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INTELIGÊNCIA
COMPETITIVA
TÊXTIL E
Linhares
CONFECÇÕES NO Colatina
ESPÍRITO SANTO
Vitória
Vila Velha
Cachoeiro
de Itapemirim
Julho/2011
Ano 1 - Nº 01
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Apresentação
Caro leitor,
De acordo com a Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (Abraic), Inteligência
Competitiva (IC) é um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja
ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático que visa a descobrir as forças que regem os
negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger
o conhecimento gerado. Suas etapas consistem em coleta e busca ética de dados, informes e informações
formais e informais (tanto do macroambiente como do ambiente competitivo e interno da empresa),
análise de forma filtrada e integrada e respectiva disseminação.
Os Cadernos Ideies de Inteligência Competitiva são dirigidos aos sindicatos patronais industriais
que compõem a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) e a todos os que se
interessam pela indústria do Espírito Santo, com foco em temas de interesses estratégicos ou setoriais,
divulgando dados, informações e análises estratégicas sobre nossa indústria, destacando seus ambientes
nos mercados local, nacional e internacional, suas potencialidades e gargalos, com o objetivo de
contribuir para o aumento do conhecimento sobre a indústria capixaba, esperando servir como uma
das bases para a tomada de decisão empresarial que permita o aumento da competitividade industrial.
É nosso desejo de que os leitores dos Cadernos Ideies de Inteligência Competitiva venham a
colaborar conosco fazendo críticas, propondo temas, encaminhando dados e informações para que
possamos aprofundar nossas avaliações na sequência de todos os estudos de inteligência competitiva.
Boa leitura!
Equipe do Ideies
Jul 2011 3
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
Diretores:
Alejandro Duenas • Alvaro José Bastos Miranda • Arthur Arpini Coutinho • Áureo Vianna Mameri
Benízio Lázaro • Carlos Augusto Lira Aguiar • Edvaldo Almeida Vieira • Egídio Malanquini
Elcio Alves • Loreto Zanotto • Luciano Raizer Moura • Luiz Cláudio Nogueira Muniz
Luiz Rigoni • Manoel de Souza Pimenta Neto • Marconi Tarbes Vianna • Mariluce Polido Dias
Neviton Helmer Gasparini • Paulo Roberto Almeida Vieira • Ricardo Ribeiro Barbosa
Ricardo Vescovi de Aragão • Wilmar dos Santos Barroso Filho
Contatos:
Endereço: Avenida Nossa Senhora da Penha,
nº 2.053, Ed. Findes - 3º andar
Bairro: Santa Lúcia, Vitória/ES - CEP: 29.056-913
Telefone: (27) 3334-5626 - www.ideies.org.br
Produção:
www.nexteditorial.com.br
Telefax: (27) 2123-6500
4 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Sumário
LISTA DE TABELAS 7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 7
LISTA DE SIGLAS 8
1 INTRODUÇÃO 9
2 RESUMO EXECUTIVO 10
2.1 Objetivo 10
2.2 Metodologia 10
2.3 A cadeia produtiva têxtil e de confecções 10
2.4 A indústria têxtil e de confecções no mundo 10
2.5 A indústria têxtil e de confecções no Brasil e no Espírito Santo 11
2.5.1 Fontes de financiamento locais 11
2.6 Prioridades para a competitividade e inovação da
indústria têxtil e de confecções no Espírito Santo 11
2.7 Tendências e proposições importantes para a
indústria têxtil e de confecções no Espírito Santo 11
2.8 Considerações finais 11
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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 37
6 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Jul 2011 7
LISTA DE SIGLAS
1 - INTRODUÇÃO
O
Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) é uma
entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes),
responsável pelo apoio à Federação em questões estratégicas voltadas para as áreas de
competitividade e de defesa de interesses da indústria capixaba, além das ações referentes aos
assuntos legislativos, ao desenvolvimento regional do Espírito Santo e ao crescimento das micro,
pequenas e médias empresas.
A entidade atua na estruturação de informações técnicas de interesse da indústria capixaba, com foco
em inteligência competitiva, como este estudo, uma ferramenta com os seguintes objetivos:
Apresentar um diagnóstico dos setores têxtil e de confecções;
Identificar tendências e oportunidades para o desenvolvimento desse setor;
Apoiar o empresário na tomada de decisões estratégicas.
Neste estudo, foram pesquisados dados e informações em fontes oficiais, como, MTE/RAIS, MDIC,
IBGE, dentre outras, bem como se realizou a análise dos seguintes códigos de atividades econômicas
e classificação de mercadorias, da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) – versão
2.0 – e da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) (ver anexo 1).
A análise desses dados e informações encontra-se estruturada em seis tópicos:
Descrição da cadeia produtiva têxtil e de confecções;
Panorama da indústria têxtil e de confecções no mundo;
Panorama da indústria têxtil e de confecções no Brasil;
Panorama da indústria têxtil e de confecções no Espírito Santo;
Competitividade da indústria têxtil e de confecções;
Principais tendências e proposições para a indústria têxtil e de confecções.
O estudo foi desenvolvido pelas equipes técnicas dos Núcleos de Defesa de Interesses, Competitividade
Industrial, Estratégico de Conjuntura e Inteligência Competitiva do Ideies, e do Centro Internacional de
Negócios (CIN) da Findes.
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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
2 - RESUMO EXECUTIVO
2.1 Objetivo
Os objetivos do Caderno Ideies de Inteligência Competitiva “O Setor Têxtil e de Confecções no Espírito Santo”
são: apresentar um diagnóstico dos mercados têxtil e de confecções; identificar tendências e oportunidades para o
desenvolvimento desse setor e apoiar o empresário na tomada de decisões estratégicas.
