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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Carlos Aldemir Farias da Silva

Joseph Campbell: trajetórias, mitologias, ressonâncias

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

SÃO PAULO
2012
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP

Carlos Aldemir Farias da Silva

Joseph Campbell: trajetórias, mitologias, ressonâncias

DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Tese apresentada à Banca Examinadora da


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como
exigência parcial para a obtenção do título de Doutor
em Ciências Sociais, área de concentração
ANTROPOLOGIA, sob a orientação do Prof. Doutor
Edgard de Assis Carvalho.

SÃO PAULO
2012
Banca Examinadora

__________________________________________

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A Joseph Campbell.

Aos deuses e heróis de todos os tempos e culturas


e àqueles que povoam o imaginário de todos os homens.
AGRADECIMENTOS

Durante o processo de pesquisa e produção desta tese, algumas


pessoas contribuíram com sugestões, críticas, indicações bibliográficas e
imagéticas que possibilitaram auto-organizar minhas ideias. Devo a cada uma
delas os meus sinceros agradecimentos e a minha gratidão. Sem a presença
desses interlocutores, este trabalho não teria este formato final.

Ao meu orientador, professor Dr. Edgard de Assis Carvalho, pela


orientação competente, pela compreensão e generosidade. Com habilidade,
paciência e sabedoria, ele me possibilitou cumprir a caminhada do processo de
doutorado.

Ao COMPLEXUS (PUC-SP), lócus privilegiado de discussões


transdisciplinares e da sétima arte.

À professora Dra. Maria da Conceição Xavier de Almeida, pelas


observações enriquecedoras no período de elaboração do trabalho; pela
amizade, pela troca de ideias.

Ao Grupo de Estudos da Complexidade – GRECOM (UFRN), élan vital


de criatividade na ciência desde 1992, pelo apoio constante.

À professora Dra. Lúcia Helena Vitalli Rangel, pelas contribuições


durante o exame de qualificação.

Aos meus professores da PUC-SP, pelos ensinamentos e pelas


oportunidades de reflexões.

À Capes, pelo apoio financeiro.

Às professoras Lia Diskin e Lucia Benfatti, pela concessão das


entrevistas e pela acolhida sempre carinhosa na Associação Palas Athena.

Ao professor Dr. Iran Abreu Mendes, pela parceria a cada novo


amanhecer.
À professora Dra. Teresa Vergani, pela amizade sincera, pelos e-mails
carinhosos e acolhimentos na centenária Casa-Blanca, em Estoril.

Ao professor Dr. Ubiratan D‟Ambrosio e a Maria José, amigos


generosos, pela atenção e receptividade sempre renovada.

À professora Dra. Margarida Maria Knobbe, pela competência nas


sucessivas revisões dos meus textos e também desta tese.

Aos amigos queridos, professores doutores Miguel Chaquiam, Maria


Auxiliadora Lisboa Moreno Pires, Mauro Cezar Coelho e Wilma de Nazaré Baía
Coelho, pelo apoio e intercâmbio cognitivo.

Aos companheiros de doutorado na PUC-SP, especialmente, Andréa


Mousinho, Lindinês Gomes de Barros, Sílvia Maria Carbone e José Messildo
Viana Nunes, pela amizade, apoio mútuo e troca de ideias nos últimos quatro
anos em São Paulo.

A Louize Gabriela Silva de Souza, pelas pequenas delicadezas e pelas


transcrições das entrevistas; Lorena e Larissa Mendes Cavalcante, e Jefferson
Oliveira, pela colaboração nas traduções e revisões dos textos em francês e
inglês; Petrucia Nóbrega, pela revisão do resumo em francês; João Lopes, pelo
apoio no levantamento do banco de imagens; Francisco Djnnathan Gonçalves,
pela disponibilidade e apoio técnico; Ivan Júnior, pelo apoio; Waldelino Duarte,
pela arte de algumas imagens; Nadja e José Maria, pelo carinho e amizade em
São Paulo.

A Maria Inês Rosa, pelas ricas indicações culturais na capital paulista.

A José Roberto Marinho e equipe da Editora Livraria da Física, pela


amizade e confiança; pelas apostas e parcerias nos projetos editoriais
empreendidos nos últimos quatro anos.

À minha família, topoi do acaso de minha existência no mundo. Em


especial minha mãe, Maria do Rosário Farias, matriz de minhas experiências
mais arcaicas; meus irmãos e sobrinhos queridos.
Carlos Aldemir Farias da Silva

Joseph Campbell: trajetórias, mitologias, ressonâncias

RESUMO

Reservas imemoriais da condição humana, os mitos estão presentes em todas


as sociedades. Organizam cosmovisões, propõem soluções para dilemas,
enigmas e contradições que o mundo real não consegue resolver. Máquinas de
supressão do tempo, como definiu Claude Lévi-Strauss, as narrativas míticas
não se submetem à linearidade da história. Tema central desta tese, Joseph
Campbell (1904-1987), norte-americano nascido em Nova York, ocupa lugar de
destaque no panteão das interpretações mitológicas. A grandeza de sua obra é
mais do que reconhecida, embora a compreensão de suas ideias ainda
permaneça tímida nas Ciências Humanas. Trata-se de uma obra aberta aos
diversos dispositivos da cultura que, além da ciência, inclui a literatura e o
cinema, esse último responsável pela popularização das ideias de Campbell
com a série Guerra nas Estrelas. A tese investe na dialogia vida e obra a partir
de uma incursão bibliográfica; traça os itinerários mais representativos da vida
de Campbell (Stephen e Robin Larsen) que o levaram a discutir as funções e
potencialidades do mito na sociedade contemporânea; esboça o cenário da
ciência no interior do qual desponta o mitólogo norte-americano; expõe uma
sintética arqueologia das figuras que constituem O herói de mil faces; expõe os
argumentos do autor no que diz respeito ao seu tratamento dos temas
recorrentes nas narrativas míticas (diversidade cultural) em direção à
universalidade da cultura (unidade arquetípica dos mitos); apresenta o
mapeamento cronológico da obra do autor nas edições originais em inglês e
suas traduções no Brasil; expõe e problematiza, a partir da pesquisa no Banco
de Teses da Capes, as ressonâncias das ideias de Campbell na produção
científica brasileira (1990-2010); e apresenta, na íntegra, entrevistas com duas
conhecedoras e tradutoras para o português da obra do autor. O argumento
central da tese é a relação indissociável entre a experiência vivida do autor e o
interesse pelo estudo dos mitos, isto é, as contingências da vida que iluminam
a escolha de um tema de estudo, sobretudo aquelas que estão enraizadas na
infância e adolescência. Por ser um pensador transdisciplinar que transitou nos
domínios da arte, da literatura, da ciência, da religião, a polifonia contida em
seu estudo comparado das mitologias do mundo exigiu, desta pesquisa, um
diálogo com autores de áreas distintas e complementares, como Carl Gustav
Jung, Jean-Pierre Vernant, Edgar Morin, entre outros. O solo interpretativo
básico centrou-se em dezenove obras fundamentais traduzidas no Brasil. A
tese tem como horizonte estabelecer conexões entre ciências e arte, em
direção à constituição de uma Antropologia fundamental de base universalista,
complexa e transdisciplinar.

Palavras-chave: Joseph Campbell; diversidade e universalidade míticas;


itinerários intelectuais; imaginário; complexidade.
Carlos Aldemir Farias da Silva

Joseph Campbell: trajectories, mythologies, resonances

ABSTRACT

As immemorial reserves of the human condition, the myths are present in all
societies. They organize cosmovisions, propose solutions to dilemmas,
enigmas and contradictions that the real world cannot solve. As machines of
time suppression, as defined by Claude Lévi-Strauss, the mythic narratives do
not submit themselves to the linearity of history. Joseph Campbell (1904-1987),
centerpiece of this thesis, a north-american born in New York, occupies a place
of great remark in the pantheon of mythological interpretations. The greatness
of his work is more than recognized, although the comprehension of his ideas
still remains shy in Human Sciences. It is a body of work that is open to the
various cultural devices which, beyond science, include literature and cinema,
the latter being responsible for the popularization of Campbell‟s ideas with the
Star Wars series. The thesis invests in the life and work dialogism from a
bibliographic incursion; it traces the most representative itineraries of
Campbell‟s life (Stephen and Robin Larsen) which led him to discuss the
functions and potentialities of myth in contemporary society; it sketches the
scenery of science in the interior from which emerges the north-american
mythologist; it exposes a synthetic archaeology of the figures which constitute
The Hero of a Thousand Faces; it exposes the author‟s arguments concerning
his treatment of the recurring themes in mythical narratives (cultural diversity)
towards the universality of culture (archetypical unity of the myths); it presents
the chronological mapping of the author‟s work in the original editions in English
and its translations in Brazil; it exposes and problematizes stemming from the
research on the Thesis‟ Database of Capes the resonance of Campbell‟s ideas
in the Brazilian scientific production (1990-2010); and it presents, in full,
interviews with two experts and translators of the author‟s works to Portuguese.
The central argument of this thesis is the indissoluble relationship between the
author‟s lived experience and interest for the study of myths, that is, the
contingencies of life which illuminate the choice of a study theme, above all
those which are rooted in infancy and adolescence. Because he is a
transdisciplinary thinker who moved in the dominions of art, literature, science
and religion, the polyphony contained in his compared study of world
mythologies demanded, from this research, a dialogue with authors from
different and complementary areas like Carl Gustav Jung, Jean-Pierre Vernant,
Edgar Morin among others. The basic interpretative soil centered on nineteen
fundamental works translated in Brazil. The thesis has as a horizon to establish
connections between science and arts, towards the constitution of a
fundamental anthropology of universalist, complex and transdisciplinary base.

Key-words: Joseph Campbell; mythical diversity and universality; intellectual


itineraries; imaginary; complexity.
Carlos Aldemir Farias da Silva

Joseph Campbell: trajectoires, des mythologies, des résonances

RESUMÉ

Réserves immémoriales de la condition humaine, les mythes sont présent dans


toutes les sociétés. Ils organisent les cosmovisions, proposent des solutions
aux dilemmes, aux énigmes et aux contradictions que le monde réel ne peut
pas résoudre. Machines à suppresion du temps, selon la definition de Claude-
Lévi Strauss, les récits mythiques ne sont pas soumis à la linéarité de l‟historie.
Théme central de cette thèse, Joseph Campbell (1904-1987), nord-américan né
à New York, occupe une place prépoderante chez le panthéon des
interprétations mythologiques. La grandeur de son œuvre est plus que
reconnue, même si la réalisation de ses idées restent encore timide dans le
sciences humaines. Il s‟agit d‟une œuvre ouverte aux divers dispositifs de la
culture que au-delà de la science y compris la littérature et le cinéma, ce dernier
résponsable pour la popularisation des idées de Campbell chez la série Star
Wars. La thèse étude la dialogie de la vie et de l‟œuvre à partir d‟une incursion
bibliographique ; la thèse retrace les intinéraires le plus réprésentatives de la
vie de Campbell (Stephen et Robin Larsen) qui lui ont conduit à débattre les
fonctions et les potentialités du mythe dans la societé contemporaine; décrit le
scénario de la science au sein duquel émerge le mythologue américain; expose
une arqueologie synthétique des figures que constituent Le héros aux milles
visages; expose les arguments de l‟auteur en ce qui concerne son traitement
des thèmes qui sont toujours présent dans les récits mythiques (diversité
culturelle) vers l‟universalité de la culture (unité arquétipique des mythes);
présente la cartographie chronologique de l‟oeuvre de l‟auteur dans les éditions
originelles en anglais e leurs traductions au Brèsil; expose et problematise à
partir de la recherche au Banque de Thèses de la Capes les ressonances des
idées de Campbell chez la production scientifique brésilienne (1990-2010); et
présente, intégralement, des interviews avec deux savantes et traductrices pour
le portuguais de l‟oeuvre de l‟auteur. L‟argument central de la thèse c‟est la
relation indivisible entre l‟expérience vécu de l‟auteur et l‟interêt pour l‟étude des
mythes, c‟est-à-dire, les contigences de la vie qui iluminent le choix d‟un thème
d‟étude, surtout lequelles que sont enraciné dans l‟enfance et dans la jeunesse.
Étant un penseur transdisciplinaire qui a transité par divers domaine de l‟art, de
la littérature, de la science, de la religion, la polifonie présente dans son étude
comparée aux mythologies de monde a demandé de cette recherche un
dialogue avec des auteurs des differentes domaines complementaires comme
Carl Gustav Jung, Jean-Pierre Vernant, Edgar Morin parmi d‟autres. Le terrain
interprétatif basique s‟ est centré en dix-neuf œuvres fondamentales traduites
au Brèsil. La thèse a comme horizont établir des liens entre les sciences et les
arts, vers la constitution d‟une antropologie fondamentale de base universaliste,
complexe et transdiciplinaire.

Mots-clé: Joseph Campbell; diversité et universalités mythiques; des itinéraires


intélectuelles; imaginaire, complexité.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 11

TRAJETÓRIAS .................................................................................................................................. 22

FRAGMENTOS DE VIDA E OBRA.............................................................................................................. 23


O DESPERTAR PELOS MITOS ................................................................................................................. 27
CONFERÊNCIAS ERANOS ...................................................................................................................... 69
PATERNIDADES TEÓRICAS ..................................................................................................................... 74
SINOPSES DAS OBRAS DE CAMPBELL DE MAIOR DIVULGAÇÃO NO BRASIL........................................... 87
MITOLOGIAS .................................................................................................................................... 91

O MITO NA SOCIEDADE MODERNA ......................................................................................................... 92


MITO E LOGOS ....................................................................................................................................... 93
ALIMENTOS DA ALMA ........................................................................................................................... 101
O CANTO DO UNIVERSO ...................................................................................................................... 104
RESSONÂNCIAS ............................................................................................................................ 107

CAMPBELL NO CINEMA......................................................................................................................... 108


CAMPBELL NO BRASIL ......................................................................................................................... 123
SINCRONICIDADES E AFETOS .............................................................................................................. 133
Uma entrevista com Lia Diskin ................................................................................................... 134
Uma entrevista com Lucia Benfatti ............................................................................................ 145
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 150

APÊNDICE ....................................................................................................................................... 161

PRINCIPAIS OBRAS DE JOSEPH CAMPBELL ......................................................................................... 161


EDITOR ................................................................................................................................................ 163
Livros editados e completados da obra póstuma de Heinrich Zimmer ................................ 163
OUTROS LIVROS EDITADOS ................................................................................................................. 164
TRADUÇÕES NO BRASIL ...................................................................................................................... 164
ANEXOS .......................................................................................................................................... 168
RESUMOS DO BANCO DE TESES DA CAPES
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DOCUMENTOS CONFERÊNCIAS ERANOS
11

INTRODUÇÃO

Nos anos 1950, quando Joseph Campbell começou a escrever sua série
As máscaras de Deus, ele anunciou no prólogo de Mitologia Primitiva um alerta
que ainda ressoa mais de meio século depois:

Claramente, mitologia não é brinquedo para crianças. Tampouco é


assunto de interesse apenas arcaico e acadêmico, sem nenhuma
importância para o moderno homem de ação. Seus símbolos –
estejam eles nas formas tangíveis das imagens ou na forma
abstrata das ideias – tocam e liberam os centros de motivação
mais profundos, comovendo instruídos e não-instruídos do mesmo
jeito, comovendo massas e civilizações.1

Talvez uma das razões mais urgentes de atenção consciente ao estudo


da mitologia é porque continuamos cheios de dúvidas existenciais e questões
não-respondidas. Campbell, cuja vida se estendeu pelo coração do século 20,
se deparou com os mesmos dilemas que acompanham a história humana
desde sempre. Testemunhou duas grandes guerras mundiais, outras menores,
como a guerra do Vietnã, mas não menos violenta, e uma grande quantidade
de sofrimentos humanos ao longo das décadas. Viu o potencial destrutivo da
xenofobia se espalhar pelo mundo. Observou o estilhaçamento das culturas e a
fragmentação dos símbolos míticos nas sociedades contemporâneas. Para ele,
“os remédios para a nossa esquizofrenia cultural eram psicológicos e
mitológicos, não sociológicos ou políticos”2.

Já se passou um quarto de século desde a sua morte, em 30 de outubro


de 1987. Segundo seus biógrafos Stephen e Robin Larsen (2002), logo após a
morte de Campbell, eclodiu uma importante efervescência cultural nos Estados
Unidos em torno de suas ideias, o que possibilitou sua popularização. Isso
aconteceu após a apresentação televisiva, em 1988, da série O poder do mito,
pela PBS – Serviço Público de Radiodifusão. Nessa série, protagonizada por
Joseph Campbell e pelo jornalista Bill Moyers, as respostas proferidas pelo

1
CAMPBELL, 2000, p. 22.
2
CAMPBELL apud LARSEN, 2002, p. xii, tradução minha.
12

mitólogo, em tom de sabedoria, comoveram os ouvintes e capturaram a


atenção do público norte-americano.

O conjunto das entrevistas foi assistido por um número de espectadores


que quebrou recordes, e o livro O poder do mito, baseado nessas entrevistas,
se tornou um best-seller nos Estados Unidos, sendo rapidamente traduzido
para vários idiomas. “Muitas pessoas desejavam saber se Campbell foi capaz
de viver de acordo com a sabedoria que extraiu da mitologia”3.

Entretanto, antes de 1988, o trabalho de Campbell já era conhecido por


estudiosos ao redor do mundo: acadêmicos e mitólogos certamente, mas
também psicanalistas que interpretavam temas míticos a partir dos sonhos de
seus pacientes, além de escritores, artistas e cineastas como George Lucas,
que afirmou usar as matrizes de significados míticos de Campbell para incitar
sua própria visão criativa na primeira trilogia Star Wars. Os seis filmes da série
Star Wars, organizados em duas trilogias, foram exibidos nos cinemas do
mundo inteiro nos anos de 1977, 1980 e 1983; a nova trilogia chegou às salas
de cinema em 1999, 2002 e 2005. Em Ressonâncias, último capítulo desta
tese, trato sobre os respingos do livro O herói de mil faces, de Campbell, na
sétima arte, com base na primeira trilogia Star Wars.

Talvez, àquela altura, Campbell tivesse uma influência na cultura


contemporânea que precedia a consciência pública de seu pensamento. Tudo
indica que Yoda, o pequeno personagem de pele esverdeada que prefigura o
mais sábio, velho e poderoso mestre Jedi de todos os tempos em Star Wars,
teria ajudado a preparar o caminho para a emergência de Joseph Campbell
como um homem de ciência e sabedoria no cenário mundial. A série O poder
do mito criou a oportunidade para milhões de pessoas conhecerem o seu
trabalho, desenvolvido desde muito cedo, e a sua expressão “siga sua bem-
aventurança”, entendida correta ou incorretamente, havia se tornado uma ideia
importante ou um norte para orientar aqueles que foram tocados pelas suas
palavras4.

Lia Diskin, uma das fundadoras da Associação Palas Athena do Brasil,


em entrevista a mim concedida, reitera as afirmações dos biógrafos de

3
LARSEN, 2002, p. xv-xvi, tradução minha.
4
LARSEN, 2002.
13

Campbell e expõe de forma clara como aconteceu essa explosão e interesse


sobre o trabalho do mitólogo logo após a sua morte. O conteúdo da entrevista
de Diskin encontra-se na íntegra em Ressonâncias, capítulo final desta tese.

Enquanto Campbell estava vivo, já se reconhecia nele uma expressão


nas letras norte-americanas do século 20. Prova disso são os títulos e prêmios
importantes que foram concedidos a ele como, por exemplo, o título de doutor
honoris causa pelo Pratt Institute, do Brooklyn (Nova York), em 1976. Porém,
foi sobretudo depois de morto que esse pensador da cultura, cujos detratores
haviam retratado como um elitista intelectual, tocou o coração de milhões de
pessoas com suas palavras. Junto com o status de reconhecimento intelectual
vieram também os ataques pessoais póstumos, inevitáveis parceiros das
recompensas da fama 5.

Quando Campbell começou a se tornar popular, e mesmo durante a sua


vida, o público sempre lhe fez inescrutáveis perguntas, que no melhor dos
sentidos seriam dirigidas a oráculos e gurus: “Qual é o sentido da vida? Como
eu a conduzo?” Ao abraçar tais questões, ao invés de se esquivar, ele
costumava responder com afirmações aparentemente simples: “siga sua bem-
aventurança”. Na verdade, o que Campbell fez durante a vida inteira foi refinar
décadas de pesquisa sobre temas complexos para comunicar de maneira
simples, ou seja, mantinha o gradiente eloquente para se fazer entender.

Outra estratégia que ele comumente utilizava era devolver a pergunta ao


questionador: “Se você quer me perguntar como deve viver sua vida, eu lhe
pergunto qual é a coisa mais significativa para você, sua razão de ser, e sugiro
que você se alie a isso, sua bem-aventurança”6. Alguns críticos iriam julgar as
afirmações de Campbell, como “siga sua bem-aventurança”, de forma
superficial, sem ler, ao menos, um de seus muitos livros para encontrar o
contexto maciço para tal sabedoria dita de forma simples e direta.

Nesses tempos de dilemas abundantes e respostas esparsas, Campbell


foi capaz de sintetizar sabedoria antiga e vida moderna de uma maneira que
pudesse ser útil para a vida das pessoas. “Encorajou-nos a encontrar nossos

5
LARSEN, 2002.
6
CAMPBELL apud LARSEN, 2002, p. xii, tradução minha.
14

heróis interiores, e não apenas a estudar mitos, mas ousar viver miticamente”7.
Isso acontecia frequentemente em suas conferências, aulas, cursos e
palestras, quando ele citava seus textos de sabedoria favoritos, dentre eles os
Vedas, os Sutras e o Evangelho Gnóstico de São Tomás no qual Jesus fala
como um mestre zen: “Se você trouxer à tona o que está dentro de você, o que
está dentro de você irá salvá-lo. Se você não trouxer à tona o que está dentro
de você, o que está dentro de você irá destruí-lo”8.

Segundo seus biógrafos, é possível que Campbell tenha se tornado


vítima de um mito americano e que ele próprio pode ter previsto isso, pois o
que aconteceu após a sua morte pode ser entendido como “uma variação de
um tema antigo: a criação de heróis ou mesmo semideuses, a partir de seres
humanos, para expor seus calcanhares feridos e seus pés de argila, seja na
primeira página do The New York Times ou do National Enquirer”9.

Para Campbell (2000), isso acontece porque perdemos nossas


referências sagradas dos deuses; nossos maiores heróis míticos devem ser
revelados como falivelmente humanos. Independente das críticas, dos
oponentes e dos estudiosos que defendem a obra de Campbell, não se pode
negar que a presença e o trabalho desse mitólogo deixaram uma marca na
cultura acadêmica ocidental do século 20. Seu saber era grande em proporção
ao seu alcance.

Essa ideia sobre a eloquência de Campbell é continuamente reiterada


por seus entrevistadores, ex-alunos e amigos que privaram de sua intimidade
pessoal. Tais afirmações estão registradas em apresentações, prefácios e
aberturas de livros de entrevistas concedidas por Campbell ou nas introduções
dos seus livros editados postumamente. Todos reiteram seu saber
enciclopédico e, o mais importante, uma forma de comunicação capaz de tocar
a alma humana.

Tema central desta tese, Joseph Campbell foi um profundo estudioso da


mitologia mundial durante toda a sua vida. Minha incursão pela sua obra não
brotou em cursos na universidade. Brotou no pomar da minha curiosidade por

7
LARSEN, 2002, p. xvi, tradução minha.
8
CAMPBELL apud LARSEN, 2002, p. xii, tradução minha.
9
LARSEN, 2002, p. x, tradução minha.
15

autores que tratam sobre temas relativos à mitologia e aos seus


desdobramentos, cujo interesse há muito me acompanha. Geralmente seus
livros não são indicados em programas de disciplinas na graduação em
Ciências Sociais, tampouco em Antropologia, nas universidades brasileiras,
pelo que pude observar na minha pesquisa. Quando suas referências
aparecem em disciplinas na pós-graduação em Ciências Sociais, geralmente
estão ligadas diretamente à discussão do mito, apesar dos temas discutidos
em seus livros abrangerem várias áreas do conhecimento. Essa afirmação
pode ser constatada no levantamento feito por mim no Banco de Teses da
Capes no período de 1990-2010, no qual sua obra é utilizada como referência
para dissertações de mestrado e teses de doutorado em diversos programas
de pós-graduação no Brasil.

No espaço desta tese, reflito sobre os eventos pessoais que definiram


seu pensamento, que o levaram a elaborar uma obra sobre os mitos,
independentemente do seu reconhecimento tardio. O argumento central que
orienta a tese é a relação entre a experiência vivida de um autor e o interesse
pelo estudo dos mitos; contingências da vida que iluminam a escolha de um
tema de estudo; sobretudo aquelas que estão enraizadas na infância e
adolescência. Ao que parece, ele pôs em prática o que ensinou durante trinta e
oito anos na Faculdade Sarah Lawrence: o começo de uma transformação nos
modelos psíquicos no Ocidente. A psicóloga Jean Houston, em entrevista
concedida aos biógrafos de Campbell, sumariou sua significância histórica para
o estudo dos mitos. Para Houston, “Campbell forneceu a chave mítica para
destrancar a codificação da alma, pois sabia que o mito é o DNA da psique
humana, um universo complexo e desconhecido, maior que nossas
aspirações”10.

Foi a partir de fragmentos do universo campbelliano que procurei refletir


sobre sua vida e obra. Esta tese integra a linha de pesquisa Itinerários
intelectuais e transdisciplinaridade do Núcleo de Estudos da Complexidade –
COMPLEXUS, coordenado por Edgard de Assis Carvalho na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. Trata-se de uma reflexão acerca dos

10
HOUSTON apud LARSEN, 2002, p. xiii, tradução minha.
16

estudos empreendidos por Campbell na área da mitologia. Tem como foco a


produção do autor sobre a diversidade das imagens míticas que servem de
base para a construção da cultura humana.

Além do levantamento da obra de Campbell traduzida no Brasil, que


contabiliza dezenove livros e um DVD duplo com trezentos e cinquenta e
quatro minutos de duração, ou seja, aproximadamente seis horas de gravação,
me debrucei sobre livros que tratam diretamente sobre a sua vida. A sua
biografia escrita por Stephen e Robin Larsen, Joseph Campbell: a fire in the
mind (2002), e o livro de entrevistas An open life (1990), ambos sem tradução
no Brasil, me permitiram adentrar em detalhes importantes sobre sua história
vivida em Nova York, cidade onde nasceu em 1904.

Grande parte dos dois livros mencionados no parágrafo anterior teve


uma tradução livre feita por mim e se constituiu em uma matriz importante para
decifrar partes dos cenários de vida do autor em estudo. Sua biografia foi
escrita como um cenário cronológico da vida, dos temas de pesquisa e da
produção do mitólogo. Dividida em quatro partes, que equivalem aos períodos
de 1904-31; 1931-38; 1938-55; 1955-87; esse itinerário intelectual se inicia com
o nascimento do autor e vai até a sua morte.

O tratamento que foi dado à obra lida do autor demandou o exercício de


releitura do conjunto escolhido – obras publicadas em português – e,
simultaneamente, a leitura de operadores cognitivos capazes de redimensionar
o alcance dos temas tratados por Campbell, observando ressonâncias,
aproximações e paralelismos desse pensador com outros pensadores que
retotalizam a compreensão da cultura humana em seus patamares complexos,
quer dizer, na religação entre os itinerários míticos e lógicos da condição
humana.

Foi nesse sentido que a leitura de Edgar Morin, Carl Gustav Jung, Jean-
Pierre Vernant, Karen Armstrong, Maria da Conceição de Almeida e outros
interlocutores me permitiram construir ecos para um pensamento universal
desse mitólogo de expressão do século 20. É importante dizer já nesta
introdução que Joseph Campbell figura no livro Os 100 maiores visionários do
século XX, ao lado de Carl Gustav Jung, de quem recebeu uma profunda
17

inspiração para interpretar mitos que jazem no inconsciente coletivo da


humanidade.

O referido livro reúne excertos da vida e da obra de cem grandes


homens e mulheres que inspiraram a humanidade por meio de suas ideias e
visões. A influência das ideias exercidas pelos cem „visionários‟, que inclui
cientistas, pensadores, filósofos, sociólogos, ambientalistas, líderes religiosos,
etc., permitiu repensar, por exemplo, o apartheid e os regimes autoritários, bem
como fomentar o surgimento de uma consciência ecológica, transdisciplinar e
espiritual que ressoa fortemente na sociedade atual. Organizado em 2006 por
Satish Kumar e Freddie Whitefield, o livro ganhou tradução no Brasil em 2011 e
se divide em três partes: (1) Visionários ecológicos; (2) Visionários sociais e,
por fim, (3) Visionários espirituais. Nessa última parte, Campbell figura ao lado
de grandes líderes do Oriente como o Dalai Lama e Jiddu Krishnamurti. Nesse
livro sobre os „visionários‟, Robert Butler apresenta Campbell em seu artigo
como o mestre da mitologia do século 20.

É importante lembrar que Campbell encontrou Krishnamurti pela primeira


vez durante uma viagem transatlântica na década de 1920, ambos ainda muito
jovens.

Na viagem de volta da Europa, em 1924, havia três jovens de pele


escura sentados nas cadeiras recicláveis do convés. Notei que
uma moça os conhecia. Eu nunca havia visto antes pessoas como
aquelas, porque não havia hindus por aqui naquele tempo. Eles
todos acabavam indo para a Inglaterra, nunca vinham para os
Estados Unidos. Acontece que um deles era Jiddu Krishnamurti.
Os outros eram seu irmão Nityananda e seu secretário na época,
Rajagopal. Essa foi a minha introdução ao mundo da Índia. E a
moça que nos apresentou me deu o livro A luz da Ásia, de Edwin
Arnold, sobre a vida de Buda extraída dos Sutras. E essa foi uma
abertura; como se uma luz fosse acesa. 11

Autor lido e relido por várias áreas das ciências humanas e sociais
(psicólogos, psicanalistas, teólogos, mitólogos, cineastas, comunicólogos,
antropólogos, sociólogos, educadores, etc.), o espectro de dispersão de sua

11
CAMPBELL, 2003, p. 61.
18

obra traz como consequência um enigma difícil de decifrar. Logo, não pretendo
fazer desta tese um lugar de verdade e de leitura completa sobre o autor. Devo
dizer, entretanto, que o exercício intelectual exigiu um minucioso acesso a
fontes bibliográficas, documentais, filmografia, imagens e entrevistas sobre as
ressonâncias da obra de Campbell no Brasil nas duas últimas décadas, de
1990 e 2010.

Paralelamente à incursão na obra e, em parte da produção advinda da


obra do autor, procurei construir cenários vivos a partir de entrevistas que se
constituem em uma produção inédita sobre as ideias de Joseph Campbell. As
entrevistas, concedidas em novembro de 2011, por Lia Diskin e Lucia Benfatti,
ambas da Associação Palas Athena, em São Paulo, tratam sobre a importância
das ideias de Campbell para além do universo acadêmico, posto que os ecos
de suas elaborações teóricas vazam para terapeutas formais e informais; se
fazem presentes em palestras, cursos, colóquios e abordagens de pesquisa.
Conhecedoras da obra de Campbell, elas falaram sobre a importância do seu
trabalho para a compreensão da cultura contemporânea tão fragmentada e da
perda dos valores humanos fundamentais para o convívio em sociedade.

Um mapa introdutório da cosmologia campbelliana elenca os seguintes


índices norteadores de uma compreensão do autor: a organização interna da
narrativa mítica; o mito como narrativa de uma criação e/ou explicação do
mundo e da cultura; a relação entre mito e história; o mito como relato de um
tempo primordial; as transformações do mito visto em diferentes épocas e
sociedades; o mito como uma linguagem arcaica e moderna; a conexão entre
mito e religião; mito e arquétipo do inconsciente coletivo e a representatividade
do mito na contemporaneidade.

Certamente esses índices não deveriam ser compreendidos como uma


fragmentação da obra aqui estudada. Mais do que especializações não
comunicantes, tais índices temáticos revelam faces do complexo maior da
produção da cultura, ou mesmo chaves de leituras complementares à
interconectada e totalizadora matriz do pensamento de Joseph Campbell.

De forma operacional, empreendi o seguinte cronograma de pesquisa:


19

a) Levantamento realizado em 2010 e em maio de 2011, no Dedalus


(Banco de Dados Bibliográficos da USP) e no SciELO12, de artigos que tratam
ou utilizam referências de Joseph Campbell, nas principais revistas científicas
(versão online e/ou impressa) das universidades brasileiras e algumas
estrangeiras. O período levantado teve como intervalo as décadas de 1990-
2010.

Desse levantamento constaram os periódicos listados a seguir: Revista


de Antropologia da USP; Revista Educação e Pesquisa da Faculdade de
Educação da USP (coleção online); Estudos Avançados da USP (coleção
online); Revista Psicologia USP (coleção online); Revista de História da USP
(coleção online); Cadernos CERU; Textos CERU e Anais CERU (Centro de
Estudos Rurais e Urbanos da USP); Anais do Museu Paulista: História e
Cultura Material da USP; Revista Paideia USP (Ribeirão Preto); Revista Andes
– Antropologia e História do Centro Promocional de Investigações em História e
Antropologia, do Instituto pertencente à Universidade Nacional de Salta,
Argentina; Avá (Posadas) Revista de Antropologia do Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social da Secretaria de Investigação e Pós-
Graduação da Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade
Nacional de Misiones, Argentina; CAMPOS – Revista de Antropologia Social do
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal
do Paraná (edições 2001-2009); Cronos – Revista do Programa de Pós-
Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (versão online e impressa, 2001-2009); Revista Margem – Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo; Revista Thot da Associação Palas Athena
do Brasil (versão online e/ou impressa); Boletim de Psicologia; Revista da
Abordagem Gestáltica; Anais do Simpósio Nacional sobre Consciência,
realizado em Salvador, 2007 (CD-ROM); Anais do IV Encontro Nacional de
Professores de Letras e Artes, realizado em Campos dos Goytacazes, Rio de
Janeiro, 2009 (CD-ROM); Terra roxa e outras terras – Revista de Estudos
Literários do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual
de Londrina; Enagrama – Revista Interdisciplinar da Graduação da
Universidade de São Paulo; Revista Elementa Comunicação e Cultura,
12
A Scientific Electronic Library Online - SciELO é uma biblioteca eletrônica que abrange uma
coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros (www.scielo.br).
20

Sorocaba, SP; Revista Letras de Hoje, Porto Alegre, RS; Revista Brasileira de
História das Religiões da Universidade Estadual de Maringá, Paraná; Revista
História, Imagem e Narrativas (Edição Especial, n. 10, abr. 2010); Anais do II
Simpósio RPG e Educação (CD-ROM).

O levantamento elencado, que posso considerar exaustivo, se


materializou em um volume que pode servir de material de pesquisa para
estudos futuros sobre Campbell. Trata-se de uma produção que guarda uma
certa autonomia em relação a esta tese. Nos anexos listei todos os artigos
científicos levantados sobre o autor e apresento também o material das
Conferências Eranos.

b) Levantamento em bibliotecas dos livros que tratam sobre Joseph


Campbell, realizado junto às bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP); Universidade de São Paulo (USP) e Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O levantamento foi realizado nos
anos de 2009; 2010 e maio de 2011.

c) Participação em cursos e seminários que tinham como temas a obra


de Joseph Campbell e Carl Gustav Jung, ministrados pela Associação Palas
Athena do Brasil, em janeiro e fevereiro de 2009; e em abril de 2010.

Esta tese se compõe de três capítulos: Trajetórias; Mitologias e


Ressonâncias, construídos de forma a se tornarem autônomos e
complementares. Em Trajetórias, apresento fragmentos dos cenários da
infância e adolescência de Joseph Campbell; a emergência e curiosidade pelas
histórias míticas; parte de suas raízes intelectuais e uma sinopse das obras
que o tornaram conhecido no Brasil. Mitologias problematiza a temática dos
mitos e apresenta a conexão entre Joseph Campbell e alguns dos mais
expressivos estudiosos do tema. Ressonâncias trata dos ecos da cosmologia
campbelliana no Brasil. Nessa última parte, mapeia-se a presença do autor no
cinema, sobretudo na primeira trilogia Star Wars; na produção acadêmica
brasileira no período 1990-2010, a partir dos resumos das dissertações e teses
do Banco de Teses da Capes e dos artigos científicos em periódicos (ver
Anexo). Aqui aparecem na íntegra as entrevistas com Lia Diskin e Lucia
Benfatti, que fizeram parte da equipe de tradução da obra de Campbell para a
língua portuguesa. Por fim, apresento um apêndice com a organização
21

cronológica das obras do autor em inglês, seguida das traduções brasileiras até
o momento.
22

TRAJETÓRIAS
23

Fragmentos de vida e obra

Não é a vida em si, mas uma reconstrução.

Barbara Tuchman

“A vida nas ideias e as ideias na vida”. Essa expressão de Edgar Morin,


quando se autodefine como autor e como intelectual, serve aqui como um
ponto de partida ou um guia para que possamos compreender, a partir dos
fragmentos biográficos de Joseph Campbell, um pouco de sua trajetória
pessoal e profissional no campo da mitologia.

Três questões orientam a minha reflexão: o que aconteceu na vida de


Joseph Campbell para que ele viesse a desenvolver ao longo da sua vivência
profissional uma obra inteiramente dedicada aos mitos do mundo inteiro?
Como suas experiências no campo pessoal contribuíram para que ele
sistematizasse teoricamente o que viveu? Como as experiências de sua
infância imprimiram sentidos e significados à sua obra como um todo?

Em Meus demônios, Edgar Morin afirma: “não sou daqueles que têm
uma carreira, mas dos que têm uma vida. Minha vida intelectual é inseparável
de minha vida. Não escrevo de uma torre que me separa da vida, mas de um
redemoinho que me joga em minha vida e na vida” 13. Em toda a obra de Edgar
Morin, a dialógica experiência vivida e produção do pensamento é fartamente
demonstrada e, mais do que isso, lança as bases de uma compreensão do
pensador e do intelectual:

O que é o intelectual? Quando nos tornamos intelectuais? Quer


sejamos escritor, universitário, cientista, artista ou advogado, a
meu ver, só nos tornamos intelectuais, a partir do momento em
que tratamos – seja através de ensaio, seja por texto de revista,
por artigo de jornal, de maneira não-especializada e além de
nosso campo profissional restrito – dos problemas humanos,
morais, filosóficos e políticos. É então que o escritor, o filósofo ou
cientista se autodenominam intelectuais. O termo intelectual tem
uma significação missionária, divulgadora, eventualmente
militante. Assim, a qualidade de intelectual não é determinada pela

13
MORIN, 2000, p. 9.
24

integração profissional na intelligentsia, ela vem de um uso ou da


superação da profissão nas ideias.14

Seria lugar comum repetir a tentativa de tornar original uma biografia de


Joseph Campbell. Muitos foram os que, em momentos distintos, interrogaram
sobre sua vida, suas bases teóricas, suas incursões e ousadias de
pensamento. Sua biografia publicada originalmente em 1991, portanto,
postumamente, atesta que Campbell nunca foi afeito a uma biografia pessoal;
comumente dizia para “aqueles que queriam escrever sobre sua vida que
trabalhassem em suas próprias vidas, não na dele”; ele repetiu isso diversas
vezes, segundo seus biógrafos Stephen e Robin Larsen15.

Para Campbell, “o corpo de seus próprios escritos deveria constituir a


sua assinatura como um homem de ciência, não os detalhes incidentais de sua
vida”16. Um registro curioso, escrito no prefácio da obra de Larsen sobre o
material autobiográfico de Joseph Campbell, é revelador no que se refere à sua
não intenção de escrever sobre sua vida pessoal.

Uma vez Jean [sua esposa] o encontrou entusiasticamente


destruindo cartas de seus arquivos, e interrompeu-o alarmada. Foi
um momento estranho para os dois, conforme as respectivas
necessidades de mortalidade e imortalidade competiam em cada
uma de suas mentes; pois a correspondência dele incluía cartas
de muitas pessoas historicamente significantes. O Joseph privado,
mortal, finalmente desistiu com um sorriso pesaroso, deferindo
para a imortalidade histórica; e assim algumas dessas cartas
permanecem conosco.17

Foi dessa maneira que Campbell, consciente ou inconscientemente,


deixou intacta uma riqueza de materiais autobiográficos não publicados, como
correspondências, diários privados, cadernos de registro diário de sonhos,
esboços, notas marginais e narrativas de ficção. A partir desse material, seus
biógrafos reconstituíram grande parte de sua história. Se sua esposa não o
tivesse interrompido naquele dia em que ele destruía seus documentos, é

14
MORIN, 2000, p. 205.
15
LARSEN, 2002, p. xvi, tradução minha.
16
LARSEN, 2002, p. xvi, tradução minha.
17
LARSEN, 2002, p. xvii, tradução minha.
25

quase certo que grande parte do precioso material pessoal de Campbell teria
desaparecido.

Capas da Biografia de Joseph Campbell (esq. edição 1991; dir. 2002)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

No espaço desta tese, procuro operar por bricolagem, para reordenar


fragmentos narrativos anunciados por Campbell em diferentes momentos a
interlocutores de pertencimentos disciplinares distintos e nacionalidades
diversas. Somente a partir da reorganização de seus fragmentos biográficos
iremos conhecer um pouco mais de sua história e o que o levou a empreender
uma obra tão vigorosa sobre os mitos.

A bricolagem é um processo que se define basicamente pela


ausência de um projeto que ajuste, de modo linear e causal, meios
e fins. Nela se desfazem as dualidades entre arte e ciência,
ciência e mito, razão e desrazão. Seu papel é criar signos e
26

significados valendo-se de resíduos culturais acabados,


imprimindo-lhes rearranjos e reorganizações. De certo modo, a
bricolagem expressa o dilaceramento e as desavenças do homo
duplex consigo mesmo e com outros.18

Construir um mapa a partir dos fragmentos biográficos de um autor, na


perspectiva de uma ciência da complexidade, supõe concatenar cenários de
um contexto que inclui necessariamente as experiências do sujeito. Assim,
para construir um perfil de Joseph Campbell, me faço valer aqui,
principalmente, de interlocutores como Michael Toms (1990), Bill Moyers
(1998), Fraser Boa (2004), Phil Cousineau (2003), respectivamente nos livros
An open life (Uma vida aberta); O poder do mito; E por falar em mitos...; A
jornada do herói. Esses quatro livros levam sempre a autoria ou a coautoria de
Campbell. Vejamos, a seguir, de forma sumária, do que tratam esses títulos.

Em Uma vida aberta (1990), temos uma compilação de entrevistas


concedidas por Campbell a Michael Toms, locutor da rádio New Dimensions,
durante um período de doze anos (1975-1987). Toms planejava apresentar o
conjunto das entrevistas concluído no aniversário de 84 anos de Campbell, em
março de 1988, que seria comemorado no Instituto Esalen, na Califórnia. A
morte de Campbell, em 1987, interrompeu, em parte, os planos de Toms. A
reunião das entrevistas pode ser tomada como uma introdução às grandes
ideias mitológicas do autor de O herói de mil faces; expressa a celebração de
uma vida de dedicação ao estudo dos mitos e apresenta uma visão geral de
sua perspectiva acerca da espiritualidade.

Em O poder do mito (1998), Joseph Campbell e Bill Moyers


protagonizam um longo diálogo sobre mitologias que permeiam o imaginário e
a vida do homem moderno. Tratam de temas complexos, como os mitos que
deram suporte para religiões, ritos e manifestações culturais do inconsciente
coletivo. O livro trata, ainda, dos sistemas filosóficos ou religiosos que dão
suporte às sociedades do passado e do presente, pois o homem moderno,
racional e lógico da sociedade atual, guarda consigo um ancestral inconsciente
que é regido pelos ensinamentos míticos que povoam as sociedades humanas.

18
CARVALHO, 2003, p. 9.
27

E por falar em mitos... (2004) reúne oito capítulos que tratam dos temas:
deuses, deusas, símbolos, iniciações, sacrifícios, animais, abismo pessoal,
conflito e liberdade. Para Fraser Boa, Campbell “juntou o histórico e o teórico à
sua experiência pessoal”19 e traduziu os temas tratados nesse livro em uma
linguagem familiar que contempla a todos nós.

Em A jornada do herói (2003), temos um livro-testamento de Campbell.


A edição reúne profundas entrevistas concedida pelo mitólogo nos últimos anos
de sua vida. As transcrições das conversas foram ampliadas com trechos de
suas palestras proferidas entre os anos de 1982 até o início de 1985. O livro
apresenta um panorama vasto de trajetória, que inclui sua carreira docente na
Faculdade Sarah Lawrence. São fragmentos de memória da infância, da
adolescência; da formação intelectual e profissional; das viagens; das
influências teóricas e dos encontros com pessoas notáveis da ciência. Trata,
sobretudo, do universo mítico que povoou a vida e a obra de Campbell, tema
do qual ele se ocupou durante a vida.

O despertar pelos mitos

Joseph John Campbell nasceu em 26 de março de 1904, na cidade de


Nova York, Estados Unidos da América. Joe, como ficaria conhecido, foi o
primogênito de um casal católico de classe média, Charles W. Campbell e
Josephine E. Lynch. Charles William Júnior nasceu um ano depois, e Alice
Marie, a caçula, nasceu três anos depois de Charles, em 1908. Conforme a
moda antiga, a tarefa de Charles era fornecer um estilo de vida sólido e
confortável à família, enquanto Josephine administrava os muitos deveres
domésticos, com atenção especial à criação e educação dos filhos. Ela era
uma mulher “de cabelos escuros e olhos claros cuja firmeza de convicção,
energia e mobilidade ascendente se igualava à de seu marido” 20.

19
BOA, 2004, p. 10.
20
LARSEN, 2002, p. 8.
28

Joseph Campbell com treze semanas de vida, na companhia de seus pais, 1904

Fonte: A jornada do herói (reprodução)

Josephine Lynch com os três filhos:


Joseph Campbell (esq.), Charles Jr. e Alice, c. 1913-14

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)


29

De ascendência celta-irlandesa, Joseph Campbell relata, em entrevista,


que seus avôs paternos chegaram à América do Norte fugindo da Grande
Fome irlandesa em meados do século 19, quando a nação foi assolada por
uma praga que atacou as plantações de batata por um período de quatro anos
(1845-49), causando uma escassez de víveres que matou mais de um milhão
de pessoas e levou dois milhões a imigrar, a maioria para os Estados Unidos.
Nos anos que se seguiram e no final do século 19 para o século 20, outros
milhões de irlandeses também deixariam a Irlanda para desembarcar em
território norte-americano.

Estima-se que a população da Irlanda foi reduzida em um terço ou, em


algumas estimativas, pela metade. As condições de vida do povo irlandês, que
poderiam ter sido melhoradas, tornaram-se mais severas devido ao
desinteresse do governo inglês, que considerava os irlandeses subumanos. Na
época, dizia-se que eles ocupavam o espaço necessário para gados e cavalos.

O pai de Josephine, mãe de Joseph Campbell, também tinha vindo da


Irlanda. Era um refugiado das devastações econômicas da Fome da Batata.
Suas origens estavam em Dublin, na costa oeste urbana e relativamente mais
próspera da ilha. O único membro não-irlandês dessa genealogia céltica era a
mãe de Josephine, Ann New Lynch, cuja família havia vivido na cidade costeira
de Dundee, na Escócia21.

Josephine tinha uma irmã mais velha, Clara, que se mudou para o
Canadá e perdeu o contato com sua irmã após um desentendimento em
família; o irmão, Jack Lynch, sofria de diabetes. Em várias passagens de suas
entrevistas, Campbell relembra a afeição especial pelo tio, apesar de ele ter
morrido bastante jovem vitimado pela doença, que na época não tinha
tratamento.

Quando fala sobre sua origem celta-irlandesa, Joseph Campbell (2003)


afirma que, durante muito tempo, não deu muita importância ao fato de ser
descendente daquele povo. O seu interesse despertou apenas quando ele se
preparava para ir à faculdade. Foi naquele momento que ele começou a avaliar
o que era a consciência céltica e o seu reino de fantasia verbal tão rico e

21
LARSEN, 2002.
30

maravilhoso com o universo dos contos de fadas. Não é por acaso que
Campbell vai se interessar pelas publicações sobre o personagem do rei
Arthur, de origem celta. Ao que parece, a consciência desse universo já estava
cunhado em seu DNA 22. Como veremos, ele apenas daria continuidade à
herança simbólica e mítica trazida pelos seus ancestrais que desembarcaram
na América do Norte.

O interesse de Joseph Campbell por mitologia foi despertado na primeira


infância. Para os seus biógrafos, foi por volta do sexto ou sétimo ano de vida
que Campbell foi arrebatado pelo poder de uma imagem mítica pela primeira
vez. Isso aconteceu por volta de 1910, quando o Show do Oeste Selvagem de
Buffalo Bill desembarcou na cidade de Nova York, e seu pai o levou junto com
o seu irmão Charles Jr. para vê-lo.

William Frederick Cody (1846-1917) ou simplesmente Buffalo Bill foi um


ícone notável no velho oeste norte-americano. Um dos criadores do espetáculo
Buffalo Bill’s Wild West Show, que estrelou a partir de 1883, quando contratou
índios, caubóis e outros personagens para fazer uma espécie de circo móvel,
cuja temática era o Oeste Selvagem. Passava de cidade em cidade
apresentando o espetáculo para pagantes, junto com suas demonstrações de
habilidades de cavaleiro. Ganhou fama e dinheiro; se tornou uma lenda. Em
1944, sua história de vida inspirou o filme “Buffalo Bill”, sob a direção de
William A. Wellman.

A beleza e a grandiosidade desse espetáculo sobre o Oeste Selvagem


podem ser reconstituídas a partir de fragmentos de memórias do próprio
Campbell, espalhados em seus livros de entrevistas e em sua biografia. Há
também diversas fotografias históricas de Buffalo Bill posando ao lado de
chefes indígenas e cartazes do Wild West Show reproduzidos em livros e
disponibilizados no site do museu Buffalo Bill na internet23.

22
Campbell afirma em entrevista a Fraser Boa “que via a mitologia como uma função da
biologia, ou seja, expressões de imagens oníricas das energias que formam o corpo; já que
somos frações da natureza, as energias que formam a natureza também formam nosso corpo;
e as energias que formam nosso corpo são as mesmas que formam a vida” (BOA, 2004, p. 16).
23
O Museu Buffalo Bill no Colorado (Estados Unidos), onde ele está sepultado, disponibiliza
um banco de imagens na internet para pesquisa online com mais de 1300 imagens de sua
coleção de fotografia. Os arquivos das fotografias podem ser utilizados sem nenhum custo ou
permissão especial para uso pessoal ou acadêmico, segundo informações contidas no site.
Disponível em: <http://www.buffalobill.org>. Acesso: 22 ago. 2011.
31

Buffalo Bill (centro) rodeado por chefes indígenas

Fonte: Buffalo Bill Museum and Grave, Lookout Mountain, Golden, CO (reprodução)

Buffalo Bill Wild West Show, c.1890

Fonte: Buffalo Bill Museum and Grave, Lookout Mountain, Golden, CO (reprodução)
32

Buffalo Bill (em pé) entre um chefe indígena e um senhor segurando uma bengala

Fonte: Buffalo Bill Museum and Grave, Lookout Mountain, Golden, CO (reprodução)

No show havia os batedores e os soldados, a cavalgada e os atiradores,


os guerreiros indígenas brilhantemente emplumados montados em cavalos e
pôneis, e os caubóis; estes últimos, segundo seus biógrafos, eram as
verdadeiras estrelas, pois, para o público norte-americano na virada do século
20, Buffalo Bill se agigantava radiante quanto qualquer herói étnico24.

Não podemos precisar como “essa mitologia ricocheteou em Joseph


Campbell ainda criança, mas foram os indígenas que capturaram sua
imaginação e identificação; nem o próprio Campbell conseguia explicar por
quê”25. A partir desse momento, ele se tornou um leitor ávido de livros sobre
temas indígenas. Em um de seus favoritos, encontrou uma figura que se tornou
para ele um tipo de imagem totêmica: “Eu cedo me tornei fascinado, capturado,
obcecado pela figura de um índio norte-americano com sua orelha encostada
no chão, arco e flecha na mão, e um olhar de conhecimento especial em seus

24
LARSEN, 2002.
25
LARSEN, 2002, p. 3, tradução minha.
33

olhos”26. Esse registro foi escrito por Campbell alguns anos mais tarde em um
diário pessoal27.

“Como uma imagem podia causar uma excitação na mente, levando-a


além de seus próprios limites, para uma nova terra de descoberta e
significado?”28 Essa pergunta feita por Stephen e Robin Larsen, seus biógrafos,
expressa a força de um evento que em grande parte definiu sua vida. “Seria
alguma lembrança primitiva que estivera espreitando debaixo das
preocupações de garoto, ou um símbolo premonitório de alguns dos maiores
temas que o ocupariam quando adulto? Iria o garoto Campbell, de alguma
forma que ele ainda não entendia, crescer para ser o descobridor de
caminhos?”29

Cartaz do espetáculo Buffalo Bill’s Wild West


que alimentou o imaginário infantil de Joseph Campbell

Fonte: Buffalo Bill Museum and Grave, Lookout Mountain, Golden, CO (reprodução)

26
CAMPBELL apud LARSEN, 2002, p. 3, tradução minha.
27
LARSEN, 2002.
28
LARSEN, 2002, p. 3, tradução minha.
29
LARSEN, 2002, p. 3-4, tradução minha.
34

Em uma longa entrevista concedida ao jornalista norte-americano Bill


Moyers no início da década de 1980, Campbell revelou que “seus pais eram
muito generosos e lhe deram de presente todos os livros escritos para
crianças, até aquele momento, sobre os índios norte-americanos, seus mitos e
lendas”30.

Ainda criança, ao visitar o Museu Americano de História Natural, de Nova


York, Campbell ficou fascinado pelos mastros totêmicos e pelas máscaras dos
povos indígenas da América do Norte. “Costumávamos ir ao Museu de História
Natural, onde eu fiquei tremendamente impressionado com a grande sala cheia
de totens”, afirma o mitólogo31.

Prédio do Museu Americano de História Natural, Nova York (detalhe)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

30
CAMPBELL, 1998, p. 6.
31
CAMPBELL, 1990, p. 35.
35

A leitura dos livros do


antropólogo, historiador e naturalista
norte-americano George Bird
Grinnells (1849-1938) sobre os
indígenas da América do Norte
também povoaram o imaginário
infantil de Campbell e marcaram para
sempre a sua vida. Definiram, sem
que ele tivesse consciência, a sua
obsessão por mitologia. Campbell
acabou se tornando uma espécie de
colecionador e estudioso sobre a
temática indígena norte-americana; George Grinnells

leu todos os livros escritos para crianças até aquele momento e, aos onze anos
de idade, conseguiu permissão para frequentar a ala do público adulto na
biblioteca pública de New Rochelle.

Desde muito cedo, acho que por volta dos quatro ou cinco anos de
idade, fiquei fascinado com os índios norte-americanos e esse se
tornou o meu verdadeiro estudo. Frequentei a escola e não tive
problemas com os estudos, mas o meu entusiasmo estava
centrado no dissidente reino da mitologia dos índios norte-
americanos. Naquele tempo, vivíamos em uma casa em New
Rochelle (estado de Nova York) ao lado da biblioteca pública. Aos
onze anos de idade eu já tinha lido todos os livros sobre índios
que havia na biblioteca infantil e consegui ser admitido na
biblioteca de adultos. Lembro-me de voltar para casa carregando
pilhas de livros. Acho que foi aí que minha vida como estudioso se
iniciou. Sei que foi. Todos os livros estavam ali: todos os relatórios
do Departamento de Etnologia, os livros de Frank H. Cushing e
Franz Boas, e muitos outros. Quando eu tinha treze anos já
conhecia tanto sobre os índios norte-americanos quanto um
grande número de antropólogos que tenho encontrado desde
então. Eles conhecem todas as interpretações sociológicas sobre
os índios, como são ou como eram, mas não sabem muito sobre
os próprios índios. Eu já sabia.32

32
CAMPBELL, 2003, p. 35-36.
36

Em síntese, e a partir dos fragmentos biográficos dispersos em livros de


entrevistas e na sua biografia, identificamos quatro experiências da infância
que operaram como detonadores do interesse do autor pela mitologia: o
espetáculo de Buffalo Bill; as visitas ao Museu Americano de História Natural; a
leitura de livros sobre temas e histórias indígenas; e, por fim, a formação
escolar em colégio de orientação católica.

Em 1917, Campbell conhece Elmer Russell Gregor (1870-1954),


naturalista e especialista em cultura indígena, que se tornou o seu “primeiro
guru” e professor, conforme suas próprias palavras. Gregor era um conhecido
autor de livros infantis sobre os povos indígenas norte-americanos. Começa aí
sua paixão por mitologia comparada. Dois anos depois, em 1919, um incêndio
consumiu a casa da família em New Rochelle, matou a sua avó, destruiu sua
coleção de livros e seus artefatos indígenas. Sua paixão pelos estudos
iniciados, porém, não se desvaneceu.

Capas de alguns livros de Elmer Russell Gregor, professor de Campbell


37

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Pensador da cultura? Epistemólogo dos mitos? Construtor de uma


genealogia mítica? Não importa como se denomine esse investigador da
psique humana pelas narrativas atemporais do mundo. Para Joseph Campbell,
a riqueza dos mitos não está em elucidar ou revelar algum tipo de significado
para a vida, mas o de ser um registro simbólico da própria experiência de estar
vivo. O mito capta a vida no seu eterno fluir. Como arqueólogo das culturas,
Campbell respinga fagulhas do seu pensamento em áreas distintas e
complementares do conhecimento, sem que seja possível classificá-lo em uma
especialidade fechada tão cara a uma ciência da fragmentação.

Campbell é um misto de antropólogo, mitólogo, estudioso das religiões,


filósofo e epistemólogo. É também um narrador dos alfabetos escondidos nos
porões da alma humana; um maestro do coral universal dos mitos; um
fabulador de mitologias universais; um arquivista de expressões arquetípicas
que pululam nas culturas da oralidade e nas sociedades das tecnoculturas; um
colecionador de fragmentos da memória mítica; um ouvinte das vozes
arquetipais dos caminhantes do mundo; um tecelão do tapete da cultura
humana pelas vozes do inconsciente; um contador de histórias da
38

modernidade; um construtor de arquétipos que se repetem ad aeternum em


todas as sociedades humanas; em suma, um humanista universal.

Talvez Campbell seja ele próprio o herói de mil faces do mosaico dos
mitos, de uma imagética da cultura, quer dizer, das culturas vivas, sempre
usadas no plural. Quanto à questão de ser Joseph Campbell um evolucionista
das religiões, uma digressão se faz necessária logo aqui. O vocábulo
evolucionismo foi, sobretudo na década de 1970, usado para difamar o
percurso teórico de alguns intelectuais. Mal compreendido e deslocado de seu
tempo e, além de tudo, lido por fragmentos, Charles Darwin (1809-1882) ficou
praticamente reduzido a um cientista do determinismo biológico e das
generalizações sem fundamentos nas empiricidades. Certamente, o livro A
expressão das emoções no homem e nos animais 33, publicado em 1872, não
foi visitado e lido com a atenção devida, o que reordenaria a própria
compreensão da teoria evolucionista das espécies por meio da seleção natural,
uma bifurcação importante nas ciências, não apenas na ciência biológica, como
em outros domínios das ciências da mente, das ciências cognitivas, das
ciências da aprendizagem, etc.

Quando, de forma recorrente, se afirma ser Joseph Campbell um


historiador das narrativas míticas e também das religiões, cabe perguntar: o
autor do clássico O herói de mil faces pode ser classificado como um
evolucionista dos mitos e das religiões? Como o naturalista inglês Charles
Darwin, Campbell investigou, ao longo de toda a sua vida, não a evolução das
espécies, mas a evolução das religiões em diferentes culturas.

No prefácio do livro A jornada do herói, Stuart Brown (2003) afirma que a


leitura dos quatro volumes de As máscaras de Deus, de Joseph Campbell, o
ajudou a entender sobre a violência doméstica na sociedade norte-americana
na segunda metade do século 20, pois ele descobriu, em sua pesquisa sobre
homicídios, que “as referências mais antigas escritas sobre a violência humana
eram mitológicas”. Ficou surpreso ao perceber que a violência descrita nos
antigos mitos apresentava um paralelismo com os padrões da violência
contemporânea nos Estados Unidos:

33
DARWIN, 2009.
39

comecei a ler os quatro volumes de As máscaras de Deus de


Joseph Campbell. Ao terminar a leitura, compreendi que Campbell
conectava de forma notável as heranças simbólicas, psicológicas,
espirituais e artísticas da humanidade, exatamente como um
exército de cientistas vinha fazendo desde Darwin para entender
os padrões biológicos.34

O resultado mais importante da investigação de Campbell sobre o


desenvolvimento histórico dos mitos e das religiões em diferentes culturas é a
série As máscaras de Deus, dividida em quatro volumes: mitologia primitiva,
mitologia oriental, mitologia ocidental e mitologia criativa. Nos quatro volumes,
publicados originalmente nos anos de 1959, 1962, 1964 e 1968,
respectivamente, Campbell apresenta como nasceram mitos que originaram
religiões em todo o mundo, cruza dados e histórias, aponta semelhanças,
mostra onde estão os interesses por trás das religiões como forças sociais e,
até onde as suas pesquisas e seu conhecimento permitem, desvela as
metáforas das histórias mitológicas.

Em As máscaras de Deus: mitologia ocidental (2004), Campbell afirma


que o mais importante desse trabalho é mostrar para as “mentes estreitas ou
mal orientadas que os mitos tendem a se tornar história”, e isso é lamentável,
acrescenta. Nesse mesmo livro, cita fragmentos de Mito e ritual no cristianismo,
do filósofo e estudioso de religião comparada Alan Watts, que afirma ser o
cristianismo dotado de uma “hierarquia ortodoxa que degradou o mito até
convertê-lo em ciência e história. Porque, quando o mito é confundido com a
história”, deixa de cumprir a função de alimento da vida interior do homem 35.

Para Eugene Kennedy, “o propósito de Joseph Campbell em explorar os


mitos bíblicos não é descartá-los como algo inacreditável, mas sim reabrir seu
núcleo vivo e fortificante”36.

Muitos elementos da Bíblia parecem sem vida e impossíveis de


acreditar porque têm sido interpretados como fatos históricos em

34
BROWN, 2003, p. 14.
35
WATTS apud CAMPBELL, 2004, p. 416.
36
KENNEDY, 2003, p. 14.
40

vez de representações metafóricas de realidades espirituais. Têm


sido aplicados de um modo concreto a grandes figuras como
Moisés e João Batista, como se fossem relatos reais e vívidos de
suas ações.37

Para Kennedy (2003), a inabilidade de compreensão da natureza


metafórica das narrativas religiosas leva os homens a organizarem numerosas
cruzadas e caríssimas expedições para localizar, por exemplo, os restos da
arca de Noé no Monte Ararat. Como jamais encontram, é claro, acreditam “que
a perderam por pouco, pois a arca deve ter literalmente existido e a madeira
usada em sua construção deve estar em algum lugar, ainda escondida dos
olhos humanos”38.

Os homens têm dificuldade de entender que a arca de Noé não é algo


material, concreto e que só pode ser encontrada “por aqueles que entendem
que ela é um veículo mitológico que faz parte de uma história extraordinária,
cujo sentido não é a documentação histórica, mas a iluminação espiritual, uma
vez que interpretar o Livro do Gênesis como mito não é destruí-lo, mas
redescobrir sua vitalidade e relevância espiritual”39.

Assim como Joseph Campbell, escritores da área literária têm percebido


que mitos semelhantes se repetem em diferentes culturas. Algumas
sociedades podem estar em lados opostos do globo terrestre entre si, mas
suas narrativas míticas, inevitavelmente, fazem uso dos mesmos símbolos,
temas e motivos. A escritora belga Anne Provoost (2004) empreendeu uma
releitura da história da Arca de Noé, a partir da perspectiva de um adolescente
que não foi escolhido para tomar assento nesse veículo mitológico.

Para escrever À sombra da arca, Anne Provoost observou que, em


quase todas as culturas que pesquisou, há uma história mitológica de
inundação. Ela encontrou mais de cento e cinquenta mitos de inundação
antigos que foram documentados em todo o mundo. Uma explicação para
essas similaridades é que a psique humana é essencialmente a mesma em

37
KENNEDY, 2003, p. 14.
38
KENNEDY, 2003, p. 15.
39
KENNEDY, 2003, p. 15-16.
41

todo o mundo. Fora desse terreno comum, o que acontece é denominado por
Jung de arquétipos, que são as ideias comuns dos mitos para Campbell (2003).

Ao comentar sobre a universalidade dos símbolos mitológicos, o escritor


mexicano-americano Gregory Nava discute as semelhanças entre os mitos de
sua infância e outros sistemas de crença, durante uma conversa com o
jornalista Bill Moyers, em 2002. Moyers foi o jornalista que entrevistou Joseph
Campbell na primeira metade da década de 1980. As vinte e quatro horas de
gravação entre os dois resultaram no documentário Joseph Campbell e o poder
do mito exibido na televisão aberta dos Estados Unidos, em 1988.

