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A CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL À DURAÇÃO RAZOÁVEL

DO PROCESSO : GESTÃO DE CARTÓRIOS DA JUSTIÇA ESTADUAL


1

Flávia Moreira Guimarães Pessoa2


Raoni de Mattos Santos 3

SUMÁRIO

1. Introdução 2. Metodologia 3. O Direito Fundamental à razoável duração do processo 4.


Gestão Judiciária em cartórios da Justiça Estadual 5. Análise dos resultados da pesquisa de
campo 6. Considerações Finais 7. Referências bibliográficas.

RESUMO

Este artigo aborda o estudo da gestão de secretarias e cartórios judiciais é realizado, com
análise de teses e de dados estatísticos, sempre à luz do direito fundamental à razoável
duração do processo. Foram realizadas diversas visitas às secretarias de varas da Justiça
Comum do Estado de Sergipe, nas quais os chefes de secretaria e alguns Juízes de Direito
foram indagados a respeito, basicamente, da organização do trabalho interno, da estrutura
funcional e do ambiente de trabalho, conforme questionário aplicado. Com os dados
coletados, poder-se-á perceber como vem sendo realizada a gestão das secretarias no âmbito
da justiça estadual, e se essa forma de administrá-las serve à concretização do direito
fundamental à razoável duração do processo.

PALAVRAS CHAVES: Direitos Fundamentais, Razoável Duração do Processo, Gestão de


Cartórios, Justiça Comum do Estado de Sergipe.

1
O presente artigo foi elaborado no âmbito do grupo de pesquisa “Hermenêutica Constitucional Concretizadora
dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais”, projeto de pesquisa, A Concretização do Direto
Fundamental à Duração Razoável do processo e a gestão de cartórios e secretarias judiciais, da Universidade
Federal de Sergipe.
2
Professora Adjunta da Universidade Federal de Sergipe, Coordenadora do Mestrado em Direito da UFS, Juíza
do Trabalho (TRT 20ª Região), Especialista em Direito Processual pela UFSC, Mestre em Direito, Estado e
Cidadania pela UGF, Doutora em Direito Público pela UFBA, líder do grupo de pesquisa “Hermenêutica
Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da Universidade
Federal de Sergipe. Artigo elaborado com o apoio do PIBIC da Universidade Federal de Sergipe.
3
Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Sergipe, bolsista do PIBIC, integrante do grupo de pesquisa
“Hermenêutica Constitucional Concretizadora dos Direitos Fundamentais e Reflexos nas Relações Sociais” da
Universidade Federal de Sergipe.
1. INTRODUÇÃO

O presente artigo visa a analisar a concretização do direito fundamental à razoável


duração do processo através da análise da gestão cartórios Judiciais do Tribunal de Justiça do
Estado de Sergipe. Para atingir o objetivo proposto, o artigo divide-se em três partes, sendo ao
final expostas as conclusões.
Na primeira, é abordada a questão do direito fundamental à razoável duração do
processo. Na segunda, a estrutura dos cartórios judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de
Sergipe e a metodologia da pesquisa. . Na terceira, a análise da pesquisa de campo realizada.
Finalmente, são apontados os pontos principais do texto.
Já por um viés de determinação específica, esta produção acadêmica pretende alcançar
ou formar: a) a revisão bibliográfica sobre a doutrina que estuda a hermenêutica
concretizadora dos direitos fundamentais; b) pesquisas, análises e cotejamentos da
Jurisprudência dos Tribunais Superiores, precisamente do Supremo Tribunal Federal, Superior
Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e Tribunal Superior Eleitoral sobre o
direito à razoável duração do processo; c) a análise da dinâmica cartorária da Justiça Comum
Estadual do Estado de Sergipe; d) o entendimento dos operadores do direito em Sergipe sobre
a tramitação processual nos cartórios e secretarias de primeiro grau; e) um banco de dados
com os dados coletados para promover a discussão acadêmica e junto aos grupos sociais
envolvidos, com o objetivo de propor produção legislativa a respeito do tema.
Ante o exposto vale ressaltar que após coletadas as informações oriundas de pesquisas
de campo, far-se-á uma análise comparada entre a realidade jurídica sergipana e um aparato
doutrinário, jurisprudencial e exegético que identifique a Concretização do Direito
Fundamental à Razoável Duração do Processo.
Dessa maneira, detectaremos os moldes dos procedimentos internos de um Cartório
Judicial, bem como as influências do ambiente de trabalho e da estrutura funcional na Gestão
do referido tipo de cartório. Em última análise, entrarão em pauta questionamentos que
causam uma perturbação jurídica, no que se refere a divergência entre a função social do
Princípio Constitucional e Processual, Razoável Duração do Processo, com as metas do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, também, com o alcance social do peticionamento
eletrônico.
2. METODOLOGIA

