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Ações para a implantação do Turismo de Base Comunitária em Sergipe, Brasil: caso do Plano de

Gestão Participativa do Turismo do munícipio de Santa Luzia do Itanhy

Gabriela Nicolau dos Santos1


Ivan Rêgo Aragão2

Resumo: A valorização do desenvolvimento sustentável do turismo e o reconhecimento das riquezas locais


levou o IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação), no início do ano de 2011, a elaborar e submeter
ao Ministério do Turismo a proposta de elaboração do Plano de Gestão Participativa do Turismo do Município
de Santa Luzia do Itanhy. Tendo sido aprovada via Convênio, ao longo do ano de 2011 as etapas de
sensibilização, mobilização e workshops de roteirização, foram executadas a fim de implantar pela primeira vez
no estado, um roteiro de Turismo de Base Comunitária. Neste contexto, o presente artigo tem como objetivo
discutir a relevância do Turismo de Base Comunitária e relatar as primeiras atividades em prol do turismo na
região sul do estado Sergipe, mais especificamente no município de Santa Luzia do Itanhy. A metodologia deste
trabalho se pautou nas experiências positivas da Rede Turisol, pesquisa bibliográfica e de campo. Após um ano
de ações, o IPTI aguarda uma posição favorável por parte do Ministério do Turismo para dar continuidade às
ações previstas no Plano Estratégico para os anos de 2012 e 2013.
Palavras-chave: Turismo de Base Comunitária. Desenvolvimento Sustentável. Santa Luzia do Itanhy-Sergipe.

Introdução
A partir do ano 2000, as atividades tradicionais relacionadas com o turismo vêm passando
por mudanças face as novas demandas e exigências de quem as pratica. No bojo destas
transformações, originou-se o chamado Turismo de Base Comunitária ou Local. Trata-se de uma
maneira de vivenciar o turismo atrelado às necessidades de conservação da cultura e do modo de
vida simples de lugares onde vivem populações vulneráveis. Nesta segmentação, a lógica turística é
subvertida, visto que através da organização de agentes comunitários em cooperativas e a criação de
parcerias com ONG’s possibilitam aos membros da comunidade, tornarem-se agentes ativos no
reconhecimento de seu patrimônio natural e cultural, bem como de suas tradições. Com o
financiamento proporcionado através dessas parcerias, alinhadas e simpáticas a filosofía do turismo
de base local são construídos equipamentos de hospedagem e de restauração alimentar. A
exploração da beleza cênica local acontece a partir dos arranjos internos, não sendo efetuada por
pessoas alheias à comunidade.
Indo de encontro a essa nova ordem social percebida pelo turismo e implantada em pontos
focais do Brasil, esse artigo versa sobre as primeiras ações da tentativa de instalar um modelo de
Turismo de Base Comunitária em Sergipe, mais especificamente no município de Santa Luzia do
Itanhy, localizado no litoral sul do estado. Com a aliança entre o Ministério do Turismo e o Instituto

1
Doutoranda de Estudos Avançados em Antropologia Social e Mestre em Antropologia e Etnografia/Universidade de
Barcelona; Mestre em Cultura e Turismo/Universidade Estadual de Santa Cruz-BA; Bacharel em Turismo pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas. E-mail: gabrielanicolau@yahoo.com.br.
2
Mestre em Cultura e Turismo/Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC); Bacharel em Turismo/Estácio de Sergipe. E-
mail: ivan_culturaeturismo@hotmail.com.
1
de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), entidade privada sem fins lucrativos e em parceria com
a Secretaria de Turismo do Estado de Sergipe, deu-se início em 2011, às primeiras ações de
implantação deste segmento do turismo.
Além de discutir a relevância do Turismo de Base Comunitária, o presente artigo tem como
objetivo relatar a primeira fase de atividades – oficinas de sensibilização e mobilização e workshops
de roteirização - em prol da implantação do Turismo de Base Comunitária em Santa Luzia do Itanhy.
A metodologia do trabalho se pautou nas experiências de sucesso da Rede de Turismo Solidário
(Turisol) nos estados do Ceará, do Amazonas e de Santa Catarina, pesquisa bibliográfica e de campo.
No momento, o IPTI aguarda uma posição favorável por parte do Ministério do Turismo para
dar continuidade às ações previstas no Plano de Gestão Participativa do Turismo do município de
Santa Luzia do Itanhy, elaborado conjuntamente entre a coordenadora do projeto e pesquisadora
associada Renata Piazzalunga, Saulo Barretto, responsável pelo relacionamento institucional e novos
negócios, a consultora Gabriela Nicolau e as comunidades dos municípios de Santa Luzia do Itanhy e
Estância ao longo de um ano de ações realizadas em 2011.

