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CUIABÁ/MT
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Saudação !
Adúra –reza/Suplica
Iyami
Iyami Eleye
Mo júba
Eje ibá mi ose
Ki ase mi o gun
Igun ase o
Reza/Pedido - Iyami
Invocação a Òṣún
Yèyé Opàrà!
Oxum é uma mulher com força masculina.
Sua voz é afinada como o canto do ega.
Graciosa mãe, senhora das águas fresca.
Opàrà, que ao dançar rodopia como o vento,
sem que possamos vê-la.
Senhora plena de sabedoria que todos
veneramos juntos.
Que come peteki com Xaponã.
Que enfrenta pessoas poderosas, e com
sabedoria as acalma.
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RESUMO
ABSTRACT
The research titled Obìnrin Dudu T'Àṣẹ (Black Women of Axé): the interfaces of the
sacred feminine in the constructions of gender and black identity, is a work for the
conclusion of the undergraduate course in Sociology. From a sociological perspective
this report seeks to reflect on the dimensions of the sacred feminine in the Yoruba
tradition in the Brazilian diaspora and the impacts of this religious motto on gender
and identity for black women. The participants are black women who experience group
experiences related to the Yorùbá religious culture in Afro-Brazilian (Candomblé Ketú)
and Ẹsìn Ìbílẹ Yorùbá / Ìṣẹṣe (Traditional Religion Yorùbá) and gather for religious
activities in the religious group Àdapo, located in the city of Cuiabá-MT. Problems such
as: Is there a socio-educational process from the representations of the female deities
to the perception of gender issues among black women? Do black women construct
positively and / or relate their black identity by considering ritualistic experiences with
the sacred feminine? Where do these questions point to teaching in sociology? The
study is anchored in a variety of bibliographical sources, interviews and observations
related to the sacred feminine relationship and the participation of black women in the
context of these religions. The results point to the existence of a black identitarian
reference structure and gender perception, strengthened by the African matrix
specificity, in the Afro-religious social group where black women participate
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
SUMÁRIO
Introdução 12
1. Capitulo I – Aspectos Metodológicos da Pesquisa 21
1.1.Objetivos da Pesquisa 22
1.2. A metodologia na Sociologia 22
1.2.1. Estudos na sociologia sobre Religião 25
1.2.2. O uso da Entrevista na pesquisa 31
1.2.3. A Observação Participante 32
1.3. Aspectos Conceituais 33
1.3.1. As categoria de gênero e cor: as multiplicidades envolvidas
para tratar o contexto de vivências das mulheres negras 35
1.4. Os estudos sociológicos e a questão negra na Sociologia brasileira 38
2. Capitulo II - As religiões de culto aos orixás e a diáspora brasileira 43
2.1 Candomblé e o feminino ritualizado: reelaboração de dimensões
religiosas e culturais negras 57
2.2. O Xire das Yabas (mães): entre elemento do sagrado feminino
no Candomblé nas representações das mulheres 58
2.2.1. Divindade Ọșun (Oxum) 60
2.2.2. Divindade Naná (Nanã) 62
2.2.3. A divindade Ọya (Oiá) 63
2.2.4. A divindade Yemọja (Iemoja) 64
2.2.5. Divindade Obá 66
2.2.6. Divindade Iyewá 67
Capitulo III - O sagrado feminino e as mulheres negras na construção
de identidade étnica e gênero 70
3.1 . Identidade e representação da mulher negra no feminino sagrado 73
3.2 . O sagrado feminino e a construção do lugar da mulher na religião 75
3.3 . A Mitologia e sua relação na construção do poder das mulheres 76
3.4 3.4. O poder de Ọ̀ ṣun e afirmação do princípio feminino 77
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INTRODUÇÃO
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Orixás (Òrìṣà) são divindades criadas Olódumàrè (Deus), dentre os quais, foram enviados para
a terra. Destes alguns aqui viveram como humanos. Por isso, em África tem grupos de
determinados cultos a Orixás são descendentes diretos dessa divindade. Caracterizando, dessa
forma um culto ancestral. Pois, os que aqui viveram com humanos (embora dotados de grandes
poderes) quando adentram a terra para retornar ao Órun (céu), transformaram-se em Irúnmalè
(antepassado), ancestral divinizado, compreendendo o grupo de Òrìṣà Dídá.
