Fernando Monteiro na roda dos livros

Ja
Publicou mais um livro de contos, que faz dele um dos bons ficcionistas de Cabo
SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 13 • 14 Outubro 2010
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Legenda do jornalismo
cabo-verdiano reclama
mais liberdade
de expressão
Aposentado das lides (“esta vida cansa”), Fernando Monteiro é a memória
de décadas do nosso jornalismo e da luta pela Liberdade de Informação.
Verde. É crítico do que se passa e recorda a Já o modo como foi afastado
da direção de “Horizonte” – uma indignidade que não esquece e não perdoa.
Anos depois, continua magoado Pág. 13

Sem perdão Contas do Estado estiveram escondidas

Thugs com armas
de guerra Neves endivida o País
até ao
Com AKM, Uzi e pistolas (6.35 mm e
9 mm), os thugs estão a envolver-se em
batalhas, mesmo nas barbas da impo-
tente polícia. Ninguém sabe como
pescoço
essas armas chegam às mãos dos ban-
dos de marginais. Ao hospital da Praia
continuam a chegar feridos destes con-
frontos. Pág. 5

Isto vimos O Governo bem quis que as Contas do Estado relativas ao primeiro semestre de 2010 ficassem no “segredo
dos deuses”. Apertado pelas oposições, lá acabou por mostrar as contas e os números revelados assustam: em
Káká Barbosa ano e meio, o Estado endividou-se mais e mais – mais 20 por cento. Ao ritmo de um milhão e duzentos mil
incita à contos ao mês, Cabo Verde (pela mão de José Maria Neves) endivida-se até ao pescoço – é o preço do
eleitoralismo que os cabo-verdianos ficam condenados a pagar. Por este andar, não haverá barriga para apertar
desobediência o furo ao cinto. Enquanto isso, a Economia marca passo e o dinheiro das pensões sociais é desviado para
alimentar a gulosice de um Estado devorador. É o descalabro das Finanças. Páginais centrais

Na rota dos dias Na rota dos dias

“Bons exemplos” são para ser seguidos

Há doentes mentais
Eduardo Monteiro presos em S. Martinho
É crime, mas o deputado do
PAICV não se importa. Por isso
foi apresentada queixa contra ele:
também na reforma É desumano e contrário à lei: na
Cadeia Central estão detidos
anda pelas ruas do Plateau a
incentivar as rabidantes a
desrespeitarem as posturas
M ais um, pum! O secretário da mesa da Assem-
bleia Nacional, o deputado Eduardo Monteiro
(PAICV), segue a moda dos camaradas – reforma-se.
alguns doentes mentais, porque
Cabo Verde não tem prisão-hospi-
municipais, chegando ao ponto Soma ao salário de parlamentar (136 contos) o cor- tal. O fato é revelado pelo diretor-
de empurrar os guardas. Káká respondente à aposentação, outro tanto. Total 272 -geral dos Serviços Penitenciários.
pensa que a imunidade contos/mês. É legal, sim senhor. Trata-se de apro- E assim se desrespeita o que acon-
parlamentar serve para tudo veitar, enquanto as regras deste jogo não mudam e o tece em qualquer país civilizado.
Pág. 12 fundo do tacho ainda pode ser rapado. Pág. 3 Pág. 4
2 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
marco do correio
O Já reserva-se o direito de seleccionar e, eventualmente, reduzir os textos não solicitados,
PAICV “força da
mudança”?
Na abertura do ano político do PAICV
o seu líder JMN, declarou, em tom
esforçado, que o “PAICV é a força da
mudança”. Ouvi a declaração e achei,
sinceramente, uma estrondosa
tentativa.
Ora, o PAICV nunca foi força de
mudança. Sempre foi força de
continuidade! Numa primeira leva
hasteou a mudança liderada pelo
PAIGC (e não CV!) - do Estado
colonial ao independente -e, num
segundo momento, pegou a boleia da
mudança liderada pelo Movimento
para a Democracia – a transformação
e modernização do Estado e dos
sistemas político, económico e social.
Se há duas coisas que não rimam nesta
altura da vida são PAICV e
MUDANÇA. “Força” até que deixava
ficar: PAICV é a maior “força” contra
a mudança em 2011.
Quem acha que está bem não quer
nem vai mudar!
Com o PAICV:
• O Primeiro-Ministro mudaria apenas
a cor da gravata
• O Governo continuaria a ser o
governo “possível”
• O Primeiro-Ministro iria continuar a
remodelar mais quatro vezes a pasta
da Economia desta feita remodelando-
se a si próprio de Ministro da
Economia por ter sido o ministro
possível
• A liberdade de imprensa no país
continuaria a cair mais X pontos
anuais nos Reporteres Sem Fronteiras
• A TCV passaria a recrutar
directamente na bolsa de quadros da
JPAI e o Presidente da sua filial
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do País
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As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor,
bem como um número telefónico de contacto.
nem se prestará informação postal sobre eles.
juvenil teria assento, por inerência, no
Conselho de Administração da TV,
com o pelouro do “Telejornal” e
“Publi-reportagens”
• 90 % da elite do partido e dos
“simpatizantes” em funções na
administração pública continuaria a
espreitar o país real pela TCV e
imprensa “amiga” apenas e acharia
surreal os outdoors da oposição
• As empresas nacionais vender-se-iam
todas a empresas estrangeiras em troca
de 20% de participação na sucursal da
empresa estrangeira entretanto criada
na sequência
• O Primeiro-Ministro achar-se-ia o
maior estadista africano do século e,
por isso, não precisaria esforçar-se
para agradar a oposição
• As finanças públicas do Estado
continuariam a engordar e as finanças
das empresas privadas a definhar
• Os meios de comunicação social do
estado reservariam 10% do tempo
disponível para a Oposição e o
Primeiro-Ministro surgia dia sim dia
não nos intervalos das telenovelas e
dos jogos da selecção a falar à Nação
da sua vontade de ser Poder
• Os boys para os jobs seriam os
mesmos mas em maior quantidade
• O único ministro com insónias seria
o das Finanças por não saber como
conseguir pagar créditos a Portugal
pois, os demais, continuariam a ir
buscar
• Entretanto, uma vez que a
legitimidade sairia reforçada, o
Conselho Nacional do PAICV
decretaria um programa nacional de
“Ordem e Disciplina” nacional em que
quem fosse contra o regime e o
progresso seria severamente despedido
ou punido
• O Jornal “JÁ” seria encerrado
“JÁ!”por não ser a favor e por contar
histórias enterradas
• Felisberto Vieira mudaria de líder de
Santiago Sul para Ministro de Estado
e Vice-Primeiro-Ministro e, seis meses
depois, para Primeiro-ministro, para
José Maria Neves vir dizer que está
mesmo cansado e concorrer às
presidenciais de 2011
• As Câmaras Municipais seriam
extintas e dariam lugar a “Cidades” as
quais teriam governadores nomeados
pelo Primeiro-ministro não vá a
oposição conseguir eleger algum
• Santa Catarina teria o Estatuto
Especial que a capital tanto deseja por
homenagem do Primeiro-ministro à
sua terra natal e Mindelo confirmar-se-
ia como “quarta” região do país na
ordem de importância do Primeiro-
ministro, precedida de Santiago Sul
em primeiro, Santiago Norte a seguir,
Sal e Boavista.
• O Boletim Oficial e o Código Civil
seriam traduzidos para o crioulo de
“Santiago” língua oficial da maioria
• BMW seria a nova marca a fornecer
carros ao Governo em detrimento da
Toyota
• M. Kadhafi viria regularmente passar
férias na sua nova tenda em Rui Vaz a
convite do ex-Chefe de Estado
• O jornal “OJE” fundir-se-ia com
“Comunicar a Administração Pública”
da Chefia do Governo como veículo
único de comunicação e imagem do
Governo
Bom…bem vistas as coisas, se nos
atendermos ao que ficou acima
exposto, não se pode dizer
categoricamente que não haveria
mudança (das datas)…
Milton Paiva
http://paiva-politicoisas.blogspot.com
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Já SEMANÁRIO GRATUITO
Administração e Redação:
Largo Eusébio da Silva Ferreira,
Achada de Santo António, Cidade da Praia,
Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669
editorial
Vlademiro
Osvaldo Marçal
Reformas e reformas
O
que distingue o político dos demais cidadãos é a
circunstância de, nele, a suposta mais apurada
consciência dos direitos e deveres cívicos justificar
que a sociedade lhe confie especial capacidade para gerir a
“cidade” (polis) – assim é desde a antiquíssima democracia
ateniense que conferiu limites, prémios e penalizações
(ostracismo, banimentos e até a morte) a quantos se
“especializaram” para o encargo dessa função. A sociedade
quis assim defender-se de que essa especialização criasse uma
casta com direitos e regalias sobrepondo-se aos dos outros
cidadãos, por isso criou a democracia – o poder do povo. Os
“políticos” dispunham (dispõem) dos mesmos direitos e
deveres dos restantes cidadãos, nem mais, nem menos. Entre
esses direitos, obviamente o direito à reforma.
Os gerontes merecem o respeito dos cidadãos por terem
dedicado a vida ao exercício de função útil à sociedade. As
sociedades antigas honraram-nos, dando-lhes o estatuto de
conselheiros e assegurando o seu sustento. As sociedades
modernas inventaram a reforma para que, com merecido
estipêndio, se libertem para gozar, sem dificuldades, o resto
das suas vidas. O direito à reforma é comum a todos,
“políticos” e “não-políticos” – é direito universal, não se
reconhecendo a ninguém mais ou menos direitos à reforma: ao
cabo de uma vida ativa, o cidadão ganha o direito a retirar-se,
sendo-lhe garantidas condições para o fazer condignamente.
Não é condenável que um político se reforme, se a sua
reforma for obtida em igualdade de circunstâncias com os
demais, ao abrigo de regras (regulamentos) para todos iguais.
A reforma de um político só é escândalo se obtida ao arrepio
da norma – se assim for, a sociedade deve puni-lo
exemplarmente: em termos morais, em termos políticos e
penais.
A situação de reforma também não incapacita nem menoriza
ninguém. Se dentro da normalidade, o político reformado
mantém direitos e deveres cívicos, podendo eleger e ser eleito.
Até pode ser eleito enquanto representante da parte dos
cidadãos que chegaram à idade de reforma. Ou seja: há
reformas… e reformas - há reformas à maneira de José Brito e
Octávio Tavares (que têm muito que se lhe diga); à maneira de
Rui Semedo (aparentemente sem atropelos); e à maneira de
Domingos de Pina (cidadão reformado que se candidata ao
exercício de uma função política e é eleito).
O que se exige, para que não haja escândalo, é que a
normalidade seja respeitada e que ninguém usufrua de
vantagens especiais e anómalas por ter estatuto político. O que
se pede é que não se faça do caminho da reforma algo do tipo
“salve-se quem puder”, ao estilo dos ratos que sentem o navio
a ir ao fundo e procuram afanosamente salvar para si o maior
quinhão do queijo em vias de desaparecer no naufrágio.

Telefone: (00238) 2623817
E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Director: Vlademiro Marçal
Design e Paginação: Medi@capital, SA
Impressão: Grafedisport SA
Tiragem: 20.000 exemplares

