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BHAGAVAD GITA
Revised with Commentaries
By JAMES SWARTZ
Introdução
Encontra-se problemas tanto nas traduções dos iogues -quanto na dos intelectuais.
Ainda que os intelectuais tendam a ser bem versados em inglês, eles raramente estão
Autorrealizados, e frequentemente perdem os significados implícitos. E enquanto os
iogues tendem a compreender o verdadeiro significado, em sua maioria não são
escritores. Suas interpretações e comentários dos versos são inevitavelmente
traduzidas a partir de discursos. Aqueles que realizam as traduções são certamente
bem intencionados, mas nem sempre dotados com a mais alta compreensão, nem
são eles particularmente bons escritores. Extrema reverência pelas escrituras
também compõe um problema e resulta numa tradução empolada, insensível e
imprecisa; a maioria se sente desconfortável alterando até mesmo uma simples
palavra do texto, ou do comentário do mestre.
Eu não sou um estudioso de Sânscrito, mas escutei o Bhagavad Gita em inglês de dois
iogues Autorrealizados, que eram estudiosos de Sânscrito e falavam um inglês
excelente. Li muitas traduções em inglês e estudo Vedanta há mais de trinta e cinco
anos. Estudei os textos principais e secundários de Vedanta em profundidade.O livro
”Bhagavad Home Study Course”(curso de estudo caseiro do Bhagavad), tem sido o
árbitro decisivo quando eu tenho uma dúvida à respeito do significado de um verso,
devido a excelente tradução e comentário de duas mil páginas de Swami Dayananda
Saraswati, um tradicional sábio Vedântico e o mais altamente respeitado mestre em
escrituras da Índia atual.
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Autorrealização geralmente não atinge alguém como um relâmpago, é normalmente
o resultado de um longo processo de Autoinvestigaçãoinvestigação, o qual é
definitivamente facilitado pelo conhecimento das escrituras. Não quer dizer que
somente aqueles com conhecimento de Sânscrito e que estudam escrituras
Vedânticas alcançam a iluminação. Os ensinamentos que removem a Autoignorância
são ideias, antes que essas sejam faladas ou escritas. É o significado das palavras que
remove as dúvidas sobre a natureza do Ser, da mente e do mundo, não as próprias
palavras. Nenhuma das ideias da ciência da Autorrealização édifícil de se
compreender para alguém com uma mente razoavelmente calma. A dificuldade surge
quando se tenta aplicar essas ideias na própria mente, porque... estranhamente... a
verdade é muito contraintuitiva. As crenças e opiniões da mente parecem tão
naturais, enquanto que a verdade - que deveria ser fácil - parece difícil de
compreender.
Desde os anos sessenta muitos ocidentais têm posto seus pés em um caminho
espiritual e têm feito um bom trabalho. Eles nunca irão para Índia, sentar-se aos pés
de um sábio Vedântico, e ter consciência do Ser - o que ainda é possível hoje. Não é
por não irem até o Oriente que as pessoas devem ser privadas da sabedoria oriental.
Por esse motivo, eu disponibilizei o Bhagavad Gita em um inglês claro e moderno.
Capítulo 2 – Sofrimento
1. Para Arjuna, que estava tomado pela compaixão, angustiado e choroso, Krishna
falou estas palavras, “se comportar assim não irá torná-lo um homem justo. Não irá
melhorar sua reputação, nem o conduzirá ao paraíso. Um guerreiro bem sucedido
não cede para esse tipo de sentimentalismo. Ela não irá beneficiar você. Supere este
estado emocional, levante e lute!”
“Um reino incomparável” significa uma vida sem medo de conflito. Mesmo que você
tenha uma vida segura, você não está imune ao sofrimento, porque dentro de cada
pessoa que não sabe quem ela é, existe uma pessoa insegura, triste, irritada, nascida
da autoignorância, apenas esperando pelas circunstâncias para causar-lhe
sentimentos de raiva, tristeza e insegurança.
Um indivíduo não pode resolver aquela pessoa imatura por si só, ele ou ela precisa
de uma visão objetiva disto. Sem uma visão não-dualista, não é possível ver o seu
pequeno ser objetivamente. Para obter a visão de não-dualidade, um aprendizado e
um professor são necessários. Arjuna- que nos representa - está pronto para
procurar a solução diferente da ação movida pela emoção. Ele quer a liberação da
própria ignorância.
Autoconhecimento
11. “O sábio não lamenta nem pelos mortos, nem pelos vivos. Nunca houve um
tempo em que eu não existisse, nem você, nem estes reis. Nem algum de nós deixará
de existir no futuro. Porque aqueles que vivem num corpo experienciam nascimento,
infância, juventude, velhice, e a obtenção de outro corpo é insensato lamentar.
Sentidos de contato dão origem à sensações, em constante mudança, de calor e frio,
prazer e dor. Você não tem escolha além de experenciá-las. Somente uma pessoa
honrada, não afetada pelo prazer e dor, está apta para liberação.
Como existem somente duas categorias de objetos na existência, coisas vivas e não-
vivas, e como seres humanos não tem controle sobre a vida e a morte, é inútil
desperdiçar emoção em ambos. Já que seres vivos estão sempre mudando, e coisas
mortas não mudam, vida e morte simbolizam as duas condições de uma realidade:
consciência e o mundo de objetos. A consciência, personificada como Krishna, o
professor, é eternamente existente, e sempre experenciada por cada indivíduo na
forma de “Eu”. O mundo de objetos é duplo: seres conscientes, “aqueles que vivem
num corpo”, e objetos materiais, isto é, o corpo. Se você vive num corpo e
experiencia o mundo através dos seus sentidos, você experiencia dualidade, “calor e
frio, prazer e dor”. Não há outra opção. Se você quer ficar livre do turbilhão
emocional, é necessário desapego. Você precisa ser “uma pessoa digna que não se
afeta pelo prazer e pela dor”. Pessoas maduras não fazem um grande alarde a partir
de emoções criadas por circunstâncias imprevistas, situações além de seu controle.
Krishna não está dizendo que Arjuna não é digno, muito pelo contrário. Arjuna é uma
pessoa bem sucedida, realizada, consideravelmente superior... “um touro entre os
homens”... acima da multidão. É porque Arjuna eé excepcional - pronto para a
libertação - que Krishna o ensina. Mas ele está temporariamente aflito, devido à falta
de discriminação.
Uma pessoa sábia é aquela que pode discriminar as duas categorias, o ser eterno dos
objetos temporários que aparecem. O sofrimento que Arjuna experiencia é devido à
confusão em sua mente, entre seu ser eterno e as emoções temporárias que ele
erroneamente investe como significativas. Liberação é a discriminação entre o real e
o aparentemente real.
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16-22. O que é aparentemente real (mithya) é tão bom quanto o que é inexistente. O
que é real (satya) nunca deixa de existir. Este conhecimento vos libertará.
