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Os 5 Artigos Mais

Esclarecedores
Descubra e Estude Vedanta

TOP 5
DIRETO AO ASSUNTO

Os 5 Artigos mais Esclarecedores

JONAS MASETTI

Primeira Edição
Rio de Janeiro
2014
Índice

5 Qual a Diferença entre Espiritualidade e Religião? ................................

4 O que é Ganesha? .........................................................................................

3 O que é Yoga? Quem é um Yogui? ............................................................

2 O que é Vedanta ou Advaita Vedanta? .......................................................

1 Qual o significado da Palavra OM?


Senhor Yama (Deus da Morte) Responde ................................................
Em 2011 quando comecei a montar o site e escrever os artigos, não sabia que seria
tão prazeroso.
Primeiro por poder falar sobre as questões que tanto me incomodavam quando
estava começando a minha busca. Poder escrever sobre elas é muito gratificante pois
sei o valor que elas tiveram quando estava começado. Todo o satsangaonline foi
montado em cima de dúvidas reais minhas, dos alunos, e dos colegas de estudo no
ashram.
O segundo motivo de gratificação é saber que estamos construindo um legado que
ficará disponível por muitas gerações. E a cada ano que passa mais consistente e
profundo. O satsangaonline tem recebido cada vez mais visitas e o apoio de inúmer-
os internautas divulgando, revisando os textos, e fazendo parte da nossa equipe.
E por último talvez o que mais toque uma pessoa que se põe na posição de um
professor é receber a gratidão das pessoas por estar contribuindo para a vida delas.
Dedico duas horas do meu dia apenas para responder a todas as pessoas que
gostam do trabalho e se sentiram abençoadas por ele.

Dos mais de 60 artigos que escrevemos durante os últimos 3 anos, selecionamos


nesse ebook os 5 mais relevantes para criar uma base de entendimento nos busca-
dores espirituais interessados em conhecer a tradição védica, que para os íntimos
também pode ser chamada de yoga.
Cada um desses artigos tiveram ao longo desses anos milhares de likes e visitas, e
agora reunidos nesse ebook, gostaríamos de oferecê-los de presente para você que
deseja recordar conosco os ensinamentos, ou que está chegando agora.

Tudo de bom,
Harih Om
Jonas Masetti
QUAL A DIFERENÇA ENTRE
ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO?

Entendemos por “religião” um conjunto de crenças, valores, estilo de vida e


práticas devocionais que é regida sob um nome e uma figura institucional. Os
costumes e regras são os mais variados: alguns são vegetarianos, outros não
comem a noite, alguns tem o compromisso de disseminar sua filosofia e outros
fazem voto de silêncio, para uns imagens são sagradas e para outros locais são
sagrados e cada um em sua própria língua atribui um nome a Deus. Cada
religião possui uma bandeira, uma proposta filosófica e um conjunto de regras
que tem como origem um contexto sócio-cultural.
O grupo de pessoas que se coloca separado da classificação religiosa, embora
possua também crenças, valores e alguma forma devocional, pratica o que se
chama de “espiritualidade”. Os espiritualizados, por assim dizer, são apenas
pessoas que não se declaram parte de algum grupo religioso específico, mas
possuem sua própria prática religiosa, expressão de tudo aquilo que elas já
viram e sentem, enquanto outras pegam carona nas práticas religiosas
disponíveis na sua comunidade.
Afinal de contas qual a diferença entre espiritualidade e religião?

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Apesar de termos esse senso
comum sobre o que é religião
e o que é ser espiritualizado,
a tradição védica não adota
essa mesma perspectiva.
Ela separa as pessoas quanto
a abertura mental e quanto a
proposta filosófica que a
pessoa adota na sua vida.

A abertura mental se refere a disponibilidade do indivíduo para questionar


sua vida e discutir racionalmente certos temas como: Deus, a morte, os valores
morais, o objetivo da vida e etc. Infelizmente, é comum termos dificuldade de
conversar sobre esses temas, seja pelo trauma religioso coletivo que vivemos,
já que estamos a todo momento sendo bombardeados por tentativas de
conversão, ou pela própria doutrinação religiosa onde estamos inseridos, que
pode condicionar a mente ao “não pensar”.
Essa repulsa natural ao discurso religioso é caracterizado por diversos argu-
mentos categóricos, como se a religião ou a espiritualidade fossem apenas mais
uma invenção capitalista de controle, “para o rico ganhar em cima do pobre”.
Esse tipo de reducionismo é uma análise superficial e acaba sendo um obstácu-
lo para quem deseja entender mais sobre si, pois, a verdade é que de fato,
ninguém pode viver independente de uma estrutura filosófica, esses temas
fazem parte da vida e vão estar sempre presentes de uma maneira ou de outra.

Assim, a abertura mental é estar disposto a escutar com


sinceridade, dando o benefício da dúvida, com a humildade
de um aluno, com uma mente discriminativa e objetiva,
como um bom cientista.

O cientista usa a lógica para refletir sobre os temas da sua experiência. Já o


devoto, seja ele “religioso ou espiritualizado” usa sua mente para refletir sobre
assuntos que vão além da experiência cotidiana, cuja fonte de conhecimento
são os “textos sagrados ou algum tipo de revelação”.

Qual a Diferença entre Espiritualidade de Religião? . 7


Quanto a proposta filosófica as pessoas se dividem em 2 grupos:
- O primeiro grupo sustenta a idéia que a solução para o indivíduo envolve a
sua viagem para um lugar melhor, ou algum tipo de transformação metafísica.
- O segundo grupo adere a idéia de que nós já temos, no momento presente,
todos os ingredientes necessários para ser uma pessoa feliz e completa.

