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DIR.

CIVIL
CURSO BÁSICO – NÍVEL SUPERIOR
PROF. EMANUEL BECKER

DIREITO CIVIL
PROF. EMMANUEL BECKER TORRES
emanuelbecker@bol.com.br

LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL(Decreto nº 4657/42)


1.DEFINIÇÃO
Conjunto de normas a respeito de normas (normas de hermenêutica = interpretação). Estuda a
APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO, VIGÊNCIA, REVOGAÇÃO, INTEGRAÇÃO e a EFICÁCIA no
TEMPO e no ESPAÇO das leis do ordenamento jurídico (Não se limita às normas do Código Civil,
como poderia parecer).

2. INTEGRAÇÃO (art.4º licc).


(Preenchimento de lacunas do ordenamento jurídico)
A)ANALOGIA (semelhança)
Aplicação ao caso de norma que trata de questão semelhante.
B)COSTUME - Prática habitual de conduta por longo tempo, considerado pela coletividade como
obrigatório. O costume integrador chama-se PRAETER LEGEM, distinguindo-se dos costume
segundo a lei (secundum legem) e contrário a lei (contra legem)
C) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Normas que orientam a compreensão do sistema jurídico.

Obs: considerando que interpretar significa buscar o sentido e o alcance da lei, conclui-se que a
interpretação é um procedimento anterior à integração, posto que o primeiro pressupõe a
existência da lei que deve ser interpretada e o segundo a inexistência de lei.
São métodos de interpretação da lei:
LITERAL – letra da lei (a menos aconselhável)
LÓGICA – sentido lógico da lei
HISTÓRICA – analisa o contexto histórico em que a lei foi elaborada
SISTEMÁTICA – analisa a lei em conjuntos com as demais normas do ordenamento.
TELEOLÓGICA – baseia-se na finalidade da lei (art. 5º da LICC)

3. VIGÊNCIA (art. 1º licc)

3.1 DEFINIÇÃO.Momento em que a lei torna-se obrigatória.

3.2 VACATIO LEGIS


Período entre a publicação e a entrada em vigor da lei
(a lei pode ou não ter vacatio legis).
EX. Entrará em vigor na data da publicação- sem vacatio legis
EX Entrará em vigor 01 ano após a publicação (art.2044 do CC) – possui vacatio legis

Se a própria lei não dispuser quando entra em vigor, entrará em vigor 45 dias após a publicação
(em território nacional) ou três meses após a publicação no exterior (art.. 1º, caput e § 1º licc)

Nova publicação do texto para correção da lei antes de entrar em vigor: (durante o prazo da
vacatio legis) o prazo de vigência começa a contar da nova publicação (art. 1º, § 3º licc)

4.REVOGAÇÃO. Ocorre quando a lei é retirada do ordenamento jurídico (morte)

4.1 AB-ROGAÇÃO (REVOGAÇÃO TOTAL) E DERROGAÇÃO (REVOGAÇÃO PARCIAL)

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4.2 EXPRESSA OU TÁCITA . Expressa quando a lei nova declara que a lei anterior, ou parte
dela, fica revogada. Tácita, quando não traz a declaração nesse sentido, mas mostra-se
incompatível com a lei antiga ou regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º,
§ 1º licc)
Obs: se a lei nova estabelecer disposições compatíveis (a par) com a antiga, não haverá
revogação (art. 2º, § 2º licc)

4.3 REPRISTINAÇÃO: retorno da lei revogada por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Por exemplo, revogada a Lei nº 1 pela Lei nº 2, e, posteriormente, revogada a lei revogadora (nº 2)
pela Lei nº 3, não se restabelece a vigência da Lei nº 1, salvo se a Lei nº 3, ao revogar a
revogadora (nº 2), determinar a repristinação da nº 1.
Importante observar que a repristinação não se opera automaticamente. Esse retorno deve ser
expresso e explicitamente previsto na norma que revogar a lei revogadora, pois o nosso
ordenamento apenas aceita a repristinação expressa, não existindo repristinação tácita

5.EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO

5.1 REGRA GERAL: IRRETROATIVIDADE DAS LEIS

5.2 EXCEÇÃO À IRRETROATIVIVIDADE.


(a retroatividade deve ser expressa e respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada).

6.EFICÁCIA NO ESPAÇO

6.1 PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MODERADA: admite a aplicação da lei estrangeira em


território nacional

6.2 REGRAS (ELEMENTOS DE CONEXÃO):


A) RELATIVO A PESSOA - começo e fim da personalidade, nome, capacidade (LEI DO
DOMICÍLIO)
B) RELATIVO A BENS (LEI ONDE ESTÃO LOCALIZADOS)
C) RELATIVO A FAMÍLIA (LEI DO DOMICÍLIO)
D) RELATIVO A OBRIGAÇÕES (LEI ONDE SE CONSTITUÍRAM)
E) RELATIVO A SUCESSÃO (LEI ONDE ERA DOMICILIADO O “DE CUJUS”)

CÓDIGO CIVIL

PARTE GERAL

DAS PESSOAS. Ente físico ou jurídico com aptidão para contrair direitos e deveres na órbita civil.

DAS PESSOAS NATURAIS. Seres componentes da espécie humana.

1. INÍCIO DA PESSOA NATURAL - personalidade inicia com o nascimento com vida. Nasceu
com vida transmite e recebe direitos, mesmo que morra logo depois.

2. NASCITURO. Não tem personalidade civil, mas resguardam-se seus direitos.

3. CAPACIDADE.

3.1 CAPACIDADE DE DIREITO. Possibilidade de adquirir direitos e contrair deveres na ordem civil
(art.1º CC). Toda pessoa é capaz de direito.
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3.2 CAPACIDADE DE FATO OU EXERCÍCIO. Possibilidade de exercer “pessoalmente” os atos da


vida civil. Nem todas as pessoas possuem capacidade de Fato

A) INCAPACIDADE ABSOLUTA
- menores de 16 anos.
- enfermidade e deficiência mental. Não possuem o necessário discernimento para prática dos
atos da vida civil.
- por causa permanente ou transitória não puderem exprimir sua vontade. Ex.Coma. Ex. pessoa
sob efeito de drogas.
Os incapazes absolutamente são REPRESENTADOS

B) INCAPACIDADE RELATIVA
- maior que 16 e menor que 18 anos
- ébrios habituais, viciados em tóxico e aquele que em razão de enfermidade mental tiverem o
discernimento reduzido (difere da “falta de discernimento da incapacidade absoluta”)
-excepcionais sem desenvolvimento mental completo (ex. síndrome de down)
- pródigo: aquele que dissipa o seu patrimônio positivo desordenadamente.
Os relativamente incapazes são ASSISTIDOS

C) EMANCIPAÇÃO
- Consiste na antecipação da capacidade.

- CASOS:
Emancipação voluntária: menor entre 16 e 18 anos por concessão dos pais ou de um deles na
falta do outro, mediante instrumento público.
Obs: a expressão falta se refere à morte, ausência, perda do poder familiar. O desacordo entre os
pais quanto à emancipação voluntária impossibilita o ato, devendo o interessado pleitear
judicialmente

Emancipação judicial: menor entre 16 e 18 anos por sentença judicial, no caso de ausência,
perda do poder familiar ou morte de ambos os pais, ouvido o tutor.

Emancipação legal: pelo casamento. idade núbil é a partir dos 16 anos


-exercício de emprego público efetivo.
- colação de grau em ensino superior.
- menor com pelo menos 16 anos se possuidor de estabelecimento civil, comercial ou relação de
emprego que possibilitem ter economia própria.

OBS – A emancipação é para efeitos da vida civil. Assim, se determinada lei específica exige
certa idade, a emancipação não supre essa exigência. Ex- 18 anos para ingresso em cargo
público, para tirar carteira de habilitação.

Obs2 – Uma vez legalmente emancipado, a extinção da situação que o emancipou não o
torna, novamente, incapaz. Ex - divórcio, demissão do emprego público efetivo.

4. FIM DA PERSONALIDADE NATURAL. MORTE.

4.1 COMORIÊNCIA (morrer com) morte simultâneas de pessoas não se podendo verificar qual
delas faleceu antes. Presume-se que morreram no mesmo momento.

4.2 MORTE PRESUMIDA

4.2.1. SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA


A) for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (art.7º, I do CC)
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B) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado em até 2


anos após o término da guerra (art.7º, II do CC)

4.2.2 COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA


Desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia.

DA AUSÊNCIA. Desaparecimento de pessoa e existência de bens.


1ª FASE (art.22). Declaração de ausência, com nomeação de curador de ausente (cônjuge, pais,
filhos) e arrecadação dos seus bens.
2ª FASE (art.26). Sucessão provisória. Após um ano da primeira fase ou se o ausente deixou
representante ou procurador, em se passando 03 anos. Bens são partilhados provisoriamente, por
isso só podem ser vendidos com autorização judicial, para evitar deterioração.
3ª FASE (art.37). Sucessão definitiva. Dez anos após a abertura da sucessão provisória ou se o
ausente conta com 80 anos e que de 5 datam suas últimas notícias (art.38). Nesta fase o juiz
decreta a morte presumida. Se o ausente (agora morto) retornar até dez anos da abertura da
sucessão definitiva poderá receber apenas os bens que ainda restam, os sub-rogados, e o preço
recebido pela alienação dos bens.

5. DOS REGISTROS

Os atos praticados pelas pessoas e os fatos que a atingem, merecem ser objeto de catalogação
em um órgão próprio, para que o Estado e terceiros possam ter ciência da situação jurídica dessas
pessoas e das situações jurídicas que elas experimentaram durante a sua vida.

Além do registro (ato principal), tem-se a averbação (ato secundário), tratando-se de informações
adicionais ao registro, quando, de regra, há alteração da situação inicial. De acordo com o Código
Civil:

Art. 9o Serão REGISTRADOS em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

Art. 10. Far-se-á AVERBAÇÃO em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a
separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
III - dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção.

