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II SIMPANTRO: SIMPÓSIO DE ANTROPOLOGIA.

MUROS QUE GRITAM: AS AVENTURAS E VISUALIDAS DO PICHAR EM


TERESINA.
Flávio Augusto Leite Soares1

Resumo:

Essa investigação a se realizar no campo da História Nova, a partir das


concepções da cultura e das visualidades, se torna possível por meio da renovação da
história com o advento dos Annales, que favoreceu o uso de novos documentos e
métodos de pesquisa, protagonizando, especialmente, o uso das imagens na escrita da
História. Tomadas como frases ou imagens pichadas, entendemos que se trata de um
conjunto de arte visual efêmera, com amplos significados e expressões. A partir dessa
arte, é possível compreender os fatores socioculturais e contextuais de seus
autores/produtores, assim como perceber o que, como e de que forma, cada uma dessas
expressões contribui para os embates políticos e econômicos da sua localidade.

Palavras chave: Frases; Tinta Spray; Teresina

Introdução.

A partir da concepção dos estudos das imagens, temos como fundamentação as


concepções apresentadas na metade do século XIX, quando do surgimento da
fotografia, a ciência e a arte passaram a traçar percursos distintos, fragmentados e
descontinuados. Segundo Fabiane Muzardo, enquanto a ciência “enaltecia o rigor
metodológico e técnico, a arte se abria para a subjetividade e livre criação”
(MUZARDO, 2010, p. 64). A partir dessas considerações, entendemos que no contexto
do século XIX, embora a arte tenha se libertado - com o advento da produção
fotográfica -, do compromisso de “imitar a natureza” (MUZARDO, 2010, p. 64), ela
ainda vai se encontrar institucionalizada e fragmentada em escolas, voltada para os
estudos europeus da História da Arte.
No Brasil, com a intervenção militar estrangeira e o longo processo político
ditatorial culminado na década de 1964, conhecido como Ditadura Militar, responsável
por um longo período de repressão e cerceamento das liberdades de expressão plurais,
terá o surgimento de novas manifestações coletivas de pequenos grupos de pessoas, que
irão redefinir ou ressignificar instrumentos artísticos, tais como o rolo e a tinta, que
passaram a servir como a materialização de protestos em oposição ao regime militar

1
Graduando no curso de Licenciatura Plena em História, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI
vigente. A violência e a brutalidade policial vinham com força para calar 21 anos de
terror e sofrimento.
O grafite está ligado, em suas origens, à pop art, como já mencionei, e
também ao início do movimento hip hop nos Estados Unidos. No
começo dos anos 1970, pintar vans, janelas de ônibus, prédios, e
sobretudo trens (parte interna e externa), tornou-se uma febre em
Nova York, a ponto de o problema dos rabiscos nos trens ter se
tornado um problema urbano amplamente debatido pela administração
da cidade. O chamado tagging se popularizou; um adolescente que se
nomeava TAKI 183 é considerado o pioneiro, tendo se tornado uma
lenda entre grafiteiros e pichadores. Ele era uma espécie de office boy
e costumava pegar trens e metrô o dia todo, onde então começou a
fazer sua assinatura, que consistia em seu apelido e o número da rua
em que vivia.( SCANDIUCCI, 2014, p. 24)

Com o advento do Hip Hop, embalado por inquietações e protestos de parte da


população negra norte-americana, a reivindicar acesso democrático a necessidades
básicas de sobrevivência, reinvidicaçoes estas que se centravam ao racismo, ao descaso
do governo para o bairro, além da falta de escolas de qualidade e de um forte programa
do controle das drogas, um lugar que era dominado e controlado pelo tráfico por falta de
uma política governamental, pessoas deixadas para a morte. Para além dessas
reivindicações havia também o divertimento como forma de prática de lazer, e o
extravasamento do ódio gerado pela tensão racial em voga nos Estados Unidos, assim
como o medo gerado pelo meio racista em que viviam os habitantes do Bronx, em Nova
York, Estados Unidos (OLIVEIRA, 2015). O Grafite se destacava dentre as alternativas
rítmicas disponíveis naquele contexto, a batida de rap e o Break.

