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GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA: análise de processos de gestão

escolar a partir de experiências de estágio no âmbito do


PPGEA/UFRRJ

Inglida Cristina Trindade Teodoro Ribeiro1


Ligia Moura Silva2
Tatiana Henrique Brives de Oliveira3
Tatiana Silva de Lima Soares4

RESUMO
Este artigo busca abordar a temática da gestão democrática nas escolas, tendo como
locais de observação escolas públicas e privadas no estado do Rio de Janeiro nas quais
foram realizados estágios vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação
Agrícola da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro–PPGEA/UFRRJ. A partir
das vivências, percebemos exemplos de gestão democrática e não-democrática, em
espaços formais e não formais de ensino e estratégias de gestão com foco no transporte
e merenda escolar, bem como espaços representativos da gestão democrática, tais como
o conselho escolar. A análise desta temática tem por objetivo abordar diversos aspectos
referentes à gestão nos estabelecimentos de ensino, a partir de experiências vivenciadas
no âmbito dos estágios realizados. Como resultados apresentaremos no artigo nossas
considerações acerca da gestão democrática escolar em seus diversos âmbitos de
atuação e as experiências identificadas nos estágios, bem como as possibilidades de
intervenção na realidade observada, através de estratégias aplicadas e das especificidades
de cada contexto educacional.

Palavras-chave: gestão democrática. Gestão escolar. Estágio.

SCHOOL DEMOCRATIC MANAGEMENT: analysis of school


management processes based on PPGEA/UFRRJ internship
experiences

ABSTRACT
This paper intends to address the topic of school democratic management, using
public and private schools from Rio de Janeiro State as observation loci, whereas
internships related to the Post-Graduate Program of Agricultural Education from
Rural Federal University of Rio de Janeiro - PPGEA/UFRRJ - were carried out.

1
Licenciada em Ciências Biológicas pelo CEDERJ/UENF, Pós Graduação em Gestão em Saúde Pública pela
UFF, Mestranda em Educação Agrícola pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ.
Atua como professora de Biologia na Secretaria Estadual de Educação. É tutora à distância das Disciplinas
Pedagógicas do CEDERJ. E-mail: incri2006@yahoo.com.br
2 Licenciada em Economia Doméstica e Pedagogia pela UFRRJ, Mestranda em Educação Agrícola pelo

Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ. Bolsista Capes. E-mail:


ligiamouraufrrj@gmail.com
3
Licenciada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós-Graduada em Educação Especial pela
UNIRIO, Mestranda em Educação Agrícola pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ.
Atua como docente na Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro - FAETEC. E-mail:
tbrives@hotmail.com
4
Licenciada em Letras (Português e Espanhol) pela Faculdade de Filosofia de Campo Grande (FEUC), pós-
graduada em Educação de Jovens e Adultos pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ), Mestranda em
Educação Agrícola pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ. Atua como professora
de Língua Portuguesa na Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. E-mail: tatilimarj@hotmail.com

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From those experiences we gathered democratic and no-democratic management
examples, at formal and no-formal teaching spaces, and management strategies
focused on school transport and meal activities, as also in democratic management
representative spaces, as the school council. This thematic analysis aims to address
several issues related to educational establishment management from experiences
within the carried internship framework. As results this paper presents our
considerations about democratic school management in diverse acting scopes and
the experiences identified at the internships, as also about any intercession
possibility at the observed reality through applied strategies and from each
educational context specificities.

Keywords: democratic management. School management. Internship.

INTRODUÇÃO

A gestão democrática da escola implica a participação ativa de gestores,


professores e vários outros segmentos da comunidade escolar em todos os aspectos
da sua organização. Esta participação incide diretamente nas mais diferentes etapas
da gestão escolar (planejamento, implementação e avaliação), significando que a
gestão democrática interfere não somente na esfera administrativa de uma unidade
escolar, mas também na esfera pedagógica.
A Constituição Federal de 1988 destaca a gestão democrática como um dos
princípios para a educação brasileira, sendo regulamentada por leis complementares
como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional da
Educação. A democratização da gestão escolar é condição fundamental para a
qualidade e efetividade da educação, na medida em que possibilita a criação de
vínculos entre escola e comunidade, sempre juntos na estruturação de melhores
formas de ensino-aprendizagem com trocas entre escola, família e sociedade em que
estão inseridos.
Esta pesquisa foi resultado das experiências vivenciadas no estágio em gestão
escolar realizado pelas autoras, como componente curricular do Mestrado em
Educação Agrícola, do Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-PPGEA- UFRRJ. As escolas escolhidas
para o estágio foram da esfera pública e privada de ensino, sendo observada a gestão
das mesmas. Desta maneira, nossas observações contemplaram contextos distintos e
experiências singulares na gestão, tendo exemplos de gestão democrática e não-

