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De acordo com o comando a que cada um dos itens de 1 a 150 se refira, marque, na f o l h a d e r e s p o s t a s , p a r a cada item: o campo

designado com o código C, caso julgue o item CERTO, ou o campo designado com o código E, caso j ulgue o item ERRADO.
A ausência de marcação ou a marcação de ambos os campos não serão apenadas, ou seja, a elas não será atribuída pontuação negativa.
P ara as devidas marcações, use a folha de rascunho e, posteriormente, a f olha de respostas, o único documento válido para a correção
das suas provas.

PORTUGUÊS
Texto I – itens de 1 a 15

1 Para entender a atual e multifacetada crise cultural, precisamos adotar uma perspectiva extremamente ampla e analisar a
situação no contexto da evolução cultural humana. Os historiadores estão longe de elaborarem uma teoria abrangente da dinâmica
cultural, mas parece que todas as civilizações passam por processos cíclicos semelhantes de gênese, crescimento, colapso e desintegração.
4 Segundo os antigos filósofos chineses, todas as manifestações da realidade são geradas pela interação dinâmica entre dois pólos
de força: o yin e o yang. Heráclito, na Grécia antiga, comparou a ordem do mundo a “um fogo eternamente vivo que se acende e
apaga conforme a medida”. Empédocles atribuiu as mudanças no universo ao fluxo e refluxo de duas forças complementares, a que
7 chamou amor e ódio.
Entre os mais notáveis, mesmo que mais hipotéticos, estudos dessas curvas de ascensão e queda de civilizações, cumpre-nos
citar a importante obra A S t u d y o f H ist o ry , de Arnold Toynbee. Os padrões culturais descritos por Toynbee parecem ajustar-se
10 muito bem à nossa situação atual. Ao observarmos a natureza dos nossos desafios, podemos reconhecer a confluência de diversas
transições.
A primeira transição, e talvez a mais profunda, segundo esse autor, deve-se ao lento, relutante, mas inevitável declínio do
13 patriarcado. A periodicidade associada ao patriarcado é de, pelo menos, três mil anos, e são mínimas as informações de que dispomos
acerca das eras pré-patriarcais. Tem sido extremamente difícil entender o poder do patriarcado, por ser ele totalmente preponderante.
Ele tem influenciado nossas idéias mais básicas acerca da natureza humana e da nossa relação com o universo — a natureza do “homem”
16 e a relação “dele” com o universo, na linguagem patriarcal. O patriarcado era o único sistema que, até data recente, não tinha sido
abertamente desafiado em toda a história documentada e cujas doutrinas eram tão universalmente aceitas que pareciam constituir leis
da natureza; na verdade, eram, usualmente, apresentadas como tais. Hoje, porém, a desintegração do patriarcado tornou-se evidente.
19 O movimento feminista é uma das mais fortes correntes culturais dos tempos atuais e terá profundo efeito sobre a futura evolução
humana.
A segunda transição, que terá profundo impacto sobre nossa vida, nos é imposta pelo declínio da era do combustível fóssil.
22 Os combustíveis fósseis têm sido as principais fontes de energia da moderna era industrial e, quando se esgotarem, essa era chegará ao
fim. Esta década será marcada pela transição da era do combustível fóssil para uma era solar, acionada por energia renovável oriunda
do sol; essa mudança envolverá transformações radicais nos atuais sistemas econômicos e políticos.
25 A terceira transição tam bém está relacionada com valores culturais. Envolve o que hoje é freqüentemente chamado de
“mudança de paradigma” — uma mudança profunda no pensamento, percepção e valores que formam determinada visão da realidade.
Esse paradigma compreende certo número de idéias e valores que diferem nitidamente dos da Idade Média, valores que estiveram
28 associados, na cultura ocidental, à revolução científica, ao Iluminismo e à Revolução Industrial. Nesse paradigma, incluem-se a crença
de que o método científico é a única abordagem válida do conhecimento e a concepção de que a vida em sociedade é uma luta
competitiva pela existência. Nas décadas mais recentes, concluiu-se que todas essas idéias e esses valores necessitam de uma revisão
31 radical.
De acordo com nossa ampla perspectiva da evolução cultural, a atual mudança de paradigma faz parte de um processo mais
vasto, de uma flutuação notavelmente regular de sistemas de valores, que pode ser apontada ao longo de toda a civilização ocidental
34 e na maioria das outras culturas.
Fritjof Capra. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982, p. 24-9 (com adaptações).

Julgue os itens a seguir, que se referem à compreensão, à interpretação e aos aspectos gramaticais do texto I.

1 A expressão “ a atual e multifacetada crise cultural” (R.1), embora imprecisa, tem cada um de seus vocábulos explicitado por mei o
do desenvolvimento das seguinte s i d éias: existe uma crise cultural nos dias atuais e essa crise (degradação de valores éticos) é
“ multifacetada” por se estender a raças diferentes e a diferentes ecossistemas.
2 A relação lógica entre os dois primeiros parágrafos pode assim ser descrita: no segundo parágrafo, enuncia-se a idéia da existência
de forças geradoras que, como apontam pensadores de outras épocas, foram responsáveis pelas mudanç a s c í c l i c as, elencadas no
primeiro parágrafo.
3 Os dados e os argumentos apresentados pelo autor asseguram a objetividade do discurso, incisiv o e científico. No entanto, para
s e e l i mi n a rem os traços de subjetividade, seriam necessárias as seguintes alterações: retirada de “ parece que” (R.3) e tr o c a d e
“ parecem ajustar-se” (R.10) por ajustam-se.
4 As “ transições” apontadas por Toynbee organizam-se diacronicamente de tal forma que são excludentes, e efetivamente ocorreram
na ordem em que foram apresentadas.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata –1–


5 A regra de acentuação gráfica ilustrada em “ pólos” (R.6) não Texto II – itens de 16 a 20 e 29-30
diz res peito à terminação da palavra, o que também ocorre
1 Além de serem interdepen d entes, identidade e
com os vocábulos pôr (verbo) e ás (substantivo). diferença partilham uma importante característica: elas são o
resultado de atos de criação lingüística. Isso significa dizer que
6 Na linha 6, observa-se qu e a p a lavra “ ordem” não recebeu
4 não são “elementos” da natureza, que não são essências, que
acento gráfico, assim como seu plural também não o
não são coisas que estejam simplesmente aí, à espera de serem
receberia. Isso ocorre porq u e a s palavras paroxítonas reveladas ou descobertas, respeitadas ou toleradas. A identidade
terminadas em -em/-ens não se acentua m, r e g r a da qual a 7 e a diferença têm de ser ativamente produzidas. Somos nós que
palavra híf ens é exceção. as fabricamos no contexto de relações culturais e sociais. Elas
são criadas por meio de atos de linguagem.
7 As r e e s c rituras de “ a que chamou” (R.7-8) e de “ de que 10 Como ato lingüístico, a identidade e a diferença estão
dispomos” (R.13) como, respectivamente, q ue chamou de sujeitas a certas propriedades que caracterizam a linguagem em
e que dispomos estão ambas de acordo com a modalidade geral. Por exemplo, segundo o lingüista Saussure, a linguagem
13 é, fu n d amentalmente, um sistema de diferenças, os
e s c r i ta padrão da língua portuguesa e preservam o senti d o
elementos — os signos — que constituem uma língua não têm
original do texto.
qualquer valor absoluto. Reencontramos, aqui, não a idéia de
8 Na linha 9, a ligação estabelecida e n t r e os adjetivos 16 diferença como produto, mas como a operação ou o processo
básico de fu n cionamento da língua e, por extensão, de
“ notáveis” e “ hipotéticos” manter-se-ia coerente com o
instituições culturais e sociais, como a identidade, por exemplo.
texto, assim como seria mantida a correção gramatical da
19 Derrida acrescenta a isso a idéia de traço : o signo
frase, caso se substituísse “ mesmo que” por em bora ou carrega sempre não apenas o traço daquilo que ele substitui,
posto que. m as também o traço daquilo que ele não é, ou seja,
22 precisamente a diferença.
9 No período “ Tem s ido extremamente difícil entender o A identidade, t al como a diferença, é uma relação
p o d er do patriarcado, por ser ele totalmente preponderante” social. Sua definição — discursiva e lingüística — está sujeita a
(R.1 4 ) , n ão se contrariaria o sentido original do texto, se a 25 vetores d e força, a relações de poder. A afirmação da
expressão grifada fosse substituída por hegemônico. identidade e a enunciação da diferença traduzem o desejo dos
diferentes grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir
10 Na linha 16, o pronome “ que” exerce a mesma função 28 o acesso privilegiado aos bens sociais. O poder de definir a
sintática do termo que o antecede: predicativo do sujeito. identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das
relações mais amplas de poder.
11 Os pronomes relativos “ que” (R.16) e “ cuj a s ” ( R.17) têm Tomaz Tadeu da Silva. Identidade e diferença: a perspectiva dos
estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2 0 0 0 , p. 76 (com
como elemento antecedente a mesma expressão nominal. a d a p t a ç õ e s ) .