O mundo que nós percebemos é um objeto. Ele é aparentemente real, o que significa
que ele não é real. Quando nós dizemos que o mundo existe, queremos dizer que sua
existência é emprestada da consciência universal, a qual é existência. Existência
existe onde não há observador e nem mundos para observar. Então ela não depende
do mundo. Mas o mundo depende da Existência. Qual parte do mundo não existe? O
mundo é Existência por completo. Então quando nós vemos o mundo, nós estamos
vendo Existência/Consciência (satchit). Quando você vê uma mesa de madeira, você
vê somente madeira. Se você subtrair a mesa da madeira e pesar a mesa, a mesa
pesará o mesmo. Assim, de fato, Arjuna está sempre experienciando a plena
Consciência universal mas ele está focado no aspecto emocional e irreal da realidade,
o qual é tão bom quanto inexistente. Fosse ele se concentrar na parte real... o
sempre-experenciado “Eu”, ele não iria se identificar com as emoções geradas pelas
circunstâncias.
Conheça “Aquele” que é indestrutível, o que permeia este universo inteiro. Ninguém
pode causar a destruição “Daquele” que nunca muda. O Ser - que não é um objeto de
conhecimento - é indestrutível mesmo que ele viva em corpos mortais. Qualquer um
que pensa que o Ser mata ou que pode ser morto não sabe a verdade. Ele não é
nascido, então como pode morrer? Ele é sempre presente e não está sujeito ao
tempo. Quando o corpo morre, ele não morre. Como pode você dizer que você é um
matador se você conhece o Ser como ele é? Tal como uma pessoa troca velhas roupas
por novas, o “Habitante Interior” desiste de seu velho corpo por outro novo.
Estes versos revelam a visão do ser, que ”não é um objeto de conhecimento”. Ele não
é um objeto de conhecimento porque ele não pode ser experenciado pelo corpo,
mente ou intelecto, isto é, percepção e inferência. Entretanto, Vedanta é o meio de
conhecimento para a consciência, o ser. Ele não produz uma experiência de
consciência, porque a consciência já é experenciada. Ele remove a ignorância do ser
por meio da revelação da lógica não examinada da experiência de cada indivíduo.
Em relação aos próprios sentimentos e pensamentos, o ser tem uma relação como a
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do espaço para com os objetos que nele existem. Assim como a destruição de objetos
materiais situados no espaço deixa o espaço intocado, o ser é intocado pelos
pensamentos e emoções que surgem e caem nele.
23. Armas não podem destruir o Ser. O fogo não pode queimá-lo ou a água molhá-lo.
O vento não pode secá-lo. Ele é imutável, onipresente, imóvel, e eterno. Sabendo que
ele não é um objeto do pensamento, e não é sujeito a mudanças, você não deve se
afligir. Mesmo se você vê o Ser preso num constante círculo de nascimentos e mortes,
você não deve se afligir, porque o que é nasceo morre, e o que morre renasce. É tolice
se preocupar sobre o que não pode ser mudado.
28. Todos os seres são não-manifestos no início, tornam-se manifestos no meio dos
seus ciclos de vida e retornam para a condição não-manifesta no final. O que há para
se preocupar a respeito disso, Arjuna?
Objetos possuem dois estados: potencial e real. O que é potencial irá tornar-se real, e
o que é real irá tornar-se potencial. Tal é a natureza da realidade aparente. Este verso
aponta para o Corpo Causal Macrocósmico, o estado “semente” da consciência. Tal
qual o conhecimento de uma árvore é potencial na semente, e a semente é
pontencial na árvore, os objetos que surgem na plena consciência apresentam dois
estados: manifesto e não-manifesto. A criação - objetos - não tem começo e fim. É a
projeção da Ignorância. Nem a semente nem a árvore, nem a galinha ou o ovo vieram
primeiro; eles são mutuamente dependentes. Portanto, a criação está fora do tempo
e é inexplicável.
29. Algumas pessoas veêm o Ser como uma maravilha. Outros falam dele como uma
maravilha e alguns escutam sobre ele como uma maravilha. Mesmo após escutar a
respeito Dele, as pessoas ainda não O compreendem. Este Ser, aquele que habita os
corpos de todos os seres, é sempre indestrutível. Desta forma você não deveria se
lamentar por estas pessoas.
A maneira que Maya, a ignorância do Ser, cria objetos da Consciência plena, que é
livre de objetos, é uma grande maravilha.
31. Além disso, se você considerar esta situação à partir do ponto de vista do seu
dever, você não deve vacilar. Nada é mais auspicioso para um guerreiro do que uma
guerra justa. Somente guerreiros de sorte recebem a oportunidade de lutar uma
guerra não solicitada. Ela é um portão aberto para o paraíso. Mas se você omitir sua
honra e se recusar a realizar o seu dever, você cometerá um pecado. Pessoas falarão
de sua infâmia sem fim. Para uma pessoa honrada, desonra é pior do que a morte.
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Seus companheiros, os grandes guerreiros, que o estimam agora, verão você como
um covarde. Eles irão zombá-lo e ridicularizá-lo. Eles diminuirão os seus talentos e
dirão coisas inesquecíveis. O que pode ser mais doloroso? Considere isto: se você
morrer você irá para o paraíso. Se você vencer você desfrutará o mundo. Desta
forma, levante-se e lute! Veja prazer e dor, ganho e perda, vitória e derrota sob a
mesma luz e se prepare para a batalha. Vocẽ não cometerá um pecado.
James: Por Arjuna não compreender a natureza do Ser pleno e a natureza dos objetos
que surgem nele - seus pensamentos e sentimentos - Krishna é forçado a usar outro
argumento, um que apela para seu orgulho, algo que importa para um tipo
extrovertido como Arjuna. De novo, ele salienta a natureza de soma zero da aparente
realidade: morra e você ganha o paraíso, vença e você desfrutará o mundo. Esta
compreensão deve fazer com que os indivíduos procurem o Ser, já que ele é o único
objeto que não é condicionado pela dualidade.
Karma Ioga
Antes que Arjuna possa compreender quem ele realmente é, ele precisa trabalhar
suas emoções. Karma Ioga é o meio para purificar suas emoções. Arjuna é um
“executor de ações”, não um pensador. Ele soluciona problemas por meio da ação.
Ele está apegado a fazer coisas e por isso, está ocupado demais para pensar
claramente.
41. Você deve ter uma clara compreensão sobre a natureza da liberação. Aqueles
com falta de discriminação acolhem muitas noções errôneas. Cheio de desejo e
acreditando que não há nada melhor, pessoas sem discriminação se ocupam de
rituais com o propósito de obter prazer, poder ou o paraíso. Eles pronunciam
palavras floridas à respeito de várias práticas que são destinadas a fazê-los felizes.
Como aqueles que procuram poder e prazer são facilmente desviados pelas
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promessas de atividades rituais, a discriminação não acontece.
Mas antes que você se engaje numa ioga da ação, você precisa compreender que
liberação/iluminação não pode ser conseguida pela ação. A liberdade é a natureza do
Ser, não um sentimento obtido por fazer coisas - “rituais”. O mundo espiritual está
repleto de práticas destinadas a libertar o “executor de ações” do seu sofrimento.