2.2 Metodologia
Nesse estudo foram realizadas pesquisas analítica, bibliográfica e exploratória acerca de dados e informações
referentes ao setor no mundo, no Brasil e no Espírito Santo. Considerou-se a evolução de importantes indicadores
(número de empresas, número de empregos, receita líquida de vendas, valor da transformação industrial, produtividade
e nível da utilização da capacidade instalada); fatores fundamentais para o aumento da competitividade das
empresas (desenvolvimento de produtos e design, aperfeiçoamento da manufatura e flexibilidade, desenvolvimento
da marca, comercialização e distribuição); a importância das inovações tecnológicas, bem como as tendências a
serem observadas pela área.
Náilon Algodão
Viscose Seda
Poliéster
Rami / Linho
Lycra Acetato
Lã
Polipropileno Juta
Fiação
Tecelagem Malharia
Beneficiamento / Acabamento
Confecção
10 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
recentemente, o Vietnã, como principais produtores de têxteis e confeccionados na cadeia produtiva mundial.
Destacam-se, também, as “capitais da moda” Milão e Paris, além de outras cidades competindo pelos primeiros
lugares na lista ‘Top Fashion Capitals’ como Nova York, Roma, Londres, Los Angeles e Hong Kong.
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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
no Espírito Santo, subsidiando, desta forma, o empresário na tomada de decisões, principalmente, as relacionadas
ao redirecionamento das estratégias de suas empresas para melhorar sua participação no mercado, inclusive no
mercado da moda. Entretanto, destaca-se a importância, para trabalhos futuros, de realização de uma pesquisa de
campo, enriquecendo a coleta de dados e informações disponíveis sobre as empresas do setor no Espírito Santo.
Náilon Algodão
Viscose Seda
Poliéster
Rami / Linho
Lycra Acetato
Lã
Polipropileno Juta
Fiação
Tecelagem Malharia
Beneficiamento / Acabamento
Confecção
No âmbito internacional, a indústria têxtil e de confecções é regida por estratégias que objetivam tornar os países
mais competitivos e com maior lucratividade perante o mercado, tais como:
Diferenciar-se dentro da cadeia têxtil e de confecções pela inovação tecnológica e mercadológica, pela especiali-
zação em segmentos da cadeia mais intensivos de capital;
Transferir o processo produtivo (atividades de menor valor agregado e menos eficientes) para os países vizinhos;
Aumentar a autonomia frente aos compradores, tornando-se vendedores de seus desenhos e marcas;
12 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
2,4
1,4 1,1 1,1
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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
China
A indústria chinesa destaca-se como a principal produtora e exportadora de produtos têxteis e de confeccionados.
Essa posição é viabilizada pelas características do país, que atua em grande escala no mercado mundial com
benefícios atrelados à abundância de matéria-prima, às escalas de produção e aos baixos custos de mão de obra. Com
isso, os países considerados os maiores consumidores de artigos têxteis e confeccionados têm perdido participação
nos mercados nacionais em virtude do aumento da concorrência da China.
Entretanto, o bom desempenho das empresas chinesas, sempre associado ao comércio internacional, foi impactado
pela queda da demanda externa (consequência da crise financeira de 2008), aumento dos custos de produção e
valorização da moeda chinesa¹, além da inconsistência de ações de regulamentação do setor, que prejudica a
capacidade de resposta dos produtores locais.
Considerando os impactos no desempenho das empresas chinesas, muitas têm adotado estratégias como:
direcionar suas vendas a outros países estáveis economicamente, negociar as exportações para a Europa em euro,
em virtude da sua valorização em relação ao yuan, e focar no mercado interno, muito procurado por grandes players
internacionais, cujas unidades produtivas estão instaladas no país.
Índia
Assim como a China, a Índia vem se consolidando como importante player no cenário internacional, com
produção crescente e grande participação nas exportações. De acordo com o Projeto Perspectiva do Investimento
no Brasil (PIB) – Bens e Salários (2009), a indústria têxtil e de confecções representa a segunda atividade que mais
emprega na Índia, atrás somente do setor agrícola. Além de baixos custos de mão de obra, a indústria têxtil e de
confecções da Índia destaca-se pela produção de algodão.
O segmento local enfrenta desafios semelhantes aos da China, como a valorização da moeda local² e o
aumento nos custos de produção, que dificultam as exportações. Tais desafios incentivaram medidas propostas
pelo governo, como a redução das taxas de juros para facilitar o acesso ao crédito e políticas de devolução de
impostos sobre exportações.
Outro gargalo do país refere-se aos índices crescentes de desemprego que demandam ao governo a imposição de
leis trabalhistas mais rígidas, apontadas pelos grandes investidores com unidades produtivas na Índia como um dos
principais obstáculos para se competir no mercado. Inclusive, essa é uma das vantagens da China sobre a Índia no
que diz respeito à atração de investimentos externos no setor têxtil e de confecções, já que as leis trabalhistas naquele
país são mais flexíveis.
As empresas indianas também adotam estratégias para minimizar os efeitos da rigidez das leis trabalhistas
impostas, como a internacionalização da produção em direção a países com menores custos de insumos (ou que
tenham maior proximidade com os principais mercados consumidores) e o foco no mercado interno que apresente
boas expectativas de crescimento.
É importante salientar que tanto na China quanto na Índia, apenas as grandes empresas têm capacidade para
realizar investimentos voltados à reestruturação, cabendo às empresas de menor porte cortar os custos por meio de
demissão de funcionários.
Estados Unidos
A participação dos Estados Unidos na indústria têxtil e
de confecções se destaca pelo fato de o país ser considerado
¹ Desde 2005, quando houve reformulação da política
grande consumidor de artigos têxteis e confeccionados e pelas
cambial chinesa, o yuan vem sofrendo crescente
possibilidades de segmentação do processo produtivo e do mercado. valorização frente ao dólar, chegando a um aumento
Na segmentação do processo produtivo, partes do mesmo produto acumulado de 14% (Projeto PIB, 2009).
são fabricadas em várias partes do mundo; e na segmentação do
² A indústria têxtil e de confecções da Índia tem
mercado é crescente a especialização em roupas para determinados enfrentado problemas em decorrência da valorização
grupos de consumidores, como surfwear, skatewear, além das da moeda local, que em 2009 registrou um aumento
de 11% em relação ao dólar (Projeto PIB, 2009).
produzidas conforme idade (infantil e de adulto), sexo (masculino
e feminino), renda (mais ou menos sofisticados), dentre outros.
