forma alguma. O serviço de
inspeção exigirá esforço da sua parte de
diversas formas, portanto você tem que estar
bem para poder realizá-lo.
Se alimente bem, tenha uma boa noite de
sono antes do serviço e esteja certo de que
estará em boa condição de saúde. Lembre-se
65
que você trabalhará hora em altura, hora em
ambiente confinado (eu descobri que eu não
era claustrofóbico como pensava quando
precisei entrar numa fornalha para avaliar as
condições dos tubos e do refratário) e outras
diversas situações de trabalho exigentes.
Portanto, se prepare.

Obs: recomendo fortemente que você


invista em treinamentos para trabalho em
espaço confinado e para trabalho em altura.
Primeiro porque essa capacitação diminui
bastante o risco de você cometer erros que
podem colocar sua segurança e vida em risco,
segundo porque em indústrias mais
organizadas e rígidas os responsáveis pela
segurança do trabalho da unidade podem
exigir.

5) PLANEJE QUAIS OS ENSAIOS E


MEDIÇÕES SERÃO NECESSÁRIAS E
PROVIDENCIE

Numa inspeção de caldeiras um END


(Ensaio Não Destrutível) é essencial, a
medição de espessura por ultrassom.
66
Desta forma, você irá precisar de duas
coisas essenciais: um aparelho de medição de
espessura por ultrassom devidamente
calibrado e a habilidade para manuseá-lo.
Esteja seguro de que seu equipamento
está em perfeito estado de funcionamento e
calibração e que você sabe manuseá-lo
corretamente.
Caso prefira, você pode terceirizar o
aparelho e o profissional para realizar este
ensaio. Fica a seu critério e a critério das sua
capacidade profissional. Mas de antemão te
digo que nem o aparelho é caro, muito menos
é difícil aprender a manuseá-lo corretamente.

Outros ensaios podem ser necessário


como Líquido Penetrante, Correntes
Parasitas, etc. Avalie caso a caso e se não for
da sua alçada, contrate um profissional
qualificado para te auxiliar.

6) PLANEJE JUNTO AO SEU


CONTRATANTE A CALIBRAÇÃO DAS
VÁLVULAS

67
Verifique com antecedência se será
necessária a calibração das válvulas de
segurança no mesmo período da inspeção de
segurança. Em caso afirmativo oriente seu
contratante a providenciar a calibração.
Se o contratante optar por realizar a
calibração das válvulas de segurança no
mesmo momento da inspeção de segurança
da caldeira solicite que ele providencie
tampões ou flanges cegos para substituir as
válvulas nos pontos de conexão da caldeira.

O trabalho já começou não foi? Se você já


está seguro e já se sente apto, então vamos
executar a inspeção. Se não se sente seguro
mas se capacitou pra isso, então vamos criar
a segurança com a experiência. Agora se
você não tem segurança nem aptidão, então
vamos providenciar sua qualificação através
do meu curso sobre inspeção de caldeiras.

68
OS PASSOS PARA A
REALIZAÇÃO DA INSPEÇÃO
DE CALDEIRAS

Nesta última seção iremos explorar um


pouco o passo a passo de uma inspeção de
caldeira. Aqui pressupomos que você tomou
todas as providências apresentadas na seção
anterior.
Então agora você já se encontra na casa
de caldeiras, já está equipado com seus EPI's
e é hora de começar o trabalho.
Vou te apresentar a minha metodologia de
trabalho, a minha cronologia de
procedimentos que realizo quando estou
fazendo uma inspeção. Isso não quer dizer
que ela é a única ou que só ela está correta.
Mas tenho certeza de que seguindo esses
passos você não deixará de cobrir nenhum
fator de risco.
É muito importante salientar que realizar a
inspeção não é somente seguir um passo a
passo, um checklist. Será necessário que
você saiba identificar visualmente quando um
componente não está no seu formato normal
(ou seja, possui sinais de dano ou de esforço
69
excessivo) , bem como saber avaliar o
funcionamento dos dispositivos de segurança
e emergência, etc. No meu curso "Inspeção
de caldeiras" você encontra várias
informações que enriquecerão o seu
conhecimento e que te darão bagagem para
se sentir cada vez mais seguro ao realizar
uma inspeção.
Adicionalmente ao conhecimento
específico, também se faz muito necessária a
organização dos procedimentos de trabalho
para facilitar sua vida durante sua inspeção de
caldeira e por isso estou te apresentando o
meu passo a passo, para que você não se
sinta perdido durante a execução do serviço.
Então vamos começar.

