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DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR EM CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS

SILVA*, Aliny Cristina da.


WINKELER**, Maria Sílvia Bacila – PUCPR
silvia.bacila@pucpr.br

Resumo
Este artigo objetiva investigar a inserção de práticas psicomotoras nos planejamentos das
aulas, visando o desenvolvimento cognitivo e motor de alunos. A Psicomotricidade, como
ciência que estuda o homem através de seu corpo em movimento, constitui uma ferramenta
pedagógica para a prevenção e tratamento das dificuldades de aprendizagem. Nos dias atuais,
a educação psicomotora trabalha o indivíduo global, nos planos motor, cognitivo e afetivo.
Com base nessa concepção, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, com uma
amostra de 6 professores de educação infantil e 22 alunos com idades variando entre 4 a 5
anos, matriculados em uma mesma classe, em uma escola particular na cidade de Curitiba.
Para a coleta de dados foram feitas observações das atividades que envolvem a prática
psicomotora, os materiais utilizados para as atividades e o espaços disponíveis nas
dependências do colégio. Este trabalho deve ter uma utilidade prática, para isso foram
descritas ações vividas com as crianças e situações que parecem mais significativas para
favorecer o aparecimento e o desenvolvimento de algumas noções psicomotoras, sempre
respeitando as etapas naturais do seu desenvolvimento.

Palavras chave: Educação Psicomotora. Educação Infantil. Planejamento

Este artigo intitulado “O desenvolvimento psicomotor em crianças de 4 a 5 anos” visa


o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos nos aspectos psicomotores, e através
deles atingir os professores para o planejamento de suas ações no que se refere a práticas
psicomotoras. Os alunos devem ser estimulados desde cedo, na escola de educação infantil, e
a educação psicomotora precisa ter um papel fundamental, pois é muito rica e deve ser bem
trabalhada (LE BOULCH, 2001).
Numa visão global do educando, a Psicomotricidade se faz necessária para a
prevenção de problemas de coordenação e orientação no espaço em que vivem, a fim de
conseguir o máximo potencial dos alunos. Para poder educar o homem é preciso que ele
domine sua própria consciência e corpo com senso de equilíbrio. Assim sendo, a criança deve

*
Pedagoga (PUCPR). Cursando Especialização em Formação de psicomotricistas no Instituto
Nacional de Pós Graduação e Extensão.

**
Pedagoga (PUCPR), Especialista em Psicopedagogia (PUCPR), Formação Especializada em
Psicomotricidade Relacional (FAP), Mestre em Educação (PUCPR). Orientadora do artigo.
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começar desde cedo a controlar o próprio corpo, equilibrar a respiração, saber usar braços,
pernas, aprender a se direcionar para a direita, esquerda, saber organizar percepções, e
atenção, dominar as noções de tempo e finalmente, conhecer e respeitar o outro. (VAYER,
1984)
Diante desse contexto, surgiu a necessidade de entender como acontece o
desenvolvimento psicomotor no cotidiano escolar de crianças de 4 a 5 anos. As crianças de
hoje estão cada vez mais limitadas dentro de apartamentos, e o divertimento predileto vem da
tecnologia, principalmente do videogame e do computador, equipamentos que exigem
escassos movimentos, a não ser os das mãos. O resultado é que boa parte das crianças
apresenta "desequilíbrio motor" e a educação psicomotora pode ser um ótimo recurso para o
problema. Portanto, pretende-se investigar neste artigo como acontece o desenvolvimento
psicomotor no cotidiano escolar e como os professores planejam as práticas psicomotoras nas
turmas de crianças com 4 a 5 anos em uma escola de rede privada da cidade de Curitiba.
A história da psicomotricidade tem seu eixo referencial o corpo. Um longo percurso
marcado por reformulações decisivas, que atingiram concepções modernas permitindo sua
compreensão. Segundo Lorenzon (1995, p. 15) “sua história está ligada aos ciclos da
civilização filosófica, etno-antropológica e psicofisiológica”, neste sentido para descrever esta
história faz-se necessário estudar a significação do corpo ao longo da civilização humana.
Segundo Fonseca (1995, p. 9) o corpo começa a ser objeto de estudo no século XIX,
em primeiro lugar, por neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas
cerebrais, e posteriormente por psiquiatras, para classificação de fatores patológicos. No
campo neurológico, psiquiátrico e neuropsiquiátrico vários autores conferiram ao corpo
significações patológicas superiores:

