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Universidade de Coimbra

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Trabalho Realizado no âmbito da unidade curricular de Intervenção Psicoterapêutica


com Idosos leccionada pela Prof. Margarida Pedroso Lima

2010/2011

MUSICOTERAPIA
COM A PESSOA IDOSA

Cátia Patrícia Fernandes da Silva 2007019347

Joana Rita Leonardo Galhardo 20090453

João Pedro Pinto Lagarelhos 2010162107

Pedro Nuno Martins Carvalhal 20071947


Índice

Introdução 3

Musicoterapia – Contextualização e Definição 4

Música como terapia 5

Funções da música na terapia 6

Procedimentos e Pressupostos – Mecanismos de actuação do musicoterapeuta 7

Aplicação da Musicoterapia 8

Cuidados e Precauções 9

Musicoterapia com a Pessoa Idosa 9

Na Doença de Alzheimer 10

Na Doença de Parkinson 10

Contribuição para a qualidade de vida 11

Leituras Sugeridas 13

Artigos interessantes disponíveis na internet 14

Associações em Portugal 14

Conclusão 15

Referências Bibliográficas 16

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Introdução

O presente trabalho é o resultado da pesquisa bibliográfica realizada através de


consultas na internet e em bibliotecas, da consulta de artigos relacionados com o tema
Musicoterapia, de forma a obter esclarecimento, desenvolver o nível de conhecimentos
e possibilitar a elaboração deste trabalho baseado na exploração e descrição da
informação.
Os objectivos visam: adquirir conhecimento sobre o que é Musicoterapia e as suas
funções; perceber a forma como o musicoterapeuta actua; compreender a maneira como
a Musicoterapia influencia as pessoas; nomeadamente o idoso, e conhecer os seus
efeitos.
“A musicoterapia é a utilização da música e/ou instrumentos musicais (som,
ritmo, melodia e harmonia) pelo musicoterapeuta e pelo cliente ou grupo num processo
estruturado para facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a
aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física, emocional, mental,
social e cognitiva) para desenvolver potenciais ou recuperar funções do indivíduo de
forma que ele possa alcançar uma melhor integração intra e interpessoal e
consequentemente uma melhor qualidade de vida” (Backes et al, 2003).

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Musicoterapia – Contextualização e Definição

A música é considerada por muitos autores como tendo um valor universal,


presente em qualquer época e cultura. O ser humano aceita determinada música devido
aos efeitos psicológicos que esta acrescenta no seu estado de espírito. Para a
Musicoterapia é fundamental a “Teoria Modal dos Gregos”. Esta teoria considera que a
música tem três elementos básicos, que são melodia, harmonia e ritmo e que juntos
exercem determinados efeitos sobre a parte fisiológica, emocional e espiritual e sobre a
força de vontade do ser humano (Blasco, et al., 2002).
Antes de definir musicoterapia é necessário esclarecer que este termo provém do
inglês “Music therapy” cuja tradução rigorosa é “Terapia através da música”, mas visto
o termo musicoterapia ser utilizado e aceite na lingua gem científica continuará neste
trabalho a ser referenciado. Assim sendo, musicoterapia diz respeito à utilização do
som, musical ou não, como agente terapêutico na recuperação psíquica e física de um
indivíduo. Pode-se considerar a musicoterapia como uma terapia não- verbal expressiva
e criativa que utiliza a música, os sons, o corpo, os movimentos e os instrumentos
musicais, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e tratar
diversos problemas de saúde. A musicoterapia embora seja conhecida desde a
antiguidade, apenas se tornou um ramo da medicina nos anos 40 do século XX. Os
principais elementos que contemplam esta disciplina são a interacção positiva do
paciente com outros seres, a auto-estima e a utilização do ritmo como elemento
causador de energia e de ordem (Padilha, 2008).
Na actividade da musicoterapia são utilizadas diversas técnicas, com diversos
fins terapêuticos e vários tipos de população poderão ser tratados através da
musicoterapia desde as pessoas que apresentem deficiências (motora ou mental), às
crianças com dificuldades específicas de aprendizagem. É importante referir também
que a musicoterapia é importante não só para curar mas também para prevenir
distúrbios ou perturbações.
Segundo a National Association for Music Therapy, a musicoterapia “é o uso da
música na execução de objectivos terapêuticos como a restauração e manutenção da
saúde física e mental, e também da aplicação da música em contexto científico, dirigida
por um terapeuta num determinado contexto terapêutico provocando transformações no
comportamento do indivíduo” (Blasco, et al., 2002).