A implementação deste projeto de pesquisa teve como base a dissertação de


Mestrado Profissional em Poder Judiciário pela Fundação Getúlio Vargas de Ricardo Fioreze.
Cuida-se de estudo aprofundado acerca da gestão de secretarias judiciais, em que, inclusive,
são registradas possíveis técnicas, para serem adotadas por aqueles que integram o juízo, com
a finalidade de acelerar o processo.
Além desta importante obra, também serviu de lastro para este trabalho, a Análise de
Gestão e Funcionamento dos Cartórios Judiciais, apresentada em 2007 pelo Ministério da
Justiça/Secretaria de Reforma do Judiciário. Trata-se de estudo de casos em que são
analisados diversos caracteres do funcionamento do Poder Judiciário de São Paulo, o que, sem
dúvida, serve para indicar a realidade nacional, ressalvadas as peculiaridades dos outros entes
da federação.
Assim, foi através destes trabalhos – principalmente pelo primeiro - que se produziu
o questionário, a ser aplicado nas secretarias das Varas da Justiça Comum Estadual. Como se
verificou o importante papel que é desempenhado pelo chefe de secretaria. Empenhado em
fins estatísticos e metodológicos, o presente projeto de pesquisa abordará, apenas, a Grande
Aracaju, principalmente os Municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro.
As questões se relacionavam aos seguintes tópicos: organização do trabalho interno,
estrutura funcional e ambiente de trabalho. Um aspecto bastante considerado na elaboração
foi a necessidade de se descobrir se vinham sendo adotadas técnicas que agilizavam o trâmite
do processo, tais como: a edição de atos normativos pelo juiz ou a utilização dos despachos
prospectivos.

3. O DIREITO FUNDAMENTAL À RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO

A conceituação do que sejam direitos fundamentais é particularmente difícil, tendo em


vista a ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no envolver histórico.
Aumenta essa dificuldade, o fato de se empregarem várias expressões para designá-los, como
“direitos naturais”, “direitos humanos”, “direitos públicos subjetivos”, “liberdades
fundamentais”, entre outros conceitos4.
4
Ingo Sarlet (2006, p. 35-37) estabelece a distinção entre “direitos fundamentais”, “direitos humanos” e “direitos
do homem”. Nesse sentido, segundo o autor, o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser
Cumpre frisar que o conteúdo dos direitos fundamentais foi sendo paulatinamente
alterado, a partir da verificação do seu caráter histórico. Com efeito, consoante assinala
Canotilho (2003, p. 1395), os direitos fundamentais “pressupõem concepções de Estado e de
Constituição decisivamente operantes na atividade interpretativo-concretizadora das normas
constitucionais”.
Importa destacar, neste tópico, a existência de direitos fundamentais processuais, tema
bem desenvolvido por Julio Guilherme Muller (2004), que aponta como direitos fundamentais
principais aqueles expressos no art. 5º, caput5, e seus incisos XXXV6, LIII7, LIV8, LV9, LVI10 e
LX11, ou seja, os princípios da igualdade, do devido processo legal, contraditório, ampla
defesa, publicidade dos atos processuais, inadmissibilidade de provas obtidas por meios
ilícitos, inafastabilidade da jurisdição e juiz natural (MULLER, 2004, p. 66). Ao lado dos
direitos fundamentais processuais principais, Muller (2004, p. 67) também aponta os direitos
fundamentais materiais adstritos, como a exigência de motivação das decisões, consagrada no
art. 93 IX12 da Constituição Federal.
Ao lado dos direitos fundamentais processuais, assinalem-se, ainda, as garantias
processuais que, embora consagradas na Constituição Federal, não se constituem em direito
fundamental. Entre elas, podem-se explicitar a previsão de vários órgãos do judiciário, com
atribuições e competências fixadas, a vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de
vencimentos dos magistrados e membros do ministério público (MULLER, 2004, p. 67).

humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, enquanto
que a expressão direitos humanos seria relativa aos documentos de direito internacional, por referir-se às
posições jurídicas que se reconhece ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação a
determinado Estado. Já a expressão “direitos do homem” seria, segundo Sarlet (2006, p. 37) marcadamente
jusnaturalista, de uma fase que precedeu o reconhecimento dos direitos no âmbito do direito positivo interno e
internacional.
5
Art. 5º Constituição Federal: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes.
6
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
7
Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
8
Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
9
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
10
Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
11
Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
12
93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação.
Verificados os Direitos Fundamentais Processuais, percebe-se que o direito à razoável
duração do processo é caracterizado como tal, razão pela qual, no item que se segue, procede-
se à análise do art. 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal.
Quando a Razoável Duração do Processo foi inserida na Carta Magna pela Emenda
45/04, alguns doutrinadores entenderam ser imprópria a positivação de tal princípio por
entenderem que se tratava de preceito desnecessário em Texto constitucional, porque os
princípios existentes à época já seriam suficientes para o exercício dos direitos e garantias
individuais e coletivos. (ROCHA, 2005).
Podemos classificar o princípio em comento como decorrência de outros direitos
fundamentais processuais já citados anteriormente. Dentre estes, aquele que a doutrina
considera a “norma-mãe” de todos os outros direitos fundamentais processuais: o devido
13
processo legal. “Embora sem previsão expressa na Constituição, fala-se que o “devido
processo legal” é um processo efetivo, processo que realize o direito material vindicado”.
(DIDIER, 2007, p. 37).
Outro direito do qual decorre a Razoável Duração do Processo é o de que a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (art. 5º, inciso XXXV da
CF) (MARINONI, 2008). Saindo da esfera processual, há quem entenda que o direito em
estudo é extensão da própria dignidade da pessoa humana 14 Além destas, outra concepção
possível seria vê-lo como direito oriundo do princípio da eficiência, aplicável à Administração
Pública. (art. 37, §6º da CF).
Malgrado o Direito Fundamental em estudo decorrer de outros acima citados, este é
autônomo, pois não se confunde com o direito à tutela jurisdicional, muito menos com o
direito material. Quando se dá o restabelecimento de uma demanda, em caso de paralisação,
ou mesmo a entrega da prestação jurisdicional, em caso de retardo, a violação ao direito à
duração razoável do feito não é sanada. (NICOLITT, 2006).
Está-se tratando aqui de verdadeira garantia fundamental, dirigida contra o Estado que
tem o dever de prestação em relação ao jurisdicionado. Sendo assim, nos referimos a
Razoável Duração do Processo como “direito” e não “garantia”, pois ambas possuem a