No meio psiquiátrico, numerosos autores têm posto em evidência que, em certos


casos, o tratamento de enfermidades chamadas mentais passava pela ação sobre o
corpo e seus movimentos.
Assim que a nosologia psiquiátrica tem progressivamente se isolado e descrito
transtornos e síndromes chamadas psicomotoras. (LE BOULCH, 2001, p. 20)

O nascimento do termo psicomotricidade no campo patológico é fruto de um longo


processo, contemporâneo dos trabalhos de Dupré, “foi ele que em 1905, estabeleceu a
diferença radical entre a motricidade e o seu espaço negativo, a relaxação” (COSTE, 1981, p.
9), afirma ainda que “Charcot já se interessara pela função motora, para fazer dela a base da
patologia psiquiátrica”, porém Dupré quem definiu a debilidade motora e a instabilidade nos
débeis mentais.
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Fonseca (1995, p. 9) assegura que “Henri Wallon é, provavelmente, o grande pioneiro


da psicomotricidade, vista como campo cientifico”, médico psicólogo e pedagogo ocupa-se do
movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do
psiquismo. Wallon relaciona o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos
do indivíduo. Fonseca (1983) acrescenta que Wallon conseguiu construir todo um corpo
teórico sobre a motricidade, de alto significado psicológico. Foi dos primeiros a confirmar o
seu interesse e sua contribuição para o desenvolvimento mental da criança.
Segundo Bueno (1998, p. 23) “a psicomotricidade passa a tomar um novo rumo na
qual as práticas aproximam-se da visão global do indivíduo e se organizam, com a utilização
do exame psicomotor e da reeducação psicomotora”. Começa então, a ser delimitada uma
diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica
instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior
importância à relação, à afetividade e ao emocional.
Ao observar as crianças, é possível afirmar que elas possuem vontades, sentimentos e
necessidades que assumem características próprias. À medida que o adulto lhe dá condição e
orientação para explorar tudo àquilo que a cerca, deixando-a agir por seus próprios interesses,
irá progressivamente adquirindo experiências que servirão de suporte a um melhor
conhecimento de seu corpo e de suas possibilidades de movimento. Toda esta estimulação,
além de possibilitar à criança uma adaptação motora, favorece também o trabalho de um real
desenvolvimento psicomotor.
O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo o corpo
e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários fatores psicomotores
que devem ser trabalhados em progressão, assim como enfatiza De Meur; States, (1991, p.
67):

[...] no decorrer do processo a criança irá adquirir uma maior maturidade, mas para
que isto ocorra é imprescindível que trabalhe – se primeiramente o que
denominamos de exercícios motores onde a criança irá vivenciar uma experiência
corporal e perceberá isso de maneira interna.

Para que o trabalho psicomotor seja realizado com sucesso é necessário que os
exercícios sejam bem explorados, de modo que seja alicerce para o desenvolvimento do
processo, onde um é pré-requisito para outro.
Ao conhecer seu próprio corpo, a criança necessita ter “a imagem do corpo, o conceito
do corpo e a elaboração do esquema corporal. Segundo Le Boulch (2001, p. 19):
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A estruturação do esquema corporal organiza-se a partir de uma estreita interligação


entre duas imagens. Como resultado, a criança dispõe de uma imagem do corpo
‘operatório’ no sentido piagetiano, um suporte que permite programar mentalmente
ações em torno do objeto e também em torno de seu ‘próprio corpo’.

