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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CVALE

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE DIREITO

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS

MARCIO PAVÃO DA SILVA

MARICELSI ALINE PEREIRA

São Sebastião do Caí

2018
MARCIO PAVÃO DA SILVA

MARICELSI ALINE PEREIRA

INCLUSÃO SOCIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS

Projeto de pesquisa apresentado como pré-requisito para aprovação na


disciplina de Seminário de Pesquisa.

Professora orientadora: Doutora Janete Maria Bonfanti.

São Sebastião do Caí

2018
SUMÁRIO

1. TEMA……………………………………………………….........................3
2. PROBLEMA………………………………………………..........................3
3. HIPÓTESES………………………………………………...........................3
4. OBJETIVO GERAL……………………………………….........................3
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS……………………………...........................3
6. JUSTIFICATIVA……………………………………………......................4
7. METODOLOGIA……………………………………………......................5
8. REFERENCIAL TEÓRICO………………………………........................5
8.1. A INCLUSÃO EM ÂMBITO EDUCACIONAL…...................5

8.2. A INCLUSÃO EM ÂMBITO SOCIAL…………………..........8

8.3. A INCLUSÃO EM ÂMBITO LABORAL …..........………......

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………..........................
1. TEMA
Inclusão social de pessoas com deficiências.

2. PROBLEMA
Por quê apesar da legislação existente as pessoas com deficiências ainda não possuem
uma inclusão efetiva?

3. HIPÓTESES

1. Em âmbito escolar, as pessoas com deficiências não possuem uma inclusão efetiva devido a
carência de escolas e/ou profissionais capacitados para atuar de forma inclusiva e integrada na
área.

2. Em âmbito social, as pessoas com deficiências não possuem uma inclusão efetiva devido a
precariedade de políticas de acessibilidade nas instalações urbanas.

3. Em âmbito laboral, as pessoas com deficiências não possuem uma inclusão efetiva pois
apesar da legislação existente, as empresas e seus gestores ainda agem de forma
discriminatória e preconceituosa.

4. OBJETIVO GERAL

Procurar motivos de o por que as pessoas com deficiências não dispõem de uma
inclusão efetiva, apesar da legislação vigente.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Identificar escolas capacitadas a trabalhar com as pessoas com deficiências na área


educacional inclusiva e integrada.
2. Identificar o que prevê a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) - Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015, dentre outras legislações
vigentes e as políticas de acessibilidade no Brasil.
3. Identificar a efetividade de admissões das pessoas com deficiências nas empresas, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as legislações existentes em
relação ao trabalho do deficiente.

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6. JUSTIFICATIVA

O intuito desta pesquisa é abordar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com


deficiências e a partir desse motivo evidenciar que existe legislação para protegê-los, contudo
não há efetividade. Outro quesito é salientar que não pode haver preconceito ou discriminação
contra portadores de necessidades especiais tanto no âmbito social como nos âmbitos escolar
e laboral.
Em 1971, a Assembleia Geral da ONU aprovou, em resolução, a Declaração dos
Direitos das Pessoas com Retardo Mental. Em 9 de dezembro de 1975, aprovou ainda a Res.
ONU/3.447, consistente na Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. A seguir, em
1981 foi declarado ‘’O Ano Internacional das Pessoas Deficientes’’, o que permitiu acentuar a
preocupação mundial com a questão.
A questão da inclusão social tem tomado contornos mais efetivos e relevantes, a partir
disto é imprescindível que se trabalhe com a inclusão social em todo e qualquer ambiente,
uma vez que incluir as pessoas com deficiências no âmbito social, escolar e laboral é
possibilitar que estes passem a ter acesso a tudo sem qualquer tipo de discriminação. A
inclusão social ainda é atrasada quando se fala em deficiência e relatar isso até parece
incoerente, uma vez que são várias as legislações existentes que resguardam os portadores de
necessidades especiais, porém sua falta de efetividade é a incógnita
No Brasil, a Constituição de 1988 não destoou da evolução que se operava a respeito,
de forma que a Lei Maior dedicou diversos de seus dispositivos à proteção das pessoas
portadoras de deficiência. Foi seguida pela Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que, entre
outros pontos, disciplinou o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social,
bem como instituiu ainda a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas
pessoas.
Recentemente em nosso país, foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência - Estatuto da Pessoa com deficiência (Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015), que
logo em seu Art. 1º fala ‘’. É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de
Igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania. ”

