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O Ente e a essência, de Tomás de Aquino

Tomás de Aquino foi um filósofo e teólogo cristão do século XIII, período de grande
produtividade da filosofia e da teologia não só pelo conhecimento das obras “Física” e “Metafísica”
de Aristóteles, mas também pela criação das universidades. A obra “O ente e a essência” é uma obra
de juventude e, como quis o próprio Tomás de Aquino, é um manual introdutório à obra
“Metafísica”, de Aristóteles. O objetivo de Tomás de Aquino nesta obra consiste em definir o ente e
a essência, que são princípios básicos para o conhecimento humano da realidade, entendendo de
que maneira eles se relacionam com as noções lógicas (gênero, espécie e diferença) e de que
maneira eles são encontrados nos diversos entes. Assim como Aristóteles, Tomás de Aquino
considera a metafísica (ou “Filosofia Primeira”) a ciência do “ente enquanto ente” e estuda,
portanto, a natureza do ente.
Retomando Aristóteles, Tomás de Aquino afirma que “o ente por si se diz de dois modos”:
um dos modos de se dizer o ente é “dividido por dez gêneros”, o outro modo de se dizer o ente é
“significando a verdade das proposições”. Deste segundo modo, tudo aquilo que forma uma
proposição afirmativa pode ser dito ente, mesmo que a proposição não diz nada sobre o que certa
coisa é, ou seja, até as negações a as privações são modos de dizer o ente. Este modo de dizer o ente
carece de essência, pois apenas os seres reais a possuem. Tomás de Aquino o chama de “substância
segunda”. Do primeiro modo, diferente do segundo, só pode ser dito ente aquilo que diz algo sobre
certa coisa. Desta forma, o nome de “essência” deriva de “ente” dito deste primeiro modo, isto é, a
essência da coisa é o ente dito do primeiro modo. Tomás de Aquino o chama de “substância
primeira”. Percebe-se, portanto, que o ente não possui um único sentido, pois cada um apresenta um
significado próprio e, por isso, nenhuma ocorrência de ente diz respeito a um mesmo significado.
Entretanto, sendo os entes ditos do primeiro modo colocados em diversos gêneros, é necessário,
portanto, que a essência seja algo de comum à natureza de todos os entes.
A inteligência possui um movimento rumo aos entes reais e os concebe individualmente,
formando, a partir da essência de cada um dos entes, um conceito de cada um deles. Tomas Aquino
chama isso de “primeira intenção”. À capacidade da razão humana de abstrair o que há de comum
na essência de cada um destes entes particulares (como, por exemplo, Sócrates) e formar conceitos
universais (como, por exemplo, homem) e também de encaixá-los em intenções lógicas (gênero,
espécie e diferença), Tomas de Aquino chama de “segunda intenção”.
Desta forma, a “substância segunda” é posterior à “substância primeira”, pois o ente
enquanto proposição é uma abstração do ente enquanto essência, pois o intelecto concebe o ente a
partir de uma substância primeira e, depois de concebido, dá o nome de substância segunda. As
substâncias primeiras, devido à sua qualidade de essência, se subdividem em substâncias simples e
compostas. Nestas duas, na estrutura interna do ente, são identificados três elementos fundamentais:
essência, subsistência e existência. Ambos diferentes, mas inseparáveis (com a exceção de
Deus/criador).
A essência da substância composta compreende matéria e forma. A matéria por si mesma
não é cognoscível, pois ela é apenas potência e, por isso, precisa de algo que a põe em ato, que nada
mais é do que a forma. Esta, também, por si só, não pode subsistir em uma substância composta.
Por exemplo, Sócrates. Este é uma substância composta, formada de corpo (matéria) e alma
(forma). A essência de Sócrates não é só a sua alma (forma), tampouco apenas o seu corpo
(matéria), mas ambos encerram a essência de Sócrates, que é composta. É importante observar que
matéria e forma não é algo adicionado à essência, como se fosse algo de fora do ser que a ele foi
acrescentado (como são os acidentes em relação à substância) e, por isso, a essência da substância
composta é singular, apesar de ser constituída de dois princípios (matéria e forma).
As substâncias segundas, como já foi dito, carecem de realidade e, portanto, não podem ser
pensadas fisicamente, apenas metafisicamente. As substâncias segundas referem-se aos conceitos
abstraídos de uma substância primeira particularizada. Por exemplo, Sócrates (que é uma substância
primeira particularizada) é um animal racional. “Animal” e “racional” são conceitos universais e
apenas o que é em si universal pode ser um predicável. Desta forma, “animal” e “racional”
consistem naquilo que se pode dizer de Sócrates, isto é, os seus predicáveis.
As noções lógicas (gênero, espécie e diferença) estão relacionadas com o ente. A “árvore de
Porfírio” ajuda a entender de que maneira se dá essa relação. Eis uma descrição dela. O gênero
supremo da “árvore de Porfírio” é a “substância”. Esta se diferencia em “corporal” e “incorporal”, a
substância corporal é o “corpo”. Este se diferencia em “animado” e “inanimado”. O corpo animado
é o “vivente”, este se diferencia em “sensível” e “insensível”. O vivente sensível é o “animal”, este
se diferencia em “racional” e “irracional”. O animal racional é o “homem”.