na rota dos dias
Médicos e enfermeiros cansados
Multiplicam-se as queixas dos pacientes que procuram os serviços do Hospital Agostinho Neto (HAN) para tratamento médi-
co: uns pelo atendimento demorado, outros por alegados diagnósticos errados dos médicos. Essas queixas chegam também a
Já pela boa dos próprios médicos, bastantes desgastados e desmotivados com as condições de trabalho que lhes oferecem,
principalmente na Pediatria do Hospital
T
odos os anos, depois da época
das chuvas, a direção do HAN
sabe que aumentam os casos
de diarreia e infeções respiratórias
entre as crianças na cidade da Praia.
Só que os responsáveis não preparam
convenientemente aquela unidade de
saúde, a maior no País, para atender os
pacientes. Neste momento, o Serviço
de Observação (SO) do banco de
Urgência da Pediatria tem em média
40 crianças, quando só existem 18 ca-
mas. “Somos obrigados a colocar
crianças deitadas em macas, às vezes 5
e 6 numa, porque não há onde fazer os
internamentos. As mães têm de ficar
nas cadeiras nos corredores, onde per-
Mais um a comer a dois carrinhos
Eduardo Monteiro passa à reforma
noitam, porque são essas as condições
que a Pediatria oferece”, conta um mé-
dico cansado de tanto trabalho dos
últimos dias.
De acordo com fontes do Já, também
os enfermeiros estão a ser sobrecar-
regados porque a direcção do HAN,
principalmente a diretora daquele
serviço, Mecildes Costa, não tem
tempo para administrar a Pediatria:
para além de ser diretora desse ser-
viço, é Diretora Clínica do Hospital,
Presidente da Junta de Saúde, dá con-
sultas na sua clínica privada no
Palmarejo e está envolvida em ativi-
dades partidárias. “É muita coisa para
uma pessoa só”, garantem-nos médi-
Aproveitar enquanto é tempo – esta é a regra e é o espírito de um tempo PAICV a chegar ao fim. Cada um à sua maneira,
acautela o que pode. São promoções, são reformas, são acumulações…
É mais um caso de reforma com
um deputado a “comer dois bo-
los” ao mesmo tempo: depois dos ca-
sos Rui Semedo, Octávio Tavares e
José Brito, o Boletim Oficial de Cabo
Verde dá-nos a conhecer mais um:
Eduardo Monteiro, inspetor tributário
principal, referência 16, escalão C, da
Direção-Geral das Contribuições e
Impostos, a exercer funções de depu-
tado da Nação, foi “desligado” de ser-
viço para efeitos de aposentação, nos
cos que falam das péssimas condições
em que trabalham, com tetos a cair.
“Há dias, um colega nosso, foi atingi-
do no pé por uma chapa de madeira
que lhe caiu em cima”. Esteve uma
semana em casa, com um inchaço.
Falta planeamento
A falta de pessoal é gritante. Ao longo
dos últimos 4, 5 anos saíram vários
médicos, uns para fazer especialidade
e outros, que deixaram o hospital.
“Mesmo assim não foram contratados
mais profissionais, porque não existe
planeamento”. Como não houve no
caso das enfermeiras. “Apesar de
haver profissionais que saíram do últi-
termos da lei, com direito a pensão
provisória anual de 1.632.000$00, cal-
culada em conformidade com o artigo
37º, do Estatuto de Aposentação e da
Pensão de Sobrevivência, correspon-
dente a 34 anos de serviço prestado ao
Estado, incluindo os aumentos legais.
Eduardo Monteiro, deputado do
PAICV eleito pelo círculo da Praia, é
Secretário da Mesa da Assembleia
Nacional. Tem salário de 136 mil es-
cudos mensais. Com a reforma, passa
Agostinho Neto: mau estar na Pediatria
mo curso de Enfermagem, não se con-
tratou ninguém para trabalhar na Pe-
diatria do Hospital”, asseguram-nos.
As nossas fontes reconhecem que o
tempo de espera para as consultas no
Banco de Urgência da Pediatria ultra-
passa o limite do razoável, mas pouco
ou nada podem fazer. Muitas vezes
são os médicos do SO que vão “tapar
o buraco nas urgências”, porque um
único médico durante a noite não dá
conta do recado.
A nossa reportagem tentou contatar
Mecildes Costa para a ouvir sobre este
assunto, mas a diretora primou pela
ausência: desta vez do País, tudo indi-
ca que por motivos profissionais.
a receber vezes dois, ou seja, 272 por
mês. Tudo dentro da lei.
Diz mais o BO n.º 35, de 1 de Setem-
bro de 2010: por despacho de 18 de
Maio de 2010, do Diretor Nacional do
Orçamento e Contabilidade Pública,
foi deferido o pedido de pagamento
das quotas em atraso para compensa-
ção de aposentação, referente ao pe-
ríodo de 9 anos, 11 meses 22 dias. Is-
so quer dizer que a dívida de Eduardo
Monteiro para com o Estado, no mon-
Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 3
O Serviço de Observação (SO)
do banco de Urgência da
Pediatria tem em média 40
crianças, quando só existem
18 camas. “Somos obrigados
a colocar crianças deitadas em
macas, às vezes 5 e 6 numa,
porque não há onde fazer os
internamentos. As mães têm
de ficar nas cadeiras nos
corredores, onde pernoitam,
porque são essas as
condições”
tante 976.752$00, deve ser amortiza-
da em 180 prestações mensais e con-
secutivas (entenda-se, em 15 anos),
sendo a primeira no valor de 5.498$00
e as restantes no valor de 5.426.$00.
Já sabe também que, para além deste
caso, existirão outros deputados a
amesendar “benesses” que, embora
legais, causam engulhos a quem tenha
da política um conceito de serviço cí-
vico, onde é fundamental ter compor-
tamento exemplar.
4 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
na rota dos dias
Ensino Superior
ISCJS afirma
padrões de qualidade
O ISCJS, Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, lançou no mercado os primeiros licenciados em Ciências Sociais, ato
que sublinhou a excelente qualidade deste estabelecimento de ensino privado e deu azo à ministra Fernanda Marques prome-
ter, em nome do Governo, algo que já todos têm por via da internet: o acesso a bibliotecas virtuais
E
m mensagem de exortação
aos alunos, o reitor do ISCJS,
Jorge Carlos Fonseca, afir-
mou que os ali recém-licenciados não
devem ter receio de confronto com
outros, podem ombrear com os mel-
hores alunos de Coimbra, Lisboa,
Alemanha ou qualquer outra Uni-
versidade. Quis assim Jorge Carlos
Fonseca realçar a excelência da qua-
lidade do ensino naquele Instituto,
sem bazofarias semelhantes às de
José Maria Neves, o qual, em Asso-
mada, recentemente, qualificou o
ensino liceal cabo-verdiano superior
ao dos Estados Unidos.
No corpo docente do ISCJS figuram
Desumanidade na Cadeia Central
Há doentes mentais
presos em S. Martinho
Na Cadeia Central de S. Martinho Pequeno estão detidos, em número significativo, indivíduos inimputáveis por anomalia
psíquica, por não existirem em Cabo Verde instalações adequadas para os receber – esta é uma das falhas do atual Governo
em matéria que é tanto do domínio da Justiça, como da Saúde. Trata-se de situação violadora do Direito e que demonstra a
fragilidade do sistema de saúde, incapaz de dar resposta às demandas da sociedade
nomes sonantes do Direito em Cabo
Verde, como Carlos Veiga, Geraldo
Almeida, Pina Delgado, Júlio Mar-
tins, Eurico Monteiro, entre outros.
Fundada há 5 anos, esta instituição do
Ensino Superior, do foro privado, é
considerada uma das mais presti-
giadas do País, não só pelo nível dos
docentes mas sobretudo pelas exigên-
cias feitas aos alunos. E é um exem-
plo de qualidade num País onde o
Governo se demitiu de estabelecer
padrões às Universidades – o que é
tido como um dos enormes erros
cometidos pelo Executivo de José
Maria Neves em matéria de Ensino.
Para Jorge Carlos Fonseca, “o sonho,
a coragem e a determinação”, postos
na fundação e estruturação do ISCJS,
levaram a bons resultados.
Respondendo a Geraldo Almeida, a
propósito da carência de livros nas
bibliotecas de Cabo Verde, a ministra
Fernanda Marques informou que está
em curso um projeto que permitirá
aos alunos, e demais interessados, o
acesso a bibliotecas virtuais na inter-
net. Certamente a ministra se esque-
ceu que, para isso, não é necessário
nenhum projeto: quem tenha os
respetivos endereços, acede hoje às
bibliotecas virtuais existentes no
mundo. E que é mais do que isso que
se exige a um Governo.
O diretor-geral dos Serviços Pe-
nitenciários, Fidel Tavares, ques-
tionado por um jornalista do Já, reco-
nheceu que, neste momento, existem
em S. Martinho Pequeno doentes men-
tais com patologias graves que care-
cem de cuidados especiais e que o hos-
pital da Trindade não tem condições de
segurança para receber este tipo de
pessoas, sujeitas a regime peniten-
ciário. “É um atropelo à legalidade,
mas é a realidade que temos”, disse,
em tom de desabafo. É a inexistência
de um hospital-prisão que faz com que
os serviços penitenciários cubram este
espaço.
Duas categorias
de inimputáveis
O Direito Penal distingue duas catego-
rias de delinquentes: os imputáveis e
os inimputáveis. Estes últimos são, por
sua vez, classificáveis como “inim-
putáveis em razão da idade” e “inim-
putáveis por anomalia psíquica”. Aos
“inimputáveis por anomalia psíquica”,
que tenham sido punidos por prática de
um fato descrito no Código Penal
como crime, é previsto que lhes seja
aplicada medida de segurança que,
dependendo do fato em si, pode ir
desde o internamento em estabeleci-
mento hospitalar ou outra medida que
o tribunal ache conveniente. Em todo
caso, aos inimputáveis por anomalia
psíquica jamais os estabelecimentos
prisionais podem ser vistos como alter-
nativa.
Trata-se de uma situação que carece de
solução urgente em Cabo Verde, até
porque, só nos tempos medievais, os
epiléticos e os doentes mentais eram
chicoteados e encarcerados - hoje são
enviados para os hospitais.
Ponto de Mira
Sem qualidade
de vida
Carlos
Monteiro
N o ensino superior, a falta de
qualidade é gritante, gerando
forte preocupação com o rumo desse
ensino pois, a continuar assim, o
próprio mercado vai acabar por
cavar um fosso entre os formandos
com base na origem do diploma.
O Governo de José Maria Neves
desprezou apoios socioeducativos,
limitando-se a inscrever, ano a ano,
menos de 500.000 contos no
Orçamento do Estado, significando
isso que o número de novas bolsas
anuais é igual ao número dos que
saem. O resultado dessa política é a
quase não existência de bolsas de
estudo para milhares de jovens,
frustrados, em casa ou no
“desenrascanço” para conseguirem
uma tumultuada formação.
A razão deste desleixo do PAICV
está na sua concepção ideológica da
pessoa humana - aquilo que o levou
a responder, na década de oitenta,
aos que reclamavam por um liceu no
Fogo, “pa kê ki nhôs krê lice”, e,
agora, em pleno século XXI,
também o leva a proclamar em
terras de Santa Catarina, Santiago,
“tudo nhôs krê ser dotor, nhôs ba
curso profissional”.
O PAICV recebeu uma onda
reformista do Governo MpD,
incluindo um projeto de qualificação
da educação denominado PROMEF,
financiado pelo Banco Mundial em
6 milhões de USD, mas desbaratado
com a teoria do colapso das
despesas com a Educação. Quem vê
a educação como despesa e não
como um investimento essencial no
capital humano, fica pelo caminho
como já demonstrou o Fórum
Económico Mundial.
É o caminho do betão, do hardware
sem software, o caminho do PAICV
para Cabo Verde. É assim nos
aeroportos sem aviões (vide S
Vicente). É assim nas estradas, sem
carros (vide Circular da Praia). É
assim nos portos, sem barcos (vide
Brava, Fogo, Maio, S Nicolau). É
assim na energia, no regresso ao
rádio de pilhas. É assim, nos Liceus,
sem conteúdos (vide todo o País). É
assim nas Casas para Todos, com
milhares sem teto ou a ruir (vide
todo o País). É assim nos Hospitais,
sem reagentes, sem médicos
especialistas ou a levar meses para
um exame de diagnóstico (vide todo
o País). Em resumo, é a argamassa e
o asfalto, sem qualidade de vida para
as pessoas.
É esse o País que queremos? Que
falem os jovens, os professores e os
encarregados de educação!

sem perdão
Agentes acusam Comando Regional da PN
“Estado normal do
comandante Varela
é bêbado”
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades. Acusando-se uns aos outros, a podridão salta cá
para fora: as acusações de um lado e de outro são graves e mostram a que estado chegou a nossa polícia
A
Polícia Nacional (PN) tem
sido, nos últimos tempos,
objeto da atenção da impren-
sa cabo-verdiana, pelas sucessivas
violações das liberdades individuais,
através de detenções ilegais e maus
tratos nos calaboiços das diferentes
esquadras do País. A esquadra do Co-
mando Regional da PN da Praia é
apontada como palco de sevícias a ci-
dadãos, sobretudo aos fins-de-sema-
na. Este fato tem preocupado, sobre-
maneira, os vizinhos que já manifes-
taram sentimentos de “revolta face às
atrocidades dos agentes da PN, sob
olhar indiferente do comandante, Ma-
nuel Varela”, confessa um elemento
da Brigada Anti-Crime (BAC).
O comandante da Esquadra da ASA é
apontado, juntamente com o seu
chefe, Guilherme Cardoso (Minó),
como um dos principais responsáveis
pelas torturas e perseguições a
cidadãos, o que já motivou descon-
tentamento da parte dos mais de 60
agentes que trabalham no Comando
Regional da PN da Praia. “O que está
a acontecer na esquadra de Achada
de Santo António (ASA), com o
comandante Varela, é absolutamente
inadmissível. Pune os agentes, sem
instrução do competente processo
disciplinar, com cortes de salário; usa
e abusa da viatura da Polícia em
paródias aos fins-de-semana com os
amigos; o estado normal dele é bêba-
do. Passa entre 10 e 15 dias sem
aparecer no trabalho e, quando
aparece, resolve perseguir os agentes
com ameaças de processo discipli-
nar”, acusa um elemento daquela
Esquadra que procurou a redação
deste jornal para denunciar um con-
junto de ilegalidades perpetradas por
aquele responsável, com cumplici-
dade do Comandante Regional –
Guilherme Cardodo.
De acordo com esta fonte policial,
mais de 90 por cento dos agentes da
esquadra de ASA estão desapontados
com o comportamento deprimente de
Varela. “Vários agentes já apresen-
taram queixas contra o comandante
Varela ao diretor nacional, Carlos
Graça, mas por razões políticas ele
continua à frente da esquadra, come-
tendo ilegalidades, semeando ódio,
perseguição e discriminação entre os
agentes”, afirma ele, considerando
que a Direção Nacional da PN tem
responsabilidade nesta matéria.
Taxista preso por uso e
porte de arma de fogo
“O mais grave aconteceu há dias
com um taxista, que foi preso por
uso e porte ilegal de arma de fogo, de
calibre superior ao da PN. O indiví-
duo foi detido mas, por interferência
da proprietária do veículo, que é
amiga pessoal do comandante Va-
rela, foi posto em liberdade. A arma
de fogo foi-lhe devolvida. Tanto
quanto sabemos, o taxista trabalha
para uma senhora que se encontra
presa na Cadeia Central de São
Martinho por tráfego de droga”,
conta a nossa fonte, estranhando a
forma como aquele caso foi resolvi-
do. O fato é que tudo ficou sanado
quando a reclusa chegou, acompan-
hada dos guardas prisionais, e
momentos depois o seu empregado
estava livre e com a arma de fogo na
sua posse.
Agentes consomem drogas
O comandante da esquadra de ASA,
Manuel Varela refuta todas as acusações
e diz que existem no seio da PN alguns
indivíduos ambiciosos, que procuram a
corporação apenas para resolver, pon-
tualmente, os seus problemas financei-
ros. Mas de polícias não têm, rigorosa-
mente, nada.
“Eu estou na Polícia há quase 34 anos,
portanto conheço muito bem estas abor-
dagens. Não passam de tentativa de lin-
chamento pessoal. Provavelmente, al-
guns destes agentes não terão gostado
da forma como tenho trabalhado para
preservar a boa imagem da instituição.
Alguns deles, mal entraram na institui-
ção enveredaram já pelo caminho de
conflitualidade com o Regulamento
Disciplinar da Polícia. Aliás, aqui há
tempos, fomos obrigados a tomar medi-
das enérgicas contra elementos da PN
que foram apanhados a consumir estu-
pefacientes e substâncias psico-ativas”,
afirma Varela para quem estas denúnci-
as “falsas e caluniosas” visam não só
atingir a sua pessoa, mas também o pró-
prio ministro de Administração Interna,
na vã tentativa de pôr em causa o exce-
lente trabalho que a PN tem feito em
prol da luta contra a criminalidade aqui
na Praia e um pouco por todo o País.
Segundo Manuel Varela, já foram expul-
sos do Comando Regional da PN de ASA
mais de cinco agentes, apanhados no con-
sumo e/ou trafico de droga. Portanto, para
Varela, a “forma austera” como se dedica
às causas policiais podem estar por detrás
das “denúncias malévolas”.
Mais um fim de semana sangrento
na cidade da Praia
Thugs armados
até os dentes
Bandos de Tira Chapéu e Casa Lata foram os protagonistas
da “guerra” que semeou o pânico em Tira Chapéu na noite
de 8 de Outubro
F oram mais de três horas de
escaramuças quase nas barbas
da Polícia, cuja esquadra se encontra
a algumas dezenas de metros.
Segundo um oficial da PN, a Polícia,
sem operacionalidade, sente-se
impotente para fazer face a uma
situação cada vez mais complicada:
“ouvíamos o tiroteio aqui, na
esquadra, e todas as vezes que lá
fomos não encontrámos nada. É só
virarmos as costas e os combates
recomeçam. Fizemos três incursões
e nada conseguimos”.
A Polícia estranha o nível de arma-
mento em poder dos bandos de
“thugs”: “como é possível que ra-
pazinhos estejam na posse de armas
tão sofisticadas, que custam caro, e
com muitas munições?” São jovens
que não trabalham e cujos assaltos
não rendem para comprar o tipo de
armamento que possuem. Segundo
fonte bem posicionada, os “thugs”
desprezam hoje o “boka-bedjo”:
preferem as 6.35mm e as 9 mm.
Como as obtêm? Quem as fornece?
Há conhecimento que há Uzi e AKM
na posse destes bandos. “Qualquer
dia, aparecem com rockets e lança-
chamas e ninguém sabe como é que
eles chegaram às suas mãos”, lamen-
ta uma fonte policial.
Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 5
Cenas de crime e de sangue
No rescaldo dos confrontos da noite
de 8 de Outubro, encontra-se hospi-
talizado no “Agostinho Neto” um
jovem atingido por bala de 9mm
(arma de guerra), só acessível a
militares e forças de Policia.
Entretanto, nessa data, Lém Ca-
chorro amanheceu com um
macabro cenário: suposto assaltante
que se terá introduzido na casa de
um idoso, de 74 anos, foi morto a
golpes de catana e depois atirado
para o leito de uma ribeira. Alertada
a Policia, esta seguiu os rastos de
sangue que conduziram à casa do
referido idoso, que terá confessado
o crime, alegando legítima defesa.
Mas não explicou o porquê de ter
atirado o corpo para a ribeira em
vez de chamar a Policia.
São cenas de crime e sangue em
bairros onde os criminosos impõem
a lei do silêncio a quantos moram
nas suas zonas, sob pena de repre-
sálias contra quem colabore com a
Policia.
Há um responsável de toda esta
gravíssima situação de insegurança:
Lívio Lopes, ministro da Adminis-
tração Interna do Governo de José
Maria Neves.
6 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
cá se fazem
Revolta de Rubón Manuel
Longa Marcha
pela Memória
F
oi longa a marcha pela
memória: mais de duas cen-
tenas de pessoas concen-
traram-se, ao fim da manhã de 10
de Outubro, junto à Cruz Alta,
depois de Nhangar, a caminho da
Malagueta, junto ao lugar que foi de
“morgados”, agricultores mais
abastados nos tempos em que a I
Pedro Martins, a voz da coerência
Assumida a identidade de um povo
República Portuguesa dava os seus
primeiros ensarilhados passos. O
ponto de encontro foi precisamente
a casa onde estiveram detidas pela
tropa as mulheres apanhadeiras de
purga da região de Rubon Manuel,
nos históricos dias de 1910: para ali,
o povo de Ribeirão convergiu: eles,
com paus na mão; elas, com ma-
Meninada das escolas lembrou os avós heróis
Ninguém se poupou
ao esforço da marcha
chins; a miudagem com pedras. E
muito alarido.
Os soldados amedrontaram-se com
a turba, que abrira os diques às
águas da revolta e se dispunha a
tudo levar à sua frente. Tanto o
medo que abriram as portas das
masmorras às mais de 30 mulheres
que estavam detidas. A massa
Marchando pela Dignidade nacional
humana, recolhendo as mulheres
libertas, regressou em festa às casas
de Rubón Manuel e Tomba-toro.
Foi há cem anos – é a memória de
um povo heróico a quem nunca fal-
tou coragem para enfrentar os cau-
sadores da sua miséria, para de-
safiar opressores e para festejar as
vitórias.
Rostos lindos não faltaram no cortejo
Francisco Tavares
no meio do seu povo
Isto se lembrou agora, 100 anos de-
pois. Com a ausência do Governo,
fizeram-se as celebrações. Homens,
mulheres, jovens, crianças numa
Longa Marcha pela identidade de
um povo que exige que o respeitem.
E ficou a vontade de dar a Rubón
Manuel a dignidade de Património
Nacional.
Homens de amanhã
aprendem a História
Chegados a Rubon Manuel
 Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 7