PASSO 1: Verificação da temperatura dos


componentes

Antes de pensar em tocar em qualquer


parte ou componente da caldeira, eu te peço
que tome o cuidado de verificar em qual
temperatura os mesmos se encontram. Te
peço isso tanto pela sua integridade física
quanto pela integridade dos equipamentos
70
que você irá utilizar. Um bom exemplo são os
aparelhos medidores de espessura por
ultrassom. Os modelos mais comuns possuem
recomendações para serem utilizados em
peças que estejam a, no máximo, 60° C. Ou
seja, acima disso você expõe seu aparelho a
possíveis danos ou até mesmo obtém
resultados incorretos.
Uma boa ferramenta para se utilizar neste
momento é o termômetro infravermelho.

PASSO 2: VERIFIQUE SE A CALDEIRA


ESTÁ DESLIGADA E SE SEU
FUNCIONAMENTO ESTÁ SENDO
IMPEDIDO POR DISPOSITIVOS DE
SEGURANÇA

Geralmente essa condição é garantida


pelos dispositivos automatizados de
segurança que impedem que o equipamento
entre em funcionamento em caso de algumas
condições como água abaixo do nível mínimo
por exemplo.
Contudo, o seguro morreu de velho, e
desta forma eu peço que você sempre
examine com cuidado se realmente não há
71
risco de o equipamento entrar em
funcionamento durante a execução do seu
serviço.
Outro cuidado essencial é verificar os
equipamentos que alimentam a caldeira com
combustível, como os queimadores a gás e os
alimentadores de lenha. No caso das
caldeiras a gás verifique se todo o sistema de
alimentação de gás está fechado, caso seja
possível utilize sensor de presença de gás
para garantir que não há vazamentos. Já no
caso de caldeiras a lenha/cavaco verifique se
o equipamento transportador de lenha para
dentro da caldeira está desarmado por um
sistema de intertravamento.

PASSO 3: INSPEÇÃO VISUAL

Neste passo a sua capacidade de analisar


visualmente as condições da caldeira é
fundamental. Na inspeção visual você irá
analisar todo o equipamento visualmente
verificando se há alguma das condições
abaixo:

EXAME VISUAL EXTERNO


72
 Irregularidade quanto à sua superfície
como deformações, abaulamento,
desalinhamento ou qualquer outra avaria
que comprometa a segurança operacional
do equipamento
 Correto aterramento do equipamento de
acordo com o que rege o item 5.1.3 da
NBR 5419
 Anomalias no casco (como trincas,
deformações, abaulamento, corrosão, etc)
 Anomalias no espelho e na sua região de
conexão com o feixe tubular (como trincas,
deformações, abaulamento, corrosão, etc)
 Anomalias no feixe tubular pelo lado do
espelho como trincas, incrustações,
corrosões, problemas de mandrilhagem,
entre outros
 Condições irregulares da casa da caldeira
e do posicionamento da caldeira dentro
dela de acordo com as exigências feitas na
NR-13
 Ausência de placas de sinalização e de
advertências exigidas pela NR-13

73
 Ausência e mal estado de indicador de
nível da água
 Ausência e mal estado de manômetro
 Ausência e mal estado de válvulas de
segurança
 Más condições de estado ou de
funcionamento das bombas de alimentação
d'água e do tanque de alimentação
 Irregularidades quanto às quantidades e
tipos de bombas de alimentação exigidas
pela NR-13
 Ausência de termômetro na chaminé
 Mal estado de conservação da chaminé
 Verificar se há mal estado da água de
purga da caldeira
 Mal estado de conservação e de
estanqueidade das bocas de inspeção
 Ausência de dispositivos específicos como
manômetro do suprimento de combustível
(caso das caldeiras a gás), intertravamento
da purga da câmara de combustão,
dispositivo contra falhas ou perdas de
chama, dispositivo de desarme da caldeira
por atuação manual do operador, exaustor,
etc.
74
EXAME VISUAL INTERNO (PELAS BOCA DE
VISITA)

 Presença de incrustações, trincas,


corrosão e outras anomalias no feixe
tubular
 Anomalias no espelho e na sua região de
conexão com o feixe tubular (como trincas,
deformações, abaulamento, corrosão, etc)
 Condições irregulares do isolamento
térmico como desabamento de refratário,
fraturas, espaços abertos, descolamento
dos cordões de amianto, etc.
 Anomalias nas tubulações pelo lado da
fornalha como furos, etc.
 Sinais de que o queimador está
desregulado como manchas pretas de
queima nas tubulações, muito próxima ou
nas laterais do queimador.
 Anomalias na grelha
 Sinais de falta de cuidado com a limpeza e
a retirada das cinzas e fuligem do interior
da caldeira.

