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- CAPACITAÇÃO DE LEDORES –
Módulo 4
O desafio do Ledor
OBJETIVOS
Dando Início
LEITURA
Já falamos que o atendimento prestado pelo Ledor é pautado pela observação de elementos
em tinta e a transformação deles em palavras sonoras.
Esses elementos não são apenas palavras e podem ser categorizados em três grupos:
• Textos
• Símbolos
• Imagens
1. Textos
2. Símbolos
Podemos pontuar como símbolos os elementos gráficos que aparecem em meio ao texto.
Aqueles apresentados isoladamente serão tratados como ‘palavra’ no sentido de que apenas
os pronunciarei, não havendo a necessidade de explicá-los. Exemplo:
Os símbolos que aparecem em conjunto serão lidos tomando-se como base a descrição de
uma imagem.
3. Imagens
Cabe aqui relembrar a existência do profissional adaptador que terá a competência primeira
para realizar com primazia a descrição de uma imagem.
Mas, não havendo a atuação desse e caso a imagem apareça em nosso material de leitura,
temos inicialmente que analisar o ambiente onde estamos atuando, pois só assim poderemos
especificar o quanto poderemos descrever sem interferir indevidamente na escolha do estudante.
Afinal de contas, dependendo do objetivo da descrição podemos dar mais ou menos
detalhes de uma mesma imagem.
Agora que já iniciamos a converso sobre as Técnicas de Leitura, é hora de irmos à escrita.
Afinal de contas, diferentemente do que o senso comum imagina, o ledor não é somente aquele
que lê. Como você já sabe, nosso trabalho é muito mais complexo, certo? Isso porque exercemos
também a função de transcritores.
TRANSCRIÇÃO
Desenvolvendo
As técnicas de leitura que serão apresentadas agora têm como objetivo nortear a ação
inicial do profissional Ledor e devem ser seguidas sempre que não houver tempo suficiente para
análise do material a ser lido para geração de possíveis modificações.
CONHEÇA-OS!!!!!!
Esse símbolo é a quarta letra maiúscula do alfabeto grego. É nomeado como delta.
Pode ser encontrado em diversos contextos, nos quais terá significados diferentes:
• Variação: Exemplo: H = Hf - Hi
• Valor discriminante: Exemplo: = b2 – 4ac
Esse cuidado na pronúncia dos símbolos também deve ser percebido quando eles estiverem
relacionados às letras.
Vamos ver se fica melhor perceber na prática. Observe a questão a seguir para conversarmos
mais:
Durante a leitura dessa questão, são poucas as pessoas (não profissionais Ledores) que
distinguem as letras minúsculas das maiúsculas ao pronunciá-las quando se tratam de variáveis.
Nessa questão, temos as variáveis tempo e a temperatura, ambas sinalizadas pela letra t.
O que as distingue é que uma é maiúscula e outra minúscula, o que faz toda diferença. A pessoa
(não profissional Ledor) que estiver lendo para um terceiro só perceberá a importância disso
quando encontrar a segunda variável.
Não há problemas nessa percepção tardia desde que o Ledor estabeleça a diferença entre as
letras assim que tomar conhecimento da segunda kkkkk.
Por exemplo, o Ledor começou a leitura e chamou o primeiro T de “tê”. Ele deve permanecer
denominando o T de “tê” e, assim que anunciar pela primeira vez o t, deverá distingui-lo do T,
por exemplo chamando-o de “tê minúsculo”.
O problema reside no momento em que eu quero consertar o equívoco no meio da leitura e
começo chamando o T de “tê” apenas e depois continuo a chamar o T de “tê maiúsculo”, pois
agora decretei que há três variáveis.
Nesse caso, a técnica de leitura é: SEMPRE anuncie as variáveis destacando se são
maiúsculas ou minúsculas.
No entanto, há possibilidade de ser um exagero em determinadas leituras, exemplo:
A leitura permanece satisfatória mesmo sem o emprego da técnica, podendo ser anunciado
como “uma geladeira g, uma tomada t e uma lâmpada l” sem nem mesmo abrir ou fechar os
parênteses.
Mas isso só faremos se pudermos analisar o texto (diante da leitura silenciosa) antes da
leitura em voz alta feita para o participante.
Essa dubiedade de entendimento pode levar o participante a responder de modo errado uma
questão.
O Ledor profissional tem a responsabilidade de retirar dubiedades de entendimento. Por isso
deve estar sempre atento ao que está lendo, além de ter conhecimento suficiente da matéria em
foco no atendimento de leitura.
