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O PENSAMENTO CONSERVADOR

Roberto Romano
Universidade Estadual de Campinas

RESUMO
E comum identificações entre pensamento conservador e atraso científico ou técnico. O texto abaixo
procura mostrar a falsidade destas assertivas, indicando o quanto o conservadorismo liga-se, de
preferência, ao papel dado ao conceito de soberania. Filósofos conservadores podem ser amigos
da ciência e do progresso técnico. Seu modelo é a obra hobbesiana. A atitude diante da soberania
popular é a chave para se definir um pensamento político enquanto democrático ou conservador.
No primeiro, o povo é tido como soberano, e respeitado por isto. No segundo, elimina-se a idéia de
soberania popular em proveito de conceitos abstratos sobre o Estado, com privilégio para os
dirigentes e seus coadjutores, os ‘técnicos ’de governo.
PALAVRAS-CHAVE: massa, poder, soberaniapopular, Luzes, Contra-Revolução.

Quando falamos de um pensamento polí­ dativãmente repetimos lugares comuns e


tico, devemos lembrar as consciências onde teses batidas pelos propagandistas. Raros
um dia ele tornar-se-á princípio inquestioná­ dentre nós chegam ao fim de seus dias sem
vel, norteando a vida e a morte. O estudo dobrar a espinha e a língua, desobedecendo
sobre as multidões torna-se cada vez mais os ditadores que decretam morticínios em
premente, sobretudo quando investigamos nome do povo, divindade sedenta de sangue
a violência racista e a injustiça social, garan­ que possui mil faces e apelidos. Nós brasilei­
tidas pelos meios de imposição persuasiva ros, conhecemos alguns, como os adeptos
de grande alcance, abarcando homens e mu­ do “ame-o ou deixe-o” ditatorial, os “fiscais
lheres que se entrechocam nos vários cantos do presidente”, “os descamisados” etc.
terrestres.
Elias Canetti apresenta o espírito moder­
Nesse campo, suscita interesse cada vez no imerso nos ritmos e nos movimentos de
maior o lúcido Massa e poder de Elias Ca- massa. Sua obra prima foi gerada como ré­
netti (CANETTI, 1986). Neste monumento plica aos movimentos nazistas e fascistas
antropológico, filosófico, psicológico e polí­ que infernizaram o século vinte. Hoje, Ca­
tico, encontra-se uma descrição rigorosa do netti está morto, mas seu livro aí está, como
comportamento massificado que domina um advertência e como instrumento para a luta
ou outro instante de nossa vida. Talvez em contra o neo-nazismo, o neo-facismo, que
termos políticos tenhamos a coragem de na­ pouco têm de “neo” e apresentam muito das
dar contra a corrente. Não raro, em plano ideologias genocidas aceitas pelas hordas
individual nos distanciamos do juízo públi­ cujo pensamento se reduziu à repetição ma­
co. Cedo ou tarde sentimos a pressão da mas­ quinal dos slogans. Entre estes, um traz res­
sa em nossas opções. Quando nos acostu­ sonâncias sinistras, neste momento: “Des­
mamos à coragem de refletir, fugindo do lu­ perta Alemanha” (“Deutschland erwache”).
gar comum, nos envergonhamos das frases No fundo da alma autoritária, na Alemanha
ditas para não sermos linchados, física ou ou no Brasil, tais gritos despertam ódios,
espiritualmente, pelo grande número. Se vi­ mentiras, calúnias, perseguições. Não por
vemos em regime político de opressão, gra- acaso os propagandistas, mudando o senhor
da hora, permanecem os mesmos. Com idên­ seau, perto dele, é só um garoto falastrão.
ticas técnicas enganadoras. [...] Sua incredulidade religiosa foi uma
oportunidade incompatível: as promessas
Importa conhecer, com as massas e suas
baratas não tinham influência alguma sobre
frases prontas e de sentido semanticamente
seu medo. Ele não explica sua aversão pelo
restrito, os pensadores que produziram a fala
grito das massas. Mas o nota. [...] Maquia-
que hoje se repete no rádio, na televisão, nas
vel, de quem muito se fala, é só uma de suas
revistas, no cinema, no teatro, nos púlpitos
metades, sua metade clássica. O Leviatã é
e nas cátedras. Sigo ainda a sugestão de Elias
considerado uma “Bíblia ideal”, na minha
Canetti, em outro livro seu, O território do
coleção de livros mais importantes, entre os
homem (CANETTI, 1978) onde se analisa
quais, bem entendido, os livros de meus ini­
dois teóricos conservadores e autoritários.
migos ocupam lugar de honra. Os livros de
Refiro-me a Thomas Hobbes e a Joseph De
nossos inimigos agudizam nosso espírito,
Maistre.
