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Universidade de Brasília

AS OCUPAÇÕES DOS CENTROS DE ENSINO EM 2016 E O PAPEL DA


COMUNICAÇÃO

Trabalho desenvolvido da disciplina Métodos e


Técnicas de Pesquisa em Comunicação.

Professor Tiago Quiroga

NAIANY RIBEIRO, 16/0037123

Brasília, Janeiro de 2017


As Ocupações dos Centros de Ensino em 2016 e o Papel da Comunicação

O papel da comunicação é de estrema importância para levar o


conhecimento de maneira clara a todas as pessoas, formar um pensamento
reflexivo sobre os fatos, sem interferir ou sequer manipular a informação. Porém,
é necessário se atentar às barreiras no processo comunicacional, que podem ser
quando a mensagem emitida não é recebida ou recebida em parte; a mensagem
é distorcida ou não tem interpretação adequada; ou mesmo quando a mensagem
não é captada e é interrompida.

Num contexto histórico, a evolução da comunicação se deu num


período de tempo muito grande, porém, o último século, com o domínio da
digitalização de dados, a entrega de mensagens passou a ser instantânea.

A comunicação está diretamente ligada à liberdade de expressão, e


uma maneira que modificou a forma de se expressar foi a partir da década de
1990, com o surgimento da internet, que tornou o compartilhamento das
informações mais instantâneas, sobretudo com as redes sociais, daí, os
indivíduos, passaram a se expressar mais.

Em quase qualquer lugar é possível enviar uma informação através


da internet, e em questão de poucos segundos, abranger uma quantidade
significativa de receptores. Essa nova forma de comunicação se mostrou de
extrema importância diante das decisões políticas que não satisfazem a
sociedade.

Contextualizando o período do século XXI, no Brasil, que está sendo


um momento marcado por diversos desacordos entre a sociedade e as decisões
políticas, a comunicação se mostra um dos fatores primordiais na formação de
opiniões, sobretudo, na formação de grupos que se juntam para se manifestarem
em prol de uma causa. Sobretudo, a partir do ano de 2010, que está sendo
marcado por diversas corrupções e uma sociedade indignada.

Junho (Filme sobre a manifestação de 2013) relembra uma


manifestação pioneira de grande relevância do novo milênio. Com a sociedade
indignada, milhares de pessoas foram às ruas de quase todo o país. A princípio, a
mídia e as autoridades viam o movimento com um ar de condenação, porém, aos
poucos, essa posição foi mudando e mostrando o real motivo dos manifestantes
estarem em desacordo com as decisões e com os fatos que vinham acontecendo
nos últimos tempos. Iniciou-se pela indignação referente ao aumento das
passagens de ônibus e com o apoio popular, acrescentou-se uma grande
variedade de temas como os gastos desenfreados na política e a corrupção. A
mídia passou então a cobrir os eventos com visão observadora.

Esse período (junho de 2013) tem sido um momento muito


importante para o Brasil, pois a população mais jovem percebeu a força que tem.
Porém, as decisões governamentais nem sempre são satisfatórias e aquelas que
aparentam ser uma afronta contra o povo, tendem a chamar novamente as
pessoas a se manifestarem. Essa chamada utilizou um meio muito comum, o
facebook – com a criação de eventos, o convite para ir às ruas chegou a milhares
de pessoas, e o apoio, tanto virtual quanto físico, chegou a números exorbitantes.

As redes sociais, são os novos “convites” e “convocações” para as


chamadas de manifestações. Sob a ótica de quem quer publicar algo, são
geradas informações para todo o mundo de maneira instantânea. Por este motivo,
a grande mídia, deve se atentar à responsabilidade de publicação, e a Hipótese
do Agendamento (formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de
1970), que antes inseria determinados assuntos em destaque na sociedade, em
certo momento, tornando assim o destaque o “fato” mais importante para os
consumidores de notícia na cobertura jornalística, assim, as pessoas são
determinadas a pensar ou falar sobre tal assunto. Atualmente, a aplicação da
“agenda” se torna algo diferente ao que era na década passada.