notícias do jet-set

Bancários portugueses na cerimónia Manuel Frederico, administrador do BCV

Situação dos bolseiros incomoda Neves

JMN “lembra-se”
dos bolseiros
na inauguração
Advogados e Conservadores não podiam faltar Rui Levy e Atelano Fonseca

de Banco
Em ano pré-eleitoral vale tudo. O Chefe do Governo anda em zigue-
zagues, continua a prometer mundos sem fundos a toda a gente. Em
2005, o então ministro da educação Victor Borges e José Maria Neves
bem tentaram que os licenciados começassem a reembolsar o Estado
uma dívida contraída através de empréstimo bancário para cursos no A Caixa Económica esteve representada Elias Monteiro e Anastácio Silva
exterior. O Presidente Pedro Pires demoveu José Maria Neves das “más
intenções” e o Primeiro Ministro recuou. Cinco anos depois, Neves
aproveita a inauguração do novo banco para vir agora dizer que está
todo o mundo perdoado da dívida dos anos 90, num sinal claro do dis-
curso eleitoralista que tem feito escola entre os tambarinas, principal-
mente nos últimos dias. Se Pedro Pires deu “nega” no passado a JMN,
porque razão iria aceitar agora que os bolseiros paguem ao Estado a
dívida antiga?
Com o Novo Banco de Cabo Verde, a intenção do Governo, diz JMN, é
negociar com os diferentes bancos as condições para que os jovens que
pretendem fazer empréstimos para prosseguir os estudos possam fazê-
-lo em condições mais favoráveis.
Na cerimónia de abertura, estiveram presentes governantes, bancários,
advogados, seguradoras e empresários… de todas as latitudes. Francisco Silva, presidente do Novo Banco Jorge Alves e Davis Jasse

Carlos Monjardino, da Fundação Oriente ao lado de Marisa Morais Nelson Gregor (à dir.) veio dos EUA para a inauguração As jovens, lindas, brilharam
8 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010

o que por aí vai

PAICV tenta “assassinar” líder da UCID

Monteiro
contra João do Carmo
O presidente da UCID e o líder do PAICV estão engalfinhados em S. Vicente. João do
Carmo acusa António Monteiro de envolvimento em alegada corrupção na Câmara.
Monteiro responde que Carmo “nem sabe distinguir a mão esquerda da direita”, e
compara o PAICV com lacaios que “mantêm espírito de terroristas”

C
omeça a ser evidente que,
“quando o PAICV sente que
está mal em São Vicente,
lança mão do dossiê da alegada cor-
rupção na venda de terrenos na
Câmara Municipal de São Vicente”.
Mais grave: segundo alguns setores da
sociedade sanvicentina, “substituem o
Tribunal, acusando sem apresentar
provas e transformando um caso, que
devia ser judicial, em arma de assassi-
nato político”. O novo alvo do PAICV
é o presidente da UCID e vereador da
CMSV, António Monteiro - o líder do
PAICV em S. Vicente veio a público
dizer que “o vereador António
Monteiro está envolvido com a cor-
rupção de terrenos na Câmara de São
Vicente”. “Estamos em condições de
afirmar que António Monteiro, presi-
dente da UCID, tem tudo a ver com a
corrupção de terrenos na CMSV”,
disse João do Carmo.
Quando lhe foi pedido para apresentar
provas da acusação feita, preferiu
avançar que “o PAICV não faz poli-
tiquice, mas sim política” e que, a seu
tempo, irão apresentar as provas. Só
que passado mais de uma semana,
“nem fume nem mandode”.
Monteiro leva Carmo a
Tribunal
O presidente da UCID reagiu, dizendo
que o PAICV quer acabar com ele:
“isto não passa de tentativa de assassi-
nato político. Esse partido sabe que a
UCID é um grande obstáculo para a
sua vitória nas próximas eleições”.
Monteiro insiste para Carmo provar o
que disse e afirmou que vai apresen-
tar queixa-crime por calúnia e injúria
“contra esse senhor” na Procuradoria
da República, Comarca de S. Vicente,
para que o líder do PAICV “possa ter
oportunidade de mostrar a verdade da
imputação dos fatos, sob pena de ser
condenado a pena de prisão ou de
multa”.
O presidente da UCID não fica só por
João do Carmo, de quem diz “nem
sequer sabe distinguir a sua mão
esquerda da direita”. Quer que o
PAICV apresente provas do que afir-
mam, caso contrário é obrigado a
chegar à conclusão que “os dirigentes
do PAICV e seus lacaios mantêm
ainda o espírito de terroristas, tentan-
do intimidar todos aqueles que real-
mente vêm lutando para o bem-estar
de Cabo Verde - e de S. Vicente, em
particular”.
Justiça tem que decidir
António Monteiro pede ao sistema
judicial que atue rapidamente sobre
este assunto, para que deixe de ser
usado com arma de arremesso político
a qualquer hora que o PAICV entenda.
“Para que aqueles que têm respon-
sabilidade na corrupção sejam pu-
nidos com o rigor da lei; e os que ser-
vem só para caluniar também devem
merecer punição exemplar”.

JMN assobia para o lado

Câmara paga erros do Governo

Quando o Governo mandou asfaltar à pressa as ruas de S. Vicente, foi alertado para a qualidade da obra. Se fosse pavimentada como mandam as regras, tínha-
mos estradas para 20 anos. Mas elas estão como um tabuleiro de oril. Para a propaganda tambarina vale tudo - agora, a Câmara de Zau que se desenrasque e
tape o buraco do Governo, endividando-se junto à banca

A Câmara Municipal de São Vicen-

te contraiu um empréstimo ban-
cário de 151 mil contos para recuperar
as estradas de São Vicente. Tudo por-
que o Governo de José Maria Neves
continua a assobiar para o lado como
se não tivesse nada a ver com esse
assunto.
José Maria Neves parece mesmo igno-
rar que os sanvicentinos também des-
contam os tais 7 escudos em cada litro
de combustível que o Governo diz se-
rem para a manutenção das estradas.
Pior: o Governo ignora, pura e sim-
plesmente o povo de S. Vicente, como
se não fosse o Executivo a adjudicar a
obra da asfaltagem do centro da cidade
que está transformada num “tabuleiro
de oril”.
De acordo com Rodrigo Leite, diretor
do Gabinete Técnico de Obras da Câ-
mara Municipal de São Vicente, o con-
trato de adjudicação da empreitada já
foi rubricado com a empresa vencedo-
ra do concurso, Armando Cunha, fal-
tando apenas acertar alguns pormeno-
res para o arranque das obras.
Obras arrancam já
Por sua vez, o responsável da empresa
vencedora do concurso, João Rego, ga-
rante que a Armando Cunha recebeu o
adiantamento da CMSV para iniciar as
obras, que devem começar dentro de 15
dias. Já foram feitas as encomendas por
forma que os trabalhos estejam con-
cluídos até finais de Março de 2011.
Vão ser beneficiados os troços de
estrada da ELECTRA, na Matiota; a
rotunda de Chã de Alecrim; a rotunda
de Chã de Cemitério, a Av. Manuel de
Matos, a Av. 12 de Setembro, a rotun-
da da Ribeira Bote, a rotunda da Ribei-
rinha, a Rua Fernando Ferreira Fortes e
a Rua 1 do Monte Sossego. Ribeiri-
nha/Fonte Dinis/Cruz João Évora/Fon-
te d'Meio serão igualmente contempla-
dos com pavimento novo asfaltado e
zonas, como a Praça Estrela, Av. 5 de
Julho vão ser repavimentadas, assim
como as outras que disso necessitem.
 Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 9

sem tirar nem pôr Luta contra censura premeia jornalistas

O Comité de Proteção aos Jornalistas (CPJ) anunciou os vencedores do Prémio Internacional de Liberdade de
Imprensa 2010: o etíope Dawiti Kebede, o iraniano Mohammad Davari, o venezuelano Laureano Márquez e
a russa Nadira Isayeva. A cerimónia de entrega dos prémios será em Nova Iorque, a 23 de Novembro.
Os jornalistas cabo-verdianos deviam estar atentos a isto. Também lhes diz respeito em tempos onde a
ordem é seguir o ainda Poder: sacrificar a liberdade de consciência à garantia de não perder os lugares.

Jorge Santos acusa em Santo Antão

Carlos Veiga
eleito Presidente
da IDC África

O Fim do embargo
Presidente do Movimento
para a Democracia, Carlos
Veiga, foi eleito Presidente da
Internacional Democrata do Centro
(IDC) África e Vice-presidente daque-
la organização política, na reunião de
líderes da IDC, que teve lugar nos dias
8 e 9 de Outubro, na cidade de Mar-
rakech, Marrocos. O partido anfitrião
foi o Parti Istiqlal, liderado pelo
Primeiro Ministro marroquino, Abbas
El Fassi.
No seu discurso de aceitação, Carlos
Veiga declarou-se satisfeito e honrado
pela confiança depositada na sua pes-
soa, no MpD e no seu País, Cabo
Verde. Durante a sua alocução, Veiga
afirmou que tudo fará “para defender
as causas do nosso continente aonde,
não obstante o progresso significativo
registado nos últimos tempos em
matéria de crescimento económico, Declarando-se disponível para ocupar
redução de conflitos e liberalização a linha da frente no combate para o
política, a pobreza continua a ser aprofundamento democrático em
acentuada”. África, Carlos Veiga encorajou os
Acrescentou ainda que “os problemas outros partidos membros a desdobrar
de África são ultrapassáveis, desde
que haja uma liderança
os seus esforços na luta para elimi-
nação dos entraves que
engajada na procura de Carlos Veiga encorajou obstaculizam o desen-
novos caminhos, dos os outros partidos volvimento da África,
“é medida
eleitoralista”
caminhos que levam à membros a desdobrar “porque o povo africa-
erradicação da instabil- no merece um futuro
idade política, do os seus esforços na de maior liberdade e
crime, da corrupção e luta para eliminação mais prosperidade”.
da falta de regulação dos entraves que A finalizar, Carlos Vei-
institucional, com vista ga não deixou de lem- O vice-presidente do Movimento para a Democracia foi a
à melhoria do ambi-
obstaculizam o brar aos líderes da IDC Santo Antão pôr a nu que, na sua febre eleitoralista, o
ente de investimentos e desenvolvimento da de todos os outros con- Governo de José Maria Neves tudo promete, menos criar as
da reputação coletiva África tinentes a “sua obri-
condições prévias que possibilitem o cumprimento das
do continente, como gação moral e material
um destino atrativo para o negócio e de apoiar África na sua inserção no promessas: o caso do fim do embargo aos produtos agrícolas
para o turismo”. mercado político e económico global, de Santo Antão é disso um bom exemplo
como um parceiro em igualdade de
circunstâncias”.
Nos contatos bilaterais à margem da
O anunciado fim do embargo à
exportação dos produtos agrí-
colas de S. Antão para as ilhas de Sal
programa eficaz de combate à praga
dos mil-pés.
Ainda em relação a S. Antão, Jorge
reunião líderes, Veiga abordou com
e Boa Vista - para além de São Santos defendeu a necessidade de se
seus homólogos europeus a proble-
Vicente -, é considerado pelo vice- reivindicar para a ilha um aeroporto
mática da parceria especial, bem
presidente do MpD "medida elei- internacional de médio porte para a
como o apoio dos governos a uma
toralista" do Governo. Jorge Santos, ligar ao resto do País e ao mundo. "É
melhor integração da comunidade
que visitava o seu círculo eleitoral preciso tirar Santo Antão do isola-
cabo-verdiana radicada nos seus
antes da abertura no ano parlamentar, mento. Isso só será possível através
países.
apontou o dedo ao Executivo, que já de dois grandes investimentos. O
De recordar que o MpD é membro da
nem sabe o que faz para governar. primeiro é a construção do novo
IDC desde 2004.
"A quatro meses das porto, que já está a
eleições legislati- ser feito, e o segun-
vas, o Governo vem Para tirar Santo Antão do do é uma obra im-

Tiro no pé de Aristides
Aristides Lima deu um tiro nos pés na sexta-feira, dia 8,
ao marcar presença na abertura do ano político do
PAICV. Não pelo fato de ainda esconder que é candidato
presidencial. O problema é outro: nesse dia, o Presidente
da Assembleia Nacional estava a exercer as funções de
Presidente da República, devido à ausência de Pedro Pires
na Líbia. Mas não se coibiu de aparecer com a bandeira
do PAICV, o que lhe estava vedado: mau exemplo de
estadista e jurista que embandeira em arco sempre que é
chamado a cumprir a lei. Se Lima considera normal a sua
presença entre os tambarinas, os cabo-verdianos já estão
esclarecidos sobre um dos presidenciáveis de que vão ter
de se livrar em 2011. Não menos estranho (se calhar não
é): A Semana, que publicou a foto, não se deu conta que
Aristides se colocava à margem da lei…
dizer que levantou o isolamento, Jorge Santos portantíssima - a
embargo. Isso não é
verdade. Não se cri-
assume uma reivindicação construção do aero-
porto de porte mé-
aram as condições, fundamental da ilha das dio internacional".
em termos de inves- Montanhas: a construção Segundo aquele di-
tigação aplicada pa- rigente do MpD, é
de um aeroporto
ra combater as pra- preciso um novo ru-
gas, principalmente internacional de médio mo para a ilha, que
a praga dos mil-pés, porte passa necessaria-
todo o departamen- mente pelo desen-
to fitossanitário do volvimento do setor
Ministério da Agricultura de Santo privado e o empreendedorismo jo-
Antão está parado, não existe um vem, uma das soluções para diminuir
único técnico fitossanitário em toda a as taxas de desemprego em Santo
ilha. E ainda não se clarificou quem Antão, hoje na ordem dos 24,5 por
vai assumir os custos da passagem cento e que entre os jovens ultrapas-
dos produtos pelo Centro de Ex- sa os 50 por cento. “Em cada três
purgo", afirmou Santos, sublinhando jovens, dois estão desempregados em
que "o Centro de Expurgo, apesar de Santo Antão. É uma taxa elevada e
importante, não resolve todos os pro- isso quer dizer que alguma coisa está
blemas da ilha". O que é preciso é um a falhar", conclui Santos.
10 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010

nota$ solta$
Dívida disparou e economia estagnou

Havia razões para esconder

as Contas do Estado
Custou, mas foi: finalmente, o Governo publicou os resultados provisórios das Contas do Estado do primeiro semestre de 2010.
Lendo-os descobre-se que José Maria Neves tinha boas razões para esconder os dados, como fez