Durante a conversa com Moyers, Nava expressou que a encarnação da


palavra, ou seja, o ato pelo qual os seres a quem se atribui divindade se
materializam, existe também na mitologia pré-colombiana na forma do deus
Quetzalcoatl, a serpente emplumada, que tem sido muitas vezes comparada a
Jesus Cristo. Logo, podemos inferir que a serpente emplumada também pode
ser comparada ao Buda porque, como o Buda, qualquer humano pode se
descobrir uma serpente emplumada, se chegar a um certo ponto de
iluminação.

Em uma de suas palestras memoráveis – várias delas reunidas em livros


e traduzidas no Brasil –, Campbell trata sobre um trecho do livro sagrado do
budismo, no qual Buda estica uma das mãos e de cada dedo sai um tigre que
ataca seus inimigos. Se esse trecho estivesse na Bíblia, com Jesus Cristo
como protagonista, crentes fundamentalistas iriam jurar que foi assim mesmo
que aconteceu, comenta Campbell. Parece que a “incapacidade de
acompanhar as estruturas mitológicas da imaginação religiosa tem isolado os
crentes fundamentalistas em suas ferozes e frequentemente violentas defesas
de uma fé literal e concreta, em todas as partes do mundo”40.

Em Tu és isso, transformando a metáfora religiosa, Campbell (2003)


fornece as bases para a compreensão da tradição judaico-cristã. Ele está
preocupado em resolver os problemas que surgem das interpretações
equivocadas que transformam metáforas religiosas em fatos históricos. Para
ele, o nascimento virginal não se refere à condição biológica de Maria, a mãe

40
KENNEDY, 2003, p. 16.
42

de Jesus, mas ao renascimento do espírito, que todos podem vivenciar. Esse é


apenas um dos vários exemplos tratados por Campbell para elucidar a riqueza
e os mistérios divinos guardados nos mitos da tradição judaico-cristã.

Para Campbell (2003), bem diferente das religiões orientais, as religiões


ocidentais – judaísmo ou cristianismo – “enfatizam bastante o aspecto
estritamente histórico, de modo que acabamos adorando o evento histórico, em
vez de sermos capazes de ler por meio do evento e encontrar a resposta
espiritual por nossa conta”41.

Nasci e fui criado no catolicismo, e era um católico devoto. Minhas


crenças, porém, se dissiparam porque a Igreja lia e apresentava
os símbolos em termos concretos. Por muito tempo, tive um
terrível ressentimento contra a Igreja e nem podia pensar em
entrar numa igreja católica. Depois, por meus estudos de mitologia
e assuntos correlacionados, comecei a entender o que realmente
tinha acontecido – isto é, eu tinha chegado à conclusão que a
religião organizada deve se apresentar de uma maneira para as
crianças e de outra para os adultos. O que eu rejeitava eram as
formas históricas literais, concretas, que só tinham sido
apropriadas na minha infância. Quando percebi isso, compreendi
melhor a mensagem. Qualquer um pode fazer isso. É inevitável
ensinar às crianças em termos puramente concretos. Mas um dia
a criança cresce e descobre quem é Papai Noel. Ele é, na
verdade, o papai. Assim, nós também devemos crescer enquanto
aprendemos sobre Deus, e as igrejas institucionais devem crescer
na forma como apresentam a mensagem dos símbolos aos
adultos.42

O conflito vivido por Campbell em relação à religião católica parece ter


sido resolvido no fim da sua vida, quando o estudioso das religiões tratava de
um câncer em um hospital de Honolulu. Eugene Kennedy (2003) retoma
fragmentos do artigo Campbell e o catolicismo, da ensaísta Pythia Peay, que
opera na interface entre a psicologia e a espiritualidade, e revela alguns
elementos que ajudam a entender a resolução do conflito:

41
CAMPBELL, 2003, p. 99.
42
CAMPBELL, 2003, p. 99-100.
43

Campbell estava passando por um tratamento a laser no hospital


St. Francis, em Honolulu. O quarto dele, como todos os outros
naquele hospital, tinha um pequeno crucifixo de bronze na parede.
Em vez da imagem de Cristo sofrendo, preso à cruz e
ensanguentado, a figura na cruz estava vestida, com a cabeça
erguida, os olhos abertos e os braços estendidos no que parecia
ser um abraço quase alegre do divino. Esse era o Cristo
Triunfante que Campbell tinha escrito como sendo um símbolo do
zelo da eternidade pela encarnação no tempo, que envolve a
dissolução de um em muitos e a aceitação dos sofrimentos de
maneira confiante e alegre. Segundo Peay, Campbell
“experimentou profundamente o âmago do símbolo cristão”
durante as últimas semanas de sua vida. Ela cita a esposa de
Campbell, Jean Erdman, dizendo: “Ele se emocionava ao ver isso,
porque para ele era o significado místico de Cristo que refletia o
estado de reconciliação com o Pai”. No quarto do hospital,
segundo sua esposa, “ele experimentou emocionalmente o que
tinha compreendido intelectualmente”. Ver essa imagem num
hospital católico ajudou-o a libertar-se do conflito que tivera com a
religião em sua infância.43

No seu esforço intelectual em observar as narrativas míticas nas


culturas ocidentais e orientais, o autor constrói um meta-modelo compreensivo
que diz respeito às singularidades da evolução mítica da humanidade.
Segundo Campbell, em todo o Oriente prevalece a ideia de que o último plano
da existência é algo além do nosso pensamento e do nosso entendimento.
Sendo assim, podemos acreditar no mistério, mas não racionalizar ou querer
situá-lo histórica e geograficamente. De maneira que não há no Oriente o culto
como conhecemos no Ocidente. Linhas orientais de pensamento religioso são:
saber é não saber, não saber é saber (Upanishads44); os que sabem
permanecem quietos (Tao Te King); isto és tu (Vedas). Chegar ao outro lado da
margem do pensamento para encontrar paz e bem-estar é a finalidade do mito
oriental.

No mito ocidental existe sempre um criador e uma criatura, sendo que


os dois estão sempre em conflito e sempre há alguém ou algo a atrapalhar,
incomodar; um diabo, um extraviado da criação. Diante da pouca importância
que o homem tem diante de um Deus tão exigente, ele deve ajoelhar-se e

43
KENNEDY, 2003, p. 18.
44
São textos filosóficos considerados a fonte primitiva da religião hindu, cuja elaboração é
atribuída a diversos autores.
44

servi-lo, sem questionar; deve obedecer a parâmetros sempre ditados por


alguma instituição, uma igreja, uma denominação. É uma religião de
subserviência, cuja gestão é o conflito e o terrorismo psicológico, impostos
pelas lideranças religiosas ou autoimpostos pelos praticantes.

Para Campbell (2004), “o divisor geográfico entre as esferas oriental e


ocidental do mito e do ritual é o planalto do Irã”. O terceiro volume do livro As
máscaras de Deus, que trata da mitologia ocidental, escrito originalmente em
1964, conta o nascimento da religião muçulmana e como ela cresceu no
Oriente Médio, tornando-se ameaçadora para o cristianismo; as tensões que
abalavam a ordem cristã que era sustentada por uma mitologia de autoridade
clerical.

Nenhum adulto hoje se voltaria para o Livro do Gênese com o propósito


de saber sobre as origens da Terra, das plantas, dos animais, do homem. Não
houve nenhum dilúvio, nenhuma Torre de Babel, nenhum primeiro casal no
paraíso, e entre a primeira aparição do homem na Terra e as primeiras
construções de cidades, não uma geração (de Adão para Caim), mas milhares
delas devem ter vindo a esse mundo e passado a outro. Hoje nos voltamos
para a ciência em busca de imagens do passado e da estrutura do mundo. O
que os demônios rodopiantes do átomo e as galáxias, das quais nos
aproximam os telescópios, revelam é uma maravilha que faz com que a Babel
da Bíblia pareça uma fantasia do reino imaginário da nossa mitologia.

Para Kennedy (2003), “os esforços de Campbell podem ser comparados


àqueles de um mestre restaurador de arte que quer que nós vejamos
novamente a obra-prima de nossa herança espiritual ocidental, como era antes
de ser obscurecida e alterada pela história”45.

As reflexões de Joseph Campbell aludem a um desdobramento do


tempo que configura uma cadeia de transformações das narrativas mitológicas
fundantes da cultura. Tal metamorfose pode bem exemplificar uma cosmologia
do pensamento que dá conta da evolução dos dispositivos narrativos das
culturas humanas.

45
KENNEDY, 2003, p. 20.
45

O exemplo aludido anteriormente, que fala do Buda do qual saem tigres


de cada um dos dedos de sua mão, bem poderia ter como analogia a árvore da
evolução darwiniana. Falar do último plano da existência e dos ritos religiosos
que partem do Oriente para o Ocidente; de um criador e de uma criatura; de
um extraviado da criação e da busca de imagens do passado para construir a
estrutura do mundo do presente são de fato estratégias do pensamento que
aludem à noção de cadeia de sucessão das cosmologias culturais. Mas, longe
de circunscrever um evolucionismo linear que apregoa a mutação do simples
para o complexo, as ideias de transformação mítica em Campbell supõem
diversidade, pluralidade e mudança de rota. Estamos aqui, ao que parece,
diante de um evolucionismo repaginado, tendo em conta os artifícios e as
estratégias epistemológicas de leitura do imaginário humano.

No tomo 1 do Livro do conhecimento (2000), Henri Atlan oferece uma


chave de compreensão que cabe muito bem para aquilatar a magnitude do
pensamento de Joseph Campbell. Naquele livro, Atlan define o conhecimento
como sendo as centelhas do acaso que se materializam nas “gotas de esperma
de Adão”, e que “segundo a lenda se espalhou durante 130 anos” depois que
Adão se apartou de Eva46.

A metáfora do esperma de Adão usada por Henri Atlan diz bem da


constelação arquetípica e universal construída pelo autor aqui estudado.
Pergunta Henri Atlan se esse conhecimento espermático não seria “a origem
esquecida das nossas intuições”, aquele magma capaz de operar a religação
entre uma “física da alma e do corpo”. Uma anatomia de um conhecimento
desperto que emerge da fusão do sonho e da ilusão é um bom argumento de
tese para adentrar na polifonia dos mitos campbellianos.

Conhecimento, sexualidade, procriações, conceitos e concepções,


nascimentos e abortos, anjos e demônios, envelhecimento,
doença e morte, as ciências e as técnicas remetem-nos
incessantemente para estes eternos problemas, inerentes à
condição humana, renovando, todavia, os seus termos, de forma
por vezes dramática e aparentemente inaudita. Nova ciência, nova
moral? Quem pode decidir, como e com quê? Com que conceitos,
que concepções, do mundo, da existência, do que é bom e do que

46
ATLAN, 2000, p. 13.
46

é mau? Com que palavras falar disso? Que estilo? O modo


empírico-lógico das ciências e das técnicas, cujos termos são
indispensáveis para formular os problemas? O modo narrativo da
literatura? As imagens faladas da televisão?47

Tratar de eternos problemas inerentes à condição humana e que


ganham voz pelas narrativas de ontem e de hoje se constituem no horizonte
desenhado por um cidadão nascido em Nova York e que hoje pode ser
considerado um habitante de uma ciência planetária.

Nos estudos que realizou sobre a mitologia no universo cultural humano,


Campbell chegou a importantes conclusões. Todas as narrativas, conscientes
ou não, surgem de antigos padrões do mito. Em suas pesquisas com os mitos
de diferentes culturas, ele chegou a afirmar que todas as narrativas míticas
contam a mesma história, porém, com variações, pois são adaptadas à
realidade de quem as conta. Seus detalhes são diferentes em cada cultura,
mas, fundamentalmente, as narrativas são sempre iguais 48. Para Campbell,
toda cultura antiga e pré-moderna utilizava uma técnica ritmada para contar as
histórias retratando os protagonistas e antagonistas com certas motivações e
traços de personalidade constantes, num padrão que transcende as fronteiras
da língua e da cultura.

Lendo os mitos dos povos indígenas norte-americanos, Campbell não


demorou muito para encontrar nessas histórias os mesmos motivos mitológicos
que as freiras lhe ensinavam na escola de orientação católica. Temas como a
criação do mundo, a morte, a ressurreição, a ascensão aos céus, os
nascimentos virginais e tantos outros também estavam presentes nas histórias
dos povos nativos norte-americanos. “Eu não sabia do que se tratava, mas
reconheci o vocabulário. Fiquei excitado. Foi o início do meu interesse por
mitologia comparada. Mas eu só comecei a análise comparativa muitos anos
mais tarde”, afirma Campbell49.

Mesmo que Campbell só inicie a análise comparativa muitos anos depois,


é importante assinalar que a compreensão comparativa sobre os temas das

47
ATLAN, 2000, p. 13-14.
48
CAMPBELL, 1998.
49
CAMPBELL, 1998, p. 11.
47

histórias mitológicas, em ambos os sistemas – católico e indígena – começou


muito cedo. Com a idade de onze ou doze anos, ele já estava bastante
informado sobre o assunto. Essa revelação ele fará durante o conjunto de
entrevistas concedidas a Michael Toms e publicadas em Uma vida aberta
(1990).

Em entrevista a Bill Moyers (1998), Campbell afirma que, ao se interessar


pelo hinduísmo, reconheceu as mesmas histórias e que, quando começou a
elaboração do seu trabalho de mestrado em Literatura, sob o título O golpe
doloroso, ao lidar com a matéria do ciclo arturiano, das novelas de cavalaria
medievais, percebeu, novamente, que ali estavam os mesmos temas, mais
uma vez. “Portanto, não me venha dizer que não são as mesmas histórias.
Tenho convivido com elas toda a minha vida”50, afirma o mitólogo.

Por volta dos dez anos de idade, Campbell já estava empenhado na


atividade que, mais tarde, faria dele um dos principais investigadores de
mitologia comparada do século 20. Escritor, professor, editor, tradutor, orador e
pesquisador incansável, estudou os mitos de vários povos, em todos os tempos
e, com sagaz intuição, encontrou as semelhanças e pontos em comum entre
eles. Sobre o trabalho docente e de escrita Campbell comenta que,

Lecionar na Faculdade Sarah Lawrence me tomava o dia todo.


Não era uma questão de dar uma aula e ir embora. Os empregos
de tempo integral representavam trabalhar quatro dias inteiros por
semana. Quando comecei a escrever negociei um esquema, de
modo que dava aulas três dias na semana e podia reservar quatro
dias para escrever. Foi esse o equilíbrio que achei. Naturalmente,
durante as férias de verão, eu só escrevia. Nos anos transcorridos
entre a publicação de A skeleton key to Finnegans Wake, em
1944, e a minha aposentadoria na Sarah Lawrence, publiquei
quinze obras importantes e extensas. Pode-se trabalhar muito
quando se tem perseverança e entusiasmo pelo trabalho, pois
trata-se de um diversão. Acho que, na verdade, estou bem
satisfeito com o resultado. Eu escrevia um dos livros de manhã,
outro à tarde e ainda outro à noite. Três projetos realizados
algumas vezes simultaneamente.51

50
CAMPBELL, 1998, p. 11.
51
CAMPBELL, 2003, p. 156-157.
48

O seu estudo comparativo das mitologias do mundo nos compele a ver a


história cultural da humanidade como uma unidade, pois temas como o roubo
do fogo, o dilúvio, a terra dos mortos, os nascimentos por mães virginais e o
herói ressuscitado estão presentes no mundo todo. Eles aparecem em toda
parte sob novas combinações e se repetem como os elementos de um
caleidoscópio.

Para Campbell, “um dos aspectos mais entusiasmantes e comoventes


da mitologia é a sua universalidade”52, ou seja, quando se descobre os
mesmos padrões recorrentes nas histórias espalhadas nas culturas ao redor do
mundo. Ele acreditava que era chegada a hora de encarar essas mitologias
como máscaras de uma mitologia maior, pois ainda não foi encontrada
nenhuma sociedade humana na qual tais motivos mitológicos não tenham sido
repetidos em liturgias, interpretados por profetas, poetas, teólogos ou filósofos;
representados nas artes; exaltados em hinos e experimentados com êxtase em
visões vivificadoras.

A expressão unitas multiplex utilizada por Edgar Morin (2008) em O


método 1 se amolda muito bem a essa leitura da civilização humana pelas
narrativas mitológicas e religiosas. A unidade defendida por Campbell não é
outra senão a confluência de faces distintas de uma mesma matriz arcaica que
maestra a condição humana.

O pensamento complexo, artífice da visão complexa da realidade, nos


aproxima do ideal da unitas multiplex, pelo qual conseguimos perceber a
diversidade e a heterogeneidade das partes que ultrapassam o ângulo de um
todo uno e homogêneo. A atitude mental de associar as ideias de unidade e
multiplicidade, em lugar de opô-las, estimula nosso pensar e descortina um
novo universo de compreensão da realidade.

A perspectiva da unitas multiplex torna inteligível a simultaneidade das


afirmações a seguir, aparentemente contraditórias: o todo é mais que as
partes; as partes são mais que o todo. O todo é mais que as partes pelo fato de
que a inter-relação em que elas se encontram produz a emergência de algo
novo no todo, uma vez que o mosaico é mais que um amontoado de pedrinhas.

52
CAMPBELL, 2003, p. 161.
49

As partes são mais que o todo porque este impõe restrições às singularidades
daquelas, que passam, para se integrar ao todo, a recalcar virtualidades e
valores.

As máscaras de uma mitologia maior não são senão, pois, um conjunto


de repetições de elementos de um caleidoscópio da condição humana tão
diversa e múltipla, tão singular e universal. Para Campbell, todos nós fomos
criados de um único fundo de motivos mitológicos que foram selecionados,
organizados, interpretados e ritualizados de modo diferente, de acordo com as
necessidades locais, mas venerados por todos os povos da Terra. Tais
necessidades, sendo concretas ou imaginárias, fundam o cimento mitológico
do qual fala Claude Lévi-Strauss para defender a hipótese da unidade das
culturas.

Campbell estudou Biologia e Matemática. “Em 1921 ingressou na


Faculdade de Dartmouth e fez um curso de um ano, mas se sentiu
„completamente desorientado‟. Chegou a considerar o fato de deixar os
estudos para dedicar-se aos negócios”53. “No verão de 1922, um amigo da
família lhe presenteou com a biografia de Leonardo da Vinci; esta o inspirou
tanto que ele pediu transferência para a Universidade de Columbia”54.

Ao que parece foi a biografia do pintor renascentista italiano que fez


Campbell mudar o foco de seu interesse das “Ciências Naturais para a História
da Cultura” e para as Ciências Humanas. Em 1925, formou-se em Artes pela
Universidade de Columbia e concluiu a pós-graduação em Literatura Medieval
dois anos depois, em 1927. Nesse mesmo ano, ganhou a Bolsa Proudfit
Travelling Fellowship e viajou para a Europa com o objetivo de continuar as
suas pesquisas sobre o ciclo arturiano na Universidade de Paris (1927-1928).
De volta aos Estados Unidos, conseguiu a renovação da bolsa e seguiu viagem
para a Alemanha, onde retomou os estudos na Universidade de Munique
(1928-1929).

Foi durante esse período no velho continente que Campbell conheceu


pessoalmente o escultor francês Antoine Bourdelle (1861-1929) e suas obras.
Angela Gregory, uma jovem escultora de Nova Orleans que trabalhava com

53
COUSINEAU, 2003, p. 34.
54
Op. Cit.
50

Bourdelle, apresentou Campbell para o escultor. “Fui até o estúdio e encontrei


aquele homem mágico, Antoine Bourdelle. Já estava com oitenta e tantos
anos55. Ouvi-lo falar de arte e do que era a arte. Uma de suas frases: “a arte
faz emergir as grandes linhas da natureza”, entrou na minha mente e me tem
servido de guia desde aquela época”56.

Campbell conheceu, também, as pinturas do espanhol Pablo Picasso


(1881-1973), do francês Henri Matisse (1869-1954) e de Paul Klee (1879-
1940). Entrou em contato com os escritos do romancista alemão Thomas Mann
(1875-1955), do irlandês James Joyce (1882-1941), e dos psicanalistas
Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961), cujas artes e
insights teóricos iriam influenciar significativamente a sua própria obra.

Passei dois anos na Europa, um na França e outro em Munique, e o


mundo todo se abriu para mim. Foi no final da década de 1920 (1927,
28 e 29), e nem se pode imaginar o que foi isso. O que quero dizer é
que hoje os americanos estão tão dispersos com o que se passa no
restante do mundo que nem podem imaginar como as coisas se
passavam quando eu era jovem. A descoberta da arte moderna
aconteceu enquanto eu estava lá. Nunca me esquecerei do momento
em que entrei em uma exposição, no Bois de Boulogne. Havia sido
montado um grande pavilhão para os Indépendents – os artistas
intransigentes que não estavam expondo nas galerias oficiais.
Acontece que esses artistas eram gente como Picasso e Matisse,
Miró e Brancusi... E todo o resto. Eu viera daquela velha América
rural, um mundo totalmente distante daquele, de vanguarda, tudo isso
era inteiramente novo. E então ali mesmo aconteceu minha abertura
para o mundo das artes e a sua relação com a minha vida. Para mim
a descoberta total aconteceu naquele momento na Universidade de
Paris. Até ali eu seguira o caminho estreito e reto do saber. Vivia em
um quartinho na Rue de Staël, que fica do outro lado, no fim do
Boulevard Montparnasse. E desse lado, ficava a universidade no
Boulevard Saint-Michel. Então, qual era o meu percurso para chegar
do meu quartinho à universidade? Tinha de atravessar os bulevares
Montparnasse e Raspail. Eu acabara de chegar dos Estados Unidos.
Não tinha ideia do que era arte moderna. E havia também um livro
grande azul em todas as livrarias – Ulisses! Ninguém tinha um
exemplar dele nos Estados Unidos e eu tive de contrabandear o meu
para lá.57

55
Campbell (ou o tradutor) se equivocou sobre a idade de Bourdelle, uma vez que o escultor
francês contava 68 anos quando faleceu.
56
CAMPBELL, 2003, p. 65.
57
CAMPBELL, 2003, p. 61-62.
51

Em Paris, Campbell visitou amiudadas vezes a Shakespeare and


Company e se tornou amigo de Sylvia Beach, sua compatriota. Essa lendária
livraria era frequentada, na época, por importantes escritores, como James
Joyce.

Resolvi dar uma volta pela Place de l’Odéon. Lá encontrei a livraria


Shakespeare and Company, e também Sylvia Beach. Entrei na loja
como um jovem acadêmico indignado e perguntei: “Que espécie de
literatura é esta?” [Campbell refere-se a Ulisses, de James Joyce] E
Sylvia me explicou e vendeu uma porção de livros. E isso mudou a
minha carreira. Quando se termina de ler Ulisses pela terceira ou
quarta vez e se está situado em relação a ele, é muito empolgante. O
que temos é a mais pura experiência, bem diante de nós, e é um
prazer lê-lo e relê-lo, muitas, muitas e muitas vezes. Nunca tive esse
tipo de experiência com outro autor. Comprei o livro em Paris em
1927 e desde aquela época eu o venho lendo. E o prazer que tenho é
o mesmo a cada vez. Tempos depois, Sylvia Beach vendeu-me o
jornal Transições, no qual algumas das primeiras versões de
Finnegans Wake estavam aparecendo sob o título Obra em
processo.58

Capa de Ulysses, de James Joyce

Fonte: reprodução

58
CAMPBELL, 2003, p. 63-65, e passim.
52

Joseph Campbell, Universidade de Paris, 1928

Fonte: A jornada do herói (reprodução)


53

Podemos afirmar que Campbell desembarcou na França em um


momento de grande efervescência nas artes e na literatura. Em A autobiografia
de Alice B. Toklas, publicado originalmente em 1933, a escritora norte-
americana Gertrude Stein (1874-1946) apresenta uma narrativa riquíssima
sobre as origens e sobre os criadores da arte e da literatura moderna na Paris
do início do século 20. Ela vivia no lendário número 27 da rue de Fleurus, onde
reunia amigos como Pablo Picasso, Henri Matisse, Ernest Hemingway, Jean
Cocteau e Scott Fitzgerald, todos ainda jovens e desconhecidos, em reuniões
informais e frequentes festas. Seus convidados podiam também admirar uma
das maiores coleções de arte moderna do século 20, que incluía o retrato da
anfitriã pintado por Picasso, em 1906. Grande apreciadora de artes plásticas,
sua casa era um verdadeiro museu. “Nas paredes havia quadros até a altura
do teto”59.

Retrato de Gertrude Stein pintado por Picasso, 1906

Fonte: reprodução

59
STEIN, 2011, p. 15.
54

Gertrude desembarcou em Paris em 1903 e escreveu A autobiografia de


Alice B. Toklas, que é sua própria (auto)biografia, da maneira mais engenhosa
possível. A narradora do livro é Alice B. Toklas (1877-1967), sua companheira
durante toda a vida. Esse artifício narrativo lhe permitiu falar de si própria em
terceira pessoa. É atribuída a Stein a expressão “geração perdida”, que
classificava um grupo de escritores norte-americanos, Ezra Pound, T.S. Eliot,
Hemingway e Fitzgerald, que viveram na Europa entre a Primeira Guerra
Mundial e a crise de 1929. O jornalista Sérgio Augusto no livro E foram todos
para Paris (2011) afirma que ela ouviu “a expressão numa oficina mecânica,
aonde fora levar seu Ford Modelo T para consertar o arranque. O mecânico
encarregado não dera conta do serviço; Gertrude estrilou, e o dono da oficina
não só deu razão à cliente como esbravejou com o empregado: Todos vocês
que serviram na guerra são uma génération perdue!”60

Um cenário mais ampliado de construção da ciência ocidental nessa


época poderia ser sintetizado nos fragmentos das ideias de pensadores,
filósofos, cientistas e literatos, a seguir, nos vários domínios da cultura
científica e das ideias emergentes na filosofia, na física, na matemática, na
psicanálise, na antropologia, etc.

Albert Einstein (1879-1955) Físico alemão. Revolucionou a física em várias


frentes: sugeriu que a luz era feita de pequenos
pacotes, atuais fótons; desenvolveu a teoria da
relatividade; fomentou uma nova compreensão
de tempo-espaço e universo.

Benoit Mandelbrot (1924-2010) Polonês, de família judaica originária da Lituânia.


Criador da geometria fractal – modelo
matemático que comporta grande número de
objetos de formatos irregulares – teoria das
irregularidades. Esse modelo supera a geometria
euclidiana que lida com formas suaves –
círculos, elipses e triângulos e não dá conta das
irregulares. Sua descoberta original foi perceber
que essas estruturas são fractais.
Bertrand Russell (1872-1970) Matemático, lógico e filósofo britânico. Pacifista e
socialista inspirou a Fundação Russell pela paz.
Declarou ser animado por três paixões: o amor, a
sede de conhecer e a compaixão pelo sofrimento
dos outros.

60
AUGUSTO, 2011, p. 18-19.
55

Carl Gustav Jung (1875-1961) Psicanalista suíço e fundador da psicologia


analítica. Considerado um dos melhores
investigadores no campo da análise dos sonhos
e simbolização. Explorou áreas tangenciais que
incluem a filosofia oriental e ocidental, a alquimia,
a astrologia, a sociologia, a literatura e as artes.
Introduziu e propôs muitos conceitos
psicológicos: arquétipo, inconsciente coletivo,
complexo e sincronicidade.

Claude Lévi-Strauss (1908-2009) Antropólogo franco-belga. Considerado o


fundador do estruturalismo antropológico. Foi
membro da Academia Francesa e professor
honorário do Collège de France. Dedicou a
tetralogia Mitológicas ao estudo dos mitos.
Publicou uma extensa obra, reconhecida
internacionalmente. Estudou os povos indígenas
do Brasil no período de 1935 a 1939 quando foi
professor da USP.

Edwin Hubble (1889-1953) Astrônomo norte-americano. Mostrou que as


galáxias distantes estão se afastando umas das
outras (demonstração da expansão do universo).

Émile Durkheim (1858-1917) Sociólogo francês; considerado um dos criadores


da Sociologia moderna. Publicou estudos
sociológicos sobre religião, suicídio, divisão
social do trabalho, entre outros.

Erwin Schrödinger (1887-1961) Físico austríaco e humanista. Prêmio Nobel de


Física em 1933. Tornou-se famoso com o livro O
que é vida?: o aspecto físico da célula viva,
publicado em 1944. Considerado um dos
fundadores da ciência contemporânea no campo
da teoria quântica.

François Jacob (1920-) Nasceu na França. Foi agraciado com o Nobel


de Fisiologia/Medicina de 1965. É membro da
Academia Francesa de Letras, sendo-lhe
atribuída a cadeira 38, pelas descobertas sobre a
regulação genética das bactérias.

Franz Kafka (1883-1924) Nasceu em Praga. Cresceu sob as influências de


três culturas: a judia, a tcheca e a alemã.
Formou-se em direito; fez parte da chamada
Escola de Praga (movimento alicerçado no
realismo e na metafísica). Em vida não
conseguiu atingir grande fama com seus livros.
Morreu em um sanatório perto de Viena vítima de
tuberculose.

Gaston Bachelard (1884-1962) Filósofo e poeta francês. Estudou as ciências e a


filosofia. Formulou suas principais proposições
para a filosofia das ciências, a historicidade da
epistemologia e a relatividade do objeto.
56

Georges Lamaitre (1896-1966) Abade e astrônomo belga. Foi professor na


Universidade de Louvain. Inventor da teoria do
Big-Bang sob o nome de Átomo Primitivo.

Gregory Bateson (1904-1980) Biólogo e antropólogo inglês. Fez estudos sobre


comunicação e cibernética. Suas ideias e
contribuições se estendem por muitos campos
diferentes do conhecimento. Como psicólogo,
formulou a teoria do duplo laço da esquizofrenia
e foi o pioneiro no processo da teoria familiar
sistêmica. À frente do seu tempo em muitos
aspectos, algumas das suas descobertas e
teorias ainda estão sendo colocadas em prática.

Hubert Reeves (1932-) Astrofísico, humanista e ensaísta canadense.


Para ele, a história do Universo é sintetizada na
expressão “crescimento da complexidade”,
movimento que vai do indiferenciado ao diverso
por meio de combinações inesperadas. O
comportamento da matéria é uma resolução que
provém de dois elementos fundadores: as leis e
o acaso. O acaso opera a criatividade, o novo, o
singular.

Ilya Prigogine (1917-2003) Físico, químico e humanista. Nasceu em Moscou


e viveu na Bélgica. Prêmio Nobel de Química em
1977 por suas pesquisas sobre a dinâmica dos
sistemas longe do equilíbrio. Inverte as
concepções de Einstein a respeito do tempo.
Formula os conceitos de irreversibilidade do
tempo, processos de bifurcação e flutuação.

Jacques Monod (1910-1976) Nasceu em Paris. Graduado em Biologia e


Bioquímica. Prêmio Nobel de Medicina em 1965.
É responsável pela descoberta do RNA
mensageiro (molécula intermediária na síntese
da proteína). Em 1971, assume a direção do
Instituto Pasteur e no mesmo ano publica O
acaso e a necessidade, no qual postula que a
vida se dá por acaso e progride a seu nível atual
como uma consequência das pressões exercidas
pela seleção natural.

Ludwig Boltzmann (1844-1906) Físico austríaco. Fundador da termodinâmica


estatística – propôs a interpretação probabilística
do segundo princípio da termodinâmica.
Reflexões epistemológicas importantes:
defendeu o caráter hipotético do conhecimento
científico.

Max Planck (1858-1947) Físico alemão. Primeiro a propor que os


processos atômicos não ocorrem
continuadamente, mas por saltos discretos,
chamados “quanta”.
57

Niels Bohr (1885-1962) Físico dinamarquês, formulador do princípio da


complementaridade; estudo do átomo – os
elétrons giram em torno do núcleo em órbitas
circulares e pulam de uma órbita para outra em
movimentos descontínuos (Planck).

René Thom (1923-2002) Matemático e filósofo francês. Inventor da Teoria


da Catástrofe, um tratamento matemático de
ação contínua produzindo resultado descontínuo.
Essa teoria é uma tentativa de descrever a
impossibilidade do uso do cálculo diferencial
naquelas situações nas quais as forças mudam
gradualmente e levam às chamadas catástrofes
ou mudanças abruptas. Foi pesquisador do
CNRS – Centre National de la Recherche
Scientifique, da França. Membro honorário da
Sociedade Matemática de Londres em 1990.

Sigmund Freud (1856-1939) Neurologista de origem judaica. Consagrado


como o criador da psicanálise, estudou o
significado dos conteúdos psíquicos reprimidos e
foi o descobridor sistemático do inconsciente.
Para ele, a humanidade sofreu três grandes
abalos, três feridas narcísicas: quando descobriu
que não veio do mesmo, mas do outro; que a
Terra não era o centro do mundo; e que não
controlamos tudo conscientemente.

Werner Heisenberg (1901-1976) Físico alemão. A ele se atribui a construção do


Princípio da Indeterminação, que revolucionou a
concepção da ciência até então baseada nas
noções de previsibilidade e certeza. Esse
princípio, em conjunto com o princípio da
complementaridade de Niels Bohr, se tornou a
matriz das ciências da complexidade.

Anteriores ou contemporâneas a Joseph Campbell, as ideias desses


teóricos compuseram o panorama científico e filosófico no interior do qual
figura o autor aqui em estudo.

Sua incursão pelas artes no velho mundo, na década de 1920, o levaria


a teorizar que os mitos são produtos criativos da psique humana, que os
artistas são os fazedores de mitos das culturas, e que mitologias são
manifestações criativas das necessidades humanas de explicar realidades
psicológicas, sociais, cosmológicas e espirituais.
58

Campbell desistiu de trabalhar no seu projeto de doutoramento e


resolveu retornar aos Estados Unidos no auge da Grande Depressão, em
agosto de 1929. Sem possibilidade de conseguir um emprego imediato,
instalou-se em Woodstock, na época uma região inóspita e isolada do interior
daquele país, onde aprendeu a sobreviver com poucos recursos. Durante cinco
anos, praticamente se limitou a ler e a tomar notas. E prosseguiu a vida toda a
ler livros sobre diversos temas: antropologia, biologia, filosofia, literatura, arte,
história, religião, mitologia.

Durante cinco anos fiquei desempregado. Ninguém sabia quanto


tempo duraria aquela Depressão. Mas o fato é que, naquele
tempo, as pessoas foram maravilhosas umas com as outras. Lá
estava eu instalado na floresta. E foi o momento em que eu
acabara de descobrir, na Europa, James Joyce, Carl Jung,
Thomas Mann, Freud e o mundo das artes, e também começara a
estudar sânscrito. Quando voltei da Europa para a Universidade
de Columbia percebi que não queria voltar a me encerrar na
minha pequena garrafa – a da tese de doutorado com a qual eu
me envolvera. Meu pai estava falido, assim como eu e todo o
mundo. Fui viver na floresta e fiquei só lendo, lendo, lendo. Mas
quando se lê tanto é preciso comprar livros. Naquela época, havia
em Nova York uma empresa importadora, Steckett-Haffner, e eu
lhes escrevia pedindo livros caros, de Leo Frobenius e Carl Jung,
e outros do tipo, e eles me mandavam. Só me pediram para pagar
anos mais tarde, quando arranjei um emprego e tive condições de
pagá-los. Era assim que as pessoas agiam naquela época. Vocês
sabem, quando problemas reais surgem, nossa humanidade é
despertada. A experiência humana fundamental é a da
compaixão.61

Em 1934 Campbell se tornou professor da Sarah Lawrence College,


onde passou a dirigir a cadeira de Mitologia, posto que exerceu até 1972,
quando se aposentou, com trinta e oito anos de trabalho. “A Sarah Lawrence
foi fundada como uma instituição feminina, baseada na ideia de que as
mulheres não necessitavam, não queriam ou não lhes seria útil uma adaptação
do currículo masculino num modelo de faculdade masculina”62.

61
CAMPBELL, 2003, p. 254.
62
CAMPBELL, 2003, p. 88-89.
59

Faculdade Sarah Lawrence

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Alunas da Sarah Lawrence, 1951

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)


60

Originalmente destinada a fornecer as


instruções nas artes e humanidades para o
público feminino, a Sarah Lawrence foi fundada
em 1926. Somente em 1968 a instituição se
tornou mista. Desde o início, essa faculdade
teve como propósito primordial os estudos das
artes. A visão de que as artes se constituem em
elementos importantes na evolução social dos
indivíduos e na criação de relações de igualdade entre homens e mulheres fez
William Lawrence, o fundador, apostar na criação e incorporar no currículo da
instituição algumas ideias do Movimento Progressista na educação, do filósofo
norte-americano John Dewey (1859-1952).

As ideias de Dewey não ficaram restritas apenas aos Estados Unidos.


No Brasil elas chegaram pelas mãos do educador Anísio Teixeira. Em John
Dewey e o ensino da arte no Brasil, Ana Mae Barbosa (2001) fala sobre a
influência norte-americana dos escritos de Dewey no ensino das artes nas
escolas brasileiras. Ela apresenta as ressonâncias do pensamento filosófico
desse estadunidense na nossa educação e as mudanças mundiais na arte e na
educação. A autora assinala que, para repensar o nosso tempo, educadores,
críticos de arte e até economistas têm buscado nas ideias de Dewey uma
experimentação mais consciente da ação e uma construção de valores mais
flexíveis culturalmente63.

Ao invés dos tradicionais currículos, os estudantes da Faculdade Sarah


Lawrence dispõem atualmente de uma ampla variedade de cursos distribuídos
em quatro modalidades curriculares: artes criativas (música, escrita, dança,
teatro, cinema, e as artes plásticas, como pintura, gravura, desenho e
escultura); história e ciências sociais (antropologia, economia, ciência política e
sociologia); humanidades (estudos asiáticos, história da arte, estudos de
cinema, línguas, literatura, filosofia e religião), e as ciências naturais e
matemática (biologia, química, física, ciência da computação e matemática).

Com a situação profissional e financeira regularizada, Campbell casou-


se em 5 de maio de 1938 com Jean Erdman, uma jovem bailarina nascida em
63
BARBOSA, 2001.
61

Honolulu, que havia sido sua aluna na Faculdade Sarah Lawrence.


Permaneceram casados durante quarenta e nove anos, até 1987, ano da morte
de Campbell. Juntos fundaram uma escola de dança que, anos mais tarde,
desenvolveu uma série de pesquisas sobre a relação da dança com os mitos
antigos. Foi a partir dessa época que Campbell começou a escrever mais
regularmente.

Data de 1943 o primeiro trabalho publicado de Campbell, em parceria


com Jeff King e Maud Oakes. Trata-se de um comentário sobre um cerimonial
navajo de guerra, intitulado Onde os dois alcançaram o seu Pai64.

Joseph Campbell e sua esposa Jean Erdman, c. 1939

A bailarina e coreógrafa
Jean Erdman (esposa de Campbell)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

64
Título original Where two came to their father: a navajo war cerimonial; CAMPBELL, 2003.
62

Dança e mito: o mundo de Jean Erdman

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Capa original do primeiro livro de Campbell (em parceira) publicado em 1943

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)


63

Durante uma entrevista, Campbell relata com detalhes o processo de


escrita e edição de O herói de mil faces. O manuscrito desse livro foi rejeitado
por dois editores antes de ser publicado em 1949. Podemos afirmar que foi
esse livro que deu visibilidade ao seu trabalho de escritor e, ao longo dos anos,
tornou-se um clássico que é utilizado por diferentes áreas do conhecimento.
Escutemos Campbell:

Henry Morton Robinson estava lançando um livro seu pela editora


Simon & Schuster. Os editores disseram para ele que estavam
interessados em um livro sobre mitologia. Robinson me telefonou
e combinamos um almoço com os editores que confirmaram seu
interesse. Fiz a proposta de escrever um livro sobre a maneira de
ler um mito e os editores me pediram para escrever um resumo.
Voltei para casa. Jean estava fora em turnê. Passei uma noite
inteira datilografando o projeto do livro e levei-o à editora. Assinei
um contrato e recebi duzentos e cinquenta dólares; outros
quinhentos dólares seriam pagos de duas vezes: quando o livro
estivesse meio pronto e na entrega dos originais. Trabalhei no
projeto de O herói de mil faces uns quatro ou cinco anos. Depois
de uns cinco anos de trabalho, mandei o manuscrito para a Simon
& Schuster. Passaram-se alguns meses sem uma palavra deles.
Telefonei para a firma e me responderam: “A nossa equipe foi
mudada depois que assinamos esse contrato e não estamos muito
interessados nesse livro. Nós o publicaremos, mas quando
publicamos um livro sem grande interesse de nossa parte não é
bom para o livro”. Eu respondi: “Vou passar aí para conversarmos
e pegar o manuscrito”. E foi isso que fiz. Outro editor da Pantheon
disse que queria ver o livro. Mandei-o para ele e ele me
perguntou: “Quem vai ler isso?”. Por fim, mandei para a Fundação
Bollingen e eles me responderam: “O herói é uma joia”. E assim O
herói de mil faces foi publicado pela primeira vez em 1949. E foi
assim que me tornei escritor.65

65
CAMPBELL, 2003, p. 150-151.
64

Capas das edições de O herói de mil faces nos Estados Unidos

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Nesse estudo sobre o mito do herói, Campbell postula a existência de


um monomito, um padrão universal que é a essência e a característica das
lendas heróicas de todas as culturas. O termo monomito Campbell toma de
empréstimo do escritor irlandês James Joyce 66. Também chamado de jornada
do herói, o monomito trata sobre a jornada cíclica presente nos mitos.

A ideia de monomito em Campbell (2000) explica sua ubiquidade –


aquilo que está ao mesmo tempo em toda parte – por meio de uma mescla
entre o conceito junguiano de arquétipos, as forças inconscientes da
concepção freudiana e a estruturação dos ritos de passagem proposta por
Arnold van Gennep. Essas ideias de van Gennep se encontram no livro Os
ritos de passagem, publicado originalmente em 1909, um estudo comparativo

66
CAMPBELL, 2000, p. 53.
65

sobre os rituais de passagem em diversas sociedades, traduzido e publicado


no Brasil em 1977. Uma nova edição desse livro saiu em 2011 e figura na
coleção Antropologia.

Para Campbell (2000), a estrutura do monomito se divide em três


seções: partida (ou separação), iniciação e retorno. A partida lida com o herói
aspirando à sua jornada; a iniciação contém as várias aventuras do herói ao
longo do caminho que irá percorrer; o retorno é o momento em que ele volta à
casa com o conhecimento e os poderes que adquiriu ao longo da jornada. Com
base em O herói de mil faces, apresento, a seguir, as três seções nas quais se
divide o monomito e que se desdobram em 17 estágios.

Partida (ou separação)

 O chamado à aventura → O herói começa em uma situação mundana de


normalidade da qual alguma informação é recebida e que funciona como
um chamado para ir em direção ao desconhecido.

 A recusa do chamado → Frequentemente, quando o chamado é feito, o


futuro herói se recusa a segui-lo. Isso pode ser devido a um sentido de
dever ou obrigação, medo, insegurança, uma sensação de inadequação,
etc.

 Ajuda sobrenatural → Uma vez que o herói se comprometeu com a missão,


consciente ou inconscientemente, o guia dele ou dela e ajudante mágico
aparece, ou se torna conhecido.

 Cruzando o primeiro limiar → Esse é o ponto no qual a pessoa de fato entra


no campo da aventura, deixando os limites conhecidos do mundo dele ou
dela e se aventurando em um reino desconhecido e perigoso, onde as
regras e limites não são conhecidos.

Iniciação

 Barriga da baleia → A barriga da baleia representa a separação final do


mundo e do eu conhecidos do herói. Entrando nesse estágio, a pessoa
mostra sua disposição de passar por uma metamorfose.
66

 Estrada das provações → A estrada das provações é uma série de testes,


tarefas, ou dificuldades pelas quais a pessoa deve passar para começar a
transformação. Frequentemente, a pessoa falha em um ou mais desses
testes, os quais geralmente ocorrem em grupos de três.

 Encontro com a deusa → Esse é o ponto no qual a pessoa experimenta um


amor que tem o poder e a significância do amor todo-poderoso, abrangente,
incondicional que uma criança bem-afortunada pode experimentar com sua
mãe.

 Tentação → Esse passo é sobre aquelas tentações materiais que podem


levar o herói a abandonar ou se desviar de sua missão.

 Liberdade para viver → A maestria leva à liberdade do medo da morte, o


que por sua vez é a liberdade para viver. Às vezes refere-se a isso como
viver o momento, sem antecipar nem se arrepender do passado.

 Mestre de dois mundos → Alcançar um equilíbrio entre o material e o


espiritual (o mundo interno e externo).

 Cruzando o limiar do retorno → Mantendo a sabedoria adquirida na missão,


integrando aquela sabedoria a uma vida humana, e possivelmente
compartilhando a sabedoria com o resto do mundo.

 Resgate vindo de fora → Frequentemente, o herói precisa de um guia


poderoso para trazê-lo de volta à vida cotidiana, especialmente se a pessoa
tiver sido ferida ou enfraquecida pela experiência.

Retorno

 Voo mágico → Às vezes o herói deve escapar com a benção. Voltar da


jornada pode ser tão cheio de aventura e perigoso quanto foi o caminho de
ida.

 Negação da volta → Tendo encontrado bem-aventurança e esclarecimento


no outro mundo, o herói pode não querer retornar ao mundo comum para
conceder a benção a seus semelhantes.
67

 A benção definitiva → A benção definitiva é alcançar o objetivo da missão.


É o motivo para a pessoa ter embarcado na jornada. Todos os passos
anteriores servem para preparar e purificar a pessoa para esse passo.

 Apoteose → Quando alguém morre uma morte física, ou morre para o eu


para viver em espírito, ele ou ela se move além dos pares de opostos para
um estado de conhecimento, amor, compaixão e bem-aventurança divinos.

 Redenção com o Pai → Nesse passo, a pessoa deve confrontar e ser


iniciada pelo que quer que detenha o poder definitivo em sua vida. Em
muitos mitos e histórias, é o pai, ou uma figura paterna, que tem o poder de
vida e morte. Esse é o ponto central da jornada.

Infográfico do monomito

Fonte: Elaborado a partir de O herói de mil faces


68

A estrutura do monomito, explicitada pelo infográfico, é estabelecida pelo


mitólogo na primeira parte de O herói de mil faces e trata do percurso que ele
denomina a aventura do herói. A tese defendida por Campbell (2000) é a de
que todos os mitos seguem essa estrutura em algum grau. Ele cita vários
exemplos de narrativas míticas, como Prometeu, Osíris, Buda e Jesus Cristo, e
afirma que essas narrativas seguem esse paradigma quase exatamente. Por
exemplo, enquanto a Odisseia apresenta repetições frequentes na iniciação, o
conto da Gata Borralheira ou Cinderela segue a mesma estrutura um tanto
mais livremente.

Como um conceito aplicado à narratologia, o termo monomito aparece


pela primeira vez em 1949, em O herói de mil faces. Sem ter a intenção de
explicitar detalhadamente do que trata a narratologia, exponho sinteticamente o
que significa essa área de conhecimento e qual a ligação de Campbell com ela.

A narratologia é o estudo das narrativas ficcionais e não-ficcionais por


meio de suas estruturas e elementos. O termo foi introduzido por Tzvetan
Todorov (1982) em A gramática do Decameron, publicado originalmente em
1969. Tal como o linguista pretende estabelecer uma gramática descritiva da
língua, o narratologista tem como propósito descrever o funcionamento da
narrativa e demonstrar os seus mecanismos, ou seja, criar a gramática dos
textos narrativos; examinar o que as narrativas têm de comum entre si e aquilo
que as distingue como narrativas.

A narratologia se consolidou como uma área de conhecimento por


teóricos franceses, como Roland Barthes e pela Escola Formalista Russa, de
Algirdas Julius Greimas, Vladimir Propp, entre outros, além de estudiosos como
o italiano Umberto Eco. Influenciada pelos estruturalistas, que adaptam
métodos das chamadas ciências exatas às humanidades, a narratologia
apresenta como característica marcante a busca por paradigmas, estruturas e
repetições entre as diferentes obras analisadas, apesar de considerar os
diferentes contextos históricos e culturais em que foram produzidas. Como tem
por objeto de análise as narrativas escritas ou orais, a narratologia é uma
ciência aparentada com a análise do discurso, outra área de estudo também
estruturalista.
69

Joseph Campbell se tornou um teórico bastante adotado pelos estudos


da narratologia. Em O herói de mil faces (2000), introduz o conceito de
monomito – adaptado de Joyce, conforme explicitei anteriormente –, segundo o
qual todos os mitos fundadores das diversas culturas são variações de um
mesmo número de imagens arquétipicas universais. As bases principais de seu
estudo podem ser encontradas em outras teorias, como os estudos do
inconsciente de Freud, mas sobretudo de inconsciente coletivo de Jung; em
estudiosos da cultura indiana, como Heinrich Zimmer, que teve parte de sua
obra editada postumamente por Campbell; e o historiador de arte indiano,
Ananda Kentish Coomaraswami, dentre outros.

Após a publicação de O herói de mil faces, Campbell passa a dedicar-se


a estudos de caráter histórico, observando o modo como as imagens universais
emanadas dos mitos ganham versões específicas em diversas culturas. Esse
trabalho, de grande erudição, é publicado sob o título As máscaras de Deus,
em quatro volumes, já mencionados nesta tese.

Conferências Eranos

Durante alguns anos, Campbell fez parte das Conferências Eranos, um


importante encontro anual ocorrido em Ascona, Suiça, que congregou os
maiores intelectuais de diferentes orientações do pensamento do século 20,
que se dedicavam aos estudos da espiritualidade. Especialistas de diversas
áreas da ciência, pensadores das psicologias profundas, como a psicanálise e
a psicologia analítica; estudiosos de religião e mitologia comparada;
epistemólogos das ciências naturais, como a física, a química e a biologia,
marcaram presença nas Conferências Eranos que duravam uma semana a
cada encontro. Durante cada Conferência, os participantes realizavam suas
atividades em conjunto. A convivência acontecia de forma intensa e comunal,
na qual os pensadores exerciam abertamente o diálogo e o debate.

As Conferências Eranos foram fundadas pela inglesa Olga Froebe-


Kapteyn (1881-1962) e tiveram início em 1933. Ocorriam anualmente na
propriedade da fundadora, às margens do Lago Maggiore, na Suíça. O nome
Eranos deriva do grego que significa banquete – “comida em comum”, e foi
70

sugerido pelo teólogo alemão Rudolf Otto (1869-1937). O encontro não tinha
um anfitrião a prover os convidados; a tônica era todos contribuírem com o seu
alimento – as ideias.

Em À propos des Conférences Eranos, Henry Corbin e Mircea Eliade


(1968) falam com detalhes sobre a dinâmica e os pensadores que fizeram
parte da cultura científica e humanística desses encontros, listando os
convidados que participaram de 1933 a 1968.

Essas reuniões podem ser compreendidas como um ponto de encontro


entre o Ocidente e o Oriente. A lista de conferencistas que marcaram presença
desde 1933 é extensa, mas podemos destacar alguns pensadores: os físicos
Erwin Shrödinger, Niels Bohr, Wolfgang Ernst Pauli e Max Knoll; os estudiosos
de religião e mitologia Joseph Campbell, Mircea Eliade, Heinrich Zimmer,
Henry Corbin, Rudolf Otto, Karl Kerényi, Gerardus van der Leeuw, Andrés
Ortiz-Osés, Richard Wilhelm, Giuseppe Tucci, Henri-Charles Puech, Raffaele
Pettazzoni, Alain Danielou; os psicólogos analíticos Carl Gustav Jung, Marie
Louise von Franz, James Hillman, Erich Neumann. Participaram também outros
estudiosos de campos distintos e complementares, como Gilbert Durand,
estudioso de arquetipologia geral e hermenêutica dos símbolos; Gilles Quispel,
pesquisador dos estudos gnósticos; Paul Tillich, da teologia e filosofia cristã; D.
T. Suzuki, do zen budismo; Gershom Scholem, estudioso do misticismo
judaico; os biólogos Adolf Portmann e Jakob von Uexküll (biossemiótica) e
Herbert Read, estudioso de história da arte67.

Sala Eranos

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

67
CORBIN; ELIADE, 1968, tradução minha.
71

Carl Gustav Jung nas Conferências Eranos

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Dada a diversidade de pensamento, não é possível designar os


encontros de Eranos como uma escola, embora tenha havido uma intensa
troca e a partilha de questões em comum, como a hermenêutica dos símbolos
e os fundamentos epistemológicos da ciência. A cada ano um novo tema era
proposto; cada participante dispunha de duas horas para apresentar suas
ideias e sua contribuição ao banquete.

Em 1957, Campbell profere sua primeira conferência em Eranos sobre O


símbolo sem sentido. Em 1953 é nomeado editor dos artigos dos Anuários
Eranos: Espírito e natureza (1953), Os mistérios (1955), Homem e tempo
(1957), Disciplinas espirituais (1960), Homem e transformação (1964), A visão
mítica (1968). O conjunto dos seis Anuários reúne os temas centrais das
palestras realizadas anualmente nas Conferências Eranos por cientistas
convidados dos continentes europeu, asiático e americano e versam sobre
filosofia, religião, etnologia, psicologia, ciências naturais e arte. Os Anuários
foram editados originalmente por Olga Froebe-Kapteyn. As imagens, a seguir,
apresentam as capas dos seis Anuários editados por Campbell nos Estados
Unidos.
72

Anuários Eranos editados por Joseph Campbell


Espírito e natureza (1953), Os mistérios (1955), Homem e tempo (1957), Disciplinas espirituais
(1960), Homem e transformação (1964), A visão mítica (1968)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)


73

Entre as obras importantes de Joseph Campbell, destacam-se os quatro


volumes da série As máscaras de Deus – mitologia primitiva, mitologia oriental,
mitologia ocidental e mitologia criativa; A imagem mítica; As transformações do
mito através do tempo; a organização de artigos do livro Mitos, sonhos e
religião e O voo do pássaro selvagem, coletânea de ensaios sobre a
universalidade dos mitos também são outras obras de importância.

Em 30 de outubro de 1987, depois de uma luta breve contra o câncer,


Campbell faleceu aos 83 anos, em Honolulu, Havaí. Morria uma das maiores
autoridades em mitologia comparada do século 20. Plenamente encarnado no
tempo, vivaz, encantador e cheio de entusiasmo pelo grande mistério do Ser,
Campbell abraçou a morte antes que sua obra fosse de conhecimento do
grande público, o que só aconteceu por meio da televisão quando foram
transmitidas as entrevistas Joseph Campbell e o poder do mito, com Bill
Moyers68, conforme já mencionei na introdução desta tese.

Logo após a sua morte, Robert Walter, atual diretor executivo e


presidente da Fundação Joseph Campbell nos Estados Unidos e responsável
pela supervisão das publicações dos textos inéditos de Campbell, deu
continuidade às jornadas mitológicas que ele realizou durante algumas
décadas no Instituto Esalen69, na Califórnia, Estados Unidos.

Estima-se que, ao longo de quarenta anos de existência do Instituto


Esalen, mais de trezentas mil pessoas de todo o mundo participaram dos
encontros que estudam e discutem temas relacionados ao corpo, à mente e ao
espírito. Para além de uma formação conteudista, os frequentadores do Esalen
não têm como meta tornarem-se mais fortes e mais velozes. O objetivo é
primar por experiências mais profundas, mais ricas, mais duradouras.

A própria palavra Esalen evoca visões de aventura, de fronteiras


inexploradas, de possibilidades humanas a serem realizadas. Localizado em
Big Sur, região situada no centro da Califórnia, esse Instituto é descrito como
um lugar de terra fértil, esculpida entre a montanha e o mar.

68
KENNEDY, 2003.
69
O Instituto Esalen é uma organização sem fins lucrativos de natureza educacional
multidisciplinar. Seu foco é ministrar cursos, seminários e promover práticas vivenciais que
estão ausentes da formação institucional universitária, tais como meditação, massagem, yoga,
espiritualidade, ecologia, psicologia, artes, música, entre outras.
74

Alimentados pelos ideários que ecoam da obra de Joseph Campbell, os


visitantes do lugar praticam a experiência da liberdade intelectual e consideram
como valores fundamentais um conhecimento e um pensamento contaminados
pela espiritualidade e pelos afetos. Com isso, procuram ultrapassar os limites
atuais da academia convencional. Eles frequentam o Esalen para descobrir a
sabedoria antiga no movimento do corpo, a poesia na pulsação do sangue e
redescobrir o milagre da autoconsciência. Vêm de longe inspirados na precisão
de um desejo de aprender e continuar aprendendo por toda a vida.

Paternidades teóricas

Vários pensadores, literatos e artistas influenciaram as ideias e a obra


de Joseph Campbell. Entre eles, James Joyce teve uma grande influência na
vida intelectual do autor. O primeiro livro que destacou Campbell foi A skeleton
key to Finnegans Wake [Uma chave interpretativa para o Finnegans Wake],
escrito em parceria com Henry Morton Robinson. A repercussão desse livro
junto ao universo acadêmico e o interesse do público ofereceram alento para
Campbell preparar outras obras. O livro faz uma análise crítica da obra
Finnegans Wake e é considerado o primeiro grande estudo sobre o complexo
romance de Joyce.

Quando Finnegans Wake foi lançado, em 1939, eu já havia tido a


oportunidade de ver esse livro em Paris, em uma primeira versão
intitulada Work in progress [Obra em processo] que aparecera na
revista de Emile Jolas. Fiquei fascinado com aquele material, que
significou muito para mim. Quando o livro saiu, imediatamente
comprei um exemplar e passei um fim de semana devorando-o.
Foi uma grande experiência ler o Finnegans Wake estando
razoavelmente pronto para ele. Na época em que eu praticava
corrida na Universidade de Columbia, conheci um jovem professor
chamado Henry Morton Robinson, que costumava vir jogar bola
conosco. Eu já o conhecia havia muitos anos quando, em plena
Depressão, fui para Woodstock e encontrei Rondo – como nós o
chamávamos – sem emprego, com uma família, lutando para
viver. Finalmente ele conseguiu um emprego no Reader’s Digest
escrevendo três ou quatro artigos por mês como ghostwriter
[escritor fantasma]. Ele era, portanto, um verdadeiro escritor
profissional. Um dia, esse cara apareceu vindo de Woodstock para
o jantar – eu e Jean, ele e a mulher dele. Durante o jantar ele
75

disse: “Como está indo com o Finnegans Wake?”, e eu respondi.


“Ótimo”. Então ele falou: “Alguém tem de escrever uma chave
interpretativa dessa coisa e bem que poderíamos ser você e eu”.
Eu respondi: “Ah, deixa disso!” E ele: “Vamos! Vamos fazer isso
nós mesmos!”. Combinamos que faríamos uma introdução. Eu
mergulhei logo no texto e comecei a destrinchá-lo, e escrevi cerca
de quarenta páginas. Quando levei o material a Robinson ele
disse: “Pelo amor de Deus, o que é que você vai fazer, a
Enciclopédia Britânica?”. Quando mostrei a ele o meu primeiro
texto do livro, ele me disse: “Joe, é engraçado, mas tudo parece
estar de cabeça para baixo. Você diz no final do texto o que
deveria ter dito no começo, e isso é válido também para cada
parágrafo e praticamente para cada sentença”. Naquela noite fui
para casa pensando no que ele dissera: “Eis o porquê disso: eu
me formei acadêmico, escrevendo para acadêmicos, ou querendo
escrever para eles. Esse tipo de pessoa sempre diz o que outro
cara disse sobre o tema e depois o chutam com uma sentença;
depois, dizem o que outra pessoa disse e o chutam com uma
sentença; depois contam todas as dificuldades que tiveram até
descobrir a sua tese. Essa é uma maneira de escrever. Meu
amigo Robinson disse: “Escute, quando você está escrevendo
para pessoas civilizadas, você é a autoridade. Diga a elas logo no
início o que você pensa. O que você disser depois ilustrará isso.
Elas compreenderão a ideia primeiro, e depois saberão por que
você está escrevendo todo o resto”. Esse conselho me esclareceu
muito. Mas me privou de grande parte do, como direi?, prestígio
acadêmico. É isso o que o torna um escritor “popular”, e não um
escritor erudito. Trabalhamos nesse livro acho que por uns cinco
anos. E, naturalmente, quando o terminamos ninguém queria
saber dele. Estávamos decididos a editá-lo nós mesmos, pois o
havíamos mandado à editora Harcourt Brace, que estava
lançando as obras de Joyce, mas eles o devolveram.70

70
CAMPBELL, 2003, p. 146-148, e passim.
76

Capa do livro A skeleton key to Capa atual do mesmo livro


Finnegans wake, 1943

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Sigmund Freud também marcaria presença nas interpretações de


Campbell. Profundo estudioso da psique humana, no início do século 20, Freud
retomou e explicou a relação dos mitos com a personalidade do homem,
alertando para a sua importância.

Posteriormente, os estudos de Freud foram retomados e ampliados por


Carl Gustav Jung e Campbell, que formularam teorias para explicar a ligação
entre os mitos e a personalidade humana. Em entrevista concedida a Michael
Toms, Campbell (1990) confirma que tanto Freud quanto Jung exerceram
influências nas suas reflexões acerca dos mitos:
77

Quando eu era estudante na Alemanha – isso foi em 1928-29 –


descobri os trabalhos de Freud e Jung, que abriram uma
dimensão psicológica para o campo da mitologia. De repente eu
compreendi porque o assunto era interessante para mim, e vários
novos mistérios e maravilhas surgiram. Jung não era muito
conhecido nos Estados Unidos àquela época. Eu acho que
existiam duas pequenas traduções do seu trabalho. Freud, é claro,
era bem conhecido. Só que eu não havia sido estudante de
psicologia, então esses homens começaram a me informar sobre
um aspecto do meu próprio tema. Eu agora vi que um aspecto do
assunto é o mistério psicológico e o outro aspecto é histórico e
etnográfico. Então, no lado psicológico, esses dois homens estão
presentes em meu pensamento. Quando eu escrevi O herói de mil
faces, eles eram iguais em meu pensamento: Freud foi útil em um
aspecto; Jung em outro. Mas, nos anos seguintes, Jung se tornou
mais e mais eloquente para mim. Eu acho que quanto mais você
vive, mais Jung pode dizer para você. Eu volto aos seus escritos
muito frequentemente, e coisas que eu havia lido antes sempre
dizem algo novo. Freud não me diz mais algo novo; Freud nos diz
o que os mitos significam para os neuróticos. Por outro lado, Jung
nos fornece pistas sobre como deixar que o mito fale conosco em
seus próprios termos, sem colocar uma fórmula nele. Eu leio Jung
desde 1928, e isso é um encanto longo. Como eu digo, ele traz
mais e mais para mim. Mas ele não é a palavra final – eu não
acho que exista uma palavra final; entretanto, seu trabalho abriu
possibilidades e panoramas.71

A admiração do mitólogo por Jung vai além do campo profissional. Os


dois se conheceram na Europa em 1954, quando Campbell e sua esposa
foram recebidos pelo casal Jung em sua residência nos arredores de Zurique.
Fragmentos desse encontro são relatados por ele em várias entrevistas72,
como o excerto a seguir:

Há muitos anos, em 1954, tive o grande prazer de ser convidado,


com minha mulher, para um chá com o doutor Jung e a senhora
Jung. Foi na casa dele, em um lugar fora de Zurique chamado
Bollingen, que deu nome à Fundação Bollingen. Fica na
extremidade do lago de Zurique. Ficamos hospedados em um
hotelzinho encantador que tinha vista para esse pedaço da região.
Quando chegou a hora de ir à casa dos Jung, entrei no meu carro
e tomei a estrada, procurando Bollingen. Dirigi durante umas duas
milhas e resolvemos perguntar a uns camponeses que estavam
perto da estrada: “Por favor, onde fica Bollingen?” “Bollingen é

71
CAMPBELL, 1990, tradução minha.
72
CAMPBELL, 1990; 2003.
78

aqui ao longo do lago”. E foi assim que finalmente chegamos ao


lugar onde havia uma estradinha lateral. Seguimos por ela e
cruzamos uma linha de trem. Os trens suíços são silenciosos e
velozes e mal havíamos cruzado a linha o trem passou bem atrás
de nós. Subimos até o lugar onde ficava o castelinho erigido por
Jung com suas próprias mãos, um castelo de pedra que fazia
parte da obra empreendida por ele para descobrir qual era a sua
mitologia particular. Descemos do carro e começamos a subir pela
trilha, mas tanta gente já havia passado por ali que a trilha estava
demasiadamente gasta para indicar o caminho para a porta da
casa. Eu não sabia como entrar. Jean acabou por descobrir a
campainha e tocou-a. Entramos e fomos saudados pelo Dr. Jung e
sua mulher. Tomamos chá com ele e eis o caráter do homem:
“nada de senhor, professor, doutor”. Era simplesmente um
anfitrião encantador. Não tive problema algum com ele, pois
naquela época eu já havia publicado quatro volumes da obra de
Heinrich Zimmer; Jung era amigo de Zimmer e publicara uma de
suas obras em alemão. Éramos então coeditores, por assim dizer,
das obras de Zimmer. Jung era uma pessoa maravilhosa de se
estar junto. Isso é tudo o que posso dizer dele.73

Campbell afirma ainda que Jung “era um homem esplêndido. Nós não
falávamos sobre assuntos nos quais ele era uma autoridade. Ele era um
grande homem e sua esposa me diz que os olhos dele eram muito atraentes” 74.
Quando Michael Toms interroga Campbell sobre se a psicologia junguiana
comportava mais abertura de interpretações do que outras formas mais
tradicionais, ele responde:

Para algumas pessoas, a palavra junguiano assume uma


conotação ruim; e ela tem sido atirada contra mim por certos
críticos como se dissessem: “Não se preocupem com Joe
Campbell; ele é um junguiano”. Eu não sou um junguiano! No que
diz respeito a interpretar mitos, Jung me dá as melhores dicas que
eu tenho. Mas eu tenho muito mais interesse em difusão e em
relacionamentos historicamente do que Jung tinha, de modo que
os junguianos me veem como um tipo de pessoa questionável. Eu
não uso frequentemente aquelas fórmulas de palavras em minhas
interpretações de mitos, mas Jung me dá o pano de fundo a partir
do qual deixa o mito falar comigo.75

73
CAMPBELL, 2003, p. 79-80.
74
CAMPBELL, 1990, tradução minha.
75
CAMPBELL, 1990, tradução minha.
79

Foi com base nos estudos de Freud e Jung que Campbell (2003) chegou
a afirmar que os mitos são uma forma de o ser humano exteriorizar o seu
inconsciente, tentando, por meio dele, buscar respostas para questões
universais que o perseguem desde o seu surgimento. Questões fundamentais
como: Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou quando morrer? O que é o
bem e o que é o mal? Como será o futuro? O que aconteceu no passado?
Deus existe? O que é a morte? O conhecimento científico mantém essas
indagações como metaquestões inexplicáveis, mas para elas, há muito tempo,
os mitos já haviam formulado suas explicações.

