Vous êtes sur la page 1sur 8

Trabalho Final de Graduação

Novembro/ 2018
Universidade Federal de Itajubá - Campus Itabira
ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

INTEGRAÇÃO E SIMULAÇÃO DO MANIPULADOR INDUSTRIAL KUKA KR6 SIXX NO


AMBIENTE DO LABORATÓRIO DE ROBÓTICA

Hugo Assis Juste∗, Luan Braga Mendes†



†Universidade Federal de Itajubá - Campus Itabira
Rua Irmã Ivone Drumond, 200 - Distrito Industrial II - 35903-087
Itabira, Minas Gerais, Brasil

E-mail: hugo.assis.j@gmail.com, luanbragam@gmail.com

Abstract— The simulation of industrial projects using tools that integrate a 3D virtual environment with the
dynamics and machinery has become a strong ally of development, allowing to plan and train in systems that
are not yet finished or under development. The present work proposes the simulation, combined with a physical
modification of a robotic cell, in order to enable learning and access to a robotic manipulator KUKA KR 6 R700.
The softwares used were configured and the virtual environment modeled in order to certify that the simulation
and programming would be faithful to reality. Finally tests were performed using the simulation and the real
system in order to measure the accuracy between them.

Keywords— Robotics, Simulation, Integration

Resumo— A simulação de projetos industriais usando ferramentas que integram um ambiente virtual 3D às
dinâmicas e maquinário vem se tornando uma forte aliada do desenvolvimento, possibilitando planejar e treinar
previamente no sistema ainda não acabado ou em desenvolvimento. O presente trabalho propõe a simulação,
aliada à uma modificação fı́sica de uma célula robótica, de forma a possibilitar o aprendizado e acesso à um
manipulador robótico KUKA KR 6 R700. Os softwares utilizados foram configurados e o ambiente virtual
modelado de forma a certificar uma simulação e programação fiéis à realidade. Posteriormente, testes foram
realizados usando da simulação e do sistema real de modo a aferir a precisão entre eles.