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Outrossim, segundo a já citada Resolução ONU/3.447, consistente Declaração dos
Direitos das Pessoas Deficientes, passou-se corretamente a admitir uma conceituação de
deficiência de forma bastante abrangente, pois: “o termo pessoas deficientes refere-se a
qualquer pessoa incapaz de assegurar a si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de
uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não,
em suas capacidades físicas ou mentais”.
Sendo tão vasto o campo que abrange as deficiências humanas, estudos recentes têm
mostrado que o contingente atingido supera a quantidade enorme de dez por cento da
população mundial. A inserção social de pessoas com deficiência contribui para a construção
de uma nova sociedade, desenvolvida por meio de transformações nos ambientes, nos
procedimentos técnicos e na mentalidade da população, inclusive da própria pessoa portadora
de necessidades especiais. Diante disso, a sociedade deve mudar suas estruturas e serviços
oferecidos, abrindo espaços conforme as necessidades de adaptações específicas e/ou mentais
para cada pessoa com deficiência.

7. METODOLOGIA
Quanto à sistemática do projeto é uma investigação sucinta, sua referência encontra-se
em livros, sites especializados e artigos científicos. No que se refere aos objetivos é uma
pesquisa explicativa, que visa evidenciar e abordar com clareza o assunto em questão. O
método utilizado é o hipotético dedutivo em junção com o método dialético.

8. REFERENCIAL TEÓRICO

8.1 A INCLUSÃO EM ÂMBITO EDUCACIONAL

O atendimento escolar a portadores de necessidades especiais ainda é um entrave para


muitas escolas em nosso país. A implementação da inclusão em escolas regulares é um passo
que devesse ter atenção especial. Com referência à educação especial e inclusão, Hugo Otto
Beyer (2010, p. 5) afirma que na história existem momentos divergentes na educação formal
de pessoas com necessidades especiais e que nos encontrámos em um momento de
“encruzilhada paradigmática” na educação especial, onde a mesma passa por uma crise de
identidade.

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No Brasil, o projeto de integração escolar surgiu como impacto mais
significativo na década de 90 do século passado, em grande medida como resultado
das pressões paradigmática decorrentes das experiências desenvolvidas em outros
países. Tal situação culminou com várias medidas dos órgãos responsáveis pela
condução das políticas educacionais brasileiras na área da educação especial. A Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº 9.394 de 1996, que, ainda que
com determinadas imprecisões e indefinições, sinaliza como espaço preferencial do
atendimento educacional dos alunos com necessidades especiais as escolas de ensino
comum. (Beyer, 2010. p.7)

Segundo o ponto de vista de Beyer (2010), no Brasil, diferentemente de outros países


como a Dinamarca e Alemanha, a inclusão ou integração escolar não foi iniciada por
familiares destas criança juntamente com a escola, mas sim por estudiosos da área e técnicos,
ocorre que com isso ao invés de acontecer gradativamente a implementação e adaptação entre
pais e escolas na direção do projeto inclusivo, ocorreu um movimento deslocado das bases
para o topo, desse modo poucas ações efetivas de integração haviam sido feitas. O resultado
disto foi a vulnerabilidade do projeto relacionado a educação inclusiva. Em síntese, é
necessário a mobilização conjunta dos grupos envolvidos (familía, professores, especialistas,
todos do cotidiano escolar) para a aplicação do projeto da educação inclusiva através de
práticas efetivas de inclusão escolar.

A título histórico, as crianças portadoras de necessidades especiais desde a antiguidade


foram segregadas, Platão e Aristóteles defendiam a ideia de eliminar crianças fracas, em
Atenas e Esparta existia uma lei que fomentava o genocídio de crianças com deficiência.

De acordo com Beyer (2010), às escolas especiais não são escolhas certas para
crianças com necessidades especiais, com a proposta de educação inclusiva, as escolas
especiais passam a ser percebidas como escolas que segregam. As escolas especiais passaram
a existir devido o sistema escolar incompleto, sem capacidade para ensinar os alunos com
deficiência, desse modo as mesmas foram uma solução complementar. Deve-se salientar a
importância que as escolas especiais tiveram historicamente, mas uma solução transitória não
deve ser permanente.