O antropólogo e médico alemão Adolf Bastian (1826-1905) também


influenciou significativamente a obra de Campbell no que diz respeito às
interpretações das recorrências temáticas nos mitos. Para Campbell (1990;
2003), Bastian foi o primeiro a perceber que, com muito poucas exceções,
existem temas que ocorrem em todas as mitologias e em todas as religiões do
mundo.

De onde vêm os temas? Eles não vêm do mundo factual; vêm da psique,
assim como os contos de fada; por isso, os chamou de ideias elementares.
Bastian observou também que, em diferentes áreas da humanidade, os temas
aparecem com inflexões diferentes, de acordo com o lugar e a época. A esses
temas ele deu o nome de ideias étnicas ou populares.

Segundo Campbell (1990), a expressão ideia popular é um problema


histórico. Isso porque temos uma forma aqui e outra forma em diferente região
do mundo, mas “a ideia elementar é uma ideia psicológica muito profunda”. Na
Índia existem duas palavras que se referem a dois aspectos da mitologia: desi,
que significa local ou provincial; e marga, que significa o caminho. Ao se livrar
da inflexão local, histórica, a pessoa vem para a ideia elementar que é o
caminho para o mais íntimo, a parte mais profunda do próprio coração, afirma o
mitólogo. “A palavra marga vem da raiz da palavra que significa o rastro ou o
caminho de um animal. Então você segue o animal do guia espiritual para a
sua própria introspecção. É para isso que os mitos são bons. E todas as
grandes tradições falam, convergem para o mesmo ponto” 76.

76
CAMPBELL, 1990; 2010.
80

Ao defender a unidade psíquica da humanidade, Bastian propôs um


projeto, para desenvolver a longo prazo, de uma ciência da cultura humana e
da consciência baseada nesse conceito. Argumentou que os atos mentais de
todas as pessoas, em todos os lugares do planeta, são produtos dos
mecanismos fisiológicos característicos da espécie humana – o que hoje
poderíamos chamar de carga genética sobre a organização e o funcionamento
do sistema neuroendócrino humano. Cada mente humana herda um
complemento específico da espécie – ideias elementares – e, portanto, as
mentes de todos os homens, independentemente da sua raça ou cultura,
funcionam da mesma maneira.

De acordo com Bastian, as contingências da localização geográfica e


histórica criaram diferentes elaborações locais das ideias elementares; que se
desdobram em ideias populares. Foi assim que ele propôs um princípio
genético legal pelo qual as sociedades desenvolvem-se ao longo de sua
história, exibindo desde instituições socioculturais simples até tornarem-se
cada vez mais complexas na sua organização. Por meio da acumulação de
dados etnográficos, pode-se estudar as leis psicológicas do desenvolvimento
mental, como elas se manifestam em diversas regiões e sob diferentes
condições. Embora se esteja falando com informantes individuais, Bastian
defende que o objeto da investigação não é o estudo do indivíduo em si, mas
sim as ideias populares ou a mente coletiva de um povo em particular.

Para Campbell, por conseguinte, quanto mais se estuda vários povos,


mais se vê que as ideias populares historicamente condicionadas são de
importância secundária em comparação com as ideias elementares
universais77. O indivíduo é como a célula de um organismo, um animal social,
cuja mente – suas ideias populares – é influenciada pelo seu contexto
sociocultural, e as ideias elementares são o fundamento de onde essas ideias
populares se desenvolvem.

A partir dessa perspectiva, o grupo social tem um tipo de espírito de


grupo, uma alma social, no qual a mente individual é incorporada. Bastian
acreditava que as ideias elementares são cientificamente reconstruídas a partir
das ideias populares, como várias formas de representações coletivas.
77
CAMPBELL, 2004, p. 40.
81

No primeiro volume de As máscaras de Deus: mitologia primitiva,


Campbell (2000) constroi um argumento contextual importante a esse respeito.
Afirma que “a ideia de arquétipos de Jung é o desenvolvimento da teoria
anterior de Adolf Bastian que reconheceu, no curso de suas longas viagens, a
uniformidade do que ele denominou de ideias elementares da humanidade”.
Afirma também que, “nos vários campos da cultura, tais ideias são
diferentemente articuladas e elaboradas”, e que Bastian cunhou o termo ideias
étnicas para as manifestações reais e locais78.

Adolf Bastian reconheceu que os mesmos símbolos mitológicos


aparecem no mundo todo: morte e ressurreição, nascimentos
virginais, terras prometidas e tudo o mais. Ele chamava de ideias
elementares. Carl Jung, psiquiatra suíço, se aprofundou nessa
descoberta, fazendo a importante pergunta psicológica: “O que há
na psique humana que sustenta e permite que todos esses
símbolos e motivos sejam encontrados no mundo todo?” Foi Jung
que os chamou de imagens arquetípicas, em que arche tem o
sentido de um tipo que tudo abrange, encontrado em todo lugar.79

Para Campbell, as ideias elementares de Bastian e os arquétipos do


inconsciente coletivo de Jung “são os poderes motivadores biologicamente
arraigados e as referências conotadas para as mitologias que, lançados nas
metáforas de períodos históricos e culturais distintos, conseguem permanecer
constantes”80. Em entrevista concedida a Fraser Boa, Campbell (2004) afirma
que

um exemplo típico do arquétipo na mitologia é a ideia elementar


que aparece nas diferentes formas populares e nas diferentes
tradições do Cristo e do Buda. Cada uma é uma personificação de
um princípio que forma nossa vida. São Paulo diz: “Eu vivo agora.
Não eu, mas o Cristo em mim.” Isso significa: “Sou motivado pelo
princípio de Cristo”. Os budas dizem: “Todas as coisas são Buda;
tudo é Buda”. São Paulo sabia que ele era um Buda e vivia a partir
desse centro.81

78
CAMPBELL, 2000, p. 40.
79
CAMPBELL, 2004, p. 99.
80
CAMPBELL, 2003, p. 30.
81
CAMPBELL, 2004, p. 99.
82

Se a metáfora é a língua nativa do mito, então podemos afirmar que “a


vida de uma mitologia surge e depende do vigor metafórico de seus símbolos.
Estes transmitem mais do que um mero conceito intelectual uma vez que, pelo
seu caráter interior, eles proporcionam um sentido de participação real na
percepção da transcendência”. Dessa forma, “o símbolo, energizado pela
metafóra, transmite não só uma ideia do infinito, mas certa percepção dele” 82.

Os escritos de Arthur Schopenhauer (1788-1860) também tiveram


influência no conjunto da obra de Campbell. Em várias passagens dos seus
livros ele comenta sobre as ideias do filósofo alemão. Como sabemos, o
pensamento de Schopenhauer apresenta como característica principal o não
encaixe nos grandes sistemas filosóficos da época em que viveu, uma vez que
ele foi o responsável pela introdução do budismo e do pensamento indiano na
metafísica alemã. Suas ideias partem da interpretação de alguns pressupostos
da filosofia kantiana, em especial de sua concepção de fenômeno. Contudo,
Schopenhauer rompe com essa filosofia, uma vez que ela afirma a
impossibilidade da consciência alcançar a realidade não fenomênica83.

É a noção de fenômeno que leva Schopenhauer a postular que o mundo


não é mais do que uma representação, que conta com dois polos inseparáveis:
o objeto, constituído a partir do espaço e do tempo; e a consciência subjetiva a
respeito do mundo, sem a qual este não teria existência. Para o autor do
clássico O mundo como vontade e representação (1819), ao tomar consciência
de si, o homem se experiencia como um ser movido por aspirações e paixões,
que constituem a unidade da vontade, compreendida como o princípio
norteador da vida humana, que corresponde ao substrato último de toda
realidade.

De todos os teóricos que influenciaram a obra de Joseph Campbell,


Heinrich Zimmer ocupa um lugar de destaque. Quando se referia a ele,
Campbell expressava sua admiração pela indólogo e historiador de arte
alemão, falecido em Nova York em 1943, aos 52 anos de idade.

Tal admiração e influência se expressa, por exemplo, no projeto de


edição e compilação de parte da obra de Zimmer por Campbell, uma vez que,

82
CAMPBELL, 2003, p. 29.
83
YALOM, 2006.
83

ao morrer, o historiador alemão deixou parte de sua obra inacabada e inédita.


Em A jornada do herói, Campbell fala do seu sentimento por Heinrich Zimmer e
como o encontrou pela primeira vez:

Meu maravilhoso amigo Heinrich Zimmer. Nunca poderei falar em


demasia sobre ele. O pai dele era um dos maiores eruditos celtas
da geração precedente e Heinrich era um grande hinduísta que
deixou a Alemanha quando Hitler ascendeu. Ele não pode
suportar o que aquilo tudo significava. Veio para cá com a família
e não conseguia arranjar emprego. Naquela época havia poucos
departamentos de estudos orientais nas universidades dos
Estados Unidos. Vocês sabem muito bem como o corpo docente
das universidades quer manter o seu lugar e não suporta
nenhuma competição. Finalmente umas senhoras da Fundação
Jung arranjaram para ele uma sala na Universidade de Columbia,
em cima de uma biblioteca. E ali ele começou a fazer suas
palestras. Eu assisti à primeira palestra e havia somente
quatro pessoas para ouvir Heinrich Zimmer. Ele falou como
se estivesse se dirigindo a uma grande plateia. Era um
magnífico palestrante. Lembro dele dizendo: “Fico feliz que esteja
trabalhando com este material”. Um dos outros quatro presentes
era a bibliotecária da Fundação Jung que arranjara a vinda de
Zimmer. Outro era uma escultora polonesa. No semestre seguinte
foi preciso dar a Zimmer uma sala maior, e no outro semestre ele
conseguiu uma sala enorme. E de repente esse homem morreu.
Teve um resfriado que se transformou em pneumonia. Ninguém
conseguia fazer um diagnóstico correto. Foi um absurdo. De
repente, Zimmer desaparecera. Eu devo tudo a Zimmer. A viúva
dele me pediu que editasse as palestras proferidas por ele na
América e me deu de presente uma estátua de Bodhidrarma do
Japão, que lhe pertencera. E assim eu passei quase doze anos
editando o material de Zimmer e consegui transformá-lo em
quatro magníficos livros.84

O projeto de organização dos manuscritos de Zimmer, abraçado por


Campbell, pode ser visualizado nos títulos a seguir:

84
CAMPBELL, 2003, 153-154, grifos meus.
84

Livros de Heinrich Zimmer completados e editados por Joseph Campbell:


Myths and symbols in Indian art and civilization (1946), The king and the corpse (1948),
Philosophies of India (1951) e The art of India Asia (1955)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)


85

Heinrich Zimmer (1890-1943) fotografado nos anos de 1930

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução).

No prefácio do livro Mitos e símbolos na arte e civilização da índia,


publicado em 1946, Campbell fala com detalhes sobre o processo de
compilação dessa obra de Zimmer. Esse prefácio é datado de 28 de outubro de
1945:

Foi uma perda imensa a morte súbita de Heinrich Zimmer, de


pneumonia, dois anos após sua vinda para os Estados Unidos,
quando se iniciava aquele que certamente seria o mais produtivo
período de sua carreira. Deixou duas caixas contendo anotações e
escritos, como testemunhas de projetos que vinha desenvolvendo
em ritmo acelerado. As conferências então proferidas na
Universidade de Columbia estavam sendo datilografadas,
preparando-se sua posterior transformação em livro; havia um
volume sobre medicina hindu, semi-acabado, uma introdução
esboçada ao estudo do sânscrito, e fora principiada uma obra
popular sobre mitologia. Anotações em alemão, inglês, sânscrito e
francês foram encontradas em meio aos livros de sua biblioteca e
arquivos, sugerindo artigo a serem escritos, pesquisas a serem
concluídas, e até mesmo viagens que o levariam a locais
específicos da Índia, quando a guerra acabasse. Tendo se
86

adaptado com rapidez ao estilo do seu novo país, estava ansioso


por contribuir para o seu patrimônio intelectual. Mal começara a
situar-se, no entanto, quando passou subitamente da plena
atividade para a morte, em apenas sete dias. A tarefa de resgatar
do esquecimento a maior parte possível do seu trabalho,
abruptamente interrompido, foi assumida de imediato. MITOS E
SÍMBOLOS NA ARTE E CIVILIZAÇÃO DA ÍNDIA (sic) é a
reelaboração de uma série de conferências pronunciadas na
Universidade de Columbia durante o inverno de 1942. As notas
datilografadas foram complementadas com mais detalhes, em sala
de aula, por alocuções improvisadas e ilustradas por mais de
duzentos slides. Transformar essas palestras em livro exigiu um
considerável trabalho: reescreveu-se, reordenou-se, houve
reduções e acréscimos. Lembranças de conversas havidas com o
Dr. Zimmer foram de ajuda inestimável nessa reconstituição. Em
não as havendo, procurei a ajuda das autoridades que ele mais
respeitava. Como não havia, para o Dr. Zimmer, necessidade de
completar seus escritos particulares com as anotações, créditos e
referências necessárias à publicação de um livro, o compilador
precisou enfrentar a complicada tarefa de descobrir as fontes dos
numerosos mitos e ilustrações.85

Por fim, mas não menos importante, é a influência de Thomas Mann.


Escutemos o próprio Campbell falar sobre a importância desse autor em sua
vida pessoal e intelectual:

Em minha vida, aprendi muito lendo Thomas Mann e James


Joyce, que aplicaram temas mitológicos básicos à interpretação
dos problemas, questões, realizações e preocupações do jovem
em estágio de crescimento, no mundo moderno. Você pode
descobrir os seus próprios motivos de orientação mitológica nos
livros de um bom romancista que, por sua vez, compreenda essas
coisas.86

85
CAMPBELL, 1989, p. 5-6.
86
CAMPBELL, 1998, p. 152.
87

Sinopses das obras de Campbell de maior divulgação no Brasil

Joseph Campbell escreveu, organizou e editou mais de duas dezenas


de livros. Vejamos alguns deles:

O herói de mil faces é a obra mais conhecida e difundida de Campbell.


Nela, o autor procura elucidar a figura do herói. O relacionamento entre os seus
símbolos intemporais e os símbolos detectados nos sonhos pela moderna
psicologia profunda é o ponto de partida oferecida por Campbell. Nesse estudo
do mito do herói, ele apresenta a existência de um monomito (ideia-matriz
emprestada de James Joyce), um modelo universal que é a essência comum a
todas as narrativas heroicas das culturas humanas. Além de delinear os
estágios básicos do ciclo mítico, o autor explora as variações comuns da
jornada do herói que, segundo ele, é uma metáfora importante, não apenas de
um indivíduo, mas também de uma cultura como um todo.

Mitologia na vida moderna reúne dez ensaios produzidos entre 1959 e


1987, ou seja, no auge de sua carreira. Abrangentes e rigorosos, os escritos
exploram o mito em várias dimensões: sua história, influência sobre a arte,
literatura e cultura, e seu papel na vida moderna. Os argumentos apresentados
e desenvolvidos nos ensaios revelam os fios do mito profundamente
entrelaçados no tecido da cultura e da vida humana. Reunidos postumamente,
a seleção e edição coube a Antony van Couvering.

A imagem mítica é uma análise da unicidade da existência e da


espiritualidade humanas, evidenciada, sobretudo, por meio do estudo
comparativo da imagística onírica e da mitologia do Oriente e do Ocidente.

As máscaras de Deus: mitologia primitiva é o primeiro volume, de uma


série de quatro, daquela que é a obra monumental de Joseph Campbell.
Contém uma abordagem dos mitos dos povos caçadores e coletores.

As máscaras de Deus: mitologia oriental, o segundo volume, apresenta


um estudo da mitologia oriental, sobretudo dos mitos que se desenvolveram no
Egito, na China, no Tibete e no Japão.

As máscaras de Deus: mitologia ocidental, terceiro volume, compara


temas mitológicos que aparecem na arte, no rito e na literatura do mundo
ocidental.
88

As máscaras de Deus: mitologia criativa, quarto e último volume da


tetralogia, lida com a esfera filosófica, espiritual e artística da cultura moderna,
em que o homem é o criador de sua própria mitologia. Ao terminar de escrever
esse livro Campbell declarou em entrevista:

É um livro que trata do que eu chamo de mitologia criativa. Na


mitologia tradicional, à qual os três primeiros volumes são
dedicados – a primitiva, a oriental e a ocidental – os símbolos
mitológicos são herdados pela tradição e o indivíduo passa pelas
experiências como planejado. Um artista criativo trabalha de
maneira inversa. Ele passa por uma experiência de alguma
profundidade ou qualidade e procura as imagens com as quais
representá-la. É o caminho inverso. Por isso o título do livro é
Mitologia Criativa. Ele trata do primeiro problema que é a
experiência estética, que eu chamo de “apreensão estética”, e
então apresento uma análise da tradição imagética que os artistas
modernos europeus herdaram. Temos a antiga tradição da Idade
do Bronze; temos as tradições semita e hebraica; temos as
tradições clássicas gregas. Também temos as tradições dos cultos
de mistério e a tradição gnóstica; temos a tradição muçulmana,
que era muito forte na Idade Média; temos a tradição celta e
germânica e assim por diante. Esse é todo o vocabulário; é um
tesouro maravilhoso no qual o artista vai buscar suas imagens. De
fato, elas vão coagular com ele se ele for um homem meio letrado.
As imagens virão e vão se combinar com o que ele está dizendo.
E eu cito como meu documento principal a tradição da literatura
secular europeia dos séculos XI e XII. Para juntar tudo isso,
peguei a literatura que lidasse com temas comuns. Os dois temas
comuns que, para mim, parecem apresentar uma influência
dominante na escritura europeia ocidental são o tema de Tristão e
o do Santo Graal. Começo com um grupo de escritores do fim do
século XII e início do século XIII. Aí apresento ecos deles, primeiro
em Wagner; depois a constelação em volta dele: Schopenhauer e
Nietzsche; e seguindo até, é claro, Mann e Joyce. Então, de
maneira geral, vou e volto com o tema da terra devastada. Esse
conflito entre autoridade e experiência individual é meu tema
principal do começo ao fim. E com ele vem a afirmação do
indivíduo em sua experiência individual que só é possível hoje no
mundo ocidental. Nossa religião foi importada do Levante com seu
autoritarismo e até mesmo com a revolução protestante, que foi
um tipo de triunfo do espírito individualista europeu, ainda
apegado à Bíblia, então você tem que acreditar naquela coisa
estúpida escrita Deus-sabe-quando. Mas a verdadeira literatura
secular se desliga disso. E esse desligamento acontece com o
Graal. É claro que ela começa a florescer justamente na época de
Inocêncio III, o mais autoritário dos autoritários, mas acabou –
parou bem ali, por volta de 1225-1230. A Inquisição é trazida à
89

baila em 1232 e aí temos que esperar. E aí acontece a grande


mudança. É claro que aí tenho que fazer uma ponte. Tenho que ir
do começo ao fim. Mas é incrível o quanto devemos a uns poucos
que fizeram tudo o que temos, que tiveram a coragem de dizer
„vocês estão errados‟. Eles são meus heróis. Mas temos também
uma heroína, a primeira, e é ela quem começa tudo, seu nome é
Heloísa. A Heloísa de Abelardo, ela é a rainha do livro. Em suma,
é isso87.

O conjunto dos quatro volumes de As máscaras de Deus é a


confirmação de um pensamento em que “a unidade da raça humana está não
somente em sua biologia, mas também em sua história espiritual”, conforme
afirmou Campbell em entrevista.

Para viver os mitos discute a permanência, na moderna sociedade


tecnológica, da influência dos mitos que motivaram as sociedades pré-
científicas. Foi baseado em uma série de vinte e cinco palestras proferidas por
Campbell entre os anos de 1958-1971, no Cooper Union Forum, em Nova
York. Segundo Campbell, os temas das palestras desse livro foram propostas
por Johnson Fairchild88.

O poder do mito apresenta uma visão ampla e profunda sobre o mito. O


livro resultou de uma longa conversa com o jornalista Bill Moyers, do qual foi
extraída a minissérie do mesmo nome com seis horas de duração e exibida
pela PBS – Public Broadcasting System, rede de TV Educativa, dos Estados
Unidos, a qual já mencionamos na introdução desta tese. O casamento, os
nascimentos virginais, a trajetória do herói, o sacrifício ritual e os personagens
heroicos do filme Star Wars são tratados de modo original durante a entrevista.

Todos os nomes da deusa conta com a colaboração de Riane Eisler,


Marija Gimbutas e Charles Musès e aborda o tema da Grande Mãe, arquétipo
que configura o princípio feminino doador e nutridor da vida.

As transformações do mito através do tempo é uma coletânea de treze


palestras proferidas por Campbell quase no final de sua vida, abordando, entre
outros, temas como as origens do homem e do mito, o mito dos indígenas

87
CAMPBELL, 1968. The Goodard Journal. vol. 1, n. 4, 9 de junho de 1968. Disponível em:
<http://monomito.wordpress.com>. Acesso em: 03 out. 2007.
88
CAMPBELL, 2003, p. 164.
90

norte-americanos, deusas e deuses no período neolítico, o Egito, o Êxodo e


Osíris.

O voo do pássaro selvagem: ensaios sobre a universalidade dos mitos


traz uma interpretação sobre a universalidade dos mitos, sobre o mistério da
mitologia e a sua importância frente aos desafios com os quais se defronta a
sociedade contemporânea.

Mitos, sonhos e religião nas artes, na filosofia e na vida contemporânea


constitui um conjunto de ensaios de vários pensadores, organizado por
Campbell. Trata-se de textos que se atêm às relações dos sonhos e dos mitos
nas artes, na religião, na filosofia e na vida moderna. Entre os ensaístas que
participam do livro, temos: Alan Watts, autor do clássico O espírito do zen, que
trata sobre o zen-budismo, e o psicoterapeuta Rollo May, conhecido no Brasil
por seu livro A coragem de criar. Completam os ensaios Norman O. Brown,
David L. Miller, John F. Priest, Amos N. Wilder, Stanley Romaine Hopper, Ira
Progoff, Owen Barfield e Richard A. Underwood.
91

MITOLOGIAS
92

O mito na sociedade moderna

O mito é o princípio da vida, a ordem eterna,


a fórmula sagrada para a qual a vida flui
quando esta projeta suas feições para fora
do inconsciente.

Thomas Mann

Os mitos são enunciados fundadores da condição humana e, portanto,


resistem à historicidade da espécie. Encarados, por vezes, como sendo de
pouca importância para a compreensão e a solução da práxis social e
existencial, muitos se perguntam sobre a sua relevância nos dias atuais. Isso
se dá, em parte, devido ao desenvolvimento científico e tecnológico da
sociedade humana e à suposição de que tal desenvolvimento suprime as
narrativas míticas.

Foi, sobretudo, a partir do século 17, com o nascimento das ciências


modernas, quando uma parte do mundo ocidental passa a ser regido pelo
pensamento científico e pela racionalização, que os mitos foram sendo
desclassificados e entendidos como sinônimos de ilusão, superstições e
crenças do passado. A partir daí, a ciência acreditou que o mundo só poderia
ser compreendido por meio dos mecanismos da razão. As narrativas míticas
vão sendo deixadas de lado, pois na mente de um homem racional não deveria
existir lugar para essas divagações “sem lógica”. Esse pecado original que
“impedia” o uso da racionalidade deveria ser expurgado para que triunfasse a
razão89.

Para Campbell, “o desenvolvimento do método científico de pesquisa


transformou a tal ponto a vida humana, que o universo intemporal de símbolos,
há muito herdado, entrou em colapso”90. A cultura moderna colocou sua fé na
ciência de forma privilegiada e, com isso, desqualificou o conhecimento mítico
reduzindo a sua importância, uma vez que, nos últimos três séculos, apesar da
degeneração permanente desse itinerário do pensamento, os mitos ficaram,
praticamente, secundarizados no conjunto das constelações culturais.

89
FARIAS, 2006, p. 25.
90
CAMPBELL, 2000, p. 372.
93

Porém, desde os primórdios, as sociedades humanas criam e recontam


seus mitos, uma forma de explicar, utilizando uma linguagem simbólica, a
cosmogonia, os ciclos da natureza, a condição humana, a vida e a morte.
Todos os povos possuem a sua mitologia, e durante muito tempo os mitos
foram a chave para fornecer ao homem as respostas sobre as perguntas que
insistem em não calar dentro de nós: Por que as coisas são como são? Como
o mundo começou? Como as pessoas foram criadas e por quê? Quando fomos
agraciados com a vida? De onde vieram as estrelas? Quem foram os primeiros
habitantes do mundo em que vivemos? Além de responder a essas dúvidas
antropossociais fundamentais, os mitos orientam também as culturas na
compreensão dos fenômenos da natureza, dos sentimentos, do desconhecido
e das dores da alma. Funcionam ainda como um código de valores sociais a
ser seguido e respeitado.

De acordo com Campbell, toda “mitologia é a organização de narrativas


simbólicas e imagens que são metafóricas das possibilidades da experiência
humana e da sua realização em determinada cultura, em certa época” 91.
Portanto, de forma ampliada, a mitologia configura um corpus de saberes cuja
característica mais forte se expressa pela metáfora e pela construção de
personagens emblemáticos. Na Grécia antiga, por exemplo, os cidadãos
gregos possuíam uma mitologia riquíssima em termos de histórias e
personagens. Hércules, o Minotauro, os deuses do Olimpo são exemplos
dessas narrativas que já foram contadas, recontadas e estudadas ao redor do
mundo infindáveis vezes. As narrativas míticas são reservatórios simbólicos
dos quais jorram imagens arquetípicas que são utilizadas como matéria-prima
por artistas, poetas, escritores, intelectuais e sábios.

Mito e logos

Em Breve história do mito, Karen Armstrong (2005) faz uma distinção


muito clara entre o que vem a ser um mito e o que significa logos. Considero
importante expor o longo argumento da autora para entendermos a importância
que o mito exerce na vida dos homens:

91
CAMPBELL, 2003, p. 166.
94

O grande florescimento da mitologia ocorreu numa época em que


o homo sapiens tornou-se homo necans, “homem matador”, e
considerou muito difícil aceitar as condições de sua existência
num mundo violento. A mitologia muitas vezes deriva de uma
ansiedade profunda relacionada a problemas essencialmente
práticos, que não podem ser mitigados com argumentos
puramente lógicos. Os seres humanos foram capazes de
compensar suas desvantagens físicas desenvolvendo as
faculdades de raciocínio de seu cérebro [...] quando
aperfeiçoavam a capacidade de caça. Inventaram armas,
aprenderam a se organizar em sociedades com o máximo de
eficiência e a trabalhar em equipe. Mesmo neste estágio inicial, o
homo sapiens já desenvolvia o que os gregos chamariam de
logos, o modo de pensar lógico, pragmático e científico que lhe
permitiria atuar com sucesso no mundo. Logos é muito diferente
de pensamento mítico. Ao contrário do mito, o logos deve
corresponder exatamente aos fatos objetivos. Ele é a atividade
mental que empreendemos quando queremos fazer as coisas
acontecerem no ambiente externo: quando organizamos a
sociedade ou desenvolvemos a tecnologia. Ao contrário do mito, é
essencialmente pragmático. Enquanto o mito se volta para o
mundo imaginário do arquétipo sagrado ou para um paraíso
perdido, o logos olha para a frente, tentando constantemente
descobrir algo de novo, refinar conhecimentos anteriores,
apresentar invenções surpreendentes e adquirir maior controle
sobre o ambiente. Contudo, mito e logos têm ambos suas
limitações. No mundo pré-moderno, as pessoas em geral se
davam conta de que mito e razão se complementavam; cada um
existia numa esfera distinta, cada um tinha sua área de
competência específica, e os seres humanos necessitavam
desses dois modos de pensamento. Um mito não explicava ao
caçador como matar uma presa, nem ensinava a organizar uma
expedição bem-sucedida, mas o ajudava a lidar com as emoções
complicadas ligadas à matança de animais. O logos era eficiente,
prático e racional, mas não conseguia responder a questões
relativas ao valor último da vida humana, nem mitigava dor e
sofrimento. Desde o princípio, portanto, o homo sapiens
compreendeu instintivamente que o mito e o logos tinham tarefas
diferentes a desempenhar. Usou o logos para aprimorar
armamentos, e o mito, com seus consequentes rituais, para se
reconciliar com fatos trágicos da vida que ameaçavam sufocá-lo e
o impediam de agir com eficiência.92

Nessa mesma direção, Edgar Morin (1996) afirma que a relação entre
mito e logos pode ser colocada como as duas faces do mesmo pensamento

92
ARMSTRONG, 2005, p. 31-32.
95

humano. Os dispositivos mito-lógicos constituem a face unidual do sapiens-


demens e da cultura.

O pensamento mitológico é carenciado se não for capaz de


aceder à objetividade. O pensamento racional é carenciado se for
cego para o concreto e a subjetividade. O primeiro é desprovido
de imunidade empírica-lógica contra o erro. O segundo é
desprovido do sentido que percebe o singular, o individual, o
comunitário. O mito alimenta, mas confunde o pensamento; a
lógica controla, mas atrofia o pensamento. O pensamento lógico
não consegue vencer o obstáculo da contradição; o pensamento
mitológico vence-o bem demais.93

Para o autor, “os dois modos coexistem, entreajudam-se, estão em


constantes interações como se tivessem uma necessidade permanente um do
outro; podem por vezes confundir-se, mas sempre provisoriamente. Toda
renúncia ao conhecimento empírico/técnico/racional conduziria os humanos à
morte; toda renúncia às suas crenças fundamentais desintegraria a sua
sociedade”94.

Em Complexidade, saberes científicos, saberes da tradição, Maria da


Conceição de Almeida (2010) afirma que, mesmo sem ter a pretensão de
construir uma arqueologia dos dispositivos mitológicos, é importante destacar
que estamos em um momento da história do conhecimento que inaugura uma
relação mais respeitosa entre ciência e mito:

Essas duas formas de representação do mundo são dotadas de


singularidades próprias que configuram trocas, simbioses,
parasitismo, oposições e complementaridades próprias de uma
ecologia dos conhecimentos. Cabe ao mito e às mitologias o papel
de repor o estoque estético e poético da compreensão do
universo, leituras mais imaginativas e abertas capazes de
alimentar uma outra ciência, pautada pela ousadia e pela
incerteza.95

93
MORIN, 1999, p. 164.
94
MORIN, 1999, p. 186.
95
ALMEIDA, 2010, p. 147-148.
96

Almeida (2010) afirma ainda que, “como a arte e a música, o mito pode
ser concebido como uma reserva poético-estética da condição humana” 96 e
lista cinco argumentos importantes que ajudam a construir essa concepção:

1) O mito constitui-se como reservas do imaginário. Não sendo da


ordem da metonímia, o artifício mítico promove, proporciona,
facilita e permite o deslocamento cognitivo do estado prosaico
para o poético. Faz copular prosa e poesia. Injeta poesia na prosa
da vida. Responde pela criatividade e reconstrução de modelos
mentais de compreensão dos fenômenos do mundo, das regras
sociais, da dinâmica dos seres vivos, dos sujeitos humanos e do
mundo real – seja esse real material ou imaterial. O mito é um
apelo que a poesia do espírito faz à prosa da vida cotidiana; 2)
Essa reserva se constitui em mecanismo de resistência à
imputação de sentidos unitários. O dispositivo mítico ordena o
mundo, mas o faz por meio de escalas de classificação, por vezes
mais gerais, por vezes mais específicas, mas sempre
permutáveis. Nesse sentido, ele atua na metamorfose das
operações conceituais e analíticas. Trata-se de uma resistência à
violência cognitiva da cultura da racionalização. Se a cultura é
regra e paradigma, o mito é transgressão simbólica e equivale a
uma pragmática da linguagem compreensiva; 3) O tempo do mito
é outro. Diferentemente do tempo cronológico, o tempo mítico é
ora reversível, ora invariante, ora tempo de sentido e semiótica
afetiva. Não há uma métrica cartesiana, nesse caso. Ciclos,
espirais, triângulos e fragmentos diversos compõem o criativo
relógio do tempo mítico que é, sobretudo, o tempo dos sentidos,
mas também o não-tempo das imagens arquetípicas. As relações
causais parasitam o mito, é certo, mas elas são difusas, mutantes,
complementares, complexas. Nisso, sobretudo, o mito se distingue
de um conhecimento que opera por disjunção ou redução; 4) A
construção mítica é dotada de plasticidade cognitiva. Transpõe
domínios, duplica realidades, opera por bricolagem antropomórfica
e recorre abundantemente às analogias e metáforas como uma
forma de expandir, duplicar, inverter ou deformar as objetividades
do mundo vivido; 5) O mito é uma linguagem de modelização
poética da construção do mundo. Essa modelização contém nas
vísceras a ontologia de uma encantaria, como quer Paes Loureiro.
O mito alimenta a pulsão estética. Não na concepção de estética
como arte, mas na concepção de estética como sentimento de
simpatia universal, como acoplamento sensível do homem com o
mundo, como explicita Edgar Morin em O paradigma perdido.97

96
ALMEIDA, 2010, p. 148.
97
ALMEIDA, 2010, p. 148-149.
97

Ao interrogar-se sobre as origens da razão grega, Jean-Pierre Vernant


(2002) lança uma questão importante: “Quais foram as condições sociais e
psicológicas que permitiram o surgimento, em um cantinho da Ásia Menor
povoado de colonos gregos, de uma nova forma de pensamento?” Ele
pergunta à razão em si que nos explique o que ela é para entender a natureza
e a função do pensamento racional, ou seja, aponta suas próprias armas contra
ele98.

Para Vernant (2002), a razão não pode ser uma espécie de divindade,
como também não pode mais aparecer como um valor absoluto que os homens
teriam ignorado durante muito tempo e que, um belo dia, no século sexto antes
da nossa era cristã, se teria encarnado de uma forma providencial em um povo
eleito, o povo grego, exatamente como, seis séculos depois, o Espírito Santo
teria encarnado milagrosamente em outro povo, os hebreus. Ou seja, os
escolhidos foram os gregos, depois os hebreus.

Ao questionar as origens da razão grega, Vernant (2002) a reintroduz na


história e afirma que podemos tratá-la como um fenômeno humano, logo,
submetida a condições históricas definidas e suas variações, transformações,
diversidade. Razão para o historiador são modos definidos de pensamento,
disciplinas intelectuais, técnicas mentais próprias e campos particulares da
experiência e do saber. Formas diversas de argumentação, de demonstração,
de refutação; modos particulares de inquérito sobre os fatos e de
argumentação das provas; diferentes tipos de verificação experimental. “Essas
formas de pensamento estão igualmente ligadas ao nível técnico do
desenvolvimento da ciência, a todo o instrumento científico que constituem, por
certo, como teorias encarnadas em realidades materiais, mas que questionam
também toda a história técnica e econômica das sociedades humanas” 99.

Segundo Vernant, “a razão aparece imanente à história humana em


todos os níveis; não podemos separá-la dos esforços produzidos e renovados
pelo homem para entender o mundo da natureza e o mundo social. A razão

98
VERNANT, 2002.
99
VERNANT, 2002, p. 192.
98

fabrica e se transforma a si mesma” 100. Ela constrói instrumentos de duas


ordens: técnicos e intelectuais para compreender os fenômenos.

Na medida em que a ciência progride, o equilíbrio entre todos os


níveis de seu edifício, desde o objeto desta ciência até os
princípios diretores da disciplina, encontra-se ameaçado ou
comprometido. Quando os progressos são muito importantes, que
um novo campo do real se revela, todo o sistema deve ser
reestruturado.101

Logo, a razão não pode ser imutável, nem absoluta. Ela vive de crise,
pois o progresso do pensamento racional é o desenvolvimento por crises,
grandes crises e revoluções. Vernant (2002) argumenta que o surgimento da
razão na Grécia se deve também ao estilo e ao funcionamento de sociedade. O
exercício da política com um debate público argumentado, livremente
contraditório, tinha se tornado também o do jogo intelectual, pois “só existe
racionalismo se aceitamos que todas as questões, todos os problemas, sejam
entregues a uma discussão aberta, pública, contraditória”102.

Caso contrário, a verdade se torna um dogma e passa para a esfera do


religioso, que é inquestionável. Vernant apresenta dois tipos de razão: teórica
ou do discurso e a razão experimental da ciência. Vamos por partes.

Razão teórica ou do discurso. Para o autor, a razão grega exprimia-se


essencialmente nos discursos. Era uma razão teórica, imanente à linguagem.
Os pensadores gregos tinham encontrado seus princípios a partir de uma
análise da argumentação oral e das regras que presidem o manejo da
linguagem. Essa lógica do discurso, essa lógica analítica da palavra, perdeu
muito de sua importância e de seu valor, ao menos no que concerne ao
pensamento científico hoje. Não se pode distinguir uma dupla orientação da
razão contemporânea. Ela distanciou-se da língua falada para virar-se para a
linguagem matemática, edificar uma lógica do número e da quantidade, em vez
de uma lógica do conceito e da qualidade; dirigiu-se, contudo, para a

100
VERNANT, 2002, p. 192.
101
VERNANT, 2002, p. 193.
102
VERNANT, 2002, p. 194.
99

observação sistemática dos fatos, a exploração minuciosa do real. Essa dupla


orientação fez da razão uma inteligência experimental 103.

Por sua vez, a razão experimental da ciência é essencialmente


problemática. “Ela só progride por meio dos questionamentos constantes dos
fatos, das teorias e até de seus próprios princípios. Quer se trate do princípio
de causalidade, do princípio de substância, do princípio de identidade, todos
esses princípios são questionados e reinterpretados pelo próprio progresso da
investigação científica”104.

Assim, ao lado das narrativas antigas que eram ouvidas pelas


crianças, estas narrativas que as penetram, que as ensinam a
classificar as coisas, a colocá-las em seu lugar e a situá-las dentro
dessa classificação, ao lado destas narrativas nas quais
acreditam, por conseguinte, de uma maneira que as põe em
conformidade com a ordem social e até mesmo cósmica,
desenvolve-se um tipo de atitude intelectual, um tipo de discurso
que não é uma narrativa, e sim uma argumentação que tem pouca
relação com a verdade, mas que constitui um aspecto
fundamental da vida grega. Seu papel é justamente a persuasão,
ou seja, a crença, mas uma crença que não é religiosa.105

O discurso persuasivo passa a concorrer com as antigas narrativas que


encantavam os homens, “não só porque nelas aconteciam coisas
extraordinárias, como também porque, no final da narrativa, tinha-se a
sensação de se ter entendido porque Zeus é Zeus e porque os deuses são os
deuses; porque os homens são infelizes e mortais, e porque existem heróis
entre os homens e os deuses”106.

Estamos falando do campo simbólico. Como sabemos, os filósofos são


oriundos em parte das tradições religiosas. Vernant (2002) indica dois tipos de
discurso do ponto de vista da crença e da racionalidade, que não podemos
separar. Para ele, há uma racionalidade na narrativa mítica e outra
racionalidade no discurso da filosofia. O autor afirma também haver uma
modalidade de crença que está presente em todo filósofo.

103
VERNANT, 2002, p. 195.
104
VERNANT, 2002, p. 195-196.
105
VERNANT, 2002, p. 205.
106
VERNANT, 2002, p. 205.
100

Para Vernant, temos aí duas novidades. A primeira é o diálogo entre


mestre e aluno, o debate, a discussão, sem vencedores ou vencidos. “O mestre
não procura vencer ou calar, ele tenta, em seu jogo de perguntas e respostas,
em um discurso vivo, fazer nascer em seu discípulo seu próprio discurso, o
discurso da verdade”107. A segunda novidade é que a discussão deve ser,
igualmente, uma forma de demonstração. “Existe aí uma ideia fundamental do
ponto de vista da racionalidade; ela está ligada, também, ao desenvolvimento
da Matemática e encontrará em Os Elementos, de Euclides, sua melhor
expressão”108. A verdade está ligada à coerência interna do discurso.

Este tipo de racionalidade opõe-se tanto ao dos sofistas quanto ao


do mito; está ligado à emergência de um novo simbolismo social
em que o mestre, o filósofo desempenha um papel institucional,
possui uma academia e alunos nos quais deixa sua marca. Os
discursos do filósofo distinguem-se por sua racionalidade, pela
confiança que implica em sua coerência.109

Os filósofos gregos teriam realmente inaugurado um novo modo de


reflexão? Vernant argumenta que não, pois sempre houve racionalidade e
irracionalidade de forma absolutamente solidária na Grécia. Os babilônios e os
chineses também tiveram suas formas de racionalidade, num outro patamar
que não necessariamente o da razão grega110. Todas as sociedades, em algum
momento da história, se pautaram pelas narrativas míticas para explicar
“porque as coisas são como são”, segundo Daniel Quinn111.

Para Morin (1996), os povos primitivos se moviam nos dois


pensamentos de forma complementar, sem os confundir. Embora o duplo
pensamento – mythos e logos – tenha se tornando antagonista, “muitos
trabalhos de inspirações diversas convergem para sublinhar a presença oculta
do mito no âmago do nosso mundo contemporâneo”112.

107
VERNANT, 2002, p. 206.
108
VERNANT, 2002, p. 206.
109
VERNANT, 2002, p. 206.
110
VERNANT, 2002.
111
QUINN, 1998.
112
MORIN, 1996, p. 145.
101

Alimentos da alma

Hoje, qual seria a importância dos mitos para o homem moderno?


Mesmo considerando as transformações do mito através do tempo, para usar
uma expressão que dá título a um livro de Campbell (1993), faz sentido refletir
sobre as funções e potencialidades do mito na sociedade contemporânea. Os
homens precisam dos mitos, seja para expressar seu inconsciente, seja para
explicar o inexplicável, seja para expressar sua ludicidade, ou para
compreender o que não é explicável por outros modos de conhecer como a
ciência, por exemplo. Os mitos alimentam nossa alma, são elementos que nos
dão força para continuar a viver; são possuidores de forças de esperança, uma
forma de lidar com medos e desejos, uma maneira de entendermos a nós
mesmos e à nossa realidade, “a parte escondida de toda história; a zona ainda
não explorada porque faltam ainda as palavras para chegar até lá” 113. Surgem
da nossa necessidade interior de buscar outra realidade para, por meio dela,
entendermos a nossa.

Para Karen Armstrong (2005), toda sociedade humana necessita de


mitos para evitar a esterilidade da vida contemporânea:

Precisamos de mitos que nos ajudem a nos identificar com nossos


semelhantes, e não apenas com quem pertence à nossa tribo
étnica, nacional ou ideológica. Precisamos de mitos que nos
ajudem a valorizar a importância da compaixão, que nem sempre
é considerada suficientemente produtiva ou eficiente em nosso
mundo racional pragmático. Precisamos de mitos que nos ajudem
a desenvolver uma atitude espiritual, para enxergar adiante de
nossas necessidades imediatas, e nos permitam absorver um
valor transcendente que desafia nosso egoísmo solipsista.
Precisamos de mitos que nos auxiliem a novamente venerar a
terra como um lugar sagrado, em vez de utilizá-la apenas como
“recurso”. Isso é crucial, pois não poderemos salvar nosso planeta
a não ser que ocorra uma revolução espiritual capaz de se
equiparar ao nosso gênio tecnológico.114

Como sabemos, todo conhecimento é fruto de reflexões e de relações


que os sujeitos estabelecem entre si e com o meio em que estão imersos.

113
CALVINO, 1977, p. 77.
114
ARMSTRONG, 2005, p. 115.
102

Nessa acepção, o conhecimento mítico, mesmo longe de pautar-se pelo


método científico, se insere em um contexto argumentativo e simbólico maior.
Daí porque se pode afirmar que o conhecimento mítico gera saberes
pertinentes para uma dada sociedade, um determinado grupo. Foi assim
comigo e deve ter sido semelhante com tantas outras pessoas.

Meu interesse por mitologia remonta à minha primeira infância vivida no


litoral sul do estado do Rio Grande do Norte, em um lugar que se caracteriza
por guardar traços de uma forte tradição oral. Essas antigas narrativas
entraram na minha vida muito cedo. Cresci ouvindo histórias míticas e
fabulares, contadas para as crianças pelos pescadores e pelas velhas
senhoras que teciam redes de pesca sentadas nas varandas das casas de
frente para o mar.

O despertar pelos mitos se alarga ainda mais por meio dos quadros de
seres mitológicos pintados por artistas, sobretudo europeus, em diversos
períodos da história da arte no Ocidente e dispostos nos catálogos da
biblioteca pública da minha cidade. Foi esse o nicho que alimentou minhas
primeiras compreensões sobre o mundo, a vida e os valores humanos.

Anos mais tarde, já adulto, tive o privilégio de morar em Belém do Pará.


O contato com a mitologia amazônica traria de volta a memória infantil. Na
Amazônia paraense, as populações ribeirinhas guardam singularidades
próprias. “Vi, ouvi e vivenciei, em Belém, experiências de grupos e pessoas
que não opõem o universo mítico ao mundo material. As narrativas míticas
influenciam fortemente o imaginário coletivo: são os efeitos do real que as
narrativas transmitem na cultura”115.

Apoiando-se nas ideias de Giambatista Vico, em A ciência nova,


publicado originalmente em 1744, segundo o qual todas as histórias dos povos
têm um começo fabuloso, João de Jesus Paes Loureiro (2001) afirma que a
história amazônica ainda está mergulhada nesse estado de eterno começo.
Para ele, os ribeirinhos, na região amazônica, convivem com os seres míticos
que habitam o outro lado do mundo visível, ou seja, são pessoas guiadas pela
memória, pela oralidade, pelo maravilhamento diante da realidade cotidiana.

115
FARIAS, 2006, p. 37, e passim.
103

Na Amazônia as pessoas ainda veem seus deuses, convivem com


seus mitos, personificam suas ideias e as coisas que admiram. A
vida social ainda permanece impregnada do espírito da infância,
no sentido de encantar-se com a explicação poetizada e alegórica
das coisas. Procuram explicar o que não conhecem, descobrindo
o mundo pelo estranhamento, alimentando o desejo de conhecer e
desvendar o sentido das coisas em seu redor. Explicam os filhos
ilegítimos pela paternidade do boto; os meandros que na floresta
fazem os homens se perderem pela ação do curupira; as
tempestades pela reação envaidecida da mãe do vento, etc. 116

Em Alfabetos da alma117, exemplifico como isso acontece na vida


dessas pessoas a partir dos relatos e das narrativas gravadas, por mim, em
pesquisa de campo, entre os anos de 1998 e 2002 nos estados do Pará e do
Rio Grande do Norte. Esse material narrativo foi fundamental para que eu
pudesse empreender uma reflexão na minha dissertação de mestrado sobre a
importância das histórias tradicionais na educação dos sujeitos que nascem e
crescem em sociedades de cultura oral, e como essas histórias ajudam nas
tomadas de decisões cotidianas, na educação, na formação de valores e na
caminhada diária da vida dos sujeitos118.

Foi nesse mesmo período que entrei em contato com a obra de Joseph
Campbell e iniciei a leitura de alguns dos seus livros de forma mais sistemática
e pontual. Tal leitura me possibilitou compreender que a sua história pessoal
estava completamente imbricada na sua obra, pois desde cedo Campbell teve
despertado o seu interesse pela mitologia. Isso me ajudou a entender o meu
fascínio pelos antigos contos tradicionais, pelas fábulas, pelas lendas e pelas
narrativas míticas, uma vez que tais narrativas pulsam fortemente dentro de
mim.

Percebi mais profundamente que as narrativas ancestrais, contadas e


recontadas ao longo dos milênios no calor das chamas da fogueira, se repetem
em todas as culturas humanas. São variações sobre o mesmo tema e falam
sobre a condição humana. Segundo Campbell, “as histórias contadas em

116
PAES LOUREIRO, 2001, p. 110.
117
FARIAS, 2006.
118
SILVA, 2003.
104

diferentes culturas são sempre as mesmas. Os temas são atemporais e a


inflexão cabe à cultura. As histórias acolhem o mesmo tema universal, mas o
adaptam com sutis diferenças, dependendo do particular enfoque de quem as
está contando”119.

O canto do Universo

Campbell considera a mitologia o canto do Universo, a música das


esferas: “música que dançamos, mesmo quando não somos capazes de
reconhecer a melodia”120. Qual o significado dessa afirmação? Campbell
refere-se ao caráter inconsciente e arquetípico do mito, pois embora a
compreensão mítica seja considerada erroneamente como um estágio
ultrapassado de explicação do mundo, ela faz parte do nosso acervo
inconsciente e continua atuando a partir dele. Para Campbell, todos os
homens, independentes da cultura à qual pertençam, fazem parte desse
imenso coral que começou quando os homens começaram a contar histórias
sobre os mistérios da vida. Ele afirmava que todas as narrativas, conscientes
ou não, surgem de antigos padrões do mito, ou seja, os mitos fornecem a
matéria-prima para a grande maioria das histórias contadas pela humanidade,
pois o mito capta a vida no seu eterno fluir.

Em seus estudos sobre os mitos do mundo, ele insiste na tese de que


todos eles têm como matriz a mesma história, porém contada com variações e
adaptada à realidade de quem a conta. Seus detalhes são diferentes em cada
cultura, mas fundamentalmente são sempre semelhantes. Segundo Campbell
(1998), toda cultura antiga e pré-moderna utilizava uma técnica ritmada para
contar histórias, retratando os protagonistas e antagonistas com certas
motivações e traços de personalidade constantes, num padrão que transcende
as fronteiras das línguas e das culturas.

A ideia-guia do seu trabalho era procurar “o caráter comum dos temas


nos mitos do mundo, visando à constante exigência, na psique humana, de
uma centralização em termos de princípios profundos”121. Ele afirma que os

119
CAMPBELL, 1998, p. 11-12.
120
CAMPBELL apud MOYERS, 1998, p. xi.
121
CAMPBELL apud MOYERS, 1998, p. x.
105

mitos oferecem modelos de vida. Mas os modelos têm de ser adaptados ao


tempo em que estamos vivendo. “Acontece que o nosso tempo mudou tão
depressa que o que era aceitável há cinquenta anos não o é mais hoje”122.

Costumava afirmar que “os mitos são metáforas da potencialidade


espiritual do ser humano, e os mesmos poderes que animam nossa vida
animam a vida do mundo”123. Há mitos e deuses que têm a ver com sociedades
específicas ou com as deidades tutelares da mitologia. Há uma mitologia que
nos relaciona com a nossa própria natureza e com o mundo natural, do qual
somos e fazemos parte. Para o autor, há também uma mitologia notadamente
sociológica, que nos liga a uma sociedade em particular. Campbell afirmava
ainda que “precisamos de mitos que identifiquem o indivíduo, não com o seu
grupo regional, mas com o planeta”, uma mitologia planetária 124.

Para o autor de O herói de mil faces, “todos os mitos são verdadeiros em


diferentes sentidos. Toda mitologia tem a ver com a sabedoria da vida,
relacionada a uma cultura específica, em uma época específica. Integra o
indivíduo na sociedade e a sociedade no campo da natureza. É uma força
humanizadora”. Ele afirma que “nossa mitologia se baseia na ideia de
dualidade: bem e mal, céu e inferno. Com isso, nossas religiões tendem a dar
ênfase à ética, ao pecado e expiação, ao certo e ao errado” 125.

As muitas faces do mito problematizadas em seus livros me fizeram


perceber que, a depender do enfoque teórico que ilumine uma de suas faces,
podemos entendê-lo sob várias nuanças. Trata-se de um tema que abrange
uma complexidade e uma singularidade muito grandes e, por essa razão, não
se constitui um objeto de fácil apreensão.

Diversos autores também se ocuparam em discutir e entender as


cosmologias míticas. Profundamente estudada por Claude Lévi-Strauss no
conjunto das Mitológicas, mas também em praticamente toda a obra desse
autor, a matéria mítica faz parte das reflexões do antropólogo franco-belga.

122
CAMPBELL, 1998, p. 13-15.
123
CAMPBELL, 1998, p. 23.
124
CAMPBELL, 1998, p. 26.
125
CAMPBELL, 1998, p. 58.
106

Em O pensamento selvagem, publicado originalmente em 1962, Claude


Lévi-Strauss (1997) não versa diretamente sobre mitos, o que faz com
exaustão nos quatro volumes de As Mitológicas126. Naquele livro, Lévi-Strauss,
tem como foco as disposições universais do pensamento humano. A categoria
pensamento selvagem não é o pensamento dos selvagens ou das populações
primitivas em oposição ao pensamento ocidental, mas o pensamento em
estado selvagem, isto é, o pensamento humano em seu livre exercício, um
exercício ainda não domesticado pela fragmentação.

Essa estratégia de pensar não se opõe ao pensamento científico como


duas formas ou duas lógicas mutuamente excludentes. Ambas se utilizam dos
mesmos recursos cognitivos. O que as distingue, diz Lévi-Strauss, é o tipo de
operação que essas duas estratégias operam: uma mais próxima da lógica do
sensível; outra mais afastada dessa lógica. Para o autor, o reencontro entre
essas duas estratégias é o horizonte esperado para pensar bem.

Dessa perspectiva, o conhecimento científico deveria se mostrar capaz


de incorporar as dimensões sensíveis da experiência humana em uma
abordagem dialógica, ou seja, o futuro da ciência não deveria ser o
distanciamento do pensamento selvagem, mas convergir para ele. É nessa
mesma perspectiva que estão as concepções de um pensamento complexo ou
das ciências da complexidade.

Certamente que as reflexões de Joseph Campbell já antecipam o caráter


da universalidade do pensamento humano, quando alude à repetição e à
permanência da matriz do pensamento mítico. Certamente, também, a
construção de Jean-Pierre Vernant a respeito do que seja a razão prefigura
também a hipótese de que as razões diferenciadas no pensamento mítico e no
pensamento lógico não se excluem entre si. Da parte de Edgar Morin, a
indissociabilidade entre mito e logos reafirma os padrões unitários e, ao mesmo
tempo, diversos do pensamento humano sobre o mundo.

126
O conjunto das Mitológicas de Claude Lévi-Strauss é composto por: O cru e o cozido.
Mitológicas 1. Tradução Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac & Naify, 2004; Do mel às
cinzas. Mitológicas 2. Tradução Carlos Eugenio Marcondes de Moura; Beatriz Perrone-Moisés.
São Paulo: Cosac & Naify, 2004; A origem dos modos à mesa. Mitológicas 3. Tradução Beatriz
Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac Naify, 2006; e O homem nu. Mitológicas 4. Tradução
Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
107

RESSONÂNCIAS
108

Campbell no cinema

A realidade necessita da ficção para ser mais completa,


agradável, mais fácil de viver.

Pedro Almodóvar

As ressonâncias da obra de Joseph Campbell adentram diversas áreas


do conhecimento científico. Mas chegam, também, de forma mais ampliada e
plena no cinema. Campbell, que originariamente não se propôs a escrever
nenhuma forma de manual de composição para o cinema, foi descoberto pelos
roteiristas de Hollywood em meados da década de 1970 e tido como um
grande conhecedor da alma humana e da arte de narrar histórias.

A projeção alcançada por O herói de mil faces no campo


cinematográfico pode ser explicada, dentre outros elementos, pelo
reconhecimento do cineasta George Lucas sobre a importância desse livro
para compor a elaboração da primeira trilogia do filme Star Wars. Clássico da
ficção científica norte-americana, os filmes dessa série apresentam elementos
míticos estudados e escritos por Campbell na obra mencionada.

Como um grande admirador do trabalho do mitólogo, Lucas cria um novo


espaço de linguagem para a compreensão de uma nova esfera da vida
humana. O cinema atualiza com elementos do contemporâneo os arquétipos
universais e permanentes do mito. Para Campbell, Lucas imprimiu a mais nova
e mais poderosa rotação da história clássica do herói.

Em 1985, George Lucas proferiu um longo discurso sobre a importância


que a obra de Campbell imprimiu no seu trabalho de cineasta. O discurso foi
lido no Clube Nacional das Artes, em Nova York, quando Campbell foi
agraciado com a medalha de ouro de literatura, pelo primeiro volume do atlas
The way of the animal powers.

Há uns dez anos comecei a fazer um filme para crianças e tive a


ideia de realizar um conto de fadas moderno. Todos os amigos me
disseram: “O que você está fazendo? Você é louco! Você precisa
fazer algo importante. Você tem de fazer algo socialmente
relevante. Você precisa fazer algo que seja arte com A maiúsculo.
109

Você tem de fazer o que nós estamos fazendo”. Eu estivera


trabalhando em um projeto sobre o Vietnã [Apocalypse now] e o
abandonara – eu o dera a um amigo meu [Francis Coppola]
dizendo que eu tinha de fazer o tal filme para crianças. Eu não
sabia o que estava fazendo naquela época. Comecei a trabalhar,
a fazer a pesquisa, a escrever, e assim se passou um ano. Escrevi
muitos rascunhos da obra e de repente tropecei em O herói de mil
faces. Foi a primeira vez que consegui realmente estar focado.
Após ler o livro eu disse a mim mesmo: “É isso o que eu estava
fazendo. É isso mesmo”. Eu havia lido outros doutores –
freudianos, e também estivera lidando com um amplo suprimento
de Pato Donald e Tio Patinhas, e todos os outros heróis míticos de
nosso tempo. Mas em O herói de mil faces, pela primeira vez,
encontrei um livro centrado no que eu já vinha fazendo de forma
intuitiva. Comecei a ver um bocado de paralelismos e a ficar
fascinado com todo o processo, e como resultado li vários outros
livros, como O voo do pássaro selvagem e As máscaras de Deus
enquanto continuava a escrever. Todo este processo durou alguns
anos. Como já disse, andei em círculos um bom tempo, tentando
criar histórias, meu manuscrito vagou sem rumo e acabei
escrevendo centenas de páginas. Foi em O herói de mil faces, de
cerca de quinhentas páginas, que disse: “Aqui está a história”.
“Aqui está o fim; aqui está o foco; aqui está a forma que engloba
tudo”. Tudo estava ali, e tinha estado ali milhares e milhares de
anos, como o doutor Campbell salientara. E eu disse: “É isso aí”.
Após ler mais livros de Campbell comecei a compreender como eu
poderia fazer aquilo. Quando aconteceu, percebi como fora
importante a contribuição de Joe. Eu lera seus livros e dissera:
“Aqui está toda uma vida de estudos, uma vida de trabalho que é
destilada em uns poucos livros que posso ler em poucos meses e
me permitem avançar no que estou tentando fazer, dando um foco
à minha obra. Foi um grande feito, e muito importante. É possível
que se eu não tivesse cruzado com Campbell ainda estivesse
escrevendo o roteiro de Guerra nas estrelas. Acho que podemos
dizer, sobre alguns autores, que a sua obra é mais importante do
que eles próprios. Mas, em relação a Joe, por maiores que sejam
suas obras, não tenho dúvida alguma de que a totalidade do seu
trabalho não é tão grande quanto ele próprio. Ele é realmente um
homem maravilhoso e tornou-se meu Yoda.127

Podemos afirmar que, com Star Wars, as ideias do mitólogo norte-


americano extrapola de vez o universo acadêmico para atingir um público de
pertencimentos intelectuais, culturais e de faixas etárias diferenciadas. Essa
produção que, pelos artifícios da sétima arte, foi capaz de povoar e alimentar
matrizes imaginárias em diversas culturas, sem perder em rigor, não pode ser

127
LUCAS, 1985 apud CAMPBELL, 2003, p. 218-219.
110

considerada uma simplificação da cosmologia campbelliana acerca do mito do


herói nas culturas. Seria mais adequado afirmar que a metamorfose do
conteúdo mítico do livro O herói de mil faces em roteiro cinematográfico
responde pela acessibilidade à obra de um homem que a princípio estaria
restrita aos intelectuais acadêmicos.

A série Star Wars é composta por seis filmes e se divide em duas


trilogias. A primeira é formada pelas películas Uma nova esperança (1977)128,
dirigida por George Lucas; O Império Contra-Ataca (1980), direção Irvin
Kershner; e O retorno de Jedi (1983), sob a direção de Richard Marquand. A
segunda trilogia é composta por Star Wars – A Ameaça Fantasma (1999); O
Ataque dos Clones, (2002); e A Vingança dos Sith (2005), dirigidos por George
Lucas.

Essa divisão é importante pelo fato de Campbell ter participado


ativamente apenas dos três primeiros filmes da série; e também pelo fato de
que houve uma descontinuidade temporal na produção das três últimas
películas exibidas após a morte de Campbell129.

Cartazes dos filmes da primeira trilogia Star Wars nos Estados Unidos e no Brasil

128
O primeiro filme foi intitulado simplesmente Star Wars, mas ganhou mais tarde o subtítulo A
New Hope (Uma nova esperança) para diferenciá-lo dos demais.
129
Star Wars (no Brasil, traduzido como Guerra nas Estrelas) aborda a transição histórica
numa galáxia muito distante onde ocorre a queda da República Galáctica e a implantação do
Império Galáctico sob o comando do senador Palpatine (Lorde Sith). Os acontecimentos
relatados em Star Wars ocorrem numa galáxia fictícia; cada filme é acompanhado de um
pequeno texto de abertura que contextualiza a história no Universo Star Wars. A narrativa
começa com a expressão: “Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...”, numa clara
alusão ao “Era uma vez...” dos contos de fadas. Cf. <www.starwars.com> Acesso em: 15 abr.
2012.
111

Cartazes dos filmes da segunda trilogia Star Wars nos Estados Unidos e no Brasil

Fonte: Star Wars site oficial (arte a partir dos cartazes)


112

No que diz respeito à pesquisa desta tese, me restrinjo apenas à


primeira trilogia de Star Wars, da qual Campbell participou por meio de debates
durante a composição de alguns dos episódios, analisando os personagens
presentes nas histórias. Além de discutir sobre o conteúdo dos filmes, ele
assistiu as películas diversas vezes e analisava cuidadosamente o perfil dos
personagens, quando retomava excertos dos filmes para exemplificar sua
teoria em palestras e entrevistas.

No artigo intitulado Guerra nas estrelas: o mito da sociedade moderna,


Santos (2007) explicita detalhes significativos sobre a importância dessa série
cinematográfica. Se assistidos sem maior profundidade, os filmes da primeira
trilogia não passarão de mais uma história de aventura, um conto de fadas na
qual o herói salva a princesa das forças das trevas.

Podemos perguntar: qual a razão do grande sucesso de bilheteria


alcançado pelos filmes na época em que foram lançados? Um dos motivos
foram os efeitos especiais utilizados por George Lucas, que estabeleciam um
novo padrão nas películas de ficção científica, bastante avançados para o seu
tempo.

No entanto, esse não foi o único motivo responsável pela existência dos
milhares de fãs de Star Wars espalhados pelo planeta. A composição das
histórias e dos personagens, repletos de simbologia e ligações com aspectos
psicológicos, também contribuiu para o sucesso de Star Wars. Temos o herói,
densamente discutido por Campbell em O herói de mil faces. O herói segue
sua jornada, cujo início se situa na etapa denominada chamado à aventura e
termina na ressurreição.