Se a solução para felicidade fosse ir para um outro lugar com mais conforto,
essa proposta não seria diferente do pensamento materialista comum de “sair
para tirar umas férias”.
Apesar de ser uma boa proposta ela não se sustenta, pois por mais que o lugar
seja bonito, com música e dança, sem velhice, sem mosquitos e tudo mais que
podemos imaginar, é a mesma pessoa insegura, arrogante, impaciente, com seus
medos e obsessões que vai estar lá. E, vai arrumar confusão, sentir ciúme e
brigar pelo assento mais próximo de “Deus” na mesa de jantar.

Por outro lado, uma pessoa segura, humilde, paciente, com uma mente emocio-
nalmente saudável, não precisa de paraíso e com certeza vive bem por aqui.
Assim, mesmo que o nosso objetivo fosse ir para algum espécie lugar ideal e
paradisíaco, se tornar uma pessoa simples e equilibrada seria condição
necessária para desfrutar das belezas desse novo lugar, o que não nos deixa
opção.

Então, quanto a proposta filosófica,


para o primeiro grupo o caminho espiritual é externo,
onde a solução da felicidade é viajar para algum lugar
ou se transformar, adquirindo algumas capacidades.
E para o segundo, o caminho é interno,
para conhecer qual a realidade desse
indivíduo que potencialmente já é feliz.

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Dessa maneira, os Vedas estabelecem 3 grupos de pessoas:
- O primeiro que é fechado para qualquer discussão racional sobre o
assunto religioso.
- O segundo que acredita que a solução da vida humana é ir para algum
lugar mais confortável no pós-morte.
- O terceiro que entende que ser capaz de ser feliz no momento
presente não é realmente uma escolha, mas a única hipótese que pode
realmente fazer a diferença.

Com esse objetivo de “descobrir a pessoa simples e feliz, que cada


um já é”, os Vedas não consideram relevante a distinção entre
práticas religiosas e afirmam que Deus, estando em todo lugar,
vai abençoar o indivíduo na forma escolhida por ele.

E assim, a atitude devocional, a sinceridade, os valores como ser humano são o


que realmente importa, pois, conduzem o indivíduo para mais perto dessa
pessoa simples e feliz, e não, o grupo que estamos inseridos ou o nome que
damos para Deus.
O próprio hinduísmo, religião que acompanha a tradição védica, possui uma
série de ceitas, cultos e tradições religiosas independentes e distintas entre si,
que vivem em relativa harmonia e considera conversão religiosa um ato de
violência desnecessária.

Qual a Diferença entre Espiritualidade de Religião? . 9


Como é fácil dizer que essa pessoa simples e feliz não existe,
devemos lembrar que ela não está tão distante,
e encontramos com ela de vez em quando...

“…Quando mandamos sms para pessoa errada,


no sorriso inocente de uma criança,
na risada que antecede o final da piada,
na visão da pessoa amada ou só na lembrança;
Na solução dos problemas de matemática,
no intervalo entre estrofes, onde só se escuta o som pandeiro,
Eu sou a pessoa feliz, paciente, alegre e simpática
Sou o amor que eu sinto pelo mundo inteiro! …”
O QUE É GANESHA?

Ganesha é um símbolo para Deus presente na tradição védica e também utiliza-


do pela religião hindu.
Ele é caracterizado por ter uma cabeça de elefante e corpo de gente e também
popularmente conhecido como Senhor dos obstáculos.
É importante fazer essa distinção entre hindus e tradição védica porque com
base nos Vedas dentro da Índia possuímos uma infinidade de seitas e religiões,
sendo mais fácil definir a tradição védica do que o próprio hinduísmo.
Ele está presente em todas as linhas religiosas e devocionais que se estruturam
em torno dos Vedas e por isso é visto por toda Índia.
Tradicionalmente todo altar possui uma forma de Ganesha e todo ritual, oração
ou até mesmo os empreendimentos começam com uma oração para ele.

Mas o que é Ganesha? O que ele representa?

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Se levarmos em consideração
que todas as religiões e grupos
que existem hoje possuem no
máximo dois mil anos com
raras exceções, podemos dizer
que Ganesha tem sido uma
forma marcante na história da
humanidade, acompanhando os
Vedas ao longo das eras.
Sua imagem não o coloca em
disputas religiosas, pois ele não
tem forma humana para dispu-
tar em caráter histórico e nem
a forma de um animal que
poderia ser descartada por
críticos religiosos como uma
adoração pagã.
Assim, com essa combinação curiosa, ele vem cruzando
as eras e atualmente na Índia ainda é a divindade
ou forma de Deus mais popular.
Pessoas no mundo inteiro se identificam com o sua forma. Em uma era preocu-
pada com a estética e a aparência, um Deus com cabeça de elefante e corpo
gordo como de uma criança é bem conveniente.
Como Deus é o criador de tudo, não estaria errado dizer que Ganesha é o
senhor da fortuna ou do conhecimento, porém a tradição o apresenta predo-
minantemente como aquele que é Vinayaka o senhor dos obstáculos. E esse
jogo simbólico de representações é a beleza da tradição que faz com que Deus
esteja presente em diferentes aspectos da vida com diferentes nomes.
Existem muitos textos que falam sobre Ganesha: muitos bhajans (músicas),
kirtans (músicas para coro), japa mantras (pequenos mantras para repetição),
stotrams (versos e poesias), puranas (histórias de caráter mitológico), e até
mesmo uma upanishad (texto dedicado ao autoconhecimento) que carrega o
seu nome – Ganapati atharva shirsha upanishad. Essa upanishad e a poesia
chamada de sankatanashana ganesha stotram, são os textos mais famosos e
tradicionais a respeito dessa forma.

O que é Ganesha? . 13
Qual a história de Ganesha?

As histórias mitológicas contam que Ganesha é filho de Shiva.