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Ainda, Hugo Otto Beyer (2010) argumenta que uma verdadeira escola para todos
permanece como uma esperança ou utopia. Porém, algumas mudanças têm se verificado
desde que alguns países romperam com a dicotomia que definia algumas crianças como
normais e outras deficientes. Novas ideias passaram a orientar as propostas educacionais,
sendo assim primeiramente em alguns países escandinavos e após europeus, foi compreendida
a ideia de que lugar de crianças com necessidades especiais não seria em escolas segregadas
mas sim com as demais crianças. Com isso, a questão a ser formulada foi como, de que forma
e com que meios pôr em movimento ações escolares inclusivas?

Por fim, Beyer (2010) oferece condições inclusivas sem ferir os dois princípios mais
importantes da educação inclusiva, que são a promoção da convivência construtiva dos
alunos, preservando a aprendizagem comum, sem desconsiderar as especificidades
pedagógicas dos alunos com necessidades especiais. Seriam elas a individualização do ensino,
uma forma nova de pensar, entender as diferenças entre a forma de pensar e aprender das
crianças, onde todas as crianças e não apenas as que apresentam alguma limitação, são
especiais. Para ele, a “individualização do ensino significa a individualização dos alvos, da
didática e da avaliação”, o princípio da individualização dos alvos implica na necessidade de
um currículo com possibilidade de adaptação dos alunos e formas de avaliação com suficiente
flexibilidade para oferecer a sua continuidade e progressão, além disso “a viabilidade de
certificações diferenciadas para os alunos ao fim do período escolar (situação prevista na lei -
resolução CNE/CEB nº 2, de 11/09/2001, Art. 16). A individualização da didática na aula
dentro da proposta inclusiva os alunos recebem a ajuda diferenciada que necessitam visto que
“numa aula “homogênea” todas as crianças são atendidas com o mesmo procedimento” e é
errado atender crianças em situação de diversidade da mesma maneira. Já na individualização
da avaliação, em uma escola inclusiva, a comparação entre os alunos não é apoiada, e a
individualização da avaliação é praticada com cuidado, é preferível o processo de avaliação
que informe se o aluno está conseguindo progredir na aprendizagem, verificar as metas do
ensino e a variação positiva e as adversidades em seu processo de aprendizagem.

Esse autor considera ainda que o sistema da bio docência, ou seja, na sala de aula
inclusiva a necessidade de no mínimo dois educadores, é a segunda condição para uma
educação inclusiva. Há redução numérica em sala de aula que auxilia para manter a qualidade
pedagógica e acréscimo de horas/aula nas classes de inclusão, assim, por exemplo, cada classe

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que houver três alunos com dificuldades na aprendizagem haverá uma hora diária de
atendimento pedagógico especializado, na maior parte do tempo por professores com
formação em educação especial, etc. Beyer (2010) salienta que é importante destacar:

Tal atendimento jamais deve concentrar-se explicitamente sobre crianças


com necessidades especiais, porém os educadores com atuação pedagógica
especializada devem trabalhar sempre no contexto do grupo, procurando também
atender necessidades eventuais que os demais alunos possam demonstrar. Com isso,
se estará evitando o sempre possível processo de segregação do aluno especial e
também se estará fugindo de uma prática docente orientada por uma abordagem
terapêutica[...] Professores formados nos cursos de educação especial são chamados
a participar das situações de inclusão escolar, dada sua formação voltada para a
especificidade na aprendizagem dos alunos com deficiência (menciona-se aqui a
Resolução CNE/CEB Nº 2 de 11/09/2001 que aponta para a necessidade da presença
do que chama professores capacitados e especializados - ambos em maior ou menor
medida com formação na área da educação especial - nas escolas do sistema regular
de ensino), também é importante que desenvolvam trocas com os professores com
outras habilitações.