Elas são todas baseadas na idéia de que a aparente dualidade é a natureza da
realidade, enquanto que realidade é não-dualista e desta forma somente conseguida
através do auto-conhecimento. O “executor de ações” já é livre porque ele na
verdade é o Ser pleno, mas é ignorante deste fato. Consequentemente ele tenta
muitos métodos para “transcender” ou livrar-se do mundo. Autores de ação são
continuadamente emotivos já que eles sempre perdem as liberdades experimentais
temporárias produzidas por suas práticas espirituais. Eles se encontram presos num
círculo sem fim de desejo e ação e são incapazes de separar o ser do “executor de
ações”.
As três qualidades são os três estados da mente gerados pela mente inconsciente, o
não-manifesto, duas delas impedem o discernimento e a outra é absolutamente
necessária para que ele aconteça. Rajas é um estado mental de atividade intensa e
dispersa e tamas é um estado de preguiça e apatia mental. Sattva é um estado de
quietude e clareza. Karma Ioga produz clareza e remove agitação e apatia mental.
Rajas e tamas produzem a crença de que você precisa de objetos para ser feliz, que
por sua vez produz a ansiedade que perturba a mente e reduz a capacidade de
discriminação.
A Liberação não irá acontecer não se fazendo nada. Indivíduos possuem livre arbítrio.
Se não houvesse livre arbítrio nós não teriamos conflito. O conflito surge porque
existe escolha com referência à ação. Animais estão livres de conflito porque eles não
possuem livre arbítrio. Desenvolver e obter uma mente preparada (purificada) não
irá acontecer sem karma ioga, portanto qualquer um que queira a Relização do Ser
tem de preparar a mente. Não evite a ação com base na fantasia de que a iluminação
pode ser transmitida por algum ser espiritual poderoso ou simplesmente “fazendo
nada” e esperando pela “graça divina”, algum tipo de experiência mística que o
levará além do seu pequeno ser. Graça é a compreensão da necessidade do próprio
esforço e o colocar em pratica tais esforços que amadurecem a mente.
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Se você conhece a si mesmo, a ação (“os Vedas”) é inútil. Mas já que Arjuna não sabe
quem ele é, e ele é dinâmico (rajasico) ele necessita usar sua energia na procura por
moksa. Na realidade, Arjuna está pensando em fugir para meditar numa caverna
longe do barulho e agitação da vida. Não há escapatória física; seus problemas vão
com você.
47. Você pode escolher quais ações você deseja realizar mas você não terá controle
sobre os resultados. Não pense em si mesmo como o autor dos resultados de suas
ações, e não fique preso à inatividade. Permaneça firme na ioga e aja sem se prender
aos resultados. Permaneça o mesmo tanto no sucesso como na derrota. Esta firmeza
da mente é chamada ioga.
De fato, você não é realmente o criador de suas ações. Todos os fatores no campo
impessoal da existência (forças e leis que governam esse mundo aparente) são
requeridos para uma ação acontecer e produzir resultados. Devido a este fato, você
não deve pensar que você não pode fazer nada. É impossível não fazer nada porque a
consciência ilumina sua entidade corpo/mente e cria ação. Você somente pára de
agir quando você morre. E já que sucesso e fracasso dependem do campo dhármico,
sua mente não deve tornar-se exultante quando você consegue o que você quer ou
depressiva e irritada quando não. O que acontece não depende de você. Se você
conseguir desenvolver uma mente estável com esse conhecimento, você é um iogue,
alguém que está qualificado para os ensinamentos de Vedanta. O sucesso para
investigaçãoo investigador é uma mente discriminante, pacífica e clara.
49. Ação produzida pelo desejo é inferior à ação realizada com atitude do karma
ioga. Se refugie nesta atitude. Aqueles que realizam ação somente pelo resultado
desejado são avarentos.
Desejo por objetos (experiências) produzem emoções e desejos por mais objetos. O
karma iogue, entretanto, não é livre do desejo; ele deseja liberdade do turbilhão
emocional. Mas se você oferece suas ações amavelmente para alguém com a qual
você tem um relacionamento, o desejo motivando suas ações não será reforçado e o
estresse associado com a ação melhorará com o tempo, deixando a mente
interiorizada e contemplativa.
50. A atitude karma ioga causa estabilidade mental e liberta dos bons e maus
karmas deste mundo. Desta forma, entregue-se para o karma ioga. Karma ioga é
discriminação em ação. Com a atitude karma ioga o sábio não se preocupa mais com
o resultado de suas ações e, livre da escravidão do renascimento, realiza o resultado
que é livrar-se da limitação.
Karma ioga não o libera diretamente porque não o livra do “executor de ações”, que
é a Liberação. Entretanto, é quase tão bom quanto a liberação, porque sem ela você
não pode discriminar o ser do “executor de ações”. O “resultado” que é livre da ação,
não é nenhum resultado afinal, porque a sempre-livre consciência - o ser/existência
de todas as coisas e seres - é além ou antes da criação. Mas ele produz a, até então,
sempre-inexperenciada benção do Ser manifesto, como um sentimento ilimitado de
inatacável alegria de auto confiança.
52. Quando o seu intelecto não é mais iludido, você se tornará indiferente em relação
ao que tem acontecido e ao que acontecerá. Quando sua mente não está mais
preocupada com os resultados prometido no Vedas, ela permanece estável e fica
estabelecida no Ser. Isso leva ao Autoconhecimento.”
54. Arjuna disse, “Oh Krishna, por favor, descreva uma pessoa de constante
sabedoria, uma cuja mente não é perturbada por nada e reside no Ser? Como fazem
tais pessoas para interagir com o mundo?”
O professor não responde esta questão como foi formulada porque, infelizmente,
você não pode dizer se uma pessoa é livre por como elas agem. O Gita regularmente
apresenta uma lista para que o investigaçãoinvestigador possa determinar onde ele
ou ela, se localizam em relação à liberação.
55. Quando uma pessoa desiste dos desejos quando eles aparecem na mente e
permanece feliz, somente com seu próprio Ser, podemos dizer que ele ou ela é uma
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pessoa discriminadora.
A mente das pessoas iluminadas não é perturbada porque elas sabem que nada neste
mundo é digno de agitação, porque nada aqui é real. Mais cedo na conversa em
resposta ao pesar de Arjuna causado por sua contemplação da morte, o professor
disse, “O sábio não se lamenta nem pelos mortos, nem pelos vivos.” Se você vai ao
cinema e um personagem perde todo seu dinheiro, você não sente pesar porque o
pesar é somente tristeza de filme. Uma pessoa auto realizada sempre sente que o
que ele ou ela experienciam, incluindo aquele que experiencia, é apenas um
interessante jogo de consciência criado por Maya.
O que torna a mente livre de sofrimento? Ela “residir no ser”. Porque ela não tem
nenhuma natureza própria, ela se torna o que quer que esteja prestando atenção. O
verso se refere à pessoa de sabedoria constante como uma pessoa 'discriminadora'.
A mente dessa pessoa se mantem no ser porque a pessoa - que é de fato o ser - sabe
a diferença entre o ser e os objetos surgindo na mente. Ele ou ela sabem que objetos
perturbam a mente enquanto o Ser a preenche com paz e contentamento, então ele
mantem a mente no Ser e ela reside em ilimitação. A mente reside porque a
ilimitação do Ser é sempre presente, diferente de objetos quevem e vão.