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Citando ainda um dos primeiros professores de musicoterapia da Universidade
do Kansas, Thayer Ghaston em 1957 cit. in. Blasco, et al., 2002, sugere que “a música é
a ciência ou a arte de reunir combinações de tons de forma organizada e estruturada
que depende da relação das suas diversas componentes (ritmo, melodia e harmonia) e
que a terapia através da música tem de considerar como pode a música ser utilizada
para que ocorram transformações nas pessoas que a escutam ou executam”.

Música como terapia


A música sendo uma forma de arte, tem em si mesmo um carácter terapêutico,
assim como outros tipos de artes (pintura, escultura, escrita, etc.). A arte, neste caso a
música, tem enumeras qualidades terapêuticas, tais como demonstram os itens
seguintes:
Poder de sugestão e fantasia: Toda a obra de arte tem um poder de
sugestão, um efeito semelhante ao da hipnose, cujo resultado é o captar a atenção;
Projecção de poder: Como em qualquer arte, projecta-se na música os
sentimentos e conflitos pessoais, e esta projecção funciona como um elemento de
diagnóstico;
Relação entre arte – sonho: Parece existir uma semelhança entre as relações
psicológicas com a música e as que se estabelecem com os sonhos, isto porque algumas
são percebidas directamente enquanto outras não são, tal como nos sonhos, tratam-se de
associações difíceis de decifrar que se manifestam a nível inconsciente;
Realização imaginária de desejos inconscientes: A música provoca no
indivíduo uma satisfação muito positiva, uma sensação de novos sonhos;
Tentativa de síntese ou condensação: Tal como nos sonhos, também na
música é possível condensar numa mesma melodia várias realidades, formando outra
completamente distinta;
Tentativa de solução: Qualquer pessoa procura na arte aquilo que sente que
lhe falta, tornando-se este, um dos grandes princípios da musicoterapia ou de outro
tratamento que use a arte, e para tal, é necessário a personalização do tratamento, as
necessidades são totalmente diferentes de paciente para paciente. (Blasco, et al., 2002)

Alguns autores no seio da musicoterapia referem que para uma actividade


musical ser utilizada com um fim terapêutico, esta tem de partir de um diagnóstico de

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um médico, mas muitos outros autores psicodinâmicos e musicoterapeutas que
trabalham na área da educação especial contestam esta ideia defendendo que a música
pode muitas vezes constituir um valioso instrumento de diagnóstico em situações como
avaliação do nível de desenvolvimento de uma criança ou na compreensão dos sintomas
do paciente através da análise das improvisações (Ruud, 1990).
A música tem características específicas que induzem no indivíduo respostas ao
nível fisiológico, neurológico e psico-emocional. As respostas ao nível fisiológico
relacionam-se com a frequência cardíaca, tensão muscular, sudorese, secreção
hormonal, frequência respiratória, enquanto ao nível neurológico as respostas
relacionam-se com a excitação das diferentes áreas do córtex cerebral e do sistema
límbico, sistema nervoso autónomo e cerebelo. Relativamente às respostas psico-
emocionais a música interfere na atenção, motivação, comunicação, grau de
participação em actividades e muitas outras (Padilha, 2008).
Podemos destacar outros efeitos psicológicos da música no indivíduo,
importantes para a sua utilização como método terapêutico, como o facto despertar ou
evocar qualquer tipo de emoções; estimular a imaginação e a criatividade; funcionar
como fonte de prazer semelhante a um jogo devido à constante variação dos sons
musicais; ajudar a desenrolar o sentido de ordem e análise. A música tem um papel
importante, pois facilita a aprendizagem devido ao facto de activar um grande número
de neurónios.
A música tem ainda outro efeito importante de ser referido, o efeito social. Os
efeitos sociais provocados pela música nos indivíduos referem-se entre outros, à ajuda
de coesão grupal e de expressão nos grupos, visto a música ter um importante papel de
socialização (Blasco, et al., 2002).

