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Nome da escola

Aluno ______________________________________ N.º ________


Turma ______________________________________ Data ________

1. A Joana disse:
— Quando for grande, quero ser piloto de avião.
Assinala a frase correspondente no discurso indireto.

(A) A Joana disse que quando for grande, quer ser piloto de avião.
(B) A Joana disse que se fosse grande queria ser piloto de avião.
(C) A Joana disse que quando for grande, queria ser piloto de avião.
(D) A Joana disse que quando fosse grande queria pilotar um avião.

2. Lê atentamente o conto "História do Burro com Rabo de Légua e Meia".

Do 6.º ao 11.º parágrafos são usados vários verbos introdutores do relato do discurso. Coloca-as pela
ordem em que aparecem.
Consultar anexo1.

Indica o número correspondente à posição de cada elemento a ordenar.

___ "exclamou"
___ "bradava"
___ "perguntou"
___ "adiantou-se"

3. Completa a frase com as opções corretas, de modo a escrever a frase apresentada no discurso
indireto.
– Amanhã vou ao hospital com o Miguel. – disse o Ricardo.

O Ricardo __________ ____________ ______ ao hospital com o Miguel no dia ________________.


Opções:

Espaço 1 - perguntou, foi, disse


Espaço 2 - que, se, quando
Espaço 3 - foi, vai, ia
Espaço 4 - anterior, seguinte, depois

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Anexo 1

História do Burro com Rabo de Légua e Meia

Era uma vez um burro, verdadeiramente cor de burro a fugir, rijo de cascos, fino de orelha, boa boca,
com uma malha arruçada na testa que lembrava o malmequer e a estrela-do-mar. O dono, moleiro exacto
na maquia, trazia-o muito bem tratado, pois não havia melhor para carregar as taleigas1. O meritório2 e
guapo3 burrico tinha, porém, um defeito, um enorme defeito. Não era teimoso como um burro, o que
estava na ordem natural das coisas, nem como dois burros, nem ainda como dez, mas como cem burros a
um tempo.
Ora, à beira do rio Minho, o que se chama à beirinha, possuía o moleiro um
campo para onde costumava soltar o jerico4 a pastar. A erva era tenra, bem medrada5 e verde verdinha;
crescia onde devia crescer e também nas margens, tão rente6 à água, que a corrente a afagava e
anediava7 como a cabeleira desatada. O jumento, que era guloso, olhava para essas touceiras8 meio
aquáticas, morto por lhes chegar o dente. Mas sempre que ia a estender para lá o pescoço, o moleiro,
como se não fizesse outra coisa senão estar a vigiá-lo, com a mão em cutelo dava-lhe nas orelhas para
trás. E lá escapavam as ricas ervas!
Ora sucedeu vir um sol muito forte e crestar9 regadas e pastios. Quando o burro do moleiro chegou
ao seu caminho, não encontrou fêvera com que entreter o apetite. Louvores ao Pai dos Bichos, lá estava
ao fio da corrente a erva dos seus pecados! Mais fresca nem um sorvete. E naquela hora, com o moleiro
distraído dali, fácil foi à sua teima e sua gula vencerem. E eis que avança uma pata, estica a cachaceira,
alonga-se um pouco, alonga-se mais... abre a dentuça a ceifar umas repas da erva. Mas a perna começa a
afundar-se pela terra dentro e afocinha10. Estava em risco de vida, mas não zurrou. O burro morre mas
não zurra. O dono, que chegou à porta da azenha11, deu conta do brequefesta12. E correndo a segurar o
jumento pelo rabo, gritou como um possesso por socorro.
Acudiu gente, muita e vária gente, o Fagulha alfaiate, os carabineiros13 de Espanha, os guardas-
fiscais portugueses. Agarraram-se ao rabo e eram mais de trinta.
Puxa que puxa, o dito rabo foi estendendo, estirando-se, a pontos que dava a ideia de fita métrica ao
desenrolar.
- Com seiscentos moscardos! - exclamou o «Cinco Minutos». - Não é rabo, é um cabo submarino.
Quando apanharam o burro em terra, salvo mas com aquele fenomenal apêndice, benzeram-se. Anjo
bento, nunca tal se vira!
Uns galhofavam, outros quedavam14 mudos de todo com o prodígio15. O dono, esse, estava deveras
encavacado.
- E que vou eu fazer duma alimária16 assim? - bradava o moleiro.
- Quer vomecê alugar-me o burro? - adiantou-se a dizer um homem alto, escanifrado17, com
pelagem rala no queixo, descalço e em mangas de camisa.
- Para quê, Bacelar? Para que te pode servir este nojo de burro?... - perguntou o moleiro com voz
chorada.
- Para tirar água do meu poço. A cegonha não alcança. Tenho a horta a morrer à sede.
O moleiro aceitou de braços abertos e de contrato se lavrou escritura pública. E a horta do Bacelar
em breves dias arrebitava, muito mimosinha de tudo e à farta. Couves, cenouras, rábanos, alhos-porros e
alhos só alhos cresciam ali que era um louvar. Tudo tem fim debaixo da rosa do Sol. Tilintaram as
primeiras gotas de chuva outoniça e o burro foi licenciado consoante estava previsto em tabelião18. Era
tempo: mal se sustinha nas pernas; a cauda, essa, crescera ainda mais.