A pessoa livre “não anseia por prazer e é livre de cobiça, medo, e raiva.” Tolos
anseiam por prazer porque eles não sabem que o Ser é ilimitado bem estar
(paramasukkha). O ser realizado está livre do medo e raiva porque ele não precisa de
nada para se sentir completo, então seus desejos morrem, se esgotam. O desejo é
doloroso e a raiva é dolorosa. Se seus desejos são neutralizados pelo
autoconhecimento, suas raivas também são neutralizadas, porque medo e raiva são
justamente desejos frustrados.
Como vivemos no mundo, nossos sentidos estão sempre ativos. Mas, porque a
sensação de contato com objetos produz prazer, e o prazer cria desejo por mais
prazer, as pessoas facilmente se tornam prisioneiras dos seus sentidos. Uma pessoa
autorrealizada não é aversa ao prazer; o verso indica que os órgãos sensoriais dele ou
dela estão conectados aos seus respectivos objetos. Mas autoconhecimento resolve o
problema, já que uma pessoa autorrealizada sabe que o prazer que vem dos objetos
é na realidade uma transitória e débil felicidade, um simples reflexo da eterna
ilimitação (êxtase) da consciência universal. Experienciar a si mesmo como a fonte
daquelailimitação, neutraliza as vasanas (sementes de desejos) por êxtase, mas não o
êxtase natural do ser pleno. Portanto, uma pessoa autorrealizada pode curtir
qualquer experiência, mas é livre para dar um passo para trás quando necessário.
“Para alguém que não alimenta os sentidos, os sentidos retornam para o Ser,
deixando o desejo para trás. Quando o Ser é conhecido como seu próprio Ser, até o
desejo vai embora. Quando a mente não tenta mais conectar os órgãos sensoriais
com os seus respectivos objetos, ela se torna permanentemente plena, preenchida,
realizada. O prazer que surge do contato dos órgãos e seus objetos é a fonte de dor,
porque ele começa e termina. O sábio não celebra esse prazer.”
Uma pessoa autorrealizada sabe que os sentidos são movidos pela insaciável
necessidade por completude. Se os objetos o forem negados, baseados no
conhecimento “Eu sou a Consciência inteira e completa”, os sentidos se interiorizam e
se centralizam no reflexo da ilimitação (êxtase)da Consciência universal.
“Até para uma pessoa que pratica ioga e cujo objetivo é claro, os sentidos pode levar
sua mente para longe do Ser pleno. Mantenha seus sentidos sob controle e
contemple a Mim (consciência universal) com uma mente discriminante.
Autoconhecimento somente se’ estabelece numa mente discriminante e controlada.”
A palavra ioga nesse verso pode ser entendida como jnana yoga, autoinvestigação.
Embora o verso seja endereçado para alguém se esforçando por libertação, a
afirmação também aplica-se para indivíduos autorrealizados na medida em que a
discriminização é também o veículo para “Moksha” ou Liberação. Uma vez que você
tenha percebido quem você é, ainda é possível perder sua discriminação quando
vasanas compulsivas emergem, então você precisa continuar a aplicar o
conhecimento, se você quiser o autoconhecimento firme... como também a
ilimitação (êxtase) estável e constante.
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Liberação é mais do que saber “Eu sou a Consciência universal.” Ela inclui claro
conhecimento da realidade aparente, que modifica a vida de jiva no mundo. Aqui
está um exemplo da autorrealizacão bem assimilada, que se traduz em conhecimento
firme, e finalmente em “Moksha”, que é Liberação.
62-63 “Quando você fica focado (contempla) nos objetos, surge o apego. Apego
causa desejo, e quando o desejo é obstruído, surge raiva. Uma mente raivosa é
facilmente enganada, e a ilusão leva a perda de memória. Quando a memória se vai,
a mente fica incapacitada. E quando a mente não funciona mais apropriadamente, a
vida do indivíduo é destruída.
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Se você está emotivo, você esquece a razão pela qual você veio à Terra. Sua vida é
“destruída” se você procura felicidade somente no mundo dos objetos. Você fica
irrealizado, insatisfeito. Somente aqueles que diligentemente procuram a Liberação -
a real razão pela qual nós estamos aqui - tornam-se plenamente satisfeitos e
realizados.
64-68. Mesmo quando você se move no mundo dos objetos, é possível obter a
traquilidade se seus orgãos sensoriais estão controlados e você permanece separado
dos seus “quereres e não-quereres”. O Autoconhecimento é facilmente estabelecido
numa mente tranquila, e destrói o sofrimento existencial. Mas, para uma mente
agitada não há auto-conhecimento. A contemplação não acontece, e sem
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contemplação no Ser Universal, não há paz. Sem paz, como pode haver felicidade?
Autoconhecimento não se firmará numa mente distraída pelas sensações mutáveis.
Elas os levam embora tal qual um forte vento carrega um pequeno barco através da
água. Portanto, o autoconhecimento de alguém, cujo os sentidos estão livres dos
seus respectivos objetos, é firme e estável.
69. Naquele mundo de escura luz do dia, no qual todos seres dormem, a pessoa sábia
que dominou seus sentidos, está acordada. Tal qual a água flui para um oceano,
deixando o oceano inalterado, objetos que surgem na mente da pessoa
autorrealizada a deixam inalterada. Mas aquele que deseja objetos nunca está
sossegado. Aquele que abandona a crença em “Eu” e “meu” e passa pela vida sem
anseios, é tranquilo. Esta é a firmeza no Ser. O autorrealizado não é iludido pelas
aparências.
Dois Caminhos
1. Arjuna disse, “Você diz que conhecimento é superior à ação, mas se isto é verdade,
por que você me encoraja a fazer este ato horrível? Você está me confundindo com
palavras aparentemente contraditórias. Decida o que é melhor e revele o caminho
para liberação.”
Vedanta não é religião. Crença cega não o levará a nenhum lugar,
considerando que você esteja interessado na liberação. Arjuna quer que sejam dadas
instruções diretas porque ele é um militar acostumado a seguir ordens. Mas você
somente sairá do samsara pela contemplação dos ensinamentos, e de modo
desapaixonado (sem apego as suas ideias e opiniões). Então Krishna explica a
conexão lógica entre ação e o conhecimento, que libera a pessoa da necessidade de
agir.
3. Krishna disse, “Eu ordenei um duplo estilo de vida para os seres neste mundo... o
caminho do conhecimento para renunciantes e o caminho da ação para os
“executores de ações”. Você não pode se livrar da ação meramente pela não
performance da ação. Nem pode você alcançar a liberação simplesmente pela
renúncia. Na verdade, você não pode evitar ação mesmo por um segundo porque
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sattva, rajas e tamas obrigam você a agir.
6. Uma pessoa que controla os órgãos sensoriais mas ainda anseia sensações de
prazer é confusa. É melhor controlar os sentidos e agir com a compreensão do karma
ioga. Por ser a ação superior à não-ação, você deve fazer o que tem de ser feito. É
até mesmo impossível manter o corpo sem ação.