Com o poder da mídia em tornar algo mais ou menos importante


para os consumidores de notícias, alguns fatos de relevância podem se tornar
menos comentados, ou até mesmo, passar despercebidos por grande parte da
população. É importante citar Christoph Turcke:

O meio precisa ser semanalmente, depois diariamente, alimentando com


matérias dignas de serem noticiadas, para que ele possa continuar a
existir e, quando se torna questionável se os eventos correntes dizem
respeito a todos, é necessário que se faça que se digam. Assim, a
confecção de notícias recebe uma nova ênfase. Não mais representa
apenas a ornamentação de acontecimentos explosivos, mas também o
fazer explosivo dos acontecimentos. A lei de base da lógica da notícia
conduz à sua própria inversão: "A ser comunicado, porque importante"
superpõe-se a "Importante, porque comunicado". (TÜRCKE, 2010, p.
17).

Ainda, um problema muito comum é a transmissão de notícias de


forma não tão clara, ou onde há um posicionamento do transmissor, que pode
desencadear na manipulação dos pensamentos dos receptores, de modo que
haja uma interpretação por parte do consumidor de notícias com a mesma visão
da mídia que se comporta de maneira a defender uma posição. Ainda citando
Turcke (2010, p.16), “o novo tem também que ser compreensível”, que significa o
dever de se atentar a transmitir notícias claras, onde as pessoas possam
compreender o fato – explicar o contexto de tal informação.

Os estudantes têm se mostrado muito preocupados com a educação


brasileira. Por parte da mídia, esse problema não é tão retratado, ou tem pouca
ênfase em sua retratação. Porém, diante das novas tecnologias e disseminação
das informações através da internet, os jovens têm buscado protestar em favor de
maior qualidade no ensino. Como diz Milton Santos (2005), “A educação de
qualidade é cada vez mais inacessível.” E como o governo não se posiciona em
prol de tornar a educação brasileira um exemplo a ser seguido, os protestos se
tornam mais frequentes, assim como nos últimos meses do ano de 2016, onde,
em diversas cidades, houve ocupações nos centros de ensino.

Os problemas gerados com a escassez de qualidade nos serviços


básicos para os seres humanos revolta a sociedade, que se sente com a
responsabilidade de lutar pelos direitos assegurados por uma constituição com
texto bonito, e que não abrange a todos.

Segundo uma matéria publicada em 02 de novembro de 2016, de


Luiz Ruffato, colunista do jornal espanhol El País, o Brasil não trata a educação
com essa premissa de qualidade:

O resultado é que o sistema educacional brasileiro – não só o público,


mas também o privado – figura entre os piores do mundo, conforme o
Pisa, programa de avaliação patrocinado pela Organização para a
Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Com gastos de
27.000 dólares por ano por aluno entre 6 e 15 anos – pouco mais da
metade do que a OCDE considera ideal, 50.000 dólares - nossa taxa de
repetência é altíssima: mais de um terço dos alunos com 15 anos (36%)
já foram reprovados pelo menos uma vez. Segundo estudo do Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apenas metade dos
jovens ente 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio e a taxa
de evasão nessa faixa etária é de 16%.

Diante desses fatos (que não são noticiados com grandiosidade pela
mídia brasileira), percebe-se a dimensão da problemática envolvendo o saber dos
brasileiros referente aos problemas do país.

A morte do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, assassinado por


um colega, que afirmou terem consumido uma droga sintética, durante as
ocupações das escolas (movimento estudantil que foi motivado pela reforma do
ensino médio – com a proposta de subtrair algumas matérias, e pela PEC dos
gastos, que congelaria o investimento em algumas áreas, inclusive a educação)
passou a ser resposta de generalização da manifestação, onde a comunicação
dos fatos, por emissão de diversas fontes, tornou o movimento como realizado
por drogados e desocupados.