O chamado à aventura acontece quando o herói se depara com um


desafio e precisa decidir se o enfrenta ou não. O personagem pode tomar
conhecimento de algum problema em sua vida, com sua família, com sua
saúde ou com o seu trabalho. Tal conflito pode ser interno ou externo; pode ser
um drama psicológico, a partir do qual o herói trava uma verdadeira batalha
entre dois lados dentro de si mesmo, dois desejos ou duas necessidades.
Nesse caso, o herói passa a ser o seu próprio antagonista, algo que fará com
que ele lute até o fim, até decidir o que será melhor para ele, o que é mais
113

certo para reencontrar o seu equilíbrio. O chamado à aventura dá rumo à


história e deixa claro qual é o objetivo do herói130.

A ressurreição é uma etapa parecida com a provação suprema, na qual


a morte e a escuridão fazem um último esforço desesperado, antes de serem
finalmente derrotadas. É uma espécie de exame final do herói que deve ser
posto à prova, ainda uma vez, para ver se aprendeu as lições da provação
suprema. É o momento final da história, quando a tensão está no auge, a hora
de descobrir se todo o trabalho do herói no decorrer da sua jornada foi mesmo
válido. Essa é também a hora em que o herói vai precisar decidir se volta para
o mundo comum ou permanece no mundo especial 131.

Além do herói, temos também a referência aos arquétipos do mentor, do


guardião de limiar, do arauto, do camaleão, do pícaro e da sombra. Cada um
com sua função dramática e psicológica definida na história do filme. A
utilização desses símbolos universais, que fazem com que os personagens
sejam facilmente compreendidos e que haja empatia entre eles e o público,
talvez seja outra razão para o sucesso de Star Wars.

Para Jung (2008), arquétipos são pacotes de energia que jazem no


inconsciente coletivo, o estrato mais baixo da psique humana. Se manifestam
como estruturas psíquicas universais – espécie de consciência coletiva que se
expressam pela linguagem simbólica132. Paolo Francesco Pieri afirma que, na
obra junguiana, há uma série de referências explicitas sobre o termo arquétipo,
e que de modo genérico indica o modelo, o exemplar originário133. Segundo
Pieri, Jung admite ter tirado o termo de Platão. Os arquétipos fazem parte do
universo mítico e se exprimem por meio da arte, dos sonhos, da religião e das
patologias da alma.

Joseph Campbell, em O herói de mil faces, alerta sobre a importância de


aprender a gramática dos símbolos. “Quando dizemos a uma criança que os
recém-nascidos são trazidos pela cegonha, estamos dizendo a verdade por
meio de uma expressão simbólica, pois sabemos o que essa grande ave
significa. Mas a criança não sabe. Ela escuta apenas a parte deformada do que
130
SANTOS, 2007.
131
SANTOS, 2007.
132
JUNG, 2008.
133
PIERI, 2002.
114

dizemos e sente que foi enganada”134. A linguagem simbólica é tão importante


de ser aprendida quanto as outras linguagens.

Para Clarissa Pinkola Estés (2005), “a linguagem dos símbolos é a


língua materna da vida criativa”, pois “ainda que com o tempo nos distanciemos
da forma concretista de pensar, à medida que envelhecemos sempre
conservamos o pensamento simbólico”. Pensar simbolicamente “nos permite
inventar, inovar e produzir ideias originais, com resultados muitas vezes
surpreendentes”. Trata-se da capacidade humana “de imaginar níveis de
significação ligados a um único motivo ou ideia”135.

Foi na universidade que George Lucas entrou em contato com a obra de


Joseph Campbell. O herói de mil faces seria decisivo no sucesso de sua
carreira de diretor. Nesse livro estão devidamente desvelados os aspectos da
formação do mito do herói. Embora não considerasse detalhes e características
históricas que diferenciam cada mito, Campbell percebia o padrão que existe
de comum em cada narrativa mítica.

Segundo Leandro Sarmatz e Luiz Iria (2002), o início da carreira de


diretor de George Lucas foi relativamente bem-sucedida, sobretudo com os
filmes THX 1138 (1970), que apresentava uma sombria fantasia futurista, e a
comédia adolescente Loucuras de verão (1973). Foi após esses filmes que
Lucas começou a fazer suas anotações sobre mitos e heróis e desenhou as
grandes linhas de força de Star Wars. Ele pretendia criar uma saga que
mesclasse ensinamentos religiosos de algumas culturas com diversão e
excitação dos filmes do gênero faroeste e ficção científica do passado136.

Apesar de já ter realizado um filme de ficção científica, dessa vez Lucas


estava decidido a entrar para a história do cinema, pois sonhava faturar com
um conceito do qual ele foi um dos introdutores: o licenciamento de produtos,
como bonecos, camisetas, jogos, etc., com personagens e imagens do filme.
Star Wars fez uma legião de fãs espalhados pelo planeta e teve um
faturamento expressivo na história cinematográfica norte-americana e mundial.
A saga fornece um irresistível modelo de conhecimento interior para muitas

134
CAMPBELL, 2000, p. 11.
135
ESTÉS, 2005, p. 17-18, e passim.
136
SARMATZ; IRIA, 2002.
115

pessoas. “Não é difícil ler os episódios de Star Wars como contos de


sabedoria”137.

Podemos perguntar: que tipo de sabedoria? Os filmes trabalham com a


necessidade de espectadores ouvirem a voz interior, algo como confiar nos
instintos que todo Jedi aprende desde criança. Esse tipo de corolário já atraiu
muitos detratores, que consideram o trabalho de George Lucas mero
“misticismo para as massas”. Em entrevista concedida ao jornalista Bill Moyers,
Lucas se expressa: “Eu pus a força para tentar despertar certo tipo de
espiritualidade em pessoas jovens, mais uma convicção em Deus do que uma
convicção em qualquer sistema religioso”138.

Parece que conseguiu. A distorção, porém, revela um fundo de verdade:


por mais descosida que possa parecer a colcha de retalhos de mitos e
sabedoria religiosa em Star Wars, suas ideias têm inspirado muita gente. “A
série possui elementos de contos de fadas, dos contos tradicionais e das
histórias heróicas”, afirma a historiadora belga Muriel Verbeeck, professora de
Filosofia da Religião no Instituto Superior de Belas Artes, em Liège, na Bélgica,
e grande fã da saga139.

Esse alimento do imaginário apresenta temas fundamentais, que fazem


parte da tradição oral e literária desde a Ilíada, a grande epopeia do poeta
grego Homero, passando pelas narrativas sobre a busca do Graal e as lendas
do Rei Arthur. O principal deles é o mito do herói, encarnado em Luke
Skywalker. Campbell acreditava que era possível ensinar e transmitir valores
mitológicos ancestrais em novas roupagens, para manter presente a essência
das antigas mitologias, e assim preencher o vazio que se instalou no homem
moderno140, que dedica a maior parte do tempo para adquirir bens materiais;
esquecendo completamente de alimentar o espírito.

No meu atual estágio de vida, venho conhecendo muita gente que


descobre que colocou a escada contra a parede errada. Isso

137
YOUNG apud SARMATZ; IRIA, 2002. Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cultura/guerra-estrelas-maior-todas-sagas-443105.shtml>. Acesso
em: 2 jan. 2012.
138
LUCAS apud SARMATZ; IRIA, 2002.
139
VERBEECK apud SARMATZ; IRIA, 2002.
140
CAMPBELL, 2004.
116

porque sua meta de vida se baseava em uma intenção prática:


que fazer para ganhar dinheiro? Qual o melhor meio para isso?
Como se vive bem? Essas pessoas obtiveram sucesso nesse
aspecto, mas descobriram que isso não as satisfazia. Não tinham
construído uma vida interior. As pessoas hoje em dia não têm
raízes, e elas sentem isso. Deparamo-nos com tal situação em
todo lugar, e isso é a consequência de se ter subido a escada que
foi apoiada contra a parede errada.141

O herói que, no início, é sempre uma pessoa comum, vivendo com


parentes comuns, quase nunca seus verdadeiros pais, mas tios e tutores,
começa a despertar da banalidade quando as pessoas que ele mais ama são
feridas. A partir dessas circunstâncias familiares, as narrativas sobre heróis
logo mostram eventos extraordinários. Esses dramas e aventuras iniciáticas
preparam o herói para uma visão mais compassiva do mundo.

A coragem emerge a partir desses eventos trágicos. E isso desde


Aquiles, o primeiro grande herói do Ocidente, o impávido guerreiro da Ilíada: “A
virtude por excelência na Grécia de Homero foi a coragem na guerra. O herói é,
em um sentido comum, o defensor da cidade, e isso ele faz com base na
coragem”, diz Marco Zingano, professor de Filosofia Antiga na Universidade de
São Paulo. “A formação do homem grego compreendia o heroísmo”142.

Durante séculos, e ainda hoje, os heróis gregos galvanizaram os


espíritos dos leitores com aventuras triunfais. Porém, cada época encontra os
mitos que respondem às suas indagações mais profundas. No final da Idade
Média, os heróis dos romances de cavalaria eram tão internacionais quanto os
santos cristãos. E tinham uma característica profana que divindade alguma
poderia ostentar: a sedução inapelável.

O mesmo se deu, às vésperas do século 20, com os caubóis da


mitologia norte-americana. Habitando terras virgens de lei, onde o Estado era
mais uma figura de linguagem do que uma presença efetiva, esses
personagens equilibravam-se na linha tênue que separa o crime da virtude.
Mais tarde, ganhariam encarnação cinematográfica em atores como John
Wayne, que encantou milhares de fãs ao redor do mundo. Esses e outros

141
CAMPBELL, 2004, 13-15, e passim, grifo meu.
142
SARMATZ; IRIA, 2002.
117

personagens parecem permanecer entronizados no panteão do imaginário no


século 20.

Qual seria a essência, se há, do herói e do heroísmo? Para falar na


língua de Star Wars, seria a estratégia para usar a força. Obi-Wan Kenobi
descreve a força como “o que dá poder ao Jedi. É um campo de energia criado
sobre todas as coisas. Nos cerca e nos penetra. Mantém a galáxia unida”143.

Em entrevista a Bill Moyers, Campbell (1998) comenta sobre algumas


passagens de Star Wars:

O fato de o poder do mal não estar identificado com nenhuma


nação específica, nesta terra, significa que você tem aí um poder
abstrato, que representa um princípio, não uma situação histórica
específica. A história do filme tem a ver com uma operação de
princípios, não com esta nação contra aquela. As máscaras de
monstros, usadas pelo atores de Guerra nas estrelas, representa
a verdadeira força monstruosa, no mundo moderno. Quando a
máscara de Darth Vader é retirada, você vê um rosto informe, de
alguém que não se desenvolveu como indivíduo humano. O que
se vê é uma espécie de fase indiferenciada, estranha e digna de
pena. Darth Vader não desenvolveu a própria humanidade. É um
robô. É um burocrata, vive não nos seus próprios termos, mas nos
termos de um sistema imposto. Este é o perigo que hoje
enfrentamos, como ameaça às nossas vidas. O sistema vai
conseguir achatá-lo e negar a sua própria humanidade, ou você
conseguirá utilizar-se dele para atingir propósitos humanos? Como
se relacionar com o sistema de modo a não o ficar servindo
compulsivamente? Não adianta tentar mudá-lo em função das
suas concepções ou das minhas. O momento histórico subjacente
a ele é grandioso demais para que algo realmente significativo
resulte desse tipo de ação. O que é preciso é aprender a viver no
tempo que nos coube viver, como verdadeiros seres humanos.
Isso é o que vale, e isso pode ser feito mantendo-se fiel aos seus
próprios ideais, como Luke Skywalker, rejeitando as exigências
impessoais com que o sistema o pressiona. Star Wars é
concebido numa linguagem que fala aos jovens, e isso é o que
conta. Ao dizer: “Que a Força esteja com você”, Ben Kenobi está
falando do poder e da energia da vida, não de intenções políticas
programadas. A Força brota de dentro. Mas a força do Império se
baseia na intenção de conquistar e comandar. Guerra nas estrelas
não é apenas uma história de moralidade, o filme tem a ver com
os poderes da vida, conforme sejam plenamente realizados ou
cerceados e suprimidos pela ação do homem. Certamente Lucas

143
SARMATZ; IRIA, 2002.
118

se serviu de padrões mitológicos. O velho que funciona como um


conselheiro me faz pensar no mestre de espada japonês. Conheci
alguns desses mestres, e Ben Kenobi tem um pouco deles. No
Oriente, as técnicas psicológicas são tão desenvolvidas quanto as
técnicas físicas, e são indissociáveis. Aquele personagem de
Guerra nas estrelas, Ben Kenobi, tem essa característica.144

A força é descrita por oposições: bem versus mal, luz versus trevas. Eis
uma das maiores marcas que a filosofia oriental deixou na cabeça de George
Lucas que, como tantos californianos, consegue mesclar valores capitalistas
com sapiência oriental. De acordo com o taoísmo, filosofia surgida na China
por volta do século III a.C., o tao (Caminho) é a única fonte de força do
universo. O equilíbrio do indivíduo é estabelecido quando a força (Ch‟I), uma
energia que sustenta a vida, flui no corpo e se estende de forma triunfante e
benéfica.

O Oriente é presença constante na narrativa de Star Wars. Na mitologia


japonesa do século XII, os mestres samurais acreditavam que o melhor para
quem buscava a justiça universal era preparar a cabeça e o corpo, a alma e a
carne. Yoda, espécie de buda intergaláctico, recende a sabedoria dos
mosteiros: um verdadeiro mestre paciente e virtuoso, guiando seus discípulos
rumo ao caminho dos justos.

Na infância, George Lucas leu avidamente romances de aventuras.


Porém, essas leituras não fariam sentido se não tivessem sido ressignificadas
muito tempo depois na obra do diretor de Star Wars. Foi a partir dessas
referências, que Lucas se pôs os problemas dos limites entre público e privado,
entre valores familiares e ambições individuais. Essa incandescente reflexão
sempre fez arder os espíritos humanos – na Terra ou em algum reino sideral.
Star Wars discute, em meio a suas aventuras, o peso da herança e das ilusões
paternas. No fundo, o que está em jogo é o direito de sucessão de uma
empresa familiar, e a recusa do herdeiro em assumir esse pesado fardo.

Ao refrearem seus impulsos individuais em nome do bem comum, os


heróis da saga são obrigados a conviver com a sombra da renúncia, uma
dolorosa escolha pessoal. Mesmo a perversidade de Darth Vader tem algo de

144
CAMPBELL, 1998, p. 153-155, e passim.
119

deliberado autossacrifício. Afinal, quem gostaria de se ver transformado numa


espécie de autômato a serviço do mal?

Muitos estudos e pesquisas foram realizadas desde 1977 para explicar o


êxito de Star Wars. Podemos afirmar que a geração de George Lucas
reinventou o cinema de aventura. Alguns dos grandes sucessos dos anos 1970
foram filmes densos em metáforas sobre a violência, como Laranja Mecânica,
de Stanley Kubrick; permeados de lutas fratricidas por um império, como O
Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola; ou da busca da verdade pela
exposição de cruéis relações familiares, como Chinatown, de Roman Polanski.
Os três filmes mencionados eram dirigidos ao público adulto. Com Star Wars,
George Lucas parece ter conquistado outro tipo de público – crianças e
adolescentes – e transformado o cinema em um importante instrumento de
conhecimento humano.

É nesse cenário descortinado por George Lucas e seguido por Steven


Spielberg que encontra luminosidade e bilheteria farta a produção da série
Harry Potter, iniciada em 2001. Star Wars, assim como O Senhor dos Anéis,
não é uma produção dirigida apenas ao Ocidente, nem a um público
contaminado pelo espírito hollywoodiano. Essa cosmologia, que está na
interface entre ficção científica, contos de fadas e narrativas míticas, expressa
mais propriamente as funções do cinema em repor, alimentar e fazer fluir as
topologias do imaginário humano, tão empobrecidas, por vezes, pelas
tecnociências excessivamente utilitárias e frias.

Ninguém melhor do que Edgar Morin falou da importância desses


estoques imaginários para uma refundação da humanidade. Livros como O
cinema e o homem imaginário e As estrelas falam da importância da arte
cinematográfica para tornar suportável “a insuportável realidade”. Como uma
caverna, na qual se alterna luz e sombra, real e imaginário, o cinema repõe a
linguagem da imaginação, da fantasia e do sonho que é desautorizado pela
racionalização do pensamento145.

Com Star Wars, a obra O herói de mil faces ganha o cenário apropriado
para uma fabulação da ciência tão bem arquitetada por Joseph Campbell. Na

145
Cf. Edgar Morin em As estrelas: mito e sedução no cinema (1989); O cinema e o homem
imaginário (1997).
120

tentativa de decompor os vários personagens arquetípicos de Star Wars,


elenco, com base em Santos (2007), as seguintes figuras:

Herói – um personagem comum, carismático, que tem um desafio, que


enfrenta desvantagens aparentemente insuperáveis e consegue de algum
modo vencer, aprendendo alguma coisa com sua aventura: essa é a definição
simples de herói.

Entretanto, existe muito mais para se falar sobre o arquétipo do que


essa definição superficial. A princípio, o herói (protagonista da história) é a
ligação principal entre o espectador e a história. Ao assistirmos a um filme,
vemos as coisas através dos olhos do herói, nos alegramos e nos
entristecemos junto com ele, sofremos, aprendemos e nos identificamos com
ele. Essa identificação se dá devido às qualidades que o herói possui e que
consideramos admiráveis, fazendo com que queiramos ser como ele. Através
dele podemos ver nossos desejos realizados, nossos problemas resolvidos e
nossas vontades satisfeitas. Ele nos faz acreditar que tudo é possível e mesmo
os problemas mais complexos podem ser resolvidos.

Os heróis são o símbolo da esperança, da transformação, da


persistência e da determinação. Porém, o herói deve apresentar fraquezas,
medos e defeitos – presentes em todos os seres humanos –, uma mistura de
emoções, dúvidas e apreensões para que se torne mais “real”, mais humano,
para facilitar a identificação do público com ele.

Mentor – o mentor é, geralmente, um amigo do herói. É quem dá


conselhos úteis para a sua jornada e ensina valiosas lições que farão com que
o herói cresça no decorrer da história. Joseph Campbell classificava-o como
“velho sábio”, ainda que ele não precise necessariamente ser velho, apenas
tem mais experiência do que o herói em determinados assuntos. O mentor
também é responsável por dar presentes ao herói, que lhe serão de grande
valia posteriormente. Este é um arquétipo muito importante, presente em um
vasto número de histórias na mitologia e em contos de fadas. Em Cinderela, o
mentor é a fada madrinha, que fornece roupas apropriadas para que ela vá ao
baile. Em Chapeuzinho Vermelho, o mentor é a mãe de Chapeuzinho, que
121

alerta para que não fale com estranhos, não ande pela floresta e volte cedo
para casa devido ao Lobo Mau.

Na vida real, o arquétipo do mentor pode ser relacionado aos nossos


pais, que nos dão conselhos, muitas vezes baseados em sua própria
experiência, que usaremos ao longo de nossas vidas. É por isso que muitos
heróis buscam nos mentores um substituto para a figura do pai, que não
desempenha um papel que preencha suas necessidades satisfatoriamente. O
mentor é um arquétipo flexível e pode se manifestar em vários personagens ao
longo das histórias, pois os arquétipos não se resumem a um personagem e
sim a uma função que ele desempenha.

O papel do mentor é fundamental para uma boa história. Os mentores


fornecem aos heróis motivação, inspiração, orientação e presentes para a
jornada. Todo herói é guiado por alguma coisa, e uma história que não
reconheça isso e não deixe um espaço para essa energia estará incompleta.
Quer se exprima como personagem concreto, quer como um código de
conduta interno, o arquétipo do mentor é uma importante arma nas mãos do
escritor.

Guardião de limiar – é um arquétipo manifestado em personagens cujo


objetivo é proteger a entrada do mundo especial e barrar a entrada daqueles
que não são dignos. Representam uma versão menor do real perigo que ainda
está por vir – o arquétipo sombra – e muitas vezes está ligado a essa „sombra‟
por uma relação financeira (são mercenários) ou por uma relação de
dominação. Na vida real, são as representações de problemas que
enfrentamos todos os dias: azar, preconceitos, brigas. Sua função dramática é
pré-testar o herói para saber se ele está realmente preparado para entrar no
mundo especial. O herói passa por um teste físico e/ou um teste de
inteligência. Se vencer o obstáculo, poderá prosseguir com sua aventura. Um
recurso muito utilizado pelo herói para passar pelo guardião de limiar é “entrar
na pele” dele, adquirindo sua aparência física e enganando-o. O guardião de
limiar é alguém ou algo que bloqueia temporariamente a passagem do herói.
Pode ser um personagem, uma força da natureza ou um animal, que põe as
habilidades do herói à prova. Ultrapassar o guardião de limiar significa que o
122

herói está suficientemente preparado (física e psicologicamente) para a


próxima etapa da jornada.

O arauto – é o arquétipo que ilustra o desafio do herói. É aquele que


avisa que algo está errado e que precisa ser consertado. É o símbolo de uma
mudança que está prestes a acontecer. Ele comunica ao herói a aproximação
de algo novo e que, depois disso, ele não será mais o mesmo, não poderá ficar
alheio à situação, terá que tomar uma atitude: ignorar a mensagem (e
posteriormente sofrer as consequências) ou mobilizar-se e tentar resolver o
problema. Jung afirma que os arautos desempenham a função de chamar à
mudança. O chamado pode estar presente em um filme, em um livro ou até em
uma música. Cabe a nós decidirmos se vamos ouvi-lo ou não; porém, sabemos
que ele existe. O arauto pode ser incorporado por vários personagens, às
vezes como figura positiva; outras, como negativa.

O camaleão – é um arquétipo que faz jus ao nome: assim como o


lagarto que muda a cor de seu corpo de acordo com o ambiente para se
camuflar e esconder-se do inimigo, o personagem cujo arquétipo é o camaleão
tem como característica principal as mudanças (que podem ser físicas ou
psicológicas). Ele muda seu comportamento para adequar-se a uma
determinada situação, o que muitas vezes pode ser perigoso para o herói que,
por não conhecer a verdadeira personalidade do camaleão, nunca saberá se
ele é verdadeiramente confiável. A função do camaleão é trazer dúvida e
suspense à história. São projeções de nossos lados “ocultos” que podem vir à
tona a qualquer momento. Este arquétipo é muito utilizado em filmes de
suspense, nos quais o melhor amigo do herói ou a pessoa em quem ele menos
desconfiava vai se mostrar alguém totalmente diferente do que era no início da
narrativa, tornando-se um assassino a sangue frio ou um traidor.

Pícaro – a função primária deste arquétipo é fazer rir. Ele nos ajuda a
perceber o vínculo comum que temos com os outros, zomba de nossas
bobagens e faz com que percebamos nossa hipocrisia através de situações
cômicas. Com seu modo (muitas vezes ingênuo) de ver as coisas, ele nos
alerta sobre situações que vão do ridículo ao absurdo. O arquétipo pícaro
também é responsável pela quebra de tensão da história, aliviando um pouco
sua seriedade. Histórias, peças de teatro e mesmo filmes de ação podem ser
123

exaustivos emocionalmente, e o público se reanima após uma situação cômica,


podendo recuperar o fôlego e continuar a prestar atenção na história. O pícaro
não precisa ser necessariamente um personagem humano. Os animais são
ótimos representantes deste arquétipo.

Sombra – como o próprio nome diz, o arquétipo sombra representa o


lado obscuro e não expresso. Psicologicamente, é o símbolo de nossos
sentimentos reprimidos e dos medos que moram em nossa mente. A sombra é
o nosso “lado mau”, aquele que não queremos mostrar, do qual nos
envergonhamos. Tudo isso é projetado nos chamados “vilões”, “inimigos”, que
possuem objetivos contrários aos do herói e que, para cumprirem suas metas,
precisam eliminá-lo. A função primordial da sombra é impor desafios ao herói,
de modo que este tenha que se fortalecer para vencê-los. A sombra pode ser
um reflexo negativo do herói. Em uma história de luta psicológica, a sombra é
representada por traumas e culpas do próprio herói. “Sombra” tem relação com
o escuro, com o lado negro. A escuridão, a sombra, o soturno, a ausência de
cor (que chamamos de “cor preta”) são representações simbólicas do mal, da
desgraça, da perdição e da morte no mundo ocidental. Às cores também são
atribuídas realidades simbólicas, através delas os seres humanos expressam o
seu relacionamento emocional com o mundo. Por isso, o escuro que não nos
permite enxergar a real forma das coisas e algo que não podemos ver
claramente torna-se assustador e desconhecido. Temos medo do
desconhecido, temos medo da escuridão. Por isso, geralmente, relaciona-se os
vilões à cor negra.

Campbell no Brasil

Joseph Campbell nunca teve a oportunidade de visitar o Brasil. Mas, se


fosse vivo, certamente ficaria feliz com o destaque que sua obra vem
conquistando, ano após ano, em diferentes esferas sociais e intelectuais
brasileiras. O Brasil é um dos países que mais traduziram os seus livros. Sua
obra é lida e discutida por profissionais de diferentes segmentos: psicólogos,
antropólogos, educadores, sociólogos e profissionais ligados aos estudos da
linguística e da mídia. Além desses profissionais, estudantes de pós-graduação
124

também se ocupam em discutir suas proposições teóricas, tornando o eco de


seus conceitos mais fortes.

As ideias desse pensador norte-americano respingam de forma direta ou


secundária na produção da cultura científica brasileira e abrangem as áreas da
educação, ciências da comunicação, filosofia, comunicação e semiótica, letras,
estudos de multimeios, ciências da religião, educação física, estudos literários,
comunicação e informação, ciência política, psicologia, linguística e letras,
literatura e crítica literária e interdisciplinaridade em ciências humanas,
conforme as designações dos programas de pós-graduação espalhados pelo
território nacional.

Esse mapeamento, fruto de pesquisa nos arquivos do Banco de Teses


da Capes, nas décadas de 1990 e 2010, demonstra o amplo espectro de uma
obra multifacetada que abrange os domínios diversos de estudo.

Mesmo que o continente europeu, sobretudo a França, tenha sido o


epicentro de onde se irradia a cultura letrada brasileira 146, é relevante a
presença de Joseph Campbell em teses e dissertações de várias áreas
disciplinares, conforme aludido anteriormente. Ele figura em meio a uma
cosmologia de pensadores que fizeram emergir novos marcos teóricos e
epistemológicos nas ciências humanas e sociais.

É assim que, como estrelas de uma mesma galáxia, ao lado de Joseph


Campbell aparecem nos trabalhos investigados da pós-graduação, em território
brasileiro, os nomes de Mikhail Bakhtin (1895-1975), Mircea Eliade (1907-
1986), T.S. Eliot (1888-1965), Carl Gustav Jung (1875-1961), Sigmund Freud
(1856-1939), Gilbert Durand (1921-), Edgar Morin (1921-), Walter Benjamin
(1892-1940), Tzvetan Todorov (1939-), James Hillman (1926-2011), Gaston
Bachelard (1884-1962), Peter Brook (1925-), Erich Auerbach (1892-1957), Julia
Kristeva (1941-), dentre outros.

É curioso notar que nas teses e dissertações levantadas no Banco de


Teses da Capes não figure o nome de Claude Lévi-Strauss em ligação direta a
Joseph Campbell, mesmo que o pensador francês seja, seguramente, um

146
ALMEIDA, 2003.
125

pensador de uma mesma magnitude na história da ciência ocidental em


relação aos estudos míticos e à universalidade da cultura.

Tal ausência se deve, talvez, a uma circulação não generalizada da


cultura científica pelos continentes até algum tempo atrás. Pode-se dizer que
até a metade do século 20 há uma barreira quase intransponível entre a cultura
científica norte-americana e a europeia. Tal barreira parece colocar em paralelo
Joseph Campbell e Claude Lévi-Strauss. Como se explica isso? Não tenho
aqui a pretensão de esclarecer tal fato, que demandaria outra meta de
pesquisa, mas sublinhar um distanciamento de dois pensadores que, a julgar
pela minha leitura, são tão próximos em alguns dos seus argumentos maiores.

Um argumento mais geral poderia levar em conta o fato de que,


enquanto Claude Lévi-Strauss se empenhou na construção do método
estruturalista que revolucionou as ciências humanas, Joseph Campbell se
ateve às bases simbólicas, arquetípicas e espirituais presentes nas
enunciações míticas das diversas culturas. Essa poderia ser uma resposta
parcial e provisória para compreender o paralelismo da disseminação da obra
dos dois pensadores. Entretanto, me restrinjo aqui a identificar as
aproximações e não as causas do paralelismo dessas produções científicas.

Mesmo que esta tese não se atenha a observar as simetrias e


dissimetrias entre Lévi-Strauss e Campbell, expresso uma intuição de que há
muito mais pontos convergentes do que divergentes entre eles. Tendo cursado
disciplinas com meu orientador, professor Edgard de Assis Carvalho, em
diversas situações aprendi a admirar o investimento intelectual de Claude Lévi-
Strauss, razão pela qual tenho uma maior tendência a observar as
semelhanças entre ele e Joseph Campbell.

Mesmo que os objetivos desta tese não contemplem uma história das
ideias, pode-se aventar a hipótese de que as próprias circunstâncias históricas
da circulação da ciência até a metade do século 20 tenha se dado de maneira
mais tímida. No artigo Bem-vinda constelação da desordem: a presença do
pensamento francês no Brasil, temos algumas chaves do cenário da formação
intelectual brasileira. Ali, Almeida (2003) identifica a partir de Gilles Lapouge as
origens da formulação das universidades brasileiras, com destaque para as
missões italiana e francesa. É a Europa, portanto, a matriz inicial da nossa
126

formação intelectual. Sem esquecer outras possíveis interferências na nossa


formação, parece possível afirmar a existência de uma certa europeização dos
saberes, conforme a expressão de Serge Latouche (1996).

A presença da missão francesa em São Paulo, entre os anos de 1934 e


1939, com a criação da USP, pode ser considerada um marco no que diz
respeito à presença francesa entre nós. Mas não é só. Um elenco, ou mais
propriamente uma constelação de teóricos, iluminou as análises dos projetos
de teses e dissertações nos cursos de pós-graduação no Brasil nas décadas
de 1970-80147.

Essa perturbação na ordem do establishment do pensamento


francês é bem-vinda ao Brasil, mesmo que seja recebida de
maneira diferenciada e desigual nos espaços institucionais
acadêmicos. Gaston Bachelard, Felix Guattari, Gilles Deleuze,
Roland Barthes, Michel Foucault, Cornelius Castoriadis, Roger
Bastide, Claude Lévi-Strauss, Pierre Bourdieu, Gilbert Durand,
Jean-Paul Sartre, Maurice Godelier, Claude Meilassaux, Pierre
Philippe Rey, Simone de Beauvoir, Georges Balandier, Michel
Serres, Marc Augé, Michel Maffesoli, Eugéne Enriquez e Edgar
Morin constituem uma constelação de ideias que se infiltra de
forma rizomática, sobretudo a partir da década de 70 do século
passado, nos centros mais expressivos do conhecimento das
humanidades do Brasil, especialmente na pós-graduação
nascente. Deve-se registrar, entretanto, que de maneira solitária e
anteriormente a esse período, intelectuais brasileiros antenados
com a cultura francesa leram, se nutriram e dialogaram com o
pensamento francês pós-cartesiano.148

A dissonância entre as posturas epistemológicas dos dois grandes


mitólogos ocidentais se deve, entre outros indícios, à compreensão do método
na ciência. Em entrevista concedida em 1968 ao Jornal The Goddard, Joseph
Campbell explicita sua posição oposta à concepção de método de Claude Lévi-
Strauss. Falando sobre metodologias de incursão na realidade cultural, dirá
Campbell: “sou contrário a metodologias porque acho que determinam o que
você vai apreender. Por exemplo, o estruturalismo de Lévi-Strauss”149.

147
ALMEIDA, 2003.
148
ALMEIDA, 2003, p. 29.
149
CAMPBELL, 1968.
127

Para Campbell, as metodologias direcionam o que o pesquisador vai


observar e compreender da realidade. É mais adequado, para ele, manter “um
olhar aberto aos fatos que estão na sua frente”, o que seria impossível se
olhamos o mundo a partir de um método a priori. Nessa entrevista, Campbell
também advoga que “o caminho flexível é o mais apropriado” 150.

Essa incursão do autor em direção a uma reproblematização do método


para a apreensão da narrativa mítica tem peso igual em relação ao tratamento
detalhado a respeito do tema da bem-aventurança.

Não é somente do estruturalismo que Campbell procura se afastar. Para


exemplificar a sua proposição, e afirmando que o funcionalismo dos anos
1920/30 estava na moda, ele critica a ausência das “comparações
interculturais”. A redução a uma compreensão estritamente local impede uma
reflexão mais contextualizada das enunciações culturais, segundo ele. Aqui
está, portanto, o distanciamento do autor em relação também ao funcionalismo.

O interesse crescente pelos temas abordados na obra de Campbell tem


inspirado profissionais de diversas áreas do conhecimento a criarem grupos de
estudos para discutir as ideias presentes nos seus livros. Alguns desses grupos
merecem destaque, como veremos a seguir.

O Núcleo Granja Viana (NGV), em Cotia, São Paulo, é um desses


grupos. Em menos de uma década de atividades, o NGV promove o estudo de
mitologia e religião comparada tomando como base a obra de Joseph
Campbell, reunindo-se quatro vezes por ano. A cada ano, um livro é
selecionado, em comum acordo pelos membros do Núcleo, para ser discutido.
Tentar compreender a perspectiva mítica na sociedade contemporânea e
colaborar para o desenvolvimento de um mundo mais tolerante, humano,
criativo, justo e sustentável são objetivos do NGV, coordenado por Mônica
Martinez. O NGV é ligado à Fundação Joseph Campbell, com sede na
Califórnia, Estados Unidos151.

A Associação Palas Athena do Brasil, também em São Paulo, ministra


seminários e cursos para discutir as ideias de Campbell, além de traduzir e

150
CAMPBELL, 1968.
151
Cf. http://fundacaojosephcampbell.blogspot.com.br/. Acesso em: 30 set. 2010.
128

publicar os seus livros desde a década de 1990. Com o objetivo de dialogar


com algumas das ideias de Joseph Campbell, em abril de 2010, participei de
três atividades promovidas pela Palas Athena, por ocasião da visita de Robert
Walter ao Brasil. Walter é, atualmente, diretor da Fundação Joseph Campbell,
nos Estados Unidos.

A Fundação Joseph Campbell (FJC) foi criada em 1991 para dar


prosseguimento à obra do mitólogo. Jean Erdman, esposa de Campbell, foi a
primeira presidente-fundadora da instituição e depois se tornou presidente
emérita. Três metas principais orientam as atividades da FJC. A primeira
consiste em preservar, proteger e perpetuar o trabalho pioneiro de Campbell no
campo da mitologia e da religião comparada. A catalogação e o arquivamento
da obra do autor é o principal objetivo da Fundação, além do desenvolvimento,
distribuição de novas publicações baseadas em sua obra, e a garantia dos
direitos autorais. A segunda meta consiste na promoção do estudo de mitologia
e religião comparada, por meio da implementação de programas de educação
mitológica; no apoio e patrocínio de eventos, com o objetivo de ampliar a
consciência pública; na doação de trabalhos do acervo de Campbell e na
utilização do site da FJC como um fórum de diálogos relevantes. Por fim, a
fundação auxilia grupos e pessoas com programas e mesas-redondas
mitológicas que têm como objetivo trazer benefícios espirituais e pessoais para
a vida dos participantes.

Em sua quarta visita ao Brasil, Robert Walter participou de uma intensa


agenda de trabalho que envolvia conhecimentos acerca da obra de Campbell.
No auditório do Museu de Arte de São Paulo (MASP), palestrou sobre Mitos,
ritos e símbolos em busca de significado – alicerçando a paz, durante o 79º
Fórum do Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz, na noite de 13 de
abril de 2010.

Walter iniciou sua palestra no MASP caracterizando a paz como a


ausência de violência: “a violência representa a quebra de uma conexão, uma
ruptura do tecido da vida que produz reações primárias nas pessoas como o
medo e a raiva, provocando fugas ou brigas”. Segundo Walter, “as pessoas
possuem, naturalmente, um impulso violento, mas não o encaram nem falam
sobre ele. Raramente elas reconhecem essa inclinação. Porém, os mitos
129

conseguem fazê-lo. A criação de metáforas, mitos e narrativas modula as


atividades cerebrais, ajudando a lidar com esses impulsos básicos”, explica
Walter152. “Em vez de confrontar esses impulsos inerentes ao ser humano,
como raiva e medo, a sociedade terceiriza o controle da violência para a polícia
e o exército, e prefere falar sobre o respeito à paz153”, lamenta.

Robert Walter concluiu sua exposição afirmando que todos os seres


humanos têm a necessidade de saber que, em vez de serem simples
carregadores de pedras, são “construtores de catedrais”; isto é, indivíduos que
estão paulatinamente realizando seus sonhos e, por meio deles, alcançando
resultados. A função dos mitos é dar sentido à vida; é amenizar as ansiedades
pessoais, reconciliando-as com o fato de que o ciclo natural da vida implica em
rupturas que dão origem ao novo.

Na mesma noite da palestra no 79º Fórum do Comitê Paulista para a


Década da Cultura de Paz, foi lançada a tradução brasileira do livro As
máscaras de Deus: mitologia criativa, último volume da tetralogia homônima.
Sobre a conclusão do projeto As máscaras de Deus, Campbell (2010) afirma:

Olhando outra vez para os doze anos que passei trabalhando com
prazer neste rico e gratificante projeto, concluo que, para mim, seu
maior resultado foi a confirmação de uma ideia com a qual me
ocupei longa e delicadamente: a da unidade da raça humana, não
apenas em termos biológicos, mas também na sua história
espiritual, que em toda parte, se manifestou à maneira de uma
única sinfonia, teve seus temas apresentados, desenvolvidos,
ampliados e revolvidos, distorcidos e reafirmados, para hoje
ressoar em uníssono num estrondoso fortíssimo, avançando
irresistivelmente para uma espécie de portentoso clímax, do qual
emergirá o próximo grande movimento. E não consigo ver
nenhuma razão para que se suponha que no futuro os mesmos
motivos já ouvidos não continuem a ressoar – em novas relações,
é claro, mas, mesmo assim, os mesmos motivos. Eles estão todos
aqui, nos [quatro] volumes dessa obra.154

152
Anotações pessoais da palestra Mitos, ritos e símbolos em busca de significado –
alicerçando a paz proferida por Robert Walter no MASP. São Paulo, 13 abr. 2010.
153
Idem.
154
CAMPBELL, 2010, p. 13.
130

Durante os dias 16, 17 e 18 de abril de 2010, nas dependências da


Associação Palas Athena, no bairro do Paraíso, em São Paulo, Robert Walter
ministrou o workshop Descobrindo os mitos pelos quais vivemos e discutiu
excertos da obra de Campbell de maneira lúdica e atrativa.

Como participante do referido workshop, tive a oportunidade de dialogar,


de maneira informal, com Walter sobre algumas ideias presentes nos livros de
Campbell, além de perguntar como ele despertou para o estudo dos mitos.
Walter reafirmou o que já havia dito em visitas anteriores ao Brasil: “iniciei o
meu trabalho com mitos junto ao próprio Campbell, em 1979. Eu ainda
trabalhava como produtor, diretor e escritor teatral na Broadway, e dirigia a
Royal Shakespeare Company”155.

A terceira atividade da qual participei na Palas Athena foi o seminário A


jornada da transformação, também ministrado por Robert Walter, que iniciou a
aula discorrendo sobre um tema caro a Campbell: o caminho para a bem-
aventurança. “Campbell dizia que a bem-aventurança envolvia três palavras em
sânscrito: sat (que significa ser), chit (consciência) e ananda (bem-aventurança
ou arrebatamento). Ele dizia que não sabia bem onde se localizava a
consciência ou o ser, mas que decididamente sabia quando estava
arrebatado”156, conclui Walter.

O conferencista comentou que, durante mais de duas décadas,


Campbell celebrou o próprio aniversário ministrando oficinas no Instituto
Esalen, na Califórnia, e que havia participado das oficinas. Para explicar o
motivo que o levava a ministrar as oficinas, Campbell costumava contar que
Carl Jung de repente percebeu o que significa viver um mito e o que significa
viver sem ele. Jung se perguntou: “Que mito estou vivendo?” Percebendo que
não sabia, ele se “propôs a descobrir a mitologia pela qual estava vivendo e
considerou esta a tarefa mais importante da sua vida” 157. Em entrevista,
Campbell confirma que

155
Notas de aulas do workshop Descobrindo os mitos pelos quais vivemos, ministrado por
Robert Walter na Associação Palas Athena. São Paulo, abr. 2010.
156
Notas de aulas do seminário A jornada da transformação, ministrado por Robert Walter na
Associação Palas Athena. São Paulo, abr. 2010.
157
CAMPBELL, 2003, p. 81.
131

Houve um determinado momento da vida de Jung, quando


terminou de escrever a sua primeira grande obra Símbolos da
transformação, que ele compreendeu o que significava viver com
uma mitologia, e o que significava viver sem uma mitologia. Este
livro, que Freud não aceitaria, estudava o conjunto das imagens
fornecidas por uma mulher mergulhada em profunda psicose.
Jung começou por reconhecer as analogias entre as alucinações
dela e o imaginário mitológico básico do mundo. Ao terminar esse
trabalho Jung começou a se interrogar por qual mitologia estaria
vivendo e descobriu que não sabia.158

Mecanismos capazes de desterritorializar os domínios da razão são


sugeridos durante o seminário ministrado por Walter. Acordar as experiências
vividas na infância é um desses mecanismos: “lembre-se do que você fazia
quando era criança que o enlevava, que criava aquela sensação de que não
havia espaço nem tempo. É esta a sensação que se sente quando se está em
bliss”159. A tradução da palavra bliss para o português é complexa, mas o
sentido é o de bem-estar em um nível que transcende o aspecto simplesmente
material. Para Phil Cousineau, no conceito campbelliano, “bliss representa a
busca pelo caminho pessoal, ainda que nele possamos passar por dores,
alegrias, sofrimento ou êxtase. Bliss é algo que não podemos deixar de fazer, é
um chamado” 160.

Mesmo que pareçam estranhas essas pragmáticas de conhecimento


baseadas nos recônditos da espiritualidade humana, seria uma omissão não
registrar esse tipo de ressonância que advém da obra de Joseph Campbell. A
despeito do diagnóstico feito por antropólogos, psicólogos e teólogos das
décadas de 1960-1970 sobre o declínio do interesse pelas questões espirituais,
pelos fenômenos da consciência e pelas práticas meditativas, podemos afirmar
que as últimas décadas do século 20 manifestaram um singular florescimento
pelas pesquisas, pelos estudos e pelas experimentações no âmbito da vida
interior, inclusive por parte da ciência.

Foi decisiva a contribuição de Joseph Campbell ao tornar acessíveis as


mitologias das diversas culturas como sistemas de crenças e valores que

158
CAMPBELL, 2003, p. 81.
159
Notas de aula do seminário A jornada da transformação, ministrado por Robert Walter na
Associação Palas Athena. São Paulo, abr. 2010.
160
BROWN, 2003, p. 13.
132

permeiam o acontecer humano em todas as dimensões. Para Campbell (2001),


as mitologias tradicionais têm quatro funções básicas: mística, cosmológica,
social e psicológica. A função da primeira é despertar e sustentar um
sentimento de “espanto” diante do mistério da existência; a segunda é oferecer
uma cosmologia, uma imagem do universo que abraça o tangível e, ao mesmo
tempo, a dimensão que não é avaliável pelos sentidos; a terceira é garantir
uma ordem social a fim de integrar de forma orgânica cada indivíduo em seu
grupo de referência; por fim, introduzir esse indivíduo nas realidades de sua
própria psique, onde encontrará as vias de sua realização humana 161.

A discussão sobre as quatro funções do mito é recorrente em Campbell.


Podemos afirmar que elas pulverizam, praticamente, toda a obra do mitólogo.
Em várias entrevistas concedidas por ele, a ideia matriz sobre as quatro
funções são retomadas e ampliadas, de modo a alargar a compreensão que
ele tinha sobre a importância das narrativas míticas nas sociedades antigas e
as metamorfoses sofridas pelas mesmas funções nas sociedades modernas.

Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se


relacione com sua própria vida. Os mitos têm basicamente
quatro funções. A primeira é a função mística – e é disso que
venho falando, dando conta da maravilha que é o universo, da
maravilha que é você, e vivenciando o espanto diante do mistério.
Os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a
consciência do mistério que subjaz a todas as formas. Se isso lhe
escapar, você não terá uma mitologia. Se o mistério se manifestar
através de todas as coisas, o universo se tornará, por assim dizer,
uma pintura sagrada. Você está sempre se dirigindo ao mistério
transcendente, através das circunstâncias da sua vida verdadeira.
A segunda é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a
ciência se ocupa – mostrando qual é a forma do universo, mas
fazendo-o de uma tal maneira que o mistério, outra vez, se
manifesta. Hoje, tendemos a pensar que os cientistas detêm todas
as respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos: “não, não
temos todas as respostas. Podemos dizer-lhe como a coisa
funciona, mas não o que é”. Você risca um fósforo – o que é o
fogo? Você pode falar de oxidação, mas isso não me dirá nada. A
terceira função é a sociológica – suporte e validação de
determinada ordem social. E aqui os mitos variam
tremendamente, de lugar para lugar. Você tem toda uma mitologia
da poligamia, toda uma mitologia da monogamia. Ambas são

161
CAMPBELL, 2001.
133

satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi essa função


sociológica do mito que assumiu a direção do nosso mundo – e
está desatualizada. Ela refere-se aos princípios éticos. As leis da
vida, como deveria ser, na sociedade ideal. Todas as páginas de
Jeová sobre que roupas usar, como se comportar diante do outro,
e assim por diante, no primeiro milênio antes de Cristo. Mas existe
uma quarta função do mito, aquela, segundo penso, com que
todas as pessoas deviam tentar se relacionar – a função
pedagógica, como viver uma vida humana sob qualquer
circunstância. Os mitos podem ensinar-lhe isso.162

Campbell (1998) afirma que “o mito é o sonho coletivo, ao passo que o


sonho é o mito pessoal”. Essa afirmação convida a uma compreensão do mito
pelo qual estamos vivendo, suas consequências em nossas escolhas e as
aspirações traduzidas em sonhos que aguardam o tempo propício no espaço
de nossa consciência. Os mitos, como forças internas da própria psique, não
morrem, reorganizam-se em novos arranjos através do sentido que oferecem à
vida em cada época e cultura.

Sincronicidades e afetos

Como uma Fênix, ave mítica que ao morrer entrava em autocombustão


e renascia das próprias cinzas, Campbell parece ganhar vida pelas vozes de
Lia Diskin e Lucia Benfatti durante as entrevistas concedidas a mim na
Associação Palas Athena, em São Paulo, em 2011.

Após as transcrições, as duas entrevistas foram revistas e acrescidas


com detalhes significativos pelas próprias entrevistadas. Nesta tese, elas
aparecem na íntegra. É importante mencionar que tanto Lia quanto Lucia
fizeram parte da equipe de tradutores e revisores técnicos de algumas obras de
Joseph Campbell traduzidas no Brasil e publicadas pela Editora Palas Athena.

162
CAMPBELL, 1998, p. 32, grifos meus.
134

Uma entrevista com Lia Diskin163

Carlos: O primeiro livro de Joseph Campbell que eu li foi O poder do mito, uma
bela entrevista de Campbell, concedida a Bill Moyers, traduzida e publicada
pela Palas Athena em 1990. Foi a partir desse livro que eu passei a ter contato
com a obra de Campbell. Então, penso que podemos iniciar a nossa conversa
a partir desse livro. Fale um pouco sobre o trabalho da Palas com a tradução
dos livros do Campbell, com a difusão de suas ideias no Brasil.

Lia: Primeiramente, seria interessante lembrar que a nossa aproximação com o


trabalho de Joseph Campbell foi devido à publicação de três livros de Heinrich
Zimmer, um grande escritor alemão que morreu relativamente jovem, aos 52
anos, em 1943, em plena carreira acadêmica, em pleno desenvolvimento
intelectual, uma capacidade extraordinária de poder ler e traduzir o que
chamaríamos de o ideário e a cosmovisão oriental, especificamente a
cosmovisão da Índia para o Ocidente. Joseph Campbell estudou com ele e,
quando tomou conhecimento de sua morte, se aproximou da viúva Christiana e
manifestou a sua vontade de poder ver os textos que ele tinha deixado. Zimmer
tinha deixado obras não finalizadas como, por exemplo, Filosofias da Índia que,
na minha percepção, é a obra que melhor traduz o mundo Oriental sem
deformá-lo e, também, sem infantilizá-lo, para a nossa mentalidade, nossa
capacidade de compreensão do mundo e compreensão de realidade. Essa
obra não estava pronta. Ainda estava totalmente em estado muito provisório de
definição no último capítulo e Campbell literalmente se devotou para dar conta
de todo o conteúdo da obra. No último capítulo que diz respeito ao tantrismo,
ele tomou o trabalho de compilar os apontamentos dos alunos de Zimmer. A
partir dessa compilação de apontamentos de aulas, ele terminou construindo o
capítulo o Tantra.

Essa foi a minha primeira aproximação e admiração por Joseph


Campbell. Considero que foi um trabalho muito exaustivo trabalhar com a
língua alemã e depois traduzir tudo isso para o inglês, que é extremamente
pragmático como língua e me parece muito mais pobre do que o alemão no
campo da filosofia – no campo da filosofia, o alemão tem uma vastidão –, e não
é por acaso que foram as universidades alemãs as primeiras que abrigaram
163
Entrevista concedida a mim na Associação Palas Athena. São Paulo, 24 nov. 2011.
135

cadeiras que são inscritas como disciplinas tanto na área de linguística quanto
na área da própria filosofia.

Então, considero que deve ter sido realmente um trabalho muito


exaustivo para o Campbell, mas a gente vê pela beleza da composição literária
e igualmente pelo detalhamento da bibliografia e das citações das fontes que
Campbell era um fiel honorável discípulo de Heinrich Zimmer. Foi, então, a
partir dessa obra que a gente publicou Filosofias da Índia e duas outras obras
que também Joseph Campbell sistematizou, ou seja, deu os últimos retoques.
Uma delas chama-se The King and the Corpse [O rei e o cadáver], o título de
um dos contos. Nós traduzimos esse livro para o português com o título A
conquista psicológica do mal164. Belíssima obra, extraordinária obra a qual já
não mais transita sobre o Oriente, mas também sobre o Ocidente, resgatando
todo o ciclo arturiano, todo o ciclo do centro arturiano e algumas passagens
ainda do As mil e uma noites, e lendas do paganismo irlandês. A outra obra
que publicamos é Mitos e símbolos na arte e civilização da Índia, também
extraordinária, de grande contribuição para a compreensão desse macromapa,
dessa macrocartografia do universo no centro da Índia.

Foi a partir da publicação dessas três obras que conhecemos Joseph


Campbell autor, já maduro no sentido de assumir e organizar seu próprio
repertório de ideias e obras; e publicamos a primeira de todas que foi O poder
do mito que, na realidade, foi a maneira com que Joseph Campbell foi
catapultado para o cenário popular, porque ele já tinha publicado os livros da
quatrilogia que se constituiu no conjunto As máscaras de Deus, que começou a
ser escrito na década de 1950 o primeiro volume, Mitologia primitiva.

O poder do mito é uma obra muito mais tardia, mas que adquire essa
repercussão, primeiro porque se trata de um diálogo, ou seja, não é apenas a
manifestação de uma reflexão elaborada em um processo em que o
conhecimento vai amadurando, amadurando, amadurando e você pode ir

164
Este livro reúne um conjunto de histórias da literatura oriental e ocidental e tem como fio
condutor a preocupação comum com o eterno conflito entre o homem e as forças do mal.
Heinrich Zimmer comenta as narrativas e desvenda o significado inerente a cada símbolo,
aparentemente desvinculado dos demais, e propõe uma unidade filosófica do grupo de mitos.
O conjunto de contos assume as mil faces da alma humana para abordar o mal como uma
questão fundamental entre os humanos (Nota do Entrevistador).
136

acompanhando essa maturação de um inverno, talvez seminal, para uma


primavera, um verão em fruto.

No caso do livro O poder do mito, você tem uma obra que, por meio
desse diálogo mantido com Bill Moyers, apresenta uma extraordinária
capacidade não apenas de acompanhar o pensamento de Campbell, mas,
também, de quase que convidá-lo, quase que desafiá-lo e incitá-lo a entrar em
um cenário de reflexões, às vezes como crítica ao monoteísmo, por exemplo, e
a extraordinária capacidade que também teve Betty Sue Flowers e a própria
Jacqueline Kennedy Onassis que pertencia à estirpe editorial da Editora
Doubleday que publicou essa obra, nos Estados Unidos, em 1988.

Na realidade, O poder do mito é o resumo da transcrição de uma série


de encontros havidos na televisão aberta dos Estados Unidos entre Joseph
Campbell e Bill Moyers. Foi isso o que aconteceu; temos que ser honestos, foi
isso na certa que colocou Joseph Campbell no campo do cenário do
pensamento mundial. Antes, me arrisco a dizer, era demasiadamente
hermético, desde a sua reflexão como para poder chamar e conclamar um
público um pouco menos maduro, menos ávido, capaz de estar frequentando
os meandros do pensamento. Então, é a partir do livro O poder do mito que
vamos encontrar dentro do universo do psicólogo, dos terapeutas formais e dos
terapeutas informais todo chamamento para uma majestosa verdade escondida
atrás das roupagens, da metáfora, da alegoria, do próprio conceito de mito.

Carlos: O poder do mito projeta Campbell para um público mais amplo e


populariza as suas ideias. É isso?

Lia: Sem dúvida.

Carlos: Como você bem disse, talvez as ideias de Campbell estivessem


restritas a um público mais erudito, mais refinado do ponto de vista do
conhecimento. Então, foi muito importante essa entrevista feita por Bill Moyers
com Campbell para projetar a sua obra. Mas essa entrevista acontece quase
no fim da vida de Campbell, já que ele faleceu em 1987 e esse diálogo foi
gravado no início da década de 1980.

Lia: Exatamente! Ele já estava idoso; a gente vê no próprio documentário O


poder do mito o Campbell com a idade avançada.
137

Capas do livro O poder do mito (edição norte-americana, 1988; edição brasileira, 1990)

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

Carlos: Você chegou a conhecer Joseph Campbell pessoalmente?

Lia: Nunca. Lastimo não ter tido a sensibilidade de convidá-lo quando


começamos a tradução dos livros de Heinrich Zimmer. Nossa aproximação
com o pensamento de Campbell foi realmente posterior. Foi quando saiu O
poder do mito. Quando saiu esse livro, logicamente nos deparamos com a sua
obra maior As máscaras de Deus – um conjunto de quatro volumes traduzidos
pela Palas Athena. Era a marca dele. Falamos: “meu Deus, este é um
conhecimento que de maneira nenhuma pode ficar ausente ao Brasil ou à
população de língua portuguesa”. Depois tomamos conhecimento de uma
informação importante, por meio de Bob Walter, um dos seus discípulos, que
hoje é o presidente da Fundação Joseph Campbell, nos Estados Unidos. O
Bob Walter falou: “ninguém teve a coragem de comprar os direitos autorais de
As máscaras de Deus em língua portuguesa”. Porque é uma obra que precisa
138

passar pela revisão deles, ainda que a gente também se debruce sobre essa
obra. Eu trabalhei nos três primeiros volumes pessoalmente, no quarto volume
não tanto quanto gostaria, mas também trabalhei nele, tentando tornar um
pouco mais palatável o acesso às ideias, porque há nessa obra na edição
campbelliana, na edição original, parágrafos que se prolongam por três páginas
e, temos que ser honestos, não estamos acostumados a seguir um raciocínio
durante três páginas.

Campbell tem a capacidade de começar uma ideia e desdobrá-la; ver


como essa ideia foi se revirando e se espelhando em outras culturas, e com
isso não estamos acostumados. A gente também teve todo um trabalho de
edição para facilitar o entendimento do público, que não é um público
especialista na compreensão de uma obra tão vasta. Aliás, a Lucia também
trabalhou nos quatro volumes; ela também trabalhou na revisão de todas as
fontes, porque tivemos que assinalar algumas fontes que não estavam bem
assinaladas, se diziam que tal fonte estava, por exemplo, na quarta página na
primeira sessão e estava em outra página, em outra sessão. A Lucia se
encarregou de rastrear todas as fontes junto com Daniela Moreau, outra
magnífica professora daqui da Palas, que é historiadora. Ela pegou todas as
fontes em alemão, porque ela tem a esperteza da língua, pegou todas as
citações que estão feitas na obra As máscaras de Deus em alemão, sobretudo
o terceiro volume que é Mitologia ocidental no qual tem muita citação em
alemão; é muita citação de toda essa extraordinária floresta que corresponde à
mitologia germânica, e foi Daniela quem rastreou todas essas fontes.

Carlos: E Carmen Fischer?

Lia: A Carmen Fischer é a tradutora dos quatro volumes da obra As máscaras


de Deus; brilhante profissional. Mas não era uma especialista em mitologia. Ela
foi se tornando a partir da pesquisa que foi necessária fazer.

Carlos: Então, essa questão que eu tinha formulado sobre a dificuldade do


trabalho de tradução e que precisou de uma equipe: Carmen, Lucia, você,
Daniela Moreau...

Lia: Da Daniela Moreau e de uma pessoa que hoje está morando na Itália
chamada Elie Karman. Brilhante colaborador, um grande estudioso. Ele é do
139

meio empresarial e financeiro, mas também é um pesquisador de campo, um


estudioso de campo.

Carlos: Então foi realmente um trabalho de fôlego.

Lia: Sim.

Carlos: A Palas começou a traduzir a tetralogia As máscaras de Deus na


década de 1980? Logo após a morte de Campbell?

Lia: Não. Acho que um pouquinho depois, já não me lembro, a Lucia deve
lembrar. Eu não lembro, mas realmente exigiu muito de nós, volto a dizer... Em
ter que compreender o que ele estava falando, mas também em tornar
acessível esse pensamento de uma densidade na qual um leigo jamais teria
competência de adentrar, pois nesse aspecto nos sentimos muito felizes e
muito gratificados, pela utilização da obra de Campbell por psicólogos,
antropólogos e outros estudiosos, em suas teses, como no seu caso, mas
também em suas terapias, palestras, observações, colóquios, abordagens de
pesquisa. É gratificante para nós, porque se tornou compreensível.

Carlos: Campbell fala sempre sobre a unidade espiritual dos seres humanos.
Ele sustenta a tese de que os mitos formam a unidade espiritual da espécie
humana, pois estão presentes em todas as culturas; que somos universais não
apenas pelo biológico, mas também pelo espiritual, porque todos os homens
fazem parte do coral dos mitos. Gostaria que você falasse um pouco sobre
essa ideia tão presente na obra.

Lia: Campbell foi muito feliz quando conseguiu escrever de maneira didática
essa composição de que há quatro funções da mitologia. Acredito que isso é
de uma felicidade extraordinária, porque praticamente você não vai encontrar
nenhuma cultura na qual essas quatro funções inexistem. Você pode falar da
mitologia, mas também pode estender para a religião, da qual se viveu na
história até agora, isso é extraordinário. Quando ele diz que o primeiro aspecto
que procura o mito, a metáfora, a alegoria, a anedota dentro do campo
espiritual é despertar o sentimento de espanto perante o mundo, a fim de
contar onde nós estamos nisso, não é algo banal, isso não é algo incerto, para
se dizer insignificante, tudo é uma complexidade. Naquela época não se falava
na complexidade, uma complexidade não é incerta, uma capacidade
140

homeopática de se manter uma sustentabilidade e manter uma percepção de


futuro, literalmente não é certo, é absurdo... A primeira função é criar uma
percepção de que esse mundo onde você está é inefável, é um mistério e por
isso provoca esta percepção, espanto; a segunda função é criar uma
cosmologia, uma visão organizada deste universo incomensurável, uma ordem
possível de ser compreendida. E criar minimamente a concepção de universo,
compreensão do espaço que habitamos. E ainda quando se fala na terceira
função, a de nos inserir dentro de um cenário social, ou seja, criar vínculos e
relações que, por sua vez, vai nos dar a possibilidade de construir uma
identidade; para terminar, por último, na quarta função: esse espaço íntimo
individual, solitário e de consciência para cada um de nós começarmos a dar
significado às coisas. Imagine. Eu encontro isso na religião, na doutrina
espiritual e dentro dos corpos dos universos politeístas, dos universos
panteístas, dos universos animistas, dos universos monoteístas e ainda
naquelas tradições que não têm sequer um Deus como uma proposta
aglutinante, caso do budismo. Todas elas têm essas quatro funções. Então,
penso que foi uma felicidade extraordinária.

Carlos: E essas quatro funções são recorrentes durante toda a obra dele.

Lia: Durante toda a obra.

Carlos: A Palas traduziu a tetralogia As máscaras de Deus e O poder do mito.


Tem mais algum livro traduzido pela Palas Athena?

Lia: Não. As outras obras do Campbell que mais me lembro são três: O herói
de mil faces, As transformações do mito através do tempo, ambas publicadas
pela editora Pensamento/Cultrix, muito antes de publicarmos O poder do mito;
e Mitologia na vida moderna, publicada pela editora Rosa dos Tempos. Tem
também vários outros livros dele que foram publicados por outras editoras.

Carlos: Eu tenho uma obra de Campbell traduzida no Brasil em 1991; trata-se


do livro A extensão interior do espaço exterior, parte da coleção Somma,
coordenada pelo escritor Paulo Coelho, na época.

Lia: Não conheço.


141

Carlos: Eu fiz um levantamento das traduções do Campbell no Brasil e


observei que grande parte da obra dele está traduzida para a língua
portuguesa.

Lia: Não acredito. Mais do que o espanhol?

Carlos: Creio que sim.

Lia: Mas que notícia maravilhosa.

Carlos: Falta traduzir o Atlas Mitológico.

Lia: O Atlas ainda está em um processo de liberação com a Fundação Joseph


Campbell devido às imagens; algumas delas já estão desatualizadas, além de
terem se perdido os fotolitos de outras.

Carlos: Então vai ter que ser um trabalho de fôlego para recuperar as imagens
e atualizar.

Lia: Vai ser um trabalho mais do que de fôlego, de coragem!

Carlos: A Palas mantém contato permanente com a Fundação Joseph


Campbell, nos Estados Unidos?

Lia: Sim. Por meio do Bob Walter, a quem trouxemos no ano passado, 2010,
lembra?

Carlos: Sim. Eu participei do Seminário A jornada da transformação e do


workshop Descobrindo os mitos pelos quais vivemos, ambos ministrados por
Robert Walter, em abril de 2010. Fale um pouco sobre esse intercâmbio da
Palas com a Fundação.

Lia: Bob Walter é uma pessoa extremamente comunicativa e na realidade é um


devoto discípulo de Campbell. A gente percebe, ele era um homem de teatro e
abandonou absolutamente tudo para dedicar-se à Fundação Joseph Campbell
e poder dedicar-se a pontilhar tudo o que Campbell deixou; passar para uma
linguagem acessível. Ele fez toda uma série de filmes que havia, um pequeno
vídeo que havia, um pequeno documentário que havia, para poder colocar tudo
dentro de um registro. Ele é uma pessoa muito antenada com as questões
tecnológicas, com as questões de grande velocidade e de transformação por
142

meio da informação; então, sem sombra de dúvidas, eu penso, acredito e falo


que ele é devoto e discípulo de Campbell.

Carlos: Em abril de 2010, quando Robert Walter esteve aqui na Palas,


ministrando o seminário e o workshop, ele comentou sobre um filme que
aborda fragmentos da vida de Campbell e apresentou um trailer 165.
Recentemente, verão de 2011, o filme foi lançado nos Estados Unidos. Você
tem alguma informação sobre esse filme?

Cartaz de Finding Joe

Fonte: Arquivo pessoal (reprodução)

165
Trata-se do filme-documentário Finding Joe, de Patrick Takaya Solomon, exibido nos
Estados Unidos em 2011 (Nota do entrevistador).
143

Lia: Ainda não tenho conhecimento. Eu conheço a série O poder do mito e Os


mitos na história. Você tem essa série também?

Carlos: Tenho apenas a série O poder do mito. Gostaria de conhecer sobre Os


mitos na história. A Palas promove seminários, cursos e palestras com as
ideias de Campbell. Fale um pouco sobre esse trabalho.