Você não pode parar de pensar no que você quer simplesmente pela resolução de
não pensar no que você quer e tentar controlar seu comportamento. Seu
condicionamento o fará querer objetos e eventualmente a pressão do seu desejo
produzirá ações que irão reforçar os desejos. Repressão de desejo é o resultado da
confusão sobre a natureza do desejo e ação. Então vocẽ precisa se livrar do desejo
fazendo o que você precisa fazer, mas você precisa fazer suas ações como uma
oferenda à Deus (Isvara), o campo de ação.
9. Outras ações diferentes daquelas feitas num espírito de sacrifício ligam você ao
karma. O Criador incutiu este espírito no início e disse: “Pelo sacrifício você deverá
multiplicar. Ele irá satisfazê-lo.” Honre a vida com esse espírito e ela irá honrar você.
Esta atitude leva à liberação. Quando você honra a vida ela o abastece com coisas
desejáveis… mas se você aprecia estes presentes sem ofertar algo em troca, você é
um ladrão. Aqueles que comem a sobra do sacrifício não incorrem em culpa, mas
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aqueles que comem somente para eles próprios, na verdade, comem culpa.
Se você substituir a egoísta atitude temerosa que geralmente motiva suas ações por
um espírito ”de sacrifício”, a tendência de agir numa maneira auto-centrada é afinal
destruída. Querer o que você quer, quando você quer, do jeito que você quer, é a
receita para o desastre porque a vida não existe simplesmente para lhe dar o que
você quer, somente o que você necessita. Se você quer estar preenchido e satisfeito,
ofereça suas ações para o bem maior e receba os resultados como um presente; você
será bem sucedido porque você está aqui para servir. Se você serve o mundo, o
mundo servirá você. Se não, o mundo servirá você com muitas experiências
desagradáveis, você sentirá culpa e sua auto estima sofrerá. Através do “sacrifício”
você realmente ganha felicidade porque você se coloca em harmonia com o espírito
da vida. Tudo aqui contribui porque não existe outra opção. Somente os seres
humanos, dotados de livre arbítrio, estão livres para não contribuir. Se você não
contribui, você é um “ladrão”, isto é, você se delicia com as recompensas da vida sem
pagar o seu preço.
14. Seres vivos são nascidos do alimento, o alimento vem da chuva, a chuva vem
dos efeitos do sacrifício, e o sacrifício é nascido da ação. Os Vedas encorajam uma
atitude religiosa de sacrifício, e os Vedas vêm do Ser imortal. Se você tem esta
atitude, você sempre está em harmonia com o Ser. As vidas daqueles quenão vivem
em harmonia com a ordem cósmica, mas, ao invés, perseguem prazeres dos
sentidos, estão desperdiçadas.
17. Nada precisa ser feito por aqueles que se deleitam no Ser Pleno, que estão
satisfeitos apenas com o Ser, cujas vidas estão centradas no Ser. Eles não tem razão
para fazer ou não fazere tampouco dependem de objetos para serem felizes. Faça o
que deve ser feito satisfatoriamente, sem apego, e você alcançará o bem mais
elevado. Agindo com esse espírito, você não somente alcançará a liberação, você
inspirará outros a agir desta forma. Porque tudo que um bom modelo faz, é feito
pelos outros.
Se você quer contribuir, contribua com essa atitude; não critique o mundo sobre o
que precisa ser feito. Não somente outros ficarão inspirados e mudarão, mas você se
preparará para a liberação na medida em que os seus problemas emocionais, que
nada mais são do que a não obtenção do que você quer, desaparecerem e a sua
mente tornar-se-á contemplativa.
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Eu não preciso agir. Que eu saiba, tudo nos três mundos é perfeito, então não há
nada para eu fazer. Ainda assim eu ajo porque se eu ficar preguiçoso e me recusar a
agir, pessoas poderiam seguir o meu exemplo. Elas poderiam tornar-se confusas. As
ligações sociais, que mantém uma sociedade saudável poderiam deslindar e torná-la
deteriorada.
Se você sabe quem você é, tudo é como deveria ser porque a lei do karma é perfeita.
Entretanto, pessoas iluminadas continuam a agir porque seus corpos estão animados
pelo poder da consciência. Entretanto, suas ações não são autocentradas (egóicas),
porque elas não têm nada a ganhar seguindo um curso de ação em particular. Elas
espontaneamente servem como instrumentos do Criador.
24-25. Tal qual os ignorantes, que estão apegados aos resultados de suas ações e
agem somente por si próprios, os sábios devem executar a ação sem apego para o
bem dos outros. Eles não devem criticar os ignorantes em relação a ação e seus
resultados. Ao contrário, devem encorajá-los a agir no espírito correto, por meio de
seu exemplo.
27. É uma ilusão pensar “Eu sou o executor de ações”, porque ações são causadas
pelos gunas influenciando o corpo, mente e sentidos. Os sábios, entretanto,
permanencem livres porque eles compreendem que o complexo corpo-mente-
sentidos engaja seus objetos automaticamente. Aqueles não atentos de como as
gunas afetam a ação, são pegos/presos nas ações do complexo corpo-mente-
sentidos. Aquele que conhece o Ser Pleno não deve perturbar a compreensão
daqueles não discriminantes que não O conhecem.
É como se o pensamento “Eu estou fazendo” fosse o suficiente para fazer as coisas
acontecerem, mas porque a realidade é o “Todo” sem partes, cada fator no campo
está direta ou indiretamente envolvido na geração de ação. Coisas não acontecem
em série; elas acontecem todas de uma vez. O pensamento que ativa as emoções de
alguém, o qual pelo seu turno ativa os órgãos de ação e percepção, os quais não
podem funcionar sem o sistema nervoso autônomo, o qual obtém seus comandos de
uma mente não consciente (os gunas), o qual é incapaz de pensamento sem a
presença da consciência, mostra que vida é um círculo sem fim de ação na qual nós
participamos mas não criamos ou controlamos. Uma pessoa sábia é relaxada e livre
da necessidade de agir porque ele ou ela vê que tudo está acontecendo por si só. A
compreensão deste fato acontece quando for destinado a acontecer, se acontecer;
por isso os esforços para convencer outros para ter calma e aceitar eles próprios
como eles são e aceitar a vida como ela é são inúteis. Até isto acontecer você estará
estressado, controlador e emotivo.
19
Consagre Suas Ações
30. Com uma mente discriminante, livre de raiva, expectativa e um senso de ”Eu” e
”meu”, ofereça suas ações para mim e lute! Se você seguir fielmente este
ensinamento sem encontrar falhas nele, você será libertado dos resultados de suas
ações. Mas se você está duvidoso e não o segue, você não progredirá. É sábio agir
em harmonia com sua própria natureza. Para que serve o controle se todos os seres
seguem suas próprias naturezas automaticamente?
Antes que você aja, imagine seu propósito final - liberação/Iluminação - e faça ações
que são espiritualmente produtivas, não ações que irão prendê-lo aos objetos.
