Vous êtes sur la page 1sur 43

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

EFEITOS DA ESCÓRIA DE SIDERURGIA NA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO


SOLO E PRODUTIVIDADE EM PLANTAÇÕES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Caio César Alves Melo

Belo Horizonte

2018
i

Caio César Alves Melo

EFEITOS DA ESCÓRIA DE SIDERURGIA NA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO


SOLO E PRODUTIVIDADE EM PLANTAÇÕES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Trabalho de conclusão do curso de graduação em


Engenharia metalúrgica e de materiais da
Universidade Federal de Minas Gerais

Orientador: Prof. Leandro Rocha Lemos

Belo Horizonte

2018
ii

Caio César Alves Melo

EFEITOS DA ESCÓRIA DE SIDERURGIA NA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO


SOLO E PRODUTIVIDADE EM PLANTAÇÕES DE CANA-DE-AÇÚCAR

Trabalho de conclusão do curso de graduação em


Engenharia metalúrgica e de materiais da
Universidade Federal de Minas Gerais

Professor Leandro Rocha Lemos - Orientador

Professor

Belo Horizonte

2018
iii

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

2 OBJETIVO........................................................................................................................ 2

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 3

3.1 Alto-forno...................................................................................................................... 3
3.1.1 Funcionamento do alto-forno ................................................................................ 4
3.2 Escória de alto-forno ..................................................................................................... 5
3.2.1 Formação da escória no alto-forno ........................................................................ 6
3.2.2 Zona de amolecimento e fusão e formação da escória primaria ........................... 6
3.2.3 Zona de gotejamento e formação da escória secundaria ....................................... 7
3.2.4 Zona de combustão e formação da escória final ................................................... 7
3.3 Aciaria LD..................................................................................................................... 8
3.3.1 O processo LD....................................................................................................... 9
3.4 Escória de aciaria LD .................................................................................................. 10
3.5 Características das escórias para seu uso na agricultura ............................................. 11
3.5.1 Características de qualidade ................................................................................ 11
3.6 Acidez do solo e calagem ............................................................................................ 15
3.6.1 Conceito de acidez .............................................................................................. 15
3.6.2 Origem da acidez dos solos ................................................................................. 16
3.6.3 Calagem .............................................................................................................. 17
3.7 Importância do uso de corretivos para a cana-de-açúcar ............................................ 17
3.7.1 Cálcio .................................................................................................................. 17
3.7.2 Magnésio ............................................................................................................. 18
3.7.3 Silício .................................................................................................................. 18
3.7.4 Correção da acidez do solo ................................................................................. 19
3.8 Efeitos da escória de siderurgia em atributos químicos do solos e na correção da
acidez. ..................................................................................................................................... 20
3.9 Efeito da escória de siderurgia na produtividade da cana-de-açúcar .......................... 25
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 30

5 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 31
iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Descrição das partes do alto-forno. (Mourão,2007) ................................................... 3


Figura 3.2:Zonas internas do Alto-Forno. (Mourão,2007)............................................................ 6
Figura 3.3:Configuração básica de um convertedor LD. (Machado,2007) ................................... 8
3.4:Efeito do tempo de aplicação do calcário e da escória de siderurgia em alguns atributos
químicos do solo. ........................................................................................................................ 22
3.5:Efeito do calcário e da escória de siderurgia no valor do pH em um latossolo Vermelho-
Amarelo....................................................................................................................................... 23
3.6:Efeito da aplicação de doses crescentes de escória de siderurgia no valor pH em um
Argissolo Vermelho-Amarelo. .................................................................................................... 24
3.7: Efeito da aplicação de doses crescentes de escória de siderurgia no valor de Ca e Mg em um
Argissolo Vermelho-Amarelo ..................................................................................................... 24
3.8:Efeito da aplicação de escória no valor do pH ...................................................................... 25
3.9:Efeito da aplicação do calcário e da escória de siderurgia na produção de colmos e no
perfilhamento da cana-de-açúcar. ............................................................................................... 26
Figura 3.10:Produtividade de colmos(a) e açucares(b) em cana-planta. (Lima Filho &
Silva,2016) .................................................................................................................................. 28
Figura 3.11:Produtividade de colmos (a e c) e açucares (b e d) em cana-soca. (Lima Filho &
Silva,2016) .................................................................................................................................. 29
v

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.I: Analises típicas do gusa e da escória de um alto-forno a coque(Mourão,2007) ......... 8


Tabela 3.II Composição media da escória de aciaria LD(Arrivabene,2012) .............................. 11
Tabela 3.III: Capacidade de neutralização das diferentes espécies neutralizantes em relação ao
𝐶𝑎𝐶𝑂3. (𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑣𝑒𝑠𝑖, 2004) ....................................................................................................... 12
Tabela 3.IV:Taxas de reatividades das partículas de diferentes tamanho(Primavesi,2004) ....... 14
Tabela 3.V:Composição media da escória utilizada na adubação da cana de ano. (Prado &
Fernandes,2001) .......................................................................................................................... 21
Tabela 3.VI:Composição media do calcário utilizado na adubação da cana de ano. (Prado &
Fernandes,2001) .......................................................................................................................... 21
Tabela 3.VII:Composição media da escória de siderurgia utilizada na primeira adubação da
cana-soca. (Lima Filho & Silva,2016) ........................................................................................ 27
Tabela 3.VIII:Composição media da escória de siderurgia utilizada na cana-planta e na segunda
adubação da cana-soca (Lima Filho & Silva,2016) .................................................................... 28
vi

RESUMO

A escória de siderurgia, por apresentar teores consideráveis de MgO e CaO,


entre outros nutrientes, se credencia como um importante insumo agrícola, com
capacidade de fornecer nutrientes as plantas e atuar na correção da acidez do solo. Sua
utilização na agricultura demonstra ser uma boa opção para a reciclagem de resíduos
siderúrgicos. O trabalho em questão, por meio de estudos previamente feitos, tem por
objetivo demonstrar o efeito da escória de siderurgia como corretivo agrícola e
fornecedor de nutrientes importantes para a cana-de-açúcar. A pesquisa é baseada em
estudos realizados na cultura da cana-de-açúcar mostrando como a aplicação de
diferentes doses de escória age no solo corrigindo o pH e disponibilizando nutrientes
para as plantas. Os resultados demonstram que a escória em dosagens específicas
funcionam de maneira mais eficiente do que o calcário, o principal corretivo usado. A
partir desses resultados conclui-se que o uso da escória aumenta a produtividade
corrigindo a acidez e elevando a concentração no solo de substâncias importantes para
uma máxima produção.

Palavras chaves: Escória de siderurgia, corretivo agrícola, cana-de-açúcar

ABSTRACT

The steel slag, due to its considerable content of MgO and CaO, among other
nutrients, is credited as an important agricultural input, with capacity to supply nutrients
to plants and to act in the correction of soil acidity. Its use in agriculture proves to be a
good option for the recycling of steel residues. The work in question, through previous
studies, has the objective of demonstrating the effect of steel slag as an agricultural
corrector and supplier of important nutrients for sugarcane. The research is based on
studies carried out in the sugar cane crop showing how the application of different doses
of slag acts in the soil correcting the pH and providing nutrients to the plants. The
results demonstrate that slag in specific dosages work more efficiently than limestone,
the main corrective agent used. From these results, it is concluded that the use of slag
increases the productivity correcting the acidity and raising the concentration in the soil
of important substances for maximum production

Key words: Steel slag, agricultural input, sugar cane


1

1 INTRODUÇÃO

A indústria siderúrgica produz diariamente grandes quantidades de escória, As


usinas integradas geram cerca de 600 quilos de resíduos sólidos por tonelada de aço
produzido. (AÇO BRASIL,2018). Caso não fossem reaproveitados, eles provavelmente
inviabilizariam a produção de aço em razão de fatores econômicos e ambientais. O
gerenciamento e processamento adequados dos resíduos sólidos possibilitam o seu
ingresso na cadeia produtiva como materiais alternativos com valor econômico
importante.

A redução do impacto ambiental causado pelo acumulo de resíduos siderúrgicos


nos pátios das empresas faz com que seja bastante promissor o uso da escória como
insumo agrícola. Além de representar um benefício econômico significativo para essas
empresas, há a possibilidade da diminuição da mineração de calcário para fins agrícolas,
o que reduziria a degradação ambiental causada por essas mineradoras. No Brasil são
consumidos cerca de 32 milhões de toneladas de calcário por ano na agricultura
(DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL,2014). Assim sendo,
parte desse calcário pode ser substituído por insumos alternativos, como a escória
siderúrgica.

