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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo abordar os limites da liberdade de expressão,
esses que se encontram no ferimento da dignidade da pessoa humana. Com base em
conhecimentos de Direito Constitucional, Direitos Humanos e Fundamentais, Sociologia e
Filosofia, desenvolve-se o estudo com pesquisa bibliográfica e jurisprudencial, utilizando-se
uma metodologia descritiva e predominantemente explicativa. Pretende-se demonstrar como o
discurso de ódio perante a população LGBT muitas vezes tenta eliminá-los, e como a Bancada
Evangélica do Congresso Nacional tem ativamente feito projetos que tentam restringir ou até
mesmo privar os direitos dessa minoria. Por fim, abordar-se-á um breve relato histórico sobre
a homossexualidade. Indubitavelmente, a dignidade da pessoa humana deve ser preservada, e
como demonstrado no preambulo da Constituição Federal, todos são iguais em deveres e
direitos, sem distinção. Tem-se que o discurso de ódio é uma face da liberdade de expressão
que não deve ser expressada pois objetiva a eliminação de outrem, no caso a ser apresentado,
da população LGBT.
PALAVRAS-CHAVE: Liberdade de Expressão; Discurso de Ódio, Dignidade da Pessoa
Humana, População LGBT, Discurso de ódio religioso.
ABSTRACT: This article aims to address the limits of freedom of expression, those that are in
the wound of the dignity of the human person. Based on knowledge of Constitutional Law,
Human and Fundamental Rights, Sociology and Philosophy, the study is developed with
bibliographical and jurisprudential research, using a descriptive and predominantly explanatory
methodology. It aims to demonstrate how the hate speech before the LGBT population often
tries to eliminate them, and how the National Congress Evangelical Bench has actively done
projects that try to restrict or even deprive the rights of this minority. Finally, a brief historical
account of homosexuality will be addressed. Undoubtedly, the dignity of the human person
must be preserved, and as demonstrated in the preamble of the Federal Constitution, all are
equal in duties and rights, without distinction. It has been that the hate speech is a face of
freedom of expression that should not be expressed because it aims to eliminate others, in the
case to be presented, of the LGBT population.
KEY WORDS: Freedom of Expression; Hate Speech, Dignity of the Human Person, LGBT
Population, Discourse on Religious Hate.
1 – INTRODUÇÃO
O presente escrito inicia-se com o primeiro artigo do Projeto de Lei 4931/16, o qual
tem como matéria a possibilidade de reabilitação dos pacientes que possuem “transtornos
psicológicos de orientação sexual”. Na justificativa do projeto, a homossexualidade é tida como
um transtorno psicológico, e se o paciente tiver vontade, ele pode buscar ajuda para
“transformar-se em heterossexual”. Desse modo, o projeto supracitado é conhecido como uma
das investidas da Bancada Evangélica para a “cura gay”. Na década de 1990, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças, mesmo ano em que
o Conselho Federal de Psicologia (CFP) emitiu uma resolução dizendo que os psicólogos não
deverão tratar a homossexualidade como patologia bem como não devem trabalhar em eventos
que pautam a cura homossexual. O projeto desenvolve uma argumentação da possibilidade de
tratamento de uma doença que não é considerada como tal pelas autoridades competentes, como
a OMS e o CFP, e utiliza do princípio da dignidade humana como justificativa para “buscar e
receber atendimento especializado para mitigar sofrimentos psíquicos em decorrência da
inadequação à própria orientação sexual” (PL 4931/16).
Esse exemplo é bastante caro para o tema que se pretende desenvolver no presente
artigo, uma vez que promove o discurso de ódio face à população LGBT, fortalecido pela
Bancada Evangélica. Caracterizado como “palavras que tendem a insultar, intimidar ou assediar
pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade, nacionalidade, sexo ou religião, ou que têm a
capacidade de instigar violência, ódio ou discriminação contra tais pessoas” (BRUGGER, 2007,
p. 118), o discurso de ódio por meio da estimulação da violência e da discriminação, objetiva a
privação de direitos da minoria atacada (LEMES, 2016, p. 193), já estigmatizada
historicamente. O ataque contra a população LGBT por meio da Bancada Evangélica faz-se
nocivo, haja vista que considera o outro não como igual, mas como um inimigo a ser destruído
– conforme a teoria de Carl Schmitt -, de maneira que impede o reconhecimento de direitos
dessa população, direitos estes que são conferidos a todos e renegados a essa minoria. E esse
impedimento atinge a dignidade humana desses que são feridos por discursos de ódio, que não
são reconhecidos e tratados respeitosamente, por conseguinte, são expostos como indignos.