13
“A garantia da prestação jurisdicional sem dilações indevidas integra o conjunto de garantias conhecidas como
devido processo legal” (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006, p. 93)
14
“A duração indefinida ou ilimitada do processo judicial afeta não apenas e de forma direta a idéia de proteção
judicial efetiva, como compromete de modo decisivo a proteção da dignidade da pessoa humana, na medida em
que permite a transformação do ser humano em objeto dos processos estatais.” (MENDES; COELHO;
BRANCO, 2008, p. 497).
mesma dignidade jurídico-constitucional (SARLET, 2007) e esta é, portanto, um direito
subjetivo público15 com titulares e obrigados específicos.
Dentro da necessidade de concretização dos direitos fundamentais processuais,
especificamente o direito fundamental à razoável duração do processo, ganha destaque a
atuação dos cartórios e secretarias judiciais de primeiro grau de jurisdição.
Com efeito, a gestão judiciária de secretarias e cartórios de primeiro grau encontra-se
na ordem do dia da administração judiciária, bastando para tanto verificar-se que entre as
metas do Conselho Nacional de Justiça para o ano de 2010 encontra-se a formulação de
cursos de gestão judiciárias a pelo menos 50% dos magistrados de todo o país.
Desta forma, nos itens seguintes, apresenta-se o resultado de pesquisa realizada com as
Varas do Trabalho do Município de Aracaju, relacionadas à Gestão das suas respectivas
Secretarias.

4. GESTÃO JUDICIÁRIA EM CARTÓRIOS JUDICIAIS NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO ESTADO DE SERGIPE

De acordo com a Lei Estadual Complementar nº 88/2003 de 30 de outubro de 2003,


que institui o Código de Organização Judiciária do Estado de Sergipe, percebe-se que foi
determinada a divisão do Estado de Sergipe em cinco circunscrições, estando a prinmeira
circunscrição assim delineada:

I - COMARCA DE ARACAJU a) Varas Cíveis (1 a 20) b) Varas


Criminais (1ª a 9ª Vara Criminal) c) Juizados Especiais Cíveis e
Criminais (1 a 6 Juizado Ceivel e 1 e 2 Juizado Criminal) d) Varas
Privativas de Assistência Judiciária ( 1 a 7ª Vara Privativa de
Assistência Judiciária )II - COMARCA DA BARRA DOS
COQUEIROS III - COMARCA DE ITAPORANGA D'ÁJUDA IV -
COMARCA DE LARANJEIRAS V - COMARCA DE MARUIM VI -
COMARCA DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO (duas varas
cíveis, duas criminais, dois juizados cíveis e criminais e duas varas
privativas de assistência judiciária)VII - COMARCA DE SÃO
CRISTÓVÃO (uma vara c’viel, criminarl, juizado especial e vara
privativa de assistência judiciária.

15
“O que é importante consignar é que estas garantias fundamentais são, na verdade, autênticos direitos
subjetivos, já que umbilicalmente ligadas aos direitos fundamentais, bem como por assegurarem ao indivíduo a
possibilidade de exigir dos poderes públicos o respeito e a efetivação destes.” (SARLET, 2007, p. 211).
Diante da grande quantidade de Varas existentes na 1ª. Circunscrição, preferiu-se
trabalhar com as Comarcas de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro. Mesmo assim, em uma
tentativa de limitar o objeto de estudo, restaram 52 (cinquenta e duas) Varas a serem
estudadas. Assim, para garantir um caráter fidedigno da realidade jurídica sergipana, optou-se
por um estudo quanto à matéria competente das Varas, ou seja, ao invés de um estudo
meramente quantitativo, fez-se um aprofundamento nas Varas Cíveis da Comarca de Aracaju,
bem como um enfoque no Juizado Especial Cível e Criminal de Nossa Senhora do Socorro e
na 1ª. Vara de Assistência Judiciária de Nossa Senhora do Socorro.
A partir dessa estrutura organizacional, foram realizadas entrevistas e obtidos os
seguintes resultados:
I – Organização do trabalho interno

1. No tocante à organização do trabalho interno, qual o critério utilizado na divisão


do serviço entre os assessores?

