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Leia nesta edição

hh A luta de classes na greve de caminhoneiros (pag. 2)


hh Lulismo e a crise o capitalismo brasileiro (pag. 3)
hh O último trimestre para o trabalho: desemprego,
subemprego e informalidade (pag. 4)
hh O impacto negativo da reforma trabalhista na vida dos
trabalhadores (pag. 4)
hh Nem Lula, nem Marina, nem Alckmin, nem Ciro, nem
Bolsonaro: Construir um caminho revolucionário (pag. 5)
hh Violência, encarceramento e extermínio: a guerra ao
povo e as estratégias de resistência (pag. 6)
hh A rebelião de Stonewall: insurgência e organização
LGBTQI (pag. 6)
hh Rio de Janeiro como Laboratório: Avança o Militarismo e
a Tirania (pag. 7)
hh Organizar a autodefesa popular (pag. 7)
hh A construção de Movimentos e Sindicatos
Revolucionários no Brasil (pag. 8)
hh O que é Sindicalismo Revolucionário? (pag. 8)
hh Confederação Internacional das Trabalhadoras e
Trabalhadores (CIT) (pag. 8)
2 Causa do Povo | nº 78 | Setembro de 2018

A LUTA DE CLASSES NA Copa do Mundo 2018: uma


amostra de conflitos sociais
GREVE DE CAMINHONEIROS Como todas as Copas, a Copa do Mundo de 2018 na Rússia
mostrou mais uma vez o cenário político mundial. Várias serão
A elite brasileira chama de “liberda- as lembranças: os fiascos de Argentina e Alemanha, a campa-
de econômica” suas crises motivadas nas nha surpreendente dos anfitriões e os memes brasileiros. Mas
variações e riscos do mercado financeiro, nada se compara à contradição em que se meteu a França!
e chama de caos as lutas dos trabalha-
No momento em que as potências européias fecham
dores. Odeiam o povo. Assim foi com a
suas fronteiras para os imigrantes fugidos das guerras cau-
greve de caminhoneiros em maio deste
sadas em grande parte pelo imperialismo delas mesmas, no
ano. Diante da importância desta greve
oriente médio e no norte do continente africano, a seleção
e da política energética, produtiva e de
francesa levanta a taça.
transportes, precisamos entender alguns
avanços, limites e contradições dessa Composta em sua maioria por filhos e netos de traba-
luta que levou o governo Temer a pedir pautas com o governo pelas costas dos lhadores imigrantes, a seleção francesa calou a boca das
trégua. caminhoneiros e que se aliaram aos inte- elites xenofóbicas de seu país! Um título da França negra
resses dos patrões; e 4) dos militaris- e árabe!
tas, que pregam uma via autoritária ao
As táticas que deram certo
Foram mais de 1200 bloqueios em
Brasil, como a ditadura, negando ao fim
a própria liberdade de greve. É preciso se
Plataforma Internacional
todo país. Isso trancou a circulação do desviar de todos eles e construir a luta dos Anarquistas
núcleo básico do capitalismo, a mercado- autônoma.
ria. A força do movimento veio da ousadia A Plataforma Internacional do Anarquismo Re-
e capacidade desta ação de bloqueio e volucionário foi lançada em conjunto pela UNIPA (Brasil)
barricadas, amparadas no apoio popu-
Serviços essenciais, inflação e e a OPAR (Organização Popular Anarquista Revolucionária
lar. O único argumento capaz de “tocar o cortes sociais: efeitos colaterais do México). É um projeto que visa retomar os apontamentos
coração” dos poderosos é atentar contra da greve ou caos capitalista? da Plataforma da União Geral dos Anarquistas, de 1926, em
sua propriedade e riqueza. Esta tática de três tarefas fundamentais:
Com a greve e a ameaça de faltar
ação direta pode e deve ser usada nas produtos, donos de supermercados e 1) Desenvolver uma teoria anarquista como base da or-
greves e lutas de outras categorias de postos de combustível aproveitaram para ganização internacional; 2) Definir a estratégia e programa
trabalhadores. obter superlucros aumentando o preço de globais para a revolução socialista a partir da crítica da de-
mercadorias. Passada a greve e conquis- generação burocrática da revolução russa de 1917; 3) Apre-
tada a tabela de frete aos caminhoneiros, sentar uma linha revolucionária de ação a partir da crítica da
Intervenção militar para função que os anarquistas desempenharam no movimento
os patrões da indústria, do agronegócio
acabar com a greve e do comércio também repassaram os de massas.
Parte dos caminhoneiros, grupos ex- custos aos consumidores. Para atender Esse documento visa assumir a responsabilidade de exe-
ternos e alardes nas redes sociais chega- a redução do diesel, o governo Temer cutar as tarefas apontadas pela Plataforma de 1926 e avançar
ram à idiotice de pedir “intervenção mi- cortou da saúde, educação e seguridade na única direção possível ao plataformismo: o bakuninismo.
litar”. A intervenção ocorreu, mas para social, sem mexer na política entreguista Nesse sentido, apresenta a teoria anarquista – o baku-
acabar com a greve. Temer decretou da Petrobras. ninismo – e convoca a reconstrução da Organização Inter-
Garantia da Lei e da Ordem autorizando nacional Bakuninista e da Organização Internacional dos
as Forças Armadas liberar vias públicas, Na economia capitalista é esse caos:
se os caminhoneiros lutam pelo justo au- Trabalhadores. Essa tarefa é hoje central.
remover, conduzir ou escoltar veículos e
liberar acesso a locais de produção con- mento da sua renda, os governos cortam LEIA EM: WWW.UNIAOANARQUISTA.WORDPRESS.COM
siderados essenciais. Além disso, o Su- das áreas sociais e os patrões respon-
dem com inflação nos preços para toda
premo Tribunal Federal concedeu liminar
permitindo uso de força policial e multa sociedade, mas nunca abrem mão do seu Quem somos e pelo que lutamos?
de R$ 10 mil por dia para cada manifes- “deus”: o lucro.
A União Popular Anarquista (UNIPA) é uma organização
tante que descumprisse a ordem. Seria política revolucionária bakuninista fundada em 2003. A UNIPA
cômico se não fosse trágico, mas os mi- Por isso é necessário luta pelo socialismo no Brasil e libertação dos povos no mundo.
litares agem contra o povo. Como Bakunin, entendemos “que a liberdade sem o socia-
derrubar o capitalismo e
construir o socialismo! lismo é o privilegio, a injustiça; e que o socialismo sem a
Contradições e disputas na liberdade é a escravidão e a brutalidade”.
As greves devem avançar ocupando
luta dos caminhoneiros e gerindo as empresas. Os trabalhadores A sociedade socialista será resultado da força de uma Revolu-
Havia (e há) quatro interesses opor- precisam realizar a gestão direta da pro- ção: da ruptura e destruição do Estado e capitalismo. A estratégia
tunistas disputando o movimento: 1) dução e distribuição dos produtos. Não revolucionária da UNIPA aponta que a ação direta das massas e
dos patrões do transporte, que queriam podemos deixar na mão dos patrões nem a luta de classes são as únicas capazes de realizar conquistas ime-
vantagem competitiva na disputa intra- do Estado, os responsáveis pela desor- diatas e futuras para a classe trabalhadora.
burguesa, sem reoneração da folha de dem. Aquilo que considerarmos essen- Não basta o povo ser maioria. Esta força precisa de organiza-
pagamento, e empresários em geral que ciais ao povo trabalhador (alimentação, ção para ser real e vitoriosa. Defendemos a organização de Sindi-
apontam para privatização da Petrobrás; saúde etc.), deverá ser garantido pelo catos, Movimentos e Federações Autônomas. Estes devem lutar
2) dos partidos eleitorais, que ten- apoio mútuo e solidariedade dos próprios por melhores condições de vida e trabalho hoje e são o embrião
taram promover seus candidatos surfan- trabalhadores, sem que falte nada a nin- do poder da sociedade futura.
do na greve ou criticaram o movimento guém. Devemos coletivizar a economia Para isso, convidamos trabalhadoras e trabalhadores para unir
já que não o comandava; 3) das buro- a partir da criação de um poder paralelo esforços com a UNIPA a partir da unidade teórica, programática
cracias sindicais, que negociaram as dos trabalhadores nas lutas e greves. e estratégica pela Revolução Social.
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 78 3

