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As cadeias de produgao agroindustriais: uma perspectiva para o estudo das inovagées tecnolégicas Mario Otavio Batalha A tecnologia desempenha papel cada vez mais importante como fator explicativo das estruturas industriais e do comportamento com- petitivo das empresas. Pode-se observar, ao longo dos iltimos anos, uma exploséo no nimero de produtos disponiveis aos consumidores em todos os setores de atividade. Lanbin (1991) afirmou que, em ‘empresas de sucesso, de 40% a 60% do faturamento sao realizados por produtos que ha cinco anos inexistiam no mercado. Este fato evidencia a importancia de integrar 0 estudo das inovacdes tecno- lagicas 20 conjunto das aces de reflexdo estratégica das firmas, ‘A utilizac3o de inovagées tecnolégicas como forma de gerar novos produtos é cada vez menos ditada pelo acaso. E necessério que as empresas desenvolvam mecanismos de andlise que permitam avaliar 0 impacto das inovacées tecnolégicas sobre suas atividades as da concorréncia. Do ponto de vista da competitividade, 0 desenvolvimento ou a implantago de uma nova tecnologia sé faz sentido se aumentar de alguma forma a capacidade da firma em ermanecer no mercado em condicdes consideradas satisfatérias. Tentando avangar nessa discussao, procura-se explorar neste ar- tigo as potencialidades do conceito de cadeia de producdo para o estudo da influencia das inovagdes tecnolégicas no proceso com- petitivo das firmas agroindustriais. Para tanto, inicia-se com a ca racterizagao tedrica de uma cadeia de producdo agroindustrial e algumas indicagdes necessérias & construcao do espago analitico por ela delimitado. Nesta etapa, argumenta-se que a arquitetura da representacao do sistema é resultado do encadeamento das ope- ragées técnicas (de jusante a montante) que refletem a seqiiéncia de transformacao das matérias-primas em produtos finais. A seguir, a0 feitas algumas consideracées sobre o meio ambiente concorren- cial no qual as cadeias de producdo agroindustriais estao inseridas, ressaltando a importancia desta andlise e as dificuldades inerentes & definigao da fronteira e dos contornos desse meio ambiente. Na liltima parte do texto, demonstra-se que as cadeias de producso podem ser utilizadas como espaco legitimo na andlise das inovagdes tecnolégicas. Alem disso, sao feitas algumas reflexées sobre os dois principais tipos de inovacao tecnolégica, technologie push e mar keting pull, no ambito dessa analise. Recebido em setembro!95 Maro Otavo Batana, Engenheio Quiico, este em Engenharia de Pradurdo e Doutor em Engenharia de Sstemas Industri, 6 Professor Adunto do Departamento de Engenharia de Produ (OEP) e do Programa e Pés-Gratuagdo om Gest da Produglo € Cocrdenador do Grupo de Estudos Pesquisas ‘Aagoindustiais do DEP da Universidade Fedral e S80 Carlos (UFSCar) E-mail: dmab@powerufsar br Revista de Adminis, So Paulo 90, n4, 94350, oboldezembro 1885, “8 Mério Otévo Bataiha © CONCEITO DE CADEIA DE PRODUGAO AGROINDUSTRIAL’” Algumas definig cial Uma cadeia de producéo agroindustrial possui duas caracteristicas teéricas importantes, as quais devem ser ressaltadas antes que os aspectos ligados & sua metodologia de construcao e & sua utilizacao como ferramenta de anélise das inovagoes tecnolégicas, com as conseqlientes implicagées estratégicas, possam ser abordados. A primeira delas diz respeito ao espaco de andlise que ela delimita. Uma anélise em termos de cadeia de produgao agroindustrial esta situada entre os dois grandes corpos da teoria econémica: a anélise micro- econémica (estudando as unidades de base da econo- mia) e a andlise macroecondmica (estudando os gran- des agregados econémicos). Assim, como metodolo. gia de analise dedicada a problematica da organizacao industrial, ela estaria preocupada com as andlises es- trutural ¢ funcional