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RESUMO
Este artigo busca abordar a temática da gestão democrática nas escolas, tendo como
locais de observação escolas públicas e privadas no estado do Rio de Janeiro nas quais
foram realizados estágios vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação
Agrícola da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro–PPGEA/UFRRJ. A partir
das vivências, percebemos exemplos de gestão democrática e não-democrática, em
espaços formais e não formais de ensino e estratégias de gestão com foco no transporte
e merenda escolar, bem como espaços representativos da gestão democrática, tais como
o conselho escolar. A análise desta temática tem por objetivo abordar diversos aspectos
referentes à gestão nos estabelecimentos de ensino, a partir de experiências vivenciadas
no âmbito dos estágios realizados. Como resultados apresentaremos no artigo nossas
considerações acerca da gestão democrática escolar em seus diversos âmbitos de
atuação e as experiências identificadas nos estágios, bem como as possibilidades de
intervenção na realidade observada, através de estratégias aplicadas e das especificidades
de cada contexto educacional.
ABSTRACT
This paper intends to address the topic of school democratic management, using
public and private schools from Rio de Janeiro State as observation loci, whereas
internships related to the Post-Graduate Program of Agricultural Education from
Rural Federal University of Rio de Janeiro - PPGEA/UFRRJ - were carried out.
1
Licenciada em Ciências Biológicas pelo CEDERJ/UENF, Pós Graduação em Gestão em Saúde Pública pela
UFF, Mestranda em Educação Agrícola pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ.
Atua como professora de Biologia na Secretaria Estadual de Educação. É tutora à distância das Disciplinas
Pedagógicas do CEDERJ. E-mail: incri2006@yahoo.com.br
2 Licenciada em Economia Doméstica e Pedagogia pela UFRRJ, Mestranda em Educação Agrícola pelo
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From those experiences we gathered democratic and no-democratic management
examples, at formal and no-formal teaching spaces, and management strategies
focused on school transport and meal activities, as also in democratic management
representative spaces, as the school council. This thematic analysis aims to address
several issues related to educational establishment management from experiences
within the carried internship framework. As results this paper presents our
considerations about democratic school management in diverse acting scopes and
the experiences identified at the internships, as also about any intercession
possibility at the observed reality through applied strategies and from each
educational context specificities.
INTRODUÇÃO
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democrática, em espaços formais e não formais de ensino e estratégias de gestão com
foco no transporte e merenda escolar.
Para obtenção dos dados da pesquisa foram coletadas informações mediante
entrevistas com a comunidade escolar (professores, gestores, alunos, pais, vizinhos,
funcionários) com objetivo de saber como cada um que compõe a estrutura
democrática da escola percebe o processo de gestão democrática do ambiente
analisado. As respostas e as observações culminaram nas análises abaixo discutidas e
o estágio contribuiu significativamente para a construção de uma visão sobre a gestão
democrática em ambientes educativos. A seguir apresentaremos considerações sobre
cada um dos estágios e suas especificidades.
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financeiro realizado de forma suplementar e que se estende no nível estadual, federal
e municipal (SILVA, 2009). No entanto, a importância desses programas não impediu
que eles fossem interrompidos na escola pesquisada. A luta da educação em áreas no
campo passa por desafios há décadas, são altos índices de analfabetismo, o abandono
marca essa relação educação/campo, que é associada à regressão do progresso.
(DAMASCENO & BESERRA, 2004).
Apesar de todo o transtorno causado pela falta de merenda, de transporte, da
distância da escola, a maioria dos pais não só permaneceu com seus filhos na escola,
como renovou a matrícula. E o motivo dessa permanência é devido ao perfil da escola
e dos funcionários: os pais sentem segurança e confiam nos funcionários, por isso
preferem enfrentar todo esse contratempo, a ter que se arriscar e colocá-los em uma
escola, onde eles não teriam essa segurança, ainda que essa área seja próxima a uma
área de conflito de organizações criminosas.
