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Ana Karoline Gouveia Rafael, Janielle Marinho Silva de Araújo, Monica Andrade dos
Santos, Raquel Costa e Silva
CAMPINA GRANDE, PB
2018
INTRODUÇÃO
As AHID por sua vez (anemia hemolítica induzida por drogas) ocorrem quando há
formação de anticorpos dirigidos contra a própria droga ou contra antígenos intrínsecos às
hemácias (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2012). Alguns medicamentos como a Metildopa,
que consiste em uma das drogas mais utilizadas como anti-hipertensivos durante a gestação,
promovendo o relaxamento do músculo liso das arteríolas periféricas e a redução da
resistência vascular (FERRÃO, 2006) pode ocasionar anemia hemolítica induzida através de
mecanismos imunes ou lesão microvascular (FERREIRA, 2013).
A AHAI causada por anticorpos a frio ocorre quando os anticorpos da classe IgM
reagem melhor a frio, porque em temperaturas mais baixas os sítios antigênicos das hemácias
sofrem mudanças de conformação estrutural que os torna reativos com anticorpos IgM. A
maior ação dos auto-anticorpos com o frio faz com que as áreas mais extremas e frias do
organismo sejam mais acometidas. Pode ser idiopática ou secundária quando relacionada à
doenças não malignas como infecções, pneumonia por micoplasma, mononucleose infecciosa
e outras infecções virais; ou doenças malignas como as linfoproliferativas
(HAMERSCHLAK; CAMPÊLO, 2004). A primeira observação que muitas vezes sugere o
diagnóstico é autoaglutinação à baixas temperaturas, da amostra de sangue anticoagulado do
paciente, anemia leve a moderada, alterações morfológicas (anisocitose, esferocitose,
poiquilocitose e policromasia), reticulocitose, aumento bilirrubinas e hemoglobinúria
(HAMERSCHLAK; CAMPÊLO, 2004).
Os sintomas são causados pela aglutinação das hemácias nas extremidades, que leva à
redução do fluxo sanguíneo e à diminuição da oferta de oxigênio aos tecidos nas
extremidades, ocasionando a aparência cianótica característica nos dedos, no nariz e nas
orelhas dos pacientes com AHAI a frio (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2012). Pacientes
com AHAI causada por anticorpos a frio devem ser investigados quanto à presença de
infecção recente (Mycoplasma pneumoniae, mononucleose infecciosa, HIV ou hepatite),
doença linfoproliferativa, e paraproteinemia monoclonal. Os testes laboratoriais revelam
anemia com auto aglutinação espontânea, pequeno número de esferócitos, policromasia e
reticulocitose (ZAGO; FALCÃO; PASQUINI, 2012).
Cerca de 3% dos pacientes medicados com cefalotina podem apresentar TDA positivo.
O último mecanismo proposto é a formação de auto-anticorpos. O alfa-metildopa induz a
produção de um auto-anticorpo que reconhece os antígenos eritrocitários. Cerca de 10 a 20%
dos pacientes que são medicados com alfa-metildopa apresentam TDA positivo; entretanto,
apenas 0,5% a 1% evoluem com anemia hemolítica imune com repercussão clínica.
Medicamentos como L-dopa, ácido mefenâmico, diclofenaco também causam o aparecimento
de auto-anticorpos (COTIAS, 2010). Os achados laboratoriais da anemia hemolítica induzida
por alfa-metildopa são semelhantes aos da anemia hemolítica auto-imune idiopática com TDA
e eluato positivo. Informações sobre o uso de medicamentos é importante para formular a
hipótese de a droga ser o agente causal. O tratamento de escolha é a suspensão da droga;
contudo, o TDA permanecerá positivo durante meses. O prognóstico é excelente (ZAGO;
FALCÃO; PASQUINI, 2012; HAMERSCHLAK; CAMPÊLO, 2004).
O diagnóstico de reações imunes mediadas por drogas pode ser estudado através das
Provas de Coombs ou Gel Centrifugação. Mas, nem todos os diagnósticos conseguem ser
obtido apenas por estas técnicas (RIEDL; CASILLAS, 2003), uma vez que os mecanismos
envolvidos nas AHIM são diversificados. Alguns dos mecanismos propostos ainda não são
totalmente explicados, havendo teorias que não se sustentam de fato (HARMENING et al,
2006). Em alguns casos, pode-se dizer que o diagnóstico clínico de hipersensibilidade à droga
esteja baseado nos dados disponíveis e acessíveis do paciente, isto é, segundo sua história
clínica e anamnese (RIEDL; CASILLAS, 2003).
REFERÊNCIAS