Os solos ácidos, ocupam a maior porção do território nacional, e para um


eficiente aproveitamento agrícola dessas áreas a correção da acidez é de suma
importância, pois fornece elementos essenciais, como cálcio e magnésio, os quais
possibilitam uma alta produtividade. A escória siderúrgica apresenta altos teores de
CaO e MgO além de outros nutrientes essenciais as plantas. Tais características
credenciam a escória como um possível corretivo e fornecedor de nutrientes e sua
eficiência dependerá obviamente da composição química e de sua granulometria
(CORREA, 2006).

Sendo assim, torna-se relevante compreender sobre a produção e caracterização


da escória assim como sua viabilidade agronômica e uso na correção da acidez e no
fornecimento de nutrientes ao solo.
2

2 OBJETIVO

Apresentar o efeito da escória de siderurgia na correção da acidez, no


fornecimento de nutrientes e na produtividade da cultura de cana-de-açúcar,
evidenciando sua utilidade como um coproduto, antes visto como rejeito.
3

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Alto-forno

O alto-forno é um reator metalúrgico de redução que tem por função produzir


ferro gusa liquido. Óxidos de ferro, como o 𝐹𝑒2 𝑂3, contidos no minério são reduzidos
nesse processo formando o gusa liquido que é constituído de ferro (~94%), carbono
(~4%) e elementos como o silício, manganês, fosforo e enxofre. Nesse processo obtém-
se também a escória, que é formada, pelas gangas do minério, pelos fundentes e pelas
cinzas do coque ou carvão vegetal (CASTRO, FIGUEIRA,TAVARES,2004)

O corpo principal do alto-forno é composto pela goela, cuba, ventre, rampa e


cadinho, figura 3.1.

Figura 3.1: Descrição das partes do alto-forno. (Mourão,2007)

A goela é onde é feito o carregamento do Alto-forno. Nessa área ficam os


equipamentos de distribuição da carga e sensores que monitoram os níveis e o perfil da
carga, a temperatura e a composição dos gases produzidos durante o processo de
4

redução. A cuba representa, em termos de volume, a maior parte do alto-forno, seu


formato possibilita que a carga tenha uma descida suave além de impedir que cascões
de materiais semifundidos agarrem nas paredes. O ventre é a união entre a cuba e a
rampa. É uma área de intensa oscilação de temperatura. A rampa por sua vez, ajuda na
sustentação da carga e no gotejamento de gusa e escória para o cadinho. O cadinho é a
parte inferior do forno, tem a forma cilíndrica, que tem como principal função
armazenar o gusa e a escória produzidos. Em sua parte superior ficam as ventaneiras por
onde ar pré-aquecido e combustíveis auxiliares são injetados. Em sua parte inferior
estão os furos de gusa, onde perfurações são feitas periodicamente para drenagem do
produto. (MOURÃO,2007) (CASTRO, FIGUEIRA, TAVARES,2004)

3.1.1 Funcionamento do alto-forno

As matérias primas carregadas no alto-forno são minério, sínter, e/ou pelota,


coque e fundentes

Como fonte de extração de Fe, o alto-forno utiliza minério de ferro granulado,


geralmente hematita, 𝐹𝑒2 𝑂3, ou aglomerados de finos de minério na forma de sínter
e/ou pelota. As impurezas presentes nesses produtos, sendo os principais: sílica (𝑆𝑖𝑂2),
oxido de cálcio (CaO), oxido de magnésio (MgO) e a alumina (𝐴𝑙2 𝑂3), os quais, quando
fundidos, formarão a escória. (MOURÃO,2007)

O coque é o principal combustível utilizado no processo de redução. De acordo


com Mourão(2007), o coque contem cerca de 86% de carbono, que reage com o ar
injetado, queimando na zona de combustão e gerando a principal parcela de calor
necessária para o processo. Em decorrência de sua combustão na região das ventaneiras,
gás nitrogênio e monóxido de carbono (CO) são produzidos, o gás CO será o principal
redutor dos óxidos de ferro.

Os fundentes são matérias primas utilizadas para conferir as escórias uma


proporção adequada de seus quatro óxidos principais (CaO – MgO –𝑆𝑖𝑂2– 𝐴𝑙2 𝑂3). Os
principais fundentes são: quartzo como fonte de 𝑆𝑖𝑂2, calcário como fone de CaO, o
dunito ou serpentino como fonte de MgO e 𝑆𝑖𝑂2, e a dolomita como fonte de CaO e
MgO. (MOURÃO,2007)
5

A redução dos óxidos de ferro evolui à medida que a carga desce em


contracorrente em relação aos gases provenientes da queima do carbono com o oxigênio
do ar quente soprado pelas ventaneiras do alto-forno. Os gases ascendentes atravessam
o leito de ferroso e coques aquecendo-os, desencadeando as reações químicas do
processo formando o gusa e a escória.

No cadinho, a escória e o gusa se separam por diferença de densidade, a escória


menos densa sobrenada e consequentemente o gusa fica na parte inferior. A drenagem
regular do cadinho é fundamental para o bom e eficiente funcionamento do reator. O
gusa e a escória após serem drenados, são separados por densidade no canal principal de
drenagem. A escória é direcionada para o canal de escória onde sofrerá um processo de
resfriamento e granulação e o gusa é direcionado para carros torpedos, onde será levado
para próxima etapa de fabricação do aço. (MOURÃO,2007)

3.2 Escória de alto-forno

As cargas metálicas adicionadas ao alto-forno têm, associados aos óxidos de


ferro, óxidos como CaO, 𝐴𝑙2 𝑂3, 𝑆𝑖𝑂2, MgO, 𝑃2 𝑂5 , 𝑁𝑎2 𝑂 e 𝐾2 𝑂, os quais, juntamente
com as cinzas de termo redutores utilizados, carvão vegetal ou coque, formarão a
escória. A escória além de eliminar compostos indesejáveis ao gusa, tem grande
importância na eficiência global do processo. Por tanto é interessante que haja um
controle sobre suas características desde a formação da primeira escória até seu
vazamento pelo furo de corrida. (CASTRO, TAVARES, FIGUEIRA,1989)

De acordo com Castro (1989), para um bom funcionamento do alto-forno e do


processo como um todo é necessário que a escória apresente certas características como:

1. Ponto de fusão baixo: A escória deve estar completamente liquida nas temperaturas
de fabricação do gusa, entre 1450 °C – 1550°C
2. Baixa viscosidade: Para que escoe com facilidade, tenha uma boa drenagem no
cadinho e haja uma boa transferência de massa.
3. Tolerância: pequenas alterações na composição devido as matérias primas
utilizadas, ou na temperatura, devido ao desempenho do processo não devem alterar
substâncialmente as outras características da escória.
6

4. Baixo volume: o peso produzido por tonelada de gusa deve ser o menor possível.

3.2.1 Formação da escória no alto-forno

As zonas internas do alto-forno, figura 3.2, são de grande importância para a


formação da escória. Durante o processo de escorificação há a formação da escória
primaria, escória secundária e escória final, cada uma formada em uma determinada
zona do alto-forno.

Figura 3.2:Zonas internas do Alto-Forno. (Mourão,2007)

3.2.2 Zona de amolecimento e fusão e formação da escória primaria

A zona coesiva do alto-forno situa-se em uma faixa de temperatura onde se tem


o início do amolecimento e a fusão da carga metálica. (MOURÃO, 2007)

A zona de amolecimento e fusão é de suma importância na operação do alto-


forno. A grande parte da redução de óxidos de ferro, a fusão do metal e da escória
7

primaria e as reações de gaseificação do carbono ocorrem nessa área, portanto é uma


região que apresenta grande gradiente térmico. (CASTRO, TAVARES,
FIGUEIRA,1989)

A interação dos óxidos presentes na escória no estado solido é muita lenta,


porem em níveis de maiores temperaturas no forno óxido de ferro reduzido (FeO)
combina com a ganga e forma compostos (aluminatos, silicatos) de baixo ponto de fusão
formando assim a escória primaria. (CASTRO, TAVARES, FIGUEIRA,1989)

3.2.3 Zona de gotejamento e formação da escória secundaria

A zona de gotejamento situa-se abaixo da zona de amolecimento e fusão. É


formada por um empilhamento de coque que alimenta duas partes, a zona de coque
ativo e o homem morto. O gusa e a escória gotejam através deste empilhamento em
contracorrente com os gases quentes da zona de combustão e se acumulam no cadinho
do alto-forno. (CASTRO, TAVARES, MORELATO ,1997).