enquanto os outros o enfraquecem [...] Nem
Canetti diz com propósito: os dois pen­ a Política de Aristóteles, nem o Príncipe de
sadores apresentam -nos o terrível. De Maquiavel, nem muito menos O Contrato
Maistre, que escreveu contra a revolução e Social de Rousseau integram esta minha ‘Bí­
Hobbes, que previu os eventos revolucioná­ blia’” (CANETTI, 1978: 153-155).
rios em sua terra, ambos tiveram medo, e
Perdoando a exigência de Canetti, porque
investigaram as razões pelas quais os ho­
ele pode escolher com severidade entre os
mens temem a natureza e os seus iguais. Am­
autores a serem tidos como exemplares, di­
bos dedicaram sua vida ao estudo da guerra
gamos que sua tese sobre os escritos de nos­
de todos contra todos. Suas doutrinas servi­
sos adversários que devem ser lidos é estra­
ram aos senhores que aniquilaram milhões
tégica para quem deseja um regime demo­
de almas, desde Napoleão até os militantes
crático. Em meu pequeno Conservadorismo
da suástica ou do Kmer vermelho.
romântico (ROMANO, 1981), discutindo o
Joseph De Maistre, indica Elias Canetti, pensamento que ajudou a solidificar as tira­
possui força persuasiva imensa quando fala nias modernas, com os sentimentos contra
das guerras “providenciais” enviadas por a ciência e a razão, eu advertia para a ce­
Deus para castigo dos homens. Suas descri­ gueira de se ler apenas os textos que confir­
ções dos conflitos armados são verdadeiras, mam o nosso modo de enxergar as coisas.
apesar de ser o seu intento desiludir os que Chega a ser cômica a atitude de professores
buscavam liberar o Estado moderno do jugo e militantes, quando, em tom sectário, bus­
teológico-político. cam preservar a virgindade ideológica de
Hobbes, situado na outra ponta do pen­ seus alunos ou companheiros, impedindo
samento conservador, sem apelar para o di­ que eles consultem autores vistos como rea­
vino na justificação do mando, também é cionários.
admirado por Canetti, justo porque nele o Permitam-me contar-lhes uma anedota
poder aparece sem disfarces. Repito as suas verdadeira. Em certo campus paulista, uma
próprias enunciações: Hobbes “é o único aluna perguntou-me qual o conteúdo da dis­
pensador que não esconde com um véu o ciplina a ser ministrada por mim. Respondi
poder, sua importância e seu peso, sua po­ que iria analisar os escritos de Maquiavel.
sição no centro de todas as ações humanas; “Que bom!” disse ela. “Já estava cansada
ele também não o glorifica. [...] Ele sabe o de Marx”. Naqueles anos os professores fre­
que é o medo; seus cálculos o exorcizam [...] qüentavam muito Marx e pouco outros au­
Ela não subestima o peso do Estado. Rous- tores. A situação mudou. Hoje, os docentes
evitam ensinar marxismo, fora de moda para os hurros da vítima. Ele a livra, carrega-a
os intelectos que medem os pensadores pelo para uma roda de suplício: os membros que­
metro do mercado financeiro ou político. brados unem-se nos raios, a cabeça pende,
Outra aluna, militante, protestou: “Num cur­ os cabelos se eriçam e a sua boca, aberta
so marxista, se estuda Marx”. “Errado”, re­ como fornalha, só envia por intervalos uma
truquei: “num curso marxista se imitaria pequena quantidade de palavras sangrentas
Marx. Nele, seriam vistos Aristóteles, Hegel, implorando a morte. Ele acabou o serviço,
Smith, Ricardo etc.” Numa universidade o seu coração bate, mas de contentamento.
pública, arrematei, todos os sistemas e Ninguém suplicia melhor do que eu. Ele des­
pensamentos devem ser discutidos. Se a es­ ce, estende a mão suja de sangue, e a justiça
tudante imaginava ser “marxista” é porque joga nela algumas peças de ouro que ele car­
já havia estudado os autores antes de cursar rega através de uma dupla fila de homens
as disciplinas ensinadas no campus: nin­ cujos corpos se afastam, horrorizados. Ele,
guém opta por esta ou aquela filosofia sem senta-se à mesa e come. No leito, a seguir,
acurado exame prévio. Neste caso, o curri- ele dorme. Amanhã, despertado, sonha em
culum não seria essencial. Se desejava apren­ outra coisa bem diferente do que realizou
der marxismo, ela precisaria, antes, comuni- na véspera. E um homem? Sim, é recebido
car-se com os pensadores que definiram o por Deus nos seus templos, onde recebe per­
campo teórico a partir do qual Marx refletiu. missão para rezar. Ele não é criminoso, mas
Para isso, bastaria conferir os subtítulos dos nenhuma língua se permite dizer que ele é
trabalhos de Marx: “crítica da economia po­ virtuoso, honesto, estimável etc. Nenhum
lítica”. “Crítica” é exame, seleção, partilha, elogio moral lhe convém, pois todos supõem
análise. relações com os homens, e isto ele não
possui” (DE MAISTRE, 1960: 40).