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democrática, em espaços formais e não formais de ensino e estratégias de gestão com
foco no transporte e merenda escolar.
Para obtenção dos dados da pesquisa foram coletadas informações mediante
entrevistas com a comunidade escolar (professores, gestores, alunos, pais, vizinhos,
funcionários) com objetivo de saber como cada um que compõe a estrutura
democrática da escola percebe o processo de gestão democrática do ambiente
analisado. As respostas e as observações culminaram nas análises abaixo discutidas e
o estágio contribuiu significativamente para a construção de uma visão sobre a gestão
democrática em ambientes educativos. A seguir apresentaremos considerações sobre
cada um dos estágios e suas especificidades.

A ESCOLA E A GESTÃO DO TRANSPORTE E A MERENDA ESCOLAR

A primeira escola a ser apresentada está situada no município de Japeri. No


período do estágio, realizado no ano de 2016, a rede de ensino do município em
questão passava por diversos cortes de despesa, e o transporte escolar e a merenda
tiveram a mesma situação. Assim, para tentar se adaptar a essa nova configuração, a
direção da escola pesquisada, que fica localizada em uma área rural, tomou medidas
que visavam a solucionar essa situação.
Na tentativa de não interromper o ano letivo, cuja possibilidade foi levantada
por alguns pais, foi realizada uma reunião com os responsáveis. Durante a reunião
muitos pais seguiam firme com a possibilidade de interromper o ano letivo, pois, de
acordo com eles não havia recursos para prosseguir com as aulas, devido às questões
financeiras. Os pais passavam por dificuldades para levar os filhos à escola visto que o
fluxo de transporte coletivo não oferece muitas opções na região, há falta de
regularidade e somente uma linha de ônibus com intervalos grandes. A falta da
merenda também foi um fator agravante. Havia o problema de alguns pais
desempregados e que não tinham condições para pagar a passagem de ida e volta, e
muito menos dinheiro para fornecer a merenda. Por outro lado, havia a preocupação
em deixar de levar seus filhos na escola, e ter como consequência a perda do ano
letivo.
A organização de uma unidade escolar não é composta somente pelos
profissionais que fazem parte do quadro desta escola. Ela é estendida à sociedade
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como um todo, desde funcionários, alunos, pais e a comunidade local. Assim todos
têm a oportunidade de atuarem nas decisões que visem às melhorias da escola de
forma integral, desde os recursos financeiros, os investimentos, os planejamentos e a
avaliação escolar. Esse é o princípio da gestão democrática, a atuação de todos de
forma autônoma, para que juntos atinjam os mesmos objetivos. (SOUSA, et al. 2014).
De acordo com Campos e Zuanon (2004), as crianças dividem seu tempo entre
a escola e sua casa sendo a escola o local em que não só passam a maior parte do dia,
mas também da sua infância e adolescência. Esse contato está atrelado à formação
inicial das crianças, e à sua constituição como cidadão formador de opiniões. Assim as
unidades escolares da qual faz parte o quadro de profissionais com o apoio da
comunidade do entorno e dos governantes locais, deveriam incluir programas que
visem ao bem estar, a segurança e a saúde dos alunos, contemplando uma
alimentação saudável e um transporte que facilite não somente o acesso dessa
criança, mas também a segurança.
O direito de acesso da criança e do adolescente a uma unidade escolar é
garantido por lei, e juntamente com o acesso existem outros parâmetros que regulam
a permanência do aluno na unidade escolar. A forma como este aluno irá chegar até a
unidade escolar, deve ser organizado por cada gestor local. Nos grandes centros
urbanos os alunos realizam essa mobilidade através de passes escolares; porém, em
áreas rurais o acesso é mais dificultado, pois existem poucas escolas nesta área e os
ônibus não circulam com frequência. Assim, os gestores municipais providenciam
transporte escolar para realizar o deslocamento dos alunos, o que em muitas
situações são transportes bastante precários, que circulam por estradas mais
precárias ainda (SILVA, 2009).
No Brasil existem programas voltados para a implantação do transporte e da
merenda escolar, que são, respectivamente, o Programa Nacional de Transporte
Escolar (PNTE), o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE) lei
nº10. 880, de 09 de junho de 2004, ambos sob a coordenação do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) implantado desde 1955, também sob a coordenação do FNDE.
O PNTE e o PNATE são destinados aos jovens estudantes do ensino
fundamental das escolas públicas, que residem em áreas rurais, sendo um auxílio