Primeiramente, abordar-se-á o direito fundamental à liberdade de expressão
objetivando traçar seus limites, os quais seriam o discurso de ódio que avilta a dignidade da
pessoa humana. Em seguida, tratar-se-á da relação do discurso de ódio religioso com a retirada
de direitos da população LGBT, ou melhor, a invisibilização e a discriminação desta, traçando
de maneira histórica a LGBTfobia.
1
“Se não fossem iguais, os homens não poderiam compreender uns aos outros e os que vieram antes deles, nem
fazer planos para o futuro, nem prever as necessidades daqueles que virão depois deles. Se não fossem distintos,
sendo cada ser humano distinto de qualquer outro que é, foi e será, não precisariam do discurso nem da ação para
condição que, não sendo iguais, dificilmente ouviriam o próximo, ou seja, a compreensão não
ocorreria e a comunicação seria fracassada. Já a segunda conduz ao fato de que se tratando de
discursos ou de pensamentos idênticos não haveria a necessidade de debate, pois não há
questionamento onde não existe divergência. Nesse sentido, a alteridade é imprescindível à
pluralidade do espaço público. No entanto, o discurso de ódio nega essa alteridade de forma
que impossibilita a democracia, assim, sua restrição seria crucial para a manutenção do
ambiente democrático.
Jeremy Waldron tem como tese que as expressões de intolerância podem minar o
ambiente democrático, ideia subtendida no parágrafo anterior. Nesse sentido, o discurso de ódio
rejeita que as minorias2 estigmatizadas sejam sujeito de direito, premissa na qual o autor
criticará visto que o conceito central em que fundamentará o seu pensamento é o de dignidade
humana3, haja vista que “ao se almejar uma sociedade que seja bem-ordenada, deve-se buscar
meios pelos quais a segurança básica seja assegurada e meios pelos quais a dignidade pessoal
seja protegida” (CONSANI, 2015, p. 183). Assim, a concepção de dignidade humana exige
respeito de avaliação e de reconhecimento, sendo este o mais exigente, posto que requer a
consideração dos interesses daqueles os quais não se tem simpatia. Cabe ressaltar a diferença
que o autor traz entre indignidade e ofensa, ou seja, “atacar a dignidade de uma pessoa ou
meramente ofender uma pessoa” (CONSANI, 2015, p. 184) (Grifos do autor). O primeiro afeta,
objetivamente, no status enquanto indivíduo em sociedade, no qual a igualdade é atacada; já o
segundo afeta, subjetivamente, as crenças ou os sentimentos da pessoa. A intervenção do Estado
cabe no primeiro caso, já que afeta o indivíduo enquanto tal, negando considerá-lo como igual,
tratando-o como indigno. É nesse sentido que o discurso de ódio deve ser restringido, punido
pelo Estado, considerando o fato dele afetar a dignidade da pessoa, visando à destruição da
mesma. Avaliando o conceito de limites dos princípios fundamentais, a dignidade humana é o
princípio central dos países do ocidente - desconsiderando os Estados Unidos que possui uma
tradição de valorar a liberdade de expressão como princípio fundamental -, ela é erigida como
meta-princípio4.
se fazerem compreender. Sinais e sons seriam suficientes para a comunicação imediata de necessidades e carências
idênticas.” (ARENDT, 2013, p. 219-220)
2
A palavra minoria foi utilizada como menor acessibilidade ao poder, em face à maioria que o concentra.
3
“Há a teoria kantiana que identifica dignidade com a capacidade moral, há a teologia romana católica que associa
a dignidade com homens e mulheres sendo criados à imagem e semelhança de Deus; há a teoria de Ronald Dworkin
que associa a dignidade com a responsabilidade que cada pessoa deve assumir para sua própria vida; há teorias
que usam dignidade para capturar algo sobre o alto status que concedemos a cada pessoa nas interações sociais e
legais. Meu uso é como o último desses conceitos, mas não há como negar que outros usos também são muito
proeminentes” (WALDRON apud CONSANI)
4
“Por isso mesmo esta irradia valores e vetores de interpretação para todos os demais direitos fundamentais,
exigindo que a figura humana receba sempre um tratamento moral condizente e igualitário, sempre tratando cada
Considera-se que a dignidade da pessoa humana atua não só como limite para a ação
do Estado, mas também como fonte de deveres positivos, compelindo-o a agir para
promover e proteger a dignidade dos indivíduos em face das ameaças que a espreitam
de todos os lados. Ademais, o princípio também se projeta no domínio das relações
privadas, fundamentando obrigações negativas e positivas para os indivíduos em face
dos seus pares. (SARMENTO, 2006, p.101)
O limite para o discurso de ódio, a expressão que visa à destruição da figura de outrem,
é a dignidade humana. Este conceito tão banalizado hodiernamente, haja vista o Projeto de Lei
que se iniciou o artigo utilizava a dignidade humana para suprimir uma minoria, os LGBTs,
diante do discurso da heteronormatividade mascarado por uma Bancada Evangélica. Não cabe
aqui conceituar questões além daquelas trazidas no nesse texto5, mas se trabalhará como o
embate dos discursos de ódio da Bancada Evangélica do Congresso brasileiro afetam a
dignidade humana da população LGBT.