Funções da música na terapia


A música na intervenção terapêutica tem sempre uma função relativa aos
objectivos que se pretendem estabelecer e que o terapeuta estabelece, neste sentido
Even Ruud (1990) defende que a música tem principalmente quatro funções na
musicoterapia, a música é utilizada como um estímulo que pode melhorar o
desenvolvimento motor e cognitivo; a música favorece a expressão de sentimentos
sendo considerada uma espécie de linguagem emocional (não-verbal) onde ideias
reprimidas podem ser recaptadas; é uma forma de comunicação onde a interacção é

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estimulada e estimula o pensamento e leva a reflectir sobre a situação de vida de uma
pessoa. (Padilha, 2008).
Existem muitas outras funções da música na intervenção terapêutica, tornando
por isso a musicoterapia um ramo tão importante da medicina e da psicologia. Pode-se
destacar como principais funções da musicoterapia as seguintes:
Fazer pesquisas sobre a relação do ser humano com os sons para aplicar métodos
terapêuticos;
Restabelecer o equilíbrio físico, psicológico e social do indivíduo através da
música;
Articular elementos do conhecimento científico à prática sonora e musical e às
práticas sociais;
Realizar tratamento grupal e individual utilizando procedimentos
musicoterapêuticos;
Utilizar instrumentos musicais, cantos e ruídos para tratar portadores de
distúrbios da fala e da audição ou de deficientes físicos e mentais;
Trabalhar com clientes com dificuldades de aprendizagem e com dependência
química, entre muitas outras.

Procedimentos e Pressupostos – Mecanismos de actuação do


musicoterapeuta
A Musicoterapia desenvolve no técnico, musicoterapeuta, a capacidade de
descobrir o “mundo” do contexto não- verbal que rodeia toda a relação terapêutica.
Através do uso da música como terapia, o profissional obtém um aumento da percepção
os fenómenos não verbais que se produzem nas distintas relações terapêuticas, faz uma
aprendizagem do uso de expressões que envolvam corpo e música (sons) e aprende a
usar instrumentos como objectos intermediários à terapia.
O musicoterapeuta na sua prática profissional segue um conjunto de
procedimentos e pressupostos gerais descritos na “Standards of Clinical Practice” da
“National Association of Music Therapy” (Padilha, 2008). Esses procedimentos
incluem o facto de o musicoterapeuta estar registado, receber o paciente e fazer a sua
avaliação clínica. Esta avaliação clínica diz respeito ao processo que determina o nível
de funcionamento do paciente no momento de começar o tratamento. Depois desta
avaliação, faz-se a planificação do tratamento e traçam-se os objectivos, só depois se

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executa o tratamento, elabora-se a documentação e mais tarde a finalização do
tratamento. (Padilha, 2008)
Poder-se-á caracterizar a actuação do musicoterapeuta por etapas de acções. As
acções dos musicoterapeutas passam por efectuar um relaxamento, um aquecimento e
apresentar propostas de actividades. O relaxamento é importante pois diminui a tensão
corporal e desta forma o indivíduo está mais apto a entrar nas propostas que lhe são
sugeridas. A fase do aquecimento é também importante na medida em que prepara o
indivíduo fisicamente para a etapa seguinte que é a de propor actividades ao(s)
participante(s). Estas duas primeiras fases de actuação não necessitam obrigatoriamente
de ser acompanhadas por música, o musicoterapeuta decide como encaminhar o
relaxamento e o aquecimento, mas caso decida colocar música, esta deverá respeitar os
seus objectivos, no sentido de que músicas com letra poderão levar a efectuar
associações que não fazem parte dos seus objectivos. Na fase em que propõe uma
actividade, o musicoterapeuta poderá fazê- lo verbalmente ou mesmo através de música,
dos seus ritmos, melodias ou mesmo das letras das canções, tudo isto deverá ser
encaminhado segundo os objectivos específicos que o musicoterapeuta tem
relativamente a essa proposta (Barcellos, 2006).