Obs: ressalte-se que há legislação especial que rege os registros públicos (Lei 6.015/73)

6. DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana, estando a ela ligados de maneira
perpétua. Dentre os direitos da personalidade destacam-se, dentre outros, o direito à vida, à
liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra.
A Constituição Federal expressamente se refere aos direitos da personalidade, no art. 5°, X, que
proclama: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
O Código Civil de 2002 dedicou um capítulo novo aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21), e
preceitua no art. 11: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Vale
ressaltar que são também, extra-patrimoniais (estão acima dos direitos patrimoniais, não
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possuindo conteúdo econômico, o que não significa que não se possa pleitear ressarcimento
patrimonial quando utilizados ou ofendidos) inalienáveis (não podem ser vendidos, doados,
trocados, em suma, transferidos a terceiros) e imprescritíveis (não há prazo para sua proteção ou
exercício) . Além do que, o Art. 12 informa que, pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a
direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei.

6.1 Atos de disposição do próprio corpo;

Em vida: conforme artigo 13, salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons
costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial.

Para depois da morte: segundo o art. 14, é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. O ato de
disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Trata-se do princípio do consenso
afirmativo, onde o desejo de doar os bens é inequívoco, não havendo forma de
manifestação no sentido de doar que seja irrevogável

6.2 O tratamento médico de risco;


Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica (art.15 CC).

6.3 O direito ao nome;

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
O nome é formado pelo prenome (nome próprio) e sobrenome (nome de família)
Vale salientar que há situações em que o prenome pode ser alterado, como exposição ao
ridículo, apelido público notório, mudança de sexo, proteção a testemunhas.
O sobrenome pode ser alterado quando se altera o núcleo familiar, como por exemplo com a
adoção, casamento.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

6.4 A proteção à palavra e à imagem;

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à


manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

6.5 A proteção à intimidade.


Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta
norma.
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DA PESSOA JURÍDICA

1. CONCEITO. Entidade com personalidade jurídica diversa da dos indivíduos que a compõem,
formada por um grupo de pessoas ou bens que visam certos fins, com aptidão para adquirir
direitos e deveres na órbita jurídica

2. CARACTERÍSITICAS.
2.1. personalidade distinta dos seus membros. Ex. pessoa jurídica pode firmar contrato em seu
próprio nome.
2.2 autonomia patrimonial: se distingue o patrimônio dos sócios. Assim, de regra, o débito de PJ
é pago com seu próprio patrimônio. Exceção: desconsideração da pessoa jurídica.

3. ESPÉCIES
pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
autarquias e fundações públicas) e externo (nações estrangeiras), e de direito privado (fundações
particulares, associações, partidos políticos, sociedades e organizações religiosas, empresas
pública e sociedades de economia mista).

4. INÍCIO DA PESSOA JURÍDICA


4.1 pessoa jurídica de direito público - Lei
4.2 pessoa jurídica de direito privado - inscrição dos atos constitutivos no respectivo registro.
obs. para algumas atividades é necessário autorização estatal. ex. banco (autorização do Banco
Central). seguradoras de planos de saúde (autorização da ANS).

5 – DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE AS PESOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

5.1 – ASSOCIAÇÃO. PJ de direito privado constituída pela união de pessoas que se organizam
para fins não econômicos (ex. institutos, clubes de futebol e campo, associação de moradores,
sindicatos etc.). A finalidade não econômica é que a distingue da sociedade civil.

5.2 - FUNDAÇÃO. PJ de direito privado constituída por um patrimônio (conjunto de bens)


personalizado e direcionado a alguma finalidade cultural, moral, religiosa ou filantrópica.

5.3 SOCIEDADE. PJ de direito privado constituída pela união de pessoas que se organizam para
fins econômicos (ex. sociedades civis ou empresárias). A finalidade econômica é que a distingue
da associação.

6 – DECONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA (art.50 CC).

6.1 – CONCEITO. A desconsideração da personalidade jurídica significa que, em alguns casos, o


juiz poderá desconsiderar que o patrimônio da pessoa jurídica é diferente do patrimônio dos seus
sócios. Com essa atitude poderá fazer com que os bens dos sócios respondam por débito da
pessoa jurídica de direito privado.

6.2 CASOS DE DESCONSIDERAÇÃO. A lei autoriza a desconsideração da personalidade jurídica


quando o sócio se utiliza da pessoa jurídica para praticar ilícitos sem que esses atos comprometam
seu patrimônio pessoal. O Código Civil fala em duas situações:
A) DESVIO DE FINALIDADE DA PESOA JURÍDICA. A pessoa jurídica não tem finalidade
comercial, apenas cultural, e começa a praticar atos de comércio como finalidade principal, não
apenas como meio para subsistência
B) CONFUSÃO PATRIMONIAL. Ex. a pessoa jurídica apresenta como seus bens que são dos
sócios. Não tem bens em seu nome. Só há bens em nome dos sócios.

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7 – FIM DAS PESSOAS JURÍDICAS E LIQUIDAÇÃO.

A extinção pode se dar:


1) por vontade dos seus membros.
2) por determinação legal.
3) revogação da autorização estatal quando necessária para o funcionamento.

Porém, é necessário um procedimento anterior à extinção, denominado LIQUIDAÇÃO.


Nele, apuram-se os ativos e liquidam-se os passivos.
Enquanto não houver liquidação não haverá extinção (art.51 CC)

8 - PESSOA JURÍDICA E DIREITOS DA PERSONALIDADE (Art.52 CC)


As pessoas jurídicas podem ter direitos da personalidade, porém, nem todos. Por isso, o Código
Civil afirma que aplica-se às PJ a proteção aos direitos da personalidade, no que couber.

DO DOMICÍLIO

1. DEFINIÇÃO.
É a sede jurídica da pessoa, o local onde exerce, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos e
onde está presente para todos os efeitos legais. Segundo o Código Civil, o domicílio é
caracterizado pela residência (elemento objetivo) com ânimo definitivo, ou seja, vontade de
permanecer (elemento subjetivo) (art.70). Caracteriza-se, assim, o domicílio voluntário.

2. PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS.
Admite-se a pluralidade de domicílios. Se a pessoa residir alternadamente e trabalhar em lugares
diversos, cada um desses será considerado seu domicílio (art.71 e 72).

3. AUSÊNCIA DE DOMICÍLIO CERTO.


Quando a pessoa não tiver domicílio certo, será considerado domicílio o lugar onde for encontrado
(art.73). É conhecido como domicílio do itinerante.

4. DOMICÍLIO NECESSÁRIO OU LEGAL (determinados em lei - art. 76 e parágrafo único).


4.1 Os incapazes têm o domicílio de seus representantes ou assistentes;
4.2 O servidor público tem por domicílio o lugar em que exerce permanentemente suas funções;
4.3 O militar em serviço ativo tem seu domicílio no lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da
Aeronáutica, na sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado.
4.4 O domicílio do marítimo é o local em que o navio está matriculado.
4.5 O do preso, o lugar em que se encontra cumprindo a sentença. Estando preso
provisoriamente, não perde seu domicílio voluntário.

Obs: importa ressaltar que o fato de se adquirir domicílio necessário, nem sempre implica em
perda do domicílio voluntário, haja vista a possibilidade de pluralidade domiciliar. Ex: o servidor
público e o marítimo continuam com seu domicílio voluntário. O preso e o incapaz, porém, perdem
o seu domicílio voluntário ao adquirir o necessário.

5. DOMICÍLIO DE ELEIÇÃO.
As partes contratantes podem estabelecer um determinado domicílio para o cumprimento da
obrigação contraída no contrato e para a propositura de ação referente ao mesmo contrato. Este é
chamado domicílio de eleição e só será o domicílio dos contratantes para aquele contrato.

6. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA

6.1 DE DIREITO PÚBLICO (art. 75, I, II e III)


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Da união, o Distrito Federal.


Dos Estados, as respectivas capitais.
Do município, o local onde funciona a administração (Prefeitura)

6.2 DE DIREITO PRIVADO Será o local que seus atos constitutivos designarem. Se não houver
designação, onde exerce sua administração.

6.3 PLURALIDADE DE DOMICÍLIO DA PJ DE DIREITO PRIVADO


Cada estabelecimento será considerado o domicílio da PJ de direito privado para os atos nele
praticados.

DOS BENS

1 DEFINIÇÃO.
Todo objeto que por ser útil é passível de ser apropriado pelo Homem. Deve ter valor econômico.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS:

2.1 DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:

A) MÓVEIS E IMÓVEIS (art.79 a 84).

São bens imóveis aqueles que não podem ser deslocados sem a destruição de sua substância ou
valor. Bens móveis são aqueles que podem se mover sozinhos (semoventes) ou podem ser
deslocados sem perda da substância ou valor.

Espécies de imóveis.
Por natureza: o solo e tudo que for a ele incorporado (acessão) natural (árvore) ou artificialmente
(casa, sementes lançadas ao solo).
Por definição legal: 1)direitos reais sobre imóveis e as ações que o assegurem (ex.hipoteca) ;
2)direito à sucessão aberta (direito de herança) ;
Por destinação: 1) edificações separadas do solo, mas conservando sua unidade são removidas
para outro local; 2)materiais provisoriamente separados do prédio para nele serem reempregados.

Espécies de móveis.
Por natureza: Semoventes: têm movimento próprio (ex.animais). Móveis propriamente ditos:
suscetíveis de movimento por força alheia, sem destruição da substância ou valor.
Móveis para efeitos legais: 1)energias que tenham valor econômico 2)direitos reais sobre
objetos móveis e as ações correspondentes (ex.penhor) 3)direito pessoal de caráter patrimonial e
respectivas ações.
Móveis por antecipação: são os incorporados ao solo, mas com intenção de separá-los e
convertê-los em móveis. Ex. compra de área que tenha árvores para corte.
Móveis por destinação: 1)materiais destinados ao solo que não foram ainda utilizados 2)
materiais resultantes de demolição de prédio).

B) FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS (art.85)


Fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Infungíveis: não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
obs2: Todo bem imóvel é infungível, mesmo se destinado à alienação

C) CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS (art.86).


