COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Calibração de modelo numérico para simulação da sequência de

escavação em lavra de carvão por câmaras-e-pillar em tetos fracos
André Cezar Zingano
UFRGS – Univ. Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, andrezin@ufrgs.br

Cleber Gomes
Faculdade SATC - Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão, Criciúma, Brasil,
cleber.gomes@satc.edu.br

RESUMO: Prever o comportamento do teto imediato e o tipo de sustentação a ser empregado em uma
mineração de carvão por meio do método de câmaras-e-pilares com minerador contínuo é uma tarefa
difícil de realizar na fase inicial de desenvolvimento da mina. As informações disponíveis restringiram-
se neste caso aos resultados de caracterização geomecânica de testemunhos de furos de sonda e a
instrumentação de galerias e cruzamento numa área de teste. O objetivo deste trabalho foi o de calibrar
um modelo numérico em três dimensões de um cruzamento de galerias baseado na instrumentação in-
situ de uma traçagem experimental e da caracterização geomecânica das camadas que formam conjunto
do teto, da camada de carvão e do piso. Um modelo numérico 3D foi construído com as mesmas
especificações do cruzamento teste, incluindo a geometria e método de sustentação aplicado. A
calibração do modelo numérico foi baseada na instrumentação por meio de extensômetros multi-nivel
instalados em diferentes posições do cruzamento de galerias teste e pelas propriedades geomecânicas
das camadas. Após a calibração do modelo, um painel de lavra inteiro é escavado no mesmo modelo
numérico com o objetivo de estudar o comportamento do teto imediato em função da distribuição de
tensões e deformação. Desta forma é possível determinar se o tipo de sustentação adotado na fase de
teste é compatível para o desenvolvimento de um painel inteiro.

PALAVRAS CHAVE: Mineração de carvão, Suporte de teto, Instrumentação, Modelo numérico

1 INTRODUÇÃO Heasley e Su, 2006; Heasley e Agioutantis,

Métodos numéricos para solução e estudos de
problemas de Engenharia de rocha foram
utilizados inicialmente nos anos 60. Desde
aquela época, as aplicações vêm sendo mais
desenvolvidas e complexas devido a melhoria
do desempenho dos computadores e
desenvolvimento de softwares que possibilitam
a construção de modelos mais próximos da
realidade, como elementos finitos, diferenças
finitas, elementos de borda e elementos
distintos. Estes métodos listados acima devem
ser aplicados em função do tipo de problema
(se continuo ou descontinuo), modelo de
ruptura e geometria da escavação (Peng, 2008;
2007; Jing e Hudson, 2002; Jing, 2003).
Métodos numéricos têm sido aplicados em
problemas de controle de maciço em mineração
de carvão para estudar comportamento de
maciço rochoso em escavações multicamadas
(Zipf, 2005; Heasley e Agioutantis, 2007),
guias para projetos de suporte de teto (Zhang e
Peng, 2003; Zhang, 2003; Peng, 2008),
comparação e estudo de mecanismos de suporte
de teto (Zingano et al., 2007 e 2008; Yassen et
al., 2002), projeto e comportamento de pilares
de carvão (Morsy, 2003; Zingano, 2002; Peng,
2008) e simulação de sistemas de mineração de
carvão (Peng, 2008).
Basicamente, existem duas maneiras para

1
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construir um modelo numérico para estudar o
comportamento de maciço rochoso e controle
de maciço em mineração de carvão: (i)
construir o modelo antes do desenvolvimento
da lavra, baseado apenas nas informações da
sondagem, testes de laboratório e geometria
planejada ou (ii) construir o modelo baseado
em monitoramento e instrumentação de
escavações existentes ou experimentais.
Fazer uma escavação experimental para é
pouco comum, com o objetivo de estudar o
comportamento dos parafusos de teto. Também,
ele fornece uma oportunidade para fazer testes
com diferentes tipos de suporte de teto de
forma a verificar as condições de instalações e
o comportamento do teto para as diferentes
especificações de suporte. Este tipo de galeria
teste foi realizado na mina Leão II.
Neste caso, a galeria teste foi uma
intersecção de duas galerias perpendiculares
com as mesmas dimensões das galerias e
travessas que serão desenvolvidas na mina
Leão II.
Alguns extensômetros foram instalados
nesta galeria teste. Em especial, um
extensômetro foi instalado no centro do
cruzamento, logo após a escavação ter ocorrido,
e a leitura iniciou-se o mais cedo possível de
forma a medir a deformação do teto no centro
da intersecção durante o avanço da escavação.
O objetivo deste artigo foi construir um
modelo numérico usando a mesma geometria,
sequência geológica e propriedades mecânicas
do maciço rochoso como da galeria teste. Os
resultados do modelo numérico foram
calibrados baseados no monitoramento da
deformação do centro do cruzamento.
2 LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO DA
MINA LEÃO II
A mina Leão II está localizada no município de
Butiá, RS, cerca de 90 km a oeste de Porto
Alegre. As reservas de carvão pertencem a
CRM – Cia. Riograndense de Mineração, a qual
conduziu as pesquisas de exploração e
desenvolvimento da mina de 1977 até 1984. O
2
desenvolvimento da mina Leão II começou em
1980 e foi interrompida em 1984 devido a
problemas financeiros. Os acessos foram
estabelecidos com a construção de dois planos
inclinados para atingir a camada CI de carvão e
um poço de ventilação. Cerca de 8 km de
galerias foram desenvolvidas por meio de
minerador continuo tipo road header e o
suporte foi por meio de cambotas metálicas. Na
superfície foram iniciadas as construções de
escritórios, oficinas, fornecimento de energia e
água e uma planta de beneficiamento.
Desde 1988, o projeto inteiro tem sido
objeto de revisão, incluindo a re-avaliação do
projeto de mina original. Em 2004, a
Carbonifera Criciúma S.A., uma companhia
privada, assinou um contrato com a CRM para
o desenvolvimento do projeto da mina Leão II
que considerava o desenvolvimento das vias
subterrâneas e operação da mina para suprir
carvão para a termoelétrica Jacuí I com
capacidade de 350 MW.
3 LOCALIZAÇÃO DA INTERSEÇÃO
TESTE E OBJETIVO DESTE TESTE
Em 2005 a Carbonífera Criciúma S.A. assinou
contrato para o projeto da mina Leão II, onde
na primeira fase do projeto prevê um painel
teste para estudar as operações e sequência de
lavra, suporte e comportamento do teto. O
painel experimental foi iniciado em dezembro
de 2005 e interrompido em junho de 2006.
Durante esse período, 48,8 m de galerias com 5
m de largura e 2,5 m de altura, incluindo um
cruzamento foram desenvolvidos (Figura 1).
O restante do painel ainda não foi
desenvolvido.
A escavação foi feita com minerador
contínuo Alpine AM-50 road header, o qual
causou alguns problemas de instalação das
chapas metálicas no teto devido a ondulação do
teto causada pela operação do equipamento.
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Tabela 1 – Geology column at the experimental area.

Prof. (m) Esp.
camada
De Para (m)

Siltito cinza 176.15 180.50 4.35

Siltito escuro 180.50 180.91 0.41
Carvão (A) 180.91 182.98 2.07
teto
siltito 182.98 183.90 0.92
carvão (B) 183.90 185.44 1.54
Siltito cinza 185.44 1.41
Siltito cinza 186.85
carvão (C) 186.85 0.30
galeria
siltito 0.48
carvão (C) 188.73 1.10
Arenito
grosso 188.73 189.62 0.89
Figura 1 – Localização do painel e intersecção teste. piso
Siltito cinza 189.62 191.57 1.95
Arenito 191.57 196.57 5.00
4 GEOLOGIA E QUALIDADE DO TETO
Três novos furos com diâmetro de 54,2 mm
A mina Leão II está situada na Bacia do Paraná, foram feitos na área do painel experimental
com idade Permiana. As camadas de carvão (ML 01/05, ML 02/05 e ML 03/0) com o
pertencem a Formação Rio Bonito, a qual é objetivo de descrever a sequência geológica do
sobreposta pela Formação Palermo e abaixo sistema teto-carvão-piso em termos de
pela Formação Itararé. Abaixo da Formação parâmetros geotécnicos, classificação do
Itararé está o embasamento cristalino ondulado. maciço rochoso e testes de laboratórios. Os
A Formação Palermo foi depositada ambiente testemunhos para amostras para testes de
marinho transgressivo, enquanto a Formação laboratório foram coletados logo após a
Rio Bonito tem origem deltaica. extração do barrilete e envoltos em filme de
Existem oito camadas de carvão na mina poliéster para proteger contra a perda ou ganho
Leão II, mas apenas duas dessas camadas são de umidade e quebra por manuseio. Durante a
significativas economicamente, as camadas de descrição geotécnica, os testemunhos
carvão CI e I2. Estas duas camadas são de quebravam facilmente com o manuseio. Logo,
carvão betuminoso alto volátil e com reservas foi muito difícil conseguir testemunhos com
de 54,60x106 e 55,69x106 tons, tamanho suficiente para obter corpos de prova
respectivamente. Este trabalho foi realizado na para ensaios. Os testemunhos foram colocados
camada CI superior. de volta na caixa para descrição geotécnica do
A sequência do teto da camada CI é maciço rochoso (RQD, espaçamento e
formada predominante por siltitos fracos, qualidade das descontinuidades).
carbonosos, maciço e com presença de muitos Os seguintes testes de mecânica de rochas
slickensides, com espessura de 1,8 a 2,1 m até a foram realizados: (i) velocidade sônica, (ii)
camada de carvão S3. Os estratos do teto são ensaio de compressão uniaxial e triaxial, (iii)
sensíveis a umidade devido a presença de densidade, (iv) umidade natural. Também, os
minerais argila. A tabela 1 mostra a coluna modos de ruptura dos corpos de prova foram
geológica da área do experimento, baseado em anotados por meio de fotografias tiradas
descrição de furos de sondagem. durante os testes. A tabela 2 mostra as
propriedades das rochas de cada camada do

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sistema teto-pilar-piso determinados a partir empurrão do parafuso de teto e foi utilizado

dos testes de mecânica de rochas e descrição com a intenção de ser apenas um guia para o
geotécnica dos testemunhos. projeto.
Com o sistema de empurrar o parafuso
Tabela 2 – Propriedades mecânicas das rochas contra o teto (Peng, 2008), o parafuso é
Ang. Mod.
Rocha
Coes
Atrito
Comp.
Young
Raz. empurrado contra o teto por 30 segundos com a
(MPa) (MPa) Poisson perfuratriz de teto e os estratos do teto são
(grau) (GPa)
Carvão (C) 2.07 25 6.50 3.25 0.30 comprimidos durante a cura da resina. Depois
carvão (A e
1.82 37 7.30 2.30 0.30
que a resina endurece, a força de empurrão é
B) liberada e, então, quando o teto começa a
Siltito 2.11 30 7.30 3.50 0.25 deformar, o parafuso reage contra essa
Siltito cinza 5.25 20 1.50 1.90 0.25 deformação, criando uma pró-tensão mais
Arenito rapidamente que um parafuso em coluna total
2.60 35 10.0 5.00 0.25
grosso
Arentio 4.33 30 15.0 9.00 0.18
tradicional. O empurrão aplicado no parafuso
foi de duas toneladas nesse caso e o resultado
desta pró-tensão é o aumento da força normal e
resistência a fricção entre as paredes dos
5 PROJETO DE SUPORTE DO TETO
slickensides.
Baseado no procedimento de instalação
O teto imediato é muito fraco, principalmente
descrito acima, o seguinte projeto de suporte de
pelo tipo de material e a presença de
teto foi utilizado. Sete parafusos por linhas
slickensides. Estas descontinuidades têm baixa
foram instalados, com espaçamento de 60 cm
persistência e espaçamento curto, tornando o
entre linhas, resultando em 2.3 parafusos por
teto em forma de pequenos blocos. Portanto, o
metro quadrado. O parafuso é um vergalhão de
suporte de teto deve prevenir o desarme dos
aço GG50 com 15,8 mm de diâmetro e 1,95 m
blocos por meio do escorregamento dos
de comprimento. Foram usados três cartuchos
slickensides e criar uma viga para suportar a
de resina com 20 x 433 mm de cura lenta (um
carga do teto.
minuto de gel e cinco minutos para o torque ou
Os parafusos de teto devem criar uma viga
aplicação do empurrão). A chapa metálica do
(parafuso em coluna total) e ao mesmo
parafuso é de 15 x 15 cm e espessura de 1/4
aumentar a resistência à fricção das
pol. O furo tem diâmetro 24 mm e 1,8 m de
descontinuidades na área ancorada (parafuso
comprimento. A furação foi feita com rotação
com pró-tensão). Também, a área do teto
pura.
coberta por cada parafuso deveria ser pequena o
Testes de arracamento foram realizados
bastante para garantir que o alcance de cada
para parafusos ancorados com 1,8 m de
parafuso se conecte para garantir a formação de
comprimento. Em todos os testes ocorreu a
uma viga de boa qualidade. Desta forma, o
ruptura da rosca do parafuso com carga entre
deslocamento vertical do teto imediato será
10,5 e 11 tons. Em função dos resultados dos
reduzido e o movimento de cisalhamento das
testes de arrancamento foi assumido que a
descontinuidades também será reduzido. A
resistência coesiva nas interfaces resina/rocha e
principal filosofia para projeto de suporto de
resina/parafuso foi de 9 tons.
teto na mina Leão II foi somente utilizar
Dois extensômetros de fio (ext-08 and ext-
parafusos de teto, porque os parafusos podem
09) foram instalados no teto no centro da
prover alta produtividade e baixo custo.
intersecção (Figura 2). Eles foram ancorados
O projeto do sistema de parafusos de teto
em 4,6 e 3,5 m dentro do teto, respectivamente.
foi inicialmente utilizado programa Analysis of
O arqueamento do teto foi monitorado em
Roof Bolt System (Mark et al., 2001). Este
termos de taxa de convergência e convergência
programa não considera a pró-tensão ou
absoluta até que o teto atinja certo equilíbrio,

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i.e., quando a taxa de convergência for perto de
zero. O monitoramento do arqueamento do teto
foi relativo a deformação da superfície do teto,
logo as leituras representam a diferença entre o
ponto de ancoragem do extensômetro e a
superfície do teto. A figura 3 mostra o gráfico
com as medidas de monitoramento do
arqueamento do teto.
Figura 2 – Esquema do extensômetro de fio utilizado na
pesquisa e posição de ancoragem
5
Figura 3 – Gráfico de convergência do teto para os
extesômetros no centro do cruzamento
O arqueamento máximo para esses
extensômetros foi de 21 e 14,8 mm para o ext-
08 e ext-09, respectivamente. A instrumentação
mostrou algum comportamento esperado do
teto em que o extensômetro que foi ancorado
mais profundo dentro do teto exibe mais
convergência que o mais raso. Também, é
possível observar que o equilíbrio foi atingido
1,5 anos após a instalação dos extensômetros.
Isto significa que o teto é muito fraco e sensível
a pequenas mudanças do estado de tendões,
resultante do avanço da escavação ao redor do
ponto de monitoramento.
6 MODELO NUMÉRICO
O modelo numérico nesta pesquisa teve o
objetivo utilizar esta ferramenta computacional
para simular e estudar o comportamento do teto
quando o painel inteiro for escavado. A
geometria do modelo deve seguir as dimensões
da intersecção experimental (Figura 1),
incluindo a posição dos parafusos e suas
especificações e dimensões das galerias e
intersecção. A figura 4 mostra a geometria das
galerias e do cruzamento construída no modelo
numérico. A localização exata dos parafusos de
teto na intersecção teste foi simulada no
modelo.
A sequência geológica e propriedades dos
materiais foi baseada nas descrições dos três
furos de sondagem e nos testes de laboratório
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(Tabela 2). Não existem medidas de tensões na mostradas na tabela 3.

área da mina Leão II. Então, foi assumido que a
razão entre as tensões horizontal e vertical tem Tabela 3 – Especificações dos parafusos de teto para o
valor 1 (k=1). A profundidade da camada de modelo numérico.
carvão na região da intersecção teste é de Bh-Diam Diâmetro do furo 2.40E-02 m
188m. GR_K Rigidez da resina 1.01E+07 N/m/m
Resistência
GR_Coh 5.00E+04 N/m
coesão da resina
Ângulo de atrito
GR_Fric 5.50E+01 degree
da resina
Perímetro da
GR_Per 1.508E-01 m
resina
Módulo de
Emod 9.860E+10 Pa
Young do aço
Resistência a
Ytension 2.700E+05 N
tração do açco
Diâmetro do
X_Diam 1.580E-02 m
Figura 4 – Geometria do modelo numérico. parafuso
Seção do
Xcarea 1.961E-04 m2
A sequência de lavra no modelo numérico parafuso
ou a escavação das galerias e instalação dos
parafusos de teto seguiram a mesma sequência O modelo numérico foi calibrado com o
como realizada na mina, na qual a galeria foi monitoramento do arqueamento do teto no
escavada primeira e, posteriormente, o centro da intersecção. Os dois extensômetros
travessão e o cruzamento foram escavados. Os que foram instalados no centro do cruzamento
parafusos foram instalados em cada avanço da foram utilizados para calibrar a história do
escavação. O comprimento do corte era de 1 a deslocamento do teto no centro do cruzamento
2m, onde apenas uma linha de parafusos era na mesma posição onde os extensômetros estão
instalada em cada avanço. Esse processo ancorados. O método de calibração para o
garantia que o teto iria deformar apenas em modelo foi feito pela alteração das propriedades
pequenas proporções e reduzir a área de teto dos materiais que formam o teto de forma a
sem suporte. Este processo não foi seguido no coincidir as deformações do modelo com as
modelo porque não altera o resultado do deformações medidas in-situ. O módulo de
modelo e reduz o tempo de consumo para rodar Young e a coesão foram alterados no modelo
esse modelo grande. numérico para encaixar as deformações com as
Não foi realizados testes de arrancamento medidas in-situ. Estas propriedades foram
com parafusos curtos para medir as escolhidas por serem mais sensíveis a
propriedades de rigidez e resistência coesiva do deformação e resistência do maciço. A tabela 4
parafuso de teto, mas foi possível estimar os mostra as trocas de valores destas uas
parâmetros assumindo alguns valores básicos propriedades para as camadas do teto.
em testes realizados em outras minas A figura 5 mostra os resultados do ajuste da
subterrâneas de carvão (Zingano et al., 2008) história da deformação do teto imediato no
para as mesmas condições de teto e pegando a modelo numérico comparado com as medidas
resistência coesiva como 9 tons ou 5x104 N/m dos dois instrumentos instalados no centro da
(se dividir as 9 tons pelo comprimento do intersecção teste. A história das deformações
parafuso 1,8 m). As especificações dos dos dois pontos de ancoragem no centro da
parafusos de teto para o modelo numérico são

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intersecção no modelo numérico estão similares
as medidas realizadas in-situ, que foi de 22,1 e
13,8 mm para o ext-08 e ext-09,
respectivamente.
nesta pesquisa, incluindo o campo de tensões, o
efeito do método de modelo numérico, desde
que um modo de ruptura do teto é a perda de
fricção das descontinuidades no teto imediato.
Baseado neste modelo numérico calibrado é
possível simular o comportamento do teto
imediato para o painel inteiro,
dimensionamento de pilares e aplicação de
diferentes tipos de suporte de teto.

8 AGRADECIMENTO

Os autores gostariam de agradecer a

Figura 5 – Gráfico de convergência do teto imediato no
modelo numérico
Carbonífera Criciúma S.A. pela disponibilidade
das informações necessárias para este trabalho
e a UFRGS pela infraestrutura disponível para
o desenvolvimento do trabalho.

9 REFERÊNCIAS
7 CONCLUSÕES
1. Gomes, C.J.B, 2006, Projeto Leão II - Fase I
O objetivo deste trabalho foi calibrar o modelo
- Estudo de Atirantamento de Teto e
numérico que foi construído em função das
Detalhamento de Lavra Experimental -
informações da intersecção experimental que
Relatório Final, GSE Engenharia Ltda,
foi escavada na mina Leão II e nos
Criciuma, SC, outubro 2006.
instrumentos de monitoramento do
2. Heasley, K.A. and Agioutantis, Z.G., 2007,
arqueamento do teto imediato no centro do
LaModel: A Boundary-element Program for
cruzamento. As propriedades dos materiais das
Coal Mine Design. Proceedings of New
camadas do teto imediato foram ajustadas para
Technology for Ground Control in Multiple-
que as deformações do modelo sejam iguais as
Seam Mining. NIOSH, IC 9495, 29-33
deformações medidas in-situ.
3. Heasley, K.A. and Su, D., 2006, 25 Years of
Os resultados do modelo se ajustaram bem
Progressive in Numerical Modeling for Ground
as medidas in-situ, logo se pode dizer que o
Control – What Have We Accomplished and
objetivo foi alcançado. O Módulo de Young e a
Where Do We Go Next?, Proceedings of the
coesão são mais sensíveis que outras
25th International Conference on Ground
propriedades dos materiais, porque estes
Control in Mining, S.S. Peng et al., editors.
parâmetros têm influência direta sobre a
West Virginia University, Morgantown, WV,
deformação e resistência da rocha.
11-17
A caracterização geomecânica foi muito
4. Jing, L. and Hudson, J.A., 2002, Numerical
importante para a determinação aproximada das
methods in rock mechanics, Int J. of Rock
propriedades dos materiais. A classificação
Mechanics & Min. Sci., , Pergamon Press, Vol.
geomecânica e os testes de laboratório são
39, p. 409-427.
essenciais para a determinação das
5. Jing, L., 2003, A review of technics,
propriedades mecânicas de cada uma das
advances and outstanding issues in numerical
camadas.
modeling for rock mechanics and rock
Ainda existem alguns pontos a ser estudado

7
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