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DICAS DE

LIVROS E VÍDEOS

Divulgação
Título: Como falar dos livros que não lemos?

Créditos:
Autor: Pierre Bayard
Tradução: Rejane Janowitzer
Ilustração: (capa) Andrea Vilela de Almeida
Editora: Objetiva
Ano da edição: 2008
Nº de páginas: 208

Resenha:
O título já é uma alfinetada em alguns preconceitos, mas não se trata de um manual com respostas
prontas. O livro do psicanalista Pierre Bayard traz, em uma linguagem leve e bem-humorada, citações
e exemplos de grandes personalidades que enfrentaram de diferentes maneiras o conhecido temor de
serem pegas em “flagrante delito de incultura” (p. 31). Além de discutir comportamentos e discursos
subentendidos em cada uma das histórias, o autor nos convida a rever valores e, principalmente, propõe
uma reconciliação do leitor (ou do não leitor) consigo mesmo, com sua percepção de mundo, com sua
capacidade de expressão e com a cultura letrada.

Tema em destaque: Consequências da “não leitura” e seus possíveis constrangimentos nas relações
sociais.

Por que ler?


Embora o tema leitura geralmente esteja mais associado às áreas do conhecimento da linguagem, como
ensino de língua e literatura, não é novidade que no mundo virtual da atualidade o ato de ler tornou-se,
mais do que nunca, parte do cotidiano de todos.
Na chamada “era da distração”, vivemos cercados de exigências sociais de leitura que por vezes se des-
dobram em dilemas nos mais diversos ambientes. Por exemplo, em qualquer área de atuação profissional
há o pressuposto de uma formação básica e a demanda por atualização contínua. Por outro lado, nessa
mesma sociedade, raramente as pessoas encontram tempo e condições favoráveis para atender a tais exi-
gências. E aí: o que fazer? Obrigar-se à leitura, fingir conteúdo ou assumir que não leu? De acordo com o
autor, muitas vezes o sentimento de culpa por não ter lido, além de ser inútil do ponto de vista pedagógico,
torna-se um empecilho à reflexão, à comunicação e à aprendizagem. Por isso, seu texto caminha na dire-
ção de uma trégua entre leitores e não leitores. Os ensaios instigam divagações, anedotas e desabafos – e
no meio de tudo isso, muitas vezes até um “não leitor” corre o risco de encontrar prazer na discussão.
Para refletir durante a leitura:
• Falar de um livro tem a ver somente com a leitura que fazemos dele? Que outros fatores podem estar
envolvidos?
• Os professores em geral necessariamente “leem” (por inteiro) todos os livros que comentam ou indi-
cam durante suas aulas? Como esses mesmos professores reagem diante de um aluno que assume não
ter lido ou ter lido somente “parte” do texto indicado?
• O livro que já lemos, mas esquecemos, é ainda um “livro lido”?
• O que aconteceria se uma personalidade da cultura letrada assumisse publicamente que não leu um
livro conhecido?
• O que se pode descobrir nas lacunas entre o que o autor disse e o que o leitor percebeu?

Fechamento:
Para Bayard, cada livro se faz perceber “na situação de palavra onde ele circula e se modifica” (p. 171).
Essa percepção dialoga com os dados recentes de uma pesquisa realizada pelo MinC, segundo a qual
muitos professores têm demonstrado dificuldade no diálogo com saberes não instituídos, os chamados
saberes do cotidiano, e, talvez por isso, muitas pessoas ainda entendam erroneamente a cultura como
sinônimo de “cultura letrada”.
Nesse caso, o livro nos convida à reflexão sobre mitos e supostas certezas acerca do ato de ler e aponta a
atitude de comentar livros como uma “experiência” – no sentido amplo adotado por Jorge Larrosa Bondía
em seus artigos sobre Filosofia da Educação. Para Bondía, o sujeito da experiência não é alguém que tem
certezas, mas alguém aberto a infinitas possibilidades e disposto a enfrentar o que não se pode prever ou
predizer. Ou seja, enfrentar a não leitura com uma postura ativa é algo que precisa ser estimulado tanto
nos alunos quanto nos professores.
Por fim, sabemos que os fatores que dão legitimidade ao sujeito que comenta um livro costumam estar
vinculados à posição social do autor, do leitor, do público que recebe a declaração, entre outras coisas.
E tudo isso pode impedir a experiência real do livro como disparador de relações e alimento constante
para a criatividade. Cabe ao sujeito reivindicar sua autonomia e o direito de emitir opinião com base em
seus repertórios, sejam eles quais forem. Aliás, a História está repleta de exemplos de inovação surgidos
justamente da ousadia de não reproduzir os discursos já consolidados e autorizados socialmente.

Para saber mais:

BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de
Educação [on-line], n. 19, p. 20-28, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
-24782002000100003&script=sci_arttext>. Acesso em: 2 dez. 2013.

CÁTEDRA da Leitura. Disponível em: <http://www.catedra.puc-rio.br/>. Acesso em: 2 dez. 2013.

MINISTÉRIO da Cultura conclui pesquisa que pode mudar modelo de educação. Jornal do Brasil. Disponí-
vel em: <http://www.jb.com.br/pais/noticias/2013/10/29/ministerio-da-cultura-conclui-pesquisa-que-pode-
-mudar-modelo-de-educacao/>. Acesso em: 2 dez. 2013.

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