12 O pronome “ t ais” (R.18), sem referência própria, tem seu Com relação ao texto II, julgue os itens a seguir.
sentido atribuído pelo termo antecedente “ univ e r salmente
16 Comprometer-se-ia o sentido original do período situado
aceitas” (R.17).
entre as linhas 3 e 6 , caso se substituísse a construção na
13 A oração “ que terá profundo impacto sobre nossa vida” voz pas s iva analítica “ à espera de serem reveladas ou
(R.21) poderia estar entre parênteses ou entre travessões, mas descobertas, respeitadas ou toleradas” (R.5 - 6 ) pela passiva
não sem as vírgulas, porque, nest e caso, assumiria um pronominal correspondente.
caráter explicativo, o que acarretaria incoerência textual. 17 Atendendo-se às prescrições gramaticais, o segmento

14 Os vocáb u l o s “ dos” e “ da” (R.27) provêm ambos da “ Somos nós que as fabricamos” (R.8) poderia ser substituído
por Somos nós quem as f abrica.
contração da preposição de com outro vocábulo: em “ d o s”,
com um pronome demonstrativo e, em “ d a ” , com um artigo 18 Ao final do 3.o parágrafo, mantendo-se a coerência e a coesão
textuai s , poderia ser acrescentado o seguinte trecho: Em
definido.
outras palavras, é a própria dicotomia um dos meios pelos
15 Mantêm-se a correção gramatical e o sentido original do quais o significado é fixado.
texto, se o ú l t imo parágrafo for reescrito do seguinte modo:
19 No texto, afirma- s e que os grupos sociais que estão
Nessa ampla perspectiva de evolução cultural, cuja mudança assimetricamente situados são o s q u e lutam para garantir o
do atual paradigma, percebe-se um processo mais vasto, com acesso aos privilégios, como evidencia o e mprego das
vírgulas na linha 28.
uma flutuação notavelmen t e r e gular de sistemas de valores,
20 D e acordo com o texto, identidade e diferença de v e m s e r
que pode ser a p o n t a do ao longo de toda a civilização
c o mp r e e n d i d a s e m s u a d i mensão simbó l i c a , d e
ocidental e da maioria das outras culturas. representação, e analisadas com base nas relações de poder.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata –2–


Texto III – itens de 21 a 30 Com relações às idéias d o texto III e a aspectos morfossintáticos,
julgue os itens subseqüentes.
1 A ética contemporânea faz grande alvoroço em torno 21 A articulação das idéias do texto não permite a inferência de
das diferenças culturais. Sua concepção do outro tem em vista q u e, no passado, as diferenças culturais eram relegadas pe l a
ética e, no moment o , são alardeadas em razão dos freqüentes
essencialmente esse tipo de diferenças. E seu grande ideal é a
processos de exclusão social.
4 coexistência tranqüila das comunidades culturais, religiosas,
22 Segundo o autor do texto, os guardiães da ética
nacionais etc., a recusa da “exclusão”. contemporânea explicam toda forma de exclusão com base
no determinismo cultural porque idealizam a c onvivência
Mas é preciso sustentar que essas diferenças não têm
pacífica entre os povos.
7 qualquer interesse para o pensamento, não são mais que a
23 No último parágrafo, o autor sustenta que as diferenças, mais
evidente multiplicidade infinita da espécie humana, a qual é tão do qu e i l u s ó rias, são falseadas pela crença de uma verdade
flagrante entre m im e m eu primo de Lyon como entre a estável, resultante do raciocínio silogístico frági l p o r meio
do qual a corrente culturalista concebe a alteridade.
10 comunidade xiita do Iraque e os cowboys do Texas.
24 O texto é composto ess encialmente por enunciados
O embasamento objet ivo (ou à maneira de categóricos , como evidencia o emprego reiterado de formas
historiador) da ética contemporânea é o culturalismo , a verbais no presente do indicativo.

13 fascinação verdadeiramente turística pela multiplicidade dos 25 O texto informa que a concepção culturalista, cujos
fundamentos advêm da sociologia vulgar, p o s tula que o
hábitos, dos costumes, das cren ças. E especialmente pela
“ outro” corr e s p onde ao segmento selvagem, que estará
inevitável bizarria das formações imagin árias (religiões, sempre presente como o o u tro ameaçador, o bárbaro. Assim,
para essa corrente, a é t i c a prevalente é ainda a do branco
16 representações sexuais, formas de encarnação da autoridade...).
colonizador.
Sim, o essencial da “objetividade” ét ica p rovém de uma
26 O trecho “ a fascinação ( ...) imaginárias” (R.12-15) suscita
sociologia vulgar, diretamen te herdada do espanto colonial duas observações: há, nele, indicadores da subjetivida de do
19 diante dos selvagens, ficando entendido que os selvagens estão autor — “ fascinação verdadeiramente turística” e “ inevitável
bizarria ” —; a inserção da vírgula após “ crenças” (R.14), no
também entre nós (drogados dos subúrbios, co m unidades
lugar do ponto, seguida de alteração da inici a l maiúscula,
religiosas, seitas: todo o aparato jornalístico da ameaçado ra atenderia ao que prescreve a norma gramatical.

22 alteridade interna), ao que a ética, sem mudar o dispositivo de 27 P reserva o sentido do texto orig i n al e a correção gramatical
a seguinte paráfrase do período expresso entre as linhas 25 e
investigação, opõe seu “reconhecimento” e seus trabalhadores
31: Em oposição a essas descrições superficiais, o verdadeiro
sociais. pensamento deve postular que o que existe são as diferenças
25 Contra essas descrições fúteis (tudo o que nos contam e toda a verdade, o vir-a-ser daquilo, que ainda não é. Logo,
as diferenças são exatamente o que a verdade toda imprime
ali é uma realidade ao mesmo tempo evidente e por si mesma e faz emergir como sem significado.
inconsistente), o pensamento verdadeiro deve afirmar o 28 Atendendo-se à prescrição gramatical e mantendo-se a
28 seguinte: sendo as diferenças o que há, e toda verdade sendo o coerência com as idéias defendidas no texto, o seg u i n te
período poderia dar continuidade a o texto III: Ou seja, a
vir-a-ser do que ainda não é, as diferenças são precisamente o
alteridade é simplesmente o que há. Existe, portanto, igual
que toda verdade deposita, ou faz aparecer, como insignificante. diferença entre, digamos, um ca mp onês chinês e um
31 Nenhuma situação concreta é esclarecida em razão d o fu n c ionário norueguês tal qual entre eu e qualquer pess o a ,
inclusive, eu mesmo.
“reconh ecimento do outro”. Em toda configuração coletiva
Com relação aos textos II e III, julgue os itens seguintes.
moderna, há pessoas de toda parte, qu e comem
29 No text o II, o autor refuta abordagem em que se examinem
34 diferentemente, falam múltiplos idiomas, u sam diferentes
a i d e ntidade e a diferença culturais dissociadas e como
chapéus, praticam diferentes ritos, têm uma relação complicada e v i d ê n c ias em si, como algo estanque, dado, fixo e natural ,
e variável co m a coisa sexual, amam a autoridade ou a como é o enfoque do texto III.

37 desordem; e assim segue o mundo. 30 No texto II, o autor assu me que as relações de poder
permeiam a construção de identidade, a o p a sso que, no
A. Badiou. Ética: um ensaio sobre a consciência do mal. Rio de texto III, essas relações são sugeri d a s pelos julgamentos de
Janeiro: Relume-Dumará, 19 9 5, p. 40-1 (com adaptações).
valor a l i presentes, sem que, no entanto, seja ressaltada a
relação assimétrica entre os grupos sociais.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata –3–


INGLÊS
Text I – items 31 to 37 Judge if each it e m below presents a correct rewriting of the

A taxing battle information contained in lines 6 to 12 of text I.

31 In the latest re velation on 26 th January, Dick Thornburgh,


t h e man nominated to examine the fall of World-Co m,

delivered a report saying that, as well as a lot of other

dishone s t transactions of which the insolvent telecoms


company is blameworthy, it also s windled the Internal

Revenue Service (IRS) out of hundreds of millions of dollars


in taxes by means of a t a x s h e lter dishonestly invented by

KP MG, its auditor.