A
leitura atenta dos números mais pobres pagam como? É simples: contos). Portanto, nos últimos 18 2010! Nem o Banco Mundial, nem o
publicados mostra que o Go- quando um pedreiro compra um meses, o endividamento do Estado BAD, nem os bancos nacionais ou O INPS empresta ao
verno aumentou desenfrea- martelo, paga um imposto ao Estado, aumentou de 16 milhões de contos, estrangeiros emprestaram tanto ao
damente o endividamento do País incluído no preço; quando uma dona mais 20%! Só nos primeiros seis Governo. Ou seja: o INPS, cuja fun- Estado mais do que
nestes seis meses; que o INPS de casa compra uma caixa de fós- meses de 2010, o Governo aumentou ção é gerir as pensões dos trabalha- todos os bancos do País,
tornou-se o principal financiador do foros, paga imposto, incluído no a sua dívida em 7,5 milhões de con- dores e as prestações imediatas,
Estado; que as pri- preço. Por isso tos, equivalente à média de um mil- transformou-se no caixa privado do mais do que qualquer
oridades dos inves- Nos últimos 18 meses, o ninguém deve ficar hão e duzentos mil contos por mês. A Governo.
instituição financeira
timentos públicos endividamento do Estado indiferente. O este ritmo, a dívida do Estado em
secundarizam tudo Estado, quando tem finais de 2010, incluindo a divida Tudo para o betão, quase internacional, mais do
o que tem a ver di- aumentou de 16 milhões dívidas muito gran- contingente, atingirá os 125-130 nada para as pessoas
retamente com a vi- de contos, mais 20%! Só des, tem tendência a milhões de contos! O endividamento insensato e desme-
que Portugal ou
da das pessoas; que aumentar os impos-
nos primeiros seis meses tos que cada um pa-
surado praticado pelo Governo serviu qualquer outro Estado
as receitas fiscais INPS alimenta a gula do para fazer o quê? O Quadro 2 dá a
estagnaram, pondo de 2010, o Governo ga, para poder cum- resposta. estrangeiro.
Estado
assim à mostra a aumentou a sua dívida prir as suas obriga- O endividamento do Estado serve para Transformou-se no
estagnação da ções com os credo- E quem empresta ao Estado? Veja-se financiar, essencialmente, os investi-
própria economia. em 7,5 milhões de contos, res, sobretudo se es- ainda o Quadro 1: o Banco Mundial é mentos públicos. Neste quadro tem- caixa particular do
Para que tudo fique equivalente à média de tes são estrangeiros, o principal credor do Estado de Cabo se, na primeira coluna, o valor total
Governo de José Maria
bem à vista de to- como acontece com Verde, que lhe deve 26 milhões de dos investimentos efetivamente reali-
um milhão e duzentos mil a maior parte da dí-
dos, Já socorre-se contos. Logo a seguir… o INPS (15 zados no primeiro semestre de 2010; Neves. Entre finais de
de quadros esclare- contos por mês vida do Estado. milhões de contos). O INPS empresta na segunda coluna, a previsão para o
cedores do que se Vejamos então quan- ao Estado mais do que todos os ban- ano (orçamento 2010); na terceira, a 2008 e Junho de 2010,
passa nas finanças públicas. to deve o Estado, a quem deve, e como cos do País, mais do que qualquer percentagem de execução; e, na quar- o Estado foi buscar ao
Dívida pública: é importante que os evoluiu a dívida global do Estado nos instituição financeira internacional, ta, o peso relativo de cada área listada
cidadãos acompanhem o que se passa últimos 18 meses (ver Quadro 1). mais do que Portugal ou qualquer nos despesas efetivamente feitas. INPS 4,7 milhões de
com a dívida do Estado porque todos, outro Estado estrangeiro. Transfor- Primeira constatação: dos 33 milhões
sem excepção, terão que pagar essa Dívida do Estado dispara mou-se no caixa particular do Go- de contos previstos para 2010, só
contos, dos quais 3
dívida - o Estado paga as suas dívi- A dívida total do Estado, em Junho verno de José Maria Neves. Entre foram realizados, até metade do ano, milhões de contos só no
das, cobrando impostos a cada de 2010, era de 93 milhões de contos finais de 2008 e Junho de 2010, o Es- 8,7 milhões, ou seja, apenas 26%, o
cidadão. Como os cobra? As pessoas (se incluirmos a dívida contingente - tado foi buscar ao INPS 4,7 milhões que levanta fundadas dúvidas sobre a primeiro semestre de
com rendimento acima de um míni- TACV e ELECTRA - a dívida total de contos, dos quais 3 milhões de capacidade do Governo executar todo 2010!
mo estabelecido, pagam o IUR. E os do Estado atinge os 110 milhões de contos só no primeiro semestre de o programa de investimentos.
 Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 11

Quadro 1 Quadro 2 Opinião

Dívida pública total por tipo de credor Programa de investimentos 2010 - realização até Junho 2010
Un: mil contos Un: mil contos
Variação % Peso
2010 2008-2010 01/06/ Previsão execução relativo
2008 2009 (Junho) (Junho) Variação % 2010(1) 2010(2) (3=1/2) (4)
Sistema bancário nacional 13.421 14.379 14.577 1.156 9% Total 8.681 33.432 26% 100%
Fernando
Elísio
INPS 10.500 12.287 15.240 4.740 45% Habitação 53 120 44% 0,6%
Freire
Electra 553 415 415 -138 -25% Saúde 135 910 15% 1,6%
Outros internos 630 49 17 -613 -97% Educação 192 1.692 11% 2,2% Bom senso
Bad/Fad
BM
11.135
25.112
13.874
25.164
14.507
26.209
3.372
1.097
30%
4%
Saneamento
Redução da pobreza 159
35 1.106
583
3%
27%
0,4%
1,8%
precisa-se
BADEA
Outros multilaterais
2.707
3.309
2.721
4.425
2.242
4.518
-465
1.209
9%
37%
Promoção do desporto
Promoção do emprego 110
29 219
573
13%
19%
0,3%
1,3%
E m conferência na cidade da Praia,
a 24 de Setembro de 2010, o
Professor Luís Campos e Cunha, da
Portugal 6.415 7.552 8.085 1.670 26% Reforço do poder local 4 50 8% 0,0% Universidade Nova de Lisboa, alertou
para os riscos do excessivo
China 0 1.256 1.665 1.665 Promoção turismo 12 144 8% 0,1% endividamento do Estado. Com vénia,
retomo algumas das suas observações:
Outros bilaterais 2.066 2.451 2.700 634 31% Desenvolvimento das pescas 11 229 5% 0,1%
“Os países mais endividados crescem
Banca comercial estrangeira 1.163 767 12.636 1.473 127% Desenvolvimento rural 397 1.380 29% 4,6% significativamente menos, com base
nos dados dos últimos 200 anos. E
77.011 85.340 92.811 15.800 21% Desenvolvimento sector energético 2.315 5.009 46% 26,7%
este resultado é ainda mais verdadeiro
Fontes: MF - contas do Estado 2008/2010 (1º sem) Infraestruturas de transportes 2.775 12.065 23% 32% para os países em desenvolvimento”.
Estados excessivamente endividados
Sistema de transportes 165 1.862 9% 1,9% criam outros problemas, para além do
Segunda constatação: o essencial dos Os donativos caíram a pique. Para Gestão das infraestruturas económicas 377 849 44% 4,3% menor crescimento. E enuncia:
8,7 milhões de contos investidos con- um Governo que, nos quatro últimos 1) “Um Estado excessivamente
centra-se nas infra-estruturas de trans- anos até 2008, registou um aumento Outros 1.912 6.641 29% 22% endividado é também um Estado
portes e no setor energético (com os das receitas fiscais anuais de 16% em Fontes: MF - contas do Estado 2010 (1º sem) fraco”, que encontrará grandes
resultados que se conhecem – média, um crescimento de 3% em dificuldades nas negociações
apagões e mais apagões). Quanto dos 2010, a partir de uma quebra de 13% internacionais.
2) “um Estado excessivamente
investimentos do Estado foram para a em 2009, deve ser um grande cho- Nos quatro últimos anos até 2008, houve um endividado é um Estado incapaz,
habitação? 53 mil contos, ou 0,6% do que. As receitas fiscais refletem dire-
total. A saúde recebeu 1,6% e a edu- tamente o crescimento da economia.
aumento das receitas fiscais anuais de 16% em média, porque não tem recursos para realizar
as funções mínimas do Estado
cação 2,2%! O saneamento 0,4% e a O que significa que a economia no um crescimento de 3% em 2010, a partir de uma necessárias ao bom funcionamento de
luta contra a pobreza 1,8%! A pro- primeiro semestre de 2010 continuou qualquer sociedade organizada”;
moção do emprego, recebeu apenas a marcar passo, como, aliás, sentem quebra de 13% em 2009, deve ser um grande choque. 3) “um Estado endividado implica um
1,3% do total. O desporto 0,3% e o todos os operadores económicos e as Estado injusto. A proteção social, os
As receitas fiscais refletem diretamente o crescimento subsídios de desemprego, a ajuda aos
reforço do poder local… 0,05%! E famílias. Se as receitas globais não
quanto à promoção do turismo, o tal diminuíram mais, isso deve-se à pro- da economia. O que significa que a economia no vulneráveis, não se podem realizar por
falta de recursos”;
setor estratégico da economia de gressão das receitas não fiscais, ou
Cabo Verde? Recebeu…0,1%, o mes- seja, das taxas, emolumentos e outras
primeiro semestre de 2010 continuou a marcar passo, 4) “um Estado excessivamente
endividado, é um Estado-problema.
mo para as pescas. tarifas que o Estado cobra às empre- como, aliás, sentem todos os operadores económicos e Ou seja, não é um Estado que ajuda a
Contra números não há argumentos. sas e às pessoas singulares, que au- encontrar soluções para os problemas
As prioridades do Governo traduzem- mentaram drasticamente em 2009 e as famílias. económico-sociais mas, pelo contrário,
se, com clareza, na distribuição dos 2010, como todos os que vão aos é um Estado que é a causa de
investimentos públicos: tudo para o cartórios sabem. problemas para o resto da sociedade.
betão, muito pouco para as pessoas. A evolução negativa das receitas glo- O Estado passa a ser parte do
bais explica o porquê do aumento problema, e não parte da solução”. Em
Economia marcou passo resumo, “os Estados excessivamente
desenfreado do endividamento do
endividados vão levar as respetivas
E como vão as receitas do Estado? Estado. O aumento da dívida pública economias a crescer menos e são
Veja o leitor mais um quadro (3), o compensa a quebra de receitas do Es- incapazes de responder a exigências
último! tado e vai financiar o betão do Go- sociais mínimas” (sublinhado meu).
As receitas globais do Estado no pri- verno, deixando apenas migalhas à Em apenas 18 meses, o Governo
meiro semestre de 2010, diminuíram habitação, educação, saúde, sanea- aumenta de 20% o endividamento do
de 670 mil contos, menos 4% do que mento, redução da pobreza, desporto Estado (+16 milhões de contos); os
no mesmo período de 2009 e menos e emprego. juros que paga aos credores já
11% do que em 2008. As receitas fis- Cada Governo tem as suas próprias ultrapassam 2,5 milhões de contos e
são a terceira maior rubrica do
cais aumentaram 3%, mas ficaram prioridades, refletidas nos investi-
orçamento de despesas correntes; o
10% abaixo das receitas fiscais de mentos que realiza. Este Governo nível de endividamento projetado para
2008. optou claramente. finais de 2010 é quase igual ao PIB,
ou seja, à totalidade dos bens e
serviços produzidos no País em 2010.
Quadro 3 Temos, portanto, de aceitar que
Síntese receitas do Estado estamos perigosamente próximos do
ponto de não retorno em matéria de
Un: mil contos dívida pública. A partir daí será o
2008 2009 2010 Variação Var. 2010/ salve-se quem puder. O exemplo da
(1ºsem) (1ºsem) (1ºsem) (2009/10) % /2008 Grécia e, mais recentemente, de
Portugal, servem-nos de aviso.
Receitas totais 18.516 17.224 16.554 -670 -4% -11% Quando o excessivo agravamento da
Receitas fiscais 14.387 12.554 12.890 336 3% -10% dívida pública decorre de políticas
levianas com forte pendor eleitoralista,
Receitas não fiscais 1.260 1.649 1.725 76 5% 37% sem ver consequências, é tempo de
Donativos e out receita capital 2.869 3.021 1.939 -1.082 -36% -32% dizer: basta! O bom senso e
responsabilidade exigem que se fale a
Fontes: MF - contas do Estado 2010 (1º sem) verdade ao País.
12 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
isto vimos
Desemprego “Mesti muda”
Kaká Barbosa
incita rabidantes
à desobediência
Guardas municipais da Câmara da Praia apresentaram queixa formal contra o deputado
Alberto Kaká Barbosa por este incitar vendedeiras á prática do crime de desobediência às
ordens daqueles para não venderem nos passeios da cidade da Praia
A
o que Já apurou, Káká Bar-
bosa foi mesmo passear pelas
ruas do Plateau, entrou pelo
Beco de Herculano, como é conhecido.
Ali viu umas senhoras que se escondi-
am dos guardas. “Anhos nhos tem ki
bendi, nhos tem ki busca pom di nhos
fidjo”, ou então “es cusa li sta mal, é
tem ki djobedu”, disse Kaká às vend-
edeiras. E disse mais: “nhos ca vota na
Ulisses, goci go nhos ta odja conse-
quência. Nhos ca foi ingrato cu Felis-
berto Vieira?”
Antes, Káká passara pelo beco da Ím-
par com os serviços da Câmara Muni-
cipal, utilizando o mesmo discurso - só
ADECO acusa JMN de “falta de transparência”
Projeto eólico: escuro e turbulento
A Associação de Defesa dos Consumidores (ADECO) acusa o Governo de falta de transparência no projeto dos parques eólicos de Cabo Verde:
considera-o “escuro e turbulento”. O presidente da Associação, com sede em Mindelo, reagiu assim ao fato de José Maria Neves esconder
dados sobre a produção de energia no País
“Se este país faz consultas públicas,
‘socializações’, conferências
internacionais, fóruns para
micro-projetos, para comemorações
e festas de aniversário, por que foge à
apresentação de dados sobre um
projeto, que na altura do ‘reembolso’
pelos consumidores pode assumir a
dimensão económica do pacote do
MCA, mas desta vez a ser
desembolsado não pelos EUA, mas
pelos consumidores cabo-verdianos?”
que aí utilizou violência física contra
guardas que tentavam convencer duas
revendedeiras a desobstruír o passeio.
Um deles conta que levou um empur-
rão do deputado: “nhos são di passeio
també”, proferiu o deputado PAICV.
Não ter votado a
Constituição, não isenta de
a cumprir
Os quatro agentes envolvidos neste
incidente com Kaká Barbosa apresen-
taram queixa porque, segundo eles
relatam, o deputado parecia convenci-
do de estar acima da lei por exercer um
“
Q ualquer projeto de utilização
das energias renováveis, bem
pensado e estruturado técnica e
financeiramente, é mais do que bem-
vindo e deve merecer o devido recon-
hecimento e o apoio de todos os
cidadãos. Mas o cidadão, para colab-
orar, deve ser devida e objetivamente
informado dos aspetos técnicos,
económicos e financeiros”, afirma a
ADECO em comunicado.
De acordo com o presidente António
Pedro Silva, ao serem convidados
para a apresentação pública do
“Projeto eólico” e o “lançamento da
primeira pedra” respetiva solici-
taram, de imediato e por escrito,
dados relevantes, em particular o
custo do kWh de eletricidade a ser
produzido e o custo do kW instalado
(investimento feito), ou seja, dados
iniciais de qualquer projeto de pro-
dução de energia elétrica.
“Na falta de resposta, insistimos no
pedido. Numa determinada altura,
fomos informados que o pedido teria
cargo político. Barbosa, todavia, en-
gana-se: ninguém está acima da lei e
Kaká, como deputado nacional, devia
conhecer a Constituição aprovada em
1992, embora nessa data tivesse fugido
da sala de sessões como fizeram os
seus camaradas, na hora da votação.
De resto, os deputados não podem (não
devem) fazer campanha pública incen-
tivando populares a desrespeitar as
autoridades municipais - a cidade não
deve ser confundida com o campo e,
portanto, ninguém pode vender nos
passeios.
De acordo com a CMP, Káká Barbosa
não sabe, mas devia saber, que o co-
sido encaminhado para a Praia”, de
onde não receberam qualquer reação,
conta António Pedro Silva, subli-
nhando que, no próprio dia da apre-
sentação do Projeto Eólico, pediram
explicações à Diretora Regional do
Ministério de Turismo, Indústria e
Energia das razões do “silêncio” e
ouviu que… elas chegariam durante
a apresentação do projeto.
Fui enganado
Logo na abertura da cerimónia, a
Ministra Fátima Fialho informou que
não haveria debate, nem pedido de
esclarecimentos. Durante a apresen-
tação não se disse “nadinha de nada”
sobre o custo do kWh, nem sobre o
esquema de financiamento.
“Senti que fui enganado, que a
Administração Pública cabo-ver-
diana estava a fugir à prestação de
informação. Porquê? Sabemos das
enormes fragilidades técnicas desta
administração nessa área, mas essa
fragilidade deveria ser uma boa razão
para socializar as informações”, ref-
ere o presidente da ADECO, acres-
centando que “uma Administração
Pública não pode fugir à apresen-
tação de dados, de informações aos
seus cidadãos”. Até porque, “se este
país faz consultas públicas, ‘social-
izações’, conferências internacionais,
fóruns para micro-projetos, para
comemorações e festas de ani-
versário, por que foge à apresentação
de dados sobre um projeto, que na
altura do ‘reembolso’ pelos con-
sumidores pode assumir a dimensão
económica do pacote do MCA, mas
desta vez a ser desembolsado não
pelos EUA, mas pelos consumidores
cabo-verdianos?”
A ADECO explica igualmente que,
dadas as condições excepcionais de
vento em Cabo Verde, em particular
São Vicente, o custo do kWh de elet-
ricidade produzido em parques eó-
licos de boa qualidade, com um bom
sistema de financiamento e geridas
profissionalmente, deverá ser na or-
mércio é atividade económica regulada
por lei e que o exercício dessa ativida-
de deve ser realizado apenas por quem
para tanto possui licença ou autoriza-
ção. O comércio deve ser realizado nos
locais apropriados, indicados pelas
Câmara Municipais - vender nos pas-
seios da capital constitui contra-orde-
nação prevista e punível por lei. É
muito diferente do campo.
Crime de desobediência
Kaká Barbosa parece desconhecer que
o desrespeito a ordens das autoridades
legítimas – sem que haja motivos que
fundamentem o direito à resistência
previsto na Constituição - consubstan-
cia crime de desobediência previsto e
punido com pena de prisão e que a
imunidade parlamentar não o autoriza
a espezinhar a lei. O comportamento
do deputado eleito por Santa Catarina
de Santiago consubstancia também
crime de instigação pública, previsto e
punido com pena de prisão até 3 anos.
Tudo isso porque o deputado Barbosa
desconhece que os passeios devem
estar livres para o trânsito de peões, tal
como acontece nos países e cidades
civilizadas.
Kaká Barbosa omitiu às vendedeiras
que o principal responsável para a sua
real situação de vida difícil é o
Governo que, com políticas erradas,
atira os cabo-verdianos para o desem-
prego: “es cusa li sta mal, e tem ki ta
djobedo”, essa devia ser a mensagem
de Káká Barbosa a José Maria Neves.
dem dos 4$/kWh…o que é cerca de 7
vezes inferior à tarifa típica de eletri-
cidade para o consumo doméstico.
A implementação dum parque eólico
com essas dimensões deverá permitir
encaixes financeiros adicionais na
ordem de dezenas de milhões de con-
tos - sugados aos consumidores
anónimos de eletricidade e desviados
para a máquina estatal e das elites na-
cionais e estrangeiras.
Este posicionamento da ADECO
surge dias depois de se anunciar o
empréstimo do Governo junto do
Banco Europeu de Investimentos
(BEI) e do Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD) no valor de
45 milhões de euros para os quatro
parques eólicos a construir nas ilhas
de Santiago, S. Vicente, Boa Vista e
Sal. Ou seja, fez-se a apresentação do
projeto antes de garantida o financia-
mento.
É mais uma dívida a pagar pelas
futuras gerações de cabo-verdianos
nas ilhas.

