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Avaliação Preliminar das Reservas Reguladoras de Águas

Subterrâneas no Estado de Sergipe


João Carlos Santos da Rocha1 e Pedro de Araújo Lessa2

RESUMO: As estratégias para a gestão das águas subterrâneas frequentemente se baseiam na


avaliação das reservas renováveis ou reguladoras. Essas águas também desempenham
importante papel na manutenção das descargas de base dos rios e demais mananciais de
superfície, possibilitando que o curso d’água mantenha-se perene durante todo o ano. Esse
estudo procurou avaliar preliminarmente, com auxílio de ferramentas de geotecnologia, as
reservas renováveis nos diferentes domínios hidrogeológicos que ocorrem em território sergipano.
A estimativa das reservas teve como base a espacialização das unidades hidrogeológicas
aflorantes, a precipitação pluviométrica e a taxa de infiltração médias de cada polígono
identificado no mapa geológico digital do estado de Sergipe, na escala 1:250.000. Observou-se
que a avaliação preliminar apontou unidades de grande potencial hidrogeológico e possibilitou a
determinação da reserva renovável que contribui sazonalmente para a variação do nível
hidrostático dos aqüíferos e para a descarga de base dos rios da região, o que corresponde ao
volume das recargas anuais.

Palavras-chave: águas subterrâneas, reserva renovável, hidrogeologia

INTRODUÇÃO
Apesar de estar muito bem definida a importância dos recursos hídricos subterrâneos para a
sobrevivência e o desenvolvimento do homem, os estudos dos mananciais subterrâneos
constituem um desafio técnico que estamos tentando ainda superar com certa dificuldade.
Dentre os obstáculos normalmente encontrados, destacam-se o desconhecimento da
distribuição espacial em subsuperfície e a carência de dados hidrodinâmicos das formações
geológicas que contenha água de boa qualidade e que permita que quantidades significativas
dessa água se movimentem no seu interior em condições naturais. Essas rochas ou sedimentos
são conhecidos como aquíferos (Feitosa, 1997).
Assim, o presente trabalho visou basicamente estabelecer um ranking dos aquíferos que
afloram em Sergipe, em relação ao volume hídrico acumulado em suas reservas renováveis, e
quantificar o total destas reservas de águas subterrâneas no Estado.
Espera-se contribuir para o conhecimento, já de certa forma consolidado entre os
hidrogeólogos sergipanos, sobre a ocorrência de unidades geológicas com potencial quantitativo e
qualitativo para exploração das águas subterrâneas acumuladas em seus espaços vazios. Apesar
desse conhecimento intuitivo, ainda hoje grandes somas de recursos financeiros são
desperdiçadas na construção de poços tubulares profundos em regiões de baixo ou nenhum
potencial hidrogeológico para abastecimento de pequenas comunidades rurais, mesmo com a
utilização dos onerosos processos de dessalinização por osmose reversa.
As informações serão consolidadas em um Sistema de Informações Geográficas – SIG, com
disponibilização em breve pela Internet, para possibilitar o cruzamento com outros temas já
disponíveis (cadastro de poços tubulares, mapa de qualidade das águas subterrâneas, dentre
outros) e para facilitar aos tomadores de decisão a gestão desse bem público.

1
Geólogo. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH / Superintendência de
Recursos Hídricos - SRH, Avenida Gonçalo Prado Rollemberg, 53, bairro São José, Aracaju, SE, CEP 49010-410,
joaocarlos.rocha@semarh.se.gov.br
2
Engenheiro Agrônomo. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH /
Superintendência de Recursos Hídricos - SRH, Avenida Gonçalo Prado Rollemberg, 53, bairro São José, Aracaju, SE,
CEP 49010-410, pedro.lessa@semarh.se.gov.br
MATERIAIS E MÉTODO
Foi utilizado o mapa geológico digital disponível em formato shapefile do Atlas Digital sobre
Recursos Hídricos de Sergipe (SERGIPE, 2004) onde, através do software ArcGIS 9.1, foi
calculada a área de cada polígono – Área de Ocorrência (A), neste caso representando um
afloramento de rocha ou sedimento. Salienta-se que o emprego do termo afloramento não
significa a ausência de solo, também não foram consideradas ocorrências de aquíferos não
representados no mapa geológico, como, por exemplo, o importante aqüífero granular da
Formação Marituba, que não ocorre em superfície.
O menor polígono considerado para o cálculo da Área de Ocorrência foi de 1,66 km² e a
maior de 4.149,88 km².
A Precipitação média (P) em cada um desse polígono foi estimada, tendo como base o
mapa de isoietas do Atlas Digital, variando de 600 a 1.800 mm. Por sua vez, a Taxa de Infiltração
média (I) foi avaliada em função dos diferentes tipos de rochas e sedimentos encontrados,
conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Taxa de Infiltração média por litologia.


