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Tarantino
Fonte: cinema.uol.com.br 11/10/2013
O cineasta Quentin Tarantino revelou nesta sextafeira (11) que tem
medo de dirigir um filme sobre um 'serial killer', já que a produção
revelaria seu lado doentio, e disse que procura reinventar os gêneros
cinematográficos a cada novo filme.
"O planeta Terra não poderia lidar com meu filme de serial killer",
afirmou o diretor americano, que tem um longo histórico de filmes
ultraviolentos, de "Cães de Aluguel" (1992) e "Pulp Fiction" (1995) até o
mais recente "Django Livre".
"Pulp Fiction" e "Django" renderam ao diretor de 50 anos o Oscar de
roteiro original.
Tarantino também o autor do argumento de "Assassinos por Natureza",
dirigido por Oliver Stone, mas renega o filme.
"Eu odeio este maldito filme. Se você gosta das minhas coisas, não
assista este filme", disse.
Tarantino fez uma visita surpresa o Festival de Cinema de Busan, na
Coreia do Sul.
Ele subiu ao palco ao lado do diretor coreano Bong Joonho e participou
de um debate de uma hora, diante de 1.500 fãs.
Em uma conversa franca e bemhumorada, o cineasta explicou os
motivos para mudar de gênero ao longo da carreira, indo do faroeste ao
filme de guerra.
"Quando eu faço um filme, espero um pouco reinventar o gênero", disse
Tarantino.
"Eu apenas faço do meu jeito. Eu faço minha pequena versão Quentin
deles".
"Eu me considero um estudante de cinema. É quase como se eu
estivesse indo para minha aula de cinema e, no dia em que eu morrer,
será o dia que me formarei. É estudo para a vida toda".
Tarantino fez muitos elogios a Bong, diretor do thriller apocalíptico
"Expresso do Amanhã" ("Snowpiercer"), que arrecadou 60 milhões de
dólares na Coreia do Sul e será lançado em todo o mundo.
"Bong tem aquilo que o (Steven) Spielberg dos anos 70 tinha, de contar
muitos tipos diferentes de história, mas sempre com um nível de
comédia e entretenimento", disse.
O diretor também elogiou "O Hospedeiro", filme de 2006 do diretor
sulcoreano sobre um monstro tóxico, que para Tarantino tem
"momentos humanos maravilhosos".
A História do Western: Conheça o gênero que Tarantino resgata em
Django Livre
Fonte:
http://www.cineclick.com.br
15/01/2013
Armado? Não? Então preparese, caubói, e explore conosco um dos
gêneros mais férteis do cinema: o western. Surgido como um subgênero
do filme histórico, o faroeste, como também é conhecido, contou de
maneira romanceada a história da conquista do Oeste dos EUA e foi,
durante décadas, o maior representante da produção cinematográfica
norteamericana. Surgiu ainda na época do cinema mudo e seguiu
impávido até os anos 60. Na década seguinte, graças a algumas
modificações estruturais, ganhou sobrevida, perdendo fôlego com a
proximidade dos anos 80.
A conquista do Oeste por milhares de aventureiros em busca de riqueza
ou, na pior das hipóteses, uma vida melhor, faz parte da história
estadunidense e foi retratada em diversos filmes. A maioria dessas
produções, feitas antes de 1950, procurava legitimar a conquista dos
territórios ocupados pelos indígenas, retratandoos como selvagens
impiedosos, bárbaros que precisavam ser pacificados. A intenção era
validar a atitude dos conquistadores e, por isso, era comum exagerarem
na agressividade e selvageria das tribos. Na verdade, como se sabe
hoje, a história era outra. Com raras exceções, os índios fugiam do
combate e suas técnicas de guerra eram rudimentares diante do poderio
dos invasores. Sem contar que as doenças levadas pelos brancos eram,
por si só, uma arma bem eficaz. A vida dos índios era bem diferente da
retratada em filmes como No Tempo das Diligências (1939) e Sangue
de Heróis (1948), de John Ford, Rio da Aventura (1962), de Howard
Hawks, ou Os Comancheiros (1962), de Michael Curtiz; produções que
ajudaram a fixar uma imagem deturpada dos indígenas.
Foi só a partir de meados da década de 50 que se deu uma ruptura com
o western clássico, que tratava o índio como um estranho em sua
própria terra. Dois cineastas tiveram papel de destaque nesse
movimento: Anthony Man e Delmer Daves. São deles os filmes
emblemáticos desse período: O Caminho do Diabo (1950), de Man, e
Flechas de Fogo (1954), de Daves. Outras obras que merecem ser
citadas como contestadoras são O Último Bravo (1954), de Robert
Aldrich, e Renegando o meu Sangue (1957), de Samuel Fuller. Nelas,
os índios deixam de ser ridicularizados ou tratados como selvagens
impiedosos e sem alma.