Lia: Constantemente essas obras colocam você em um repertório hoje


extremamente interessante. Quando você une três macropercepções, que é
essa de Joseph Campbell junto com a de Humberto Maturana (Biologia), junto
com a de Riane Eisler (Ciências Sociais), uma abordagem que, sem sombra de
dúvidas, parte de conhecimentos e fontes diversas e entra em um cenário
luminoso. Temos o mundo das ciências biológicas e a outra parte das ciências
sociais. Essa obra é para um Seminário, é um divisor de águas, porque só há
muito pouco tempo tivemos uma percepção a respeito do passado e ele, em
contato com uma grande arqueóloga grega que também morreu relativamente
jovem, Marija Gimbutas, começa a refletir: Mas que passado é esse do qual
estamos falando? É realmente o passado que ficou ou é um passado filtrado
por uma leitura patriarcal? Os museus mostram o que foram as culturas do
passado ou o que foram selecionados de acordo com aquilo que produziram a
cultura? Essa é uma pergunta muito forte, porque ela literalmente está
começando a mexer nos alicerces de uma percepção de realidade, uma
percepção civilizatória. Então, penso que, ao unir hoje essas três vertentes,
temos o acesso a um universo de compreensão, não apenas do passado, mas
de uma compreensão do porquê estamos, onde estamos; do porquê estamos
na situação em que estamos. Sem esses autores, penso que o passado se
torna muito branco e preto, se torna muito menos rico, muito menos
consistente, muito menos plausível para a consciência que nós hoje temos.
Não é possível entender o que está acontecendo, por exemplo, neste momento
sobre os recursos naturais do planeta, a não ser que consigamos compreender
qual é a lógica do patriarcado, e na lógica do patriarcado exige o sistema e a
compreensão da propriedade, da apropriação sem nenhum tipo de limites, sem
nenhum tipo de rede, sem nenhum tipo de consideração por nada nem
ninguém. Não podemos compreender o que aconteceu em Wall Street, com
seus investidores, a não ser que entremos literalmente no complexo de Zeus e
144

no mito complexo de Zeus. O que aconteceu em 2008, por exemplo? O enredo


de alguns acreditarem tão absolutamente no poder e na onipresença, sem ver
a repercussão dos seus atos. Quando a meninada hoje está gritando e
culpando Wall Street, literalmente isso é uma cena mítica, você não pode
entender isso a não ser por Campbell, e é como derrotá-la nos circuitos
olímpicos pelos mortais.

E tudo isso partiu de uma percepção sistêmica, como propõe Humberto


Maturana. Conseguimos ver o que está acontecendo, enxergar o que está
acontecendo. O grande problema da nossa época é termos todas essas
informações picotadas e não conseguirmos fazer uma sequência. Penso que
isso é grande, um grande tripé que nos permite fazer um “filme” e compreender
o que está se passando.
145

Uma entrevista com Lucia Benfatti166

Carlos: Lucia, fale um pouco da sua experiência de trabalho junto à equipe de


revisores técnicos, do conjunto da obra As máscaras de Deus do Campbell, e
também das suas leituras, discussões e vivências dos cursos que utilizam as
ideias de Campbell aqui na Palas Athena. Enfim... Sobre o Campbell, pois
estou fazendo um trabalho que utiliza a obra dele.

Lucia: Realizei a revisão de provas das publicações dos volumes 1, 2 e 4 da


série As máscaras de Deus, e de O poder do mito. Cuidei de aplicar todas as
correções que a revisão técnica fez e acompanhar a revisão de cada página
em diversas etapas até a finalização da diagramação de cada um desses livros
para a impressão. O poder do mito foi o primeiro livro do Joseph Campbell que
a Palas Athena lançou, ao qual seguiram-se os quatro volumes da série As
máscaras de Deus. Para publicar uma obra do Campbell é preciso muita
pesquisa. Ela traz dados de um patrimônio humano tão amplo e desconhecido
que é preciso muita investigação para saber como é que se traduz. Ele cita
uma infinidade de pensadores, história, tradições, literatura, arqueologia,
antropologia, psicologia, sociologia, enfim uma cultura de humanidades
extensa, com bibliografias especializadas, que descortinam uma experiência
humana que nunca foi apresentada nas escolas e na sociedade em geral. Para
mim, foi muito impactante, porque quando eu tomava contato com tudo isso me
causava um enorme espanto, me fazia estremecer (no bom sentido). Então, eu
tinha que rever conceitos, era forçada a olhar para uma paisagem muito ampla
e inusitada, e isso era maravilhoso, de tirar o fôlego. A experiência de trabalhar
com Campbell foi luminosa, sublime, trabalhosa, uma façanha para mim, um
trabalho exigente, mas que fiz do fundo da alma, não posso dizer que foi feito
somente com alegria, mas com todos os possíveis sentimentos da enormidade
do trabalho a realizar, descobertas incríveis, espanto, admiração... Foi algo
paradoxal, uma perplexidade ao tomar contato com uma experiência humana
vasta. Quando começamos a fazer a revisão do volume Mitologia primitiva,
vimos que todas as culturas antigas conhecidas tiveram sacrifícios humanos. E
isso era muito difícil de digerir e de engolir, você pode imaginar. Nossa tradição
ocidental judaico-cristã nunca nos informou sobre esse aspecto da história,
166
Entrevista concedida a mim, na Associação Palas Athena. São Paulo, 24 nov. 2011.
146

acredito que por total ignorância dele. De nossa própria história ocidental
conhecemos apenas uma pontinha do iceberg, mas somos parte desse
processo. Subestimamos nosso potencial de violência e descuidamos de
cultivar seriamente as melhores habilidades que temos para diminuir a
virulência dessa herança cultural violenta e ignorante.

Carlos: É verdade.

Lucia: Acredito que subestimamos tanto a violência cultural que nos habita
quanto nosso potencial de não-violência, assim como as experiências de uma
dimensão sublime, ou sagrada, ou ainda estética. Conhecer a obra de
Campbell reforçou ao grau máximo as perguntas: O que somos? Onde
estamos? Sem nenhum tipo de imposição ou favorecimento de uma visão ou
ponto de vista. Campbell não impõe, ele mostra, isso é fabuloso.

Carlos: A leitura da obra transforma a gente?

Lucia: Transforma, nunca mais fui a mesma, no melhor sentido da expressão.


Há um antes e um depois de conhecer a obra campbelliana. É assim também
ao conhecer as obras, a vida e o legado de Edgar Morin. Há um antes Morin e
um depois. Admiro o Campbell e o próprio Robert Walter da Joseph Campbell
Foundation. Você esteve no workshop que ele ministrou em abril de 2010 na
Palas Athena?

Carlos: Sim.

Lucia: Bob Walter vem ao Brasil desde 1997. Esteve algumas vezes durante a
década de 2000, e na última vez em 2010.

Carlos: Ele veio pela quarta vez em 2010.

Lucia: Isso mesmo. Quatro visitas ao Brasil; três vezes pela Palas Athena e
uma pela representação da Fundação Joseph Campbell; Ana Figueiredo e
outros colaboradores da Fundação que o trouxeram.

Carlos: Você conhece alguma coisa sobre o trabalho que o grupo da Granja
Viana desenvolve a partir da obra do Campbell?

Lucia: Só ouvi falar, mas não conheço profundamente, nunca tive tempo,
infelizmente, para participar das atividades dos colaboradores da Fundação no
Brasil.
147

Carlos: E Rafael, que fez a tradução do Robert Walter na Palas?

Lucia: Rafael é maravilhoso, uma pessoa muito querida por nós e que também
nos quer muito. Conhece vastamente o pensamento de Campbell, já leu muito,
é um campbelliano de coração; sempre fez tão bem as traduções do Bob
Walter durante suas visitas ao Brasil... É uma pessoa bem forte para fazer esse
elo do Campbell com o Brasil.

Quero enfatizar que as obras de Joseph Campbell puderam chegar ao


Brasil devido a um enorme trabalho voluntário, não remunerado e plenamente
profissional, de responsabilidade e compromisso com esse legado, conduzido
pela Lia Diskin.

Carlos: Lia me falou há pouco que a tradução dos livros de Campbell


demandou um trabalho de fôlego. Que foi feito o cotejamento das citações em
alemão para que as ideias campbellianas ganhassem fluxo para a tradução em
português.

Lucia: Essa foi apenas uma parte, ainda que vital, desse trabalho, de uma
dedicação sem limites.

Carlos: Lia me falou que exigiu muito traduzir As máscaras de Deus.

Lucia: Sim, a única pessoa que conseguiu fazer a revisão técnica foi a Lia, nós
tentamos alguns profissionais, mas não deu certo de forma alguma.

Carlos: E sobre as funções do mito que o Campbell trata em praticamente


todos os livros? A questão é recorrente na obra inteira, vai e volta e ele fala
sobre as quatro funções.

Lucia: O que ficou gravado em mim das funções do mito é: ele organiza a
nossa experiência, nos dá uma ressonância para contatarmos conteúdos
profundos que a nossa cultura normalmente não nos oferece, são aqueles
conteúdos que tratam da nossa existência por inteiro. Então, para mim é isso
que salta aos olhos da função do mito. Além dele socialmente criar ritos
coletivos importantes, mas pessoalmente ele também organiza cada um de nós
no sentido de acessar forças que o nosso velho paradigma ocidental debilitou e
não nos permitiu acessar.
148

Penso que o mito nos põe em contato com o sublime, o “tremendo” –


como diz Campbell – o maravilhoso, o espantoso, que é preciso acessar e não
subestimar, criar uma cultura que tenha consciência das forças tremendas que
existem em nós, para que possamos dialogar com elas, nos reconciliar com
algumas, saber da sua existência e saber como nos organizamos para fazer
bem a nós mesmos e aos outros, amadurecendo em nossos relacionamentos,
ambientes sociais e familiares, não subestimando a natureza humana.

Carlos: Lucia, você gostaria de registrar alguma coisa que você considere
importante e que eu não tenha perguntado?

Lucia: Campbell é um mestre eterno para mim. Só me traz coisa boa. Ouvir a
sua voz, que ficou gravada no documentário O poder do mito, uma série de
entrevistas gravadas no Rancho Skywalker de George Lucas, permite entrar
em contato com uma dimensão humana que não é comum acessar, é rara, por
não estar disseminada na sociedade. Toda a divulgação dessa obra vai abrindo
as frestas para esse acesso.

Bob Walter diz que o Campbell se dedicou integralmente ao seu trabalho


a vida toda, o que ele fazia fora de estar com essa obra em constante
gestação, além de dar aulas, era nadar em um clube de Nova York. Ele fazia
isso para manter-se fisicamente apto e atendia a poucos compromissos
sociais. Em um apartamento pequeno em Nova York, ele gestou sua obra;
depois se mudou para o Havaí, de onde era sua esposa, Jean Erdman, mas
sempre na concentração, no foco. Lia sempre afirma que não existirão mais
homens do calibre de Joseph Campbell, com uma obra tão magnífica, e de
outros como Carl Gustav Jung, ou Mircea Eliade, porque o ritmo de hoje é
outro. Eles foram homens que conseguiram devotar um tempo imenso de suas
vidas para construir uma obra magnífica, coisa que o nosso tempo não
favorece mais.

Carlos: Você tem alguma informação se o Campbell teve filhos no casamento


com Jean Erdman? Em todos os livros que eu li não encontrei essa informação.
Creio que o casal não deixou herdeiros.

Lucia: Creio que eles não tiveram filhos. Não li A jornada do herói, sua
biografia escrita e compilada por Phil Cousineau, uma bela obra, que foi
149

traduzida com esmero por Cecília Prada e revisão técnica de Ana Figueiredo.
Acredito que lá todos esses dados estão registrados.

Gosto muito de um livro que se chama Reflections of the art of living


[Reflexões sobre a arte de viver], compilado por uma seguidora (Diane Osbon)
de Campbell; ela retirou os fragmentos presentes nesse livro de vários
depoimentos dele em seminários, palestras, trechos de seus livros. Esses
registros preciosos nos auxiliam a ampliar nossa paisagem e a reunir coisas
muito belas sobre a vida e nosso patrimônio humano. É muito inspirador! Gosto
muito de um dos testemunhos dele, quando conta que ficou dois anos em
Woodstock, só lendo para se encontrar, quando terminou seu primeiro curso
superior.

Carlos: Isso mesmo. Quando ele voltou da Europa, em plena crise econômica,
em 1929, ficou basicamente estudando e fazendo anotações alguns anos, creio
que cinco anos. No livro A jornada do herói ele fala sobre isso.

Lucia: Ele alugou uma cabaninha em Woodstock (New York), antes desse
lugar ser mundialmente conhecido. Lá ele ficou fazendo uns bicos para ter
dinheiro e para manter-se da forma mais simples possível, para ter todo o
restante do seu tempo dedicado a ler todos os clássicos da literatura, com a
finalidade de “encontrar-se”. E ele conta que de fato “se encontrou”. Antes ele
não sabia o que iria fazer na vida, foram essas leituras que lhe deram “o norte”.
Grandes clássicos da literatura o remetiam a outras leituras, então ele leu um
conjunto conectado, como um holograma, livros que completavam outros.
Foram as grandes obras da literatura que lhe deram a compreensão do que ele
buscava.
150

REFERÊNCIAS

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Tradução Carmen Fischer. São Paulo: Palas Athena, 1999b (ed. orig. 1962).

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Tradução Carmen Fischer. São Paulo: Palas Athena, 2004 (ed. orig. 1964).

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YALOM, Irvin. D. A cura de Schopenhauer. Tradução Beatriz Horta. Rio de


Janeiro: Ediouro, 2006.

Filmografia

Star Wars Episódio I. A ameaça fantasma. Duração: 133 min. Gênero: Ficção
Científica/Aventura. Dir. George Lucas. Produção: Lucasfilm/Rick McCallum.
Estados Unidos. 1999. 1 DVD.

Star Wars Episódio II. Ataque dos clones. Duração: 143 min. Gênero:
Aventura/Ficção Científica. Dir. George Lucas. Produção: Lucasfilm. Estados
Unidos/Inglaterra. 2002. 1 DVD.

Star Wars Episódio III. A vingança dos Sith. Duração: 140 min. Gênero:
Aventura/Ficção Científica. Dir. George Lucas. Produção: Lucasfilm/Rick
McCallum. Estados Unidos. 2005. 1 DVD.

Star Wars Episódio IV. Uma nova esperança. Gênero: Ficção


Científica/Aventura. Dir. George Lucas. Produção: Lucasfilm/Fox Filme.
Estados Unidos/Inglaterra. 1977. 1 DVD.
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Star Wars Episódio V. O império contra-ataca. Gênero: Ficção


Científica/Aventura. Dir. Irvin Kershner. Produção: Lucasfilm. Estados
Unidos/Inglaterra. 1980. 1 DVD.

Star Wars Episódio VI. O retorno de Jedi. Dir. Richard Marquand. Produção:
Lucasfilm. Estados Unidos/Inglaterra. 1983. 1 DVD.
161

APÊNDICE
Principais obras de Joseph Campbell

A cronologia, a seguir, apresenta as principais obras de Joseph


Campbell em língua inglesa, com os anos de publicações das primeiras
edições, título, cidade e editora. Logo em seguida, apresento as obras editadas
por Campbell e, por fim, as traduções brasileiras dos seus livros com os
respectivos anos de publicação no Brasil.

1943 – Where the two came to their futher: A navaho war ceremonial given by
Jeff King. Bollingen Series I. Com Maud Oakes e Jeff King. Richmond, Virginia:
Old Dominion Foundation.

1944 – A skeleton key to Finnegans Wake. Com Henry Morton Robinson. Nova
York: Harcourt, Brace & Co.

1949 – The hero with a thousand faces. Bollingen Series XVII. Nova York:
Pantheon Books.

1959 – The Masks of God. Primitive mythology. Nova York: Viking Press (vol.
1).

1962 – The Masks of God. Oriental mythology. Nova York: Viking Press (vol. 2).

1964 – The Masks of God. Occidental mythology. Nova York: Viking Press (vol.
3).

1968 – The Masks of God. Creative mythology. Nova York: Viking Press (vol.
4).

1969 – The flight of the wild gander: explorations in the mythological dimension.
Nova York: Viking Press.

1972 – Myths to live by. Nova York: Viking Press.

1974 – The mythic image. Bollingen Series C. Princeton, N.J.: Princeton


University Press.
162

1983 – Historical Atlas of World Mythology: vol. 1. The way of the animal
powers. Part 1: Mythologies of the primitive hunters and Gatherers. Part 2:
Mythologies of the great hunt. Nova York: Alfred van der Marck Editions.

1986 – The inner reaches of outer space: Metaphor as myth and as religion.
Nova York: Alfred van der Marck Editions.

1988 – The power of myth. Com Bill Moyers. Betty Sue Flowers (Org.). Nova
York: Doubleday.

1988 – The way of the seeded earth. Vol. II. The way of the Seeded Earth. Part
1: The sacrifice. Nova York: Alfred van der Marck Editions.

1989 – Historical Atlas of World Mythology. Vol. II. The way of the Seeded
Earth. Part 2: Mythologies of the primitive planters: the Northern Americas.
Nova York: Harper & Row Perennial Library.

1989 – Historical Atlas of World Mythology. Vol. II. The way of the Seeded
Earth. Part 3: Mythologies of the primitive planters: the Middle and Southern
Americas. Nova York: Harper & Row Perennial Library.

1990 – Transformations of myth through time. Nova York: Harper & Row.

1990 – The hero’s journey: Joseph Campbell on his life and work. Phil
Cousineau (Org.). Nova York: Harper & Row.

1991 – Reflections of the art of living. A Joseph Campbell companion. Diane K.


Osbon (Ed.). Nova York: HarperCollins.

1993 – Mythie worlds, modern words: On the art of James Joyce. Edmund L.
Epstein (Ed.). Nova York: HarperCollins.

1995 – Baksheesh & Brahman: Asian journals – India. Robin e Stephen Larsen
e Antony Van Couvering (Ed.). Nova York: Harper Collins (First edition). 2002
(Second Edition) – Baksheesh and Brahman: Asian Journals – India. Robin e
Stephen Larsen e Antony van Couvering (Ed.). Novato, California: New World
Library (Series: Collected Works of Joseph Campbell).
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1997 – The mythie dimension: selected essays 1959-1987. Antony Van


Couvering (Org.). Nova York: HarperCollins.

2001 – Thou art that: transforming religious metaphor. Eugene Kennedy (Ed.).
Novato, California: New World Library.

2002 – Sake & Satori: Asian journals – Japan. David Kudler (Ed.). Novato,
California: New World Library.

2003 – Myths of light: Eastern metaphors of the eterna I. David Kudler (Ed.).
Novato, California: New World Library.

2004 – Pathways to Bliss: Mythology and Personal Transformation. David


Kudler (Ed.). Novato, California: New World Library (Series: Collected Works of
Joseph Campbell).

Editor

Livros editados e completados da obra póstuma de Heinrich Zimmer

1946 – Myths and symbols in Indian art and civilization. Bollingen Series VI.
Nova York: Pantheon [Edição Brasileira: Mitos e símbolos na arte e na
civilização da Índia. Trad. Carmen Fischer. São Paulo: Palas Athena, 1989].

1948 – The king and the corpse. Bollingen Series XI. Nova York: Pantheon
[Edição Brasileira: A conquista psicológica do mal. São Paulo: Palas Athena,
1989].

1951 – Philosophies of India. Bollingen Series XXVI. Nova York: Pantheon


[Edição Brasileira: Filosofias da Índia. Trad. Nilton Almeida Silva, Cláudia
Giovani Bozza, Adriana Facchini de Cesare; texto final: Lia Diskin. São Paulo:
Palas Athena, 2003].

1955 – The art of India Asia. Bollingen Series XXXIX, 2 vol. Nova York:
Pantheon.
164

Outros livros editados

1951 – The portable Arabian nights [As mil e uma noites]. Nova York: Viking
Press.

1953 – Spirit and nature [Espírito e Natureza]. Papers from the Eranos
Yearbooks. Bollingen Series XXX. 1/Princeton.

1955 – The mysteries [Os Mistérios]. Papers from the Eranos Yearbooks.
Bollingen Series XXX. 2/Princeton.

1957 – Man and time [Homem e tempo] Papers from the Eranos Yearbooks.
Bollingen Series XXX. 3/Princeton.

1960 – Spiritual disciplines [Disciplinas Espirituais]. Papers from the Eranos


Yearbooks. Bollingen Series XXX. 4/Princeton.

1964 – Man and transformation [Homem e Transformação]. Papers from the


Eranos Yearbooks. Bollingen Series XXX. 5/Princeton.

1968 – The mystic vision [A Visão Mítica]. Papers from the Eranos Yearbooks.
Bollingen Series XXX. 6/Princeton.

1971 – The portable Jung. De C. G. Jung. Trad. R. F. C. Hull. Nova York: Viking
Press.

1977 – My life and Lives. The story of a Tibetan Incarnation. De Khyongla Rato.
Nova York: E. P. Dutton.

Traduções no Brasil

1990 – O poder do mito. Org. Betty Sue Flowers. Entrevista concedida a Bill
Moyers. Tradução Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena.

1991 – A extensão interior do espaço exterior: a metáfora como mito e religião.


Tradução Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus (Série Somma).

1993 – As transformações do mito através do tempo. 2. ed. Tradução Heloysa


de Lima Dantas. São Paulo: Cultrix.
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1997 – O voo do pássaro selvagem. Ensaios sobre a universalidade dos mitos.


Tradução Ruy Jungman. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos.

1997 – Todos os nomes da deusa. Tradução Beatriz Pena. Rio de Janeiro:


Rosa dos Tempos (Coletânea de textos).

1999 – A imagem mítica. 2. ed. Tradução Maria Kenney; Gilbert E. A. Adams.


Campinas: Papirus.

1999 – As máscaras de Deus – mitologia oriental. Tradução Carmen Fischer.


São Paulo: Palas Athena, 1999 (ed. orig. 1962).

2000 – O herói de mil faces. Tradução Adail Ubirajara Sobral. 6. ed. São Paulo:
Cultrix/Pensamento.

2000 – As máscaras de Deus – mitologia primitiva. 5. ed. Tradução Carmen


Fischer. São Paulo: Palas Athena, 2000 (ed. orig. 1959).

2001 – Para viver os mitos. Tradução Anita Moraes. 2. ed. São Paulo: Cultrix.

2001 – Mitos, sonhos e religião – nas artes, na filosofia e na vida


contemporânea. Organizado por Joseph Campbell. Tradução Angela Lobo de
Andrade; Bali Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro.

2001 – Mito e corpo: uma conversa com Joseph Campbell. 3. ed. Entrevista
concedida a Stanley Keleman. Tradução Denise Maria Bolanho. São Paulo:
Summus Editorial.

2002 – Isto és tu – redimensionando a metáfora religiosa. Seleção e prefácio


Eugene Kennedy. Tradução Edson Bini. São Paulo: Landy.

2002 – Mitologia na vida moderna. Ensaios selecionados de Joseph Campbell.


Seleção Antony van Couvering. Tradução Luiz Paulo Guanabara. Rio de
Janeiro: Rosa dos Tempos.

2003 – Reflexões sobre a arte de viver. Textos selecionados por Diane K.


Osbon. Tradução Marcello Borges. São Paulo: Gaia.
166

2003 – Tu és isso: transformando a metáfora religiosa. Editado e prefaciado por


Eugene Kennedy Tradução Marcos Malvezzi Leal. São Paulo: Madras (Edição
comemorativa do centenário de Joseph Campbell).

2003 – A jornada do herói. Joseph Campbell – vida e obra. Organização Phil


Cousineau. Tradução Cecília Prada. São Paulo: Ágora.

2004 – As máscaras de Deus – mitologia ocidental. 3. ed. Tradução Carmen


Fischer. São Paulo: Palas Athena (ed. orig. 1964).

2004 – E por falar em mitos... Conversas com Joseph Campbell. Entrevista


concedida a Fraser Boa. Tradução Marcos Malvezzi Leal. Campinas: Verus,
2004.

2006 – Mitos de luz – metáforas orientais do eterno. Tradução Lindbergh


Caldas de Oliveira. São Paulo: Madras.

2007 – Uma entrevista com Joseph Campbell. The Goodard Journal. vol. 1. n.
4. Publicada originalmente em 9 de junho de 1968. Disponível em:
<http://monomito.wordpress.com>. Acesso em: 03 out. 2007 (sem indicação do
tradutor).

2008 – Mito e transformação. Organização e prefácio de David Kudler.


Tradução Frederico N. Ramos. São Paulo: Ágora.

2010 – As máscaras de Deus – mitologia criativa. Tradução Carmen Fischer.


São Paulo: Palas Athena.

DVD

2006 – O poder do mito. 2 DVDs. Entrevista de Joseph Campbell concedida a


Bill Moyers. Publicado pela Logon & TV Cultura. 354 min. Legendado
(Entrevista extra com George Lucas).
167

Sobre Joseph Campbell

1991 – Joseph Campbell: a fire in the mind. The authorized biography.


(Stephen e Robin Larsen). New York: Doubleday.
168

ANEXOS

Resumos do Banco de Teses da Capes

Resumos de dissertações de mestrado e teses de doutorado que


utilizaram referências de Joseph Campbell em diferentes áreas do
conhecimento científico no período de 1990-2010. Levantamento realizado no
Banco de Teses da Capes em abril de 2011.

Dissertações e teses

ALBUQUERQUE, Paulo Fernando Kastrup Pires e. O último voo: Castilho o


herói anti-macunaíma do futebol. 2003. 254f. Dissertação (Mestrado em
Educação Física). Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro, 2003.

ALMEIDA, Rogério de. O imaginário de Fernando Pessoa: da educação


cindida a educação sentida. 2005. 387f. Tese (Doutorado em Educação).
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.

ALVES, Vânia de Fátima Noronha. Os festejos do reinado de Nossa


Senhora do Rosário em Belo Horizonte/MG: práticas simbólicas e
educativas. 2008. 251f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2008.

BARBOSA, Francisco Leandro. Mito e literatura na obra de José Saramago.


2009. 212f. Tese (Doutorado em Estudos Literários). Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho. Araraquara, 2009.

BISSON, Mauro Polacow. Mito: o sagrado do cinema contemporâneo o caso


Drácula de F. F. Coppola. 1997. 174f. Dissertação (Mestrado em Multimeios).
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

BONEZ, Lucas de Melo. A aventura mítica em A canção dos Nibelungos e


em O senhor dos Anéis: aproximações e distanciamentos do mito original ao
mito contemporâneo. 2008. 120f. Dissertação (Mestrado em Linguística e
169

Letras). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,


2008.

BOTELHO, Andréa Pacetta de Arruda. Tramas que sustentam


transformações: escrita criativa e autodesenvolvimento como aliados na
construção de perfis e histórias de vida em jornalismo literário. 2004. 396f.
Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação). Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2004.

BOTELHO, Denise Maria. Educação e Orixá: processos educativos no Ilê Axé


lya Mi Agba. 2005. 118f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2008.

BRATSIOTIS, Ericka Sophie. A mitologia grega na obra o Minotauro de


Monteiro Lobato. 2006. 82f. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade
Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2006.

CABREIRA, Regina Helena Urias. A condição feminina na sociedade


ocidental contemporânea: uma releitura de A letra escarlate de Nathaniel
Hawthorne. 2006. 311f. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências
Humanas). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2006.

FARIA, Paula Soares. The Journey of the villain in the Harry Potter series:
an archetypal study of fantasy villains. 2008. 98f. Dissertação (Mestrado em
Estudos Literários). Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte,
2008.

GOMES, Renato José Bittencourt. A benção de um anjo formoso e cruel: o


pampa líquido de certo Juvêncio Gutierrez. 2009. 160f. Dissertação (Mestrado
em Letras). Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2009.

GONÇALVES NETTO, Sylvestre Luiz Thomaz. 2 Filhos de Francisco: um


fenômeno de público apoiado no enraizamento cultural brasileiro. 2008. 106f.
Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade Paulista. São Paulo,
2008.

GUIMARÃES, Waldinei Comércio de Souza. O crepúsculo em Santiago: a


jornada do peregrino rumo à religiosidade e a descoberta analítica. 2008. 117f.
170

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo. São Paulo, 2008.

LEAL, Carmen Imaculada de Brito Almeida. Igreja, sociedade e política no


Brasil: origem, força e permanência do comunitarismo cristão na Igreja
católica. 2003. 110f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política). Universidade
Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2003.

LUDUWIG, Mônica Martinez. Jornada do herói: a estrutura narrativa mítica na


construção de histórias de vida em jornalismo. 2002. 340f. Tese (Doutorado em
Ciências da Comunicação). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002.

MOREIRA, Lúcia Correia Marques de Miranda. A presença de “Inês de


Camões” na poesia brasileira: um rito brasileiro para um mito português.
1997. 146f. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho. Assis, SP, 1997.

NAPOLITANO, Samuel. O colar da minha fala (os contos da tradição Sufi).


2002. 267f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de São Paulo.
São Paulo, 2002.

OLIVEIRA, Luísa de. Coisas de menina: análise simbólica da personagem


Buffy a Caça-Vampiros. 2007. 101f. Dissertação (Mestrado em Psicologia
Clínica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2007.

PÁDUA, Erika Morais Martins de. The Mage as the Hero: an archetypal study
of fantasy literature. 2004. 140f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários).
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2004.

PATASSINI, Paola. As filhas de Deméter: o cordão umbilical da cosmogonia


feminina. 1997. 690f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica).
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 1997.

PAZ, Demétrio Alves. Gallaz: a cristianização do herói do Graal. 2004. 147f.


Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 2004.
171

RIBEIRO, Isaias. A narrativa mitológica de Campbell no filme “Blade


Runner”. 2004. 197f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Informação).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.

RIBEIRO, Maria Goretti. A via crucis da alma: leitura mítico-psicológica da


heroína em As Parceiras, de Lya Luft. 2003. 289f. Tese (Doutorado Letras e
Linguística). Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística.
Universidade Federal de Alagoas. Maceió, 2003.

SALLES, Lilian Silva. Laços míticos de família: partida, rito e lirismo em


Lavoura arcaica. 2009. 145f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Crítica
Literária). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2009.

SANT‟ANNA, Ana do Amaral Mesquita. O papel do Atleta como herói na


sociedade contemporânea (uma relação com a mitologia do Joseph
Campbell). 1998. 118f. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Semiótica).
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 1998.

SILVA, Simone Cristiane Silveira Cintra. No caminho do mito: um olhar sobre


o processo de criação de Nonoberto Nonemorto – grupo andaime de teatro -
UNIMEP. 2002. 75f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade
Estadual de Campinas. Campinas, 2002.

TELLES, Sílvio de Cássio Costa. A identidade de Polo-Aquático e o mito da


masculinidade. 2002. 120f. Dissertação (Mestrado em Educação Física).
Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro, 2002.

VIANA, Maria da Conceição de O. Concepção de mito: um estudo filosófico.


1995. 55f. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1995.

XAVIER, Cristina Levine Martins. O soldado do inferno: um estudo sobre a


simbologia mítico-religiosa do herói em quadrinhos Spawn. 2003. 208f.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião). Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. São Paulo, 2003.
172

Artigos

ARAÚJO, Alberto Filipe; TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez. Gilbert Durand e a


pedagogia do imaginário. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 44, n. 4, p7-13,
out./dez. 2009.

BUCHAUL, Sandra Venâncio Keren. Harry Potter e a jornada do herói: receita


do sucesso das literaturas de massa. In: ENLETRARTE. ENCONTRO
NACIONAL DE PROFESSORES DE LETRAS E ARTES, 4. Anais... 2009.
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. p. 1-11. Disponível em:
<http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/enletrarte/article/view/1742/927>.
Acesso em: 20 maio 2011.

CARVALHO, Suzete. Inveja. Thot. São Paulo: Palas Athena, s.d. p. 68-81.
(pdf).

CUNNINGHAM, Keith. Mitos, sonhos e filmes: explorando as raízes


arquetípicas do cinema. Thot. São Paulo: Palas Athena, s.d. p. 11-20. (pdf).

CUNNINGHAM, Keith. Residência na Terra. Thot. São Paulo: Palas Athena,


s.d. p. 9-19. (pdf).

DAHOUI, Albert Paul. A jornada do herói. p. 1-5. Disponível em:


http://www.roteirodecinema.com.br/manuais/jornadadoheroi.pdf. Acesso: 20
maio 2011.

FIALHO, Francisco Antonio Pereira; SILVEIRA, Ermelinda Ganem Fernandes.


Consciência e a jornada do herói. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE
CONSCIÊNCIA, 2. 2007. Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidente,
2007, 1 CD ROM. p. 1-18.

FRITZEN, Vanessa. Mitos indígenas em Macunaíma, de Mario de Andrade.


p. 1-10. Disponível em: <http://www.unifra.br/eventos/inletras2011/Trabalhos/

2274.pdf>. Acesso: 20 maio 2011.

GOMES, Vinícius Romagnolli Rodrigues; ANDRADE, Solange Ramos de. Um


retorno aos mitos: Campbell, Eliade e Jung. Revista Brasileira de História
das Religiões. Maringá, v. 1, n. 3, 2009. p. 1-1-7. Disponível em:
173

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/rbhr/um_retorno_aos_mitos.pdf. Acesso: 20
maio 2011.

GONZÁLEZ, Ana Maria Mendez. A jornada do herói e os ciclos astrológicos:


uma aproximação possível. História, imagem e narrativa. n. 10, abr. 2010,
Edição Especial. p. 1-8. Disponível em:
http://www.historiaimagem.com.br/edicao10abril2010/astrojornadaheroi.pdf.
Acesso em: 20 maio 2011.

GORENDER, Miriam Elza. Batman e o parricídio. Cógito. Salvador, 2001, vol.


3, p. 41-46. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1519-
94792001000100005&script=sci_arttext> Acesso em: 20 maio 2011.

GUILLAUME, Patrice. Mito: metáfora e magia. Thot. São Paulo: Palas Athena,
s.d. p. 20-28. (pdf).

MANERA, Aline Helena; VADICO, Luiz. O vilão-herói de Guerra nas Estrelas.


Anagrama. Revista Científica Interdisciplinar da Graduação. ano 5. Edição 1.
São Paulo, set./nov. 2011. p. 1-16.

MARIOTTI, Humberto. Culturanálise. Thot. São Paulo: Palas Athena, s.d. p.


27-32. (pdf).

MARTINEZ, Mônica. A estrutura narrativa mítica na construção de


histórias de vida em jornalismo. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2004/errata2003/jornada_heroi.pdf
Acesso em: 20 maio 2011. p. 1-13.

MONFARDINI, Adriana. O mito e a literatura. Terra roxa e outras terras.


Revista de Estudos Literários. v. 5, 2005. p. 50-61.

OLIVEIRA, Luísa de. A jornada do herói na trajetória de Batman. Boletim de


Psicologia. vol. LVII, n. 127. São Paulo, 2007. p. 139-152.

RICÓN, Luiz Eduardo. A jornada do herói mitológico. II Simpósio RPG &


Educação. p. 1-4. Disponível em: http://hosted.zeh.com.br/misc/senac/
4semestre/prj/jornada.pdf. Acesso: 20 maio 2011.
174

SERBENA, Carlos Augusto. Considerações sobre o inconsciente: mito, símbolo


e arquétipo na psicologia analítica. Revista Abordagem Gestalt. vol.16 n.1
Goiânia jun. 2010. p. 76-82. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672010000100010 > Acesso em: 20 maio 2011.

SOARES, Maria Lucia de Amorim; PETARNELLA, Leandro. Jornada do herói:


a estrutura mítica da construção de história de vida em jornalismo. Revista
Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v. 1, n. 2 jul./dez. 2009.
(Resenha do livro de Mônica Martinez publicado pela Annablume em 2008).

SOUZA, Luiz Eduardo da Silva e; DELGADO, Victor Delgado. O percurso de


Sidarta e o problema da identidade de um estudo transdisciplinar do romance
de Hermann Hesse. Psicologia USP. São Paulo, abr./jun. 2008. p. 213-234.

TART, Charles T. A mente aberta. Thot. n. 54. São Paulo: Palas Athena, 1991.
p. 4-10. (pdf).

WALTER, Robert. Era uma vez... O ser humano, suas imagens e histórias: um
pequeno périplo pelas veredas do imaginário. Thot. n. 66. São Paulo: Palas
Athena, 1997, p. 24-28.

YOUNG, Jonathan. O retorno do mito. Guerra nas Estrelas, episódio um: a


ameaça fantasmagórica. Thot. São Paulo: Palas Athena, s.d. p. 31-39. (pdf).
T,,.Ii?5,

CAPES - Banco de Teses Page 1 of 1

Dil Ministerio da Educa~ao

BANCO DE rESES

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RESUMO
-.--------~--.--.-----.--.-----------.-.----------.-----_ ..
MARIA DA CONCEICAO DE O. VIANA. "Concepcao de mito - um estudo filosofico". 01/11/1995
__. _ - - - - - - - /
1v. SSp. Mestrado. PONTIFlclAUNIVERSIDADE CATCLICA DO RIO DE JANEIRO - FILOSOFIA
Orientador(es): SERGIO LUIZ DE C. FERNANDES
Biblioteca Depositaria:
Email do autor:
( Palavras - chave:
MITO HELENISMO
( Area(s) do conhecimento:
EPISTEMOLOGIA
Banca examinadora:
( PAULO CESAR DUQUE ESTRADA
SERGIO LUiZ DE C. FERNANDES
VERA CRISTINA DE ANDRADE BUENO
Unha(s) de pesquisa:
TEORIA GERAL DO CONHECIMENTO
Agencia{s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!;ao:
I
Idioma(s):
Oependencia administrativa
Particular
Resumo teseJdisserta~ao:

c~ ESTE TRABALHO INTENCIONAAVERIGUAR ALGUMAS QUESTOES RELATIVAS A CONCEITUACAO MITICA, INICIALMENTE EM

DIVERSOS TEORICOS E, A SEGUIR, ATEM-SE A DUAS CONCEPCOES, PESQUISANDO-AS NA OBRA DE JOSEPH CAMPBELL,

ESPECIAL ISTA EM MITOLOGIA COM PARADA, E NAS PUBLICACOES DOS HELENISTAS FRANCESES QUE TRABAlHAM COM

( JEAN-PIERRE VERNANT: MARCEL DETIENNE E PIERRE VIDAl-NAQUET. DESSA INVESTIGACAO EMANAM DADOS

COMPARATIVOS QUE IRAO NUTRIR NOSSO ESFORCO DE COTEJO DAS DUAS ABORDAGENS, DE MODO A DESENHAR

( ANALOGIAS E DISSONANCIAS. AO FINAL, A PROPOSTA E RELANCAR AO DEBATE ESTE ASSUNTO IMEMORIAl: 0 MITO; SUA

VERDADE, SEU SENTI DO.

( ... _--_
•. _ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , . - - - - - - - - '

o CPF:

inf()rm:acl~es constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente CAPES pelos a programas de p6s-gradua!;ilo mantidos par
un~ler!ljdades e institui~oes de pesquisa brasileiras e silo de sua Inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
a to~a~_a_~!~i.s del:lir,:~.l:'~~~O!.a!~. ap~icaveis_.... __.___._......______..._ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _--'

(

\ .

Copyright Requisltos bhlcos

versao: 1.5 Navegador: mozilla1.5 firebird.0.1.S leS opera7.11 netscape7.1

data de atualiza,ao: 01/1212004 Resolu~ao de video: 800x600 dp

( Plug-ins: Adobe Acrobat Reader

http://capesdw.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=19959310050 12006P 1 2214/2011


CAPES - Banco de Teses Page 1 of1

(
Iil Ministerio da Educa~o

BANCO DE TESES

(
c.:
( RESUMO
PAOLA PATASSINJ. AS FILHAS DE DEMETER: 0 CORDAO UMBILICAL DA COSMOGONIA FEMININA. 01/0511997

c; lv. 690p. Meslrado. PONTIFlclA UNIVERSIDADE CATOLICA DE sAo PAULO - COMUNICACAO E SEMIOTICA

Orienlador(es): Elisabeth Saporiti

Biblioteca Depositaria: BIBLIOTECA CENTRAL

Email do autor:

c Palavras • chave:
DEUSAS. MAE-FILHA, HOMOAROTISMO. SEXUALIDADE
Area(s) do conhecimento:
Banca examinadora:
(
Elisabeth Saporiti
FERNANDO SEGOLIN
MARIA LUCIA FABRINI DE ALMEIDA
Linha(s) de pesquisa:
Semiotica da Cultum Determina90es antroposociais da dimensao cultural entendida como produ9ao de signos.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertac;ao:

Idioma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
Particular
Resumo tese/dissertac;ao:
BRUXAS. PRINCESAS, EVAS OU LILITHS. AS MULHERES. POSSUEM UM CORDAo UMBILICAL COM A MAE IMAGINARIA QUE
TRANSCEDE A MAE BIOLOGICA E SE ORIGINA DE UMA LlGA9AO MAIS DISTANTE COM A MAE PRIMEVA, 0 MITO GREGO DE
DEMETER E PERSEFONE DESVELA, COM SUA LlNGUAGEM RICA DE SIGNIFICADOS. ALGUNS, ELEMENTOS CONSnTUTIVOS DA
COSMOGONIA FEMININA, TAIS COMO A LUA • A SERPENTE. A MORTE, 0 NASCIMENTO E A SEXUALIDADE. E NUCLEADO NA
RELA9Ao AMOROSA ENTRE DEMETER E SUA FILHA PERSEFONE. QUE E RAPTADA POR HADES, 0 DEUS DAS PROFUNDEZAS
INFERNAIS. DEMETER E UMA DAS REPRESENTA90ES DA GRANDE DEUSA OU GRANDE MAE. CULTUADA NA ANTIGUIDADE
ANTES DO PATRIARCADO. PARADIGMA DAS RELA90ES EFETIVAS ENTRE MULHERES, PORTANTO HOMOSSEXUAIS NO
SENTIDO MAIS AMPLO DA PALAVRA (GENITALIZADAS OU NAo), 0 MITO ESTIMULA REFLEXOES SOBRE UMA
AUTOCONSCIENCIA DO FEMININOMINIFESTADA QUANDO A MULHER E OBJETO DE CUL TIVO IJA PROPRIA MULHER NA
RELA9Ao COM SEUS PARES DE "IGUAIS" NO DOMINIO DA SEXUALIDADE. POR OUTRO LADO, ELE TAMBEM CONFRONTA ESSE
'COSMOS' DE DUPLOS FEMININOS COM A HETEROSSEXUALIDADE. A LUA E 0 NOVELO ONDE SE DESENROLA OCORDAo
UMBILICAL DA COSMOGONIA FEMININA, ATRAVES DO MITO DAS DEUSAS. PERFAZENDO OS CICLOS PSIQUICOS E
EXISTENCIAIS DA MULHER NAS QUATRO FASES LUNARES QUE DIVIDEM A DISSERTA9Ao. ESTE TRABALHO PROPOE-SE A
CONSTATAR A IMPORTANCIA E A SOBREVIVENCIA DO MITO NA MODERNIDADE ATRAVES DE UM MOSAICO. ONDE ELE SE
c' DESDOBRA PELAS VERTENTES DA LEITURA, DA ARTE E DE UMA RELIGIOSIDADE CONSTITUIDA. PRINCIPALMENTE. PELOS
'MISTERIOS ELEUSINOS' QUE SE ORIGINARAM DO MITO; 0 LESBIAN IS MO. PRESENTE NA AMOROSI DADE ENTRE AS
MULHERES A PARTIR DA RELA9Ao MAE E FILHA, EMERGE DE SAFO A MADONA. PASSANDO PELOS CONTOS DE FADAS E
PELA ANALISE DE UM CONTO INEDITO DE LYGIA FAGUNCES TELLES. SUBJACENTE A SIMBOLOGIA DE UM LESBIAN1SMO
( EMERGENTE NOS ANOS 90. SE EVIDENCIOU 0 ANSEIO POR UMA FEMINILIDADE SUPERLATIVA E COMPENSATORIA NO
EQUILIBRIO ANDROGINO ENTRE MASCULINO E FEMININO. CONSIDERANDO-SE QUE A SOCIEDADE PATRIARCAL E
FALOCENTRICA TEM SISTEMATICAMENTE REPRIMIDO 0 FEMININO EM HOM ENS E MULHERES. NUM CIRCUITO DE
SIGNIFICA90ES MATIZADAS NA SIMBOLOGIA ANDROGINA DO BRANCO (MASCULlNO) E DO VERMELHO (FEMININO). SE
( . PONTUOU AS EVIDENCIAS (ENCOBERTAS) DO HOMOEROTISMO FEMININO, PROJETADAS NA CONSTELA9Ao ARQUET[PICA DO
MITO DE PERSEFONE E DEMETER. INCLUINDO A FIGURA COMPLEXA E EMERGENTE DA LESBICA, CAMUFLADA EM PERFIS
CARICATURAIS DESDEAS BRUXAS DOS CONTOS DE FADAS ATE 0 VAMPIRISMO ENTRE CINDERELAS. SAPATOES E LESBIAN
C CHICS. SO MAIS RECENTEMENTE, DESCOBERTA PELA MiDIA. A LESBICA TEM SIDO REPRESENTADA COM OS TRA90S DE UMA
NOVA PERSONA HOMOSSEXUAL. MAIS AFASTADA DO ESTEREOTIPO. E APRESENTANDO IMPORTANTES VERTENTES MiTICAS
C: E METAFORICAS NOS TEMPOS DA AIDS E DO RETORNO DE HADES E PERSEFONE EM PARADIGMAS QUE SE TRANSFORMAM E
SE RE-SIGNIFICAM NA L1NGUAGEM EROTICA HUMANA E NA COMUNICA9AO ENTRE GENEROS. E EMPREGADA UMA _
ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR, INTERCALANDO ELEMENTOS DA PSICOLOGIA, DA SEXUALIDADE HUMANA, DAS CIENCIAS
DA RELIGIAo E DA SEMIOTICA DA CUL TUM, A LUZ DA CONTRIBUI9Ao DE IMPORTANTES PESQUISADORES, COMO: MIRCEA
JOSEPH CAMPBELL, FRAN90lSE D'EAUBONNE, ENTRE OUTROS.

oCPF:

As informacoes constantes desta base de dados silo fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s·graduac;iio mantidos por
universidades e institulc;oes de pesqulsa brasllelras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direitos autorais aplicaveis.

Requisitos basieos
versao: 1.5 Navegador: mozilla1.5 firebird.O, 1.6 1e6 opera7.11 netseape7.1
data de alualizayiio: 0111212004 Resolu9ao de video: aooxsoo dp
Plug-ins: Adobe Acrobat Reader

http://capesdw.capes.gov.hr/capesdw/resumo.html?idtese=l9972253300501 0021 PO 22/4/2011


\'
CAPES ~ Banco de Teses Page 1 of 1

(
D'a Ministerio da Educat;ao

BANCO DE TESES

(
(

RESUMO
MAURO POLACOW BISSON. MITO: 0 SAGRADO DO CINEMA CONTEMPORANEO 0 CASO "DRACULA DE F. F. COPPOLA•• 01/1211997
1v. 174p. Mestrado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - MULTIMEIOS
Orientador(es): HAYDEE DOURADO DE FARIA CARDOSO
Biblioteca Depositaria: Biblioteca do Instituto de Artes e Biblioteca Central
Email do autor:
Palavras - chave:
Cinema; Religiiio; Mito
Area(s) do conhecimento:
( CINEMA
COMUNICA<;:AO VISUAL
(: HIST6RIA MODERNA E CONTEMPORANEA
Banca examinadora:
VIRGILIO NOYA PINTO
Linha(s) de pesquisa:
Multimeios e Teorias da Comunica~o Abordagem transdisciplinar dos processos de cria~o, produ~o distribui~o e efeitos das midias,
c incluindo as seguintes tematicas: Instrumentaliza~o e Teorias da Comunicacao; Comunicacao Aplicada ( Educa~o, Saude e
Desenvolvimento ). .
o Aglmcia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertalfao:
CNPq
(} Idioma(s):

c Portugues
Dependencia administrativa
c Estadual

c Resumo tese/dissertalfao:
o presente trabalho pretende discutir 0 estudo das mitologias em uma aoordagem mais proxima dos meios de comunicacao, entendendo 0
mito como uma linguagem simb6lica e verificando sua manutenyao enquanto reflexo do sagrado e modelo exemplar para os seres
( humanos, tenando responder como esses mesmos temas sao incorporados e recriados pela industria cinematografica nas sociedades
contemporaneas. Num primeiro momenta definimos 0 cconceito de mito valido para 0 projeto. Para isso, foram utilizadas as ideias de
Joseph Campbell e Mircea Eliade. A seguir, e feita uma exposicao de algumas manifestaciies artisiticas do seculo XX como formas que 0
mito assume nas sociedades contempon3neas: Festas popufares, atividades artisiticas como dan\f8, literatura. artes visuais. etc. E
a
finalmenle, a linguagem cinematograflca. Nesse momento verificamos algumas peliculas que incorporam os temas miticos sua narrativa.
Finalmenle, atraves de um tema mitico, a batalha entre 0 bem e 0 mal, analisamos 0 filme "Dracula" de F. F.£opola.

(
As Inforrnalfoes constantes desta base de dados slio fornecldas diretamente a CAPES pelos programas de p6s-gradual;lio mantidos
universldades e institullfoes de pesquisa brasileiras e slio de sua inteira responsabilldade. 0 uso da base de dad os e de seus
sujeito a todas as leis de direitos autorais aolicaveis.


c
( ....

(
(
(

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D1 Ministerfo da Educa~o

BANCO DE lESES

(
(
(,
C
C
--------_._._------_._-----.._-_._-_._--------_._------------------_._-_._-----_._----,
( RESUMO
LOCIA CORREIA MARQUES DE MIRANDA MOREIRA. A PRESEN~A DE "INES DE CAMOES" NA POESIA BRASILEIRA: UM RITO
BRASILEIRO PARA UM MITO PORTUGUES •. 01/08/1997
1v. 146p. Mestrado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO/ASSIS - LETRAS
Orientador(es): MARIA DOS PRAZERES MEIRINHO GOMES
( Biblioteca Depositaria: UNESP/FCLlASSIS
Email do autor:
Palavras - chave:
( mito, rito, intertexlualidade, tradi<;ao, memoria
A.rea(s) do conhecimento:
( LETRAS
Banca examinadora:
( ELEUSIS MIRIAN CAMOCARDI

MARIA DOS PRAZERES MEIRINHO GOMES

(~.' MARIA THEREZA STRONGOLI

c Linha(s) de pesquisa:
CRITICA E HISTORIA lITERARIA Trata des problemas referentes ao estudo do discurso da critica e da historia literaria de um modo
c gera!.
Agl!ncia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertalfao:
CNPq
Idioma(s):
Portugues
c: Dependencia administrativa
Estadual
(\ Resumo tese/dissertalfaO:
( e
A presen<;:a da imagem litereria camoniana de Ines de Castro, que se verifica na tradi<;:ao poetica brasileira, abordada de maneira a ir
tecendo urn panorama que se apoia nos aspectos constitulivos do episooio historico, lenderio e litera rio que envolveu aquela persona gem
da hist6ria medieval portuguesa. Considerando 0 episOdio de Ines de Castro, d'Os Lusiadas, como texlo matriz, a analise do dialogo
intertexual entre ele e os poem as brasileires selecionados cotejou, nao s6 a teeria literaria, como a mitocritica, no intuito de estabelecer
uma rela<;:1io entre a intertexlualidade e a celebra<;:ao ritualistica, dos poemas u, Q~"v"~ para com 0 mito Hterario do texto de Camoes. A
( abordagem mitocritica privilegiou autares como Gilbert Durand, Mircea Eliade, Joseph ""mputl.. e outros que seguem na mesma linha.

As informa!fOes base a
dados sao fornecidas diretamente CAPES pelos programas de p6s-gradualtao mantidos por
universidades e instituic;oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabi!idade. 0 usa da base de dados e de seus registros estA
( suj~i~~_~das as-'_!is d~direi!os.au~~.~s.,,:!''!c.~!i~:_..___ _
C:
c;
(

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( .

(
Pa Ministerio da Edu(:a~ao

BANCO DE TESES

I'

"(;

(
('J
:
c;
C, RESUMO
Ana do Amaral Mesquita Sant'Anna. 0 Papel do Atleta como Heroi na Sociedade Contemporanea (uma rela!,;lIo com a mitologia do
Joseph Camppell). 0111211998
(, lv. l18p. Mestrado. PONTIFfCIA UNIVERSIDADE CAT6uCA DE sAo PAULO· COMUNICACAo E SEMI6TICA

Orientador(es): Helena Tiinia Katz

Biblioteca Depositaria: Central

Email do autor:
anames@ibm.net
( Palavras • chave:
Esporte, Heroi Modemo, Publicidade, Atividade Esportiva
C Area(s) do conhecimento:
COMUNICACAo
(, Banca examinadora:
f FERNANDO SEGOLIN
\..... Helena Tania Katz
Heliodoro Bastos
Linha(s) de pesquisa:
( Semiotica da Cullura e da Arte I Determinayoes antroposociais da dimensao cultural entendida como produyao de signos.
Agl'mcia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!,;lIo:
E."
'-.j

C: Idioma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
Particular
() Resumo tese/disserta!,;ao:
GRANDE PARTE DOS HER61S QUE CUL TUAMOS NASCE DO ESPORTE. ESTE TRABALHO PROCURA COMPREENDER 0 PAPEL
C SOCIAL DO ATLETA ENQUANTO HER61, COMO A MIDIA E A PUBUCIDADE ATUAM FUNDAMENTALMENTE ENQUANTO
C'; MECANISMOS DE POPULARIZACAO DO ATLETA QUE SE DESTACA EQUAlS FATORES APROXIMAM E DISTANCIAM ESTE HER61
CONTEMPORANEO DO HER61 MITOL6GICO DESCRITO POR JOSEPH CAMPBELL. 0 PRIMEIROCAPiTULO TRATA DA "CRIAcAO"
DO HER61 MODERNO PELA MfDIA E PELO MARKETING. COMO A NECESSIDADE DE IDENTIFICACAo DO CONSUMIDOR, ONICA
C GARANTIA DE RETORNO PARA 0 INVESTIMENTO DO PATROCINADOR. CONDICIONA GRANDE PARTE DO PROCESSO E COMO
A PUBLICIDADE E CAPAZ. DE TRANSFORMAR 0 HER61 NUM PRODUTO, NO SEGUNDO CAPiTULO APRESENTO 0 CONCEITO
CAMPBELLIANO DE HER61, PROCURANDO MOSTRAR COMO AATIVIDADE ESPORTIVA PODE SER CONSIDERADA. DE ACORDO
COM ElE, INTRINSECAMENTE HER61CA, MAS, TAMBEM, COMO OS MECANISMOS DESCRITOS NO PRIMEIRO CAPiTULO
TENDEM A SUPRIMIR 0 CONTEODO MiTICO DO HEROlsMO DO ATLETA FAMOSO. 0 TERCEIRO CAPiTULO E UMA ANALISE DE
UM ESPORTE EM PARTICULAR. A NATACAo DE AGUAS ABERTAS. QUE, MESMO SENDO FORTEMENTE CARREGADA DE
CONTEODO MiTICO. NAo PRODUZ HER61S POPULARES, JA 0 QUARTO E CONCLUSIVO CAPiTULO PROCURA RELACJONAR 0
CONCErTO FREUDIANO DE RECALQUE COM A FRA TURA. EVIDENCIADA PELOS CAPITULOS ANTERIORES. ENTRE 0 CONCEITO
Ot::L.L.''',''V DE HER61 E 0 HER61 CULTUADO ATRAvES DA MIDIA. PROPONDO, AO MESMO TEMPO, A ANALISE DESTA
"":I.t-\""t-\v PARA UM TRABALHO FUTURO.

oCPF:
(,
(: ---,--._ ..__ ... - - - - - - ­
As informa<;oes constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s-gradua<;ao mantidos por
C; universidades e institui!,;oes de pesquisa brasi!eiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros estfl
a todas as leis de direitos autorais aolica'lIei,s.

(
C
C
(

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(
D.a Ministerio da Educa~ao

BANCO DE TESES

c
(
c
c
(;
C RESUMO
~------------------------------------------------------------------------------~
Simone Cristiane Silveira Cintra Silva. No caminho do mito: urn olhar sobre 0 processo de cria\.<ao de Nonoberto Nonemorto - grupo
andaime de teatro· UNIMEP•• 01/08/2002
1v. 75p. Mestrado. UN1VERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS • EDUCA9AO
Orientador(es): ANA ANGELICA MEDEIROS ALBANO
Biblioteca Depositaria: Biblioteca Central
Email do autor:
sccintra@unimep.br
Palavras • chave:
( tealro-processo ; cria,.ao; mito
Area(s} do conhecimento:
C CIE::NCIAS HUMANAS
EDUCA9Ao
Banca examinadora:
C ANA ANGELICA MEDEIROS ALBANO

c: MARCIA MARIA STRAZZACAPPA HERNANDEZ


VERONICA FABRINI MACHADO DE ALMEIDA
Linha(s) de pesquisa:

Ct a:
Sociedade, Cultura e Educa,.ao Estudos referentes 1) rela,.ao entre sociedade - cultura e educa,.ao; 2) certas praticas cultu'rais na

historia e naeducacao; 3) constilui,.ao cultural do ser humano; 4) diferencia,.ao social-cultural (genero. etnia, idade. cultura ... ) e educa,.ao;

5)papel

() Agencia(s} financiadora(s} do discente ou autor tese/disserta\.<ao:

G Idioma(s):

Portugues

C Dependencia administrativa

C Estadual

Resumo tese/disserta\.<ao:

o presente trabalho tern como objeto de investiga,.ao 0 processo de criacao do espetaculo teatral Nonoberto Nonemorto do Grupo
Andaime de Teatro-Unimep. com dire,.ao de Francisco Medeiros e texlo de Luis Alberto de Abreu. Participei como atriz deste e de outros
tres espetaculos que compoem a trajetoria do grupo. Desta forma. pude vivenciar todas as eta pas do processo criativo e, dentre muitas
particularidades. elegi, como principal foco investigativo. a integracao entre a estrutura do pensamen~o mitico e a criacao do espetaculo.
c em especial no processo de cria,.ao dos atores. Baseei-me em ideias de C. G. Jung. Joseph Campbell. James Hillman e Peter Brook.
Como material empirico utilizei conversas entre 0 elenco. diretor e autor, gravadas em audio durante todo 0 processo criativo; entrevistas
com os atores realizadas apos a estreia; anola¢es em caderno de campo; gravacoes em audio e video de dois workshops realizados pelo
grupe sobre 0 .,..,,,,,1,,,,..In com a ..",rti{....",,,sv do direto.
l.
o CPF:
(

As InformaljOes constantes desta base de dados silo fornecidas diretamente it CAPES pelos programas de p6s-graduac;;lIo mantidos per
unlversidades e instituiljOes de pesquisa brasileiras e sao de sua Inteira respensabilidade. 0 use da base de dados e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direltos autorais aplicaveis.
_._-_._-------_ ..- .., - - - _ . _ - - - - '

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Dit Ministerio da Educa~ao

BANCO DE TESES

(;
C
c;
C
(' ,f-R_E_S_U_M_O_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~_ _ _ _ _ _ _ _ _~_ ____I --
Samuel Napolitano. 0 colar da minha fala (os contos da tradh;iio Sufi). 01/0412002
1v. 267p, Mestrado, UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - EDUCA9AO
Orientador(es): Helenir Suano
Biblioteca Depositarla: FEUSP
Email do autor:
Palavras - chave:

Conto; Contadores de hist6rias; Sufis; Tradi~o; Imaginario

Area(s) do conhecimento:

( Banca examinadora:

Denis Domeneghetti Badia

C Helenir Suano

( Marcos Ferreira Santos

Linha(s) de pesquisa:

C/
Cultura, Organiza~o e Educa980 Investiga a cultura, concebida como 0 conjunto dos sistemas simb61icos, enquanto existencia e

expressao nas praticas simb6licas das organiza90es e dos grupos,

C
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta4;iio:
C Idioma(s):

() Portugues

Dependencia administrativa

C
Estadual

C
Resumo tese/disserta4;ao:

Esse trabalho configura-se como urn estudo dos Contos de Tradi~o Oral Sufis, Meu objetivo e apresentar e desenvolver algumas

( quest5es que sao atualizadas por esses contos e que' podem nos ajudar a pensar a Educa9ao e a Psicologia humanas, e 0 Imaginario no

homem como meio para alcan9ar 0 sagrado. Tambem surgem questoes como 0 distanciamento do homem de suas pr6prias origens, a

diferen98 das escolas de ensinamento Sufis para com nossas escolas de educa~o formal; nossas carencias por estarmos por demais

C centrados em uma educayoo positiva/racional, e a fun~o do pr6prio ate de contar hist6rias. Essa Tradi980 tao antiga tern uma origem,

( uma fun98o? 0 que as hist6rias estao nos dizendo?! Como devemos aborda-Ias? Por fim, ensaiamos uma hermeneutica de urn conto Sufi

modemo, "0 Cavalo Magico". Uma hermeneutica sim~lli;!!Jlnde.Q-que importa e 0 sentidofigurado, velado e revelado, 0 !rabalho esta

(" apoiado em bibliografia Sufi, como Idries Shah, OmarcAIi Shah; Jalaluddin Rumi; Ibn'Arabi; e·autores Ocidentais como Gilbert Durand;

Joseph Campbell; Gaston Bachelard; Mircea Eliade, ~::~-~.,' .

oCPF:

(
lAS informa4;Oes constantes desta base de dados slio fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de pos-gradua4;lio mantidos por
universidades e institui4;Oes de pesquisa brasileiras e silO de suainteira responsabilidade. 0 usa da base de dados e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direitos autorais

(
\.

C
(

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ea Ministerio da Educa~o

BANCO DE TESES

(
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(

RESUMO
MONICA MARTINEZ LUDUWIG. Jornada do Her6i: A estrutura narrativa mitica na construciio de hist6rias de vida em jornalismo.
01/10/2002
1v. 340p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - CIENCIAS DA COMUNICAGAO

Orientador{es): EDVALDO PEREIRA LIMA

Biblioteca Depositaria: ECA-USP

Email do autor:
monica_martinez@uol.com.br
Palavras - chave:
jornalismo; jornalismo literario; jornalismo feminino
Area(s) do conhecimento:
JORNALISMO E EDITORACAO
\ JORNALISMO ESPECIALIZADO (COMUNITARIO, RURAL, EMP. CIENTIF.)
ORGANIZACAO EDITORIAL DE JORNAIS
\ Banca examinadora:

c BORIS KOSSOY
DULCiuA HElENA SCHROEDER BUITONI
<. ; EDVALDO PEREIRA LIMA
LUCY COELHO PENNA
MARIA ADEUNA BASTOS RENNO
linha(s) de pesquisa:
EPISTEMOLOGIA 00 JORNALISMO REFLExAO CRiTICA SOBRE A HERANGA TEORICO·pRATICA DOS OLTIMOS 50 ANO$;
() CORRELACOES ENTRE A PRODUCAO TECRICA E AS PRATICAS 00 DISCURSO DA ATUAlIDADE NAS SOCIEDADES
CONTEMPORANEAS; DENTRO DOS MARCOS DE UMA EPISTEMOLOGIA PRAGMATICA, DELINEAMENTO DE ESTRATEGIA
() Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertacao:

Ci Idioma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
c Estadual
Resumo tese/dissertaltiio:
( Esle trabalho tem como objetivo expor de forma aprofundada um novo modelo de constru~o de historias de vida para comunicadores
sociais, em especial jornalistas. A pesquisa tem como embasamento te6rico 0 metodo de historias de vida, enquanto narrativa de nao·
fiC9aO, proposto por Edvaldo Pereira lima, pesquisador. do Nucleo de Epistemologia do Jornalismo da Escola de Comunica((oes e Artes da
Universidade de Sao Paulo, no contexto do Jornalismo literario Avanyado; 0 aparato conceitual em torno da crise dos paradigmas e da
entrevista dialogica, de Cremilda Medina, do mesmo ntideo; a abordagem do pensamento complexo, conduzida pelo cientista social
frances Edgar Morin; as formula¢es do mitologo norte-americano Joseph Campbell sobre a figura do her6i; as contribuic;:oes do
pSicanalista sui((O Carl Gustav Jung - particularmente os conceitos de consciente, inconsciente coletivo e arquetipos. Do ponto de vista
descritivo, apresentaremos um panorama dos perfis biograficos e sua insen;ao no jornalismo, com enfoque em livros-reportagem.
Aprofundaremos a questao da biografra humana empregada pela medicina antroposofrca e estabeleceremos sua conexao com a Jornada
do Heroi. Do ponto de vista empirico, realizaremos uma pesquisa qualitativa que visa a acompanhar a transmissiio destes metodos a um
c grupo de 12 terceiro-anistas da habilitac;:iioem jornalismo doCurso de Comunicac;:iio Social da Universidade de Uberaba. Tambem
apresentaremos com detalhes e analisaremos os textos produzidos pelos graduandos.
(
o CPF:

c (
informacoes constantes desta base de dados Silo fornecidas diretamente :. CAPES pelos programas de p6s-graduaClio mantidos por
universidades e instltuicoes de pesqulsa brasileiras e silo de sua intelra responsabilldade. 0 uso da base de dad os e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direitos autorais apllc8veis.
\
(
\.

