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2010/2011
MUSICOTERAPIA
COM A PESSOA IDOSA
Introdução 3
Aplicação da Musicoterapia 8
Cuidados e Precauções 9
Na Doença de Alzheimer 10
Na Doença de Parkinson 10
Leituras Sugeridas 13
Associações em Portugal 14
Conclusão 15
Referências Bibliográficas 16
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Introdução
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Musicoterapia – Contextualização e Definição
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Citando ainda um dos primeiros professores de musicoterapia da Universidade
do Kansas, Thayer Ghaston em 1957 cit. in. Blasco, et al., 2002, sugere que “a música é
a ciência ou a arte de reunir combinações de tons de forma organizada e estruturada
que depende da relação das suas diversas componentes (ritmo, melodia e harmonia) e
que a terapia através da música tem de considerar como pode a música ser utilizada
para que ocorram transformações nas pessoas que a escutam ou executam”.
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um médico, mas muitos outros autores psicodinâmicos e musicoterapeutas que
trabalham na área da educação especial contestam esta ideia defendendo que a música
pode muitas vezes constituir um valioso instrumento de diagnóstico em situações como
avaliação do nível de desenvolvimento de uma criança ou na compreensão dos sintomas
do paciente através da análise das improvisações (Ruud, 1990).
A música tem características específicas que induzem no indivíduo respostas ao
nível fisiológico, neurológico e psico-emocional. As respostas ao nível fisiológico
relacionam-se com a frequência cardíaca, tensão muscular, sudorese, secreção
hormonal, frequência respiratória, enquanto ao nível neurológico as respostas
relacionam-se com a excitação das diferentes áreas do córtex cerebral e do sistema
límbico, sistema nervoso autónomo e cerebelo. Relativamente às respostas psico-
emocionais a música interfere na atenção, motivação, comunicação, grau de
participação em actividades e muitas outras (Padilha, 2008).
Podemos destacar outros efeitos psicológicos da música no indivíduo,
importantes para a sua utilização como método terapêutico, como o facto despertar ou
evocar qualquer tipo de emoções; estimular a imaginação e a criatividade; funcionar
como fonte de prazer semelhante a um jogo devido à constante variação dos sons
musicais; ajudar a desenrolar o sentido de ordem e análise. A música tem um papel
importante, pois facilita a aprendizagem devido ao facto de activar um grande número
de neurónios.
A música tem ainda outro efeito importante de ser referido, o efeito social. Os
efeitos sociais provocados pela música nos indivíduos referem-se entre outros, à ajuda
de coesão grupal e de expressão nos grupos, visto a música ter um importante papel de
socialização (Blasco, et al., 2002).
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estimulada e estimula o pensamento e leva a reflectir sobre a situação de vida de uma
pessoa. (Padilha, 2008).
Existem muitas outras funções da música na intervenção terapêutica, tornando
por isso a musicoterapia um ramo tão importante da medicina e da psicologia. Pode-se
destacar como principais funções da musicoterapia as seguintes:
Fazer pesquisas sobre a relação do ser humano com os sons para aplicar métodos
terapêuticos;
Restabelecer o equilíbrio físico, psicológico e social do indivíduo através da
música;
Articular elementos do conhecimento científico à prática sonora e musical e às
práticas sociais;
Realizar tratamento grupal e individual utilizando procedimentos
musicoterapêuticos;
Utilizar instrumentos musicais, cantos e ruídos para tratar portadores de
distúrbios da fala e da audição ou de deficientes físicos e mentais;
Trabalhar com clientes com dificuldades de aprendizagem e com dependência
química, entre muitas outras.
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executa o tratamento, elabora-se a documentação e mais tarde a finalização do
tratamento. (Padilha, 2008)
Poder-se-á caracterizar a actuação do musicoterapeuta por etapas de acções. As
acções dos musicoterapeutas passam por efectuar um relaxamento, um aquecimento e
apresentar propostas de actividades. O relaxamento é importante pois diminui a tensão
corporal e desta forma o indivíduo está mais apto a entrar nas propostas que lhe são
sugeridas. A fase do aquecimento é também importante na medida em que prepara o
indivíduo fisicamente para a etapa seguinte que é a de propor actividades ao(s)
participante(s). Estas duas primeiras fases de actuação não necessitam obrigatoriamente
de ser acompanhadas por música, o musicoterapeuta decide como encaminhar o
relaxamento e o aquecimento, mas caso decida colocar música, esta deverá respeitar os
seus objectivos, no sentido de que músicas com letra poderão levar a efectuar
associações que não fazem parte dos seus objectivos. Na fase em que propõe uma
actividade, o musicoterapeuta poderá fazê- lo verbalmente ou mesmo através de música,
dos seus ritmos, melodias ou mesmo das letras das canções, tudo isto deverá ser
encaminhado segundo os objectivos específicos que o musicoterapeuta tem
relativamente a essa proposta (Barcellos, 2006).