pela boca
No lançamento do seu livro
Fernando Monteiro quer reforço da
liberdade de expressão
Fernando Monteiro, profissão: jornalista. Espécie de asceta, lançou na passada semana o seu mais recente livro – “Na Roda do
Sexo” –, que confirma o seu talento de escritor comprometido com a nossa mundivivência. O lançamento do livro serviu de mote
para conversa sobre a sua vida repartida entre duas paixões: literatura e jornalismo
Na mesa: o autor e os seus apresentadores
F
ernando Monteiro está de
volta aos circuitos
literários. O seu livro, “Na
Roda do Sexo”, revela,
uma vez mais, o gosto do escritor
pelo fantástico, onde com mestria
consegue vazar as crendices da
sociedade cabo-verdiana. “Em meni-
no, pude estar sujeito a um ambiente
onde as estórias tradicionais tinham
dimensão de crença, e essas estóreas
marcaram a minha psique. Como
escritor procuro recriar toda essa
vivência, na precetiva de fição”, diz
ele. sustentando a ideia de pretender
continuar a escrever fazendo recurso
Fernando Monteiro assina autógrafos ao “maravilhoso” como substância
da sua literatura.
A literatura é um escape para Fer-
nando Monteiro, que fez toda uma
Indignidade informativa trajetória como jornalista. É neste
domínio onde é mais conhecido - com
Foi chocante: ali estávamos, quase todos amigos do Fernando, compa- passagem por diversos órgãos de
nheiros de suas andanças pelos atribulados caminhos do jornalismo em comunicação em Cabo Verde, o jor-
Cabo Verde. Olhávamos em volta, na sala do rés-do-chão da Câmara nalista hoje jubilado tem olhar crítico
Municipal da Praia, onde se fazia a apresentação do seu livro, e não sobre o funcionamento do sistema de
informação em Cabo Verde. “Não é
víamos nem rasto de televisões. Primaram por indigna ausência. Era um
ato cultural, era mais um livro para a literatura cabo-verdiana, Fernando fácil ser jornalista em Cabo Verde,
Monteiro fora, em tempos, Diretor de Informação da TCV… A apresen- onde todo mundo se conhece. Na
tação do seu livro não enquadrava nos mais que tortuosos “critérios” de minha condição de jornalista já
informação das televisões que couberam no sinistro concurso para aber- paguei uma fatura caríssima, e eu
tura de novos canais feito, com trapalhada pelo meio, pelo Governo de creio que todos vão continua a pagar.
José Maria Neves. Nem cabia nos critérios da televisão que é paga por Nesta Democracia em que vivemos,
todos nós para servir os senhores que detêm o poder. acredito que há maior espírito de
Olhando em volta, achámos as razões da ausência: na sala não estava abertura, mas o que prejudica é a real
JMN. Nem nenhum membro deste Governo. Ficava explicado. tentação de alguns quererem manipu-
Raios os partam. Aos ditos “responsáveis” pela miséria televisiva – evi- lar, o que é muito grave, porque um
dentemente. quadro democrático, para ser harmo-
Redação de Já nioso, tem de rimar com a liberdade
de expressão e de pensamento”
Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 13
Momentos difíceis Discordei da forma como o Presi-
dente do Conselho de Administração
na trajetória foi afastado, achei que deviam ter
Fernando Monteiro não esconde a um pouco de mais cuidado e o meu
mágoa de ter sido perseguido pela sua posicionamento acabou por refletir-
forma desassombrada como assumiu se nalgum tratamento menos feliz
a sua condição de jornalista. “O pior que eu tive”.
que me aconteceu, a partir de 2001, Nesta matéria, Fernando Monteiro
foi quando o Presidente do Conselho diz estar convicto de que, nesta vida,
de Administração do Horizonte, José há “homens-cães, e cães-homens”.
Maria Almeida, que recebia orienta- Julga ter sido mordido por um desses
ções do Primeiro Ministro José Maria homens-cães. E adverte quantos
Neves, me demitiu. Assumo por fazem do jornalismo uma forma de
inteiro a denúncia - estou a dizer vida para que cuidem, porque a cul-
porque é verdade, e é a primeira vez tura da verdade é um ato de risco.
que tenho a oportunidade de a denun-
ciar. Eu era Diretor do jornal, e era
simultaneamente editor da Política;
Jornalismo de hoje
demitiu-me e não demitiu mais em Cabo Verde
nenhum editor. Ele considerou que Lançando um olhar sobre o jornalis-
me tinha demitido como editor. Eu mo cabo-verdiano, Monteiro diz não
quis pedir demissão, ele tomou posse ter dúvidas que houve avanço signi-
numa quinta-feira e no outro dia quis ficativo, mas que ainda há coisas
falar com ele. Mas não me recebeu. E inadmissíveis num quadro de Direito
logo na sexta demi- democrático. “A Te-
tiu-me. Deixei o jor- “O pior que me levisão acaba por
nal, pois chegou aconteceu, a partir de ter as pechinchas de
uma altura em que sempre. É o mesmo
ele me disse – eu, 2001, foi quando o rame- rame. É cer-
como teu amigo, Presidente do Conselho de to que já deu passos
aconselho-te a Administração do importantes, mas
procurar outro sitio,
porque aqui está di-
Horizonte, José Maria continua coxo. E
preciso que os jor-
fícil para ti. Ele dis- Almeida, que recebia nalistas tenham
se-me de forma orientações do Primeiro consciência do seu
frontal, mas não me poder. A Rádio con-
Ministro José Maria
explicou o porquê”, tinua sendo o norte
revela Monteiro, as- Neves, me demitiu. Eu era dos mídia em Cabo
severando que isso Diretor do jornal, e era Verde”, sentencia
prova que, em Cabo simultaneamente editor ele, advogando a
Verde, ser-se jorna- necessidade da clas-
lista é algo difícil - da Política. Ele considerou se trabalhar para o
porque o pensamen- que me tinha demitido a p r o f u n d a m e n t o
to livre não rima como editor. Eu quis pedir dos seus direitos e
com a disciplina deveres e para re-
partidária, sobretudo
demissão, ele tomou pudiar todas as ten-
a imposta pela bipo- posse numa quinta-feira e tações de iniqui-
larização. no outro dia quis falar dade do poder po-
Fernando Monteiro com ele. Mas não me lítico.
não fica por aqui em No que se refere à
relação à sua trajetó- recebeu. E logo na sexta imprensa, Fernando
ria, que considera si- demitiu-me Monteiro diz que a
nuosa. Tendo deixa- diversidade de jor-
do Horizonte, foi trabalhar para o Ex- nais que circulam no país acaba por
presso das Ilhas, mas também não foi determinar um certo equilíbrio - se
fácil. “A experiência foi interessante, um jornal não noticia um fato, é cer-
porque a abertura da linha editorial do to que outro vai pegar nesse mesmo
jornal era ampla, mas houve si- fato e dar-lhe a devida amplitude
tuações que perturbaram o ambiente. informativa.
14 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
coisas do mundo
Sócrates refém do orçamento
Só mais um
empurrão…
e o Governo vai ao chão
Independentemente da passagem, ou não, do
Orçamento de Estado, o Governo PS tem prazo de
validade. Praticamente já não subsistem dúvidas: no
próximo ano, haverá eleições antecipadas.
A incógnita está na posição que irá adotar o PSD
O
Governo de José Sócrates
tem sérias dificuldades em
conseguir parceiro para a
aprovação do Orçamento de Estado
(OE) para 2011. Anunciadas medidas
draconianas para debelar a crise – de
que resulta aumento da carga fiscal e
redução de salários na função pública,
entre outros -, nenhum partido da
oposição parece interessado em colar
a sua imagem a um Governo que man-
ifesta índices de impopularidade
nunca antes revelados.
Desde logo, a esquerda parlamentar –
o que não constitui novidade: mesmo
antes de se saberem os contornos
deste OE, manifestou intenção de
votar contra. Quer Bloco de Esquerda,
quer Partido Comunista, sempre se
opuseram ao essencial da gestão do
governo do Partido Socialista (PS),
particularmente em matéria de políti-
cas económicas.
À direita, não se prevê que CDS/PP
queira colar-se a um governo que
nunca antes atingira os atuais níveis
de descrédito público. Paulo Portas,
por diversas vezes, denunciou aquilo a
que chama “um ataque às famílias e às
empresas”. Por outro lado, Partido
Social Democrata (PSD) – o maior
partido da oposição – mantém o tabu
sobre a sua posição, ao mesmo tempo
que, na última semana, subiu nas
sondagens e coloca-se agora à frente
Sócrates está isolado e
sob pressão. É pouco
crível que tenha condições
para se apresentar a novas
eleições, depois de todas
as trapalhadas em que se
envolveu, muitas delas
exteriores às políticas
seguidas pelo Governo,
antes decorrentes de
questões de carácter. Há
quem defenda que, para
ser governo, ao líder do
PSD basta estar calado
© Leo Martins
do partido do Governo.
É neste partido – o mesmo do
Presidente Cavaco, que se desdobra
em apelos para um entendimento entre
PS e PSD – que reside o desfecho da
maior crise política dos últimos anos.
Mas, dentro do PSD, a estratégia a
seguir não é pacífica.
Para Passos Coelho, basta
ficar calado
Passos Coelho - o líder social-democ-
rata - parece emparedado entre aque-
les que defendem uma atitude mais
firme, de chumbo do OE, onde pontif-
icam os principais membros da
direção, e os que, embora consideran-
do que o orçamento não resolve nada
de estrutural, defendem a abstenção
do partido para não agravar ainda
mais a crise política e o “prestígio
internacional” de Portugal.
O que ressalta é a contradição: Ou
seja, não se conhecendo o texto deste
orçamento, parece precipitada uma
posição definitiva (como alega o PS),
daí que a atitude mais confortável para
Passos seja - no imediato e mesmo
sem o conhecer em pormenor - anun-
ciar já a abstenção, livrando-se de
ficar colado a soluções que não
defende.
Sócrates está isolado e sob pressão. É
pouco crível que tenha condições para
se apresentar a novas eleições, depois
de todas as trapalhadas em que se
envolveu, muitas delas exteriores às
políticas seguidas pelo Governo, antes
decorrentes de questões de carácter.
Há quem defenda que, para ser gover-
no, ao líder do PSD basta estar calado.
O prazo de validade do Governo PS
está datado para o próximo ano. Tudo
leva a crer que a crise política não tem
retorno e o isolamento de Sócrates é
irreversível. Com o acentuar da
oposição parlamentar, a crise social
emergente e a contestação generaliza-
da das políticas governativas, com
greve geral marcada para 24 de
Novembro que anuncia um crescendo
de ações sindicais, resta ao Governo
minoritário gerir a sua impotência e
seguir ordeiramente as indicações de
Bruxelas – atualmente, juntamente
com a impossibilidade legal de demis-
são por via das eleições presidenciais,
a sua única muleta de sustentação.
Tigre de papel O Prémio Nobel da Paz de 2010 foi atribuído ao dissidente
político chinês, Liu Xiaobo. Antigo professor de literatura, 54 anos, condenado em 2009 a
11 anos de prisão, por um tribunal de Pequim, acusado de “subversão do poder do Estado”.
O Governo chinês ficou furibundo e ameaçou retaliações. Em quase todo o mundo, houve
aplauso a esta decisão de dar o Nobel da Paz àquele cujo único “crime” foi ter sido um dos
autores de um manifesto exigindo uma China democrática. É importante que os poderosos
de Pequim entendam que não atemorizam a consciência do Mundo.
Brasil, eleições
Palco de santinhos
acabou
E ntraram as eleições brasileiras na
fase plebiscitária (segunda volta,
desse guarda-chuva. Por seu turno, Ser-
ra tenta (ao que parece, com êxito) cha-
com os votos concentrados ou em Dil- mar a si o apoio de Marina, trazendo
ma Rousseff ou em José Serra) e as pri- preocupações ambientalistas ao projeto
meiras sondagens, com vantagem de oi- neoliberal (os “verdes” deixaram de ser
to pontos da pêtista (54%) sobre o tuca- revolucionários para se incorporarem
no (46%), parecem confirmar duas coi- nos conceitos liberais, que as crises eco-
sas: que a maior parte do universo elei- nómicas também obrigaram a ser me-
toral da “derrotada” verde, Marina Sil- nos ortodoxos). Por isso, a esperança de
va (com 20%, forçou a ida à segunda alguns em fundir o “capitalismo popu-
volta), tomba para o lar” lulista com um
Ao primeiro debate a dois,
lado do candidato ne- “socialismo ecológi-
oliberal à Presidên- partiu-se a loiça – Dilma co” (que nunca este-
cia, mas, apesar dis- atirou-se a Serra como gato a ve nas intenções de
so, Dilma continua bofe e palco de santinhos já Marina) sucumbe di-
com condições para foi. Agora, a conversa fica ante da fria realidade
fazer vingar o projeto – o “fenómeno Mari-
mesmo brava e os dois na”, que emergiu do
de “capitalismo po-
pular” ensaiado nos adversários meteram a PT, tende a ser ponte
mandatos de Lula. hipocrisia no saco. Falta para a transição de
Nos primeiros dias da conhecer como reage a uma parte do eleito-
segunda volta, os dis- opinião pública à nova rado pêtista para o es-
cursos foram mavio- paço tucano após a
estratégia que acabou com as partida de Lula.
sos – os candidatos
pareciam “santinhos” falinhas mansas. Com Dilma Sobre a primeira vol-
nos tempos de ante- de língua afiada, promete ser ta, um aspeto interes-
na. Dilma e Serra fu- duro até o fim. Segunda volta sante - não houve
giam de doutrinações aqueceu “obamização” das
e procuravam anular campanhas. Estudo
estragos provocados pelo muito jogo publicado no Globo mostra que “nas
sujo que navegou pela Internet na redes sociais, o debate eleitoral entre
primeira volta ou circulou na boataria, Dilma Rousseff, José Serra, Marina
de ouvido em ouvido. Serve de exemp- Silva e Plínio de Arruda Sampaio repro-
lo a preocupação de Dilma em desfazer duziu o modo de debater política fora
a fama de ser favorável ao aborto, mas da internet: veiculação de notícias fal-
escusando-se a declarar que o condena. sas, denuncismo, maioria da mo-
Ao primeiro debate a dois, partiu-se a bilização liderada pela militância (não
loiça – Dilma atirou-se a Serra como pelo cidadão) e baixa proximidade en-
gato a bofe. Falta conhecer como reage tre os candidatos e o eleitorado”. E que
“a militância andou em círculos. Du-
a opinião pública.
rante muito tempo, o PSDB falava para
a do PT que falava para o PSDB. No
“Socialismo ecológico” vácuo, o movimento pela candidatura
foi só aparência de Marina se dirigiu aos internautas que
Outra já evidência: Lula da Silva empe- não estavam engajados nos debates en-
nha-se diretamente na propaganda pró- tre militâncias. E os resultados mostram
Dilma, abertamente apresentada como que a aceitação desse internauta à mo-
“herdeira” e a sempre “favorita” de Lu- bilização provocada pela campanha de
la – o Presidente que parte mantém Marina foi maior que a obtida pelos de-
80% de popularidade e Dilma necessita mais candidatos”. A ter em conta.