8.2. A INCLUSÃO EM ÂMBITO SOCIAL

Tendo em vista os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da


igualdade, que muitas vezes são esquecidos ou simplesmente não compreendidas pela
sociedade com relação aos portadores de deficiência, se faz necessário um estudo
aprofundado, dando prioridade a violação de seus direitos, sua inclusão na sociedade e os
benefícios por ela trazidos.

A inclusão social tem se consagrado no mundo ocidental, especialmente a partir da


década de 1980, como lema impulsionador de importantes movimentos sociais e ações
políticas. Na Europa e nos Estados Unidos da América, já nos anos 1970, a inclusão social
das pessoas com deficiência figurava entre os direitos sociais básicos expressos em
importantes documentos legais e normativos. Gradativamente as sociedades democráticas

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vêm divulgando, discutindo e defendendo a inclusão como direito de todos em relação aos
diversos espaços sociais. A história revela para a humanidade o caminho da exclusão social e
humana do homem. Se, no passado, o indivíduo com algum comprometimento era banido da
sociedade, hoje, este tipo de eliminação não é mais praticado, mas uma exclusão sutil ainda
acontece. Marques in MANTOAN (1997, p.20) afirma que enquanto a pessoa está adequada
“às normas”, ela é socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela adquira qualquer traço de
anormalidade para que seja denunciada como desviante".

Consoante SASSAKI (1997, p. 31) na década de 60, por exemplo, testemunhou-se a


explosão de instituições especializadas, tais como: escolas especiais, centros de habilitação,
centros de reabilitação, oficinas protegidas de trabalho, clube sociais especiais, associações
desportivas especiais", criadas concebendo a idéia de proteger o diferente e, após, reintegrá-
los ao convívio social. Na realidade, estavam considerando muito mais a questão social do
que seu desenvolvimento como um todo. Com essas idéias, buscou-se a educação individual
do P.N.E. como forma de aproximação com o outro. Conforme SASSAKI (1997, p.32) a ideia
inicial foi a de normalizar estilos ou padrões de vida, mas isto foi confundido com a noção de
"tornar normais as pessoas deficientes". Foi pelas lutas pelos direitos das pessoas portadoras
de deficiência, na década de 80, que a prática da integração social se tornou mais presente.
Porém, foram os novos conhecimentos avançados na comunidade científica, que perceberam a
integração insuficiente para o contexto, considerando que esta população não participava de
maneira plena e igual aos demais. Considerando que a diferença é característico do ser
humano, e reconhecendo a diversidade como algo natural, em que cada ser pode usar de seus
direitos coletivos na sociedade, um novo conceito surge, denominado Inclusão que segundo
Mader in MANTOAN (1997, p 47) este é o termo encontrado para definir uma sociedade que
considera todos os seus membros como cidadãos legítimos.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com


Deficiência), instituído, no ordenamento jurídico, pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, é
destinado a assegurar e a promover, condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania. Entre os artigos que compõem o Estatuto da pessoa com deficiência, o principal
artigo, que é referente a garantir seus direitos, consta no artigo 4º, estabelecendo que toda
pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não

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sofrerá nenhuma espécie de discriminação. É Importante destacar que a definição sobre quem
são pessoas portadoras de deficiência reproduz, corretamente, do artigo 2° do estatuto
(BRASIL, 2015), fundamentando que:

Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem


impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

A LBI, nos artigos 3º e 53, consolida a acessibilidade como princípio e direito humano
fundamentais. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência viver de forma
independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social, e por isso a LBI
não alterou os prazos já exauridos para adaptação e adequação dos prédios públicos e
privados de uso coletivo, já previstos pelas Leis 10098/2000 e 10048/2000 e decreto federal
5296/2004. E trouxe novos elementos para exigir com maior rigor a acessibilidade, inserindo
inclusive que servidor público que deixar de cumprir a exigência de requisitos de
acessibilidade poderá ser punido pela Lei de Improbidade Administrativa – Lei 8.429/92.