Copyright Requisilos baslcos

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( rsa. Ministerio da Educa~ao

BANCO DE rESES

(
(

(
(
RESUMO
( Silvio de Cassio Costa Telles. A identidade de Polo-Aquatico e 0 mito da masculinidade.. 01/02/2002
1v. 120p. Mestrado. UNIVERSIDADE GAMA FILHO - EDUCA9AO FlslCA
Orientador(es): Antonio Jorge Gonc;:alves Soares
Biblioteca Depositaria: UGF; NUTESES
Email do autor:
Palavras • chave:
( Esporte, P610 Aquatico, Hist6ria, Mast;:Ulinidade
Area(s) do conhecimento:
( EDUCA9AO FlslCA
Banca examinadora:

( Roberto Ferreira dos Santos

c
Vera Lucia de Mene4es Costa

Linha(s) de pesquisa:

c
Produc;:§o hist6rica na educac;:§o fisica, esporte e la4er Resgatar e analisar a mem6ria documental e oral relacionada a educac;:§o fisica,

esporte e atividades de la4er, a partir do acervo disponivel, bem como da sua reconstituic;:ao em func;:§o da mem6ria viva dos sujeitos

c protagonistas.

Ag€mcia(s) financiadora(s) do discente ou autor teseJdisserta!iiio:

c CAPES-DS

Idioma(s):

C Portugues

C: Dependtlncia administrativa
Particular
Resumo teseidissertaC;:iiQ:

c Este trabalho investiga por que, apesar de nao haver conseguido um lugar de destaque entre os esportes mais populares em nosso pais, 0
P610 Aquatico aqui se institucionali40u e, com poucos incentives e participantes, vem atuando regulamnente por uma centena de anos.
Quais foram os mecanismos que possibilitaram aos seus praticantes construir uma identidade, estabelecer um elo entre gerac;:6es e manter
( vivo esse esporte durante tanto tempo? Acompanhando a evoluc;:ao do P610 Aquatico no Brasil e entrevistando jogadores, ex-jog adores;
tecnicos e dirigentes, pOde-se detectar que ser forte, ser masculo, ser "homem", foram as caracteristicas que permitiram a este grupo
( construir.sua identidade e atingir aqueles objetivos. Isse nos permitiu inferir que existe uma intrinseca relac;:ao entre estes atributos fisicos
que se espera que ops jogadores de P610 Aquatico possuam e os atributos que comp5em 0 mito da masculinidade. Os estudos de
SOcrates Nolasco forneceram 0 suporte le6rico necessario para a apresentac;:ao da figura de Aladar S4abo, lembrando pela unanimidade
de noosos enlrevistados, como uma encarnac;:§o do milo da masculinidade e, sob a perspectiva de Joseph Campbell, como um her6i do
Polo Aquatico brasileiro. .. _____________________
r--' .­
iPara alterar os dados da tese,
..... __ ..ligite Q CPF:

( l:o'2',:'i.r::t:;n1rpf_ ..1
( !A~ infor;;~~-oe;-~~_;;_stante;·d;st;b~~de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s-graduac;:ao mantidos p~r
juniversidades e institui"oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
( .suj~ito '!..!~~~.!i.~:~_d~_direito~~to a:0!c.i:::~v.:e~~. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ____'
.....ra:._is:__'_'_

(
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\.
(

Copyright Requlsitos biislcos

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(
( Dll Minlsterio da Educa~o

BANCO DE TESES

(
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C
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RESUMO
(~
Cristina Levine Martins Xavier. 0 SOLDADO DO INFERNO· UM ESTUDO SOBRE A SIMBOLOGIA MiTlCO-RELIGIOSA DO HEROI EM
\. QUAORINHOS SPAWN .. 01/11/2003
1v. 208p. Mestrado. PQNTIFiCIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE sAO PAULO CIENCIAS DA RELIGIAo
Orienlador(es): Enio Jose da Costa Brito
Biblioteca Depositaria: Biblioteca Nadir Gouvea Kfouri
Email do autor:
clmx@uol,com.br
Palavras - chave:
Heroi; Quadrinhos; Mitos; Sagrado.
Area(s) do conhecimento:
TEOLOGIA
Banca examinadora:
DENISE GIMENEZ RAMOS
Enio Jose da Costa Brito
Jose Lutz Cazarotto
Unha(s) de pesquisa:
Religiao e Produc;:oes Simb6licas, Orais e Literarias. Esta linha se volta para a pesquisa te6rica e metodol6gica do universo religioso­
simb6lico. em especial da America Latina e do Brasil. Estuda as praticas e crenyas religiosas entendidas como produc;:ao simb6lica, gerada
C:
no interior das culturas.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!;ao:
C

(-) Idioma(s):
Portugues
C Dependencia administrativa
Particular
( Resumo tese/disserta!;ao:

( o presente trabalho tem como objetivo estudar a simbologia mitico-religiosa das hist6rias do herOi em quadrinhos Spawn, tambem
conhecido como Soldado do Inferno, e identificar em suas matrizes culturais a presenya de uma estrutura arquetipica que 0 tomem um
her6i mitico para seus leitores. Spawe umheroi muito recante,lanyado no inicio da decada de 1990, e que ja se configura entre os herois
( em quadrinhos mais populares entre os adolescenles. Foi transformado em filme e em desenho animado. Seu universe apocaliplico e
(
a
cercado de simbolos e conteudos religiosos relacionados cultura judaico-crista e a suas origens historicas, 0 que 0 toma urn tema
extremamente pertinente para as ciE'mcias da religiao. Conseguimos demonstrar com nossa analise que a saga de Spaw esta eslruturada
sobrematrizes cullurais muito arcaicas, que VaG desde 0 Homem Neandertal ate a mitologia greco-rom ana. Alem disso, sua hist6rja
tamMm contiflm os mesmos estagios arquelipicos da jornada mitica do heroi segeridos por Joseph Campbell, a qual ifl uma metafora do
______ p~ocesso de individuac;:ao.

oCPF:

-'---~---------------------------------------------'----,
AS informa~oes constantes desta base de dados sao fomecidas diretamente fI CAPES pelos programas de p6s-gradua~ao mantidos por

--
universidades e institui~oes de pesqulsa brasilelras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dad os e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direitos autorals
(;
(

(
(

Copyright Requisitos basicos


versao: 1.5 Navegador: mozilla1.5 firebird.0.1.6 ie6 opera7.11 netscape7.1
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( Pa Ministerio da Educa~o

BANCO DE rESES
(


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RESUMO

c Paulo Fernando Kastrup Pires e Albuquerque. 0 ultimo voo: Castilho 0 her6i anti-macunaima do futebol•• 01/0212003
1v. 254p. Mestrado. UNIVERSIDADE GAMA FILHO - EDUCACAO FislCA

Orientador(es): Antonio Jorge Goncalves Soares

Biblioteca Deposilaria: UGF. NUTESES

Email do autor:

araujop@ruralrj.com.br

Palavras .. chave:

heroi, castilho. fluminense. mito

Area(s) do conhecimento:

EDUCACAo FlslCA

Banca examinadora:

( Antonio Jorge Goncalves Soares

Lucia Lippi Oliveira


( Vitor Marinho de Oliveira
Linha(s) de pesquisa:
Dimensoes socio-historica do futebol Analisar as relacaes e as tensoes no processo de formayao de identidades no espayo social do
/ futebol. a partir de categorias sociais. identidade. raca. racismo. distinyao social e ethos do amadorismo.
"-.' Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!;lIo:
( CAPES- DS
Idioma(s):
( Portugues
( Dependencia administrativa
,. Particular
( Resumo tese/disserta!;lIo:
Este e uma pesquisa de natureza qualitativa, cujo objetivo e demonslrar que 0 ex-goleiro do Fluminense e da seleyao brasileira, Carlos
( Jose de Castilho tipitica umas trajetorias epicas., cuja postura apolinea e consequente adorayao por parte dos torceclores do Auminense,
fazem dele urn genuino heroi de clube. Ao compreender os mecanismos que fazem de Castilho urn heroi,talvez possamos compreender
c melher alguns aspectos da cultura brasileira. muitas vezes mascarados de forma pouco generosa. Diante da perspectiva de decifrar os
enigmaticos caminhos do heroi e, sobretudo do heroi esportivo brasileiro. partimos enta~ para uma releitura de alguns autores como Flavio
( Kothke, Katia Rubio e e claro Joseph Campbell, que nos legaram grandes contribuicoes sobre 0 mito do her6i. Temos ainda que destecar
Mangan e Holt, que conseguiram compilar urn interessante trabalho dedicado ao heroi esportivo europeu. 0 livro publicado e uma
coletanea de estudos de caso. de alletas cuja Irajeloria teria se adequado as virtudes necessarias para que 0 desportiste pudesse ser
( a
elevado categOria de herOi. Ao partir para uma pesquisa empirica. atraves de jomais e peri6dicos da epoca pude constalar que Caslilho
( segue caminhos semelhantes aos dissertados por Kolhke, Rubio e Campbell que delimilam 0 percurso do heroi. Em sua epica lragedia,
Castilho dedica ao Fluminense, nao apenas, quase vinle anos de carreira, mas temMm uma falange do dedo minimo, que sacriticou por
amor ao clube. Enlrevistes semi-estruturadas feitas. junto a torcedores conlemporaneos do clube do Rio de Janeiro que Castilho defendeu.
demonslram que para a naCao tricolor nao hil oUlro heroi com a mesma importancia. 0 nome Castilho esleve presente em quase lodos os
a
discursos dos entrevistados, que fazem diversas referencias amputecao do dedo e ao amor com que 0 ex-goleiro dedicou ao Fluminense.
Esperamos que nossas conclusoes nos levem a demonslrar que a imagem do heroi brasileiro nao pode pemnenecer sob uma 6lica
simploria e injusta, que nos arremelem a malandragem de urn Zeca Carioca, perpeluado pela visao de Walt Disney e muito menos as
peripecias do picaro Macunaima, c H"roi Mau Carater de Mario de Andrade,
... ,_. -.. ~-=-========================~
:P~~~-alterar os dados da tese. .. "'0 CPF:
t---·.---··-··~ , -..----._-- .
i It'::~:7i;):;:nu:af'
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Iuniversidades e institui(foes de pesquisa brasileiras e sao de sua intelra responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
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(
( Da Ministerio da Educa¢o

BANCO DE lESES

(
(
( RESUMO
Carmem Imaculada de Brito Almeida Leal. IGREJA, SOCIEDADE E POLiTICA NO BRASIL; origem,fon;a e perman6ncia do
comunitarismo cristao na Igreja cat6lica. 01/04/2003
lv. 110p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - CIENCIA POLITICA

Orientador(es): Juarez Rocha Guimaraes

(; Biblioteca Depositaria: da Faculdade de Filosofia e Ciencias Humanas

c' Email do autor:


Palavras - chave:
( - VersOes teoricas do novo institucionalismo no contexto das
Area(s) do conhecimento:
CIENCIA POLITICA
Banca examinadora:
Alberto Antoniazzi
Ana Maria Doimo
Vera Alica Cardoso Silva
Linha(s) de pesquisa:
Pensamento Social e Politico Social Brasileiro De modo mais geral, 0 objetivo €I sistematizar uma visao de conjunto e coerente sobre a
evolul(ao do pensamento politico e social brasileiro no seculo XX. Trata-se de visitar as obras classicas e contemporaneas de interpretal(1io
do pais, a tensao criativa de
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserlac;:ao:
FAPEMIG
(
Idioma(s):
( Portugues
Dependencia administrativa
( Federal
Resumo tese/disserlac;:ao;
1° seminario dia 18/08: Neoliberalismo e Analise Institucional (Renato Boschi) CAMPBELL, J. L & PEDERSEN, O. K. (2001) The Rise of
Neoliberalism and Institutional Analysis. Princeton, Princeton University Press. ("Introduction: The Rise of Neoliberalism ancllnstitutional
Analysis"; "lnstitutionalAnalysis and the Role of Ideas in Political Economy"; "Conclusion: The Second Movement in Institutional Analysis").
c KNIGHT, J. "Explaining the Rise of Neoliberalism: Mechanisms of Institutional Change" IN CAMPBELL, J. L & PEDERSEN, O. K. (2001)
The Rise of Neoliberalism and Institutional Analysis. Princeton, Princeton University Press. 2° seminilrio dia 25/08: Instituil(Oes, Estrutura

c' Social e Desempenho Econ6mico (Renato Boschi) NEE, V."Sources of the New Institutionalism"IN BRINTON, M.C. & NEE, V. (1998) The
New Institutionalism in Sociology. Stanford, Stanford University Press. NEE, V. & INGRAM, P. "Embeddedness .and Beyond: Institutions,
Exchange, and Social Structure" IN BRINTON, M.C. & NEE, V. (1998) The New Institutionalism in Sociology. Stanford, Stanford University
(. Press. KNIGHT, J. & Ensminger, J. "Conflict cver Changing Social Norms: Bargaining, Ideology, and Enforcemenf'lN BRINTON, M.C. &

c NEE, V. (1998) The New Institutionalism in Sociology. Stanford, Stanford University Press, 3° semina rio dia 01/09: Instituil(Oes, Estrutura
Social e Desempenho Econ6mico (cont.) (Renato Boschi) NORTH, D. "Economic Performance Through Time" IN BRINTON, M.C. & NEE,
V. (1998) The New Institutionalism in Sociology. Stanford, Stanford University Press. Hopcroft, R "The Importance of the Local: Rural
( Institutions and Economic change in Preindustrial England" IN BRINTON, M.C. & NEE, V, (1998) The New Institutionalism in Sociology.
Stanford, Stanford University Press. SlELENYI(, I & Kostello ,E "Outline of an Institutional Theory of Inequality:The Case of Socialist and
Postcommunist Eastern Europe"IN BRINTON, M.C. & NEE, V. (1998) The New Institutionalism in Sociology. Stanford, Stanford University
Press. 4° seminario dia 08/09: InstituiyOes e a Retral(ao do Estado de Bem Estar (Renato Boschi) HUBER, E & STEPHENS, J.D.(2001).
Development and Crisis of the Welfare State: Parties and Policies in Global Markets. Chicago, The University of Chicago Press (caps.
1,2.4,7 e 8) Parte II Descentralizal(ao, Niveis de Governo e a Produl(ao de Politicas Publicas (Eduardo Meira lauli) 5° seminario dia 15/09:
Teona do Estado Federal ELAZAR, Daniel. (1987). Exploring federalism. Tuscaloosa: University of Alabama Press. RIKER, William H.
(1975). "Federalism". In: Greenstein, F. I. e Polsby, N. W. (Eds). Handbook of Political Science, v.5. Addison-Wesley: Reading,
( Massachusetts P. 93-172. RIKER, William H. (1964). Federaiism: origin, operation, significance. Little, Brown and Company: Boston,
Toronto. STEPAN, Alfred. (1999). "Para uma Nova Analise Comparativa do Federalismo e da Democracia: FederayOes que Restringem ou
Ampliam 0 Poder do Demos". Dados, v.42, :1.2, p.593-634. TSEBELlS, George. (2002). Veto Players: how political institutions work. Cap. 6.
( Russel Sage Foundation/Princeton University Press. New yOrk/Princeton. InstituiyOes e a Retral(1io do E~tado de Bem Estar (cont.) 6°

c seminario dia 22109: Origens e evolul(1io do federal/smo no Beasil: 1889/1964(Eduardo Meira lauli) ABRUCIO, Fernando Luiz. (1998). Os
BarOes da Federayao: os governadores e a redemocratizayac brasileira. Sao Paulo: Hucitec, Caps, 1,2. CARVALHO, Jose Murilo de.
(1998). Federalismo e centralizayao no Imperio brasileiro: histona e argumento. In: Pontos e Bordados. Belo Horizonte: Editora da UFMG.
LEAL, Victor Nunes. (1976). Coronelismo, Enxada eVolo. (0 Municipio e 0 Regime Representativo no Brasil). Alfa-Omega. Sao Paulo.
LOVE, Joseph L (1993). Federalismo y regionalismo en Bras.. In: Carmagnani, Marcello (Coord.). Federalismos latinoamericanos:
Mexico/Brasil/Argentina, pp. 180-223. Mexico: Fondo de Cultura Economica. TORRES, Joao Camilo de Oliveira. (1961). A Formal(1io do
Federalismo no Brasil. Cap. II. Sao Paulo: Companhia Editora Nacional. 7° seminario dia 29/09: Federalismo, democracia e
redemocratizal(1io (Eduardo Meira lauli) ABRUCIO, Fernando Luiz, Os Bar6es da Federayao: os governadores e a redemocratizayao
brasileira. Sao Paulo: Hucitec. Caps.3 e 4. ALMEIDA, Maria Herminia Tavares de. (2001). "Federalismo, Democracia e Governo no Brasil:
Ideias, Hipoteses e Evidencias", In BIB, n' 51. -------------------. (1995). "Federalismo e Politicas Sociais". In: Revista Brasileira de Cilfmcias
Sociais, n.28. ARRETCHE, Marta T. S. (1996). "Mitos da Descentralizayao: mais democracia e eficiencia nas politicas publicas?". Revista
Brasileira de Ciencias Sociais, n,31. SOUZA, Celina. 2001. "Federalismo e Descentralizal(ao na Constituil(1io de 1988: Processo Decis6rio,
Conflitos e Alianyas". Dados, v.44. n.3, p,513-560. 8° seminario dia 06/10: Estados e municipios no federalismo brasileiro (Eduardo Meira
Zauli) GOMES, Gustavo Maia e MAC DOWELL, Maria Cristina (2000), "Descentralizayao Politica, Federalismo Fiscal e Crial(1io de
Municipios: 0 que €I mau para 0 economico nem sempre Ii born para 0 social", In: Textos para discussao, n.706. IPEA. HORTA, Raul
Machado. (1990). "0 Estado-membro na Constltuiyao Federal Brasileira" Revista Brasileira de Estudos Politicos, n.69/70, pp. 61-89.
LOPREATO, Francisco Luiz Cazeiro. (2002). 0 Colapso das Finan<;8s Estaduais e a Crise da Federas:ao. Sao Paulo: Editora Unesp
TAVARES, Iris Ellete Teixeira Neves de Pinho. (1998). "0 Municipio Brasileiro: Sua Evolul(1io Hist6rico-Constitucional". Revista Brasileira
de Estudos Politicos, n.86, pp.85-116. TOMIO, Fabricio Ricardo de Limas. (2002). A Cria<;§o de Municipios Apos a Constituil(1io de 1988".
Revista Brasileira de Ciencias Sociais, v.17, n.48, p.61-89. Parte IIIlmpacto da Globalizal(ao sobre 0 Desempenho do Estado de Bem Estar
9° seminario dia 13/10: Instituis:6es e a retral(ao do Estado do Bem-Estar (Renato Boschi) PIERSON, P "Investigating the Welfare State at

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\ Ii'l Ministerio da Educa~o

BANCO DE TESES

RESUMO
Maria Goretti Ribeiro. A VIA CRUCIS DA ALMA: Leilura Milico.Psicol6gica da Trajet6ria da Heroina em As Parceiras, de Lya Luft.
01/11/2003
( 1v. 289p. Doutorado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS • LETRAS E LlNGOiSTICA

Orientador(es): Enaura Quixabeira Rosa e Silva

Biblioteca Depositarla: Biblioteca setorial do PPGLL

Email do autor:
gorettipsique@aol.com
Palavras • chave:
Lya Luft,leitura junguiana, arquetipos
( Area(s)do conhecimento:
LlTERATURA BRASILEIRA
( Banca examinadora:

Edilma Acioli de Melo Bomfim

( Elisabeth Figueiredo Agra Marinheiro

( . Enaura Quixabeira Rosa e Silva

Geralda Medeiros Nobrega

( Renira Lisboa de Moura Lima

Linha(s) de pesquisa:

Literatura, Cultura e Sociedade Estudo da literatura brasileira vista como representacao e interpretacao de processos historicos, socio­

culturais e psicol6gicos que interagem com a dimensao estetica do discurso litera rio.

Agencia(s) financiadora(s) do discente ou auto.. tese/disserta!;ao:

c CAPES - PICDT

Idioma(s):

Portugues

DependElOcia administrativa
( Federal
Resumo tesefdissertacao:

c Este trabalho interpreta a trajetoria mftico-psicologica da heroina no romance. As parceiras, escrito por Lya Luft, apoiado nos esquemas
miticos da busca do heroi e da heroina propostos, respectivamenle, por Joseph Campbell e Annis Prall; e no referencial leorico sobre os
arquelipos do inconsciente coletivo, mapeados por Carl Gustav Jung e aplicado por Erich N.eumann. Considerando as afinidades entre
( pensamento mitico, "imaginal(ao aliva" e imaginao;:iio poelica, admitindo a manifeslal(aO dp.1nconsciente pessoal e.coletivo noato da
criao;:iio litemria, evidenciamos mitos, simbolos e arquetipos do Feminino que fundamentam as metatoras e reconslroem a imagem
arquetipica da heroina, conhecida nos milos de todas as epocas. Nao obstante a tentativa de reconstruir 0 milo da insurreio;:iio feminina,
essa obra revisita, assimila e reinventa 0 imaginario da perseguil(ao e submissao da mulher, possibilitando um diillogo com figuras
lendarias que tematizam as inquietal(oes exislenciais femininas milenares e repetem 0 jugo da culpa, do medo e da depressao
conseqOentes da ruptura com padroes cuiturais e sociofamiliares em beneficio da construl(ao da propria identidade. Lendo 0 percurso
psicologico da protagonista central como urn processo de individuao;:iio, comprovamos que a detectal(aO dos erros existenciais, a avaliao;:iio
das perdas e ganhos, 0 enfrentamento do problema, aparentemente sem solul(ao, e a tentativa de transformao;:iio interior sao as etapas
invariaveis da aventura mitico-psicologica da heroina que pode ser empreefldida por qualquer individuo que deseja evoluir e construir a
\ individualidade; empresa que pre·requisita 0 retorno as origens, a reclusao, a introspeccao, a reflexiio judicatoria, um grande sofrimento
provocado pel a aulo-analise, a morte simbolica e 0 passivel renascimento. Conclui:nos que a heroina, como qualquer homem real, mesmo
C iluminada pela consciencia e orientada pelo Si-mesmo verdadeiro, esla subordinada ao poder do inconsciente. lornando-se, isso,
a
=========::.-:::-=::----=-=:-
.
=
vulneravel for\(8 dos arquelipos.
( =_.. ---_-:-....- _
=. - ............-...---.. -.-.......-.----...-.
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Infor~nal;Oe,s constanles desta base de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos program as de p6s-gradua!;ao mantidos por
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( f!l Ministerfo cia Edu,a~o

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(
RESUMO
Demetrio Alves Paz. Gallaz: a cristianizac;lIo do her6i do Graal. 0111012004
1v. 147p. Meslrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL· LETRAS
Orientador(es): Ana Maria Lisboa de Mello
Biblioteca Depositaria: BSCSH
Email do autor:
Palavras • chave:
( fdade Media; literatura portuguesa; Graal; Rei Artur
Area(s) do conhecimento:
TEORIA LlTERARIA
Banca examlnadora:
(
Ana Lucia Liberato Tettamanzy
( Elisabete Carvalho Peiruque

c Maria Luiza Ritzel Remedios


Linha(s) de pesquisa:

c Agimcia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertaC;ilo:


c
c tdloma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
<­ Federal
( Resumo teseldlssertac;ilo:
o objetivo deste trabalho e analisar e identificar a crislianizagao da novela de caval aria portuguesa A Demanda do Santo Graal. na figura
c de sua personagem principal. Galaaz. em relagao a dois outros romances: Perceval. de Chretien de Troyes e Parsifal. de Wolfran von
Eschenbach. Em nossa analise utilizamos os estudos de Mikhail Bakhtin. Walter Benjamin. T~evetan Tod9rov. Arnold Hauser. ;ric
Auerbach e Joseph Campbell. r=. nosso mostrar de que forma se deu a crislianizagao de figura dO'heroi do Graal e de que
maneira a Igreja estava ligada a esse projeto.
(

a
As jnformac;oes constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente CAPES pelos program as de p6s-graduaC;ao mantldos por
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( e.a MinistMo da Educa~o

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c
c RESUMO
ISAIAS RIBEIRO.·A NARRATIVA MITOLOGICA DE CAMPBELL NO FtLME 'BLADE RUNNER ..•. 01/10/2004
1v. 197p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - COMUNICACAO E INFORMACAO
Orientador(es): MARillA LEVACOV
Biblioteca Depositaria: FABICO/UFRGS
Email do autor:

c Palavras - chave:
COMUNICACAO; CINEMA; NARRATIVA MITOLOGICA: BLADE RUNNER
( Area(s) do conhecimento:
CIt::NCIAS SOCIAlS APLICADAS
c COMUNICACAO

c Banca examinadora:
ALEX FERNANDO TEIXEIRA PRIMO

c ANDRE GUIRLAND VIEIRA


FLAVIA SELIGMAN
C' Unha(s) de pesquisa:
Comunica~o e Praticas Culturais Contempla estudos te6ricose metodoi6gicos das praticas culturais e sua rela~o com os meios de
(; comunicayao. Compreendem as identidades e diversidades culturais; 0 consumo cultural e os processos de recepyao; sociabilidades,
cultura popular e a cidadania.
C Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertal(ao:
CAPES·DS
Idioma(s):
( Portugues
Dependencia administrativa
(; Federal

c· Resumotese/dissertal(ao:
Esta pesquisa busca delerminar se a pelicula cinematografica Blade Runner pode ser entendida como milo segundo a concepyao de
Joseph Campbell, bern como procura desvendar qual 0 significado do filme enquanto mito. Para 0 primeiro toptco, foi usado 0 metodo de
analise textual, amparado no paradigma indiciario. Para 0 segundo topico, foi reila uma compara~o do Teste de Turing e do program a de
conversalfilio ELIZA, de Joseph Weizenbaum com Blade Runner. Nossa conclusao final remele a ideia da maquina como espelho simbolico
do ser humano.

( ._-------_._-_._----_.---_._.._----.. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ,
:As informal(oes constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de pOs-graduac;ao mantidos por
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Isuj~~o a ~o~~s.Ols~ei.~.c!e dir!:lt().s_Ol~to.ra.i!l_I!p'licaveis.. . ... . . _ ....._...___._.__.___________________-'

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dala de alualiza98o: 01/1212004 Resolu9ao de video: 800x600 dp

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c
rst Ministerio da Educa~o

BANCO DE TESES

(
(
c RESUMO
() ANDREA PACETTA DE ARRUDA BOTELHO. Tramas que sustentam transforma!(oes : escrita criativa e autodesenvolvimento como
aHados na constru!(ao de perfis e hist6rias de vida em jomalismo literllrio. 01/05/2004
(; 1v. 396p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE sAo PAULO - CIENCIAS DA COMUNICA9AO
Orienlador(es): Edvaldo Pereira Lima
C' Biblioteca DepositaJia: ECAIUSP
( Email do autor:
Palavras • chave:
( jornalismo lilerllno; jornalistas; comunicayao
Area(s) do conhecimento:
COMUNICA9Ao
JORNALISMO E EDITORA<;:.A.O
Banca examinadora:
Cremilda Celeste de Araujo Medina
Edvaldo Pereira Lima
LlNO DE MACEDO
Mayra Rodrigues Gomes
TANIA MARIA JOSE AIELLO VAISBERG
linha(s) de pesquisa:
EPISTEMOLOGIA DO JORNALISMO REFLExAo CRITICA SaBRE A HERAN9A TEDRICO-PRATICA DOS OLTIMOS 50 ANOS;
( CORRElA90ES ENTRE A PRODU9Ao TEDRICA E AS PMTICAS DO DISCURSO DA ATUALIDADE NAS SOCIEDADES
CONTEMPORANEAS; DENTRO DOS MARCOS DE UMA EPISTEMOLOGIA PRAGMATICA, DELINEAMENTO DE ESTRATEGIA
( Ag(/Rcia(s) financiadora(s) do discente ou autor teseldisserta!(ao:

( Idioma(s):
Portuglles
Dependencia administrativa
Esladual
Resumo tese/disserta!(lio:
Trata-se de uma expenencia transdisciplinar com objetivo de instrumentalizar, em uma Olicina' de Escrita Criativa e autodesenvolvimento,

c um grupo de seis jornalistas para construir historias de vida usando recursos do Jornalismo Liteniirio Avanyado. A experiencia na olicina
cultiva habilidades enVolvidas nas etapas dessa constru9fio jornalistica: elabora9fio de pauta. capta9fio de dados (com especial enfase na
entrevista). observa~ao e produ9fio de texto (induindo edi9fio). Alguns exemplos dessas habilidades sao: a capacidade de observar, ouvir,
c relativizar; pansar, falar e escrever a partir de pontos de vista diferentes, relacionar-se, conviver, escrever e reescrever (editar). Se por um
lade 0 autodesenvolvimenlo, entendido como um continuo caminho de conhecer-se e transformar-se, contribui para um saito qualitative na
( exec~ao das etapas mencionadas (elaborayao da pauta, capla~ao dos dados e produ9fio do texto), essas praticas em $i, da forma como
sao exploradas na olicina, contribuem para 0 autodesenvolvimento, num circuito retroalimentado. 0 pano de fundo do objetivo do trabalho
c· eo ideal de um fazer jomalistico humanizado e humanizante - um fazer sistemico, que leve em considera~ao os contextos e personagens
envolvidos nos fatos narrados, procurando apreender 0 melhor possivel 0 todo no qual estao inseridos e ultrapassando sua suparficie para
mergulhar no conteudo humane a eles relacionado, procurando tamoom dar ao texto um tratamento estilistico que Ihe permila fazer jus a
densidade poetica da vida retratada 0 que e possivel 0 Jornafismo Literario Avan~ado, especialmente em forma de grande reportagem,
cuja maior expressao se encontra atualmente nos livros-reportagem. As pniiticas na olicina baseiam-se numa vi sao do ser humano como
um todo integrado (corpo fisico, essencia, mente e em~i5es sao indissociaveis) e imerso num contexto relacional e social. Tais praticas
sao: experiE!ndas com tecnica de escrita criativa espacialmente as do Jornalismo Liten3rio Avanyado); edi~ao individual e coletiva de textos
produzidos nas proprias reunioes; atividades grupais fundamentadas nas areas de psicologia, teatro, terapias corporais e educ8!fao que
ensejam a vivE!ncia ea discussao de temas relevantes para 0 objetivo do trabalho. A oticina se iniciou com .um encontro intensive de oito
horas e presseguiu em 14 encontros semanais (de mais ou menos duas horas e meia cada) ao longo de um semestre, ao lim do qual
houve dois dias intensivos de encontro. Estabeleceram-se entao os para metros basicos dentm dos quais cada um escreveria uma historia
de, vida sobre um personagem a escolher. Ao longo dos semeslres seguintes houve oito encontros (de duas horas e meia), nos quais se
discutiram as duas primeiras etapas da constru~so dessas historias de vida especificas: prepara~ao da peuta e capta9fio de dados
(entrevislas). Alguns meses depois do ultimo encontro, voltamos a nos reunir mais cinco vezes para discutir a primeira versao dos texlos e
encerrar 0 trabalho. No lotal, foram 30 encontros, totali4ando pouco mais de 70 horas de oticina. A analise previa des resultados (filmagem
des encontros, textos produzidos e depoimentos) indica que os integranles do grupo fizeram conquistas em varios aspectos: ganho de
fluidez e concisao na escrita e na elabora9fio de titulos, incremento na capacidade para editar, textos proprios e de oulros, desejo e
c inielativa de escrever com mais freqGencia sobre situa~6es observadas ou vivenciadas no cotidiano, maior facilidade na comunica9fio
ao expor ideias em grupo (na oficina e tambem fora dela), maior facilidade de organi4ar um conjunto de ideias para produ4ir umamateria,
c a a
diminui~ao da ansiedade em rela~ao ao olhar do outr~ e ao proprio olhar - ou seja, critica e autocr/tica. A Tese aborda temas como
criatividade, comunica9fio, jomalismo litera rio e literatura, mitologia, amadurecimentppsic6t6g1c ,educa~ao, desenvolvimento do
( pensamento 16gico; com base em ideias de autores como Edvaldo Pereira Lima •. ~remilda Medin ,Domenico de Masi, Lino de Macedo,
Gilberto Safra, Luiz Paulo Grinberg, Donald W. Winnlcott, Jean Piaget, Carl G. Jung, . wa1 ni, Joseph Campbell, Carlos un.mrno.,[]
( de Andrade, Fernando Pessoa, Joso Guimaraes Rosa, Isabel Allende e oulros.

a
As Informacoes constantes desta base de dados sao fornecldas diretamente CAPES pelos programas de p6s-graduac;i\o mantldos por
unlversldades e lnstitulcoes de pesqulsa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
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(
( Dl Minlsterio da Educa~o

BANCO DE TESES

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c RESUMO
Erika Morais Martins de Padua. The Mage as the Hero: An Archetypal Study of Fantasy Literature. 01/07/2004
c 1v. 140p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - ESTUDOS LlTERARIOS
Orientador(es): Julio Cesar Jeha
( Biblioteca Depositaria: Biblioteca Universitaria da UFMG e Biblioteca da FALElUFMG
( Email do autor:
Palavras - chave:
Fantasy literature; Harry Potter; Joseph Campbell
.Area(s) do conhecimento:
LlTERATURAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
Banca examinadora:
Julio Cesar Jeha
(
Lucia Helena de Azevedo Vilela
Magda Veloso Fernandes de Tolentino
(
Linha{s) de pesquisa:
Literaturas de Expressao Inglesa: Literatura e outros sistemas semioticos Est. das relao;;oes entre a lit.e outros sistemas artisticos e
( discursiVOS,com 0 objetivo de determinar 0 funcionamento desses sistemas, a codificao;;ao e decodif.de seus processos de produo;;ao e suas
instancias legitimadoras,no ambito das instituio;;oes sociais.
( Ag€mcia{s) financiadora{s) do discente ou autor tese/dissertacao:
( CNPq
Idioma{s):
( Ingles
Dependencia administrativa
( Federal
( Resumo tese/dissertacao:
Fantasy literature's popularity has become evident with the commercial success of JK Rowling's Harry Potte. series. Harry Potter is but the
latest popular phenomenom of fantasy narratives, and follows the tradition of other popular boo~s such as Tolkien's The Lord of the Rings,
l C.S. Lewis"s Narnia Chronicles, among others. This thesis aims tocontribute to a better understanding of this genre and of the probable
C reasons for its attractiveness by following Joseph Campbell's Myth Criticicism theory of the psychological appeal of the archetypal sutext
and mythological roots. To do this, I analyzed a key element in such narratives - the mage, unfolded as the Apprentice Mage, the Wise Old
Mage. and the Dark Mage, <III of them present in the Harry Potter books. Although there are many other variations of the traditional mage in
( fantasy narratives, based on the general characteristics of the mage characteres, I focused, to the purpose of this study, on the description
of these three types, as they are the most common ones in fantasy literature. The evolution of each type of the mage archetype throughout
( the study of many fantasy narratives, may show how the representation of the mage archetype as a Wi10le is changig accordin to the
contemporary sensibilities. The similarities and differences in the way they are represented were analyzed in detail under the Mage Cycle
( mytthical journey, a variation of Joseph Campbell's arch typal theory of Cycle. I first defined arhetype based on Campbell's theory of the'
Eternal Hero, in order to establish the critic framework. After the basic concepts of archetypes were identified, I the mage archetype on
Campbell's terms of the Hero's Cycle in order to define the Mage's Cycle and give details about its development in some important works of
contemporary fantasy literature. After that, I employed the mage Cycle to understand the mage archetypes present in the first book of the
Harry Potter series, Harry Potter and the Sorcerer's Stone, !hus providing an academic study of a best-selling fantasy book, since the
scholarly literature on Harry Potter barely exists. The conclusion about the evolution of the mage archetype sums up the changes suffered
by the archetypes present in the Harry Potter series and the way these changes increase the reader's identification with the Mage's Cycle
from earlier fantasy novels, in which the hero considered a fight and the acquisition of magical Knowledge as an end in itself, is that the

(
contemporary mage is interested in ~he understanding of his reasons for doing things. The fact that the mage hero has accepted the call for
the journey alSO. means he has accepted an inner cell. This may indicate that the contemporary mage is looking for answers for fundamental
existential questions of his quest is one of self-knowledge.
I
----- ---- .. ---~.- .-----------­
c o CPF:

c .. ,-"~---.".---.----.- ~.----------~----.-----

constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente tI CAPES pelos programas de p6s-gradua!;ao mantidos por
..- - - - ,
universidad4as e instituh;Oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
( a todas as leiS de direitos autorais

(
\.

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1&1. Ministerio da Educaljilo

BANCO DE TESES

(
(

RESUMO
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Denise Maria Botelho. Eduea,,;ao e Orid: processos educativos no lie Axe Iya Mi Agba.• 01/09/2005
1v. 118p. Doulorado. UNIVERSIDADE DE sAo PAULO - EDUCACAo
( Orientador(es): Maria do Rosario Silveiro Porto
Biblioteca Depositaria: FEUSP
Email do autor:
Palavras - ehave:
imaginario, candomble, diversidade cultural, religiao
Area(s) do conhecimento:
Banea examinadora:
Maria Cecilia Sanchez Teixeira
Maria de Lourdes Bandeira de Lamonica Freire
Maria do Rosario Silveiro Porto
l, Nilma Lino Gomes
Teresinha Bernardo
( linha(s) de pesquisa:
(
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta,,;ao:
c
c Idioma(s):
Portugues

C' Dependencia administrativa


Estadual
( Resumo tese/disserta,,;ao:
Est!! trabalho intitulado "Educa~ao e Orixa: Processos Educativos no "lie Axe Iya Mi Agba' tem como tematica central a rela~o entre a
( Educa~o e 0 Candomble (religi1!o afro-brasileira. que tem comoreferencias espirituais os orixas). A pesquisa buses desvelar novas
respostas. por meio no universo simbolico dos adeptos e adeptas do caminho dos orixas, para ampliar a reflexao sobre processos
( educativos voltados para a diversidade etnico-racial dO Brasil. A apreensao das praticas educalivas presentes no candomble gera nOllos
subsidios para 0 ensino de historia e da cullura africana e afro-brasileira, alem de difundir conhecimenlos sobre a cultura religiosa do
( candomble e suas praticas educativas. A mudan~ de olhar, proporcionada pela emergencia de novos paradigmas, foi cemirio propicio
para a analise de um a pratica educativa que tem como lim a busca de equilibrio dos contrarios e a inser~ao de todos e todas em uma
( mesma comunidade, nao importando 0 sexo. a ida de, a condi~ao OOcio·economica, a cor. Aponta, tambem, para a produ~o deste
conhecimento como estrategia de combate a intolerancia religiosa. Realizar essa jnvestiga~ao pelas perspectivas da Antropologia do
Imagincirio e dos estudos sobre Mitologia revela uma organiza~iio educativa pouco conhecida, que multo tem para contribuir com a
temillica da diversidade etnico-racial. 0 referendal te6rico que alice~ou a pesquisa dialogou diretamente com Joseph Campbell (mitologia)
e Gilbert Durand (estudos de imaginario), uma conjun~ao favoravel para 0 estudo proposto. A pesquisa ·Educa~ao e Orixa: Processos
Educatillos no lie Axe Iya Mi Agba' alcan~ou a sua proposta inicial de apreender os processos educativos presentes no candomble, em
no lie Axe Iya Mi Agba, revelando uma possibilidade pedagogica orientada por valores, por lIisOes de mundo e por conhecimentos
\ ..frr,_hr.. "jl,..irr,,,

(
(

constantes desta base de dados sao forneeidas dlretamentea CAPES pelos programas de pos-graduaqao mantidos por
(: univer'Sidiadl~se instituiqOes de pesqulsa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
a todas as leis de dlreitos autorais

c
(

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(
( III Ministerio da Educa~ao

BANCO DE TESES

(
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(
RESUMO
( Rogerio de Almaida. 0 Imaginario de Fernando Pessoa: da educa~ao cindida a educa~ao sentida. 01/11/2005
1v. 387p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE sAo PAULO - EDUCAc;:Ao

Orientador(es): Helenir Suano

Biblioleea Depositaria: FEUSP

Email do autor:
Palavras - chave:
Fernando Pessoa, imaginario, mito, mitoeritiea
Area(s) do conhecimento:
Banca exam ina dora:
Helenir Suano
leleia Rodrigues de lima e Gomes
Marcos Ferreira Santos
(
Maria Cecilia Sanchez Teixeira
Vera Lucia Trevisan de Souza
Linha{s) de pesquisa;

Agencia{s) financiadora(s) do discente ou autor teseldissertac;ao:


CNPq
Idioma{s):
Portugues
Dependencia administratlva
Estadual
Resumo tese/disserta~ao:
A tese investiga 0 universo simbOlico da obra de Fernando Pessoa, analisando seus tresprincipais heteranimos - Albertc Caeiro, Alvaro de
a
Campos e Ricardo Reis -, alem dospoemas assinados por ele mesmo.Ap6s proceder mllocritiea da referida obra, discutiu-se sobre sua
relayao com a eduea;;:ao e seus desdobramentos eticos, a luz de uma abertura pas-moderna. A tese defende que 0 descentramento
e
heteronimico realizado p~r Fernando Pessoa e analisado em sua obra urn dado que aponta para a liquidez da identidade, inconcebivel
para 0 pensamento moderno, mas atuante no pes-moderno. Transpondo essa hipetese para a Edueayao, verifiea-se a necassidade de se
contemplar 0 homem como urn todo, nao apenas em seu lade racional, que coneebe uma identidade (miea, mas em sua sensibilidade, que
engloba 0 racional e 0 sensivel sob a tutela da imaginayiio. A base referencial fundamentou-se na Antropologia do Imaginario, de Gilbert
Durand, eontando com significativas contribui;;:6es de Edgar Morin, Michel Maffesoli, Gaston Baehelard, Georges Gusdorf, Mircea Eliade e
Joseph Campbell, entre outros, e buscou urn reposicionamento epistemolOgico, com a noyao de trajeto antropol6gico, coincidentia
e
oppositorum e razao· sens/vel, aneoradas na pluralidade de sentidos organizada pelo mito. 0 objetivo compreender a mitopoiesis
pessoana, seu descentramento em heter6nimos eos substratos miticos de sua obra, mostrando como sua criayiio poetica relaciona-se
com uma eduea;;:ao do imaginario, que opera a reuniao dos saberes cindidos pela modernidade. 0 educador Fernando Pessoa abre
caminhos, portanto, para os modos de ser plurais. vivenciados eticamente a partir de uma eduea;;:ao do imaginario, que educa a
sensibilidade.

( oCPF:
(
(
constantes desta de dados sao fomecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s·gradua~ao mantldos por
univel'siClades e instltui~Oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 usc da base de dados e de seus regislros esla
leis de direitos autorais 8olkAveis.
I
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Iia Ministerio da Educ;a~ao

BANCO DE TESES

(
(
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(.
( RESUMO
Ericka Sophie 8ratsiotls. A grega na obra 0 Minotauro de Monteiro Lobato. 01/05/2006
1v. 82p. Mestrado. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE - LETRAS
Orientador(es): Maria Zelia Borges
Biblioteca Depositaria: Biblioteca Central George Alexander
Email do autor:
Palavras • chave:
Minotauro; mitologia; Monteiro Lobato.
Area(s) do conhecimento:
( LETRAS
Banca examinadora:
( Elisa Guimariies Pinto
( Maria Zelia Borges
Osvando Jose de Morais
( Linha(s) de pesquisa:
. 0 Processo Discursivo e a Produy8o Textual Estudos realizados na perspectiva das tendencias aluais da analise de discurso para a
( compreensiio dos mecanismos discursivos e de suas condiy5es de produy8o, e analise circunstanciada das varias forma;;:6es discursivas.
F Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autortese/dissertayao:
i..•. Instituto Presbiteriano Mackenzie
( Idioma(s):
Portugues
C Oependencia administrativa
( Particular
Resumo tese/dissertayao:
As historias da mitologia tenlam expressar uma verdade ql,Je nao pode ser captada de outra maneira. Os mitos sao a busca dessa verdade.
Monteiro Lobato,ao contar historias, buscava a verdade levando seus personagens em viagens atraves dos tempos. A presente
dissertayao tem por objetivo contra star, a luz da intertextualidade, 0 texto de Monteiro Lobato em sua obra 0 Minotauro com taxlos da
( mitologia grega escritos por outros autores, ressaltando a maneira como a historia e narrada e 0 conhecimento transmitido ao leitor. Para
que isso seja possivel, este trabalho alicer«;ara seus estudos em Monteiro Lobato, A. S. Franchini, Andre Gide, Carmen·Seganfredo,
( Joseph Campbell, Junito Brandao, Odile Gandon, Thomas Bulfinch e Viktor D. Salis. Para a analise da intertextualidade, tomou-se como
referencia os autores Barros e Fiorin, Bakhtin, Kristeva, Koch e Travaglia. Lobato, em seu texlo, utiliza-sa de uma linguagem simples para
conlar a historia da Gracia Antiga e, ao longo da narrativa, da defini;;:6es de vocabulos e deixa claro 0 quanto esle pais foi importante para
o desenvolvimento da arle, da ciencia e, a influencia a lingua grega tem na lingua portuguesa.

l
( inf,ol'l1lla(:oes constantes desta base de dados sao fomecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s-gradua\tao mantidos por
institui;;:oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. a uso da base de dad os e de seus registros esla
lodas as leis de direitos autorais

(
(
(
(
(

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(
( Iill Ministerio da Educa~ao

BANCO DE TESES

(.
(
(
c RESUMO
c Regina Helena Urias Cabreira. A condic;ao feminina na sociedade ocidental contemporilnea: uma releitura de A Letra Escarlate de

Nathaniel Hawthorne. 01/0612006

1v, 311p. Doutorado, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA -INTERDISCIPLlNAR EM CIENCIAS HUMANAS

Orientador(es): Nelly Novaes Coelho

Biblioteca Depositaria: Biblioteca Central da UFSC

Email do autor:

Palavras • chave:

identidade. feminino, mito, simbolo, arquetipos

Area(s) do conhecimento:

~. CIENCIAS HUMANAS

( Banca examinadora:

Anna Stegh Camati

Clelia Maria Nascimento-Schulze

Luzinete Simoes Minela

C', Marilia Gomes de Carvalho

e Nelly Novaes Coelho

Sandra Sulamila Nahas Baasch

Linha(s) de pesquisa:
Epislemologia dos Estudos Interdisciplinares de GEmero 0 lugar do genero nos campos disci piina res das Ciencias Humanas (Psicologia,
C, Antropologia, Sociologia, Historia). Toorias feministas, estudos de genero, ccnstitui~o de sujeitos.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertac;iio:
(:
c; Idioma(s):
Portugues
DependelOcia administrativa
Federal
Resumo tese/dissertac;ao:
Nosso interesse em escrutinar a condi9ao da mulher na sociedade contemporanea ocidental, nos levou ao estudo do romance A Letra
Escarlate (1850), de Nathaniel Hawthorne. Primeiro apresentamos uma visao mitica-historica, onde se resgata o.ccnceito "feminin~," para
que possamos demonstrar a relevancia de se pesquisar a ccndi~o e a idenlidade feminina na Sociedade contemporanea ocidental,
atraves da obra de Marija Gimbutas, em The Language ofthe Goddess (2001) e de Edward Whitmont, em 0 Retorno daDeusa (2001)
entre oulros. Segundo, pela teoria da"jornada do heroj" de Joseph Campbell, em 0 Heroi de Mil Faces (2002), com enfase na 'trajetoria
a
heroica" e como esla se aplica a analise da estrutura profunda do romance e trajet6ria de sua heroina Hester Pry nne. Terceiro, pelo
estudo simbolico do conteCldo do romance, onde se mostra 0 significado profundo dos elementos que compCiem a trajetoria mitica em
( questiio. Para tanlo usamos as obras de J, E. Cirlot, Dictionary of Symbols (1998) e Ad de Vries, Dictionary of Symbols and Imagery
(1976). Quarto, atraves da teoria da psicologia social, que se refere ao feoomeno da "estigmatiza;;:ao: abordado atraves da teoria de Irving
Gottman em Estigma: Notas sobre a Manipula~o da Identidade Deteriorada (1988), complementada pelas obras de Henri Tajfel e Joseph
I p, Forgas {1981} sobre identidade social, calegoriza~o, auto-categoriza9ao €) estereolipia. Quinto, pelas reflexoes encontradas na Historia
das mulheres. atraves das quais fazemos uma recapitula;;:ao da condi~o feminina nos seculos XVII, XVIII, e XIX e como esta pode ser

(
L comparada aquela encontrada na era contemporanea. Aqui contamos. principalmente, com a obra de Michelle Perrot e George Duby em A
Historia das Mulheres no Ocidente entre oulros. Esle estudo nos possibilitolJ r.1ostra.r os varios fatores que influenciam a constru~o da
identidade pessoal e social da mulher, bem como sua condi~o na sociedade e'li que vive.
_ _ _ _ _ _ o ••• _ _ . _ •• _ _ _ ._~ _ _ _ ~~_. _ _ ,_._•• _ . _ _ _

o CPF:
~_, _ _ " . _ · · ____ • . . _• • _ • __~
.,

c "uornn",:oesconstantes desta base de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de pOs-graduac;ao mantidos por
( Iunlive,rsidacles e instituic;oes de pesquisa brasilelras e sao de sua inteira responsabilidade. 0
uso da base de dados e de seus registros estil
a todas as leis de direitos autorais
(
(.
(

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rs.a Ministerio da Educa~ao

BANCO DE TESES

(
(

c
( RESUMO
LuisA DE OLIVEIRA. Coisas de menina: analise simb61ica da personagem Bufty a Ca!ja-Vampiros. 01/06/2007
1v. 101p. Meslrado. PONTIFlclA UNIVERSIDADE CATOLICA DE SAo PAULO - PSICOLOGIA (PSICOLOGIA CLiNICA)
Orieniador(es): LILIANA LIVIANO WAHBA
Biblioleca Deposilaria: PUC-SP
Email do aulor:
Palavras - chave:
PSicologia analilica, Arquetipo do her6i. Super-heroi
Area(s) do conhecimento:
( PSICOLOGIA
( Banca examinadora:
DENISE GIMENEZ RAMOS
( LAURA VllLARES DE FREITAS
LILIANA LIVIA NO WAHBA
( Linha(s) de pesquisa:
FUNDAMENTOS DA PSICOlOGIA CLINICA Esta linha de pesq se dedica ao estudo a)dos pressupostos e componentes da
PClprovenientes da filosofia (ontologia.epistemologia.metodologia) ou de outros campos cientificos ou culturais, b)das estruturas basicas

c das teorias e dos procedimentos da PCl


Ag€mcia{s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserla!jiio:
c Idioma(s):
c' Portugues
Dependimcia administrativa
(
Particular
(: Resumo teseldisserla!jiio:
Esta disserta~ao lem como objetivo a analise simbolica da !rajeleria de Buffy - A Ca~a-Vampiros, personagem criada por Joss VVhedon na
( decada de 1990. 0 seriado que relala sua histeria e composlo por 144 episedios, que foram considerados fenomeno de audiencia em
diversos paises. Para a consecu~ao desse objetivo, os 144 episooios foram assistidos e mapeados para a elaboracao de sinopses, 0 que
( permitiu identificar e discriminar eventos, imagEms e seqiiencias significativas na composicao da personagem Suffy e sua jornada. A
aproxima!jao desse tema remele ao arquetipo do heroi - motivador do processo de desenvolvimento da consciencia. A analise, portanto,
esta referenciada nos conceitos da pSicologia analitica de C. G. Jung e no es!udo do cicio heroico desenvolvido por Joseph Campbell.
Suffy e compreendida como uma imagem con!emporanea do arquetipo do heroi que, no decorrer de sua jornada. foi confrontadacom sete
desafios de complexidade crescente. Transforma95es intensas foram requisitadas e compreenderam a forma~ao da persona. a. retirada de
proje~oes. a conscientiza~ao e integra~iio de aspectos da sombra e do animus. A trajetoria de Suffy e coroada com a possibilidade de
transforma~o de si mesma e do meio que a circunda. Nos seis primeiros confrontos, Buffy encontra uma maneira de salvar 0 mundo, mas,
no ultimo, ela 0 transforma. Alem disso, sao discutidos 0 simbolismo do vampiro, as personagens seriadas e questoes referentes a cultura
•L.......... .. _. "__,de. massa.

o CPF:

( As informa90es constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente a CAPES pelos programas de pOls-gra<ilua"ao
universidades e institui,,6es de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabiUdade. 0 uso da base
c __ _
a todas
._-',_.. .... ..
as leis de direitos autorais

c
(
(
(
(

Copyright Requlsitos bi\slcos


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(

Da Ministerio da Educa~o

BANCO DE TESES

(
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RESUMO
Lucas de Melo Bonez~ A aventura mitica em A can"ao dos Nibelungos e em 0 senhor dos AmHs: aproxima"oes e distanciamentos do
mito original ao mito contemporaneo. 01/1212008
1v. 120p. Mestrado. PONTIFlclA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL LlNGOISTICA E LETRAS
( Orientador(es): Maria Eunice Moreira

c Biblioteca Depositaria: Biblioteca Centrallr. Jose OUio


Email do autor:
( Palavras • chave:
Mito - aventura mitica
Area(s) do conhecimento:
TEORIA UTERARIA
( Banca examinadora:
Sandra Sirangelo Maggio
(
Linha(s) de pesquisa:
( Teorias Criticas da Literatura Agrupa os projetos de pesquisa que visam a investiga~ao e a avalia9ao dos pressupostos teoricos que
fundamentam a cria9l!0 e 0 fato litera rio. As rela¢es que a literatura 6stabelece com oulros campos e outros sistemas culturais.
c Agtincia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta"ao:

c CAPES- DS
Idioma(s):

c
Portugues
Oependtincia administrativa
( Particular
( Resumo tese/disserta"ao:
\,
o presente trabalho aborda as semelhan9as e diferen9as entre os mitos antigo e con-temporaneo, atraves das obras A can9ao dos
Nibelungos, datada do seculo VIII, de autoria anonima, e 0 senhor dos aneis, produzido no seculoXX, por J.R.R. Tolkien. Para tanto, 10­
( maremos por base para essa busca a teoria de Joseph Campbell sobre a aventura mitica, alE§m de autores que discutem 0 mito ontem e
hoje. A disserta9ao, assim, se estrutura atra-ves de quiilro capitulos, abrangendo a teoria sobre 0 milo, sua permanencia na alualidade e a
aventura mitica, para posteriormente aplicar aos herois Siegfried e Frodo, das respectivas obras ciladas. Conclui-se que a aventura mitica
e diferente ambos, mas demonslra a tenlativa de 0 homem melhorar sua os demais. em busca do exi-to..

oCPF:

.....
As informa<;oes constantes desta base de dados saO fornecidas diretamente a CAPES pelos program as de p6s·gradua<;ao m"nti,ln"
c universidades e instltui<;oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
sujeito a todas as leis de direitos autora is
(
c
C.'·

Copyright Requisitos basicos


vers~o: 1.5 Navegador: moziila1.5 flrebird.0.1.S leiS opera7.11 netscape7.1
data de atualiza~o: 0111212004 Resoiu~i3o de video: BOOx600 dp
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rtN

CAPES - Banco de Teses Page 1 of 1

fSl Ministerio os Eouca~ao

BANCO DE TESES

( IRESUMO
Sylvestre Luiz Thomaz Gon!;alves Netto. 2 FILHOS DE FRANCISCO: Um fenomeno de publico apoiado no enraizamento cultural
c brasileiro•• 01108/2008
1v. 106p. Mestrado. UNIVERSIDADE PAULISTA - COMUNICA9Ao
Orientador(es): Geraldo Carlos do Nascimento
Biblioteca Depositaria: Biblioteca Central da Universidade Paulisla UNIP
Email do autor:
Palavras • chave:
Media9('io. Heroi Popular. Cinema Brasileiro.
Area(s) do conhecimento:
COMUNICA9AO
COMUNICAQAo VISUAL
Banca examinadora:
Adilson Jose Ruiz
(
Barbara Heller
Geraldo Carlos do Nascimento
linha(s) de pesquisa:
Configurac;ao de Unguagens e Produlos Audiovisuais na Cullura Midialica. Esluda os modos, formas e eslrab~gias como sao codificados e
estruturados os recursos e dispositivos visuais, sonoros e/ou audiovisuais nas linguagens, meios e produtos da Cullura midiatica
conlemporanea.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!;ao:
CAPES-PROSUP
Idioma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
Particular
( Resumo tese/disserta!;ao:
o tema do presente trabalho e a produ9('io independente 2 filhos de Francisco, e objetivou a analise das possiveis causas que 0 levaram a
( conquistar a condic;ao de lider de audiencia dos filmes brasileiros produzidos nos ultimos vinle e cinco anos. Sob a oUca. comercial, trata-se
de um produto singular na filmografia brasileira, sua constru9aO deve-se as figuras de Zeze Di Camargo e de luciano, dupla composta per
irmaos, estralas de primeira grandeza no universe fonografico brasileiro, detenlores de resultados incomuns na vendagem de discos.
( Pautaram nossas analises, os processos externos e inlernos utilizados na' produ900 do filme. Denlre as ila90es delas retiradas, merecam
deslaque as media¢es nele conlidas, pautadas nas figuras dos sertanejoslretirantes e na trajeloria heroica de seus personagens, 0
( esmero tecnico de que esla revestido; e 0 suporte mercadologico que envolveu seu lal19Bmento. 0 primeiro capitulo trala dos caraleres
a
mercadologicos que compuseram 0 filme, analisando-os luz das lecnicas de marketing, e do processo midiatico que 0 acompanhou. 0
e
segundo situa 2 filhos de Francisco na historiografia do cinema brasileiro, analisa as figuras dos herois nele conUdas, e finalizado com um
tra90 social do sertanejo nos dias atuais. No capitulo final, 0 filme foi decomposto em seis etapas e organizado a partir da tessitura da Irilha
sonora nas canas que entendemos essenciais. Dentre os varios trabalhos que nos serviram de instrumental teorico, destacamos os
estudos sobre as media90es de Jesus Martin-Barbero, 0 texlo de Ismail Xavier que versa sobre 0 discurso cinematografico, e no percurso
do cinema brasileiro, Paulo Emilio Salles Gomes, Sidney Ferreira leite e Pedro Butcher. Quando tratamos da figura do heroi, nos
apoiamos em Joseph Campbell, lutz MOiler, Junito de Souza Brandiio, Sal Randazzo e Malena Segura Contrera. Outros autores e
estudiosos das areas de Comunica9ao, Sociologia e Mercadologia foram citados e contribufram na constrUS:80 deste texto.

ipara alterar osdados da tese, digite 0 CPF: ______ ._,,~_~~_


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L.--C..___....:-::::::::;:=:·
lAS Informa!;Oes constantes desta base de dad os sao fornecidas diretamente CAPES pelos program~~s ci~P6;:g~-;;'du;~"i~-n:l;~tid~ po;-""--;
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'universldades e Instltuic;oes de pesquisa brasilelras e 5110 de sua intelra responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta II
! sujeito a todas as leis de dlreitos autorais aplicaveis.
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rsa Ministerio da Edu(a~ao

BANCO DE TESES

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( Vania de Fatima Noronha Alves. Os festejos do reinado de Nossa Senhora do Rosario em Belo Horizonte/MG: praticas simb6licas e
c educativas. 01/04/2008
1v. 251p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE SAO PAULO· EDUCA9AO
( Orientador(es): Maria do Rosario Silveiro Porto
Biblioteca Depositaria: FEUSP
Email do autor:
Palavras • chave:
Praticas educativas, Imaginario, Mito, Arquetipo
Area(s) do conhecimento:
EDUCA9AO
Banca examinadora:
Denise Maria Botelho
( Eliana Braga Aloia Atihe
Joao de Deus Vieira Barros
Lea Freitas Perez
( Maria do Rosario Silveiro Porto
Linha(s) de pesquisa:
c· Cultura, Organizayao e Educa9ao Investiga a cultura, concebida como 0 conjunto dos sistemas simb6licos, enquanto existemcia e
expressao nas praticas simb61icas das organizayOes e dos grupos. .
Ag~ncia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta!(iio:
CAPES·DS
Idioma(s):
Portugu~s
Dependflncia administrativa
Estadual
Resumo tese/disserta!tao:
Este estudo partiu da premissa que toda pratica social. e uma pratica simb6lica, portantb, educativa. reve como foco de analise 0 Reinado
de Nossa Senhora do Rosario (tambemconhecido como Congado), manifesta9i!io eat6lica, tipica dos negros, popular e importante em
nosso Estado, tanto no interior quanto na capital, que aqui privilegia alguns grupos da cidade de Belo Horizonte. Esta manifesta<;ao se
funda em uma narrativa mitica em tomo da Santa de mesmo nome e constitui 0 imaginario de seus devotos. Dito de outro modo, por meio
da narrativa, os devotos de Nossa Senhora do Rosario (os Filhos do rosario) definem nao 56 a suacren~ como todo seu modus vivendi.
( Estamos diante de uma pratica social educativa (abusando da redundancia). 0 estudo teve como perguntas mobilizadoras: que imagens
'. estao presentes no mito de Nossa Senhora do Rosario? Como essas imagens constituem 0 modus vivendi de lodos aqueles que seguem 0
rosario de Maria? Que significantes elas concretizam no imaginario de seus devotos? Como se dao os processos educativos na conslru9i!io
desse imaginario? Seu principal objetivo foi analisar as imagens miticas do Reinado, investigando as modula90es entre 0 imaginario, 0
mito, a festa e as praticas educativas que Ihes sao inlrinsecas. Para isso, elegeu como base epislemologica 0 paradigma da complexidade.
e dentro dele, as teorias da antropologia do imaginario, da psicologia profunda e da festa. Os principais autores que alice~ram este
estudo foram Edgar Morin, Joseph Campbell, Gaston Bachelard, Gilbert Durand, Jean Duvignaud, Erich Neumann e Edward Whitmon!.
Este referencial teorico permitiu analisar 0 arquetipo da Grande-Mae e seu desdobramento na vida dos congadeiros. Assim, os objetivos
propostos para 0 estudo foram alcan~dos. Espera-se que os resultados encontrados possam contribuir para com os conhecimentos sobre
as comunidades afrodescendentes, ampliando a nossa compreensao da sociedade, de educa9i!io e de nos mesmos.
'-----

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As informa!(Oes constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente II CAPES pelos programas de p6s-graduac;iio mantidos por
universidades e institui!;oes de pesquisa brasileiras e sao de sua intelra responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esta
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~ Ministerio da Educa~o

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RESUMO
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WALDINEI COMERCIO DE SOUZA GUIMARAES. 0 Crepiisculo em Santiago· A Jomada do Peregrin~ Rumo a Religiosidade e a
c Descoberta Analitica. 01/03/2008
1v. 117p. Mestrado. PONTIFlclA UNIVERSIDADE CATOLICA DE sAo PAULO - CIENCIAS DA RELIGIAO
( Orientador(es): Eduardo Rodrigues da Cruz
Biblioteca Depositaria: PUC/SP
Email do autor:
Palavras - chave:
( Santiago de Compostela, Campbell, Jung, Peregrinayao
c Area(s) do conhecimento:
TEOLOG1A
c Banca examinadora:
Denise Gimenez Ramos
Eduardo Rodrigues da Cruz
Sandra de Sa Carneiro
(
Linha(s) de pesquisa:
(; RELIGIAO, MODERNIDADE E POS·MODERNIDADE Recorrendo a pensadores seminais destes ultimos cam anos, a linha contempla
projetos que investigam os fundamentos da experiemcia religiosa e as metodologias adequadas ao entendimento desta.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta~iio:

Idioma(s):
Portugues
Dependencia administrativa
Particular
Resumo tese/disserta~iio:
A redescoberta da peregrina~o no Caminho de Santiago de Compostela, observada no final do seculo XX, desperta um desejo de
investiga~o sobre suas causas e desdobramentos na vida de quem se prop(ie a percorre-Io em plena p6smodernidade. Essa investiga~o
( toma corpo na medida em que definimos as areas de conhecimento que podem nos auxiliar a compreender 0 fenomeno, e nesse sentido a
analise inicia-se pela Antropologia, que permitiu iluminar a peregrina980 considerando os movimentos sociais em torno dos ritos de
passagem, da religiao, espirilualidade e busca de sentido ao longo dos seculos ate os dias de hoje. Os significados decada rilo, simbolo,
gesto, sofreram modifica~5es ao longo da historia, mas preservam sua essencia. Em busca da visao do peregrino moderno sobre as
( transforma¢es do Caminho de Santiago, realizamos uma pesquisa com peregrinosde Santiago, cidadaos de classe media urbana
brasileira. Observamos pelas entrevistas que 0 Caminho, de fato, e capaz de reconectar 0 indlviduo com sua religiosidade e com a
possibilidade de transcendencia atraves do rito. Estes resultados sao analisados em conjunto com a descri980 da jornada do heroi em
Joseph Campbell, segundo 0 pensamento Junguiano, aproximando a estrutura do milo com as manifesta~5es arquetipicas. Buscando 0
aprofundamento no conteudo obtido com a pesquisa, encontramos elementos que revelam a capacidade de transforma~ao proporcionada
pelo ritual de peregrinayao a Santiago, um ingrediente fundamental no processo de encontro com 0 si·mesmo e de reintegrayao com as
experi€mcias religiosas dos entrevistados
.. _--_ ..._ - - - ­

informalrOes constantes desta base de dados silo fomecidas diretamente a CAPES pelos programas de p6s-graduat;;ao mantiqos por
,unlversidades e Instituit;;Oes de pesquisa brasileiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esia
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c RESUMO
( Paula Soares Faria. The journey of the villain in the Harry Potter series: an archetypal study of fantasy villains. 0111112008
1v. 98p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - ESTUDOS LITERARIOS
( Orientador(es): Luiz Fernando Ferreira Sa
,­ Biblioteca Depositaria: BIBLIOTECA UNIVERSITARIA E BIBLIOTECA DA FALE - UFMG
'. Email do autor:
Palavras - chavez
fantasy, villain, Harry Potter
Area(s) do conhecimento:
LlTERATURAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
( Banca examinadora:
Luiz Fernando Ferreira Sa
( Maria Clara Versiani Galery

c Myriam Correa de Araujo Avila


Linha(s) de pesquisa:
c Agencia(s) financiadora(s) do discente OU autor teseldissertac;ao:

Idioma(s):
Ingles
Dependencia administrativa

c Federal
Resumo teseldissertac;lIo:

c Fantasy has tilatured in our culture since the beginning of times. From ancient mythology to futuristic Sci-Fi. stories have been filled with
fantastic characters and settings. Disguised under the cover of the fantastic there is.a heavy load of symbolism being conveyed through
( structures called archetypes. The idea of archetype as a symbolic structure which is repeated countlessly over time and space was
identified and studied by the psychoanalyst Carl Gustav Jung and these archetypes can be recognized in many forms of art or even in
dreams. Fantasy usually has archetypes as its basic structure. The symbols expressed as archetypes are supposedly understandable
( through cultures, and yet, each culture may express the same archetype in different ways. An important archetype that too often features in
fantastical stories is that of the hero. Joseph Campbell has explored it, based on Jung's archetype theory, and called the pattern that
composes heroes worldwide the Monomyth or the hero journey. This journey can be clearly seen in stories from ancient folk-tale and
mythology to contemporary works. which is the case of the Harry Potter series. A literary phenomenon of the 21 st century, the Harry Potter
( series tells the story of a boy wizard and his journey into herohood. In every hero journey, its pinnacle is reached in the confrontation with an
arch (e)-villain. Every step in the journey bears a symbolic significance and the villain as part of that journey follows the rule. The villain is
mostly the force to which the hero has to oppose, he is also a representation of the unknown: therefore this character is usually presented
without a past or reason to be. However. the villain in the Harry Potter series. Lord Voldemort, lives his own journey; one which is incredibly
similar to the archetypal journey lived by the hero, Harry. This thesis studies the archetype of villains in fantasy literature and the journey of
the hero as it can be related to the villain in the Harry Potter series. This study is based on the archetypal the ory of C. G. Jung and on the
pattern traced for the hero by Campbell. The journeys of both viltain and hero are compared for the proposition of a cOntemporary
understanding ofthe villain archetype .
• ___._.. _.,
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o CPF:

(
As informac;oes constantes desta base de dados silo fornecidas. diretamente a CAPES pelos programas de p6s-graduac;ilo mantidos por
( universidades e institui!;;oes de pesquisa brasileiras e silO de sua inteira responsabllidade. 0 uso da base de dados e de seus registros esla
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Dl Ministerio da Educ,lI;io

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RESUMO
Renato Jose Bittencourt Gomes. "A RI="!C in DE UM ANJO FORMOSO E CRUEL: 0 PAMPA I iOlllnn DE CERTO JUVENI..'V
GUTIERREZ". 01/0312009
3v. 160p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA - LETRAS
Orientador(es): Luis Gon~ales Bueno de Camargo
Biblioleca Deposilaria: Biblioteca Central da UFPR
Email do autor:
Palavras • chave:
c
r
Tabajara Ruas, gaucho, gauchesca, fronteira
Area(s) do conhecimento:
'-. LETRAS
Banca examinadora:
( Maria Eunice Moreira
( Linha(s) de pesquisa:
Literatura, historia e critica Estudo das figura~oes e das apropria¢es dos discursos historico, biografico, autobiografico e memorialista no
C discurso literario. Estudo de questoes da historiografia e da critica literanas. Estudo das rela~oes entre os mOdelos historiograficos.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/disserta~iio:

c Idioma(s):
Portugues
c Dependencia administrativa

c Federal
Resumo tese/disserta~iio:

c Estudo da figura do heroi e do significado da agua na romanesca de Tabajara Ruas, bam como da ambientat;ao do pampa e da fronteira,
a
utilizando como suporte teorico jornada do heroi ou teoria do monomito do Joseph Campbell. Para se chegar obra de Tabajara Ruas,

c· inicia-se com uma exposit;iio da teoria de Campbell para em seguida se fazer uma contextualizat;8o historico-antropol6gica da figura do
gaucho na literatura e, enta~, trabalhar aspectos dessa figura em obras de Erico Verissimo, Flavio Aguiar e Luiz Antonio de Assis Brasil.
e
Depois dessa relativamente ampla conlextualizat;ao, feila uma panoramica de toda a romanesca de Tabajara Ruas e, por tim, os
aspectos trabalhados convergem para 0 romance Perseguit;ao e cerco a Juvencio Gutierrez, em que 0 autor porventura chega aoponto
maximo da temalizat;i!iodopampa.dafronteiraedoelementoliquido.Palavras-chave: Tabajara Ruas, gaucho, gauchesca, fronteira.
elemento I1quido.

a
As informa~oes constantes desta base de dados sao fornecldas diretamente CAPES pelos programas de p6s-gradua!;lio mantidos p~r
universidades e institul!;Oes de pesquisabrasileiras e slio de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus reglstros
sujeito a todas as leis de direltos autorals aDilcaveliS.