Palavras-chave— Robótica, Simulação, Integração

1 Introdução montada no chão de fábrica, além de ajudar a ajustar


e personalizar o layout para garantir que o sistema se
A robótica é a área de estudo que se ocupa da pesquisa adapte perfeitamente aos processos e aos equipamen-
e desenvolvimento de máquinas capazes de substituir tos de produção existentes. Além disso, elas maximi-
os seres humanos na realização de tarefas que variam zam o investimento em automação já que quando a
das mais simples às mais sofisticadas. simulação é concluı́da, o resultado final é tipicamente
Os manipuladores são uma classe de robôs alta- um programa que pode ser carregado no robô e, assim,
mente versáteis, popularmente chamados de braços o sistema real corresponderá exatamente à simulação.
robóticos, que podem ser programados para diferen-
Atualmente, quando se comparam as simulações
tes funções, dependendo apenas do tipo de ferramenta
dos sistemas robóticos modernos com aqueles existen-
montada em sua extremidade. De forma extrema-
tes no final do século passado, é possı́vel perceber a
mente rápida e precisa, eles executam atividades tais
sua evolução, sobretudo em decorrência da computa-
como soldagem industrial, manipulação de objetos e
ção. Avanços nesse campo geram modelos cada vez
montagens variadas, atuando principalmente nas in-
mais fiéis à realidade e possibilitam a simulação do
dústrias automotiva e eletrônica.
comportamento de manipuladores em ambientes dinâ-
Softwares de simulação de robôs estão tornando
micos e integrados, abrindo espaço para a solução de
a automação robótica uma opção viável para pratica-
problemas de forma criativa e eficiente (Yeole, 2011).
mente toda e qualquer indústria. São principalmente
usados para desenvolver melhorias de design e de pro- Desde o inı́cio do século XXI, o preço dos mani-
cesso. puladores robóticos diminuiu enquanto o da mão de
Com uma simulação precisa e detalhada, é possı́- obra humana aumentou. Além disso, os robôs não
vel certificar que o sistema robótico atenderá às me- estão apenas ficando mais baratos, mas se tornando
tas de eficiência, já que grande parte do processo de também mais eficientes: mais rápidos, precisos e fle-
integração é concluı́do antes que qualquer coisa seja xı́veis (Craig, 2013). Analisando o crescimento do uso
de robôs nos últimos anos, percebe-se como cada vez
mais sistemas robóticos são integrados a diferentes
etapas da produção.
O primeiro manipulador industrial utilizado no
mercado foi instalado em uma fábrica da General
Motors nos Estados Unidos, em 1962 e automati-
zava parte de um processo de fundição. Desenvolvido
pelo inventor americano George Devol, o robô pesava
cerca de duas toneladas e possuı́a três graus de liber-
dade. Posteriormente, um investigador do Instituto
de Pesquisa de Stanford, Victor Scheinman, começou Figura 1: Robô KUKA KR 6 R700
a trabalhar em braços articulados acionados eletri-
camente que podiam se mover através de seis eixos
(Moran, 2007). 2.1 Cinemática de Manipuladores
À medida que a complexidade dos manipulado- A cinemática de um manipulador envolve o estudo da
res evoluiu, a importância de um bom entendimento posição e da velocidade de sua ferramenta de trabalho
matemático acerca de seus movimentos do mesmo au- e suas juntas. Por posição, refere-se tanto à posição
mentou, de forma a garantir velocidade, precisão e ro- quanto à orientação e por velocidade, tanto a veloci-
bustez nas variadas aplicações exigidas pela indústria. dade linear quanto à angular de uma junta ou ponto
Diante do exposto, não é exagero especular que no espaço, como exposto por Craig (2013).
esses equipamentos estarão cada vez mais presentes Em um manipulador, distingui-se dois tipos de
em ambientes industriais, e profissionais com conhe- cinemática, a direta e a inversa.
cimentos do uso desses são uma demanda crescente no Na cinemática direta deseja-se obter a posição e
mercado de trabalho. Para atender essa demanda a velocidade da ferramenta para uma dada posição e ve-
universidade adquiriu uma célula de treinamento mo- locidade das juntas. A cinemática inversa é o oposto
dular da KUKA, contendo um manipulador robótico da direta, ou seja, a partir da posição e velocidade
com 6 graus de liberdade, seu respectivo controlador e desejada para a ferramenta, obter quais as posições e
ferramentas para manipulação em ambiente didático, velocidades necessárias nas juntas.
além de softwares de simulação capazes de auxiliar no A solução da cinemática direta é simples, envol-
aprendizado distribuı́do da plataforma. vendo apenas os parâmetros construtivos do robô,
Este trabalho tem como objetivo a adaptação do translação e rotação de seus elos e juntas.
ambiente do laboratório de forma a deixá-lo prepa- Já a solução para a cinemática inversa utiliza-se
rado para as atividades de pesquisa vindouras, junto principalmente de sistemas de equações e de geome-
da reprodução desse ambiente e sua respectiva inte- tria analı́tica como ferramenta facilitadora dos cálcu-
gração com os softwares de simulação disponibiliza- los, porém essas equações podem se tornar um tanto
dos. quanto complexas quando analisada a multiplicidade
O trabalho está dividido da seguinte maneira, a de soluções para uma única posição e elevados graus
seção 2 apresenta uma breve introdução sobre os con- de liberdade. Estudos mais recentes buscam por no-
ceitos relacionados aos manipuladores robóticos, a se- vas e mais eficientes formas para a obtenção da ci-
ção 3 trata da caracterização do objeto de estudo nemática inversa, visando simplificar os cálculos en-
desse trabalho, a célula educacional modular KUKA volvendo novas geometrias de robôs e eliminando di-
ready2 educate. Em seguida, a seção 4 descreve o am- ficuldades quanto à multiplicidade de soluções, como
biente de simulação utilizado e a seção 5 detalha os estudado por Kleppe and Egeland (2016).
objetivos do presente trabalho. Por fim, a seção 6
descreve o trabalho realizado com os resultados al-
cançados. 2.2 Sistemas de Coordenadas

A manipulação robótica, por definição, implica na


movimentação espacial de peças e ferramentas por al-
2 Manipulador Robótico gum tipo de mecanismo. Isso, naturalmente, cria a
necessidade de se representar a posição e orientação
Tradicionalmente, um manipulador consiste em um das peças, das ferramentas e do próprio mecanismo
braço mecânico e um computador que controla seu no espaço (Craig, 2013).
movimento. Um sistema de coordenadas - do inglês frame -
Esse mecanismo compõe-se de em uma série de é atrelado a um objeto ou ponto fixo no espaço, de
elos quase rı́gidos que são conectados por juntas, forma que se passe a descrever a posição e orientação
que permitem o movimento relativo dos elos vizinhos, de um sistema em relação a algum outro.
como na Figura 1. Estas juntas são equipadas com Possuir um bom conhecimento de como descre-
sensores de posição, que permitem que a posição re- ver posições e orientações de corpos rı́gidos é extre-
lativa dos elos vizinhos seja medida (Craig, 2013). mamente útil, ajudando e facilitando principalmente
durante a programação dos robôs, como detalhado na
seção 6.1.2.