dos varios setores da economia, no caso especifico do assunto deste artigo, e com a analise dos varios agentes econémicos relacionados ao sistema agroindustrial. No entanto, vale destacar que, embora conceitualmente apta a empreender ané- lises setoriais como as comumente efetuadas pelas ferramentas analiticas classicas da organizacao indus- trial, a andlise em termos de cadeia de producéo é especialmente adaptada a problematica do sistema agroindustrial (Batalha, 1993). Ela permite, através de cortes verticais, uma segmentacio fina do sis tema agroindustrial, de tal forma que o espaco de analise observado possa efetivamente corresponder 0 campo privilegiado da acao estratégica da empresa, da qual fazem parte as acdes estratégicas ligadas & tecnologia. Esta visdo mesoanalitica, proporcionada pela cadeia de producdo agroindustrial, foi definida por Arena (1983) como a “andlise estrutural e fun- ional dos subconjuntos e de suas interdependencias dentro de um conjunto integrado”. As idéias subja- centes a essa definig&o remetem diretamente a um pensamento sistémico, © qual corresponde & segunda caracteristica tebrica que seré abordada nesta parte inicial do trabalho. Pelas suas caracteristicas, uma cadeia de producso agroindustrial pode ser vista como um sistema aberto (Batalha, 1993). Esta idéia, desenvoivida inicialmente no campo da biologia, esté centrada no estudo das relagées entre o organismo (empresa) e 0 seu meio ambiente. A permeabilidade do sistema as influéncias externas coaduna-se, perfeitamente, com 0s novos paradigmas do pensamento estratégico, 0s quals pro- pugnam a interagéo constante da firma com o meio ambiente em que ela se insere, como forma de ge- rantir o seu sucesso em face da concorréncia. E in- teressante sublinhar que esta observagio dos fatores externos no diminui a importancia de uma boa ges- to estratégica, tatica ¢ operacional das funcées ge renciais internas a firma, As andlises interna e exter- na, fatores presentes em praticamente todas as me- todologias classicas de planejamento estratégico, so complementares e igualmente importantes. O que me- rece ser destacado € que a divisio da firma em sub- sistemas funcionais (marketing, produgio, vendas, P&D etc.) nao permite compreender adequadamente © comportamento global da empresa e, ainda menos, a maneira como ela se insere em seu meio ambiente concorrencial. O encadeamento desses subsistemas, de forma a representar o conjunto de atividades per- tinentes localizadas a montante ¢ a jusante da ativi- dade principal da firma, revela-se de dificil utiizacao pratica Grosso modo, uma cadeia de producao agroindus- trial pode ser dividida, quando percorrida de jusante ‘a montante, em trés macro-segmentos(2). Em muitos casos praticos os limites dessa divisdo n&o sao facil- mente identificaveis. Além disso, ela pode variar mui to, segundo o tipo de produto e o objetivo da anélise. Os trés macro-segmentos propostos sio: ‘* Comercializagéo — representa as empresas que esto em contato com o cliente final da cadeia de produgao e que viabilizam 0 consumo e 0 comércio dos produtos finals (supermercados, mercearias, res- taurantes, cantinas etc.). Podem ser incluidas neste macro-segmento as empresas responséveis somente pela logistica de distribuicao. Industrializacéo — representa as firmas respon- sdveis pela transformacio das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor. Neste caso, © consumidor pode ser uma unidade familiar ou uma outra agroindastria. Produgao de matérias-primas — reiine as firmas fornecedoras das matérias-primas iniciais para que coulras empresas avancem no proceso de produgso do produto final (agricultura, pecuéria, pesca, pisci- cultura etc.) Na figura a seguir estéo representas, esquematica- mente, duas cadeias de produgio agroindustriais (CPA) quaisquer. Ambas s0 