1. Santa Luzia do Itanhy: Aspectos Históricos, Geográficos, Econômicos e Culturais

Com a chegada dos jesuítas em 1575 em Sergipe, as primeiras povoações portuguesas na


província se fixaram na região que hoje faz parte o município de Santa Luzia do Itanhy (GONÇALVES,
1991). De acordo com autora citada, foi nessa região que os jesuítas Gaspar Lourenço e seu irmão de
hábito João Salonio, fundaram a primeira Missão e escola em Sergipe para catequização dos índios.
No século XIX, o município chegou a ter a maior população e arrecadação dentre os municípios
sergipanos, graças ao apogeu de sua produção canavieira. Entretanto, com o declínio de sua
produção açucareira, Santa Luzia do Itanhy ingressou num processo de decadência e atraso que
persiste até hoje.
A região na qual Santa Luzia do Itanhy está localizada no litoral sul do estado de Sergipe
(Figura 1), e, de acordo com os dados do IBGE (2010), conta com uma população de 12.969
habitantes.3 É um dos municípios mais pobres do Brasil, detendo o segundo IDH mais baixo dos
municípios sergipanos (0,545).4 Corroborando com a informação anteriormente mencionada, Vilar e
Vieira (2011), - a partir de dados do ano de 2000, - constatam que dos cinco municípios que
compõem a região do litoral do sul do Estado,5 Santa Luzia do Itanhy é o mais pobre.6
O território do qual o município faz parte, é cortado pelos rios Piautinga e Vaza Barris. Possui
belezas naturais com vegetação Mata Atlântica e manguezais (SERGIPE, 2012). Mais da metade de

3
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Fonte: <www.ibge.gov.br>.
4
Dados do Inventário do Patrimônio Material e Imaterial do Território Sul de Sergipe, 2010 (IPTI).
5
Estância, Indiaroba, Itaporanga d’Ajuda, Santa Luzia do Itanhy e São Cristóvão.
6
81, 77% da população vivem na pobreza.
2
sua população depende de programas assistenciais do governo. Também reúne populações
vulneráveis: ribeirinhos, quilombolas e assentamentos.

Figura 1 – Mapa de Sergipe (destaque Santa Luzia do Itanhy e Aracaju)


Fonte: Site FériasTur

A exemplo de outras importantes cidades históricas do nordeste brasileiro, Santa Luzia do


Itanhy resguarda a memória do Brasil colonial em seu rico acervo patrimonial. O registro de bens em
pedra e cal dessa primeira fase de povoamento da região - marcada pela monocultura canavieira -
possui um exemplar de rara importância histórica que se mantém em singular estado de
preservação. Trata-se da Usina São Felix (Figura 2), com sua arquitetura civil do ciclo da cana-de-
açúcar (século XVIII) bem preservada e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e
Nacional - IPHAN (Livro de Tombo No. 01, fl.06).
O acervo arquitetônico da sede do municipio também espelha outras importantes fases da
urbanização da sociedade brasileira, a exemplo da modernização posterior à tardia belleépoque
brasileira dos anos 30 do século passado, expressa nas edificações em ArtDecó a partir dos anos 50. A
cidade tem belíssimos exemplares dessa arquitetura, em meio ao uso do mosaico em pedra
portuguesa de suas calçadas, característica somente encontrada nas capitais brasileiras que
vivenciaram a ampla influência européia da belleépoque.

3
Figura 2 - Antigo Engenho/Usina São Félix
Fonte: http://turismo-santaluziadoitanhy.blogspot.com.br

De outro modo, a rica tradição da cultura ibérica herdada pela influência portuguesa
igualmente se faz presente no acervo patrimonial da cidade. Merece destaque o Reisado do Povoado
Areia Branca, único no município e um dos poucos de todo o território sul sergipano. O Reisado
consiste em uma dança popular de origem portuguesa que se instalou em Sergipe no período
Colonial. Muita difundida na cultura popular do nordeste brasileiro, a celebração antecede o Dia de
Reis e consiste em danças e louvações, anunciando a chegada do Messias.
A herança da cultura portuguesa e espanhola se mescla com influências nativas da cultura
indígena e manifestações de África para ressoar em outras inúmeras artes de fazer do expressivo
patrimônio imaterial de Santa Luzia do Itanhy: nos bordados redendê e ponto-cruz, nos trançados de
fibras naturais, nas artes de rezar, na rica culinária à base de ensopados de peixes, camarões e
crustáceos (Figura 3 e 4).
De acordo com recente levantamento do acervo patrimonial de Santa Luzia do Itanhy, o
município possui mais de 30 tipologias diferentes de fazer artesanal, 7 que variam desde as práticas
mais tradicionais as manifestações mais recentes, adaptadas de técnicas do passado. Dentre os
fazeres tradicionais, se destacam, além do bordado em tecido, os trançados de palha que resultam
em produtos que permanecem incorporados vivamente nos usos diários dos modos de vida da
comunidade: caçuá8 de cipó, esteira de taboa, chapéus e vassouras de piaçaba, cestos de fibra de
dendê.