LULISMO E A CRISE
DO CAPITALISMO
BRASILEIRO
SOMENTE A AÇÃO DIRETA
PODE DERROTAR A OFENSIVA A estratégia revolucionária:
REACIONÁRIA E AS ILUSÕES DO REFORMISMO resistir localmente, pensando
e construindo globalmente
A “condenação” de Lula: Os cenários: do ganização geral do movimento de
entre a crise da democracia Estado de Exceção massas, podendo inclusive esca- Desse modo, é preciso uma estra-
par ao controle do sistema. tégia prática para atuar frente e esses
liberal e a retomada da neodesenvolvimentista à possíveis cenários que estão em gesta-
ilusão desenvolvimentista repressão ultraneoliberal Esses cenários apresentam
dificuldades, pois o sistema polí- ção. A estratégia revolucionária hoje
A condenação de Lula é mais A partir do momento que se tico brasileiro já sofre desgastes exige as seguintes táticas principais:
uma etapa de evolução do Estado deu a condenação de Lula, criou-se profundos e falta de legitimidade. 1ª a ação direta e resistência lo-
de Exceção, que foi estruturado e uma conjuntura em que é exigida, Os cenários 3 e 4 representariam cal, por meio da promoção de lutas e
inaugurado pelos próprios gover- para a burguesia, um acirramento um aprofundamento da repressão greves parciais reivindicativas, de resis-
nos do PT (2003-2016). Se antes o da repressão. Não basta condenar sistemática, o que exigiria, para tência à intensificação da exploração e
aparato de repressão e judicializa- Lula; é preciso atacar as bases so- se viabilizar, de uma arquitetura retirada de direitos, combinada com a
ção eram voltados somente para a ciais do lulismo e impedir uma can- institucional e social complexa. criação de organizações sindicais e coo-
fração marginalizada da classe tra- didatura de esquerda alternativa, perativas de tipo sindicalista revolucio-
balhadora, como negros e pobres, apoiada por Lula; ao lulismo, den- Porém, no médio prazo, a
destruição do lulismo representa nária. Não basta a mera denúncia do
agora a burguesia as utiliza para tro da sua estratégia reformista e lulismo e da reação burguesa, esta pre-
retirar do cenário político aqueles pactuadora, coube forçar uma can- a desarticulação de uma das prin-
cipais forças de controle do desen- cisa ser combatida por meio da criação
antigos aliados que não interes- didatura de Lula e agora, a partir de organizações autônomas.
sam mais. de decisão de inelegibilidade toma- volvimento autônomo da classe
da pelo TSE, tentar a transferência trabalhadora. Centralizar o poder 2ª organizar uma grande cam-
Toda narrativa petista que ten- estatal ainda mais, tornando a de- panha de boicote eleitoral (a cam-
ta colocar Lula como vítima de um de votos a outro nome.
mocracia burguesa mais restrita e panha Não Vote! Lute!), mostrando
Estado autoritário e perseguidor é Desse modo, hoje existem al- limitada, tende a produzir diver- como o atual autoritarismo foi gestado
contraditória, pois Lula e o PT fo- guns cenários possíveis: sos efeitos, de desorganização e pelo Estado de Exceção neodesenvol-
ram responsáveis para o avanço do Cenário 1) Lula reverte a deci- reorganização dos movimentos vimentista do PT. O boicote eleitoral
Estado Autoritário e seu arcabouço são e se candidata; sociais. A solução seria aprofundar não deve ser a única ferramenta, mas
legislativo reacionário. ainda mais a repressão. com ela devem ser defendidas a ferra-
Cenário 2) Lula fora das elei-
Só no campo jurídico, os go- ções, mas o PT lançando candida- No curto prazo a destruição menta de luta da Greve Geral e a cons-
vernos petistas foram respon- to alternativo; do lulismo favorece a burguesia, trução de organismos de contra-poder,
sáveis pela elaboração da Lei de ao desarticular os principais mo- as Assembleias Populares locais e o
Cenário 3) Lula fora das eleições
Drogas, que aumentou a popula- vimentos sociais. No longo prazo, Congresso do Povo.
com o PT colocado na ilegalidade
ção carcerária, a criação da Força ela tende a criar as condições para A primeira tática é uma prática lo-
como uma organização criminosa;
Nacional, para atacar populações a emergência de novas formas de cal e imediata, uma forma de ativida-
indígenas e camponesas e dar ga- Cenário 4) Lula fora das elei-
ções, com todos os Partido de consciência de classe. de concreta; ela deve ser orientada pela
rantias ao agronegócio, a institui- segunda, uma tática de propaganda de
ção da Lei de Organizações Crimi- Esquerda com suas candidaturas Os ativistas anarquistas e au-
inviabilizadas por uma estratégia tônomos irão ficar, em qualquer formas alternativas de organização. A
nosas e da Lei Antiterrorismo, que resistência e a ação local se combinam
permite enquadrar qualquer ativi- de judicialização e criminalização. cenário, sob a pressão de duas
forças: a da reação burguesa e assim com formas globais, a da pro-
dade coletiva de piquete ou greve O primeiro e segundo cenários paganda da construção de assembleias
como terrorismo organizado. tendem a fortalecer o lulismo. Ata- repressão, e do lulismo. Caso não
ocorram grandes mobilizações de populares, que mesmo que não sejam
A nova fase do Estado de Ex- car Lula, mas sem atacar as es- imediatamente realizáveis, educam e
truturas organizativas do lulismo, massa, tipo Junho de 2013, os ce-
ceção visa permitir um aprofunda- nários serão cada vez mais difíceis forjam a consciência de massa para as
mento da exploração, modificando apenas criaria as condições para lutas futuras.
um desgaste do sistema represen- para as alternativas revolucionárias
as relações de classe; visa reto- e combativas no curtíssimo prazo. Essas táticas materializam a es-
mar o controle dos cargos e dos tativo. O terceiro e quarto cená-
rios seriam a evolução lógica de Por isso será necessária uma tratégia da ação direta em seu todo. A
recursos do Estado pela grande ação direta é o germe do autogoverno
burguesia e pela pequena-bur- uma tentativa de desarticular o luta de palmo a palmo, casa à
lulismo e todas as formas de opo- casa, rua à rua, combatendo em popular revolucionário. Fora dessas
guesia de mercado, expulsando táticas, o movimento de massas ficará
assim a pequena-burguesia de es- sição dentro do sistema. duas frentes: a reação clerical-
-militar-burguesa e o lulismo-re- preso à decomposição e crise do siste-
querda, uma parte da tecnocracia Mas aprofundando o autori- ma capitalista e do lulismo, afundando
e a aristocracia operária, visando tarismo e bloqueando os canais formismo. Nessa tarefa os anar-
quistas revolucionários e a jovem com o barco da velha ordem e conde-
assim concentrar renda e riqueza, de luta política legal, se tenderia nando o conjunto da classe trabalha-
nivelando as condições de vida da a produzir uma “implosão” da es- classe trabalhadora em gestação
estarão praticamente sozinhos. dora a graves derrotas sociais, políticas
classe trabalhadora por baixo. querda hoje existente e uma reor- e econômicas.
4 Causa do Povo | nº 78 | Setembro de 2018