“Um dia quando a esposa de Shiva, Parvati, estava se sentindo só,


ela resolve criar um filho para lhe fazer companhia, Ganesha.
Enquanto ela tomava banho ela pediu que o filho não
deixasse ninguém entrar em casa.
Porém, nesse dia, Shiva chegou mais cedo do que se esperava e
brigou com o menino que o impedia de entrar na própria casa.
Nessa briga, o menino perde a cabeça para o tridente de Shiva.
Quando a mãe vê, chora e explica o que aconteceu para o marido.
Shiva lhe dá de volta a vida e para isso substitui sua cabeça com
a do primeiro animal que aparece, um elefante…”

As histórias de Ganesha são lindas e inspiradoras. Ele sempre tem um jeito


astuto de resolver os problemas. Ele tem um irmão conhecido pelo nome de
Kartekeya, ou Subhramanyam, que juntos fazem um monte de aventuras e
proporcionam um ensinamento lúdico e simbólico.

Escute o Stotram e um mantra para Ganesha, entoados por Jonas Masetti


no CD do Sandro Shankara de música indiana pelo link abaixo:
https://soundcloud.com/sandro-shankara/ganapati-mantra

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E se alguém perguntar:
“Por que rezar para esse símbolo de Ganesha?”

Bom, primeiro que ninguém reza para símbolos – ou pedaços de pedra. Os


símbolos são apenas um veículo para a mente trazer uma determinada atitude.

Da mesma forma que um militar que faz continência para bandeira do seu país,
ele não está saudando o pano, nem muito menos a bandeira. Ele usa a bandeira
para trazer na sua mente seu compromisso com a pátria, seu propósito e fazer
com que essa atitude faça parte da sua vida.

Assim como uma mãe coloca a foto do filho que já partiu e conversa com ele.
Assim como carregamos uma folhinha de ashvattha para lembrar do ashram
dentro do livro. Todos esses são símbolos e isso é muito importante para a
mente dar realidade às relações e colocar emoções para fora.

E o que é Ganesha enquanto símbolo?

Na Índia e na internet podemos ver


de tudo, mas nos templos tradicio-
nais a imagem de Ganesha possui
medidas bem definidas.

A primeira coisa é que ele tem


cabeça de elefante. O elefante
simboliza o contentamento pois
sua face transmite uma paz e sua
tromba remete ao discernimento
e à perícia em conduzir uma
vida adequada.
As orelhas simbolizam o dharma e o adharma, aquilo que é certo e
errado e sua tromba posicionada entre as duas é capaz de levantar um
tronco de árvore ou um cotonete. E é assim que devemos ser na vida, conse-
guir distinguir o certo e o errado não apenas nas grandes situações
da vida mas também nos seus aspectos mais sutis. A cabeça de elefante
simboliza esse intelecto com paz e maturidade.

O que é Ganesha? . 15
Ele é ekadantam, pois possui apenas um dente. Isso quer dizer que ele não
escovou os dentes? Não! A história diz que quando Vyasa precisava de um
escritor para colocar os Vedas no papel, ele foi o primeiro a levanta a mão. E
Vyasa disse para ele: “mas você não tem lápis ou caneta.” Ele crack! quebrou
odente e falou: “problema resolvido!” A idéia aqui é: a prontidão para se
doar. Não existe relação com nada, nem ninguém, quando não existe uma
auto-doação. Você se oferece à outra a pessoa, você confia, você dá um pouco
de si e a outra pessoa faz o mesmo essa é a base de toda relação e seu dente
quebrado é para a gente lembrar disso.

Ele tem quatro braços. Na primeira mão ele segura o dente quebrado. Na
segunda e na terceira ele carrega um ankusha (atiçador de elefantes) e um
pasha (laço), que são ferramentas usadas para ajudar os seus devotos. Ele tem
duas ferramentas porque existem dois obstáculos mentais que precisam
ser tratados.

Quando a mente está tamas, com lascidão, sem disposição, preguiçosa e impro-
dutiva ele usa o atiçador de elefantes. É aquela alfinetada que não deixa
ninguém dormir no ponto. Ele faz dessa maneira porque essa característica
tamas só é vencida com o movimento chamado de rajas. Assim o ankusha nos
ensina que para sair de tamas usamos rajas.

E quando a mente está rajas, produtiva e com velocidade, existe uma zona de
perigo, quando essa velocidade passa do limite. Seja para nossa saúde, para os
nossos relacionamentos ou para o próprio ego que começa a crescer e se
achar demais. Esse é o momento que ele usa o laço, segura a gente ou dá aquela
puxadinha no pé que faz a gente tropeçar e lembrar que não somos o “rei da
cocada preta”. O laço traz a gente de volta para o centro mostrando
que temos um pequeno papel dentro desse mundo enorme. Esse é o
segundo símbolo, ele nos ensina a colocar o limite e trazer o ego de volta. Esse
limite é colocado pela presença de sattva nas ações, o compartilhar, dividir
e pensar no próximo.

A quarta mão é o varada mudra, a mão que abençoa. Abençoa dando resulta-
do das nossas orações, e mais ainda sendo um refúgio para os devotos. Refúgio,
pois a oração está sempre disponível e ela está conectada com a estabilidade
emocional e evolução espiritual da pessoa. Essa mão em varada mudra é comum
a muitas imagens, pois simboliza a disponibilidade de Deus e o papel da
devoção no crescimento do indivíduo.
O que é Ganesha? . 17
Seu veículo é o rato, pois ele que controla os pensamentos de todas as mentes.
Ninguém realmente sabe qual será seu próximo pensamento, eles
são dados pelo criador a cada instante. E o rato nos lembra disso, pois ele
é como a mente que vai para lá e para cá incansável.

Ganesha ainda tem um barrigão, pois como ele é o criador do universo e


estando o universo todo dentro dele, ele precisa de uma barriga enorme para
isso. Esse é o símbolo da sua barriga.