Litologia Taxa de Infiltração (%)
Calcário 8,0 a 10,0
cristalino Indiferenciado 1,0
cristalino muito fraturado 5,0
Quartzito 2,0
Metacarbonato 2,0
Arenito 8,0
Sedimentos (Grupo Barreiras) 10,0
depósitos aluvionares 10,0 a 20,0
Metarenito 1,2
Fonte: adaptado de SERGIPE (2005)

Assim, a Reserva Renovável ou Reguladora (Rr), definida como o volume hídrico


acumulado no meio aquífero em função da porosidade eficaz e variável anualmente em
decorrência dos aportes sazonais (Feitosa, 1998), foi calculada através da seguinte equação
(SERGIPE, 2005):

Rr = A.P.I
Sendo:

A – Área de Ocorrência (km²)


P – Precipitação média (mm/ano)
I – Taxa de Infiltração média (%)

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A estimativa preliminar das Reservas Renováveis (Rr) de águas subterrâneas em Sergipe
resultou em um valor de 1.223 m³/ano, equivalente a 38,77 m³/s, sendo composto por 0,37 m³/s
representado pelas rochas ígneas, 4,37 m³/s pelas rochas metamórficas e 34,03 m³/s pelas
rochas sedimentares e sedimentos.
Dessa forma, pode-se inferir que mais de 80% da reserva renovável de Sergipe seja
formada por águas subterrâneas de média a boa qualidade para consumo humano, tratando-se de
aquíferos granulares e cársticos.
Os aquíferos fissurais, apesar de possuírem um elevado conteúdo de sais, representam
uma pequena parcela do volume das reservas renováveis por estarem localizados na região
Semi-árida de Sergipe, onde a precipitação é baixa.
A região de Itabaiana e Simão Dias, áreas de ocorrência do Complexo Gnáissico-
migmatítico dos Domos de Itabaiana e de Simão Dias, apresenta-se bastante fraturada,
ocasionando uma boa reserva hídrica subterrânea com um montante de 1,14 m³/s,
correspondendo a 1,81 L/s/km².
Sob condições naturais, apenas uma parcela das reservas renováveis é passível de
explotação, sendo que este valor oscila entre 25 a 50% das reservas calculadas, correspondendo
a 9,7 a 19,4 m³/s.
O valor total das reservas renováveis encontrado está dentro do intervalo de 34,8 a 107,0
m³/s, limites determinados pelo The Study on Water Resorces Development in the State of
Sergipe (SERGIPE, 2000), elaborado em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do
Japão - JICA, onde a recarga foi estimada a partir de medições sazonais do nível estático de
poços distribuídos no Estado.
Dentre os principais aquíferos aflorantes no estado de Sergipe (Tabela 2), merecem
destaque os sedimentos arenosos dos Depósitos recentes, os carbonatos das formações
Cotinguiba e Riachuelo e os sedimentos terrígenos do Grupo Barreiras, que juntos representam
81,9% da reserva renovável de água subterrânea do Estado.

