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Resumo
Este artigo objetiva investigar a inserção de práticas psicomotoras nos planejamentos das
aulas, visando o desenvolvimento cognitivo e motor de alunos. A Psicomotricidade, como
ciência que estuda o homem através de seu corpo em movimento, constitui uma ferramenta
pedagógica para a prevenção e tratamento das dificuldades de aprendizagem. Nos dias atuais,
a educação psicomotora trabalha o indivíduo global, nos planos motor, cognitivo e afetivo.
Com base nessa concepção, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, com uma
amostra de 6 professores de educação infantil e 22 alunos com idades variando entre 4 a 5
anos, matriculados em uma mesma classe, em uma escola particular na cidade de Curitiba.
Para a coleta de dados foram feitas observações das atividades que envolvem a prática
psicomotora, os materiais utilizados para as atividades e o espaços disponíveis nas
dependências do colégio. Este trabalho deve ter uma utilidade prática, para isso foram
descritas ações vividas com as crianças e situações que parecem mais significativas para
favorecer o aparecimento e o desenvolvimento de algumas noções psicomotoras, sempre
respeitando as etapas naturais do seu desenvolvimento.
*
Pedagoga (PUCPR). Cursando Especialização em Formação de psicomotricistas no Instituto
Nacional de Pós Graduação e Extensão.
**
Pedagoga (PUCPR), Especialista em Psicopedagogia (PUCPR), Formação Especializada em
Psicomotricidade Relacional (FAP), Mestre em Educação (PUCPR). Orientadora do artigo.
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começar desde cedo a controlar o próprio corpo, equilibrar a respiração, saber usar braços,
pernas, aprender a se direcionar para a direita, esquerda, saber organizar percepções, e
atenção, dominar as noções de tempo e finalmente, conhecer e respeitar o outro. (VAYER,
1984)
Diante desse contexto, surgiu a necessidade de entender como acontece o
desenvolvimento psicomotor no cotidiano escolar de crianças de 4 a 5 anos. As crianças de
hoje estão cada vez mais limitadas dentro de apartamentos, e o divertimento predileto vem da
tecnologia, principalmente do videogame e do computador, equipamentos que exigem
escassos movimentos, a não ser os das mãos. O resultado é que boa parte das crianças
apresenta "desequilíbrio motor" e a educação psicomotora pode ser um ótimo recurso para o
problema. Portanto, pretende-se investigar neste artigo como acontece o desenvolvimento
psicomotor no cotidiano escolar e como os professores planejam as práticas psicomotoras nas
turmas de crianças com 4 a 5 anos em uma escola de rede privada da cidade de Curitiba.
A história da psicomotricidade tem seu eixo referencial o corpo. Um longo percurso
marcado por reformulações decisivas, que atingiram concepções modernas permitindo sua
compreensão. Segundo Lorenzon (1995, p. 15) “sua história está ligada aos ciclos da
civilização filosófica, etno-antropológica e psicofisiológica”, neste sentido para descrever esta
história faz-se necessário estudar a significação do corpo ao longo da civilização humana.
Segundo Fonseca (1995, p. 9) o corpo começa a ser objeto de estudo no século XIX,
em primeiro lugar, por neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas
cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para classificação de fatores patológicos. No
campo neurológico, psiquiátrico e neuropsiquiátrico vários autores conferiram ao corpo
significações patológicas superiores:
[...] no decorrer do processo a criança irá adquirir uma maior maturidade, mas para
que isto ocorra é imprescindível que trabalhe – se primeiramente o que
denominamos de exercícios motores onde a criança irá vivenciar uma experiência
corporal e perceberá isso de maneira interna.
Para que o trabalho psicomotor seja realizado com sucesso é necessário que os
exercícios sejam bem explorados, de modo que seja alicerce para o desenvolvimento do
processo, onde um é pré-requisito para outro.
Ao conhecer seu próprio corpo, a criança necessita ter “a imagem do corpo, o conceito
do corpo e a elaboração do esquema corporal. Segundo Le Boulch (2001, p. 19):
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Nessa etapa o objetivo é fazer com que a criança explore ao máximo o ambiente ao
seu redor e estas relações espaciais são mantidas por meio do desenvolvimento de uma
”estrutura” de espaço (OLIVEIRA, 1997). Para Oliveira (1997, p. 82) “em primeiro lugar, a
criança percebe a posição de seu próprio corpo no espaço, depois, a posição dos objetos em
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relação a si mesma e, por fim, aprende a perceber as relações das posições dos objetos entre
si”. Para assimilar os conceitos espaciais, a criança precisa ter bem definida sua lateralidade, o
que se dá por volta dos 6 a 8 anos.