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Da mesma forma, que o estudo da religião está longe de ser uma janela
aberta, apenas para panoramas externos, ela “é como um espelho de nós
mesmos”. Entende-se ciência da religião, também como “ciência de nós
mesmos”. De tal modo, que não se pode ignorar a religião no contexto de
pesquisa. “O discurso religioso contém algo mais que a pura ausência de
sentido, não podendo, por isso mesmo, ser exorcizado pela crítica
epistemológica” (ALVES 1999, p. 85).
Historicamente, os homens dominam a produção do que é
‘sagrado’ nas diversas sociedades. Discursos e práticas
religiosas têm a marca dessa dominação. Normas, regras,
doutrinas são definidas por homens em praticamente todas as
religiões conhecidas. As mulheres continuam ausentes dos
espaços definidores das crenças e das políticas pastorais e
organizacionais das instituições religiosas. O investimento da
população feminina nas religiões dá-se no campo da prática
religiosa, nos rituais, na transmissão, como guardiãs da memória
do grupo religioso (ROSADO-NUNES, 2005, p.363).
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Em relação às experiências e práticas de africanos e afro-brasileiros dentro de espaços, as
Irmandades e Confrarias de Cor se caracterizam enquanto vivências organizadas para fins de
compra de liberdade e busca de inserção social do segmento negro. Em seu interior foram
preservadas práticas culturais e religiosas africanas importantes, a ponto de contribuírem na
organização do Candomblé. Essas organizações influenciaram a prática religiosa católica no
Brasil, a exemplo das Festas de Congo, onde as formas de devoção e festejos aos santos
católicos, particularmente àqueles negros, resultaram em expressões tipicamente africanas, em
meio ao universo católico (SANTOS, 2018, p.22).
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As comunidades de terreiros são territórios comunitários de preservação e culto das religiões
de matriz africana, afro-brasileira e afro-indígena. A comunidade tradicional de terreiro é um
espaço de acolhimento e prestação de serviços sociais a grupos e pessoas que vivenciam
situação de vulnerabilidade. Assim, além de serem espaços culturalmente diferenciados,
desenvolvem ações sociais no seu entorno, dentre as quais se destacam atividades relacionadas
à segurança alimentar e nutricional da comunidade geograficamente constituída [...]. As
comunidades tradicionais de terreiros estão, majoritariamente, localizadas em regiões de baixa
renda nas grandes metrópoles brasileiras. A territorialização do espaço urbano brasileiro, em
especial nas últimas décadas do século XIX até o período da industrialização, na primeira metade
do século XX, caracterizou-se pela presença de um contraste existente entre as definições
legislativas e as particularidades locais, compostas pela ocupação de africanos e escravos e,
posteriormente, de imigrantes europeus. A territorialização física africana era gravemente
dificultada pelas leis e dinâmica socioeconômica da sociedade brasileira, de modo que foram
impelidos a ocuparem as periferias das cidades e a realizar uma “reterritorialização simbólica”
com foco no próprio corpo e assim transmitir, ao longo de gerações, saberes e práticas que têm
como matriz a cultura africana (BRASIL, 2011, p.130-131).
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É necessário informar, que hoje o panorama tende apresentar o número significativo de
lideranças masculinas das afro-religiões. Segundo Fonseca (2017, p.11) “Dentro do espaço
sagrado, observamos atualmente que as novas configurações das religiões de matriz africana
demonstram um crescente aumento do número de lideranças masculinas, esse fenômeno
sinaliza as mudanças do papel desempenhado pela mulher nessas religiões. Os pais-de-santo
tem sido cada vez mais comuns na liderança dos terreiros de candomblé”. Artigo - O santo no
feminimo: a importância das mulheres do axé - Karina Santos da Fonseca.
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O mito da democracia racial, é uma poderosa insígnia ideológica que tem agido como forma de
administração, controle, orientação, incentivo ou dominação. Um mito que entra na composição
de uma “constelação ideológica” na qual estão presentes e combinam-se mais ou menos
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eficazmente vários mitos da história passada e presente: O Brasil seria um país com uma história
de “revoluções brancas”, ou seja, incruentas, na qual predominam a “conciliação e a reforma”, a
“democracia racial” e o “homem cordial”; tudo isso mais ou menos “luso-tropical” (IANNI, 2004,
p. 159- 160).