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TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA ( I )
INTRODUÇÃO
Teologia é uma ciência que, como qualquer outra, vem adquirindo progresso
no campo especulativo. Hoje a teologia pode dizer muitas coisas que no passado
era obscuridade. Por exemplo: Atualmente, se tem uma melhor compreensão da
essência divino-humana de Cristo, graças as conclusões chegadas nos concílios de
Nicéia (325 d.C.), Constantinopla (381 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.), que foram
organizados com o objetivo de combater as heresias de Ário, Apolinário e Nestório,
que evidenciavam uma filosofia gnóstico-cristã .
Desde os tempos apostólicos, o credo cristão tem sido objeto de especulação
de muitos pensadores. O pensamento teológico, durante os séculos, sempre sofreu
as influências dos conceitos sociais de sua própria época.
TEOLOGIA BÍBLICA
TEOLOGIA ESPECULATIVA
TEOLOGIA PATRÍSTICA
TEOLOGIA CATÓLICA
TEOLOGIA PROTESTANTE
TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA
ORTODOXIA
Definimos por ortodoxia o credo ou sistema de doutrina aceitos pela maioria dos
cristãos em face a tantas teologias que têm surgido hodiernamente. A fé ortodoxa encontra-
se fundamentada na infabilidade da Bíblia, na origem do pecado, no sacerdócio individual de
todo servo de Deus, na salvação pela fé, no juízo eterno e na segunda vinda de Cristo. A
ortodoxia expressa a fé do Novo Testamento, isto é, crê que na vida, na morte e na
ressurreição de Jesus Cristo, Deus entrou na vida humana de modo decisivo.
Hordern nos diz que “há pessoas que ficam horrorizadas só em pensar na
probabilidade de não estar na exata linha ortodoxa. Para os tais a ortodoxia, quer se trate de
política, de religião ou de boas maneiras, constitui-se na primordial necessidade de
existência.” Uma coisa tem sido constatada - é certo que o movimento ortodoxo é bem pouco
progressista porque não deixa margem para uma investigação livre. De acordo com este fato,
a ortodoxia se traduz por tradição. Disse Mondin se referindo a ortodoxia católica: “recordo
que, quando estudava na Universidade de Harvard, pelos fins dos anos cinqüenta, ouvia
Tillich repetir muitas vezes que na Igreja Católica não podia haver grandes teólogos porque
faltava a liberdade de investigação e de discussão.”
Com a divisão atual do protestantismo, Hordern afirma que hoje se pode falar de
ortodoxias em vez de ortodoxia: “Não é fato que cada uma das múltiplas divisões da
cristandade exibe sua própria ortodoxia ?” Sendo assim, dentro do estudo da teologia
contemporânea, cremos que, por autêntica ortodoxia, o credo que as diversas denominações
abraçam de igual modo.
Os ideais humanos se voltaram para as instituições sociais. As filosofias desta época visavam
viver de um modo total o aspecto humano. A religião pouco podia oferecer a estes ideais, se
preocupando somente com o espírito. Passou a ser considerada como barreira para o
progresso científico. A Bíblia foi a maior vítima do existencialismo.
Descartes (!596-1650)
a) Deus é o único ser que não precisa de outro para existir. Existe por si mesmo.
b) Certas conclusões surgem na mente sem derivar de experiências.
c) Não se pode confiar plenamente no conhecimento.
d) A dúvida é a fonte que nos leva a certeza.
e) A alma do homem é a sua consciência.
f) Da estima procede a veneração.
g) O amor e o ódio são emoções da alma causadas pelo movimento dos espíritos que a
incitam.
h) As vezes a duração do bem provoca o tédio, ao passo que a do mal diminui a tristeza.
i) Existem duas espécies de amor - uma relacionado as coisas boas; a outra relacionado as
coisas belas.
j) Existem duas espécies de ódio - uma relacionado as coisas ruins; a outra relacionado as
coisas feias.
Filósofo alemão cuja filosofia reduzia-se às seguintes questões: “Que posso saber ?”,
“Que devo fazer ?”, “Que posso esperar ?”, “Que é o homem ?”. Kant com esses princípios
criou a “Crítica da razão pura”. Esta filosofia bastante os “Teólogos da Esperança”. O deus
de Kant dificilmente coincidiria com a concepção da ortodoxia.