Consumíveis: uso importa imediata destruição da substância.
Inconsumível: podem ser reiteradamente utilizados sem destruição da sua substância

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obs1: bens destinados à alienação (venda, doação) são consumíveis. Ex. livro exposto a venda.
Uma vez alienado, torna-se inconsumível.
obs2: Todo bem imóvel é inconsumível, mesmo se destinado à alienação. Uma casa nunca
pode ser consumível, mesmo se posta à venda.

D)DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS (art.87 e 88)


Divisíveis: podem ser fracionados sem diminuição na sua substância, utilidade ou valor. Ex. saca
de café. Indivisíveis: não podem ser fracionados sem alteração na sua utilidade, identidade ou
valor. Ex. casa.
obs: a indivisibilidade do bem pode ocorrer por lei ou vontade das partes.

E) SINGULARES E COLETIVOS (art.89 a 91)


Singulares: embora reunidos possuem individualidade.
Coletivos: constituídas de duas ou mais coisas singulares, formando um único todo
Espécies de bens coletivos:
universalidade de fato: pluralidade de bens singulares que tenham destinação unitária Ex.
rebanho, biblioteca
universalidade de direito: complexo de relações jurídicas de uma pessoa dotado de valor
econômico. Apesar de serem vários bens singulares, é considerado pela lei como um só bem, por
isso ser uma universalidade de direito. Ex. patrimônio, massa falida, herança.

2.2 DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS:


principal: bem que existe sem depender de algum outro
acessório: existência jurídica dependente do principal. Ex. árvore em relação ao solo.

Regra: o acessório segue o principal, salvo disposição em contrário.

ESPÉCIES DE ACESSÓRIOS

a) Frutos. Bens acessórios periodicamente gerados pelo bem principal, sem dispêndio da sua
substância. Ex. frutas, cria dos animais, aluguéis de uma casa, rendimentos da caderneta de
poupança.

b) Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, porque não se
reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais que se extraem das pedreiras e das
minas

c) benfeitorias. Obras ou despesas feitas num bem móvel ou imóvel, a fim de conservá-lo,
melhorá-lo ou embelezá-lo.
Espécies de benfeitorias:
Necessárias: feitas com propósito de conservar a coisa, evitando sua destruição. Ex.
conserto do teto da casa que está prestes a cair.
Úteis: melhorar a utilização da coisa. Exemplo: modificação da fiação da casa para aumentar
a quantidade de tomadas para eletrodomésticos.
Voluptuária: para aformoseamento do bem ou proprorcionar mais o deleite. Ex. piscina,
sauna.

d) Pertenças: bens que, não constituindo parte integrante, destinam-se de modo duradouro ao
uso, serviço ou aformoseamento de outro. Bens acessórios que mantêm sua individualidade. Ex.
mobília de uma casa, máquinas de uma fábrica, equipamentos agrícolas de uma fazenda.
Regra: os negócios jurídicos que abrangem o principal não envolvem as pertenças, salvo, se o
contrário resultar da lei, da vontade das partes ou circunstâncias do caso. Assim, no caso de
pertenças, o acessório não segue o principal.

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2.3. BENS PÚBLICOS

a) definição. Bens de domínio nacional pertencentes à s pessoas jurídicas de direito público


interno.

b) tipos de bens públicos


- uso comum do povo: bens que podem ser utilizados por qualquer pessoa. Ex. mar, rios,
estradas, ruas.
- uso especial: bens que destinados à prestação de serviço público ou função burocrática. Ex.
Prefeitura, quartel, prédios onde funcionem os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, Prédio
da União onde funcione a Polícia Rodoviária Federal.
- dominicais: ou do patrimônio disponível são os que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Sobre eles o poder público exerce poderes de proprietário. Dessa forma, não estando o bem
afetado à finalidade pública específica, podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Regra 01: são inalienáveis os de uso comum do povo e o de uso especial enquanto
guardarem esta qualificação. Os dominicais podem ser alienados (vendidos, doados,
trocados) nos termos da lei. Se a pessoa jurídica de direito público quiser alienar bem de uso
comum ou especial terá que proceder à desafetação, transformando um bem de uso comum
do povo ou especial em dominical.

Regra 02: nenhum bem público pode sofrer usucapião. Usucapião é a perda do bem pelo
proprietário em razão do uso prolongado do bem por outra pessoa.

FATOS JURÍDICOS

Todo acontecimento, natural (fato jurídico em sentido estrito) ou humano (ato jurídico, ato ilícito,
negócio jurídico), susceptível de produzir efeitos jurídicos.

Atos jurídico Trata-se da simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina
a produção de efeitos legalmente previstos. O elemento caracterizador dessa categoria reside na
circunstância de que o agente não goza de ampla liberdade de escolha na determinação dos
efeitos resultantes de seu comportamento, como se dá no negócio jurídico. São acontecimentos de
simples atuação humana, baseada em uma vontade consciente, tendente a produzir efeitos
jurídicos previstos em lei (reconhecimento de filho, etc)

Os atos ilícitos serão estudados na responsabilidade civil subjetiva.

DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto-regulada, onde uma ou mais
pessoas se obrigam a efetuar determinada prestação jurídica colimando a consecução de
determinado objetivo. Nele, os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas
de direito, porém, para a sua realização, os mesmos estão sujeitos à livre negociação das partes
interessadas, que estabelecem as cláusulas negociais de acordo com suas conveniências, claro
que sem ultrajar os limites legais. Classificam-se em:

a) Negócios unilaterais e bilaterais: Unilaterais são aqueles atos em que basta a declaração de
vontade de uma das partes para que o negócio jurídico se aperfeiçoe. Já os bilaterais são aqueles
em se requer a manifestação de vontade de ambas as partes, para que o negócio se complete.

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b) Negócios onerosos e gratuitos: Negócios onerosos são aqueles em que as partes acordam uma
prestação e uma contra prestação pecuniária, produzindo, para ambas, vantagens e encargos
(negócios sinalagmáticos). Negócios gratuitos ou graciosos caracterizam-se pela presença de
vantagens para somente uma das partes, enquanto que para a outra há somente encargos.

c) Negócios solenes e não solenes: Solenes ou formais são aqueles que, por sua própria natureza
ou por disposição legal, exigem o cumprimento de determinadas formalidades para que se
configurem perfeitos (ex., o casamento, que exige as formalidades dispostas nos artigos 193, 194
e 195 do Código Civil para que se realize). Não solenes são aqueles que não dependem de forma
determinada para se constituírem, podendo as partes recorrerem a qualquer delas.

1. REQUISITOS DE VALIDADE: estão presentes em todos os negócios jurídicos. Na ausência de


quaisquer desses requisitos, o negócio é inválido (nulo ou anulável)

1.1. Capacidade do agente.


(incapacidade absoluta. Art. 3º CC– negócio nulo)
(incapacidade relativa art. 4º do CC– negócio anulável)

1.2 Objeto lícito, possível (física ou juridicamente), determinado ou determinável (negócio nulo).

1.3 Forma prescrita (exigida) ou não defesa (proibida) em lei (negócio nulo). Ex: a lei exige
escritura pública para a alienação de bens imóveis com valor superior a 30 salários mínimos (art.
108 cc). Porém, ressalte-se que, de regra, não se exige uma forma específica para todo e qualquer
negócio jurídico. Na verdade, regra geral, a manifestação de vontade em fazer certo negócio
jurídico é livre e não dependerá de forma especial, a menos que a lei exija (art.107 CC). Assim, de
regra, os NJ são não-solenes.

Obs: O SILÊNCIO É VONTADE? a manifestação de vontade, regra geral, é livre, podendo-se fazer
negócio jurídico de qualquer forma (gestos, palavras, escritos). Porém, de regra, o silêncio não é
vontade, a menos que as circunstâncias ou os usos permitam concluir que a parte quis fazer o
negócio jurídico. (art.111).

Obs2: a manifestação de vontade deve ser interpretada restritamente quando se tratar de Negócio
jurídico benéfico (ex: doação) e renúncia a algum direito.

2. ELEMENTOS ACIDENTAIS.

São aqueles introduzidos facultativamente pela vontade das partes, não necessários à sua
essência. Entretanto, uma vez convencionados, passam a integrá-lo, de forma indissociável.
São três os elementos acidentais no direito brasileiro: a condição, o termo e o encargo.

2.1 Condição. É a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Condição suspensiva é aquela que enquanto não se verificar, o negócio jurídico não
produzirá efeitos.

Condição resolutiva é aquela em que o negócio jurídico já produz efeitos de imediato, mas
se extingue quando a condição se verifica.

Obs: enquanto não se verifica a condição suspensiva, não se adquire o direito. Trata-se de
mera expectativa de direito ou direito eventual (art.125 CC). Por conseqüência, não se pode
exercitá-lo.

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2.2 Termo. É a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e certo.

Termo inicial é aquele que enquanto não se verificar, o negócio jurídico não produzirá
efeitos.

Termo final é aquele em que o negócio jurídico já produz efeitos de imediato, mas se
extingue quando o termo se verifica.

Obs: enquanto não se verifica o termo inicial, se adquire o direito, porém não se pode
exercitá-lo (art.131 CC)

2.3 Encargo ou modo.

É cláusula pela qual se impõe um ônus ao beneficiário de uma liberalidade (ex: doação,
testamento).
Ex: O terreno é doado à Maria para que nele seja construída uma creche ou asilo.

Obs: de regra, já se adquire o direito e se pode exercitá-lo. Porém, o descumprimento do


encargo implicará na revogação da liberalidade.

3. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

A manifestação de vontade é essencial para o negócio jurídico, não importa a forma. Porém,
às vezes a vontade existe, mas está defeituosa, viciada, o que prejudica o negócio jurídico,
tornando-o, de regra, anulável.