2.2.1 Referencial da Base


Referencial da Base é o sistema de coordenadas loca-
lizado na base do robô e a origem desse frame é centro
de sua superfı́cie de montagem.
O eixo x aponta para a frente do robô, o y na
direção do lado esquerdo e o z coincide com o eixo de
rotação da junta A1.
Outras bases podem ser cadastradas e salvas na
memória do controlador, uma para cada objeto por
exemplo, mas apenas uma delas pode estar ativa em
determinado momento (KUKA, 2018).

2.2.2 Tool Center Point, TCP Figura 2: Célula Educacional KUKA ready2 educate

Quando um movimento do robô é programado, é van-


tajoso que todos os movimentos e posições do robô se- A célula de treinamento é composta principal-
jam relativos ao ponto central da ferramenta (TCP). mente dos seguintes itens:
Tipicamente, o TCP é definido como um ponto de in- 1. Robô KR 6 R700 sixx ;
teresse ativo da ferramenta, p.ex. a extremidade de
uma ferramenta de solda ou o ponto central de uma 2. Controlador KRC4 compact;
garra.
Quando o robô é programado para se mover ao 3. Unidade de operação e programação smartPAD;
longo de uma trajetória, o ponto central da ferra- 4. Garra de atuação pneumática;
menta é que seguirá o caminho real.
Vários TCPs podem também ser definidos e sal- 5. Estrutura tubular;
vos na memória do controlador, um para cada ferra-
menta por exemplo, mas apenas um deles pode estar 6. Objetos didáticos para manipulação;
ativo em determinado momento (KUKA, 2013). É O robô possui 6 graus de liberdade, opera com
possı́vel ainda expressar o TCP em relação a outros até 6 kg de carga na flange, seu alcance é de 700 mm
sistemas de coordenadas e programar o robô para se e com repetibilidade de ±0.03 mm, como descrito no
mover em relação a eles. manual KUKA (2018).
O controlador é um computador com 80 Gb (Gi-
2.2.3 Referencial Global gaBytes) de armazenamento interno, entradas USB
(Universal Serial Bus) para efetuar backups e car-
Quando vários robôs trabalham em um mesmo local, regar programas e interfaces para conexões exter-
um sistema de coordenadas global pode ser adotado nas, como acontece nos CLPs (Controladores Lógico-
de forma que os sistemas de coordenadas de base dos Programáveis) e sensores/atuadores diversos.
robôs possam ser então expressos em relação a ele. O smartPAD consiste de um controlador portátil
Torna-se possı́vel então programar os robôs conectado ao computador que controla o robô. Possui
fazendo-os se deslocarem para uma determinada po- um display colorido de 8.5 polegadas com função tou-
sição no frame global, o que simplifica a programação chscreen, que serve para programação e operação do
se um dos robôs estiver rotacionado ou montado em robô, junto de teclas fı́sicas de uso flexı́vel (utilizáveis,
posição diferente, como no teto ou na parede. p.ex., como teclas de deslocamento) e para a execu-
ção de programas (Parar, Voltar, Avançar), botão de
3 Célula Educacional emergência, mouse espacial de 6 eixos e conexão USB.
A garra pneumática possui duas posições (aberta
A célula de treinamento modular KUKA ready2 edu- ou fechada), um curso total de 22 mm e uma força de
cate é uma solução prática, versátil e completa para fechamento em torno de 190 N.
educação em robótica. Destina-se especialmente a es- A estrutura tubular é feita em aço, possui 1100
colas, universidades e instalações de treinamento de mm de comprimento por 700 mm largura e 1700 mm
empresas, permitindo a alunos e estudantes uma for- de altura e o fechamento das laterais é construı́do
mação prática em hardware e software com padrão em chapa de policarbonato, com uma porta de acesso
industrial. Ela incorpora um robô de pequeno porte frontal e chave de segurança.
junto de um controlador compacto, além de estar Os objetos didáticos feitos em alumı́nio, como
equipada e preconfigurada para aplicações didáticas conjunto de blocos para manipulação com respectivo
especiais, como mostra a Figura 2. suporte, ponta seca para calibração de ferramentas,
porta-canetas com suporte, quadro branco e argolas do robô, de modo que o programa simulado possa ser
em formato padrão para treinamento de trajetórias, transferido para o sistema real e testado sob condições
são fixados em uma placa furada de aplicação. reais.
Com a célula de treinamento e seus itens, tare-
fas com diferentes nı́veis de dificuldade podem ser 4.2 KUKA.OfficeLite
implementadas e executadas. De simples tarefas de
empilhamento a movimentos complexos de caminho O software KUKA.OfficeLite consiste em uma réplica
contı́nuo e correspondente programação lógica, pro- virtual exata do funcionamento de uma unidade de
porcionando uma educação individual, com exercı́cios controle de robô. Nele é possı́vel trabalhar em uma
e nı́veis de dificuldade que podem ser personalizados interface idêntica à do smartPAD, utilizando-se de to-
reconfigurando os objetos na placa de aplicação. dos os parâmetros do sistema real, importados do con-
Apesar das vantagens apresentadas, a célula edu- trolador original.
cacional restringe consideravelmente o espaço de tra- Com o uso dessa ferramenta todas as funciona-
balho do robô devido a suas dimensões, limitando o lidades do controlador virtual se tornam idênticas às
desenvolvimento de aplicações que realmente aprovei- reais, sendo assim, qualquer programa desenvolvido
tem os graus de liberdade nele existentes, já que um virtualmente poderá ser diretamente implementado
erro pode resultar em danos permanentes na estru- no manipulador com sua funcionalidade garantida. A
tura da célula. Sua estrutura fechada torna-se tam- semelhança da interface virtual com o smartPAD per-
bém uma barreira ao aprendizado por dificultar a pro- mite que durante as atividades os usuários tenham
gramação e interação com o robô, impedindo a visu- contato direto com o sistema real, capacitando-se para
alização de determinadas posições e movimentos em a operação quando fora do ambiente simulado. A fi-
que objetos se sobrepõem uns aos outros ou quando gura 3 mostra a execução dos programas.
acontecem efeitos visuais, a exemplo de paralaxe.