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Da Ministerio da Educa~ao

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RESUMO
Francisco Leandro Barbosa. Mito e literatura na obra de Jose Saramago. 01103/2009
1v. 212p, Doutorado. UNIVERSIDADE ESTPAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO/ARARAQUARA - ESTUDOS LlTERARIOS
Oriehtador(es): MARIA CELIA DE MORAES LEONEL
Biblioteca Depositaria: UNESP
Email do autor:
Palavras - chave:
(>'
Mito, Simbolo, arquetipo, imaginario, Saramago
Area(s) do conhecimento:
(
LlNGOISiICA, LETRAS E ARTES
Banca examinadora:
Lilian Jacoto
( Linha(s) de pesquisa:

c TEORIAS E CRITICA DA NARRATIVA Estudo de teorias da narrativa com vistas principalmente a sua aplicayaoa critica de textos
narrativos.
Agencia(s) financiadora(s) do discente ou autor teseldissertar;ao:
( CAPES - Outros

C'.·' "
CNPq
Idioma(s):
Portugues
DepEmdencia administrativa
Estadual
Resumo teseldissertacao:
Esta pesquisa propoe a analise literMa de tres romances de Jose Saramago: Memorial do convento, 0 Evangelho segundo Jesus Cristo e
( Ensaio sobre a cegueira, focalizando como ocorre, de maneira geral, a complexa e, fascinante rela9ao estabetecida entre os campos do
mito e da literatura contempori!inea e, especificamente, 0 tratamento, a transforma9ao e a criayao de mitos pela narrativa saramaguiana.
( Entendendo 0 mito, de maneira abrangente, COm Joseph Campbell (1999, p. 21) como narrativa que fornece os simbotos que levam 0
espirito humane a avan98r, 0 objetivo principal deste trabalho e levantar e analisar as redundfmcias miticas, tematicas e estruturais
presentes nas obras para que se possa chegar, numa perspectiva mitocritica formulada, principalmente, por Gilbert Durand, aos mitemas
( que regeri1 0 imaginario saramaguiano. Assim, pretende-se analisar a forma como acontece a utilizayao, transformayao e cria9i!io de temas,
situa95es e arquetipos miticos nos romances mencionados e, tambem, formular novas possiveis interpreta90es para tres das principaiS
obras de um dos mais reconhecidos autores da portuguesa,

. . .. . .. ......- ..--.-.. -.-......

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As Informar;Oes constantes desta base de dados sao fornecidas diretamente Ii CAPES pelos programas de p6s·gradua<;ao mantidos por
universidades e institulcOes de pesquisa braslleiras e sao de sua inteira responsabilidade. 0 usa da base de dadcs e de seus registros esta
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Dl Minirterio da Educa~o

BANCO DE TESES

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RESUMO
( LILIAN SILVA SALLES. LalrOS miticos de familia: paradia, rito e lirismo em Lavoura arcaica. 01/04/2009
lv. 145p. Mestrado. PONTIFlclA UNIVERSIDADE CAT6L1CA DE SAo PAULO - LlTERATURA E CRITICA LlTERARIA

Orienlador(es): BIAGIO 0 'ANGELO

Biblioteca Depositaria: PUC SP

Email do autor:
Palavras - chave:

PAR6DIA, MITO, RITO

Area(s) do conhecimento:

lETRAS

c Banca exam ina dora:

( MARIA ESTER MACIEL DE OLIVEIRA BORGES

Unha(s) de pesquisa:
c literatura: estudos comparados e historiografia Trata dos principios e metodos da literatura com parada e da articulayiio diacr6nico­
sincr6nica da produyiio literaria, alem de envolver 0 estudo historiografico e/ou comparado de literaturas de lingua portuguesa com oulras
literaturas e cultu ras .
Ag€mcia(s) financiadora(s) do discente ou autor tese/dissertayiio:

CAPES-PROSUP

Idioma(s):

Portugues

Dependencia administrativa

c
Particular

Resumo·tese/dissertalrllo:

c o presente estudo tem por objetivo elucidar a reescritura mitico-parodica da Parabola. do tilho prodigo presentl'l no romance Lavoura
arcaica, de Raduan Nassar. Nossa intuito e fiagrar, nesse discurso narrativo de Nassar, a peculiaridade de sua escritura, na qual
identificamos procedimentos poeticos como: 0 lirismo, 0 sil€mcio, 0 sagrado e 0 profano que apresentam no discurso dial6gico do romance
( .recorrencia e alterniincia do orgiinico, do visceral e do natural que otimizam a quesiao domito no romance. Para lanto, levantamos a
seguinte questao: De que maneira 0 romance Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, ao dialogar de forma parodica com a Parabola do tilho
( prodigo, reconstrai, em prosa lirica, os layos miticos de familia, gerando um rito de renovayao c6smica? As principais hip6leses que nos
orienlaram foram: ao dialogar com a Parabola do tilho prOdigo, 0 romance Lavoura arcaica reconstroi os layos milicos de familia par maio
( de um lirismo lenso entre 0 dialogismo e 0 silencio. Ainda cogitamos que os layos miticos de familia, 'presentes em Lavoura arcaica,
promovem uma narrativa circular, na qual 0 rito de renovayiio cosri1ica assume a fusao do mistico e do parOdico pela presenya do sagrado
( e do profano, Irazendo 0 hom em de volta ao orgiinico, ao visceral e ao natural. Para refletir sobre essa problemiitica, trayamos um
percursa de estudo do mito tratando 0 conceito segundo os teoricos Mircea Eliade, Gilbert Durand e Joseph Campbell. Da mesma forma, a
( respeito da parodia e do dialogismo, temos como base teorica os estudos de Mikhail Bakhtin. Por uma peculiaridade desse romance
nassariano, 0 sagrado eo profano foram estudados a partir dos estudos tilmMm' de Mircea Eliade, ja a quesliio do silencio presente no
romance esm embasado nos estudos de Eni Orlandi. Revelamos as relayoes de peesia e lirismo, lendo como embasamento os ensaios
criticos de T.S. Eliol. Enfim, a pesquisa evidenciou-nos que os layes miticos de familia foram os construlores das tensoes discursivas e ds
reescritura parodico-mitica presentes no romance. Ao longo deste trabalho, observamos que 0 mito do eterno retorno no discurso
\.
narrativa constroi lavoura arcaica como metMora da busca de uma unidade familiar perdida
.~.~..----------~---------------------------------~--.----------------------------~.------
o CPF:
(

c rA~;info-~-m;~o;s co~st~nte;·d·~~sta base de dados sio fornecidas diretamente aCAPES pelos programas de p6s..gradua~lo mantidos por
( :unlversidades e instituh,Oes de pesquisa braslleiras e silo de sua inteira responsabilidade. 0 uso da base de dados e de seus registros es~
isujeito a !?~~.~~!~~de dire~to_s..a._u_t.o.:...r_a_is_aYc!3il.!i..'.\...:ei.!!~.__~_________~~ _______________________________________________-,
(
(

Copyright Requlsitos basicos


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Palas Athena

l Sao Paulo, 22 de fevereiro de 2012


(
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( '

(' limo. Sr.


Carlos Aldemir Farias da Silva
(. Caixa Postal 1543
59078-970 Natal - RN

( Pr~zado Carlos,

Tal como combinado, estou enviando a autoriza<;ao no Termo de cessao de


a
Direitos Patrimoniais, referente entrevista por mim concedida sobre Joseph Campbell.

c Tomei a liberdade de fazer algumas sugestoes a lapis no seu original para dar maior
clareza ao texto. A transcri<;ao de uma fala nem sempre consegue expressar 0 que na
c a
interlocu<;ao emerge. Por favor, sinta-se vontade para utiliza-Ias oudesconsidera-Ias.
c
c Votos de uma finaliza<;ao de trabalho inspirada e gratificante.
(
Sauda<;oes da maior cordialidade,

(
( ,
'.

Co-fundadora
(
(
(
(

ASSOCIACAO PALAS ATHENA DO BRASIL - Centro de Estudos Filos6ficos


ALAMEDA lORENA 355 -JARDIM PAUUSTA -SAO PAULO- SP -CEP 01424-001

FONE: (11)3266.6188 - FAX: (11) 3287.8941

WWW.PALASATHENA.ORG.BR

UADISKIN@PALASATHENA.ORG.BR

c
(

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezada colaboradora, voce esta sendo convidada a participar, como voluntaria, de

( urn projeto de pesquisa que tern como objetivo maior a produyao da tese: Joseph
( Campbell: fragmentos de vida, mitologias, ressonancias (titulo provisorio). 0 proposito
( da pesquisa, entre outros, e entrevistar estudiosos e profissionais que trabalham ou
()
trabalharam na traduyao dos Jivros de Joseph Campbell no Brasil. Para tanto, pretende-se
(:
entrevistar professores, tradutores, revisores tecnicos e profissionais que atuaram
(
C diretamente na traduyao dos livros de Joseph Campbell que se disponibilizem,
voluntariamente, a participar deste trabalho.
o protocolo da entrevista sera apresentado antes da realizayao da mesma. As
entrevistas serao gravadas em audio por meio de urn gravador portatil analogico e/ou por

c· outros meios compativeis com a disponibilidade dos entrevistados. Posteriormente, as

c entrevistas serao transcritas, editadas e analisadas pelo pesquisador. Todo 0 material com 0

C conteudo das entrevistas ficara sob a responsabilidade do pesquisador. Os dados coletados


(;
poderao ser utilizados na integra ou em parte para fins de estudos cientificos, publica<;oes
(:.
de artigos, livros, seminarios e outros eventos academicos, alem da elaborayao da tese de

c doutorado em desenvolvimento na Pontificia Universidade Cat6lica de Sao Paulo


c (PUCSP). Todos os estudos e/ou publicayoes podem ter 0 a1cance de divulgayao, de
veicula<;ao, de distribui<;ao e/ou de venda, no Brasil e/ou no exterior, em midia impressa
e/ou digitalleletronica, podendo ser disponibilizados(as}por meio da rede mundial de
computadores (internet).
Ao assinar 0 presente documento, o(a) participante cede e transfere neste ato,
.gratuitamente, em carater universal e definitivo ao pesquisador a totalidade dos seus
direitos patrimoniais de autor sobre 0 depoimento oral prestado neste dia, para estes fins.
(
A qualquer momento, o(a) entrevistado(a) podera desistir de participar e retirar seu
(
consentimento. A recusa do(a) entrevistado(a) nao Ihe acarretara qualquer prejufzo, tanto
(
por parte do pesquisador, quanto por parte de terceiros, neste caso, resguardado 0 direito
do pesquisador de manter os dados coletados na entrevista e transformados em
informayoes, nos materiais ja publicados, pelo mesmo, ate a data da solicitayao de retirada
do consentimento. A solicitayao de retirada do consentimento devera ser entregue, ao
(
( pesquisador, por escrito e devidamente assinada pelo(a) entrevistado(a).
Coloco-me it disposi<;ao para maiores esclarecimentos. Obrigado por sua
participa<;ao.
('

/
(

INFORMAC;OES SOBRE A PESQUISA

Titulo provisorio do projeto de tese: Joseph Campbell: fragmentos de vida, mitologias,


( ressonancias
Local do desenvolvimento da pesquisa: PUC-SP
Pesquisador responsaveJ: Carlos Aldemir Farias da Silva
Orientador da pesquisa: Prof. Dr. Edgard de Assis Carvalho
(
(
Telefones do pesquisador responsavel: (84) 9600.5826; (84) 3206.6872
( E-mail: carlosfariasl@gmail.com

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TERMO DE CESSAO DE DIREITOS PATRIMONIAIS

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I. . .

( CPF 02130 28 038 - Lis , pelo presente instrumento, aceito participar como
c·· voiuntario(a) desta pesquisa. Declaro que recebi as infonnayoes de forma clara e detalhada
( \
a respeito dos objetivos e da minha participayao nesta investigayao, sem ser coagido(a) a
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responder eventuais questOes.
(:
( Autorizo 0 pesquisador Carlos Aldemir Farias da Silva a utilizar 0 referido
( depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a
terceiros. Os dados coletados poderaoser utilizados na integra ou em parte para fins de
estudos cientificos, publicayoes de artigos, livros, semimirios e outros eventos academicos,
(
aiem da eiaborayao da tese de doutorado em desenvolvimento no Programa de Estudos
P6s-Graduados em Ciencias Sociais da Pontificia Universidade Cat6lica de Sao Paulo
( (PUC-SP), sob a orientayao do professor doutor Edgard de Assis Carvalho.
( Declaro estar ciente de que as publicayoes referidas acima serao objeto de
(
divulgayao, de veiculayao, de distribuiyao e/ou de venda, no Brasil e/ou no exterior, em
midia impressa e/ou digital/eietronica, podendo ser disponibilizadas por meio da rede
mundial de computadores (internet). DecIaro expressamente que as opinioes emitidas na
entrevista sao de minha exclusiva responsabilidade e que a publicayao da mesma nao viola
direitos de terceiros. Autorizo a revisao gramatical e ortografica do texto, desde que nao
(
acarrete aiterayao do conteudo e das opinioes ali contidas.
c Declaro tambem que estou informado(a) de que, a qualquer momento, posso
c
( .
esclarecer duvidas que tiver em relayao a entrevista, assim como ter a liberdade de deixar
de participar do estudo, sem que isso traga quaiquer prejuizo para mim. Declaro que recebi
uma c6pia do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
(
~ ~ Por ser a expressao da verdade, dato e assino 0 presente tenno de cessao e de

\ti~rizayao.
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Pti.(LW o<.D, de F~&,eo de 2012.
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TERMO DE CESSAO DE DIREITOS PATRIMONIAIS

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( Eu,
CPF .1.11,}3 Lt .3<0 g / 1--1-- , pelo presente instrumento, aceito participar como
voluntario(a) desta pesquisa. Declaro que recebi as informac;oes de forma clara e detalhada
a respeito dos objetivos e da minha participac;ao nesta investigac;ao, sem ser coagido(a) a
responder eventuais questoes.
c Autorizo 0 pesquisador Carlos Aldemir Farias da Silva a utilizar 0 referido
(
depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a
terceiros. Os dados coletados poderao ser utilizados na integra ou em parte para fins de
estudos cientificos, publicac;oes de artigos, livros, seminarios e outros eventos academicos,
(
(
alem da elaborac;ao da tese de doutorado em desenvolvimento no Programa de Estudos
( P6s-Graduados em Ciencias Sociais da Pontificia Universidade Cat6lica de Sao Paulo
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'­ (PUC-SP), sob a orientac;ao do professor doutor Edgard de Assis Carvalho.
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Declaro estar ciente de que as pub! icac;oes referidas acima serno objeto de
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divulgac;ao, de veiculac;ao, de distribuic;ao e/ou de venda, no Brasil e/ou no exterior, em
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midi a impressa e/ou digital/eletronica, podendo ser disponibilizadas por meio da rede
mundial de computadores (internet). Declaro expressamente que as opinioes emitidas na
entrevista sao de minha exclusiva responsabilidade e que a publicac;ao da mesma nao viola
direitos de terceiros. Autorizo a revisao gramatical e ortognifica do texto, desde que nao
acarrete alterac;ao do conteudo e das opinioes ali contidas.
Declaro tambem que estou informado(a) de que, a qualquer momento, posso
esclarecer duvidas que tiver em relac;ao a entrevista, assim como ter a liberdade de deixar
de participar do estudo, sem que isso traga qualquer prejuizo para mim. Dec1aro que recebi
uma c6pia do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Por ser a expressao da verdade, dato e as sino 0 presente termo de cessao e de
autorizac;30. ()
0Q.or~ de 2012.

¥.234. Jl;f-5
Assinatura do(a) particip CPF ou RG
CARLOS ALDEMIR FARIAS DA SILVA

DOCUMENTOS

CONFERÊNCIAS ERANOS
HENRY CORBIN ET MIRCEA ELIADE

À PROPOS DES

CONFÉRENCES
ERANOS
HENRY CORBIN

LE TEMPS D' ERANOS

Le plus souvent, celui qui évoque Eranos s'entend


poser des questions de ce genre: Qu'est-ce donc que
Eranos? Comment est constitué le cercle 'd' Eranos, 1' Era-
nos-Kreis? Quels sont ses travaux et qu'est-ce qui les
inspire? (1)
Les pages qui suivent, peuvent répondre au moins
indirectement à ces questions. Elles furent écrites à la
demande de la Bollingen Foundation, comme préface de
la traduction anglaise du vingtième volume de l' Eranos
Jahrbuch. (2)
L'auteur a essayé d'y exprimer quelque chose d'é-
prouvé en commun, non seulement par ceux qui avec
le cours des années sont 'devenus plus particulièrement
les supports de l'esprit d'Eranos, mais par tous ceux qui,
à un moment ou l'autre, à un degré d'intensité variant
avec les personnes, n'ont pas refusé l'aventure spiri-
tuelle qui se joue autour ou au coeur de chaque session
de l' Eranos - Kreis. Si dans les pages qui suivent, certai-
nes lignes semblent vibrer, peut-être, sous un coup
d'archet trop vigoureux, que l'on veuille bien expres-
sément se souvenir de l'intention qui les motiva.

1) L'un de nous, Adolf Portmann, professeur de zoologie à l'Université de


Bâle, a excellemment formulé le sens des tâches passées et à venir d'Eranos:
Adolf Portmann, Yom Sinn und Auftrag der Eranos Tagungen. ( Eranos-
Jahrbuch XXX, 1961 Rhein Verlag, Zurich )
2) Man and Tinte, Papers from the Eranos-Yearbooks edited by Joseph Camp-
bell, vol 3 (Bollingen Series XXX, 3). 1957 (Princeton University Press
and Routledge & Kegan Paul, London). Notre texte français original a été
publié dans le recueil In memoriam du Dr Roger Godel: Roger Godel, de
l ' humanisme à l 'humain. Paris, Belles-Lettres, 1953.

1
Que des hommes de science, représentant les spécia- en existe encore, ou quelque étudiant en mal dek thèse,
lités les plus diverses, et venant de tous les horizons découvre dans le phénomène Eranos au XXe siècle, le
géographiques, aient rendez-vous chaque année à Asco- sujet rêvé d'une monographie. Celle-ci ressemblera
na, au bord du Lac Majeur, ce n'est point, bien entendu, peut-être à tant d'autres qui depuis l'avènement de la
ce trait extérieur qui fait l'originalité de leur rencon- critique historique ont été consacrées aux „écoles”, aux
tre. Cette originalité se dévoile seulement à qui en „courants d'idées” du passé, pour en montrer les „cau-
comprend l'esprit. ses”, en expliquer les „influences”, les „migrations des
Pour faire comprendre cet esprit, peut-être suffira- motifs”, etc.
t-il de dire qu'en partant de son domaine de recherches Mais, il est à craindre que s'il se contente de, prati-
propres, le souci dominant auquel obéit chacun des quer à son tour une méthode scientifique qui aura eu
conférenciers (une dizaine en général), est d'exposer ce toutes les vertus, sauf la vertu initiale qui eût été de
qui lui apparaît essentiel pour l'homme à la quête de fonder son objet en reconnaissant la manière dont elle
la connaissance de soi-même, c'est-à-dire pour la va- commence par se le donner à elle-même, — i] est à
lorisation plénière de toutes les expériences humaines craindre que notre historien futur manque complète-
ayant une signification permanente, éternelle. Toutes ment le phénomène Eranos. Peut-être pensera-t-il l'avoir
les conférences s'ordonnent à un même centre: cette „expliqué” par une dialectique des causes, ingénieuse
image ce soi-même que l'homme découvre dans son et profonde. En revanche, il n'aura pas pressenti que
propre Univers. Et cette „ordination” s'accomplit dans le vrai problème eût été de découvrir non pas ce l7ui ex-
la liberté spirituelle absolue, sans présupposition dog- plique Eranos, mais ce que Eranos explique en Ivértu de
matique, de quelque nature que ce soit. D'où, sans autre ce qu'il implique: par exemple, l'idée d'une communauté
entente préalable qu'un thème général proposé un an vraie, rassemblant orateurs, et auditeurs, communauté
à l'avance, se renouvelle chaque année l'instant privi- si paradoxale qu'elle n'offre aucun des caractères aux-
légié d'une convergence, d'un paroxysme, qui opère la quels s'intéressent les statistiques et la sociologie.
double rencontre, à la fois scientifique et humaine, C'est pourquoi, si l'on évoque ici l'éventualité de
eux-mêsaussi bien entre les conférenciers qu'entre notre historien futur, ce n'est nullement par ! vanité
et les auditeurs. d'une gloire anticipée, mais plutôt avec la crainte que
Et leur conviction à tous est que les volumes de l'âme d'Eranos ne se perde un jour dans cette aventure.
l'Eranos-Jahrbuch qui forment déjà une bibliothèque, pro-
S'il n'eût été touché par cette crainte, celui que l'on
longeront leur message au-delà de la génération qui pressentit pour remplir un rôle de soliste en tête du
les aura produits. présent volume (1), se fût fait scrupule de se détacher
II est possible que dans un siècle ou deux, un peu 1) 1l s'agit, on le rappelle, du volume Man and Tinte, désigné -dessus
dans la note 2, page 1.
plus ou un peu moins, quelque historien des idées, s'il
3
2
ainsi du choeur de ses confrères. Mais il s'est convaincu la même raison qui fait, par exemple, que la première
d'une chose. Tout ce volume est consacré à la question et ultime explication des diverses familles gnostiques
du temps, que chacun de nous a envisagée sous l'angle évoquées dans le présent livre, ce sont ces gnostiques
de ses méditations habituelles. Or, s'il est vrai que tout eux-mêmes. On pourrait supposer toutes les circon-
en expliquant les choses et les êtres par leur temps, les stances favorables, opérer toutes les déductions pos-
historiens comme tels n'ont guère l'habitude de com- sibles, on ne raisonnerait jamais que dans l'abstrait,
mencer par s'interroger sur la nature du temps histo- s'il n'y avait le fait premier et singulier des consciences
rique, il y a peut-être dans le thème de ce volume la gnostiques. Ce ne sont point les „grands courants” qui
meilleure mise en garde contre l'équivoque d'une for- les suscitent et les font se rencontrer; ce sont elles qui
mule tendant à expliquer Eranos „ par son temps”. font qu'il y ait tel ou tel courant et qui en opèrent la
Il conviendrait de méditer ce que peuvent signifier rencontre.
ces mots: le temps d'Eranos. Car l'on n'expliquera pas Aussi est-il probable que le mot „ fait”, tel qu'on
Eranos en disant que ce fut un phénomène „bien de son vient de l'employer, ne signifie pas exactement ici ce
temps”, c'est-à-dire du temps de tout le monde, suivant que le langage commun de nos jours a l'habitude d'en-
la formule qui apporte tant d'apaisement aux confor- tendre par ce mot; il signifierait plutôt ce à quoi le
mismes inquiets ou hâtifs. Il ne semble pas du tout langage commun l'oppose, lorsqu'il distingue les per-
qu'Eranos ait jamais eu le souci „d'être de son temps”. sonnes et les faits, les hommes et les événements. Pour
Ce à quoi, en revanche, il aura peut-être réussi, c'est nous le fait premier et dernier, l'événement initial et
à être son temps, son propre temps. Et c'est en étant ultime, ce sont précisément ces personnes, sans les-
son temps propre, qu'il aura réalisé son propre sens, quelles n'adviendrait jamais quelque chose que nous
en acceptant volontiers de paraître à contre-temps. appelons „événement”. Il faut donc renverser les pers-
Ce ne sont pas certaines choses qui donnent son sens pectives de l'optique vulgaire, substituer l'herméneu-
à Eranos; c'est plutôt Eranos qui donne leur sens à ces tique de l'individuel humain à la pseudo-dialectique
autres choses. Comment dès lors, faut-il concevoir que des faits, acceptée partout et par tous aujourd'hui
ce soit non pas „en étant de son temps”, comme disent comme une évidence objective. C'est qu'en effet il a
tant de braves gens, mais en étant soi-même son temps, fallu que l'on commence par s'abandonner à la „con-
que chacun explicite et accomplit son propre sens ? trainte des faits”, pour imaginer en eux une causalité
Est-il possible de l'esquisser en un très bref rappel ? autonome qui les „explique”. Or „expliquer”, cela ne
Pourquoi notre hypothétique historien futur se met- veut pas encore dire forcément „comprendre”. Com-
tant en devoir d'expliquer Eranos par les circonstances, prendre, c'est plutôt „impliquer”. On n'explique pas
les „courants” et „influences” de l'époque, en manque- le fait initial dont nous parlons, car il est individuel et
rait-il le sens et l'essence, la „raison séminale” ? Pour singulier, et l'individuel ne peut être déduit ni expli-
4 5
qué: individuum est inefabile.
Occident, n'est-il pas l'effacement des prémisses stoï-
En revanche, c'est l'individuel qui nous explique, ciennes (1) devant la dialectique issue du péripaté-
lui, quantité de choses, à savoir toutes les choses qu'il
tisme? La pensée stoïcienne est herméneutique; elle eût
implique et qui n'auraient pas été sans lui, s'il n'avait résisté à toutes les constructions dialectiques qui pè-
commencé à être. Pour qu'il nous les explique il faut le sent sur nos représentations les plus courantes: en
comprendre, et comprendre c'est percevoir le sens de histoire, en philosophie, en politique. Elle n'eût pas
la chose même, c'est-à-dire comment sa présence dé- cédé à la fiction des „grands courants”, du „sens de
termine une certaine constellation des choses, qui dès
l'histoire”, des „volontés collectives”, dont aussi bien
lors eût été tout autre si d'abord il n'y avait eu cette personne ne peut dire au juste quel est le mode d'être.
présence. C'est là tout autre affaire que de déduire la
C'est qu'en dehors de la première et ultime réalité
chose de relations causales présupposées, c'est-à-dire
qui est l'individuel, il n'existe que des manières d'être,
de la ramener à autre chose qu'elle-même. Et c'est là
par rapport à l'individu lui-même ou par rapport à ce
sans doute que l'on accusera le plus volontiers le con-
qui l'entoure, et cela veut dire des attributs n'ayant
traste avec nos habitudes de pensée en vigueur, celles
aucune réalité substantielle en eux-mêmes, si on les
que représentent toutes les tentatives de philosophie
détache de l'individu ou des individus qui en sont les
de l'histoire ou de socialisation des consciences: l'ano-
agents. Ce que nous appelons les „événements ” , ce sont
nymat, la dépersonnalisation, l'abdication de la volonté
également les attributs de sujets agissants; ils ne sont
humaine devant le réseau dialectique qu'elle a com-
pas de l'être, mais des manières d'être. Comme actions
mencé par tisser elle-même, pour tomber dans son
d'un sujet, ils sont exprimés dans un verbe; or un
propre piège.
verbe ne prend de sens et de réalité que par le sujet
Ce qui concrètement existe, ce sont des volontés agissant qui le conjugue. Les événements, psychiques
et des rapports de volonté: volonté qui défaille, vo- ou physiques, ne prennent d'existence, ne „prennent
lonté impérieuse ou impérialiste, volonté aveugle, vo- corps” que par la réalité qui les réalise et dont ils
lonté sereine et consciente d'elle-même. Mais ces dérivent, et cette réalité ce sont les sujets individuels
volontés ne sont pas des énergies abstraites. Ou plutôt agissants, lesquels les conjuguent „à leur temps”, leur
elles ne sont et ne désignent rien d'autre que les sujets donnent leur propre temps, qui est toujours par essence
volontaires eux-mêmes, ceux dont l'existence réelle le temps présent.
postule que l'on reconnaisse l'individu et l'individuel
Ainsi donc, détachés du sujet réel qui les réalise,
comme la première et seule réalité concrète. J'admet-
les faits, les événements ne sont que de l'irréel. Tel est
trai volontiers être ici en affinité avec un aspect de la
l'ordre qu'il a fallu renverser pour aliéner le sujet
pensée stoïcienne, car précisément un des symptômes
caractéristiques dans l'histoire de la philosophie en 1) Voir l'excellent livre de Victor Goldschmidt, Le système stoïcien et
l ' idée du temps. Paris, J. Vrin, 1953.
6
7
Passé et futur deviennent ainsi des signes, parce que
réel, pour donner en revanche toute la réalité aux
précisément un signe est perçu au présent. Il faut que
faits, pour parler de la loi, de la leçon, de la matéria-
le passé soit „mis au présent” pour être perçu comme
lité des faits, bref nous laisser prendre au réseau d'ir-
„faisant signe” (si la blessure, par exemple, est un
réels construit par nous-mêmes et dont le poids retombe
signe, c'est qu'elle indique non pas qu'un tel a été blessé,
sur nous sous forme de l'Histoire, comme la seule
dans un temps abstrait, mais qu'il est ayant été blessé).
„objectivité” scientifique que nous puissions concevoir,
L'authentique dépassement du passé ne peut être que
comme la source d'un déterminisme causal dont l'idée
ne serait jamais venue à une humanité qui eût con- sa „mise au présent” comme signe. Et je crois que l'on
servé le sentiment du sujet réel. Détachés de celui-ci, peut dire que toute l'oeuvre d'Eranos est en ce sens une
les faits „ se passent”. Il y a du passé, et du passé „dé- mise au présent. Ni le contenu de ce livre-ci, ni celui des
passé”. D'où les ressentiments contre le joug du passé, vingt-quatre autres volumes déjà parus (1), n'offrent
les illusions progressistes et inversement les com- le caractère d'un simple dictionnaire historique. Tous
plexes réactionnaires. les thèmes traités y prennent la valeur de signes. Et s'il
Cependant, passé et futur, eux aussi, sont des attri- est vrai que, même un jour à venir, l'acte d'Eranos dont
buts exprimés par des verbes; ils présupposent le sujet l'initiative persévère depuis vingt-cinq ans (2), ne pour-
qui conjugue ces verbes, un sujet pour qui et par qui le rait être „expliqué” en le déduisant simplement de
circonstances qui autoriseraient l'historien à dire qu'il
s eul temps existant est le présent , et chaque fois le
présent. Dimensions du passé et du futur sont aussi „fut bien de son temps”, c'est parce qu'Eranos est lui-
bien chaque fois mesurées et conditionnées par la ca- même un signe. Il ne peut et ne pourra être compris
pacité du sujet qui les perçoit, par son instant. Ils que si on 1' interprète comme un signe, c'est-à-dire
sont à la dimension de cette personne, car il dépend comme une présence remettant sans cesse et chaque
d'elle, de l'ampleur de son intelligence et de sa gé- fois „au présent”. Il est son temps parce qu'il met au
nérosité de coeur, d'embrasser la totalité de la vie, présent, de même que chaque sujet agissant est son
totius vitae cursum, de totaliser, d'impliquer en elle-même temps, c'est-à-dire une présence qui met au présent
les mondes en reculant jusqu'à l'extrême limite la tout ce qui se rapporte à elle. Une présence active ne
dimension de son présent. C'est cela comprendre, et c'est tombe pas „dans son temps”, c'est-à-dire qu'elle n'est
tout autre chose que de construire une dialectique des pas „de son temps”, au sens de la formule simpliste
causes ayant fini d'exister dans le passé. C'est „inter- qui croit expliquer un être en le situant dans un temps
préter” des signes, non plus expliquer des faits maté- abstrait qui est le temps de „tout le monde”, et partant
riels, mais des manières d'être qui révèlent les êtres. n'est le temps de personne.
L'herméneutique comme science de l'individuel s'op-
pose à la dialectique historique comme aliénation de 1) En cette année 1968, trente-six volumes.
2) Depuis trente-cinq ana, en cette année 1968.
la personne.
9
8
En bref, tout le constraste est là. Avec des signes, Le sens de l'Histoire: plus n'est besoin de la naissance
avec des „hiérophanies” et des théophanies, on ne fait d'un Dieu dans la chair pour le faire découvrir. Une
pas de l'Histoire. Ou plutôt alors, le sujet qui est à la philosophie de çlasse prétend le 'détenir et l'imposer,
fois l'organe et le lieu de l'histoire, c'est l'individualité parce qu'elle n'est après tout qu'une théologie laïque
psycho-spirituelle concrète. La seule „causalité histo- de l'Incarnation sociale.
rique”, ce sont les rapports de volonté entre les sujets La caricature de notre propre image (Ivan Kara-
agissants. Les „faits” sont chaque fois une création nou-
mazov se contemplant dans le miroir) nous inspire
velle: il y a discontinuité entre eux. D'où percevoir
d'autant plus d'effroi, que nous n'avons précisément à
leurs connexions, ce n'est pas formuler des lois ni
lui opposer que nos propres traits qu'elle nous réflé-
déduire des causes., mais comprendre un sens, interpré- chit caricaturés. Or, on ne rivalise pas avec et contre
ter des signes, une structure d'ensemble. Aussi conve-
une socialisation scientifique, matérialiste et athée,
nait-il que fût au centre du présent livre l'esquisse par un conformisme de braves gens ne trouvant de
de C.G. Jung sur la synchronicité, parce qu'elle est justification à leur être que dans leur activité sociale,
elle-même au centre d'une nouvelle problématique du
ni de fondement à leur connaissance que dans les
s temps. Percevoir une causalité dans les „faits” en le „sciences Sociales”. Le non qu'il s'agit de clamer, pro-
détachant des personnes, c'est rendre possible sans cède d'un autre impératif. Il puise son énergie à l'é-
doute une philosophie de l'Histoire, c'est affirmer dog- clair dont la verticale conjoint le Ciel à la Terre, non
matiquement ce sens rationnel de l'Histoire sur lequel pas à quelque ligne de force horizontale se perdant
nos contemporains ont construit toute une mythologie. dans un illimité d'où ne se lève aucun sens. Car ce
Mais c'est alors réduire le temps réel au temps phy- qu'on appelle „évolution” n'aurait de sens qu'à l'é-
sique abstrait, essentiellement quantitatif, celui de l'ob- chelle cosmique; mais nos philosophies sont trop sé-
jectivité des calendriers profanes dont ont disparu les rieuses pour prendre à leur propre compte cette curio-
signes qui donnaient une qualification sacrale à chaque
sité tout au plus excusable chez des Gnostiques et
présent.
des Orientaux !
11 nous reste à prendre mieux conscience de l'abdi- Et pourtant, que l'on veuille bien s'arrêter un ins-
cation du sujet s'aliénant ainsi lui-même dans l'His- tant à la signature de ces quelques pages. Avec un
toire objective. Il aura fallu préalablement que les nom de lieu elle porte une double date incorporant
événements cessent d'être perçus au plan des signes, trois calendriers; une date de l'ère chrétienne, une date
pour être ramenés au plan des données. Les signes ont iranienne où le nom officiel du mois correspond à cet-
été ainsi laïcisés. Mais il aura fallu que toute notre lui du calendrier de l'ancienne Perse préislamique,
théologie prépare elle-même, par une inconsciente et tandis que le millésime est celui de l'hégire solaire
fatale complicité, la laïcisation dont elle est victime. (tout le reste de l'Islam, en dehors de l'Iran, comptant
10 11
en années lunaires). C'est un simple exemple. S'ima- et les septuples sens des Ecritures sacrées. Pour cela,
gine-t-on que la mise en concordance de ces ères, leur il importe de ne plus s'enfuir dans un temps abstrait,
mise ensemble „au présent”, leur conjugaison au pré- le temps des collectivités anonymes, mais de retrouver
sent, peut résulter d'une simple équation mathémati- le temps subjectif concret, le temps des personnes. Et
que, à l'aide d'une table de concordances ? On répon- ce n'est là, en son fond, qu'ouvrir la source vive de la
dra oui, si l'on a la naïveté de supposer que tous les sympathie inconditionnée, préexistante à notre propos
humains ont partout le même âge, les mêmes désirs, délibéré et conscient, la sympathie qui opère le grou-
les mêmes aspirations, le même sens des responsabi- pement des humains, et qui fait d'eux, elle seule, des
lités, et que la bonne volonté et une bonne hygiène „contemporains ” .
suffiraient à les mettre d'accord dans le cadre du Ce que nous voudrions appeler le sens d' Eranos, et
temps objectif abstrait, le temps mathématique uni- qui est aussi tout le secret d'Eranos, c'est qu'il est notre
forme de l'Histoire universelle. être au présent, le temps que nous agissons personnel-
Mais l'on répondra certainement non, si l'on a le lement, notre manière d'être. C'est pourquoi nous ne
sentiment aigu des différences, le souci des droits du sommes peut-être pas „de notre temps”, mais nous
pluralisme contre tout monisme, que celui-ci soit bien sommes beaucoup mieux et plus : nous sommes notre
intentionné ou qu'il soit brutal et inavoué. Ce dont il temps. Et c'est pourquoi Eranos n'a même pas de déno-
s'agit, c'est d'un rapport entre temps qualitatifs. L'Occi- mination officielle, ni de raison sociale collective. Ce
dental peut être de beaucoup l'aîné, et il peut être n'est ni une Académie, ni un Institut, pas même quel-
souvent le cadet de l'Oriental, selon le domaine où que chose que l'on puisse, suivant le goût du jour, dé-
ils se rencontrent. Mais il est peut-être vrai aussi que signer par des initiales. Non, ce n'est vraiment pas un
seul l'Occidental soit à même de sécréter l'antidote, phénomène „de notre temps”. Et c'est pourquoi il est
et d'aider l'Oriental à surmonter la crise spirituelle capable de mettre en déroute le futur historien dia-
que l'impact de l'Occident a provoquée chez lui, et qui lectique et déductif. Il n'intéressera pas même les ama-
a déjà ruiné à jamais plusieurs civilisations tradi- teurs de statistiques, les sondeurs d'opinions.
tionnelles. Si l'on veut à tout prix des courbes et des graphi-
Par ce simple exemple, on entrevoit la vraie tâche ques, je ne connais qu'une référence: la grande pla-
dont nous n'avons peut-être pas même commencé de nisphère que le Dr. Daniel Brody, notre courageux
prendre conscience. Il s'agit de percevoir ensemble les éditeur, eut l'idée de déployer sur les murs de l'expo-
mêmes signes; il s'agit pour chacun de nous de les in- sition commémorant le vingtième anniversaire de
terpréter chaque fois selon le sens de son être propre, 1'Eranos•Jahrbuch dans les locaux du Rhein-Verlag, à Zu-
mais il s'agit aussi d'en constituer une herméneutique rich. Planisphère sillonnée de lignes multicolores, abou-
concordante, comme jadis s'accordaient les quadruples tissant toutes au même centre: un point invisible sur
12 13
l'i mmensité de la carte, Ascona, sur les rives du Lac chaque fois en sonorités plus amples et plus profondes,
Majeur. Le profane y eût immédiatement pressenti — celles d'un microcosme dont on ne peut attendre
quelque chose de familier: les courbes indiquant les que le monde lui ressemble, mais dont on peut espérer
parcours d'avions, les lignes de grands trafics. Et que l'exemple se propage dans le monde.
pourtant elles n'annonçaient rien de tout cela, mais
simplement le parcours de chacun de nous, depuis les Téhéran, 21 décembre 1956.
différents points du monde, vers le centre qui nous 30 Azar 1335.
réunit. Ces lignes n'avaient aucun sens statistique: (Moscia, septembre 1966).
elles étaient des signes, le signe fait à chacun de nous,
et par chacun de nous.
De la réponse à ce signe résulte le concours d'in-
dividualités agissantes, autonomes, révélant et expri-
mant chacune, dans une liberté totale, leur manière
de penser et d'être originale et personnelle, en dehors
de tout dogmatisme et de tout académisme; une con-
stellation de ces volontés, et une constellation des
inondes qu'elles apportent avec elles, qu'elles ont pris
en charge, en les mettant au présent, le présent d'Eranos. En 1962 Olga Froebe-Kapteyn quittait ce monde.
Un ensemble, une structure, non pas un résultat con- Mais avant sa mort elle avait pris soin d'assurer la
ditionné par les lois de l'époque ni les engouements à continuation d'Eranos en créant la „Fondation Eranos”
la mode, mais un ensemble fort de sa seule norme dont les responsables devaient être Adolf Portmann
intérieure et centrale: une volonté féminine généreuse, et Rudolf Ritsema, familiers tous deux, depuis de nom-
énergique, tenace, celle de Mme Olga Froebe-Kapteyn, breuses années, des rencontres d'Eranos et très proches
invitant chaque année, autour d'un thème nouveau, de Madame Froebe-Kapteyn. La Fondation permit
à une création nouvelle. ainsi de maintenir le cadre et les ressources d' Eranos,
Et c'est pourquoi tous ceux-là même qui au sens du et d'assurer les rencontres annuelles en conservant
langage courant „ne sont plus”, ne cessent cependant l'esprit dans lequel Madame Froebe_Kapteyn les avait
d'être présents au présent d'Eranos. Un travail immense instituées. En outre, une fondation auxiliaire a été
s'est fait. Des essais, des oeuvres, ont vu le jour, des établie, sous la dénomination Amis d'Eranos. Elle a pour
oeuvres qui peut-être n'auraient pas fait éclosion, si but d'assurer les ressources financières qui permet-
'rnn p s ne les eût mises au présent. Son sens finalement: tront le maintien des rencontres d' Eranos dans les an-
celui d'une symphonie dont l'exécution serait reprise nées à venir.

14 15
MIRCEA ELIADE Et pourtant, pendant de nombreuses années, certaines
disciplines qui étudiaient les expériences les plus pro-
RENCONTRES A ASCONA fondes de la psyché humaine et leurs expressions
culturelles, se sont développées parallèlement sans
On sait qu'une des caractéristiques d'Eranos, à Asco- que leurs résultats se soient intégrés et articulés, en
na, est que les conférenciers ne s'adressent pas à un vue d'une connaissance plus exacte et plus complète
auditoire de spécialistes. Mais ils ne font pas non plus de l'homme. Les études d'histoire des religions, d'eth-
ce qu'on appelle oeuvre de „vulgarisation”; ils n'ex- nologie, de paléo-ethnologie et d'orientalisme ont ra-
posent pas les derniers progrès obtenus dans les dif- rement été regardées comme des phases, distinctes mais
férents domaines de la science. L'originalité d'Eranos solidaires, d'une même recherche. C'est seulement dans
tient surtout au fait que les conférenciers arrivent à les tout derniers temps qu'on a commencé à considérer
se débarrasser aussi bien de leur timidité que de leurs ces disciplines comme susceptibles de révéler des si-
complexes de supériorité. Les conférenciers, bien que tuations existentielles de l'homme dignes d'intéresser
„spécialistes” dans un seul secteur de la science, se non seulement le psychologue et le sociologue, mais
rendent compte qu'ils ont tout intérêt à se familiariser aussi le philosophe et le théologien.
avec les méthodes appliquées et les résultats obtenus C'est peut-être le plus grand mérite d' Eranos que
dans d'autres champs de recherches. Et cela, non pas de provoquer et d'encourager les rencontres et le dia-
par simple curiosité ou par le désir d'un encyclopé- logue entre les représentants des différentes sciences
disme naïf, mais parce qu'Eranos, à Ascona, est un des et disciplines .de l'esprit. C'est grâce à de telles ren-
lieux privilégiés où l'on prend conscience des vraies contres qu'une culture peut se renouveler en élargis-
dimensions de la culture. Tôt ou tard, tout savant de- sant courageusement son horizon. A Ascona ce sont
vra affronter ce problème et connaître par sa propre surtout les psychologues des profondeurs, les orienta-
expérience ce que veut dire être „culturellement créa- listes et les ethnologues intéressés à l'histoire des re-
teur”. Or, il n'y a pas de culture possible sans un ligions qui se sont rapprochés et ont collaboré avec
travail soutenu d'intégration dans une perspective le plus de succès. Cela s'explique peut-être par le
unitaire des progrès marqués dans les différents do- fait que, chacune de ces disciplines implique la ren-
maines de la recherche. Plus encore: il n'y a pas de contre et la confrontation avec un monde inconnu.
culture véritable si, en fin de compte, les créations étrange, voire „dangereux”. Dangereux puisque sus-
qui la constituent ne se réfèrent pas à l'homme et à ceptible de menacer l'équilibre spirituel de l'Occident
sa destinée. moderne. Certes, la confrontation avec ces monde
Tout cela paraît tellement évident qu'on n' ose de étranges ne comporte pas toujours le même degré
presque pas le rappeler de peur de répéter un truïsme. e danger, car certains étaient déjà connus depuis quelqu

16 1'
temps. Ainsi, par exemple, les études des orientalistes scient. La technique psychanalytique inaugurait un
avaient peu à peu familiarisé l'Occident avec l'excen- nouveau type de descensus ad inferos. Lorsque Jung dé-
tricité et le fabuleux des sociétés et des cultures asia- cela l'existence de l'inconscient collectif, l'exploration
tiques. Mais l'ethnologue découvrait des mondes spi-
de ces trésors immémoriaux — les mythes, les sym-
rituels obscurs et mystérieux, un univers qui, même boles, les images de l'humanité archaïque — commença
s'il n'était pas le produit d'une mentalité pré-logique,
à ressembler aux techniques océanographiques et
comme le croyait Lucien Lévy-Bruhl, n'en était pas spéléologiques. De même que les plongées dans les
moins étrangement différent du paysage culturel fa- profondeurs marines ou les expéditions aux fonds des
milier aux Occidentaux. cavernes avaient mis au jour des organismes élémen-
Evidemment, c'était surtout la psychologie des pro- taires, depuis longtemps disparus de la surface de la
fondeurs qui révélait le plus de terrae ignotae, et, par Terre, de même les analyses rapportaient des formes
le fait même, donnait lieu aux confrontations les plus de la vie psychique profonde, auparavant inaccessibles
dramatiques. On pourrait comparer la découverte de à l'étude. La spéléologie mettait à la disposition des
l'inconscient aux découvertes maritimes de la Renais- biologues des organismes tertiaires et même secon-
sance et aux découvertes astronomiques rendues possi - daires, des formes zoomorphiques primitives qui ne
bles par l'invention du télescope. Car chacune de ces sont pas fossilisables, c'est-à-dire, des formes qui avaient
découvertes mettait au jour des mondes dont on ne disparu de la surface de la Terre sans laisser de traces.
soupçonnait même pas l'existence auparavant. Cha- Par la découverte des „fossiles vivants”, la spéléologie
cune effectuait une sorte de „rupture de niveau”, en avançait considérablement la connaissance des moda-
ce sens qu'elle brisait l'image traditionnelle du monde lités archaïques de la vie. De même, les modalités
et révélait les structures d'un Univers jusqu'alors ini- archaïques de la vie psychique, les „fossiles vivants”
maginable. Or, de telles „ruptures de niveau” ne sont enfouis dans les ténèbres de l'inconscient, devenaient
pas restées sans conséquence. On sait que les décou- maintenant accessibles à l'étude grâce aux technique:
vertes astronomiques et géographiques de la Renais- élaborées par les psychologues des profondeurs.
sance ont modifié radicalement l ' image de l'Univers On comprend alors pourquoi les rencontres d'Asco-
et le concept de l'espace; en outre, elles ont assuré, na sont si stimulantes : les spécialistes de différent:
pour au moins trois siècles, la suprématie scientifique, mondes „étranges”, „exotiques” ou „insolites”, peu-
économique et politique de l'Occident, tout en ouvrant vent s'y entretenir longuement sur l'efficacité de leur:
la voie qui mène fatalement vers l'unité du monde.
méthodes, la valeur de leurs découvertes et la signi.
Les découvertes de Freud constituent également fication de leurs aventures culturelles. Chacun de ce,
une „ouverture” ; mais cette fois-ci il s'agit d'une spécialistes a consacré sa vie à l'étude d'un mondf
„ouverture” vers les mondes submergés de l'incon- non-familier, et ce qu'il a appris dans ce long com
18 1!
merce avec les „autres” le force de modifier radica- des historiens des religions, ont continuellement mis
lement les clichés traditionnels sur l'homme, la reli- en lumière l'intérêt humain, la „vérité” psychologique
gion, la raison, la beauté. Ces découvertes et ces con- et la valeur spirituelle de nombre de symboles, de
frontations font d'ailleurs partie du Zeitgeist. L'essor mythes, de figures divines et de techniques mystiques,
d'Eranos a coïncidé avec le réveil politique et culturel attestés aussi bien chez les Européens et les Asiatiques
de l'Asie et, surtout, avec l'entrée des peuples exoti- que chez les „primitifs”. De tels documents humains
ques et primitifs dans l'Histoire. La rencontre avec avaient été étudiés auparavant avec le détachement
les „autres” — qui constitue en quelque sorte le signe et l'indifférence avec lesquels les naturalistes du XIXe
sous lequel s'est développé Eranos — est devenu, après siècle croyaient qu'on devait étudier les insectes. Main-
la deuxième guerre mondiale, une fatalité de l'Histoire. tenant, on a commencé à se rendre compte que ces
A un certain moment, les membres d'Eranos ont documents expriment des situations existentielles, que,
senti qu'un nouvel humanisme serait susceptible de se par conséquent, ils font partie intégrante de l'histoire
dessiner à la suite de telles rencontres,. Des phéno- de l'esprit humain. Or, la démarche appropriée pour
mènes similaires étaient d'ailleurs en train de se pré- saisir le sens d'une situation existentielle n'est pas
ciser dans d'autres parties du monde. Il n'est pas l',,objectivité" du naturaliste, mais la sympathie in-
question de présenter ici, en quelques lignes, un pro- telligente de l'herméneute. C'était la démarche même qui
cessus culturel extrêmement complexe, et difficilement devait être changée. Car, même le comportement le plus
saisissable, qui est encore in statu nascendi. Disons seu- étrange, ou le plus aberrant, doit être considéré en
lement qu'à Ascona, chacun des conférenciers sent tant que fait humain; on ne le comprend pas si on le
que sa création scientifique gagne une nouvelle et plus considère comme un phénomène zoologique ou un cas
profonde signification dans la mesure où il s'efforce tératologique.
de la présenter comme une contribution à la con- Approcher un symbole, un mythe ou un comporte-
naissance de l'homme. D'autre part, on se rendre compte ment archaïque en tant qu'expression de situations
que ce nouvel humanisme en train de naître, ne peut existentielles, c'est déjà leur conférer une dignité hu-
pas être une réplique de l'ancien. Eranos a amplement maine et une signification philosophique. Cela aurait
démontré la nécessité d'intégrer les résultats des semblé absurde et ridicule aux yeux d'un savant du

orientalistes, des ethnologues et des historiens des re- XIXe siècle. Pour un tel savant la „sauvagerie ou la
ligions, afin d'arriver à une connaissance intégrale „stupidité primordiale” ne pouvait représenter qu'une
de l'homme. phase embryonnaire et, par conséquent, aculturelle
Mais il y a autre chose encore, et peut-être est-ce de l'humanité.
le plus important. Les recherches des psychologues Si le plus modeste mythe archaïque méritait d'être
des profondeurs, des ethnologues, des orientalistes, regardé comme partie intégrante de l'histoire de l'es-

20 21
d'une partie importante de soi-même, celle qui est
prit, la place des mystiques et des contemplatifs de
constituée par des fragments d'une histoire spirituelle
toutes les religions ne pouvait être que considérable.
dont il est incapable de déchiffrer la signification et
L'intérêt pour les disciplines spirituelles et les techni_
ques mystiques — spécialement celles, assez peu étu- le message; 2) tôt ou tard, le dialogue avec les „autres”
— les représentants des cultures traditionnelles, asia-
diées, de l'Orient et du monde primitif — a constitué,
dès le début, un des traits caractéristiques d' Eranos. tiques et „primitives ” — 'doit être amorcé non plus
Certes, un tel intérêt risquait parfois d'être mal inter- dans le langage empirique et utilitaire d'aujourd'hui
prété par les personnes non-averties et d'être confondu (et qui n'est capable de viser que des réalités sociales,
économiques, politiques, sanitaires, etc.), mais dans
avec l'engouement suspect pour l',,occulte", spécifi-
quement propre aux pseudo-morphoses modernes et un langage culturel, susceptible d'exprimer desréali-
aux innombrables mouvements de „spiritualité” bon tés humaines et des valeurs spirituelles. Un tel dia-
logue est inévitable; en somme, il fait partie de la
marché. Mais, on le sait, il n'existe pas un seul sujet
d'étude qui ne soit „compromis”, ou „compromettant”, fatalité de l'histoire. Ce serait une tragique naïveté
de croire qu'il peut se continuer indéfiniment au ni-
à un certain moment de l'histoire.
veau mental où il se trouve aujourd'hui. C'est pourquoi
Pour les membres d' Eranos, l'intérêt exceptionnel
l'un des buts des conférences d'Eranos fut et reste de
des disciplines spirituelles et des techniques mystiques
développer ce dialogue avec les „autres”. Par là même,
dépend du fait qu'elles constituent des documents
susceptibles de révéler une dimension de l'existence Eranos contribue, modestement mais de façon signifi-
cative, au travail d'intégration dont dépend la for-
humaine presqu'oubliée, ou complètement défigurée,
mation de la psyché moderne.
dans les sociétés modernes. Toutes ces disciplines spi-
rituelles et ces techniques mystiques ont une valeur
inestimable parce qu'elles représentent des conquêtes Octobre 1960
de l'esprit humain qui ont été négligées ou contestées
au cours de l'histoire récente de l'Occident, mais qui
n'ont perdu ni leur grandeur ni leur utilité.
Or, le problème se pose déjà, et se posera avec
une acuité de plus en plus dramatique, aux chercheurs
de la prochaine génération : comment trouver les
moyens de récupérer tout ce qui est encore récupé-
rable dans l'histoire spirituelle de l'humanité ? Et ceci Cet essai a été publié en traduction anglaise comme préface à Spiritual
pour deux raisons principales: 1) d'une part, l'homme Disciplines, Papers from the Eranos Yearbooks 4, Bollingen Series XXX, 4
occidental ne pourra pas vivre indéfiniment séparé 1960 (Princeton University Press et Routledge & Kegan Paul, London).

23
22
LES CONFÉRENCES D' ERANOS
1943
Cultes solaires et symbolisme de la lumière dans la
gnose et le christianisme primitif.
1933
1944
Yoga et méditation en Orient et en Occident.
Les Mystères.
1934 - 1935
1945
Symbolisme et direction spirituelle en Orient et en
Occident. L' Esprit.

1936 - 1937 1946

Formes et aspects de l'idée de salut en Orient et en L' Esprit et la nature.


Occident.
1947 - 1948
1938 L' Homme.
Figure et culte de la Grande Mère (Magna Mater).
1949
1939 L' Homme et le monde du mythe.
Le Symbolisme de la nouvelle naissance dans l'ima-
gination religieuse des peuples à différentes époques. 1950

L' Homme et le rite.


1940 - 1941
Trinité, symbolisme chrétien et gnose. 1951

L' Homme et le temps.


1942
Le Principe hermétiste dans la mythologie, la gnose 1952
et l'alchimie. L' Homme et l'énergie.
24 25
1962
1953
L' Homme créant et subissant son oeuvre.
L' Homme et la terre.

1963
1954
De 1' Utopie.
L' Homme et les mutations.

1964
1955
Le Drame humain dans le monde des idées.
L' Homme et la sympathie de toutes choses.

1965
1956
La Forme: une tâche de l'esprit.
L' Homme et le principe créateur.

1966
1957
Activité créatrice et naissance des formes.
L' Homme et le problème de la signification.

1967
1958
Polarité de la vie.
L' Homme et la paix.

1959 1968

Le Renouveau de l'homme. Tradition et temps présent.

1960
L' Homme et la naissance des formes.

1961
L' Homme dans le conflit des structures.
27
26
LES CONFÉRENCIERS D' ERANOS Cari Gustav Jung Charles Picard
de 1933 à 1968
Werner Kaegi Helmuth Plessner

Charles R. C. Allberry Bernard Delfgaauw Hans Kayser Adolf Portmann

Leo Baeck Karl Kerényi Laurens van der Post


Friederich Dessauer
Hans Bânziger Gilbert Durand Max Knoll Emil Preetorius

Julius Baum Robert Eisler Wilhelm Koppers Ira Progoff

Charlotte A. Baynes Mircea Eliade Joseph Bernhard Lang Jean Przyluski

Louis Beinaert Markus Fierz John Layard Henri-Charles Puech

Ernst Benz Gerardus van der Leeuw Max Pulver


Joseph Gantner
Rudolf Bernoulli Hans Leisegang Gilles Quispel
Erwin R. Goodenough
Martin Buber Karl L5with Paul Radin
Pierre Hadot
Ernesto Buonaiuti Louis Massignon Hugo Rahner
J. Wilhelm Hauer
Frederik J.J. Buytendijk Friedrich Heiler Paul Masson-Oursel Kathleen Raine

M. Cari v. Cammerloher Fritz Meier Herbert Read


P. Hendrix
Joseph Campbell Pierre-Jean de Menasce Karl Reinhardt
Gustav-Richard Heyer
Chung-Yuan Chang Reinhold Merkelbach C. A. F. Rhys Davids
James Hillman
Paul Citroen Helmut Hoffmann Siegfried Morenz Erwin Rousselle

Vera Chr. C. Collum Gerald Holton Paul Mus S. Sambursky

Henry Corbin Georges Hermann Nagel Karl Ludwig Schmidt


Stanley R. Hopper
Walter Robert Corti Toshihiko Izutsu Erich Neumann Paul Schmitt
Jean Daniélou Helmuth Jacobsohn Walter F. Otto Herbert Schneider
Th.-Wilhelm Danzel Edwin Oliver James Paul Pelliot Gershom Scholem
Martin C. D'Arcy Adolf E. Jensen Raffaele Pettazzoni Erwin Schrôdinger
28 29
Andreas Speiser R. J. Zwi Werblowsky
Sigrid Strauss-Kloebe Hermann Weyl
Daisetz Teitaro Suzuki Victor White
Richard Thurnwald Lancelot Law Whyte
Paul Tillich Hellmut Wilhelm
Giuseppe Tucci Walter Wili
Séndor Végh Swami Yatiswarananda
Charles Virolleaud R. C. Zaehner
Boris Vysheslavtzeff Heinrich Zimmer
Wladimir Weidlé Victor Zuckerkandl
J. G. Weiss

Le texte complet de toutes les conférences est publié


dans les langues respectives (allemand, anglais ou
français) dans les volumes annuels de l' ERANOS
JAHRBUCH. Tous les volumes depuis 1933 sont en
vente chez l'éditeur Rhein Verlag, Zurich, Suisse et
dans les grandes librairies.

Sur demande nous enverrons une brochure avec la


table complète de tous les volumes de 1' Eranos Jahr-
buch. Veuillez vous adresser à Rudolf Ritsema, Casa
Eranos, CH-6612 Ascona, Suisse.
30 31
[Capa]

HENRY CORBIN e MIRCEA ELIADE

A propósito das

CONFERÊNCIAS
ERANOS

ASCONA
1968
[pág.1]

HENRY CORBIN
O TEMPO DE ERANOS

O mais frequente, o que evoca Eranos entende-se fazer perguntas desse gênero:
o que é pois Eranos? Como é constituído o círculo de Eranos, l’Eranos Kreis? Quais
são seus trabalhos e o que eles inspiram?1
As páginas que seguem, podem responder ao menos indiretamente a essas
questões. Elas foram escritas a pedido da Bollingen Foundation [Fundação Bollingen],
como prefácio da tradução inglesa do vigésimo volume de l’Eranos Jahrbuch2.
O autor tentou expressar no prefácio alguma coisa experimentada em comum,
não somente por aqueles que com o curso dos anos vieram a ser mais particularmente os
suportes de espírito d’Eranos, mas por todos aqueles que, em um momento ou outro, em
um grau de intensidade variante com as pessoas, não recusaram a aventura espiritual
que se expõe em torno ou no coração de cada seção de l’Eranos – Kreis. Se nas páginas
que seguem, certas linhas parecem vibrar, talvez, sob um golpe de arco imensamente
vigoroso, que queiramos bem expressivamente se lembrar da intenção que os motiva.

