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E isto se soma ao problema que já se tornou crônico, mas que está chegando à
sua "hora da verdade" - o dos Municípios inviáveis.
Ora, com esses números, com que população economicamente ativa podem
contar esses Municípios? E assustadoramente mínimo será o número de
contribuintes. À toda evidência não conseguirão produzir atividade econômica
suficiente, muitas vezes não gerando receitas sequer para cobrir o custo da
estrutura político-administrativa, quanto mais para a prestação de serviços
essenciais à população, no campo da educação, saúde, transporte, assistência
social e outros serviços públicos que os munícipes esperam do seu governo
local. Ficam na dependência de repasses de verbas estaduais e federais.
O fato é que hoje nos deparamos com várias centenas de municípios, em todo
o país, quase absolutamente inviáveis. A solução, ainda que dolorosa, seria
voltar à condição anterior, a fusão. Não é auspicioso, nem agradável chegou a
esta conclusão, mas parece que se caminha nessa direção, a menos que se
encontre solução adequada para aumentar a arrecadação municipal, conter os
gastos e obter o equilíbrio das contas públicas.
Não somos contra a criação ou manutenção de municípios, mas estes têm que
caminhar com os seus próprios recursos - não podendo aqueles repasses
constituir o seu suporte financeiro principal. Precisa gerar receitas próprias e
adequar suas despesas à capacidade de arrecadar.
Não posso deixar de citar três fatos recentemente noticiados por órgãos da
Imprensa sobre a questão das receitas municipais.
Não importa que o total da dívida perdoada seja de 120 mil reais e que ficaria
mais onerosa a cobrança judicial. O que assusta é que se tenha deixado
chegar a este ponto, desde 1994. Mas a notícia é mais preocupante, porque
procura-se justificar que o valor anistiado de 120 mil reais é pequeno perto do
total da dívida ativa (tributos não pagos pelos contribuintes) que é de 15
milhões de reais. É este valor - e ter-se chegado a ele - o que mais assusta! E
ainda não é tudo! Fica-se sabendo que o valor anual do ISS atualmente pago
por advogado é de dois reais e quarenta centavos, e que um cabeleireiro
pagava quase vinte vezes mais.
Mas há também alguma luz no fim do túnel: diversas medidas tributárias estão
sendo tomadas, haverá um aumento de 10% no IPTU, reestruturação do ISS,
extinção do desconto de 60% do IPTU dos contribuintes que moram no próprio
imóvel (embora deva observar que países desenvolvidos adotam esse IPTU
diferenciado, menor para o imóvel ocupado pelo próprio dono e maior para o
alugado), fim da isenção desse imposto para os aposentados que têm mais de
uma casa. Parece que Franca está agora no caminho certo, corrigindo
injustificáveis anomalias.
O mesmo jornal traz notícia sobre São José do Rio Preto, pela qual se fica
sabendo que o IPTU, a partir de 1999, terá valor mínimo de 120 reais, quando,
atualmente, existem contribuintes que pagam entre 20 e 40 reais. A planta
genérica de valores apresenta graves distorções, como, por exemplo, valores
venais muito próximos, em bairros nobres e na periferia da cidade. O
Secretário de Planejamento, que se baseia em estudos de mercado pela
Associação Regional dos Administradores de Imóveis, declara que há
atualmente uma desatualização de pelo menos 15 anos entre o valor venal
considerado para cálculo do imposto e o valor real do imóvel. Basta o fato, não
me parecendo necessário acrescentar qualquer comentário!
Nesta matéria é preciso cautela, pois tal receita dificilmente poderá atender
outras despesas que não as exclusivamente permitidas pelo Código, onde não
se admite, por exemplo, as despesas com obras públicas, nem mesmo viárias
e outras.
Aqui ficam, pois, diversas questões para reflexão por parte de governantes,
parlamentares e administradores públicos.