A) por tarefas – “cada servidor é responsável pela execução de uma única tarefa em todos
os processos”;
B) por finais “os processos são distribuídos entre os servidores conforme a sua numeração
final, de modo que cada um é responsável pela execução de todas as tarefas nos respectivos
processos, independentemente do tipo de processo ou de procedimento”;
C) por rito: “cada grupo de servidores é responsável por processar ações que tramitam
submetidas a determinados ritos ou procedimentos”;
D) outro.
Síntese: Distribuição por finais até o momento é a única na Justiça Comum Estadual.

2. Há atos normativos editados pelo juiz com a finalidade de organizar o trabalho


interno?Quais?
Síntese: Na Justiça Comum Estadual não é corriqueira essa prática.

3. São utilizados despachos prospectivos (aqueles que, prevendo o acontecimento de


determinado fato, determinam de logo a adoção da medida cabível para cada
situação possível, a fim de evitar o retorno dos autos para o juiz)?
Síntese: No entendimento dos chefes de secretaria seriam os atos meramente ordinatórios,
que agilizam o trâmite processual.

4. O que poderia ser feito para melhorar a organização do trabalho interno?


Síntese: Depende da Vara. Aumento do quadro funcional e cursos de aperfeiçoamento do
pessoal foram destaques.

II – Quanto à estrutura funcional

5. Quanto à estrutura funcional, como se constitui a divisão hierárquica desta


secretaria?
Síntese: Chefe de Secretaria, Servidores, Estagiários Universitários e Estagiários Aprendizes
(menores).

6. Qual a tarefa que mais demanda tempo do servidor?


Síntese: Cumprimento de Sentença, em regra. Por exemplo: a Sentença de Interdição e suas
exigências legais.

7. O perfil do servidor é considerado quando da adequação à sua função?


Síntese: Depende do juiz: uns fazem rodízio de funções, outros adequam as funções a
determinados servidores.

8. O servidor é oficialmente treinado e lhe é ofertado algum curso de


aperfeiçoamento? Quais? E com a virtualização processual houve algum curso?
Síntese: Uso do jargão: “aprende na prática”. Cursos incipientes para os novos servidores na
primeira semana de trabalho e não houve um formal e institucionalizado curso com a chegada
da virtualização processual.

9. De quem depende a inovação das práticas? São realizadas reuniões com os


servidores? Quem participa?
Síntese: O cotidiano da Justiça Comum Estadual é sempre o mesmo. Sem inovações e
reuniões esporádicas quando houver mudança no Regimento Interno de grande repercussão,
do contrário, prevalecem as mesmas técnicas.

10. Há alguma iniciativa adotada com a finalidade de inovar a gestão e


funcionamento das varas?
Síntese: Não.

11. Como se procede em relação aos novos servidores que chegam à secretaria?
Síntese: Trabalha, até se adequar às exigências da Vara, em conjunto com outro servidor.
Servidor que laborava em uma Vara, mas mudou-se para outra também se submete ao mesmo
rito de treinamento. Vale ressaltar que algumas Varas expedem muitos atos meramente
ordinatórios, outras não, assim, o servidor, mesmo já experiente, deve trabalhar aos moldes do
procedimento já relatado.

12. O juiz participa, em alguma medida na gestão dos recursos da unidade


judiciária?
Síntese: Em regra, não. Só em casos que possam resultar em problemas para a Vara.
13. O que poderia ser feito para melhorar a estrutura funcional?
Síntese: Depende da Vara. Aumento do quadro funcional e cursos de aperfeiçoamento do
pessoal foram destaques.
III- Quanto aos relacionamentos pessoais

14. O juiz se faz presente na resolução de problemas da vara?


Síntese: Chefe de Secretaria como elo entre o juiz e os servidores. Incumbência ao chefe
de secretaria.

15. O juiz mantém relacionamento direto com os servidores?


Síntese: Depende do Juiz. Em regra, até o presente momento, pouco.

16. Como o ambiente de trabalho poderia melhorar?


Síntese: Em regra, há um bom relacionamento no ambiente de trabalho.