Ofereça essas ações para o Ser e as faça entusiasticamente (lute!). A fé neste
princípio é necessária porque é preciso tempo para o seu karma relaxar.
Todo mundo nasce com uma natureza desenhada pelo Criador para ser útil para a
manutenção da criação.
34. Apego e aversão aos objetos dos sentidos são seus inimigos intratáveis. É melhor
morrer realizando imperfeitamente suas obrigações de acordo com seu próprio
dharma do que viver realizando bem o dharma de outro. O dharma de outro é cheio
de perigos.
Desejo, o Inimigo
36. Arjuna disse, “O que é aquela força terrível que causa ações auto insultantes
muito embora exista um forte desejo pelo contrário?
37. Krishna disse: “Rajas produz desejo e raiva. Ele é um grande glutão e um pecador
inveterado. Sabe ser um inimigo intratável. Tal qual o fogo é frequentemente coberto
por nuvens de fumaça, como um espelho pode ser coberto por poeira, ou um feto é
escondido no ventre, o Autoconhecimento é encoberto pelo Desejo. O fogo insaciável
do Desejo é o inimigo constante do sábio, porque ele evita o AutoConhecimento.
Situado nos sentidos, na mente, e no intelecto, ele engana a pessoa e obscurece sua
sabedoria. Portanto, Oh! Arjuna, controle os sentidos na sua origem e destrua esta
força, a assassina da sabedoria.
42. Os órgãos sensoriais são mais sutis do que o corpo; a mente é mais sutil que os
órgãos sensoriais; o intelecto é mais sutil do que a mente, e o Ser é mais sutil do que
o intelecto. A compreensão daquilo que está além do intelecto estabiliza suas
emoções e destrói esses inimigos ocultos.
A análise dos desejos e sua limpeza com karma ioga torna as emoções manejáveis,
mas a sentença de morte dos desejos é o conhecimento: “Eu sou a plena e completa
consciência universal livre de ação.” Porque o Ser é “mais sutil do que o mais sutil de
todos” e não está disponível para objetificação, ele é somente disponível pela
investigaçãoinvestigação guiada pelos ensinamentos do Vedanta, já testados através
dos tempos.
1. Krishna disse, “Eu ensinei esta ioga eterna para Visvasan, que a ensinou a Manu,
que a ensinou para os sábios régios. Ela foi passada adiante de geração em geração,
mas com o passar do tempo ela foi quase completamente esquecida. Porque você é
meu amigo, eu revelarei este caminho secreto para você.”
O significado implícito neste verso é que a pessoa precisa estar qualificada para o
autoconhecimento. Embora Arjuna conheça Krishna há muito tempo, ele fica
21
surpreso por nunca ter escutado sobre Vedanta, mas o Vedanta somente aparece em
sua vida quando você está preparado para ele. Vedanta é um conhecimento secreto,
não porque seja deliberadamente escondido, mas porque você não está preparado
para compreendê-lo. É difícil de compreender porque ele é completamente
contraintuitivo; ele contradiz o conhecimento de nós mesmos que recebemos do
mundo. Portanto,é importante estar atento para quem se ensina.
O uso deste recurso literário visa apresentar o Gita como uma conversa entre Isvara
e Jiva, não entre dois seres humanos, ainda que o significado seja o mesmo; apesar
de tanto Krishna quanto Arjuna serem o Ser, somente Krishna o sabe.
De qualquer forma, “Eu conheço todos” significa que Isvara é onisciente e que Jiva
conhece apenas o que é específico para sua própria experiência.Isto significa que
Isvara não é um “executor de ações” ou apreciador que não é sujeito a renascimento
baseado nos resultados de suas ações, como é Jiva. Jiva está preso na a ideia de que
ele é uma entidade “executora de ações”/ apreciadora com conhecimento baseado
na mente. Porque ele não sabe quem ele é, ele é sobrecarregado com vasanas, as
quais são a causa dele renascer de novo e de novo. O conhecimento de Isvara cria
tudo, incluindo a mente.
Quando Krishna usa a frase “aparentemente volto a existir”, ela quer dizer que o que
22
Arjuna está vendo, um amigo chamado Krishna, é somente uma projeção de Maya,
da ignorância. O corpo é uma projeção do ponto de vista de Isvara, mas ele é real
para o ponto de vista de Jiva. Jivas acham que outros jivas são reais porque eles não
compreendem que tudo é somente Isvara. Isvara vê a atuação de Maya, mas Jiva
está encantado por ela.
“Declínio do bem viver” significa que devido a um abuso do livre arbítrio pelos
muitos Jivas, adharma criou uma situação quase impossível para aqueles que estão
dispostos a progredir espiritualmente. Devido a constante preocupação, sempre
estão com medo demais para se investigar. Por isso, existe um forte desejo para
restabelecer dharma e retornar as coisas ao normal.
Um avatar é alguém cujo corpo e mente são empiricamente reais mas que é nascido
sem a força de um karma individual. Ele é alguém que aparece na base das
necessidades da mente do todo (samasthi vasana) para solucionar um problema de
dharma/adharma. Entretanto, solucionar um problema de dharma/adharma não
requer um avatar. Pessoas iluminadas são equivalentes à avatares, porque apesar de
estarem aparentemente sob o efeito de seu karma prarabdha, eles conhecem o Ser e
não se identificam com a entidade “executora de ações”/apreciadora. Estabelecer
dharma é simplesmente uma questão de modelar os valores corretos e/ou revelando
o Ser através de métodos de autoconhecimento. Tanto avatares quanto jnanis são
como atores atuando como seres humanos.
Este verso revela o fato que tanto o karma coletivo quanto o karma individual podem
causar o nascimento. Entretanto, nascimento e morte estão ambos dentro de um
23
reino de aparente realidade e de nenhum significado particular do ponto de vista da
liberação; o propósito do Vedanta é estabelecer o Jiva, que acredita que é uma
consciência limitada, como “paramatma”, a consciência ilimitada, o único “fator”
além da aparente realidade. Isso é expresso nas palavras “voltar para mim” as quais
significam que o sentido de individualidade se dissolve e o Jiva “se torna” Isvara,
significando que ele compreende que ele não é separado de tudo, a utilidade dissoé
óbvia.
Você Colhe Aquilo Que Planta
Invocação não é rezar para um avatar por algo. É simplesmente um modo de realizar
ações apropriadas para o resultado desejado, na medida em que o campo de ação é
Isvara. Se um jiva quer moksa, ele deve se aproximar de um professor e abrir sua
mente para o ensinamento. Se ele quer dinheiro, ele deve conseguir um trabalho ou
roubar um banco. Se ele rouba um banco, ele será provavelmente abençoado por
Isvara com uma sentença de prisão. Você colhe aquilo que planta.
Pessoas não adoram o Ser porque elas querem “resultados rápidos”. Se o resultado
que você quer é o Ser, então você terá que esperar até que sua mente esteja
amadurecida o suficiente para compreender que quando você quer algo você
somente quer você mesmo. Já que é óbvio que você está sempre presente, seus
desejos secam. Ausência de desejo não é o objetivo, ele é um produto do
autoconhecimento.