Por fim ele é chamado de Senhor dos obstáculos, pois ele é aquele que
coloca e aquele que tira os obstáculos da vida das pessoas. Ele é o que regula
os karmas e dá os resultados das ações para as pessoas. E é por isso que
quando queremos tocar nossos empreendimentos para frente pensamos nele.

Isso é uma forma genial da tradição de trazer a visão de Deus para vida.
Quando começamos algo naturalmente planejamos e pensamos nos obstácu-
los, e aí naturalmente como o obstáculo está associado a Ganesha, lembramos
de Deus. Fazemos nossa oração e começamos.

Existem outras interpretações e não precisamos ser radicais, desde que seja
coerente com a tradição. Alguns artistas o colocam segurando uma flor, outros
um prato com doces, isso é apenas uma expressão artística, que também pode
ser útil para algumas pessoas.

Não existe um Deus com cabeça de elefante sentado em lugar nenhum e nem
tão pouco se reza para um símbolo, é preciso de certa maturidade religiosa
para entendê-los e utilizá-los como um instrumento de crescimento e apre-
ciação de Deus.

OM TAT SAT

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O QUE É YOGA? QUEM É UM YOGI?
É comum se referir aos prati-
cantes de ásanas (posturas /
exercícios físicos) como yogis,
contudo nem todo praticante
de ásana é necessariamente um
yogi e existem pessoas que
nunca praticaram, mas são.
Ao que remete esse termo
“yogi”? Quem é um yogi? Qual
a sua relação com yoga? E afinal
de contas, o que é yoga?

As palavras yoga e yogi são amplamente utilizadas nos vedas e em outros


textos da tradição védica, como na Bhagavadgita e nas Puranas, para se referir a
pessoa que busca o autoconhecimento. Portanto para entender o significado
do yoga, primeiro devemos entender um pouco sobre a natureza do
autoconhecimento.
A tradição védica coloca que a ignorância sobre nossa natureza é a causa funda-
mental do nosso sofrimento. Por não sabermos nossa natureza livre, nos identi-
ficamos com o corpo e mente, sofrendo com suas limitações. Os Vedas apon-
tam que a natureza do sujeito é a mesma felicidade que ele busca a todo
momento, a paz, a liberdade, a própria eternidade.
Tendo esse “entendimento” sobre si como objetivo, a tradição prescreve um
estilo de vida que possui um conjunto de valores, uma série de práticas físicas
e mentais, e a exposição tradicional das Upanishads (parte dos Vedas, também
chamada de vedanta, que tem por objetivo a transmissão do autoconhecimen-
to).
Por detrás dessa estrutura prescrita pelos Vedas, o objetivo é que o estudo das
Upanishads seja suportado por um aparato de disciplinas, que preparam o
indivíduo para o entendimento de sua natureza livre.

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Como estamos falando de um conhecimento, é natural que seja necessário um
preparo, uma maturidade de vida, tanto emocional quanto intelectual.
O processo é comparado com acender uma fogueira, o estilo de vida e as disci-
plinas secam a madeira e os Vedas são como o fósforo. Se madeira estiver
muito molhada não é possível acendê-la e se o fósforo não for utilizado da
maneira correta o fogo se apaga rapidamente.
Para se referir a esse processo os Vedas utilizam os termos: yogi e yoga. Yogi é
a pessoa preparada para receber o ensinamento ou a pessoa que tem esse
objetivo e está se preparando. Yoga é esse “pacote” que o yogi faz uso e as
asanas, os exercícios físicos que conhecemos, são apenas a ponta de um iceberg
imenso.

Agora com esse


entendimento dos
Vedas como meio
para o conhecimento
e todas suas ativi-
dades preparatórias,
podemos analisar um
pouco mais qual é a
essência do yoga e o
que define o yogi.

Existem dois enganos comuns atualmente no uso do termo yoga. O primeiro é


que como alguns autores dividem o yoga em função de algumas práticas espe-
cíficas, ficamos com a impressão de que as atividades do yoga sejam “tipos” de
yoga separados uns dos outros. Por exemplo, as atividades devocionais como ir
ao templo ou fazer um ritual são chamadas de “bhakti yoga” e as meditações
são referidas como “dhyana yoga”. Bhakti significa devoção e dhyana meditação,
ambos os termos não se referem a um “tipo de yoga” são apenas atividades que
compõe o mesmo yoga e para o autoconhecimento e as duas atividades são
fundamentais.
O segundo engano comum é a divisão do yoga em relação aos exercícios físicos
e energéticos. Hoje em dia temos por volta de 5 estilos básicos na prática de

O que é Yoga? Quem é um yogui? . 21


posturas como Iyengar ou Asthanga. A diferença no método ou estilo de exer-
cício nos leva a crer que existe uma “variedade de yogas”, porém, na verdade
são apenas modelos diferentes de práticas de exercícios e a maioria das postu-
ras são comuns a todas elas.
A tradição védica coloca que a definição do yogi está no seu estilo de vida, mas
aqui temos de tomar um certo cuidado pois em geral consideramos “estilo de
vida” um conjunto de hábitos e não é esse o ponto aqui.

Se o provérbio diz que o hábito faz o monge, podemos


dizer que o que faz o yogi é o “karma yoga”.

E que fique claro desde o início que “karma yoga” não é mais um tipo de yoga
ou o conceito popularizado de trabalho voluntário, apesar de ser comum o uso
desse termo para se referir ao trabalho voluntário ou as atividades sem
nenhum tipo de remuneração ou recompensa em vários ashrams (locais de
estudo) na Índia.

Essas atividades podem ter seu papel, mas, no contexto dos Vedas,
“karma yoga” é a maneira como o yogi se comporta diante
das ações (karmas) na sua vida.