Aplicação da Musicoterapia
A musicoterapia possui um grande campo de actuação podendo ser usada desde
crianças a idosos. Alguns estudos mostram que inclusive será benéfico o seu uso na
durante a gravidez, pois consideram que o feto sendo estimulado pode nascer com uma
maior capacidade de desenvolver o seu potencial. (Padilha, 2008)
Segundo Padilha, (2008) existem vários estudos que mostram os efeitos
terapêuticos da música em várias populações, em paíse s como os Estados Unidos,
França, Alemanha, Noruega, Inglaterra, Itália e Argentina.
Este tipo de terapia tem sido destacada como bastante positiva como tratamento
complementar, com portadores de deficiências físicas como a paralisia e distrofia
muscular progressiva; deficiências sensoriais (visual e auditiva) e as síndromes de
etiologia genética (Down, Turner, e Rett). Outros Distúrbios como a esquizofrenia,
Autismo, Depressão, Perturbação Obsessivo-compulsiva, também podem beneficiar
com este tipo de tratamento. (Padilha, 2008)
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Cuidados e Precauções
O tipo de música usada na Musicoterapia deve ser cuidadosamente seleccionado.
Por exemplo, a música electrónica, pode ter efeitos sedativos, e noutros casos em
deficiências mentais pode ser bastante alucinogénio. (Padilha, 2008)
Da mesma forma na aplicação, a prática vocal, instrumental ou de movimento
deve ser continuam nas pode produzir desequilíbrios, é por isso recomendável que não
se submeta a pessoa a exercícios que ultrapassem as suas capacidades, ou caso contrário
poderá produzir ansiedade em vez de ser terapêutico. (Padilha, 2008)
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enriquecer e ampliar a existência, dar liberdade, estabilidade, organização e foco”.
(Sacks, 2007, pp. 320).
Na Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência nas pessoas idosas
que compromete fundamentalmente as áreas do cérebro responsáveis pela memória,
pensamento e linguagem. Numa fase inicial ocorre a perda lenta e gradual da memória
recente, e a sua evolução leva, portanto, a um comprometimento cognitivo (agnosia),
motor (apraxia) e linguístico (afasia).
Devido a estas alterações, a pessoa idosa portadora desta doença pode sofrer
estados depressivos e de desinteresse que se podem caracterizar pela perda da
capacidade de interacção no meio social. A musicoterapia oferece ao idoso a
oportunidade de convívio e interacção social, dando- lhe a possibilidade de se expressar
e comunicar, através das canções, movimentos e percussão em conjunto (Cunha, 1999).
Para os idosos com esta condição, há uma maior necessidade de aproximação
com o musicoterapeuta, o toque e o contacto visual podem incentivá- lo para a
actividade, tendo o terapeuta que ter em atenção que deve utilizar frases curtas e
precisas, evitando divagações. O musicoterapeuta deve demonstrar o que diz para
facilitar a compreensão, sendo importante, especialmente em estados mais avançados,
que se foque mais na comunicação não- verbal, já que a verbal se vai tornando cada vez
mais difícil (Cunha, 1999).
Nesta intervenção deve-se utilizar também um repertório musical significativo
para o idoso, numa tentativa de estimular a memória e a produção de reminiscências
(Cunha, 1999).
Portanto a musicoterapia neste contexto visa à reorganização da estrutura do
pensamento, à diminuição dos níveis de delírio e confusão mental e à diminuição do
isolamento social e afectivo.
Na Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é das doenças neurológicas mais comuns do sistema
nervoso central, comprometendo o sistema motor, originando tremores nas mãos, pés e
corpo, rigidez muscular, acinesia (incapacidade para se mover) e bradicinesia
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(lentificação dos movimentos voluntários), alterações posturais, na fala e escrita,
desequilíbrio, incontinência, etc. (Lodovici Neto, 2006).
A musicoterapia auxilia o doente de Parkinson a orientar-se, relaxar (nos casos
onde se sente inseguro ou ansioso), expressar-se melhor, potencializar as funções físicas
e mentais com problemas, e reforçar a autonomia pessoal (Lodovici Neto, 2006).
Como no tópico supra-referido, aqui também se aconselha a utilização de um
repertório musical conhecido pelo paciente, uma vez que as músicas que estiveram
presentes na sua vida vão- lhe trazer uma renovação que lhe vai favorecer na
recomposição do seu corpo e espírito. A música ultrapassa as fronteiras em função do
seu reforço estruturador, disciplinador e, igualmente, na comunicação e expressão, na
criatividade e no prazer. Através dela, o indivíduo pode transmitir os seus sentimentos
nos momentos de maior dificuldade verbal, iniciando-se um processo de compreensão e
reelaboração das emoções, manifestado por movimentos, canto, emissão de sons,
composição instrumental, improvisações, poesias, etc.; cabe ao musicoterapeuta
descodificar tais representações junto da pessoa em causa (Souza, 1997, cit in Lodo vici
Neto, 2006).