Princípios de sua doutrina:
a) Investiu contra as chamadas “provas da existência de Deus” que a ortodoxia cristã aderiu
de Tomas de Aquino.
b) Baniu a metafísica da esfera teórica.
c) A razão pura não pode certificar-se da real existência de Deus.
d) Revelou-se absolutamente crente na bondade da razão humana e na suficiência do homem
para encontrar soluções para todos os problemas.
e) Embora orientado para o bem, o homem tem de fato uma inclinação para o mal.
f) Religião é moralidade em relação a Deus.
g) A religião deve existir somente dentro dos limites da razão.
h) Para a manutenção da conduta moral são imprescindíveis três postulados: Deus, a
liberdade do homem e a imortalidade.
Hegel (1770-1831)
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Schopenhauer (1781-1860)
Filósofo alemão, nasceu em Rochen, seu pai fora um homem culto e seus avós
protestantes. Nietzche pensou em seguir-lhes os passos, porém, com a morte do pai, mudou-
se para Naumburg e ali cresceu ao lado da mãe, duas tias e a avó. Sua infância foi apreciada
pelo aluno modelo que era. Na escola, desde cedo já era chamado de “pequeno pastor”.
Estudou Teologia e Filosofia na Universidade de Bonn, e, mais tarde influenciado pelo
pensamento de Ristschl, dedicou-se apenas a Filologia. Na Universidade de Basiléia, foi
considerado o “gênio da Filologia”. O ateísmo de Schopenhauer o fascinava, e isto o levou a
romper e a renegar o cristianismo. Com a conversão de Schopenhauer a religião cristã,
Nietzche passou a considerar ambos (Schopenhauer e o cristianismo) parentes, pois ambos
apresentavam decadência. Durante a sua vida, Nietzche fora acometido de fortes dores de
cabaça e estômago, que acabaram por levá-lo a morte em 1900.
Karl Marx
Filósofo alemão, nasceu em Treves, filho de judeus que abandonaram o judaísmo por
motivos públicos. Casou-se com Jenny Von Westphalen, um casamento que não recebeu
apoio das duas famílias, pois Marx era de origem humilde e Jenny era de família rica. Em seu
período de noivado matriculou-se na Universidade de Berlim, apaixonando-se pela História e
Filosofia - pela liberdade do homem em si. Não demorou muito, voltou-se contra a igreja e a
religião. Sua filosofia ateísta conhecida como “Marxismo”, adquiriu muitos adeptos por toda a
parte. Nos dias de hoje, a própria Teologia Liberal sente repercutir em seu seio as evidências
de Marx. Seu sonho e luta por uma sociedade sem classes tornou sua filosofia um mito. Marx
representa para muitos estadistas ainda hoje o socialismo moderno, perfeito. Os filósofos o
colocam como a esquerda de Hegel.
A ortodoxia não entrou em choque somente com a filosofia moderna, mas, a luta
titânica que o pensamento cristão teve que enfrentar abrangeu também o “ateísmo”
proveniente da ciência. A ciência, até certo ponto, foi e tem sido até hoje um grande
adversário da ortodoxia cristã. Apesar de muito se falar hoje que a ciência e a Bíblia andam
juntas, na realidade, quando um cientista expressa crer em Deus, existe uma grande
tendência a misturar um evolucionismo sem nenhum espaço para a redenção, graça e amor
divinos.
Alguns dos principais nomes que influenciaram as concepções científicas atuais.