Isvara frequentemente tem uma má reputação pelo triste fato de que a vida é
injusta, mas Isvara não é culpado pela injustiça do mundo, porque na verdade Isvara
somente facilita o karma do jiva. Portanto, injustiça é um conceito que pertence aos
jivas que não apreciam os resultados de suas proprias ações.
13. As quatro divisões sociais baseadas em qualidades e deveres são criadas por
Mim. Mesmo embora Eu seja o autor delas, conheça-Me como um imutável “não
executor de ações”. Ações não Me afetam, nem Eu anseio por resultados. Se você Me
conhece claramente, você não ficará preso nas suas ações. Seja como aqueles que
Me conhecem e execute a ação.
Isvara, as gunas, cria o campo que estrutura o karma dos indivíduos, mas ele não é
responsável por karmas específicos acumulados pelos indivíduos. Por exemplo,
sattva é responsável por pessoas espirituais, artísticas e criativas. Rajas por tipos
ativos, pessoas políticas, militares e de negócios.Tamas pelas classes trabalhadoras.
24
16. Mesmo sábios ficam confusos algumas vezes à respeito de ação e inação. Se você
compreende meu ensinamento à respeito de ação, você será liberto do samsara.
Você deverá saber quais ações são sancionadas e quais são proibidas pelas
escrituras. Você deverá também compreender a inação. O karma é difícil de
compreender.
Ações sancionadas são aquelas que estão em harmonia com o dharma. Ações
proibídas são aquelas que violam o dharma pessoal de alguém ou o dharma do todo.
18. Aquele que vê inação em ação e ação em inação é sábio e já fez tudo o que é
para ser feito.
Inação em ação. Você é livre se você compreende o que significa dizer que quando
você está fazendo algo nada está acontecendo. Por exemplo, se você permanece
sentado num trem e outro trem numa linha férrea adjacente começa a se mover na
direção oposta à qual você está voltado, na realidade você sente como se estivesse
indo para frente. Embora você seja uma consciência universal sem-ação, o chão
imóvel do ser, parece que você está se movendo, fazendo, e mudando, porque está
identificado com o complexo corpo/mente/sentidos, o qual está constantemente
mudando. Mas para onde você se moverá se você está em todo lugar? Você não pode
fazer nada porque você, consciência, não tem corpo, órgãos sensoriais, mente ou
karma para fazer ações acontecerem. Quando você está identificado como o Ser, você
sabe que você não é o “executor de ações”. A ação é aparentemente real (mithya).
Entender a relação entre o Ser e o corpo/mente significa entender que você é uma
coisa diferente da parte de você que muda e da parte que não muda. Significa que
você é a consciência universal que testemunha a mudança e a não-mudança. Você é a
consciência não dualista, além da dualidade. Então, quando você está agindo, você
não está agindo. O Vedanta não diz que você é um, porque um implica em dois. Ele
diz que você é não-dualista e deixa assim.
19. Os sábios dizem que uma pessoa é sábia se suas ações foram queimadas no fogo
do Autoconhecimento. Tais pessoas agem sem desejo pelos resultados de suas ações.
Consequentemente, elas estão satisfeitas porque elas não dependem de resultados
para serem felizes.
Elas agem sem desejo pelos resultados porque elas são completas. Quando você está
completo, você não tem nada a ganhar. Você fica interessado com os resultados
somente quando você se sente incompleto, porque você pensa que tem algo a
ganhar. Para alguém que sabe isto, ações são como sementes torradas; elas não
podem germinar bons e maus karmas…mas elas podem ser apreciadas pelo que elas
são.
Elas são livres do ato de agir, mesmo quando agem. Aqueles que são livres de
expectativas, cujos corpos, mentes e sentidos estão bem disciplinados, que são livres
de apego a posses e agem somente para sustentar o corpo, são felizes com o que
vem por acaso, não se afetam pelos opostos, não têm inveja, são imperturbáveis no
sucesso e no fracasso, são livres da necessidade de agir enquanto agem. Aqueles que
as mentes foram libertadas pelo Autoconhecimento, são livres de apego e realizam
ações como uma oferenda, tem seu karma completamente zerado.
“cujos corpos, mentes e sentidos estão bem disciplinados…” As vidas daqueles que
ignoram o Ser são caóticas, pois perambulam seguindo um desejo/medo após o
outro. As vidas daqueles que conhecem o Ser não são afetadas pelos seus gostos e
aversões e se movem propositalmente para frente. Elas compreendem porque estão
aqui e se alinham com a vontade de Isvara. Suas mentes, intelectos e egos estão
unidos e servem ao mesmo mestre, o Ser Universal Pleno. Elas não são afligidas pelo
desejo (kama), raiva (krodha), medo (bhaya), cobiça (lobha), falsos valores ilusórios
(moha) ou pelo ciúmes/inveja (matsarya).
Sacrifício não é uma palavra encantadora para uma pessoa incompleta que quer ter
tudo na medida em que invoca imagens assustadoras de privação. Entretanto, é um
simples fato na nossa realidade de soma zero, que para cada ganho existe uma perda.
26
Para se ter tudo, você precisa entender quem você é, mas você não pode entender
quem você é a menos que você esteja disposto a deixar para trás quem você não é.
24. Aquele que oferece é o Ser. A oferenda é o Ser oferecido pelo Ser dentro do fogo
sacrificial…o qual também é o Ser. O Ser é de fato conhecido por aquele que vê tudo
como o Ser.
25. Karma iogues realizam rituais para invocar as divindades, enquanto renunciantes
contemplativos oferecem suas vidas ao fogo do Autoconhecimento.
Um iogue é alguém que quer ganhar algo. Uma pessoa que quer ganhar uma mente
clara é um karma iogue. Karma iogues tornam-se contemplativos pela dedicação de
todas as suas ações para o propósito do autoconhecimento. Autoconhecimento é
liberação porque o Ser já é livre.
Outros sacrificam (controlam) seus sentidos e objetos dos sentidos com a ideia de
dominação da mente. Existem aqueles que sacrificam riqueza, enquanto alguns se
dedicam a disciplinas religiosas como a prática de ioga. Aqueles muito dispostos se
devotam ao estudo de textos sagrados. Alguns disciplinam sua respiração e alguns
jejuam. Independente do tipo de disciplina que se siga, a atitude sacrificial queima as
impurezas da mente.
Estas disciplinas provocam uma mente serena e constante. Elas são chamadas
“sacrifícios” porque o “executor de ações” tem outras opções.
Nada realmente benéfico é obtido neste mundo sem o espírito de sacrifício. Então,
como qualquer coisa pode ser obtida logo em seguida? Várias disciplinas religiosas
são oferecidas nos Vedas. Saber que elas nascem do karma, liberta. O sacrifício
motivado pelo Autoconhecimento é superior ao sacrifício com objetos materiais,
porque a própria ação é resolvida pelo Autoconhecimento.
27
O Valor do Autoconhecimento
39. Autoconhecimento surge quando você está comprometido, seus sentidos estão
controlados e você tem fé nos ensinamentos e no professor. Ele traz completa paz.
