O Realismo surgiu na França, entre 1830 e 1840, e lá prevaleceu até 1880, intervalo de tempo em que se espalhou pelo restante da Europa e pelos outros continentes. Teve influência das transformações sociais que aconteceram, tanto na economia, quanto na política e na ciência. Era a segunda fase da Revolução Industrial, onde predominava no pensamento do povo um desejo eufórico pelo progresso material, inspirado, provavelmente, pelas grandes e inúmeras invenções que surgiam.
Na pintura (e artes plásticas em geral), o realismo
assumiu características semelhantes as que se sobressaíram na literatura. Tendo surgido na segunda metade do século XIX, na França, o realismo trazia artistas preocupados com a realidade social de sua época, fato que influenciava seu fazer artístico e resultou na produção de diversas pinturas que traziam reflexões sociais e políticas. Um dos marcos iniciais foi a obra “Enterro de Ornans”, de Gustave Courbet, datada do ano de 1849. “Enterro de Ornans” (1849), de Gustave Courbet. Devido à realidade social já exposta, vivia-se uma fase de alta taxa de desemprego, e as pessoas tinham até dificuldade para sobreviver. Os operários, motivados pelo socialismo, organizavam-se politicamente através de movimentos trabalhistas, e aqueles artistas que concordavam com tais ideias eram perseguidos e presos. Houve, pois, uma efervescência na cultura, surgindo várias correntes filosóficas. Os artistas sentiam necessidade de mudar a sociedade através da criação de uma arte engajada, adaptada à nova realidade: o intuito era retratar a realidade do modo mais objetivo e realista possível, e foi assim que as pinturas se manifestaram. O movimento combatia toda forma e manifestação românticas ou idealizadas de ver a realidade, retratava em suas pinturas cenas da vida moderna, dos problemas, das classes sociais, das desigualdades sociais, da condição humana, da revolução industrial. Inspirava-se na realidade concreta, e a detalhava através da arte. Havia uma tendência ao realismo histórico, de gênero e paisagístico. A figura humana era representada de forma real, e não ideal. Os temas recorrentes eram a paisagem, o retrato e os autorretratos, as cores eram sólidas e opacas. Os pintores realistas acreditavam que não caberia ao artista tentar “melhorar” a natureza, pois sua beleza estaria na realidade, tal qual se apresenta. Após o esboço, detalhavam seu quatro de forma cuidadosa, o que resultava em uma fotografia nítida, concreta e sólida da realidade. I) Características gerais
Caracterizou-se pela: reação à fuga da
realidade provocada pelo Romantismo surgiu com base no cientificismo e no industrialismo decorrentes da segunda fase da Revolução Industrial, que se propagava pela Europa. O movimento foi marcado pela representação da realidade objetiva de coisas e/ou pessoas, com um certo domínio da natureza, reflexo dos conhecimentos técnicos e científicos da sociedade industrial da época, bem como por uma observação empírica da natureza. Pelo fato de ser considerado um “retorno” à realidade, ao materialismo, o Realismo esqueceu a emotividade humana, característica marcante do Romantismo, movimento ao qual se opôs, havendo um embate entre a subjetividade romântica e a objetividade realista. II) Pintura. Deixando de lado temas mitológicos, bíblicos, históricos ou literários, o Realismo teve como objetivo a criação da realidade imediata e não imaginada. Esta volta ao real deu aos artistas, como consequência, a politização. Seu desenvolvimento artístico deu origem a uma manifestação artística: o Impressionismo. Gustave Courbet (1819 - 1877) é considerado o criador do realismo social na pintura. Sua carreira artística teve início como pintor do Romantismo, mas após as Revoluções Burguesas do século XIX sentiu que a importância dada à temática romântica era como uma fuga à realidade da época. Entre suas obras, destacam-se Moças peneirando o trigo e Os Quebradores de Pedra. O Homem do Cachimbo, Gustave Courbet (1819 - 1877). O atelier do Pintor, Gustave Courbet. Os quebradores de pedras, Gustave Courbet. Pobres recolhendo carvão de uma mina exaurida (1894). Nikolai Kasatkin. Moinho de ferro (1873). Adolph Menzel. III) Arquitetura. Ao tentarem adaptar-se ao novo contexto social, os arquitetos realistas procuraram adequar as construções às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização das cidades, que não exigiam mais palácios ou templos, e sim construções simples e funcionais, elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para os mais ricos. IV) Escultura. Uma manifestação dentro do Realismo que não seguiu à risca suas premissas foi a escultura, que não era fiel à idealização da realidade, e sim a uma recriação dos seres tais como eles são. A escultura realista, muitas vezes, assumia uma intenção política em suas obras. Um dos maiores escultores, sem dúvida, foi Auguste Rodin (1840-1917), cujas obras despertam várias polêmicas. Até os nossos dias, existe uma discussão quanto à sua classificação: alguns autores o consideram realista e outros o consideram impressionista. Na escultura, os escultores, assim como os pintores, preferem temas contemporâneos. Animam-se de intenções políticas e de propósitos doutrinários. Procuram fazer uma escultura social, ao enaltecer os aspectos realistas. Na escultura, o grande representante realista foi Auguste Rodin (1840- 1917), dono de um estilo feito de naturalismo e passionalismo. Era grande admirador de Donatello e Michelangelo, no primeiro apreciava os aspectos naturalísticos e, no segundo, a dramaticidade. O escultor não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano. Para Duílio Battistoni Filho "é difícil julgar Rodin, pois suas obras mais significativas como O Beijo, O Pensador e Balzac, apresentam sugestões patéticas góticas, a luminosidade dos impressionistas e a "foi um escultor que sobriedade dos gregos". Em resumo: valorizou as sensações imediatas“. São João pregando, de Auguste Rodin (1840 – 1917). O Beijo, de Auguste Rodin (1840 – 1917). O Pensador, de Auguste Rodin (1840 – 1917). Os Burgueses de Calais (Auguste Rodin). Balzac
(Auguste Rodin) Bibliografia:
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara, 1978. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Perspectiva. 2010. http://www.infoescola.com/movimentos- artisticos/realismo-na-pintura/ (acesso em 26/04/2016). http://www.historiadasartes.com/nomundo/arte- seculo-19/romantismo/ (acesso em 10/04/2016).