7
Dados do IPTI.
8
Palavra de origem tupi. É o cesto de vime ou cipó transportado por animais de carga no interior do nordeste brasileiro e
que serve para carregar mantimentos.
4
Figura 3 e 4 – Culinária à Base de Camarão e Peixe
Fotos: Melissa Warwick

Além do já mencionado acervo histórico-cultural, o município de Santa Luzia do Itanhy conta


ainda com a maior reserva de Mata Atlântica contínua do Estado de Sergipe, a Reserva Ambiental da
Mata do Crasto (IBAMA, decreto nº 442/89). A reserva (Figuras 5 e 6), que se inicia quase ainda no
perímetro urbano da sede do município, se estende por 700 hectares e culmina no Povoado do
Crasto à beira-rio, compondo um patrimônio paisagístico de rara e importante beleza histórica.
No rio Piauí, outra relevante celebração compõe a tradição do lugar. Todo ano acontece a
tradicional corrida de barcos pesqueiros à vela, através de uma festiva confraternização com forte
inflexão para a identidade local. A festa em louvor a padroeira local 9 é uma celebração que, na
contra-mão das tendências que desarticulam os ofícios práticos tradicionais, eleva o pescador como
personagem importante na configuração local da cultura ribeirinha.

Figuras 5 e 6 – Reserva Ambiental da Mata do Crasto


Fotos: Melissa Warwick

9
Santa Luzia.
5
Santa Luzia do Itanhy porta em seu patrimônio material, imaterial e ambiental quatro séculos
de registros históricos sobre o Brasil. É, portanto, um dos mais importantes municípios de Sergipe,
pela expressiva carga simbólica que possui e que se revela na riqueza e simplicidade de sua cultura.
Entretanto, este cenário propenso à promoção de atividades relacionadas ao turismo ainda é
pouco conhecido, tanto por turistas de fora do estado quanto pelo próprio povo sergipano. Cabe
ressaltar a preocupação do governo do estado com a possibilidade de crescimento desordenado do
turismo que poderá advir da interligação das cidades de Aracaju e Salvador causado, em especial,
pela Linha Verde. Neste contexto se justifica a proposta de implantação do Turismo de Base
Comunitária na região.

2. O Turismo de Base Comunitária: Conceitos e Percepções

Em todo o Brasil, principalmente nas regiões menos desenvolvidas, existem municípios que
ainda hoje se encontram no limiar da pobreza e miséria. Segundo pesquisa do Programa das Nações
Unidas para o desenvolvimento no Brasil (PNUD), os baixos índices de desenvolvimento humano
(IDH) encontram-se concentrados nas regiões Norte e Nordeste. Locais quase sempre excluídos dos
programas para diminuição do analfabetismo, promoção de saúde, educação, saneamento básico,
mas que possuem uma singular beleza natural e cultural.
No Brasil, como é sabido, as práticas políticas por vezes reforçam as ações eleitoreiras de
poucos em detrimento de muitos por um curto período de tempo, no máximo, o período de duração
de um mandato. Isso faz com que muitos projetos e programas comunitários postos em prática por
uma gestão política não tenham continuidade no governo seguinte. A ausência de correlação entre
as políticas municipais e estatais pode ser apontado como outro problema no desenvolvimento
comunitário. Para Yázigi (1999), a negligência de ambas ou de uma das partes pode também ser
motivo de descasos, em que o pessoal, a troca de favores políticos entre as partes e mesmo o
conflito de interesses, sobrepujam o interesse comunitário, ampliando a desigualdade social e a
pobreza. Esses fatos reforçam a realidadede que, pessoas inseridas nessas comunidades carentes, se
encontrem à mercê de vereadores e grandes latifundiários. A falta de políticas públicas com
programas que visem o bem estar e uma melhor qualidade de vida dos residentes, perpetua a
relação de dependência e de inércia por parte da população local.
Por outro lado, a análise das experiências de resgate social ocorridas no Brasil demonstram
que o brasileiro tem uma significativa capacidade de lidar com a adversidade. A ausência de
mobilização social decorre, dentre outros fatores, de um profundo descrédito pessoal, por ausência
de autoestima, de identidade própria e coletiva. Os processos de resgate e (re) apropriação das