polichinelo
À pedrada
Esgotado o afã inauguracionis-
ta de José Maria Neves/Inocên-
cio de Sousa (já não há mais na-
da para inaugurar), a trombeta
propagandista do líder do
PAICV muda de pauta e procu-
ra outro parceiro para a fanfarra
eleiçoeira: troca o ar sisudo de
Inocêncio pela bazofaria intru-
jona de José Maria Veiga. Perde
a aparência de seriedade e afun-
da-se a pique. A moda passou
agora a ser lançar “a primeira
pedra”.
Lançar a primeira pedra é fácil:
basta cavar um buraco, reunir
um magote, convocar a Comu-
nicação Social para a coisa ter
eco e lá se vai fazendo campa-
nha. O problema para José Ma-
ria Neves é que os Municípios
afetos ao MpD podem respon-
der-lhe taco a taco (ou pedra a
pedra, para sermos exatos). Só
a Câmara Municipal da Praia,
de 9 a 17 de Outubro lança 11
(onze) primeiras pedras para in-
fra-estruturas desportivas.
Pegando a moda, ainda vai aca-
bar tudo à pedrada
boka
Informason amarrrréla
TCV - 13H00
AVISO À NAVEGAÇÃO: polichinelo é sátira e xuxadera. Aqui não se respeita ninguém: são ditas as coisas sem recato. É o reino da má-
-língua, pura e dura. A quem tenha temores e pudores, um conselho: não leia. Quem goste de rumores e tenha bons humores, leia, leia!
Cortejo fúnebre
F oi há dias: num funeral em Pedra
Badejo, ouvidos indiscretos cap-
taram conversa em surdina entre Aris-
tides Lima, Rui Semedo, Armindo
Maurício, Filomena Martins e Orlando
Sanches.
Conversa lúgubre, tristonha como o
acto fúnebre onde decorria. Aprovei-
tando o encontro, Lima queria saber
novidades sobre a situação em
DjarFogo. “Ta mau, ta mau”, queixava-
se Maurício, ao que Semedo acrescen-
Igualdade do género
Instrutores que fo-
ram para o CIM mi-
nistrar cursos de ca-
bo, sargento e ofici-
ais, pagaram do seu
próprio bolso os bi-
lhetes (de avião)
para regressarem às
respectivas unida-
des... Os cursos ter-
minaram a 10 de Se-
tembro. Nessa data
não havia transporte marítimo a ligar Praia ao Sal: os instrutores foram obri-
gados a permanecer vários dias no Mindelo sem fazerem nada - o Comando
da 1ª Região Militar achou que era “muito luxo” os instrutores regressarem
de avião às suas unidades.
Cansados de tanto esperar, os instrutores decidiram comprar as suas próprias
passagens de aviao.
Se fossem instrutores do sexo feminino as passagens seriam compradas pelo
próprio tenente-coronel Djoca, como aconteceu com as primeiro-cabo
recém-formadas que se deslocaram de avião, após o curso de três semanas.
Enfim: é a igualdade do género. Ou no género...
bedjo
TCV - 20H00
tava: “Na verdade, não tenho recebido
boas notícias”. Quanto a Sidónio, era o
único optimista naquele cortejo: que
sim senhor, havia dificuldades para o
PAICV, mas até às eleições tudo será
possível “normalizar”. Orlando con-
gratulava-se com a informação de que
o coordenador do MpD ia ser transferi-
do. De crista murcha, Maurício deixa-
va alertas: “cuidado, cuidado”.
Enfim: o PAICV em ambiente de fu-
neral.
Percalços
João do Carmo tem
sido infeliz na esco-
lha das vítimas das
suas atoardas, ar-
rastando o PAICV
mindelense para
enorme estampanço
em 2011. Polichinelo sabe que, assus-
tado com a ressurreição do PTS (que
pode trazer consequências negativas
para a “estrela negra”), Carmo já
prepara fogachos sobre Onésimo –
vai ser bonito. Enquanto o bombar-
deio não começa, o émulo de Filú em
S. Vicente atirou-se a António Mon-
teiro, que assanhou-se e respondeu-
lhe forte e feio. E tinha razão
Monteiro para se sentir agastado:
mais que ocupado em Fonte Filipe,
falta-lhe tempo para a política, quanto
mais para a corrupção e para aturar as
toleimas de Carmo. Este aprendeu
assim a lição: que ninguém se meta
com um coração apaixonado.
TCV - 23H00
Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 15
kasu-bodi
Mentirómetro
“O Governo já está a
trabalhar, em
parceria com o setor
financeiro nacional,
na montagem de uma
linha de crédito para
apoio às empresas em
dificuldades. Ainda
em relação a essas
empresas, o Governo
já iniciou um
processo negocial
com vista ao
reescalonamento das
dívidas em relação ao
Estado”
José Maria Neves, 3 de
Março de 2009, na
Assembleia Nacional
– custa a montar, lá isso
custa. Custa tanto que
ainda ninguém deu por
essa linha de crédito…
É preciso
ter lata
“Referindo-se a Carlos Veiga, que
ontem criticou o estado da educação, o
chefe do governo classificou de ‘bom-
básticas’ as declarações que o seu rival
tem proferido desde que assumiu a li-
derança do MpD”, in A Semana, 6
Outubro. É preciso ter lata! Bom-
bástico? Então quem é que anda para
aí a considerar o Ensino em Cabo
Verde melhor do que o dos Estados
Unidos. Haverá alguém capaz de
aconselhar José Maria Neves a ter
juízo… ou a ter vergonha?
16 • Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010
em jogo
Iniciativa da RI Sports
Futsal do Benfica Finalmente…
em Cabo Verde um rumo!
O
sonho de trazer essa equipa a
Cabo Verde resulta de uma
pareceria existente entre a RI
Sports empresa que organiza os
maiores eventos da Futsal em Por-
tugal. Feitos os contatos, Maria Ta-
vares que se encontra à frente da orga-
nização, assegurou a Já que as con-
dições estão definitivamente criadas.
“Fizemos o contato direto, e sabemos
que a Futsal é uma modalidade que
está muito em voga, e tinham todo o
interesse em responder ao nosso con-
vite”, revela.
Relativamente à vinda do Eusébio, a
responsável pela organização consi-
dera que sendo ele um atleta admirado
em Cabo Verde a sua passagem pelo
nosso país no quadro deste evento é
Câmara avança com iluminação
no Estádio da Várzea
uma oportunidade para uma vez mais
os cabo–verdianos conviverem perto
com esse astro do futebol português.
“A grande dificuldade que tivemos foi
com os patrocínios, pois passado o
verão, agora as instituições vão dizen-
do que apostaram nessa época, e agora
não é possível. Este é deveras um
constrangimento, porque sem dinheiro
nada se faz. Entretanto, por sabermos
que se trata de um evento que vale a
pena, porque é uma forma de integrar
Cabo Verde nos grandes circuitos
desportivos acabamos por assumir
esse desafio, que nos dá prazer, por-
que é por Cabo Verde”, revela acres-
centando que a organização está a
contar apenas com alguns descontos
efetuados por algumas empresas, que
A equipa de futsal do Benfica
de Portugal vai estar em
Cabo Verde de 14 a 17 de
Outubro para participar num
torneiro Internacional,
apadrinhada pelo “Pantera
Negra”, Eusébio. A inciativa é
da RI Sports que diz estar
apostada na promoção de
modalidades desportivas
numa perspetiva de cultivar a
sã convivência entre as
equipas de várias latitudes.
Por ora, a experiência vai
estar cirunscrita aos países
que formam a CPLP
assim entenderam não deixar de
responder às solicitações da organiza-
ção.
Brasil, Portugal, Angola e Cabo
Verde são os países que irão ter equi-
pas em campo durante o fim-de-se-
mana para disputar um troféu, numa
modalidade já com grande projeção,
particularmente em Portugal, e por es-
ta via, Cabo Verde está à procura tam-
bém de apostar no futsal.
O torneio a disputar entre sábado e do-
mingo, contará com as equipas do
SUMOV Atlético Clube de Fortaleza,
uma referência do futsal brasileiro, do
Toyota Futsal Clube, campeão ango-
lano da modalidade e por um misto de
Santiago, com jogos marcados para o
pavilhão Vavá Duarte.
A Câmara Municipal
da Praia já lançou a
primeira pedra para o
início as obras de
iluminação do Estádio
da Várzea. Ulisses
Correia e Silva e
equipa marcaram,
assim, o início da
construção de várias
infra-estruturas
desportivas em vários
bairros, uma forma de
apoiar o desporto, a
juventude, combater a
droga, a prostituição e
a delinquência juvenil.
O prazo para a
conclusão da obra (no
valor de 20 mil
contos) é de quatro
meses.
Euro 2012: Depois do Portugal-Dinamarca
P ressionada, obrigada a ganhar e
desejando ultrapassar o “período
de nojo” após a queda de Carlos
Queiroz, a selecção portuguesa lutou
para se manter viva na corrida para o
próximo europeu. E conseguiu! O
expressivo resultado (3-1) marca,
também, simbolicamente uma nova
atitude dos jogadores e do coletivo.
Confrontando-se com uma Dinamarca
tranquila e que, embora reconhecendo
as qualidades lusas, jogava claramente
para um erro do adversário, apostando
num empate que lhe permitisse ganhar
ânimo para a jornada seguinte,
Portugal soube estar à altura da situa-
ção, fazendo um jogo ofensivo, com
passe de bola e progressão no terreno,
contrariando a lógica de jogos anteri-
ores dominados pelo desnorte e o pon-
tificar de “prima-donas”…
Com dois golos marcados, a selecção
portuguesa conseguiu afirmar-se no
retângulo de jogo e contrariar a
estratégia dinamarquesa, “circulou,
jogou um futebol apoiado, trocou a
bola entre os seus jogadores, não se
acomodou e manteve-se dinâmico”,
como muito bem referiu um adepto. E,
apesar da resposta dinamarquesa na
marcação de golo, Portugal manteve-
Cabo Verde empata com
Zimbabwe e lidera grupo
A selecção de Cabo Verde empa-
tou a zero com o Zimbabwe,
no jogo da segunda jornada do apu-
ramento para o CAN 2012, o que
lhe permite manter a liderança do
grupo 1, agora com quatro pontos.
Para o Seleccionador Lúcio Antu-
“De grão a grão enche a
galinha o papo”. Nunca como
agora a máxima popular
revelou tanta sabedoria… À
selecção portuguesa só resta
amealhar vitórias, pois só
disso depende o apuramento
para o Euro 2012
-se sereno e desferiu a estucada final
que saldou a vitória por margem
expressiva.
Quase que parece “politicamente cor-
recto” mas, efetivamente, Paulo Bento
– o novo selecionador – veio imprimir
outra dinâmica ao grupo, insuflando
confiança aos jogadores e revelando -
ao lhes imputar o ónus da vitória -
uma humildade que já faltava à se-
leção e, em particular, à pessoa do se-
leccionador nacional.
A era pós-Queiroz, mais depressa do
que seria suposto, está a abrir caminho
e a encontrar espaço para devolver à
seleção nacional portuguesa o prestí-
gio e os créditos de mérito que são seu
apanágio, fazendo perceber (a quem
ainda não tinha reparado) que o pro-
blema não estava no grupo – e que a
responsabilidade, para o bem e para o
mal, é sempre do líder…
Não repousar nos louros parece ser a
atitude que se exige. Até porque a
Portugal só resta ganhar os próximos
jogos, um a um, única garantida de
apuramento para o Europeu 2012. E
só aí se poderá aferir se a mudança de
liderança ainda vai a tempo de inver-
ter a prestação desastrosa em jogos
anteriores.
nes, o empate é um bom resultado
já que permite a Cabo Verde manter
o sonho de estar na Campeonato
Africano das Nações, pela primeira
vez.
É que no mesmo grupo, o Mali ven-
ceu a Libéria por 2 -1, em Bamako.
Cabo Verde lidera o grupo 1, com
quatro pontos, mais um do que o
Mali, Zimbabwe tem dois pontos e
a Libéria tem apenas um ponto con-
quistado.
Na próxima jornada, prevista para
Março de 2011, Cabo Verde recebe
a Libéria, no Estádio da Várzea, en-
quanto o Mali mede forças com
Zimbabwe.