O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um


conhecimento imediato que nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação de
suas diferentes partes entre si e, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos. Isto
significa que o desenvolvimento do esquema corporal se dá a partir da experiência vivida pelo
indivíduo – com base na disponibilidade e conhecimento que tem de seu próprio corpo e de
sua relação com o mundo que o cerca.
De acordo com a fase de desenvolvimento em que se encontra, a criança deve ser
submetida a um “treinamento” programado e específico. A imagem corporal é um dos pré-
requisitos necessários à alfabetização, que facilita a aprendizagem da leitura e escrita. Ela
implica no conhecimento do corpo, consciente e intelectualmente, juntamente com a função
de seus membros e de seus órgãos, Fonseca (1983, p. 262) colabora com este estudo ao citar:

O desenho do corpo não exprime unicamente a gnosia corporal. Nele se projetam às


experiências emocionais, as sensações erógenas, as pressões sócio-culturais, isto é, o
desenho do corpo é reflexo do que a criança viveu, nas relações com o meio
ambiente, não só no que sentiu como também no que simbolicamente integrou.

Através do conhecimento das sensações que provém do corpo e das experiências


táteis, cria-se um esquema corporal, que regula a postura e o equilíbrio. Esse esquema é a base
essencial para a criação da imagem corporal. Vayer (1982, apud MELO, 1994, p. 19) comenta:
“Consciência do corpo deve ser considerada como a consciência dos meios pessoais de ação, ela é o
resultado da experiência corporal, experiência reorganizada permanente, graças à novidade que o
indivíduo deve assumir.”
A lateralidade trata-se da descoberta da criança do lado dominante de seu corpo, tanto
em nível de membros superiores como inferiores e também dos olhos. O termo “lateralização”
vem do latim e quer dizer “lado”. A lateralização se define durante o crescimento da criança
onde, será mais forte, mais ágil seu lado dominante. O conhecimento de “direita e esquerda”
decorre da noção de dominância lateral. Perceber que o corpo possui dos lados e que um deles
é mais utilizado do que o outro é o inicio da discriminação entre a esquerda e direita. De
inicio, a criança não distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela
compreende que os dois braços encontram-se um de cada lado do corpo, embora ignore que
sejam “direito” e “esquerdo”.
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Observando a preensão e a utilização das mãos e dos diferentes segmentos, do


nascimento até os 10 ou 12 anos, em que as estruturas nervosas alcançam a
maturação, observam-se flutuações na utilização de um lado sobre o outro, até os 4
anos, aproximadamente, idade referencia para marcar a localização da dominância.
A fixação se produzirá em torno dos 6 anos, momento em que a criança será
plenamente consciente de ter mais habilidade com um segmento do que com o seu
simétrico. A partir dessa idade, produz-se um desenvolvimento e uma maturação
que termina aos 12 anos. (ARRIBAS et al, 2004, p.81).

Estas habilidades devem ser especialmente ensinadas, dando a capacidade de perceber


direita e esquerda, em cima e embaixo, em frente e atrás e de ter orientação direcional, pois
muitas situações de problemas exigem orientação direcional. Tal instrução deve começar com
a orientação do corpo, passando para as relações, os objetos e aplicações concretas.
A orientação temporal deve ser iniciada a partir dos 4 ou 5 anos, onde a criança
começa a compreender termos como antes, depois, durante, primeiro, último. Segundo De
Meur; Staes (1991, p. 122), “a criança não distingue ainda o tempo subjetivo e o tempo
objetivo. Para ela é importante que vivencie situações com vários tempos de execução para
que comece a perceber o tempo longo, curto, e situações rápidas e lentas”.
Nessa fase, o trabalho rítmico é muito rico, pois além de melhorar a orientação
temporal ainda melhora consideravelmente a coordenação motora ampla e dará a criança à
noção de duração e sucessão no que diz respeito à percepção dos sons no tempo. Segundo Le
Boulch (1983, p. 190), pode-se considerar “o ritmo como uma organização ou estruturação de
fenômenos que se desenrolam no tempo”, esta noção, aliás, está ligado a um fenômeno mais
geral, o do escoar do tempo.
A estruturação espacial é fundamental para a criança se situar no meio em que vive,
estabelecendo relações entre os objetos, fazendo observações, comparações, combinações e
vendo semelhanças e diferenças entre eles.
De acordo com Mattos (1999, p. 37) estruturação espacial é:

Estruturação espacial é a tomada de consciência de seu corpo em um ambiente, isto


é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e as coisas. A
estruturação espacial possibilita à criança organizar-se diante do mundo que a cerca,
organizar os objetos entre si e movimentá-los e colocá-los em um determinado
lugar.