O Estatuto da Pessoa com Deficiência (art.84) assegura também o direito ao exercício


da capacidade legal da pessoa com deficiência em igualdade de condições com as demais
pessoas, que só será restringido excepcionalmente através das ações judiciais da curatela
(interdição de alguns atos civis) ou da Tomada de Decisão Apoiada (faculdade da pessoa
eleger duas pessoas de confiança para acompanhá-la na realização de certos atos). A intenção
será sempre proteger a pessoa com deficiência e os casos de interdição só são em relações aos
atos negociais e patrimoniais, mantendo-se facultativos para casar, trabalhar, testemunhar,
votar e praticar outros atos da vida diária. A Lei garante ainda a oferta gratuita no SUS de
órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, etc. Em relação à educação,
o art. 27/28 assegura sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo
de toda a vida, no ensino regular público ou privado (inclusive no ensino privado não se pode
mais cobrar taxa extra a alunos com deficiência). Quanto à Justiça e seus órgãos (art. 79/83),
assegura o acesso pleno da pessoa com deficiência para reivindicar direitos, garantindo, no
seu art.9º,VII, a prioridade processual. Em referência a parte criminal o Estatuto no art.88

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define pena que quem praticar, induzir ou inclusive nos meios de comunicação e em redes
sociais.

O Estatuto é uma nova forma de entender o ser humano em sua força e fragilidade,
nova forma de compreender que a diversidade é um traço, que não deve desvincular as
pessoas, mas uni-las, num sentimento de identidade e pertencimento. Portanto, o objetivo da
criação do estatuto é ser um meio alternativo de inclusão onde essas pessoas possam estar
inseridas ao meio social e da cidadania.

Por fim, o Estatuto da Pessoa com Deficiência traz regras e orientações para a
promoção dos direitos e liberdades do deficiente, atualmente no Brasil existem mais de 45
milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que necessitam saber quais são os seus
direitos,e, com a aprovação desta Lei houveram avanços que beneficiam as estas pessoas,
portanto esta Lei surgiu para implementar a legislação brasileira e procurar tornar mais
efetivos os direitos dos deficientes.

Em âmbito social outra questão importante é a de políticas públicas de inclusão e


acessibilidade que prevê o fácil acesso de pessoas com deficiências nas instalações urbanas.
Maria de Fátima Cóssio (2008, p. 93) afirma que:

É inegável que, nos últimos anos, mais especificamente a


partir da década de 80, quando os movimentos de democratização
tomavam corpo no Brasil, o reconhecimento das injustiças e das
exclusões sociais teve impacto direto no ordenamento político e
legal do País, consolidando-se a partir da promulgação da
Constituição Federal de 1988, considerada uma das mais
avançadas do ponto de vista dos direitos à cidadania plena.

No Brasil, a deficiência passou a ser objeto de políticas públicas mais efetivas somente
no início da década de 1980. Isso ocorreu, em grande medida, pelo impulso inicial e pressão
do movimento social, que já vinha se organizando e ganha força a partir da proclamação,
pelas Nações Unidas, do “Ano Internacional da Pessoa Deficiente”, em 1981. A primeira
legislação de caráter nacional que busca estabelecer diretrizes para políticas públicas na área é
a Lei 7.853 que dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, e
sobre a Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência –
CORDE, de 24 de outubro de 1989.

As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí por que qualquer
teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações entre Estado, política,
economia e sociedade. De acordo com Souza (2006):

Apesar do reconhecimento de que outros


segmentos que não os governos se envolvem na
formulação de políticas públicas, tais como os grupos de
interesse e os movimentos sociais, cada qual com maior
ou menor influência a depender do tipo de política
formulada e das coalizões que integram o governo, e
apesar de certa literatura argumentar que o papel dos
governos tem sido encolhido por fenômenos como a
globalização, a diminuição da capacidade dos governos de
intervir, formular políticas públicas e de governar não está
empiricamente comprovada. Visões menos ideologizadas
defendem que, apesar da existência de limitações e
constrangimentos, estes não inibem a capacidade das
instituições governamentais de governar a sociedade
(Peters, 1998: 409), apesar de tornar a atividade de
governar e de formular políticas públicas mais complexas.

Então, as políticas públicas são importantes espaços para promoção da garantia dos
Direitos Humanos e devem, portanto, sempre atentar às áreas não contempladas pelo adjetivo
“humano”. No entanto, a aplicação das políticas públicas de acessibilidade não é suficiente
para garantir o direito de ir e vir, pois em muitos municípios do Estado se vê a implementação
da acessibilidade nas ruas e calçadas, muitas das vezes, precária, pois há pisos em desnível,
obras obstruindo a passagem dentre muitas outras coisas.