Canetti explora o símile da guerra, es­
trangeira ou civil, em Hobbes e De Maistre, Quem vive numa situação dominada pela
indicando que os dois escritores constroem violência e onde o linchamento é fato banal,
suas políticas para o controle dos homens. saberá apreciar este retrato. Porque, caso
Escolho, nesta ocasião, outra imagem co­ oposto, seria preciso que os próprios gover­
mum aos dois teóricos, a figura do estra- nantes, ou então os soldados, matassem pes­
çalhamento do corpo humano, algo a ser evi­ soas no cotidiano. Ambos, carrasco e solda­
tado, segundo Hobbes, mas servindo como dos, matam com licitude. Mas o primeiro é
advertência aos que acreditam na razão hu­ coberto de opróbrio, enquanto o segundo
mana sem Deus, no entender de Joseph De recebe glórias. Caso o soldado matasse como
Maistre. seu colega de profissão, ele seria visto com
o mesmo horror e medo. O mando repousa
Nas Soirées de Saint-Petersbourg De
sobre estes dois pilares mortíferos. O poder
Maistre desenha a figura do carrasco. Soli­
manifesta a vontade divina, para a qual a
tário, ele espera o instante em que um políti­
ordem e o bem não correspondem à nossa
co torpe, de preferência ministro de Estado,
inteligência, aos nossos fins. O cadafalso é
venha exigir os seus serviços. “Ele parte,
um altar, lemos no mesmo livro.
chega à praça pública coberta pela massa
amontoada e palpitante. Jogam-lhe nas mãos Não se deve emitir gracejos sobre tais
um envenenador, um parricida, um sacríle­ descrições de J. De Maistre. Quem se lembra
go: ele o toma, o estende, liga-o numa cruz dos campos de concentração, onde carras-
horizontal, levanta o braço: faz-se então um cos-militares cumpriram burocraticamente
silêncio horripilante e ouve-se apenas o ruí­ seu ofício, sabe a que realidade terrível ele
do dos ossos que se quebram sob a barra, e se refere. O poder, segundo esta vertente
conservadora, se almeja evitar que toda a Não por acaso essas imagens do estraça-
sociedade se estraçalhe — isto teria ocorrido lhamento, o carrasco e as filhas de Eson, apa­
durante o Terror jacobino — deve estraça­ recem nestes pensadores do conservantismo
lhar, como se fosse a mão divina, homens i- europeu moderno. Hobbes quis impedir que
nocentes ou culpados, pouco importa. Fun­ a res publica se esfacelasse, propondo uma
damental é a hierarquia e a ordem na so­ doutrina onde o povo não conta. Como os
ciedade, garantidas pelo Estado. Deste últi­ pensadores clássicos do século 17, ele opõe
mo não se espera “justiça” ou “bondade”, o povo ao vulgo. Esta distinção encontra-se
mas que impeça o delírio filosófico dos de­ mesmo em Hegel. Basta reler as considera­
mocratas, cujos resultados teriam sido a in­ ções da Filosofia do direito (HEGEL, 1975 :
disciplina e o caos. 318) sobre a opinião pública. E preciso, se­
gundo Hobbes, produzir o Estado de maneira
No outro lado temos Hobbes. Nele, tam­
artificial, enquanto máquina que impede os
bém encontramos a figura do despedaça­
homens de se entre-devorarem na busca de
mento. O povo, lemos no capítulo 12 do ri­
riqueza e honra, ou nas chacinas efetivadas
goroso De eive, faz como as filhas estultas
pelo gozo de mandar. O vulgo rebelde serve
de Eson. Estas últimas, aconselhadas por
como instrumento monstruoso nas mãos dos
Medéia, cortaram seu pai em pedacinhos,
que o enganam visando impor o mando de
colocando-o para cozinhar. Tal imagem
facções.
exemplifica o pensamento conservador de
Hobbes. A respublica é como o velho Eson. Joseph De Maistre escreve muito tempo
Se a massa a quer reformar, seguindo sofis­ após Hobbes. Quando a Revolução Francesa
tas e demagogos, acaba estraçalhando o que entrou em refluxo, seus escritos tornaram-
era um todo adquirido de forma artificial se importantes na Europa. A força dos gover­
pela ciência e pela técnica. A demagogia, nantes deve ser absoluta, pensava J. De
desde os primeiros inícios do Estado antigo, Maistre, porque ela tem como fonte a vonta­
diz Hobbes, sempre aproveitou a raiva dos de divina. A força dos governantes deve ser
pobres, dizendo-lhes que a culpa de sua mi­ absoluta, afirmara Hobbes, porque só os
séria seria localizável nos governantes, e não príncipes possuem soberania e saber para
em sua própria preguiça ou prodigalidade aplicá-la racionalmente. Entre estas duas fór­
(HOBBES, 1982). É bem conhecido, conti­ mulas distintas, instalou-se o pensamento li­
nua Hobbes: quem imagina ter sobre suas beral e as representações democráticas que,
costas os fardos da república, como os im­ nas Luzes, conheceram o seu apogeu. Tam­
postos, sem vantagens, inclina-se à sedição. bém nelas definiu-se o ideal de cidadania
democrática que hoje disputa, com o pensa­
Além desta miséria material, existe a sede
de honra, partilhada por todos os homens. mento conservador, as preferências dos inte­
A massa é tola. Disfarçados, em seu interior, lectuais e das massas.
