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Este documento é uma carta de repúdio assinada por graduados e graduandos em arqueologia brasileira contra uma declaração da Sociedade de Arqueologia Brasileira. A declaração criticada defendia que apenas arqueólogos pós-graduados teriam "alta competência" para ocupar cargos no IPHAN, deslegitimando a formação acadêmica dos graduados. A carta pede retratação formal, afirmando que tal visão é ofensiva e preconceituosa.
Este documento é uma carta de repúdio assinada por graduados e graduandos em arqueologia brasileira contra uma declaração da Sociedade de Arqueologia Brasileira. A declaração criticada defendia que apenas arqueólogos pós-graduados teriam "alta competência" para ocupar cargos no IPHAN, deslegitimando a formação acadêmica dos graduados. A carta pede retratação formal, afirmando que tal visão é ofensiva e preconceituosa.
Este documento é uma carta de repúdio assinada por graduados e graduandos em arqueologia brasileira contra uma declaração da Sociedade de Arqueologia Brasileira. A declaração criticada defendia que apenas arqueólogos pós-graduados teriam "alta competência" para ocupar cargos no IPHAN, deslegitimando a formação acadêmica dos graduados. A carta pede retratação formal, afirmando que tal visão é ofensiva e preconceituosa.
Nós, graduados(as) e graduandos(as) em Arqueologia do Brasil, abaixo-assinados,
vimos por meio desta manifestar o nosso veemente repúdio à atitude da Sociedade de Arqueologia Brasileira, presidida por vossa senhoria. Na manhã de quarta-feira passada, 22/08/2018, o site oficial da entidade postou uma nota sobre a decisão judicial acerca concurso do IPHAN, que decidiu suspender o certame para atender as reivindicações de outras categorias contempladas na Lei Federal nº 13.653/2018 – Lei de regulamentação da profissão de arqueólogo. As categorias que nos referimos são os colegas da pós-graduação e também daqueles que já trabalham na área. A decisão, que acatou a justificativa do MPF-RS, é legítima para aqueles que se sentiram prejudicados em concorrer a uma vaga no Concurso Público para provimento de vagas e formação de cadastro de reserva em cargos de nível superior e de nível médio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. No entanto, o conteúdo da referida nota argumenta, em seu segundo parágrafo, o seguinte:
“A SAB entende que esta é uma decisão acertada que leva em
consideração não apenas a lei Federal nº 13.653/2018 que regulamenta a profissão de arqueólogo, em especial seu art. 2º que estabelece quem pode exercer a profissão, mas que também permite que o IPHAN possa ser servido por arqueólogos e arqueólogas de alta competência que caso contrário não teriam a oportunidade de concorrer às vagas.”
Entendemos que a colocação do trecho citado possui irrestrito caráter ofensivo e
preconceituoso ao buscar de maneira excludente conferir uma referida “alta competência” a um grupo específico de profissionais que não foram contemplados na retificação do Edital n.º 3 - IPHAN, de 25 de junho de 2018. Sabemos que “altas competências”, no contexto acima citado, não são atributos ou qualidades exclusivas de uma única categoria e acreditamos que o concurso do IPHAN em nada perderia em qualidade, alocando servidores em seus quadros técnicos, profissionais advindos das graduações em bacharelado em Arqueologia. Nós, graduados(as) e graduandos(as) em Arqueologia, sentimos e lamentamos muito as colocações, com uma visão restrita e equivocada, de uma sociedade que deveria prezar e valorizar profissionais que atuam e tanto contribuem positivamente nos diversos campos da Arqueologia brasileira. Diferente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, acreditamos que tantos graduados e pós-graduados possuem competências suficientes e não categorizamos quem possui mais ou menos saber. Se não formando profissionais de alta competência, qual o papel das graduações em Arqueologia? Não sendo competentes esses graduados, são o que, então? Se não são aptos para assumir uma vaga em um concurso da sua área, serão aptos a que, então? Qual a função de uma graduação em Arqueologia? Qual a função de um docente em uma graduação? Qual a importância do diploma de graduação em Arqueologia? Gostaríamos de lembrar que tal afirmação ofende não somente aos arqueólogos graduados nos cursos criados na era pós UNIVASF/PUC-GO, mas também ofende aos graduados anteriores à década de 2000 pela Estácio de Sá, que se viram sozinhos e em minoria ante a crescente onda de arqueologia de contrato, que inseriu muitas