O último trimestre para o trabalho:


desemprego, subemprego e informalidade
Dados do IBGE do trimestre pregos sem carteira do trimestre
móvel de março a maio de 2018
confirmam a tendência geral de de-
março/maio de 2018 cresceu 5,7%
se comparada com o anterior (cer- O ATAQUE DOS PODEROSOS E A RESPOSTA
semprego e precariedade nos pos-
tos de trabalho no Brasil. Apesar de
ca de 597 mil pessoas). Por outro
lado, o número de empregos com
DO POVO: ORGANIZAR OS DESORGANIZADOS
indicar que a taxa de desocupação carteira caiu 1,5% (cerca de 483 mil Como apontado em nossa matéria de capa da edição 75, os gestores
tenha sofrido queda de 0,6% em pessoas). O número de trabalhado- do Estado brasileiro de todas as cores pretendem sacrificar os gastos
comparação com o mesmo trimes- res por conta própria, por sua vez, sociais e os direitos dos trabalhadores em socorro da taxa de lucro dos
tre do ano passado, isso se deveu a subiu 2,5% (568 mil pessoas). empresários. Ao mesmo tempo, vivemos em uma conjuntura de desgaste
um crescimento nos postos de tra- da velha política eleitoreira e de baixas taxas de sindicalização não só no
Isto significa que o mercado
balho informais e sem carteira. Brasil como em todo o mundo.
empregador brasileiro, com as po-
A aparente retomada na taxa líticas de desregulamentação, es- Instrumentos que os trabalhadores brasileiros forjaram na sua his-
de ocupação esconde uma situação colhe mandar embora os trabalha- tória acabaram sendo cooptados para dentro da esfera do Estado com o
alarmante. É possível confirmar no dores em situação mais segura e fenômeno do lulopetismo. Com os sindicatos oficiais servindo a agenda
estudo que as vagas de trabalho recontratá-los como trabalhadores do governo e não a dos trabalhadores, se criou uma cultura de desen-
sem carteira criadas desde 2017 com pouca ou nenhuma estabili- canto por esse formato. Desencanto que não pode ser ignorado.
são quase correspondentes ao nú- dade. Além disso, os trabalhadores Com o fim do pacto de classes e o impeachment, as burocracias
mero de vagas com carteira assi- sem emprego estão entrando de ca- sindicais clamam ao povo por socorro. Porém, o instinto popular criado
nada perdidas. Além disso a soma beça na informalidade como forma através da experiência histórica diz que o sindicalismo oficial não pode
desse número com a quantidade de de fugir a sua sorte. servir além do oportunismo eleitoral. Devemos nos organizar levando em
trabalhadores que entraram na in- O desemprego segue alto, e a consideração esses aprendizados.
formalidade mais que compensa o condição do trabalho para o brasilei- O crescimento do trabalho informal e do subemprego veem a reforçar
número de pessoas que deixaram ro comum são empregos piores e com essa mesma situação, e negritar a necessidade de construir novas formas
os serviços com maior estabilidade. risco maior de dispensa sem garantia. de associação operária e de luta. A vida exige novas referências de luta.
Segundo o IBGE, a taxa de em- A experiência confirma essa situação. E na ausência elas devem ser criadas.