3.1 Vícios do consentimento ou da vontade.

a) ERRO - o autor da declaração de vontade a emite em razão da noção falsa ou por ignorância da
realidade.
Para anular o NJ deve ser substancial (grave).
Ex: pretende-se praticar um NJ, mas pratica-se outro. Ex.entende que está recebendo doação,
quando é venda; compra-se carro pensando ser 2005, mas é 2002; casamento desconhecendo a
qualidade da pessoa (erro quanto à pessoa).
Obs: o erro de cálculo não anula o NJ, possibilita a retificação.

b) DOLO - induzimento ao erro provocado pelo outro negociante ou por terceiro. Para anular,
precisa ser um dolo principal (substancial)

b1) Dolo acidental: causa prejuízo ao titular, mas não é causa determinante à realização do NJ-
não anula o negócio Jurídico, mas possibilita indenização por perdas e danos.

b2) Dolo bilateral: praticado por ambas as partes. Não anula o negócio jurídico (NJ VÁLIDO), nem
possibilita indenização por perdas e danos.

b3) dolo de terceiro: se o negociante que se beneficia sabia ou devia saber do dolo: o NJ é
anulável. Se o negociante que se beneficia não sabia nem deveria saber do dolo: o NJ subsiste,
respondendo por perdas e danos o terceiro que agiu com dolo.

b3) Dolo do representante: LEGAL – pais, tutor, curador (representado responde pelo proveito
que teve); CONVENCIONAL – por procuração (representado responde solidariamente com o
representante pelos danos causados à pessoa com quem o representante doloso negociou)
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C) COAÇÃO – pressão psicológica que traz ao negociante um fundado temor de dano


iminente à sua pessoa, à pessoa de sua família ou aos seus bens (excepcionalmente a lei permite
que o juiz considere coação quando a ameaça se dirige à pessoa que não é da família do
negociante).
Coação física- vis absoluta: constrangimento corporal . Ex. mão da vítima é conduzida assinar
documento– o NJ é inexistente.
Coação moral – vis compulsiva: é a tratada pelo CC na parte relativa aos defeitos do nj (pressão
psicológica) – o NJ é anulável.
Obs1: o juiz deverá levar em conta o sexo, saúde, idade, comportamento (do coator e coagido) e
demais circunstâncias necessárias à caracterização da coação.
Obs2: Não é coação o simples temor reverencial e a ameaça do exercício regular do direito.
Obs3: coação exercida por terceiro: se o negociante que se beneficia sabia ou devia saber da
coação: o NJ é anulável, respondendo este e o coator por perdas e danos perante o coagido. Se o
negociante que se beneficia não sabia nem deveria saber da coação: o NJ subsiste, respondendo
por perdas e danos o terceiro coator.

D) ESTADO DE PERIGO - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da


necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte,
assume obrigação excessivamente onerosa (Art. 156). Ocorre, assim, quando alguém se encontra
em situação equiparada ao “estado de necessidade” e, por isso, assume obrigação
excessivamente onerosa.
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as
circunstâncias.

E) LESÃO - alguém realiza nj com prestação desproporcional à prestação oposta em razão de


encontrar-se sob premente necessidade ou por inexperiência (art.157 CC). O negócio pode ser
convalidado se a outra parte aceitar a redução da prestação, pois, segundo o Código Civil não se
decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida
concordar com a redução do proveito.

3.2 Vícios sociais.

A) FRAUDE CONTRA CREDORES - ato do devedor que para prejudicar seus credores
quirografários, diminui maliciosamente seu patrimônio (vendendo ou doando), estando ou tornado-
se insolvente.

- Insolvência: o devedor não possui ativo suficiente para saldar as dívidas.

- legitimidade para anular NJ: credores quirografários (credores sem garantias reais, apenas tem
como garantia do pagamento da dívida o patrimônio do devedor). É legitimado também os
credores cuja garantia real (penhor, hipoteca) se tornou insuficiente.

- casos de fraude:
* transimisão gratuita de bens (se for venda necessário provar que quem comprou sabia ou deveria
saber da fraude)
* remissão (perdão) de dívidas

- ação pauliana ou revocatória – ação utilizada para anular NJ realizado para fraudar os credores,
movida contra o devedor alienante e pessoa com quem o devedor celebrou o nj considerado
fraudulento.

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B) SIMULAÇÃO – é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio


diverso do efetivamente desejado. Negócio simulado, assim, é o que tem aparência contrária à
realidade. A simulação é produto de um conluio entre os contratantes, visando obter efeito diverso
daquele que o negócio aparenta conferir. É chamada de vício de social porque objetiva iludir
terceiros ou violar a lei.

Ex: João, casado, finge vender (NJ simulado) à Maria (sua amante) uma casa, quando na verdade
está doando (NJ dissimulado), pois sabe que é proibido doação à amante.

Ex2: João, solteiro, finge vender (NJ simulado) à Maria uma casa, quando na verdade está doando
(NJ dissimulado). A doação é válida, mas João quer pagar menos imposto (venda é 2% e
Municipal – ITBI. Doação é 5% e Estadual - ITCMD.

No primeiro exemplo, o NJ simulado e dissimulado são nulos, pois são inválidos.

No segundo exemplo, o NJ simulado é nulo, mas o dissimulado subsistirá, pois válido é na


substância e na forma. Terá, porém, que pagar o imposto devido.

INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

1. NULO (NULIDADE ABSOLUTA) (ART.166 CC). Afora outros casos estabelecidos em lei, são
nulos aqueles que não respeitam os requisitos de validade (art.104 CC – agente capaz, objeto
lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei ), com uma
exceção: os negócios praticados pelo relativamente incapaz é anulável.

2. ANULÁVEL (NULIDADE RELATIVA). Os negócios praticados com vícios do consentimento ou


sociais (defeitos do negócio jurídico) são anuláveis (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão,
fraude contra credores), com uma exceção: os negócios praticados com simulação são nulos.

3. DIFERENÇAS

Negócio jurídico NULO ANULÁVEL


Produção de efeitos NÃO (sentença retroativa SIM,- até a anulação (sentença não
ex tunc) retroativa - ex nunc). Art.177 CC
Pronunciamento Pelo juiz de ofício ou a pedido
Apenas se alegadas pelos
dos interessados ou do interessados. Art.177 CC
Ministério Público. Art. 168 CC
Confirmação pelas partes ou NÃO SIM
convalescimento pelo decurso Art.169 CC Art.172/173 CC
do tempo Prazo convalescer:178/179CC

Obs: CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO NULO: Dispõe o artigo 170 do CC que se um NJ


nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim visado pelas partes permitir supor
que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Exemplo clássico se dá quando um NJ nulo (compra e venda de imóvel com valor superior a 30
vezes o valor do salário mínimo sem escritura pública) é convertido em outro válido (promessa de
compra e venda)

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PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Extinção de pretensão (art.189 CC) Extinção do direito subjetivo

Prazo estabelecido em lei. Não pode ser Prazo estabelecido em lei (decadência legal) ou
alterado pelas partes. (art.192 CC) por vontade das partes (decadência
convencional).
Há causas impeditivas, suspensivas De regra, as causas que impedem, suspendem e
(art.197/199 CC) e interruptivas (art.202
interrompem a prescrição não se aplicam à
CC) decadência (art.207 CC)
Exceção: não corre a prescrição nem a
decadência contra os absolutamente incapazes
(208 c/c 198,I do CC)
O juiz deve decretar de ofício (art.194 O juiz deve decretar de ofício a decadência legal
revogado pela lei 11.280/2006) (art.210 CC), mas não a convencional (art.211
CC)
Renúncia: só após a consumação da Renúncia: legal é nula (art.209 CC)
prescrição (art.191 CC) Convencional (sim)

OBS1: Prazo prescricional não estabelecido em lei, ocorrerá em 10 anos (art.205 CC).

OBS2: Interrupção da prescrição – apenas 01 vez (art.202 CC).

OBS3: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a
prescrição antes da respectiva sentença definitiva (art.200 CC).

OBS4: A prescrição iniciada contra uma pessoa, continua contra seu sucessor (art.196 CC)

OBS5: A prescrição e a decadência (legal ou convencional) podem ser alegadas pelo interessado
em qualquer grau de jurisdição (art.193 e 211 do CC).

RESPONSABILIDADE CIVIL

1. REQUISITOS ESSENCIAIS À RESPONSABILIDADE CIVIL (SUBJETIVA E OBJETIVA).

1.1CONDUTA (AÇÃO OU OMISSÃO).

1.2DANO MATERIAL (DANO EMERGENTE – o que se perdeu E LUCRO CESSANTE – o que se


deixou de ganhar). DANO MORAL (FERE DIREITOS DA PERSONALIDADE). Importante lembrar
que mesmo que haja violação de um dever jurídico, e que tenha existido culta e até mesmo dolo
por parte do infrator, nenhuma indenização será devida sem que se tenha verificado prejuízo, pois
a inexistência de dano torna sem objeto a pretensão a sua reparação

1.3 NEXO DE CAUSALIDADE – elo que liga a conduta ao resultado danoso. Sem a relação de
causalidade não existe a obrigação de indenizar. Se houve o dano, mas sua causa não está
relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e, também, a
obrigação de indenizar.
As excludentes da responsabilidade civil, como a culpa da vítima e o caso fortuito e a força
maior, rompem o nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do agente, tanto objetiva
quanto subjetiva.

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1 RESPONSABIIDADE CIVIL SUBJETIVA (ATO ILÍCITO)

2.1 A CULPA COMO REQUISITO ESSENCIAL (Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito ). É a infração ao dever de não lesar outrem ou violar
direito alheio. Assim, para a configuração do ato ilícito é necessário, além dos requisitos essenciais
acima citados, o elemento culpa, que inclui a culpa em sentido estrito e o dolo (intenção de causar
dano).
A culpa em sentido estrito consiste na falta de diligência que se exige do homem médio, e se
apresenta nas formas de imprudência (É uma conduta positiva que causa um resultado lesivo que
era previsível. Citem-se os casos de direção com excesso de velocidade, não respeitar a rua
preferencial, limpar arma carregada.), negligência (é um não fazer quando deveria agir, deixar de
tomar o cuidado devido, omitir-se. Como deixar de fazer revisão dos freios do carro, deixar de olhar
para trás quando trafega em marcha a ré ou deixar arma ao alcance de crianças. A negligência dá-
se antes do início da conduta) e imperícia (é a inaptidão ou falta de capacidade para o exercício
de arte ou profissão. Para se qualificar como conduta imperita, fundamental que ocorra no
exercício de arte ou ofício, que exija habilitação para tal, pois está ligada à atividade profissional do
agente.