A estudante Ana Júlia de 16 anos, discursou na Assembleia


Legislativa do Paraná após o referido assassinato e disse “A nossa única
bandeira é a educação. Somos um movimento apartidário, dos estudantes pelos
estudantes”. Disse ainda, direcionando aos deputados, que “O sangue do Lucas
está na mão de vocês.” Seu discurso foi muito compartilhado pelas redes sociais.
O que mostra que atualmente, uma fonte principal de comunicação é (a princípio)
a internet, sobretudo as redes sociais.

E, também, referente ao movimento, houve muitas críticas. Segundo


o portal de notícias G1, extrai-se o seguinte texto da BBC Brasil: O governador
Beto Richa (PSDB) chegou a dizer que "os líderes destas ocupações devem ser
responsabilizados e responder pelo homicídio desse adolescente dentro de uma
escola que participava da ocupação". Ora, no país deveria haver “liberdade de
expressão”. Os políticos são eleitos para representar a população em sua maioria,
e propor legislações que sejam acordadas por grande parte da sociedade, porém,
há uma barreira na comunicação entre o que a sociedade quer e o que os
políticos entendem.
A ocupação das escolas se tornando cada vez maior motivou o
governador do Paraná Beto Richa a apelar para que todas as escolas do Estado
fossem desocupadas. Decisão essa que gera diversas opiniões contraditórias,
dentre elas, a decisão fora correta pois os ocupantes atrapalhariam as aulas de
quem não participava do movimento; e, também, a decisão fere o direito de se
manifestar e “propor” o que deveria ser legislado.

Partindo do ponto de vista de como é o Brasil e como se legisla no


país, gera-se a questão: Como a população sugere ao governo as propostas que
deveriam ser consideradas?

Como não há um meio eficiente para diversas tomadas de decisões,


e referendos nem sempre são aplicados para consulta ao que se colocar na lei, as
ocupações se mostraram importantes para os estudantes comunicarem sua
insatisfação referente à mudança no sistema de ensino e investimento na
educação.

Para certos assuntos, seria de extrema relevância a consulta


popular. No momento atual, onde a comunicação se dá por maior parte de
maneira virtual, digital, seria interessante a criação de um sistema onde poderia
ser realizada tal pesquisa.

Segundo consulta à Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo


art. 14, inciso III e art. 61, § 2º, verifica-se a possibilidade de Iniciativa Popular,
porém, é um processo muito burocrático: exige-se a assinatura de 1% do
eleitorado nacional, originários de, pelo menos, cinco Estados, com não menos de
0,3% dos eleitores de cada um deles. Segundo o site do TSE, o eleitorado em
novembro de 2016 era de 146.289.720, o que significa que seriam necessários
aproximadamente assinatura de 1.462.897 de eleitores.

Existem propostas que se caminham rapidamente, que nem sempre


fornecem tempo suficiente para que as pessoas possam indicar ou não sua
satisfação em determinado assunto. Mas, na era da comunicação, esse processo
deveria ser mais facilitado, e na instantaneidade que a era virtual propõe.
Avaaz é uma comunidade virtual dedicada ao ativismo. A
organização tem função principal de consulta pública onde os usuários assinam
de forma digital e opinam a cerca de variados assuntos. É possível apenas uma
assinatura por usuário em determinado tema. Na plataforma foi criado uma
petição que não incluísse Saúde e Educação no texto da PEC 241 (Proposta de
Emenda Constitucional entregue à Câmara referente aos gastos). Houve mais de
325 mil brasileiros que assinaram a petição, que foi entregue na Câmara antes da
votação.

Existem muitas barreiras no que diz respeito à comunicação entre


sociedade e governo brasileiro. Para resolver tal problemática, é necessário
chamar a atenção através da formação de grandes grupos, e, com isso também
surge uma outra problemática referente à segurança.