IV – EXTRAS

17. Qual a sua opinião sobre a atuação do CNJ? E em relação às metas?


Síntese: Estressa os membros da Vara. Prioridade para atender os processos das metas do
CNJ faz com que alguns processos sejam postos em espera.

18. Quais providências mais atrasam o processo?


Síntese: Ofícios desnecessários. Pessoa não encontrada e despacho que manda oficiar o
TRE e o Cartório Eleitoral. Mas, são diligências processuais.

19. Qual a sua opinião acerca do protocolo eletrônico? Esse mecanismo tem função
social?
Síntese: Acelera o trâmite processual e cada vez mais inclui eletronicamente as pessoas
que realmente precisam do serviço judicial e não possuem meios econômicos e sociais
para arcá-los.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

A realidade das Secretarias Judiciais no Estado de Sergipe é percebida de forma


heterogênea, uma vez que diante de Varas com competências distintas, os resultados, por
conseguinte, serão disformes entre si. No entanto, pretende-se mostrar os aspectos positivos e
negativos da organização de Cartórios da Justiça Comum Estadual e aprofundar mecanismos
técnicos para aperfeiçoá-los.
Para que essa iniciação acadêmica não incorra em vícios de estabelecimento de
preconceitos, eis que a análise dos resultados será dividida em quatro blocos.
Quanto à organização do trabalho interno vale destacar, tanto em Nossa Senhora do
Socorro quanto em Aracaju, a falta de normatizações que auxiliassem e agilizassem o trâmite
processual. Também são pontos negativos nesta temática, o quadro funcional insuficiente para
a demanda cartorial, bem como a ausência de cursos de aperfeiçoamento do referido quadro.
Por outro lado, há de se destacar o sistema de distribuição por finais, o que faz com que o
Judiciário Sergipano atinja uma posição de destaque no cenário jurídico nacional. Os
despachos prospectivos (aqueles que, prevendo o acontecimento de determinado fato,
determinam de logo a adoção da medida cabível para cada situação possível, a fim de evitar o
retorno dos autos para o juiz), no entendimento dos chefes de secretaria seriam os atos
meramente ordinatórios, que agilizam o trâmite processual.
Quanto à estrutura funcional é de bom alvitre salientar que foi a abordagem que mais
apresentou problemas condizentes com a necessidade de aumentar o quadro funcional, bem
como proporcionar cursos de aperfeiçoamento tanto dos servidores mais antigos, quanto dos
novatos. Outro aspecto que ensejou problemas foi a precária participação dos juízes em
medidas de gestão dos recursos da unidade judiciária. Fato este, principalmente observado nas
duas Varas entrevistadas do Município de Nossa Senhora do Socorro.
Quanto aos relacionamentos pessoais fica constatado o caráter meramente subjetivo
dos magistrados e servidores, uma vez que esse fator é resultante da formação educacional de
cada um e não decorrente de uma determinação legal. Aqui, por sua vez, está presente a
intenção desta iniciação científica em detectar, primordialmente, o relacionamento entre
pessoas submetidas a um crivo hierárquico. Não é de se olvidar que, substancialmente,
interessou estudar a participação do juiz na gestão dos cartórios judiciais com os servidores ali
presentes. Dessa maneira, constatou-se a presença tanto de bons relacionamentos, quanto de
situações sofríveis de se chegar a humilhações pessoais. Este último é um fator que faz com
que não se chegue a um nível de profissionalismo que permita a tão debatida Duração
Razoável do Processo.
Quanto às indagações extras ficou por suscitar três pontos marcantes desta pesquisa:
a) a atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e sua metas; b) as providências que mais
atrasam o trâmite processual; c) a função social do peticionamento/protocolo eletrônico.
No que condiz o parâmetro adotado pelo CNJ para efetivar suas metas, traz-se dois
lados de uma moeda. De um lado, a impressão de celeridade, de outra face, a dúvida da
concretização de um direito ou do ideal de justiça, além de estressar, por demasiado, o quadro
funcional. Aqui, emerge uma indagação: as citadas metas garantem ou tolhem a Duração
Razoável do Processo? O objetivo deste trabalho acadêmico não é trazer a resposta, mas sim
proporcionar o debate de mecanismos técnicos adequados para se chegar à Duração Razoável
do Processo: aumento do quadro funcional e o seu aperfeiçoamento já se constituem como
meios para se atingir esse Princípio Fundamental Processual.
Quanto às providências que mais atrasam o trâmite processual, fica a sugestão de se
esvair da herança portuguesa da demasiada burocracia administrativa. É necessária a criação
de um dispositivo legal processual que agilize os Ofícios para órgãos públicos, uma vez que é
uma diligência processual que atrasa o andamento do processo.
Quanto à função social do peticionamento/protocolo eletrônico, ficou mais evidente
essa função nos Juizados Especiais de Nossa Senhora do Socorro. Fato este comprovado, de
logo, pela presença geográfica do Fórum Desembargador Pedro Barreto de Andrade, AV.
COLETORA C, S/N, FORUM DES. PEDRO BARRETO, MARCOS FREIRE II, NOSSA
SENHORA DO SOCORRO/SE. Neste caso, pelo fato de que o referido Fórum proporciona o
atendimento direto a uma camada carente da população sergipana.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo da gestão de secretarias judiciais na Justiça Comum Estadual


