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1-) Antonio Junqueira de Azevedo indica a existência de “dois grandes campos em que, hoje,
na concepção do negócio jurídico, se biparte a doutrina”. Trata-se das definições pela
gênese, ou voluntaristas, e das definições pela função, ou objetivas. Explique,
resumidamente, cada uma delas.
2-) Quanto às definições pela gênese, explique o exemplo do caçador (CC/16, Art. 595),
citado pelo autor. Como o autor utiliza esse exemplo para criticar a referida concepção de
negócio jurídico.
Ao realizar uma crítica ao conceito de negócio jurídico proposta pela definição
voluntarista, o autor aponta que por vezes, tal visão abrange mais do que o definido. A partir
do entendimento de que o negócio jurídico é um ato de vontade que tem por objetivo a
realização de efeitos práticos e/ou jurídicos, casos concretos que notoriamente não poderiam
ser classificados como tal, acabam sendo abarcados por essa definição. É nesse sentido que
Junqueira de Azevedo apresenta o exemplo do caçador que, conhecedor do direito positivo,
atira contra um animal para fazer valer o art. 595 CC e para tornar-se proprietário dele.
Analisando o caso à luz da definição voluntarista de negócio jurídico, o ato do caçador
poderia ser classificado enquanto negócio jurídico, quando na verdade se está diante de um
ato lícito que visa produzir efeitos, mas que não é um negócio jurídico inclusive porque os
efeitos desse ato são ex-lege, ou seja, previstos pelo ordenamento.
3-) Para Antonio Junqueira de Azevedo, a concepção objetiva apresenta “defeitos lógicos”,
afirmando que “ficam, por exemplo, fora das definições preceptivas, que, assim, não
abrangem todo o definido, os negócios nulos”. Explique essa afirmação e a crítica que o
autor faz à teoria.
Na afirmação o autor destaca a contradição presente na teoria objetiva que, ao tomar o
negócio jurídico como norma de maneira puramente artificial, acaba por não contemplar
todos os aspectos deste, como no exemplo citado o negócio jurídico nulo. É possível afirmar
que, logicamente, este negócio, por estar em completa dissonância com o ordenamento não
pode ser considerado fonte de preceito jurídico. Desta situação decorrem duas possibilidades:
a desclassificação do NJ nulo como negócio jurídico, o que conflitaria com toda a ordem
normativa existente ou a admissão de que o negócio jurídico per se não pode ser tomado
como fonte de norma, evidenciando a contradição na teoria objetiva.
Para desenvolver este raciocínio Junqueira sustenta que até partidários da teoria
preceptiva, como Betti, reconhecem que se o negócio jurídico decorre da norma ele não pode
em si ser considerado uma fonte de preceito jurídico, apenas criador de efeitos jurídicos,
efeitos estes de alcance meramente inter partes.