2.2 ABUSO DO DIREITO (Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes.)

2.3 EXCLUDENTES DE ILICITUDE. (ART.188 CC)


2.3.1 LEGÍTIMA DEFESA (ART.188, I CC)
2.3.2 EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO (ART.188, I CC)
2.3.3 ESTADO DE NECESSÍDADE (a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente. ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.).

3. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA

3.1 O RISCO DA ATIVIDADE (Art.927). Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente


de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem).

3.2 OUTROS CASOS PREVISTOS EM LEI.(art.932,933,936,938 cc)


I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.
VI - Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO INCAPAZ


O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.(art.928 cc)

3.4 AÇÃO REGRESSIVA CONTRA O CAUSADOR DO DANO


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Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por
quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente
incapaz. (art.934 cc)

3.5 RESPONSABILIDADE CIVIL X CRIMINAL


A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.(art.935 cc)

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

1. OBRIGAÇÃO DE DAR

1.1 De dar coisa certa

Regra principal: o credor não será obrigado a receber prestação diversa, ainda que mais valiosa.

Problemas relativos à perda da coisa antes da tradição (entrega do bem):

Princípio: res perit domino (a coisa perece para o dono)

obs1: se a coisa se perde sem culpa do devedor, a obrigação se resolve, voltando-se ao status
quo ante.

obs2: se a coisa se perde com culpa do devedor, deve esta restituir o equivalente a coisa
perdida, com perdas e danos.

Obs3: na obrigação de restituir coisa certa, o dono é o credor, sofrendo ele o prejuízo se a coisa
se perder antes da tradição (devolução) sem culpa do devedor.

1.2 De dar coisa incerta

A coisa incerta é determinada apenas pelo gênero e quantidade. Por exemplo feijão (gênero) 04
sacas de 60 KG (quantidade).

Assim, fica na pendência de escolher a coisa, tornando a obrigação de dar coisa certa.

A escolha (concentração) cabe, de regra, ao devedor. Todavia, não será obrigado a escolher o
de melhor qualidade, mas também não será obrigado a dar o de pior qualidade.

O gênero não perece (art.246). Assim, se não houve a concentração, não pode o devedor se
eximir da obrigação, ainda que alegue caso fortuito ou de força maior.

2 OBRIGAÇÃO DE FAZER

Se o devedor fica impossibilitado de cumprir a obrigação, resolve-se, retornando ao status quo


ante.

2.1 De fazer simples (fungível).

Qualquer pessoa pode fazer. Assim, se o devedor se recusa, poderá ser feito pelo credor ou por
terceiros, sem prejuízo das perdas e danos cabíveis.

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2.2 De fazer personalíssima (infungível).

São as obrigações de fazer que só o devedor pode cumprir. Por exemplo a pintura de um quadro.
São realizadas intuito personae. Assim, na hipótese de recusa do devedor, resta ao credor pleitear
perdas e danos.

3. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

Se o devedor fica impossibilitado de se abster de praticar o ato (cumprir a obrigação), resolve-se,


retornando ao status quo ante.

Se o devedor faz e recusa a desfazer, poderá ser desfeito pelo credor ou por terceiros, sem
prejuízo das perdas e danos cabíveis.

Se porventura não puder ser desfeito por ninguém, resta pleitear perdas e danos.

4. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA

Ocorre quando o devedor é obrigado a duas ou mais prestações, se eximindo da obrigação ao


cumprir apenas uma delas.

Obs1: de regra, a escolha cabe ao devedor.

Obs2: o credor não é obrigado a receber parte de uma, parte da outra prestação.

5. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA

Ocorre quando há mais de um devedor obrigado pela dívida inteira (solidariedade passiva) ou mais
de um credor que pode cobrá-la por inteiro (solidariedade ativa).

Obs1: a solidariedade não se presume. Decorre do contrato ou da lei.

Obs2: na solidariedade ativa qualquer credor pode exigir do devedor a dívida integral e o
pagamento feito a qualquer dos credores extingue a obrigação. Se um dos credores perdoa ou
recebe a dívida por inteiro, responderá perante os outros credores pela quota de cada um deles.

Obs3: na solidariedade passiva, todos os devedores o são pela dívida inteira, podendo o credor
cobrar a totalidade da dívida de qualquer deles.
Porém, se a coisa devida se perde por culpa de um dos devedores, todos continuarão obrigados
pelo equivalente à coisa perdida, porém, responderá unicamente pelas perdas e danos o devedor
culpado.

Obs4: se um dos devedores paga a dívida por inteiro, a solidariedade se extingue. Assim, o
devedor que pagou terá direito de regresso contra os outros, porém só poderá cobrar de cada um
a quota devida. Ex: José, João e Carlos são devedores solidários de R$ 90,00. José paga toda
dívida se sub-rogando no direito do antigo credor. Porém, só poderá exigir de João e Carlos R$
30,00 de cada.

6. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

A) CESSÃO DE CRÉDITO

1. definição. Ocorre quando o credor (cedente) transfere o crédito que tem para com o devedor
(cedido) a outrem (cessionário), de forme gratuita ou onerosa.
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2. O PROBLEMA DA NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR (cedido)


Enquanto não notificado, a cessão não tem efeitos contra ele. Portanto, se paga ao cedente, o
pagamento é válido (pagamento ao credor putativo). Após a notificação, só vale se paga ao
cessionário – se paga errado paga duas vezes.

3. RESPONSABILIDADE DO CEDENTE PELA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO


3.1 cessão onerosa (sim)
3.2 cessão gratuita (só se cedeu de má-fé)

4. RESPONSABILIDADE DO CEDENTE PELA SOLVÊNCIA DO DEVEDOR


4.1 regra geral: irresponsabilidade
4.2 responsabilidade limitada: se o cedente se responsabilizou pela solvência do devedor, a
responsabilidade é limitada ao que recebeu somado aos juros, despesas coma cesão e
cobrança(art.297)

B) ASSUNÇÃO DE DÍVIDA.

Também denominada cessão de débito, ocorre quando o devedor transfere sua dívida para
outrem, que assume o pólo passivo da obrigação.

Ao contrário da cessão de crédito, em que basta a notificação do devedor, para a validade da


assunção perante o credor, este deverá consentir expressamente, tanto que o silencia do
credor será considerado como recusa á assunção.

7. DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

A) DO PAGAMENTO

1.CONCEITO. Consiste no cumprimento voluntário da prestação devida.

2. QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS)

2.1 PAGAMENTO PELO INTERESSADO (aquele que pode ser cobrado pela dívida ou sofrerá
ônus pelo inadimplemento. Ex. devedor solidário, avalista, fiador, adquirente de imóvel
hipotecado). Uma vez havendo o pagamento, o solvente se sub-roga nos direitos do credor
originário.

2.2 PAGAMENTO PELO NÃO INTERESSADO.


A) EM NOME E À CONTA DO DEVEDOR (Liberalidade – sem direito à reembolso).
B) EM NOME PRÓPRIO (Com direito a reembolso), mas não se sub-roga nos direitos do antigo
credor.

3. A QUEM SE DEVE PAGAR (ACCIPIENS)

3.1 REGRA: AO CREDOR OU REPRESENTANTE

3.2 PAGAMENTO A CREDOR PUTATIVO aquele que aparenta ser credor. O pagamento é válido
mesmo que posteriormente se descubra que não era. p.ex. na cessão de crédito sem notificação
ao devedor.

3.3 PAGAMENTO CIENTEMENTE FEITO A CREDOR INCAPAZ (válido apenas se houver


aproveitamento pelo incapaz).

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3.4 PAGAMENTO A PORTADOR DE QUITAÇÃO (válido, salvo se as circunstâncias forem


contrárias)

3.5 PAGAMENTO A TERCEIRO (válido apenas nas hipóteses de ratificação ou aproveitamento


pelo credor)

4 DO OBJETO DO PAGAMENTO. (O QUE PAGAR)

4.1 REGRA GERAL: OBJETO DEVIDO E INTEGRAL (O credor não e obrigado a receber
prestação diversa mesmo que mais valiosa nem recebê-la de forma parcelada, se não foi
convencionado).

4.2 TEORIA DA IMPREVISÃO (cláusula implícita – rebus sic stantibus) (ART.317).


A) motivo imprevisível
B) desproporção entre prestações na conclusão do contrato ou na sua execução
C) Contratos de execução diferida ou continuada

5. DA PROVA DO PAGAMENTO. (quitação).

5.1 DIREITO DE RETENÇÃO DO PAGAMENTO (ante a negativa da quitação),

5.2 PRESUNÇÕES DE PAGAMENTO (juris tantum – admite prova em contrário)


A) DEVOLUÇÃO DO TÍTULO
B) QUITAÇÃO DO CAPITAL SEM RESERVA DE JUROS
C) QUITAÇÃO DA ÚLTIMA PRESTAÇÃO

6.DO LUGAR DO PAGAMENTO (onde pagar)

6.1 QUERABLE (quesível)– Regra Geral- na ausência de convenção, lei, natureza da obrigação, o
pagamento deve ser feito no domicílio do devedor.

6.2 PORTABLE (portável). Pagamento a ser realizado no domicílio do credor

7. DO TEMPO DO PAGAMENTO.

7.1 REGRA GERAL: VENCIMENTO

7.2 OBRIGAÇÃO SEM VENCIMENTO (vencimento imediato- interpelação pelo credor para
constituição em mora do devedor).

7.3 DO VENCIMENTO ANTECIPADO


A) FALÊNCIA DO DEVEDOR OU CONCURSO DE CREDORES
B) PENHORA EM BENS HIPOTECADOS OU EMPENHADOS
C) PERDA OU INSUFICIÊNCIA DAS GARANTIAS (reais ou fidejussórias)

B) DO PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO

1. CONCEITO. Consiste no depósito judicial da prestação pelo devedor, a fim de se eximir da


mora.