Fausto Socino
O começo do século XVII viu entrar em vigor uma forma estranha de protestantismo
que investia de forma rude contra a ortodoxia. Esse estranho princípio protestante tornou-se
conhecido como “Socianismo”. Seu líder, Fausto Socino, sofreu graves perseguições tanto
por parte da Igreja Católica como pelos protestante. A fé sociniana aceitava a Bíblia, porém,
não sem submetê-la à críticas terríveis. Os socinianos acreditavam haver na bíblia muitos
erros. Tudo que estivesse na Bíblia fora dos princípios da razão e das moral deveria ser
relegado. Negavam a trindade, a divindade de Jesus e a autoridade bíblica. Jesus fora
somente um super-homem. Repudiavam a doutrina do pecado original, achando que o
homem ainda possui a faculdade de escolha entre o bem e o mal. Hereditariedade era algo
que evidenciava contradição. Jesus, na concepção sociniana, não morreu uma morte
expiatória, pois ninguém poderia ser punido com justiça em lugar de outrem. Para que o
homem fosse perdoado por Deus, bastaria se voltar para Deus mesmo, já o perdão fora dado
gratuitamente. Aceitavam os milagres e a ressurreição do homem Jesus como prova da
autoridade concedida por Deus ao elemento humano. De certa forma, a fé sociniana foi
precursora do Liberalismo Teológico. Há quem afirmasse que o protestantismo de Socino
poderia ser tudo, qualquer coisa, menos cristianismo.
sobrenatural da religião foi lançado a descrédito. A religião pouco ou nada poderia oferecer
aos ideais da razão. O pensamento voltado para um mundo além-túmulo só poderia
constituir-se em barreira para a construção de um futuro promissor na terra. Dentro desses
ideais puramente humanos, a concepção de pecado ou queda do homem tornou-se ridícula.
A posição ideológica de Spencer muito influenciou a ciência, e até certo ponto, também
inspirou em muitos teólogos a idéia de um “cristianismo secular”.
A teoria de Darwin, mais conhecida como “darwinismo”, foi uma das teorias que até
hoje sobrevive fortemente dentro das escolas e Universidades encontrando defensores por
todo o mundo, sendo amplamente divulgada como a verdade sobre a origem do homem.
Darwin foi o fundador da teoria da evolução. Em sua obra mais badalada “A Origem das
Espécies”, tentou provar que todas as espécies encontradas na natureza nos dias de hoje,
tanto animal como vegetal, se originaram de três ou quatro protoplasmas há milhões de anos
atrás. Sua concepção da origem do homem é que este, possivelmente, descende da prole de
símios grotescos primitivos. Este cientista com sua teoria da evolução não deixa margem
para um amor inteligente de um Criador. Após a divulgação de sua teoria evolucionista, a
transmutação das espécies foi praticamente aceita pelo mundo inteiro. A teologia tem
procurado jogar em descrédito esta teoria, e com isso, tem pela frente a ciência como
adversário.
ALTA CRÍTICA
A Alta Crítica não vem a ser um partido ou organização antibíblica; constitui-se uma
tentativa de colocar em evidência os manuscritos originais dentro do seu aspecto histórico e
literário. Assim portanto, a Alta Crítica não se torna um adversário do cristianismo, e sim,
num pesquisador que quer apenas saber das minúcias quanto ao texto bíblico. Este estudo
crítico não vem a ser algo que mereça a nossa hostilidade e depreciação, mas, uma justa
avaliação de suas conclusões, que muita das vezes nos fornecem valiosas informações,
determinando épocas e ambientes juntamente com o pensamento a que pertencem. A
Teologia Sistemática deve em muito a Alta Crítica.
Alguns nomes que tiveram lugar na Alta Crítica:
Alexander Gerdes
Padre católico de origem escocesa, que admitiu encontrar nas linhas do Pentateuco
documentos “Eloístas” e “Javistas”, dois estilos diferentes de expressar Deus. No livro de
Gênesis é usada a palavra hebraica Elohim (Palavra que dá idéia de pluralidade) para se
referir a Deus, enquanto que no livro de Êxodo a palavra para o nome de Deus é Javé
(Significando Eu Sou O Que Sou). Gerdes concordou com Astruc, em que Moisés não teria
sido o autor de Gênesis, e sim, teria feito uma complementação de documentos formando
assim seus capítulos.
Welhausen
Este pesquisador em sua documentária, ensina que ter havido quatro documentos
originais: “Eloísta”, “Javista”, “Deuteronomista” e “Sacerdotal”. Welhausen conclui que
alguém depois do cativeiro babilônico copilou o Pentateuco, que foi então publicado pelo
Sacerdote Esdras. Assim sendo, chegou a conclusão que Moisés não teria escrito nada.