6
culturas locais constituem um processo natural de reforço da identidade local, uma vez que trazem
em si um processo de autoreconhecimento e valorização10.
Segundo Coriolano (2003), o desenvolvimento comunitário está ligado à escala humana. Para
a autora, esse tipo de desenvolvimento [...] “pode ser entendido como aquele que privilegia o ser
humano, possibilitando o desabrochar de suas potencialidades, assegurando-lhes subsistência,
trabalho, educação e condições de vida digna a todos os cidadãos” (p. 26).
Pensar o desenvolvimento sustentável de uma localidade implica em que os setores social,
econômico, cultural e ambiental, sejam trabalhados e valorizados de forma sistêmica e equânime.
Santos e Campos (2003) se aportam teoricamente em Sachs (1995) para discutir que, a busca pelo
desenvolvimento diz respeito à harmonia entre os setores ambientais, sociais e econômicos.
Acredita-se que a cultura também é um catalisador para a melhoria das condições de sobrevivência e
do desenvolvimento sustentável local.
Souza (2002, p. 18), menciona que o caminho para o desenvolvimento é basicamente […]
“um processo de superação de problemas sociais, em cujo âmbito uma sociedade se torna para seus
membros, mais justa e legítima”. No processo de desenvolvimento do turismo nos territórios de
comunidades ribeirinhas e litorâneas, as experiências práticas têm mostrado que, para além do
discurso tradicional do turismo como promotor de desenvolvimento, grande parte da população
nativa é excluída do processo econômico e social das atividades lucrativas advindas através do
turismo.
Em comunidades pesqueiras sejam marítimas ou fluviais, com grande potencial de belezas
naturais, a iniciativa privada tem assumido papel de empreendedora da hotelaria e dos serviços
turísticos. Tudo isso vem sendo realizado ao mesmo tempo em que deixa à margem o envolvimento
da comunidade de pescadores com as suas reservas extrativistas. Sem contar que, grande parte dos
autóctones, começa a trabalhar em atividades incomuns à sua realidade, acarretando em perdas de
fazeres tradicionais de subsistência que lhe são próprios. Muitas vezes, são produções passadas de
pai para filho, em que as técnicas utilizadas fazem parte do cotidiano do morador.
Outro fator que merece destaque diz respeito à exploração de mão de obra pelo turismo, em
que são oferecidos para a comunidade de pescadores, agricultores e marisqueiros empregos que
necessitam de baixa qualificação, acarretando no pagamento de salários injustos. Geralmente os […]
“cargos de gerência, ou de maior escalão, são ocupados por profissionais de outras regiões, o que
representa um ponto negativo” (BENI, 2006 apud SALOMÃO et al, 2011, p. 8). Esse fato pode estar
ligado à motivação de muitos jovens que saem de suas comunidades em direção aos grandes centros
urbanos à procura de melhores condições de vida.

10
Fonte: Relatório The human project (IPTI).
7
Nesse contexto, surge a questão: Qual a melhor forma de desenvolver uma atividade
turística em áreas de povoados ribeirinhos com beleza cênica e cultura própria? Cabe reforçar que,
para além do turismo de sol e praia já consolidado no Brasil, há uma alternativa de turismo que, além
de enaltecer as belezas naturais ligadas aos ecosistemas onde se localizam as comunidades (figuras 7
e 8), valoriza também a cultura, a produção material e a identidade local.
O Turismo de Base Comunitária trabalha em estimular as especificidades do lugar
(gastronomia, religiosidade, danças), mas também no incentivo das atividades extrativistas e de
produção do artesanato. Ou seja, busca-se a permanência de todo o conjunto de bens patrimoniais
próprios da localidade. Procurando meios de mostrar como o meio ambiente, a história, a tradição e
a cultura local, além de apreciadas pelas suas belezas por visitantes, podem ser vetores de trabalho e
comercialização para ganhos financeiros dos residentes. De acordo com Coriolano (2003),

[...] o turismo comunitário é aquele em que as comunidades de forma associativa


organizam arranjos produtivos locais, possuindo o controle efetivo das terras e das
atividades econômicas associadas à exploração do turismo. Nele o turista é levado
a interagir com o lugar e com as famílias residentes, seja de pescadores,
ribeirinhos, pantaneiros ou de índios (p. 282).

Figuras 7 e 8 – Comunidade Pesqueira e Vida Simples Valorizada pela Proposta Turismo de Base Comunitária
em Santa Luzia do Itanhy
Fonte: http://turismo-santaluziadoitanhy.blogspot.com.br
Foto: Melissa Warwick

Esse tipo de segmento turístico, aliado às práticas do ecoturismo, dá subsídios para a própria
população do lugar criar alternativas com o intuíto de se tornar independente dos “mandos e
desmandos” das políticas eleitoreiras e donos de terras. Através da organização interna para a
criação de uma cooperativa, os moradores (pescadores, marisqueiros, brincantes, catadores,
artesãos e agricultores), promovem as principais atividades econômicas originais da comunidade.
Atividades que não devem ser substituídas pelo funcionalismo dos equipamentos de hotéis, bares,
restaurantes e pousadas. Corroborando com a temática acima exposta, o Brasil (2010) menciona que