4 Ambiente de Simulação

4.1 KUKA.Sim
O software KUKA.Sim, desenvolvido pela fabricante
do robô, possibilita a modelagem, análise e simulação
de projetos envolvendo os manipuladores industriais
da marca, junto de diversos outros componentes adi-
cionáveis. No ambiente simulado é possı́vel criar todo
o layout virtual que representa o local real em que o
(a) KUKA.Sim Pro (b) KUKA.OfficeLite
robô está ou será instalado, poupando tempo de pro-
jeto e viabilizando a identificação precoce de futuras
Figura 3: Ambientes virtuais de trabalho
limitações ou problemas na implantação e na coloca-
ção em funcionamento.
O software possui recursos extremamente úteis 5 Proposta
para a modelagem e programação offline dos robôs,
dentre os quais pode-se citar: O escopo deste trabalho envolve a preparação do robô
para as atividades que serão realizadas no laborató-
1. Compatibilidade com diferentes ferramentas rio de robótica da universidade, especificamente em
CAD (Computer-Aided Design); projetos de pesquisa - iniciação cientı́fica e trabalhos
finais de graduação - e durante as aulas.
2. Possibilidade de inclusão de sinais de E/S (En-
Como exposto na seção 3, a célula educacional
trada e Saı́da) como a resposta de sensores e di-
original do manipulador impunha uma série de limita-
nâmicas ativáveis;
ções ao sistema e a seu uso didático. Constatou-se que
3. Extensa biblioteca rica em componentes tı́picos o ambiente fı́sico da célula não era o mais adequado
da indústria, como grades de proteção e esteiras, às atividades vindouras, cabendo então sua adaptação
além de componentes paramétricos facilmente no espaço do laboratório.
editáveis; Assim, uma operação com espaço de trabalho am-
pliado e com possibilidade de expansão do hardware,
4. Integração de scripts em Phyton para o desen- visando tarefas e operação em maior grau de com-
volvimento de componentes ativos; plexidade, se fez necessária. Para tanto, foi proposta
5. Perfeita fidelidade com o robô real; a retirada da estrutura superior da célula educacio-
nal, liberando completamente as limitações laterais e
Além disso, o programa pode ser acoplado dire- possibilitando a instalação de novos equipamentos em
tamente ao software de programação em tempo real torno do robô.
da fabricante, o KUKA.OfficeLite, gerando uma solu- Tendo em vista a segurança dos operadores,
ção completa para a simulação e programação offline atentando-se para a variedade de riscos que robô o
oferece, como cortes, esmagamentos e contusões, a quando houver algum tipo de manutenção e/ou coli-
instalação de uma grade de contenção formando uma são. Com os eixos não ajustados a utilidade do robô
nova célula de trabalho em torno do robô integra a é consideravelmente reduzida.
proposta de modificação fı́sica no laboratório.
Em sua condição original, o sistema exige que a
programação e operação sejam feitas diretamente com
o uso do smartPAD e do robô, o que limita a quan- 6.1.2 Medição de Ferramenta e Inserção dos Dados
tidade de operadores interagindo ao mesmo tempo, de Carga
reduzindo também o potencial de aprendizado, além
de expor o hardware e o laboratório a possı́veis danos De forma a garantir maior precisão possı́vel nos movi-
causados pela inexperiência. mentos do manipulador, os cálculos para o controle de
De forma a otimizar este processo e proteger o movimento devem levar em consideração as informa-
laboratório e seus ativos, foi proposto o desenvolvi- ções como posição, massa e inércia das ferramentas
mento de um modelo fiel da nova célula de trabalho no que serão utilizadas durante a operação. Sendo as-
software de simulação, KUKA.Sim Pro, que integrado sim, faz-se necessário cadastrar no software os dados
ao controlador virtual existente no KUKA.OfficeLite, de todas as ferramentas a serem utilizadas pelo robô.
formam um ambiente completo e descentralizado para O processo de medição da ponta da ferramenta,
o aprendizado. que na prática é a parte da ferramenta que deve in-
teragir com os outros objetos, pode ser feito de três
6 Adaptação e Integração da Célula diferentes formas. O método de Introdução Numérica
Didática é utilizado quando a ferramenta a ser fixada na flange
tem sua geometria muito bem conhecida, de forma
6.1 Startup do Robô que é possı́vel introduzir diretamente no sistema as
translações dos eixos x, y e z que representam a nova
Inicialmente, a célula educacional encontrava-se de- TCP.
sativada no laboratório de robótica e para inı́cio dos
trabalhos foi necessário colocá-la em funcionamento No método Referência-XYZ, o sistema utiliza
pela primeira vez. como base os dados de uma ferramenta já conhecida
Foi constatado que todas as conexões dos cabos e que opera de forma semelhante à nova que será ca-
entre o robô e o controlador necessárias para o fun- dastrada, com a ferramenta já cadastrada realiza-se
cionamento já haviam sido realizadas pelo fabricante uma medição em um ponto fixo e então a nova ferra-
antes do momento entrega, o que pôde ser confirmado menta é montada na flange e uma segunda medição é
na proposta comercial da compra. realizada. Com base na diferença entre a medição, o
Uma vez ligado, para que o robô pudesse ser ope- sistema calcula o TCP da nova ferramenta.
rado, uma sequência de tarefas básicas de configu- O método mais utilizado durante este trabalho foi
ração deveria ser realizada, listadas no smartPAD - o XYZ-4-Pontos, que consiste em, com a ferramenta