14 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Jul 2011 15
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
51,3
2007 2008
Região Sudeste
Corresponde a principal região têxtil e confecções do Brasil. Nela concentra-se a maior parte das empresas
exportadoras. Destacam-se como polos produtivos:
São Paulo – Mais importante centro produtor e centro intelectual e financeiro da indústria. Nele estão
concentrados os principais ativos intangíveis (moda, marketing etc.) e o controle das atividades produtivas
nacionais. Na cidade de São Paulo encontram-se o varejo de luxo, em lojas nacionais e internacionais, além das
duas maiores concentrações nacionais de vendas, os bairros Brás e Bom Retiro. Outro polo importante é a cidade
de Americana, que apresenta elevado desenvolvimento tecnológico e é especializado na produção de tecidos
artificiais e sintéticos.
Minas Gerais – No Estado, a cidade de Muriaé destaca-se como importante polo têxtil. Juruaia, conhecida como
a “capital da lingerie”, também possui representatividade, devido ao crescente desenvolvimento de moda
íntima no município.
Rio de Janeiro – Destaca-se pelo principal polo produtor de lingerie na cidade de Nova Friburgo e pelo polo
têxtil, na cidade de Petrópolis. A cidade de Cabo Frio também merece destaque por ser o maior polo de produção
e vendas de biquínis do País.
Espírito Santo – Destaque para os dois grandes polos do Estado: um na Região Noroeste, que compreende os
municípios de Colatina, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Baixo Guandu, com indústrias especializadas
na confecção de jeans; e outro na Grande Vitória, nas cidades de Vila Velha, Cariacica, Serra e Vitória, com
produção bem diversificada, na qual sobressaem os segmentos sportwear e surfwear.
Região Sul
A Região Sul é especializada em confecção de malha e artigos de cama mesa e banho. Sobressai o Estado Santa
Catarina:
Santa Catarina – Merece destaque o Vale do Itajaí, cuja cidade de Blumenau é o segundo maior polo têxtil da
América Latina e o centro brasileiro com maior inserção no mercado internacional, sendo o principal exportador
nacional de artigos de malha e linha lar.
Região Nordeste
A Região Nordeste tem forte atuação na fabricação de tecidos planos e malhas.
Destaque para o Estado do Ceará:
Ceará – Destaca-se como principal produtor de tecidos planos e malhas. Na cidade de Fortaleza são fabricados
produtos variados, como roupas íntimas, moda praia, infantil, feminina e moda masculina. O Ceará vem
aumentando sua relevância no cenário nacional, no que diz respeito ao deslocamento regional das grandes
16 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
empresas, atraídas pelos incentivos fiscais e de infraestutura proporcionados pelo governo estadual. Observa-se,
também, a grande presença de empresas verticalmente integradas, especialmente no ramo de tecidos denim e
em fios de algodão.
Região Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste vem aumentando sua participação no cenário nacional na produção de têxteis. Destaque
para o Estado de Goiás:
Goiás – Possui uma moda bastante diversificada (moda feminina, moda praia, lingerie, moda infantil e
jeanswear), que vem conquistando o seu espaço no mercado nacional. Além disso, o governo estadual estimula
as atividades do setor por meio de incentivos fiscais que, além de aquecer o mercado local, também deslocam
empresas de outros Estados atraídas por esses incentivos. A cidade de Jaraguá, principal exportadora do Estado,
possui marcas próprias, para as quais procuram dedicar seus esforços. Já a cidade de Trindade concentra-se na
produção de jeanswear, moda infanto-juvenil, moda praia, moda feminina e camisaria que atua, também, de
forma terceirizada na produção para grandes empresas varejistas.
50 Seda 26.703 -7 -4 1 13
51 Lã e pelos de animais 27.378 6 -5 0,3 36
52 Algodão 844.674 5 -2 2 9
53 Fibras têxteis vegetais 32.650 -8 -8 1,2 13
54 Filamentos sintéticos ou artificiais 88.941 -6 -2 0,3 33
55 Fibras sintéticas descontínuas 104.722 -3 0 0,4 28
56 Pastas, ouates, feltros e falsos tecidos 217.398 14 5 1,3 19
Carpetes e outros revestimentos
57 14.838 -7 1 0,1 47
têxteis
Tecidos especiais tufados, rendas e
58 34.627 1 -4 0,3 29
tapeçarias
Tecidos impregnados, revestidos e
59 88.612 1 3 0,5 31
recobertos
60 Tecidos de malha 34.180 -8 2 0,2 41
61 Vestuário de malha 92.537 -16 6 0,1 68
62 Vestuário, exceto malha 69.229 -16 2 0 80
63 Outros artefatos têxteis 219.487 -12 6 0,5 31
Fonte: ITC TradeMap. / Elaboração: Ideies.
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INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
de malha, a 2% para algodão. Os subsetores de confecções ocupam o 68º lugar (vestuário de malha) e 80º lugar
(vestuário, exceto malha) no ranking dos exportadores mundiais, comparado ao subsetores têxteis, com o 9º lugar
ocupado pelo algodão e o 13º lugar ocupado pela seda e pelas fibras têxteis vegetais.
No que diz respeito à participação brasileira no cenário mundial de importações, como mostra a Tabela 2, o perfil
da cadeia produtiva têxtil e de confecções é predominantemente importador de filamentos sintéticos ou artificiais e
de fibras sintéticas (10º lugar no ranking de importadores mundiais), e de tecidos de malha (12º lugar no ranking de
importações mundiais).
Com poucas empresas de destaque produzindo fora do território nacional, sem estratégia governamental de
integração de acesso preferencial nos principais mercados e sem uma política industrial coerente para o setor,
o conglomerado passou por vários regimes competitivos nos últimos 25 anos, adaptando-se reativamente sem
consolidar uma posição relevante na cadeia têxtil e de confecções global.