pessoa como fim em si mesma, nunca como meio (coisas) para satisfação de outros interesses ou de interesses de
terceiros” (FERNANDES, 2012, p. 358)
5
Cf.: Existe um excelente trabalho desenvolvido pela Profa. Dra. Karine Salgado que resultou em dois livros
intitulados Filosofia da Dignidade Humana: a contribuição do alto medievo e Filosofia da Dignidade Humana:
por quê a essência não chegou ao conceito.
6
“LGBTfobia é o sentimento, a convicção ou a atitude dirigida contra lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e
travestis que inferioriza, hostiliza, discrimina ou violenta esses grupos em razão de sua sexualidade e/ou identidade
de gênero” (RAMOS; NICOLI, 2016, p. 183).
Art. 1° - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente
aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e
da humanidade.
Art. 2° - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão
sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra
aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
Art. 3° - Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de
comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a
orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que
propunham tratamento não solicitados.
Art 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos
públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos
sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer
desordem psíquica.7
7
Conselho Federal de Psicologia – Resolução CFP N° 001/99 de 22 de março de 1999.
8
Câmara dos deputados – Proposições – Projeto de lei N.º 4.931, de 2016.
É notável, que esse Projeto de Lei tem como caráter a homofobia, quando o autor declara
que a mudança de orientação sexual seria exclusivamente e especificamente de
homossexualidade para a heterossexualidade, e não facultativamente o contrário. Cabe a
questão: seria pertinente a diretriz para um cliente de uma clínica psicológica que estivesse com
desejo de mudar sua orientação sexual de heterossexualidade para homossexualidade? E seria
“tratada” com as mesmas terapias e tratamentos científicos?
Não somente o Projeto de Lei apresentado fora contra os direitos do grupo LGBT, mas
outras investidas no Congresso Nacional como o Projeto – Decreto do ano de 2011 de João
Campos no qual “susta a aplicação do parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do
Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999 que estabelece normas de
atuação para os psicólogos em relação à questão de orientação sexual”9 alegando que a
regulação é competência do Legislativo, como também restringiu a atuação dos profissionais
da área. Argumentação esta controvérsia, uma vez que o Conselho Federal de Psicologia é uma
organização especializada e responsável pela área de conhecimento psicológico, sendo de sua
competência regular os assuntos dos profissionais que engloba. Outro exemplo seria o Projeto
de Decreto Legislativo de 2015 do Pastor Eurico no qual “susta a Portaria nº 916, de 9 de
setembro de 2015, do Ministério da Educação, que ‘Institui Comitê de Gênero, de caráter
consultivo, no âmbito do Ministério da Educação’” em virtude de discordarem do termo
“gênero”10 com a justificativa de que este conceito “busca tornar no direito um conceito para,
no futuro, aplicar na sociedade a ideologia de gênero como a nova conjuntura da sociedade em
detrimento da destruição da atual, que hoje, graças a Deus, vive sobre o manto da proteção da
família”(PDC 214/15). Ademais neste mesmo ano de 2017, após isenções milionárias para
empresas de ônibus e um gasto de aproximadamente R$2 milhões para placar digital de
votações na Câmara Municipal, o atual prefeito do Rio de Janeiro, bispo Marcelo Crivella,
conhecido por vários ataques e censura aos LGBTs, cortou financiamento da parada LGBT.
Em 2017, Rozangela Alves Justino e outros abriram uma ação popular, com pedido de
liminar, contra o Conselho Federal de Psicologia – C.F.P. que têm os seguintes pedidos:
“Que, após os trâmites processuais, seja finalmente julgada procedente a pretensão
deduzida na presente ação, declarando-se a Resolução 001/1999, do Conselho Federal
de Psicologia, abusiva ao patrimônio público condenando-se o réu, a se abster de
qualquer penalização psicólogo sobre o fundamento da resolução retro; c) a
9
Câmara dos Deputados – Proposições – Projeto de Decreto Legislativo N°. 234, de 2011.