os espertos e ambiciosos manipulam sua opi­ A diferença entre Hobbes e a época das
nião auto-indulgente (a massa, na fala dos Luzes, esta última com suas esperanças pe­
demagogos, nunca erra, sempre escolhe dagógicas — sua confiança na razão e na li­
bem, é infalível, desde que apóie sua causa berdade — pode ser notada na atitude de Di-
quando eles se candidatam aos cargos de derot, o pai da Enciclopédia, diante da mes­
mando) com os cantos de sereia, ou com a ma fábula de Eson decepado por suas filhas.
retórica de Medéia. Tudo vai mal? Então Em Hobbes a história (que encontramos nas
destruamos o Estado, para rejuvenescê-lo, Metamorfoses de Ovídio, no livro 7), indica­
nele introduzindo a justiça perfeita. ria que o povo, com as filhas de Eson, destrói
a república. Diderot enxerga no texto uma
outra moral: o despedaçamento dá certo, povo, proibindo o direito de crítica, de rebe­
Eson rejuvenesce. Em Hobbes, a saúde do lião e de reforma do Estado ”a partir de
corpo sócio-político exclui o conflito e a idé­ baixo”.
ia ou prática de um povo soberano. Depois
Chegamos ao essencial na política con­
do pacto, este é um conceito subversivo,
servadora. Hobbes ou De Maistre, com seus
pensa Hobbes, condenando a eloqüência, por êmulos do século 19 e 20, consideram que
ele definida como demagogia e sofística. Di-
o povo não é soberano, ele apenas suporta a
derot exalta a oratória. Ela deslancharia a
soberania. Basta ler o arqui-conservador Do-
resistência legítima ao poderoso tirânico e
noso Cortés. Em sua lição de direito político
arbitrário. A rebelião é recurso dos povos
(29 de novembro, 1836) aquele doutrinário
contra os soberanos que romperam o contra­
afirma-se contra a soberania popular. “A so­
to social separando “os seus interesses
berania de direito”, afirma ele, “é una e
pessoais do interesse da sociedade”. Há um
indivisível. Se ela é própria do homem, ela
excelente trabalho sobre estes problemas,
não pertence a Deus. Se está localizada na
escrito por Gianluigi Goggi (Cf. GOGGI,
sociedade, não existe no céu. A soberania
1985: 173).
popular, pois, é ateísmo e se o ateísmo pode
As primeiras linhas da “Epístola Dedica­ introduzir-se na filosofia sem transformar o
tória”, no De eive, mostram os cidadãos ro­ mundo, ele não pode introduzir-se na socie­
manos como lobos vorazes que destroem os dade sem feri-la com a paralisação e a morte.
outros povos, vivendo, como os reis, de rapi­ O soberano possui a onipotência social. To­
na. Diderot inverteu esta imagem, acompa­ dos os direitos são seus, porque se houvesse
nhando o juízo de Catão repetido por Plu- um só direito que não estivesse nele, não
tarco: zôon ô basileus, sarcophagon estin. seria onipotente e, não o sendo, não seria
Esta é uma referência clássica à face violenta soberano. Pela mesma razão, todas as obri­
do rei devorador de seu povo, na qual reto­ gações estão fora dele, porque, se ele tivesse
ma-se o libelo de Aquiles contra Agamenon. alguma obrigação a cumprir, seria súdito.
Como lembra Erasmo de Roterdam (ERAS­ Soberano é o que manda [eu sublinho, RR],
MO, 1980: 130-131) esta frase pode apro- súdito o que obedece. Soberano é o que tem
ximar-se daquela outra, escrita por Hesíodo, direitos, súdito o que cumpre obrigações.
mencionando o rei como “devorador de pre­ Assim, o princípio da soberania popular é
sentes”. O próprio Erasmo acentua: melhor ateu e tirânico, porque onde há um súdito
seria dizer que o rei é devorador de tudo. que não possui direitos e um soberano que
Todas essas inversões fazem lembrar que não tem obrigações há tirania”.
