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"Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por
Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos), E todos os
irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça e paz da parte de
Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, O qual se deu a si mesmo por
nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade
de Deus nosso Pai, Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém.
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns
que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda
que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora
de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema" (Gálatas 1:1-9).
Ao chegar na Idade Média, a então chamada Igreja Cristã era robusta, rica e
muito poderosa. Não havia separação entre o poder do Clero e o poder do
Império. Praticamente, a igreja romana ditava as normas e mandava em tudo.
A consequência disso foi longe de ser o sonho da redenção social
proporcionada entre aspas pelo Evangelho. O povo, em sua maioria, era
escravizado, analfabeto, pobre ao extremo, oprimido, não possuíam acesso a
Bíblia e eram duramente perseguidos, caso se erguesse contra o poder
imperial - ditado, repito, pelo alto clero romano, governado pelo papa.
Esse retorno às Escrituras, tirou o mundo das trevas da Idade Média. Como a
própria Bíblia afirma: "Lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho,
é a tua Palavra" (Sl 119.105). Essa luz iluminou o mundo submerso em uma
cultura imperialista totalmente depravada e escravocrata. Igrejas reformadas
foram instituídas, primeiramente, ao redor de toda a Europa, e
posteriormente por todo o mundo. Hoje, temos igrejas reformadas nos quatro
cantos da Terra.
Nós temos um legado que herdamos da Reforma. São 500 anos que poderiam
ter esmagado o movimento dos reformadores. Mas, por motivo de graça e
misericórdia, o Senhor do tempo vem preservando os pilares da fé que
sustentam a Igreja de Deus - ressalta-se o "i" maiúsculo, a noiva do Cordeiro
Santo, homens de toda tribo, língua, raça e nação, eleitos antes da fundação
do mundo para a glória do Criador.
Perceba que se qualquer pessoa atribui qualquer mérito a sua salvação, por
menor e insignificante que seja, estará roubando a glória de Deus. E isso é
gravíssimo!
1. Somente a Escritura.
Como podemos confiar que essa carta de Paulo aos Gálatas, por exemplo,
corresponde à viva Palavra de Deus, e por meio dela devemos nos guiar e
estabelecer os princípios de nossa vida cristã?
Não apenas o apóstolo Paulo, mas Pedro igualmente declara que os "homens
falaram da parte de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo" (2Pe 1.19-21).
Nesse sentido, Pedro nega que as Escrituras sejam apenas as interpretações
dos atos revelatórios de Deus que foram presenciados pelos autores. E em 2Pe
3.15,16 o apóstolo diz que os homens tendem a distorcer as Escrituras de
Paulo, para a sua própria destruição.
O próprio Senhor Jesus afirmou que as Escrituras dele testificam (Jo 5.39).
Outra vez, no Caminho de Emaús, Cristo expõe a dois de seus discípulos tudo
o que dele estava Escrito (Lc 24.32); e reunido com os os demais de seus
discípulos disse:
"São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha
que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos
profetas e nos Salmos" (Lc 24:44).
2. Somente Cristo.
O Antigo Testamento deve ser interpretado à luz do Novo, uma vez que Cristo
é a substância, ele é a própria Palavra, o Verbo de Deus. Todas as profecias,
todos os ritos, e os seus respectivos sacrifícios, apontam para a vida, morte e
ressurreição do Senhor Jesus. A cruz, portanto, é o Centro do Evangelho o
cerne da história da Redenção. O Novo Testamento é a revelação do Velho,
pois Cristo está nele. Mas, de forma alguma o Antigo deve ser desprezado,
uma vez que toda a Escritura (tota Scriptura) é a Palavra viva de Deus.
"O qual se deu a si mesmo por nossos pecados" . O próprio Cristo se entregou,
morreu em nosso lugar. A preposição "por" aqui implica "em nome de"; ou
seja, o Senhor Jesus morreu por pessoas, individualmente.
Ele é o Deus que se entregou pelos pecadores, dando a sua vida em resgate de
muitos. Como diz o texto, "para nos livrar do presente século mau". Paulo
aqui não está se referindo a tempo, mas ao mundo pecaminoso e perverso em
que estamos imersos - por enquanto. A esse sistema depravado e caído que
consome de aflição os eleitos e as criação, que por meio do Espírito Santo
gemem com dores de parto aguardando, com paciência, sua completa
glorificação. Vivemos ainda neste século, ainda estamos neste mundo, porém
já estamos ressuscitados com Cristo. Está consumado - tetelestai. Ainda que
vivamos por breve período no corpo desta morte, já fomos redimidos e
regenerados. Ainda não glorificados, somos santificados dia após dia pelo
poder do Espírito de Cristo, o Espírito Santo.
A graça de Deus não é apenas o seu favor imerecido. Isso também. A questão
é que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Portanto, não
merecemos o amor e a bondade divinos, mas merecemos ser justamente
condenados ao inferno. A vida eterna nos é proporcionada não porque
merecemos, mas como afirma o apóstolo neste texto aos gálatas, segundo a
vontade de Deus nosso Pai. Ele, o Pai, escolheu salvar alguns deste antes da
fundação do mundo por intermédio de sua boa, perfeita e agradável vontade.