Tabela 2. Principais aquíferos no estado de Sergipe


Reserva Renovável
Aquífero
(L/s/km²) (m³/s) (%)
Depósitos recentes 10,7 a 2,5 11,13 28,7
Formação Cotinguiba - Membro Sapucari 4,7 0,95 2,5
Formação Riachuelo 4,6 a 2,9 1,85 4,8
Grupo Barreiras 4,3 17,81 45,9
Formação Penedo 3,2 a 2,8 0,30 0,8
Formação Serraria 2,7 0,09 0,2
Complexo Itabaiana - Simão Dias 1,8 1,13 2,9
Formação São Sebastião 1,8 0,36 0,9
Formação Tacaratu 1,5 0,11 0,3
Formação Itabaiana 0,7 0,19 0,5
Formação Olhos D'água 0,7 0,30 0,8
Outros - 4,55 11,7

Em relação aos aquíferos mencionados ou não na tabela acima, merecem destaque os


comportamentos das unidades geológicas do Grupo Barreiras e da Formação Marituba.
O Grupo Barreiras, apesar das baixas vazões geralmente encontradas nos poços tubulares
profundos construídos nesta unidade, contribui sobremaneira para a perenização (descarga de
base) e para a melhoria da qualidade da água dos mananciais superficiais. Também concorre
para o abastecimento de boa parte da população rural, através da captação de águas
subterrâneas a partir de poços manualmente escavados.
A Figura 1 ratifica a afirmação do parágrafo anterior mostrando uma boa correlação entre a
ocorrência do aqüífero granular do Grupo Barreiras ao longo da costa (a) e os sólidos totais
dissolvidos das águas subterrâneas (b).

Figura 1. Mapa dos aquíferos (a) e da qualidade das águas subterrâneas em termos dos Sólidos
Totais Dissolvidos – STD (b)
Os clásticos médios a grossos e os carbonatos da Formação Marituba, apesar de
representarem talvez a maior reserva de águas subterrâneas em Sergipe, com poços tubulares
apresentando vazões superiores a 100 m³/s, não foram considerados no presente estudo por só
ocorrerem em subsuperfície.
Estudos detalhados deverão ser empreendidos para uma completa avaliação deste
importante manancial subterrâneo. Necessariamente, incluirão a avaliação da sua geometria,
hidráulica e dinâmica, buscando inclusive compreender os mecanismos de recarga e descarga
para o estabelecimento de zonas para sua proteção, além de determinar com segurança a
descarga passível de ser explotada sem provocar risco ambiental ao ecossistema lacustre na
Zona Costeira.

CONCLUSÕES
1. Este estudo, apesar de preliminar, possibilitou hierarquizar os principais mananciais
subterrâneos de Sergipe.
2. Utilizando a metodologia anteriormente descrita, a reserva renovável ou reguladora dos
mananciais subterrâneos no estado de Sergipe foi calculada em significativos 38,77 m³/s,
que representa quase 22 vezes o potencial de águas superficiais das bacias hidrográficas
dos rios Japaratuba, Sergipe, Vaza Barris, Piauí e Real, considerando a vazão de
restrição Q7,10 determinada pelo estudo realizado em 2000 em cooperação com o
governo do Japão.
3. A conclusão, ainda este ano, dos Planos Estadual e das Bacias Hidrográficas dos rios
Sergipe, Japaratuba e Piauí deverá trazer grandes contribuições para a determinação do
potencial de recursos hídricos subterrâneos de Sergipe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FEITOSA, E. C. Avaliação dos aquíferos da bacia Sergipe/Alagoas entre Aracaju e Capela.
Aracaju, PETROBRÁS, 1998. 178p.
FEITOSA, F. Hidrogeologia Básica – Conceitos e aplicações. 2.ed. Rio de Janeiro, CPRM, 1997.
270p.
SERGIPE. THE Study on Water Resorces Development in the State of Sergipe. Secretaria de
Estado do Planejamento – SEPLAN / Japan International Cooperation Agency - JICA, 2000.
SERGIPE. Atlas digital sobre os recursos hídricos de Sergipe. Secretaria de Estado do
Planejamento – SEPLAN, 2004. CD-ROM
SERGIPE. Estudo hidrogeológico e hidroquímico das microrregiões de Boquim, estância e Agreste
de Lagarto. Secretaria de Estado do Planejamento – SEPLAN, 2005.

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