O impacto negativo da reforma MUTUALISMO E


trabalhista na vida dos trabalhadores COOPERATIVISMO:
A reforma trabalhista
(Lei 13.467/17) foi sancio-
“crescimento econômico” e a “ge-
ração de empregos”. No entanto,
5,7% (597 mil pessoas) em
relação ao mesmo trimestre
socorrer a nós e aos nossos
nada pelo governo Temer isso tem se demonstrado uma do ano passado. A estratégia
(MDB-PSDB) no dia 17 de ju- grande farsa. A crise só piora. de muitas empresas tem sido
lho de 2017. Se por um lado O desemprego e a informalidade demitir os trabalhadores an-
a reforma teve forte apoio também só têm aumentado. tigos e recontratar novos com
dos grandes empresários na- Segundo dados do IBGE, menos direitos e menores sa-
cionais e internacionais, por lários, a exemplo do mercado É preciso fortalecer as experiências populares de solida-
em maio desse ano o desem-
outro teve gigantesca rejei- prego atingiu 12,7%, um to- Mundial no Rio de Janeiro. riedade econômica e política. Quando apontamos essa ne-
ção dos trabalhadores. tal de 13,2 milhões de de- Vejamos alguns pre-
cessidade falamos de uma prática muito presente.
Os argumentos do governo sempregados. Por sua vez, juízos da reforma para os Nossas famílias fazem “galinhadas” para juntar dinheiro
para a aprovação da reforma foi o a informalidade aumentou direitos trabalhistas: caso alguém adoeça. Nossos vizinhos doam o seu trabalho em
mutirões de limpeza ou construção. Igrejas se mobilizam para
1) Negociado sobre o legislado - O acordo coletivo passam a ter força de lei, ficando doar cestas básicas a quem precisa. Os caminhoneiros entram
acima da própria CLT, podendo assim diminuir direitos. Existem 15 pontos onde o negociado em greve e nos mobilizamos para levar comida e mantimentos.
pode se sobrepor a lei (jornadas de trabalho, férias, grau de insalubridade, etc.). Por outro lado, essa possibilidade do povo pobre socor-
rer a si mesmo é pouco explorada em comparação com o
2) Transporte - O tempo até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio
que pode fazer. Uma das razões é que os movimentos sociais
de transporte, não será computado na jornada de trabalho.
em geral não a veem com bons olhos. É como se socorrer os
3) Mulheres - As grávidas poderão trabalhar em locais insalubres (que fazem mal à saúde) nossos fosse sempre uma maneira de vender uma política de
de grau mínimo ou médio. As lactantes poderão trabalhar com insalubridade máxima, média direita, que desobriga o governo de investir no social.
ou mínima. Em ambos os casos só poderão evitar esse absurdo com veto em atestado médio. Nada disso! Responder as demandas sociais de nosso
povo é nosso dever. Isso não significa que vamos deixar de
4) Trabalho precarizado – Criou-se a contratação “intermitente” onde não se tem ga- exigir, mas que por ora vamos solucionar um problema real!
rantido tempo de trabalho mínimo e ganha-se de acordo com as horas ou dias de serviço. Já E que no futuro teremos crédito para ações de outra nature-
os “autônomos” não são mais considerados empregados da empresa para a qual trabalham.
za, sem políticos nem patrões: os nossos pelos nossos como
5) Terceirização - Toda atividade de prestação de serviço poderá ser terceirizada ainda
a vida nos ensinou!
que seja atividade fim. NÓS POR NÓS! CONSTRUIR UM NOVO MUNDO COM NOSSO PRÓPRIO SUOR!
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 78 5