Aplicação da Musicoterapia
A musicoterapia possui um grande campo de actuação podendo ser usada desde
crianças a idosos. Alguns estudos mostram que inclusive será benéfico o seu uso na
durante a gravidez, pois consideram que o feto sendo estimulado pode nascer com uma
maior capacidade de desenvolver o seu potencial. (Padilha, 2008)
Segundo Padilha, (2008) existem vários estudos que mostram os efeitos
terapêuticos da música em várias populações, em paíse s como os Estados Unidos,
França, Alemanha, Noruega, Inglaterra, Itália e Argentina.
Este tipo de terapia tem sido destacada como bastante positiva como tratamento
complementar, com portadores de deficiências físicas como a paralisia e distrofia
muscular progressiva; deficiências sensoriais (visual e auditiva) e as síndromes de
etiologia genética (Down, Turner, e Rett). Outros Distúrbios como a esquizofrenia,
Autismo, Depressão, Perturbação Obsessivo-compulsiva, também podem beneficiar
com este tipo de tratamento. (Padilha, 2008)

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Cuidados e Precauções
O tipo de música usada na Musicoterapia deve ser cuidadosamente seleccionado.
Por exemplo, a música electrónica, pode ter efeitos sedativos, e noutros casos em
deficiências mentais pode ser bastante alucinogénio. (Padilha, 2008)
Da mesma forma na aplicação, a prática vocal, instrumental ou de movimento
deve ser continuam nas pode produzir desequilíbrios, é por isso recomendável que não
se submeta a pessoa a exercícios que ultrapassem as suas capacidades, ou caso contrário
poderá produzir ansiedade em vez de ser terapêutico. (Padilha, 2008)

Musicoterapia com a Pessoa Idosa


Actualmente, a nossa sociedade é organizada por crenças que muitas vezes
privilegiam a produção financeira, a rapidez de informação, e a valorização de um
espírito jovem diminuindo a importância da sabedoria e experiência de vida dos idosos.
Logo, o idoso sofre preconceitos frequentes, e sente-se limitado e por vezes desajustado
no meio, o que provoca alteração na sua auto-estima, autoconfiança, identidade e
autonomia, o que pode induzir a depressão e até a uma dependência excessiva.
Esta terapia permite ao idoso através da criatividade, da livre expressão e da
comunicação através dos sons, da música e dos movimentos, recuperar e consolidar
características pessoais e sociais que lhe facultem um envelhecimento saudável e com
melhor qualidade de vida (Benenzon, 2000).
Assim, a principal finalidade da musicoterapia visa melhorar a saúde do idoso
alvo de alguma patologia, através da comunicação, particularmente a não-verbal. O
musicoterapeuta ajuda o idoso a modificar a sua atitude passiva para uma atitude de
acção.
Segundo o neurologista Sacks (2007), no seu livro “Alucinações Musicais”, o
tratamento musicoterapêutico é essencial para indivíduos com Parkinson, Alzheimer e
afasia. Relativamente a pessoas com demência expressa que “A musicoterapia com
esses pacientes é possível porque a percepção, a sensibilidade, a emoção e a memória
para a música podem sobreviver até muito tempo depois de todas as outras formas de
memória terem desaparecido”, e ainda sobre as finalidades da musicoterapia com estes
doentes: “Atingir as emoções, as faculdades cognitivas, os pensamentos e memórias, o
self sobrevivente desse indivíduo, para estimulá-los e fazê-los aflorar. A intenção é

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enriquecer e ampliar a existência, dar liberdade, estabilidade, organização e foco”.
(Sacks, 2007, pp. 320).