Nessa etapa o objetivo é fazer com que a criança explore ao máximo o ambiente ao
seu redor e estas relações espaciais são mantidas por meio do desenvolvimento de uma
”estrutura” de espaço (OLIVEIRA, 1997). Para Oliveira (1997, p. 82) “em primeiro lugar, a
criança percebe a posição de seu próprio corpo no espaço, depois, a posição dos objetos em
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relação a si mesma e, por fim, aprende a perceber as relações das posições dos objetos entre
si”. Para assimilar os conceitos espaciais, a criança precisa ter bem definida sua lateralidade, o
que se dá por volta dos 6 a 8 anos.
Este tipo de coordenação corresponde ao movimento dos grandes músculos. Abrange a
coordenação dos movimentos, a conscientização corporal e postural. Um movimento
coordenado implica uma ação conjunta e harmoniosa de nervos músculos e órgãos com o fim
de produzir ações precisas e reações rápidas adaptadas à situação.

Inicialmente, os movimentos da criança se apresentam de forma global,


desarmônica, e quase sempre simétricas. Porém, através de atividades que ajudarão
na descoberta do corpo e de suas diferentes partes, pouco a pouco começará a
produzir movimentos que se caracterizam por uma maior fineza e eficiência.
(ARAUJO, 1992, p. 35)

Através da coordenação motora ampla a criança pode andar, correr, saltar, rolar, pular,
arrastar-se, nadar, lançar-pegar, sentar e etc. Permite a realização de múltiplos movimentos ao
mesmo tempo, com cada membro realizando uma atividade diferente, sem perder a
conservação de unidade do gesto.
É a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo
assim movimentos delicados e específicos. Este tipo de coordenação permite dominar o
ambiente, propiciando manuseio dos objetos.
“A práxia fina é um dos fatores mais importantes da aprendizagem, já que a mão é um
órgão de adaptação e relação com o meio, sendo capaz de alcançar, segurar, bater, riscar,
cortar, lançar, puxar, empurrar, reconhecer, sentir os objetos e o corpo por meio da palpitação
e da discriminação tátil”. (FONSECA, 1995, p. 72)
Brandão (1984, p. 51) salienta que “a mão é um dos instrumentos mais úteis para a
descoberta do mundo e afirma, ainda, que ela é um instrumento de ação a serviço da
inteligência”. Fonseca (1995, p. 70) enfatiza que “a visão auxilia a criança durante as
atividades de velocidade-precisão e coordenação dinâmica-manual, e que essa intima relação
contribui para o desenvolvimento da aprendizagem, nomeadamente da leitura e escrita”.
Na coordenação óculo-manual, o membro principal é o sistema visual que constitui a
via que capta mais informações do ambiente e o sentido com mais alcance em relação à
distância.

A visão representa normalmente o sentido mais importante, uma vez que a maior
parte das impressões sensoriais é visual. O olho recebe ondas luminosas que são
refratadas pelo cristalino do olho de tal maneira que se forma uma imagem do
objeto sobre a retina. Para que um objeto possa ser visto claramente a imagem deve
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ser formada sobre a mancha amarela que existe na retina (mácula lútea ou fóvea).
Isto constitui, entretanto, uma função neuro-múscular mais complicada (HOLLE,
1979, p.78).

Com a exposição anterior, evidenciou-se a importante fonte de experiências e


conhecimentos que representa a visão para a vida humana. A partir da visão, são vivenciadas
a maior parte das capacidades motoras básicas. É importante que o professor torne esta
experiência positiva e estimulante desde os primeiros momentos.
Na evolução psicomotora é necessário que a criança tome consciência do contato com
o solo e com a mobilidade da articulação do tornozelo para uma boa progressão do equilíbrio.
A motricidade espontânea da criança, que depende das solicitações afetivas e emocionais, está
sujeita ao princípio do prazer. A criança reage intensamente e totalmente em função das suas
necessidades imediatas. “A capacidade de se equilibrar relaciona-se principalmente ao sentido
labiríntico e ao cerebelo, porém muitos outros fatores também contam”, afirma Holle (1979,
p.147).