Nesta região que apresenta maiores temperaturas, o FeO presente na escória


sofre uma rápida redução e gradativamente o CaO se dissolve, dissolução essa que tem
seu final na região das ventaneias. (CASTRO, TAVARES, FIGUEIRA,1989)

3.2.4 Zona de combustão e formação da escória final

Nessa região o ar quente soprado pelas ventaneiras faz com que o coque entre
em combustão gerando gás 𝐶𝑂2 ,que por sua vez reage com o carbono do coque e gera
gás CO, o principal redutor da carga ferrífera. (MOURÃO,2007). A produção da escória
final se dá nessa região e é formada pela dissolução de CaO que não foi incorporada na
zona de gotejamento e pela absorção da cinza do coque. Durante a passagem de
gotículas de gusa através da escória ocorre tocas químicas, por exemplo transferência
de Si, Mn, S, P, determinando assim as composições finas da escória e do gusa, como
demonstrado na tabela 3.1 abaixo (CASTRO, TAVARES, FIGUEIRA ,1989)
8

Tabela 3.I: Analises típicas do gusa e da escória de um alto-forno a coque(Mourão,2007)

FERRO-GUSA (%PESO)
Ti Si S Mn P C Fe OUROS
0,03 0,38 0,026 0,69 0,091 4,82 93,86 0,1
ESCORIA DE ALTO-FORNO (% EM PESO)
SiO2 Al2O3 CaO MgO S MnO TiO2 FeO OUTROS
34,65 11,59 42,8 6,81 1,22 0,83 0,53 0,35 1,22

3.3 Aciaria LD

O conversor a oxigênio é o processo mais comum para a produção de aço.


Desenvolvido em 1952, esse processo permitiu fabricar aço com um baixo investimento
e com um alta produtividade. O convertedor, figura 3.3, apresenta o formato de barril e
é basculado para o carregamento e vazamento em torno do seu eixo horizontal. Sua
carcaça é feita de chapas metálicas e revestido internamente por tijolos refratários. Um
componente importante do conversor é o furo de corrida, que permite o vazamento do
aço sem a retirada previa da escória, o que reduz o tempo de corrida. Neste tipo de
forno uma lança introduz 𝑂2 pela abertura superior e o gás incide sobre o metal líquido
presente no fundo do forno, promovendo assim a oxidação que minimiza os níveis de
impurezas, convertendo o ferro rico em carbono em aço (RIZZO,2006),
(MOURÃO,2007)

Figura 3.3:Configuração básica de um convertedor LD. (Machado,2007)


9

3.3.1 O processo LD

As principais matérias primas utilizadas na fabricação de aço pelo processo LD


são o gusa liquido e sólido, sucatas de aço e ferro fundido, cal, fluorita e oxigênio.

O gusa liquido é a parte predominante da carga metálica do convertedor a


oxigênio sendo responsável pela quase totalidade do fornecimento de calor ao processo.
(RIZZO,2006). De acordo com Mourão(2007) a sucata constitui a maior parte da carga
solida. As dimensões da sucata devem ser tais que permitam a sua completa fusão
durante o sopro e não causem estragos ao revestimento do conversor quando carregadas.

A adição de cal é necessária para a escorificação da sílica e para a remoção do


fosforo e enxofre. A fluorita é utilizada como fundente, e tem como função acelerar a
dissolução da cal e aumentar a fluidez da escória. (MOURÃO, 2007)

O processo LD utiliza oxigênio de alta pureza afim de maximizar a


produtividade do forno e evitar teores elevados de nitrogênio no aço.

De acordo com Mourão(2007), o ciclo de operações de refino no LD envolve


seis etapas: Carregamento da carga solida, carregamento do gusa liquido, sopro,
medição de temperatura e retirada de amostras, vazamento, e vazamento de escória.

O conversor LD é inclinado e o carregamento da sucata é feito através de calhas.


A disposição do material é feita de forma que as sucatas mais finas sejam carregadas
primeiro, afim de proteger o revestimento refratário, amortecendo a queda das sucatas
mais pesadas. O reator é então retornado a posição vertical para que a carga se assente
de forma correta. Logo depois é inclinado novamente para receber o gusa liquido,
terminado o carregamento o conversor é posicionado na vertical e tem-se o início do
sopro de oxigênio.

O objetivo da etapa de sopro de oxigênio é a transformação do ferro gusa em


aço. Para dar início ao processo de refino a lança e baixada e o sopro de oxigênio é
iniciado. O tempo de sopro é função do tipo de aço a ser produzido, da carga utilizada e
da prática operacional adotada. Normalmente o tempo de sopro varia entre 16 a 20
10

minutos, para um corrida que pode variar entre 35 a 45 minutos (MOURÃO,2007)


(RIZZO,2006)

As adições de cal e fundentes Podem ser realizadas no início ou de forma


parcelada ao longo do processo. Amostras de aço e escória são colhidas e sua
composição química e temperatura são analisadas, se estiverem dentro dos padrões, o
aço é então retirado do conversor. Caso a temperatura esteja abaixo do recomendado ou
a composição de carbono ainda muito alta, a corrida é ressoprada. Adição de minério de
ferro ou aparas de sucatas é recomendado, para resfriamento do aço, caso a temperatura
da corrida esteja elevada. (RIZZO,2006) (MOURÃO,2007).

O conversor é colocado na horizontal e o aço é vazado. Após o vazamento o


conversor é basculado completamente para o lado oposto e a escória é retirada. O
conversor então é posto em posição inicial de carregamento reiniciando o ciclo.

3.4 Escória de aciaria LD

A formação da escória envolve reações da oxidação principalmente dos


elementos Si,Mn e Fe e a dissolução da cal. A formação rápida de uma escória rica em
CaO é de suma importância, pois acelera a desfosforação e dessulfuração além de
proteger o revestimento refratário.

No início do sopro o Fe é oxidado formando o óxido temporário FeO. O óxido


de ferro formado reage com o silício e com o manganês oxidando-os. A medida que o
volume de silício oxidado aumenta, a sílica formada começa a dissolver a cal, e com o
aumento do volume da escória as reações passam a se processar no seio da emulsão
metal-escória formada. (MOURÃO,2007).

Na emulsão metal-escória, a reação de descarburação se acelera e há formação


de bolhas de CO. Com o aumento do volume de CO forma-se a emulsão metal-gás-
escória e nessa etapa o ferro e manganês serão reduzidos. Ao final do sopro a
descarburaçao é mais lenta e com isso o oxigênio passa a oxidar o ferro e o manganês
aumentando assim seus teores na escória. (MOURÃO,2007).
11

Tabela 3.II Composição media da escória de aciaria LD(Arrivabene,2012)

3.5 Características das escórias para seu uso na agricultura

As escórias de siderurgia, por fornecerem teores consideráveis de cálcio,


magnésio e silício, além de outros nutrientes em menores proporções, como ferro,
manganês, zinco, fósforo e enxofre, podem ser utilizadas na agricultura como corretivo
de solo e fertilizante.

Para que a escória seja considerada e utilizada como insumo agrícola,


determinadas características devem ser obedecidas e todo um processo de resfriamento,
beneficiamento e caracterização deve ser feito.