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financeiro realizado de forma suplementar e que se estende no nível estadual, federal
e municipal (SILVA, 2009). No entanto, a importância desses programas não impediu
que eles fossem interrompidos na escola pesquisada. A luta da educação em áreas no
campo passa por desafios há décadas, são altos índices de analfabetismo, o abandono
marca essa relação educação/campo, que é associada à regressão do progresso.
(DAMASCENO & BESERRA, 2004).
Apesar de todo o transtorno causado pela falta de merenda, de transporte, da
distância da escola, a maioria dos pais não só permaneceu com seus filhos na escola,
como renovou a matrícula. E o motivo dessa permanência é devido ao perfil da escola
e dos funcionários: os pais sentem segurança e confiam nos funcionários, por isso
preferem enfrentar todo esse contratempo, a ter que se arriscar e colocá-los em uma
escola, onde eles não teriam essa segurança, ainda que essa área seja próxima a uma
área de conflito de organizações criminosas.
Mesmo diante desse contexto de dificuldades econômica, em que os
governantes entregaram o destino dos alunos à própria sorte, a direção da escola, o
corpo docente, junto com os pais dos alunos, permaneceram firmes, e não desistiram
do propósito de dar continuidade ao ano letivo, mostrando o esforço, a colaboração e
a união dessa equipe e permitindo o acesso à educação desses alunos.

PRINCÍPIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA OBSERVADAS E DISCUTIDAS EM UMA


ESCOLA DA REDE PRIVADA

A segunda escola alvo das observações do estágio pertence à rede de ensino


privada e está localizada no município de Seropédica. Percebeu-se que nesse
ambiente alguns princípios e formas de organização distintos de um ideal de gestão
democrática.
Assim, identificamos a necessidade de algumas modificações para que a escola
se adequasse à um contexto de gestão democrática. O primeiro fator seria a
descentralização, aspecto no qual a administração, as decisões e as ações devem ser
elaboradas e executadas de forma não hierarquizada.
Nesse sentido, a escola não pode entender que o gestor administre de forma
pessoal o ambiente escolar, o que foi verificado durante o estágio. Para uma gestão
democrática, todas as decisões deverão ser discutidas em prol de melhoria do

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conjunto e não de um grupo específico ou por uma visão de gestor. A descentralização
é a distribuição de tarefas, afazeres e dinâmicas que devem envolver o grupo escolar.
A participação também é um ponto importante nesse contexto, para isto
devem participar todos os envolvidos no cotidiano escolar, desde direção e
professores, até alunos e comunidade do entorno da escola. Todos devem colaborar
para o processo educativo, seja no âmbito pedagógico como no âmbito burocrático.
Toda atividade da escola deve ser de conhecimento coletivo e sempre aberta ao
público. Incentivar a participação de todos é um dever da gestão democrática.
Além disso, as decisões e ações tomadas ou implantadas na escola têm que ser
de conhecimento de todos, demonstrando transparência nos processos decisórios.
Nenhum tipo de decisão pode ficar a cargo de um grupo ou de gestores, apenas.
Mesmo que seja uma decisão burocrática, deverá a comunidade escolar participar
ativamente de tais decisões.
A gestão de uma escola democrática não deve ser feita apenas pelo diretor,
mas uma tomada de decisões coletiva e acertada em conselhos (Bozlae Brun, 2016).
Algumas estratégias criadas pelo governo fazem parte da gestão democrática da
escola: Associação de Apoio à Escola – AAE, instituída pela Lei 3.067/98, que dá
autonomia para que as escolas invistam em necessidades específicas de suas
Unidades Escolares, com decisões coletivas da comunidade; Conselho Escolar, criado
pelo Decreto 44.773/14, com funções de consultar, fiscalizar e gerir os recursos
financeiros repassados para as unidades escolares; Grêmio Estudantil, criado pela Lei
1.949/92, representando os interesses dos alunos e sendo útil no diálogo entre
gestores e estudantes; Projeto Político Pedagógico – PPP, o documento maior da
escola em que deve constar todos os objetivos educacionais que envolvem a
comunidade escolar.
Todas estas estratégias citadas têm um objetivo maior de democratizar o
ensino e torná-lo mais coletivo e de interesses peculiares, característico de várias
comunidades em que a escola está inserida.