O hip hop emergiu na Nova York dos anos 1980, mais


especificamente no South Bronx, onde os jovens negros e imigrantes
eram vistos pelos meios de comunicação e pelo Governo como
“problema social”. Os bairros periféricos estavam esquecidos pelo
poder público e os espaços de lazer praticamente inexistiam. Sobre
isso, Rose (1997, p. 202) afirma: “enquanto os líderes municipais e a
imprensa popular condenaram literal e figurativamente o South Bronx,
seus moradores e sua vizinhança, seus jovens habitantes negros e
hispânicos responderam à altura”. (OLIVEIRA, 2015, p. 99 - 114)

Com a sede cada vez maior de ir para as ruas com uma lata de tinta e deixar
sua marca de algum jeito, as ruas acabam virando alvo para os pichadores, e a disputa
por espaço e a mutiplicação de suas marcas, para ficar cada vez mais famoso e
conhecido dentro da própria comunidade, pelas paredes que deixavam a cidade toda
“riscada”, fazendo o governo criar políticas de combate a pichação.
O trem atravessava toda a cidade, é um dos alvos mais vistos, logo não poderia
ficar de fora dos olhos dos graffiteiros. Ser conhecido por todos, ter sua marca
conhecida por todos era uma das grandes motivações que os faziam ser lançados nos
perigos dos vagões, das alturas.

Os trens parecem ser um alvo interessante à medida que estão ligados


ao deslocamento (pessoas de diferentes partes da cidade os usam), ao
grande tráfego de pessoas (muita gente vê) e, em última instância, à
liberdade propriamente dita – algo que está no código genético do
grafiteiro e do pixador. (SCANDIUCCI, 2014, p. 24).

Segundo Paulo Knauss, historiador brasileiro das imagens, há de se considerar


a problemática da escrita da história a partir das visualidades, e desse modo,
entendemos que o desafio é lançado, todas as vezes que tentamos fazer História com
imagens, e não é fácil, devido ao fato de a escrita sempre ter acompanhado a imagem, e
elas até funcionarem como linguagem para grupos sociais, pois a escrita é, segundo
Knauss, um domínio especializado, “isso equivale a dizer que a história da imagem se
confunde com um capítulo da historia da escrita e que seu distanciamento pode
significar um prejuízo para o entendimento de ambas” (KNAUSS, 2006, p. 99).
Paulo Knauss vai nos permitir debater a problemática de que a história das
imagens se confunde com um capítulo da história escrita por conta da proximidade e da
representatividade que os dois saberes têm em comum ao longo do processo histórico,
especialmente porque a necessidade humana de se comunicar ou de registrar algo, veio
antes da especialização da escrita. Knauss considera que “além disso, a imagem possui
um registro abrangente, baseado em um dos sentidos que caracterizam a condição
humana” (KNAUSS, 2006, p. 99), e é verdade que conseguimos ver isso nas paredes
fossilizadas de cavernas ou de pirâmides, e na concepção que fazemos da história do
tempo presente, especialmente da nossa realidade, podemos observar a condição
humana nas representações pichadas na parte externa dos muros dos centros urbanos,
especialmente na cidade de Teresina, no Estado do Piauí.
Com o aperfeiçoamento de técnicas de pinturas, as imagens começaram a
tomar diferentes proporções, dimensões e complexidades, adquirindo e aglutinando
diferentes características, formas e motivos. E essa multiplicidade de representação das
imagens possibilitou diferentes inteligibilidades sociais, usufruindo não apenas de uma
linguagem de protesto social, mas também cultural, a demarcar reivindicações políticas,
econômicas e de gênero, como as questões acerca da equidade negra, o direito das
mulheres, o feminismo, a misoginia, o sexismo, o machismo, a homofobia, lesbofobia,
gordofobia, e uma gama de outras fobias sociais relacionadas às minorias. Desse modo,
podemos considerar a partir das concepções de Paulo Knauss, que, “a imagem é capaz
de atingir todas as camadas sociais ao ultrapassar as diversas fronteiras sociais pelo
alcance do sentido humano da visão” (KNAUSS, 2006, p.99), deixando uma profusão
de opinião.
Em nossa proposta, as imagens analisadas apresentam denominações distintas a
partir de suas diferentes materialidades, sendo a primeira, a consideração primária da
observação do picho na parede de concreto ou em outro suporte. A impressão inicial das
pichações, e as técnicas utilizadas para produzi-la. Para se produzir uma pichação é
necessário o uso de tintas condicionadas em latas de spray, rolos, esponjas e a técnica de
cada traço utilizado pelo artista. Mostrando todo o processo pelo qual a parede passou
até virar aquela arte.
É de grande importância a utilização do método de três partes debatidas e
organizadas por Jéssica Evans e Stuart Hall na obra Visual culture: the reader, de 1999,
nela é possível observarmos a importância do diálogo com as fontes.