10
“Esse intenso rechaço à palavra gênero, e todas as discussões teóricas por ela viabilizadas, apenas confirma o
potencial político do termo. A noção de gênero foi consolidada como uma forma semântica de resistência à
naturalização de desigualdades existentes – naturalização essa que é produzida e reproduzida por diversas
instituições sociais, dentre as quais figuram organizações religiosas.” (LOPES, 2016, p. 21)
procedência dos pedidos para decretar a invalidade do ato lesivo ao patrimônio
público e à moralidade”.11
Destarte, Rozangela Alves Justino é uma missionária evangélica, psicóloga que teve
seu registo profissional cassado em 2009, por oferecer terapia para homossexuais se tornarem
heterossexuais. Na época, a mesma afirmou que considera a homossexualidade um distúrbio,
provocado principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. E ainda afirmou
ter “aliviado o sofrimento” de vários homossexuais. Atualmente, possui cargo no gabinete do
deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) na Câmara. Em uma entrevista, Rozangela
declarou: “Sinto-me direcionada por Deus para ajudar as pessoas que estão homossexuais”.
Desse modo, percebe-se que a pretensão desta é exclusivamente baseada na religião, em que é
sabido que colide fortemente com a liberdade científica. Assim, o ideal é que tanto o Projeto de
Lei quanto à ação popular fossem avaliados por pessoas especializadas bem como aquelas que
vivenciam referida realidade, como os componentes do grupo LGBT, fato que não se
concretizou.
Ademais, a decisão liminar em resposta a Ação Popular atesta em alguns dos seus
trechos que:
Cuida-se de Ação Popular, com pedido de liminar, proposta, com fundamento no art.
5°, LXXIII, da Constituição, por Rozangela Alves Justino e Outros contra o Conselho
Federal de Psicologia – C.F.P. objetivando a suspensão dos efeitos da Resolução
001/1999, a qual estabeleceu normas de atuação para os psicólogos em relação às
questões relacionadas à Orientação Sexual.
1°) segundo posicionamento da Organização Mundial da Saúde (1990), a
homossexualidade constitui uma variação natural da sexualidade humana, não
podendo ser, portanto, considerada como condição patológica. Tal conclusão decorre
de estudos iniciados pelo Ex-Presidente da Associação Americana de Psicologia:
NICHOLAS CUMMINGS, acolhidos pelo C.F.P. desde 1975.
Por todo exposto, vislumbro a presença dos pressupostos necessários à concessão
parcial da liminar vindicada, visto que: a aparência do bom direito resta evidenciada
pela interpretação dada à Resolução n° 001/1990 pelo C.F.P., no sentido de proibir o
aprofundamento dos estudos científicos relacionados à (re) orientação sexual,
afetando, assim, a liberdade científica do País e, por consequência, seu patrimônio
cultural, na medida em que impede e inviabiliza a investigação de aspecto
importantíssimo da psicologia, qual seja, a sexualidade humana.12
Poder Judiciário – Seção Judiciária do Distrito Federal – Sala de Audiências da 14° vara – Decisão Liminar do
12
13
HALDEMAN, DC. The practice and ethics of sexual orientation conversion therapy (A Prática e a Ética da
Terapia de Conversão Sexual). Journal of Consulting and Clinical Psychology.
Homens e mulheres que buscam mudar comportamentos sexuais (...) devem ser
informados de que eficácia dessas terapias não foi provada, que a pesquisa sobre essas
terapias é metodologicamente falha. Além disso, a teoria e a prática dessas terapias
viola princípios de dignidade, competência e (..) responsabilidade social.14
Destarte, só há uma conclusão para esses trâmites, que tem como a homofobia
disfarçada de liberdade. Fica claro, como dito anteriormente, a verdadeira pretensão dos autores
de tais recursos: são pessoas extremamente religiosas, que querem a todo o custo menosprezar
os direitos da população LGBT.