Nas questões nas quais aparecem elementos sobrescritos ou subscritos, temos uma variação
em como anunciá-los, dependendo da matéria em questão. A leitura desejada, diante da técnica,
é:
O problema dessa questão é ela não ter sido adaptada para provas de pessoas que utilizarão
o atendimento de Ledores, pois o número de informações para serem apreendidas por quem ouve
para a posterior execução do que o anunciado da questão traz é muito alto.
De qualquer modo, o que temos que pensar é que:
1. Eu só poderei alterar a técnica diante da LEITURA PRÉVIA da questão. Afinal, se ainda não li
a questão e suas alternativas, como poderei determinar se minha ação não está respondendo
algo para o participante?
2. Eu só abro mão da técnica se eu tiver CONHECIMENTO da matéria para não cometer erros do
tipo “achei que estivesse certo”.
3. Nossa função é EXPRESSAR o que está escrito em tinta para que o participante execute a
prova.
Infelizmente há momentos nos quais não perceberemos nuances que podem prejudicar uma
leitura de material, levando ao erro de interpretação pelo participante.
O ENEM apresentou variações adaptativas relacionadas à apresentação de símbolos, o que
auxiliou a prestação da leitura pelo profissional Ledor. Veja o exemplo:
Assim fica fácil entender a importância do fato de a adaptação preceder a ação do Ledor, não
é?!
Mas nem todas as vezes fica tão melhor assim. Observe esse outro exemplo de uma questão
da mesma prova do exemplo anterior:
Mesmo que existam as variações de entendimento do que é suficiente ser adaptado, estamos
felizes em existir o precedente da adaptação.
Para descrever uma imagem, é preciso ter entendimento total do contexto no qual ela está
inserida (por exemplo, a questão com enunciado e alternativas) para, então, determinar o quanto
é suficiente ou necessário que uma imagem seja descrita. Os problemas, normalmente, giram em
torno de:
• durante a descrição, dar a informação que o participante deveria conseguir retirar da imagem
para responder à questão, ou seja, “dar a resposta de graça”;
• descrever tantos detalhes que as informações importantes se perdem diante de tanta coisa;
• desconhecimento mínimo do Ledor para descrever algo (tabela, gráfico, etc.).
Sabido isso, pensaremos agora em como proceder para descrever uma imagem, de modo
genérico, e depois veremos alguns exemplos com objetivo de aumentarmos nossa visão crítica.
1. Uma das ações primeiras deve ser nortear a escolha da direção a ser tomada para início e
fim da leitura da imagem (mas novamente essa escolha depende de um olhar crítico sobre
a imagem).
2. Esse segundo item para aprimorar o senso crítico, com relação à descrição de imagem, gira
em torno da qualificação da imagem. Quando e quanto de características eu posso
acrescentar em uma imagem a ponto de não interferir negativamente nas escolhas que
deveriam ser feitas pelo ouvinte? Por exemplo, posso dizer qual a fisionomia de uma
personagem ou quem deve inferir é o ouvinte? Em ambiente avaliativo devo considerar a
questão da qual a imagem foi retirada para determinar o que dizer.
Nas últimas versões do ENEM, houve uma preparação do material de leitura a ser utilizado
pelo Ledor durante a ação com pessoas do grupo Não Visual.
O que quero dizer com isso é que nesses últimos eventos houve a supressão da imagem
dessas provas em substituição por um texto descritivo.
Posto que alguns atendimentos serão feitos diante de participantes que enxergam (grupo
Visual), o suficiente seria solicitar que ele observasse a imagem para continuarmos a
leitura. Mas, acreditamos ser importante estarmos prontos para contingências.
3. A terceira observação demanda uma ação mais criteriosa do Ledor visando promover tempo
para usar seu senso crítico diante das imagens antes de realizar qualquer tipo de adaptação.
Essa ação diz respeito à técnica do reordenamento de informações. Vamos supor que as
questões tenham o seguinte padrão de apresentação:
Deixe claro para o ouvinte que ele pode então pedir que você leia especificamente uma
informação escolhida por ele ou, se ele desejar, falará de todos os dados.
Mas, vale relembrar, do material utilizado no ENEM 2017, o Ledor recebeu o material de
leitura sem a imagem, apenas com a “descrição da imagem”.
Ainda assim, devemos ficar atentos às imagens gráficas, pois os participantes do grupo
Visual podem demandar a leitura integral dessa imagens pelo Ledor, por possuírem, por exemplo,
dislexia ou baixa visão. Ou seja, novamente o Ledor se verá no cenário de escolher a melhor
técnica a ser usada.