TE!
ELEIÇÕES 2018 NÃO VTOE
LU
!
Um circo de ilusões em meio à Nem Lula, nem Marina, nem Alckmin, nem Ciro, nem Bolsonaro:
crise política, social e econômica Construir um caminho revolucionário
O circo eleitoral de 2018 come- Petismo ou antipetismo? As eleições de 2018 ocorrem Construir Comitês de boicote às
çou com o país em condições mais Essa não é a questão em meio a uma crise social, eco- eleições e o Congresso do Povo
adversas que nas ultimas eleições nômica e política que se aumentou
É nesse cenário de urgência com a crise econômica em 2015 e O abandono das ilusões com a par-
à presidência em 2014. O Povo bra-
em reavivar a participação popular com a queda de Dilma em 2016. ticipação nas eleições burguesas é um
sileiro enfrenta a crise em todas as
na democracia burguesa que sur- Esta será a primeira eleição presi- passo fundamental para a ruptura com
áreas: na saúde, educação, mora-
ge o personagem conservador in- dencial após 13 anos do PT no co- as concepções e práticas reformistas
dia, alimentação e emprego. Hoje
corporado por Jair Bolsonaro como mando do governo federal, partido e reacionárias sejam do neodensevol-
o Brasil se encontra em uma crise vimentismo do PT ou liberalismo puro
politica, social e econômica com um um dos principais nomes na cor- que iniciou um governo de conci-
liação de classe por mais de uma sangue do MDB e PSDB e demais par-
governo que conta com apenas 4% rida presidência deste ano. Perso-
década, e que teve seu domínio tidos de direita como os representados
de aprovação dos brasileiros e des- nagem que não tem nada de novo por Bolsonaro e Daciolo.
interrompido por uma rasteira po-
crença popular no sistema politico; na política e muito menos é um
litica aplicada com a ajuda de seu A cada eleição o boicote popular
com uma massa de 13 milhões de exemplo de ética ou patriotismo, maior aliado, o PMDB (hoje, MDB). é significativo, o que comprova que
desempregados e um custo de vida porém sabe se promover por meio
A rasteira política levada pelo uma parcela expressiva da classe tra-
que aumenta todo dia. de polêmicas e com ajuda da audi-
PT levou a saída forçada de Dil- balhadora não nutre esperanças na via
Nessa situação o terrorismo de ência das redes sociais, o ex-aliado ma. Na posse de Temer (MDB) eleitoral. Se participação nas eleições
estado se torna cada vez mais pre- de Lula se converteu em símbolo como presidente, todas as ma- é abrir mão do protagonismo da luta
sente, seja de forma “legal” como a do antipetismo. nobras do jogo sujo da política se popular como a principal ferramenta
intervenção militar no Rio ou a con- Porém a ameaça de uma can- tratam da opção feita pela bur- para conquistas sociais, o boicote elei-
denação arbitrária dos 23 presos da didatura de direita gerou a revita- guesia de abandonar o pacto de toral é um primeiro passo na constru-
Copa; seja na ilegalidade como no as- lização do Petismo colocando Lula classes com o PT, pois o partido ção do poder popular.
sassinato de Mariele ou nas chacinas como o único capaz de vencer nas já não conseguia garantir a “paz Porém não basta somente boicotar
que se tornaram cotidianas. O cenário social” necessária para serem as eleições, é preciso dar um segundo
urnas esta ameaça e com a cria-
está difícil até mesmo para se traba- aprovadas medidas anti-povo passo construtivo organizando Comi-
ção desta polarização a democracia (reforma trabalhista, previdên-
lhar somente com truques de ilusão tês de boicote eleitoral que devem es-
burguesa parece ganhar um novo cia, etc.). Os melhores exemplos
circense da democracia burguesa, po- tar enraizados nos locais de moradia,
rém em matéria de ilusão a democra- gás. dessa falta de controle do petis- trabalho e estudo. Porque será a partir
cia burguesa sabe improvisar. mo sob as mobilizações sociais da organização de base, de baixo para
O não-voto e a criação foram as sucessivas greves nas cima, que as lutas e as organizações
de uma alternativa obras do PAC (com destaque as
Crise de representatividade da hidroelétrica de Jirau), as gre-
populares irão assumir a dimensão ne-
e rejeição das urnas direta do povo ves nas obras da Copa e as ma-
cessária para a ruptura com a explo-
ração e a opressão burguesa, trabalho
Após as ondas de manifesta- Apesar do novo gás, o fantas- nifestações de 2013.
este de longo prazo, mas que precisa
ções que tomaram o Brasil em ju- ma abstencionista continua a as- Após queda do Petismo a ser iniciado já.
nho de 2013 ficou clara a crise da sombrar a democracia burguesa burguesia, através do novo blo-
a cada resultado de pesquisa de Mas ainda é necessário dar ou-
democracia burguesa no Brasil, co governista MDB/DEM e o
tro passo. É necessário avançar para
diagnosticada com “crise de repre- intenção de voto e abstenção au- “centrão”, têm optado por uma
política de mais cortes e mais organizações de e assembleias popu-
sentatividade” pela mídia burguesa, menta mais com incerteza da can-
repressão como saída, mas que lares locais e a médio-longo prazo a
ou seja, o brasileiro não se sentia didatura de Lula. Fato é que com
aprofundam a crise econômica, construção de um Congresso do Povo.
representado pelos velhos nomes/ Lula ou sem Lula na disputa quem Que possam assumir as lutas da clas-
siglas da política, pois pareciam to- ganhar assumirá a gestão com um social e política. O governo Te-
mer tem aproveitado das ferra- se trabalhadora na direção da ruptura
dos farinha do mesmo saco na ide- país em crise e terá que impor me- com a ordem burguesa assumindo as-
ologia e na prática. mentas do Estado de Exceção
didas anti-povo. que foi gestado pelo próprio sim um papel de contra-poder popular
Sendo assim, necessitava de Os setores revolucionários de- governo petista, para combater para praticar a ginástica revolucioná-
novos nomes e diferenciação entre vem centralizar forças na ação di- movimentos sociais e antigos ria para substituir o Estado falido por
os partidos. A partir da eleição de reta e na resistência local, por meio aliados que não interessam mais espaço de autogoverno das massas.
2014 novos nomes foram lançados como o próprio PT, cenário que Na prática seria que ao invés de par-
da promoção de lutas e greves par-
da esquerda à direita, porém atre- foi agravado com a condenação ticipar das eleições corruptas e ilegíti-
ciais reivindicativas, de resistência
lados a velhos nomes da política, do Lula e a provável impugnação mas, iremos organizar as “contra-elei-
à intensificação da exploração e re- ções” para as Assembleias Populares,
e para reavivar a democracia bur- da sua candidatura, ao mesmo
guesa foi fomentada a ideia de po- tirada de direitos, combinada com órgãos de contra-poder popular, ou
tempo essa ofensiva burguesa
larização entre esquerda e direita. a criação de organizações sindicais tem criado condições para revi- seja, o povo criando sua própria forma
e cooperativas de tipo sindicalista talização do Lulismo. de fazer politica.
No entanto essa polarização en-
revolucionária. Para além disso é Nesse contexto onde a burgue-
tre “direita e esquerda” se mostrou Nesse contexto de maior
necessário organizar uma gran- acirramento da luta de classe e sia revitaliza farsa democrática com
sem sentido visto que os dois polos
de campanha de boicote eleitoral, de maior polarização entre os a polarização entre esquerda e direita
que hegemonizaram a disputa (PT/
PCdoB/PMDB X PSDB) já eram tidos mostrando como o atual autorita- projetos, conciliadores e refor- seguimos apostando nossas fichas na
pela população como semelhantes rismo foi gestado pelo Estado de mistas, da esquerda neodesen- única opção real para a classe traba-
devido aos casos de corrupção e por Exceção neodesenvolvimentista do volvimentista e da direita ultra lhadora, a REVOLUÇÃO. Conclamamos
aplicar medidas neoliberais e anti- PT. Porém não basta a mera de- neoliberal é importante que os os trabalhadores do Brasil para cons-
-povo. O resultado dessa tentativa núncia do lulismo e da direita, pre- trabalhadores construam a sua truírem os Comitês locais da campa-
de iludir o povo foi um recorde his- cisamos impulsionar a criação de própria via autônoma e abando- nha “NÃO VOTE, LUTE!” em seus locais
organizações autônomas. nem a ilusão da farsa eleitoral. de estudo, trabalho e moradia.
tórico do número abstenções!
6 Causa do Povo | nº 78 | Setembro de 2018

VIOLÊNCIA, ENCARCERAMENTO E EXTERMÍNIO:


A GUERRA AO POVO E AS
ESTRATÉGIAS DE RESISTÊNCIA
1. A face racista do lheres do povo. A opressão patriarcal violência urbana é a inter-
extermínio do povo faz parte da opressão de classe. venção militar, que já exis-
Os sistemas de opressão, física, te nas periferias e favelas.
A marcha fúnebre prossegue ex-
terminando a população pobre e negra moral e sexual, vão também indicar A esquerda institucio-
de todo o país. A guetificação, o encar- que as mulheres negras e periféri- nal permanece na tenta-
ceramento e o extermínio se aliam aos cas vivem um processo deliberado tiva de enganar o povo e
projetos de militarização da periferia e de extermínio. São essas mulheres afirma que a representa-
que vivenciam triplas e quadru- tividade de negros/as e que permita nossa libertação. Aca-
de aumento do Estado Penal Repressor. bar com a guerra do povo contra
plas jornadas de trabalho, vivem mulheres no parlamento pode mo-
Esse processo foi capaz de se povo, direcionar nossa energia con-
a violência obstétrica, encampam dificar o quadro de genocídio e ex-
intensificar nos anos de governos tra os exploradores do povo: “paz
a resistência contra despejos e de- termínio dos pobres pelas vias elei-
do PT, com a implementação da entre nós, guerra aos senhores”.
socupações na luta por moradia e toreiras. Não pode.
Força Nacional de Segurança, mili- É preciso impulsionar lutas co-
choram o extermínio de seus filhos Apenas a construção dos meca-
tarização das periferias e mais uma munitárias travadas nos bairros, es-
pelas “balas perdidas” da polícia. nismos de autonomia e autodefesa
série de medidas antipovo que, por colas, favelas e nas ruas. O fortaleci-
exemplo, criminalizam e condenam Ainda segundo o Atlas da Vio- atrelados às perspectivas de desen-
lência (2018), o período entre 2006 volvimento do sindicalismo revolu- mento do povo deve apontar os seus
Rafael Braga e os 23 militantes po- verdadeiros inimigos, resgatando
líticos perseguidos por terem parti- e 2016 registrou a taxa de homicí- cionário podem reorientar o ódio do
dios de mulheres negras como de povo para uma direção insurrecional sua combatividade e organização.
cipado das manifestações populares
de 2013 e 2014 no Rio de Janeiro. 71% superior à de mulheres não
O genocídio do povo negro e da
negras. Como uma das expressões
desse dado aliado ao aumento de A REBELIÃO DE STONEWALL:
insurgência e organização LGBTQI
juventude pobre é mais uma ex-
um narcoestado, tivemos o assassi-
pressão do contexto de guerra que
nato de Marielle Franco no Rio.
se abate sob as periferias, favelas
e campo. Os índices de violência O Atlas indica que em 2016, um policial que revidou com o uso do
demarcam a superexploração e os 4.645 mulheres foram assassina- cassetete. Esse foi o estopim para uma
processos de segregação do povo das no país, o que representa uma chuva de latas de cerveja e garrafas em
negro, manifestando-se através do taxa de 4,5 assassinatos para cada direção aos policiais.
terrorismo de Estado, execuções 100 mil brasileiras. Em dez anos, Um confronto entre policiais e os
sumárias e chacinas. observa-se um aumento de 6,4%. frequentadores do bar teve início. Uma
Nos seis primeiros meses de 2018, forte resistência de rua foi protagoniza-
No Estado do Ceará, os 7 primei-
229 mulheres foram assassinadas da na noite que foi o início de um pro-
ros meses do ano de 2018 registra-
no Ceará. No Estado, houve tam- testo espontâneo que se estendeu por
ram 7 chacinas e 2.380 assassinatos.
bém um aumento no número de mais alguns dias. Manifestantes foram
As principais chacinas, no Ceará e no
mulheres mortas em chacinas. No Batalha de Stonewall, 1969 detidos e policiais feridos da famige-
Brasil, possuem dentre os elementos
primeiro semestre de 2017, as mu- rada Força Tática Policial, criada anos
em comum, a execução pela polícia
lheres eram 10,7% do total de pes-
e facções organizadas.
soas vítimas de chacina no Ceará;
Em 2018, completam-se 49 anos antes para controlar os protestos contra
De acordo com o Atlas da Vio- em 2018, elas representam 28,2%
dos eventos que tornaram o dia 28 de a Guerra do Vietnã.
lência (2018), 71,5% das pessoas das vítimas desse tipo de crime.
junho um marco na luta de libertação
que são assassinadas a cada ano da população LGBTQI: A Rebelião de A organização da resistência
O Estado é misógino, racista e Stonewall. Nas primeiras horas da ma- Apesar de iniciarem de forma es-
no país são pretas. Contrariando as
Lgbtfóbico e a própria categorização nhã daquela sexta-feira em 1969, gays pontânea, um mês após aqueles dias de
supostas políticas públicas de repre-
de um crime como feminicídio ainda e pessoas trans protagonizaram uma motins, a rebelião de Stonewall ganhou
sentatividade propagandeadas pelo
não é amplamente reconhecida pelo série de atos de insurgência contra as uma forma organizativa com a criação
PT durante as campanhas eleitorei-
Estado penal brasileiro. Além disso, a consecutivas invasões policiais ao bar da Frente de Libertação Gay (Gay Li-
ras, em uma década, entre 2006 e
cada 19 horas um LGBT é assassina- Stonewall, na cidade de Nova York, beration Front), que se espalhou para
2016, a taxa de homicídios de ne-
do ou se suicida vítima da LGBTfobia, Estados Unidos. outras cidades dos EUA, procurando
gros cresceu 23,1%. o que deixa o Brasil no topo mundial estreitar laços com os movimentos de
desse tipo de crime. De 2011 para A Rebelião de Stonewall libertação do povo negro, das mulheres
2. Mulheres do povo e as 2016, houve crescimento de 90,2%
múltiplas violências nas notificações de estupro no país.
Naquele período, bares gays eram e com a luta antiguerra do Vietnã.
proibidos de funcionar, os únicos que Em 1970, a FLG organizou uma
O cotidiano das mulheres da pe- passeata do Greenwich Village, bair-
existiam eram os gerenciados pela máfia
riferia é demarcado pelas diferentes 3. Forjar nossas estratégias e os mais undergrounds. Era a segunda ro onde ficava o bar Stonewall, até o
formas de violência que se manifes- de resistência Central Park, local tradicional de ma-
tam a partir do machismo estrutural
vez naquela semana que a polícia inva-
Os dados da violência no Brasil dia o bar e “revistava” seus clientes. O nifestações em Nova York. Por volta de
e institucional. Assédios, estupros, 5.000 a 10.000 pessoas participaram
humilhações e ameaças: seja na rua,
apontam que estamos em guerra: por clima de indignação contra a ação po-
melhores condições de trabalho, mo- licial aumentou quando estavam sendo do evento que deu início as hoje fa-
emprego e mesmo em casa. O ajuste mosas Paradas do Orgulho Gay. Hoje,
fiscal e as reformas neoliberais atin-
radia, subsistência e contra o Estado detidos três drag queens, o barman e o
e a Burguesia. Para os setores con- porteiro de Stonewall. Diante daquela precisamos retomar a organização e
gem de forma intensificada as mu- combatividade LGBTQI!
servadores a saída para o aumento da situação, alguém jogou uma garrafa em
Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA | nº 78 7