32 In the last revelation on Ja nuary 26 th, Dick Thornburgh, the


1 Nobody wants to pay t a xes. No wonder, then, that
man accredited to look into the breach of World-Com,
so many companies s p e n d so much effort trying to avoid
them. Almost e v e r y big corporate scandal of recent years, reported that, as wel l as a slew of other false dealings for
4 from Enron to P armalat, has involved ta x- d odging in one w h i c h the undermined telecoms companies are to be
form or another.
criticised, it als o defrauded the Internal Revenue Service
In the lates t r evelation on January 26 th, Dick
(I R S ) o f h eaps of dollars through a tax cover created by
7 Thornburgh, the man a ppointed to look at the collapse of
World-Com, released a report claiming that, as well as the KP MG, its accountant.
slew of other crooked dealings of which the bankrupted
33 In the latest revelation, Dick Thornburgh, the man in charge
10 telecoms compa n y i s guilty, it also bilked the Internal
Revenue Service (IRS) of hundreds of millions of dollar s i n of evaluating the failure of W o rld-Com, issued hearsay
taxes through a tax shelter cooked up by KP MG, its auditor. evidence stating that, not only many other crooked dealings
13 Tax authorities around the w o rld rightly fret that are to be attributed to broken telecoms company , but that it
such cases are the tip of a large iceberg, and they are starting
also deprived the Internal Revenue Service ( I R S ) of great
to act. In America, home t o ma ny of the best-known
sums of dollars us i n g a tax device invented by KP MG, its
16 c o rporate-tax scams of recent years, the Bush administratio n
has announced a series of anti- t a x- d o dging measures in its auditor.
new budget, which w ill be presented to Congress on
Still in relation to text I, judge the following items.
19 February 2 nd, including an extra $300 mil l i o n to boost
enforcement and the shutt i n g of corporate-tax dodges that
34 The expression “ fret that su c h cases are the tip of a large
could bring in, it r e c k o n s, up to $45 billion over the next
22 ten years. iceberg” (R.13-14) means t h at many other similar cases
have been f ound.
A three-letter word
Corp orate income tax receip ts as % of GD P
35 The substitution of the phr a s e “ slew of” (R.9) and the verb
1970 2001
0 1 2 3 4 5 6 “ boost” (R.19) by mess of and soar respectively would keep
Italy
the same semantic and syntactic relations as those presented
B ritain
in the text.
Canada

Japan 36 Th e a uthor’ s purpose is to show that governments arou n d


France the world are scrabbling for scarce corporate taxes.
United States
37 Ac c o r d i ng to the graph, from 1970 to 2001, accumulated
Germ any
So ur ce : O EC D
corporate income tax receipts in North American countries
The Economist, January 31st - February 6th , 2004, p. 71 (with adaptations). displayed better results than the European ones.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata –4–


Text II – items 38 to 40 Text III – items 41 to 46

1 Every year forests four times the size of Switzerland are


The world’s major economies are Ø lost because of clearing and degradation. In the 1980s, an
and 2004 looks likely to be the best growth year for the United average of 38 million acres of tropical forest were destroyed
4 each year, those trends have shown no signs of decreasing in the
States since the tech bubble Ù . There are signs 1990s. Subsistence farming, unsustainable logging, unsound
that Japan and Germany may finally be turning the corner after development of large-scale industrial projects, and national
7 policies that distort markets and subsidize forest conversion to
years of Ú .Yet doubt still h an gs over the big other uses are causing deforestation worldwide, from Cambodia
economies like a cloud, producing an increasingly joyless recovery. to Colombia, from Camero o n t o Western Canada and the
Western United States.
As global chieftains gather this week at the World Economic Forum
10

T h e loss of forests has major implications for t h e


in Davos to mull over the theme of prosperity and security, they are world. Forests are home to 70 percent of all land-living animals
finding that prosperity is returning most brightly outside the major 13 and plants. They replenish the Earth’s atmosphere and provide
the planet with fresh air by storing carbon and producing
markets, in places like China, Southeast Asia and even parts of Latin
oxygen. They help filter pollution out of the water and protect
America and Africa. There is still p lenty of talk of bubbles and 16 against flooding, mudslides and erosion. Forests provide timber,
overh eat in g in some emerging markets, but not all markets are medicines, food, and jobs.
The United States has an enormous stake in the
created equal, and a pack of bulls believes a new golden age is falling
19 sustainable management of the world’s forests. We are a major
on these countries as a whole. “This is turning out to be the best forest products importer and exporter. Our growing
p eriod for emerging markets since 1993,” says Ruchir Sharma, pharmaceutical and food processing industries have a vested
22 interest in protecting the source materials for new medicines,
co-head of global emerging markets at Morgan Stanley. pharmaceuticals, and food additives. Forests and their ability to
The economic forecasters back up the bulls. Southeast Asia absorb carbon dioxide lower the rate of global climate change.

is predicted to grow faster than 6 percent, Russia and Poland more 25 The President of the United States has committed to
the goal of achieving sustainable management of our forests by
than 5 percent, Africa better than 4 percent, and even beleaguered the year 2004. And the State Department and other agencies
Latin America is expected to rise above 3 percent. According to 28 have been working closely with ou r glo bal partners to slow
deforestation around the world.
Global Insight’s research, the growth rebound will be most dramatic
Document from the US State Department (with adaptations).
in current or former pariah economies: Venezuela will snap back
In relation to the text above, judge the following items.
from a 10 percent recession in 2003 to top 5 percent this year,
and growth in war-torn Iraq will jump from negative 21.2 percent 41 In line 6, the word “ unsound” means unheard.

to a positive 39.7 percent. 42 In line 13, the word “ replenish” is synonymous with f ill
up.
Newsweek, January 26th , 2004 (with adaptations).
43 I n l ine 18, the phrase “ an enormous stake” indicates that
Considering the ideas and expressions found in text II, judge the the United States is facing huge financial losses to keep up
the sustainable management of the world’ s forests.
following items.
44 In lines 21-22, the phrase “ a v e s ted interest in protecting”

38 B lanks numbered Ø, Ù and Ú can be properly fille d i n can be correctly replaced by a particular reason to protect.
45 The t e xt c a n be associated with the following statement:
with picking up, burst and sluggishness respectively.
The leaves of the trees are for the healing of the nations.
39 From the text, it can be inferred that the global re c o v e r y is 46 The main idea of the text can be correctly said to be:
oddly joyless in b i g markets, newly confident in emerging Th e p roblem of deforestation seems to overcome the huma n
ones. capability of finding a final solution to it. Lots of economic
interests prevail over the unquestionable need to control the
40 According to the economic forecasters, in 2004 South e ast s e n s ible use of the forests worldwide. Forest management
turns out to be a crucial factor not only for rural but also for
Asia will grow faster than Russia, which will g row more
urban life. The effect of the pharmaceutical industry on forest
than Africa and Latin Ame r i c a. Venezuela will decrease resources is rather alarming, a n d that is the reason why the
5 percent this y e a r and Iraq will jump 60.9 percent from USA is so keen on tryi n g t o maintain the sustainable
management of the world’ s forests.
2003 to 2004.

UnB / CESPE – IRBr – Primeira Fase – Aplicação: 20/3/2004 Teste de Pré-Seleção É permitida a reprodução apenas para fins didáticos, desde que citada a fonte.

Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata –5–


Text IV – items 47 to 50 POLÍTICA INTERNACIONAL
1 Israel is in the dock again. The International Court of Cinco paradigmas históricos foram identificados na História
Justice (ICJ) is investigating the legality of the security fence
da Política Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno,
being raised on the West Bank. Even a numb er o f I srael’s
correspondendo cada um deles a uma periodização, com a qual se
4 traditional friends are alarmed by the policy. Some worry that
procurou inserir a co n ju ntura nas estruturas históricas e articular
the fence will h arm the Palestinian economy, cutting off
micro- e macro-história para se obter uma interpretação categorial e
workers from their f actories and farms. Others see it as an
sistemática da evolução da política exterior do Brasil nos últimos dois
7 attempt to extend Israel’s border beyond its pre-1967 limit
séculos. Assim foram apresentados por Cervo e Bueno: a) o das
and feel that such walls have no place in the modern world.
concessões sem barganha da época da in d ep endência
These are major objections and they deserve to be
(1808– 1 8 28), pelo qual se sacrificou o interesse nacional sob
10 answered separately. First, though, it is worth asking why this
question should have come before the Hague judges at all. The múltiplos aspectos, com efeitos nefastos sobre a formação nacional
ICJ is not a supreme court; it is an arbitration panel. It provides até meado s da década de 40 do século XIX; b) o da leitura
13 a mechanism whereby two states can, by mutual agreement, complexa do interesse nacional, aliado à determinação de preservar
refer a dispute to third-party lawyers. By sending this case to o exercício soberano da vont ad e nacional (1844–1889); c) a
the Hague, t h e UN is striking at the principle of territorial diplomacia da agroexportação e dos grandes alinhamentos com que
16 jurisdiction that ultimately underpins diplomatic relations. That a República, que subordinaria o serviço da diplomacia aos interesses
prin ciple is already threatened by the European courts at do segmento interno socialmente hegemônico, particularmente
Strasbourg and Luxembourg, and by the refusal of Spanish and plantadores e exportadores de café (1889–1930); d) o modelo de
19 Belgian judges to recognise national sovereignty. We are slowly política exterior do nacional-desenvolvimentismo que acoplou,
returning to the pre-modern idea that lawmakers need not be finalmente, a face extern a da política às demandas do moderno
accountable to the people, but rather to abstract ideals. desenvolvimento, dos an o s 3 0 à década de 80 do século XX;
22 Faced with a choice between international e) a dança dos três paradigmas disponíveis simultaneamente, no
d isap p robation and more Israeli deaths, Mr Sharon has tempo mais recente da política externa do Brasil (os anos 90 e o
understandably opted for the former. He believes that the fence início do novo século): o da sobrevivência limitad a do nacional-
25 would have prevented yesterday’s atrocity in Jerusalem, and he desenvolvimentismo, o da expansão do liberalismo desenfreado e do
is almost certainly right. Gaza is already cordoned off, and no Estado logístico, que equilibra os dois anteriores.
Palestinian terrorists have penetrated the barrier in the past three José Flávio Sombra Saraiva. Um percurso acadêmico modelar: Amado Luiz
28 years (although two British Muslims were able to do so on the Cervo e a afirmação da historiografia das relações internacionais no Brasil.
Apud: Estevão Chaves de Rezende Martins (Org.). Relações internacionais:
strength of their UK passports). visões do Brasil e da América Latina. B r asília: IBRI, 2003, p. 27 (com
a d a p t a ç õ e s ) .
Daily Telegraph, London, February 23rd , 2004 (with adaptations).
Tend o o texto acima como referência inicial, julgue os itens
Concerning the text above, judge the following items.
subseqü e n t e s , relativos à política internacional e à inserção

