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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI / ESCOLA DE GESTÃO E CONTROLE

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL E CONTROLE EXTERNO

DIREITO ADMINISTRATIVO – GENY MARQUES PINHEIRO

DELEGABILIDADE DO PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVO


Ensaio fundado no artigo da autoria do Professor Farlei
Martins de Oliveira, realizado como conclusão da disciplina
Direito Administrativo da Pós-graduação em Direito
constitucional e controle externo da Universidade Federal do
Piauí em parceria com a Escola de Gestão e Controle -TCE/PI.

Joel Coelho Ferreira Portela


Dasaev Ribeiro dos Santos
Mauro Sandro
Lucas Soares
Gabriel Soares
Lucas Cavalcanti
Reinaldo Camelo
Fernando Correia Batista
Quico ?

TERESINA, Junho de 2017.


DELEGABILIDADE DO PODER DE POLÍCIA

O presente ensaio sobre o tema da delegabilidade do poder de polícia consistirá na


apresentação de breve resumo do artigo de igual tema do professor e Advogado Geral da União,
Sr. Farlei Martins de Oliveira, com o acréscimo de algumas considerações doutrinarias e
jurisprudenciais sobre o tema.

De início, faz-se por bem a conceituação do que vem a ser poder de polícia e o seu
enquadramento junto aos poderes administrativos dos quais os entes públicos gozam em
virtude da supremacia e da indisponibilidade do interesse público.

Conforme ensina Hely Lopes Meirelles, poder de polícia é a “Faculdade de que dispõe a
administração pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. ”. Traduzindo em outras palavras,
poder de polícia nada mais é que a atividade administrativa que atua restringindo bens e direitos
particulares para que o interesse público seja satisfeito, é o poder que restringe a esfera privada
em satisfação da esfera pública.

Para fins didáticos, informa-se também que a própria legislação brasileira já se


encarregou de definir a atividade do poder de polícia no art. 78 do Código Tributário Nacional,
tendo em vista que tal atividade enseja a cobrança de taxa de polícia. Senão vejamos:

“Art. 78 - Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”

Conceituado o objeto base dessa discussão, essencial também é tecer algumas


classificações doutrinarias, tais como a diferença entre a polícia administrativa e a polícia
judiciaria. Tem se que a primeira incide sobre bens e direito no atendimento dos interesses da
sociedade, conquanto a segunda incide sobre pessoas, de forma ostensiva ou investigativa,
evitando e punindo infrações às normas penais.

O poder de polícia pode ainda ser preventivo, quando trata de disposições genéricas e
abstratas; pode ser repressivo, ao praticar atos específicos observando sempre a obediência à
lei e aos regulamentos, e ainda fiscalizador, quando previne eventuais lesões.
No que tange aos modos de atuação da administração no uso do poder de polícia, estes
se dividem em 4 e são denominados pela doutrina de “ciclos de polícia”, são eles: a ordem de
polícia, o consentimento de polícia, a fiscalização de polícia e a sanção de polícia.

A ordem de polícia é o preceito legal, a satisfação da reserva constitucional, tendo por


base a limitação; O consentimento de polícia é o ato administrativo de anuência, que possibilita
a utilização da propriedade pelo particular ou o exercício da atividade privada; A fiscalização de
polícia, se fará para a verificação do cumprimento das ordens de polícia, como para observar
abusos nas utilizações de bens e nas atividades que foram consentidas pela administração,
conquanto a sanção de polícia é a submissão coercitiva do infrator a medidas inibidoras ou
dissuasoras impostas pela administração.

Considerando a divisão da atividade de polícia administrativa em 4 momentos diversos,


portanto, os 2º e 3º ciclos seriam delegáveis (consentimento e fiscalização), pois estariam
ligadas ao poder de gestão do Estado, enquanto que o 1º e o 4º ciclos (ordem e sanção de polícia)
seriam indelegáveis por retratarem atividade de império, típicas das pessoas jurídicas de direito
público.