Em suma, é direito da pessoa com deficiência de viver em um ambiente em que possa


desenvolver suas habilidades sem depender de terceiros, desenvolvendo sua autonomia e
independência. Cabe ao Estado garantir esse bem-estar, principalmente por meio da
formulação e implantação de políticas públicas, que de fato sejam respeitadas e reformadas
anualmente, no caso das ruas e calçadas, pois não basta apenas a implementação se não
houver a manutenção.

Portanto cabe não só ao poder público, como também a sociedade civil e por aqueles
que enfrentam as adversidades de viver em uma comunidade sem infraestrutura a acatar aos
direitos dos PNE’s. Apenas assim, por meio de políticas efetivas, da reestruturação e do
diálogo contínuo, que o País será, de fato, inclusivo.

8.3. A INCLUSÃO EM ÂMBITO LABORAL

É de conhecimento geral que, na sociedade capitalista contemporânea, todos


necessitam de dinheiro para sobreviver, e isso não é diferente com os portadores de
necessidades especiais.
A inclusão dos PNE’s na sociedade instruiu na formação de legislações que visassem
a elaboração de programas e serviços direcionados ao suporte de deficientes nos últimos anos.
É permitido dizer que a Constituição Federal abriu novas portas ao que diz respeito a
políticas de reabilitação profissional, qualificação e emprego de pessoas portadoras de
deficiência. Assim como a lei 8.213/1991, conhecida como Lei de Cotas, sendo então notáveis
como as principais entidades que asseguram a inclusão dos PNE’s no mercado de trabalho. O
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artigo 7°, inciso XXXI da Constituição Federal traz a vedação da discriminação nos critérios
de admissão desses profissionais:

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e


rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão
do trabalhador portador de deficiência.
A constituição Federal também assegura ao Portador de Necessidades Especiais o
direito à vagas para cargo ou emprego público, conforme previsto no Art. 37, inciso VIII, que
diz:

Art. 37. A administração pública direta, indireta


ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e, também, ao seguinte:
VIII — a lei reservará percentual dos cargos e
empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

Por meio deste artigo, fica assegurado à pessoa com deficiência o direito à vagas de
emprego reservadas para elas. A partir disso, começam a surgir então Leis regulamentadoras
do trabalho da pessoa com necessidades especiais, de maneira a incluí-las na sociedade de
forma mais digna. Baseado nisso, Luiz Alberto David Araújo diz que: A pessoa com de
deficiência quer mental (quando possível) quer física, tem direito ao trabalho, como qualquer
indivíduo. Nesse direito está compreendido o direito à própria subsistência, forma de
afirmação social e pessoal do exercício da dignidade humana. O trabalho pode tanto se
desenvolver em ambientes protegidos (como as oficinas de trabalho protegidas), como em
ambientes regulares, abertos a outros indivíduos. (ARAÚJO, 2003. p. 26).

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Além da Constituição Federal, na Legislação Ordinária também encontram-se leis que
regem o trabalho da pessoa com necessidades especiais. A Lei 7853/89 assegura em seu artigo
2° uma política pública de acesso ao emprego público e privado aos PNE’s, conforme
disposto:

Art. 2º: Ao Poder Público e seus órgãos cabe


assegurar às pessoas portadoras de deficiência o
pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive
dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao
lazer, à previdência social, ao amparo à infância e
à maternidade, e de outros que, decorrentes da
Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar
pessoal, social e econômico. Parágrafo único:
Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os
órgãos e entidades da administração direta e
indireta devem dispensar, no âmbito de sua
competência e finalidade, aos assuntos objetos
esta Lei, tratamento prioritário e adequado,
tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as
seguintes medidas: (...)III - na área da formação
profissional e do trabalho: (...) b) o empenho do
Poder Público quanto ao surgimento e à
manutenção de empregos, inclusive de tempo
parcial, destinados às pessoas portadoras de
deficiência que não tenham acesso aos empregos
comuns; c) a promoção de ações eficazes que
propiciem a inserção, nos setores públicos e
privado, de pessoas portadoras de deficiência; d)
a adoção de legislação específica que discipline a
reserva de mercado de trabalho, em favor das
pessoas portadoras de deficiência, nas entidades
da Administração Pública e do setor privado, e
que regulamente a organização de oficinas e
congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a
situação, nelas, das pessoas portadoras de
deficiência;