As escória podem ser resfriadas de duas formas distintas: resfriada ao ar ou com


jatos de água. O resfriamento feito a temperatura ambiente é um processo lento, o que
permite o arranjo cristalino dos componentes presentes na escória. Já o resfriamento
feito por jatos de água é um processo rápido e não há tempo hábil para formação de
fases cristalinas, assim a escória se granula vitrificando e adquirindo um estado amorfo.
Para o seu uso agrícola é preferido o resfriamento rápido pois quando ocorre uma maior
recristalização há a redução da solubilidade dos compostos quando adicionados ao solo.
Depois de resfriada a escória passa pelo processo de moagem e é separada conforme sua
granulometria. (PRADO, NATALE,2001)

3.5.1 Características de qualidade

As características que se relacionam com a qualidade dos corretivos agrícolas


são: teor de neutralizantes, forma química dos neutralizantes e variedade, tamanho de
partículas, e conteúdo de nutrientes.
12

Poder de neutralização (PN)

A capacidade de neutralização da acidez do solo de um corretivo agrícola é


indicado, entre outros fatores, pelo seu poder de neutralização. O PN está sujeito ao teor
e a natureza química do neutralizante presente no corretivo e é associado a cada
neutralizante uma determinada capacidade de neutralização expressa em relação a
capacidade de 𝐶𝑎𝐶𝑂3,tomado como padrão (tabela 3.III).Ou seja, de acordo com a
tabela 3.III, 100 kg de carbonato de magnésio apresentam ação equivalente a 119 kg de
carbonato de cálcio e assim sucessivamente.(ALCARDE,2005)

Tabela 3.III: Capacidade de neutralização das diferentes espécies neutralizantes em relação ao


𝐶𝑎𝐶𝑂3 . (𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑣𝑒𝑠𝑖, 2004)

O PN é estabelecido quimicamente em laboratório, dissolvendo uma quantidade


conhecida de uma determinada amostra em ácido clorídrico 0,5 mol/L seguido de uma
titulação por soda, dessa maneira, calcula-se a quantidade de ácido neutralizado.
Segundo o princípio da equivalência química, a quantidade de ácido neutralizado
equivale à quantidade de constituinte neutralizante da amostra do corretivo. Qualquer
que seja o constituinte neutralizante da amostra, considera-se como sendo o carbonato
de cálcio, que é tomado como padrão. Então, é calculada a quantidade de carbonato de
cálcio que deveria existir na amostra e o resultado é apresentado em percentagem
equivalente de carbonato de cálcio, (PRIMAVESI,2004). Dessa forma, se um corretivo
apresenta 75% PN significa que a cada 100g desse corretivo equivale, em neutralização,
a 75 g de 𝐶𝑎𝐶𝑂3.

De acordo a legislação brasileira as escórias devem apresentar um valor mínimo


de PN = 60% (BRASIL,2006)
13

Teores de cálcio e magnésio

Uma determinada substância é caracterizada como corretiva de acidez do solo


pelos teores de cálcio e magnésio. Materiais que apresentam baixos teores desses
elementos não são aptos para correção de acidez. Os teores de cálcio e magnésio são
expressos nas formas de CaO e MgO. (PRIMAVESI,2004)

De acordo com a legislação em vigor os valores mínimos, para a escória, da


soma [%CaO + %MgO] deve ser 30%. (BRASIL,2006).

Granulometria e Reatividade (RE)

A análise granulométrica do corretivo é feita através do peneiramento mecânico.


De acordo com a legislação brasileira sobre inspeção e fiscalização da produção e
comercio de corretivos destinados a agricultura (BRASIL,2006) a escória de siderurgia
deve ser constituída de partículas que passem 100% em peneira ABNT 10 (2mm), 70%
em peneira ABNT 20 (0,84 mm) e, 50% em peneira ABNT 50 (0,30 mm).

As substâncias presentes nos neutralizantes são de baixa solubilidade, devido a


isso sua incorporação ao terreno é influenciada pela umidade e pelo contato ao solo.

O tamanho das partículas é de grande importância e determina a eficiência


desses materiais. Quanto menor o tamanho maior a superfície de contato do material e
consequentemente melhor a absorção pelo solo. Em contra partida, com o aumento do
grau de finura aumenta-se também as dificuldades de aplicação e as perdas de material
causado pelo vento. (PRIMAVESI,2004).

A reatividade (RE) de um corretivo é determinada pela velocidade de sua reação


com o solo. Fatores como clima, condição do solo e granulometria influenciam nessa
reatividade. Outra abordagem para a reatividade é o percentual do corretivo que reage
com o solo no período de três meses. A diferença (100 – RE) é o percentual do corretivo
que apresenta ação mais lenta e reagirá após os três meses. Como mostrado na tabela
3.IV, por exemplo, A fração de 10 a 20 (passa na peneira 10, mas fica retida na peneira
20), apresenta 80% de material que continuará agindo no solo mais lentamente após o
período de três meses. (PRIMAVESI,2004), (ALCARDE 2005).
14

Tabela 3.IV:Taxas de reatividades das partículas de diferentes tamanho(Primavesi,2004)

Poder Reativo de Neutralização Total (PRNT)

Para uma avaliação adequada da ação dos corretivos, as características


reatividade e poder de neutralização devem ser combinadas, fornecendo assim o índice
denominado Poder Relativo de Neutralização Total (PRNT), calculado pela equação:
PRNT = PN x RE (%)/100. Assim O PRNT pode também ser definido como a
quantidade de PN que agirá no solo em três meses. Por exemplo, para um corretivo que
apresenta PN=97% e PE=80% seu PRNT será, se acordo com relaçao, igual a 77,6%.
Dessa forma, seu PN será dividido da seguinte forma: 77,6% agira em três meses, e 97-
77,6 = 19,4% agirá posteriormente. (ALCARDE,2005)

De acordo com a legislação brasileira, para escórias, o valor de PRNT deve ser
no mínimo 45%. (BRASIL,2006).

Manejo da escória de siderurgia

Para obtenção de resultados satisfatórios no manejo da escória de siderurgia


além do conhecimento de suas características químicas, é de suma importância a
distribuição e incorporação do material ao solo. A cana-de-açúcar por se tratar de uma
cultura que permanece no campo por vários anos determina que a realização destas
etapas sejam feitas de forma correta e com rigor, visando o melhor contato corretivo-
solo. (PRADO, NATALE,2001).

A escória de siderurgia deve ser aplicada a lanço antes do plantio da cultura, de


preferência em dias sem vento, o que favorece a homogeneização do insumo. A
incorporação dos corretivos deve ser realizada de forma atingir uma maior profundidade
possível (0-30 cm) e de forma uniforme. É interessante que se aplique metade da dose
15

antes da operação de aração e a outra metade após a aração e antes da gradagem.


(PRADO, NATALE,2001).

Devido as condições de acidez presentes nos solos brasileiros, a escória de


siderurgia deve ser aplicada afim de aumentar a saturação por bases, que determina o
nível de fertilidade do solo, para 80% (V=80%) o que representará um importante efeito
residual suficiente para todo ciclo da cultura. Saturação por bases é quantidade de íons
com carga positiva, com exceção dos íons de hidrogênio e alumínio, que são absorvidos
na superfície das partículas do solo. Ela está relacionada ao pH do solo, pois um valor
de saturação de bases alto indica que os locais de troca de uma partícula de solo são
dominados por íons não ácidos, indica também a fertilidade do solo. Solos com
saturação de bases maiores que 50% são considerados férteis. Quando o teor de MgO
for inferior a 5% é necessário complementar a adubação com 50 kg/ha de MgO ou 1
t/ha de calcário dolomítico, que apresenta fonte de magnésio de menor custo. (PRADO,
NATALE,2001).

Em relação a quantidade de escória que deve ser aplicada, não há um valor


específico. É necessário o estudo do solo para conhecer suas características, portanto,
para cada terreno há um valor ótimo de insumo a ser utilizado.

3.6 Acidez do solo e calagem

3.6.1 Conceito de acidez

O conceito químico mais simples de ácido é suficiente para ilustrar as ideias


relacionadas à acidez dos solos.

São consideradas substâncias ácidas aquelas que em meio aquoso liberam íons
(𝐻 + ) de acordo com a seguinte reação: 𝐻𝐴 ⇄ 𝐻 + + 𝐴− .O ácido HA, em solução
aquosa, dissocia-se no cátion 𝐻 + e no ânion 𝐴− . Ácidos fortes dissociam-se
completamente e ácidos fracos, que se assemelham mais aos problemas de acidez em
solos, dissociam-se muito pouco. (LOPES,1991).
16

A acidez do solo caracteriza-se pelo seu valor de pH e seu caráter ácido aumenta
à medida que o pH do solo diminui. O cálculo de pH é dado pela formula pH = - log
[𝐻 + ], assim para uma concentração de 0,0001 molar de 𝐻 + ,o PH correspondente será
4.