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Este teólogo alemão obteve muitos adeptos, influenciando ateus e não ateus da
Bíblia. Em virtude de seu livro “Vida de Jesus”, onde se revelou puramente crítico, foi expulso
da Universidade de Tubingen, onde era professor de teologia. Straus em seus estudos
procurou fazer distinção entre o Jesus histórico e o Jesus divino aceito pela igreja. Em suas
obras não há lugar para o sobrenatural. Jesus foi resumido simplesmente a uma figura
histórica, cuja vida nada se sabe. Este teólogo tentou mostrar Deus despido de sua graça,
rompendo assim o laço entre o céu e a terra. Jesus, para Straus , jamais se identificou como
sendo o Messias, ou afirmou que o mundo estivesse próximo de sua consumação com o
estabelecimento do reino de Deus. Nesta concepção, a Bíblia foi reduzida ao absurdo.
E. Renan
Tal como Straus, Renan também participou do mesmo estudo crítico sobre o filho de
Deus. Escreveu também uma obra intitulada “Vida de Jesus”, onde seguiu os mesmos
princípios de interpretação histórica e “racional” da Pessoa de Jesus. O auge deste criticismo
foi atingido quando alguns dos críticos acharam que os Evangelhos estavam tão destituídos
de fidedignidade, que dever-se- ia chegar a conclusão da inexistência de Jesus. Jesus teria
sido um mito inventado pela igreja primitiva.
OBS: Devemos admitir que estes historiadores não eram cristãos, eram homens sem fé no
sobrenatural. Dentro do estudo histórico tiveram razão, até certo ponto, em condenar tudo
aquilo que é inexplicável para a ciência. Ressurreição, nascimento virginal, milagres,
sacrifício expiatório, etc., somente poderão ser aceitos dentro dos ditames da fé, jamais
dentro dos princípios científicos.
J. P. Sartre
Este filósofo de nossa época, nasceu em Paris, em 1905, estudou filosofia em École
Normale Superieure, foi nomeado Professor de filosofia em Le Havre. Sofreu por um ano como
prisioneiro no cárcere alemão (1940-1941), e quando voltou a lecionar escreveu sua obra
principal: “A Náusea”, onde recomenda a violência revolucionária por parte do povo. É
considerado o maior filósofo francês da atualidade. O grupo formado por Sartre, Heidegger e
Marcuse, forma os eruditos ateus de nossa época.
Princípios de sua doutrina:
O ser humano é o desejo de ser, e o seu desejo é ser Deus.
O existente existe sem qualquer motivo.
A realidade humana causa um sentimento de sufocação que vem a ser náusea e angústia.
A existência é uma imperfeição, já que os indesejáveis tem o direito de existir.
Não há segunda-feira nem Domingo; há dias que se empurram uns aos outros em
desordem .
Não há nada espiritual acima do homem.
LIBERALISMO TEOLÓGICO
A. F. Schleiermacher (1738-1834)
Teólogo e filósofo alemão, ensinou que em todas as religiões se tem como objetivo
ligar o homem a Deus, sendo o cristianismo a melhor delas. Sua filosofia influenciou a
América do Norte, onde lhe foi atribuído a origem da Psicologia da Religião.
Princípios de sua doutrina:
Deus pode ser conhecido intuitivamente.
Os grandes debates acerca da existência de Deus não leva a nada; nunca passa da
superfície da religião, já que o coração desta é o sentimento. Considerava tais
discussões estéreis.
O Deus da religião não pode ser conhecido através da especulação e sim, através do
sentimento, pois Ele é uma realidade viva, uma experiência individual.
A religião é essencialmente ética.
Pecado é o homem viver para si mesmo.
O homem ao olhar para dentro de si mesmo, encontra-se com Deus.
A relação do cristianismo com o judaísmo é a mesma com o paganismo.
Sugeriu que o VT não fosse incluído entre os documentos canônicos da Igreja.
A natureza é independente.
A.Ritschl (1822-1889)
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