possui o intuito de não exaurir a temática, mas sim trazer para o cenário acadêmico algo que
se encontra “adormecido” nos fóruns de debate de estudantes de Direito do Estado de Sergipe
e, também, entre a maioria dos operadores de Direito do citado Estado. É bastante salutar
trazer à tona a finalização ou não do estudo em questão, uma vez que um dos pontos
abordados é a inovação tecnológica no trâmite processual. Dessa maneira, certifica-se que
esse estudo sempre acompanhará as evoluções da sociedade, logo, do Direito e, assim, não se
perpetuará como Direito que decaiu ao tempo
Chefes de secretarias foram indagados a respeito, basicamente, da organização do
trabalho interno, da estrutura funcional e do ambiente de trabalho, conforme questionário
aplicado.
Com a comprovação real da organização dessas secretarias, almeja-se a revisão
bibliográfica sobre a doutrina que estuda a hermenêutica concretizadora dos direitos
fundamentais e fazer pesquisas, análises e cotejamentos da Jurisprudência dos Tribunais
Superiores, precisamente do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal
Superior do Trabalho e Tribunal Superior Eleitoral sobre o direito à razoável duração do
processo
Com efeito, a gestão judiciária de secretarias e cartórios de primeiro grau encontra-se
na ordem do dia da administração judiciária, bastando para tanto verificar-se que entre as
metas do Conselho Nacional de Justiça para o ano de 2010 encontra-se a formulação de
cursos de gestão judiciária a pelo menos 50% dos magistrados de todo o país.
Desta forma, pretende-se, com o presente projeto, analisar de que forma uma melhor
estruturação dos cartórios e secretarias de primeiro grau de jurisdição poderão contribuir para
uma maior efetivação do direito fundamental à razoável duração do processo.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - Secretaria de Reforma do Judiciário Programa das Nações


Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Análise da Gestão e Funcionamento dos Cartórios
Judiciais. Brasília. 2007.

FIOREZZE, Ricardo. Gestão da tramitação processual nas varas trabalhistas. MESTRADO


PROFISSIONAL EM PODER JUDICIÁRIO. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. ESCOLA
DE DIREITO DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro. 2009.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional. 4. ed. Coimbra: Alamedina,


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CUNHA, S. B.; Guerra, A. J. T. (org.) A questão ambiental: diferentes abordagens.

HABERLE, Peter. Hermenêutica constitucional. A sociedade aberta dos intérpretes da


constituição: contribuição para a interpretação pluralista e procedimental da
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HESSE, Konrad. A força normativa da constituição. Tradução Gilmar Ferreira Mendes.


Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1991.

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