Há vários estudos que avaliam a saúde mental de uma pessoa homossexual, um deles é
a tese da psicóloga Daniela Barbetta Ghorayeb, que afirma: “o preconceito (homofobia) afeta a
saúde mental de pessoas homossexuais, em que o transtorno depressivo é maior e o risco de
suicídio é um fator preocupante”.15 Ao entrar na questão do motivo que um homossexual
procuraria um psicólogo para a (re) orientação sexual, ficaria claro de que a resposta seria por
conta do preconceito social, da homofobia, de não serem aceitos na família, na sociedade e até
por eles mesmos. Outrossim, em uma entrevista para a Revista Época, um cliente que tentou a
(re) orientação sexual, declarou: “ao tentar a cura gay, pensei em suicídio.” Com a aprovação
desse Projeto de Lei ou dessa Ação Popular, os profissionais dão esperanças frustradas às
famílias da população LGBT de que esta (re) orientação sexual seria de fato uma possibilidade
de tratamento, aumentando, por conseguinte, ainda mais a intolerância e o sofrimento daqueles
que seriam tratados, contra a sua própria identidade, e das pessoas ao redor deste.
É cabível então, para fins elucidativos, a explicação de orientação sexual e opção sexual.
O artigo “Opção ou orientação sexual: onde reside a homossexualidade” explica
adequadamente, com fontes de pesquisadores do movimento LGBT, e afirma obviamente que
o termo “opção sexual” é de uso errôneo, segundo o estudo “é um equívoco dizer que se trata
de uma opção sexual, pois não depende de escolhas conscientes nem pode ser aprendida”.16 Um
desafio é cedido para as pessoas que acreditam ser uma opção sexual: que elas por um tempo
escolham ser homossexuais, que elas escolham sentir atração por outra pessoa do mesmo sexo,
dedutivamente, elas não conseguiriam tal feito.
14
SEROVICH, JM; CRAFT, SM; TOVIESSI, P; GANGAMMA, R; MCDOWELL, T; GRAFSKY, EL. A
Systematic Review of the Research Base on Sexual Reorientation Therapies (Uma Revisão Sistemática da Base
de Pesquisas sobre Terapias de Reorientação Sexual). Journal of Marital and Fammily Therapy.
15
GHORAYEB, Daniela Barbetta. Homossexualidades na adolescência: Aspectos de saúde mental, qualidade de
vida, religiosidade e identidade psicossocial.
16
JÚNIOR, Isaias Batista de Oliveira. MAIO, Eliane Rose. Opção ou Orientação Sexual: Onde reside a
homossexualidade?
Portanto, tem-se que a decisão não era definitiva, e sim provisória. Logo, posteriormente
em 15 de dezembro de 2017, o juiz deliberou sua sentença17. Assim, No documento mais
recente, Carvalho volta a analisar os mesmos temas. Ao comentar a repercussão do caso, diz
que a ação popular não busca "a promoção da propalada 'cura gay', consistente na adoção de
ações coercitivas tendentes a orientar homossexuais para tratamentos por eles não solicitados".
O magistrado também reforça a declaração anterior de que a homossexualidade, em si, "[não é]
uma doença, tampouco um transtorno passível de tratamento". Segundo ele, o que seria passível
de tratamento – com base na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização
Mundial de Saúde, seria a egodistonia: "Ora, não cabe a esse Juízo dizer sequer se existe e
muito menos qual o tipo de terapia seria mais adequada para esses conflitos de ordem
psicológica e comportamental, mas também não pode, por outro lado, deixar desamparados os
psicólogos que se disponham [...]", diz a decisão. Já na parte final da sentença, ao tratar da
interpretação dada à resolução do CFP, o juiz federal usa novos termos. Em vez de
"(re)orientação sexual", autoriza debates, estudos, pesquisas e atendimentos ligados à
"orientação sexual egodistônica". Logo, resumidamente, a nova decisão prevê que pessoas com
"orientação sexual egodistônica" – ou seja, que veem a própria orientação sexual como uma
causa de sofrimento e angústia – podem receber atendimento em consultórios, e que
profissionais podem promover estudos sobre o tema. No entanto, fica proibido fazer
"propaganda ou divulgação de supostos tratamentos, com intuitos publicitários, respeitando
sempre a dignidade daqueles assistidos". Na decisão, o magistrado também restabelece, na
íntegra, a validade da resolução 1/1999 do CFP, já citado. Em sua dissertação de mestrado,
Marcela de Azevedo Limeira conclui que “há um consenso entre os órgãos reguladores da
profissão no sentido de que a única abordagem ética em relação à homossexualidade é a sua
afirmação – devendo o psicólogo auxiliar o cliente a ter uma visão positiva de si próprio,
aceitando sua orientação sexual – ainda que este tenha buscado auxílio para alterá-la. Os
princípios éticos da profissão, de acordo com as entidades responsáveis por elencá-los, exigem
que os psicólogos considerem a atração sexual e romântica por pessoas do mesmo sexo como
uma variação normal e positiva da sexualidade humana, quando vierem a atender homossexuais
que queiram tratar de questões relativas à sua orientação sexual”18.