28
Resumo
Capítulo 5
Renúncia da Ação
1. Arjuna disse, “Oh Krishna, você exalta a renúncia da ação e o karma ioga. Diga-
me, definitivamente, qual é o melhor.”
4. Aguns argumentam que Autoinvestigação e karma ioga são diferentes mas ambos
levam à liberação. Portanto, o sábio vê karma e conhecimento como um só.
Renúnciar a ação é difícil sem karma ioga, mas se você é discriminante e
comprometido com karma ioga você irá rapidamente entender sua natureza
ilimitada. Se seus órgãos dos sentidos estão contidos, sua mente está purificada pelo
karma ioga e você sabe que o seu Ser é o Ser em todos os seres, você não será
afetado pelo karma.
Para combater as vasanas no início, o karma iogue faz ações em harmonia com o
dharma, e já que o contato intencional com os objetos cria mais vasanas, ele/ela
restringe seus órgãos dos sentidos, mas não completamente. Restringi-las
completamente causa uma reação adversa de repercussão kármica.
De fato, não existe realmente conflito entre o investigar e o fazer se você está
completamente certo de que você somente quer a liberação. Karma iogues também
podem discriminar e sanyassis também podem realizar ações. O propósito destes
versos é examinar a relação entre karma e o conhecimento.
Se você sabe que o seu Ser é o Ser em tudo, você não será afetado pelo karma
porque você não tentará explorar ou machucar ninguém, nem temerá a exploração.
Você somente quer coisas ou teme coisas quando você vê os outros separados e
diferentes de você. E ninguém tentará explorar você porque as pessoas se
comportam muito melhor na presença de pessoas iluminadas.
Animais fazem as suas atividades sem ficar pensando que eles estão realizando suas
atividades. Quando um bebê humano come ou engatinha ele não pensa “Eu estou
30
comendo, eu estou engatinhando.” Ele é pleno e completo em todo o sentido.
Somente quando seu intelecto se desenvolve a noção de “execução de ações”
aparece. Se não fosse por isto, nós responderíamos a vida espontaneamente e nunca
seria sobre a “nossa decisão”. A noção de “execução de ações” nos leva a manipular,
controlar, mentir, enganar, roubar e machucar a nós mesmos e aos outros. Acontece
toda vez que nós pronunciamos as palavras: devo, tenho, tenho de, deve ser...
Acontece toda vez que nós pensamos: Eu quero, Eu não quero, etc.
Consagração
10. Se você age após ter oferecido suas ações para Mim, você não será afetado pela
agitação, tal qual uma folha de lótus é intocável pela água. Karma iogues
abandonam o apego aos resultados e agem com o corpo, mente e intelecto para
purificar a mente. A vida de karma ioga leva à liberdade interior, enquanto a vida
motivada pelo desejo por objetos mundanos leva à escravidão.
Um mito espiritual persistente diz que a liberação acontece em algum outro lugar
que não o corpo. O famoso mantra Budista “Eu me inclino para a iluminação a qual
está além do além” indica a crença de que o corpo tem que estar transcendido para
que a iluminação aconteça. Pondo de lado o fato que liberdade não é um evento mas
a real natureza do Ser, e que o Ser está “além”, ou seja, é “outro e não”o corpo, ele
está também dentro do corpo, como a essência de cada átomo físico. O “habitante
interior” é o Ser na forma de Jiva, o qual não é menos limitado quando está no corpo
do que quando está além do corpo. O controle vem da disciplina do karma ioga,
consagrando as ações e recebendo os resultados como um presente, e a indiferença
vem do conhecimento do fato de que o “habitante interior” não tem controle sobre
31
os resultados de suas ações, e o fato adicional de que o Jiva é o Ser sempre realizado,
pleno e completo.
Se, após ter escutado que você é consciência universal plena, completa, ilimitada,
não dualista, você medita neste fato até que você esteja completamente convencido
que é verdade, a noção impura que molda suas ações, de que você é incompleto e
inadequado, desaparecerá gradualmente.
18. Aqueles que não vêm diferença entre um humilde Brâmane dotado de sabedoria
e uma vaca, um elefante, um cão ou um comedor de cachorro, são sábios. Quando a
mente está enraizada no Ser, o ciclo de nascimentos e mortes é neutralizado. O sábio
habita/permanece somente no Ser, porque ele é livre de defeito e é sempre o mesmo.
Aqueles que estão estabelecidos no Ser, como o Ser em virtude do firme e rápido
Autoconhecimento, não se regogizam quando seus desejos são satisfeitos nem são
eles perturbados por karma indesejável.
Este verso desacredita/desmascara outro mito espiritual: que a vida é um puro mar
de rosas quando alguém se realiza. Ele demonstra que pessoas iluminadas
experienciam bons e maus karmas mas não são afetados por ambos.
21. Quando o Jiva não mais tenta conectar os órgãos sensoriais com seus respectivos
objetos ele se torna permanentemente realizado. Prazer surgindo do contato dos
órgãos e seus objetos é uma fonte de dor, porque ele começa e termina. O sábio não
celebra esse prazer. A atitude karma ioga traz felicidade porque purifica o desejo e a
raiva.
Tentar mover os sentidos para longe dos objetos perturbadores significa que este
alguém está insatisfeito com o seu próprio ser. Movê-los para os objetos de desejo
também não é sábio, porque a felicidade vinda dos órgãos sensoriais acaba. Desejo é
sofrimento. Se não fosse, ninguém tentaria satisfazer seus desejos.
24. Se você está desperto para o Ser, regozija-se no Ser e está satisfeito apenas com o
Ser, você está livre. Quando suas impurezas são removidas, suas dúvidas são
resolvidas e você está alegremente engajado em servir todos os seres, você
facilmente obterá a liberação. Uma mente livre de desejo e raiva está liberada aqui e
na outra vida. Se os sentidos estão desligados e a inalação e expiração estão
balanceadas, a liberação acontece. Acontece para a pessoa meditativa, que não é
uma escrava do complexo corpo-mente-sentidos, e para aqueles que a liberação é o
único objetivo. Conheça a Mim como o sustentador de rituais e disciplinas, o Senhor
de todos os mundos, amigo de todos os seres, e você será livre.
Embora você seja sempre o Ser que é sempre livre, o verso apresenta liberação como
um evento, porque está se dirigindo a uma pessoa que não sabe que é o ser e por
isso, acredita que é limitada. A frase “facilmente obterá” significa que o texto
apresenta as características de uma pessoa livre como um meio para obter o
autoconhecimento; um investigador que cultiva desapego em relação aos objetos e à
autosatisfação, facilmente se tornará livre. Por exemplo, oferecer trabalho para
outros reduz a competitividade e a desaprovação de outros, um grande obstáculo
para o autoconhecimento.
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Saber que o “executor de ações”, o apreciador e os resultados das ações são, Isvara,
liberta o jiva da crença de que ele é um “executor de ações”, um apreciador. Ele então
compreende que não está separado de Isvara. Isvara é um amigo, porque ele dá o
que você precisa, de acordo com suas ações. Ações são orações para Isvara.