Como é cediço, para que o ato administrativo seja válido, dentre outros requisitos, se
faz necessário que o agente, ou o órgão administrativo, seja competente para praticá-lo. Sendo
essa competência, de regra, estabelecida em lei. Só o órgão ou o agente a que ela foi atribuída
pode exercê-la, a não ser que outra lei disponha de forma diversa. Porém, pelas mais variadas
razões que, por vezes as leis particularizam, a competência para a prática dos mesmos atos pode
ser atribuída a outrem. Por pelo menos duas formas pode isso ser feito: ou nova lei atribui,
quando possível, a competência a terceiro, ou permite que a competência seja delegada.
A possibilidade de delegação do poder de polícia para pessoas administrativas
vinculadas ao Estado não encontra óbice, posto que tais entidades são o prolongamento do
Estado e recebem deste o suporte jurídico para o desempenho, por delegação, de funções
públicas a ele cometidas.
A dúvida quanto a matéria consistia em saber se as pessoas da iniciativa privada
poderiam receber delegação do poder de polícia, entretanto, hoje é pacifico na doutrina e na
jurisprudência de que os atos que manifestem expressão do poder público de autoridade
pública, como a polícia administrativa, não podem ser delegados pois ofenderiam o equilíbrio
entre particulares em geral e colocariam em risco a ordem social.
No que tange à possibilidade de delegação, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 1717, que analisava a constitucionalidade do art. 58 da lei
9649/98, declarou que os conselhos reguladores de profissão têm natureza jurídica de
autarquia, uma vez que atuam no exercício do poder de polícia, ao estabelecer restrições ao
exercício da liberdade profissional e que tal poder é indelegável a particulares. É fato que tais
Conselhos de Profissão atuam no exercício do poder de polícia pelo fato de limitarem e
definirem o contorno para o exercício das profissões e ofícios por eles regulados, exigindo
licenças para o exercício da atividade e aplicando penalidades, pelo que, não podem ostentar a
qualidade de particulares.

Ainda se mantêm, nesse sentido, as decisões mais recentes da Suprema Corte acerca da
matéria:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANÇA.


ADMINISTRATIVO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. CONSELHO
DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. NATUREZA JURÍDICA. AUTARQUIA FEDERAL.
EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. OBSERVÂNCIA DO ART. 37, II, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO. ATIVIDADE TÍPICA DO ESTADO.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA LEGÍTIMA. ANÁLISE. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA RESTAURAR O DEVIDO PROCESSAMENTO DO
MANDADO DE SEGURANÇA E POSSIBILITAR UM MELHOR EXAME DA MATÉRIA.
1. Os conselhos de fiscalização profissional têm natureza jurídica de
autarquias, consoante decidido no MS 22.643, ocasião na qual restou
consignado que: (i) estas entidades são criadas por lei, tendo personalidade
jurídica de direito público com autonomia administrativa e financeira; (ii)
exercem a atividade de fiscalização de exercício profissional que, como decorre
do disposto nos artigos 5º, XIII, 21, XXIV, é atividade tipicamente pública; (iii)
têm o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da União (art. 71, II,
CRFB/88). 2. Os conselhos de fiscalização profissional, posto autarquias criadas
por lei e ostentando personalidade jurídica de direito público, exercendo
atividade tipicamente pública, qual seja, a fiscalização do exercício profissional,
submetem-se às regras encartadas no artigo 37, inciso II, da CRFB/88, quando
da contratação de servidores. Precedente: RE 539.224, 1ª Turma Rel. Min. Luiz
Fux, DJe.- 18/06/2012. 3. A fiscalização das profissões, por se tratar de uma
atividade típica de Estado, que abrange o poder de polícia, de tributar e de
punir, não pode ser delegada (ADI 1.717), excetuando-se a Ordem dos
Advogados do Brasil (ADI 3.026). 4. In casu, está em discussão tese relacionada
à contratação dos impetrantes, ocorrida há mais de 10 (dez) anos, e a alegação
de desrespeito ao processo de seleção e às regras constitucionais aplicáveis
(art. 37, II, CRFB/88), fatos que tornam imperativa a análise mais apurada do
mandado de segurança, sobretudo em decorrência do princípio da proteção da
confiança legítima. 5. Agravo regimental provido apenas para possibilitar um
melhor exame do mandado de segurança e facultar às partes a oportunidade
de sustentação oral.

(STF - MS: 28469 DF, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento:
19/02/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
087 DIVULG 09-05-2013 PUBLIC 10-05-2013)
Contudo, parte da doutrina admite delegação em situações especiais. Desta forma,
certos atos materiais que precedem a atos jurídicos de polícia podem ser praticados por
particulares, por delegação ou simples contrato de prestação de serviços. Nesses casos, não
seriam delegados os atos de polícia em si, mas tão somente atividades materiais de execução,
não se transferindo ao particular contratado qualquer prerrogativa para emissão de atos
decisórios ou atos que gozem de fé pública, mas tão somente a execução material das ordens
postas pela Administração.

Nesse sentido, é oportuno mencionar a discussão sobre a possibilidade de contratação


de uma empresa particular que colocaria para controle de trânsito, radares de velocidade e
expediria as multas a serem aplicadas. A doutrina entende ser possível a delegação dessas
atividades de mera execução do poder de polícia. São os chamados aspectos materiais do poder
de polícia que podem ser delegados aos particulares, A colocação dos radares e
encaminhamento das multas ao ente público não se configuram atos de polícia propriamente
ditos. Nesse caso, a justificativa é de que a medida assegura igualdade de tratamento aos
administrados, não provocando nenhum tipo de desequilíbrio. Em suma, delega-se apenas a
execução, mas não o poder de polícia em si.

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