A GESTÃO DEMOCRÁTICA E O CONSELHO ESCOLAR

O Conselho Escolar é um órgão colegiado constituído por representantes de


pais, professores, alunos e funcionários da comunidade escolar. Cabe aos conselheiros

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as prerrogativas de caráter consultivo, deliberativo, mobilizador e fiscalizador,
atuando na escola em prol das melhorias para a comunidade escolar. Na terceira
escola pesquisada, localizada no município de Magé, havia um Conselho Escolar
constituido e atuante. Podemos avaliar a importância deste órgão colegiado na
proposta de benefícios e soluções para impasses da unidade escolar, atuando de
maneira deliberativa também no que se trata dos recursos financeiros a serem
disponibilizados para fins diversos envolvendo a escola.
O Conselho Escolar da escola observada é formado por representantes dos
professores, pais, alunos e um membro da direção, que assume a função de
presidente do Conselho e seu membro nato. Para sua constituição, os conselheiros
foram submetidos à eleição pela comunidade escolar e escolhidos entre seus pares
para representar os segmentos. Exercem o cargo por dois anos, após os quais é
organizado novo pleito para escolha dos representantes. As reuniões são organizadas
mensalmente e divulgadas em calendário definido pela escola.
Identificamos exemplos de gestão democrática neste ambiente. As percepções
dos professores, funcionários, diretores e pais na escola, apesar de distintas e
diretamente ligadas às suas atribuições, tendem a considerar o coletivo, as
necessidades do grupo quando pensadas através do conselho escolar. Tal situação é
interessante, visto que vai além da perspectiva do professor direcionando-se somente
para a atuação em sala de aula e para além da sua rotina de lecionar, tomando forma e
avaliando-se outros pontos que nem sempre estão presentes no seu cotidiano, tais
como o envolvimento com a gestão administrativa, gestão do patrimônio, entre
outros, neste ponto garantindo ao docente perceber-se como parte daquela estrutura
organizacional.
Outro ponto favorável é a ampliação do diálogo com os responsáveis pelos
alunos, de forma que lhes são apresentadas as questões da escola e a proposta de
resolução é uma decisão coletiva, que também tem a participação dos pais neste
processo. O diretor/gestor interage com os demais segmentos, norteando as ações
administrativas e ouvindo as sugestões e propostas do coletivo, gestão dos recursos e
materiais, gestão de pessoas, resultados da escola, dentre outros. Diante destes
aspectos, percebemos que existe neste espaço uma cultura organizacional que conta

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com a participação de cada indivíduo exercendo seu papel em prol da comunidade e
favorecendo uma gestão democrática.

OBSERVANDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA EM UM ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO


FORMAL

O presente relato nos fala sobre uma observação feita em uma Sala
Verde/CISA (Centro de Integração Socioambiental) que fica localizada em uma escola
municipal na cidade de Seropédica. As Salas Verdes são espaços criados pelo
Ministério do Meio Ambiente com o intuito de disseminar a educação ambiental
através desses espaços interativos de educação, informação e ações socioambientais.
Buscam sempre refletir e construir pensamentos e ações ambientais que
proporcionem uma maior participação de vários segmentos da sociedade na gestão
ambiental, contribuindo dessa forma para o enraizamento da Educação Ambiental no
país.
Espaço de educação não formal, segundo Jacobucci (2008), é todo local onde
ocorre uma prática educativa. As Salas Verdes se configuram então como um espaço
não formal institucionalizado, já que dispõem de planejamento, estrutura física e
mediadores que contribuem para a prática educativa. Buscamos observar durante o
estágio como ocorre a articulação entre os envolvidos, se no espaço realmente se
realiza uma gestão democrática, prática esta tão ligada aos princípios que uma
Educação Ambiental como esta se propõe a fazer.
Pensar a Educação Ambiental nos processos de gestão é fazer uma reflexão
crítica sobre os rumos que estão sendo tomados no processo de desenvolvimento,
não só do país, mas também em nível mundial. Deve-se pensar a mediação dos
conflitos ambientais e propostas que visem à sustentabilidade democrática,
demonstrada por agentes sociais que buscam um padrão na sociedade que difere do
padrão atual (LOUREIRO, 2004).
Segundo Loureiro (2004), o conceito de Educação Ambiental crítica e
emancipatória deve estar atrelado ao princípio de construção de processo
democrático e autônomo, no qual os sujeitos são entendidos como indivíduos
historicamente determinados, e que através de suas ações sociais e políticas buscam
uma transformação na sociedade.