olhem para elas
Saúde bucal na nha terra
Cancro da boca
Zarina Santos
Graduanda em Odontologia
P
ela janela do autocarro,
melhor dizendo do
“Ônibus Circular”, mal
conseguia-se ver a lua e rezava
baixinho para que Deus aguen-
tasse um pouquinho – afinal,
ainda lembrava-me da ingénua
teoria de meu irmão mais
velho: “Sabias que, quando
Deus sente xixi, ele mija cá
para baixo?”, disse-me ele sob
aquela chuva fininha de Cabo
Verde, com convicção tão
grande que só pude fechar a
boca e sair correndo para den-
tro de casa.
Perdida nestas lembranças,
nem me dei conta que o meu
móvel vibrava há já algum
tempo. Minutos depois recebi
esta mensagem - “Minha mãe
foi sedada hj. Tava com mt
tosse e k só iria piorar. Nós
nos despedimos e agora
dorme. Meu mundo ta cain-
do”. A minha melhor amiga
travava luta contra este maldito
cancro, diagnosticado em sua
mãe há já 2 anos. Ler sobre
cancro ou mesmo escrever
torna-se “enfadado”.
Em Cabo Verde, o cancro é tido
como a segunda causa de morte
em adultos, e a maioria dos pa-
cientes é evacuada para Portu-
gal. Enfadado ou não, esta sem-
ana quero munir todos com ar-
mas capazes de evitar olhares
como os que vi esta semana no
Hospital da Santa Casa.
Conhecer o inimigo
Cancro bucal é aquele que aco-
mete os lábios e a cavidade bu-
cal. As pessoas mais predispos-
tas são homens com mais de 40
anos de idade, fumantes, alcoó-
latras, quem usa próteses dentá-
rias mal adatadas, má higiene
oral e não protege os lábios da
exposição ao sol. É importante
saber que têm aparecido ul-
timamente casos onde os pa-
cientes são jovens e sem ne-
nhum destes fatores de risco.
Localização
As zonas mais acometidas são
o lábio inferior, o assoalho
bucal, debaixo da língua e nas
bordas e o céu da boca (palato
mole).
Inicialmente podem ser:
• Feridas nos lábios, gengiva ou
no interior da boca que, mes-
mo após 1 ou 2 semanas não
cicatrizam, portanto ulcera-
ções superficiais, pequeninas
com menos de 2 cm de diâ-
metro e, muito importante,
são indolores podendo san-
grar ou não;
• Manchas esbranquiçadas ou
avermelhadas nos lábios ou
na mucosa bucal;
• Nódulos ou inchaço na bo-
checha que você sente ao pas-
sar a língua, normalmente
com crescimento lento.
• Inchaço que impede a adata-
ção correta da sua prótese
(placa).
Os dentista são treinados para
diagnosticar estas lesões, mas o
que se tem visto na clínica é
que a grande maioria só vê o
dente como algo isolado. Fique
então atento e informe-o caso
esteja com dificuldade para fa-
lar, mastigar e engolir. A dor e
linfadenomegalia cervical (ca-
roço no pescoço) são sinais de
um cancro de boca em estágio
avançado.
Prevenção
1 - Evitar fumo e álcool, expo-
sição continuada aos raios so-
lares; traumas crónicos na
mucosa bucal, tais como: pró-
tese mal adatada, coroas den-
tais fraturadas, raízes residu-
ais, etc.;
4 - Manter higienização ade-
quada, escovando os dentes
no mínimo 4 vezes ao dia,
principalmente após a inges-
tão de qualquer alimento,
fazer uso do fio dental e se
auto-examinar continuada-
mente conforme descrição
acima citada;
5 - Fazer alimentação balancea-
da e completa evitando fazer
uso do açúcar em excesso
(prevenção da cárie) e, princi-
palmente, fora das refeições;
6 - Procurar um dentista ou mé-
dico em caso de aparecimento
de qualquer lesão que não
regrida no espaço de 7/14
dias;
Em Cabo Verde, o
cancro é tido como a
segunda causa de
morte em adultos, e
a maioria dos
pacientes é evacuada
para Portugal
Auto-Exame da Boca
Devemos colocar a nosso favor o fato de
a boca ser acessível à nossa visão. Do
mesmo jeito que as mulheres examinam a
mama, deve-se também examinar a boca.
Escove bem os dentes, língua e bochecha,
passe o fio dental e num local bem
iluminado e em frente ao espelho:
1º Observe a pele do rosto e do pescoço e
apalpe. Puxe com os dedos, o lábio
inferior para baixo, expondo a sua parte
interna (mucosa). Levante o lábio
superior para cima e repita a palpação.
2º Com o dedo indicador ou até mesmo a
escova, afaste a bochecha e examina-a,
nos dois lados. Apalpe também toda a
gengiva superior e inferior. Introduza o
dedo indicador por baixo da língua e o
polegar da mesma mão por baixo do
queixo e procure apalpar todo o assoalho
da boca.
3º Puxando a língua para a esquerda,
observe o lado esquerdo da mesma.
Repita o procedimento para o lado direito.
Estique a língua para fora, segurando-a
com um pedaço de gaze ou pano, apalpe
em toda a sua extensão com os dedos
indicadores e polegar da outra mão.
4º Incline a cabeça para trás, e abrindo a
boca o máximo possível, examine
atentamente o céu da boca. Apalpe com o
dedo indicador todo o céu da boca. Em
seguida diga ÁÁÁÁ... E observe o fundo
da garganta.
Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 17
Dicas de beleza
Unhas de
princesa
Preparação:
Escolha um produto a base de acetona para
remover o antigo verniz, tem maior eficiência
do que os removedores. Nunca remova as
cutículas, servem como barreira e protegem
as unhas contra infecções principalmente
micoses.
Comece por lixar as unhas, preocupando-se
sempre em deixá-las todas do mesmo tama-
nho. Se quiser um acabamento quadrado, lixe
primeiramente o meio e finalize nas extremi-
dades; para o arredondado, comece lixando
uma das extremidades, passando pelo meio e
finalizando na outra extremidade.
Lave então as mãos com um sabonete aloe
vera ou outros óleos, utilizando uma escovi-
nha própria para a higiene das unhas. Após
secar as mãos, aplique novamente a acetona
para garantir que não toda humidade do sabão
foi retirada.
Dica importante: A cada 30 minutos nosso
próprio corpo fabrica óleos e humidade, por
isso, a preparação das unhas e a aplicação da
base devem ser feitos primeiramente em uma
mão para depois serem feitos na outra.
Pintura
Nunca chacoalhe o frasco do esmalte, role o
frasco suavemente nas palmas das mãos até
que toda fórmula fique uniforme. Tal como
pintar um quadro, a unha necessita primeira-
mente de uma base, geralmente são transpa-
rentes.
Utilizando o métodos do três: passe primeiro
o verniz no lado esquerdo, depois no direito e
por fim no meio, sempre de cima para baixo
e no máximo duas mãos do produto. Um erro
comum é diluir o verniz velho com acetona, o
velho deve ser sempre jogado fora.
Acabamento
Utilize um esmalte incolor, que não seja base,
para dar um acabamento. Além de promover
um brilho todo especial, ele estará protegen-
do a cor de a durabilidade do esmalte depois
de aplicado nas unhas.
Depois de seco enrole um pedaço de algodão
em um palito, embebede ele com acetona e
retire o excesso de verniz na pele tentando ao
máximo evitar o contacto do produto com as
unhas.
18 • Já • Quinta-feira 7 Outubro 2010
cachupada
Horóscopo
Carneiro
21-3 a 20-4
Carta Dominante: O Dependurado, que
significa Sacrifício.
Amor: O amor poderá bater-lhe à porta,
fique atento.
Saúde: Procure fazer uma vida mais
saudável.
Dinheiro: Esta não é uma boa altura para
investir nos negócios.
Número da Sorte: 12
Números da Semana: 27, 32, 41, 3, 38, 1
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: Faço os esforços
necessários para alcançar o que mais
desejo.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11
Touro
21-4 a 21-5
Carta Dominante: 5 de Copas, que
significa Derrota.
Amor: Seja sincero nas suas promessas se
quer que a pessoa que tem a seu lado
confie em si.
Saúde: Liberte-se e a sua saúde irá
melhorar.
Dinheiro: Excelente período para tratar de
assuntos de carácter profissional.
Número da Sorte: 41
Números da Semana: 20, 31, 45, 38, 10, 4
Dia mais favorável: sábado
Lema da Semana: Encaro as derrotas
como passos necessários para a minha
aprendizagem.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12
Gémeos
21-5 a 20-6
Carta Dominante: Ás de Paus, que
significa Energia, Iniciativa
Amor: Momento favorável para jantares
românticos.
Saúde: O seu sistema imunitário está
muito sensível, seja prudente.
Dinheiro: Momento calmo e favorável.
Número da Sorte: 23
Números da Semana: 25, 10, 49, 17, 23, 2
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: Tenho energia para
avançar com os meus projectos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13
Caranguejo
21-6 a 22-7
Carta Dominante: 8 de Copas, que
significa Concretização, Felicidade.
Amor: a sua vida amorosa dará uma
grande volta brevemente.
Saúde: Faça exames médicos.
Dinheiro: Evite gastos supérfluos.
Número da Sorte: 44
Números da Semana: 12, 35, 10, 28, 17, 9
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: tenho o poder de
concretizar os meus sonhos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14
Leão
23-7 a 22-8
Carta Dominante: Rainha de Paus, que
significa Poder Material e que pode ser
Amorosa ou Fria.
Amor: estará em plena harmonia na sua
vida a este nível.
Saúde: Faça um check-up.
Dinheiro: Tente poupar um pouco mais,
pois mais vale prevenir do que remediar.
Número da Sorte: 35
Números da Semana: 11, 42, 27, 30, 12, 28
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: sei usar o poder que
tenho de forma justa e equilibrada.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15
Virgem
23-8 a 22-9
Carta Dominante: Rainha de Copas, que
significa Amiga Sincera.
Amor: Partilhe os seus sentimentos e
decisões com a pessoa que ama.
Saúde: Com disciplina e controlo
melhorará de qualquer problema.
Dinheiro: Uma pessoa amiga vai precisar
da sua ajuda.
Número da Sorte: 50
Números da Semana: 39, 28, 10, 33, 5, 13
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: a sinceridade orienta
todas as minhas atitudes.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16
Balança
23-9 a 22-10
Carta Dominante: 6 de Ouros, que
significa Generosidade.
Amor: Esqueça um pouco o trabalho e dê
mais atenção à sua família.
Saúde: Poderá andar muito tenso.
Dinheiro: Período positivo e atractivo,
haverá uma subida do seu rendimento
mensal.
Número da Sorte: 70
Números da Semana: 20, 14, 3, 27, 44, 1
Dia mais favorável: domingo
Lema da Semana: sou generoso comigo
mesmo e com os que me rodeiam.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17
Escorpião
23-10 a 21-11
Carta Dominante: A Imperatriz, que
significa Realização.
Amor: liberte-se do passado.
Saúde: procure o seu médico se não se
anda a sentir bem.
Dinheiro: ajude os mais necessitados.
Número da Sorte: 3
Números da Semana: 33, 14, 21, 4, 41, 6
Dia mais favorável: segunda-feira
Lema da Semana: acredito que sou capaz
de realizar os meus sonhos.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18
Por Maria Helena
De 17 a 23 de Outubro
Sagitário
21-11 a 20-12
Carta Dominante: 2 de Ouros, que
significa Dificuldade/ Indolência.
Amor: Vai apaixonar-se facilmente.
Saúde: Faça caminhadas.
Dinheiro: Não se exceda nos gastos.
Número da Sorte: 66
Números da Semana: 19, 47, 25, 36, 40, 18
Dia mais favorável: terça-feira
Lema da Semana: venço as dificuldades
com coragem e determinação.
Horóscopo Diário - Ligue já! 760 30 10 19
Capricórnio
21-12 a 20-1
Carta Dominante: Valete de Copas, que
significa Lealdade, Reflexão.
Amor: Deixe o ciúme de lado e aproveite
bem os momentos escaldantes.
Saúde: Cuidado com os excessos
alimentares.
Dinheiro: Não peça um novo empréstimo,
os tempos não estão para isso.
Número da Sorte: 47
Números da Semana: 27, 42, 31, 19, 4, 23
Dia mais favorável: quinta-feira
Lema da Semana: reflicto bem antes de
dar um passo para não me arrepender.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20
Aquário
21-1 a 18-2
Carta Dominante: O Mundo, que
significa Fertilidade.
Amor: Aproveite bem todos os momentos
que tem para estar com a sua cara-metade.
Saúde: Poderá sentir alguma fadiga física.
Dinheiro: Conserve todos os seus bens
materiais.
Número da Sorte: 21
Números da Semana: 36, 41, 15, 3, 37, 20
Dia mais favorável: sexta-feira
Lema da Semana: a felicidade reina na
minha vida.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21
Peixes
19-2 a 20-3
Carta Dominante: 8 de Paus, que
significa Rapidez.
Amor: Evite as discussões com o seu par.
Saúde: Será uma época com tendência
para enxaquecas.
Dinheiro: Dê mais valor ao seu trabalho, e
só terá a ganhar com isso.
Número da Sorte: 30
Números da Semana: 49, 27, 13, 31, 4, 29
Dia mais favorável: quarta-feira
Lema da Semana: encontro rapidamente
as respostas de que preciso.
Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22
Conto infantil
Mia,
a baleia do Bairro Manguí - XII
A
pesar de ninguém ter visto se a baleia era prateada ou de outra cor, a verda-
de é que todos acreditaram que havia baleia no Porto Velho da ilha. No dia
seguinte, não se falava em outra coisa por todo o bairro, adiantavam-se as
mais variadas sugestões e opiniões. Uns achavam que este fato devia ser publicita-
do o mais possível, para tornar o bairro famoso; outros queriam tentar apanhá-la pa-
ra vender a estrangeiros, porque havia de dar bom dinheiro; outros, ainda, pensavam
que ela não duraria muito por aquelas paragens e fugia ou qualquer dia aparecia
morta na praia.
No largo do bairro, os quatro amiguinhos estavam intrigados e queriam que Juninho
lhes dissesse por que razão ele conseguiria saber se Mia mudara de cor ou não! Mas
Juninho apenas lhes dizia que só à noite poderia explicar a todos e que, para isso, se
encontrariam logo a seguir ao jantar na casa do avô Irondino.
Entretanto, assim que o sol começou a esconder-se e a lua a sorrir, Juninho foi a cor-
rer para a pedra do cais onde sempre aparecia a sereia Mia, aquela rapariga de olhos
azuis e que, em vez de pernas, tinha um corpo e cauda de baleia!
Pouco tempo depois de chegar e de ter chamado por Mia, saiu da água a sereia a sorrir.
– Olá Juninho, então gostaste do banho que dei aos curiosos do teu bairro?
Ahahahahaha
– Foi fixe! E foi bem feito. Mas… diz-me uma coisa: por que razão é que não
estavas com a pele cor de prata?
– Pedi proteção à noite e à Lua e as duas se juntaram para eu parecer mais escura,
ou seja, a noite ficou ainda mais escura e a lua escondeu-se atrás de uma nuvem para
não me verem bem.
– Ah!!!! Mas olha, preciso de te falar. Acho que está na hora de contar aos meus
amiguinhos e ao avô Irondino que tu também existes como sereia e que vives num
bairro no fundo do mar onde tudo é ao contrário do nosso bairro. Posso? Mas, para
isso, tu tens de os conhecer também…
– Já conheço, então? Já os vi a todos no dia em que vocês me salvaram no alto mar,
não foi?
– Sim, mas… assim a falar como uma pessoa é que não.
– Muito bem, Juninho, amanhã apareçam todos por aqui a esta hora e falarei com
todos os teus amiguinhos. Mas isto tem de ser segredo mesmo, senão é que me po-
dem fazer mal e vocês serão castigados e o avô Irondino pode até ser preso, que eu
sei muito bem como funcionam as coisas aqui no teu bairro.
– Fica descansada. Até amanhã.
Após o jantar, tal como combinado, lá se encontraram todos na casa do avô Irondino
e perguntaram em coro: - Então, Juninho? Era ela ou não? E como descobriste?
– Eu vou contar tudo, mas este é o maior segredo das nossas vidas, ouviram? Para
si também, avô Irondino.
– A mim não precisas de contar. Eu já sei que Mia é a sereia a que, há muitos, muitos
anos, os pescadores chamam a princesa dos mares.
– AH!!!! Como é que sabe?
– O quê???!!! – perguntaram todos de boca aberta.
– Sim, é verdade, e eu tive que guardar este segredo até agora, porque ela me pediu.
Amanhã vamos todos falar com ela.
Como será a conversa da sereia-baleia Mia com os quatro amiguinhos do bairro
Manguí?
José Braga-Amaral
 Já • Quinta-feira 14 Outubro 2010 • 19