o século 18, leitor do pensamento greco-lati­ Sainte Beuve diz, em algum lugar, que
no, soube apanhar, como Diderot e outros, se retirarmos Deus de Pascal, teremos a dou­
a essência da teoria hobbesiana conservado­ trina hobbesiana inteira. Algo parecido ocor­
ra. Diderot inverteu o nome do verdadeiro re com as relações entre Donoso Cortés e
estraçalhador da república. Não o povo, mas Hobbes. Na mesma lição citada, Donoso
o governante tirânico é quem arrasa a vida aponta o autor do Leviatã e do De eive como
estatal e societária. O direito à auto-cons- a grande muralha contra a doutrina da sobe­
ciência — mais tarde chamado “direito do rania popular. A soberania de direito divino
cidadão” — sobrepõe-se no século das Lu­ conhecia, diz Cortéz, alguns limites, “mas a
zes, à raison d ’Etat. Com o fim da Revolu­ soberania definida por Hobbes nega toda li­
ção Francesa, na Contra-Revolução român­ mitação para si mesma. Segundo ele, Deus
tica, exemplificada por De Maistre entre não existe e o povo, desde o instante em que
outros, volta o elogio do soberano contra o abre mão de seus direitos, faz-se escravo.
Inflexivelmente lógico, Hobbes nega ao po­ a crítica mais virulenta ao Estado de direito
vo o direito de resistência à opressão, mesmo moderno. Quem deseja pautar o poder atra­
a mais delirante e absurda” (CORTÉZ, 1970: vés da Constituição é um fraco, perdido an­
342-347). tes de sabê-lo. “O governo das classes venci­
das é o constitucional, o das vencedoras foi,
As massas, diz nosso doutrinário em ou­
é, será perpetuamente a monarquia civil ou
tro lugar (“De la monarquia absoluta en Es­
a ditadura militar. Nunca os povos obedece­
pana”, 1838) “carecem de unidade, de previ­
ram gostosamente alguém que não fosse um
são, de concerto, só a iminência do perigo
ditador ou rei absoluto”.
pode obrigá-las a se reagrupar ao redor de
uma bandeira. Quando passa o perigo, decai “Soberano é o que manda”. Na pena de
o entusiasmo, a unidade conjuntural formada Cortés, os democráticos e liberais são gente
pelo entusiasmo se atenua e se fraciona [...] que discute sem decidir. Quando percebe es­
Quando se extingue o entusiasmo, o povo ta indecisão perpétua o povo joga-se nos bra­
deixa de ser uma realidade para ser apenas ços dos poderosos, dos que são vencedores,
um nome sonoro. Na sociedade, então, só fugindo dos vencidos. Esta forma de pensar
existem interesses que se combatem, princí­ une todos os reacionários do século anterior
pios que lutam entre si, ambições que se ex­ e do nosso tempo. Permitam-me citar um
cluem e individualidades que se chocam”. trecho de meu Conservadorismo romântico,
sobre este ponto. Segundo Novalis, há uma
O povo é existência fugaz que não possui
diferença radical entre monarca e súditos.
estabilidade, logo, não garante nenhuma so­
O rei é verticalmente superior aos homens
berania. Sem esta última, não existe poder
rasos. Enquanto todo cidadão é “um funcio­
(Soberano é o que manda, lembremos desta
nário do Estado”, o rei “não é um cidadão,
definição dada por Donoso, estratégica nas
logo, não é um funcionário. O sinal distinti­
doutrinas sobre a soberania no século 20,
vo da monarquia, é que ela repousa na crença
especialmente nas jurisprudências próximas
em um homem superior [...] o rei é um ho­
ao nazismo), sem poder, desaparecem os
mem erigido em fatalidade terrestre”.
vínculos sociais. Para o pensamento conser­
vador, a soberania popular é o perigo e o O rei é eleito por seu nascimento, não está
grande vício do liberalismo e das Luzes de­ restrito a nada que não seja a expressão direta
mocráticas. “Povo” é nome enganador, de sua natureza. Contra os “infelizes filisti-
quando posto na boca dos que nele deposi­ nos” que, nas Assembléias francesas, quise­
tam esperanças, afirma Donoso Cortês, em ram impor uma Constituição ao rei, Novalis
texto escrito entre 1851 e 1853 (“Despachos responde: “sou um homem profundamente
desde Paris”). antijurídico”. Constituições escritas são arti­
ficiais, produzidas pela reunião, discussão
“Em geral”, declara Cortês, “os povos re­
e contrato entre inferiores (ROMANO,
cusam o poder que lhes é pedido e confir­
1981: 152). A soberania popular é afastada
mam o poder que lhes é tomado. O que sei é
também por De Bonald, outro pai do pensa­
que para a França só existe salvação na dita­
mento conservador moderno. “O direito do
dura. Nela, não há ditadura possível ou pelo
povo a governar a si próprio é um desafio
menos provável, se não vem do povo e não
contra toda verdade. A verdade é que o povo
se apóia no povo. Todo poder ditatorial ou
tem o direito de ser governado” (GODE-
real que só busque apoio nas classes acomo­
CHOT, 1961). Novalis disse a coisa com
dadas é um poder perdido”. No autor do
todas as letras, sem mascar as palavras, para
“Discurso sobre a ditadura”, não estranha
usarmos a expressão francesa: “O povo é
encontrarmos, neste pseudo elogio do povo,
como uma criança, um problema individual,
pedagógico”. Esta sinceridade bruta ataca a do corpo social para garantir, de múltiplos
essência das Luzes modernas, para as quais, modos, a ditadura permanente do governante
seguindo I. Kant, a maioridade é nossa meta sobre (e contra) os governados. Nestas águas
e labor. banharam-se Augusto Comte e outros teóri­
cos que viram na idéia de soberania popular
Neste plano, pode-se apontar um traço
apenas um resquício da idade metafísica, o
conservador fortíssimo no pensamento de
século 18 e a Revolução Francesa.