O moleiro Aniceto, para que o burro se retemperasse do esfalfamento19, passou a soltá-lo todas as
manhãs, mal nascia o Sol. Ia ele por logradoiros20 e caminhos, ripando a fevrinha de erva onde a havia,
mas o seu paradeiro favorito eram os taludes21 das fortificações da antiga praça. Ali medrava a mais tenra
e viçosa das ervas. Se arriscava pé na avenida, saltava-lhe a garotada para cima do rabo, divertindo-se a
ver-se levada nos tapetes rolantes que há em certas estações de caminho-de-ferro.
Com tão más andanças e a febre proveniente das más andanças, o burro não engordava. O moleiro
coçou a nuca e lembrou-se de exibi-lo por feiras e romarias, em local vedado, a tanto por cabeça. Um
jornalista do forjara uma tabuleta: «jimento com rabo de légua e meia».
Fora na feira grande de Barcelos a primeira exibição. Foi um sucesso; os tostões choviam como
granizo no Inverno. Quis, porém, o Diabo que o local se enchesse e um dos aficionados22beliscasse o rabo
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do burro. E logo este, ferido em sua dignidade de figurante, mandou tal coice aos queixos do patusco que
lhos pôs num feixe. E, atrás deste coice, outros se seguiram, tão feros e exaltados, que não faria mais
destroço peça de artilharia que para ali assestassem23. Houve contusões, cabeças rachadas, pontos na
farmácia.

O moleiro entrou em Viseu, estava a feira franca no seu início. Pediu licença para exibir o rabo
fantástico e licença lhe foi dada. A barraca esteve sempre à cunha; e viram-se obrigados os demais
feirantes a conspirar contra o raiano dos diabos. Bastou-lhes fazer correr voz de que o rabo do burro era
de lona para o mesmo beirão levantar tal escarcéu24, beliscando, atenazando a cauda do animal que este,
melhor do que em Barcelos, disparou tanta parelha à direita e à esquerda sobre velho, novo e mulher, que
ia sendo ali o dia de juízo. Desmoronou-se a barraca e o burro e o moleiro tiveram de sair confusos e
contusos debaixo dos destroços.
Adiante Aniceto encontrou o senhor Santos, regente das Obras Públicas, mais um piquete de
apontadores e cantoneiros, em grande embaraço porque nenhum deles levara instrumento com que
quilometrar a estrada. Quando surgiu o jerico, a ideia luminosa brotou como não podia deixar de ser no
cérebro atilado25 do engenheiro. Pois se o rabo media X, segundo era notório, podia adoptar-se o rabo
como medida. Côvado, metro, vara, toesa, rabo do burro, tudo eram medidas com a sua equivalência. E
utilizou-se para medir aquela estrada o dito rabo.

Com alguns dinheiros e grandes esperanças meteu o Aniceto moleiro mais o prodigioso onagro26 a
caminho da capital. Como bom minhoto, tratou de explorar os lugares por onde passava; em Coimbra,
porém, foi-lhe notificado que não havia praça disponível em Santarém. O moleiro, tendo interesse em que
o rabo passasse despercebido chegou a enrolá-lo sobre os lombos do animal. Mas foi pior a emenda que o
soneto; lembrava uma torre ambulante. Corriam a admirá-la das aldeias e almuinhas27. Teve que deitá-la
ao chão.

Chegaram às portas de Lisboa por uma manhã tão radiosa e azul que o moleiro julgou, por se tratar
de cidade de tanta maravilha, que o céu estava forrado de cetim azul como os presépios. As peixeiras
pregoavam o carapau e as vozes eram bonitas e claras como só poderiam ser as das sereias.
Aniceto acolheu-se à estalagem que um patrício seu. Mas logo na manhã seguinte lhe batia à porta a
polícia.
— Que deseja a polícia deste pobre de Valença do Minho? — disse o moleiro.
— Está intimado a comparecer com o jumento no Terreiro do Paço, Cais das Colunas, hoje, pelas
duas horas da tarde.
— Para quê, se não queda mal perguntar? — tornou Aniceto.
— Lá lhe dirão. Nós cumprimos «ordes».
À hora própria estava o burrico no sítio aprazado. Uma praça da marinha dispôs o animal acima da
escadaria, verificou que estava rijo de perna, sem alifafes28 nem mata-dura29 que lhe prejudicasse a
resistência, depois pegou-lhe na ponta do rabo e embarcou com ela num escaler30. Navegou até um barco
guarda-costas. Prendeu-o à proa e volveu a terra. O moleiro seguira toda esta rápida e interessante
manobra sem compreender, de olhos arregalados. Estava ali ao serviço da capitania que, por deplorável
olvido31, não dispunha de bóia. Em vez da bóia, o burro oferecia a amarra do seu rabo ao
galhardo32 navio.