As manifestações demandam um retratamento com extremo


cuidado, pois os meios de comunicação e o acesso à todos permitem o
compartilhamento de uma imagem com opostas interpretações – um exemplo é a
de um policial atuando, onde a legenda pode colocá-lo como inibidor ou apoiador
da manifestação.

Esse problema comunicacional é muito comum com as ocupações, a


exemplo temos o assassinato do estudante Lucas. Matéria publicada em 24 de
outubro de 2016 com o título: “Morte de adolescente no Paraná reforça discurso
de ódio contra movimento secundarista”, pela página “Brasil de Fato”, tem o
seguinte texto:

“Mesmo antes das informações sobre a morte do jovem serem apuradas,


manifestações pela reintegração de posse das escolas começaram a se
proliferar pelas redes sociais a partir da repercussão de falas e opiniões
de articulistas e militantes da direita. No início da tarde, o líder do
Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, publicou um vídeo no
Facebook dirigido ao governador Beto Richa (PSDB), exigindo
“imediatamente” a desocupação das escolas.”

O fato não representa a totalidade do movimento. Foi um


acontecimento isolado, e a utilização dessa história mostra como os fatos podem
ser utilizados como passíveis de manipulação da mente das pessoas através da
comunicação. Utilizar o discurso de que os alunos que ocupavam as escolas
estavam em perigo tirou muitos estudantes do movimento. Santos (2005) diz:
“Entre os fatores constitutivos da globalização, em seu caráter perverso atual,
encontram-se a forma como a informação é oferecida à humanidade”.

Portanto, o papel da comunicação, sobretudo dentro do contexto das


ocupações, tem fundamental importância na formação de opiniões. É necessário
atentar-se à forma de compartilhamento de informações, bem como momento e
legendas.

As redes sociais têm se mostrado a principal forma de expandir o


campo comunicacional e para tanto, a utilização desse meio, que é acessível à
maior parte da população tende a ser a chave dos processos de convocações e
uma forma de liberdade – principalmente a liberdade de expressão.

As ocupações das escolas foram um meio utilizado por estudantes


de diversas cidades do país para comunicar a insatisfação aos novos projetos que
foram propostos por parte dos governantes, e que, em sua visão, seriam um
grave momento para a sociedade. Com o direito de se expressar, escolheram
“cruzar os braços”.

Por parte da grande mídia, os movimentos de manifestações


deveriam ser retratados em sua totalidade sem a posição dos formadores de
opinião. Um jornalismo sério e ético que transmite a informação sem manipulação
da mente das pessoas.

Concluindo, a comunicação apresenta diversas barreiras. Diante de


situações que envolvem a sociedade, seu papel tem de ser, de certa forma,
monitorado, e só permitir a passagem de informações corretas. E os meios de
comunicação como a utilização da internet, que tem se mostrado o principal
disseminador de informações, ser passível de criminalizar aqueles que o utilizam
como forma de distorção dos fatos. Assim, a manipulação através da
comunicação se tornaria mais difícil, e haveria a real decisão da sociedade, em
diversos assuntos.
BIBLIOGRAFIA

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência


universal. Rio de Janeiro: Record, 2005.

TURCKE, Christoph. Sociedade Excitada: Filosofia da Sensação. Campinas: Ed.


Unicamp, 2010.

RUFATTO, Luiz. Disponível em


<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/02/opinion/1478099377_736393.html>
Acesso em 03 de jan. 2017.

BBC Brasil. Disponível em < http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/10/nunca-


tinha-feito-um-discurso-antes-quem-e-a-estudante-que-viralizou-ao-defender-
ocupacao-de-escolas-no-parana.html> Acesso em 03 de jan. 2017.

Matéria “Morte de adolescente no Paraná reforça discurso de ódio contra


movimento secundarista”. Disponível em
<https://www.brasildefato.com.br/2016/10/25/morte-de-adolescente-no-parana-
reforca-discurso-de-odio-contra-movimento-secundarista/>

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