Hegel, filósofo ora visto como liberal, ora
como pai do totalitarismo. Hegel assumiu a Edmund Burke enuncia o princípio de
mesma recusa dos conservadores diante da que o povo, a maioria, não é soberano, por­
soberania popular, especialmente na Filoso­ que o governo difere de um problema arit­
fia do direito (Parágrafo 279, nota). A sobe­ mético. “Foi dito que 24 milhões devem pre­
rania pertence ao Estado. O conceito de so­ valecer sobre 200 mil. Verdade, se a Cons­
berania popular só é concreto neste todo. tituição de um reino fosse um problema arit­
“Mas é opondo-a à soberania que reside no mético. [...] A vontade de muitos, e seu inte­
monarca que se colocou, em época recente, resse, devem diferir com freqüência, e uma
a falar de soberania popular. Vista nesta opo­ grande vontade será a diferença quando eles,
sição, a dita soberania integra estes pensa­ os muitos, fazem uma escolha ruim” (BUR­
mentos confusos que têm por base uma re­ KE, 1976: 141).
presentação grosseira do povo. Sem seu mo­
Voltemos a De Maistre. Evitei, até agora,
narca e sem a organização que a ele se une citar seu texto principal, o famoso Du Pape.
necessária e imediatamente, o povo é a mas­
Mas lembremos sua doutrina sobre a sobera­
sa informe que não é mais um Estado...”
nia, apresentada no Livro 2 daquela obra.
(HEGEL, 1975: 259).
Como seria previsível, De Maistre, o autor
“Difficile estsatiram non scribere”. Com da imagem sobre o carrasco, começa seus
esta frase, Hans Kelsen termina suas consi­ considerandos pela justiça. O homem reto
derações críticas ao redor de algumas posi­ não teme o soberano, o celerado sempre o
ções jurídicas alemãs, em seu tempo (KEL­ teme. Mesmo que o príncipe seja dissoluto,
SEN, 1989: 469). A frase irônica, desferida ele tem a virtude de garantir a aplicação geral
principalmente contra Ebers, pode ser ende­ da lei. Ao tratar a origem da soberania, ve­
reçada a todos os pensadores, de J. De mos que nosso autor rompe com todas as
Maistre até Cari Schmitt, contrários às Luzes idéias modernas do contrato, desde os juris­
e à razão científica no cuidado das coisas tas protestantes, como Althusius, até Rous-
políticas e jurídicas. O pensamento que her­ seau. “Sendo o homem necessariamente as­
dou os pressupostos do século 18 liberal e sociado e necessariamente governado, sua
democrático, bem como racionalista, busca, vontade não conta para nada_ no estabe­
na trilha de Espinosa, a salvação da res pu­ lecimento do governo [eu sublinho, RR];
blica no maior número de casos, deixando a pois, uma vez que os povos não têm escolha
exceção. Mesmo dessubstancializando o e que a soberania não resulta diretamente
conceito de soberania, como em Kelsen, da natureza humana, os soberanos não exis­
busca-se, nesta vertente, o que é normal, tem pela graça dos povos, a soberania não
afastando-se a patologia do poder. sendo a resultante de sua vontade, tanto
quanto a própria sociedade”. Não existe
A força do ataque conservador está justo
soberano sem povo, assevera De Maistre,
em acentuar a patologia do mando e a exce­
nem povo sem soberano. Mas o povo tem
ção política. Como vimos, Hobbes, De
dívidas para com o soberano, ele “deve-lhe
Maistre, Donoso Cortés sublinham a doença
a existência social e todos os bens que dela radical da essência metafísica de toda políti­
resultam. O príncipe só deve ao povo um ca, Donoso Cortés, diante da revolução de
brilho ilusório que nada possui em comum 1848, pudesse compreender que a época do
com a felicidade e que dela o exclui mesmo realismo tive chegado ao fim. Não existe
quase para sempre”. mais realismo, porque o rei não existe mais.