A primeira fornece elementos para indagar as retóricas da imagem e


as técnicas do visível, a segunda trata da fotografia — o que indica a
valorização dada pelos organizadores à reflexão sobre os meios
técnicos na expressão visual — e a terceira trata das relações entre o
olhar e a subjetividade para abordar questões como gênero e raça.
(KNAUSS, 2006, p. 104).

A riqueza de reflexão que temos pelos muros é inúmera, já que os autores das
imagens pichadas são diversos, e suas expressões são diferentes umas das outras. Cada
artista, cada imagem, cada técnica utilizada vai nos oferecer diferentes percepções de
olhar, de interpretação e de contextualização diante da diversidade social que nos é
apresentada, exibindo assim a pluralidade humana, da qual pertencemos.
Ao fazermos uso do nosso objeto de estudo que são o conjunto de imagens
pichadas em alguns muros da cidade de Teresina, no Piauí, a partir das imagens
capturadas, descritas e analisadas, podemos perceber a importância da produção artística
como fonte de discurso que se analisa a relação da vida em sociedade, Knauss reforça a
ideia em um trecho de seu artigo que diz “pode-se compreender a importância do estudo
da produção artística como fonte de discurso que se relaciona com a vida em sociedade”
(KNAUSS, 2006, p. 100), assim já temos alguns indícios que quando aparece alguma
pichação de cunho político, social, econômico, racial, o resultado é nada mais que um
reflexo do que envolve a sociedade, com todos os problemas e preconceitos. Imagens
talvez de liberdade ou de expressão, mas que no final terão todas as mesmas finalidades:
“mostrar Teresina e sua face real através dos muros”.

As Frases em tinta spray e o Graffite dentro da cidade de Teresina

Os primeiros estudos sobre pichação em Teresina vão vim detalhadamente com


a dissertação do programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPI intitulada
“Ttsssss Ttsss... pichando a capital: o empreendimento e a aventura dos jovens na
cidade de Teresina- Piauí”, pelo qual John faz um apanhado historiográfico enquanto a
origem do picho em Teresina, em uma passagem de sua dissertação:

A pichação é uma pratica urbana realizada por jovens. Desde meados


da década de 1980, observa-se a recorrência na formação de grupos
juvenis que se debruçavam e praticá-la. Os primeiros deles aparecem
inscrevendo frases legíveis ao anônimo, e, a partir dos anos iniciais da
década de 1990, o caráter do que se iniciava em Teresina, cidade que
contribuiu para os jovens se iniciarem como pichadores. (WEDSON,
2015. p. 1)

Dentro da discussão vamos ver que na cidade de Teresina as primeiras práticas


da pichação vieram como forma de protesto às frases, acompanhado de um cenário de
luta e resistência da população (já que na época vivíamos a ditadura), reforçando o
argumento de que a pratica da pichação de frase se da quando estamos incomodados
com algo ou com alguma situação.

Em Teresina, antes da prática do xarpi se iniciar no ano de 1991,


constatei o surgimento de dois agrupamentos que, a partir de meados
dos anos de 1980, serpenteavam pela cidade, entre outras coisas,
imprimindo frases de caráter inteligível em meio ao corpo citadino.
Segundo afirmou Rama, essas grupalidades juvenis autodesignavam-
se como Obscenus34 e Ratos de Rua e Rampa - 3R, os quais fizeram
uso da pichação como forma de expressão cultural, assinando suas
produções como sendo de autoria referente a um coletivo, não as
deixando no anonimato, conforme era prática corrente antes da
formação desses grupos. De acordo com o informante supracitado, o
primeiro deles esteve ativo de 1986 até os finais dessa década, ao
tempo que o segundo surgiu por volta de 1989 e matérias jornalísticas
dão notícia de suas ações ainda no ano de 1991 (WEDSON, 2015 p.
38).
Durante um passeio pela cidade de Teresina são evidentes todas as formas de
expressão artística, desde a pixação (grafite, Charpi 2 , lambe 3 , stencil 4 ) até as frases
desenhadas em tinta spray. Na imagem a baixo temos um exemplo de uma das frases
mais famosas da capital, e que mais roda a cidade (espalhada por quase todas as paredes
desta cidade) e que por muitas vezes intriga a minha pessoa (eu falando enquanto
cidadão), pois seu significado pode gerar varias ambiguidades, dependendo da forma ou
de como ta o dia.
Essas frases que nos rodeia no dia a dia estão por ai tem um propósito, e por
muitas vezes carros e mais carros todos os dias passam, e apenas olham, criticam, fazem
pouco caso e até mesmo chegam a ofender o pixador por de trás desta obra.
A imagem acima já fala por si só, o capitalismo ardido dentro de uma capital
“pequena” onde as paredes são disputas para o pixo uma frase enorme toma de conta de
tudo, e passa até por cima do numero da casa do morador se for preciso, O PARAÍSO
ESTÁ EM CIMA DOS PÉS.
Localizado em uma das avenidas mais movimentadas de Teresina (AV Homero
C. Branco) e em um muro residencial, o pixador precisaria de uma agilidade e de um
pino (biloto por onde sai a tinta) mais macio e fácil de apertar, já que estamos falando
de um lugar do qual passa carro toda hora. Não é uma missão fácil. Mas quando
falamos em incomodar, ou em passar uma mensagem para as pessoas, eles (os
pichadores) não temem policia, não temem o perigo, nem mesmo a morte.

