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RESUMO
Este trabalho busca compreender a variabilidade espacial dos solos com base em suas
propriedades geotécnicas. A área de estudo corresponde a uma área com plantio de eucalipto
(fazenda Santa Edwirges), com cerca de 1200 ha, situada no Vale do Paraíba, Sudeste do Brasil.
A propriedade analisada foi a porosidade a partir de 38 pontos amostrais considerando três
diferentes camadas (superficial, 50 cm e 100 cm de profundidade). Para analisar a variabilidade
espacial se utilizou um método estocástico baseado nos princípios da geoestatística constando
da análise de semivariogramas e interpolação de dados por krigagem. Os resultados mostram
que a porosidade dos solos possui características necessárias para defini-la como uma variável
regionalizada nas camadas superficial e a 100 cm de profundidade. Ao contrário, para a
porosidade a 50 cm, observou-se que a distribuição dos valores não permite caracterizá-la com
dependência espacial. Para melhor avaliar esta questão é necessário uma maior quantidade
amostras, com o intuito de se obter uma distribuição mais ampla e mais representativa.
ABSTRACT
The objective of this research was to study the spatial variability of soil physical property based
on geotechnical properties. The area of study corresponds with a planting of eucalyptus area
(Santa Edwirges Farm) comprising 1200 ha, situated in Paraíba’s Valley, southeast Brazil. In
the current stage of the research the property analyzed was the porosity of the soil from 38
sampling points considering three different soil layers (surface, 50 cm and 100 cm). To
investigate the spatial variability we used a stochastic interpolation method based on the
principles of geostatistic, which employs the analysis of semivariograms and kriging
interpolation. Spatial dependence occurred for the variables from the superficial layer and 100
cm soil depth. In contrast, the spatial dependence of the 50 cm depth porosity cannot be
characterized. To confirm this assumption, it is necessary that more samples be evaluated,
obtaining a more comprehensive and more representative distribution.
1. INTRODUÇÃO
Os trabalhos que tentam compreender a variabilidade espacial das propriedades do solo têm
sugerido que estes atributos tendem a apresentar um comportamento pouco previsível e de
características aleatórias. Em face disto surgiu a necessidade de se avaliar a dependência
espacial destes atributos, por um procedimento que incorpore o princípio de variável aleatória
buscando avaliar melhor as incertezas existentes nestes processos.
A geotestatística é a mais conhecida das abordagens estocásticas a qual é baseada na noção que
o padrão interpolado é uma variável aleatória a qual pode ser descrita por um variograma
(Grayson e Bloschl 2001). Neste sentido a geoestatística fornece um conjunto de ferramentas
estatísticas que possibilitam a incorporação de coordenadas temporais e espaciais dos dados
observados (Goovaerts 1999) constituindo-se, portanto, uma importante ferramenta para
detectar a existência da variabilidade e da distribuição espacial das propriedades do solo
(Goovaerts 1999, 2001, Grego e Vieira 2005).
Os objetivos deste trabalho são: (a) determinar se há dependência espacial para a variável
porosidade nos níveis superficial, 50 cm e 100 cm de profundidade; (b) elaborar mapas de
predição que representem a variabilidade da porosidade da região de estudo nas camadas
propostas e; (c) procurar relacionar as características da porosidade para as três camadas do solo
em estudo.
A área da fazenda Santa Edwirges (figura 1) está inserida na bacia do Ribeirão Taboão, situada
no Vale do Paraíba no município de Lorena, Estado de São Paulo. A fazenda tem uma área de
22 km² e nela se encontra parte das nascentes do ribeirão Taboão. Este curso de água é um dos
afluentes da margem direita do rio Paraíba do Sul, o qual nasce nos domínio da Serra da
Mantiqueira, a uma altitude de aproximadamente 1.240 metros até desaguar em meio à planície
aluvionar do rio Paraíba do Sul a 550 metros de altitude, na área urbana do município de
Lorena.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Após a definição da área de estudo (Fazenda Santa Edwirges) e do atributo do solo a ser
analisado (porosidade), o passo seguinte foi estabelecer um banco de dados com 30 amostras
pontuais georreferenciadas. Cada amostra possui, além de suas coordenadas (latitude e
longitude), valores para diferentes parâmetros do solo, como peso específico natural e saturado,
umidade, índice de vazios e densidade dos grãos, em 3 níveis diferentes: na superfície, a 50 e a
100cm de profundidade. Tais parâmetros foram obtidos através de análises realizadas no
Laboratório de Mecânica dos Solos da FEG/UNESP.