8
a atividade do ecoturismo, “conserva os recursos naturais da área natural e também oferece uma
alternativa econômica para os moradores da área” (p. 10).
A discussão a respeito do Turismo de Base Comunitária perpassa os novos olhares de
pesquisadores das ciências sociais (antropólogos, turismólogos e sociólogos) e das Geociências, que
têm debatido dentro e fora da academia os papéis a serem desempenhados por moradores e pelo
trade turístico. De forma semelhante, vêm se discutindo as novas necessidades e demandas das
comunidades locais na articulação e valorização do seu espaço de origem, se configurando como
tema de debate por parte de pesquisadores.
Cabe inserir a discussão sobre a “alma do lugar”, defendida por Yázigi (2002), que afirma
estar no patrimônio ambiental com “ar de cidade interiorana”, o maior atrativo turístico local a ser
preservado. O Turismo de Base Comunitária tem pensado na atividade turística como promotora dos
saberes e fazeres locais, firmados na cultura popular e na singularidade dos residentes e da sua
paisagem. Valorizando o meio ambiente e a cultura das pessoas inseridas na região como intuito de
amenizar e/ou erradicar a pobreza e a miséria local.
O Turismo de Base Comunitária revela novos meios de desenvolver o lugar através da
divulgação, circulação e venda dos atrativos e dos seus produtos específicos. Segundo Morgado
(2006) apud Mendonça (2009, p. 291), como resultado, o turismo de base local,

[…] é capaz de modificar a forma pela qual se dá a apropriação dos benefícios


gerados pela atividade turística, pois diante desta perspectiva, a comunidade se
torna participante ativa de seu próprio desenvolvimento, e não apenas
espectadora das atividades organizadas externamente, em que os benefícios
financeiros não são percebidos localmente.

Todavia, são necessários esforços que visem ao envolvimento da comunidade, visto que sua
participação na gestão dos recursos naturais e econômicos de seu município é fundamental para que
o turismo corresponda às expectativas dos moradores. Nesse enfoque, Coriolano (2009) destaca que
os residentes devem ter o controle produtivo da atividade desde o planejamento até o
desenvolvimento e gestão, se preocupando com o envolvimento participativo e com os resultados a
serem obtidos. Segundo o Brasil (2010), o Turismo de Base Comunitária,

[…] é uma oportunidade para as populações locais possuírem o controle efetivo


sobre o seu desenvolvimento, sendo diretamente responsáveis pelo planejamento
e gestão das atividades, das estruturas e dos serviços turísticos propostos. […]
dialogando com os princípios que orientam e fortalecem relações solidárias entre
homens e mulheres construtores/as de uma sociedade comprometida com a
sustentabilidade em seus aspectos políticos, socioculturais, ambientais e
económicos (p. 8).

9
O Turismo de Base Comunitária tem políticas públicas apoiadas pelas iniciativas das
organizações não-governamentais que contribuem na implantação dos pequenos negócios, além de
realizar a propaganda dos lugares, atraindo os turistas às comunidades com a oferta de modo de vida
simples, contato com o meio ambiente ecológico e produtos ligados à natureza, culinária, artes e
cultura. Nesse sentido, acreditam que se torna mais fácil, criar laços de comunicação e respeito
mútuo entre turista e morador, sendo as relações mais solidárias e pessoais, em oposição do turismo
“convencional”, em que as relações tendem a ser impessoais e distantes.
São imprescindíveis ações do poder público municipal em favor da comunidade. Dentro
desse contexto, Dias (2003) menciona que a participação comunitária deve estar ligada a uma boa
administração pública, engajada em melhorar o bem estar de residentes, envolvida em programas e
projetos dirigidos à melhoria da condição social dos indivíduos. Para isso, faz-se necessário o debate
amplo e horizontal que contemple todos os atores envolvidos na comunidade, buscando assim
soluções conjuntas e solidárias para o desenvolvimento sustentável local.
Como evidenciado adiante, em Santa Luzia do Itanhy, as primeiras ações de planejamento e
desenvolvimento turístico pautaram-se no respeito à cultura, tradição e modo de vida dos
moradores dos povoados inseridos no Plano.

3. Relato da Primeira Fase de Implantacaodo Projeto de Turismo de Base Comunitária em Santa


Luzia do Itanhy

Este artigo busca trazer para luz uma experiência de implantação de Turismo de Base
Comunitária, a primeira do Estado de Sergipe, que aconteceu entre os meses de fevereiro e
dezembro de 2011, em dois municípios situados no litoral sul de Sergipe: Santa Luzia do Itanhy e
Estância.
A experiência foi possível graças ao convênio (nº 750337/2010) firmado entre o Ministério do
Turismo e o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), entidade privada sem fins
lucrativos. Em parceria com a secretaria de Turismo do Estado de Sergipe. Foi proposto ao Ministério
a elaboração do chamado Plano de Gestão Participativa do Turismo do Município de Santa Luzia do
Itanhy, do qual a autora deste artigo participou como consultora.

Metodologia utilizada
Como metodologia utilizou-se paralelamente no início do trabalho, a pesquisa bibliográfica e
o trabalho de campo. O trabalho in loco foi utilizado como método para entender a dinâmica local do
município de Santa Luzia do Itanhy. Foi destinada uma semana para esta experiência inicial em
campo.