Mesmo diante desse contexto de dificuldades econômica, em que os
governantes entregaram o destino dos alunos à própria sorte, a direção da escola, o
corpo docente, junto com os pais dos alunos, permaneceram firmes, e não desistiram
do propósito de dar continuidade ao ano letivo, mostrando o esforço, a colaboração e
a união dessa equipe e permitindo o acesso à educação desses alunos.
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conjunto e não de um grupo específico ou por uma visão de gestor. A descentralização
é a distribuição de tarefas, afazeres e dinâmicas que devem envolver o grupo escolar.
A participação também é um ponto importante nesse contexto, para isto
devem participar todos os envolvidos no cotidiano escolar, desde direção e
professores, até alunos e comunidade do entorno da escola. Todos devem colaborar
para o processo educativo, seja no âmbito pedagógico como no âmbito burocrático.
Toda atividade da escola deve ser de conhecimento coletivo e sempre aberta ao
público. Incentivar a participação de todos é um dever da gestão democrática.
Além disso, as decisões e ações tomadas ou implantadas na escola têm que ser
de conhecimento de todos, demonstrando transparência nos processos decisórios.
Nenhum tipo de decisão pode ficar a cargo de um grupo ou de gestores, apenas.
Mesmo que seja uma decisão burocrática, deverá a comunidade escolar participar
ativamente de tais decisões.
A gestão de uma escola democrática não deve ser feita apenas pelo diretor,
mas uma tomada de decisões coletiva e acertada em conselhos (Bozlae Brun, 2016).
Algumas estratégias criadas pelo governo fazem parte da gestão democrática da
escola: Associação de Apoio à Escola – AAE, instituída pela Lei 3.067/98, que dá
autonomia para que as escolas invistam em necessidades específicas de suas
Unidades Escolares, com decisões coletivas da comunidade; Conselho Escolar, criado
pelo Decreto 44.773/14, com funções de consultar, fiscalizar e gerir os recursos
financeiros repassados para as unidades escolares; Grêmio Estudantil, criado pela Lei
1.949/92, representando os interesses dos alunos e sendo útil no diálogo entre
gestores e estudantes; Projeto Político Pedagógico – PPP, o documento maior da
escola em que deve constar todos os objetivos educacionais que envolvem a
comunidade escolar.
Todas estas estratégias citadas têm um objetivo maior de democratizar o
ensino e torná-lo mais coletivo e de interesses peculiares, característico de várias
comunidades em que a escola está inserida.
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as prerrogativas de caráter consultivo, deliberativo, mobilizador e fiscalizador,
atuando na escola em prol das melhorias para a comunidade escolar. Na terceira
escola pesquisada, localizada no município de Magé, havia um Conselho Escolar
constituido e atuante. Podemos avaliar a importância deste órgão colegiado na
proposta de benefícios e soluções para impasses da unidade escolar, atuando de
maneira deliberativa também no que se trata dos recursos financeiros a serem
disponibilizados para fins diversos envolvendo a escola.
O Conselho Escolar da escola observada é formado por representantes dos
professores, pais, alunos e um membro da direção, que assume a função de
presidente do Conselho e seu membro nato. Para sua constituição, os conselheiros
foram submetidos à eleição pela comunidade escolar e escolhidos entre seus pares
para representar os segmentos. Exercem o cargo por dois anos, após os quais é
organizado novo pleito para escolha dos representantes. As reuniões são organizadas
mensalmente e divulgadas em calendário definido pela escola.
Identificamos exemplos de gestão democrática neste ambiente. As percepções
dos professores, funcionários, diretores e pais na escola, apesar de distintas e
diretamente ligadas às suas atribuições, tendem a considerar o coletivo, as
necessidades do grupo quando pensadas através do conselho escolar. Tal situação é
interessante, visto que vai além da perspectiva do professor direcionando-se somente
para a atuação em sala de aula e para além da sua rotina de lecionar, tomando forma e
avaliando-se outros pontos que nem sempre estão presentes no seu cotidiano, tais
como o envolvimento com a gestão administrativa, gestão do patrimônio, entre
outros, neste ponto garantindo ao docente perceber-se como parte daquela estrutura
organizacional.