75
Existindo qualquer condição relatada
acima, você deverá ser capaz de avaliar qual
o potencial de risco da condição e quais as
medidas mais adequadas a serem tomadas.
Algumas condições de risco estarão
relatadas na NR-13, como a ausência de
dispositivos de segurança que é proibida, logo
o risco é alto e é necessário que seja exigida
a aquisição e instalação do dispositivo como
condição para aprovação da caldeira.
Outras condições dependerão do seu
conhecimento técnico e da sua capacidade de
analisar a situação. Para isso não há receita
pronta, você deve procurar estudos de caso
que te dêem um embasamento com base na
experiência de terceiros e qualificação técnica.
No meu curso "Inspeção de caldeiras" eu irei
te ajudar a qualificar-se adequadamente para
realizar este tipo de serviço.

DICA: É imprescindível que você fotografe


o máximo possível as partes
inspecionadas.

A fotografia, além de enriquecer o relatório


de inspeção com imagens que demonstram os
76
estados dos componentes relatados, servem
como prova de que você realmente
inspecionou e de que o que você relatou
realmente estava correto.

PASSO 4: END'S
Neste material irei falar exclusivamente da
medição de espessura por ultrassom por este
ser o ensaio mais comumente empregado nas
inspeções de caldeira. É óbvio que poderá
fazer-se necessária a realização de outros
tipos de ensaios (como LP e Correntes
Parasitas) porém não englobaremos estes
casos no presente material.
Essencialmente você irá medir a espessura
dos seguintes componentes: casco, espelho e
feixe tubular.
A medição é feita por meio de um aparelho
de medição de espessura por ultrassom, que
deve estar devidamente calibrado , bem como
deve possuir certificado de calibração
atualizado.
Os pontos de medição de espessura a
serem utilizados irão depender do histórico da
caldeira. Se ela já tiver algum tempo de uso,e
se já passou por outras inspeções anteriores
77
ela provavelmente já terá alguns pontos de
medição marcados nela e relatados nos
relatórios anteriores. Neste caso eu
recomendo que você utilize estes pontos pois
você já terá uma referência de medições
anteriores para verificar se há indícios de
perda de espessura naqueles pontos, e caso
isso se confirme, como tem evoluído essa
perda de espessura com o tempo. Também
recomendo que a cada nova inspeção você
escolha mais um ou dois pontos novos por
componente inspecionado, que é para que
você possa comparar os resultados com o que
está sendo obtido ao longo do tempo.
Em caso de ser uma caldeira que esteja
passando pela primeira vez por uma medição
de espessura, caberá a você determinar os
pontos de medição de espessura. Garanta
que os pontos estejam limpos, livre de tintas,
sujeiras ou resíduos indesejados. Não há uma
quantidade exata e correta de pontos, nem
localizações específicas, porém eu
recomendo que você seja sensato e escolha
pontos de fácil acesso e bem espaçados um
do outro que é para que você tenha uma boa
noção do que está acontecendo com aquele
material no futuro.

78
Para cada ponto de medição, recomendo
que você faça de 3 a 5 medições e que
compare os resultados para verificar se a
medição está coerente ou se está havendo
algum erro.
Não esqueça de fotografar e denominar
cada ponto (exemplo Ponto 1, Ponto 2, etc), e
de anotar os respectivos resultados para que
insiramos os mesmos no relatório de
inspeção.

PASSO 5: TESTES DE DISPOSITIVOS DE


SEGURANÇA
Agora você irá verificar se todos os
dispositivos de segurança estão em perfeito
funcionamento. Os principais pontos a serem
testados são:
 Verificar se o alarme de nível de água está
funcionando corretamente, e se pode ser
ouvido em alto e bom som;
 Retirar os eletrodos da garrafa de nível e
verificar se estão livres de impurezas que
possam afetar seu funcionamento. É bom
reforçar fazendo um teste com multímetro.
 Dar descarga na água do indicador de
nível para verificar se não há entupimento
79
ou obstrução que mascare o real nível da
água.
 Verificar se os manômetros e termômetros
estão devidamente calibrados.
 Verificar se as válvulas de segurança estão
devidamente calibradas.
 Verificar se o painel de comando está em
perfeito estado e se está dando todas as
indicações para o qual foi projetado.
 Verificar o funcionamento do exaustor de
tiragem.

Após a realização desses testes, solicite o


fechamento de todas as bocas de inspeção e
demais aberturas da caldeira e que alimentem
o equipamento com água para que você
possa realizar mais alguns testes, agora com
água dentro da caldeira.
Estando a caldeira devidamente vedada e
a água já dentro da caldeira realize os
seguintes testes:
 Abra as válvulas de purga de água e
espere até a água reduzir seu nível abaixo
do nível mínimo. Verifique se o alarme soa
e se as bombas entram em funcionamento

80
automaticamente para repôr a água
perdida.
 Verifique se as bocas de inspeção estão
bem vedadas e livres de vazamentos.