Sequer existe uma legitimidade em sentido
Inexiste soberania limitada, ou do povo.
tradicional. Logo, só resta um resultado: a
Existe soberania legítima ou não. “Dirão al­
ditadura. É o mesmo resultado a que Hobbes
guns: a soberania na ‘Inglaterra é limitada’,
chegou, procedendo na base da mesma con­
Nada é mais falso. Apenas a realeza é limi­
seqüência do pensamento decisionista, em­
tada naquela ilha célebre. Ora, a realeza não
bora misturado com uma espécie de relati-
é toda a soberania, pelo menos teoricamente.
vismo matemático. ‘Auctoritas, non veritas
Quando os três poderes, que, na Inglaterra,
facit legem”’ (SCHMITT, 1972: 73).
constituem a soberania, concordam, o que
podem eles? E preciso responder, com “Soberano é quem manda”. Este mote,
Blackstone: TUDO. E o que se pode contra produzido por Donoso Cortés, aninha-se na
eles? NADA” (maiúsculas do próprio De frase de Cari Schmitt, citada em todos os
Maistre) (DE MAISTRE, 1966: 122-137). discursos, velados ou explícitos, que adotam
a ditadura como solução para os impasses
Um continuador explícito de Joseph De
da vida pública: “Soberano, é quem decide
Maistre, Augusto Comte dele retirou lições
sobre o Estado de exceção”. Este célebre
de soberania conservadora. O resultado prin­
“extremus necessitates casus” tem sido bas­
cipal é a proposta de uma ditadura positi­
tante sublinhado na doutrina de Cari Schmitt
vista, sem a intervenção dos parlamentos, e
(LOWITH, 1991: 16). Não por acaso, no
a instauração de um poder espiritual, com
mesmo número da revista Les Temps Moder-
presença de intelectuais, sacerdotes da
nes, que publica o texto de Lowith, podemos
Humanidade, dirigindo as consciências da
ler a tradução de importante escrito de Cari
massa. Neste Estado, dasapareceria a noção
de direito. “Todo direito humano é absurdo Schmitt sobre o Estado enquanto mecanismo
em Hobbes e Descartes. Esta é uma caracte­
e imoral. Uma vez que não mais existem di­
rística estratégica do pensamento conserva­
reitos divinos, esta noção deve apagar-se
dor: ele sabe buscar suas fontes e seus ini­
completamente” (COMTE, 1966:237-238).
migos, não raro editando seus textos. Isto
Ditadura por ditadura, cabe lembrar que ocorreu com F. Tõnnies, o maior estudioso
Donoso Cortés já havia efetivado a “dedu­ de Hobbes, e seu editor, que levou anos de
ção” acima. O resultado é praticamente o engenho para escrever uma refutação monu­
mesmo: quem explica a operação é Cari mental de sua visão mecânica e dessacrali-
Schmitt: “Desde 1848 a doutrina do direito zada, o que foi aproveitado de Hobbes nas
público tornou-se positiva escondendo nesta Luzes democráticas. Refiro-me, naturalmen­
palavra o seu embaraço: ou funda todo po­ te, ao clássico da sociologia romântica, Co­
der, mediante as mais diversas recons­ munidade e sociedade. Mas vejamos o que
truções, sobre o ‘poder constituinte’ do po­ diz Cari Schmitt sobre o Estado hobbesiano.
vo: isto é, no lugar da idéia monárquica de Em primeiro lugar, o banal: o Estado, na
legitimidade entra a democrática. Neste perspectiva de Hobbes, é machina machi-
ponto é incalculável na sua relevância o fato narum, o primeiro produto da era técnica.
de que um dos maiores representantes do Mas é algo que vem antes, nas considerações
pensamento decisionista e filósofo do Estado de Schmitt sobre Hobbes que mais nos in­
católico, consciente de modo extremamente teressa: “na condição civil, estatal, todos os
cidadãos têm segurança de sua existência político, não importa o preço. Harmonia
física. A tranqüilidade, a segurança, a ordem, étnica, política, axiológica, econômica etc.
reinam. Como sabemos, isto é uma definição Se tal concórdia implica em jogar nos porões
da polícia. O Estado modemo e a polícia nas­ da polícia este ou aquele inocente, se ela dis­
ceram ao mesmo tempo e a instituição essen­ farça ódios arraigados, tudo isto importa
cial deste Estado de Segurança é a polícia”. pouco. Os caminhos da Providência são mis­
O artigo de Schmitt é de 1937. Nesta época, teriosos. “Todos os conceitos mais impor­
as frases acima já apresentam ressonâncias tantes da moderna doutrina do Estado são
terríveis para quem tivesse a ousadia de ne­ conceitos teológicos secularizados [...] O
gar a legítima soberania do povo alemão e Estado de exceção tem, para a jurisprudên­
de seu Líder. É possível seguir este ponto cia, uma significação análoga à do milagre
num artigo também importante de André para a teologia” (SCHMITT, 1972: 61).
Doremus (DOREMUS, 1982: 585).