Não há nenhuma outra explicação para a salvação. Não há absolutamente
nenhum mérito em nós. Não há nada que podemos realizar para
conquistarmos a salvação ou nos mantermos debaixo de sua graça.
A graça é o motivo pelo qual os eleitos de Deus, suas ovelhas, não serão
condenados no último dia. Por isso o pastor reformando John Newton
escreveu o mais regravado e cantado hino de todos os tempos, Maravilhosa
Graça (Amazing Grace). Somos totalmente depravados e avessos a Deus. Em
Romanos 5, Paulo vai afirmar que somos inimigos de Deus e o odiamos, de
fato. Não conseguimos alcançar nenhuma revelação da parte de Deus se ele
não quiser se manifestar a nós.
Pelo contrário, a Bíblia nos ensina que uma vez que somos totalmente
destituídos da glória de Deus, somos a ele alheios, não temos possibilidade
alguma de buscar o favor do Senhor. Estamos mortos espiritualmente em
nossos delitos e pecados (Efésios 2.1-3). Não podemos responder a Deus. Em
absolutamente nada.
A fé, assim como a graça, é um dom (um presente) de Deus. Isso está lá em
Efésios 2.8,9: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de
vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie". Veja
que há segurança nessa afirmação de Paulo. Não há margem para dúvidas. A
graça somente, concedida pela fé somente, vem de Deus e é para a sua própria
glória. Ele escolheu salvar os seus desde antes da fundação do mundo, por sua
pura e livre graça. Se a graça não é livre, não é graça. Ela é fruto da livre e
espontânea vontade soberana de Deus e, portanto, não pode falhar, em
hipótese alguma. A graça somente, pela fé somente, é o ancoradouro do
Cristianismo bíblico.
Dessa forma, quem está em Cristo, pode descansar e ter paz com Deus. Paz,
por saberem que estão plenamente justificados com Deus, pela mediação
única e exclusiva do Senhor Jesus Cristo, independentemente de obras.
Geralmente, as pessoas que professam Cristo e possuem dúvidas com relação
à sua justificação - e consequente salvação, estão atormentadas porque
olhando para si mesmas enxergar apenas imperfeição, desobediência e culpa.
Não podem agradar a Deus e julgam ser necessário talvez mais um período de
tempo para que se consertem com o Criador. Mas, essa não é a verdade
bíblica. Cristo morreu uma vez só, de uma vez por todas, pelos eleitos do Pai.
A esses é concedida a graça, mediante a fé. Ora, esse descanso vem
exatamente disso: quem fez tudo foi Deus.
Uma vez que somos salvos somente pela maravilhosa graça de Deus,
exclusivamente pela fé, mediante o exclusivo mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem, a honra e a glória por tão frondoso e
maravilhoso milagre só podem ser expressas e dadas única e exclusivamente a
Deus.
4. Somente a Deus a Glória.
Tudo o que fora criado e determinado por Deus é para o louvor da sua glória:
a criação perfeita, o homem perfeito, a queda perfeita, a misericórdia perfeita,
a redenção perfeita, o reino perfeito; enfim, tudo o que podemos conhecer ou
assimilar tributa a Deus toda a glória.
Uma vez que compreendemos que pecamos contra Deus, rebelamo-nos contra
ele, e estamos totalmente destituídos de Sua glória e ainda assim ele escolheu
livre o soberanamente nos amar, segundo o beneplácito da sua boa vontade, e
nos redimiu, salvando-nos de sua própria ira e trazendo-nos em seus
graciosos braços de redenção, devemos viver uma vida que flua a glória de
Deus através de nós como um rio. Nada extravagante. Uma vida simples
centrada na glória de Deus.
Como disse João Calvino: "A glória de Deus deve estar, para nós, acima da
nossa salvação". Concordo plenamente com Calvino, uma vez que Deus é
glorifica em toda e qualquer circunstância: seja na salvação, seja na
condenação, seja até mesmo na ausência da criação. A glória que lhe é própria
pertence ao Senhor de eternidade a eternidade.
"Dai ao SENHOR, ó filhos dos poderosos, dai ao SENHOR glória e força. Dai
ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da
santidade" (Sl 29:1,2).
5. Conclusão.
2. A reforma é o legado de Deus que perdura já por 500 anos, e que resgatou o
Evangelho bíblico, sustentando viva a Palavra de Deus por graça e
misericórdia por quase 2 mil anos de história da Igreja, o remanescente de
Deus.
4. A Palavra de Deus é o meio ordinário pelo qual Deus chama os seus eleitos
ao arrependimento, por meio do qual o Espírito Santo regenera corações e
santifica-os na verdade: a Palavra de Deus é a verdade. Logo, ela deve ser
tratada como ela é: o sopro do Criador; preservada; temida; estudada
diligentemente; proclamada por todas as nações, até a volta do Senhor.
"Deus é mais glorificado em nós, quanto mais nos satisfazemos nele" - John
Piper.