2. HIPÓTESES
2.1 RECUSA PELO CREDOR DE RECERBER OU DAR QUITAÇÃO
2.2 MORA DO CREDOR (não vem receber no lugar e tempo convencionados)
2.3 INCAPACIDADE, AUSÊNCIA, LUGAR PERIGOSO OU DE DIFÍCIL ACESSO
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2.4 DÚVIDA QUANTO AO CREDOR


2.5 COISA SOB LITÍGIO (se o devedor paga sabendo do litígio, assume o risco de estar pagando
errado, e quem paga errado paga duas vezes).

3. EFEITO. (se a ação for procedente, exclui o devedor da mora e do risco de perda ou
deteriorização da coisa).

DO PAGAMENTO POR SUB-ROGAÇÃO

1. CONCEITO. pagamento da dívida por terceiro, que substitui o credor originário na relação
obrigacional.

2. ESPÉCIES.

2.1 SUB-ROGAÇÃO LEGAL


A) CREDOR QUE PAGA DÍVIDA DE DEVEDOR COMUM (seja credor solidário, seja credor cuja
garantia é menor do que a do credor da dívida quitada)
B) TERCEIRO INTERESSADO QUE PAGA A DÍVIDA( ex. adquirente de imóvel hipotecado, fiador,
avalista).

2.2 SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL (ex. cessão de crédito, a sub-rogação da seguradora nos


direitos do credor segurado).

3. EFEITO (transferência de todos os privilégios e garantias da obrigação extinta para a sub-


rogada)

4. SUB-ROGAÇÃO PARCIAL (permanência de privilégio do credor originário em relação ao sub-


rogado parcial).

C) DA IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO

1. CONCEITO. dá-se quando o devedor de duas ou mais dívidas da mesma natureza, líquidas e
vencidas, em relação a um mesmo credor, indica qual quer ver quitada.

2. REQUISITOS.
2.1 DUAS OU MAIS DÍVIDAS
2.2 UM CREDOR
2.3 DÍVIDAS DA MESMA NATUREZA, LÍQUIDAS E VENCIDAS.

3. AUSÊNCIA DE IMPUTAÇÃO
3.1 IMPUTA-SE NA MAIS ANTIGA
3.2 DEPOIS NA MAIS ONEROSA
3.3 PRIMEIRO NOS JUROS E DEPOIS NO CAPITAL

D) DAÇÃO EM PAGAMENTO

CONCEITO. Dação em pagamento é o acordo feito entre as partes no qual o credor aceita em
receber prestação diversa da que lhe é devida, liberando assim o devedor. As prestações devem
ter natureza diferente.

OBS: Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação


primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros" (art. 359).
Evicção ocorre quando o credor perde a coisa em virtude de sentença judicial, como quando o

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devedor não era o dono da coisa dada. Nesse caso, o objeto retorna ao seu verdadeiro dono e a
obrigação volta a existir.

E) NOVAÇÃO:

1.CONCEITO:Novação é a criação de obrigação nova para extinguir uma anterior. A novação não
produz satisfação imediata do crédito. É, na verdade, modo extintivo não satisfatório, pois o credor
não recebe a prestação devida, mas sim adquire outro direito de crédito. Por isso, novação =
NOVA OBRIGAÇÃO

2. REQUISITOS:

2.1 Existência de obrigação anterior. "Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser
objeto de novação obrigações nulas ou extintas" (art. 367). As obrigações nulas ou extintas não
podem ser novadas porque não se pode novar o que não existe.

2.2 Constituição de nova dívida. A inovação pode recair tanto sobre o objeto quanto sobre o sujeito
passivo ou ativo.

2.3 Intenção de novar (animus novandi). O credor deve ter a intenção de novar, pois renuncia o
crédito e todos os seus acessórios. "Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito, mas
inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira" (art. 361). Sem intenção, não
há novação.

3. ESPÉCIES:
a) Novação objetiva: Ocorre "quando o devedor contrai com o credor nova dívida para substituir a
anterior" (art. 360, I). A mudança incide sobre a dívida. .
b) Novação subjetiva ou pessoal: Ocorre "quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este
quite com o credor" (art. 360, II).

OBS1: "Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens
do que contrair a nova obrigação subsistem as preferência e garantias do crédito novado. Os
outros devedores solidários ficam por este fato exonerados" (art. 365). Como a novação extingue a
obrigação anterior, todos os co-devedores são exonerados.

OBS2: A extinção da obrigação antiga, com a novação, salvo disposição em contrário, atinge suas
garantias e seus acessórios (ao contrário da sub-rogação). Assim, a nova obrigação não terá as
mesmas garantias (hipoteca, penhor, aval, fiança) que a anterior possuía. Por isso, gera
exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

F) COMPENSÇÃO

Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensarem (art. 368). A compensação acontece quando duas
pessoas são credoras e devedoras entre si de obrigações diferentes. Uma obrigação é paga pela
outra, e as duas são então extintas.

b) Liquidez das dívidas: "A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis" (art. 369).

c) Exigibilidade das prestações: Todas as obrigações devem ser exigíveis, ou seja, devem estar
vencidas. Isto porque só assim pode o credor impor a realização coativa do contracrédito.

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d) Fungibilidade dos débitos: Os débitos devem ser fungíveis entre si, ou seja, devem ser coisas
fungíveis de mesma espécie. Exemplo: dívida de sacas de café não se compensa com de sacas
de milho.

OBS: "A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:" (art. 373, caput).

a) Inciso I: "Se provier de esbulho, furto ou roubo". Como constituem atos ilícitos, não podem ser
objeto de compensação. Exemplo: aquele que empresta dinheiro a terceiro não compensa seu
crédito roubando a mesma quantia deste. .

b) Inciso II: "Se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos". O comodato e o depósito
representam a confiança mútua. Manter o objeto não é compensar o pagamento, pois o dever de
restituir permanece. A dívida de alimento não pode ser compensada porque seu pagamento
presume a sobrevivência da outra parte.

c) Inciso III: "Se uma for coisa não suscetível de penhora". A impossibilidade de se penhorar
significa que o objeto não pode ser alienado. A compensação de tal objeto resultaria justamente na
sua alienação à outra parte.

G) CONFUSÃO:

"Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e


devedor" (art. 381). A confusão age sobre a figura do sujeito ativo e passivo. Ex: o devedor é
herdeiro do credor falecido.

“A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela" (art. 392). Pode
ocorrer confusão parcialmente ou de modo total. Se for parcial, só libera o devedor no montante da
quota, como na compensação.

H) REMISSÃO DE DÍVIDA:

A remissão de dívidas ocorre quando o credor exonera o devedor do cumprimento da obrigação.


"A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro"
(art. 385). É condicionada à aceitação expressa ou tácita do devedor, que é livre para se opor
e efetuar o pagamento. A remissão é espécie do gênero renúncia, pois, diferente desta, necessita
da aceitação do devedor.

OBS: A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não
a extinção da dívida" (art. 387). A entrega do objeto em empenhado ao devedor não faz com que
este fique desobrigado a pagar a dívida, apenas transforma a garantia real do credor em pessoal.

8. DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

8.1 INADIMPLEMENTO CULPOSO

Quando a inexecução da obrigação advém de culpa do devedor, diz-se que o inadimplemento é


culposo, cabendo ao credor o direito de acionar os mecanismos para pleitear o cumprimento
forçado. Importa salientar que, em caso de contrato benéfico (doação), aquele a quem o contrato
não favoreça (doador) só será responsabilizado por inadimplemento se agiu com dolo (art.392
CC).
Porém, a inexecução da obrigação poderá ser fortuita. Assim, "O devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado" (art. 393, caput).

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8.2 INADIMPLEMENTO ABSOLUTO E RELATIVO

O inadimplemento é absoluto quando o cumprimento não poderá mais ser feito, ou o


cumprimento não é mais útil ao credor (ex: vestido de noiva que não é entregue na data do
casamento). O inadimplemento é relativo quando o cumprimento da obrigação é imperfeito,
como no caso de mora.
Se houver culpa do devedor, o inadimplemento absoluto possibilitará ao credor pleitear o
equivalente à prestação somado às perdas e danos. Se não houver culpa do devedor, a
obrigação está resolvida, sem qualquer indenização.
Se houver culpa do devedor, o inadimplemento relativo (mora) possibilitará ao credor exigir a
prestação (que ainda pode ser cumprida) somada a juros, correção monetária, cláusula penal,
honorários de advogado. Se não houver culpa do devedor, poderá exigir a prestação sem os ônus
da mora.

Tanto no inadimplemento absoluto quanto na mora, surge a obrigação de restituir as perdas e


danos quando tais são provocadas pela culpa do devedor. Contudo, "não havendo fato ou omissão
imputável ao devedor, não incorre este em mora" (art. 396). Se a mora deu-se por caso fortuito ou
força maior, isto é, não havendo culpa do devedor, este não será responsabilizado pelas perdas e
danos. Se a obrigação tornar-se impossível sem a culpa do devedor, também não haverá
responsabilização deste. O ressarcimento das perdas e danos tem o objetivo de recompor o
patrimônio da parte lesada. Por isso inclui, além do que se perdeu, o que se deixou de lucrar.

8.3 MORA:

8.3.1. Conceito. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer" (art. 394).
Assim, tem-se a mora solvendi (devedor) e accipiendi (credor).

8.3.2 Momento e contagem dos juros de mora:


Regra geral: "contam-se os juros de mora desde a citação inicial" (art. 405).

Exceções:

a) obrigação com vencimento: "O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,
constitui de pleno direito em mora o devedor" (art. 397, caput).
b) Obrigação sem vencimento: "Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação
judicial ou extrajudicial" (art. 297, parágrafo único). Assim, a mora do devedor depende de
providência do credor.
c) "Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou" (art. 398). É desnecessária a notificação, pois a indenização é evidente.
d) "Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o
ato de que se devia abster" (art. 390).:

8.3.3. Efeitos da mora do devedor:

"Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado" (art. 395). Caso a prestação torne-se inútil ao credor (Inadimplemento absoluto), o
credor pode exigir a rescisão do contrato, reclamando as perdas e danos.
"O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade
resulte de caso fortuito ou força maior, se estes ocorrerem durante o atraso, salvo se provar
isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada" (art. 399).

