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Aula 9

A noção aristotélica de substância: o livro VII da Metafísica – introdução

Os livros VII, VIII e IX da Metafísica podem ser considerados um tratado acerca da


noção de substância, pois esta noção consiste no tema que, do início ao fim desses
livros, está presente.

Como vimos, o estudo da noção de substância se impunha já, no livro IV, como tarefa
da “ciência do ser enquanto ser”, visto que um sentido “primeiro”, “ponto de partida” de
todos os outros sentidos em que se diz: “é”, se refere a substâncias, sentido de que
dependem todos os outros.

Vejamos inicialmente, para a abordagem desses três livros, com que sentido de “ser”
estamos lidando, quando tematizamos a noção de substância, bem como com que
sentidos de “ser” não estamos lidando.

Observem-se as primeiras linhas do livro VII: “O ser tem muitos significados (tò òn
légetai pollakhôs), como estabelecemos anteriormente, no livro dedicado aos diversos
significados dos termos” (1028a10-11).

Esse livro parece ser o livro V, mais especificamente o capítulo 7, que trata da palavra
“ser” (tò ón). Ali, Aristóteles distingue quatro sentidos:

Ser por acidente. Ser por si mesmo. Ser como verdadeiro e como falso. Ser em potência
e em ato.

Sobre o sentido de ser por acidente, ler 1017a8-13, e capítulo 30, 1025a14-24.

Para entender o sentido de ser por acidente, leia-se também Livro VI, cap. 2, 1026b27-
1027a5. O acidente “quase se reduz a puro nome” (1026b13-14).

Sobre o sentido de ser por si mesmo, ler Livro V, capítulo 7, 1017a22-27, onde se
encontra uma lista de algumas “categorias”: essência, qualidade, quantidade, relação,
agir, padecer, onde, quando. Há também as categorias da situação e da posse. Não se
trata de explicar cada uma dessas categorias, mas de observá-las como uma espécie de
conjunto de “gêneros máximos” de predicação, irredutíveis entre si (o assunto foi
abordado com profundidade e sistematicamente no tratado intitulado Categorias). Toda
predicação pode ser subordinada a uma dessas “figuras de predicação”.

Sobre o sentido de ser como verdadeiro e como falso, ler 1017a31-35.

Sobre o sentido de ser em potência e em ato, ler 1017a35-1017b8.

Temos, portanto, quatro maneiras de dizer: “é”, que parecem, para Aristóteles, ser as
mais genéricas possíveis. Arrisquemos dizer que se trata, por assim dizer, de quatro
pontos de vista em que utilizamos a expressão “é”, quando dizemos: “uma coisa é...”.
Esses sentidos não seriam excludentes, a não ser, em certo sentido, ser por si mesmo e
ser por acidente. São diversos enfoques e usos dos termos “ser” e “é”.
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Então, onde se encontra o sentido em que se investiga “ser enquanto ser”? O livro VI
nos ajuda a responder, ao eliminar os sentidos que não estão em questão com essa
ciência.

O segundo capitulo do livro VI inicia-se recolocando os sentidos acima apresentados:


ler 1026a33-1026b2.

A sequência desse capítulo faz algo que podemos considerar uma espécie de “limpeza
de terreno” para a investigação do “ser enquanto ser”. Para o sentido de ser por
acidente, ler 1026b2-4, 1027a5-13, 1027a19-28. Também Livro V, capítulo 30,
1025a24. No capítulo 4 do Livro VI, 1027b34. Assim, a ciência do ser enquanto ser não
lida com o acidental. Investigar o ser “enquanto ser”, “como sendo”, não é investigar
“ser por acidente”.

No mesmo livro IV, Aristóteles empreende nova “limpeza de terreno”, referente agora
ao “ser como verdadeiro ou falso”. Em que consiste esse tipo de ser? Ler 1027b19-31.
O “ser verdadeiro” e o “ser falso” são um “ser de pensamento” e isso os elimina da
investigação a respeito do “ser enquanto ser”.

O final desse capítulo 4 concluirá pela exclusão desses sentidos e a afirmação da


necessidade do estudo de “ser por si mesmo”: ler 1027b29-1028a6. Esse capítulo não se
refere ao sentido de “ser em potência e em ato”. Não poderia, como veremos, porque
esse sentido terá lugar importante no desenvolvimento da teoria aristotélica da
substância.

O que podemos constatar é que a “ciência do ser enquanto ser” e, portanto, o estudo da
substância que constitui o livro VII, se volta para um certo sentido de “ser”, “eminente”,
onde se enfoca ser “por si”. Mas, para chegar a isso, Aristóteles parte dos sentidos mais
amplos possíveis do emprego de “ser” para enxergar esse sentido “eminente”.

Esses diversos sentidos eram, no início do segundo capítulo do livro VI, designados de
um determinado modo: “O ser, entendido em geral (literalmente: “simplesmente sendo
dito”), tem múltiplos significados” (1026a33). Aristóteles parte do “ser” que se diz e,
tomado “simplesmente”, em seu caráter por assim dizer “bruto”, comporta as distinções
feitas no livro V, o que permite clarificar um sentido em que “é” diz respeito à “coisa
mesma”.

Ora, o início do livro VII, como vimos no início, retoma as análise do livro V, ao
repetir: “o ser tem muitos significados (tò òn légetai pollakhôs)”. Mas a explicação
desses vários modos de dizer “ser” já é específica: “de fato, o ser significa, de um lado,
a essência e algo determinado, de outro, qualidade ou quantidade e cada uma das outras
categorias” (1028a11-13). Aqui, a distinção é entre a) “essência e algo determinado” e
b) qualidade, quantidade etc. Já se trata de uma distinção no interior do sentido de “ser
por si mesmo”, de “ser enquanto ser”.

E o sentido de “essência” leva à ideia de substância: “Mesmo sendo dito em tantos


significados, é evidente que o primeiro dos significados do ser é a essência (tí esti; trata-

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se da pergunta feita nos diálogos ditos “socráticos” de Platão), que indica a substância
(ousía)” (1028a13).

Note-se essa íntima associação entre substância e essência.

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