2
Charpi é uma modalidade da pixachão que vai ser discutido dentro da dissertação do John Wedson Dos
Santos Silva nomeada “Ttsssss Ttsss... pichando a capital: o empreendimento e a aventura dos jovens na
cidade de Teresina”.
3
Lambe Lambe vai ser outra pratica dentro do movimento artístico cultural, como forma de protesto que
também é utilizada, no caso não se usa tinta spray, apenas folhas de papel e cola.
4
Stencil é uma pratica mais comum entre os pichadores na capital, pois envolve um material solido e
latas de tinta spray, deixando o desenho perfeitamente desenhado, funcionam como uma modura coloca o
stencil passa a tinta e tira, e ali fica seu pixo.
Um bairro nobre localizado na zona mais rica de Teresina (Zona Leste) é claro
que não poderia deixar de ter alguma frase que chamasse a atenção do motorista, a
agilidade de um rapaz que escreve O PARAISO ESTA EM CIMA DOS PÉS, sendo que
ele está em cima de uma calçada toda quebrada é no mínimo muito contraditório.
Já a parede do qual ele ta pixando, um muro residencial feito de tijolos, e
cimento, pintado e todo bem feito. Não merecia isso, né? O pichador discorda quando se
lança para a aventura; A vontade e o grito, a expressão é muito maior, todos os dias a
opressão e o sofrimento fazem com que esse paraíso vire um inferno. Pelo menos a letra
ficou legível, o movimento da mão e a quantidade de tinta que saíram da lata foi o
suficiente para não borrar a tela. Mas voltamos ao ponto inicial de tudo, a frase que
instiga O PARAISO ESTÁ EM CIMA DOS PÉS.
Que paraíso seria esse que o autor quer mostrar pra gente e só nós não vemos
por conta do conservadorismo artístico que nossa cidade ainda tem? Às vezes são
necessários as perguntas para fazer com que pensemos e nos sensibilizemos com tais
práticas, se eles (os pixadores) foram lá (para as ruas ) arriscaram suas vidas, contra
tudo e todos, para colocar frases que aparentemente parecem ser inocente, isso tem
algum fundo de significação, e precisam sim ser ouvidos, ser vistos, se eles incomodam,
é porque querem incomodar para nos mostrar que algo está errado.
Dentro das várias pichações que se encontra nos muros da cidade de Teresina,
uma em especial meche com a percepção de coletividade, o que contraria a ideia de que
da pichação e acaba individualizando o modo de vida.
Localizado em um muro de uma escola pública (Unidade Escolar Lourdes
Rebelo), a beira da esquina de um dos cruzamentos mais famosos da cidade, (Rua
Angélica – Fátima/ Av. Nossa Senhora de Fátima com a Av. Dom Severino), o pichador
não economizou na tinta, quando quis se expressar. Uma frase muito visível ao olhar do
cidadão que todos os dias passam pelo sinal, seja ele de carro, moto, ônibus, bicicleta,
ou até mesmo a pé.
O mais intrigante talvez seja imaginar como foram todos os momentos que se
fez até o ato da pichação, pois o que veremos na imagem é que o autor além de não
economizar na tinta, ainda tem a ousadia de escrever com letras maiúsculas e muito bem
legíveis.

