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espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos
que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um
consenso social, não a natureza das coisas.
O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os
abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral
mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta
seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás,
de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma
convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de
homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do
momento, pareça inconveniente.
Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à
inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho,
de coisa ou de pedaço de coisa.
Outro ponto do utilitarismo, é a consideração do outro. Enquanto que Kant propõe que consideremos o
outro em si mesmo, ou seja, enquanto ser humano, Mill propõe que consideremos o outro segundo sua
utilidade. Assim, o “amontoado de células”, não tendo serventia alguma, pode facilmente ser descartado
caso seu descarte resulte na promoção do bem comum.
Alegar que um feto em determinado período não é um ser humano por não reunir características
fisionômicas e biológicas identificáveis comum a todos os seres já nascidos e formados é uma completa
desonestidade além de expressar o esforço gigantesco de tentar provar algo na contra mão das
evidências, posto que um ser humano em formação é um ser humano em formação.
numa discussão filosófica sobre ética é importante saber até onde nos
levam as premissas que autorizam esta ou aquela legislação
específica.