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FILJEM

Filosofia, Cultura e
Apontamentos sobre a
Educação
Financiamento com
bolsa Demanda Social
pesquisa com jovens
através de narrativas
Lucas da Silva Martinez – Mestre e Doutorando em Educação (UFSM)
Quatro eixos de pesquisa

❑A pesquisa com jovens (escuta, características relacionais da


juventude);
❑A narrativa como método e dado;
❑As experiências juvenis com professores, colegas e com os
conhecimentos escolares;
Relações com o saber (re)explicitadas

“Uso, prioritariamente, considerando a trajetória da pesquisa, o termo


‘relações com o aprender, com o conhecimento e a escola’, por considerar
que as relações que os estudantes estabelecem não são somente com o
saber (objeto de conhecimento ou o ato de saber), mas, se envolvem em
um emaranhado complexo de relação com o seu desejo pessoal/interior,
com a atividade escolar, com diferentes conteúdos e disciplinas
(conhecimentos escolares) e, com professores e colegas, que impactam
positiva ou negativamente nessas relações” (MARTINEZ, 2018, p. 30).
Objetivo

❑ Discutir o uso de narrativas em pesquisas com jovens, a partir dos


dados de uma pesquisa de mestrado
Metodologia e contexto
da pesquisa
Por que jovens do Ensino Superior?

Docência
Jovens futura

Experiências
do Ensino
Médio
(passado)

Narrativa
Pesquisa

Abordagem Procedimentos Aspectos éticos

Entrevista
Análise Textual
Diálogo entre narrativa, gravada
Discursiva
e transcrita

Desmontagem dos textos;


Pesquisa narrativa categorização;
o novo emergente

Biográfico-
narrativa
Sujeitos Busca no:

Sexo
masculino Spotted
e feminino Critérios UFSM
Contato com Universo
secretaria CEU II
Escolas
Públicas dos cursos
Sorteio

“Procuro jovens do sexo


Pedagogia Teatro Química Física Ciências Educação masculino e feminino dos
Sociais Física cursos de licenciatura em
Física, Educação Física,
Matemática, Ciências
Sociais, Teatro e Química
Ilia para entrevista sobre
Aline Leonardo Diana Jean Christine
vivências no Ensino Médio.
Quem tiver interessado só
curtir a postagem que eu
entro em contato. Valeu!”.
Categorias que constituem a análise

Sentido do Experiências Relação com os


Gostar da Relação com Juventude, Família
conhecimento e da promovidas professores e
escola os colegas e outros espaços
atividade escolar pela escola suas práticas

Atividade Amizade Da fragilidade Relação com a


escolar família

Bons
Uso da Socialização Religião e
professores e
tecnologia questões
dialogicidade
sociais
Entendimento e Professor que
explicação torna a aula Identidade,
interessante pensamento, saúde
e conflito
Questionamento, Impactos negativos:
curiosidade e autoritarismo e
desafio licenciosidade

Novo Ensino
Falta de atualização e
Médio: entre o
formação docente
presente e futuro
Pesquisa e narrativa

O Ensino Médio em
narrativas de jovens
estudantes de licenciaturas
N Fenômeno
A
R
R Método
A
T
I
Dispositivo de formação
V
A
Singular x
Universal
Reflexão sobre si

Identidade
pessoal

Experiência

Do
quantitativo
ao
qualitativo
• condições internas, tais como
sentimentos, esperanças,
introspectiva relações estéticas e
disposições morais

• condições existenciais, isto é,


o meio ambiente
extrospectiva

• temporalidade – passado,
retrospectiva presente e futuro
e prospectiva
Exemplo
Introspectivo

Eu vejo que no Ensino Médio é uma fase mais difícil, eu acho que é a parte
mais difícil sim, claro que tu também tem a criança aprendendo, mas é mais
fácil ensinar uma criança do que alguém que já aprendeu, já tem uma
base meio ruim e ainda está passando por fases hormonais, essa
questão, e ainda tá formando pensamento e ainda passando por
aquela fase, digamos “rebelde”. Então meio que, no Ensino médio o
diferencial é que é mais difícil ensinar alguém do Ensino Médio, em
comparação ao ensino fundamental. Mesmo eu sendo acadêmico de
licenciatura em Física, pra dar aula no Ensino Médio, eu sei que essa
vai ser uma dificuldade que vou ter que enfrentar (JEAN).