3.6.2 Origem da acidez dos solos

A escassez de substâncias como potássio, cálcio, magnésio, sódio, entre outros


tornam o solo naturalmente ácido. Cultivos e adubações que favoreçam a remoção
desses elementos também contribuem na acidificação dos solos

Há três maneiras principais que provocam a acidificação do solo. A primeira


ocorre naturalmente pela dissociação do gás carbônico:

𝐶𝑂2 + 𝐻2 𝑂 ⇄ 𝐻 + + 𝐻𝐶𝑂3− . (3.1)

O 𝐻 + transfere-se para o solo e libera um cátion trocável que será lixiviado,


favorecendo assim o empobrecimento do solo. Essa reação é favorecida por valores de
pH elevados, e se torna inexpressiva em, pH abaixo de 5,0, portanto, em solos muito
ácidos não é provável uma grande acidificação através da dissociação do gás carbônico.
(LOPES,1991). Em contra partida aos diversos benefícios da adubação, alguns
fertilizantes, sobretudo os amoniacais e a ureia, são a segunda causa da acidificação.
Durante a sua transformação no solo pelos microrganismos, resulta 𝐻 + :

Amoniacal: 2𝑁𝐻4+ + 3𝑂2 ⇄ 2𝑁𝑂2− + 2𝐻2 𝑂 + 4𝐻 + (3.2)

Ureia: 𝐶𝑂(𝑁𝐻2 ) 2 + 2𝐻2 𝑂 → (𝑁𝐻4 ) 2 𝐶𝑂3 (3.3)

O 𝐻 + produzido, como no primeiro caso, libera um cátion trocável para a


solução do solo, que será lixiviado com o ânion acompanhante, intensificando a
acidificação do solo. (LOPES,1991).

Uma terceira causa importante da acidificação dos solos, é a hidrólise do


alumínio, a qual produz íons 𝐻 + , de acordo com a reação:
17

𝐴𝑙 3+ + 3𝐻2 𝑂 → 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3 + 3𝐻 + (3.4)

Solos que apresentam acidez elevada, grande parte do alumínio se torna solúvel
em forma de cátions e hidróxidos. Esses compostos são adsorvidos pelos coloides,
aglomerados de materiais minerais e orgânicos que representam a parte mais reativa do
solo. Nessa condição, o íon 𝐴𝑙 3+ ,por apresentar grande tendência hidrolisante reage
com a água liberando o cátion 𝐻 + , aumentando assim a concentração de hidrogênio no
solo e consequentemente a diminuição do pH.(NETO,2009)

3.6.3 Calagem

Calagem é uma pratica agrícola de preparação do solo na qual se aplica calcário


com o objetivo de corrigir a acidez e aumentar a disponibilidade de nutrientes que
melhoram a estrutura e característica do solo afim de proporcionar um bom
desenvolvimento das culturas. (ROSETTO,2005)

Uma calagem bem feita além de corrigir a acidez, aumenta a disponibilidade de


nutrientes, melhora a fixação de nitrogênio, além de preservar e aumentar o teor de
matéria orgânica melhorando as propriedades físicas do solo, proporcionando uma
melhor aeração e circulação de água, favorecendo assim o desenvolvimento das raízes e
o ganho de produtividade. (ALVAREZ,1999), (LOPES,1991)

A necessidade de se fazer a calagem depende dos objetivos e princípios


envolvidos no processo. Pode ser feita para corrigir a acidez como para maximizar a
eficiência de um determinada cultura proporcionando quantidades adequadas de cálcio,
magnésio e nutrientes em geral. (ALVAREZ,1999)

3.7 Importância do uso de corretivos para a cana-de-açúcar

3.7.1 Cálcio

O cálcio é um importante nutriente para as plantas, porém apenas uma


quantidade pequena está disponível no solo. A suplementação de cálcio se faz
necessária pois devido a sua lixiviação e absorção pelas culturas ocorre a acidificação
18

do solo. É absorvido pelas plantas juntamente com a água do solo e acumula-se nas
folhas. Tem entre suas funções a de melhorar a estrutura, permeabilidade e a infiltração
de água no solo além de ajudar no controle ao estresse por salinidade. Devido a isso é
sempre importante manter o equilíbrio do cálcio com outros nutrientes a fim de evitar o
antagonismo e a competição. Em termos de absorção o cálcio compete com outros
cátions como: 𝐾 + , 𝑁 + , 𝑀𝑔2+ , 𝑁𝐻4+ ·, 𝐹𝑒 2+ e 𝐴𝑙 3+ . Em solos ácidos, principalmente os
contendo 𝐴𝑙 3+ livre, podem diminuir a absorção de Ca pelas plantas. O cálcio é um
importante nutriente estrutural, 90% do seu total encontra-se na parede celular e é o
responsável pelo fortalecimento dos tecidos e da parede celular da planta. Além disso,
ele também é parte importante no amadurecimento e qualidade dos frutos, fotossíntese e
divisão celular. (YAMADA,2007)

3.7.2 Magnésio

Nos cerrados do Brasil, a maioria dos solos sofrem de deficiência de magnésio,


devido ao alto grau de intemperismo, lixiviação e absorção pelas plantas. Sua principal
fonte natural vem da decomposição de rochas que contem minerais primários, como a
dolomita. O magnésio é um elemento nutritivo indispensável ao crescimento das plantas
porque desempenha um papel essencial na constituição da clorofila, base da
fotossíntese. Tem como função também a regulação do pH da planta e serve como
elemento estrutural das paredes celulares. O magnésio que não está fixado a clorofila e a
parede celular, apresenta grande mobilidade e é facilmente transportado para outras
áreas da plantas, como folhas, caules jovens e lugares de grande atividade metabólica.
Devido a isso, sua deficiência pode prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular e
consequentemente a absorção de outros nutrientes. (YAMADA,2007), (REIN,1999)

3.7.3 Silício

O silício se apresenta no solo de várias formas, entre as principais estão: Si


solúvel (𝐻4 𝑆𝑖𝑂4– ácido monossilícico), Si adsorvido ou precipitado com óxidos de ferro
e alumínio e nos minerais silicatados (cristalinos ou amorfos). As solubilidades destes
minerais dependem da temperatura, pH, tamanho de partículas, composição química e
presença de rachaduras no solo. (RAIJ & CAMARGO,1973)
19

O silício apresenta efeitos benéficos em culturas no combate a pragas e doenças,


em resistência a toxidade, além de proporcionar resistência e ganho de produtividade. A
absorção do silício é um processo ativo, isto é, que exige gasto de energia, mesmo
quando as raízes estão em presença de altas concentrações do elemento Na planta o
silício se encontra nos tecidos de suporte/sustentação do caule e nas folhas, podendo ser
encontrado também em pequenas quantidades nos órgãos (KORDÖRNFER,2004),
(EPSTEIN,2001)

3.7.4 Correção da acidez do solo

A acidez dos solos é acentuada pelo próprio cultivo, uma vez que as plantas
absorvem cátions e liberam quantidades equivalentes de íons 𝐻 + . Embora não sejam os
únicos responsáveis pela acidificação do solo, esses cátions influenciam de forma direta
a disponibilidade dos nutrientes tornando assim a reposição dos mesmo de suma
importância para uma máxima produtividade. (MALAVOLTA ,1984)

Nas áreas tropicais, sabe-se que a máxima eficiência dos fertilizantes depende da
correção da acidez do solo, o que tem sido feito empregando-se os calcários. Entretanto,
existem materiais corretivos alternativos, sendo o mais promissor a escória de siderurgia
(PRADO,2000).