nao-lineares, visto que ‘a operacso 7 pode ser seguida das operacdes 9 ¢ 12 ou da 10, as quais darao origem, conforme 0 caso, “4 Revista de Admnsragto, Sto Pauo v20,n4, 94350, oubdezembro 1995 AS CADEIAS DE PRODUGAO AGROINDUSTRIAIS: UNA PERSPECTIVA PARA O ESTUDO DAS INOVAGOES TECNOLOGICAS a0 produto 1 ou ao produto 2. Em geral, isto ocorre nna maioria das CPA, podendo uma operacso a mon- tante alimentar varias outras situadas a jusante, Neste caso, pode-se falar de ligacdes divergentes. Con- tudo, existem também ligagdes convergentes, nas quais vérias operacées a montante darao origem a rntimero menot de operagies a jusante. No exemplo apresentado na figura, as operagies 4, 5 e 6 dardo origem & operagao 8 ou a 7. Nao é raro encontrar no interior das CPA mecanismos de retroalimentaco; pode ocorrer que um produto oriundo de uma etapa intermedidria alimente, na mesma CPA, outra opera- 0 situada a montante da etapa intermediéria em uestao. PAA cPA2 Produgéo de Malérie-Prima Industiaizngdo opera Sistema de Produgao Composto por Duas Cadeias de Producao Agroindustriais (CPA) As operagdes representadas na figura podem, do Ponto de vista conceitual, ser de origem técnica, lo- gistica ou comercial. No entanto, a representacao gré- fica de uma CPA com esse nivel de detalhe seria de dificil execugao pratica, com duvidosos ganhos de qua- lidade de informacao em termos de visualizacao. As- sim, propde-se que a representacao seja feita seguindo © encadeamento das operagdes técnicas necessérias & elaboracéo do produto final (Batalha, 1993). Os aspectos tecnolégicos assumem, neste caso, papel fundamental. O esqueleto da CPA seria, entéo, com- posto pela sucesso de operagées tecnolégicas de pro- ucao, distintas e dissociavels, associadas @ obtencdo, de determinado produto necessirio & satisfacao de um mesmo segmento de demanda. Estando estabele- cido 0 flow chart de produgio, deve ser arbitrado 0 grau de detalhe da representacio. Todas as operacées de produce devem, necessariamente, ser repre- sentadas? Em geral, nao ¢ dificil decompor um processo in- dustrial de fabricacao segundo algumas etapas princi- pais de producao. Assim, seria razoavel considerar ue, apés passar por varias operagdes de fabricacéo, um produto possa alcancar um estado intermedié- rio de producao (Parent, 1979; Floriot, 1986; Bi- dault, 1988). Vale lembrar que o termo intermedia- tio diz respeito ao produto final da CPA. A producto de dleo refinado de soja, por exemplo, poderia ser considerada um estado intermedirio de producao na fabricacao de produtos finais como margarina e maio- nese. O produto desse estado intermediario de produeao cevera ter estabilidade fisica suficiente para ser comercializado, além de, evidentemente, possuir valor real ou potencial de mercado. A existéncia desses mercados permite @ articula- ‘640 dos varios macro-segmentos da CPA, bem como das etapas intermediérias de producdo que os com poem. Dentro de uma cadeia de produgo agroindus- trial tipica podem ser visualizados, no minimo, quatro mereados com diferentes caracteristicas (Batalha & Silva, 1994) entre 08 produtores de insumos € os produtores + entre os produtores rurais ea agroindiistria; + entre a agroindéstria e os distribuidores ou entre as agroindéstrias; * entre os distribuidores e os consumidores finais. A légica de encadeamento das operacdes elemen- tares de base (OEB), como forma de definir a estrutura de uma CPA, deve se situar sempre de jusante a montante. Esta logica assume, implicitamente, que as condicionantes impostas pelo consumidor final so as pprincipais indutoras de mudancas no status quo do sistema. Cabe ressaltar que as CPA nao sto estanques entre si, Determinado complexo agroindustrial pode apre- Revista de Adriaan, Sao Paulo ¥.30, n4, e450, uutroidezerbo 1896 6

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