Neste período, o país passou do protecionismo pragmático (até o final dos anos 1970), passando pelo ultra-
protecionismo dos anos 80, seguido da globalização através da abertura comercial de 1988-1993, da ultra-abertura
pós-Plano Real de 1994-1998 e culminando com o câmbio flutuante (a partir de 1999), acoplado aos acordos de
redução tarifária e término dos acordos multifibras de 2005 em diante.
Com estas mudanças, o conglomerado passa por uma reprimarização da cadeia produtiva, aumentando a
importância dos segmentos de menor valor adicionado na cadeia global. O realinhamento da cadeia produtiva
global está forçando as empresas têxteis e de confecções brasileiras a se reinventarem.
18 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Jul 2011 19
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
As exportações da indústria têxtil e de confecções brasileira mantiveram o patamar de US$ 2,2 bilhões, em 2010.
Observa-se crescimento de 9,2% entre 2005 e 2008 e queda em 2009, devido ao impacto da recessão global, voltando
a recuperar-se, em 2010, para o nível de 2007. O segmento de fios e fibras cresceu 44%, alavancado pelo algodão,
compensando as perdas nos demais segmentos. As exportações de tecidos declinaram 13,4%, as de vestuário caíram
em 50% e as de manufaturas têxteis sofreram redução de 11,4%.
As importações mais que triplicaram no período considerado, crescendo de US$ 1,5 bilhão para US$ 5 bilhões.
Consequentemente, a balança comercial do setor passou de um saldo positivo de US$ 703 milhões para um déficit
de US$ 2,7 bilhões.
20 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
De fato, houve um aumento expressivo em todos os segmentos da cadeia de compras externas: as importações
de fios e fibras aumentaram 170%, as de tecidos elevaram-se em 246%, as de vestuário cresceram 372% e as de
manufaturas têxteis foram incrementadas 244%. Destacam-se, em especial, as compras externas de tecidos de malha,
que cresceram 1.643%, de 2005 a 2010, passando de US$ 30 milhões em 2005 para US$ 523 milhões em 2010.
Para corroborar com a explicação dos fatores que induziram a explosão de importações da cadeia têxtil e de
confecções como um fenômeno de excesso de demanda, note-se que:
1. O número de empresas do segmento têxtil aumentou 5,3% entre 2007 e 2009; o número de empresas do segmento
de confecção elevou-se em 9,4% no mesmo período. O valor da transformação industrial da cadeia aumentou em
cerca de 9% de 2007 para 2008;
2. As importações de máquinas e equipamentos para a indústria têxtil e de confecções mais do que duplicaram no
período de 2005 a 2010 (ver tabela 06);
3. Apesar da solicitação de início de processo antidumping de importações de malhas de viscose, assinalada no
período janeiro a dezembro de 2008, não houve, no período de 2005 a 2010, nenhuma solicitação de medidas
de salvaguarda em relação às importações da cadeia. As medidas de salvaguarda têm como objetivo aumentar,
temporariamente, a proteção à indústria doméstica que está sofrendo prejuízo grave ou ameaça decorrente do
aumento das importações. Isto se dá com o intuito de que, durante o período de vigência de tais medidas, a indústria
doméstica se ajuste, aumentando a sua competitividade.
8445 Máquinas para fiação 76.615 74.384 61.650 105.512 107.301 95.353 24,46
8446 Teares para tecidos 37.110 51.109 62.163 66.194 48.761 68.069 78,61
Teares para fabricar malhas
8447 ou máquinas de costura por 37.277 60.063 78.589 116.905 79.203 112.036 200,55
entrelaçamento
Máquinas e aparelhos
auxiliares para as máquinas
8448 de texturização, fiação,
55.712 56.850 74.261 86.408 73.617 93.289 67,45
tecelagem e malharia
8452 Máquinas de costura 60.570 78.460 122.700 165.579 106.420 199.769 229,82
Fonte: AliceWeb / Elaboração: Ideies
Jul 2011 21
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
A seguir, informações sobre os principais fornecedores e clientes de máquinas para indústria têxtil e de
confecções do Brasil.
60.015.407
47.887.651 47.805.708
33.431.213
3.219.883
2.064.194
1.330.544
691.696
22 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Finame
Destinada às empresas de micro e pequeno porte situadas em qualquer região do País, esta linha de crédito
financia a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, cadastrados na Agência Especial
de Financiamento Industrial para a Compra de Máquinas e Equipamentos e capital de giro associado à aquisição
isolada de equipamento, até R$ 10 milhões de forma indireta. Acima de R$ 10 milhões o financiamento é feito
diretamente no BNDES
Finem
Apoia projetos de implantação, expansão e
modernização de empreendimentos. Podem ser 4
Link direto:
http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/interna.php?area=5&menu=405.
financiados valores superiores a R$ 10 milhões em
Jul 2011 23
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
máquina e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, ou importados sem similar
nacional, bem como capital de giro associado ao investimento, entre outros.
BNDES Automático
Apoia projetos de implantação, ampliação, recuperação e modernização de empreendimentos. Podem ser
financiados de forma indireta valores de até R$ 10 milhões em obras civis, montagens e instalações, aquisição de
equipamentos novos (fabricação nacional) e capital de giro associado ao projeto. Acima de 10 milhões o financiamento
é realizado diretamente no BNDES.
Cartão BNDES
Direcionado às micro, pequenas e médias empresas, consiste em um crédito rotativo, pré-aprovado, de até R$ 1
milhão, por banco emissor, para aquisição de produtos, insumos e serviço credenciados no Portal de Operações do
Cartão BNDES.
Progeren
Visa aumentar a produção, o emprego e a massa salarial, por meio do apoio financeiro para capital de giro. O
programa financia até 20% da Receita Operacional Bruta (ROB), limitado a R$ 10 milhões por beneficiária, a cada
período de 12 meses, em operação indireta, realizada por intermédio da rede bancária do País. Acima desse valor, o
financiamento é feito diretamente no BNDES.