Desenvolver a percepção do equilíbrio é garantir a estabilidade nas posições e


situações de ação e movimento. Toda ação motora comporta um equilíbrio, mas
também um desequilíbrio, que é, na realidade, o que provoca a inércia no
movimento (GODALL; HOSPITAL, 2004, p. 333).

Efeitos similares ocorrem em relação aos sistemas sensoriais e perceptivos. A


exploração do ambiente passa então a ser vista como desencadeadora de diferentes estratégias
adaptativas que permitem ao ser humano a interação com o meio.

A visão ajuda a orientar o corpo no espaço e indica onde o pé pode ser colocado
com segurança para obter equilíbrio.[...]
[...] Entre outras coisas, o sentido cinestésico registra a posição relativa das partes do
corpo, portanto ajuda a equilibrar todos os movimentos (HOLLE, 1979, p.147).

O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio estático é uma forma de


imobilidade que segundo Guilmain (1971, apud Fonseca, 1995, p. 153) é definida “como a
capacidade de inibir voluntariamente todo e qualquer movimento durante um curto lapso de
tempo. Segundo Fonseca (1995, p. 158) “o equilíbrio dinâmico exige uma orientação
controlada do corpo em situações de deslocamento no espaço com os olhos abertos”. O
equilíbrio dinâmico implica o controle da postura, que constitui um dos importantes sub-
sistemas necessários para a aquisição do andar independente. Esse controle é responsável pela
manutenção do equilíbrio e da direção do movimento.

A coordenação de cada um dos tônus musculares nos levará a uma infinidade de


reações de equilíbrio. O resultado é a manutenção da postura necessária para a
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execução de ações motoras durante as quais também existe uma atitude.


(ARRIBAS et al, 2004, p.70)

A atividade fundamental primitiva e permanente do músculo é a contração tônica que


“constitui o alicerce das atividades motoras e posturais, fixando a atitude, preparando o
movimento, sustentando o gesto, mantendo a estática e o equilíbrio” (LE BOULCH, 2001, p.
163).
Essa pesquisa tem uma abordagem qualitativa que segundo Ludke; André (1996, p.
11-13) apresentam cinco características, a saber:

1. A pesquisa qualitativa tem o ambiente como sua fonte direta de dados e o


pesquisador como seu papel principal instrumento.
2. Os dados coletado são predominante descritivos.
3. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.
4. O ‘significado’ que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção
especial pelo pesquisador.
5. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.

A pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino privada confessional e sua


proposta pedagógica está fundamentada no pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício ético e solidário para a cidadania e para o trabalho. O grupo pesquisado é
formado por 7 professoras da faixa etária pesquisada e 22 alunos com idades variando entre 4
e 5 anos, sendo 15 meninos e 7 meninas.
Na coleta dos dados necessários para atingir os objetivos da pesquisa, foram utilizados
como instrumentos: observação em sala de aula e nos diversos espaços da instituição tendo
como instrumento uma puta de observação, contendo os objetivos observáveis, diário de
campo, entrevista estruturada e análise de conteúdo.