Prospectivo
Eu sempre encarei a escola como segunda casa. Porque lá eu não ia só por estudar e
não ia por obrigação. Isso foi muito bom pra mim. Porque quanto tu faz algo por
obrigação, tu faz um negócio assim, meia boca, e tal, eu não, eu gostava muito, porque ali
tinha gente que eu gostava, matérias que eu gostava, enfim, tudo! Eu vivenciei de fato o
Ensino Médio, tanto o Ensino Médio como o Fundamental. Tinha prazer de ir
(LEONARDO).
Por mais que eu falava sobre me motivar, eu me sentia obrigado a ir, porque quando eu
reprovei minha mãe me obrigou a continuar. Como eu morava na escola, eu só ia na
escola pra manter a moradia. Eu me sentia obrigado a ir. Tinha aulas que... realmente eu
não queria acordar 6 e meia da manhã, que eu morava na escola, pra tomar café, e 15
pras 8 pra aula até meio dia, 1h e 25 até cinco da tarde. No início era bom, depois comecei
a enjoar! Então meio que eu ia só obrigado, “ah vai, vai, já to aqui, vou terminar isso aqui
de uma vez já que minha mãe me obrigou”, daí eu fiz 18, eu comecei a faltar mais um
pouco. [...] Eu sou um pouco estranho. Eu gostava, mais ia obrigado (JEAN).
[...] eu rodei no primeiro ano [...] dificuldades tipo, eu tive problema no nono ano que aí
reverberaram no processo, sabe? Fiquei meio distante do conteúdo e tal, e quando eu fui
pra o primeiro, tive algumas desavenças com os colegas, o “famoso” Bullying, então,
eu evitava ir na aula, daí eu acabei rodando por frequência, mas daí depois eu voltei e
terminei (LEONARDO).

[...] era um porre... na verdade era um porre mas a gente transformava numa
coisa boa... A gente tinha trabalho e era sempre trabalho em grupo, achavam lindo
fazer trabalho em grupo, daí trabalho em grupo tinha que se reunir nas casas, pra se
reunir nas casas a gente tinha que comer alguma coisa, depois que comer tinha que
beber, a gente tinha que tocar um violão, daí tinha que olhar vídeo no Youtube, era na
época daqueles vídeos engraçados, sabe? Do Portas dos Fundos, os Barbichas, daí
a gente fazia a sessão de vídeos engraçados, comia “afú”, tocava violão, ficava de
boas... e o trabalho que é bom depois a gente ia decidia dividir e cada um ia fazia um
pouco, mas a gente se reunia (ALINE).
A escola tu só ia na aula, tu não precisa fazer nada. Eu via gente só
jogando carta, outros, o pessoal ia bêbado, ia chapado pra aula, tinha um
piá que saía assim no meio da aula com uma guria e ia lá pra o banheiro,
“pegar ela”, então, tipo, tava todo mundo “cagando”, e passava (JEAN).
“‘Nesse ano vai ser igual, eu não tô fazendo nada e acabo passando’
(Ozias)” (SALVA et al., 2017, p. 152).

Vínculo frágil com


a escola

Fracasso se Desvalorização
constrói na sala do conhecimento
de aula escolar
[...] eles te preparam para o
ENEM, e não conhecimento
Realidade Desejo
para a vida, sabe? É algo imposta
focado pra uma prova no final
do ano, só isso. Acho que eles
pecam bastante nesse quesito,
porque não é só a prova que tu
tem que fazer, tu tem que levar
aquele conhecimento pra tua
vida. E independente da
matéria, acho que o mínimo
que tu souber dela já é algo
muito bom, acho que é válido
tu também ter um
conhecimento de diversas
áreas (LEONARDO).
Considerações finais
Apontamentos gerais

Ao escutar os jovens, podemos entender o contexto complexo em que se


encontram, mesmo estes que conseguiram ter êxito e chegar a Educação
Superior como licenciandos.
As relações com a escola, o aprender e os conhecimentos escolares são
apresentadas no trabalho de forma breve, síntese feita grosso modo com
base nas amplas categorias apresentadas.
Apontamentos gerais