A partir da década de 70, após o grande êxodo rural causado pelo Programa de Erradicação dos Cafezais, lançado
em 1960, observou-se o inchaço das principais cidades do Estado. Segundo informações do BNDES, a atividade de
confecção no Espírito Santo se originou informalmente, como uma estratégia de sobrevivência de determinados
grupos da população desempregada nessas cidades.
No Estado (MTE/RAIS, 2009), o setor é composto por 1.237 empresas, que geram algo em torno de 17.042
empregos diretos e é constituído, predominantemente, por micro e pequenas empresas, que geram uma receita
anual de aproximadamente R$ 500 milhões (IBGE/PIA, 2008).
No Espírito Santo, a maior parte da produção do setor têxtil concentra-se em Serra e Ibiraçu e o de confecções
predomina nos seguintes polos: Região Metropolitana (Vila Velha, Cariacica, Serra e Vitória) e Região Noroeste
(Colatina, São Gabriel da Palha, São Domingos do Norte, Nova Venécia e Baixo Guandu). Vale ressaltar
que os municípios de Linhares e Cachoeiro de Itapemirim também incrementam a produção de artigos
confeccionados no Estado.
Segundo dados de 2009, do MTE/RAIS, o município de Vila Velha possui o maior número de empresas, 24% do
total, seguido por Colatina (22%), São Gabriel da Palha (11%), Vitória (6,9%) e Serra (6%). Apesar de Colatina possuir
uma quantidade menor de empresas, essas são de maior porte, levando o município a concentrar o maior número de
empregos, 30% do total, seguido por Vila Velha (20%), São Gabriel da Palha (17%), Serra (6,5%) e Linhares (5,4%).
Quanto ao perfil de produção, embora diversificada, a Região Metropolitana vem dando ênfase para a
moda sportwear e surfwear, a qual se destina, principalmente, ao comércio local. Já a Região Noroeste possui
indústrias focadas na produção de jeans, destinando parte de seus produtos a outros mercados, como São Paulo
e Rio de Janeiro.
Região Noroeste
C
olatina – Caracteriza-se pela produção de jeans, que representa mais da metade da sua produção, bem como
pela produção de roupas de malha e roupas sociais. Esse polo apresenta, ainda, outras atividades como prestação
de serviços de facção, de lavanderia, limpeza de roupa, serviços de estamparia e de serigrafia, além de serviços
especializados de bordadeiras e estilistas.
24 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Região Metropolitana
Vila Velha - O município de Vila Velha cedia o maior número de empresas destinadas a atividade de confecção.
O Polo de Santa Inês é responsável pela maior parte da produção de malhas. Desse polo, partiu a iniciativa da
criação do Centro de Referência da Indústria da Moda (CentroModa), empreendimento de fomento econômico
destinado ao setor industrial, principalmente o segmento de vestuário, bem como à manutenção de máquinas
e equipamentos no município de Vila Velha. A previsão de entrega desse centro está marcada para 2013
(Unidade de Engenharia e Projetos da Findes, 2011).
Outra área importante é o Polo de Moda da Glória, que se destaca na produção de malhas e revenda de peças
oriundas de diversas regiões do País.
Jul 2011 25
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
o tecido de malha, de algodão e atoalhados. Embora o item contribua, decisivamente, para que as vendas externas do
segmento ultrapassem a marca de US$ 1 milhão, as vendas em 2010 se concentraram na Bolívia (82%) e EUA (18%).
Tabela 6: Exportações brasileiras de produtos têxteis e de confecções do Espírito Santo (em US$)
%
NCM Produtos 2005 2006 2007 2008 2009 2010
2010/05
O Espírito Santo representa um elo importante nas compras externas da cadeia têxtil e de confecções, o que
possibilita algum efeito de transbordamento para a indústria local e potencializa a atração de investimentos para
o setor. Embora a participação das importações da cadeia pelo Estado esteja perdendo importância relativa (de
19% do total de importações em 2005 para 13% em 2010), o Estado ainda é responsável por ¼ (um quarto) das
importações brasileiras de tecidos e de 12% de vestuário.
26 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Tabela 7: Importações brasileiras de produtos têxteis e de confecções do Espírito Santo (em US$)
%
NCM Produtos 2005 2006 2007 2008 2009 2010
2010/05
Jul 2011 27
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
O desenvolvimento da indústria têxtil e de confecções pode ser analisado considerando as evoluções de indicadores
importantes: número de empresas, número de empregos, receita líquida de vendas, valor da transformação industrial,
produtividade e pelo nível da utilização da capacidade instalada. Dessas novas empresas atuantes, 27 encontram-se
no Espírito Santo. As empresas do Espírito Santo representam apenas 2% do total de empresas do setor no Brasil
(MTE/RAIS, 2009).
Em 2009, quando comparado com 2008, o crescimento no número de empresas no setor têxtil e de confecções no
Espírito Santo foi de 4%, enquanto no Brasil de 3%. O aumento do número de empresas, neste setor, ocorre porque
o processo produtivo é considerado relativamente fácil e o investimento inicial é baixo, com destaque para a grande
participação de microempresas.
28 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
84,8
84,1 84,5
Brasil
82,1 83,1 83,5
Espírito Santo
Jul 2011 29
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
No Brasil, o número de empregos do segmento têxtil diminuiu puxado, principalmente, pela redução do número
das empresas de médio e grande portes, ao contrário do segmento de confecção. No Espírito Santo, a redução do
número de empresas do setor também influenciou a redução do número de empregos tanto no segmento têxtil
(pelas empresas de médio porte) quanto no de confecção (pelas empresas de pequeno porte). Os empregos no
Espírito Santo representam apenas 1,8% dos postos de trabalho do setor no Brasil (MTE/RAIS, 2009).