Como dito acima essa frase foi feita em uma parede de escola púbica, entre as
cores brancas e verdes (cores padrão das escolas), podemos observar o spray utilizado
da cor preta, com pouca tinta no começo da frase e escurecendo mais para o final, com
ênfase no “salve a sua vida”, fica evidente a mensagem do autor.
NÃO SALVE O MUNDO, SALVE SUA VIDA, além de uma frase de cunho
individual, mostra um pouco da realidade em que vivemos no mundo moderno, onde as
pessoas não estão mais preocupadas com o próximo, apenas com si mesmo. Não seja
um herói, não salve o mundo, salve você mesmo, se puder.
A pressa está instalado na imagem, podemos observar que no começo da
imagem as primeiras letras saem fracas no spray, claro, as primeiras letras são alvos de
mais olhos, pois se localiza mais próximo à esquina, logo a velocidade teria que ser
maior.
Em meio a uma crise política do qual vive o Brasil, é claro que não poderia
deixar de colocar algumas frases de cunho político. Localizado no muro por de trás de
um dos monumentos mais importantes da cidade (Club dos Diários), e em uma das
praças mais movimentadas e boêmica da cidade (Praça Pedro II), a indignação pelos
planos políticos são cada vez mais de insatisfação.
Umas indignações já mostradas nas eleições se poderem observar, o numero
vem aumentando desde as eleições para presidente em 2014, quando no segundo turno,
tivemos em torno de 4,63% dos votos nulos, segundo os dados do G15.
De 2014 para cá a revolta com a política brasileira só aumenta, e os números
não deixam mentir, nas ultimas eleições que tivemos para prefeito, no Brasil todo, mais
especificamente na cidade do Rio de Janeiro, a porcentagem de votos nulos terminaram
nos seus 15,90% (como mostra o site do G1), sendo uma margem muito grande de
pessoas que simplesmente não concordaram com nenhum dos políticos que estava
colocando se a disposição para representa-los6.
Podemos observar o quanto fácil para o autor foi escrever essa frase, primeiro
podemos observar que ele utilizou de pincel, e não de spray como em outras imagens.
Percebe-se pela grossura e pela forma que o traço vai ganhando.
Por ser localizado no centro, onde o policiamento deveria ser mais ostensivo as
palavras soam na parede como um protesto contra a fome e a pobreza que as
consequências da política trazem. Entre um traçado e outro temos a simbologia
representado pelo anarquismo nas ruas, NOSSA FOME NÃO CABE NAS URNAS,
não compre voto com comida, somos muito mais que apenas comida. As frases e seus
efeitos ganham sentido a cada eleição e a cada numero de votos nulos, brancos ou
abstenções.
Acompanhado do anarquismo (o poder na mão do povo), a frase vai ganhando
cada vez mais sentido ao longo do tempo em que a política no Brasil se encontra. As
pessoas se encontram cada vez mais inquietas em relação aos seus representantes, e seus
programas governamentais.

5
Para mais informações sobre os dados quantitativos da porcentagem de votos nulos nas eleições para
presidentedo Brasil, buscamos informações produzidas pela mídia brasileira a partir do sítio jornalístico
G1. Disponível em:<< http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/apuracao-votos-presidente.html>>.
Acesso em: 06 set 2017.
6
Para mais informações sobre os dados quantitativos da porcentagem de votos nulos nas eleições para
prefeito da cidade do Rio de Janeiro, buscamos informações produzidas pela mídia brasileira a partir do
sítio jornalístico G1. Disponível em: <<http://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/eleicoes/2016/apuracao/rio-
de-janeiro.html>>. Acesso em: 06 set. 2017.
Bibliografia

SCANDIUCCI, Guilherme. Um muro para a alma: a cidade de São Paulo e suas


pixações à luz da psicologia arquetípica / Guilherme Scandiucci; orientadora Laura
Villares de Freitas. – São Paulo, 2014.

GITAHY, Celso. O que é graffiti. São Paulo: Brasiliense, 1999.

BAUMAN, Z. (2001). Modernidade Liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

BHABHA, Homi K. 1949- O Local da cultura / Homi K. Bhabha; tradução de Myriam


Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. – 2.ed.- Belo
Horizonte : Editora UFMG, 2013.

WEDSON, John. Ttsssss Ttsss... pichando a capital: o empreendimento e a


aventura dos jovens na cidade de Teresina – Piauí / John Wedson; orientador
Alejandro Raul Gonzales Labale – Teresina, 2015.

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