Lembrando Charlot (2013) podemos entender que muitas vezes os jovens estão
mobilizados para a escola, mas não na escola. Isso se insere em um conjunto mais amplo
de percepções já apontadas ao longo texto. Por isso, indicamos que há necessidade de
ampliação de pesquisas com os jovens, sobre os jovens, e, sobre sua relação com a escola,
os conhecimentos escolares, os sujeitos que nela estão, e com seus projetos de futuro.
A atual reforma do Ensino Médio vem para complicar a situação do estudante, pois, na
esperança de “escolher” aquilo que lhe agrada mais, sem perceber, estará perdendo
momentos importantes para seu futuro. Futuro aqui que é construído sem mesmo se
perceber, pois, os momentos da escola, que marcaram negativamente ou não os
estudantes, os permitiu que alcançassem o Ensino Superior.
Do ponto de vista metodológico, as narrativas se configuram como uma
estratégia potente através da qual jovens contam e tem desejo de contar
sobre sua experiência; refletem sobre si; exploram a temporalidade, indo e
vindo nas tramas da própria história.

Ao narrar em algum momento, como em trechos da pesquisa, os


jovens dizem: “pensando por esse lado”, “lembrei disso só agora”,
“pensando bem no que eu disse mesmo, eu acho que...”. Estes
momentos são aqueles que a própria narrativa serve para que o
sujeito repense aquilo que acredita. Nesse sentido, ouvir os jovens
estudantes pode ser interessante do ponto de vista da reflexão que os
mesmos podem produzir, considerando que narrar também é uma
forma de identidade (MARTINEZ, 2018, p. 29).
Como desdobramento, lança-se o diálogo próximo com as perspectivas
sociológicas de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, Bernard Lahire, e
Bernard Charlot. Estes ajudam a problematizar a relação dos jovens com a
cultura, com o êxito escolar e seus repertórios culturais, bem como
possíveis formas de pesquisa. Portanto, como encadeamento do mestrado,
tais autores permitem um maior delineamento no doutoramento.
Referências
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. C. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. 3. ed. Rio de
Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S. A., 1992.

______. Os herdeiros: os estudantes e a cultura. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2018.

CHARLOT, B. Da relação com o saber: Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.

______. Relação com a escola e o saber nos bairros populares. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 20, n.
Esp., p. 17-34, jul./dez. 2002.

______. A relação com o saber nos meios populares: uma investigação nos liceus profissionais de subúrbio.
Porto: CIIE/Livpsic, 2009.

______. Da relação ao saber às práticas educativas. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2013. (Coleção docência em
formação: saberes pedagógicos).

______.; REIS, Rosemeire. As relações com os estudos de alunos brasileiros de ensino médio. In: KRAWCZYK,
Nora (Org.). Sociologia do ensino médio: crítica ao economicismo na política educacional. São Paulo: Cortez,
2014, p. 63-92.
CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Tradução
por Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de professores ILEEL/UFU. 2. ed. Uberlândia: EDUFU, 2015.

CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. J. Relatos de Experiencia e Investigación Narrativa. In: LARROSA, J. et al.
Déjame que te cuente: ensayos sobre narrativa y educación. Barcelona: Laerts, S. A. de Ediciones, 1995, p. 11-
59.

LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, 1997.

______. Homem plural: os determinantes da ação. Tradução por Jaime A. Clasen. Petrópolis: Vozes, 2002.

______. Retratos sociológicos: disposições e variações individuais. Porto Alegre: Artmed, 2004.

MARTINEZ, L. “Eu não gostava nem odiava porque eu não entendia nada!”: relações com a escola, o aprender
e os conhecimentos escolares no Ensino Médio. 2018. 272 p. Dissertação (Mestrado em Educação)-
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2018.

SOUZA, Elizeu Clementino de.; SOARES, Liane Figueiredo. Histórias de vida e abordagem (auto)biográfica:
pesquisa, ensino e formação. In: BIANCHETTI, Lucídio; MEKSENAS, Paulo (Orgs.). A trama do conhecimento:
teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas: Papirus, 2008. p. 191-203.

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