10
O levantamento bibliográfico foi enriquecido por alguns documentos já existentes, gerados
pelo próprio IPTI, quando da realização de projetos anteriores, como o The Human Project, o
“Relatório Final de Indicadores de Impacto” (do Projeto Cultura e Desenvolvimento), o “Relatório de
Linha de Base dos Indicadores de Resultados e Impactos” e outros materiais consultados.
Com o suporte deste material bibliográfico foram identificados 14 coletivos, que
configuraram a chamada “rede de agentes beneficiários do plano”. A saber: Pescadores (Colônia de
pescadores Z3); Agricultores (Sindicato dos trabalhadores rurais); Líderes comunitários; Assentados
rurais; Chefes e integrantes de grupos artísticos (Reisado e Samba de Coco); Associação das Mulheres
do Crasto; Sindicato de professores; Agentes do poder público; Agentes de saúde; Proprietários de
fazendas com interesse histórico (Usina São Félix, Castelo e Antas); Líderes religiosos (pentescostal,
quadrangular, adventista); Representantes/líderes dos povoados Crasto, Rua da Palha, Priapu I e II,
Piçarreira, Feirinha, Cajazeiras, Riacho do Manco, Pedra Furada e Mucambo; Representantes da
Reserva Ambiental da Mata do Crasto; Representantes do trade (donos de restaurante, meios de
transporte, meios de hospedagem).
Para aproximar-nos dos coletivos identificados, foi elaborado um questionário que buscava
identificar, dentre outros aspectos, a qualidade de vida dos agentes; as atividades desenvolvidas
pelos mesmos; aspectos positivos e negativos do local onde viviam; a idéia que possuíam acerca do
cooperativismo e de sua importância; sugestões para melhorar as condições em que viviam; abertura
e predisposição a trabalhar com o turismo e, finalmente, o grau de interesse em participar das
oficinas e a disponibilidade de tempo para participar das mesmas. O questionário serviu de suporte
para a realização de 31 entrevistas semi-dirigidas direcionadas a dois membros de cada um dos
coletivos acima mencionados. 11
Aproveitando a oportunidade de contato com estes atores, a cada entrevistado era entregue
um convite com informações básicas acerca das oficinas, com uma breve descrição do conteúdo
programático, as datas, o horário e o local onde as oficinas aconteceriam.
Como parte da metodologia desenvolvida para esta etapa inicial, uma câmera fotográfica
descartável foi entregue a cada entrevistado. A ele era solicitado que fotografasse três coisas “boas”
e três coisas “ruins”de seu dia a dia. As camêras fotográficas foram recolhidas pela equipe poucos
dias depois de entregues a cada entrevistado. Após reveladas, as fotografias foram utilizadas na
oficina numa dinâmica que pretendia diagnosticar os principais pontos fortes e fracos existentes na
região e que, possivelmente, exerceriam influências diretas ou indiretas no desenvolvimento do
turismo na localidade.

11
Utilizou-se a técnica da “bola de neve” para encontrar os entrevistados ao longo das visitas.
11
Uma vez analisados os dados levantados nesta primeira etapa, teve início o processo de
elaboração dos conteúdos técnicos para as oficinas, que ocorreram ao longo do mês de Abril de 2011
(figura 9). O conteúdo técnico deveria obedecer aos temas propostos no Termo de Referência, que
eram: Turismo e desenvolvimento local; Turismo de base comunitária; Programas e projetos de
turismo (nacional e estadual) relacionados à região turística do projeto; Governança no turismo local;
Iniciativas de sucesso no desenvolvimento turístico local (participativo, cooperado) e organização
local para o desenvolvimento turístico.

Figura 9 - Oficina de Sensibilização/Santa Luzia do Itanhy


Fonte: http://turismo-santaluziadoitanhy.blogspot.com.br/

Para elaboração deste material, utilizou-se, em especial, o conteúdo dos Módulos


Operacionais do Plano de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil e os Cadernos de
Metodologia da Série Turisol / Projeto Bagagem.
Outros agentes contactados que poderiam contribuir para o fortalecimento do plano, foram
o Secretário de Turismo do Estado de Sergipe, o Coordenador do PRODETUR12 Nacional em Sergipe, o
diretor de Meio Ambiente da Sociedade Semear, o coordenador da APA Sul e funcionário da
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado de Sergipe (SEMARH), o Secretário de
Educação e Cultura de Santa Luzia do Itanhy, a Secretária de Turismo, Esporte e Lazer de Santa Luzia
do Itanhy, o Secretário de Turismo e Comunicação Social de Estância e a Secretária de Cultura, Lazer
e Desporto de Estância. Além destes, também foram contactados o Prefeito de Indiaroba, o
Secretário de Turismo de Itaporanga D’Ajuda e um agente comunitário de Terra Caída.
Tendo em vista a proximidade entre os municípios visinhos de Estância, Itaporanga d’Ajuda e
Indiaroba, e a complementariedade dos atrativos neles existentes, definiu-se, como estratégia
metodológica, convidar os três municípios – Indiaroba, Estância e Itaporanga – para integrarem o

12
Programa de Desenvolvimento do Turismo.
12
debate e as discussões relacionadas ao plano. Municípios estes, que fazem parte do Pólo Costa dos
Coqueirais do litoral do estado (figura 10).
Após as oficinas, que aconteceram dos dias 3 a 19 de maio, foi dado um intervalo de
aproximadamente um mês, quando então, no mês de Junho, teve início a etapa de workshops de
roteirizaçao turística nos municípios de Santa Luzia e Estância, que, dos três munícipios convidados,
foi o único que integrou o Plano, participando de todas as etapas previstas para Santa Luzia do
Itanhy.