3,7
3,4 Brasil
Espírito Santo
2,3 2,2
2007 2008
30 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
3,8
3,5 Brasil
Espírito Santo
2,0 2,0
2007 2008
7.5 Produtividade
Conforme Tabela 15, a indústria têxtil e de confecções apresentou importante alteração em sua produtividade
industrial. O segmento têxtil, no Brasil, de 2007 a 2009, passou, respectivamente, de 7,4% para 9,8%, e no Espírito
Santo, de 18,5% (2007) para 32,2% (2009). Já o segmento de confecções, no Brasil, de 11,4% (2007) foi para 4,9%
(2009), enquanto no Espírito Santo passou de -9,7% em 2007, para 15,0% em 2009.
No Brasil, o segmento têxtil apresentou um crescimento da produtividade indicado, em 2007 e 2009, pelo aumento
do faturamento, acompanhado pela diminuição nas horas trabalhadas; em 2008 as horas trabalhadas aumentaram
mais que o faturamento, provocando queda de 1,6% na produtividade. No segmento de confecções, o menor
aumento da produtividade em 2009 (4,9%) em relação a 2007 (11,9%) deve-se ao baixo incremento no faturamento
naquele ano.
Jul 2011 31
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
No Espírito Santo, o segmento têxtil apresentou crescimento em 2007 e 2009, indicado pelo faturamento, com
destaque para a queda brusca nas horas trabalhadas em 2009, reforçando o crescimento da produtividade neste ano
para 32,2%. Já em 2008, caiu o faturamento e aumentaram as horas trabalhadas. Quanto ao segmento de confecções,
a produtividade em 2007 foi influenciada pela queda no faturamento e leve alta nas horas trabalhadas e, em 2008 e
2009, a sua recuperação foi caracterizada pelo aumento do faturamento e pela queda nas horas trabalhadas.
32 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
O curto tempo de vida das linhas de produtos exige que as empresas adquiram tecnologia de informação,
permitindo acesso dinâmico às informações de mercado para uma rápida adaptação de suas linhas de produtos às
tendências de mercado.
A customização de produtos passou a ser adotada como estratégia por empresas que não possuem capacidade para
competir com os preços e volumes praticados pelas empresas asiáticas. Vale ressaltar que essa estratégia é considerada
mais dispendiosa, pois exige o uso de novas tecnologias e, consequentemente, maior rapidez ao desenvolvimento de
produto e maior agilidade e flexibilidade ao processo produtivo.
O crescimento exponencial dos produtos asiáticos de têxteis e confecções causou a desestabilização dos demais
produtores do setor. Os países passaram a desenvolver estratégias competitivas diferenciadas, baseadas na utilização
da inovação tecnológica, da criatividade, do lançamento de produtos e do desenvolvimento e oferta de produtos com
maior valor agregado.
No que tange às inovações tecnológicas, a cadeia têxtil e de confecções é considerada grande consumidora de
tecnologia. As inovações costumam ocorrer via empresas fornecedoras de
máquinas e equipamentos e por fabricantes de fibras químicas e corantes.
Em relação às máquinas e equipamentos, as tecnologias desenvolvidas referem-se A tecnologia CAD/CAM corresponde à
5
à velocidade e à escala, principalmente nos segmentos de fiação e tecelagem/ integração das técnicas CAD e CAM num
sistema único e completo. Isto significa,
malharia. Outra inserção é a tecnologia de informação, como CAD/CAM, por exemplo, que pode-se projetar
máquinas industriais que imprimem o desenho direto no tecido. um componente qualquer na tela do
Tais tecnologias permitem reduzir o tamanho dos lotes de produção e realizar computador e transmitir a informação por
meio de interfaces de comunicação entre o
alterações rápidas no produto, além de facilitar a detecção de problemas/ineficiência computador e um sistema de fabricação.
na linha de montagem e o controle de qualidade dos artigos.
Jul 2011 33
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
A moda, cada vez mais, representa para a indústria têxtil e de confecções fator determinante para os rumos da
produção. Para uma parte significativa da indústria, a partir das diretrizes da moda são traçadas as estratégias de
atuação, como definição de produtos e, principalmente, os mercados com maior potencial de lucros. Nesse sentido,
as grandes companhias investem valores consideráveis em pesquisa e desenvolvimento tecnológico para manterem-
se competitivas.
No complexo da moda, estilo e designs dos produtos agregam funcionalidades relacionadas ao meio ambiente,
saúde, esporte e lazer. Assim, a indústria têxtil e de confecções capixaba necessita incorporar às atividades de inovação
de produtos e processo, conhecimentos técnicos oriundos das áreas de biomecânica, fisioterapia, biologia, eletrônica,
química, entre outras.
A adoção de novos materiais aos produtos é um exemplo da aplicação desses conhecimentos no processo de
desenvolvimento dos produtos. A introdução de novos tipos de fibras, principalmente, fibras químicas (sintéticas
e artificiais) tem proporcionado bons resultados na indústria têxtil e de confecções. Verifica-se a utilização de
fibras sintéticas em roupas e tecidos em substituição às fibras naturais, sobretudo as fibras de algodão, cuja matéria
prima encontra-se escassa e, consequentemete, com altos preços. Além disso, as fibras químicas são capazes de
suportar diversas modificações durante o processo produtivo, incorporar novas funções e oferecer maior conforto
e bem-estara do consumidor final.
Quanto à utilização das fibras naturais, muitas empresas têm investido em pesquisas para o desenvolvimento de
fios e tecidos mistos, com o intuito de aproveitar os benefícios da combinação de fibras naturais e fibras químicas. O
principal objetivo das pesquisas nessa área tem sido aproveitar as vantagens oferecidas pelos materiais sintéticos para
melhorar o desempenho de certas fibras naturais, como bambu e soja.
34 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
A utilização da fibra de bambu na fabricação de têxteis destaca-se como importante vetor de inovação, já que é
de fácil lavagem, possui propriedades hipoalergênicas, é um desodorizante natural, pois regula a temperatura do
corpo e é resistente a micróbios, é resistente à umidade e tem secagem rápida. Além disso, a planta é abundante
na natureza, possui um crescimento rápido, é regenerativa, 100% biodegradável e seu cultivo não exige produtos
químicos, pesticidas ou herbicidas.