RIO DE JANEIRO COMO LABORATÓRIO: A LEI 13.491/17 ABRE UM NOVO


AVANÇA O MILITARISMO E A TIRANIA! CENÁRIO PARA A REPRESSÃO
O tambor e o repique mal pa- de um fechamento do Estado. investigações do Ministério Público
raram de tocar anunciando o fim e até da Polícia Civil estão travadas
Nos primeiros dias, a imprensa pela falta de informações, já que o
do carnaval e as vozes da imprensa se perguntava: “Qual é o plano?” E as
já bradavam pelo aumento da vio- Exército se nega a esclarecer.
autoridades se esbaldavam na sua ver-
lência durante o feriado. Enquanto borragia típica para encobrir o seu real Em maio de 2018, já com a in-
cariocas e fluminenses, assistiam o plano: Matar a juventude pobre e ne- tervenção, Diego Augusto Ferreira
futebol, se livravam da ressaca e gra e manter a população do Rio de Ja- foi assassinado ao furar uma blitz na
ouviam o céu desabar em uma chu- neiro sob forte vigilância e repressão. Vila Militar atingido por um tiro des-
va que durou horas e inundou casas Colocando na esfera da Justiça ferido por um militar. O caso seguiu
Completando 6 meses em agos- Militar as mortes de militares contra para a Justiça Militar. Ou seja, os
e ruas, a voz no rádio avisava: “não
to, a Intervenção Federal (e Militar, civis, a Lei 13.491 criou um novo militares podem matar à vontade,
saiam de casa, o Rio está sitiado”.
afinal) se mostrou um grande ins- cenário para a repressão em sua montar seu teatro circense que cha-
Parecia o prenúncio para o dia se-
trumento para o aumento do geno- sanha de matar. Praticamente uma mam de “Justiça” e depois se para-
guinte quando o governo de Michel
cídio nas favelas e no aumento do licença para matar, a lei 13.491 benizarem nos porões da Vila Militar
Temer decidiu aplicar o mecanismo
terrorismo de Estado. Nesse tem- permite que os assassinatos e cha- e do Comando Militar do Leste.
da Intervenção Federal no Rio de Ja-
po, uma vereadora, Marielle Franco cinas promovidas por militares du-
neiro para combater a suposta vio- Com a Lei e a Intervenção se
(PSOL) e seu motorista, Anderson rante suas missões em favelas do
lência que assolava o Estado. tornou rotina as operações que
Gomes, foram assassinados no mês Rio sejam investigadas e julgadas
Com a publicação do decreto, a de março e até agora nada foi so- terminam com mortos, onde não
somente pelos seus pares, os tri- sabemos quantos, seus nomes e
área da segurança do Estado do Rio lucionado.
de Janeiro passou a ser gerida direta- bunais militares. as justificativas. Um exemplo é a
mente pelas Forças Armadas com mili- Cabe-nos, como revolucioná- Já tivemos exemplo da aplica- operação realizada no complexo de
tares de alta patente ocupando cargos rios, fazer uma análise da Interven- bilidade dessa lei no Rio desde 2017 favelas do Lins, zona norte do Rio,
na gestão. O que estava por trás disso? ção e buscar pontos que nos permi- com a chacina do Salgueiro, onde onde os relatos de moradores in-
O Rio de Janeiro novamente se tornava tam vislumbrar caminhos para atuar 7 pessoas foram mortas em condi- dicam vários mortos, porém a im-
laboratório para o teste de mecanis- em terreno tão pantanoso e nocivo ções não esclarecidas por militares prensa só divulga a morte do chefe
mos de repressão e para o ensaio geral para a classe trabalhadora. das forças especiais do Exército. As do tráfico como um prêmio.

OS NÚMEROS DA INTERVENÇÃO O CASO MARIELLE FRANCO


Desde que entrou em vigor, a registrados 4.005 tiroteios e dispa- No aniversário de um mês da hoje não revelou quem são os auto-
Intervenção foi responsável pelo ros, com 637 pessoas mortas, sen- Intervenção, Marielle Franco e seu res, mas podemos imaginar.
aumento do assassinato da popula- do 235 decorrentes de ação policial. motorista Anderson Gomes foram A morte de Marielle foi um re-
ção fluminense a custos exorbitan- Os 6 meses de Intervenção assassinados de maneira profissio- cado claro a todos que lutam, in-
tes. As operações só servem para com suas operações que só levam nal no bairro do Estácio, sede do dependente dos métodos e opções:
manter a população sob medo, à morte do povo demonstra bem centro de operações do Rio e perto No próximo período, a Burguesia
morte e desespero. qual são as intenções dos setores do Batalhão de Choque da PMERJ. eliminará todos aqueles que se co-
De fevereiro até julho, segun- da burguesia que hoje dirigem o
do o Observatório da Intervenção, Marielle Franco foi a 5ª verea- locarem à frente de seu objetivo de
Brasil. Para manter seu nível de
houve o aumento em 80% em exploração sem grandes proble- dora mais votada nas eleições mu- explorar o povo.
chacinas, tendo 126% de aumen- mas buscam aumentar o aparato nicipais de 2016 pelo PSOL e duran- Cabe a nós, nos prepararmos
to nas mortes ocorridas nesse tipo repressivo e manter a postos suas te seu mandato buscou dar voz às para o próximo período e organizar
de evento. Os tiroteios e disparos forças, para se em caso de neces- pautas da população negra, LGBTQI o povo para a resistência através do
aumentaram em 37%. Segundo o sidade, expandir para todo o terri- e pobre do Rio. A investigação até Sindicalismo Revolucionário.
balanço do Fogo Cruzado RJ, foram tório do Brasil.

ORGANIZAR A AUTODEFESA POPULAR PARA COMBATER A CRIMINALIZAÇÃO


E REPRESSÃO DO POVO POBRE, NEGRO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS
Temer) vêm se acentuando a mi- Nesse contexto, é direito do
litarização do Estado: criação da povo se defender. E uma tarefa dos
Força Nacional, Lei anti-terrorismo, anarquistas e revolucionários é es-
aplicações da Garantia da Lei e da timular a criação de comitês/grupos
Ordem (GLO), como por exemplo a de autodefesa nos locais de mora-
intervenção militar em curso no Es- dia, trabalho e estudo para resistir a
tado do Rio de Janeiro. todos os ataques sofridos pelo povo
A história do Brasil é marcada e aos futuros ataques que acontece-
Todas estas leis criadas têm o
por uma série episódios que expres- claro objetivo de reprimir, matar, cri- rão na medida em que se aprofunda
sam a criminalização e repressão ao minalizar os “potenciais” inimigos da a política de retirada de direitos e
povo pobre, negro, outras minorias ordem: trabalhadores pobres em sua aumento da pobreza no Brasil.
e aos movimentos sociais em geral maioria negros e residentes de favelas
seja na cidade, seja no campo. e periferias das grandes cidades do
Entretanto, nos últimos 16 anos país, movimentos sociais, em especial ORGANIZAR A AUTODEFESA POPULAR!
(governos PT, Lula e Dilma, e MDB, os decorrentes de conflitos no campo . ANARQUISMO É LUTA!
8 Causa do Povo | nº 78 | Setembro de 2018