O próprio Senhor Krsna na Bhagavadgita coloca que existem dois estilos de


vida tendo como objetivo o autoconhecimento: o estilo de vida de um renunci-
ante, que se dedica exclusivamente aos estudos, e o “karma yoga” para as
pessoas que desejam continuar inseridos na sociedade, porém com a vida
direcionada para essa busca espiritual.
Esse ponto é importante porque o conceito de yoga muitas vezes é confundido
com algum tipo de repressão ou disciplina rígida, mas na verdade existe a opção
de uma vida normal com família e filhos descrita pelos próprios Vedas como um
meio para o autoconhecimento.
Assim, para as pessoas inseridas na sociedade, a tradição védica coloca que
enquanto uma pessoa normal faz karma (ações) uma pessoa espiritualizada faz
“karma yoga”. A palavra yoga é utilizada junto com o karma apenas para dar
esse sentido, dizer que sua ação é “yoga”.

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E afinal o que é yoga, o que é a visão de yoga?

A visão de yoga, que é essa atitude diante da vida, envolve dois aspectos:
1 - A visão ao executar a ação
2 - A visão ao receber o resultado da ação.
De acordo com os Vedas, a visão de yoga ao executar uma ação está no uso da
ação como um instrumento de preparação para o autoconhecimento.
Qualquer ação do nosso dia pode ser usada como uma oração, quando ela está
em harmonia com o Criador, que está na forma do universo a nossa volta. É
esse oferecimento da ação ao Criador que a torna um instrumento purificador.
Quando dizemos oferecimento, é
importante saber o que é isso,
senão vamos dizer: “eu ofereço
essa ação para Deus!” e isso não é
o que faz a diferença.
O ensinamento é que o próprio
Criador está na forma do universo
a nossa frente e se apresenta como
a decisão adequada em cada
momento da vida. Yoga é aprender a viver em harmonia com Deus

O dharma (ética) e a harmonia são manifestações divinas, assim como nossa


capacidade de vencer nossos gostos e aversões para fazer o correto.
E nós fazemos não por medo do que Deus fará conosco ou para deixá-lo satis-
feito, pois, para o criador desse universo de bilhões e bilhões de estrelas, não
existe nada grande o suficiente que possamos fazer capaz de deixá-lo zangado
ou ainda não existe nele um sentimento de falta que cabe a nós preencher.
Fazemos porque na base da nossa personalidade já existe embutido o valor
pela união e o amor e quando oferecemos nossa ação, a executando em
harmonia com o todo, desfazemos um sentimento de divisão e alienação.
Assim como existe uma satisfação em colaborar com a nossa família e locais
que participamos, com karma yoga descobrimos a satisfação de colaborar com
a família que é esse universo inteiro. É uma atitude na ação que representa

O que é Yoga? Quem é um yogui? . 23


sobretudo uma maturidade em termos de objetivo de vida. Tendo o auto-
conhecimento como objetivo e enxergando as limitações das ações em nos
fazer absolutamente felizes, somos capazes de descobrir essa maneira de viver.
Quanto ao receber o resultado da ação yoga é a apreciação da ordem
responsável por esse resultado chegar até nós. Em geral, fazemos um plano de
como a vida tem que ser, como as pessoas devem reagir e em qualquer ação
temos um conjunto de expectativas.

Não é possível realmente se abster dessas expectativas, porém


estar alerta para o fato que entre uma ação e o seu resultado existe
um ligação que não depende de nós é o que fará toda diferença.

É dito que qualquer ação pode produzir quatro tipos de resultados: igual a
expectativa, menor, maior ou totalmente diferente ao esperado.
A pessoa atravessa a rua para pegar o ônibus e pode acontecer: o ônibus passa
bem na hora e ela entra feliz, o ônibus demora a passar e vem lotado, ou antes
mesmo do ônibus passar o colega de trabalho oferece uma carona, ou ainda a
pessoa pode acordar três dias depois na cama de um hospital, porque o ônibus
passou rápido demais!
E todos esses resultados são possíveis, ninguém planeja ir para a emergência e
todo hospital tem a emergência lotada.

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Os Vedas colocam que o Criador na forma da ordem do karma distribui o
resultado da ação para cada indivíduo de acordo com as ações que ele realizou
no passado.

O conceito de injustiça divina e aquela tensão da necessidade de


controlar o mundo, se vão na apreciação do Criador na forma
dessa ordem cósmica que liga as ações e as pessoas.

Assim, quando cada resultado ou situação surge na nossa vida aceitamos como
uma atitude de reverência de quem está recebendo algo que vem do próprio
criador, não importa se é doce ou amargo, é o que está se apresentando
naquele momento.
Esse é um ponto importante para o yogi porque a vida está constantemente
apresentando boas e más notícias que não dependem realmente da nossa
escolha.
Tendo o autoconhecimento como objetivo, toda ação se torna uma possibili-
dade de crescimento, exatamente o que é preciso ser vivido por nós.
Por outro lado, sem uma maneira de canalizar nossas expectativas, ficamos a
mercê do mundo, como um fanático por futebol fica a mercê do seu time sem
ter um envolvimento direto com a sua vitória ou derrota.
O Criador na forma da ordem preenche essa lacuna abrindo o leque de possi-
bilidades de resultados e ao mesmo tempo sem tirar nossa participação da
ação. Nós somos responsáveis pela ação e Ele o responsável pelo resultado das
ações.

Dessa maneira karma yoga consiste em fazer a ação na forma de um ofereci-


mento ao Criador e receber os resultados como vindos do próprio Criador de
acordo com as minhas ações no passado.

Essa maneira de tomar as decisões e encarar as situações


na vida é a espinha dorsal do que é chamado de yoga.