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8.3.4 Efeitos da mora do credor:

"A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da
coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e o sujeita a recebê-la
pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o
pagamento e o da sua efetivação" (art. 400). A lei exige que o devedor tenha o mínimo de cuidado
com a coisa que forçadamente deve reter. Se o devedor agir com dolo, responderá pela
deterioração desta.

8.4 JUROS

8.4.1 Conceito: Juros são os rendimentos do capital. São os frutos civis da coisa. Representam o
pagamento pela utilização do capital alheio.

8.4.2 Espécies:

Os juros são considerados convencionais quando são ajustados pelas partes, de comum acordo.
Quando os juros são previstos ou impostos pela lei, são chamados de legais.

Os juros são chamados de compensatórios quando representam a compensação pela utilização


de capital alheio. Devem estar previstos no contrato, não podendo ultrapassar os limites impostos
pela Fazenda Nacional (art. 591). O STJ decidiu que os juros compensatórios praticados nos
contratos de mútuo dos agentes financeiros do Sistema Financeiro Nacional não estão sujeitos à
limitação do art. 591.

Quando os juros incidem nos caso de retardamento da restituição ou descumprimento de


obrigação, eles são denominados moratórios. Os juros moratórios podem ser tanto convencionais
quanto legais. Quando legais, são definidos pela Fazenda Nacional. "Quando os juros moratórios
não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de
determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento
de impostos devidos à Fazendo Nacional" (art. 406). O art. 406 estipula que a taxa máxima não
mais fixa, mas sim variável, conforme o estabelecido pela Fazenda Nacional.
A Fazenda vem adotando a taxa SELIC como meio de aferição dos juros legais. Contudo, o STJ
não aceita a utilização da taxa SELIC para esse fim, pois além de determinar os juros trás
embutida a correção monetária. O entendimento dominante da jurisprudência é de que deve ser
imposto o determinado na Lei da Usura, juntamente com o estabelecido no Código Tributário
Nacional, ou seja, 12% ao ano.

8.5 CLÁUSULA PENAL

8.5.1 Conceito: É uma obrigação acessória, na qual se estipula uma pena ou multa com o objetivo
de evitar o inadimplemento da obrigação principal. Representa reforço ao pacto obrigacional
através de uma sanção civil, caso a obrigação não seja cumprida. Chama-se também de pena
convencional ou multa contratual.
"Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a
obrigação ou se constitua em mora" (art. 408).

8.5.2. Cláusula penal como pré-fixação de perdas e danos.

"Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo" (art. 416, caput).
Sem ter o ônus de provar o prejuízo sofrido, o credor apenas demonstra que houve o
inadimplemento da obrigação.
Por outro lado, "ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor
exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado”. Se o tiver feito, a pena vale como
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mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente" (art. 416, parágrafo
único). O parágrafo único do art. 416 fala dos casos em que a cláusula penal não é suficiente para
cobrir todos os prejuízos. Assim, cabe ao credor provar o valor excedente a ser indenizado.

8.5.3 Redução da cláusula penal:

"O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal" (art.
412). Caso haja excesso, o juiz determinará a redução do valor. "A penalidade deve ser reduzida
eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante
da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do
negócio" (art. 413). Quando a prestação foi cumprida em parte, reduz-se proporcionalmente o valor
da cláusula penal.

8.5.4 Espécies:

"A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à
inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora" (art.
409).

A) Cláusula penal compensatória, quando estipulada na hipótese de inadimplemento completo


da obrigação.A cláusula penal compensatória geralmente possui valor elevado, pois representa a
recompensa do grande prejuízo que é o não cumprimento da prestação.
"Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta se
converterá em alternativa a benefício do credor" (art. 410). O dispositivo da a oportunidade para
o credor escolher entre receber o valor da cláusula penal, exigir o ressarcimento das perdas e
danos ou exigir o cumprimento da prestação. Tanto a cláusula penal quanto o ressarcimento das
perdas e danos tem como objetivo impedir que o credor saia prejudicado com o inadimplemento.
Por isso, só é permitido ao credor escolher uma das soluções. A escolha de mais de uma
representaria um enriquecimento ilícito do credor. Ex: R$ 100.000,00 para a hipótese do artista
não se apresentar para o show na data determinada no contrato.

B) Cláusula penal moratória, "quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em
segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação
da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal” (art. 411). A mora
pode ser tanto o atraso da prestação, como o cumprimento de forma diversa da estipulada.
Nos casos de cláusulas penais moratórias o valor da multa é geralmente pequeno, pois os
prejuízos são referentes a um pequeno atraso, não ao total inadimplemento. Por isso a aplicação
da multa conjuntamente com a exigência da prestação da obrigação não caracteriza
enriquecimento ilícito do credor. É, na verdade, o modo para ele não sair prejudicado dessa
relação obrigacional. Ex: 2% quando se atrasa o pagamento do condomínio

8.6 ARRAS OU SINAL

8.6.1 Conceito: É a quantia ou coisa entregue por uma parte a outra simbolizando a confirmação
do acordo entre as partes a fim de garantir o cumprimento da obrigação ou assegurando o não
prejuízo se uma das partes exercer o direito de arrependimento.

8.6.2 Espécies:

As arras são confirmatórias quando sua função é apenas confirmar o contrato pactuado. Nesses
casos, "se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito,
retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato
por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado" (art. 418).
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Caso a parte prejudicada não se contentar com o valor recebido, achando que não foi totalmente
ressarcido, pode "pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras
como taxa mínima", ou pode ainda "exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,
valendo as arras como o mínimo de indenização" (art. 419).

As arras são penitenciais quando têm por função resguardar o direito de arrependimento das
partes. Pode a parte infratora decidir por liberar esse valor à outra ao invés do cumprimento da
obrigação. "Se nos contratos for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes,
as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á" em
benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os
casos não haverá direito a indenização complementar" (art. 420). Como a função das arras
penitencial não é de ressarcir os prejuízos, não é necessário a prova do prejuízo real para que
possam ser exigidos.

CONTRATOS
Contrato é acordo bilateral de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos, levado
a efeito por duas ou mais pessoas situadas em pólos opostos com interesses diferentes, porém
harmonizados em prol de objetivo comum

1. CLASSIFICAÇÃO

1.1 Unilaterais e bilaterais


Como todo contrato depende de ao menos duas vontades convergentes para se formar, essa
classificação diz respeito aos efeitos dos contratos, não ao número de partes que participam de
sua formação.
Unilateral – gera obrigações para apenas uma das partes. (EX. DOAÇÃO).
Bilateral-(sinalagmático) gera obrigações para ambas as partes, que assumem simultaneamente a
posição de credor e de devedor. (EX. COMPRA E VENDA).

1.2 Onerosos e gratuitos


Onerosos – nos contratos onerosos, as partes reciprocamente transferem direitos que estão em
relação de equivalência. (COMPRA E VENDA, SEGURO)
Gratuitos – Neles, apenas uma das partes ou terceira pessoa (como na estipulação em favor de
terceiro) obtém vantagem patrimonial. Envolve, pois, uma liberalidade.(DOAÇÃO, COMODATO).

1.3 Comutativos e aleatórios


Comutativos – o contrato comutativo é aquele no qual as partes podem apreciar no momento da
sua formação perda ou o benefício que advirão das prestações. No instante da formação, as
prestações estão bem definidas. (COMPRA E VENDA, LOCAÇÃO)
Aleatórios – nos aleatórios, as prestações de uma ou de ambas as partes são incertas, porquanto
sua existência ou quantidade depende de fato futuro e incerto (álea). Exemplos são o APOSTA,
SEGURO, COMPRA E VENDA DE COISA FUTURA (que poderá vir a existir ou não).

1.4 Consensuais e reais


Consensuais – contratos que se tornam perfeitos com o consenso das partes ex: compra e venda,
doação, locação.
Reais – contratos cujo aperfeiçoamento depende da entrega de determinada coisa. A entrega da
coisa não entra na execução do contrato, mas na sua formação. Assim, sem a entrega não há
contrato. Ex: Depósito, empréstimo.

2.VÍCIO REDIBITÓRIO.
2.1 Definição. Nos contratos comutativos o alienante responde pelos vícios redibitórios do bem
que alienou perante o adquirente. Vício redibitório é o vício oculto na coisa, que impossibilita seu
uso ou diminui seu valor.
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2.2 Opções do adquirente: O adquirente de bem com vício redibitório poderá: desfazer o
contrato com a devolução do valor pago (e perdas e danos se for o caso) ou a manutenção da
venda com abatimento do preço.

2.3 Alienante de má-fé (sabia do vício): além de devolver o valor recebido, deverá pagar ao
adquirente perdas e danos.
Alienante de boa-fé (desconhecia o defeito): devolve o valor recebido + despesas do
contrato.

2.4 Perda da coisa posterior à tradição (entrega do bem): Se a perda decorreu de vício
redibitório que existia antes da tradição, o alienante será responsável.

2.5 prazos para reclamar do vício redibitório.


a) regra geral: Móveis (30 dias). Imóveis (1 ano), contados da tradição. Se o adquirente já estava
com o bem, conta-se o prazo da alienação, reduzido à metade.
b) quando o defeito for daqueles que só se percebe mais tarde, móveis (180 dias), Imóveis (1 ano),
contados do conhecimento do vício.

3. EVICÇÃO

3.1 Definição. Nos contratos onerosos o alienante responde pela evicção do bem que alienou
perante o adquirente, ainda que esta aquisição se tenha dado por hasta pública.
Evicção seria a perda do bem em razão de decisão judicial que atribui a um terceiro o direito sobre
o bem.
Ex: A vende a B um carro. Tempos depois B (adquirente e evicto) perde o carro em razão de uma
decisão judicial que atribui a propriedade do bem, por fato anterior ao contrato, a C (evictor). Nesse
caso, A (alienante) deverá responder pela evicção, ou seja, devolver o dinheiro recebido de B pela
venda.