cachupada
Telenovelas CURIOSIDADES
RECORD • Ribeirão do Tempo
Homem nu atira livro contra
Obama num comício e é preso
O Presidente, que pedia voto para os democratas,
escapou por pouco. O acusado estaria a tentar ganhar um
prémio de 1 milhão de dólares num golpe publicitário

Filó conta a Romeu e Sancha que vai se casar
N icolau anuncia ao partido que sugere Querêncio como candidato à prefeitura de
Ribeirão. Todos ficam pasmos e Ari fica em estado de choque. Querêncio explica a
Marisa que confia no professor Flores. Marisa afirma que há algo de estranho na história.
Nicolau diz a todos que Querêncio deixou claro que quer usar a sua fortuna para o bem
do povo. Tito vai até à discoteca conversar com Querêncio. Nicolau diz a Ari que ele deve
se candidatar a deputado e ressalta que o apoio popular a Querêncio é quase uma una-
nimidade.
Furioso, Ari anuncia que vai sair do partido. Ajuricaba pronuncia-se a favor de Ari. Ari
vai embora e Ajuricaba vai atrás dele. Descontrolada, Karina chora e diz a Célia que não
tem a menor lógica acreditar que Filomena pode ter seduzido Tito.
Tito pede a mão de Filomena em casamento a Querêncio. Marisa pergunta a Filomena se
ela tem certeza de que quer se casar. Querêncio e Filomena combinam para conversar
antes de tomar a decisão final.
Filó pede a Tito para não tratá-la como uma tonta que está sendo levada na conversa.
Marisa diz a Querêncio que Tito pode estar interessado na fortuna que ele herdou.
Arminda entra no quarto de Diana e vê a menina e Guilherme deitados na cama conver-
sando.
Arminda briga com Diana e diz que ela a desobedeceu. Ajuricaba chega em casa acom-
panhado de Ari e cumprimenta Sérgio rapidamente. Preocupada, Beatriz diz a Nicolau
que questiona se Érico não tinha razão quando lhe pediu renunciasse ao mandato.
Filó conta a Romeu e Sancha que vai se casar. Tito revela a Clorís que vai se casar com
Filomena e que ela vai ser a sua avalista. Arminda deixa claro a Diana que ela deve dar
satisfação de tudo o que fizer. Nicolau conta a Lincon que Querêncio vai se candidatar a
Prefeito.
Sérgio conta a André e Sónia que vai parar de ajudá-los antes do aniversário do delega-
do. Nasinho diz a Nicolau que Tito não aceitou a proposta.
SIC • Passione
U m livro foi lançado contra Barack Obama durante um comício na
Filadélfia, no passado domingo, 10, no qual o presidente dos EUA
pedia voto para o Partido Democrata nas eleições parlamentares. Obama
não foi atingido por pouco.
O suspeito da agressão, um homem nu, foi preso pela polícia que patru-
lhava o Vernon Park.
O agente policial usou um cartaz de campanha para esconder os órgãos
sexuais do suspeito, que teria feito a façanha para ganhar um prémio de
1 milhão de dólares, no que seria um golpe publicitário.
A 14 de Dezembro de 2008, já no fim do mandato, o então presidente
americano George W. Bush quase foi atingido por uma sapatada durante
uma visita a Bagdá, no Iraque.
Sabia que esses tipos de elásticos são feitos de preservativos reciclados?
Evitem comprá-los, pois segundo os chineses estão limpos e desinfe-
tados, mas não são 100% seguros.
As mulheres têm a mania de colocá-las na boca enquanto penteiam o
cabelo das suas filhas e este tipo de elásticos podem ter sido feitos de
preservativos que podem ter sido usados por pessoas infetadas por
HIV/SIDA ou outra doença de índole sexual.
De acordo com o Governo dos EUA e Espanha reciclar preservativos é
ilegal.
Nem sempre os produtos são controlados pela inspeção sanitária, pois
muita mercadoria é contrabandeada para o nosso país.
Portanto, atenção: antes de comprar elásticos certifique-se que estes ao
serem esticados, o elástico interior sejam branco ou completamente de
algodão, para nossa segurança!

Boa Mesa Farmácias

de serviço
Restaurante Morabeza no Paul Praia

Fortunato beija Jackie

Bucólico e com boa cozinha 14/10 – Farmácia Africana
15/10 – Farmácia Avenida
vila e oferece um serviço 16/10 – Farmácia Santa
D iana confessa a Gerson que ama outro homem e ele pergunta se é Mauro. Melina
avisa a Mauro que vai adiantar o casamento no civil. Fortunato beija Jackie, que
o repudia. Bete e os sogros se despedem e Clô expulsa Olavo de casa por ter dançado
de bar e restauração que
se enquadram com o
Isabel
local, responde àquilo 17/10 – Farmácia
com a empresária. Gerson invade o quarto de Mauro para tirar satisfações. Brígida
ofende Bete por ter dançado com Olavo. Diana interrompe a discussão entre Mauro e que o viajante procura. Universal
Gerson, ameaçando o marido. Diana avisa a Gerson que, se ele não se tratar, irá con- Um cabrito à moda de 18/10 – Farmácia 2000
tar o que sabe. Santo Antão servido no
19/10 - Farmácia Moderna
Mauro comenta com Diógenes que está desconfiado de que o filho que Melina está à grande quintal sobre a
espera não seja dele. Melina fica perturbada ao lembrar-se da insinuação que Diana fez sombra de diversas amen- 20/10 – Farmácia Central
a respeito da paternidade do seu filho. Brígida e Diógenes marcam para se encon- doeiras é um regalo para o 21/10 – Farmácia Santo
trarem. Fortunado e Olavo dormem na antiga casa. Clô chora no seu quarto e Jackie estômago e para a alma.
tenta consolá-la. Bete e Totó encontram-se com Orlando, que mostra o falso documen- António
Mas, se quiser, pode ficar
to que irá entregar a Fred quando fizerem a transação. na varanda do primeiro
Mônica e Telma tentam animar Lorena. Chulepa repreende Sinval por não parar de
pensar em Danilo e Fátima. Kelly incentiva Fátima a assistir à última etapa do campe-
onato de ciclismo e apoiar Sinval. Alfredo vê Valentina ser rude com Kelly e fica intri-
A Vila das Pombas,
hoje cidade de Santo
António das Pombas é
para satisfazer uma
procura que havia de
chegar. Alguns foram
andar saboreando um
frango grelhado, cerveji-
nha gelada e a paisagem.
S. Vicente
14/10 – Farmácia Higiene
gado. Kelly enfrenta Valentina e a dona da pensão resolve fazer outra proposta a
uma cidade de muitos para o dejá vu com restau- O Morabeza é uma pérola 15/10 – Farmácia Jovem
Jonisval. Clô fica abalada ao saber que Olavo não perguntou por ela e se arrepende de
ter organizado o jantar para Bete. Jéssica desconfia de Berilo. encantos. Primeiro é sem rantes que não tinham de bom gosto da cozinha, 16/10 - Farmácia Mindelo
Melina insinua que Diana e Mauro saíram juntos e Gerson fica abalado. Diana recusa- dúvida a atmosfera bu- nada a ver com o ambi- da decoração. Já agora,
17/10 – Farmácia Avenida
se a contar a Mauro o que ela e Gerson estão a esconder. Noronha mostra a alta nas cólica que caracteriza o ente onde estavam inseri- para quem aprecia, não
vendas da bicicleta da concorrente e Saulo fica furioso. Clara encontra-se com Danilo. local. Com o assomar do dos. O Restaurante Mo- deixe de provar o grogue 18/10 – Farmácia Leão
Totó pede a Fred para não entregar as joias de Bete a Clara. Saulo vai à casa de Totó e turismo começaram a sur- rabeza nasceu dentro do “cana, cana”…. E bom 19/10 – Farmácia Nena
fica furioso ao ver que o irmão está a tratar sobre as ações com Fred. gir alguns restaurantes ambiente campestre da apetite.
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bai-bai
Quinta-feira 14 Outubro 2010
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Habitação na Praia: números e fatos

As razões que
José Maria Neves
não ouve
A Câmara Municipal da Praia “convidou” o Governo para parceiro na
reabilitação de habitações. A equipa de José Maria Neves amarinhou pelas
paredes e os papagaios do PAICV desdobraram-se em ataques à Câmara. Esta
terá cometido um grave “crime”: propor que o Governo crie um Plano de
Emergência para acudir ao parque habitacional. O Governo de José Maria
Neves disse, de imediato, que não está cá para isso. O PAICV entreteve-se a
A CMP exige Plano de Emergência, antes que seja tarde
lançar poeira para os olhos. Ulisses Correia e Silva explica as suas razões

F izemos entrega, no dia 24 de Municipal em parceria com a TECNI-

Setembro, de 22 casas reabili- CIL.
tadas nos bairros de Coqueiro,
Paiol, Lém Cachorro, Ponta d’Água, Obra em curso
nicos de ação social da CMP, medi-
ante dados de inquéritos e visitas às
casas e às famílias. As obras de recu-
peração, conservação ou reabilitação
guintes três características: cobertura
de palha, lata ou cartão, pavimentos
de terra e paredes de pedra solta ou pe-
dra e terra) e 8.653 domicílios impro-
orçamento anual de funcionamento e
de investimentos efetivo de menos de
2 milhões de contos e com um quadro
de pessoal (herdado) de mais de mil
Lém Ferreira, Achada Mato, Tira Para além disso, foi já assinado con- de habitações degradadas são execu- visados (barracas de lata, de papelão, trabalhadores, não tem obviamente
Chapéu, Bairro Craveiro Lopes, trato e iniciaram-se as operações para tadas através de contratação de empre- pardieiros ou alojamentos que per- possibilidade de socorrer a todas as
Eugénio Lima, Vila Nova, Cala- a requalificação de habitações na sas mediante concurso, público. A tencem a parte de um outro). situações gritantes que colocam em
baceira, Achada S. Filipe e Achada encosta de Vila Nova, no âmbito de CMP não distribui materiais (cimen- Desta situação degradante, mais de perigo de vida milhares de famílias.
Grande Frente. Eram casas em eleva- um projeto integrado financiado pela tos, verguinhas, portas, etc.) aos bene- 4.000 casas encontram-se em situação Perante esta situação dramática, o Go-
do estado de degradação, com “tetos a CMP e pela AIMF e que visa reabili- ficiários, mas contrata empresas, atra- de derrocada eminente e exigem inter- verno já disse publicamente que não
cair”, fissuras nas paredes e várias tar 24 casas. vés de concurso público, para execu- venção enquadrada a nível da prote- vai intervir para reabilitar as 4.000 ca-
outras deficiências que colocavam em As intervenções da CMP são feitas ao tarem pacotes de obras de reabilitação ção civil. Numa estimativa por baixo sas. A Câmara Municipal vai fazendo
perigo a vida das famílias, particular- abrigo de um Regulamento para com todas as garantias de qualidade. dos custos e para uma média de 300 o que pode dentro das suas possibili-
mente no período das chuvas. Atribuição de Apoios para Habitação No Município da Praia, com cerca de contos em cada intervenção, seriam dades. Que os cidadãos, conhecendo
Tratou-se de uma intervenção da 1ª a Famílias Desfavorecidas, aprovado 25.700 agregados familiares, regista- necessários mais de um milhão e du- estes fatos, ajuízem.
fase, que contempla a reabilitação de em finais de 2008 pela atual equipa se um défice habitacional de mais de zentos mil contos para financiar as
45 casas a um custo médio de camarária e que define regras e pro- 15.400 casas, 581 domicílios precá- obras. Ulisses Correia e Silva
400.000$00 cada, cedimentos para o rios (alojamentos com uma das se- A Câmara Municipal da Praia, com Presidente da Câmara Municipal
no montante de 18 No Município da Praia, apoio à execução de
mil contos, finan- com cerca de 25.700 obras de recupe-
ciados exclusiva- agregados familiares, ração de habitações
mente pela Câmara de famílias pobres,
Municipal da Praia. regista-se um défice nos casos de habi-
As intervenções são habitacional de mais de tação em risco de
feitas para reco- 15.400 casas, 581 desabamento.
locação de tetos, Para acederem ao
pinturas e rebocos;
domicílios precários apoio, as famílias
recuperação ou (alojamentos com uma têm de ser titulares
substituição de por- das seguintes três de propriedade, usu-
tas, janelas e pavi- características: cobertura fruto, posse ou ar-
mentos; remodela- rendamento da ha-
ção de instalações de palha, lata ou cartão, bitação a que se des-
elétricas e de água, pavimentos de terra e tina o apoio; residir
e construção ou re- paredes de pedra solta ou no Município há pe-
paração de insta- lo menos três anos;
lações sanitárias.
pedra e terra) e 8.653 ter rendimento anu-
Uma 2ª fase vai ar- domicílios improvisados al per capita do
rancar brevemente, (barracas de lata, de agregado familiar
com intervenção em
mais 50 casas (20
papelão, pardieiros ou igual ou inferior a
60.000$00 (sessenta
em Safende, 16 em alojamentos que mil escudos); não
Ponta d’Água e 14 pertencem a parte de um terem sido objeto de
em Calabaceira), outro) apoio do Município,
num investimento para o mesmo fim,
estimado em 20 mil contos, também nos últimos três anos. Com as recentes chuvas vários tetos caíram na cidade da Praia
com financiamento da Câmara Estas condições são avaliadas por téc-