Outro ponto favorável é a ampliação do diálogo com os responsáveis pelos
alunos, de forma que lhes são apresentadas as questões da escola e a proposta de
resolução é uma decisão coletiva, que também tem a participação dos pais neste
processo. O diretor/gestor interage com os demais segmentos, norteando as ações
administrativas e ouvindo as sugestões e propostas do coletivo, gestão dos recursos e
materiais, gestão de pessoas, resultados da escola, dentre outros. Diante destes
aspectos, percebemos que existe neste espaço uma cultura organizacional que conta
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com a participação de cada indivíduo exercendo seu papel em prol da comunidade e
favorecendo uma gestão democrática.
O presente relato nos fala sobre uma observação feita em uma Sala
Verde/CISA (Centro de Integração Socioambiental) que fica localizada em uma escola
municipal na cidade de Seropédica. As Salas Verdes são espaços criados pelo
Ministério do Meio Ambiente com o intuito de disseminar a educação ambiental
através desses espaços interativos de educação, informação e ações socioambientais.
Buscam sempre refletir e construir pensamentos e ações ambientais que
proporcionem uma maior participação de vários segmentos da sociedade na gestão
ambiental, contribuindo dessa forma para o enraizamento da Educação Ambiental no
país.
Espaço de educação não formal, segundo Jacobucci (2008), é todo local onde
ocorre uma prática educativa. As Salas Verdes se configuram então como um espaço
não formal institucionalizado, já que dispõem de planejamento, estrutura física e
mediadores que contribuem para a prática educativa. Buscamos observar durante o
estágio como ocorre a articulação entre os envolvidos, se no espaço realmente se
realiza uma gestão democrática, prática esta tão ligada aos princípios que uma
Educação Ambiental como esta se propõe a fazer.
Pensar a Educação Ambiental nos processos de gestão é fazer uma reflexão
crítica sobre os rumos que estão sendo tomados no processo de desenvolvimento,
não só do país, mas também em nível mundial. Deve-se pensar a mediação dos
conflitos ambientais e propostas que visem à sustentabilidade democrática,
demonstrada por agentes sociais que buscam um padrão na sociedade que difere do
padrão atual (LOUREIRO, 2004).
Segundo Loureiro (2004), o conceito de Educação Ambiental crítica e
emancipatória deve estar atrelado ao princípio de construção de processo
democrático e autônomo, no qual os sujeitos são entendidos como indivíduos
historicamente determinados, e que através de suas ações sociais e políticas buscam
uma transformação na sociedade.
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A Sala Verde/CISA funciona em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa
em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS), e busca através
de suas ações promover uma educação ambiental crítica e emancipatória. Para que os
objetivos sejam atendidos é de suma importância contar com um processo de gestão
democrática, uma vez este busca a autonomia da unidade a qual está inserida e a
participação efetiva de todos os envolvidos nos processos de tomada de decisão.
Durante a o estágio foram observadas algumas práticas que apontavam para
um espaço que realiza a gestão democrática. Identificamos que a coordenadora do
espaço descentraliza de forma eficaz as suas ações, dando espaço para todos os
integrantes levarem as suas propostas de trabalho, deixando em aberto o caminho
para o diálogo e onde todas as decisões são definidas pelo grupo. Cabendo-lhe o papel
de mediadora, estimula sempre o trabalho em equipe e a escuta das crianças, visto
que são consultadas e avaliadas as suas propostas para a elaboração das atividades. A
interação entre a Sala Verde e o local no qual está inserida se dá de forma aberta e
dinâmica, proporcionando um ambiente de cooperação e respeito entre os espaços.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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