menu “Assistente de Colocação em Funcionamento”. montada na flange, posicionar a ponta da ferramenta
Esta será descrita detalhadamente a seguir. em dado ponto fixo no espaço de 4 orientações diferen-
tes. Uma vez que estas 4 formas de alcançar o mesmo
6.1.1 Ajuste dos Eixos ponto no espaço foram computadas, o software realiza
um cálculo baseado nas diferentes posições de juntas
Somente quando um robô industrial estiver ajustado realizadas pelo robô e encontra o TCP da nova fer-
de modo correto e completo, ele poderá ser utilizado ramenta. Este método parte do pressuposto de que
de forma otimizada, pois somente então ele apre- o mesmo ponto no espaço é atingido pela ferramenta
sentará plena exatidão de pontos e trajetórias, ou todas as vezes e, desta forma, é de suma importância
seja, poderá ser movido com movimentos programa- utilizar um ponto de referência bem definido, como
dos (KUKA, 2013). uma ponta de agulha ou alguma estrutura com ponta
No ajuste dos eixos, a cada eixo do robô é atri- afiada, de forma a maximizar a precisão no posicio-
buı́do um valor de referência. Assim a unidade de namento visual do TCP e minimizar o erro.
comando do robô saberá onde esse eixo se encontra
As informações obtidas através deste método de
durante os movimentos seguintes. Logo, um processo
calibração foram posteriormente cadastradas no Of-
completo de ajuste contém o ajuste de cada eixo in-
fice Lite e KUKA.Sim e estão disponı́veis na tabela
dividualmente.
1:
Por meio de uma ferramenta auxiliar chamada
EMD (Electronic Mastering Device) é designado um
valor de referência a cada eixo em sua posição zero Tabela 1: Dados cadastrados no ambiente de simulação
mecânica. Uma vez que a posição mecânica e a elé- Posição (mm)
Tool Data Ferramenta Peso (g)
trica do eixo entram em concordância, o eixo recebe x y z
1 Garra Pneumática 968.53 0.387 1.138 161.555
um valor de ângulo definido. 2 Porta-Caneta 97.87 0.950 3.580 298.120
O robô sempre deve ser ajustado ao ser colo- 3 Ponta de Calibração 48.34 0.199 -0.077 79.863
4 Gancho 85.50 -1.08 0.655 250.608
cado em funcionamento pela primeira vez e também
6.1.3 Medição de Base do robô. Os valores utilizados para estabelecer tais
espaços de trabalho são exibidos na Tabela 3:
Quando, em um programa, o robô necessita atingir
determinada posição em relação a um outro objeto,
p.ex. uma mesa, é necessário que se cadastre neste Tabela 3: Limitações de Workspace
objeto um novo referencial de base. Ao se cadastrar
Distância da Base (mm)
nova base, todos os pontos que o robô deve atingir po- Número X Y Z
dem ser cadastrados referentes à este outro sistema de Min. Max. Min. Max. Min. Max.
coordenadas. Assim, caso o objeto seja posicionado 1 150 660 -440 440 10 260
de alguma outra forma em relação ao robô, é neces- 2 -350 765 -375 375 -1000 30
3 -350 -1000 -600 600 -300 1200
sário apenas atualizar a base do sistema em sua nova
posição, e, desta forma, todas as posições referentes
ao antigo posicionamento do objeto serão atualizadas,
eliminando o retrabalho de programar novamente o
6.2 Preparação do Laboratório
movimento.
6.2.1 Ambiente do Robô
6.1.4 Limitação de Ângulos das Juntas e Espaço de
Trabalho Visando um ambiente mais semelhante ao da indús-
Um manipulador é um conjunto de elos e juntas que tria, com fácil integração e manipulação de objetos
possui limitação de movimento somente quando o li- de terceiros em atividades mais complexas e onde o
mite fı́sico de alcance é atingido, o chamado Espaço potencial do robô pudesse ser aproveitado em sua in-
de Trabalho Alcançável. Por possuir 6 graus de liber- tegralidade, foram propostas alterações no layout do
dade, dentro deste espaço qualquer posição é matema- laboratório, desfazendo-se parcialmente da estrutura
ticamente alcançável, porém, do ponto de vista fı́sico, tubular onde o robô ficava enclausurado.
existem posições que podem culminar em colisão en- Sendo assim, foi concebida uma estrutura em gra-
tre seus próprios elos ou com outros objetos em seu dil de aço, com 2.5 m x 2.5 m de lado, aproveitando-se,
entorno, causando danos à estrutura do manipulador por medida de economia e por melhor acessibilidade
ou ao laboratório. a tomadas e à linha pneumática, um dos cantos do la-
Visando garantir segurança, limitações de espaço boratório, onde o robô permaneceria durante seu uso.
de trabalho e dos ângulos das juntas foram estabeleci- Nessa nova estrutura, uma porta de 90 cm facilitará o
das em software, de forma a garantir que movimentos acesso ao robô, possibilitando a circulação de pessoas
possivelmente danosos sejam interrompidos pelo con- e colocação de outros objetos.
trolador. As limitações das juntas tem como objetivo Além disso, como medida de segurança, foi ins-
principal impedir que, ao se movimentar, o robô colida talada uma chave de segurança na porta e botoeiras
com seus próprios elos. Na tabela 2, são apresentados externas, tanto de acionamento quanto de emergên-
os valores escolhidos para impedir tais colisões: cia. Essa chave de segurança garantirá que o robô só
Tabela 2: Limitações dos ângulos das juntas
funcione quando a porta estiver fechada, eliminando
o risco de acidentes com o operador. Todavia, quando
Valor Valor operado no modo de programação, em que a veloci-
Juntas
Mı́nimo ( °) Máximo ( °) dade de operação do robô é reduzida para 30% da
A1 -140 140 máxima, é permitido que a porta fique aberta. A fi-
A2 175 40
A3 -150 150 gura 4 mostra a nova estrutura.
A4 -185 185
A5 -120 120
A6 -350 270