17
Poder Judiciário – Seção Judiciária do Distrito Federal 14° Vara Federal – Ação Popular n°: 1011189-
79.2017.4.01.3400
18
LIMEIRA, Marcela de Azevedo. Liberdade Religiosa e Direitos LGBT: em busca da conciliação de
direitos em conflito. 2017. Dissertação (Mestrado em Direito) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro
Ainda assim, cabe recurso, logo, é possível recorrer às instâncias superiores. A decisão
diz que a resolução está mantida, mas o Conselho Federal de Psicologia não pode impedir nem
censurar ou exigir licença prévia para que psicólogos promovam estudos de reorientação sexual
ou atendimento profissional nesse sentido, de forma reservada. Famosos criticaram a liminar
em redes sociais. Os deputados federais Orlando Silva e Jean Wyllys decidiram recorrer ao
Conselho Nacional de Justiça contra o posicionamento do juiz. Ainda, a Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) ingressou como “amicus curiae” – amigo da corte, alguém de fora da questão
que vai ao tribunal para auxiliar com esclarecimentos sobre o tema – no processo. O presidente
da entidade, Claudio Lamachia, afirmou que a confirmação dessa decisão representa
“retrocesso social”.
19
A ideologia sexista “se baseia na ideia de que homens e mulheres são diferentes não só em suas características
físicas e reprodutivas, mas em suas capacidades e qualidades racionais e éticas” (RAMOS; NICOLI, 2016, p. 186).
Ademais, “ela opera cinicamente sobre elementos biológicos para negar, submeter e excluir qualquer identidade
que se construa para além da base material dos corpos” (RAMOS; NICOLI, 2016, p. 186).
preconceito -, são dados por interpretações com embasamentos bíblicos20 e pela cultura social
que perpassa as antigas gerações.
O primeiro episódio sobre a homossexualidade que se encontra na história, por ironia,
é aquele descrito na Bíblia na cidade de Sodoma em que os homens desse povoamento sentiram
desejos em ter relações sexuais com os anjos enviados por Deus para salvar a vida de Ló.21
Existem duas linhas de pensamento hermenêutico-teológico que forma conclusões diante desse
acontecimento: o primeiro, que condena a homossexualidade como pecado, alega que a
principal causa da ira de Deus diante das cidades Sodoma e Gomorra22 foram os desejos
homossexuais; o segundo, que não condena como pecado, alega que a conclusão feita diante
deste acontecimento é a de que a homossexualidade preexistia ao ocorrido e sendo assim,
refutando a primeira, a prática seria condenada antes mesmo disso ocorrer, sendo que realmente
não há registro bíblicos anteriores a estes, e em resposta aos outros versículos, os argumentos
usados levam em consideração a contextualização da época.
Por conta deste fato, na sociedade antiga não havia o termo “homossexualidade”
(do grego antigo homos que quer dizer igual mais latim sexus que quer dizer sexo), posto que
tal termo fora cunhado somente em 1860, mas sim o termo sodomia - por relação à cidade
Sodoma. Além do mais, fatos históricos bem conhecidos, como os da sociedade de Roma e da
Grécia, retrataram a sodomia como algo natural, de maneira que se pode encontrar facilmente
uma diversidade muito grande nas artes da época, como literaturas e pinturas, que representam
a relação com pessoas do mesmo sexo:
Antes das mudanças sociais observadas em meio à crise da civilização helênica e,
posteriormente, do império romano, a tradição ocidental aceitava, com uma série de
condições, relações amorosas entre indivíduos do mesmo sexo. Os gregos e os
romanos não reconheciam a dicotomia “heterossexual/homossexual”, avaliando os
indivíduos com base na divisão “atividade/passividade” – sendo a primeira associada
com o sexo masculino e, a segunda, com feminino – para definir seu papel social,
inclusive nas relações sexuais. Assim, apesar de sexistas, a civilização romana – e
principalmente – grega não eram propriamente heterossexuais. Sobretudo na Grécia
Antiga, a relação entre dois indivíduos do sexo masculino – um rapaz e um homem
adulto e livre – conformava uma instituição complexa, normatizada socialmente e
20
Levítico 18:22 “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é”.
1 Coríntios 6:10 “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os
sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão
o reino de Deus”.