O que é Yoga? Quem é um yogui? . 25


Afinal de contas toda disciplina ou prática de posturas culmina em uma vida
equilibrada e em harmonia com a sociedade a nossa volta.
O “yogi”, portanto, não é apenas a pessoa que faz um monte de práticas e disci-
plinas, apesar de elas serem fundamentais para o caminho espiritual, mas aquela
pessoa capaz de trazer karma yoga para sua vida. Como karma yoga depende da
apreciação do Criador que nasce da exposição aos Vedas, podemos dizer que os
Vedas são a verdadeira essência do Yoga.

OM TAT SAT

Senti necessidade em escrever um pouco nesse momento, pois falar de yoga em


sua essência enquanto filosofia às vezes pode parecer que as posturas físicas - as
ásanas - sejam inúteis. Sabe, não conheci nenhum mestre que não as praticava
durante os 4 anos que vivi na Índia. Eu mesmo comecei por elas, as ásanas são
uma porta de entrada para tradição védica, elas foram as grandes disseminado-
ras dessa tradição até então. Contudo yoga vai muito mais além...

Quando comecei minha busca, fazia sempre uma aula de ásanas e uma aula de
vedanta; uma depois da outra. Foi assim que meu primeiro professor - Santosh,
me apresentou a essa jornada. Depois de um tempo gostaria de ter sido apresen-
tado as ásanas mais cedo, faz um bem enorme.

Já dei aulas de ásanas por alguns anos, contudo foquei no ensino de Vedanta,
Mantras e Meditação, pois acho que existe uma necessidade geral das pessoas se
aprofundarem mais na essência do yoga. Hoje dou as online de Vedanta e faço
palestras em parceria com vários centros de yoga, e fico satisfeito de ver o
interesse das pessoas e como é proveitoso quando a tradição é aprendida de uma
forma completa.

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O QUE É VEDANTA OU ADVAITA VEDANTA?

Vedanta é o nome do estudo realizado a partir do final dos Vedas, que deu
origem ao conceito popular de autoconhecimento.
Na sua etimologia o termo vedanta possui dois significados: "aquilo que se
encontra no final dos Vedas", pois "anta" em sânscrito significa "fim" ;e também,
"o conhecimento final", já que a palavra "veda" também significa simplesmente
"conhecimento".
Afinal o que é vedanta de fato?
O tema do estudo recebe vários nomes pelos próprios Vedas, esses nomes
indicam o que se esperar e também como realizá-lo. Ele é chamado de conheci-
mento final, pois trata do absoluto, aquilo que uma vez conhecido não deixa
nada de fora. Em outras partes ele é chamado de atma jnanam o conhecimento
do "eu", da onde veio a expressão autoconhecimento.

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Como em inglês o "eu" é chama-
do de "self", importamos a
expressão conhecimento do
"self" (atma jnanam) como auto-
conhecimento, embora não seja
realmente a mais adequada. Isso
porque dá uma idéia de que
podemos adquiri-lo sozinhos ou
automaticamente, mas muito pelo
contrário, mesmo com professor,
exige esforço e dedicação.
Vedanta ainda vai apresentar
como objetivo vários nomes:
moksa, nirvana, brahma, atma labha,
yoga, upanishads, nishreya, para-
mam padam e muitos outros.
Todos esses nomes têm sentido
figurado e dentro do estudo são
vistos como sinônimos, fato que
não é bem entendido para quem
Veda-Vyasa, autor marcante da tradição está de fora.

O estudante inicia sua busca interessado em moksa, termo também consagrado


como a "liberação", e ao longo do processo de estudo descobre que de fato
moksa é sua natureza fundamental e não algo para ser adquirido no tempo e
espaço.
O estudo consiste em uma mudança cognitiva, a correção de uma visão sobre
o mundo e si mesmo. Essa visão errônea é a causa do nosso sentimento de
limitação, impotência e incompletude, que é básico em todo o ser humano.
Os Vedas, nessa parte chamada de vedanta, se colocam como um meio de
conhecimento para a natureza do "eu" que é livre e é aquilo que tanto busca-
mos. Esse conhecimento é obtido através de um método muito preciso acom-
panhado de um estilo de vida "de yoga" que visa preparar a mente do estudante.
À essa exposição e à tradição de ensinamento onde ela está inserida, é dado o
nome de vedanta.

O que é Vedanta ou Advaita Vedanta? . 29


Vedanta é uma Religião?
Apesar de ser visto como religião por alguns, seja pela sua proximidade com o
hinduísmo ou pelo desconhecimento geral sobre o tema, vedanta não é uma
religião. É apenas um nome para um tema de estudo, como matemática ou
geografia. Como esse tema não está disponível, tentamos enquadrá-lo em
alguma categoria que já conhecemos, para poder lidar com ele.
Vedanta não é uma religião, mas fortalece qualquer vínculo religioso que a
pessoa já tenha. Quando o professor fala de Deus sempre usa termos que são
comuns às religiões, sem entrar em questões de nomes ou sistemas de crenças.
Contudo, esse estudo faz a pessoa incorporar valores e trazer a visão da ordem
em que todo esse universo está inserido, deixando a pessoa com mais religiosi-
dade.
Não precisa ser hindu para estudar vedanta. Swami Vivekananda, um dos
primeiros a trazer a cultura védica para o ocidente, possuía apenas 2 livros de
bolso e um deles era a Bíblia. Deixando claro que seu compromisso não era
religioso e sim com a verdade não oposta as religiões.

Vedanta é ciência ou filosofia?