PASSO 6: TESTE HIDROSTÁTICO

O teste hidrostático é realizado em


caldeiras com o intuito de verificar sua
resistência e integridade estrutural.
Atualmente a NR-13 só exige que seja
realizado em inspeções iniciais de novas
caldeiras, porém ele pode ser necessário em
outras situações como:
 Caldeiras que passaram por processo de
mandrilhagem de tubos
 Caldeiras que passaram por reposição de
tubos ou mesmo procedimentos de
soldagem.
Você poderá realizar o teste hidrostático se
avaliar necessário para verificar outras
situações como estanqueidade da caldeira por
exemplo, contudo é sempre bom lembrar que
o teste hidrostático pode resultar em danos à
caldeira em caso de a mesma não suportá-lo
e apresentar deformações.
81
O teste hidrostático se dá ao enchermos
completamente a caldeira com água até que
determinada pressão seja atendida. Essa
determinada pressão é dada pelo projeto da
caldeira e denominada Pressão de Teste.
Após atingida esta pressão, cessa-se a
alimentação de água e mantém-se a caldeira
pressurizada por um certo período de tempo
examinando visualmente se existem pontos
de vazamento no equipamento. Outra forma
de saber se há vazamento é se houver
redução na pressão indicada no manômetro
entre o momento inicial e final do teste.
Se você identificar que houve vazamento,
especifique onde o mesmo está ocorrendo e
exija o reparo imediato do local. Caso não
haja vazamentos, perda de pressão ou
deformações a caldeira é aprovada no teste
hidrostático.

PASSO 7: EMISSÃO DE RELATÓRIO E


PREENCHIMENTO DO PRONTUÁRIO
Imediatamente após a realização da
inspeção da caldeira, você irá preencher o
prontuário do equipamento registrando que foi
realizado o serviço e apontando as principais
observações que queira fazer (ou resumir que
82
os resultados podem ser encontrados no
relatório de inspeção).
Agora é hora de preencher o relatório.
O relatório tem que conter
obrigatoriamente os resultados encontrados,
as recomendações e exigências que você
determinou após a análise dos resultados,
bem como as condições e providências que
necessitam ser tomadas para que a caldeira
possa estar aprovada para operar em
segurança.
A NR-13 especifica as informações
mínimas que devem estar contidas no
relatório. Segundo o item 13.4.4.14:
O relatório de inspeção de segurança,
mencionado no item 13.4.1.6, alínea “e”, deve
ser elaborado em páginas numeradas
contendo no mínimo:
a) dados constantes na placa de identificação
da caldeira;
b) categoria da caldeira;
c) tipo da caldeira;
d) tipo de inspeção executada;
e) data de início e término da inspeção;

83
f) descrição das inspeções, exames e testes
executados;
g) registros fotográficos do exame interno da
caldeira;
h) resultado das inspeções e providências;
i) relação dos itens desta NR, relativos a
caldeiras, que não estão sendo atendidos;
j) recomendações e providências necessárias;
k) parecer conclusivo quanto à integridade da
caldeira até a próxima inspeção;
l) data prevista para a nova inspeção de
segurança da caldeira;
m) nome legível, assinatura e número do
registro no conselho profissional do PH e
nome legível e assinatura de técnicos que
participaram da inspeção.

Além disso, as recomendações


decorrentes da inspeção devem ser
registradas e implementadas pelo
empregador, com a determinação de prazos e
responsáveis pela execução.
Ao participar do meu curso sobre inspeção
de caldeiras você receberá como bonificação

84
um modelo de relatório de inspeção completo
exatamente igual ao que eu utilizo.

PASSO 8: ENTREGA E ANÁLISE


CONJUNTA DOS RESULTADOS
Você já finalizou sua inspeção e já
elaborou o relatório. Já preencheu o
prontuário e já terá preenchido e assinado a
Anotação de Responsabilidade Técnica.
Chegou a hora de entregar o relatório.
Recomendo fortemente que você entregue
pessoalmente o relatório, de preferência
marcando uma reunião com o responsável
pela manutenção da caldeira.
Isso se faz importante pois é necessário
que no ato da entrega você apresente os
resultados e enfatize as recomendações e
exigências que condicionam a aprovação da
caldeira.

85
CONCLUSÃO

Meu intuito com este material foi


transformar sua visão e abrir uma nova
oportunidade de atuação profissional para
você. Não conheço graduações de engenharia
que detalhem o procedimento de inspeção de
caldeiras como objetivei fazer aqui.
Espero que tenha gostado do que preparei
para você. Agora, se você quiser mesmo
entrar neste ramo cheio de demandas e
oportunidades, eu te convido a participar do
meu curso sobre inspeção de caldeiras. Lá eu
irei detalhar a parte técnica e irei te prover
uma maior capacitação e qualificação para
avaliar situações de risco em caldeiras e
mitigá-las.

Muito obrigado e até breve!

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