Em solos que apresentam elevada acidez corretivos são utilizados para que se
tenha uma maximização na produtividade, melhorando o fornecimento de nutrientes e
corrigindo o pH do solo. A correção da acidez constitui-se em neutralizar os íons 𝐻 + , o
que é feito pelo ânion 𝑂𝐻 − . Portanto, os corretivos da acidez devem ter componentes
básicos para gerar 𝑂𝐻 − e promover a neutralização. As reações de neutralização do 𝐻 +
pelo calcário e pela escória de acordo com (ALCARDE,2005) são as seguintes:

Calcário:

𝐶𝑂3−2 + 𝐻2 𝑂𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐻𝐶𝑂3− + 𝑂𝐻 − (𝐾𝑏1 = 2,2 𝑋 10−4 ) (3.5)

𝐻𝐶𝑂3− + 𝐻2 𝑂𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐻2 𝐶𝑂3 + 𝑂𝐻 − (3.6)

+
𝑂𝐻 − + 𝐻𝑠𝑜𝑙𝑢𝑐𝑎𝑜 𝑛𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐻2 𝑂 (3.7)
20

Escória:


𝐶𝑎𝑆𝑖𝑂3 + 𝑀𝑔𝑆𝑖𝑂3(𝑒𝑠𝑐𝑜𝑟𝑖𝑎) + 𝐻2 𝑂𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐶𝑎2+ + 𝑆𝑖𝑂3− + 𝑀𝑔2+ + 𝑆𝑖𝑂3(𝑠𝑜𝑙𝑜) (3.8)

𝑆𝑖𝑂3− + 𝐻2 𝑂𝑆𝑜𝑙𝑜 → 𝐻𝑆𝑖𝑂3− + 𝑂𝐻 − (𝐾𝑏2 = 1,6 𝑋 10−3 ) (3.9)

𝐻𝑆𝑖𝑂3− + 𝐻2 𝑂𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐻2 𝑆𝑖𝑂3 + 𝑂𝐻 − (3.10)

+
𝑂𝐻 − + 𝐻𝑠𝑜𝑙𝑜 → 𝐻2 𝑂 (3.11)

Essas equações mostram que a ação neutralizante da escória é muito semelhante


a do calcário, neste caso a base química 𝑆𝑖𝑂3− é fraca (𝐾𝑏2 = 1.6 𝑋 10−3 ), mas quando
comparada com a base 𝐶𝑂3− é mais forte (𝐾𝑏1 = 2,2 𝑋 10−4 ), onde Kb é a constante de
dissociação da base. (ALCARDE,2005).

Como demonstrado, a escória de siderurgia é uma opção para a correção da


acidez do solo assim como uma alternativa para fornecimento de nutrientes

3.8 Efeitos da escória de siderurgia em atributos químicos do solos e na


correção da acidez.

Acidez do solo é o principal limitante à produção agrícola. Nessas circunstâncias


a calagem assume importância significativa e exerce efeito direto na disponibilidade de
nutrientes do solo, fornecimento de cálcio e magnésio, elevação da saturação por bases
e correção da acidez. No brasil o material mais utilizado é o calcário, toda via a
utilização de resíduos siderúrgicos tem se mostrado uma boa alternativa. (PRADO &
NATALE,2001)

Prado & Fernandes(2001) avaliaram a resposta da cana-de-açúcar durante os


dois primeiros cortes utilizando a escória de siderurgia como corretivo e comparando-a
com o calcário calcitico. Foram aplicadas 3 doses de calcario, 1,92; 3,92 e 5,93 t/ha e
para a escória de siderurgia utilizada fora aplicadas também 3 doses, 3,0; 6,2 e 9,27 t/ha.
Aplicou-se juntamente com todas as doses de corretivo,1300 kg/ha de NPK 04-14-08,
(4% de nitrogênio,14% de fósforo,8% de potássio). Durante o preparo do solo aplicou-
se a escória de siderurgia e o calcário manualmente, obedecendo a seguinte ordem:
21

metade aplicada a lanço antes da aração e metade aplicada a lanço depois da aração e
antes da gradagem. Aos 12 e 24 meses da aplicação dos corretivos foram retiradas 15
amostras do solo efetuadas nas camadas de 0-20cm e 20-40cm de profundidade. Foram
avaliados os valores de pH, os teores de Ca, Mg, H+Al, e do V%. a composição da
escoria e do calcário utilizados estão demonstrados nas tabelas 3.V e 3.IV

Tabela 3.V:Composição media da escória utilizada na adubação da cana de ano.


(Prado & Fernandes,2001)

Tabela 3.VI:Composição media do calcário utilizado na adubação da cana de ano.


(Prado & Fernandes,2001)

Acompanhando a evolução dos efeitos da aplicação da escória de siderurgia e do


calcário no solo, os resultados indicaram que os teores de Ca,Mg e da saturação por
bases sofreram aumento acentuado enquanto o (H + Al) reduziu também na mesma
magnitude, na amostragem efetuada aos 12 meses, figura 3.4.
22

3.4:Efeito do tempo de aplicação do calcário e da escória de siderurgia em alguns


atributos químicos do solo.

Observou-se também as variações de pH na duas profundidades analisadas,


figura 3.5, tanto para o calcário quanto para a escória. O aumento do Ph em camadas de
20-40 cm evidenciam os efeitos positivos da aplicação da escória e do calcário na
subsuperficies abaixo da camada na qual foram incorporados. O que pode ter
contribuído para o efeito positivo dos corretivos em subsuperfície seriam os tratamentos
que utilizaram as doses maiores. O deslocamento de partículas de calcário no perfil do
solo pode receber contribuição de natureza física, como os canais deixados pela
decomposição de raízes, de acordo com a atividade da micro e macrofauna, ou de
natureza química, pela formação de pares entre bases (Ca e Mg), e ácidos orgânicos de
alta solubilidade estariam permitindo o carreamento desses pares às camadas
subsuperficiais do perfil (SANTOS,1999). Além disso, a adubação nitrogenada pode
levar a formações de sais solúveis de nitrato de cálcio, os quais podem ser percolados
pelo movimento descendente da água no perfil do solo (BLEVINS,1977).
23

3.5:Efeito do calcário e da escória de siderurgia no valor do pH em um latossolo


Vermelho-Amarelo..

Prado & Corrêa (2003), também avaliaram o uso da escória de siderurgia na correção da
acidez do solo. O trabalho foi desenvolvido em vaso e o substrato utilizado foi um
Argissolo vermelho-amarelo com pH=4,3. Utilizaram uma escória de aciaria com as
seguintes características, CaO = 257g/kg, MgO = 64g/Kg com PN e PRTN = 61%. As
doses de escória aplicadas (0;1,68;3,36;5,04;6,72;8,4 gramas) objetivaram elevar V%
em 70%.

O resultado demonstrou que a escória de siderurgia aumentou significativamente o valor


do pH no solo, figura 3.6, tal feito está relacionado com a presença do constituinte
neutralizante 𝑆𝑖𝑂3−2 e de Ca e Mg, os quais também apresentaram aumento de acordo
com a figura 3.7.
24

3.6:Efeito da aplicação de doses crescentes de escória de siderurgia no valor pH em


um Argissolo Vermelho-Amarelo.

3.7: Efeito da aplicação de doses crescentes de escória de siderurgia no valor de Ca e


Mg em um Argissolo Vermelho-Amarelo

Barbosa Filho & Zimmermann(2004) estudaram o efeito da escória de siderurgia na


correção da acidez do solo em plantações de arroz. O experimento foi feito com
aplicação doses de escórias (0,2,4,6,8 e 10 t/ha) em um Latossolo Vermelho distrófico
com pH = 5,6. Observou-se novamente o efeito positivo da aplicação da escória no
aumento do pH do solo, figura 3.8.
25

3.8:Efeito da aplicação de escória no valor do pH

Alguns autores, Wutke(1962), Suehisa(1963), Gomes(1965), desde a década de


60, utilizaram a escória como corretivo e obtiveram bons resultados. De acordo com
esses autores o sucesso da escória como corretivo está relacionado ao acréscimo do pH,
aumento da concentrações de cálcio e magnésio e da neutralização do alumínio.

3.9 Efeito da escória de siderurgia na produtividade da cana-de-açúcar

De acordo com Lima Filho(1999) as escórias de siderurgia utilizadas como


insumos agrícolas são responsáveis pelo aumento significativo da produtividade e da
síntese de açucares em plantações de cana de açúcar.

Trabalhos pioneiros nessa área surgiram na década de 60 no Havaí, realizado por


Ayres(1966) Também no Havaí estudos feitos por Fox(1967) em latossolos conseguiu
um incremento na produtividade de até 12 t/ha. No Brasil, somente na década de 90 e
início dos anos 2000 surgiram estudos sobre a influência da escória na produtividade.
(PRADO E NATALE,2001)

Prado & Fernandes(2001) em um experimento conduzido em condições de


campo em um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico com cana-de-açúcar
26

compararam a aplicação da escória de aciaria e um calcário calcítico acrescido com


micronutrientes, Foi utilizado calcário calcítico em 3 doses, 1,92; 3,92 e 5,93 t/ha e para
a escória de siderurgia utilizada foram aplicadas também 3 doses, 3,0; 6,2 e 9,27 t/ha.
Durante o preparo do solo aplicou-se a escória de siderurgia e o calcário manualmente,
obedecendo a seguinte ordem: metade aplicada a lanço antes da aração e metade
aplicada a lanço depois da aração e antes da gradagem.