Algumas questões referentes ao contrato de trabalho devem ser observadas, acima de


tudo, perante a visão da não-discriminação. O combate desta, segundo Maurício Godinho
Delgado, teve seu divisor de águas na Constituição Federal de 1998. Delgado conceitua o
contrato de trabalho como “o acordo de vontades, tácito ou expresso, pelo qual uma pessoa
física coloca seus serviços à disposição de outrem, a serem prestados com pessoalidade, não
eventualidade, onerosidade e subordinação ao tomador”. (DELGADO, 2011, p. 483).
Questões como o ambiente de trabalho e segurança do trabalho não requerem maiores
delongas, por se tratar de regra universal de empregador para todos os empregados, portadores
de necessidades especiais ou não. O ponto essencial está na questão da igualdade de salário e
na oportunidade de crescimento profissional, visto que verificam-se, por vezes, situações de
discriminação sujeitas a reparação, conforme a legislação:

CONTRATAÇÃO DE PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA. LEI N. 8.213/91. CONDIÇÕES
DE TRABALHO E SALÁRIOS
DIFERENCIADOS. DISCRIMINAÇÃO.
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL
DEVIDA. Considera-se discriminatória a conduta
do empregador que, para fins de atender o
disposto no art. 93, da Lei n. 8.213/91, contrata
pessoas com deficiência em condições
extremamente diferenciadas dos demais
empregados no tocante à carga horária, de apenas
4 horas semanais e ao salário proporcional, em
total dissonância com o escopo da norma, que é
assegurar às pessoas com deficiência o pleno
exercício de seus direitos básicos, inclusive ao
trabalho. Demonstrada a prática abusiva, o
deferimento da indenização por danos morais é
medida que se impõe.

A Consolidação das Leis do Trabalho não possui nenhuma regra notória em relação ao
trabalhador PNE. Sendo assim, aplicam-se as normas gerais vigentes à CLT, em relação ao
contrato de trabalho. Sendo assim, a regra geral para o contrato de trabalho está consolidada
ao princípio da continuidade, entendendo assim sua indeterminação de prazo.
O efetivo cumprimento das leis acerca do trabalhado PNE é fiscalizado pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT), que não limita esforços em punir empresas que não
estejam cumprindo suas obrigações de acordo com a legislação. Quando o MPT encontra
irregularidades nas empresas, em primeiro momento, emite um ‘Termo de Ajustamento de
Conduta’, que é o meio pelo qual a empresa se compromete, dentro de determinado prazo, a
cumprir, de forma fiel, a Lei das Cotas. Caso contrário, elas poderão ser alvo, inclusive, de
ações civis públicas, visando assegurar os direitos das PNE’s, previstos em lei.
É a partir da execução dos comandos legais e livres de preconceitos que pessoas
portadoras de necessidades especiais podem exercer um ofício ou profissão. Uma vez
identificado a existência de grupos discriminados, é de dever do Estado propagar políticas de
igualdade, por meio de ações afirmativas. Qualquer maneira de distinção ou exclusão destrói
o direito à igualdade. Tratando-se do Brasil, é perceptível que existe grande quantidade de
instrumentos legais aptos a garantir a inclusão dos PNE’s nas estatísticas de desenvolvimento
humano. Entretanto, é constante o desafio que consiste em dar eficácia à norma,
possibilitando a aplicação do plano jurídico por parte de empregadores, empregados, governos
e sociedade em geral, principalmente buscando-se diminuição do preconceito e a queda de
barreiras culturais.
Como se pode claramente ver, a dificuldade encontrada pelo trabalhador PNE não está
na falta de legislação, mas sim na ausência de empatia social e consciência inclusiva por parte
de empregadores. As cotas para admissão de funcionários PNE podem ser consideradas
benéficas, ainda que haja quem não consiga ver nesse sistema recursos eficientes de
distribuição de riquezas e rendimentos sociais.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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