47 In line 1, the phras e “ in the dock” means accused in court, histórica do Brasil no cenário mundial.

and, in line 1 6, “ underpins” can be correctly replaced by


51 A independênci a d o Brasil integra um processo histórico
supports.
mais amplo, em que há nítida inte r s e ç ã o entre a crise do
48 In the text, the original phrase “ should have come before the Antigo Regime (na Europa) e a crise do A n t i g o S istema
Hague judges at a l l ” ( R .11) can be correctly replaced by Colonial (nas Américas) . Ao fundo, mudanças estruturais
should have c o m e bef ore the Hague judges in the f irst advinda s d a Revolução Industrial e do decorrente processo
place. de consolidação d o capitalismo tornavam anacrônicas
49 The verbal phrase “ striking at” (R.15) indicates that the UN práticas como as estabelecidas pelo sistema de exclus ivo
is striv i n g to establish the principle of territorial colonial.
jurisdicition.
52 O apoio ostensivo da potência h e g e mônica de então, a
50 It is correct to conclude from the text t h a t i ts author seems Inglaterra, interessada na crescente abertura de a n t igos
to favour Mr Sharon’ s decision to raise a fence on the West mercados monopolizados pelas metrópoles, explica a relativa
Bank, despite the reaction of some Israel’ s tr a d i tional facilidade com que o ato de independência do Brasil foi
friends. Although the author himself refers to some points r e c o n h ecido pela comunidade internacio n a l , s em a
which could have negative effects on the P alestin i ans, he necessidade de barganhas, como informa o texto.
does not show a counterargument to them.

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53 As Tarifas Alves Branco, de 1844, cuja adoção coincide com A estrutura do Breve Século XX parece uma espécie de
o início do segundo paradigma da política externa brasileira, tríptico ou sanduíche histórico. A uma era de catástrofe, que se
segundo a perspectiva do texto, ger a r a m p r o fu ndo estendeu de 1914 até depois da Segunda Guerra Mundial,
seguiram-se cerca de 25 ou 30 anos de extraordinário crescimento
desconforto nas relações Bra s il–Inglaterra. Com efeito, já
econômico e de transformação social, anos que provavelmente
dominando o mercado brasileiro, aos capitais ingleses não
mudaram de maneira mais profunda a sociedade humana que
in teressava a decisão de Alves Branco de abrir o mercado q u alq u er o u t ro p eríodo de brevidade comparável.
nacional à livre concorrência mediante acentuada redução das Retrospectivamente, podemos ver esse período como uma espécie
alíquotas de importação. de era de ouro, e assim ele foi visto quase imediatamente depois que
54 O primeiro período republicano no Bra s i l dá início à acabou, no início da década de 70. A última parte do século foi
uma nova era de decomposição, incerteza e crise — e, com efeito,
denomi n a d a diplomacia do café, a qual, mais que simples
para grandes áreas do mundo, como a África, a ex-URSS e as partes
e s fo r ç o de promoção comercial, também envolvia a
anteriormente socialistas da Europa, de catástrofe. À medida que a
negociação de empré s timos, além da defesa contra acusações década de 80 dava lugar à de 90, o estado de espírito dos que
de cartelização e abuso de poder dominante. refletiam so b re o passado e o futuro do século era de crescente
55 A crescente predominân c ia comercial, financeira e industrial melanco lia f in-de-siècle. Visto do privilegiado ponto de vista da
dos EUA na economia bras i l e i r a , fenômeno visível já na década de 90, o Breve Século XX passou por uma curta era de
ouro, entre uma crise e outra, e entrou em futuro desconhecido e
primeira metade do século passado, ganhou redobrada
problemático, mas não necessariamente apocalíptico.
intensidade após a Segunda Guerra Mundi a l , em especial a
Eric Hobsbawm. Era dos extremos – O breve século XX (1914–1991).
partir da década de 1950. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 15–6 (com adaptações).

56 O paradigma do nacional-desenvolvime n t i smo — que, Em face das info r mações apresentadas no texto acima e
lembra o texto, se inicia na década de 30 do século XX, com considerando aspectos históricos marcantes do sécu l o XX,
Vargas — sofre descontinuidade e , em determinados contingenciadores da política internacional praticada no período,
momentos, dá a impressão de ser claramente abandonado. julgue os itens seguintes.
É o que a c o n t e ce, por exemplo, entre 1951 e 1954, quando
61 Em 1944, representantes de 44 países — entre os qua is o
Getúlio Va rgas, acuado pela intransigente oposição interna
Brasil — reuniram-se em Br e t t on Woods com o objetivo de
e por uma conjuntura internacional desfavorável, abre mão de
criar mecanismo s q u e livrassem o mundo de crises globais,
qualquer veleidade nacionalista tanto na condução da política
a exemplo da decorrente da P rimeira Guerra e, em especial,
econômica quanto na ação externa.
da Grande Depressão dos anos 30.
57 O período governamental de Juscelino Kubitschek
62 No pós-Segunda Gue r r a e ao longo dos anos 50 do
(1956 – 1 9 6 1) optou por atender “ às demandas do moderno
século XX, coincidindo com a “ era de ouro” mencionada no
desenvolvimento”, com nívei s r elativamente baixos de texto, o sistema de Bretton Woods funcionou sem mai o res
endividamento e de inflação. Seus projetos de apoio à atropelos. Contudo, na d écada de 60, ele começou a ser
indústria de bens de consumo e ao i ncremento da infra- fortemente pressionado em função, sobretudo, do déficit em
estrutura e c onômica de que o país carecia se viabilizaram, conta-corrente que o s E UA passaram a registrar, processo
e m larga medida, pelo apoio recebido do Banco Mundi a l e acelerado em larga medida pelas d espesas com a guerra no
p e l a extrema liberalidade com que foi tratado pelo Fund o Vietnã.
Monetário Internacional.
63 Em 1973, a guerra entre árabes e judeus é um dos símbolos
58 O regime militar instaurado em 1964 reorientou a política do fim da “ er a d e o uro”. Sofrendo os efeitos da
externa brasileira, distinguindo-a profundamente daquela que desvalorização do dólar decidid a em 1971 (governo Nixon)
a precedeu imediatamente. Daí, o alinhamento automático e ante o apoio norte-american o a I s r ael, os países árabes
com a diplomacia norte-americana, p rocedimento que não quintuplicam o preço do barril de petróleo, o que gera efeitos
sofreu variações significativas ao longo do período devastadores nas economias ocidentais.
59 O b r e ve governo de Fernando Collor, o primeiro eleito 64 Em que pese a agressiva r e tórica protecionista expressa por
diretamente desde Jânio Quadros, foi marcado por um quase todos os países, as duas últimas déc a das do século
vertiginoso processo de ultra-liberalização da economia passado assistem à plena abertura dos mercados. Er a a
brasileira, um modelo de inserção internacional que, com economia d e i xa ndo de ser internacional para se tornar
menor ou igual intensidade, muitos ou t r o s países latino- efet ivamente mundial, o que exigiu o fim de instâncias
americanos colocaram em prática n o s anos 90 do século reguladoras do comércio, como foi o caso do GATT.
passado. 65 Em uma economia que se globaliza ra p i d a mente, a formação
60 Em que pese toda a efervescênc i a política, que teve no de blocos regionais é justificada como caminho ad e q u ado à
impeachment de Collor e seus desdobr a mentos o seu ápice, melhor inserção interna c i onal de seus integrantes. Nessa
o governo Itamar Franco conseguiu levar adiante as reformas perspectiva, a União Européia, criad a já como mercado
relativas à privatização, à desregulamentação, à abertura comum pelo Tratado de R o ma, de 1957, é o melhor
comer c i a l e à regularização das relações com a comunidade exemplo de integração ráp i d a , abrangente e completa que se
financeira internacional. conhece.