O neurologista Sacks no seu livro “Tempo de Despertar” (2002) assinala os
efeitos benéficos que a música tem na pessoas idosas portadoras desta doença: “De
longe o melhor tratamento para as suas crises, era a música, cujos efeitos eram quase
sobrenaturais. (…) com o som de música vindo de um rádio ou gramofone,
desapareciam por completo todos esses fenómenos obstrutivos-explosivos, substituídos
por uma feliz descontracção e fluxo de movimentos (…)” (Sacks, 2002, pp. 93),
verificando que, com a música adequada e consonante com o gosto do paciente, seria
possível controlar os sintomas característicos desta doença.
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Trata-se de um conceito amplo e complexo, que engloba a saúde física, o estado
psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças pessoais e a
relação com as características do meio ambiente (OMS, 1998).
Neste sentido a qualidade de vida reflecte a percepção que os indíviduos têm de
que as suas necessidades estão a ser satisfeitas ou, ainda, que lhe estão a ser negadas
oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, independentemente do seu
estado de saúde fisico ou das condições sociais e económicas (OMS, 1998).
Neste seguimento, o modelo de Lawton (1991) contempla os domínios da qua-
lidade de vida apresentados pelo grupo de estudos de qualidade de vida da Organização
Mundial de Saúde (OMS) , o Grupo WHOQOL- World Health Organization Quality of
Life (2000), que são o domínio físico, social, psicológico e ambiental.
Composto por quatro dimensões, competência comportamental, condições
ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar subjectivo do idoso, este modelo
propõe avaliar todos os aspectos ambientais, sociais e de saúde que se inter-relacionam
para contribuir para uma melhor qualidade de vida (Neri, 2001).
Assim, a competência comportamental refere-se ao desempenho do indivíduo
no seu quotidiano e na gestão da saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento
social e utilização do tempo (Lawton, 1991).
A dimensão das condições ambientais refere-se a factores objectivos, como por
exemplo, as condições económicas e do ambiente natural. Este domínio tem relação
directa com a competência comportamental uma vez que actua como facilitador ou
como obstáculo no desempenho de actividades do quotidiano. Dessa forma, o ambiente
deve ser compatível com as competências do idoso, compensando perdas, prevenindo
acidentes, fornecendo estímulos e desafios e promovendo autonomia e independência
(Neri, 2001).
A dimensão qualidade de vida percebida refere-se à avaliação subjectiva que o
indivíduo faz da sua competência comportamental, a partir dos seus próprios
parâmetros. Aspectos como a saúde percebida, alterações cognitivas percebidas e o
senso de auto-eficácia são exemplos relacionados com este domínio (Lawton, 1991).
O último domínio, o bem-estar subjectivo, reflecte a avaliação da pessoa acerca
do conjunto e das relações entre os domínios anteriores. Trata-se de um constructo que
inclui uma componente cognitiva, referente à avaliação da pessoa acerca de sua vida
como um todo ou de seus diversos domínios, e uma componente emocional, afectiva,
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associados aos valores positivos (prazer) e negativos (desprazer) atribuídos à vida, e ao
equilíbrio entre eles. (Lawton, 1991; Neri, 2001).
A exposição sobre todos estes conceitos e condições de vida mostra que as quatro
dimensões deste modelo de qualidade de vida na velhice (Lawton, 1991) estão
fortemente minadas na vida do idoso, por variadas razões.
Pretende-se com a Musicoterapia melhorar a qualidade de vida, resgatando a
identidade social e individual, estimulando a autonomia, a independência e a elevação
da auto-estima, trabalhar as relações intra e interpessoais no grupo, principalmente
através do resgate da memória autobiográfica, entre outros benefícios que possam ser
retirados desta prática terapêutica (Neri, 2001).
A musicoterapia tem um grande potencial na manutenção da qualidade de vida do
idoso, no contexto preventivo e de reabilitação, visto que permite ao ser humano entrar
em contacto com as suas emoções através de algo tão profundo e comum na sua vida, a
música e todo o seu contexto.
Leituras Sugeridas:
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Artigos interessantes disponíveis na internet:
http://saude.sapo.pt/noticias/saude-medicina/musicoterapia-ajuda-pessoas-com-
alzheimer.html
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=336
http://bemtratar.com/artigos/musicoterapia-para-corpo- mente-sa
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=337924&visual=26
http://www.meloteca.com/musica-na- idade-senior.htm
Associações em Portugal:
Website:http://www.musicoterapia.com.sapo.pt
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Conclusão
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Referências Bibliográficas:
Blasco, S., Saurina, C., Sánchez, C., Riccardi, P., Ballester, F., Díaz, G., et al.
(2002). Musicoterapia 2002. Jornadas de Formación de Mediadores en Musicoterapia
y discapacidad. (C. ASPACE, F.E.I.S.D., & C. A. Espana, Edits.) Madrid.
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Padilha, M. D. (2008). A Musicoterapia no Tratamento de Crianças com
Perturbação do Espectro do Autismo.
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