Tabela 1 - Descrição das etapas da coleta de dados


Objetivos Procedimentos Fontes
1. Compreender a Análise de conteúdo Análise bibliográfica.
Psicomotricidade sob o
ponto de vista de diversos
autores.
2. Traçar o percurso histórico Análise de conteúdo Análise bibliográfica.
da Psicomotricidade
3. Realizar um levantamento Análise de conteúdo, entrevista Análise bibliográfica e de
de dados sobre a estruturada, observação e diário de planejamentos, entrevista com
importância da campo. professores, observação e
Psicomotricidade na anotações diárias do
educação infantil comportamento alunos.
4. Analisar a prática docente Observação, entrevista estruturada e Análise dos planejamentos,
quanto à isenção de práticas análise de conteúdo. observação da prática
psicomotoras nos planos de pedagógica.
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aula

Os dados obtidos na coleta de dados resultam de entrevistas e anotações nos diários de


campo. O estudo e interpretação desses dados focalizaram a ação, comportamento e atitudes
dos alunos e foram estabelecidas as unidades de análise de assuntos que surgiram e que foram
destaques para formação.
Por meio desta pesquisa foi possível constatar que o desenvolvimento psicomotor da
criança de 4 a 5 anos requer o auxilio constante do professor, através da estimulação em sala
de aula e do encaminhamento, quando se fizer necessário, fazendo com que as crianças
adquiram gestos precisos e adequados, conscientizando-as de seus movimentos. Cabe ao
professor conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor da criança, características das
faixas etárias, necessidades e interesses, para melhor planejar a ação docente. Por isso, é de
fundamental importância o professor desenvolver atividades sabendo a que servem, e não
aleatoriamente, incluindo-as como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta
expressão significasse apenas uma coisa.
A ação educativa da escola consistirá em desenvolver a espontaneidade adaptada ao
ambiente. Para isso é necessário que o professor tenha conhecimento do ritmo de
desenvolvimento da criança e crie as condições para o seu progresso, que só é possível num
ambiente em que ela pode se beneficiar do contato com outras crianças de mesma idade,
participando de atividades coletivas, alternadas com tarefas mais individuais. Desenvolvendo-
se nesse clima, a criança vai adquirindo pouco a pouco confiança em si mesma e melhor
conhecimento de suas possibilidades e limites, condições necessárias para uma boa relação
com o mundo. O progresso pode ser lento, mas como em todas as outras áreas, o grande e
principal objetivo é o de não deixar lacunas entre as etapas. Uma estimulação mal orientada
confunde ainda mais a criança, daí a importância de o educador conhecer e perceber a
graduação necessária das estratégias a serem utilizadas.
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa
de confrontação com o meio. A ajuda educativa proveniente do professor tem a finalidade não
de ensinar a criança comportamentos motores, mas sim de permitir-lhe exercer sua função de
ajustamento, individualmente ou com outras crianças, Através do seu conhecimento e
sensibilidade, ele pode dosar teoria e prática de maneira gradual, combinando os estímulos
adequados para cada tipo de aluno.
Educação é um processo de desenvolvimento das capacidades física, intelectual e
moral da criança, e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e
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social. Com tudo isso que foi abordado neste relatório, é possível ter em mente que o
desenvolvimento integrado das etapas psicomotoras, construídas pelas vivencias,
experiências, de forma fluida e global, torna nossa criança um ser criativo, questionador e
transformador, pronto para a integração com o mundo em que vivemos. Isto é muito
importante para minha formação enquanto Pedagoga, cuja intenção é contribuir para a
construção global do ser humano.
Todavia, para dar toda a dimensão de suas possibilidades, a educação psicomotora não
deve ser considerada como uma disciplina à parte ou como uma atividade ao lado de outras
atividades, ela deve ser a atividade educativa da criança. Cabe a professora adaptá-la em seus
planejamentos criando um universo favorável à exploração e ao desenvolvimento do aluno da
educação infantil.
Esse estudo mostrou que, independente da formação profissional, as educadoras
sentem dificuldades em organizar em seus planejamentos as atividades que envolvem
movimentação corporal. Desta forma, seria interessante que as professoras tivessem um curso
de capacitação envolvendo os assuntos abordados neste relatório, pois, assim como já foi
exposto anteriormente, é fundamental que o professor mantenha um olhar diferenciado nas
questões psicomotoras, bem como sobre a totalidade do sujeito, evitando a dicotomia mente e
corpo, assim, agindo profilaticamente com a complexidade da aprendizagem humana.

REFERÊNCIAS

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VAYER, Pierre. O diálogo corporal: a ação educativa para crianças de 2 A 5 anos. São
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