A figura 3.9 mostra um efeito quadrático e outro linear pela aplicação do


calcário e da escória de siderurgia respectivamente, na produção de colmos. Resposta
semelhante foi observado no perfilhamento da cana-de-açúcar. A aplicação do calcário
pra a dose de 3,8 t/ha resultou em decréscimo na produção de colmos, enquanto a
mesma dose equivalente para a escória de siderurgia aumentou a produção. O efeito
linear da escória e quadrático do calcário pode ser explicado pela reação mais lenta da
escória nos primeiros meses de reação em relação ao calcário, especialmente em doses
maiores que não foram suficientes para mudanças bruscas na reação do solo e capazes
de ocasionar algum dano nutricional a planta. (PRADO & FERNANDES 2001)

3.9:Efeito da aplicação do calcário e da escória de siderurgia na produção de colmos e


no perfilhamento da cana-de-açúcar.
27

Lima filho & Silva(2016) estudou o efeito do silicato de cálcio e magnésio


granulado na produção de dois tipos de cana-de-açúcar. O estudo com Cana-Soca na
fazenda Merém foi feito em solo classificado como Latossolo Vermelho eutrófico
(LVe) com textura médio argilosa. Aplicou-se 500 kg do adubo NPK 17-01-27, (17%
de nitrogênio,1% de fosforo e 27% de potássio) e cinco doses de escórias
(zero;100;200;400 e 600 kg/ha). Para a Cana-Planta o estudo foi feito na fazenda São
Manuel em Latossolo Vermelho eutrófiico (LVe),textura medio argilosa. Aplicou-se
600 Kg do fertilizante NPK 05-25-25 (5% de nitrogênio,25% de fósforo e 25% de
potássio) e cinco doses de escória granulada (zero;200;400;800;1200 kg/ha). A
produtividade foi mensurada por meio do método da biometria, através da contagem de
colmos e a análise tecnológica, que avalia a qualidade da cana-de-açúcar, consistiu na
determinação das seguintes variáveis agroindustriais: pureza, umidade, fibra, pol
(sacarose aparente) e ATR (açúcares redutores totais), segundo metodologia apresentada
pela CONSECANA (CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA-DEAÇÚCAR,
AÇÚCAR E ÁLCOOL DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2015). A composição química
das escorias utilizadas estão apresentadas nas tabelas 3.VII e 3.VIII

Tabela 3.VII:Composição media da escória de siderurgia utilizada na primeira


adubação da cana-soca. (Lima Filho & Silva,2016)
28

Tabela 3.VIII:Composição media da escória de siderurgia utilizada na cana-planta e


na segunda adubação da cana-soca (Lima Filho & Silva,2016)

A aplicação da escória granulada, no sulco de plantio de cana-planta houve


resposta quadrática com aumento máximo de 13 t/ha na produtividade de colmos, com a
dose de 800 kg/ha, figura3.10a. Na dose mais elevada, 1.200 kg/ha, porém, houve
diminuição de 11%. Até a dose de 800 kg/ha, o aumento na produção de açúcares foi
linear, com variação positiva de 9%, figura 3.10b

Figura 3.10:Produtividade de colmos(a) e açucares(b) em cana-planta. (Lima Filho &


Silva,2016)

Na primeira avalição da cana-soca com a aplicação da dose de 200kg/ha, a


produtividade chegou a quase 24 t/ha, mais de 25% em relação à testemunha. Todos os
demais tratamentos também foram superiores à testemunha, variando de 8% a 17% a
mais na produtividade, figura 3.11a. Valores similares também foram obtidos para a
produção de açúcares, figura 3.11b. Na colheita da segunda soqueira deste ensaio
também foi observado aumento na produção de colmos. Este aumento variou de 7% a
29

11%, respectivamente nas doses de 400 kg/ha e 600 kg/ha Figura 3.11c. Já o aumento
no conteúdo de açúcares, nas duas doses citadas, foi de 7%, figura 3.11d.

Figura 3.11:Produtividade de colmos (a e c) e açucares (b e d) em cana-soca. (Lima Filho &


Silva,2016)

A tendência quadrática, verificada em cana-planta na Fazenda São Manoel e na


primeira colheita de cana-soca na Fazenda Merem, ocorreu pelo fato de doses mais
elevadas do silicato terem diminuído a produção de massa verde e açúcares

As escórias de siderurgia normalmente aumentam a produtividade ao corrigir o


pH do solo, em função da presença dos óxidos de Ca e Mg presentes em sua
composição. Além da correção da acidez do solo, o aumento na produtividade é
resultado de outros benefícios para a planta, atribuídos à fertilização silicatada,
incluindo aumento na resistência a pragas e doenças, melhoria da arquitetura foliar,
30

maior eficiência no uso da água e da fotossíntese e diminuição no potencial de toxidez


mineral em solos com excesso de manganês e alumínio (MATICHENKOV;
CALVERT, 2002), (MEYER; KEEPING, 2000)

As doses mais baixas de escória de siderurgia, testadas nas fazendas Merem e


São Manuel, foram favoráveis ao aumento da produtividade em cana-planta ou cana-
soca. Entretanto, a aplicação de doses elevadas diminuiu a produção de colmos e,
consequentemente, de açúcares. Na Fazenda São Manoel, em cana-planta, o tratamento
com 800 kg/ha foi o mais eficiente, porém com 1.200 kg/ha a produtividade foi inferior
à testemunha. Na Fazenda Merem, na primeira colheita da cana-soca, as doses de 400 e
600 kg/ha proporcionaram produtividades inferiores à dose de 200 kg/ha.
É fato reconhecido que silicatos solúveis ou parcialmente solúveis, como é o caso da
escória de siderurgia, aumentam o pH do solo. Aplicação excessiva de corretivos pode
resultar em valores de pH altos, indesejáveis para um crescimento adequado das
culturas. Os efeitos danosos de uma supercalagem incluem deficiência de cobre, ferro,
manganês e zinco, menor disponibilidade de fósforo e menor absorção de boro.
Também é relevante salientar que o sistema de colheita da cana sem queima e sem
incorporação da palhada pode favorecer o uso de silicatos na correção do solo, já que o
silicato de cálcio é mais solúvel que o carbonato de cálcio, favorecendo a correção da
acidez em maior profundidade em relação ao calcário (HAVLIN,2005).

Estudo feitos por Anderson(1991) na Florida mostraram também efeito positivo


na produção de colmos e de açucares chegando a um incremento de ate 40% na
produtividade. Na Indonésia, Allorerung(1989) observou também resposta positiva
mediante aplicação de escórias silicatadas na produção de colmos.
.

4 CONCLUSÃO

No presente trabalho, foi realizado um estudo sobre a viabilidade do uso de


escória de siderurgia na correção da acidez e disponibilidade de nutrientes em
plantações de cana-de-açúcar.
31

Em todos os trabalhos apresentados houve resposta positiva tanto na correção da


acidez do solo como no aumento da produtividade mediante aplicação de escória de
siderurgia.

Observou-se aumentos substanciais no pH do solo, e nas concentrações de cálcio


e magnésio assim como na elevação da saturação por bases.

O uso da escória de siderurgia como adubo, passivo de fornecer elementos


básicos, também se mostrou satisfatório, determinando um expressivo crescimento na
produtividade e atingindo valores altos, alguns chegando próximo a 50%.

Pelos efeitos benéficos da escoria de siderurgia, tanto no solo corrigindo a


acidez, aumentando a disponibilidade de nutrientes, como na planta melhorando a
nutrição e produtividade, o uso agrícola da escoria se mostra uma opção viável.

Porém, poucos estudos são feitos na área, especialmente no Brasil.

5 REFERÊNCIAS

ALCARDE, J. C.; Associação Nacional para Difusão de Adubos e Corretivos Agrícola


(ANDA), Corretivo de acidez do solo: características e interpretação. São Paulo, 26p,
novembro 2005 (Boletim Técnico, 6).