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É a partir de 1968 (II U n c t a d ) q u e o Brasil passou a expressar HISTÓRIA
apoio mais denso aos foros multilater a is, movido pela convicção
de ser essa atitude o “ meio de neutralizar ou reduzir o Há algo que não se pode dizer do século XX: que foi um
tempo de brumas, silêncios e mistérios. Tudo nele foi a céu aberto,
considerável p o d er de coerção das superpotências e grandes agressivamente iluminado, escancarado e estridente. E, no entanto,
poderes nas relações i n t e r nacionais”, como assinalou Antonio ele é ainda um enigma — um claro en igma, parafraseando
Augusto Cançado Trindade. Já para Clodoaldo Bueno, a Drummond —, e dele não podemos fazer o necrológio completo. E
porque findou como uma cu rva inesperada da história, em um
continuidade seria o elemento definidor da política multilateral astucioso desencontro do que achávamos ser o futuro, turvou nossa
brasileira, a expressar o reconhecido grau de profissi onalismo do memória e nosso olhar. E tornou-se pedra e esfinge, com um brilho
I t a maraty. P ara ele, a diplomacia brasileira teve tradicionalmente que ainda cega e desafia.
O século XX fo i, sem dúvida, um século das utopias.
na ONU uma participação constante e c ooperativa, fazendo do O seu andamento coincidiu com a máxima expansão das categorias
tema do desenvolvimento uma de suas preocupações cen trais. fundamentais do mundo moderno — sujeito e trabalho —, eixos que
A pa r t i r dessas informações, julgue os itens que se seguem, presidiram a atualização e exasperaram os limites do liberalismo e do
socialismo, as duas grandes utopias da modernidade. E talvez por isso
relativos à inserção internacional do Brasil. exiba uma característica única e contraditória: parece ter sido o mais
preparado e explicado pelos séculos anteriores e, simultaneamente,
66 A aproximação en t r e Argentina — governo Alfonsín — e o que mais distanciou a humanidade de seu passado, mesmo o mais
Bra s i l — governo Sarney —, em meados dos anos 80 do próximo, decretando o caráter obso let o d e formas de vida e
sociabilidade consolidadas durante milênios.
século XX, foi o passo i n icial para a constituição do futuro
O século XX sancionou o Estado-nação como a forma, por
Mercado Comum d o Sul (MERCOSUL) e se deu em um excelência, de organização das sociedades em peregrinação para o
contexto de crise econômica nos dois países, recém-saídos futuro e em busca de transparência. Os Estados nacionais ergueram-
se como personagens privilegiadas de uma história humana cada vez
de ditaduras militares.
mais cosmopolita, para lembrar Kant, modificando de forma radical
67 Ao se afastar, e m 2003, das tratativas em torno da a paisagem do mundo. Com eles, o direito assumiu progressivamente
a condição de um idioma universal, reagindo sobre o passado e
implantação da Área de Livre Comércio das Américas destruindo velhas estruturas hierárquicas fundadas em privilégios e na
(AL C A ) , a b r indo mão de co-presidir — com os EUA — a tradição.
comissão negociadora do megabloco contin e n t al, o Brasil Mas o século XX não é apenas um tempo de esperanças.
É também o século do medo e das tragédias injustificáveis. A dura
emitiu sinais claro s d e repulsa às práticas norte-americanas realidade dos interesses provoca dois grandes conflitos mundiais, um
de subsídios, nomeadamente aquelas em vigor n a á r ea t enso período de guerra fria e uma interminável série de guerras
agrícola. localizadas. Um século de violência dos que oprimem e dos que se
revoltam.
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma
68 A criação da Comunidade dos P aíses de Língua P ortuguesa, de prefácio). Apud: Alberto Aggio e Milton Lahuerta (Org.).
Pensar o século XX. São Paulo: Unesp, 2003, p. 15–9 (com
que contou com ativa participação d o Brasil, ocorreu em um a d a p t a ç õ e s ) .

c o n t exto histórico amplamente favorável. Com efeito, é na Considerando o texto acima, julgue os itens seguintes, re l a tivos
décad a d e 90 do século XX que a política brasileira para a ao cenário histórico do mundo contemporâneo.

África mais se robustece, com o sensível incre mento das 71 Uma “ curva inesperada da história”, c o mo diz o texto ao se
relações comerciais, diplomáticas e estratégicas en t r e o referir à forma pela qual o século XX chegou ao fim, pode ser
identificada na desintegração da Uni ã o das Repúblicas
Brasil e os Estados africanos.
Socialistas Sov i é t i c a s ( U R S S ) e no desmonte do
69 Enquanto o binômio segurança–desenvolvimento pautou, em d e n o minado sociali s mo r e a l d o L e s t e e u r o p e u ,
linhas gerais, a política inter n acional implementada pelo sacramentando a morte de um sistema bipolar de poder
mundial que vigorou, com maior ou menor intensidade,
regime militar, c o n ferindo-lhe caráter mais defensivo, com a
desde o pós-Segunda Guerra.
re d emocratização do país, em meio ao novo cenário mundial
72 A moderna industrialização, a partir da Revolução Industrial
surgido a partir de fins da década de 80 do século XX, o
inglesa, desvelou uma nova realidade históric a q u e o texto
Brasil tratou de ampliar sua presença multilateral. Exemp l os indica c o mo visceralmente oposta ao que existia antes,
d essa estratégia seriam, entre outros, a realização da Eco-92 tornando obsoletas as “ formas de vid a e sociabilidade
— no Rio de Janeiro — e a candidatu r a a um assento consolidadas durante milênios”. Essa diferença ma n ifesta-se,
por exemplo, de modo “ escancarado e estrid e nte”, na
permanente no Conselho de Segurança da ONU.
mu dança do locus tradicional da vida social — homens e
70 Retraída no combate às práticas protecionistas do s países e mulheres fogem ou são expulsos do mundo agrário e rural
blocos economicamente mais fortes, a atuação brasileira na para as cidades.

OMC é dura na opo s i ç ã o às medidas unilaterais. Já no 73 Liberalismo e socialismo, “ as duas gr andes utopias da
mo dernidade”, como afirma o texto, encontraram seus
âmbito da ONU, defende um Conse l h o de Segurança mais
limites à mesma época, ainda que por motiv o s e caminhos
democrát ico, embora ainda não demonstre desconforto distintos. Com efeito, a crise social, p o l í t i ca e econômica
quanto à forma pela qual ele fo i organizado, quando da verificada n a s décadas de 20 e 30 do século XX destruiu as
criação das Nações Unidas, refletindo a realp o litik do bases do Estado liberal — substituído pelos mo d e l os
sistema bipolar. totalitários fascistas — e eliminou todo e qualquer a p o io
ideológico ao stalinismo soviético.

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74 Quando o texto fala no direito assumindo “ progressivamente Co m a q ueda da monarquia, em 1889, ainda que
a condição de um idioma universal” ao longo do século XX, preservada a dominação oligárquica, o novo regime acaba
beneficiando-se dos efeitos modernizadores, decorrentes da abolição
certamente se refere, entre outros aspectos, ao surgimento da
da escravatura (1888), sobre o desenvolvimento da economia
Li g a d a s Nações e da Organização das Nações Unidas
cafeeira que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
(ONU), ambas criadas a partir de pressupostos ideal i s t a s e im igrantes europeus. Com a Primeira República, extingue-se o
razoavelmente apartadas do jogo d e interesses e de sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos totalmente do
manipulação do poder por parte dos Estados nacionais. direito de voto.
As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a
75 Exemp los de violência não faltam neste século XX, ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
classifica d o também no texto como o tempo “ do medo e das quando se inicia a crise da República Velha, que, com a Revolução
tragédias i n j u stificáveis”. Entre eles, podem ser destacados de 1930, submerge no centro de suas próprias contradições. As
os artefatos nucleare s e os fascismos, síntese incontrastável insurreições sucessivas dos tenentes e a Coluna Prestes permitem,
mais tarde, que a Aliança Liberal, com a Revolução d e 1 9 30,
do que H a n n ah Arendt definiu como a banalização do mal.
transcenda à mera disputa regionalista e se transforme em um
76 Os dois grandes conflitos mundiais do século XX tiveram projeto nacional que busca legitimidade nas camadas médias urbanas,
origens e motivações distintas. Enquanto a Grande Guerra de superando os limites ideológicos das oligarquias dissidentes.
1914 teve, des d e o início, caráter mundial, em função Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em parte,
frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendências
sobretudo do colonialismo europeu que estendia seus
antiliberais — o estatismo crescente e o pensamento autoritário. A
tentáculos por vários continentes, a Segunda Guerra radicalização político-ideológica d o s anos críticos, entre 1934 e
circunscreveu-se ao palco europeu, malgrado ter contado com 1938, solapa o consenso revolucionário e produz efeitos perversos.
a participação de países americanos e asiáticos. Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, persiste o
mesmo padrão dominante da lógica liberal e da práxis autoritária. A
77 A guerra fria assinalou a fase de confronto entre as d u a s
estruturação partidária de 1945 a 1966 foi dominada p ela
superpotências que emergiram da Segunda Guerr a M undial, hegemonia dos partidos conservadores.
t e n do seu clímax após o anúncio da Doutrina Truman, pe l a Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e democracia
bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem incompleta: a experiência
qual os Estados Unidos da Amé r ica (EUA) se dispunham a brasileira (1500–2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p. 357–64
( c o m a d a p t a ç õ e s ) .
apoiar os países que resistissem ao comunismo.
A partir do texto acima, j u lgue os itens que se seguem, relativos
78 O fato de a UR SS de Stálin ter conseguido fabricar a bomba
à evolução histórica do Brasil republicano.
atômica, mas não a d e hidrogênio, impediu que durante a
fase d e tensão mais pronunciada da guerra fria houvesse um 81 Nos estertores do regime monárquico, a abolição do trabalho
equilíbrio entre as superpotências em t e r mos de poder de escravo pela L e i Áurea, ainda que tenha desagradado a uma
destruição do inimigo, o que levou o governo de Moscou a significativa parce l a da classe proprietária, não foi capaz de
manter uma atitude de pr udente cautela em momentos promover a inc l u s ã o social dos negros recém-libertados,

críticos, como os ocorridos na Coréia (1951), Vietnã (1954) reforçando um quadro de subalternidade dos afrodescendentes
ainda visível em pleno início do século XXI.
e Cuba (1962).
82 A e strutura política vigente na República Velha preservo u ,
79 Ainda que próximo dos EUA, especialmente em termos
como afirma o texto, a d o mi nação oligárquica herdada do
comerciais, o B r a sil da segunda metade da década de 40 do
Imp é r io. Formalmente inspirado nos EUA, o modelo
século XX — governo G a s p ar Dutra — procurou manter-se
republicano adotado é presidencialista, mas, diferentemente
eqüidistante no cenário de polarização ideológica e de
de sua fonte i n s p i rad o ra, mo s tra-se profundamente
retórica demasiado agressiva da guerra fria, eximindo-se de centralizado e sustentado por poucos — ma s p o derosos —
ass u mi r at i t u d es políticas que pudessem significar partidos políticos nacionais.
comprometimento ou ruptura com as superpotências.
83 A década de 20 do séc u l o passado assinalou o acirramento
80 Exemplos marcantes d e g u erras localizadas — de que foi d a crise que levou a República Velha ao fim. Além d a s
pródigo o século XX, como lembra o texto — são as cisões interoligárquicas, de que a p rópria Aliança Liberal
ocorridas no Oriente Médio, salientando o caráter estratégico seria símbolo, movimentos sociais — mesmo aqueles
carentes de organicidade e de coesão doutrinária — emergem
da r e gião, na qual se mesclam motivações de ordem
na contestação às deterioradas estruturas vigentes no país,
religiosa, geopolítica e econômica , esta diretamente ligada
como foi o caso do tenentismo que o texto menciona.
às abundantes reservas de petróleo lá existentes.

