Vous êtes sur la page 1sur 2

Envelhescência

Gabriel Aleksander de Moura Sousai

“Envelhescência” é um documentário dirigido por Gabriel Martinez que


visa abordar o processo de envelhecimento por um prisma que se distancia dos
mitos que são alimentados constantemente acerca da velhice, e levou dois
anos e meio para ser concluído. No documentário somos apresentados a um
grupo de seis idosos que rompem com a barreira da idade e vivem suas vidas
fora dos estereótipos que a eles são impostos.

Praticar esportes, surfar, fazer tatuagens e ser livre sexualmente, nada


disso é impossível para esses idosos que se arriscam a demonstrar à
sociedade uma nova visão acerca da velhice e dos tabus que rodeiam esse
período da vida. E a partir do desejo de utilizar esses exemplos para
empoderar um número maior de idosos que, por vezes encontram-se presos as
tais estigmas, o documentário se estabelece e consagra.

Ao trabalhar a velhice como um processo natural e único de cada


individuo, levando em conta as diferenças de gênero e as condições
ambientais que essas pessoas viveram, o documentário traz a concepção de
que envelhecer é plural e que reduzir essas pessoas a uma esfera de
processos pré-determinados é uma violação que resulta em prejuízos ao
individuo que torna-se assujeitado àquilo que lhes é imposto.

É importante que diante do acelerado crescimento de idosos no Brasil,


sejam desenvolvidas ações sociais e produções como o documentário em
questão, que visem trabalhar as particularidades desses indivíduos, que
constituem um grupo heterogêneo e multifacetado. A promoção da saúde
mental junto com os idosos deve ser pensada de forma ampla e inclusiva, pois,
dentre eles são apresentas inúmeras variáveis em torno do desenvolvimento
biológico e psicossocial individual.

A velhice sempre relacionada com o estigma de doença ganha uma


nova cara ao ser apresentada pela ótica da possibilidade. Possibilidade de se
desconstruir e se reconstruir em cima de uma experiência de vida que apenas
serve para potencializar a vida. Essa concepção colocada como ponto principal
do longa atribui aos idosos uma nova perspectiva em torno de seus corpos e
potencialidades, não necessariamente apresentando uma vida utópica sem
limitações, mas consolidando a visão das possibilidades.

Muito se é dito sobre parecer mais jovem através de ilusões criadas pela
medicina, mas nada se é discutido sobre as problemáticas aí incutidas, pois, é
através da eterna busca pelo elixir da juventude e a fuga desenfreada do
envelhecimento que os idosos passam cada vez mais a se tornarem
negligenciados e invisíveis.

A problemática aí presente é a exclusão dos prazeres presentes na vida


idosa, como as realizações de sonhos antigos e a liberdade de fazer o que lhe
é desejado, como trazido na fala de Mirian Goldenberg, doutora em
Antropologia Social e professora em Sociologia e Antropologia do Instituto de
Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(IFCS/UFRJ) e participante do longa. Conhecer mais sobre esse processo que
a cada vez torna-se mais comum em nossa sociedade é um privilégio fornecido
pelo documentário de maneira expositiva e livre de pieguices que torna a
experiência muito mais verossímil e aproxima o espectador daquilo que lhe é
mostrado, facilitando o processo empático.

Em seu primeiro trabalho o diretor trata com irreverência e com doses de


humor um período da vida que vulgarmente é tratado com um cunho negativo
onde a única perspectiva presente é a morte. Dentre esses e outro pré-
conceitos estabelecidos historicamente estão a história de seis pessoas
selecionadas estrategicamente para demonstrar um processo de senescência
diferenciado e assim inspirar os atuais e futuros idosos.

i
Acadêmico do curso de Bacharelado em Psicologia, 5° período, Universidade Federal do Piauí- UFPI,
Campus Ministro Reis Velloso - Parnaíba.

Vous aimerez peut-être aussi