Além das limitações das juntas, também é possı́-


vel modificar espaços de trabalho para o robô, espaços
estes que podem, por exemplo, impedi-lo de posicio-
nar a ferramenta ou algum de seus elos em determi-
nada área. Com o intuito de proteger outros ativos,
para os quais a limitação das juntas não é suficiente,
foram também estabelecidas em software restrições
para o espaço de trabalho do manipulador, definidos
em coordenadas cartesianas em relação ao referencial
de base do robô. A primeira, impede que o manipu-
lador colida com a mesa de aplicação e seus objetos.
A segunda impede que ele colida com o plano de fi-
xação na base e, por fim, a terceira limitação protege
a janela e os equipamentos situados na parte traseira Figura 4: Nova célula educacional proposta
6.2.2 Preparação dos Computadores coordenadas dos objetos que serão posicionados em
ambiente virtual.
Para o uso do robô de forma didática durante as
Para isso, uma nova ferramenta em alumı́nio foi
aulas, fez-se necessária a instalação e configura-
usinada, com formato semelhante ao de um lápis, ga-
ção dos softwares de simulação KUKA.OfficeLite e
rantindo uma ponta centralizada em relação ao ponto
KUKA.Sim em todas as máquinas do laboratório. O
de montagem e com um TCP bem definido.
primeiro passo foi preparar uma máquina virtual em
Substituiu-se então a garra, ferramenta original
um dos servidores da universidade para que fosse ca-
do manipulador, pela ferramenta de calibração. Desta
paz de gerenciar as licenças destes softwares, que são
forma, foi possı́vel obter, com extrema precisão, as
flutuantes. Feito isso, os programas foram instalados
posições relativas ao robô de todos os objetos já mo-
em todos os computadores e as licenças foram sincro-
delados . No ambiente simulado, os objetos foram
nizadas com o servidor local.
posicionados também em relação ao robô utilizando-
Com os programas em funcionamento, constatou-
se de todos os dados de posição obtidos no sistema
se que a versão do programa de controle em execução
real.
no controlador real não coincidia com a versão exe-
Após a primeira calibração do ambiente virtual,
cutada no KUKA.OfficeLite, existindo diferenças que
diversos testes de posicionamento foram realizados,
impediam a necessária fidelidade durante a execução
programando o manipulador para atingir um certo ob-
da simulação. Para contornar essa situação, fez-se
jetivo no mundo virtual, posteriormente exportando
necessário obter o programa de controle existente no
este mesmo programa para o robô real e verificando a
robô e instalá-lo na máquina virtual responsável pela
precisão do movimento. Caso o programa na execução
execução do KUKA.OfficeLite.
não apresentasse precisão satisfatória, o procedimento
Assim, todos os computadores do laboratório fi-
de posicionamento do objeto era repetido, novas co-
caram aptos ao uso didático, em ambiente offline, e
ordenadas registradas e fornecidas ao simulador.
fiéis ao sistema real.
Por fim, a fidelidade do ambiente simulado ao am-
biente real permitiu que a programação do robô pu-
6.3 Modelagem e Integração desse ser feita inteiramente no software e exportada ao
O KUKA.Sim possui como padrão uma vasta biblio- robô com precisão na casa dos milı́metros, tornando-
teca de modelos que podem ser usados durante a cri- se uma ferramenta didática extremamente vantajosa.
ação de um ambiente virtual. Apesar disso, existem A figura 5 mostra o ambiente simulado integrado.
na célula real uma série de componentes personaliza-
dos que não fazem parte desta biblioteca, então para
garantir a fidelidade ao ambiente real durante a pro-
gramação e a utilidade destes componentes, foi neces-
sário modelar e inserir os novos modelos no software
para posterior aproveitamento.