A construção de Construir as Federações


O que é Sindicalismo
Movimentos e Sindicatos Revolucionário?
Revolucionários no Brasil Autônomas Estudantis!
Os sindicatos oficiais vêm perdendo con- Após o ciclo de lutas das jornadas de junho
fiança aos olhos do povo. Pesquisa do IBGE de 2013 e o processo de ocupações de escolas
(PNAD, 2015) mostrou que cerca de 4 em cada e reitorias em 2016, ficou clara a necessidade
5 trabalhadores não eram sindicalizados: 76 do movimento estudantil-proletário construir
milhões de não-sindicalizados em um total de organizações de massa autônomas que consi-
94 milhões de trabalhadores. E entre sindicali- gam dar sustentação as lutas por melhorias na O sindicalismo revolucionário
zados, cerca de 15 milhões não participavam de educação, não apenas imediatas, mas no longo foi criado a partir da cisão da pri-
atividades como assembleias e manifestações prazo. meira Associação Internacional dos
do seu sindicato. Trabalhadores (AIT), em 1872. A
Tais organizações em nossa concepção só
O crescente desemprego e subempregos podem ser as Federações Autônomas Estudan- partir das ideias anarquistas bakuni-
(temporários, autônomos etc.) já são uma re- tis (FAE), organizadas federativamente de bai- nistas de Bakunin, Varlin, Adhémar
alidade. Se comerciários e ambulantes já sen- xo pra cima, a partir de núcleos em cada curso, Schwitzguébel e James Guilhaume
tem na pele, ela logo promete chegar ao serviço escola ou bairro, filiados a uma federação local, foi definido como prioritário a ne-
público. A ausência de resistência e poder de que deve ter como objetivo dar unidade e força cessidade de criar uma organização
pressão dos sindicatos oficiais (CUT, CTB etc.) aos organismos de base na luta pela Educação que unisse as trabalhadoras e os tra-
tem grande responsabilidade por esta reestru- Popular e contra os ataques do governo e do balhadores para organizar uma gre-
turação trabalhista que retiram direitos. empresariado. ve geral até a destruição do sistema
capitalista. Por isso, o sindicalismo
O Estado e os sindicatos oficiais usam a tá- A crítica as entidades oficiais como a UNE,
revolucionário tem como método de
tica de “dividir para conquistar”. É preciso uma UBES e ANPG devem ser consequentes e apon-
luta a ação direta com objetivo de
nova forma de organizar os trabalhadores, fora tar uma alternativa organizativa aos estudan-
melhorar a condição de vida das tra-
do controle do Estado e do corporativismo. tes, pois o vazio organizativo tende a fortalecer
balhadoras e trabalhadores e também
Chega de cada categoria olhando só para seu novamente tais entidades burocráticas. Nesse
de organizar os trabalhadores para
umbigo. sentido, as FAE de cada cidade devem construir
realizar uma revolução social a partir
um programa voltado aos estudantes-trabalha-
É preciso combater as burocracias sindicais das greves gerais, ao mesmo tempo
dores, possuir princípios e formas organizativas
e “organizar os desorganizados”. Construir Sin- que boicotasse o sistema capitalista.
que garantam sua autonomia frente aos parti-
dicatos Gerais revolucionários, que associem Por isso, os sindicalistas revolucio-
dos eleitorais.
trabalhadores de vários ramos, e Sindicatos por nários são contrários a participação
grandes ramos de trabalho. E que estes se unam ABAIXO UNE E UBES TRAIDORAS DOS ESTU- eleitoral, defendem o socialismo e o
aos movimentos populares e estudantil. Vamos DANTES! RECONSTRUIR O MOVIMENTO ES- federalismo. Ou seja, um socialismo
agir como classe! Construir a Greve Geral! TUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVO! autogestionário, sem Estado.

CONFEDERAÇÃO INTERNACIONAL DAS TRABALHADORAS E TRABALHADORES (CIT):


IMPORTANTE PASSO PARA O AVANÇO DO SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO!!
Entre os dias 11 e 14 de maio com grupos de contracultura e não e Vraije Bond (Holanda e Bélgica). organizações Sindicalistas Revolu-
de 2018, em Parma, na Itália, acon- conseguia se estabelecer como uma Essa reorganização do Sindicalis- cionárias em cada parte do mundo.
teceu o Congresso de Fundação da opção para classe trabalhadora mun- mo Revolucionário e do Anarcosindi- A criação da CIT foi um impor-
Internacional Anarcossindicalista dial, funcionando muito mais como calismo é um marco importante para tante passo para expansão do Sin-
e Sindicalista Revolucionária. Esse um grupo de afinidades. Ou seja, não a classe trabalhadora mundial. Toda dicalismo Revolucionário. Assim, é
processo foi iniciado a três anos pela se transformou numa opção sindical preocupação da Conferência, seja por preciso avançar na sua construção
Confederação Nacional dos Traba- para os trabalhadores do mundo que parte das organizações fundadoras e impedir qualquer desvio cultura-
lhadores (CNT – Espanha), Federa- estão nas mãos de sindicatos social- bem como das organizações convida- lista e liberal como foi no caso da
ção Anarcosindicalista da Alemanha -democratas ou conservadores. das, foi com a necessidade da criação antiga AIT. As organizações que pu-
(FAU), União Sindicalista da Itália Esse Congresso criou a Confede- ou adesão de organizações a CIT para xaram a conferência em Parma, na
(USI) e FORA (Argentina) e depois ração Internacional dos Trabalhado- tornar novamente o Sindicalismo Re- Itália, deram um grande passo ao
contaram com adesão da IP (Inicia- res (CIT) e contou como convidados volucionário e o anarcosindicalismo romperem com AIT. Essas organiza-
tiva Proletária - Polônia), IWW (EUA organizações como a Federação de uma expressão de massa da classe ções tiveram a coragem de fundar a
e Canadá) e ESE (União Sindicalista Organizações Sindicalistas Revolu- trabalhadora em nível mundial. nova organização com interesse de
Libertária - Grécia). cionárias do Brasil (FOB), ARS (sin- massificar o trabalho sindical revolu-
Das organizações fundadoras,
Essas organizações romperam dicato autônomo de trabalhadores apenas a FORA, da Argentina, é de cionário. Ou seja, transformar a CIT
com antiga AIT, depois que a propo- da Bulgária), CNT-F (França), Mo- fora eixo EUA-Europa. É fundamen- numa opção para classe trabalha-
sição de rediscussão da ação e dos vimento Popular Rifeño (Marrocos), tal ampliar a participação de orga- dora mundial que em grande parte
métodos foram negados no interior GGBO – Alemanha (Organização que nizações da África, Ásia e América está refém de opções eleitorais con-
da organização. Recriada nos anos luta pelos direitos trabalhistas dos Latina. Neste sentido, a tarefa dos servadoras e socialdemocratas.
de 1920, a AIT nas últimas décadas presos e presas), Associação de Tra- anarquistas revolucionários é parti- A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHA-
não só contava com organizações balhadores de Base (Brasil), WAS cipar desse processo de construção DORES SERÁ OBRA DOS PRÓ-
anarcosindicalistas, mas também (Viena- Austria), UVW (Reino Unido) da CIT, estimulando a criação de PRIOS TRABALHADORES!

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