ALLORERUNG, G. Influence of steel slag application to red/yellow podzolic soils na


soil chemical characteristics, nutrient, content and uptake, and yield of sugar cane
plantations. Faculty of Agriculture, IPB Bogor, Bulletin-Pusat-Penelitian-Perkebunan-
Gula. Indonésia. 1989. p.14-42.

ALVAREZ V., V.H. & RIBEIRO, A.C. Calagem. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES,
P.T.G. & ALVAREZ V., V.H., eds. Recomendação para o uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais. 5a aproximação. Viçosa, MG, CFSEMG, 1999. 359p.
ANDERSON, D.L. Soil and leaf nutrient interations following application of calcium
silicate slag to sugar cane. Fertilizer research, v.30, p.9-18. 1991.
32

AYRES, A.S. Calcium silicate slag as a growth stimulant for sugar cane on low silicon
soils. Soil Science, v.101.p.216-227. 1966.

BARBOSA FILHO.M.P. ZIMMERMANN, F.J.P. Influência da escória silicatada na


acidez do solo e na produtividade de grão do arroz de terras altas. Lavras, v.28, nº2,
p.323-331. Abril 2004.

BRASIL. Instrução Normativa nº 35, de 4 de julho de 2006. Diário Oficial da República


Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 jul. 2006. Seção 1, p. 32.

BLEVINS,R.L.Influence of no-tillage and nitrogen fertilization on certain soil


properties after 5 years of continuous corn. Agron.69:383-386.1977

CASTRO, L. F. A., TAVARES, R.P., FIGUEIRA, R.M. Controle e otimização de


escória no alto-forno. Belo Horizonte. Escola de engenharia, departamento de
engenharia metalúrgica e de materiais, UFMG, 1989. 151p

CASTRO, L. F. A., TAVARES, R.P, MORELATO, A. P. Injeção de carvão


pulverizado nas ventaneiras do alto-forno. Belo Horizonte. Escola de engenharia,
departamento de engenharia metalúrgica e de materiais, UFMG,1997. 182p

CASTRO, L. F. A., FIGUEIRA, R.M., TAVARES, R.P. Princípios básicos e processos


de fabricação do gusa ao aço líquido. Belo horizonte. Escola de engenharia,
departamento de engenharia metalúrgica e de materiais, UFMG,2004. 248p.

Conselho dos produtores de cana-de-açúcar, açúcar e álcool do estado de São Paulo.


Manual de instruções. 6. ed. Piracicaba, 2015. 81 p.

CORREA, M.L.T. Utilização de escória de aciaria como corretivo da acidez de solos


para cultivos de soja e cana-de-açúcar e avaliação da contaminação ambiental. Viçosa.
Minas Gerais. 2006. Tese de Doutorado Universidade Federal de Viçosa.
33

Departamento nacional de produção mineral. Disponível em:


http://www.dnpm.gov.br/dnpm/sumarios/calcario-agricola-sumario-mineral-2014
<acessado em 23 de Outubro de 2016>

FOX, R.L.; LEVA, J.A.; YOUNG, O.P.; PLUNCKNETT, U.L. & HERMAW, G.D.
Soil and plant silicon and silicate response by sugarcane. Soil Sci. Soc. Am. Proc.,
31:775-779, 1967.

GOMES, A.G. Comportamento de tipos de escorias de siderurgia como corretivo da


acidez do solo, Bragantia, v.24, p.173-179.1965.

HAVLIN, J. L.; BEATON, J. D.; TISDALE, S. L.; NELSON, W. L. Soil fertility and
fertilizers: an introduction to nutrient management. 7th ed. Upper Saddle River: Prentice
Hall, 2005. 515 p.

Instituto Aço Brasil. Disponível em: http://www.acobrasil.org.br/sustentabilidade/.


Acesso em 01 de Junho de 2018.

LIMA FILHO, O.F. O silício na agricultura. Informações agronômicas, n.87 p.1-7,1999

LIMA, O.F.F; SILVA, C.J. Avaliação agronômica do silicato de cálcio e magnésio


granulado na cultura da cana-de-açúcar. Dourado: Embrapa Agropecuária Oeste,2016.
28p. Boletim de pesquisa e desenvolvimento.

LOPES, A.S. Acidez do solo e calagem. 3ªed. São Paulo. ANDA (Associação
Nacional para Difusão de Adubos)1991. 22p

MALAVOLTA, E. Reação do solo e crescimento das plantas. SEMINÁRIO SOBRE


CORRETIVOS AGRÍCOLAS, 1. 1984, Piracicaba. 1984. p. 03-57
34

MATICHENKOV, V. V.; CALVERT, D. V. Silicon as a beneficial element for


sugarcane. Journal of the American of Sugarcane Technologists, v. 22, p. 21-30, June
2002

MEYER, J. K.; KEPPING, M. G. Review of research into the role of silicon for
sugarcane production. In: CONGRESS OF THE SOUTH AFRICAN SUGAR
TECHNOLOGISTS ASSOCIATION, 74., 2000, Durban:South African Sugar
Technologists Association, 2000. p. 29-40.

MOURÃO, M.B. Introdução a siderurgia. 1ª impressão. São Paulo. ABM,2007. 428p.

MENDES, L.S. Adubação com silício: influência sobre o solo, planta, pragas e
patógenos. Revista do Centro Universitário de Patos de Minas. Patos de Minas, v.2, 51-
63. Setembro 2011.

NATALE, W; PRADO, R. M.; ROZANE, D. E.; ROMUALDO, L. M. Efeitos da


calagem na fertilidade do solo e na nutrição e produtividade da goiabeira. Revista
Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.31, p.1475-1485, 2007.

NETO, S.P.M. Acidez, alcalinidade e efeitos da calagem no solo. Embrapa Cerrados,


Planaltina - DF, 23 out. 2009.

PRADO, R. M. Resposta da cana-de-açúcar à aplicação de escória silicatada como


corretivo da acidez do solo. 2000. 97f. Dissertação (Mestrado em Sistema de Produção)
– Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, Ilha
Solteira, 2000.

PRADO, R. M.; FERNANDES, F. M. Resposta da cultura da cana-de-açúcar à


Aplicação de escória de siderurgia como corretivo da acidez do solo. Revista
Brasileira de Ciências do Solo, Viçosa, v.25, n. 1, p. 201-209, 2001.
35

PRADO, R.M.; NATALE, W. Uso agrícola da escória de siderurgia no Brasil. 1ª


edição. Jaboticabal. Funep,2001. 67p.

PRADO, R. M.; CORRÊA, M.C.M. Respostas de mudas de goiabeiras a aplicação de


escória de siderurgia como corretivo da acidez do solo. Jaboticabal. v.25, nº1, p.160-
163. Abril 2003

PRIMAVESI, A.C. Características de corretivos agrícolas. 1ª edição São Carlos.


Embrapa Pecuária Sudeste, 2004.28p

RAIJ, B. van; CAMARGO, O. A. Sílica solúvel em solos. Bragantia, v. 32, n. 11, p.


223-31, 1973

REIN, T.A. Guia técnico do produtor rural. Planaltina, nº 52, 1-2. Dezembro,1999

RIZZO, ERNANDES M. S. Introdução aos processos de refino primário dos aços nos
convertedores a oxigênio. 1ª impressão. São Paulo. ABM,2006. 118p.

SANTOS, J.C.F. Mobilização de cálcio e alumino em solos ácidos por compostos


orgânicos hidrossolúveis e resíduos vegetais. Piracicaba. Centro de Energia Nuclear na
Agricultura, Universidade de São Paulo,1999. 72p. Tese de doutorado.

SUEHISA, R.H. Effects of silicates on phosphorus availability to sudan grass grow on


Hawaii an soils. Hawaii Agricultural Experiment Station, 1963. 40 p (Technical
Bulletin, 51)

ROSSETO, R. Adubação e calagem em cana-de-açúcar. O Agronômico, boletim


técnico informativo do instituto agronômico, Campinas, v57, nº1,22-23,2005.

WUTKE, A.C.P. Avaliação das possibilidades de escorias siderúrgicas como corretivos


da acidez do solo. Bragantia, v.21 p.795-805, 1962.
36

YAMADA, T. Informação agronômicas. Piracicaba, nº117, 1-28, Março 2007.

Vous aimerez peut-être aussi