Utilizando estes dados deve-se elaborar um mapa parcial de predição do atributo porosidade e
também da predição do erro através da construção de semivariogramas o qual representa uma
ferramenta de medida do grau de dependência espacial entre amostras. Para a sua construção
são usadas simplesmente as diferenças ao quadrado dos valores obtidos, assumindo-se uma
estacionaridade nos incrementos (Landim 2006).
A partir de várias análises, é avaliada a qualidade dos dados disponíveis. Pode-se concluir que a
o banco de dados obtido fornece condições suficientes para a geração de mapas de predição de
qualidade.
O primeiro mapa gerado representa os locais onde ocorrem erro de predição e os diferentes
valores de porosidade. Os valores mais elevados de porosidade correspondem as superfícies
mais escuras observadas no mapa da figura 5. A partir deste mapa se identifica as áreas onde
existem maiores incertezas e permite comparar os valores da porosidade real com a porosidade
estimada.
Alguns autores propõem a análise dos dados através de histogramas, afirmando que para o
ajuste de semivariogramas a normalidade dos dados não é necessária, mas desejável (Folegatti
1996). Caso a distribuição não seja normal, mas seja razoavelmente simétrica, podem-se admitir
as hipóteses necessárias à construção do semivariograma. Entretanto, o histograma só apresenta
a freqüência de algumas faixas de valores da variável, deixando de lado a distância entre as
amostras. Sendo assim, mesmo não sendo de prática comum utilizá-los desta forma, procurou-se
estabelecer relações entre os intervalos de maior freqüência do histograma e a localização das
amostras que compões este intervalo (Figura 7).
Analisando-se os três casos, observa-se que as amostras, tanto na camada superficial quanto
aquela a 100 cm de profundidade, apresentam valores mais semelhantes (em destaque) e estão
relativamente próximas entre si. Contudo, na camada a 50 cm de profundidade, encontram-se
mais remotas, dispersas por toda região.
Para a camada a 50 cm o resultado obtido não pode ser considerado satisfatório o que
impossibilita a geração de mapas de predição a partir do método de interpolação proposto.
Assim, buscou-se encontrar um semivariograma experimental correspondente à camada de solo
superficial e a camada a 100 cm de profundidade através de testes direcionais sobre todas as
amostras tendo-se obtidos os semivariogramas apresentados na Figura 9 (a-d).
(i) A variável porosidade apresentou características necessárias para defini-la como uma
variável regionalizada e, portanto, apresenta uma dependência espacial, na camada
superficial e a 100 cm de profundidade;
(ii) Para a porosidade a 50 cm, notou-se que distribuição dos valores de seu atributo não
permite, a princípio, caracterizá-la com dependência espacial;
(iii) Como em duas das três camadas estudadas apresentaram dependência espacial e, baseado
em estudos encontrados na literatura, conclui-se que a porosidade a 50 cm deve apresentar
dependência espacial, porém para confirmar tal fato, é necessário que mais amostras
sejam retiradas, com o intuito de se obter uma distribuição ampla e que seja mais
representativa;
(iv) Segundo o mapa de previsão de porosidade na camada superficial, a porção sudeste da
área (substrato granítico) apresenta valores de porosidade mais elevados quando
comparados com o restante das amostras analisadas. Em contraste, considerando-se o
mapa a 100 cm de profundidade, a região norte (substrato gnáissico) apresenta valores de
porosidade muito elevados. Neste estágio da pesquisa se busca avaliar melhor a relação
existente entre os processos geológico-geomorfológico e a variação espacial da
porosidade.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS