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OS PILARES DA FÉ

Por Rodrigo Gonçalez

"​Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por
Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos), E todos os
irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça e paz da parte de
Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, O qual se deu a si mesmo por
nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade
de Deus nosso Pai, Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém.
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns
que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda
que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora
de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema​" (​Gálatas 1:1-9​​).

Quando o assunto é o Evangelho - poder de Deus para a salvação de todo


aquele que nele crê -, é necessário e urgente que a verdade seja dita às claras.
O tom da carta de Paulo aos Gálatas não é nada amigável. A preocupação do
apóstolo com os gálatas é tamanha que ele vai direto ao ponto, e isso é
refletido abertamente nos versículos 8 e 9: "Mas, ainda que nós mesmos ou
um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo
também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já
recebestes, seja anátema".

Paulo preocupa-se com a saúde espiritual da igreja. Naquela época, a heresia


dos judaizantes - bastante comum hoje também em nosso meio - havia
adentrado os portões da teologia filosófica da igreja da Galácia. Eles queriam
que os novos convertidos adotassem os mesmos costumes e ritos que o povo
judeu praticava por séculos. Uma vez que eles se consideravam
orgulhosamente o "povo de Deus", exigiam dos novos convertidos ao
cristianismo a circuncisão e a introdução destes à religião judaica.

Tal sincretismo religioso foi combatido veementemente pelo apóstolo, o


fundador da igreja. Ele afirmou claramente que seja maldito todo aquele que
perverter a mensagem do Evangelho de Deus pregada por ele e pelos demais
apóstolos. Essa mensagem é totalmente contemporânea. Não podemos, em
hipótese alguma, desviarmos ou adaptarmos a mensagem da Cruz. Se o
fizermos, tornamo-nos malditos de Deus.

Observe que Paulo não está simplesmente "xingando" aqueles que


deturparam o Evangelho. Em sua autoridade apostólica, delegada a ele pelo
próprio Senhor Jesus Cristo - como vemos no versículo primeiro (Paulo,
apóstolo - não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus
Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos), ele chama para si
a responsabilidade e a própria autoridade de amaldiçoar todos os que
deturpam a mensagem genuína de Deus. Isso implica que não somente o
apóstolo, mas o próprio Deus, abomina veementemente a distorção da
mensagem da Cruz.

Durante os séculos de existência da Igreja, muitas heresias adentraram os


seus portões. Vemos isso claramente na carta do Apocalipse, capítulos 2 e 3,
em que Cristo elogia a sua noiva em determinados aspectos, porém a julga
severamente por seus erros e desvios doutrinários, a ponto de condená-las a
extinção - como por exemplo a bela e estrondosa Igreja em Éfeso.

E não foi diferente depois disso. Durante os 300 primeiros anos do


surgimento do cristianismo, apesar de duras perseguições e milhares de
mortes, a igreja cresceu e se robusteceu. No quarto século, o imperador ímpio
romano, Constantino, adotou o cristianismo como a religião oficial do
império. A partir de então, centenas de dogmas e heresias atropelaram os
santos dos primeiros séculos, que na maioria das vezes pagaram com a vida
pela defesa do Evangelho.

Ao chegar na Idade Média, a então chamada Igreja Cristã era robusta, rica e
muito poderosa. Não havia separação entre o poder do Clero e o poder do
Império. Praticamente, a igreja romana ditava as normas e mandava em tudo.
A consequência disso foi longe de ser o sonho da redenção social
proporcionada entre aspas pelo Evangelho. O povo, em sua maioria, era
escravizado, analfabeto, pobre ao extremo, oprimido, não possuíam acesso a
Bíblia e eram duramente perseguidos, caso se erguesse contra o poder
imperial - ditado, repito, pelo alto clero romano, governado pelo papa.

Muitos reformadores se levantaram contra o poder da igreja romana da


época. Homens estudiosos (geralmente padres e monges que tinham acesso
direto ao estudo das Escrituras), desejavam que ela fosse dada ao povo - e não
corrompida pelos diversos dogmas romanos a ela suplantados. A grande
maioria deles foram perseguidos e mortos, declarados como hereges pelos
romanos.

Mas, no dia 31 de outubro de 1517, o então padre e professor de teologia,


Martinho Lutero, afixou nas portas do Castelo de Wittenberg suas 95 teses
contra as heresias romanas, principalmente contra a cobrança de
indulgências. A Reforma explodiu pela Europa. Com a criação da imprensa,
rapidamente as teses de Lutero foram espalhadas pelos diversos circuitos
teológicos da época. Deus resolveu preservar o reformador e os demais que se
levantaram neste tempo a favor das Escrituras e contra os dogmas romanos.

Em nossa presente época, em que o mundo parece estar, de fato, virado e


virando de cabeça para baixo, em um ciclo constante, é mais do que
necessário e urgente que nós, então declarados cristãos (se é que de fato o
somos), retornemos aos princípios e valores expressos de forma tão clara nas
Sagradas Escrituras. O mundo está cambaleando, embriagado de pecado e
depravação. Tudo está muito mais acurado, constante e veloz: seja o
conhecimento, seja o ritmo da vida, seja a absorção e a manifestação do
pecado na humanidade.

Estamos acompanhando, ao vivo e a cores, o despencar desenfreado de uma


humanidade que odeia Deus. Consequentemente, de uma humanidade que
está sob o juízo divino: o aumento do número de constantes catástrofes
naturais, em um menor espaço de tempo; a expansão da violência; o ataque
direto à constituição familiar, aos valores morais e à ética social; a corrupção
generalizada, em maior e menor grau, do maior ao mais baixo escalão. Todos
esses são fatores decorrentes de pessoas lançadas sobre os seus próprios
pecados e, ainda mais, que se regozijam nele.
Em tempos de escuridão, como os nossos, o único meio eficaz de esperança
encontra-se na Palavra de Deus, vivificada em nós pelo testemunho vivo do
Espírito Santo.

No dia 31 de outubro de 2017 celebramos os 500 anos da Reforma Protestante


- a palavra correta é mesmo celebração em ações de graças pelo que Deus fez.
Celebramos, pois somo filhos da Reforma. Temos uma Bíblia, a qual podemos
ler em nosso próprio idioma. Somos livres para adorar a Deus em templos
denominacionais com a comunidade, em cultos falados e cantados em nosso
idioma. Todos esses são valores que herdamos dos reformadores. É
importante ressaltar que os reformadores não são como os apóstolos. Eles não
receberam novas revelações. Eles não inventaram a roda. O movimento da
Reforma Protestante deu-se, justamente, a um retorno aos princípios bíblicos.
Consequentemente, esse retorno ocasionou um cisma, necessariamente
religioso.

Era impossível permanecer católico romano.

Esse retorno às Escrituras, tirou o mundo das trevas da Idade Média. Como a
própria Bíblia afirma: "Lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho,
é a tua Palavra" (Sl 119.105). Essa luz iluminou o mundo submerso em uma
cultura imperialista totalmente depravada e escravocrata. Igrejas reformadas
foram instituídas, primeiramente, ao redor de toda a Europa, e
posteriormente por todo o mundo. Hoje, temos igrejas reformadas nos quatro
cantos da Terra.

"​A Palavra fez e realizou tudo"​ , são as palavras do reformador Martinho


Lutero, que em 31 de outubro de 1517 afixou suas 95 teses nas portas do
Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Deus fez, por meio da sua Palavra.
Aprouve a Deus preservar homens como Martinho Lutero, João Calvino, John
Knox, e tantos outros, a fim de que fosse reestabelecido o verdadeiro culto a
Deus, por meio da sua Palavra.

Nós temos um legado que herdamos da Reforma. São 500 anos que poderiam
ter esmagado o movimento dos reformadores. Mas, por motivo de graça e
misericórdia, o Senhor do tempo vem preservando os pilares da fé que
sustentam a Igreja de Deus - ressalta-se o "i" maiúsculo, a noiva do Cordeiro
Santo, homens de toda tribo, língua, raça e nação, eleitos antes da fundação
do mundo para a glória do Criador.

Em tempos como os nossos, em que a fé é comercializada e as igrejas estão se


tornando verdadeiros impérios da propaganda, as mensagens são focadas em
autoajuda, Cristo foi deixado de lado em detrimento do vanglória humana, é
necessário fixarmos a bandeira do Evangelho e elevarmos os pilares da fé em
nossas vidas, a fim de que a glória do Deus da Palavra seja proclamada e o seu
juízo devidamente estabelecido. Esses pilares são também conhecidos como
os "​5 Solas​" da Reforma, quais sejam: ​Sola Scriptura (somente a Escritura),
Sola Gratia (somente a Graça), ​Sola Fide (somente a fé), ​Solus Christus
(somente Cristo) e ​Soli Deo Gloria​ (somente a Deus a glória).

Segundo os princípios basilares da Reforma Protestante, podemos dizer que:


"​Deus se revela de forma salvífica somente na Escritura Sagrada;
pecadores são redimidos somente pela morte de Jesus Cristo na
cruz; somente por meio da graça; uma dádiva recebida somente
pela fé; e tudo para a glória de Deus somente​".

Perceba que se qualquer pessoa atribui qualquer mérito a sua salvação, por
menor e insignificante que seja, estará roubando a glória de Deus. E isso é
gravíssimo!
1. Somente a Escritura.

Cristo é molde do Universo. Os eternos decretos do Pai transformaram em


substância os atributos de Cristo na criação. E essa revelação, total e
suficiente, vem da Escritura soprada pelo próprio Deus aos homens, em
linguagem balbuciante, condescendente com a pequenez e a fragilidade da
mente humana.

Como podemos confiar que essa carta de Paulo aos Gálatas, por exemplo,
corresponde à viva Palavra de Deus, e por meio dela devemos nos guiar e
estabelecer os princípios de nossa vida cristã?

Em primeiro lugar, logo no princípio do versículo primeiro, Paulo reivindica a


sua própria autoridade apostólica. Isso é fundamental para canonizarmos a
epístola. Por quê? Porque os apóstolos são os eleitos de Deus para
fundamentação da sã-doutrina, ou seja, os alicerces da Igreja. Todos eles
receberam a revelação da Escritura do próprio Senhor Jesus Cristo. E por isso
eles possuíam a autoridade do próprio Cristo não apenas para pregar, mas
escrever em nome dele. O Novo Testamento é, portanto, Palavra de Deus,
assim como o Antigo Testamento. Mas, devemos ressaltar: a Bíblia não se
torna a Palavra de Deus ao lermos e o Espírito Santo aplicar ela em nossa
vida. Isso é uma falácia! A Palavra é de Deus apesar de nós, independente de
que está ou não lendo ou estudando ela, aplicando ou não ela em sua vida.
Sim, ela só é vivificada em nós pelo poder do Espírito de Cristo. Mas, ela é o
sopro de Deus ainda que nenhum homem venha a crer nela.

"​Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para


repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de
Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra"​ (2 Tm
3.16).
A palavra Escritura, empregada, tem o sentido de corpo de escritos
autorizados e dados pelo próprio Deus. Paulo está afirmando, de forma
categórica neste texto, que todo o Antigo Testamento é a Palavra e, portanto, a
revelação de Deus. Em outra epístola (1 Tm 5.18) ele cita uma passagem do
Pentateuco (Dt 25.4) e um trecho dos Evangelhos (Mt 10.10; Lc 10.7), para
afirmar que "a Escritura declara". Paulo, então, iguala os textos do Antigo e do
Novo Testamentos, chamando-os todos de Escritura.

Não apenas o apóstolo Paulo, mas Pedro igualmente declara que os "​homens
falaram da parte de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo​" (2Pe 1.19-21).
Nesse sentido, Pedro nega que as Escrituras sejam apenas as interpretações
dos atos revelatórios de Deus que foram presenciados pelos autores. E em 2Pe
3.15,16 o apóstolo diz que os homens tendem a distorcer as Escrituras de
Paulo, para a sua própria destruição.

Reconhecemos, portanto, que a Bíblia é a Palavra de Deus,


independentemente de qualquer interpretação humana. Ela não se torna a
Palavra de Deus quando a lemos. Não. Ela é, substância em si mesma. Da
mesma forma, ela é infalível e inerrante, ou seja, nenhum de seus versículos
possuem tendências ao erro ou a possibilidades inconsistentes. Ela nunca
erra. Nós erramos. Ela, jamais.

A Bíblia é o livro da salvação. Ela conduz o homem pecador, iluminado o


entendimento pelo poder do Espírito Santo, à salvação pela fé em Cristo
Jesus, o Crucificado. O único meio eficaz do homem pecador estender seus
braços famintos por perdão é mediante a pregação do Evangelho, que vem
única e exclusivamente pela Escritura. Logo, é de fundamental importância, o
conhecimento conciso e o estudo metódico dos textos sagrados.
Cremos que ela é completa em sua revelação, uma vez que o advento da
encarnação do Verbo de Deus (Cristo) e a mensagem apostólica encerram o
cânon, ou seja, a literatura sagrada.

O próprio Senhor Jesus afirmou que as Escrituras dele testificam (Jo 5.39).
Outra vez, no Caminho de Emaús, Cristo expõe a dois de seus discípulos tudo
o que dele estava Escrito (Lc 24.32); e reunido com os os demais de seus
discípulos disse:

"​São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha
que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos
profetas e nos Salmos"​ (Lc 24:44).

Na sinagoga judaica, ao ler o livro de Isaías, o Senhor, da mesma forma, e na


mesma autoridade, afirmou que as Escrituras estavam se cumprindo nele,
naquele momento – referindo-se a Isaías 63. Ora, se o próprio Cristo afirma
que a Escritura (nesse caso, o Antigo Testamento) é a Palavra de Deus, então
devemos crer na total suficiência dela para vivermos para a glória de Deus.

Observe que, no texto de Gálatas, Paulo está afirmando categoricamente que


qualquer que pregar outro evangelho senão o que ele e os demais apóstolos
anunciavam, tal pessoa ou ser - no caso, até mesmo um anjo do céu - deve ser
considerado um maldito de Deus. Tal revelação do Evangelho encontra-se na
pessoa de Cristo, como declaram as Escrituras. Por isso, a importância de a
considerarmos totalmente infalível, inerrante e suficiente.

Toda a autoridade da Igreja deve estar sob ela.

Quando Paulo se dirige ao carcereiro pronto a cometer suicídio, após sua


pergunta desesperada "o que preciso fazer para ser salvo?", ele responde
prontamente: "​Crê no Senhor Jesus, e será salvo, tu e a tua casa"​ . Quem lê
apenas este versículo em Atos pensa ser demasiado simples ser salvo. Mas
não é. A afirmativa de Paulo não é simplista. Se olharmos frontalmente a capa
de um livro, não temos a dimensão exata do seu conteúdo e do seu número de
páginas. Quando viramos tal livro, sob determinada inclinação, de forma
longitudinal, conseguimos ter uma noção melhor do tamanho e do conteúdo
deste livro. Assim é a afirmativa de Paulo.

Se olharmos para essa afirmativa apenas "frontalmente", podemos imaginar


que tal afirmação é muito simplista. Mas, na realidade, existe toda uma
estrutura bíblica, um conhecimento denso e de entendimento restrito - uma
vez que apenas por intermédio do poder do Espírito Santo alguém pode
chegar ao pleno conhecimento das verdades bíblicas.

2. Somente Cristo.

O Antigo Testamento deve ser interpretado à luz do Novo, uma vez que Cristo
é a substância, ele é a própria Palavra, o Verbo de Deus. Todas as profecias,
todos os ritos, e os seus respectivos sacrifícios, apontam para a vida, morte e
ressurreição do Senhor Jesus. A cruz, portanto, é o Centro do Evangelho o
cerne da história da Redenção. O Novo Testamento é a revelação do Velho,
pois Cristo está nele. Mas, de forma alguma o Antigo deve ser desprezado,
uma vez que toda a Escritura (tota Scriptura) é a Palavra viva de Deus.

"​O qual se deu a si mesmo por nossos pecados"​ . O próprio Cristo se entregou,
morreu em nosso lugar. A preposição "por" aqui implica "em nome de"; ou
seja, o Senhor Jesus morreu por pessoas, individualmente.

Portanto, o Senhor Jesus Cristo, totalmente Deus, totalmente homem, veio


para morrer por nós, em "nosso nome", em nosso lugar. É um sacrifício
vicário e expiatório: vicário pois é substitutivo; expiatório pois levou sobre si
os pecados dos eleitos de Deus, aqueles quem o Pai lhe concedeu. Em sua
fraqueza, Cristo redime o seu povo, aqueles por quem Ele veio, selados desde
antes da fundação do mundo. Homem de dores, sabe o que é padecer.

Cristo Deus, o qual despojou os principados e as potestades e os expôs ao


ridículo, figura utilizada por Paulo de acontecimentos dos quais o povo estava
habituado na época: o exército inimigo de Roma entrava pelos portões da
cidade; homens feridos e semi nus; à frente do general do exército romano,
aclamado pelo povo, em roupante de triunfo, roupas adornadas; atrás do
general, uma pessoa falava o tempo todo os seus ouvidos: "Você é homem!";
por fim, o exército romano vitorioso, aclamado, todos com vestimentas de
gala, homens de guerra; feridos, mas gloriosos. Essa é a figura que expressa o
que Paulo está dizendo em Colossenses 2.15. Os inimigos de Deus despojados,
destruídos de uma vez por todas; humilhados; Cristo vindo à frente dos
eleitos (Christus Victor chamou um teólogo); glorioso; triunfante; e os eleitos
com ele.

Ele é o profeta perfeito, trouxe-nos a Palavra de Deus, sendo ele a própria


Palavra; o Verbo de Deus. Ele é o perfeito sacerdote, que intercede por nós
junto ao Pai e que ofereceu o sacrifício perfeito pelos pecados dos eleitos que o
Pai os deu. E Cristo é o nosso Rei que governa eternamente, pelos séculos dos
séculos, e juntamente com ele reinamos. Mas não nos esqueçamos nunca: ele
é o Rei soberano, ele é o Senhor, ele governa soberanamente de eternidade a
eternidade.

Ele é o Deus que se entregou pelos pecadores, dando a sua vida em resgate de
muitos. Como diz o texto, "para nos livrar do presente século mau". Paulo
aqui não está se referindo a tempo, mas ao mundo pecaminoso e perverso em
que estamos imersos - por enquanto. A esse sistema depravado e caído que
consome de aflição os eleitos e as criação, que por meio do Espírito Santo
gemem com dores de parto aguardando, com paciência, sua completa
glorificação. Vivemos ainda neste século, ainda estamos neste mundo, porém
já estamos ressuscitados com Cristo. Está consumado - tetelestai. Ainda que
vivamos por breve período no corpo desta morte, já fomos redimidos e
regenerados. Ainda não glorificados, somos santificados dia após dia pelo
poder do Espírito de Cristo, o Espírito Santo.

Logo, a vida perfeita, a morte expiatória e a ressurreição gloriosa dos mortos


do nosso Senhor Jesus Cisto são o centro gravitacional do Evangelho, ou seja,
o ponto de maior densidade, principal, o centro e o ápice d revelação da glória
de Deus. Uma vez que entendemos isso, compreendemos que o somente
Cristo á o autor e o consumador da nossa fé (Hb 12.2); não há nenhum outro
mediador entre Deus e os homens, senão exclusivamente Jesus Cristo,
homem (1 Tm 2.5); o próprio Senhor Jesus afirmou sobre si mesmo ser o
salvador, o único "caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por
mim" declarou ele.

3. Somente a Graça, Pela Fé Somente.

A graça de Deus não é apenas o seu favor imerecido. Isso também. A questão
é que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Portanto, não
merecemos o amor e a bondade divinos, mas merecemos ser justamente
condenados ao inferno. A vida eterna nos é proporcionada não porque
merecemos, mas como afirma o apóstolo neste texto aos gálatas, segundo a
vontade de Deus nosso Pai. Ele, o Pai, escolheu salvar alguns deste antes da
fundação do mundo por intermédio de sua boa, perfeita e agradável vontade.
Não há nenhuma outra explicação para a salvação. Não há absolutamente
nenhum mérito em nós. Não há nada que podemos realizar para
conquistarmos a salvação ou nos mantermos debaixo de sua graça.
A graça é o motivo pelo qual os eleitos de Deus, suas ovelhas, não serão
condenados no último dia. Por isso o pastor reformando John Newton
escreveu o mais regravado e cantado hino de todos os tempos, Maravilhosa
Graça (Amazing Grace). Somos totalmente depravados e avessos a Deus. Em
Romanos 5, Paulo vai afirmar que somos inimigos de Deus e o odiamos, de
fato. Não conseguimos alcançar nenhuma revelação da parte de Deus se ele
não quiser se manifestar a nós.

Como escreveu Joel R. Beeke: "​A graça é a bênção de Deus outorgada


espontaneamente a pecadores que merecem o mal. É uma bênção dada ao
custo dos sofrimentos e da morte de Cristo [solus Christus]. A graça é o amor
de Deus em Cristo colocado em ação. A graça é maior do que os nossos
pecados, nossas circunstâncias adversas ou nossas impossibilidades
humanas. A graça é o âmago da Bíblia e da nossa salvação​".

Paulo inicia a carta afirmando sua autoridade apostólica e declarando "graça e


paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo". Na bênção
apostólica, Paulo também diz "a graça do nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo". A graça pode somente ser concedida a nós pelo Deus Trino, por meio
da fé em Cristo Jesus.

Observe que a graça nos é outorgada mediante a fé somente. Então,


poderíamos afirmar: "A graça vem de Deus, mas é fé é nossa. Portanto,
devemos fazer a nossa parte para que recebamos a graça que vem de Deus".
Isso é até bonito, para quem desconhece completamente a verdade revelada
nas Santas Escrituras. Isso seria deturpar a verdade bíblica. E correríamos
seriamente o risco de nos tornarmos malditos de Deus ao afirmar que
poderíamos fazer algo que somos totalmente impossibilitarmos de realizar.
Essa frase é uma mentira, e não corresponde revelação da Palavra de Deus.
Quem assim crê, deve se arrepender de seus pecados e buscar a perdão de
Deus.

Pelo contrário, a Bíblia nos ensina que uma vez que somos totalmente
destituídos da glória de Deus, somos a ele alheios, não temos possibilidade
alguma de buscar o favor do Senhor. Estamos mortos espiritualmente em
nossos delitos e pecados (Efésios 2.1-3). Não podemos responder a Deus. Em
absolutamente nada.

A fé, assim como a graça, é um dom (um presente) de Deus. Isso está lá em
Efésios 2.8,9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie". Veja
que há segurança nessa afirmação de Paulo. Não há margem para dúvidas. A
graça somente, concedida pela fé somente, vem de Deus e é para a sua própria
glória. Ele escolheu salvar os seus desde antes da fundação do mundo, por sua
pura e livre graça. Se a graça não é livre, não é graça. Ela é fruto da livre e
espontânea vontade soberana de Deus e, portanto, não pode falhar, em
hipótese alguma. A graça somente, pela fé somente, é o ancoradouro do
Cristianismo bíblico.

Por meio da graça somente, pela fé somente, somos justificados em Cristo


somente. Ou seja, isso significa que apesar de sermos pecadores, toda a justiça
do Crucificado é imputada a nós. Sua vida perfeita, sem pecado, e sua morte
redentiva é imputada a nós, por livre graça. Alcançamos assim o favor do
Senhor, recebendo essa dádiva. Perceba que não há em nós justiça nenhuma.
Antes, a justiça com a qual somos aceitos pelo Pai vem do Filho.

A graça, assim, é recebida pela fé somente. O ato de fé é estender as mãos


completamente vazias a Deus e receber o Cristo crucificado e sua vida. Não há
mérito algum em estender as mãos, assim como não há mérito algum em um
mendigo que estende suas mãos para receber a doação de um alimento nas
ruas. O mérito é de quem doa. Por isso, somente Deus é glorificado. Ele é o
autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2). É por feio da fé em Cristo que a
justiça de Deus é-nos imputada, conforme enxergou Lutero em Romanos
1.16,17: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de
Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do
grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está
escrito: Mas o justo viverá pela fé".

A indevida interpretação do termo "viverá pela fé" levou à ruína da igreja


romana como instituição cristã. Paulo está afirmando aqui que, uma vez
mortos, não temos a fé; esta, concedida a nós pelo próprio Deus, faz-nos
aproximar do Crucificado de mãos vazias, confiando e crendo nele somente;
como resultado, por livre graça soberana, Deus nos regenera em Cristo,
instantaneamente; a imputação da justiça de Cristo em nós é única e eficaz; é
como se Deus, o Justo Juiz, batesse o martelo e carimbasse em nossa ficha
criminal: justificado; limpo; sem crime algum; inocente; em suma, a
justificação pela fé é uma antecipação do julgamento de Deus, dos últimos
dias, já; agora. Todos os eleitos são declarados livres e inocentes pela graça de
Deus, mediante a fé somente.

Dessa forma, quem está em Cristo, pode descansar e ter paz com Deus. Paz,
por saberem que estão plenamente justificados com Deus, pela mediação
única e exclusiva do Senhor Jesus Cristo, independentemente de obras.
Geralmente, as pessoas que professam Cristo e possuem dúvidas com relação
à sua justificação - e consequente salvação, estão atormentadas porque
olhando para si mesmas enxergar apenas imperfeição, desobediência e culpa.
Não podem agradar a Deus e julgam ser necessário talvez mais um período de
tempo para que se consertem com o Criador. Mas, essa não é a verdade
bíblica. Cristo morreu uma vez só, de uma vez por todas, pelos eleitos do Pai.
A esses é concedida a graça, mediante a fé. Ora, esse descanso vem
exatamente disso: quem fez tudo foi Deus.

Mas, em nenhum momento, tal verdade deve levar o cristão ao marasmo ou à


displicência. Pelo contrário, o salvo odeia o pecado e guerreará contra ele até
o final de sua jornada aqui. Uma vez que o Espírito Santo regenera o pecador,
e este torna-se crente, é automática a rejeição do pecado e a inconformidade
com este mundo. Vivemos, neste conflito do aqui e agora, contra a nossa
natureza em pecado e nossa justificação já realizada. A culpa foi embora, mas
o pecado permanece. Bem escreveu Lutero sobre essa tensão: "Somos
verdadeiramente e totalmente pecadores, com respeito a nós mesmos e ao
nosso primeiro nascimento. Inversamente, já que Cristo nos foi dado, somos
santos e justos totalmente. Então, de diferentes aspectos, somos considerados
justos e pecadores ao mesmo tempo".

Segundo ​João Calvino​​: "​Se honestamente considerarmos conosco mesmo o


quanto nosso pensamento é cego aos segredos celestiais de Deus e quanto o
nosso coração desconfia de todas as coisas, não duvidaremos que a fé
ultrapassa em muito toda força da nossa natureza e que ela é um dom único
e precioso de Deus​".

Como escreveu ​Lutero​​: "​Fé é uma confiança viva, inabalável na graça de


Deus, tão certa de si que ela não se importaria de morrer mil vezes"​ .

Uma vez que somos salvos somente pela maravilhosa graça de Deus,
exclusivamente pela fé, mediante o exclusivo mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem, a honra e a glória por tão frondoso e
maravilhoso milagre só podem ser expressas e dadas única e exclusivamente a
Deus.
4. Somente a Deus a Glória.

Por isso, solenemente declaramos: "​Somente a Deus a glória​"! O arminiano


não pode dizer "somente", uma vez que ele coopera com a sua salvação e se
esforça para mantê-la. Ele pode dizer a Deus seja a glória, mas não pode
afirmar "somente a Deus a glória". E, biblicamente falando, os arminianos
estão errados, e o entendimento reformado conduz ao que a Bíblia nos ensina
sobre a glória de Deus: ela é exclusiva e exaustiva em si mesma. O homem em
nada, absolutamente, pode contribuir para a sua salvação ou para a
manutenção dela.

Conforme a primeira pergunta do Catecismo Menor de Westminster, "​o fim


principal do homem é glorificar a Deus e alegrar-se nele para sempre"​ . John
Piper, em total consonância com essa resposta, afirmou que "Deus é mais
glorificado em nós quando somos mais satisfeitos nele". Ou seja, a glória de
Deus envolve o prazer da comunhão com os seus escolhidos. A sua glória não
são apenas louvores distantes. Em Deus, há plenitude de alegria e satisfação,
proporcionados em nós pelo poder do Espírito Santo. Isso não é uma utopia, é
uma realidade que deve e pode ser vivida e experimentada por todo e
qualquer cristão genuíno.

Tudo o que fora criado e determinado por Deus é para o louvor da sua glória:
a criação perfeita, o homem perfeito, a queda perfeita, a misericórdia perfeita,
a redenção perfeita, o reino perfeito; enfim, tudo o que podemos conhecer ou
assimilar tributa a Deus toda a glória.

Uma vez que compreendemos que pecamos contra Deus, rebelamo-nos contra
ele, e estamos totalmente destituídos de Sua glória e ainda assim ele escolheu
livre o soberanamente nos amar, segundo o beneplácito da sua boa vontade, e
nos redimiu, salvando-nos de sua própria ira e trazendo-nos em seus
graciosos braços de redenção, devemos viver uma vida que flua a glória de
Deus através de nós como um rio. Nada extravagante. Uma vida simples
centrada na glória de Deus.

Como disse João Calvino: "​A glória de Deus deve estar, para nós, acima da
nossa salvação​". Concordo plenamente com Calvino, uma vez que Deus é
glorifica em toda e qualquer circunstância: seja na salvação, seja na
condenação, seja até mesmo na ausência da criação. A glória que lhe é própria
pertence ao Senhor de eternidade a eternidade.

O resplendor da sua glória está refletido na própria criação. Quando olhamos


para o universo e sua vasta imensidão, isso nos dá um vislumbre de tão
infinita e incompreensível glória. Afinal, "os céus declaram a glória de Deus"
(Sl 19.1a). Mas não apenas nele, mas também em cada aspecto do criado. A
ciência hoje está tão avançada, e descobrimos coisas tão fantásticas sobre nós
mesmos e sobre o mundo, que todo e qualquer cientista do mundo deveria
erguer as suas mãos e dar glórias ao Senhor que os criou. Mas, infelizmente,
são levados pelos desejos corruptos dos seus próprios coração e não atribuem
a tudo a glória devida única e exclusivamente a Deus.

Por isso, é de vital importância levantarmos a bandeira do verdadeiro


Evangelho, ou seja, o Evangelho resgatado pelos reformadores, o qual anuncia
biblicamente os 5 solas referentes a salvação do homem pecador. Na
realidade, quando dizemos verdadeiro Evangelho, na verdade erramos, pois
conforme Paulo deixa bem claro em Gálatas, não existe outro evangelho,
senão o pregado por ele e os demais. Devemos abandonar toda a nossa prática
idolátrica, todo o culto antropocêntrico, toda reunião ambiciosa voltada para
os nossos interesses pessoais, e adorar aquele que é o único digno de toda
honra, toda a glória, todo o domínio, toda a majestade, pelos séculos dos
séculos.
Não é necessário muito especular sobre tão formosa glória, uma vez que as
Escrituras estão repletas de versos em honra e glória ao Senhor que as
soprou:

"​Dai ao SENHOR, ó filhos dos poderosos, dai ao SENHOR glória e força. Dai
ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da
santidade​" (Sl 29:1,2).

Façamos como Davi, ao declarar em 1 Cr 29.10-14: "​Por isso Davi louvou ao


Senhor na presença de toda a congregação; e disse Davi: Bendito és tu,
Senhor Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em eternidade. Tua é,
Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade;
porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu
te exaltaste por cabeça sobre todos. E riquezas e glória vêm de diante de ti, e
tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o
engrandecer e o dar força a tudo. Agora, pois, ó Deus nosso, graças te
damos, e louvamos o nome da tua glória. Porque quem sou eu, e quem é o
meu povo, para que pudéssemos oferecer voluntariamente coisas
semelhantes? Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos. Porque somos
estrangeiros diante de ti, e peregrinos como todos os nossos pais; como a
sombra são os nossos dias sobre a terra, e sem ti não há esperança. Senhor,
nosso Deus, toda esta abundância, que preparamos, para te edificar uma
casa ao teu santo nome, vem da tua mão, e é toda tua​".

5. Conclusão.

Diante dos fatos apresentado, chegamos a algumas conclusões urgentes e


inegociáveis:
1. O Evangelho de Deus é único. Está cravado nas páginas da Escritura com
sangue. É herança apostólica e profética. Jamais, repito, jamais
negligenciemos isso.

2. A reforma é o legado de Deus que perdura já por 500 anos, e que resgatou o
Evangelho bíblico, sustentando viva a Palavra de Deus por graça e
misericórdia por quase 2 mil anos de história da Igreja, o remanescente de
Deus.

3. Tais verdades são inegociáveis. São verdadeiros pilares que mantém a


Igreja de Deus em pé. Por meio delas pecadores têm sido convocados ao
arrependimento e ao perdão de seus pecados. Se qualquer um desses pilares é
abalado, toda a estrutura da doutrina da igreja o é, correndo sério perigo de
dar margem a heresias devastadoras, que afundaram e afundam ainda hoje
diversas igrejas no caos doutrinário.

4. A Palavra de Deus é o meio ordinário pelo qual Deus chama os seus eleitos
ao arrependimento, por meio do qual o Espírito Santo regenera corações e
santifica-os na verdade: a Palavra de Deus é a verdade. Logo, ela deve ser
tratada como ela é: o sopro do Criador; preservada; temida; estudada
diligentemente; proclamada por todas as nações, até a volta do Senhor.

5. Os pilares da fé devem moldar não apenas a igreja - instituição - mas toda a


nossa vida. Uma vez que compreendemos que a nossa vida é em si um culto a
Deus, então devemos nos esforçar para glorificá-lo por meio dela. Não é fácil.
Exige de nós renúncia, disciplina e santidade. Como escreveu o apóstolo
Paulo, devemos "desenvolver a nossa salvação com temor e tremor". Isso
implica estudo diligente, comunhão, fé, amor e paixão pelo Senhor Jesus
Cristo.
Que o Senhor nos conceda graça de sermos os reformadores do nosso tempo,
levando a mensagem do Evangelho e vivendo esse maravilhoso Evangelho,
para a glória de Deus.

"​Deus é mais glorificado em nós, quanto mais nos satisfazemos nele"​ - John
Piper.

Soli Deo Gloria!

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