3.2 Cláusula que exclui a responsabilidade do alienante pela evicção.


Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela
evicção. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, terá o
evicto direito a receber o preço que pagou pela coisa perdida, se não soube do risco da evicção,
ou, informado do risco, não o assumiu.
Porém, se tinha conhecimento de que a coisa era alheia ou litigiosa, assumindo o risco de perdê-la
por decisão judicial, não poderá pleitear evicção contra o alienante.

4. CONTRATO PRELIMINAR.
É aquele em que as partes ou uma delas se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato,
que será contrato principal. Ex: promessa de compra e venda de imóvel.
O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado.
Obs: se no contrato preliminar não houver cláusula de arrependimento, poderá o contratante exigir
do outro a elaboração do contrato definitivo (p. ex: a escritura pública de compra e venda de
imóvel).

5. EXTINÇÃO DO CONTRATO.
O contrato poderá ser extinto, antes do cumprimento, por vontade das partes que o realizaram
(resilição) ou por descumprimento de uma das partes (resolução).

5.1 resilição.
a) a resilição por vontade de ambas as partes contratantes chama-se distrato. Para distratar é
necessária mesma forma exigida para contratar. Ex: resilir um contrato de compra e venda de
imóveis feito por escritura pública exigirá um distrato por escritura pública.
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b) a resilição por vontade de uma das partes (quando a lei ou contrato permitir) chama-se
resilição unilateral. Exige-se, apenas, que a oura parte seja comunicada da extinção (através de
denúncia/notificação).

5.2 resolução
Extinção por descumprimento do contrato (culposo ou não)
A cláusula resolutiva por ser expressa (opera de pleno direito) ou tácita (exige interpelação
judicial).
Obs: a parte prejudicada com o descumprimento culposo do contrato poderá:
a) Resolver o contrato e pedir indenização (perdas e danos).
b) Exigir o cumprimento do contrato e pedir indenização (perdas e danos).

5.3. Exceção do contrato não cumprido (eceptio non adimpleti contractus).


Nos contratos bilaterais (sinalagmáticos), uma parte pode se negar a cumprir com sua parte se a
outra parte ainda não cumpriu com a sua. É uma forma de defesa contra a exigência de
cumprimento de um contrato.

5.4 Resolução por onerosidade excessiva.


Ocorre quando a prestação de uma das partes se torna excessivamente onerosa em razão de
eventos extraordinários e imprevisíveis, possibilitando a resolução do contrato sem que haja
cumprimento. É a aplicação da cláusula rebus sic stantibus (enquanto as coisa permanecerem
como estão).
Porém, é necessário que seja em contratos de execução continuada (periódica/sucessiva) ou
diferida (para o futuro). Assim, não é possível requerer a extinção do contrato por onerosidade
excessiva nos contrato de execução instantânea.

ESPÉCIES DE CONTRATOS

1. COMPRA E VENDA.

1.1 Definição e classificação. Contrato através do qual uma pessoa (vendedor) se obriga a
transferir a propriedade de uma bem à outra (comprador) mediante recebimento de valor em
dinheiro (preço). É contrato bilateral, oneroso, comutativo ou aleatório, consensual, não solene (se
for móvel) ou solene (se for imóvel).

1.2 Perda da coisa vendida. Até a tradição, o risco corre por conta do vendedor, pois este é o
dono. O contrato de compra e venda não transfere a propriedade. Se o bem for móvel se transfere
com a tradição. Se o bem for imóvel, a transferência da propriedade se dá com a transcrição do
contrato (escritura pública) no Cartório de Registro de Imóveis.

1.3 Venda ad mensuram (o que importa é a medida de extensão do bem) ou ad corpus (o que
importa é o bem, como coisa certa e determinada, não propriamente seu tamanho).
Na venda ad mensuram o contrato pode ser resolvido se a coisa não tiver o tamanho informado.
P.ex: venda de terra por Hectare, de tecido por metro, etc.
Na venda ad corpus o contrato não será resolvido, ainda que a coisa não tenha o tamanho
informado no contrato, pois o que importa é a coisa. Ex: compro carro dirigi ou apartamento que
morei como locatário.

1.4 Cláusulas especiais de compra e venda.

A) Retrovenda – Cláusula contratual pela qual o vendedor fica, no prazo máximo de 03 anos, com
o direito de recomprar o imóvel que vendeu. Esse direito de retrato é transmissível aos herdeiros.

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Pode ser exigido perante terceiros que adquiriram do comprador, se o contrato estiver registrado
no Cartório Geral de Imóveis.

B) Preempção ou preferência - Cláusula contratual pela qual o comprador, se um dia quiser


vender o bem (móvel ou imóvel), deverá oferecê-lo ao antigo dono (vendedor), para que ele
exerça o direito de preferência para comprar. Esse direito do vendedor não se transmite aos seus
herdeiros.

C) Venda com reserva de domínio – Cláusula contratual pela qual o vendedor, mesmo após a
tradição, fica como dono da coisa até o pagamento integral do bem móvel pelo comprador.

D) Venda a contento. Venda realizada sob condição do adquirente manifestar seu agrado.

2. LOCAÇÃO.

Contrato consensual (não real) através do qual o locador se obriga a transferir ao locatário o uso e
fruição de bem infungível mediante uma retribuição. (contrato oneroso).

Obs: Venda do bem locado – implica no fim da locação, não necessitando o adquirente respeitar o
contrato de locação se não houver, no contrato de locação, cláusula expressa afirmando a
manutenação deste no caso de venda do bem e regsito no Cartório de Imóveis (se imóvel) ou no
Cartório de títulos e documentos (se móvel).

Obs2: Direito de retenção do bem locado: o locatário tem direito a ficar com o bem até que o
locador o indenize pelas benfeitorias necessárias e as úteis (esta última se autorizada pelo
locador) realizadas no bem.

3. EMPRÉSTIMO.

Existem duas espécies de empréstimo. O comodato e o mútuo.

3.1 Comodato é o empréstimo gratuito de bem infungível. A pessoa que pega emprestada
(comodatário) deve devolver o mesmo bem ao comodante. Por isso, conhecido como empréstimo
de uso.

3.2 Mútuo é o empréstimo, gratuito ou oneroso, de bem fungível, ficando a pessoa que pegou
emprestado (mutuário) obrigada a devolver coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade ao
mutuante, tornando-se o mutuário dono da coisa recebida. Por isso, conhecido como empréstimo
de consumo.

Obs: o contrato de empréstimo (comodato ou mútuo) só ocorre com a entrega do bem (é


classificado como CONTRATO REAL).

4.PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

Contrato através do qual uma parte se obriga a prestar um serviço em troca de determinada
remuneração. Neste contrato não há relação de subordinação, como ocorre nos contratos de
prestação de serviços regidos pela CLT.

Obs1: Regra geral, o pagamento é após a realização de todo serviço.


Obs2: é contrato personalíssimo (intuito personae). Portanto, com a morte do prestador do serviço,
a obrigação não se transfere aos herdeiros.

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5. SEGURO.

Contrato escrito e aleatório através do qual a seguradora assume o pagamento de uma cobertura
pela realização de um risco em relação a uma pessoa ou coisa (sinistro), em razão de uma
retribuição (prêmio) a ser pago pelo segurado.

Obs: perde o direito à indenização o segurado que:


- de má-fé, mente ou omite informações.
- agrava intencionalmente ou realiza o sinistro
- mora (atraso no pagamento) quando do sinistro.

DIREITO DE FAMÍLIA

RELAÇÕES DE PARENTESCO

1. CONSANGUÍNEO
LINHA RETA DESCENDENTE: FILHO (1º grau), NETO (2º grau)...
LINHA RETA ASCENDENTE: PAI (1º grau), AVÔ (2º grau)...
LINHA COLATERAL: IRMÃO (2º grau), TIO (3º grau), PRIMO (4º grau)
Obs: o parentesco consanguineo na linha colateral só vai até 4º grau.

2. AFINIDADE (parentes do cônjuge ou companheiro)


LINHA RETA DESCENDENTE: ENTEADO (A) (1º grau)...
LINHA RETA ASCENDENTE: SOGRO (A) (1º grau)...
LINHA COLATERAL: CUNHADO (2º grau).
Obs: o parentesco por afinidade na linha colateral só vai até 2º grau.
Obs: o parentesco por afinidade na linha reta não se extingue com a dissolução do
casamento.

FILIAÇÃO E PODER FAMILIAR

1 - INSEMINAÇÃO: HOMÓLOGA (sêmem do marido), mesmo que este seja falecido e a qualquer
tempo, quando se trate de embriões excedentários
HETERÓLOGA (sêmem de terceiro). Esta última exige autorização do marido
para caracterização da paternidade.
Obs: a presunção de paternidade não se ilide, ainda que confessado o adultério da mulher

2. AÇÃO CONTESTATÓRIA DE PATERNIDADE OU INVESTIGATÓRIA DE PATERNIDADE.


PRETENSÃO IMPRESCRITÍVEL. DIREITO INDISPONÍVEL.
Obs: Art. 1.615. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de
investigação de paternidade, ou maternidade.

3. RECONHECIMENTO DO FILHO HAVIDO FORA DO CASAMENTO. IRREVOGÁVEL.. Isso não


significa que não possa ser anulado por vício de vontade (erro, dolo, coação...). Pode ser feito por
um ou ambos os pais.
Obs: se o filho for maior, o reconhecimento depende de seu consentimento (art.1614 CC).
Obs 2: o reconhecimento pode ser feito (art.1609 CC):
I - no registro do nascimento;
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

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IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o
objeto único e principal do ato que o contém.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes.

4.PODER FAMILIAR X GUARDA. – São conceitos inconfundíveis. Mesmo que a guarda


(estipulada sempre no interesse do menor) esteja com apenas um dos genitores, o poder familiar
(poder/dever de educar, alimentar, assistência e autoridade parental) é exercido por ambos os
pais.
Um dos pais só perde o poder familiar por circunstâncias específicas como morte, maioridade,
emancipação, adoção por outra família ou destituído por decisão judicial (abuso da autoridade –
castigar imoderadamente o filho, abandoná-lo, praticar atos contrários à moral e bons costumes).

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