Se não é proposto um sistema de crenças, poderíamos concluir que é um
estudo científico ou filosófico, porém esse também não é o caso.
Eles têm como base a experiência dos objetos, mas não é possível elaborar
teorias sobre algo que não seja tangível à percepção. A nossa realidade percebi-
da é a base da ciência e do pensamento filosófico.
Vedanta lida com a natureza do "eu", que está por detrás das experiências e que
nenhuma pode realmente tocar, por isso não se trata de uma filosofia.
Seria como filosofar sobre um objeto que nunca foi visto e que não tem nenhu-
ma conexão conosco. O que se poderia pensar sobre ele?
O conhecimento proposto se dá pelo uso de um meio "externo" ao sujeito, que
figurativamente funciona como um "espelho". Assim como o olho não é capaz
de ver a si mesmo, ninguém é capaz de "ver" o "eu".
Vedanta é como um espelho: funciona como um meio de conhecimento para
aquilo que não podemos ver sozinhos.

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Quais as diferentes linhagens de vedanta?
Vedanta como vimos se refere apenas a uma porção dos Vedas para ser estuda-
da. Se a pessoa estiver estudando com um professor tradicional o fim dos Vedas
com o compromisso de encontrar a verdade por detrás das palavras, essa
pessoa não pertence a nenhum grupo de fato, é apenas uma pessoa estudando
um tema.
A classificação de diferentes linhas filosóficas vem das pessoas que ainda não
ingressaram nos estudos ou dos acadêmicos contemporâneos. Vedanta em si é
um tema, não possui realmente uma linhagem. Seria como dizer que matemática
tem linhagens, se existe alguma linhagem ela não é do ponto de vista do tema,
mas do professor de cada um.
Se pessoas tiverem pontos de vistas diferentes sobre o mesmo tema, assim
como qualquer assunto, isso é algo para ser discutido e sanado. Como não esta-
mos falando de uma filosofia, onde cada um pode ter uma interpretação, as
técnicas para definição do que é dito pelos Vedas são muito precisas e estão
contidas no próprio processo de estudo.

O que é Advaita Vedanta ou a não-dualidade de Shankara?


Advaita, que pode ser traduzido como não dualidade,
está por detrás de todos, mesmo daqueles que se dizem
dvaitins - dualistas.
Se acreditamos que a realidade é o vazio, queremos
então nos unir ao vazio; se Deus está em algum lugar
queremos ir lá encontrar com Ele; se considerarmos
que a resposta é alguma experiência na meditação; quer-
emos ser "um" com essa experiência e para sempre...
Existe alguém que não esteja de fato buscando advaita?
Advaita, não é proposta, é apenas reconhecida.
Esse é o coração dos Vedas e da tradição védica pois trata do anseio básico do
ser humano de se tornar completo, livre e em paz.
Essa busca por ser um, inteiro, livre de mudanças é o que é chamado de advaita
que é o tema de vedanta.

O que é Vedanta ou Advaita Vedanta? . 31


Assim vedanta é um tema de estudo como qualquer outro que exige dedi-
cação, tempo, interesse e um preparo. Esse preparo que envolve uma maturi-
dade de vida é provido pela própria tradição védica através do que chamamos
de uma vida de yoga.

"... Na parte final de cada um dos quatro Vedas


encontram-se as Upanisads. A estas é dada a
designação geral de Vedanta(...) não são um
conhecimento teórico contido em livros, mas um
ensinamento que deve ser ouvido..."
Glória Arieira

“… Na visão do Vedānta, você é a solução


para o problema que você sofre. “Eu sou
Brahman, a totalidade ” é Vedānta….”
Swami Dayananda

OM TAT SAT

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QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA OM?
SR YAMA (DEUS DA MORTE) RESPONDE…

Na Katha Upanishad, o professor é o próprio Senhor Yama, a deidade que


representa a “morte” e também aquele que dá o fruto das ações aos indivídu-
os, sendo a vida humana apenas mais um deles. O aluno é o famoso Naciketas,
um garoto sincero que por inocência foi mandado pelo próprio pai para servir
o Senhor da Morte. Lá é conferido a ele o grande conhecimento que é o signifi-
cado de OM, como é chamado pelo próprio Yama!

Foi um grande engano, o pai estava realizando um ritual onde ele dava todas as
suas riquezas e o filho, se vendo como uma posse de valor, “se oferece” e diz
“Pai para quem você vai me dar?” O pai ignora o menino, mas depois da 3ª vez
ele fala irritado: “Você! Eu vou dar para Yama!” Quando o pai percebeu o que
ele disse, já era tarde, palavra dita é palavra cumprida e o garoto é mandado
para o Senhor da Morte.
Sr. Yama, contudo, é muito ocupado e ele acaba esperando por 3 dias. Quando
o Senhor da Morte chega, resolve presentear o menino com 3 desejos, um para
cada dia de espera. No primeiro ele pede pelo bem estar dos seus pais. No
segundo ele pede por um ritual que leve as pessoas ao paraíso. No terceiro ele
pede para saber a verdade sobre o que acontece com uma pessoa depois que
ela morre. “Uns dizem que nada existe, outros dizem que existe alguma
experiência. Qual a verdade sobre tudo isso?”
Se existe uma continuação para vida, então, existe algo que está além do poder
da morte e o menino quer ser ensinado sobre esse conhecimento.

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Depois de uma longa introdução, onde o Senhor Yama verifica se Naciketas
realmente está pronto, ele começa falando “OM” e explica qual o significado de
OM, como podemos ver nos versos abaixo.

Versos Sobre o Significado de OM da Katha Upanishad

Naciketas: “ (Oh Yama) isso que o Senhor vê, que está além do certo e do
errado, da causa e do efeito, do passado e do futuro, por favor me conte!

Yama: “ Vou falar resumidamente, daquele objetivo que todos os Vedas


apontam, devido ao qual todas as austeridades são feitas, aquele que
desejando (as pessoas) vivem um vida de disciplina: OM!

Essa palavra (OM) é de fato um nome para a causa do universo – Brahma,


essa palavra é um nome para a realidade imutável. Seja lá o que se deseja,
meditando no OM, se torna seu.