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84 P aradoxalmente, a Semana de Art e Moderna de 1922 acabou GEOGRAFIA
por oferecer apoio ao regime oligárquico que começava a ser
Diversos mapas t emáticos do território brasileiro geralmente
combatido com mais firmeza. E m que pese sua estética
inovadora, até revolucionária, sua obsessão em valorizar uma apresentam fortes contrastes inter e intra-regionais. Acerca dessas
cultura genuinamente brasileira e livre dos cânones europeus disparidades e das tendências de mudança, julgue o s itens a
r e forçou o conservadorismo político que tanto interessava seguir.
aos donos do poder.
91 A concentração espacial das atividades produtivas do país é
85 O que os modern i s t as procuravam fazer na década de 20 do resultado das características naturais d o território. Assim, o
século passado, isto é, uma nova forma de ol h a r o Brasil,
Centro-Sul é mais propício ao desenvolvimento econômico
e s t i mulando a mudança da imagem que o brasileiro fazia de
d o q u e o Nordeste, marcado pela semi-aridez e, portant o ,
si mesmo e do país , g a n ha considerável impulso na década
fadado à estagnação econômica.
seguinte. É quando, e ntre outros intelectuais que se lançam
à tarefa de interpretar o Brasil, Gilberto Freyre publica Casa 92 Os contrastes nos sistemas de produção agrícola no país são
G rande & Sen zala, defendendo a extraordinária força da bastante evidentes. As atividades da agricult ura moderna
mestiçagem cultural brasileira. coexistem com cultivos de subsistência prat i c ados em
86 Quando o texto se r e porta aos “ anos críticos” em meio à minifúndios.
década de 30 do século passado, certamen t e a lude ao clima 93 Ainda ho je, a produção industrial tem-se firmado cada vez
de radicalização político-ideológica vivido pelo país naquela mais na região Sudeste, em relação às demais regiões do
conjuntura, em l a r g a medida resultante da mobilização de
país, em razão da necessidade de complementaridade entre as
massa de dois movimentos políticos nacionais: a Ação
cadeias produtivas.
Integralista Brasileira, de direita, e a Aliança Nacional
Libertadora, de conotação esquerdista. 94 O país viveu uma explosão urbana derivada de seu processo
de industrialização e v e m diminuindo, na atualidade, a
87 As duas tendências assumidas pela Era Vargas (1930–1945),
a que o texto fa z a l u são, constituíram-se em indisfarçável concentração espacial de sua população, em função dos
anacronismo político em face de um contexto internacional fluxos migratórios em direção às áre a s de fronteira
que, fatigado pelas crises e guerras, cada vez mai s abria econômica.
espaço para os regimes democráticos. 95 A atual rede u r bana nacional, ainda não totalmente
88 O P artido Social Demo c r á tico (P SD), a União Democrática elaborada, caracteriza-se pela integração territorial desigual e
Nacional (UDN) e o P artido Trabalhista Brasileiro (P TB ) atesta a continuidade da modernização industrial vivenciada
foram as p r i n cipais forças político-partidárias brasileiras na pelo país.
denominada Repú blica liberal-conservadora, surgida com a
96 Do ponto de vista social, os índices de mortalidade infantil,
queda da ditadura estadonovi s t a . À medida que avançava a
de espera n ç a d e vida e de saneamento básico são similares
crise do regime, os doi s p r i meiros partidos se aproximaram
na construção de um bloco reformista, a o p a s s o que o entre as diversas regiões b r asileiras, embora ocorram
trabalhismo adquiria feições crescentemente conservadoras. discrepânci a s na comparação entre a população rural e a
urbana do país.
89 Sem paral elo com qualquer outro momento vivido pela
diplomacia brasileira no período republica n o , a P olítica Acerca dos determinantes políticos e e c o n ô mi c o s que
E xt e r na Independente, nos primeiros anos da década de 60 caracterizam o processo de consolidação do bloco econômico do
do século passado , levou o Brasil a romper com suas MERCOSUL, julgue os itens subseqüentes.
tradições em termos de pol í tica internacional, assumindo
posição de confronto com os EUA e a Europa Ocidental, de 97 O M E R COSUL, orientado pela lógica da globalização,
crescente rivalidade com a Argentina e de apoio explícito ao segue o modelo adotado pela União Europé i a , que prioriza
bloco socia l ista nos fóruns multilaterais, particularmente na o intercâmbio comercial.
ONU.
98 O núcleo geoeconômico do M E RCOSUL compreende
90 A rup t ura institucional de 1964 foi bem mais que mero concentrações industriais, áreas agríco las modernas, portos
golpe militar. Ela r epresentou a vitória — e a conquista do e terminais de corredores de comércio exterior do Centro-Sul
Estado — de um dos projetos para o pa í s q u e e stavam em
brasileiro, o que favorece a integração de cadeias produtivas
jogo, de forma ideologicamente polarizada, e specialmente ao
dos países-membros.
longo do governo João Goulart. Impondo a derrota da difusa
proposta reformista conduzida pelo presidente, o novo bloco 99 A i n t e gração física da região do MERCOSUL carece ainda
de poder colocou em marcha um proces s o d e modernização de infra-estr utura adequada de transportes, em razão do
conservadora do Brasil, assentada s o b r e o autoritarismo isolamento comercial e cultural do Brasil, em r e l a ç ã o aos
político. países vizinhos sul-americanos.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata – 10 –


A Amazônia que você aprendeu na escola não existe
NOÇÕES DE DIREITO E DE
mais. Hoje, você procura uma aldeia de índios e encontra uma DIREITO INTERNACIONAL
fábrica ou uma fazenda moderna. Onde só tinha mato 10
Presidente visita B enguela
anos atrás, agora você pode ser atropelado.
O presidente da República in icia hoje uma viagem pelo
continente africano. Seu primeiro compromisso no exterior diz respeito à
A partir das idéias do texto acima, julgue os seguintes assinatura de um tratado comercial com a Repúb lica de Benguela,
itens. envolvendo exportação de produtos agrícolas e medicamentos, e ajuda
financeira.
A República de Benguela é p aís recém-criado, surgido em
100 Atualmente, ações como a demarcação de á reas de decorrência do desmembramento de parte do território de um outro país.
Um governador de estado acompanha a comitiva presidencial,
preserv ação ambiental e a implantação de projetos de
pois tem interesse em um segundo tratado, pelo qual uma sociedade de
e xp loração econômica e ecologicamente viáveis na eco n omia mista do estado-membro participaria das obras de
infra-estrutura necessárias à organização do novo país. A imprensa não foi
região comprovam a completa muda n ç a na postura
informada acerca de qual governador acompanhará o presidente.
O Planeta Diário, 1.º de abril de 2003 (com adaptações).
governamental e na iniciativa privada em relação ao que
Supondo que seja verdadeira a notícia hip o tética acima transcrita,
ocorria no passado na região amazônica.
julgue os itens seguintes.