Assim, o “homem” é um “animal” “racional”. “Animal” é o gênero, e este pode ser
“racional” ou “irracional”. A estas chama-se “diferenças”, pois são o que diferencia o gênero
“animal”, pois existem animais racionais e animais irracionais. O gênero “animal” acrescido da
diferença “racional” (conceito da diferença) é o “homem”. Portanto, “homem” é um terceiro
conceito formado de dois outros (“animal” e “racional”), e diz respeito à espécie, pois está no final
da árvore. Depois da espécie, está o último sujeito da predicação, que são as essências individuais e,
portanto, entes ditos do primeiro modo (dividido por dez gêneros). Por exemplo, Sócrates, Platão,
Artistóteles etc.
A essência do gênero e a essência da espécie são abstratas e existem objetivamente apenas
no ente dito do segundo modo (enquanto verdade das proposições). O ente “animal” e o ente
“homem” não são entes ditos do primeiro modo (divididos por dez gêneros). Não existe um animal
universal sensível (substância composta: matéria + forma) e nem um homem universal sensível,
apenas um conceito universal de animal (substância simples: forma) e um conceito universal de
homem (substância simples: forma). Já a essência individual é algo particular de certo indivíduo,
mesmo que de Sócrates, por exemplo, se abstraia elementos comuns aos indivíduos da mesma
espécie. Diferente das essências de gênero e de espécie, a essência individual se dá enquanto ente
concreto, isto é, o ente dito de primeiro modo (enquanto dividido por dez gêneros).
Voltando à substância, que é o gênero supremo da “árvore de Porfírio”, além das substâncias
corporais, existem também as substâncias incorporais. Este tipo se substância possui apenas a
forma, diferente da substância corporal, que possui forma e matéria. As substâncias inteligíveis,
devido à sua capacidade de intelecção, não podem possuir matéria corpórea, pois esta restringe a
capacidade de inteligibilidade, uma vez que a inteligibilidade das formas se dá apenas quando elas
estão abstraídas de tudo o que é matéria. A forma, portanto, já é por si mesma inteligível em ato,
não necessita de uma matéria para se atualizar, diferente da substância composta, que possui
matéria e necessita de uma forma para atualizar esta matéria. A substância incorporal possui
somente forma e, portanto, sua essência é simples.
A alma e a inteligência se diferenciam de Deus, apesar de ambas serem substâncias simples.
Essa diferença é determinada pela questão da causalidade. Todas as coisas que se relacionam entre
si possuem uma relação de causa e efeito. Aquela coisa que é causa de outra possui o ser
independente da outra, entretanto, a outra só possui ser graças à primeira coisa. Por exemplo, a
matéria sem forma não é um ser, pois é a forma que confere ser à matéria. Por isso, a matéria não
existe sem forma, mas a forma existe sem a matéria. A forma enquanto forma não depende da
matéria, mas existem formas que não existem senão na matéria, isso ocorre porque elas estão
distantes do primeiro princípio, que é o ato primeiro e puro. Por exemplo, a forma de uma mesa, ou
a forma de um prédio. Por outro lado, as formas que estão mais próximas do primeiro princípio
subsistem por si, como é o caso das inteligências. Estas, portanto, possuem ser e forma e a sua
essência não é distinta de sua forma.
Entretanto, forma e ser se diferem. Toda forma necessita de uma causa eficiente para
atualizar o seu ser. Entretanto, esta relação não pode se estender ao infinito, pois seria absurdo. Por
isso, é necessário que haja uma realidade que seja a causa do ser de todas as outras coisas, e todas
estas outras coisas teriam a causa do seu ser a partir do primeiro ente. Esta causa primeira é Deus.
Desta forma, o ser das inteligências está em potência e será atualizado por Deus, ou seja, nas
inteligências existe potência e ato.
A essência da inteligência é a própria inteligência, isto é, aquilo que ela é, que é algo distinto
do seu ser, pois este é aquilo pelo qual ela subsiste na natureza, isto é, a sua atualização por Deus.
Desta forma, nas inteligências, essência e ser se diferenciam e, pelo fato de receberem o seu ser,
este é limitado e finito. Por outro lado, a sua essência é absoluta e infinita, pois não necessita de
matéria para se atualizar.
Por outro lado, Deus é uma realidade cuja essência é o seu próprio ser, isto é, a essência não
se diferencia do seu ser. Por isso, não participa de nenhum gênero ou espécie, pois tudo que está no
gênero deve possuir uma essência, além do seu ser. Sendo Deus tão somente ser, é de uma condição
tal que nada lhe pode ser adicionado, pois não lhe falta nenhuma perfeição e grandeza, pois possui
todas as perfeições que se encontra em cada um dos gêneros e de maneira mais excelente.

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