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Para o abortista, a condição de “ser humano” não é uma qualidade inata definidora dos membros da

espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos
que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um
consenso social, não a natureza das coisas.

O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os
abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral
mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta
seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás,
de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma
convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de
homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do
momento, pareça inconveniente.

Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à
inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho,
de coisa ou de pedaço de coisa.

Outro ponto do utilitarismo, é a consideração do outro. Enquanto que Kant propõe que consideremos o
outro em si mesmo, ou seja, enquanto ser humano, Mill propõe que consideremos o outro segundo sua
utilidade. Assim, o “amontoado de células”, não tendo serventia alguma, pode facilmente ser descartado
caso seu descarte resulte na promoção do bem comum.

Alegar que um feto em determinado período não é um ser humano por não reunir características
fisionômicas e biológicas identificáveis comum a todos os seres já nascidos e formados é uma completa
desonestidade além de expressar o esforço gigantesco de tentar provar algo na contra mão das
evidências, posto que um ser humano em formação é um ser humano em formação.

numa discussão filosófica sobre ética é importante saber até onde nos
levam as premissas que autorizam esta ou aquela legislação
específica.

O primeiro ensaio é, porventura, o mais conhecido de todos. É a


defesa do aborto feita em 1970 por Judith Jarvis Thomson e quase
todos os outros textos de alguma forma se lhe referem. Este texto
parte de um princípio — é impossível estabelecer uma linha divisória
clara no processo de desenvolvimento do feto e do recém-nascido que
separe a vida da não-vida ou, se preferirmos, a vida humana da não-
vida humana — e desenvolve o seu argumento em torno do conflito
entre dois direitos: o direito à vida da mãe e o direito à vida do feto. A
autora procura, através do estabelecimento de paralelismos, mostrar-
nos que existem circunstâncias em que não se pode exigir à mãe que
sustente a vida do feto pois isso representaria uma restrição do seu
direito à vida que não lhe pode ser moralmente imposta. Os exemplos
desenvolvidos levar-nos-iam a aceitar sem problemas a interrupção da
gravidez em casos especiais que não andarão muito longe dos já
previstos na lei portuguesa, com a diferença do julgamento pertencer
apenas à mulher.

Michael Tooley vai mais longe. Reconhecendo também que a biologia


não permite dividir com clareza a vida da não-vida, procura encontrar
um critério para definir o momento em que um ser vivo pode ser
considerado um ser humano. Não segue por isso as linhas divisórias
habituais — o momento da concepção; o momento em que o zigoto
não pode dividir-se ou fundir-se com outro; a existência de ondas
cerebrais; a viabilidade de sobrevivência fora do útero e ainda o
momento do nascimento — e estabelece um novo patamar: o
momento em que o indivíduo se torna consciente de si e racional. Esta
definição de condição humana tem um corolário, que o autor aceita e
defende: a consciência de si só se forma depois do nascimento, pelo
que se o aborto é moral, o infanticídio também é moral.

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