101 P o l í t icas territoriais levadas a efeito pelo Estado 106 O primeiro trata d o , d evidamente assinado pelo presidente da
R epública, somente produzirá eficácia no Brasil quando ocorrer a
inibiram a formação de latifúndios na região amazônica,
sua incorporação à ordem jurídica interna; essa incorporação é ato
em razão dos projetos de colonização implantados na subjetivamente complexo, devendo resultar da conjugação de duas
segunda metade do século passado. vontades homogêneas: a do P oder Legislativo, mediante a ediçã o
de decreto legislativo pelo Congres s o N a cional, e a do P oder
102 A instabilidade política na Amazônia internacio n a l Executivo, por meio de de c r e t o editado pelo presidente da
República.
impulsionou projetos voltados para a segurança da faixa
107 O segundo tratado deverá ser assinado pelo governador de estado,
de fronteiras na Amazônia brasileira. em nome do estado-membro da Federação que representa, pois o
estado-membro é e n te dotado de autonomia política e de
Considerando q u e o desenvolvimento capitalista no Brasil personalidade jurídica de direi to público. O presidente da
tem promovido a reordenação territ o r ial no campo, julgue República não poderá participar deste acordo, a menos que este
envolva algum i n t e r esse direto da União, pois o princípio
os itens que se seguem. federativo impede a União de interferir em assu n t o s restritos aos
interesses internos dos demais entes da Federação.
103 Nas últimas décadas, ocorreu g r a nde expansão na 108 N o sistema jurídico brasileiro vigente, um tratado internacion a l ,
produção primária destinada à exportaç ã o, o que atesta a exemplo do aludido na notícia ac i ma transcrita, ao ser
regularmente incorporado ao direito interno, situar-se-á nos
o caráter eminentemente agrícola do país.
mesmos p lanos de validade, de eficácia e de autoridade em que se
posicionam as leis ordinárias, estand o h i e r a r q u i c a mente
104 O crescimento agrícola do país se deu não só pela
subordinado à autoridade normativa da Constituição da República
modernização t e c n o lógica, mas também em função do e sendo sujeito tanto ao controle de constitucionalidade difuso
quanto ao concentrado.
aumento das terras cultivadas, com a instauração de
109 O primeiro tratado, após devidamente assinado pelas partes, é um
processos erosivos acelerados e perda de solo.
tratad o b i l ateral e de natureza contratual, que deverá ser
interpretado de boa-fé, segundo o sentido comum atribuível aos
105 O progresso técnico generalizado na produção agrícola
termos no contexto e à luz de seu objeto e fin a l i dade. Deverá ser
brasileira ocasionou o d e saparecimento das relações declarado nulo se, no momento de sua conclusão, conflitar c o m
alguma norma imperativa de direito internacional geral.
não-capitalistas de produção e comercialização.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata – 11 –


110 Considerando que o território da República de Benguela era Fritz, casado com Helga, é, há cinco anos, cônsul da
parte de um país, que continua a existir, a referida República República da Gemênia no Brasil. Ambos são gemênicos, ou seja,
não deverá ficar responsáv e l p elo pagamento de nenhuma têm a nacionalidade daquele país e têm um filho de quatro anos,
chamado Hans, nascido em território brasileiro. Para cuidar do filho
parcela de dívida externa contra í d a pelo país predecessor,
Hans, o casal contratou, em julho de 2003, uma empregada,
ainda que ambos os países tenham diversamente acordad o,
chamada Helen, que passou a fazer o trabalho de babá na residência
haja vista a exi stência de norma impositiva de direito do cônsul. Helen, atualmente com 17 anos de idade, nascida na
internacional público a respeito dessa matéria. Gemênia, casada no Brasil, é filha de pais brasileiro s, sendo que
111 P ara que fosse aceito como país-membro da Organização das nenhum deles esteve naquele país a serviço da República Federativa
do Brasil. Em fevereiro de 2004, Helen vendeu a Helga um relógio
Nações Unidas (ONU), em condição de plena igualdade com
alegando ser de ouro legítimo. Posteriormente, Helga descobriu que
os demais países-me mb r o s, a República de Benguela teria
o reló gio era falsificado e não era, sequer, de ouro de baixa
que comprovar o atendimento dos r e quisitos exigidos por
qualidade. Helen, ao efetuar a venda, tinha pleno conhecimento de
aquela pessoa jurídica de d ireito público internacional para que o relógio era falso. Foi, então, demitida do seu emprego no
o ingresso na organização, tais como o respeito aos direitos consulado, sem receber seus direitos trabalhistas.
humanos e a comprova ç ã o d os limites mínimos de
A n t e a situação hipotética descrita acima e considerando q u e a
população e de extensão territorial.
República da Gemênia não sej a u m país de língua portuguesa e
112 Caso houvesse conflito entre a R e p ú b lica de Benguela e o adota o j u s s a n g uinis como critério de atribuição da
p aís predecessor, em decorrência de problemas sucessórios nacionalidade originária, julgue os itens a seguir.
e n volvendo, por exemplo, tratados, bens, arquivos e
dívidas, tais litígios s e r i a m passíveis de julgamento pela 116 Hans, ainda que tenha nascid o e m território brasileiro, não
Corte Internacional de Justiça, s ituada em Haia na Holanda. adquiriu nacionalidade originária brasileira, não o b stante o
fato de o Brasil adotar, em regra , o jus soli, como critério de
Essa Corte é composta de quinze juíze s , e l eitos pela
atribuição da nacionalidade o r i ginária. Apesar disso, Hans,
Assembléia Geral e pelo Conselho de Segurança das Nações
de nacionalidade gemênica, tem capacidade para ser titular de
Unidas, para mandatos de nove anos.
direitos e deveres na ordem civil, de acordo com o direito
113 A Org a nização Mundial do Comércio (OMC) é uma agência brasileiro.
vinculada à ONU, com personali d a d e jurídica própria de
117 Caso Helen, após a fixação de residência na República
d i reito internacional, criada para regular o comércio
Federativ a do Brasil, tenha optado pela nacionalidade
internacional. Assim, a adesão da R e p ú b lica de Benguela à
brasileira, ela será considerada brasileira nata, sendo
OMC deveria ser subordinada ao atendimento dos seguintes
plenamente capaz para exercer por vont ade própria atos da
requisitos: ser membro da ONU, adequar a legislação interna
vida civil. Nessas circunstâncias, Helen não poderá jamais
aos acordos existente s no âmbito da OMC, fazer concessões
perder a condição de brasileira.
n a s t a rifas aduaneiras e ser aceita por todos os país e s
118 Caso Hele n não tenha optado pela nacionalidade originária
membros da OMC.
brasileira nem tenha sido naturalizada em outro país, ela será
114 P a r a q u e a República de Benguela pudesse firmar qualquer
considerada apátrida. N essa hipótese, ela poderá ser
tratado específico com algum estado-membro da União e xt r a d i t a da, mas somente em caso de comp r o v a d o
Européia (UE), que é uma pessoa jurídica de direito público envolvimento em tráfico il í c i t o de entorpecentes e drogas
internacional, esse tratado deveri a e star em harmonia com o afins, consoante o previsto na Constituição brasileira.
direito comunitário da UE, visto que a ordem jurídica
119 P resentes o elemento objetivo e o elemento subj e t ivo,
comunitária integra o direito interno de cada estado-membro
caracterizadores do vício d o consentimento, o negócio
da UE, não podendo este invocar a legislação nacional para
jurídico configurado pela compra e vend a d o r elógio é
impedir a aplicação do direito comunitário.
anulável em decorrência de d o l o negativo, reticente ou por
115 De acordo c o m as normas jurídicas brasileiras atualmente omissão, cabendo a Helen responde r pelas perdas e danos
v igentes, para que um ocupante de cargo da carreira que advierem do negócio.
diplomática — obrigatoriamente, p ortanto, de nacionalidade 120 S e Helen quiser ingressar com ação judicial co n t r a a
o r i ginária brasileira — fosse nomeado chefe de missão repartição consular estrangeira, com o objetivo de pleitear os
di p l o mática que o Brasil estabelecesse na República de direitos trabalhistas a que considera faze r j u s, a justiça
Benguela em caráter permanente, seria necessária a edição de trabalhista brasileira deverá declarar- se incompetente para
um dec reto de nomeação pelo presidente da República, julgar o ca so, tendo em vista a imunidade de jurisdição
posteriormente à aprovação prévia pelo Senado F e deral, por atribuíd a p elo direito internacional público aos diplomatas
voto secreto, após argüição em sessão secreta. e cônsules estrangeiros e respectivos familiares.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata – 12 –


NOÇÕES DE ECONOMIA E DE ECONOMIA INTERNACIONAL
A escolha em situação de escassez, as interações entre o governo Na fa se atual de globalização do espaço econômico, o estudo da
e os mercados privados e a evolução da análise econômica são economia internacional é crucia l p a r a a inserção adequada no
tópicos relevantes para o exame dos fenômenos econômicos.
A esse respeito, julgue os itens a seguir. cenário mundial. Considerando as noções básicas da teoria
econômica internacional, julgue os itens a seguir.
121 A redução do imposto sobre operações finance iras (IOF), ao
incentivar a p o u p a n ça, contribui para deslocar, para cima e
133 A demanda de produtos importados aument a d u r ante as
para a direita, a front e i r a de possibilidades de produção da
economia. recessões porque a propensão marginal a importar é positiva.
122 Economistas que se proclamam não-intervencionistas 134 No modelo ricardiano das vantagens c o mp arativas, o papel
advogam a adoção de regras fixas de política econômica, tais
co mo orçamento equilibrado e constância da taxa de desempenhado pelas economias de escala na produç ã o é
crescimento do estoque monetário. fundamental para o entendimento das razões do comércio
123 O postulado marxista de que cada estágio da h istória é entre países.
gover n a d o por leis econômicas distintas corrobora a visão
clássica, qu e e xc l ui a existência de leis universais, como 135 Quando nisseis brasileiros que traba l h a m no Japão remetem
ilustrado no princíp i o ma l t h u s i ano do crescimento par t e d e suas economias a seus familiares, no Brasil, essa
populacional.
transação é regist r a d a como uma transferência unilateral e
124 De acordo com a visão keynesiana, o aumen t o d a oferta de
constitui parte integrante da conta de transações correntes.
moeda reduz as taxas de juros, o que provoca a expansão do
investimento e da demanda agregada. 136 Em presença de um sistema de taxa s d e câmbio fixas, a
A microeconomia estuda o comportamento indi v i d u al dos solução de crises no bala n ç o de pagamentos exige
a gentes econômicos e, por essa razão, constitui s ó l i d o
aj u s t a me n t o s consideráveis nas políticas econômicas
fundamento à análise dos agregados econômicos. A esse respeito,
julgue os itens subseqüentes. domésticas.