Do Arsenal saiu finalmente a bóia nova e o burro foi dispensado do honroso papel. E mais uma vez
moleiro e burro se viram atormentados pelo desemprego. Em busca de ocupação, aconteceu certo dia ao
Aniceto passar pelo Calhariz e fazer-lhe espécie um magote de gente à volta dum buraco negro. Uns
tantos engenheiros, metidos na cabina que ali há cavada no chão, discutiam, praguejavam, suavam à
volta com os maquinismos do ascensor que encravara mais uma vez no caminho. O moleiro ouviu a
história. E chegando-se a um cavalheiro gordo e calvo, que lançava olhares furibundos e devia ser o chefe
pelo respeito que lhe guardavam, disse:
— Ó meu senhor, eu nunca fiz estudos, mas tenho meio de pôr a carrinha a andar...
— Hem?...
— Sim, senhor. Pelo que ouvi dizer gastam aqui um dinheirão com «inlectricidade» e ainda para mais
sucedem-Ihe estes desmanchos que levam a gente a habituar-se a andar à pata, com o que chega mais
depressa e sem perigo... se bem percebi...
— Percebeu, sim, por desgraça nossa!
— Pois não valia mais terem aqui coisa certa, que se soubesse o que era, obedecesse à mão, não
falseasse, do que essa tal maldita «inlectricidade»?
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— E então?
— Então, nesta casinha que aí está porque não hão-de plantar o meu burro, alugando-me já se deixa
ver, que é bicho para fazer a manobra toda à perfeição? Eh, não sabe que sou o dono do burro que esteve
a segurar o navio no Tejo? Tem comprimento no rabo para tudo...
Os senhores engenheiros riram-se da ideia do mágico. E o senhor calvo mandou buscar o burro. Veio
o burro e desde logo começaram os mais entendidos a estudar a adaptabilidade do rabo estupendo à
engenhoca. E assentaram nisto: o rabo enrolava-se e desenrolava-se sobre uma bobina horizontal
colocada no alto da Bica. Desenrolava-se, descia a carrinha, como lhe chamava o moleiro, até à porta, na
Rua de São Paulo; enrolava-se e aí subia felizmente ela até alturas da Caixa Geral de Depósitos.
Não custava mais que meio alqueire33 de cevada por dia e um cântaro de água da Companhia, afora
o aluguel, que o Aniceto não era peco34 a pedir.
Ali esteve por muito tempo o burro a contento do bairro e de modo quase geral do lisboeta e dos
estrangeiros.
Mas, fosse como fosse, o burro devia fazer bom serviço, que se via o Aniceto pela Baixa, pelo Chiado,
de charuto nos dentes, bengala na mão enluvada, sinal de quem goza os rendimentos.

1
taleigas - sacos
2
meritório - louvável
3
guapo - bonito
4
jerico - burro
5
medrada - crescida, desenvolvida
6
rente - perto
7
anediava - amaciava
8
touceiras - ervas que saem especialmente da base da planta
9
crestar - queimar
10
afocinha - cai na direcção do focinho
11
azenha - moinho movido a água
12
brequefesta - barulho
13
carabineiros - guardas de alfândega espanhola
14
quedavam - paravam
15
prodígio - coisa surpreendente
16
alimária - animal
17
escanifrado - escanzelado
18
tabelião - notário
19
esfalfamento - cansaço
20
logradoiros - terrenos públicos para pastagem de gados
21
taludes - terrenos com forte declive
22
aficionados - interessados
23
assestassem - apontassem
24
escarcéu - barulho
25
atilado - perspicaz
26
onagro - bicho
27
almuinhas - pequenas propriedades
28
alifafes - tumores nas articulações das patas
29
mata-dura - ferida causada pelo roçar dos arreios no animal
30
escaler - barco
31
olvido - esquecimento
32
galhardo - castelo da proa ou da popa
33
alqueire - unidade de medida de capacidade para secos e líquidos, que varia entre 13 e 22 litros
34
peco - estúpido

RIBEIRO, Aquilino, "História do Burro com Rabo de Légua e Meia", in Arca de Noé, III Classe, Lisboa, Bertrand Editora, 1989.
(Fragmento com supressões)

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Solução do teste

1. (D)
2. 1; 2; 4; 3
3. disse; que; ia; seguinte

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