Para tanto, foi necessário usar um software de
modelagem 3D que fosse capaz de reproduzir com
acurácia as dimensões reais dos objetos a serem in-
seridos no simulador. Primeiramente, foi necessário
obter as medidas destes objetos com a maior precisão
possı́vel. Com o auxı́lio de um paquı́metro, todos os
Figura 5: Célula real reproduzida no simulador
objetos usados na mesa de aplicação, com exceção da
mesa curva e dos cubos, e, de igual forma, a garra
pneumática foram medidos e, em seguida, modelados 7 Conclusão
no SolidWorks.
Além disso, também foi necessário garantir o po- Este trabalho apresenta um exemplo prático da im-
sicionamento dos objetos no modelo virtual de forma portância da simulação em ambientes industriais onde
a manter fidedignidade ao ambiente real. Para essa a interação direta com o sistema fı́sico pode não ser
tarefa, considerando os erros inerentes a quaisquer possı́vel, além de ter conseguido expandir considera-
instrumentos de medida, optou-se por se utilizar o velmente o acesso dos alunos durante o uso cotidi-
próprio manipulador como ferramenta de posiciona- ano. Pela representatividade alcançada, a operação
mento no mundo virtual, considerando-se que este do robô no ambiente simulado oferece uma solução
possui uma precisão da ordem de 0.01mm e que no completa de ensino que permite a migração direta
smartPAD existe um menu que exibe as coordenadas para o sistema real.
cartesianas do robô com a mesma precisão. Outro ponto positivo é a interdisciplinaridade que
Dificuldade existente neste procedimento, é ga- este sistema oferece, o que cria a possibilidade de inte-
rantir que a ferramenta utilizada no manipulador com grar diversas áreas do conhecimento atualmente ofere-
essa finalidade possua um TCP bem definido e ponti- cidas nos componentes curriculares existentes na uni-
agudo, além de uma acurácia em sua posição relativa versidade. Motiva os alunos por colocar em prática,
ao robô, de forma a auxiliar o operador na leitura de de maneira conjunta, diversos conhecimentos adqui-
ridos durante a graduação e oferece oportunidade de Referências
entrar em contato com uma tecnologia bastante utili-
zada no meio industrial. Craig, J. J. (2013). Robótica, 3 edn, Pearson Prentice
Além disso, abriu-se uma nova frente de possibili- Hall.
dades para pesquisa e ensino de robótica na universi-
Kleppe, A. and Egeland, O. (2016). Inverse kinema-
dade, de forma que ela se torne referência no ensino de
tics for industrial robots using conformal geome-
robótica e integração de sistemas, onde futuros usuá-
tric algebra, Modeling, Identification and Control
rios poderão se qualificar e desenvolver soluções para
37(1): 63–75.
este crescente ramo da tecnologia.
Como sugestão para novos projetos e novas pes- KUKA, D. (2013). Programação do Robô 1, KUKA
quisas, é de fundamental importância que sejam abor- System Software 8, KUKA Deutschland GmbH.
dados os seguintes temas:
KUKA, D. (2018). KR AGILUS sixx Specification,
• Utilização de câmeras e algoritmos de processa- KUKA Deutschland GmbH.
mento de imagem para engajar o movimento do
Moran, M. E. (2007). Evolution of robotic arms, Jour-
manipulador em ambientes dinâmicos, o que é
nal of Robotic Surgery pp. 103–111.
uma tendência nos ambientes industriais.
Sanfilippo, F., I., H. L., Zhang, H., Fago, M. and
• Expansão da complexidade da célula de traba- Pettersen, K. (2014). Jopen-showvar: An open-
lho, com adição de novos objetos e funcionalida- source cross-platform communication interface
des, como um CLP em conjunto com diferentes to kuka robots, Proc. of the IEEE Internatio-
sensores e atuadores, que aproximaria seu uso a nal Conference on Information and Automation
situações cotidianas da indústria. (ICIA) p. 1154–1159.