Na Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência nas pessoas idosas
que compromete fundamentalmente as áreas do cérebro responsáveis pela memória,
pensamento e linguagem. Numa fase inicial ocorre a perda lenta e gradual da memória
recente, e a sua evolução leva, portanto, a um comprometimento cognitivo (agnosia),
motor (apraxia) e linguístico (afasia).
Devido a estas alterações, a pessoa idosa portadora desta doença pode sofrer
estados depressivos e de desinteresse que se podem caracterizar pela perda da
capacidade de interacção no meio social. A musicoterapia oferece ao idoso a
oportunidade de convívio e interacção social, dando- lhe a possibilidade de se expressar
e comunicar, através das canções, movimentos e percussão em conjunto (Cunha, 1999).
Para os idosos com esta condição, há uma maior necessidade de aproximação
com o musicoterapeuta, o toque e o contacto visual podem incentivá- lo para a
actividade, tendo o terapeuta que ter em atenção que deve utilizar frases curtas e
precisas, evitando divagações. O musicoterapeuta deve demonstrar o que diz para
facilitar a compreensão, sendo importante, especialmente em estados mais avançados,
que se foque mais na comunicação não- verbal, já que a verbal se vai tornando cada vez
mais difícil (Cunha, 1999).
Nesta intervenção deve-se utilizar também um repertório musical significativo
para o idoso, numa tentativa de estimular a memória e a produção de reminiscências
(Cunha, 1999).
Portanto a musicoterapia neste contexto visa à reorganização da estrutura do
pensamento, à diminuição dos níveis de delírio e confusão mental e à diminuição do
isolamento social e afectivo.

Na Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é das doenças neurológicas mais comuns do sistema
nervoso central, comprometendo o sistema motor, originando tremores nas mãos, pés e
corpo, rigidez muscular, acinesia (incapacidade para se mover) e bradicinesia

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(lentificação dos movimentos voluntários), alterações posturais, na fala e escrita,
desequilíbrio, incontinência, etc. (Lodovici Neto, 2006).
A musicoterapia auxilia o doente de Parkinson a orientar-se, relaxar (nos casos
onde se sente inseguro ou ansioso), expressar-se melhor, potencializar as funções físicas
e mentais com problemas, e reforçar a autonomia pessoal (Lodovici Neto, 2006).
Como no tópico supra-referido, aqui também se aconselha a utilização de um
repertório musical conhecido pelo paciente, uma vez que as músicas que estiveram
presentes na sua vida vão- lhe trazer uma renovação que lhe vai favorecer na
recomposição do seu corpo e espírito. A música ultrapassa as fronteiras em função do
seu reforço estruturador, disciplinador e, igualmente, na comunicação e expressão, na
criatividade e no prazer. Através dela, o indivíduo pode transmitir os seus sentimentos
nos momentos de maior dificuldade verbal, iniciando-se um processo de compreensão e
reelaboração das emoções, manifestado por movimentos, canto, emissão de sons,
composição instrumental, improvisações, poesias, etc.; cabe ao musicoterapeuta
descodificar tais representações junto da pessoa em causa (Souza, 1997, cit in Lodo vici
Neto, 2006).
O neurologista Sacks no seu livro “Tempo de Despertar” (2002) assinala os
efeitos benéficos que a música tem na pessoas idosas portadoras desta doença: “De
longe o melhor tratamento para as suas crises, era a música, cujos efeitos eram quase
sobrenaturais. (…) com o som de música vindo de um rádio ou gramofone,
desapareciam por completo todos esses fenómenos obstrutivos-explosivos, substituídos
por uma feliz descontracção e fluxo de movimentos (…)” (Sacks, 2002, pp. 93),
verificando que, com a música adequada e consonante com o gosto do paciente, seria
possível controlar os sintomas característicos desta doença.

Contribuição para a qualidade de vida


No que diz respeito à qualidade de vida, inúmeras questões estão directamente
relacionadas, como os aspectos biopsicossociais, as relações que são estabelecidas com
o meio fisico e social ao longo da vida e também com o ideal, isto é, o desejável para o
“bem-estar” do ponto de vista do indíviduo e da sociedade (in
http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1106 ).