Diagnósticos participativos e workshops de roteirizaçao


Visando a dar continuidade às etapas de sensibilização e mobilização, avançamos para a
realização das etapas de diagnósticos participativos e workshops de roteirização. Estas etapas
tiveram início no mês de Junho de 2011. A metodologia utilizada considerou as etapas de visitação,
análise e avaliação dos principais atrativos turísticos naturais e culturais que haviam sido apontados
pelos beneficiários do projeto na etapa de sensibilização e mobilização.

13
Figura 10 – Municípios que Intergam o Pólo Costa dos Coqueirais do PRODETUR em Sergipe
Fonte: http://www.se.gov.br

A participação da comunidade local dos municípios de Santa Luzia do Itanhy e de Estância


nos workshops de roteirização era gratuita e não houve nenhum tipo de restrição à entrada de
interesados (figura 11). No caso de Santa Luzia do Itanhy, como a equipe já tínha os contatos dos
beneficiários participantes da etapa de mobilização e sensibilização, teve-se como participantes da
etapa de workshop de roteirização este mesmo público. De forma geral, o público, composto por
aproximadamente 20 pessoas, era formado por agricultores familiares, pescadores, donos de
restaurantes, artesãos, gestores públicos e líderes comunitários em geral. Ao todo, foram destacados
15 atrativos no município de Santa Luzia do Itanhy, que se encontravam distribuídos por quatro
povoados distintos: Pau Torto, Priapu I e II, São José e Crasto.

14
Figura 11 - Workshop de Roteirização no Município Pau Torto
Fonte: http://turismo-santaluziadoitanhy.blogspot.com.br

No caso do município de Estância, que inseriu-se no projeto apenas no mês de Junho, foram
destinados três dias para a realização das etapas de sensibilização e mobilização, que contou com a
participação de aproximadamente 15 agentes beneficiários. Esta etapa seguiu uma dinâmica
semelhante à adotada em Santa Luzia do Itanhy. Outros três dias foram utilizados para os
diagnósticos participativos e os workshops de roteirização. Neste caso, foram visitados os seguintes
atrativos: Mangue do Farnaval; Lagoa dos Tambaquis; Praia do Abaís e Praia do Saco; Bairro Porto
D’Areia; Fábrica Santa Cruz eo Centro Histórico (Igreja Nossa Senhora do Rosário, casarões azulejados
e centro de artesanato).
A ideia dos diagnósticos particiativos, alicercada na visita a cada um dos atrativos levantados
pela comunidade junto com os participantes das oficinas de sensibilização e mobilização, adveio da
metodologia sugerida por Thaise Guzzatti, uma das idealizadoras do Projeto Acolhida na Colonia. 13
No caso deste projeto, que serviu como referência e inspiração para a implantação das etapas iniciais
do Plano de Gestao Participativa do Turismo do municipio de Santa Luzia do Itanhy, cada
empreendimento (pousadas domiciliares e restaurantes) eram visitadas e avaliadas pelos próprios
participantes do projeto catarinense, que assim começavam a ter em vista o que seria necessário
empreender visando ao aperfeicoamento dos serviços prestados ao turista.
Assim, por ordem cronológica, no município de Santa Luzia do Itanhy foram visitados a Mata
Pau Torto; o Restaurante Ponto 100; o Sítio Ebenezer; a Horta comunitária de Priapu; o Restaurante
Dona Rosa (povoado São José); o Engenho São José; o Engenho Antas; a Fazenda São Félix; a Fazenda
Castelo; a Sede de Santa Luzia (Santuário); a Oficina da Associação Cultura em Foco e o povoado
Crasto (Mata Atlântica, ruínas da Igreja do Bonfim, sede do IPTI, restaurantes e passeio de barco).