Outra prática inovadora é a adoção de nanotecnologia, que se refere, basicamente, à incorporação de novos
atributos e novas funcionalidades aos produtos têxteis e de confecções, com o intuito final de elevar os quesitos
de bem-estar ao consumidor, seja pela incorporação de dispositivos na sua estrutura, tais como semicondutores e
microchips, ou através da utilização de fibras que possuem em sua composição polimérica propriedades específicas,
como medicamentos que vão sendo absorvidos, via cutânea, por um determinado período de tempo.
O desenvolvimento tecnológico na área de nanotecnologia tem apresentado duas categorias de produtos na
indústria têxtil e de confecções: os tecidos inteligentes e os tecidos eletrônicos.
Os tecidos inteligentes incorporam em sua estrutura materiais que reagem a impulsos sem a necessidade de
controle humano e que são capazes de responder a mudanças no ambiente. Esses tecidos são fibras ou tecidos
que possuem como propriedade a capacidade de modificar suas próprias características a partir de modificações
ocorridas no ambiente.
Os tecidos eletrônicos permitem a incorporação de sistemas eletrônicos e componentes aos tecidos. Os têxteis
eletrônicos – ou e-têxteis como têm sido chamados – representam não apenas uma nova tecnologia, mas também
um novo nicho de mercado bastante promissor para as empresas.
Entre as diversas possibilidades de aplicação, pode-se citar:
Armazenamento de informações;
Sistemas de alerta;
Comunicação via internet;
Proteção pessoal;
Saúde e bem estar, entre outros.
É importante ressaltar que os pressupostos da integração desses sistemas eletrônicos a roupas dependem
fundamentalmente da miniaturização dos componentes eletrônicos e da sua incorporação aos produtos têxteis.
Verifica-se a importância do desenvolvimento tecnológico da indústria têxtil e de confecções do Espírito Santo em
relação ao desenvolvimento de produto, design e moda, quando considerados o encurtamento do tempo de vida das
linhas de produto e o aumento da importância da moda na competição entre as empresas, em direção àquilo que é
chamado de fast-fashion. Nesse sentido, algumas empresas têm avançado na direção da customização dos produtos,
o que vai exigir o desenvolvimento de novas tecnologias que confiram maior rapidez ao desenvolvimento de produto
e que sejam capazes de elevar os quesitos de flexibilidade do processo produtivo.
A interação das empresas com a indústria fornecedora de máquinas e equipamentos é importante requisito para
as empresas que desejam manter-se atualizadas e preparadas para as alterações do mercado.
Para dar suporte a essa estratégia, têm sido desenvolvidos sistemas que buscam facilitar a comunicação entre a
empresa e seu consumidor final. Trata-se de sistemas de produção customizada de artigos confeccionados, com
intenso uso de tecnologias de informação, como sistemas CAD/CAM e dos pressupostos da manufatura ágil; a
criação e difusão de sistemas de medição em três dimensões e a utilização de sistemas virtuais para modelagem, por
meio de simulação dinâmica, visualização e animação.
Vale ressaltar o desenvolvimento nos ramos têxtil e de confeccionados na área de desenvolvimento
sustentável e de normatização. As empresas têm investido na aplicação do conceito de sustentabilidade tanto
em produtos quanto em processos. Em relação à crescente valorização de produtos, há um foco crescente nos
produtos feitos a partir de matéria-prima orgânica, que não poluem a natureza e que têm facilidade para serem
reciclados. Nesse sentido, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas com foco no ciclo de vida dos produtos,
com o objetivo de aumentar a durabilidade dos materiais utilizados e diminuir o impacto do seu descarte no
meio ambiente. Observa-se a tendência da crescente participação de artigos têxteis que não agridem o meio
ambiente, ou Eco-texteis.
Os conceitos relacionados à responsabilidade ambiental muitas vezes são combinados com outras tendências
do mercado, permitindo que um único produto incorpore diversas funcionalidades e, ao mesmo tempo, traga
vantagens associadas à preservação do meio ambiente, ao aumento da qualidade de vida e do bem-estar e ao alto
desempenho. A combinação desses fatores resulta numa variedade de produtos que tentam prever e suprir as
necessidades dos consumidores.
Jul 2011 35
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
Por fim, a criação de normas e padrões para os artigos têxteis e de confecções tem o propósito de contribuir para a
padronização de características dos produtos, em termos de tipos, modelos e tamanhos, com vistas ao atendimento
dos requisitos dos compradores e à melhoria do produto ao consumidor final. Essa tendência está fortemente
relacionada à intensificação das formas de organização global dessa indústria, que envolve a conformação de cadeias
globais de produção, o que pressupõe elevados graus de padronização e uniformidade dos produtos.
11 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta deste estudo compreendeu a apresentação de um diagnóstico da situação atual da indústria têxtil e
de confecções no mundo, no Brasil e no Espírito Santo e uma visão, com base em inteligência competitiva. Por
meio de dados e informações foi possível identificar tendências e oportunidades para o desenvolvimento do setor
no Espírito Santo, subsidiando, desta forma, o empresário na tomada de decisões, principalmente, as relacionadas
ao redirecionamento das estratégias de suas empresas para melhorar sua participação no mercado, inclusive no
mercado da moda.
Inicialmente, procurou-se entender a dinâmica da cadeia produtiva têxtil e de confecções, que se inicia com a
transformação de matérias-primas (fibras naturais ou fibras artificiais e sintéticas) em fios (fiação), que seguem para
a tecelagem (fabricação tecidos planos) ou para malharia (produção de tecidos de malha), passam pelo processo de
acabamento para, finalmente, atingirem a confecção, destacando-se as facções.