pessoas nesse mercado sem a devida qualificação. Para se qualificar no ramo, optaram pelo mestrado ou doutorado quando viram a necessidade de emitirem suas próprias portarias. Hoje temos mais cursos de graduações que em qualquer outra época do país: Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); Pontifícia Universidade Católica de Goiânia (PUC-GO); Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Metropolitana de Santos (Unimes); graduações essas que formam profissionais das mais variadas linhas de pesquisa arqueológica. Foge do escopo deste documento listar a quantidade gigantesca de atribuições e cobranças pelas quais esses graduandos são submetidos. Ao deslegitimar a formação desses profissionais desqualifica-se a formação dos cursos de Arqueologia no Brasil, desqualifica-se também o ensino que esses alunos receberam de professores, ou seja, desqualificando a qualidade docente. Lembramos também que, houve uma tentativa de garantir a qualidade do serviço prestado pela arqueologia quando o IPHAN emitiu o Ofício Circular nº. 001, de 22 de fevereiro de 2013-Presi/Iphan em 2013, na qual afirma quem pode ou não emitir portarias. É sabido que a vossa sociedade científica apresenta um discurso de reserva de mercado, desde a tentativa de classificação dos arqueólogos em 2010, anos antes da aprovação da lei que regulamenta a categoria. Tal classificação criou uma categoria que deveria pormenorizar os recém-graduados como “arqueólogos juniores”, impedindo-os de emitir portarias em seus nomes. Assertivamente, o IPHAN não concordou e reconheceu que os cursos de graduação apresentam um pessoal capacitado em seus profissionais formados. No processo seletivo do IPHAN, realizado no ano de 2015, os graduados foram afetados pelo edital que regeu o processo seletivo, o qual exigiu graduação em Arqueologia, com no mínimo cinco anos de experiência após conclusão de curso. Esta sociedade científica se calou, não se manifestando em defesa dos egressos, muitos até então associados. A divisão entre arqueólogos(as) graduados(as) x arqueólogos(as) pós- graduados(as) somente enfraquece a classe, que já tem que lutar constantemente contra os desgovernos diários e os interesses do agronegócio. Quando Vossa Senhoria profere a referida opinião está apenas concordando com o status quo vigente e nada mais contribuir para a profissionalização responsável na arqueologia. Conforme a descrição institucional a “Sociedade de Arqueologia Brasileira é uma associação civil de caráter científico, de direito privado e sem fins lucrativos, que tem por objeto congregar arqueólogos e demais especialistas dedicados ao ensino,à pesquisa e à prática da arqueologia e áreas afins, visando promover o conhecimento e a divulgação de assuntos referentes à arqueologia e ao patrimônio arqueológico”. Salientamos que a SAB é uma sociedade científica, nada tem a ver com conselho ou que apresente o poder de diminuir a formação de alguém. E também, conforme o Código de Ética desta sociedade, “ respeito pelos colegas e pela SAB como associa ão cient fica que nos une..”, e “xs associadxs devem tratar com decoro todos os seus colegas arqueólogas e arqueólogos, sejam ou não membros desta associa ão”. Fatos esquecidos no posicionamento em relação a suspensão concurso público para provimento de vagas e formação de cadastro de reserva em cargos de nível superior e de nível médio do IPHAN. Somos diariamente atacados e agredidos com a falta de reconhecimento e valorização por parte de um governo e uma sociedade que pouco se interessa e entende o papel daquilo que fazemos. Mas quando essa violência e agressão vêm de dentro de casa, de pessoas e grupos que deveriam nos ajudar e lutar junto conosco, o lamento e decepção é enorme. Queremos, portanto, reiterar o histórico antidemocrático dos concursos do IPHAN que sempre recorre a práticas excludentes com os egressos. Solicitamos retratação formal da atitude tomada, de modo monocrático, pela presidência da Sociedade de Arqueologia Brasileira, se tiver capacidade de reconhecer o erro da ofensa gratuita. Assinam:
Nome Graduação CPF
01.Cleberson Carlos Xavier de Albuquerque UNIVASF 070.402.384-97
02. Laura Nisinga Cabral UNIR 815.723.362-34
03.Thalis Daiani Paz Garcia FURG 016.890.730-55
04.José Francisco Dias Neto UFS 826.936.925-04
05.Arlon Facynek de Oliveira Carvalho UFPI 016.523.633-78
06.Felipe Roger Alves Glória PUC-GO 027.797.721-58
07.Alyne Mayra Rufino dos Santos UNIR 994.011.502.49
08.Mariana B. N. M. Sousa UNIVASF 054.321.873-29
09.Jéssica Rafaella de Oliveira UNIVASF 086.544.054-90