• Capacidade de controlar o robô em tempo real, Yeole, S. (2011). Simulation in robotics, National
sem a necessidade de comprar novos módulos da Conference on “Recent Advances in Manufactu-
fabricante, usando p.ex. um aplicativo de celular ring Egineering Technology” .
ou algum tipo de sensor de movimento, como em
Sanfilippo et al. (2014). *Biografias

• Alteração dos algoritmos responsáveis pelo con- Hugo Assis Juste


trole de trajetória do robô, com estudo de novas Nascido em Ubá (MG) em 1993.
Fez seus estudos iniciais em Ubá e
maneiras de se implementar a cinemática e di- Raul Soares (MG). Transferindo-
nâmica responsável pela precisão, velocidade e se para Itabira iniciou seu ba-
repetibilidade de seus movimentos. charelado em Engenharia de Con-
trole e Automação pela Universi-
dade Federal de Itajubá em 2012.
• Desenvolvimento de outros tipos de ferramentas Durante seu perı́odo de gradua-
mais abrangentes, capazes de manipular objetos ção desenvolveu diversas ativida-
de formatos mais complexos e delicados. des acadêmicas, ao exemplo de
iniciações cientı́ficas e participa-
ção em grupos de pesquisa, com
8 Agradecimentos notória contribuição em equipe de
robótica existente na universidade, deixando em seu legado o
bicampeonato sul-americano de futebol de robôs autônomos.
Agradecemos, primeiramente, a Universidade Federal
de Itajubá, pela excelência no ensino, por proporci-
onar um ambiente criativo e favorável ao desenvolvi-
Luan Braga Mendes
mento do aluno e por possuir excelentes laboratórios Nascido em Tiradentes (MG) em
com tecnologia de ponta. 1992, formou-se como técnico em
Agradecemos a nosso orientador Fadul Ferrari Automação Industrial pelo Colé-
gio Técnico da UFMG em Belo
Hodor, companheiro que nos ajudou a trilhar os cami- Horizonte (MG). Posteriormente
nhos deste trabalho e ao professor Clodualdo Venicio iniciou o bacharelado em Enge-
de Sousa, que incentivou e facilitou o uso da infraes- nharia de Controle e Automação
trutura disponı́vel na universidade. pela Universidade Federal de Ita-
jubá em 2012. Durante a gradu-
Agradecemos também aos técnicos de laboratório, ação realizou um intercâmbio de
Heitor, Maurı́cio, Camilo, Moisés, Marcondes, Antô- um ano e meio na Alemanha, com
nio e Jasson pela prestação de serviço de qualidade e a finalidade de desenvolver seus
conhecimentos na lı́ngua Alemã
pelas sugestões oferecidas. além dos estudos em engenharia.
Finalmente, agradecemos aos amigos e famı́lia,
que em diversos momentos nos apoiaram, incentiva-
ram e se mostraram extremamente interessados no
desenvolvimento e nos resultados deste projeto.

Vous aimerez peut-être aussi