Este tipo de coordenação corresponde ao movimento dos grandes músculos. Abrange a
coordenação dos movimentos, a conscientização corporal e postural. Um movimento
coordenado implica uma ação conjunta e harmoniosa de nervos músculos e órgãos com o fim
de produzir ações precisas e reações rápidas adaptadas à situação.
Através da coordenação motora ampla a criança pode andar, correr, saltar, rolar, pular,
arrastar-se, nadar, lançar-pegar, sentar e etc. Permite a realização de múltiplos movimentos ao
mesmo tempo, com cada membro realizando uma atividade diferente, sem perder a
conservação de unidade do gesto.
É a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo
assim movimentos delicados e específicos. Este tipo de coordenação permite dominar o
ambiente, propiciando manuseio dos objetos.
“A práxia fina é um dos fatores mais importantes da aprendizagem, já que a mão é um
órgão de adaptação e relação com o meio, sendo capaz de alcançar, segurar, bater, riscar,
cortar, lançar, puxar, empurrar, reconhecer, sentir os objetos e o corpo por meio da palpitação
e da discriminação tátil”. (FONSECA, 1995, p. 72)
Brandão (1984, p. 51) salienta que “a mão é um dos instrumentos mais úteis para a
descoberta do mundo e afirma, ainda, que ela é um instrumento de ação a serviço da
inteligência”. Fonseca (1995, p. 70) enfatiza que “a visão auxilia a criança durante as
atividades de velocidade-precisão e coordenação dinâmica-manual, e que essa intima relação
contribui para o desenvolvimento da aprendizagem, nomeadamente da leitura e escrita”.
Na coordenação óculo-manual, o membro principal é o sistema visual que constitui a
via que capta mais informações do ambiente e o sentido com mais alcance em relação à
distância.
A visão representa normalmente o sentido mais importante, uma vez que a maior
parte das impressões sensoriais é visual. O olho recebe ondas luminosas que são
refratadas pelo cristalino do olho de tal maneira que se forma uma imagem do
objeto sobre a retina. Para que um objeto possa ser visto claramente a imagem deve
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ser formada sobre a mancha amarela que existe na retina (mácula lútea ou fóvea).
Isto constitui, entretanto, uma função neuro-múscular mais complicada (HOLLE,
1979, p.78).
A visão ajuda a orientar o corpo no espaço e indica onde o pé pode ser colocado
com segurança para obter equilíbrio.[...]
[...] Entre outras coisas, o sentido cinestésico registra a posição relativa das partes do
corpo, portanto ajuda a equilibrar todos os movimentos (HOLLE, 1979, p.147).
aula
social. Com tudo isso que foi abordado neste relatório, é possível ter em mente que o
desenvolvimento integrado das etapas psicomotoras, construídas pelas vivencias,
experiências, de forma fluida e global, torna nossa criança um ser criativo, questionador e
transformador, pronto para a integração com o mundo em que vivemos. Isto é muito
importante para minha formação enquanto Pedagoga, cuja intenção é contribuir para a
construção global do ser humano.
Todavia, para dar toda a dimensão de suas possibilidades, a educação psicomotora não
deve ser considerada como uma disciplina à parte ou como uma atividade ao lado de outras
atividades, ela deve ser a atividade educativa da criança. Cabe a professora adaptá-la em seus
planejamentos criando um universo favorável à exploração e ao desenvolvimento do aluno da
educação infantil.
Esse estudo mostrou que, independente da formação profissional, as educadoras
sentem dificuldades em organizar em seus planejamentos as atividades que envolvem
movimentação corporal. Desta forma, seria interessante que as professoras tivessem um curso
de capacitação envolvendo os assuntos abordados neste relatório, pois, assim como já foi
exposto anteriormente, é fundamental que o professor mantenha um olhar diferenciado nas
questões psicomotoras, bem como sobre a totalidade do sujeito, evitando a dicotomia mente e
corpo, assim, agindo profilaticamente com a complexidade da aprendizagem humana.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Vânia Carvalho de. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo:
Cortez, 1992.
MATTOS, Mauro Gomes de. Educação física infantil: Construindo o movimento na escola.
São Paulo. Ed. Phorte, 1999.
VAYER, Pierre. O diálogo corporal: a ação educativa para crianças de 2 A 5 anos. São
Paulo: Manole. 1984.