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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - CCJ


DIREITO CIVIL - PARTE GERAL II

1-) Antonio Junqueira de Azevedo indica a existência de “dois grandes campos em que, hoje,
na concepção do negócio jurídico, se biparte a doutrina”​. Trata-se das definições pela
gênese, ou voluntaristas,​ e das definições ​pela função, ou objetivas​. Explique,
resumidamente, cada uma delas.

Para os voluntaristas o negócio jurídico é um ato de vontade, destinado a produzir


efeitos jurídicos com fins tutelados pelo ordenamento jurídico. Muitas vezes, é chamado de
ato jurídico, o que gera uma das suas principais críticas: existem atos lícitos que não são
negociáveis, que se distanciam da “simples vontade”, porém, esses também visam produzir
efeitos jurídicos. Basicamente, a crítica existe na tentativa de demonstrar que a vontade não é
um dos elemento principais para que se dê a existência de um negócio jurídico, mesmo que
essa vontade possa influenciar a validade do mesmo.
Já os objetivistas adotam a 'teoria da declaração', dando maior grau de importância à
declaração objetiva, ao invés da vontade (subjetiva). Dessa forma, tem-se o negócio jurídico
como um meio, se originando do ordenamento jurídico para a produção de efeitos jurídicos.
Os objetivistas enxergam o negócio jurídico como um comando criador de Direito, ou seja,
não define sanções, mas condutas, não sendo, portanto, norma jurídica autônoma. Essa visão
é fruto da 'teoria preceptiva', defendida por eles. No entanto, de acordo com o autor, o
negócio jurídico é uma relação jurídica que não deverá ter valor normativo, porque ela é
resultante de uma norma. O negócio jurídico, dessa forma, não pode originar preceitos
jurídicos, apenas relações jurídicas.

2-) ​Quanto às definições pela gênese, explique o exemplo do caçador (CC/16, Art. 595),
citado pelo autor. Como o autor utiliza esse exemplo para criticar a referida concepção de
negócio jurídico.
Ao realizar uma crítica ao conceito de negócio jurídico proposta pela definição
voluntarista, o autor aponta que por vezes, tal visão abrange mais do que o definido. A partir
do entendimento de que o negócio jurídico é um ato de vontade que tem por objetivo a
realização de efeitos práticos e/ou jurídicos, casos concretos que notoriamente não poderiam
ser classificados como tal, acabam sendo abarcados por essa definição. É nesse sentido que
Junqueira de Azevedo apresenta o exemplo do caçador que, conhecedor do direito positivo,
atira contra um animal para fazer valer o art. 595 CC e para tornar-se proprietário dele.
Analisando o caso à luz da definição voluntarista de negócio jurídico, o ato do caçador
poderia ser classificado enquanto negócio jurídico, quando na verdade se está diante de um
ato lícito que visa produzir efeitos, mas que não é um negócio jurídico inclusive porque os
efeitos desse ato são ex-lege, ou seja, previstos pelo ordenamento.

3-) Para Antonio Junqueira de Azevedo, a concepção objetiva apresenta “defeitos lógicos”,
afirmando que “ficam, por exemplo, fora das definições preceptivas, que, assim, não
abrangem todo o definido, os negócios nulos”. Explique essa afirmação e a crítica que o
autor faz à teoria.
Na afirmação o autor destaca a contradição presente na teoria objetiva que, ao tomar o
negócio jurídico como norma de maneira puramente artificial, acaba por não contemplar
todos os aspectos deste, como no exemplo citado o negócio jurídico nulo. É possível afirmar
que, logicamente, este negócio, por estar em completa dissonância com o ordenamento não
pode ser considerado fonte de preceito jurídico. Desta situação decorrem duas possibilidades:
a desclassificação do NJ nulo como negócio jurídico, o que conflitaria com toda a ordem
normativa existente ou a admissão de que o negócio jurídico ​per se ​não pode ser tomado
como fonte de norma, evidenciando a contradição na teoria objetiva.
Para desenvolver este raciocínio Junqueira sustenta que até partidários da teoria
preceptiva, como Betti, reconhecem que se o negócio jurídico decorre da norma ele não pode
em si ser considerado uma fonte de preceito jurídico, apenas criador de efeitos jurídicos,
efeitos estes de alcance meramente ​inter partes.

4-)​ Segundo o autor, há casos de negócios ilícitos? Explique


Em geral, o negócio jurídico é um ato lícito. No entanto, se a caracterização, usada
pela legislação e pela doutrina, do negócio jurídico o tem como um ato lícito, essa
caracterização não é a rigor correta. Licitude e ilicitude são qualificações dadas a certos fatos
jurídicos conforme eles são aprovados ou reprovados pelo ordenamento, portanto é um erro
que a licitude possa ser considerada uma característica do negócio jurídico. A qualificação
dada a um fato não pode ser parte da estrutura, já que a classificação é extrínseca a
composição do fato.
Portanto, para Junqueira, há sim casos de negócios ilícitos. Negócios que são atos
ilícitos, delitos, crimes. E muitos negócios são crimes, Junqueira exemplifica com: a compra,
venda ou locação de objetos, estampas, pinturas, obscenas; o segundo casamento de um
bígamo; e compra, venda ou empréstimo de entorpecentes, são todos casos ilícitos, embora
possam ser nulos. Há também, casos de negócios jurídicos válidos que são ilícitos.

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