Milagres custam muito. Eles repetem os
Em 1937 Schmitt publicou o trabalho nu­ planos da Providência, laica ou religiosa,
clear para a compreensão do Estado totali­ com lógica infalível. Termino, lembrando
tário, sendo este último termo de sua lavra dois fatos importantes, no meu entender. Pri­
na história da língua política. Refiro-me ao meiro, o renascimento do interesse pelo pen­
“Totaler Feind, totaler Krieg, totaler Staat”, samento conservador, e a recusa do século
republicado em 1940. Em carta a Jean-Pierre 18, na Europa sobretudo, coincide com a re­
Faye, escrita no dia 31 de agosto de 1963, tomada dos movimentos fascistas que já che­
Cari Schmitt indica sua atitude na época: garam ao governo, por exemplo na Itália.
“Sob a impressão de uma dissolução [eu su­ Cari Schmitt recebe uma voga de interesse
blinho, RR], irresistível das diferenças e dos inusitado. E importante tomá-lo em conside­
limites tradicionais num direito dos povos, ração, com todos os doutrinários que lhe ser­
e da mesma dissolução das diferenças no ter­ viram de sustento, para entender um pouco
reno do direito constitucional e estatal (como a mente dos líderes e das massas que agora
Estado e Sociedade, Estado e economia, po­ ativaram a caça aos judeus, aos árabes, aos
lítica e cultura etc...) surgiu a fórmula do negros, aos diferentes.
Estado total, mas como pura análise da reali­
No Brasil, mais do que nunca, os frios
dade e sem nenhum interesse ideológico [...]
cálculos burocráticos e administrativos
não orientada em sentido fascista”. Como
unem-se ao carisma pré-fabricado ou efeti­
diria Kelsen, difícil não satirizar... (FAYE,
vo, colocando massas nas mãos de indiví­
1974:61-62).
duos, a quem cabe decidir o destino de mi­
O que é “conservador”? O medo de que lhões. O Salvador político, com pirotecnia
a população estrague a festa do poder, des­ fabulosa, promete ao mesmo tempo seguran­
truindo a segurança, a propriedade, os víncu­ ça às massas e aos proprietários. Nesta con­
los da tradição, as inovações técnicas que ciliação de incompossíveis reside a força re­
só beneficiam alguns. Trata-se de conservar tórica do pensamento conservador: no seu
o social e o Estado, produto histórico como Estado, pobre e ricos vivem na aparência em
nos românticos, engenho técnico como em harmonia garantida pelo encanto dos chefes,
Hobbes, mas sempre no horizonte do pavor mas na verdade provida pelo medo da soli­
e do medo, da guerra, do soldado, da polícia, dão e da morte, do carrasco e da polícia, en­
do carrasco. Por isso a imagem do dilacera- quanto se espera o soldado. Neste pânico
mento, junto com o medo da subversão da cultivado com precisão científica pelas for­
ordem, é onipresente nas falas conservado­ ças conservadoras, reside boa parte da an­
ras. Nelas acentua-se a harmonia como fim gústia que antecede todo plano milagroso
de salvação, contra, por exemplo, o processo políticos vivem de golpes econômicos, polí­
inflacionário. Nele, também, mantem-se o ticos, publicitários, como seus intelectuais
fanatismo da adesão aos mesmos planos, (não repetirei a fórmula batida, sobre “as
produzidos sine ira et studio para engodo e exceções”, se elas existem, são evidentes),
para manter o mando em mãos definidas. sobrevivem parasitando os poderosos. No
Nele, brota o ódio que explode na massa Estado assim constituído, a lei é afastada e
quando os seus deuses da véspera se trans­ dirigida contra os críticos e a oposição. O
formam em demônios da hora, como ocorreu discurso conservador exige fé em Deus ou
com os ditadores fascistas e, numa escala na República, mas foge das leis e de sua
mais branda, com nossos presidentes, de abrangência universal, Nele... o conceito de
Vargas até Collor. igualdade, como o de soberania popular, é
meta-físico. A única lei universal, nesta terra
Enquanto durar este pêndulo, os intelec­
onde as Luzes ainda não penetraram, pela
tuais conservadores produzirão teorias que
educação e pela técnica, é a de Gerson, muito
reduzem o povo ao papel de simples suporte,
útil aos soldados que nos impuseram durante
assistindo apenas a vida política, enquanto
anos sua ditadura. Donoso Cortés, naqueles
eles, os intelectuais, aderem sem vergonha
anos melancólicos, alegrou-se com certeza
aos donos do mando. Isto apenas contribui
em seu túmulo, como lavou sua alma, contra
para o afrouxamento da ética, ensinando o
a república democrática espanhola, no ad­
povo a viver de expedientes, como os seus
vento do Generalíssimo Franco.

Roberto Romano é Professor Titular do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia


e Ciências Humanas da UNICAMP.

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