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A Sala Verde/CISA funciona em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa
em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS), e busca através
de suas ações promover uma educação ambiental crítica e emancipatória. Para que os
objetivos sejam atendidos é de suma importância contar com um processo de gestão
democrática, uma vez este busca a autonomia da unidade a qual está inserida e a
participação efetiva de todos os envolvidos nos processos de tomada de decisão.
Durante a o estágio foram observadas algumas práticas que apontavam para
um espaço que realiza a gestão democrática. Identificamos que a coordenadora do
espaço descentraliza de forma eficaz as suas ações, dando espaço para todos os
integrantes levarem as suas propostas de trabalho, deixando em aberto o caminho
para o diálogo e onde todas as decisões são definidas pelo grupo. Cabendo-lhe o papel
de mediadora, estimula sempre o trabalho em equipe e a escuta das crianças, visto
que são consultadas e avaliadas as suas propostas para a elaboração das atividades. A
interação entre a Sala Verde e o local no qual está inserida se dá de forma aberta e
dinâmica, proporcionando um ambiente de cooperação e respeito entre os espaços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou apresentar nossas análises acerca da Gestão democrática


escolar em seus diversos âmbitos de atuação e as considerações a respeito das
experiências identificadas nos estágios, bem como as possibilidades de intervenção
na realidade observada, através de estratégias aplicadas e das especificidades de cada
contexto educacional.
Com o estágio em gestão escolar, pudemos observar como a democratização
do ensino proporciona uma visão geral do funcionamento de uma escola, como esta
passa por dificuldades quando não aplica alguns conceitos e estratégias no seu dia a
dia, inibindo o sucesso coletivo que poderia gerar melhores resultados nos objetivos
traçados pelas escolas em seus Projetos Políticos Pedagógicos. Cabe à comunidade
escolar apontar possíveis pontos críticos do processo e também as áreas que mais
necessitam de atenção da gestão escolar e tentar encontrar soluções para apresentar
à escola parceira. Tal como foi perceptível em uma das escolas alvo dos estágios,
muitas atividades administrativas foram apenas desenvolvidas pelos diretores, o que
por si só fere o princípio de democratização da escola.
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Nossa colaboração como estagiários nos diversos contextos educacionais
observados foram propostos em diversas ações dentro das escolas, tais como a
sugestão de realização de reuniões com professores, funcionários e direção na escola
em que não havia características de uma gestão democrática. Tal ação visava
contribuir para que todos participem das tomadas de decisões da escola e delas façam
parte com maior empenho, pois assim tomam para si a responsabilidade que também
lhes cabe. O diálogo entre as partes envolvidas no processo escolar faz toda diferença
e não pode ser visto como papel apenas de um ou de outro, mas um papel coletivo.
A experiência relatada em um espaço de educação não formal nos trouxe uma
reflexão acerca de como funciona um processo democrático em um espaço de
educação diferenciado, se comparado ao espaço de educação formal, onde cada um
tem o seu papel bem definido, o que não leva a crer que esses papéis são bem
executados. Observamos que nesse espaço existe uma coerência entre o que se é
proposto a realizar e o que é realizado. E que em um ambiente onde todos são
ouvidos e possuem autonomia, as atividades acontecem de forma mais transparente e
interessantes.
Diante das considerações apresentadas, analisamos que o processo de gestão
democrática em escolas públicas e privadas encontra-se em construção e
consolidação nos dias de hoje. Vivemos um momento de conflitos dentro da
conjuntura política do Brasil e ter uma escola pública que atenda aos anseios da
sociedade está longe de ser tornar uma realidade, entretanto não significa que não
seja possível. Assim como o exemplo que vivenciamos na escola em relação às
necessidades de transporte escolar e merenda para os alunos, os desafios
encontrados pelos profissionais envolvidos são muito grandes, a barreira da
desigualdade social é latente, os profissionais necessitam lutar não só pela
permanência dos alunos na escola, mas também para que eles sejam assistidos de
forma completa pelos programas implantados pelas políticas públicas.

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