Para toda regra há uma exceção: quando o travessão for empregado como pausa de leitura,
podendo ser substituído por vírgula, não será necessário anunciá-lo, apenas manter a
fluência da leitura.
Há momentos em que o abrir e fechar das aspas se tornará um problema para a leitura (pois
será, por exemplo, um elemento de repetição). A preferência será por eliminá-las para evitar
a perda de atenção do ouvinte para as demais informações. O mesmo diante das demais
técnicas de sinais variados, mas essas variações da técnica só serão possíveis mediante
análise prévia pelo Ledor.
d. Grifos (sublinhado, negrito ou itálico): Não são poucas as vezes que nos deparamos com
trechos de textos colocados em evidência diante do uso de variação da fonte padrão do
texto. O que a técnica diz é que devo anunciar o início e o final do grifo, mantendo a
fluidez da leitura. Então seria assim:
AS TÉCNICAS TRANSCRIÇÃO
Você sabe quem pode ser auxiliado pelo transcritor? De forma geral, podemos apontar
três motivos que justificam esse apoio:
1. não visualização das folhas para transcrição de resposta: Pessoas com deficiência visual
que não têm potencialidade visual suficiente para enxergar com precisão a folha de resposta
a ponto de preenchê-la com autonomia.
2. ineficiência ou ausência de coordenação motora fina para execução da transcrição: Pessoas
com deficiência física ou motora que não conseguem empunhar canetas ou escrever com
qualidade suficiente para realizar o preenchimento das folhas. Nesse grupo estão pessoas
com deficiência física que possuem má formação ou amputação de membros superiores,
bem como paralisia total ou parcial.
3. desvios cognitivos para escrita ou raciocínio lógico-matemático de ordenamento: Pessoas
que usam o serviço com o intuito de evitar erros de preenchimento ou de escrita (pessoas
com déficit de atenção, dislexia, autismo, entre outros). Esse grupo solicita a transcrição
pela segurança em não cometer erros durante o preenchimento de formulários. Um
exemplo são as pessoas com déficit de atenção que, mesmo ao terem respondido de forma
correta a questão, podem perder sua atenção ao passá-la para a folha de respostas e acabar
assinalando a alternativa errada. Ou ainda os disléxicos, que costumam cometer muitos
erros de escrita, como supressão de palavras ou alteração silábica, mesmo que tenham
pensado e pronunciado em voz alta.
Ação do transcritor
Os documentos diante dos quais o transcritor pode atuar variam de acordo com o contexto
em que ele está inserido. De forma geral, o transcritor pode agir diante de:
• Formulários: Existem variações entre as bancas organizadoras, mas normalmente os
formulários a serem preenchidos são estes: Folha de Presença, Formulários de Atendimento,
Folhas de respostas (objetivas e discursivas) e Folha de Redação.
• Respostas Objetivas: Ao preencher um Cartão de Respostas objetivas, primeiramente devemos
conhecer qual é a preferência do participante: (a) Aguardar o final da leitura da prova e passar
todas as respostas de uma vez só para o Cartão de Respostas. (b) Preencher cada questão
assim que ele disser a resposta (o problema nesse momento é que, uma vez marcada a resposta
dada pelo participante, não haverá mais possibilidade de alteração da resposta por ele).
• Respostas Discursivas/Redação: A regra básica da transcrição das respostas discursivas e da
Redação é iniciar a ação, SEMPRE, em uma folha de rascunho. Somente após a autorização do
participante, a folha definitiva deve ser utilizada. Esse cuidado possibilita que o participante
faça alterações em seu texto, além de que o transcritor verifique a relação entre o tamanho da
sua letra e o espaço disponível.
A Transcrição
escrever diretamente na folha definitiva sem usar o rascunho, eliminando todos os passos
•
ideais.
Antes realizar variações do que não entregar a redação do participante. Mas vale lembrar
que mesmo que tenhamos toda responsabilidade profissional na ação, nem sempre teremos a
determinação das ocorrências ao nosso favor, infelizmente.
Finalizando
Pois bem, acredito que você percebeu que apesar de existirem técnicas que facilitem ou
diminuam as possibilidades de problemas de leitura e descrição, dependendo do cenário e do
participante, elas não suprirão todas as necessidades.
A riqueza da ação do Ledor é exatamente esta: a simplicidade da intervenção misturada com
a complexidade do atendimento.