Esse (OM) é o melhor símbolo, (pois) ele é o símbolo para causa do


universo e para a realidade (que transcende “nome e forma”). Tendo
meditado nesse símbolo a pessoa se torna o próprio “OM”.

…. a tradução foi adaptada de acordo com os comentários de Sri Shankara …

Qual o significado da palavra OM? Sr. Yama (Deus da Morte) responde... . 35


O OM aparece em várias partes dos Vedas como: Chandogya, Katha, Mundaka e
Mandukya Upanishad. Naturalmente, na Bhagavadgita e também nas Puranas ele
é citado continuamente e é por isso que temos tantas explicações e histórias.
Popularmente no meio do Yoga, o OM é tratado como uma palavra auspiciosa
capaz de amenizar os efeitos de ações inadequadas ou de potencializar, tirar os
obstáculos de uma ação. Por essa razão quando se começa algo novo, uma aula
ou se vai fazer algo importante, tradicionalmente se diz: OM!
Apesar de ser comum as pessoas cantarem “A – U – M” ou estender a duração
do OM por vários segundos, a tradição védica coloca que ele é uma sílaba
única que possui apenas 3 tempos.
Nas disciplinas dos Yogis também está sempre presente, pois todas elas
envolvem mantras e todo mantra começa com OM.
É dito que os próprios vedas são um desdobramento do OM e todo
mantra é apenas sua expansão. Já a sua repetição como prática espiritual
é a última prática, pois tem todos os mantras contidas nela. É uma disciplina que
é passada pelo mestre no dia que a pessoa se torna um “renunciante”.
Embora o OM tenha todas essas utilizações que estamos acostumados a lidar,
ele é muito mais do que uma palavra auspiciosa. De acordo com o Sr. Yama,
todo o ensinamento de vedanta pode ser resumido na palavra OM.

Assim, o que chamamos de autoconhecimento,


não é diferente do significado de OM
e por isso que é dito que:

“…todos os vedas apontam para o OM


e é tendo ele como objetivo que existem
as disciplinas e o estilo de vida de Yoga…”

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Durante o processo de autoconhecimento, o OM é um símbolo sonoro que
representa:
- Deus, a causa desse universo. E é por isso que o Senhor da
Morte diz que meditar no OM traz a você o que se deseja. Meditar
no OM nesse contexto é uma oração e através dela as pessoas
obtêm o que desejam.
- A verdade sobre todo esse mundo de nomes e formas. A matéria
prima onde todo o universo é projetado e a inteligência cósmica
que está presente em todas as leis da natureza.
- A realidade do indivíduo, que está além do corpo físico, da mente
e do espírito, aquilo que está livre da morte, exatamente como
Naciketas queria saber.

E o aprendizado é entender como essas 3 entidades


(Deus, o Mundo e o Indivíduo),
aparentemente totalmente diferentes e opostas,
são em realidade uma unidade,
um único ser,
indivisível.

Como não é uma tarefa simples, pois todos os nossos condicionamentos são
opostos a isso, existem as disciplinas, as posturas, as terapias, os satsangas e
tudo que compõe uma vida de Yoga.

O OM está sempre presente na vida de uma pessoa. Quem ainda não iniciou
suas práticas recorre ao OM para obter o que desejam no mundo, mesmo que
eles chamem o OM por outros nomes. (“Ele não se importa, afinal todos os
nomes são o OM!”)

Qual o significado da palavra OM? Sr. Yama (Deus da Morte) responde... . 37


Para o Yogi, o OM são os Vedas, o caminho de todas as disciplinas e ele recorre
ao OM para preparar sua mente para esse conhecimento e descobrir seu
significado em toda sua profundidade.
E, para o sábio, que já chegou ao fim de sua jornada espiritual, o OM é nada mais
nada menos do que o significado da palavra “eu”.

De acordo com a tradição védica, o caminho espiritual, o auto-conhecimento é


exatamente o entendimento da palavra OM. No começo, quando estamos iden-
tificados com o corpo e a mente, usamos essa palavra para indicar nossa verda-
deira natureza e, na medida que ganhamos clareza, nos descobrimos como
sendo o próprio OM.
Assim como o Oceano, o mar e as ondas, que aparentemente são tão difer-
entes, podem ser reduzidos no entendimento da sua base - a “água”; Deus, o
mundo e a individualidade (o ego) são transcendidos no entendimento do OM.

OM TAT SAT

Jonas Masetti é mestre de Vedanta,


Sânscrito e Yoga formado em Coim-
batore no Sul da Índia no ashram do
seu mestre Swami Dayananda Saras-
wati em regime de internato de 4 anos.
Antes de dedicar sua vida à Tradição
Védica, se formou em engenharia
mecânica pelo IME (Instituto Militar de
Engenharia), atuou no mercado
nanceiro e foi sócio fundador da
Morning Star Consulting.

38 . Os 5 Artigos mais Esclarecedores | www.satsangaonline.com.br


Espero que tenha gostado da leitura e que esse conhecimento tenha acrescen-
tado ao seu entendimento de yoga e agora também de Vedanta.
O satsanga online é um portal de conhecimento da tradição védica, criado para
ser um caminho confiável de artigos, vídeos e aulas.

Quando saí do ashram em 2013, o swami Dayananda, meu mestre, me orien-


tou a começar um programa de estudos de vedanta com o nome de Vishva
Vidya, e assim tenho feito dando cursos, palestras, e abrindo turmas online.
E como as turmas são a maneira autêntica de entrar em contato com o estudo,
resolvi oferecer um curso online de vedanta gratis, para que as pessoas possam
ter uma oportunidade de ver como esse conhecimento é passado originalmente,
se tem uma afinidade com elas, e para que possam usufruir dos benefícios de
estudar com um professor.

Assista nosso vídeo que conta um pouco da minha história de busca e fala sobre
a essência de vedanta e começe seu curso agora mesmo clicando no link
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