1
Um de nós, Adolf Portmann, professor de zoologia na Universidade de Bâle, formulou de maneira
excelente as tarefas passadas e as futuras d’Eranos: Adolf Portmann, Yom Sinn und Auftrag der Eranos
Tagungen (Eranos Jahrbuch XXX, 1961 Rhein Verlag Zurich).
2
Man and tinte, Papers from the Eranos-Yearbooks edited by Joseph Campbell, vol 3 (Bollingen Series
XXX, 3). 1957 (Princeton University Press and Routledge & Kegan Paul, London). Nosso texto francês
original foi publicado na nossa coleção In memoriam de Dr. Roger Godel: Roger Godel, do humanismo
ao humano. Paris, Belles-Lettres, 1953.
[pág. 2]

Como homens da ciência, representando as especialidades mais diversas, e que vem de


todos os horizontes geográficos, tendo encontros cada ano em Ascona, à beira do Lac
Majeur, não é, evidentemente, esse traço exterior que faz a originalidade de seu
encontro. Esta originalidade se desvenda somente a quem compreende o espírito.
Para fazer compreender este espírito, talvez seja suficiente dizer que partindo de
seu domínio de pesquisas próprias, a preocupação dominante a qual obedece cada um
dos conferencistas (uma dezena em geral), é de expor o que lhe parece essencial para o
homem na busca do conhecimento de si mesmo, ou seja, para a valorização plena de
todas as experiências humanas tendo uma significação permanente, eterna. Todas as
conferências ordenam-se em um mesmo centro: esta imagem esse si mesmo que o
homem descobre em seu próprio Universo. E esta “ordenação” completa-se na liberdade
espiritual absoluta, sem pressuposição dogmática, seja ela de qualquer natureza. De
onde, sem outro acordo preliminar que um tema geral propôs um ano à frente, se renova
cada ano o instante privilegiado de uma convergência, de um paroxismo, que opera o
duplo encontro, ao mesmo tempo científica e humana, também como entre os
conferencistas que entram e os auditores.
E a convicção delas a todos é que os volumes de l’Eranos – Jahrbuch que
formam já uma biblioteca, prolongaram suas mensagens além da geração que ira lhes
produzir.
É possível que em um século ou dois, um pouco mais ou um pouco menos,
algum historiador de ideias, se
[pág. 3]

ainda existir algum, ou algum estudante em mal dek thèse, descobre no fenômeno
Eranos no século XX, o assunto sonhado de uma monografia. Esta parecerá talvez à
tantas outras que desde o advento da crítica histórica foram consagradas as “escolas”, as
“correntes de ideias” do passado, para mostrar suas “causas”, explicar suas
“influencias” , os “(padrões de migração)” etc.
Mas, deve-se temer que ele se contente em praticar das duas maneiras um
método científico que terá tido todas as virtudes, salvo a virtude inicial que tivesse sido
de fundar seu objeto reconhecendo a maneira cuja ela começa por se dar a ela mesma, -
deve-se suspeitar que ao nosso futuro historiador falte completamente o fenômeno
Eranos. Talvez pensará ele ter “ explicado” por uma dialética de causas, engenhosa e
profunda. Por outro lado, ele não terá pressentido que o verdadeiro problema tivesse
sido de descobrir e não o de explicar Eranos, mas o que Eranos explica em Ivértu do
que ele implica: por exemplo, a ideia de uma comunidade verdadeira, reunindo
oradores, e auditores, comunidade tão paradoxal que ela não oferece nenhuma das
características pelas quais a sociedade e as estatísticas se interessem.
Por isso, se evocamos aqui a eventualidade de nosso futuro historiador, não é
para nada! Vaidade de uma glória antecipada, porém mais com o temor de que a alma
de Eranos não se perde um dia nessa aventura. Se ele não tivesse sido tocado por este
temor, aquele que pressentimos para substituir um papel de solista na cabeça do
presente volume (31), se teria tido o escrúpulo de se desvencilhar

3
Trata-se, lembramos, do volume Man and tinte, designado – em cima da nota 2, página 1.
[pág. 4]

assim do conjunto de seus colegas. Mas ele se convenceu de uma coisa. Todo esse
volume é consagrado à questão do tempo, que cada um de nós visou sob o ângulo de
suas meditações habituais. Ora, se é verdade que tudo explicando as coisas e os seres
por seus tempos, os historiadores como tais não têm muito o hábito de começar por se
interrogar sobre a natureza do tempo histórico, há talvez no tema desse volume a melhor
advertência contra um equivoco de uma fórmula tendendo a explicar Eranos, por seu
tempo”.
Seria conveniente meditar o que podem significar essas palavras: le temps
d’Eranos (o tempo de Eranos). Pois não explicaremos Eranos dizendo que este foi um
fenômeno “bem ao seu tempo”, ou seja, do tempo de todo mundo, seguindo a fórmula
que trás apaziguamento aos conformismos inquietos ou precoces. Não parece realmente
que Eranos nunca teve a preocupação “de ser do seu tempo”. O que, entretanto, ele terá
talvez conseguido, (é de ter seu tempo), seu próprio tempo. E é tendo seu próprio
tempo, que terá realizado seu próprio senso, aceitando voluntários de aparecer a
contratempo. Não são todas as coisas que dão seu sentido à Eranos; e sim Eranos que
dá seu sentido à essas outras coisas. Como desde então, deve-se conceber que seja ou
não “sendo de seu tempo”, (como diz tanta gente boa), mas sendo ele – mesmo seu
tempo, que cada um explica e carrega seu próprio sentido? É possível esboçar de uma
forma muito breve?
Por que nosso hipotético futuro historiador se coloca no dever de explicar
Eranos pelas circunstancias, as “correntes” e “influências” da época, ele falha no
significado e na essência, na “razão (seminal)”? Pela
[pág. 5]

mesma razão que faz, por exemplo, com que a primeira e última explicação das diversas
famílias gnóstica evocada no presente livro, esses gnósticas são eles mesmos.
Poderíamos supor todas as circunstâncias favoráveis, operar todas as deduções
possíveis, raciocinaremos somente no abstrato, se não havia o fato primeiro e singular
de consciências gnosticas. Não é maneira alguma “grandes correntes” que os suscitam e
os fazem se reencontrar; esses são aquelas que fazem com que ele tenha tal ou tal
corrente e (que a operam o encontro).
Também é provável que a palavra “fato”, tal como acabamos de empregar, não
signifique exatamente aqui o que a linguagem comum dos nossos dias tem o hábito de
ouvir por essa palavra; ela significaria mais como a linguagem comum a opõe, quando
ela distingue as pessoas e os fatos, os homens e os eventos. Para nós o fato primeiro e
último, o evento inicial e último, são precisamente essas pessoas, sem as quais não
adviria jamais alguma coisa que nós chamemos “evento”. Devemos então reverter as
perspectivas da óptica vulgar, substituir a hermenêutica do individual humano para a
peseudo-dialética dos fatos, aceita em todo lugar e por todos hoje em dia como uma
evidencia objetiva. É que de fato foi necessário que começassem por se abandonar à
“(restrição) dos fatos”, para imaginar neles uma causalidade autônoma que os “explica”.
Ora “explicar”, isso ainda não quer dizer forçadamente “compreender”. Compreender é
mais “implicar”. Não se explica o fato inicial cujo o qual nós falamos, pois ele é
individual singular, e o individual não pode ser deduzido nem expli-
[pág. 6]

cado: individuum est inefiable.


Entretanto, é o individual que nos explica, ele, quantidade de coisas, (para) saber
todas as coisas que ele implica e que não teriam sido sem ele, se ele não tivesse
começado a ser. Para que ele nos explique deve-se compreender, e compreender é
perceber o sentido da coisa mesmo, ou seja, como sua presença determina certa
constelação de coisas, que desde então foi realmente outra se de início não tivesse
havido esta presença. Aqui o caso é diferente de deduzir a coisa de relações causais
pressupostas, ou seja, de levá-la à outra coisa se não a ela mesma. E é aqui sem dúvida
que acusaremos o mais voluntário, o contraste com nossos hábitos de pensamento em
vigor, esses que representam todas as tentativas de filosofia de história ou de
socialização de consciências: o anonimato, a despersonalização, a abdicação da vontade
humana diante da rede dialética que ela começou por tecer ela mesma, para cair em sua
própria armadilha.
O que existe concretamente são as vontades e as relações de vontade: vontade
que falha, vontade imperiosa ou imperialista, vontade cega, vontade serena e consciente
dela mesma. Mas essas vontades não são energias abstratas. Ou mais, elas não são e não
designam nada mais do que os sujeitos voluntários deles mesmos, estes cuja existência
real postula que reconheçamos o individuo e o individual como a primeira e única
realidade concreta. Admitirei ser voluntário aqui o que está em afinidade com um
aspecto do pensamento estóico, pois precisamente um dos sintomas característicos na
história da filosofia no
[pág. 7]

Ocidente, não é o apagar das premissas estóica4 diante da dialética proveniente do


(piripatetismo)? O pensamento estóico é hermenêutico; ele resistiu a todas as
construções dialéticas que pesam sobre nossas representações mais frequentes: em
história, em filosofia, em política. Ele não cedeu à ficção das “grandes correntes”, do
“senso de história”, das “vontades coletivas”, onde também muitas pessoas não podem
dizer com exatidão qual é o modo de ser.
É que de fora da primeira e última realidade que é o individual existem apenas
maneiras de ser, em relação ao individuo ele mesmo ou em relação ao que o circunda, e
isso quer dizer atributos não tendo nenhuma realidade substancial nelas mesma, se as
separamos do indivíduo ou dos indivíduos que são seus agentes. O que nós chamamos
os “eventos” são igualmente os atributos dos sujeitos (ativos) eles não são do ser, mas
das maneiras do ser. Como ações de um sujeito, eles são expressos em um verbo; ora
um verbo só toma sentido e realidade através do sujeito (ativo) que o conjuga. Os
eventos, psíquicos ou físicos, não tomam existência, “não tomam corpos” senão pela
realidade que os realiza e cuja elas derivam, e esta realidade são os sujeitos individuais
(ativos) os quais os conjugam “à seu tempo”, dá a eles seu próprio tempo, que é sempre
por essência o tempo presente.
Assim então, separados do sujeito real que os realiza, os fatos, os eventos são
apenas o irreal. Tal é a ordem que foi necessária inverter para alienar o sujeito

4
Ver o excelente livro de Vitor Goldshmidt, Le système stoïcien et l’idée du temps(o sistema stoïcien e a
ideia do tempo.)Paris, J. Vrin, 1953.
[pág. 8]

real, para dar entretanto, toda a realidade aos fatos, para falar da lei, da lição, da
materialidade dos fatos, enfim nos deixar tomar a rede de irreais construída por nós
mesmos e cujo o peso recai sobre nossa (sobe) forma de história, como a única
“objetividade” científica que nós possamos conceber, como a fonte de um determinismo
causal cuja a ideia não será jamais vinde à uma humanidade que foi conservada o
sentimento do sujeito real. Separadas deste, os fatos “se passam”. Há passado, e do
passado “ultrapassado”. De onde os ressentimentos contra o jugo do passado, as ilusões
progressistas e inversamente as complexas reacionárias.
Porém, passado e futuro, eles também, são atributos expressos por verbos; eles
pressupõem o sujeito que conjuga esses verbos, um sujeito para quem e por quem o
único tempo existente é o presente, e cada vez o presente. Dimensões do passado e do
futuro são também cada vez mais medidas e condicionadas pala capacidade do sujeito
que os percebe, pelo seu instante. Eles estão na dimensão desta pessoa, pois ele depende
dela, da amplitude de sua inteligência e de sua generosidade de coração, de abraçar a
totalidade da vida, totius vitae cursum, de totalizar, de implicar nela mesma os mundos
recuando até o extremo limite da dimensão de seu presente. É isso compreender, e é
tout autre coisa que de construir uma dialética de causas tendo (terminado de existir)
no passado. É “interpretar” sinais, não mais explicar fatos materiais, mas maneiras de
ser que revelam os seres. A hermenêutica como ciência do individual se opõe a dialética
histórica como alienação da pessoa.
[pág. 9]

Passado e futuro vem a ser assim sinais, porque precisamente um sinal é percebido no
presente. É necessário que o passado seja “colocado no presente” para ser percebido
como “(fazendo sinal)” (se a quebra, por exemplo, é um sinal é que ela indica não
somente um determinado quebrado, em um tempo abstrato, mas que ele tenha sido
quebrado).
A autêntica ultrapassagem do passado só pode ser sua “(tomada no presente)”
como sinal. E eu creio que podemos dizer que toda a obra de Eranos é neste sentido
uma (tomada no presente). Nem o conteúdo deste livro, nem o dos vinte quatro outros
volumes já aparecidos5, não oferece o caractere de um simples dicionário histórico.
Todos os temas tratados nestes volumes tomam o valor de sinais. E se é verdade que,
mesmo um dia futuramente, o ato de Eranos cuja iniciativa persevere desde vinte cinco
anos6, não poderá ser “explicada” deduzindo-a simplesmente as circunstâncias que
(autorizariam) o historiador a dizer que “foi bem ao seu tempo”, é por que Eranos é ele
mesmo um sinal. Ele não pode e não poderá ser compreendido se não for interpretado
como um sinal, ou seja, dizer como uma presença remetendo sem cessar e cada vez “no
presente”. Ele é seu tempo por que ele coloca no presente, mesmo que cada sujeito
(ativo) é seu tempo, ou seja, uma presença que coloca no presente tudo o que se reporta
a ela. Uma presença ativa não cai “em seu tempo”, ou seja, que ela não é “do seu
tempo”, no sentido da fórmula simplista que acredita explicar um ser situando-o em um
tempo abstrato que é o tempo de “todo o mundo”, e (partindo) não é o tempo da pessoa.

5
Neste ano 1968, trinta volumes.
6
Após trinta e cinco anos, neste ano de 1968.
[pág. 10]

Enfim, todo o contraste está aqui. Com sinais, com “hiérophanies” (hiérophante é um
tipo de sacerdote que presidia aos mistérios de “Eleusis”; hieros = sagrado e phainein =
revelar) e théophanies (tem alguma relação com uma revelação religiosa) não fazemos
parte da história. Ou ainda mais, o assunto desta vez é tanto o (corpo/matéria) como
lugar da história, é a individualidade psico-espiritual concreta. A única “causalidade
histórica”, são as relações de vontade entre os sujeitos (ativos) Os “fatos” são cada vez
uma criação nova: há a descontinuidade entre elas. De onde perceber suas conexões,
não é formular leis nem deduzir causas, mas compreender um sentido, interpretar sinais,
uma estrutura de conjunto. Também seria conveniente que fosse ao centro do presente
livro o esboço de C. G. Jung sobre a sincronicidade, porque ela é ela mesma no centro
de uma nova problemática do tempo. Perceber uma causalidade em “fatos” separando-
os das pessoas, é tornar possível sem dúvida uma filosofia da história, é afirmar
dogmaticamente esse sentido racional da história sobre o qual nossos contemporâneos
construíram toda uma mitologia. Mas é ainda reduzir o tempo real para o tempo físico
abstrato, essencialmente qualitativo, esse da objetividade dos calendários profanos onde
desapareceram os sinais que deram uma qualificação sacral a cada presente.
Resta-nos tomar melhor consciência da abdicação do sujeito se alienando assim
ele mesmo na história objetiva. (Deveria ter sido feito) primeiramente com que os
eventos cessassem de ser percebidos no plano dos sinais, para serem levados ao plano
dos dados. Os sinais foram assim (secularizados). Mas (deveria ter sido feito) com que
toda a nossa teologia se prepare ela mesma, para uma inconsciente e fatal cumplicidade,
a secularização cuja ela é vítima.
[pág. 11]

O sentido da história: não se precisa mais do nascimento de um Deus (de carne e osso)
para descobrir (esse sentido). Uma filosofia de classe pretende o deter ou o impor,
porque mesmo depois de tudo ela não passa de uma teologia laica da encarnação social.
A caricatura da nossa própria imagem (Ivan Karamazov contemplando-se em
um espelho) nos inspira mais terror do que temos realmente, tanto que nós não vamos
nos opor a ele que nossos próprios traços que ela nos reflete caricaturados. Ora, não
rivalizamos com e contra uma socialização científica, materialista e ateia, por um
conformismo de bravas pessoas não encontrando justificativa para o seu ser que em sua
atividade social, nem do fundamento ao seu conhecimento que nas “ciências sociais”. O
non que ele trata de clamar, procede de um outro imperativo. Ele retira sua energia à
claridade cuja vertical em conjunto com o Céu e a Terra, não a qualquer linha de força
horizontal perdendo-se em um ilimitado de onde não se levanta nenhum sentido. Pois
esse que chamamos “evolução” não teria sentido fora da escala cósmica; mas nós
filósofos somo muito sérios para tomar a sua própria conta essa curiosidade ainda mais
desculpável para alguns gnósticos e Orientais!
E mesmo assim, queremos muito parar um instante na assinatura de algumas
dessas páginas. Com um nome de lugar ela trás uma dupla data incorporando três
calendários; uma data da era cristã, uma data iraniana onde o nome oficial do mês
corresponde aquela do calendário da antiga Pérsia pré-islâmica, assim como o milésimo
é aquele do hégira solar (todo o resto do Islam, fora o Iran, somam
[pág. 12]

em anos lunares). É um simples exemplo. Se imaginamos a correspondência dessas


heras, sua (fixação) “no presente”, sua conjugação no presente, pode resultar de uma
simples equação matemática, a ajuda de uma mesa de concordâncias? Responderemos
que sim, se temos a ingenuidade de supor que todos os humanos em todo o lugar têm a
mesma idade, os mesmos desejos, as mesmas aspirações, o mesmo senso de
responsabilidades, e que a boa vontade e uma boa higiene seria suficiente para colocá-
los em acordo em um quadro do tempo objetivo abstrato, o tempo matemático uniforme
da história universal.
Mas responderemos certamente não, se temos o sentimento agudo de diferenças,
a fonte dos direitos do pluralismo contra todo o monisme [que significa o contrário de
dualismo], que este seja bem intencionado ou que ele seja brutal e inadmitido. Este de
que se trata, é de uma relação entre tempos qualitativos. O ocidental pode ser muito
(primogênito,) e ele pode ser frequentemente o caçula do oriental, segundo o domínio
onde eles se encontram. Mas talvez seja verdade também que somente o ocidental seja
(a mesma de segredar) o antídoto, e de ajudar o oriental a superar a crise espiritual que o
impacto do ocidente provocou nele, e que já arruinou sem volta várias civilizações
tradicionais.
Para este simples exemplo, entrevemos a verdadeira tarefa cujo nós não temos
talvez nem começado a tomar consciência. Trata-se de perceber junto os mesmos sinais;
trata-se por cada um de nós de interpretá-los cada vez segundo o sentido se seu próprio,
mas trata-se também de constituir uma hermenêutica concordante, como uma vez
concordaram os quádruplos
[pág. 13]

e os sétuplos sentidos da escrituras sagradas. Para isso, importa não mais fugir ou se
evadir em um tempo abstrato, o tempo das coletividades anônimas, mas de encontrar o
tempo subjetivo concreto, o tempo das pessoas. E não é aqui, em seu fundo, que abrir a
fonte viva da simpatia incondicionada, preexistente ao nosso propósito deliberado e
consciente, a simpatia que opera o agrupamento dos humanos, e que faz deles, apenas
ela, os “contemporâneos”.
O que nós queremos chamar o sentido de Eranos, e que é também todo o
segredo de Eranos, o que é nosso ser no presente, o tempo que nós agimos
pessoalmente, nossa maneira de ser. É porque nós não estamos talvez no “nosso
tempo”, mas nós estamos muito melhor e mais: nós somos nosso tempo. E é por que
Eranos não tem nem mesmo denominação oficial, nem da razão social coletiva. O que
não é nem uma Academia, nem um Instituto, nem qualquer coisa que possamos,
seguindo o gosto do dia, designar por iniciais. Não, não é realmente um fenômeno “do
nosso tempo”. E é por que ele é capaz de colocar em ruína o futuro historiador e
dedutivo. Não interessará mesmo aos amantes de estatística, e aos sondadores de
opiniões.
Se queremos a todo preço curvas e gráficos, eu conheço apenas uma referência:
a grande (planisfera) que o doutor Daniel Brody, nosso corajoso editor, teve a ideia de
(implantar) sobre as paredes da exposição comemorando o vigésimo aniversário do
l’Erano-Jahrbuch em locais du Rhein-Verlag, em Zurich. Planisfério sulcado de linhas
multicores, (principiandi) todas no mesmo centro: um ponto invisível sobre
[pág. 14]

a imensidão do mapa, Ascona, sobre as bordas do Lago Maior. O profano (lá, foi)
imediatamente pressentido alguma coisa de familiar: as curvas indicando os percursos
dos aviões, as linhas de grande tráfico. E, no entanto, ela não anuncia nada de tudo isso,
mas simplesmente o percurso de cada um de nós, desde os diferentes pontos do mundo,
entorno do centro que nos reuni. Essas linhas não tiveram nenhum senso estatístico: elas
eram sinais, o sinal feito a cada um de nós e por cada um de nós.
Da resposta a este sinal resulta o concurso de individualidades ativas,
autônomas, cada uma delas revelando e expressando, em uma liberdade total, sua
maneira de pensar e de ser original e pessoal, fora de todo o dogmatismo e de todo o
academismo; uma constelação de suas vontades, e uma constelação de (inundação que
elas trazem consigo), que elas tomam de conta, colocando-as no presente, o presente de
Eranos. Um conjunto, uma estrutura, não um resultado condicionado pelas leis da época
nem pelas (predileções) da moda, mas um conjunto forte da única norma interior e
central: uma vontade feminina generosa, enérgica, tenaz, esta da Sra. Olga Froebe-
Kapteyn, convidando cada ano, em torno de um tema novo, para uma criação nova.
E é por isso que todos esses mesmos que no sentido da linguagem usual “não são
mais”, nem cessam, porém de estarem presentes no presente de Eranos. Um trabalho
imenso se faz. Ensaios, obras, vimos o dia, obras que talvez não tivesse eclodido, se
‘mnps não lhes tivesse colocado no presente. Seu senso finalmente; aquele de uma
sinfonia cuja a execução seria retomada
[pág. 15]

cada vez em sonoridades mais amplas e mais profundas, – aquelas de um microcosmos


onde não podemos esperar que o mundo lhe pareça, mas onde podemos esperar que o
exemplo se propague no mundo.

Téhéran, 21 dezembro 1956.


30 Azar 1335.
(Moscia, setembro 1966).

Em 1962 Olga Froebe-Kapteyn deixou esse mundo. Mas antes de sua morte ele teve a
preocupação de se assegurar da continuação d’Eranos criando “a fundação Eranos” cujos os
responsáveis deviam ser Adolf Portmann e Rudolf Ritsema, familiares todos dois, após vários
anos, de encontros d’Eranos e muito próximos da Sra. Olga Froebe-Kapteyn. A fundação
permite assim manter o quadro e os recursos de Eranos, e de assegurar os encontros anuais
conservando o espírito do qual a senhora Olga Froebe-Kapteyn os havia instituído. Além disso,
uma fundação auxiliar estava estabelecida, sob a denominação Amigos de Eranos. Ela tem por
objetivo assegurar os recursos financeiros que permitirão manter os encontros de Eranos nos
anos futuros.
[pág. 16]

Mircea Eliade

ENCONTROS EM ASCONA

Sabemos que uma das características de Eranos, em Ascona, é que os


conferencistas não se dirigem a um auditório de especialistas. Mas eles também não
fazem o que chamamos obra de “vulgarização”; eles não expõem os últimos progressos
obtidos nos diferentes domínios da ciência. A originalidade de Eranos reside,
sobretudo, no fato de os conferencistas chegam a se livrar também de sua timidez assim
como de seus complexos de superioridade. Os conferencistas, assim como os
“especialistas” em um único setor da ciência, se dão conta que eles têm todo o interesse
em se familiarizar com os métodos aplicados e os resultados obtidos em outros campos
de pesquisa. E isso, não pela simples curiosidade ou pelo desejo de uma enciclopédia
natural, mas por que Eranos, em Ascona, é um dos lugares privilegiados onde tomamos
consciência das verdadeiras dimensões da cultura. Cedo ou tarde, sabendo tudo deverá
enfrentar esse problema e conhecer pela sua própria experiência o que quer dizer
“culturalmente criador”. Ora, não há cultura possível sem um trabalho sustentado de
integração em uma perspectiva unitária de progresso marcada em diferentes domínios
da pesquisa. Mais ainda: não há realmente cultura se, no fim das contas, as criações a
constituem não se referem ao homem e ao seu destino.
Tudo isso parece realmente evidente que quase não ousamos lembrar do medo
de repetir uma verdade evidenciada [truïsme].
[pág. 17]

mesmo assim, durante numerosos anos, certas disciplinas que estudaram as experiências
mais profundas da psique humana e suas expressões culturais, são desenvolvidas
paralelamente sem que seus resultados sejam integrados e articulados, em vista de um
conhecimento mais exato e mais completo do homem. Os estudos de história das
religiões, de etnologia, da paleo-etnologia e do orientalismo tem raramente olhado como
fases, distintas, mas solidárias de uma mesma pesquisa. É somente nos últimos tempos
que começamos a considerar essas disciplinas como suscetíveis de revelas situações
existenciais de homens dignos de interessar não somente o psicólogo e o sociólogo, mas
também o filósofo e o teologista.
É talvez o maior mérito de Eranos o de provocar e de encorajar os encontros e o
diálogo entre os representantes de diferentes ciências e disciplinas do espírito. É graças
a tais encontros que uma cultura pode se renovar alargando corajosamente seu
horizonte. Em Ascona são, sobretudo os psicólogos os aprofundadores, os orientalistas e
os etnológicos interessados na história das religiões que são aproximadas e tem
colaborado com o maior sucesso. Isso explica-se talvez pelo fato de que, cada uma
dessas disciplinas implica no reencontro e no confronto com um mundo desconhecido.
Estranho, leia-se “perigoso”. Perigoso já que é suscetível de ameaçar o equilíbrio
espiritual do Ocidente moderno. Certos, o enfrentamento com esses mundos estranhos
não comportam todos o mesmo degrau de perigo, pois alguns já eram conhecidos após
algum
[pág. 18]

tempo. Assim, por exemplo, os estudos dos orientalistas tiveram que ser pouco a pouco
familiarizados ao ocidente com a excentricidade e o fabuloso das sociedades e das
culturas asiáticas. Mas o etnólogo descobriria mundos espirituais obscuros e
misteriosos, um universo que, mesmo se não era o produto de uma mentalidade pré-
lógica, como o estranhamento diferente da paisagem cultural familiar aos ocidentais.
Evidentemente, era, sobretudo, a psicologia dos aprofundadores que revelava o
maior de terrae ignotae, e, pelo fato mesmo, dava lugar aos confrontamentos mais
dramáticos. Poderíamos comparar a descoberta do inconsciente as descobertas
marítimas da renascença e as descobertas astronômicas que foram possíveis a partir da
invenção do telescópio. Pois cada uma dessas descobertas devendava mundos cuja
existência nós nem desconfiávamos antigamente. Cada uma efetuava uma espécie de
“ruptura de nível” não ficam sem consequência. Sabemos que as descobertas
astronômicas e geográficas da renascença modificaram radicalmente a imagem do
universo e o conceito de espaço; por outro lado, elas asseguraram, pelo menos por três
séculos, a supremacia científica, econômica e política do ocidente, abrindo toda a vista
que leva fatalmente na direção dos mundos submersos do inconsci-
[pág. 19]

ente. A técnica psicanalítica inauguraria um novo tipo de “descensus ad inferos”.


Quando Jung detectou a existência do inconsciente coletivo, a exploração desses
tesouros imemoriáveis – os mitos, os símbolos, as imagens da humanidade arcaica –
começa a parecer as técnicas oceanográficas e espeleológicas. O mesmo que mergulhar
nas profundezas marinhas ou nas expedições aos fundos de cavernas tinham a
descoberta dos organismos elementares, desde muito tempo desapareceu da superfície
da terra, neste sentido as análises reportavam formas da vida psíquica profunda,
antigamente inacessíveis ao estudo. A espeleologia colocava a disposição dos biólogos
dos organismos terciários e mesmos secundários, formas zoomórficas primitivas que
não são fossilizáveis, ou seja, formas que haviam desaparecido da superfície da terra
sem deixar vestígios. Para a descoberta dos “fósseis vivos”, a espeleologia avançava
consideravelmente o conhecimento das modalidades arcaicas da vida. Neste sentido, as
modalidades arcaicas da vida psíquica, “os fósseis vivos” fogem nas trevas do
inconsciente, viriam agora a ser acessíveis ao estudo graças aas técnicas: elaboradas
pelos psicólogos aprofundadores.
Compreendemos então por que os encontros de Ascona são tão estimulantes: os
especialistas de diferentes mundos estranhos, exóticos ou insólitos, podem se entreter
longamente sobre a eficácia de seus métodos, o valor de suas descobertas e o
significado se suas aventuras culturais. Cada um de seus especialistas consagrou sua
vida ao estudo de um mundo não-familiar, e o que ele aprendeu nesse longo comér-
[pág. 20]

cio com os “outros” a força de modificar radicalmente os clichês tradicionais sobre o


homem, a religião, a razão, a beleza. Estas descobertas e confrontações fazem, aliás,
parte do Zeitgeist. O voo de Eranos coincidiu com o despertar político e cultural da
Ásia e, sobretudo, com a entrada dos povos exóticos e primitivos na história. O encontro
com os “outros” – que constitui da alguma maneira o sinal sob o qual é desenvolvido
Eranos – tornou-se, depois da Segunda Guerra Mundial, uma fatalidade da história.
Em certo momento, os membros de Eranos sentiram que um novo humanismo
seria suscetível de se desenhar em seguida de tais encontros. Fenômenos similares eram
aliás em curso de precisar em outras partes do mundo. Não é a questão de apresentar
aqui, em algumas linhas, um processo cultural extremamente complexo, e dificilmente
alcançável, que é ainda in statu nascendi. Digamos somente que em Ascona, cada um
dos conferencistas sente que sua criação científica ganhe uma nova e mais profunda
significação em uma medida onde ele se esforça de apresentá-la como uma contribuição
ao conhecimento do homem. Por outro lado, nos damos conta que esse novo
humanismo prestes a nascer, não pode ser uma réplica do antigo. Eranos amplamente
demonstrou a necessidade de integrar os resultados dos orientalistas, de etnólogos e de
historiadores de religiões, a fim de chegar a um conhecimento integral do homem.
Mas ainda há ma outra coisa, e talvez isso é o mais importante. As pesquisas dos
psicólogos dos aprofundadores, dos etnólogos, dos orientalistas,
[pág. 21]

dos historiadores das religiões, continuamente colocaram as claras o interesse humano,


a “verdade” psicológica e o valor espiritual do número de símbolos, de mitos, de figuras
divinas e de técnicas místicas, atestadas também nos europeus e asiáticos assim como os
“primitivos”. De tais documentos humanos foram estudados antigamente com a
separação e a indiferença com aqueles naturalistas do século XIX acreditavam que
deveríamos estudas os insetos. Agora, começamos a nos darmos conta que esses
documentos expressando situações existenciais que por consequência eles fazem parte
integrante da história do espírito humano. Ora, a metodologia existencial não é a
“objetividade” do naturalista, mas a simpatia inteligente da hermenêutica. Era a mesma
metodologia que deveria ser mudada. Pois, mesmo o comportamento mais estranho, ou
o mais aberrante, deve ser considerado como fato humano; não o compreendemos se o
consideramos como um fenômeno sociológico ou um caso tératologique.
Aproximar um símbolo, um mito ou um comportamento arcaico enquanto que a
expressão de situações existenciais, já é atribuir-lhes uma dignidade humana e uma
significação filosófica. Isso teria parecido absurdo e ridículo aos olhos de um sábio do
século XIX. Para um tal sábio a “selvageria” ou “estupidez primordial” só poderia
representar uma fase embrionária e, por consequência, acultural da humanidade.
Se o mais modesto mito arcaico merecia ser olhado como parte integrante da
história do espí-
[pág. 22]

rito, o lugar dos místicos e dos contemplativos de todas as religiões apenas poderia ser
considerável. O interesse pelas disciplinas espirituais e as técnicas místicas –
especialmente aquelas, muito pouco estudadas, do oriente e do mundo primitivo –
constituiu desde o princípio, um dos traços característicos de Eranos. Decerto, um tal
interesse arriscaria algumas vezes ser mal interpretada pelas pessoas inadvertidas e de
ser confundida com a admiração suspeita pelo “oculto”, especificamente própria aos
pseudo-morfoses modernos e aos diversos movimentos de “espiritualidade” baratas.
Mas, sabe-se, que não existe um único assunto de estudo que não seja “comprometido”,
ou “comprometendo”, a um certo momento da história.
Para os membros de Eranos, o interesse excepcional das disciplinas espirituais e
sãs técnicas místicas depende do fato que elas constituem documentos suscetíveis de
revelar uma dimensão da existência humana quase esquecida, ou completamente
desfigurada, nas sociedades modernas. Todas essas disciplinas espirituais e essas
técnicas místicas têm um valor inestimável porque elas representam conquistas no curso
da história recente do ocidente, mas que não perderam nem sua grandiosidade nem sua
utilidade.
Ora, o problema já se coloca, e se colocará com uma acuidade cada vez mais
dramática, aos pesquisadores da próxima geração: como encontrar os meios de
recuperar tudo o que ainda é recuperável na história espiritual da humanidade: e isto por
duas razões principais: 1) de uma parte, o homem ocidental não poderá mais viver
indefinidamente separado
[pág 23]

de uma parte importante de si mesmo, aquela que é constituída por fragmentos de uma
história espiritual onde ele é incapaz de decifrar a significação e a mensagem 2) cedo ou
tarde, o diálogo com os “outros” – os representantes das culturas tradicionais, asiáticas e
“primitivas” – deve ser (isca) não mais na linguagem empírica e utilitária de hoje 9 e
que não é capaz de visar além das realidades sociais, econômicas, políticas, sanitárias,
etc.), mas em uma linguagem cultural, suscetível de expressar – irrealidades humanas e
valores espirituais. Tal diálogo é inevitável; em suma, ele faz parte da fatalidade da
história. Isso seria uma trágica ingenuidade crer que ele pode continuar indefinidamente
no nível mental onde ele se encontra hoje. É por que um dos objetivos das conferências
de Eranos foi e continua a ser o de desenvolver esse diálogo com os “outros”. Por isso
mesmo, Eranos contribui, modestamente, mas de maneira significativa, no trabalho de
integração onde depende da formação da psique moderna.

Outubro de 1960.

Este ensaio foi publicado em tradução inglesa como prefácio à Spiritual Disciplines, Papers from the
Eranos Yearbooks 4, Bollingen Series XXX, 4 1960 (Princenton Press et Routledge & Kegan Paul,
London).
[pág. 24]

AS CONFERÊNCIAS DE ERANOS

1933

Yoga e meditação no Oriente e no Ocidente

1934 – 1935

Simbolismo e direção Espiritual no Oriente e no Ocidente

1936 – 1937

Formas e aspectos da ideia de saudação no Oriente e no Ocidente

1938

Figura e culto da Grande Mãe (Magna Mater)

1939

O Simbolismo do novo nascimento na imaginação religiosa dos povos em diferentes


épocas

1940 – 1941

Trindade, simbolismo cristão e gnose

1942

O príncipe (hermetista) na mitologia, a gnose e alquimia


[pág. 25]

1943

Cultos solares e simbolismo (da luz) na gnose e o cristianismo primitivo

1944

Os Mistérios

1945

O Espírito

1946

O Espírito e a Natureza

1947 – 1948

O Homem

1949

O Homem e o mundo do mito

1950

O Homem e o rito

1951

O Homem e o tempo

1952

O Homem e a energia
[pág. 26]

1953

O Homem e a Terra

1954

O Homem e as mutações

1955

O Homem e a simpatia de todas as coisas

1956

O Homem e o príncipe criador

1957

O homem e o problema da significação

1958

O homem e a paz

1959

A primavera do homem

1960

O homem e o nascimento das formas

1961

O Homem no conflito das estruturas


[pág. 27]

1962

O homem acreditando e (submetendo) sua obra

1963

Da utopia

1964

O Drama humano no mundo das ideias

1965

A forma: uma atividade do espírito

1966

Atividade criadora e nascimento das formas

1967

Polaridade da vida

1968

Tradição e tempo presente


[pág. 28]

OS CONFERENCISTAS DE ERANOS

DE 1933 A 1968

Charles R.C. Allberry Bernard Delfgaauw


Leo Baeck Friederich Dassauer
Hans Bânziger Gilbert Durand
Julius Baum Robert Eisler
Charlotte A. Baynes Mircea Eliade
Louis Beinaert Markus Fierz
Ernst Benz Joseph Gantner
Rudolf Bernoulli Erwin R. Goodenough
Frederik J.J. Buytendijk Pierre Hadot
M. Cari v. Cammerloher J. Wilhem Hauer
Joseph Campbell Friederich Heiler
Chung-Yuan Chang P. Hendrix
Paul Citroen Gustav-Richard Heyer
Vera Chr. C. Collum James Hillman
Henry Corbin Helmut Hoffmann
Walter Robert Corti Gerald Holton
Jean Daniélou Stanley R. Hopper
Th. -Whilhem Danzel Toshihiko Izutsu
Martin C. D’Arcy Helmuth Jacobsohn
Edwin Oliver James
Adolf E. Jensen
[pág. 29]

Carl Gustav Jung Charles Picard


Werner Kaegi Helmuth Plessner
Hans Kayser Adolf Portmann
Karl Kérényi Laurens van der Post
Max Knoll Emil Preetorius
Wilhem Koppers Ira Progoff
Joseph Bernhard Lang Jean Przyluski
John Layard Henri-Charles Puech
Gerardus van der Leeuw Max Pulver
Hans Leisegang Gilles Quispel
Karl Lwith Paul Radin
Louis Massignon Hugo Rahner
Paul Masson – Oursel Kathleen Raine
Fritz Meier Herbert Read
Pierre-Jean de Menasce Karl Reinhardt
Reinhold Merkelbach C. A. F. Rhys Davids
Siegfried Morenz Erwin Rousselle
Paul Mus S. Sambursky
Georges Hermann Nagel Karl Ludwig Schmidt
Erich Neumann Paul Schmitt
Walter F. Otto Herbert Schneider
Paul Pelliot Gershom Scholem
Raffaele Pettazzoni Erwin Schrödinger
[pág. 30]

Andreas Speiser
Sigrid Strauss-Kloebe
Daisetz Teitaro Suzuki
Richard Thurnwald
Paul Tillich
Giuseppe Tucci
Séndor Végh
Charles Virolleaud
Boris Vysheslavtzeff
Wladimir Weidlé
J. G. Weiss
R. J. Zwi Werblowsky
Hermann Weyl
Victor White
Lancelot Law Whyte
Hellmut Wilhelm
Walter Wili
Swami Yatiswarananda
R. C. Zaehner
Heinrich Zimmer
Victor Zuckerkandl
Página 32 de 32

[pág. 31]

O texto completo de todas as conferências está publicado nas respectivas línguas (alemão, inglês e
francês) nos volumes anuais do ERANOS JAHRBUCH. Todos os volumes desde 1933 estão à venda com
o editor Rhein Verlag Zurich, na Suíça e nas grandes livrarias.

À pedido nós (enviaremos) uma brochura com o (índice) completo de todos os volumes do Eranos
Jahrbuch. Queira se dirigir à Rudolf Ritsema, casa Eranos, Ch-6612 Ascona, Suíça.
ERANOS TAGUNG
ERANOS CONFERENCE
SESSION D'ERANOS
CONVEGNO DI ERANOS

2003

13 – 19 VII
ASCONA / TICINO

PROGRAMM
PROGRAM
PROGRAMME
PROGRAMMA
ERANOS 2003
July 13 - 19 ∗ Luglio ∗ Juillet COLLEGIO PAPIO,
ASCONA

DIE MENSCHEN IM KRIEG, IM FRIEDEN MIT DER NATUR


GLI UOMINI IN GUERRA, IN PACE CON LA NATURA
HUMANS AT WAR, AT PEACE WITH NATURE
LES HOMMES EN GUERRE, EN PAIX AVEC LA NATURE

Saluto inaugurale Sunday, July 13


Terrazza del Collegio Papio 8:00 p.m.

TILO SCHABERT A WISDOM TO BE RECOVERED – 8:30 p.m.


(München) "THE RELATION OF THE PARTS TO THE WHOLE"

JOSEPH HANIMANN LA CIME ABANDONNÉE - Monday, July 14


(Paris) DIE ABGESTOSSENE KRONE: 9:30 a.m.
ZUR FRAGE DES TRAGISCHEN IN DER NATUR

FLAVIA MONCERI BUSHIDO. L`ARTE DI FAR GUERRA IN PACE 3:00 p.m.


(Pisa) CON LA NATURA

Workshop 4:30 p.m.


Chair: Adele Bottiglieri, Rome
Discussants: Andrew Gross, Till Kinzel

ARPAD SZAKOLCZAI WORLD-REJECTIONS AND WORLD-CONQUESTS: Tuesday, July 15


(Cork) THE SPIRALLING DYNAMICS OF WAR AND PEACE 9:30 a.m.

Gita sul lago 2:30 p.m.


„Acqua – Natura – Poesia“

ELISABETTA BARONE TRA EMPATIA E DOMINIO.


(Salerno) SENTIERI DI PACE O ASCE DI GUERRA? 8:00. p.m.
STEPHANE TOUSSAINT SAINTE NATURE: EN QUETE D`UNE HISTOIRE Wednesday, July 16
(Lucca/Tours) DE LA HIEROPHYSIQUE. 9:30 a.m.

Workshop 4:00 p.m.


Chair: Athanasios Moulakis, Lugano
Discussants: John von Heyking, Antonella Fimiani

MATTHIAS RIEDL NATUR UND SÜNDE. AUGUSTINUS ÜBER DEN Thursday, July 17
(Nürnberg) ANFANG DER POLITIK 9:30 a.m.

MASSIMO IIRITANO NUOVI CIELI E NUOVA TERRA. 11:00 a.m.


(Catanzaro) PER UNA TEOLOGIA MESSIANICA DELLA NATURA

HANS-JÖRG SIGWART FÜR DIE WIEDERKEHR EINER NEUEN NATUR: 3:00 p.m.
(Erlangen) DIE BEWEGUNG DER LEBENSREFORMER
ZU BEGINN DES 20. JAHRHUNDERTS

Workshop 4:30 p.m.


Chair: Theresia Ritter, Erlangen
Discussants: Michael Henkel, Giuseppina di Stasi, Duc Quang Ly

GIANNI VATTIMO FAR PACE CON LA NATURA IN NOME Friday, July 18


(Torino) DELLA CULTURA 9:30 a.m.

Workshop 4:30 p.m.


Chair: Adriano Fabris, Pisa
Discussants: Gabriele de Angelis, Marcus Doebert

Tilo Schabert Sintesi dei lavori e ... un cordiale arrivederci 5:00 p.m.

Saturday, July 19 Abreise - Départ - Partenza - Departure

Von jedem der Vorträge wird eine Zusammenfassung in mindestens einer anderen Sprache gebracht. / Every lecture
will be accompanied by a synopsis in at least one other language. / Chaque conférence sera suivie par un résumé en
anglais ou en français.
ERANOS CONFERENCE 2003
"HUMANS AT WAR, AT PEACE WITH NATURE"
July 13 - 19, 2003
Collegio Papio, Ascona (Ticino, Switzerland)

The conference is held under the auspices of the Associazione Amici di Eranos. It is supported
financially by the Township of Ascona and the Tourist Office Lago Maggiore.

Convener and Director: Tilo Schabert.

Planning Committee: Elisabetta Barone, Adele Bottiglieri, Detlev Clemens, Adriano Fabris,
Massimo Iiritano, Duc Quang Ly, Flavia Monceri, Matthias Riedl, Theresia Ritter, Tilo Schabert,
Hans Georg Schmid, Hans-Jörg Sigwart.

Executive and Administrative Office: Claudia Respini (General Administration), Francesco Caccia
(Financial Administration).

Conference Steering Group: Adele Bottiglieri, Matthias Riedl, Hans-Jörg Sigwart.

Staff: Carla Danani, Duc Quang Ly (Conference Office), Hans Georg Schmid (Technical
Equipment), Nicoletta Gagliardi, Theresia Ritter (Translations).

All inquiries: Claudia Respini, Ente turistico Lago Maggiore, CH - 6600 Locarno. Tel.: 0041-91-
756 61 38, Fax: 0041-91-751 90 70, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch

website: www.eranos.org
ERANOS 2003
13- 19 Juli- Juillet - Luglio

Die Tagungsgebühr beträgt Sfr. 100,00 (Studenten Sfr. 50,00). Einzelvorträge: Sfr. 25,00
(Studenten Sfr. 15,00). Auskünfte über Pensionen und Privatzimmer: Ente turistico Lago
Maggiore Via Luini 3 CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 756 61 38, Fax 0041 (0) 91 751 90 70,
e-mail: claudia.respini@maggiore.ch. Studenten: Unterkunft zu Sfr 40,00 (Übernachtung mit
Halbpension) im Collegio Papio, Ascona. Anmeldung über Matthias Riedl, Regensburger Str.
160, D-90478 Nürnberg; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

La tassa di partecipazione è di Sfr. 100,00 (Studenti Sfr. 50,00). Conferenza singola: Sfr. 25,00
(Studenti Sfr. 15,00). Informazioni su pensioni e camere private: Ente turistico Lago Maggiore,
Via Luini CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 756 61 38, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Studenti: Alloggio a Sfr. 40,00 (pernottamento/mezza pensione)
al Collegio Papio, Ascona. Prenotazione presso Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478
Nürnberg, Germania; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Inscription: Sfr. 100,-- (Etudiants Sfr. 50,00). Conférence particulière: Sfr. 25,00 (Etudiants Sfr.
15,00). Informations sur pensions et chambres d`hôtes: Ente turistico Lago Maggiore Tel. 0041
(0) 91 756 61 38, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch. Etudiants:
Logement (avec demi-pension) Sfr. 40,00 au Collegio Papio, Ascona. Réservation par Matthias
Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Allemagne; e-mail: msriedl@ewf.uni-
erlangen.de

Conference fee Sfr.: 100,00 (Students Sfr. 50,00). Fee for one lecture: Sfr. 25,00 (Students Sfr.
15,00). Information on `bed and breakfeast´: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3, CH-
6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 756 61 38, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Students: Lodging (with half board) at Sfr. 40,00 in the Collegio
Papio, Ascona. Reservation by Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg,
Germany; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de
ERANOS TAGUNG
ERANOS CONFERENCE
SESSION D'ERANOS
CONVEGNO DI ERANOS

2004

2 – 8 VIII
ASCONA / TICINO

PROGRAMM
PROGRAM
PROGRAMME
PROGRAMMA
ERANOS 2004

August 2 – 8 Agosto • Août COLLEGIO PAPIO, ASCONA

RELIGIONEN – DIE RELIGIÖSE ERFAHRUNG


RELIGIONS – THE RELIGIOUS EXPERIENCE
RELIGIONS – L’EXPÉRIENCE RELIGIEUSE
RELIGIONI – L’ESPERIENZA RELIGIOSA

Monday, August 2
TILO SCHABERT/ Saluto inaugurale 7:30 p.m.
MATTHIAS RIEDL

TONI HUBER GRADED LEVELS OF RELIGIOUS EXPERIENCE 8:00 p.m.


(Berlin) IN TIBETAN BUDDHISM

Tuesday, August 3

WALTER HAUG GOTTESERFAHRUNG IM ABENDLÄNDISCHEN 9:30 a.m.


(TÜBINGEN) MITTELALTER. DAS PLATONISCHE AUFSTIEGSMODELL

Workshop 4:00 p.m.


Chair: Matthias Riedl (Nürnberg)
Discussants: Aaron Powell (London), Flavia Monceri (Pisa)
Theresia Ritter (Erlangen), Alexander Thumfart (Erfurt)

DAVÍD CARRASCO MEXICAN APPARITIONS: LA VIRGEN DE GUADELUPE 7:30 p.m.


(HARVARD) AND THE HILL OF SUSTENANCE

Wednesday, August 4

MICHEL-YVES PERRIN “ARCANA MYSTERIA” OU CE QUE CACHE LA RELIGION. 9:30 a.m.


(PARIS) PRATIQUES DE L’ARCANE DANS LE CHRISTIANISME ANTIQUE

Passeggiata Romana 2:00 p.m.


Thursday, August 5

FRANCESCO GAIFFI L’“ULTIMO DIO”. LETTURE FILOSOFICHE 9:30 a.m.


(PISA/ROMA) DELL’ ESPERIENZA RELIGIOSA CONTEMPORANEA

JULIA WANNENMACHER DAS TOR ZUR EWIGKEIT: GRENZERFAHRUNG UND VISION 11:00 a.m.
(BERLIN) IN DER MITTELALTERLICHEN APOKALYPTIK

Workshop 4:00 p.m.


Chair: Tilo Schabert (München)
Discussants: Gabriele de Angelis (Pisa), Christoph Schumann (Erlangen)
Elisabetta Barone (Salerno), Adrian Guiu (Chicago)

Friday, August 6

MOSHE IDEL THE VARIETY OF ECSTATIC EXPERIENCES IN JUDAISM 9:30 a.m.


(JERUSALEM)

HARALD SZEEMANN COSMOS UND DAMIAN, UND DER 11. SEPTEMBER: 7:30 p.m.
(Tegna/Ticino) DAS ENDE DER SYMBOLE

Saturday, August 7

ENZO PACE LO SPIRITO E L’ORDINE: 9:30 a.m.


(PADOVA) L’ESPERIENZA RELIGIOSA NELL’ ISLAM

Workshop 4:00 p.m.


Chair: Elisabetta Barone (Salerno),
Discussants: Massimo Iiritano (Catanzaro), David Siroky (Duke)
Adele Bottiglieri (Roma), Jörg Kohr (Erlangen)

GERSON MORENO-RIAÑO RELIGIOUS EXPERIENCE AND POLITICAL MORALITY – 7:30 p.m.


(Cedarville/Ohio) THE THOMISTIC NATURAL LAW TRADITION

TILO SCHABERT/ Sintesi dei lavori e ... un cordiale arrivederci 8:30 p.m.
MATTHIAS RIEDL

Sunday, August 8

Abreise - Départ - Partenza - Departure

Von jedem der Vorträge wird eine Zusammenfassung in mindestens einer anderen Sprache gebracht. / Every lecture
will be accompanied by a synopsis in at least one other language. / Chaque conférence sera suivie par un résumé
dans une autre langue. Ogni conferenza sarà seguita da una breve sintesi in almeno una delle altre lingue.
ERANOS CONFERENCE 2004
"RELIGIONS – RELIGIOUS EXPERIENCES"
August 2 - 8, 2004
Collegio Papio, Ascona (Ticino, Switzerland)

The conference is held under the auspices of the Associazione Amici di Eranos. It is
supported financially by the Township of Ascona and the Tourist Office Lago Maggiore.

Convener and Director: Tilo Schabert.

Planning Committee and Conference Steering Group: Elisabetta Barone, Adele Bottiglieri,
Massimo Iiritano, Matthias Riedl, Theresia Ritter.

Executive and Administrative Office: Claudia Respini (General Administration), Francesco


Caccia (Financial Administration).

Staff: Lara Caccia, Anna Kukielka (Conference Office), Hans Georg Schmid (Technical
Equipment & Internet), Nicoletta Gagliardi, Theresia Ritter (Translations).

All inquiries: Claudia Respini, Ente turistico Lago Maggiore, CH - 6600 Locarno. Tel.:
0041-91-756 61 38, Fax: 0041-91-751 90 70, e-mail: info@eranos.org

website: www.eranos.org
ERANOS 2004
2 - 8 August – Août - Agosto

Die Tagungsgebühr beträgt Sfr. 100,00 (Studenten Sfr. 50,00). Einzelvorträge: Sfr. 25,00
(Studenten Sfr. 15,00). Auskünfte über Pensionen und Privatzimmer: Ente turistico Lago
Maggiore, Via Luini 3 CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 751 90
70, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch. Studenten: Unterkunft im Doppelzimmer zu Sfr 48,00
(Übernachtung mit Halbpension, Steuer inclusive) im Collegio Papio, Ascona. Anmeldung über
Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

La tassa di partecipazione è di Sfr. 100,00 (Studenti Sfr. 50,00). Conferenza singola: Sfr. 25,00
(Studenti Sfr. 15,00). Informazioni su pensioni e camere private: Ente turistico Lago Maggiore,
Via Luini CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Studenti: Alloggio a Sfr. 48,00 (pernottamento in camera
doppia/mezza pensione, IVA inclusa) al Collegio Papio, Ascona. Prenotazione presso Matthias
Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Germania; e-mail: msriedl@ewf.uni-
erlangen.de

Inscription: Sfr. 100,00 (Etudiants Sfr. 50,00). Conférence particulière: Sfr. 25,00 (Etudiants Sfr.
15,00). Informations sur pensions et chambres d`hôtes: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini
3 CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Etudiants: Logement (avec demi-pension en chambre double,
impôt inclus) Sfr. 48,00 au Collegio Papio, Ascona. Réservation par Matthias Riedl,
Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Allemagne; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Conference fee Sfr.: 100,00 (Students Sfr. 50,00). Fee for one lecture: Sfr. 25,00 (Students Sfr.
15,00). Information on `bed and breakfeast´: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3, CH-
6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 751 90 70, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Students: Lodging (in double rooms with half board, including
tax) at Sfr. 48,00 in the Collegio Papio, Ascona. Reservation by Matthias Riedl, Regensburger
Str. 160, D-90478 Nürnberg, Germany; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de
ERANOS TAGUNG
ERANOS CONFERENCE
SESSION D'ERANOS
CONVEGNO DI ERANOS

2005

31 VII – 7 VIII
ASCONA / TICINO

PROGRAMM
PROGRAM
PROGRAMME
PROGRAMMA
ERANOS 2005
July 31 - August 7 COLLEGIO PAPIO, ASCONA

GOD OR GODS? – GOTT ODER GÖTTER?


DIEU OU DIEUX? – DIO O DEI?

SUNDAY, JULY 31

Saluto inaugurale 7:30 p.m.

MATTHIAS RIEDL THE GODS OF THE CITY AND THE CITY OF GOD 8:00 P.M.
(NÜRNBERG) AUGUSTINE, MACHIAVELLI, AND HOBBES ON CIVIL RELIGION

MONDAY, AUGUST 1

FRIEDRICH WILHELM GRAF DER CHRISTENGOTT IM PLURAL: ZUM GESTALTWANDEL 9:30 A.M.
(MÜNCHEN) DES CHRISTENTUMS IN DER GEGENWART

STÉPHANE TOUSSAINT LES DIEUX SURVIVENT-ILS? 7:30 P.M.


(LUCCA/TOURS)

TUESDAY, AUGUST 2

POLYMNIA ATHANASSIADI POLYTHEISTIC CULT AND MONOTHEISTIC THEOLOGY 9:30 A.M.


(ATHENS) IN THE WORLD OF LATE ANTIQUITY

WORKSHOP 4:00 P.M.


CHAIR: ALEXANDER THUMFART (ERFURT)
PRESENTATION: PHILIPPE POIRIER (LUXEMBOURG):
DIEU: OBJET CONSTITUTIONNEL EN EUROPE
DISCUSSANTS: HANS-JÖRG SIGWART (ERLANGEN)
KARINA LAVAGNA (PAVIA/GENOVA)

WEDNESDAY, AUGUST 3

Gita sul lago – dei, acqua, e poesia 2:00 P.M.


THURSDAY, AUGUST 4

GABRIELE DE ANGELIS MONOTEISMO E POLITEISMO NEL DIBATTITO SOCIOLOGICO 9:30 A.M.


(PISA)

AARON POWELL GOD OR GODS? BUDDHAS, BODDHISATTVAS


(LONDON) AND THE BUDDHA-NATURE IN CHINESE BUDDHISM 11:00 A.M.

WORKSHOP 4:00 P.M.


CHAIR: ARPAD SZAKOLCZAI (CORK)
PRESENTATION: CHRISTOPH EGGER (WIEN):
DEMOGORGON – CHRISTLICHER GOTT UND
HEIDNISCHE GÖTTER IM MITTELALTER
DISCUSSANTS: CAROLINE TOLTON (CHICAGO)
LENA HENNINGSEN (HEIDELBERG)
JÖRG KOHR (ERLANGEN)

FRIDAY, AUGUST 5

BURKHARD GLADIGOW WIEVIELE GÖTTER BRAUCHT DER MENSCH? 9:30 A.M.


(TÜBINGEN) GESCHICHTE DER ERWARTUNGEN AN GÖTTER

ANTONIO PANAINO AHURA MAZDÂ TRA BAGA E YAZATA. LA RELIGIONE MAZDAICA 7:30 P.M.
(BOLOGNA/RAVENNA) COME FORMA PARTICOLARE DI MONOTEISMO

SATURDAY, AUGUST 6

WORKSHOP 9:30 A.M.


CHAIR: THERESIA RITTER (ERLANGEN)
PRESENTATION: KARL-HEINZ NUSSER (AUGSBURG):
PLATO ON „GOD OR GODS?“
DISCUSSANTS: JULIA EVA WANNENMACHER (BERLIN)
GIUSEPPE D’ANNA (NAPOLI)

TILO SCHABERT IN THE FADING OF DIVINE VOICES: 7:30 P.M.


(NÜRNBERG) THE SONG OF ERANOS

Sintesi dei lavori e ... un cordiale arrivederci 8:30 P.M.

SUNDAY, AUGUST 7

Abreise - Départ - Partenza - Departure


ERANOS 2005

Die Tagungsgebühr beträgt Sfr. 150,00 (Studenten Sfr. 75,00). Einzelvorträge: Sfr. 30,00 (Studenten Sfr.
15,00). Auskünfte über Pensionen und Privatzimmer: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3 CH-6600
Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch.
Studenten: Unterkunft im Doppelzimmer zu Sfr 48,00 (Übernachtung mit Halbpension, Steuer inclusive)
im Collegio Papio, Ascona. Anmeldung über Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg;
e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

La tassa di partecipazione è di Sfr. 150,00 (Studenti Sfr. 75,00). Conferenza singola: Sfr. 30,00
(Studenti Sfr. 15,00). Informazioni su pensioni e camere private: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini
CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Studenti: Alloggio a Sfr. 48,00 (pernottamento in camera doppia/mezza
pensione, IVA inclusa) al Collegio Papio, Ascona. Prenotazione presso Matthias Riedl, Regensburger Str.
160, D-90478 Nürnberg, Germania; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Inscription: Sfr. 150,00 (Etudiants Sfr. 75,00). Conférence particulière: Sfr. 30,00 (Etudiants Sfr. 15,00).
Informations sur pensions et chambres d`hôtes: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3 CH-6600
Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch.
Etudiants: Logement (avec demi-pension en chambre double, impôt inclus) Sfr. 48,00 au Collegio Papio,
Ascona. Réservation par Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Allemagne; e-mail:
msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Conference fee Sfr.: 150,00 (Students Sfr. 75,00). Fee for one lecture: Sfr. 30,00 (Students Sfr. 15,00).
Information on `bed and breakfeast´: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3, CH-6600 Locarno, Tel.
0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch. Students:
Lodging (in double rooms with half board, including tax) at Sfr. 48,00 in the Collegio Papio, Ascona.
Reservation by Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Germany; e-mail:
msriedl@ewf.uni-erlangen.de

All inquiries: Claudia Respini, Ente turistico Lago Maggiore, CH - 6600 Locarno.
Tel.: 0041-91-756 61 38, Fax: 0041-91-751 90 70, e-mail: info@eranos.org /

Eranos website: www.eranos.org


ERANOS TAGUNG
ERANOS CONFERENCE
SESSION D'ERANOS
CONVEGNO DI ERANOS

2006

8 – 14 VIII
ASCONA / TICINO

PROGRAMM
PROGRAM
PROGRAMME
PROGRAMMA
ERANOS 2006

August 8 – 14 COLLEGIO PAPIO, ASCONA

DIE STADT: ACHSE UND ZENTRUM DER WELT


THE CITY: AXIS AND CENTRE OF THE WORLD
LA VILLE: AXE ET CENTRE DU MONDE
LA CITTÀ: ASSE E CENTRO DEL MONDO

TUESDAY, AUG 8

TILO SCHABERT Saluto inaugurale 7:30 p.m.


(MÜNCHEN)

MATTHIAS RIEDL INTRODUCTION 8:00 p.m.


(NÜRNBERG)

WEDNESDAY, AUGUST 9

ALESSANDRO SCAFI THE IDEAL CITY IN THE RENAISSANCE: A SECULAR PARADISE 10:00 a.m.
(BOLOGNA/ROMA)

LESUNG: DIE STADT IN DER LITERATUR


THE CITY IN LITERATURE: READINGS FROM SELECTED TEXTS 7:30 p.m.

THURSDAY, AUGUST 10

CHRISTOPH SCHUMANN DIE NAHÖSTLICHE STADT IM SCHNITTPUNKT


(ERLANGEN) ZWISCHEN ERINNERUNG UND ERWARTUNG 10:00 a.m.

Workshop 4:00 p.m.

STEVEN F. MCGUIRE PHILOSOPHY, THE MYSTERIES AND THE MYTHOLOGICAL


(WASHINGTON D.C.) ORDER OF THE CITY IN PLATO 7:30 p.m.
FRIDAY, AUGUST 11

DIETER FUCHS SOCRATIC ARCHETYPES OF METROPOLITAN DISCOURSE


(WIEN) IN JAMES JOYCE'S ULYSSES 10:00 a.m.

Gita sul lago – La città raccontata 2:00 p.m.

SATURDAY, AUGUST 12

CHLOÉ RAGAZZOLI A TALE OF TWO CITIES: SEMIOTIQUE DE LA VILLE EN ÉGYPTE


(PARIS) À TRAVERS SES REPRESENTATIONS 10:00 a.m.

Workshop 4:00 p.m.

PRESENTATION:
MIHAIL NEAMTU (BUCHAREST):
EKKLESIA BETWEEN THE CITY AND THE WASTELAND IN CHRISTIAN EGYPT

SUNDAY, AUGUST 13

HÅKAN FORSELL THE MODERN CITY IN PEDAGOGY:


(STOCKHOLM) AN AMBIGUOUS CURRICULUM 10:00 a.m.

Workshop 7:30 p.m.

Sintesi dei lavori e ... un cordiale arrivederci 9:00 p.m.

MONDAY, AUGUST 14

Abreise - Départ - Partenza - Departure


ERANOS 2006

Die Tagungsgebühr beträgt Sfr. 120,00 (Studenten Sfr. 60,00). Einzelvorträge: Sfr. 30,00 (Studenten Sfr.
15,00). Auskünfte über Pensionen und Privatzimmer: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3 CH-6600
Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch.
Studenten: Unterkunft im Doppelzimmer zu Sfr 48,00 (Übernachtung mit Halbpension, Steuer inclusive)
im Collegio Papio, Ascona. Anmeldung über Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg;
e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

La tassa di partecipazione è di Sfr. 120,00 (Studenti Sfr. 60,00). Conferenza singola: Sfr. 30,00
(Studenti Sfr. 15,00). Informazioni su pensioni e camere private: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini
CH-6600 Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail:
claudia.respini@maggiore.ch. Studenti: Alloggio a Sfr. 48,00 (pernottamento in camera doppia/mezza
pensione, IVA inclusa) al Collegio Papio, Ascona. Prenotazione presso Matthias Riedl, Regensburger Str.
160, D-90478 Nürnberg, Germania; e-mail: msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Inscription: Sfr. 120,00 (Etudiants Sfr. 60,00). Conférence particulière: Sfr. 30,00 (Etudiants Sfr. 15,00).
Informations sur pensions et chambres d`hôtes: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3 CH-6600
Locarno, Tel. 0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch.
Etudiants: Logement (avec demi-pension en chambre double, impôt inclus) Sfr. 48,00 au Collegio Papio,
Ascona. Réservation par Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Allemagne; e-mail:
msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Conference fee Sfr.: 120,00 (Students Sfr. 60,00). Fee for one lecture: Sfr. 30,00 (Students Sfr. 15,00).
Information on `bed and breakfeast´: Ente turistico Lago Maggiore, Via Luini 3, CH-6600 Locarno, Tel.
0041 (0) 91 791 00 91, Fax 0041 (0) 91 785 19 41, e-mail: claudia.respini@maggiore.ch. Students:
Lodging (in double rooms with half board, including tax) at Sfr. 48,00 in the Collegio Papio, Ascona.
Reservation by Matthias Riedl, Regensburger Str. 160, D-90478 Nürnberg, Germany; e-mail:
msriedl@ewf.uni-erlangen.de

Eranos website: www.eranos.org

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