Romanos 1:26-27 “Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso
natural, do contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se
inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo
em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. ”
Traduções realizadas pela Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
21
Gênesis 19:5 “Chamaram Ló e lhe disseram: ‘Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os
para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles’. ”
22
Gênesis 19:13 “[..] porque estamos para destruir este lugar. As acusações feitas ao SENHOR contra este povo são
tantas que ele nos enviou para destruir a cidade”.
discutida com frequência na literatura da época. O desejo de um homem por outro não
era repreensível, conquanto respeitasse certas normas sociais, como a diferença de
idades e de status social. O que se repreendia era o excesso e a submissão,
características associadas, pelos gregos, à mulher. (FOUCAULT, 2010)23
Após a propagação da tradição judaico-cristã, em que o ato sexual era visado somente
para a questão da procriação, de maneira que todo o desejo carnal era visto como pecado, a
partir dos séculos XII e XIII, os sodomitas começaram a serem vistos como abomináveis,
detestáveis, e até mesmo como criminosos:
A perseguição perpetrada contra indivíduos que praticavam a “sodomia” não foi uma
consequência direta da adoção do cristianismo como religião de Estado. Depois da
queda do Império Romano, perseguições a minorias só voltaram a ocorrer no final da
Idade Média, momento em que o poder político passou a se concentrar na Igreja e na
figura do monarca. A intolerância face ao ato sexual entre pessoas do mesmo sexo
surgiu no contexto do asceticismo que predominou em meio à crise da civilização
helênica e do Império Romano, portanto antes mesmo de o Cristianismo tornar-se a
religião oficial desse último. Na época, a instabilidade criada pelos confrontos com os
povos germânicos e o fim da prosperidade reinante em outros períodos históricos era
vista como consequência de uma acentuada degradação moral, o que intensificou a
busca individual pela pureza da alma e a renúncia aos prazeres, sobretudo sexuais.
Assim, todos os atos sexuais sem fins de concepção passaram a ser condenados
moralmente e, em alguns casos, até penalmente (leis penais romanas passaram a
reprimir práticas homossexuais antes de o império tornar-se cristão). Porém, com o
advento do Cristianismo e as invasões que culminaram com o fim do Império
Romano, fontes seculares deixaram de condenar as relações sexuais entre pessoas do
mesmo sexo. Até a Alta Idade Média, o direito eclesiástico previa penas para essas
práticas que eram proporcionadas a ofensas envolvendo o ato sexual heterossexual
sem fins de concepção. Ademais, tais penas eram raramente aplicadas. Essa realidade
começou a se modificar em paralelo ao processo de recentralização de poder e da
busca por uma uniformidade social, pautada em um controle dos princípios éticos,
morais e legais por meio da Igreja. Assim, ainda que o contato sexual entre pessoas
do mesmo sexo tenha sido condenado em livros religiosos e pronunciamentos de
nomes importantes da Igreja, o repúdio às práticas homossexuais permanecia limitado
à esfera moral no início da Idade Média. (RICHARDS, 1993, p. 142-146)
(BOSWELL, 1980, p. 269-302)
Ao decorrer do tempo, essa ideia foi se perpetuando e cada vez se tornando mais
radical na Europa. Em meados de 1400 nas Ordenações Afonsinas na corte portuguesa, ocorre
o início da criminalização da prática sodomita. Consequentemente, todas as Ordenações do
Reino de Portugal (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas) condenavam os sodomitas à morte pelo
fogo (ALMEIDA, 1870).
Na América, os astecas, maias, quíchuas e também tupinambás, no Brasil, eram
comuns a existência de homossexuais e de transgêneros. [FRASE ESTRANHA] Com a
colonização, os europeus impuseram seus costumes e valores, de maneira que puniam o nativo
23
Cf. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade II: o uso dos prazeres. Tradução de Maria Thereza da
Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. 13. ed. São Paulo: Edições Graal, 2010. p.26-27, 57-61, 104-
106, 237-287; Cf. BORRILLO, Daniel. op. cit. p. 45-48.
que divergia destes igualmente como ocorria na Europa, com a morte pelo fogo em execução
púbica.
No século XIX, o amor entre iguais deixou de ser visto como um pecado e passou a
ser encarado como doença a ser tratada. Dito de outra forma, a comunidade considerava que as
pessoas as quais sentiam atração por outra do mesmo sexo como algo patológico
(VECCHIATTI, 2008, p. 52). Tratamentos, como eletrochoques, lobotomias e até mesmo
estupros eram realizados sem limitações, para a “cura da sodomia”.
Somente após a Independência do Brasil, com a criação do novo Código Civil e
Criminal em 1830, em tese fundamentado nos princípios franceses – de liberdade, de igualdade
e de fraternidade -, a homossexualidade foi descriminalizada. Porém, nenhum direito foi
garantido pela jurisdição da época, apenas excluíram e deixaram os homossexuais invisíveis
perante a sociedade.