125 O recrudescimento, na Ásia, da gripe do frango, conhecida 137 Em economias pequenas, cuja taxa de câmbio é fl u tuante, as
cientificamente como influenza aviária, abre novos mercados
políticas fiscais são particularmente eficaz e s, porque a
para o produto b r a s ileiro e desloca, para cima e para a
direita, a curva de demanda por carne de frango no Brasil. expansão das despesas públicas, ao reduzir a taxa de câmbio,

126 A comercialização dos bilhetes das companhias aéreas contrai as importações e aumenta a produção doméstica.
realizada por via eletrônica, ao reduz ir os custos dessas
138 Deficit s em conta-corrente implicam que o montante de
empresas, desloca, para baixo e para a dir e i t a , a curva de
oferta de passagens aéreas. divisas arrec a d ado com as exportações é superior àquele
127 Contrariamente ao q u e ocorre com empresas monopolistas, exigido para fi n anciar suas importações e transferências
a curva de re ceita marginal de firmas que atuam em mercados unilaterais líquidas.
competitivos situa-se abaixo da curva de receita média.
Em relação aos conceitos básicos da macroeconomia e da O estudo da fo r ma ç ã o da economia brasileira é relevante para a
economia monetária, julgue os itens que se seguem. compreensão da situação econômica at u al. A respeito desse
128 Os juros auferidos por investidores alemães n o mercado assunto, julgue os itens a seguir.
brasileiro integram tanto a renda nacional quanto o produto
interno bruto do Brasil. 139 O modelo agroexportador q ue predominou na economia
129 N as variações observadas nos índices de preço a o brasileira durante o p e ríodo 1900-1930 caracterizou-se pela
consumidor, verifica-se a tendência a subestimarem-se os existência de taxas elevadas de crescimento populacional,
efeitos da infl a ç ã o, porque ignoram-se as possibilidades de
substituição dos b ens que compõem os gastos dos decorrente dos fluxos migratórios, e de taxas baixas de
consumidores. crescimento e volatilidade da produção.
130 Em presença de indexação incompleta, a infla ç ã o n ão altera
140 Na v isão de Celso Furtado, contrariamente ao que ocorreu
os pr e ç o s r elativos e, portanto, não modifica a alocação de
recursos na economia. no setor a ç u c a r e i ro, cujas decisões de produção e
131 Aumentos nos coeficientes de enc aixe compulsório, por comercialização era m d issociadas, na economia cafeeira, os
interferirem diretament e n o nível de reservas bancárias, interesses da produção e do comércio estiveram entrelaçados
reduzem o efeito mult i plicador e, conseqüentemente, a
em r a zão de a vanguarda do café ser formada por
liquidez da economia.
132 Ta xa s d e juros mais elevadas aumentam o custo de empreendedores com experiê n c ia comercial, situação que
opo r tunidade de detenção da moeda e, portanto, contribuem permitiu ao país tirar proveito da expansão do comércio
para se expandir a demanda de moeda. mundial.

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CULTURA GERAL

É n a visão retrospectiva que se descobrem as


características (boas ou más) da cultura nacional,
cuja originalidade não precisa ser proposta nem
defendida, m as p ode ser constatada e criticada.
A liberdade de criação será maior se o artista, o
escritor ou o pensador, como Machado de Assis e
Clarice Lispector, n ão tiverem de criar uma
arte, uma lit eratura ou um pensamento
supostamente nacionais.
Uma tal p erspectiva não
significa abdicar do nacional em
detrimen t o do universal, do local em detrimento
d o global, pois, se o universalismo pode ser visto
co m o uma in ven ção eu ro cên t rica, a
universalidade não tem centro. Embora desigual e
assimet ricam en t e, valo res, id éias, expressões
cultu rais e costumes — nacionais e locais — migram,
f arão isso mais freqüentemente com a maio r
facilidade das comunicações e semp re t erão o
potencial de universalizar-se. As obras de Machado
e Clarice, sem deixar d e ser brasileiras, são um
claro exem p lo d essa p o ssib ilid ad e de
universalização.

João Almino. De Machado a Clarice: a força da literatura. Apud: Carlos Guilherme Mota (organizador).
Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500–2000) – a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000,
p . 7 9 .

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os 143 A obra de Machado de Assis, q u e o texto reconhece ser
múltiplos aspectos da cultura, julgue os itens seguintes. b rasileira sem perder a possibilidade da universalizaç ã o ,
além de marco n a literatura brasileira, não perde sua
141 O Renascimento dos séculos XV e XVI , ma l grado sua força atualidade a n te a passagem do tempo. Livros como
criativa, não se enquadra n a q u i l o que o texto classifica de Memórias Póst umas de B rás Cubas e Dom Casmurro
univ e r s alismo como “ invenção eurocêntrica”. A rigor, sintetizam a ma g n i t ude de uma obra que ocupa posição
figuras como C a mões, Shakespeare, Michelangelo, da Vinci, central na tradição brasileira de literatura urbana.
Rafael ou Migu e l d e Servet, entre tantos outros, expressam
144 Ao longo do século XX, especialmente a part i r d o s anos
— na literatura, nas artes plásticas e na ciência — uma
1930, o processo de modernização econômic a e p olítica do
cultura não mais que local, desprovida de suficiente latitude
p a í s — de que seriam símbolos o fim da República Velh a e
para representar u ma visão de mundo que transcendesse os
o esforço de industriali z a ç ão — se fez acompanhar de
horizontes europeus.
sensível renovação em determinadas áreas da cultura, como
142 Diferentemente do oco r r i do na América de colonização na música — a exemplo da obra de Heitor Villa-Lobos —
espanhola, em larga medida circu n s tanciada pela exploração e na pintura — com o trabalho de P ortinari.
de ouro e prata, o Brasil colônia constituiu u ma sociedade 145 As encenações de Vest i d o d e Noiva, em 1943, e de Álbum
essencialmente rural, muito dependent e da agroindústria de Família, dois anos depois, de fi nitivamente colocaram
açucareira e, mais tarde, do café. E s s a ausência de vida seu autor — Né l s o n R o drigues — no primeiro plano da
urbana é a razão mais plausível para que, no período colonial dramaturgia brasilei r a . Contudo, por maior que tenha sido
brasileiro, não sobressaíssem no me s na área artístico- seu impacto, a obra rodriguiana não revolucionou os padrões
cultural, como na arquitetura, na escultura, na literatu r a , na vigentes no teatro brasileiro desde o século XIX, talvez por
pintura ou na música sacra. não ter ousado em termos formais e temáticos.

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146 Ministro da Educação e Cultura na época do Estado Novo de 148 A música popular brasileira talvez seja uma d a s mais
Vargas, Gustavo Capanema i n s t i t u i u o Serviço do admiradas internacionalment e p e l a r i q u e za melódica,
profusão rítmica e variedade t e mática. Especialmente a partir
P atrimônio Histórico e Artístico Na c i o n a l , a t i tude
dos anos 1930, tornaram-se célebres compositores como
considerada essencial para preservar a me mó r ia do país, Noel Rosa, mesclando boleros com tin t a s de tango
decisivo para estancar um processo em marcha de d estruição argentino; Ary B a r r o s o e suas letras intimistas, sem
de relíquias arquitet ô nicas que remontavam ao passado concessão a exaltações nacional i s t as e patrióticas; Antonio
Carlos Jobim, escrevendo letras precisas; Chico Bu a r q ue de
colonial. Na formulação e na execuçã o de sua política
Hollanda e sua particular apreensão da música erudita.
cultural, Capanema cercou-se de nomes expressivos da
149 Em 1958, pela primeira vez, o futebol brasileiro conquistava
i n t e lectualidade brasileira, como Rodrigo Melo Franco de uma Copa do Mundo, d i s p u t ada na Suécia. No mesmo ano,
Andrade, Augusto Meyer, Carlos Drummo n d de Andrade, u ma “ batida” diferente do violão do baiano João Gilb e r t o ,
Lúcio Costa, Villa-Lobos e Mário de Andrade. na canção Chega de saudad e, lançava um estilo que viria
c a r a c terizar a bossa nova, passaporte para a música popular
147 Oscar Niemeyer, considerado por muitos o maior arquiteto brasileira ganhar o mundo.
brasileiro e, certamente, um dos maiores do mundo, 150 Contemporâneo da bossa n o v a, o cinema novo inaugurou
identificado com o Modernismo, p ercorreu uma trajetória uma estética diferente p a ra os padrões cinematográficos
que, iniciada com o conjunto arquitetônico da P a mpulha, nacionais. Ao se afastar completame n t e d a temática
agrária/rural, assume feições tipicamente hollyoodianas, quer
e m B e lo Horizonte, e tendo em Brasília um de seus ponto s
pelo esmero e gigantismo das produções, quer pela assepsia
mais expressivos, o levou a várias partes do mundo. dos temas focalizados.

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Cargo: Terceiro Secretário da Carreira de Diplomata – 15 –

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