Onde a ficção vale mais que a realidade
Ainda assim, boa parte dos faroestes dessa época passou longe da
realidade histórica. O público de então estava pouco interessado se o
que via na tela era verdade ou não. Essa atitude ajudou a moldar o
lendário Velho Oeste: sempre maniqueísta, tendo como tema central o
conflito entre lei e desordem, honestidade e corrupção, honra e falta de
escrúpulos. Surgiram as cidades violentas, os saloons – lugares de
desavenças , os acertos de contas pessoais e os duelos nos quais se
disputava quem era o mais rápido. Um retrato distante do verdadeiro
Oeste, onde os pistoleiros não costumavam perder seu tempo em
disputas preferindo matar seus desafetos em emboscadas ou pelas
costas , onde as prostitutas, longe de serem bonitas e bem asseadas
com as estrelas de cinema, eram em geral prostitutas desdentadas e
doentes. Nas telas, claro, prevaleceu o romântico Oeste de filmes como
Paixão dos Fortes (1946), de John Ford, uma das muitas produções
feitas sobre o lendário xerife Wyatt Earp e o famoso duelo do curral OK.;
Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann, Onde Começa o Inferno (1959),
de Howard Hawks, e sucessos como Sete Homens e um Destino
(1960), John Sturges.
O Western Spaguetti
No início dos anos 60, surgiu na Itália uma nova faceta do gênero, o
spaghetti. Diferente dos faroestes americanos, as produções italianas
exploravam mais a violência. O sangue jorrava das feridas, os caubóis
elegantes davam lugar a homens sujos e com a barba por fazer. Mas
não se engane, a verossimilhança para por aí. Em matéria de enredo,
os spaghetti westerns costumavam beirar o cômico. Eram comuns
sequências na qual um pistoleiro, sozinho, liquidava seis oponentes de
uma vez. Ou então arrancavamlhes as armas das mãos com tiros
certeiros e improváveis. A primeira produção do gênero foi O Dólar
Furado (1962), de Giorgio Ferroni. No filme, um exprisioneiro de guerra
(Giuliano Gema) é salvo de um tiro fatal por uma moeda de dólar.
Recuperado, parte em busca de vingança.
Mas foi com Sergio Leone, considerado o pai do spaghetti, que o
subgênero ganhou renome internacional. Leone dirigiu uma trilogia hoje
considerada clássica: Por um Punhado de Dólares (1964), Por uns
Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966), todos
protagonizados por Clint Eastwood, ilustre desconhecido na época. A
inventividade do diretor aliada à marcante trilha sonora de Ennio
Morricone fizeram dos filmes grandes sucessos, que superaram todos
os recordes de bilheteria dos faroestes feitos até então. Eastwood, cuja
a carreira não decolava nos EUA, se alçou a posição de astro
internacional. Em 1968, já famoso, Leone dirigiu o que hoje é
considerado um dos grandes westerns de todos os tempos: Era Uma
Vez no Oeste, estrelado por Henry Fonda e Charles Bronson, dois
atores com quem o cineasta sempre quis atrabalhar. O filme conta em
seu final com a cena de duelo tida com a mais bem dirigida da história
do cinema.
Os americanos, que de repente perderam a hegemonia do gênero, só
deram a volta por cima em 1969, com o lançamento de Meu Ódio Será
Tua Herança, de Sam Peckinpah, símbolo de uma nova fase na
produção do país e sucesso de crítica e público.
A época áurea dos spaghetti westerns durou pouco, mas seu estilo
inconfundível permanece vivo na memória dos fãs até hoje. O gênero
também influenciou diretores anos depois, como o mexicano Roberto
Rodriguez, que em 1992 dirigiu El Mariachi, faroeste ambientado nos
anos 90. A produção chamou tanto a atenção que convidaram
Rodriguez a fazer uma versão mais caprichada, A Balada do Pistoleiro
(1995), com Antonio Banderas e Salma Hayek nos papéis principais. No
filme, como nos clássicos spaghetti westerns, Rodriguez usa e abusa
das situações inverossímeis, dos duelos impossíveis e de clichês do
gênero.
O crepúsculo de um gênero
O western hoje não é mais um gênero com produção continuada. A
fórmula que fez seu sucesso a criação de uma ficção em cima de um
fato histórico – foi, curiosamente, a causa de seu fim, quando começou
a ser acusado de deturpar a História. Em meados dos anos 80, teve
início uma tentativa de ressuscitar o gênero, com o lançamento de
filmes como Silverado (1985), Os Jovens Pistoleiros (1988), Jovens
Demais para Morrer (1990), Wyatt Earp, Tombstone e Quatro Mulheres
e Um Destino, todos de 1994. A produção caprichada, o elenco de
estrelas e a exploração de velhos clichês não foram o bastante para
fazer o western decolar novamente. Mas nem tudo foi em vão. Nessa
época, o público foi presenteado com os excelentes Dança com Lobos
(1990) e Os Imperdoáveis (1994), ambos vencedores do Oscar de
Melhor Filme. Antes deles, apenas um faroeste havia sido premiado na
categoria: Cimarron (1931), de Wesley Ruggles.
Mesmo ultrapassado, o gênero mostra que ainda tem força. Em 2010, a
refilmagem de Bravura Indômita, cujo original de 1969 foi estrelado pela
lenda John Wyane, arrasou nas bilheterias e deu aos irmãos Coen a
maior arrecadação de suas carreiras. Este ano, com o lançamento de
Django Livre, de Quentin Tarantino, um legítimo western volta a figurar
entre os candidatos ao Oscar de Melhor Filme.