O termo homossexualidade foi utilizado pela primeira vez pelo médico húngaro
Karoly Maria Benkert em 1869. Segundo Jeffrey Weeks (1999), a afirmação do termo
heterossexualidade foi possível devido à necessidade de definição da homossexualidade. Desta
forma, passando a assumir uma descrição médico-moral no século XIX, empreendida, pelo
alemão Kraft-Ebing, como forma de especificar as identidades sexuais justamente no que se
referia a seus tipos e formas (MOLINA, 2011, p. 952).
No Brasil, o termo homossexualidade foi utilizado pela primeira vez em 1894 no livro:
Atentados ao pudor: estudos sobre as aberrações do instinto sexual, de Francisco José Viveiros
de Castro, professor de Criminologia da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e
desembargador da corte de Apelação do Distrito Federal (MOLINA, 2011, p. 953).
A partir do começo do século XX, inicia-se uma grande movimentação dos
homossexuais relacionadas às questões da liberdade religiosa, da laicidade e dos direitos dos
homossexuais. Isto ocorre devido à determinação do Estado Laico, e consequentemente, o
decrescente poderio da Igreja perante o Estado:
O Decreto n. 119-A, de 7 de janeiro de 1890, proibiu a intervenção estatal nas questões
de caráter religioso, estabeleceu o Estado laico, vedou a criação de diferenças entre os
habitantes por motivo de crenças ou opiniões filosóficas ou religiosas, bem como
conferiu liberdade religiosa ao povo, reconhecendo personalidade jurídicas às
entidades religiosas. Posteriormente, a Constituição da República, de 1891, estatuiu
em seu art. 72, § 3º, que todos os indivíduos e confissões religiosas poderiam exercer
pública e livremente seus cultos, associando-se para esse fim e adquirindo bens,
observadas as disposições de direito comum. Tais disposições afastavam, assim,
séculos de perseguição e intolerância religiosas perpetradas pelo próprio Estado e pela
Religião estatal contra as demais confissões religiosas. A Constituição Federal de
1988, por sua vez, no art. 5º, VI, assevera ser “inviolável a liberdade de consciência e
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”, enquanto o inciso VIII
assevera que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei (BOMFIM,
2011, p. 93).
No final da década de 1970 e início de 1980, num contexto de ditadura militar, houve
grande agitação pela busca não somente pela democracia, mas pela cidadania plena e pelos
direitos civis. Visibilidade esta, também construída pelo movimento gay.
O fim da ditadura militar fazia surgir e reforçava um sentimento de otimismo cultural
e social que atingia a todos. A abertura política possibilitava sonhar com uma
sociedade mais democrática, igualitária e justa e, mais especificamente, trazia a
esperança para o movimento gay de uma sociedade em que a homossexualidade
poderá ser celebrada sem restrições (FERRARI, 2004, p. 105)
Em 1997 ocorreu a Primeira Parada do Orgulho GLBT em São Paulo. Assim, o século
XXI tem sido marcado por vitórias dos direitos para a população. Em 2004 o Poder Executivo
Federal e a Secretaria Especial de Direitos Humanos, cria o projeto Brasil sem Homofobia, o
combate à violência e à discriminação contra a população GLBT e a Promoção da Cidadania
Homossexual. Em 2006 foi criado o Projeto de Lei da Câmara 122/2006 que tem como objetivo
a criminalização da homofobia, e que ainda está em tramitação. Ademais, um marco em 2008,
foi a Primeira Conferência Nacional de Políticas Públicas GLBT, em que a sigla se transformou
em LGBT para dar mais visibilidade para as lésbicas no movimentando, levando em
consideração, além do sexismo, o machismo sofrido por elas. Posteriormente, somente em
2011, a então já denominada e classificada população LGBTQ+, é de fato prestigiada com a
decisão do Supremo Tribunal Federal de equiparar a relação homoafetiva à união estável entre
homem e mulher. Recentemente em 2013 se aprova o casamento civil igualitário para os casais
homoafetivos e é criado o Projeto de Lei 5002/2013 da Identidade de gênero, que há ainda
muita luta para que seja aprovada. É um caminho de avanços e retrocessos, mas a luta na defesa
dos direitos LGBTs e na dignidade humana dessa minoria, como de outras, continua fortemente
ativa, enquanto houver ódio e discriminação, enquanto os princípios dos direitos fundamentais
não atingirem a todos.
4 – CONCLUSÃO
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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