Foram apresentadas algumas considerações sobre as transformações sofridas pelo setor em decorrência da
abertura da economia, que intensificou a concorrência mundial, e com o deslocamento das atividades produtivas
mais intensivas em trabalho para os países de menor custo de mão de obra (redes globais). Em relação às atividades
de design, marketing e vendas, que agregam mais valor e, portanto, geram mais lucro, estas são mantidas sob a
responsabilidade das próprias empresas.
E como a reestruturação econômica global afetou, assim
como todo o resto, a indústria da moda, apresentou-se um
ranking – ‘Top Fashion Capitals’ – da Global Language
Monitorem que além de Milão e Paris, cidades como Nova
York, Roma, Londres, Los Angeles e Hong Kong vêm
competindo pelos primeiros lugares.
Em seguida, apresentou-se um panorama da indústria têxtil
e de confecções no Brasil e no Espírito Santo. Resta claro que,
o impacto dos produtos têxteis e de confecções chineses na
concorrência interna, em virtude da qualidade e dos preços
baixos dos últimos, exige um novo posicionamento das
nossas indústrias. Para tanto, as empresas vêm investindo em
máquinas e equipamentos, em qualificação de pessoal, em
design, em estratégias de marketing internacional, bem como
em esforços na integração com entidades de ensino e pesquisa
tecnológicos para promover a inovação no setor industrial.
Apesar de todo o exposto, recomenda-se para trabalhos
futuros, uma pesquisa de campo nas empresas da indústria
têxtil e de confecções do Espírito Santo, considerando a
escassez de dados e informações disponíveis sobre essas empresas, que limitam ações e iniciativas para aumentar a
competitividade do setor e a participação no cenário nacional e internacional. Recomenda-se, ainda:
Investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
Incorporação às atividades de inovação de produtos e processo, conhecimentos técnicos oriundos das áreas de
biomecânica, fisioterapia, biologia, eletrônica, química, entre outras;
Adoção de novos materiais aos produtos (novos tipos de fibras, por exemplo);
Adoção da nanotecnologia (tecidos inteligentes e os tecidos eletrônicos);
Desenvolvimento tecnológico da indústria têxtil e de confecções do Espírito Santo em relação ao desenvolvimento
de produto, design e moda utilizando sistemas como CAD/CAM;
Interação com a indústria fornecedora de máquinas e equipamentos;
Investimento na aplicação do conceito de sustentabilidade e de normatização.
36 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
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38 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Jul 2011 39
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
40 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
Jul 2011 41
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
42 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
2008 61 5.00%
Mongolia 2008 62 5.00%
2008 63 5.00%
Netherlands 2010 42 0.91% 4.650.916
2010 42 0.00% 289.844
2010 61 5.43% 62
Norway
2010 62 1.60% 1.035.356
2010 63 3.28% 301.804
2009 61 5.00% 0.288
Oman 2009 62 5.00%
2009 63 5.00% 219.716
2010 61 3.00%
Palau 2010 62 3.00%
2010 63 3.00%
Papua New Guinea 2008 63 3.95%
2009 42 0.00% 2.542.888
2009 61 0.00% 41899.01
Paraguay
2009 62 0.00% 14930.37
2009 63 0.00% 22637.88
Poland 2010 42 0.91% 398.66
Portugal 2010 42 0.91% 2.377.268
2009 61 5.00% 437.34
Qatar 2009 62 5.00% 1.174.136
2009 63 5.00%
Romania 2010 42 0.91% 730.304
2009 61 5.00% 3169.8
Saudi Arabia 2009 62 5.00% 3455.94
2009 63 5.00% 1922.52
Seychelles 2007 42 0.00%
2008 42 0.00% 14.56
2008 61 0.00% 397.72
Singapore
2008 62 0.00% 411.168
2008 63 0.00% 149.288
Continua...
Jul 2011 43
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Caderno Ideies
44 Jul 2011
TÊXTIL E CONFECÇÕES
BANCO DO BRASIL
Prazos (meses)
Linha de Crédito Finalidade Limites (R$) Taxa de Juros
Carência Operação
Proger Urbano Investimento Fixo +
400.000,00 até 12 até 72 2,5% a.a.+TJLP
Empresarial Capital Giro Associado
Finame Investimento Fixo +
1.000.000.000,00 até 24 até 120 5% a 8% a.a.
Empresarial PSI Capital Giro Associado
Investimento Fixo
Cartão BNDES 1.000.000,00 0 3 a 48 0,97% a.m.
e Capital de Giro
BANCO DO NORDESTE
Prazos (meses)
Linha de Crédito Finalidade Limites (R$) Taxa de Juros
Carência Operação
FNE - MPE (Fundo ME - 6,75% a.a.
Investimento Fixo + Capital de Sem limite
Constitucional do 48 144
Giro específico EPP - 8,25% a.a. (*)
Nordeste)
BANDES
Prazos (meses)
Linha de Crédito Finalidade Limites (R$) Taxa de Juros
Carência Operação
Jul 2011 45
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BANESTES
Prazos (meses)
Linha de Crédito Finalidade Limites (R$) Taxa de Juros
Carência Operação
Em função da
BNDES Investimento Fixo +
10.000.000,00 capacidade de 11,25%a.a.
Automático Capital Giro Associado (70%)
pagamento
Investimento Fixo +
Finame 10.000.000,00 12 60 4,5%a.a.
Capital Giro Associado (50%)
Progeren (APL) Capital de Giro Exclusivo 100.000,00 12 24 13,25%a.a.
SICOOB
Prazos (meses)
Linha de Crédito Finalidade Limites (R$) Taxa de Juros
Carência Operação
COMPREMAIS
- Máquinas e Investimento Fixo 400.000,00 3 48 1,78 a 1,84%a.m.
Equipamentos
Sem limite
Sicoob GIRO Capital de Giro 0 12 1,2 a 3,5%a.m.
específico
BNDES Investimento Fixo + Capital Giro
10.000.000,00 12 60 10,1%a.a.
Automático Associado (70%)
Fonte: Boletim de Crédito / Elaboração: Ideies
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