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Trata-se de um conceito amplo e complexo, que engloba a saúde física, o estado
psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças pessoais e a
relação com as características do meio ambiente (OMS, 1998).
Neste sentido a qualidade de vida reflecte a percepção que os indíviduos têm de
que as suas necessidades estão a ser satisfeitas ou, ainda, que lhe estão a ser negadas
oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, independentemente do seu
estado de saúde fisico ou das condições sociais e económicas (OMS, 1998).
Neste seguimento, o modelo de Lawton (1991) contempla os domínios da qua-
lidade de vida apresentados pelo grupo de estudos de qualidade de vida da Organização
Mundial de Saúde (OMS) , o Grupo WHOQOL- World Health Organization Quality of
Life (2000), que são o domínio físico, social, psicológico e ambiental.
Composto por quatro dimensões, competência comportamental, condições
ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar subjectivo do idoso, este modelo
propõe avaliar todos os aspectos ambientais, sociais e de saúde que se inter-relacionam
para contribuir para uma melhor qualidade de vida (Neri, 2001).
Assim, a competência comportamental refere-se ao desempenho do indivíduo
no seu quotidiano e na gestão da saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento
social e utilização do tempo (Lawton, 1991).
A dimensão das condições ambientais refere-se a factores objectivos, como por
exemplo, as condições económicas e do ambiente natural. Este domínio tem relação
directa com a competência comportamental uma vez que actua como facilitador ou
como obstáculo no desempenho de actividades do quotidiano. Dessa forma, o ambiente
deve ser compatível com as competências do idoso, compensando perdas, prevenindo
acidentes, fornecendo estímulos e desafios e promovendo autonomia e independência
(Neri, 2001).
A dimensão qualidade de vida percebida refere-se à avaliação subjectiva que o
indivíduo faz da sua competência comportamental, a partir dos seus próprios
parâmetros. Aspectos como a saúde percebida, alterações cognitivas percebidas e o
senso de auto-eficácia são exemplos relacionados com este domínio (Lawton, 1991).
O último domínio, o bem-estar subjectivo, reflecte a avaliação da pessoa acerca
do conjunto e das relações entre os domínios anteriores. Trata-se de um constructo que
inclui uma componente cognitiva, referente à avaliação da pessoa acerca de sua vida
como um todo ou de seus diversos domínios, e uma componente emocional, afectiva,

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associados aos valores positivos (prazer) e negativos (desprazer) atribuídos à vida, e ao
equilíbrio entre eles. (Lawton, 1991; Neri, 2001).
A exposição sobre todos estes conceitos e condições de vida mostra que as quatro
dimensões deste modelo de qualidade de vida na velhice (Lawton, 1991) estão
fortemente minadas na vida do idoso, por variadas razões.
Pretende-se com a Musicoterapia melhorar a qualidade de vida, resgatando a
identidade social e individual, estimulando a autonomia, a independência e a elevação
da auto-estima, trabalhar as relações intra e interpessoais no grupo, principalmente
através do resgate da memória autobiográfica, entre outros benefícios que possam ser
retirados desta prática terapêutica (Neri, 2001).
A musicoterapia tem um grande potencial na manutenção da qualidade de vida do
idoso, no contexto preventivo e de reabilitação, visto que permite ao ser humano entrar
em contacto com as suas emoções através de algo tão profundo e comum na sua vida, a
música e todo o seu contexto.

Leituras Sugeridas:

Ruud, E. (1990). Caminhos da Musicoterapia. São Paulo: Summus.

Benenzon, R. (1998). Teoria da Musicoterapia: contribuição ao conhecimento


do contexto não-verbal (3ª Edição ed.). São Paulo: Summus Editorial.

Costa, M.C. (2006). O Despertar para o outro.São Paulo: Summus Editorial

Campbell, D. (2006) O efeito Mozart: descobrir na música o poder de curar o


corpo, fortalecer a mente e desbloquear o espírito criativo. Produção Cruz
Quebrada : Estrela Polar.

Matos, A.C. (1978). Musicoterapia. Jornal Médico, 95

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Artigos interessantes disponíveis na internet:

http://saude.sapo.pt/noticias/saude-medicina/musicoterapia-ajuda-pessoas-com-
alzheimer.html

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=336

http://bemtratar.com/artigos/musicoterapia-para-corpo- mente-sa

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=337924&visual=26

http://www.meloteca.com/musica-na- idade-senior.htm

Associações em Portugal:

Associação Portuguesa de Musicoterapia. Morada: Rua Freitas Gazul, nº 34, loja 5

1350-149 Lisboa Telefone: 93 324 26 78 E- mail: musicoterapia@sapo.pt

Website:http://www.musicoterapia.com.sapo.pt

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Conclusão

Os estudos já realizados sugerem a necessidade de se elaborar e implementar


programas de intervenção eficazes ao nível da musicoterapia. Os programas de
intervenção deverão, sempre que possível, envolver os musicoterapeutas, a família a
criança e todos os que de uma forma ou de outra necessitam de um equilíbrio psico-
emocional que contribua para o bem-estar global do ser humano. Os conhecimentos
adquiridos através dos estudos realizados nesta área são utilizados como fundamentação
para orientar e direccionar as técnicas de elaboração deste trabalho salientando a
importância da música, e neste caso a musicoterapia usada de forma eficaz no
comportamento das pessoas. Esta pesquisa tem uma relevância social e educacional pela
oportunidade de estimular a atenção sobre a importância desta temática.
Normalmente, os terapeutas musicais trabalham em instituições, como hospitais,
casas de repouso, prisões e escolas para crianças com necessidades especiais. No
entanto, à medida que a população em geral se tornou mais interessado em cuidados de
saúde alternativos, os benefícios da música para o relaxamento e redução do stresse
passaram a ser reconhecidos e desenvolvidos. Com o desenrolar da investigação vai
sendo possível demonstrar os benefícios da música no desenvolvime nto do cérebro. Já
existe alguma divulgação do conhecimento e trabalho realizado pelos terapeutas
musicais.
Ao longo da elaboração deste trabalho, a principal dificuldade foi devido ao
muito tempo necessário para a pesquisa, no entanto, foi possível encontrar variada
bibliografia que abordava este tema, para além de artigos e livros pesquisados na
internet.
Ao concluir estamos convictos que atingimos os objectivos propostos, assim
como, esta abordagem constitui uma forma de realização pessoal e académica dentro da
Unidade Curricular de Intervenção Psicoterapêutica com Idosos.

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Referências Bibliográficas:

Barcellos, L. R. (2006). Mecanismos de Atuação do Musicoterapeuta: Ações,


Reacções e Inações. XII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia, VI Encontro Nacional
de Pesquisa em Musicoterapia, II Encontro Nacional de Docência em Musicoterapia.
Goiana.

Benenzon, R. (2000). Musicoterapia – De la teoría a la práctica. Barcelona:


Paidós.

Blasco, S., Saurina, C., Sánchez, C., Riccardi, P., Ballester, F., Díaz, G., et al.
(2002). Musicoterapia 2002. Jornadas de Formación de Mediadores en Musicoterapia
y discapacidad. (C. ASPACE, F.E.I.S.D., & C. A. Espana, Edits.) Madrid.

Cunha, R. (1999). Musicoterapia na abordagem do portador de doença de


Alzheimer. Consultado em 15 de Março de 2011
<http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/File/RevistaCientifica2/rosemyriamcunha.pdf>

Lawton, M. P. (1991). A Multidimensional View of Quality of Life in Frail


Elders. Em: J. E. Birren, J. E. Lubben, J. C. Rowe, & D. E. Deutchman The Concept
and Measurement of Quality of Life in the Frail Elderly. (pp. 4-27). San Diego:
Academic Press.

Lodovici Neto, P. (2006). A musicoterapia como tratamento coadjuvante na


doença de Parkinson. Dissertação de mestrado não-publicada. Pontifica Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Neri, A. L. (2001). Velhice e qualidade de vida na mulher. Em: A. L. Neri (org.)


Desenvolvimento e envelhecimento: Perspectivas biológicas, psicológicas e
sociológicas. (pp. 161-200). Campinas, SP: Papirus.

Organização Mundial de Saúde (1998). Promoción de la salud: Glosario.


Genebra: World Health Organization.

16
Padilha, M. D. (2008). A Musicoterapia no Tratamento de Crianças com
Perturbação do Espectro do Autismo.

Ruud, E. (1990). Caminhos da Musicoterapia. São Paulo: Summus.

Sacks, O. (2002). Tempo de Despertar. São Paulo: Companhia das Letras.

Sacks, O. (2007). Alucinações musicais – relatos sobre a música e o cérebro.


São Paulo: Companhia das Letras.

Rahhal, O. (2009). Exercícios Físicos e Auto-Estima: Uma Relação Possível.


Consultado em 8 de Março de 2011,
<http://www.bdtd.ucb.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1106>

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