13
A Associação Acolhida na Colônia originou-se a partir do modelo Accueil Paysan, surgido no sul da Franca nos anos 80, na
região de Grenoble. No Brasil, a experiência de desenvolvimento do agroturismo iniciou-se em 1999, nas encostas da Serra
Geral (Santa Catarina).
15
Para a execução da etapa dosworkshops de roteirização utilizou-se também a ficha de
Avaliação e Hierarquização de Atrativos Turísticos, metodologia sugerida no Módulo Operacional 7
(Programa de Regionalização do Turismo/PRT do Ministério do Turismo/MTur). A ficha classifica os
atrativos em atrativos naturais, atrativos culturais, atividades econômicas, realizações técnicas,
científicas e artísticas e eventos programados. Por meio dela é possível analisar critérios
indispensáveis à roteirização, ligados a cada atrativo, separadamente, tais como: grau de
atratividade, acesso, infraestrutura, representatividade, interesse comunitário e estado da paisagem
circundante.
Levando em consideração esta metodologia, as fichas eram preenchidas conjuntamente
pelos agentes beneficiários que, por meio dos diagnósticos participativos, conheceram todos os
principais atrativos apontados pela equipe. Cada atrativo visitado e avaliado recebia uma nota (de 0 a
3) segundo indicações do Módulo Operacional 7.
A última etapa consistiu em inserir no roteiro apenas os atrativos que obtiveram as maiores
notas atribuídas pelos participantes dos workshops. Trata-se em geral, de atrativos que reúnem
condições de serem visitados imediatamente e/ou num curto prazo de tempo, tendo em vista um
valor baixo e/ou médio de investimento.
Após a sistematização de todas as informações referentes a cada atrativo visitado e avaliado,
adotou-se a Análise SWOT.14 A observação de forças e oportunidades, fraquezas e ameaças, levou à
elaboração de um plano de ações que destacou as iniciativas que deveriam ser tomadas num prazo
curto, médio e longo de tempo, visando à regulamentação e qualificação dos serviços,
equipamentos, mão de obra e infraestrutura que compõem o roteiro elaborado.
No mês de dezembro, foi realizada uma reunião de trabalho em Aracaju para finalização e
fechamento dos documentos referents ao Projeto. O Plano Estratégico, entendido como a
compilação e sistematização de todas as fases do projeto, resultou num relatório final, entregue ao
Ministério do Turismo. Esta reunião serviu para discutir o escopo e iniciar a elaboração de duas novas
propostas, identificadas por meio de editais, que, se forem aprovadas, possibilitarão a
implementação de algumas das atividades previstas no Plano Estratégico para 2012 e 2103.

Considerações Finais
Utilizando a definição de Turismo Comunitário proposta por Bartholo, Sansolo e Burstyn
(2009), entende-se neste artigo, que trata-se de toda forma de organização empresarial sustentada
na propriedade e na autogestão sustentável dos recursos patrimoniais e comunitários, de acordo

14
Ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usada como base para gestão e
planejamento estratégico. Devido a sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário.
16
com as práticas de cooperação e equidade no trabalho e na distribuição dos benefícios gerados pela
prestação de serviços dos serviços turísticos.
Neste tipo de turismo, a dimensão humana e cultural destaca-se como característica distinta,
objetivando, dentre outros, incentivar o diálogo entre iguais e promover encontros interculturais de
qualidade com os visitantes. Dentro de uma perspectiva de economia social, o Turismo de Base
Comunitária mobiliza recursos próprios e valoriza o patrimônio comum com finalidade de gerar
ocupação e meios de vida para seus membros. Respeitando os princípios da empresa comunitária, o
objetivo a ser alcançado não se limita ao lucro nem a apropriação individual dos benefícios gerados,
mas a distribuição equitativa desses, através do investimento em projetos de caráter social ou de
produção.
Como se percebe, esta modalidade contrasta com o padrão convencional do turismo de
massa, cujos pacotes “rígidos” e impessoais obedecem a uma lógica econômica de um retorno
imediato e máximo dos investimentos. Apesar disto, e ao contrário do que pode parecer, algumas
experiências demonstram que o turismo de base comunitária pode beneficiar-se da proximidade de
núcleos turísticos massivos. Contando com uma infraestrutura diferenciada da que o turismo de base
comunitária propõe, estes núcleos podem ampliar a capacidade do TBC atender a diferentes
demandas.
As primeiras experiências de TBC em Sergipe se deram no ano de 2011, ano em que, por
meio de um Convênio firmado entre o IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação) e o
Ministério do Turismo, foi possível realizar as etapas de sensibilização e mobilização e os workshops
de roteirização (diagnósticos participativos). Através das oficinas de sensibilização e mobilização que
aconteceram ao longo do mês de maio/2011, pretendeu-se desenvolver na comunidade a percepção
de suas pontecialidades e valores locais. Ao fim desta etapa, foi possível perceber, na comunidade
local, um aumento do respeito e uma maior valorização da cultura local e do modo de vida simples
que a caracteriza. Aspectos do cotidiano local como a pesca, a agricultura familiar, o artesanato e os
grupos folclóricos, por exemplo, que são o diferencial do lugar, atráves da conscientização e
valorização por parte do morador, podem ser um meio para o desenvolvimentoda atividade turística.
Com a chancela do Ministério do Turismo, o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação,
a secretaria de Turismo do Estado de Sergipe e a prefeitura municipal de Santa Luzia, esperam
darcontinuidade ao Plano de Gestão Participativa do Turismo do Município de Santa Luzia do Itanhy
nos anos de 2012 e 2013. O resultado as ações da equipe do projeto de TBC e o feedback positivo da
população local ao longo de 2011, estão disponíveis no blog <http://turismo-
santaluziadoitanhy.blogspot.com.br>.

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Referências
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